John Owen (1616-1683)
Traduzido,
Adaptado e Editado por Silvio Dutra
Introdução
pelo Tradutor:
Como no
dizer do apóstolo Pedro, nenhuma Escritura é de particular interpretação,
devemos ter o cuidado de observar este princípio geral sempre que nos
dedicarmos a interpretar textos considerados de difícil entendimento, de modo a
não fazer inferências que venhamos a torcer ou mesmo a negar outras partes da
revelação que sejam claramente e facilmente interpretadas quanto à fixação da
doutrina que elas contêm.
Especialmente,
os versos 4 a 7 deste sexto capítulo de Hebreus, devem receber redobrada
atenção em sua interpretação, para que não se julgue precipitadamente que o
assunto em tela se refere a uma possível perda de salvação por crentes genuínos
que foram justificados e regenerados (nascidos de novo), como alguns costumam
fazer ao se dedicarem à interpretação da citada passagem bíblica.
Convém
destacar que neste mesmo sexto capítulo de Hebreus, afirma-se a segurança
eterna da nossa salvação por Jesus Cristo, pela imutabilidade do propósito de
Deus, da sua promessa e juramento, fundados na imutabilidade da sua própria
pessoa divina, na fixação do seu conselho eterno quanto a que teria um povo
formado pela união com Jesus Cristo, que jamais se separaria dele.
É com esta
verdade central em vista, que permeia toda a Bíblia, quanto à aliança da graça,
que opera por meio da fé, e não por obras, quanto à nossa eleição, justificação
e regeneração, e pela qual também são garantidas a nossa própria santificação e
glorificação, para a plena aceitação por Deus na condição de filhos amados,
sendo as boas obras tão somente a consequência e evidência desta plenitude de
aceitação que é segundo a graça livre de Deus, e tão somente mediante a fé.
Evidentemente,
o autor de Hebreus não poderia estar se referindo a verdadeiros crentes
justificados e regenerados por meio da fé em Jesus Cristo, quando afirma a
impossibilidade de renovação dos que caíram (convém saber a que tipo de queda e
de renovação se referia, e isto será feito ao longo deste livro), uma vez que
isto contrariaria a verdade da segurança eterna da salvação de crentes genuínos
conforme expressada em tantas passagens bíblicas. Dessa forma, suas palavras
não podem ser entendidas sequer sob a forma de alerta a crentes genuínos quanto
à possibilidade de uma queda final com perda da sua salvação, mas, como vinha
fazendo ao longo de toda a epístola um alerta sobre a necessidade de uma fé
salvadora e genuína para a entrada no descanso de Deus, e conforme continuaria
a afirmar tal necessidade de fé até o fim da epístola, é sem sombra de dúvida
um alerta à necessidade da confirmação de uma real eleição por parte daqueles
que afirmavam ser professantes da fé cristã, e que no entanto não apresentavam
sinais e frutos evidentes da sua genuína salvação.
Até hoje, e
desde a Igreja Primitiva, não poucos fazem uma profissão do evangelho, se
tornam participantes de muitas manifestações de uma religiosidade externa
nominal, sem que no entanto, tenham experimentado uma verdadeira regeneração do
Espírito Santo. Apoiando-se em exterioridades religiosas, não chegam a serem
participantes da aliança da graça pela qual suas naturezas seriam
transformadas. Esta participação da graça salvadora e transformadora é a
principal parte das coisas melhores e relativas à salvação a que o autor de
Hebreus se refere. Os apóstatas por ele citados neste início do sexto capítulo
são os mesmos citados pelo apóstolo Pedro quando diz que o cão voltou ao seu vômito
e a porca lavada ao lamaçal. Eles nunca foram genuínas ovelhas de Cristo, senão
cães e porcos que acabaram por revelar em seu afastamento da comunhão dos
santos, que não tiveram de fato suas naturezas renovadas e transformadas. São
os mesmos citados pelo apóstolo João como sendo os que abandonam a comunhão dos
santos porque nunca foram de fato um deles. Então, este é um alerta à igreja,
não somente por parte do autor de Hebreus, quanto ao fato de que pessoas como
Judas, Himeneu e Fileto, Demas e muitos outros, transitam entre os crentes, com
dons sobrenaturais do Espírito Santo, e operando muitos sinais em nome de Cristo,
sem que no entanto, nunca tenham nascido de novo do Espírito Santo, e assim,
não foram participantes da salvação verdadeira. Quando a hipocrisia deles é
manifestada a todos, eles ficam de fato sem condição de permanecerem enganando
como vinham fazendo até então, e é nisto que consiste a impossibilidade de
renovarem a profissão de fé que haviam feito inicialmente, pois uma vez
desmascarados, não serão mais aceitos pela Igreja. Isto é totalmente diferente
de crentes genuínos que se desviam por causa de cederem ao pecado, e que podem
voltar a serem restaurados por meio da confissão e do arrependimento, conforme
a norma de Cristo, para a reconciliação à comunhão daqueles que haviam se
afastado dela. A queda dos apóstatas apontada pelo autor de Hebreus é de outra
natureza, a saber, da profissão que haviam feito, retornando ao velho modo
impiedoso de vida, uma vez tendo caído a máscara religiosa que usavam até
então. Estes apóstatas estiveram sob a ministração da palavra do evangelho, mas
a graça que acompanhava a pregação e que caía como chuva abençoada de Deus
sobre a igreja, nunca penetrou seus corações, e assim, permaneceram em sua
antiga condição de infertilidade e dureza, ficando ainda sujeitos à maldição de
Deus, e não à Sua bênção.
Assim, ao
analisarmos o texto de Hebreus 6.4-7, devemos ter diante de nós, como pano de
fundo, uma visão geral de toda a epístola, sobretudo quanto ao seu tema
central, que é justamente o da afirmação da salvação pela aliança da graça
contida na nova aliança inaugurada no sangue de Jesus, e não pela aliança da
lei ou das obras. São variadas as passagens nesta epístola que revelam a
necessidade exclusiva da fé para se entrar no descanso de Deus, ou seja, para
aceitação e comunhão com ele, como afirmado especialmente nos capítulos 3 e 4;
da confiança plena no sacrifício e sacerdócio de Jesus para sermos salvos, e
não nos sacerdotes e sacrifícios que tipificavam o de Cristo, na lei.
É afirmado
que estamos perfeitos em Cristo, para sempre, quanto ao propósito de Deus de
nos perdoar e salvar eternamente, e que as correções e disciplina a que somos
submetidos para a nossa santificação são os atos de um pai amoroso, e não a
rejeição de bastardos, que a propósito, por este motivo, não são disciplinados.
É a fé que
foca somente em Jesus, aquela fé salvadora que conduz à conversão real, e não
fé em Moisés, anjos, nos próprios meios de graça, como a oração, o jejum, a
meditação da Palavra, e muito menos nos utensílios e serviços sagrados do
templo do Velho Testamento, que nos salva.
Somos
exortados a nos aproximarmos do Monte Sião, onde Jesus morreu por nós, e não do
Monte Sinai, para encontrarmos a entrada no descanso eterno de Deus, e isto
faremos se focarmos a nossa fé somente em nosso Senhor Jesus Cristo, e em
ninguém, e em nada mais.
Como a
salvação é eterna e aponta para aquela perfeição espiritual plena que os
crentes terão em Jesus Cristo no porvir, então nada é mais lógico e necessário
que se espere deles que façam progresso rumo a esta perfeição espiritual,
aumentando cada vez mais em graus de santificação. Foi para atender a este
propósito divino, que foi fixado antes mesmo da fundação do mundo, que foram
salvos por Jesus Cristo, de modo que permanecer nos rudimentos elementares da
fé, sem fazer progresso espiritual em santidade, é caminhar na contramão
daquilo que Deus projetou para todos os seus filhos.
