Um Alerta às Igrejas!
Não é nosso propósito aqui discorrer sobre a adoração
particular e individual, mas sobre aquela que está relacionada ao culto
público, quando há a reunião da igreja.
As verdades básicas relativas ao assunto são desconhecidas
da grande maioria dos crentes, e que por ignorância acabam por agir ativamente
contra as mesmas, ou então colocando-se passivamente sob práticas que consistem
até mesmo em blasfêmia ou abominação a Deus enquanto participam do culto público.
Antes de tudo, a grande verdade central em torno da qual
tudo o mais deve girar na adoração pública é que esta deve ser dirigida pelo
Espírito Santo, no exercício ordenado e adequado dos dons que ele tem distribuído,
conforme lhe apraz, a todos os crentes.
A representação típica desta verdade foi dada por revelação de
Deus na forma de instituição do culto público de adoração do Velho Testamento,
que consistia nos serviços que eram realizados no tabernáculo e posteriormente
no templo. Tudo deveria seguir o modelo que foi dado por ele a Moisés no monte
Sinai, e nada deveria ser acrescentado ou retirado do mesmo, isto indicando que
tudo deveria seguir o comando do Espírito Santo naquilo que havia sido
estabelecido, e não aquilo que fosse da engenhosidade ou invenção dos
adoradores.
À vista disso, podemos entender quão longe e contrário está da
verdadeira adoração aprovada por Deus, o desejo de se apresentar como cantor
nos cultos porque se tem uma bela voz e mero desejo de se apresentar em público
(e nenhuma direção do Espírito para isto como sendo ato de culto), ou
introduzir ritmos de cânticos que nada mais fazem do que excitar a carne, como
funk, samba, rap e outros, quando sabemos que tudo que é carnal é abominado por
Deus no seu culto, e que somente é aprovado aquilo que for espiritual, pois
Deus é espírito e importa ser adorado em espírito e em verdade, e isto com toda
a reverência e piedade.
Não é sem razão que os sacerdotes no Velho Testamento deviam
se purificar tipicamente e cerimonialmente lavando-se na pia que ficava
defronte ao tabernáculo, antes de oficiarem os seus serviços a Deus.
Deus requer corações e consciências puras para o culto que
devemos lhe prestar no Santo dos Santos celestial, conforme se afirma em
Hebreus 10.22.
Então, quando a Bíblia fala dos dons e operações do Espírito
Santo nos crentes, para o culto de adoração no novo tabernáculo não feito por mãos
humanas, mas naquele que consiste no próprio Cristo e nos crentes, como seu
corpo, do qual ele é a cabeça, neste edifício vivo e espiritual, feito de
pedras vivas, e que é muito mais glorioso do que o culto do passado, conforme o
apóstolo afirma em II Coríntios 3.7-11, estes dons e operações são distribuídos
para serem usados pelo próprio Espírito, estando nós submissos ao seu querer e
mover, de maneira que tudo se faça somente pela sua direção, pois sem a mesma,
tudo seria uma grande confusão ou carnalidade no culto público, de forma que se
diz que tudo deve ser feito com ordem e decência, naquilo que o apóstolo diz
sobre a forma de adoração da igreja: “E não vos embriagueis
com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós
com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos
espirituais,” (Efésios 5.18,19).
Seria de se supor então, que onde o Espirito Santo está dirigindo
a todos e a todas as coisas, que haja espaço para brincadeiras inconvenientes
em pleno culto público; honrarias por feitos carnais e coisas semelhantes?
Seria admissível que alguém tomasse a palavra para pregar,
dirigir louvor etc, não estando no Espírito? Como seria Ele o dirigente do
culto neste caso?
O que determina e possibilita então que a adoração pública
seja ordeira, em unidade e harmônica, é que todos fomos batizados em um só Espírito
e também que todos temos acesso a Deus Pai em um só Espírito, apesar de serem
diversos e vários os dons e serviços que Ele reparte aos crentes. E importa então
sermos dirigidos por Ele, especialmente no culto de adoração, porque Deus não
reconhecerá como sendo Seu aquilo que não tiver a Sua graça e a presença do Espírito.
E se não tivermos a Sua direção e o Seu governo em nosso coração, no viver diário,
não será de se estranhar que não o tenhamos também no culto público.
"Porque, por ele, ambos temos acesso
ao Pai em um Espírito." (Efésios 2.18)
Jesus comprou e obteve este favor para nós, pelo qual
devemos nos aproximar de Deus, e encontrar aceitação com ele. Somos
"aceitos no Amado", Efésios 1. 6.
E todo este acesso que temos por meio do Senhor é segundo a
graça, e esta é sempre e somente agida mediante a fé, de modo que quando não
estamos na graça pela fé, não estamos em estado de adoração, e toda nossa ação
no culto público será hipócrita ou carnal. Quem não vive pela fé não deve
portanto se intrometer na adoração pública.
A adoração evangélica dos crentes é o preço do "sangue
do Filho de Deus".
“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se alguém
serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus
glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o domínio
pelos séculos dos séculos. Amém!” (I Pedro 4.11)
Existem três coisas que são necessárias para a correta
realização dos deveres de adoração do evangelho:
1º. Luz e conhecimento, para que possamos estar
familiarizados com a mente e a vontade de Deus, o que ele aceita e aprova, e é
designado por ele; para que possamos saber "como escolher o bem e recusar
o mal" - como as ovelhas de Cristo, ouvindo sua voz e seguindo-o, não
dando ouvidos à voz de um estranho.
2º. Graça no coração, para que haja, neste acesso a Deus,
uma comunhão verdadeira, real, espiritual e salvadora, obtida com ele naqueles
atos de fé, amor, deleite e obediência, que ele requer; sem o que é em qualquer
coisa "impossível agradar a Deus".
3º. Habilidade para o desempenho dos deveres que Deus requer
em sua adoração, de maneira que ele possa ser glorificado, e aqueles que são
chamados à sua adoração edificados em sua mais santa fé.
Onde esses três concordam, ali a adoração a Deus é realizada
de maneira devida, de acordo com Sua própria mente e vontade; e assim,
consequentemente, é excelente, bela e gloriosa - Deus sendo o juiz e governante
de tudo.
A adoração de Deus não é da descoberta do homem, mas de sua designação
que é "a sabedoria de Deus". Não é ensinada pela sabedoria humana,
nem é alcançável pelo trabalho humano; mas pela sabedoria e revelação do
Espírito de Deus. É tudo divino e celestial em sua ascensão, em sua descoberta;
e assim torna-se a grandeza e santidade de Deus. Pois o que é que agradará a
Deus, o próprio Deus é o único juiz. Se qualquer outra coisa se colocar em
competição com ele, por beleza e glória, será encontrada numa competição muito
desigual no último dia. Os crentes têm este acesso pelo Espírito, na medida em
que ele permite que eles se aproximem de Deus de maneira espiritual, com graça
em seus corações, como ele é o Espírito de graça e súplica. Este é um fim
especial para o qual o Espírito é prometido aos crentes, a saber, que ele possa
ser neles "um Espírito de graça e súplica", capacitando-os a se
aproximarem de Deus de uma maneira graciosa e aceitável, Zacarias 12. 10, 11. E
esta é uma parte do trabalho que ele realiza, quando é concedido a eles de
acordo com a promessa, Romanos 8. 26, 27: Que os homens façam o melhor
possível, eles não sabem quanto ao que devem orar; mas somente o Espírito de
Cristo os capacita para todo o trabalho.
É o Espírito Santo que opera nos crentes fé, amor, deleite, fervor,
vigilância, perseverança - todas as graças que dão à alma comunhão com Deus em
sua adoração - e Cristo torna suas orações efetivas.
Agora, onde a mesma adoração é para ser realizada por muitos, a
própria lei da natureza e da razão requer que um ou mais, conforme haja
necessidade, deve ir adiante dos demais da assembleia na adoração que eles têm
que executar, e seja como a mão, boca ou olhos para todo o corpo ou assembleia.
E assim, também, nosso Senhor ordenou, que, em todo o culto público e solene
das assembleias do evangelho, deve haver alguns designados para ir adiante
deles no desempenho dos deveres da adoração que ele requer deles.
Agora, como as próprias coisas, em que essas pessoas devem ministrar
perante o Senhor em suas assembleias, são todas elas prescritas pelo próprio
Deus; assim, quanto à maneira de seu desempenho, há duas marcas ou guias para
direcionar o todo: - primeiro, deve ser feito de modo a favorecer a glória de
Deus; e, em segundo lugar, para a edificação da própria assembleia.
De modo a melhor servir à edificação da assembleia. os santos recebem
pelo Espírito, quanto à sua aproximação a Deus, dons e habilidades, dons
espirituais para aqueles a quem ele chama para esta obra de ir adiante nas
assembleias na adoração de Deus, para que eles possam realizar todas as coisas
para a Sua glória e a edificação do corpo, 1 Coríntios 12. 4, 7, 8, 11.
O próprio céu, o lugar sagrado não feito por mãos, é também o templo
dos santos sob o evangelho. Os crentes têm em sua adoração um caminho aberto
para o Santo dos Santos feito para eles por Cristo, que entrou nele como
precursor, Hebreus 6. 20; abrindo-o para eles, também dando entrada nele, cap. 10.
19-21. E quão excessivamente isso exalta a excelência da adoração espiritual do
evangelho! Qual foi a glória do templo de Salomão para a glória da menor
estrela do céu! Quanto menos, então, em comparação com a presença gloriosa de
Deus nos céus mais elevados, para onde os crentes entram com toda a sua
adoração, onde Cristo está assentado à destra de Deus!