Aqueles que
permanecerem em sua impiedade, e que não se converterem a Cristo, serão
condenados eternamente, porque em si mesmos frustram todos os elevados
propósitos que Deus estabeleceu para serem alcançados pela humanidade. E se a
falta da devida consideração a este propósito leva os ímpios a um sofrimento
eterno que jamais cessará, quanto deveriam todos os crentes dar a devida
consideração e se empenharem para serem achados em santo procedimento e
piedade, buscando em tudo, viverem para o inteiro agrado de Deus, uma vez que
já não serão mais condenados eternamente por terem a Cristo como Fiador da sua
salvação, e que não somente os livrou da culpa do pecado em Sua morte na cruz,
como também lhes dotou com a Sua própria justiça, que lhes foi imputada na
justificação, e que está sendo implantada pelo Espírito Santo no trabalho de
regeneração e santificação. É proposto
por Deus a todos os seus filhos que cresçam até a plena maturidade à semelhança
de nosso Senhor Jesus Cristo. Disto decorre que a nossa salvação deve ser
desenvolvida com temor e tremor diante de Deus, que é um fogo consumidor para o
pecado em todas as suas formas. O fato de esta salvação ser segura e eterna não
deve portanto, ser jamais um motivo para nos tornarmos negligentes, descansando
naquilo que já temos alcançado, pois os que assim procedem ficam sujeitos a
correções dolorosas da parte de Deus, pois não se proveu de filhos para que
estes vivam de forma negligente e fazendo concessões ao pecado.
A epístola
é uma advertência tanto para crentes genuínos quanto para crentes nominais, nas
igrejas, a não serem negligentes com a graça que está somente em Jesus Cristo,
pois quando isto acontece incorre-se automaticamente no desagrado de Deus que
tem dado toda a honra, glória e poder a seu Filho Unigênito, de modo que aquele
que não honrar o Filho não honrará o Pai. Justos aos olhos de Deus são apenas
aqueles que vivem pela fé, de modo que todos aqueles que recuam deste modo de
vida, não podem de modo algum agradá-lo, e Sua alma não tem prazer neles.
Quando se
abandona o primeiro amor, que consiste na plena aceitação e comunhão com o
próprio Cristo, o resultado é o que se vê nos capítulos 2 e 3 do livro de
Apocalipse, nas cartas dirigidas pelo Senhor às sete igrejas, onde há sérias
repreensões da Sua parte contra aqueles que estavam vivendo de modo desordenado
e sem fazer progresso na piedade e na santificação. Havia inclusive crentes
verdadeiros que estavam como que morrendo espiritualmente em Sardes (ainda que
sem perderem a salvação); aqueles que haviam ficado cegos, pobres, nus e
miseráveis, espiritualmente, como os de Laodiceia, que não estavam usando as
vestes brancas de Jesus, o colírio e o ouro da graça para verem e serem
enriquecidos pela santificação que está somente nEle, e estes e outros que
foram chamados ao arrependimento e retorno às primeiras obras, de forma a
viverem de modo digno da sua vocação.
Quando os
crentes edificam suas vidas de modo irregular sobre o fundamento em que se
encontram, que é o próprio Cristo, eles usam materiais perecíveis como
restolho, feno e madeira, que não resistem ao fogo da provação de Deus, de
maneira que ainda que sejam salvos, apesar de terem suas obras reprovadas, o
são como que pelo fogo, e sofrendo danos, pois tendo sido feitos filhos de
Deus, por meio da fé em Cristo, jamais perderão esta condição, embora sejam
distinguidos de forma negativa por conta de seu viver infiel.
Assim, não foi
o propósito do autor de Hebreus, apenas alertar contra a existência de
apóstatas que são hipócritas que transitam nas igrejas e que jamais foram
justificados e regenerados pela graça de Deus, mas também, alertar os crentes
genuínos quanto à necessidade de prosseguir crescendo na graça e no
conhecimento de Jesus, assim como fomos salvos por Ele, mediante a mesma graça,
no início de nossa carreira cristã.
1 Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo,
prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do
arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,
2 E da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da
ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
3 E isto faremos, se Deus o permitir.
4 Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e
provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo,
5 E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro,
6 E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois
assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao
vitupério.
7 Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela,
e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de
Deus;
8 Mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, e perto está da
maldição; o seu fim é ser queimada.
9 Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que
acompanham a salvação, ainda que assim falamos.
10 Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, e do
trabalho do amor que para com o seu nome mostrastes, enquanto servistes aos
santos; e ainda servis.
11 Mas desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao
fim, para completa certeza da esperança;
12 Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que
pela fé e paciência herdam as promessas.
13 Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro
maior por quem jurasse, jurou por si mesmo,
14 Dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te
multiplicarei.
15 E assim, esperando com paciência, alcançou a promessa.
16 Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o
juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda.
17 Por isso, querendo Deus mostrar mais abundantemente a
imutabilidade do seu conselho aos herdeiros da promessa, se interpôs com
juramento;
18 Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que
Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em
reter a esperança proposta;
19 A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra
até ao interior do véu,
20 Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente
sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Este
capítulo inteiro é uma continuação da digressão que o apóstolo ocasionalmente
entrou no versículo 11 do capítulo anterior: “Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação;
porquanto vos fizestes negligentes para ouvir.”
Para a
consideração da grandeza do mistério e da dificuldade da doutrina que ele projetou
para instruir estes Hebreus e seu temor de sua incapacidade ou falta de
preparação (pelo menos de alguns) para recebê-lo de acordo com a sua
edificação, ele abre um novo discurso, cheio de razões e argumentos para movê-los
a um atendimento diligente.
E isso que
ele faz, como nas últimas palavras deste capítulo para retornar, por uma
conexão artificial de seu discurso, com o que ele afirmou no versículo 10
daquilo que precede: “Chamado por Deus sumo
sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.”
Existem
quatro partes gerais deste capítulo: - 1. A proposição do que ele pretendia
fazer, ou o discurso a respeito; com uma oposição a respeito do que foi por ele
omitido, versículos 1-3. 2. Uma excitação dos hebreus para a singular
diligência em atender às mais perfeitas doutrinas do cristianismo e fazer um
progresso no conhecimento de Cristo. E isso ele faz da consideração da grandeza
do pecado e da inevitabilidade da destruição dos apóstatas.
Porque este
tipo de pessoas comumente surge dentre os quais, tendo recebido a verdade e
fizeram uma profissão, não diligentemente se esforçam para um progresso em
direção à perfeição, de acordo com seu dever, versículos 4-8. 3. Um alerta da
gravidade desta ameaça em relação à sua aplicação a estes hebreus. Pois ele
expressa a sua esperança de que não lhes pertencesse, ou que os pecados
condenados não se encontrassem neles, nem o castigo ameaçado caísse sobre eles.
Mas o aviso em si contido na ameaça era, como ele mostra, bom, saudável e
sazonal. E desta sua esperança e juízo
sobre os hebreus, ele expressa os seus fundamentos, tirados da justiça de Deus,
e da sua própria fé e amor; que ele ora para perseverassem, versículos 9-12. 4.
Um encorajamento para fé e perseverança, é apresentado do exemplo de Abraão,
que primeiro recebeu as promessas; da própria natureza das promessas e da
confirmação pelo juramento de Deus, com a ajuda que podemos ter pela nossa
esperança em Cristo, versículos 13-20; cujo último discurso ele emitiu no
assunto principal que ele pretendia insistir, para o qual ele agora volta
novamente, tendo se desviado necessariamente para estas exortações e discursos
da primeira proposta dele no versículo 11 do capítulo anterior.
Na primeira
parte do capítulo, composta pelos três primeiros versículos, há três coisas
consideráveis: - 1. Uma proposição geral da resolução do apóstolo para
prosseguir para as doutrinas mais perfeitas do evangelho, como também da
passagem dos primeiros princípios do cristianismo, verso 1. 2. Uma amplificação
desta proposição, por uma enumeração das doutrinas que, segundo ele, se
encontravam passando pelo manuseio dos versículos 1 e 2. 3. A renovação de sua
resolução para prosseguir na sua proposição , com uma submissão à vontade e ao
bom prazer de Deus quanto à execução de seu propósito; na expressão do qual o
estado atual destes hebreus o havia chamado peculiarmente, versículo 3.
VERSOS 1 e
2.
“Por isso,
deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não
lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em
Deus,” (Heb 6.1).
"Deixando":
como se o apóstolo postasse essas coisas de lado apenas para o presente, com
uma resolução para retomá-las novamente nesta epístola; mas nem a palavra
significa tal coisa, nem o faz assim.
"Os
princípios (rudimentos) da doutrina de Cristo". "O início da palavra
de Cristo". A palavra ou aquilo que diz respeito aos princípios da
doutrina de Cristo. “Vamos levantar-nos." "Vamos prosseguir".
"Vamos
até a perfeição".
“Portanto,
deixando a doutrina do princípio de Cristo, continuemos até a perfeição.”
"Por
isso". Esta partícula introdutória do discurso manifesta que há uma
dependência no que se segue ao que foi discursado antes. O que se segue pode
ser uma inferência disso, ou ser o efeito de uma resolução ocasionada por ele.
"Portanto," ou seja, "esse dever se seguirá então". E essa
conexão é apreendida de diversas maneiras, por conta da ambiguidade da expressão
em o número plural e a primeira pessoa. "Nós vamos seguir". Pois,
nesse tipo de expressão, há uma comunicação retórica; e o apóstolo se
identifica com os hebreus em si mesmos quanto à sua obra, ou se junta com eles
quanto ao seu dever. Pois, se as palavras forem tomadas na primeira maneira,
declaram sua resolução no ensino; se no último, seu dever em aprender. Em
primeiro lugar, e se tomarmos as palavras no primeiro caminho, como expressando
a resolução do apóstolo quanto ao seu próprio trabalho, a inferência parece ter
uma dependência imediata do verso 11 do capítulo anterior, passando pelo
discurso dos seguintes versos como uma digressão, para ser como se fosse
incluído entre parênteses: "De quem temos muitas coisas a dizer, e difíceis
de ser pronunciado, vendo que você está sendo negligente ao ouvir:" Eu
devo portanto, para a sua instrução futura, "deixar os princípios da
doutrina de Cristo", e continuar com os mistérios, ou a sabedoria, mais
sublimes, dos quais falamos, que são perfeitos. "Pois, embora ele os
tivesse culpado por sua dureza e atraso ao saber, ele não os declara, pelo
menos não todos eles, serem tão incapazes desses mistérios, de modo que não
devesse comunicá-los a eles. Em segundo lugar, se, no último caso, o apóstolo
se juntar aos hebreus, e é o seu dever que se destina, a saber, que nem sempre
devem se basear nos primeiros princípios ou lições do cristianismo, mas avançar
para a perfeição, (para o amadurecimento espiritual, para uma compreensão
prática do significado pleno da vida cristã, tendo suas faculdades exercitadas
para discernir tanto o bem quanto o mal, estando prontos para toda boa,
conhecendo e praticando a conduta cristã em verdadeira santificação – nota do
tradutor), então, - 1. Esta ilação parece ter respeito ao tempo em que, em
primeiro lugar, estes hebreus gozavam sob os meios de crescimento no
conhecimento de Cristo; na conta de que ele afirma que poderia ser justamente
esperado em relação a eles que deveriam ser professores dos outros.
"Portanto," diz ele, ou na consideração disso, "é justo e correto
que você deve seguir em direção à perfeição", o que eles fariam, ele
expressa suas esperanças a respeito deles, no versículo 9. 2. Ele também se
refere àquela negligência e preguiça, e atraso para aprender, que ele havia
reprovado neles. Como se tivesse dito: "Vendo, portanto, que você até
agora tem sido tão descuidado na melhoria dos meios que tem desfrutado, - o que
não foi uma pequena falha ou mal em você, mas o que foi muito prejudicial para
você, - agora, finalmente, agite-se para o seu dever, e caminhe para a
perfeição. Não precisamos determinar essa conexão, de modo a excluir qualquer
intenção; sim, que pode ter feito o apóstolo, com respeito ao discurso
precedente e considerando nisso a condição presente dos hebreus, como também a
necessidade de instruí-los no mistério do sacerdócio de Cristo, sem o
conhecimento do qual eles não poderiam ser libertados dos seu apego ao
sacerdócio e às cerimônias de Aarônicas, que ainda estavam em uso entre eles, -
visava assim desde então tanto ao seu próprio dever quanto o dele; que deveria
seguir com a instrução adicional, e que eles deveriam se mover para aprender e serem
beneficiados com isto. Era dever de seu ofício e cuidado com eles, e isso para sua
vantagem e edificação, e para trazê-los de maneira devida, a fundarem sua fé em
Cristo e na graça do evangelho e não mais no cumprimento do judaísmo, naquilo
que era incompatível com a natureza e o desígnio
do evangelho. (Jesus não era uma anexo ao Velho Testamento, mas a razão mesma
de tudo o que ali se ensinava por tipologia, figura e sombra – nota do
tradutor). E é evidente que, antes da redação desta epístola, eles não estavam
suficientemente convencidos de que havia um fim absoluto para todas as
instituições mosaicas; pois, apesar da profissão do evangelho, eles ainda
achavam que era seu dever cumprir a observação delas. Mas agora o apóstolo
projeta suas instruções nesse mistério que particularmente evoca sua inconsistência
com a fé em nosso Senhor Jesus Cristo e obediência a ele. Então diz: "deixando",
"descartando", "descarregando" ou "deixando ir",
"omitindo", "não mais seguindo”, "passando". E é usado
com respeito à fala de coisas que já foram mencionadas. Mas a significação da
palavra é limitada à presente ocasião; para considerar as coisas aqui faladas
absolutamente, e elas nunca devem ser deixadas, nem por professores ou
ouvintes. Há uma necessidade de que os professores muitas vezes insistam nos
rudimentos ou primeiros princípios da religião; e isso não só com respeito àqueles
que continuamente devem ser treinados no conhecimento desde a sua infância, ou
para que possam ser recém-convertidos, mas também são ocasionalmente inculcados
nas mentes daqueles que têm feito um progresso mais amplo no conhecimento. E
este curso achamos nosso apóstolo ter dirigido em todas as suas epístolas.
Também não há ouvintes para deixar esses princípios como para esquecê-los, ou
para não usá-los. Deixe de lado uma consideração constante a eles em seu devido
lugar, e nenhum progresso pode ser feito no conhecimento, nada mais do que um
edifício pode ser realizado quando a base é tirada. Mas o respeito é de ambos
os lados até a ocasião presente. "Não nos detenhamos sempre no ensinamento
e na aprendizagem dessas coisas, mas "omitindo" por um período de
tempo, como coisas com que você está bem familiarizado com isso, avancemos para
o que é necessário para a maturidade.
Observação I.
É dever dos ministros do evangelho cuidar, não só que a doutrina que eles
pregam seja verdadeira, mas também que ela seja sazonal com respeito ao estado
e condição de seus ouvintes. Isto não consiste em uma pequena parte daquela
sabedoria que é exigida na dispensação da palavra. É
"uma palavra falada na época apropriada" que é
bela e útil, Provérbios
25:11; sim, "tudo é lindo em seu próprio
tempo", e não mais, Eclesiastes 3:11. E duas coisas são especialmente
consideradas por aquele que ordenaria sua doutrina corretamente, para que suas
palavras pudessem ser adequadas, e encontradas sazonais:
1. A
condição de seus ouvintes, quanto ao seu conhecimento e capacidade atuais.
Suponha que sejam pessoas, como o apóstolo fala, de "plena idade",
como podem receber e digerir "alimento sólido", que já alcançaram um
bom conhecimento dos mistérios do evangelho. Na pregação da palavra, se os
homens, por falta de capacidade de fazer o contrário, ou falta de sabedoria
para saber quando deveriam fazer de outra forma, devem tratar constantemente
com os primeiros princípios, ou coisas comuns e óbvias, não será apenas inútil para
a sua edificação, mas também os cansa da própria ordenança. E não haverá um
melhor efeito do outro lado, onde os ouvintes são principalmente fracos, e os
mistérios mais avançados da verdade são insistidos, sem uma acomodação prudente
de assuntos adequados à sua capacidade. É, portanto, o dever dos
administradores na casa de Deus de dar a cada um na sua casa a sua porção
adequada. Este é o conselho abençoado que nosso apóstolo dá a Timóteo, 2
Timóteo 2:15: "Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade."
Isto é o que permite que um ministro se manifeste como "um trabalhador que
não precisa se envergonhar." Se, como, quando os animais oferecidos em
sacrifício foram cortadas em pedaços, o sacerdote de acordo com a lei dispôs as
suas partes, no altar, a si mesmo, e aos que os trouxeram, para que cada um na
divisão tivesse a sua parte adequada e legal; então ele dá uma parte devida e
adequada a seus ouvintes, ele é um trabalhador aprovado. Outros lançam tudo em
confusão e desordem; que redundará em sua própria vergonha. Agora, enquanto que
em todas as igrejas, audiências ou congregações, há uma grande variedade de
ouvintes, com respeito às suas atuações, conhecimentos e capacidades atuais, de
modo que é impossível que alguém supra, ou com muita frequência, possa acomodar
seu assunto e instruções para todos; era muito desejável que houvesse, como
havia na igreja primitiva, uma distribuição feita de ouvintes em várias ordens
ou fileiras, conforme a idade ou os meios de conhecimento os ordenem, para que
a edificação de todos possa ser claramente prevista. Assim seria, se fosse o
trabalho de alguns separadamente instruir aqueles que ainda precisam ser
ensinados nos primeiros princípios dos oráculos de Deus e dos outros a
construir para a perfeição daqueles que já fizeram algum progresso no
conhecimento do evangelho; ou o mesmo trabalho pode ser feito pelas mesmas
pessoas em várias ocasiões. Nem qualquer coisa obstrui, senão que aqueles que
são fortes podem ser ocasionalmente presentes às instruções dos fracos, e o
último nos ensinamentos dos primeiros, tanto para sua grande vantagem. Mas, até
que isso possa ser alcançado, é dever e sabedoria de um ministro aplicar-se, na
doutrina que ele pregou e na maneira de sua entrega, ao estado mais geral de
seus ouvintes, como por ele é apreendido ou conhecido. E como será um problema
para aquele que considera seu dever seguir adiante na declaração dos mistérios
do evangelho, temer que muitos permaneçam atrás, como incapazes de receber e
digerir a comida que ele providenciou; por isso deve ser uma vergonha para aqueles
que não podem fazer provisão, senão de coisas banais e comuns, quando muitos,
talvez, entre seus ouvintes são capazes de se alimentar de uma provisão melhor
ou mais sólida. Ainda, - 2. As circunstâncias do tempo presente devem ser
devidamente consideradas por aqueles que pregariam uma doutrina que poderia ser
sazonal para seus ouvintes; e que estes são muitos, não deve aqui ser particularmente
insistido. Mas aqueles especialmente de tentações públicas conhecidas, de erros
e heresias predominantes, de oposição especial e ódio a verdades importantes,
devem sempre ser considerados; pois eu poderia facilmente manifestar que o
apóstolo em suas epístolas tem continuamente um respeito especial a todos eles.
Tampouco foi uma devida consideração mais necessária do que nos dias em que
vivemos. E outras coisas podem ser adicionadas de natureza semelhante a este
propósito.
Observação
II. Algumas doutrinas importantes da verdade podem, na pregação do evangelho,
ser omitidas por uma temporada, mas nenhuma jamais deve ser esquecida ou
negligenciada. Então, assim trata o apóstolo o assunto neste lugar. Nós
dizemos, "os princípios da doutrina de Cristo." Temo ser um pouco
impróprio; porque "os princípios da doutrina de Cristo"
indefinidamente devem incluir todos, pelo menos os mais principais. "A
palavra", isto é, a palavra pregada. Como usado em 1 Coríntios 1:18. E o
nome "Cristo" não é tomado aqui pessoalmente, nem de forma eficiente,
como se "de Cristo" fosse "de que Cristo seja o autor", nem
objetivamente em relação a Cristo; mas é tomado metonimicamente para a doutrina
do evangelho e a profissão dessa religião que foi ensinada por ele. Para que
"a palavra de Cristo" não seja mais senão a doutrina do evangelho
como pregado e ensinado. O texto contém uma limitação desta doutrina com
respeito a algumas partes dela; isto é, aquelas a que os homens geralmente e
normalmente foram instruídos pela primeira vez, e que, por sua própria
natureza, era necessário que fosse assim. Eles são aqui chamados de "a
palavra dos princípios de Cristo". E o que essas doutrinas são, o apóstolo
declara particularmente no final deste versículo, e no próximo, onde devemos
investigar. Eles são os mesmos com "os primeiros princípios dos oráculos
de Deus", dos quais foi feita menção antes. Tendo declarado o que para o
presente omitiria e passaria, embora houvesse alguma aparência de uma
necessidade em contrário, o apóstolo expressa o que era seu desígnio atual em
geral, e qual era o fim que ele pretendia. Agora, isto não era, para ser
retardado pela repetição ou reincorporação das coisas que ele omitiria, mas
para que eles pudessem (ele ensinando, e eles aprendendo) "ir para a
perfeição". E duas coisas devem ser consideradas: - 1. O fim pretendido;
2. A maneira de pressionar para o fim. O fim é a "perfeição", isto é,
o conhecimento das doutrinas misteriosas e sublimes do evangelho como aqueles
que foram completamente iniciados e minuciosamente instruídos eram
participantes. Disso ele diz, em 1 Coríntios 2: 6; - "Falamos sabedoria
entre os perfeitos", ou "declaramos os mistérios profundos do
evangelho", a sabedoria de Deus em um mistério", para os que são
capazes deles." É, então, uma perfeição que o apóstolo visa; mas, por
exemplo, vem sob uma dupla limitação: - 1. Da natureza da própria coisa. É
apenas uma perfeição intelectual, uma perfeição da mente no conhecimento, que
se destina. E isso pode ser onde não há uma perfeição moral, graciosa e sem
pecado. Sim, os homens podem ter uma grande luz em suas mentes, enquanto suas
vontades e afeições são muito depravadas e suas vidas não reformadas. 2. É uma
perfeição comparativa e não absoluta. Uma perfeição absoluta, na compreensão da
perfeição total de Deus em Cristo, que não é por nós alcançável nesta vida. O
apóstolo nega isso em relação a si mesmo, Filipenses 3:12. Mas tal grau e
medida que Deus tem prazer em comunicar aos crentes no uso comum dos meios, é o
que se destina. Veja Efésios 4: 12,13. Tome, portanto, a perfeição aqui
orientada objetivamente, e são os mais sublimes mistérios do evangelho que ela
expressa; tomá-lo subjetivamente, é uma percepção tão clara deles,
especialmente daqueles que dizem respeito à pessoa e aos ofícios de Cristo, e
particularmente ao seu sacerdócio, como os crentes crescidos geralmente
alcançam. A maneira de chegar a este fim, ele expressa por ferwmeta (avancemos).
E nesta palavra é mencionada a comunicação retórica. Pois ele atribui isso a si
mesmo com os que só pertenciam a eles; ou aquilo que pertence a ele; ou o que
lhes pertencia a ambos, mas de uma maneira diferente, isto é, a ele ensinando a
eles aprendendo. "Vamos continuar". A palavra é enfática, insinuando
tal tipo de progresso como um navio faz quando está sendo impulsionado pelo
vento em suas velas. "Vamos continuar", isto é, com o máximo de
nossas mentes e afeições, com os maiores esforços de toda a nossa alma.
"Nós dormimos o tempo suficiente no porto; deixe-nos agora içar nossas
velas e lançar-nos para o mar alto." E, portanto, podemos aprender, isso,
Observação
III. É um dever necessário dos dispensadores do evangelho excitar seus
ouvintes, por todas as considerações urgentes, para fazer um progresso no
conhecimento da verdade. Assim, lidamos com o nosso apóstolo com estes hebreus.
Ele não os manteria sempre na varanda, mas entraria no santuário, e
contemplaria as glórias escondidas da casa de Deus. Em algum lugar ele se
queixa daqueles que estão "sempre aprendendo" que estão, no caminho,
sob os meios disso; mas, no entanto, por causa de sua negligência e descuido na
aplicação de suas mentes a eles, "nunca avançam", 2 Timóteo 3: 7,
para um conhecimento claro da verdade. E no mesmo espírito queixou-se dos
coríntios por sua falta de proficiência em coisas espirituais, de modo que ele
foi forçado a lidar com eles demorando ainda nos rudimentos da religião, 1 Coríntios
3: 1,2. Em todas as suas epístolas, ele está continuamente, por assim dizer,
pressionando isso nas igrejas, para que eles trabalhem para "crescer em
graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo", e que
eles poderiam fazê-lo, era a questão principal de suas orações por eles,
Efésios 3: 14-19, 1: 1 5-19; Colossenses 2: 1,2. E são estranhos para seu
espírito e exemplo, aqueles que são descuidados nessa questão, especialmente quanto
a persuadir e até mesmo obrigar os outros a serem assim. Portanto, este dever é
necessário para dispensadores do evangelho em contas diversas: 1. Porque seus
ouvintes necessitavam grandemente do exercício disto. Eles são capazes de ser
preguiçosos e cansados; muitos começam a correr bem, mas estão rapidamente prontos
para desmaiar. Não há nenhuma estimativa das ocasiões, que são muitas e
variadas. Concupiscência da carne; autoconfiança de ter alcançado o que é
suficiente, talvez mais do que outros; curiosidade e comichão nos ouvidos,
atendendo a novidades; não se agradando daquela santidade e fecundidade da vida
que um aumento de conhecimento abertamente tende a; desperdício, por um lado,
ou à avareza, por outro; qualquer corrupção predominante de mente ou afeições; a
dificuldade de se chegar ao conhecimento da verdade de maneira devida, fazendo
com que o preguiçoso clame: "Há um leão nas ruas;" com outras coisas
inumeráveis, que estão prontas e capazes de retardar, impedir e desencorajar os
homens em seu progresso. E se não há como excitar, avise e exorte-os; para
descobrir a variedade dos pretextos pelos quais os homens nesta matéria se
enganam; expondo as armadilhas e os perigos em que aqui se lançam; para
lembrá-los da excelência das coisas do evangelho e do conhecimento delas, que
são propostas diante deles; pode ser senão que, por esses meios, sua condição
espiritual não será prejudicada, senão suas almas estão arruinadas. Sim, às
vezes os homens são tão cativados sob o poder dessas tentações e seduções, e
são fornecidos com tais súplicas na desvantagem de sua própria preguiça e
negligência, pois devem ser tratados com sabedoria e delicadeza em admoestações
a respeito deles, para que não sejam provocados ou desencorajados. Daí o nosso
apóstolo tendo tratado eficazmente esses hebreus sobre essas coisas, encerra
seu discurso com aquela expressão abençoada de amor e condescendência em
relação a eles, Hebreus 13:22: "Rogo-vos,
porém, irmãos, que suporteis estas palavras de exortação, pois vos escrevi em
poucas palavras." Então, assente com isso, como
aquele que, no entanto, pode ser contrário às suas inclinações presentes,
continua a ter um amor terno às suas almas e não tem outro fim senão sua
vantagem espiritual. Nem isso deve diminuir aqui empreendimentos de ministros
fiéis, mas apenas dar-lhes mais uma oportunidade de mover e exercer a sua
prudência e diligência. 2. As vantagens que os professores têm por um progresso
no conhecimento das coisas espirituais, tornam o dever necessário levá-las e
encaminhá-las para aqueles, que são obrigados em todas as coisas a cuidar do
bem de suas almas. E essas vantagens também se apresentam em tanta variedade,
que não podem ser aqui relatadas. A menção pode ser feita de algumas poucas em
uma forma de exemplo; como, (1.) Aqui, de uma maneira eficaz, depende a
segurança dos homens da sedução em heresias, erros ruidosos e nocivos. De que
tipo são aqueles que vemos seduzidos todos os dias? Não são pessoas que ignoram
rudemente a própria natureza da religião cristã e os primeiros princípios
disso, que nem sempre estabelecem um alicerce firme, ou realizam uma superação
ordenada sobre isso em sabedoria e obediência, como o tipo de homens que enchem
as assembleias dos Quakers? O fundamento de Deus está seguro em todo o tempo, -
Deus conhece quem é dele; e ele irá preservar seus eleitos para tornar sua
sedução totalmente impossível. Mas, de maneira comum, será muito difícil em tal
momento, - quando os sedutores abundam, doutrinas falsas são divulgadas, em que
há tantos lobos no exterior com roupas de ovelha, e uma oposição tão grande que
é feita à verdade do evangelho, - para que qualquer pessoa se mantenha firme e
inabalável até o fim, se as suas mentes não forem fortificados com um
conhecimento sólido e fundamentado dos mistérios do evangelho. É o ensinamento
do Espírito, a unção do Santo, pelo qual conhecemos todas as verdades
necessárias, que devem nos preservar em tal época, 1 João 2:27. (2.)
Proporcional ao nosso crescimento no conhecimento será o nosso aumento de
santidade e obediência. Se isso, em algum momento, cair de outra forma, é dos
pecados e da perversidade das pessoas em quem está; na natureza das próprias
coisas, eles dependem um do outro. Veja Efésios 4: 21-24; Romanos 12: 2. Que
"a ignorância é a mãe da devoção", é uma máxima que veio do inferno
para buscar as almas dos homens, e trouxe multidões com ela; onde seja
respeitada. Agora, a razão pela qual o aprimoramento do conhecimento tende para
a melhoria da santidade e da obediência, porque a fé atua em Cristo apenas nas
coisas que conhecemos, pelo qual a força espiritual é derivada para nós, e nós
somos habilitados para elas. (3.) A utilidade na igreja, para as nossas famílias,
e entre todos os homens, depende disso. Isso não precisa de nenhuma outra
confirmação do que a experiência de cada homem lhe sugerirá. E se eu deveria
projetar para prosseguir, as principais vantagens que alcançamos, ou podemos
fazê-lo, no crescimento da luz e do conhecimento espirituais, não existe
qualquer coisa em que a nossa fé ou obediência se preocupe; nada que pertença
às nossas graças, deveres ou comunhão com Deus, neles ou por eles; nada em que
nos preocupe com tentações, aflições ou consolo, senão o que pode ser
justamente chamado para dar testemunho a esse respeito. Se, portanto, os
ministros do evangelho tiverem cuidado, ou qualquer amor às almas dos seus
ouvintes; se eles entenderem qualquer coisa sobre a natureza do ofício e do
trabalho que eles tomaram sobre si mesmos, ou a conta que eles devem dar um dia
da sua descarga; eles não podem deixar de estimá-lo entre os deveres mais
necessários que lhes incumbem, excitar, provocar, persuadir e exortar, aqueles
que estão sob sua responsabilidade para a perfeição antes descrita. Portanto,
não há nada, em toda a combinação contra Cristo e o evangelho, que seja de uma
natureza e tendência mais perniciosa do que o desígnio de manter as pessoas na
ignorância. Era esse o espírito de nosso apóstolo? Tinha esse desígnio? É
evidente para todos o quão abertamente e com que frequência ele se expressa em
contrário. E, ao seu exemplo, devemos nos conformar. Seja qual for a outra
ocasião de escrever, o assunto principal de suas epístolas é constantemente o
aumento da luz e do conhecimento nas igrejas, que ele sabia que era tão
necessário para elas. Podemos, portanto, adicionar, -
Observação
IV. É deplorável e perigoso o caso daquele povo, cujos professores não
conseguem levá-los ao conhecimento dos mistérios do evangelho. A chave do
conhecimento pode ser adotada pela ignorância, bem como pela malícia. E assim é
com muitos. E quando o conhecimento perecer dos lábios daqueles que devem
preservá-lo, o povo deve perecer por falta desse conhecimento, Oséias 4: 6;
Mateus 15: 14.
Observação
V. Em nosso progresso em direção a um aumento de conhecimento, devemos
prosseguir com diligência e toda a inclinação de nossas vontades e afeições.
Pretendo expressar o sentido de ferwmeta (avançar). É de uma significação
passiva, denotando o efeito: "deixemo-nos conduzir", mas inclui o uso
ativo de meios para produzir esse efeito. E os deveres da nossa parte
destinados podem ser reduzidos a essas cabeças, - 1. Diligência em uma
aplicação para o uso dos melhores meios para este fim, Oséias 6: 3. Aqueles que
seriam conduzidos para a perfeição não devem ser descuidados, nem
independentemente das oportunidades de instrução, nem serem detidos por
preguiça ou vaidade, nem desviados pelos negócios e ocasiões deste mundo. Tanto
o empenho em sua busca, quanto a escolha na preferência deles antes das
vantagens seculares, são exigidos aqui. 2. Intenção da mente no atendimento a
eles. Tais pessoas não devem ser negligentes sob eles. Há quem não se esforçará
para desfrutar os meios de instrução, e dificilmente perderá uma oportunidade
para a qual eles possam chegar; mas quando o fizerem, aí sentam-se e descansam.
É uma pena, considerar o quão pouco eles despertam suas mentes e entendimentos
para conceber corretamente e apreender as coisas em que são instruídos. Então
eles continuam ouvindo dia a dia, e de ano para ano, mas não são movidos em um
passo em direção à perfeição. Se o coração e a cabeça não estiverem no
trabalho, e os melhores esforços das nossas mentes não forem aplicados,
buscando, pesando, ponderando, aprendendo as verdades que nos ensinam por
qualquer meio de nomeação divina, nunca devemos fazer o progresso pretendido.
3. É necessário aqui, que nossas vontades e afeições sejam sinceramente
inclinadas e concentradas nas próprias coisas que nos são ensinados. Estas são
as principais asas ou velas de nossas almas, nas quais estamos ou podemos estar
em nossa viagem. Sem isso, tudo o que fazemos não será nada, ou o que não é
melhor. Para amar a verdade, as coisas que nos propuseram na doutrina dela;
para deleitar-se com eles; para encontrar uma bondade, desejabilidade,
excelência e adequação até a condição de nossas almas nelas; e, portanto,
aderir e se aproximar delas; é o que nos fará prosperar em nosso progresso.
Aquele que sabe um pouco e ama muito, rapidamente conhecerá e amará mais. E
aquele que tem muito conhecimento, mas pouco amor, descobrirá que ele trabalha
no fogo para o aumento de um ou outro. Quando nossas vontades e afeições aderem
e se encaixam com prazer, no uso diligente dos meios, nas coisas em que somos
instruídos, então estamos no nosso caminho certo; então, se os sagrados ventos
do Espírito de Deus soprarem sobe nós, estamos em uma tendência abençoada para
a perfeição. 4. A prática diligente do que conhecemos não é menos necessária
para o dever pressionado sobre nós. Este é o fim imediato de todos os
ensinamentos e todos os aprendizados. Isto é o que torna nosso conhecimento a
nossa felicidade: "Se conheceis estas coisas, felizes são, se as fizerem".
Fazer o que sabemos é a grande chave para nos dar uma entrada para saber o que
não fazemos. Se fizermos a vontade de Deus, conheceremos a sua Palavra, João
7:17. E, - 5. Tudo isso deve ser gerenciado com um certo desígnio e perspectiva
para este fim, de crescer em graça e conhecimento, e isso até chegarmos à
medida de nossa perfeição que nos foi nomeada em Jesus Cristo. Desta forma, e
por esses meios, podemos alcançar o efeito diretamente expresso, de continuar
no aumento da luz e do conhecimento espiritual e não sem eles.
VERSÍCULOS
1, 2.
No restante
do primeiro versículo e o seguinte que segue, o apóstolo declara em casos
particulares quais eram as coisas e doutrinas que ele chamou em geral antes,
"princípios da doutrina de Cristo".
“Não lançando de novo o fundamento do arrependimento
de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das
mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.”
Há duas
coisas nessas palavras acrescentadas sobre "a doutrina dos princípios de
Cristo" ou "as primeiras doutrinas do cristianismo": 1. Sua
natureza geral em relação a toda a verdade do evangelho, metaforicamente
expressa; eles são o "fundamento". 2. Sua natureza em particular é
declarada em diversos casos; não que todos sejam mencionados, mas essas
instâncias são escolhidas para mostrar de que tipo elas são.
No
primeiro, duas coisas são propostas: 1. A expressão da própria coisa
pretendida, que é "o fundamento". 2. O desígnio do apóstolo com
respeito a ele, "não colocá-lo novamente". é, como foi dito, nesta
matéria metafórica, incluindo uma alusão a um arquiteto e sua construção.
Primeiro ele estabelece os alicerces; e é um construtor muito insensato aquele que
não faz isso, ou que recai sobre ele, ou que sempre o está preparando e puxando
para baixo, sem fazer um progresso. Na verdade, esse fundamento que é todo o
edifício, que não possui um edifício erguido sobre ele, não é um fundamento; porque
o que é materialmente, torna-se tão formalmente apenas com respeito à
construção sobre ele. E aqueles que recebem as doutrinas de Cristo aqui chamadas
de "fundamento", se eles não construírem sobre elas, eles não
provarão nada a eles, seja lá o que forem em si mesmos.
Existem
duas propriedades de um alicerce: - 1. Que é aquilo que é colocado pela
primeira vez em cada edifício. Isso requer a ordem natural de cada edifício. 2.
É o que carrega todo o peso da superestrutura; o todo, e todas as partes dele,
sendo colocado sobre ele, e firmemente unido a ele. Com respeito a uma ou outra
dessas propriedades, ou ambas, são as doutrinas pretendidas como
"fundamentos". Mas, no último sentido, não podem ser assim.
É o próprio
Cristo, e ele somente, que é o fundamento para suportar o peso e apoiar a
construção integral da igreja de Deus. Isaías 28:16; Mateus 16:18; 1 Coríntios
3: 10,11; Efésios 2: 20-22; 1 Pedro 2: 4,5. Ele é tão pessoalmente, a vida e o
ser da igreja que consiste em sua união espiritual para com a pessoa, 1
Coríntios 12:12; e doutrinariamente, na medida em que toda a verdade é
resolvida no que se ensina em relação a ele, 1 Coríntios 3: 10,13. Portanto, é
alusão a um fundamento com respeito à sua primeira propriedade, a saber, que é
colocada pela primeira vez no edifício, que essas doutrinas são chamadas de
"fundamento" (assim os judeus denominam os princípios gerais de sua
profissão em particular, "os fundamentos da lei", ou as principais
doutrinas dentro dela), - as primeiras doutrinas que são necessárias para serem
recebidas e professadas na
primeira entrada do homem no cristianismo. E o apóstolo
pretende as mesmas coisas pela expressão
tripla que ele faz uso: - 1. Hebreus 5:12, - "os primeiros princípios dos
oráculos de Deus." 2. Hebreus 6: 1; - "o início da doutrina de
Cristo" e "o fundamento". No que diz respeito a estas coisas,
ele diz: "não colocando de novo". Ele diz que não o colocaria
novamente, não inferindo que ele próprio tinha colocado antes entre eles, mas
apenas que fora muito bem colocado por algum outro. Pois não foi por ele que
receberam sua primeira instrução, nem menciona tal coisa em toda a epístola;
enquanto ele frequentemente invoca as igrejas plantadas por ele mesmo, 1
Coríntios 3: 5,6,10, 4:15. E é sabido pela história que seu ministério não foi
usado em sua primeira conversão. Mas ele sabia que eles tinham instrutores
fiéis, que não os deixariam desinformados dessas coisas necessárias; e que eles
não teriam sido iniciados pelo batismo ou admitidos na igreja, sem uma
profissão deles. Além disso, eles eram como, em geral, eles possuíam em seu
antigo estado de igreja. Poderia, portanto, dizer que ele não iria colocar este
fundamento novamente. "Essas coisas", diz ele, "você já foi
instruído por outros, e, portanto, eu não vou (como também em outras
considerações) examiná-los novamente." Portanto, os ouvintes do evangelho
olhem atentamente para que eles aprendem as coisas das quais tiveram instrução
suficiente; pois se algum mal se deriva da ignorância deles, eles devem responder
por isso. Essa ignorância é o seu pecado, bem como a sua desvantagem. Os
professores podem dar por certo, que o que eles têm sedutoramente e
suficientemente instruído seus ouvintes, eles também receberam e aprenderam,
porque é através de sua negligência pecadora se eles não tiverem feito. E eles
não estão obrigados a esperar sempre em algumas das suas negligências, em
detrimento dos outros. Em segundo lugar, o apóstolo declara, em particular,
quais eram esses princípios doutrinários, que, em geral, descreveu, que foram
ensinados aos primeiros que foram iniciados no cristianismo e que ele não
insistirá novamente. "Arrependimento de obras mortas", etc. Devemos
primeiro considerar a ordem dessas palavras, e então o seu sentido, ou as
próprias coisas pretendidas. Alguns aqui compõem seis princípios, alguns os
tornam sete, alguns, senão quatro, e alguns são reduzidos a três. Os dois
primeiros são simples e distintos: "Arrependimento de obras mortas" e
"fé para com Deus". Seguem e são apresentados quanto à sua coerência
e sentido. O fundamento da doutrina dos batismos, que são agrupados pela
aposição, não dependendo um sobre o outro. Didach é o ensino, a doutrina,
"a pregação da Palavra". E essa foi uma das primeiras coisas em que
os crentes deveriam ser instruídos, ou seja, que eles deveriam permanecer na
doutrina (didach), Atos 2:42; em constante comparecimento à doutrina do
evangelho, quando lhes foi pregada. E como não devo afirmar esta exposição,
então não me atrevo a rejeitá-la positivamente, como não vendo nenhuma razão
convincente para esse propósito. Mas outro sentido é mais provável. Faça as
palavras em conjunto, de modo que o primeiro deles deve depender e ser regulado
pelo outro, e então, 1. Podemos considerá-los em sua ordem, pois estão no
original: "a doutrina dos batismos e da imposição das mãos". Havia
duas coisas peculiares para o evangelho, - a doutrina dele e os dons
extraordinários do Espírito Santo. A divisão é comparada ao chamado batismo, em
Deuteronômio 32: 2; daí do povo foi dito ser "batizado em Moisés",
quando foram iniciados em suas doutrinas, 1 Coríntios 10: 1,2. O batismo de
João foi sua doutrina, Atos 19: 3. E o batismo de Cristo foi a doutrina de
Cristo, com que ele deveria "batizar muitas nações", Isaías 52: 15.
Este é o primeiro batismo do evangelho, a doutrina. O outro foi a comunicação
dos dons do Espírito Santo, Atos 1: 5. Que isso, e isso sozinho, é pretendido
por "a imposição das mãos", eu vou provar completamente depois. E
então, o sentido seria: O fundamento dos batismos evangélicos, a saber: a
pregação e os dons do Espírito Santo. E eu conheço apenas um argumento contra
esse sentido, isto é, que é novo e singular. Para evitar isso, 2. A ordem das
palavras deve ser invertida em sua exposição. Não são os "batismos da
doutrina", mas a "doutrina dos batismos" deve ser pretendida.
Mas, então, duas coisas devem ser observadas: - (1.) Que baptismein "batismos",
não é imediatamente regulado por zemelion, o "fundamento" e,
portanto, "batismos" não são afirmados absolutamente como um fundamento,
como é o "arrependimento de obras mortas", mas apenas a doutrina
sobre isso é assim. (2.) Não pode ser prontamente concebido por que a
"doutrina" deve ser prefixada para "batismos", e não
"arrependimento" e "fé", cujas doutrinas também se
destinam; porque não é a graça do arrependimento e da fé, mas a doutrina a
respeito deles, a que o apóstolo se refere. Há, portanto, algum motivo peculiar
por que a "doutrina" deve ser, portanto, peculiarmente prefixada para
"batismos e a imposição das mãos", e não para as outras coisas
mencionadas; para que a "imposição de mãos" seja colocada na mesma
ordem com "batismos", a partícula conjuntiva manifesta-se, epiqesewv.
As seguintes instâncias são simples, apenas algumas as reduziriam a um princípio,
isto é, a ressurreição de todos para o julgamento. Há, portanto, nessas
palavras nada peculiar nem difícil, mas apenas o que diz respeito aos
"batismos" e "a imposição de mãos ", a "doutrina"
dos quais é especificada. Agora, não consigo descobrir nenhuma razão justa, a não
ser que, por "batismos" e "imposição de mãos", o apóstolo
não pretende nenhum desses rudimentos da religião cristã, em que os homens
deveriam ser instruídos pela primeira vez, mas aqueles ritos de que eles foram
feitos participantes e em que foram instruídos. Como se o apóstolo tivesse
dito: "Esses princípios da doutrina de Cristo, isto é, o arrependimento, a
fé, a ressurreição e o julgamento, são aquelas doutrinas nas quais devem ser
instruídos a serem batizados e ter as mãos impostas. "De acordo com este
sentido, as palavras devem ser lidas como entre parênteses: "Não volte a
colocar os fundamentos do arrependimento das obras mortas e da fé em relação a
Deus (a saber, a doutrina dos batismos e a imposição de mãos) da ressurreição
dentre os mortos e do julgamento eterno. Quando os homens começaram a atender o
evangelho, e a ingressar na igreja, havia certas doutrinas nas quais eles
deveriam ser ministrados, antes que eles fossem admitidos para o batismo; veja
Gálatas 6: 6. Estes são os rudimentos catequéticos da religião cristã, são
chamados aqui para fazer o baptismwn epiqesewv te ceirwn, ou as doutrinas que
deveriam ser ensinadas para a administração desses ritos. Preparando isso para
o projeto do apóstolo nas palavras, como é mais provável, tem quatro exemplos
dos principais rudimentos da religião cristã, em que todos os homens deveriam
ser instruídos antes de serem admitidos ao batismo, que vieram a eles em seu
próprio direito pessoal, não tendo sido feitos seus participantes pelo direito
da aliança, através da profissão de seus pais, em sua infância. Essas pessoas
deveriam ser instruídas completamente antes da sua solene iniciação; a doutrina
a respeito deles sendo assim chamada "doutrina dos batismos e da imposição
das mãos", porque era anteriormente necessário para a administração desses
ritos. Há uma dificuldade, confesso, que esta exposição é pressionada com o uso
da palavra no número plural, batismo, "dos batismos", mas isso também
diz respeito a todas as outras exposições, e deve ser falado em sua lugar
apropriado. E eu considero o sentido das palavras a que o desígnio do texto e
da maneira de expressão nos levam. Mas, ainda assim, porque os homens cultos
são levados a ocupar-se de outra maneira, exortarei as palavras para que o seu
significado possa ser apreendido, supondo que as cabeças distintas da doutrina
sejam contidas nelas. Nosso próximo trabalho é considerar as instâncias
particulares em sua ordem. E o primeiro é o "arrependimento das obras
mortas". Isto foi ensinado, em primeiro lugar, a todos aqueles que se
submeteram à disciplina de Cristo e do evangelho. E no ensinamento deste
artigo, tanto a natureza como a necessidade do dever foram consideradas. E, na
natureza, duas coisas foram declaradas e devem ser consideradas: 1. O que são
"obras mortas" e 2. O que é "arrependimento delas". 1. Esta
expressão de "obras mortas" é peculiar ao nosso apóstolo e a esta
epístola. Não é utilizado em lugar algum a não ser neste texto e em Hebreus
9:14. E ele usa isso em resposta ao que ele diz em outra parte sobre a morte do
homem no pecado por natureza, Efésios 2: 1,5; Colossenses 2:13. O que ele
atribui às suas pessoas, aqui ele atribui às suas obras. Estes pedem os
"velhos pecados" dos homens, ou seja, nos quais eles viveram antes de
sua conversão: 2 Pedro 1: 9, "Esquecendo que ele foi purgado de seus
velhos pecados." Ele tem respeito ao que está aqui destinado. Eles foram,
antes de sua iniciação, instruídos na necessidade de abandonar os pecados em
que, eles viveram antes da conversão, que ele chama de "velhos" ou
"pecados anteriores", que ele também se referiu, 1 Pedro 4: 3, "Porque é bastante que no tempo passado tenhais cumprido a vontade dos
gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias,
bebedices e abomináveis idolatrias." A
necessidade do arrependimento desses e outros pecados lhes foi ensinada, e de
quem eles fizeram profissão, antes de serem
admitidos ao batismo, onde receberam um sinal de serem purgados deles. E uma
recaída sobre os pecados com
os quais os homens haviam manifestado abertamente o arrependimento e a
renúncia, era sempre perigoso, e por alguns absolutamente perniciosos; o que
aconteceu com os grandes concursos na igreja. Pois a controvérsia não era, se
os homens caíam em qualquer pecado, sim, qualquer pecado aberto ou conhecido,
após o batismo, e poderia se arrepender, - o que nunca havia tanto orgulho de
negar, mas a questão era que os homens se abriam novamente àqueles pecados, como
idolatria, que eles fizeram uma profissão pública de arrependimento antes do
seu batismo. E finalmente chegou a isso, não se tais homens pudessem
arrepender-se de salvação, obter perdão de seus pecados e ser salvos; mas se a
igreja teve o poder de admitir uma segunda vez para uma profissão pública de
arrependimento os praticantes de tais pecados, e assim levá-los novamente à
plena comunhão. Para alguns alegaram que a profissão de arrependimento por
esses pecados e a sua renúncia eram indispensavelmente necessárias antes do
batismo nos que eram adultos, - a obrigação de não viver neles é sobre aqueles
que foram batizados na infância , - o único batismo era a única promessa que a
igreja poderia dar da remissão de tais pecados; e, portanto, onde os homens
voltaram a cair nesses pecados, o batismo não deveria ser repetido, eles seriam
deixados à mercê de Deus, - a igreja não poderia mais recebê-los. Mas enquanto
os números eram muito grandes daqueles que, em tempos de perseguição, voltaram
para a idolatria, que depois voltaram e professaram seu arrependimento. Mas
enquanto ambos os partidos nesta diferença chegaram a extremos, o evento era
pernicioso de ambos os lados, - a questão da perda da verdade e da paz, a outra
a pureza da igreja. Os pecados de pessoas não regeneradas, das quais o
arrependimento era para ser expressado antes do
batismo, são chamados de
"obras mortas", em relação
à sua natureza e ao seu fim. Porque,
(1.) Quanto à sua natureza, eles procedem de um princípio sob o poder da morte
espiritual; são as obras das pessoas "mortas em delitos e pecados".
Todas as ações morais de tais pessoas, com respeito a um fim sobrenatural, são
obras mortas, não sendo animadas por um princípio vital da vida espiritual. E é
necessário que uma pessoa esteja vivendo espiritualmente antes que suas obras
sejam assim. Nossa caminhada na santa obediência é chamada "a vida de
Deus", Efésios 4:18; isto é, a vida que Deus exige, que por sua graça
especial trabalha em nós, cujos atos o têm para o seu objeto e seu fim. Onde
esta vida não está, as pessoas estão mortas; e também são as suas obras, até
tudo o que fazem com respeito ao Deus vivo. E eles são chamados assim, (2.) Com
respeito ao seu fim; eles são "mortua", porque estão - "mortos",
eles procuram a morte e terminam na morte. “O pecado, quando consumado, traz a
morte", Tiago 1:15. Eles procedem da morte espiritual e terminam na morte
eterna. Na mesma conta, eles são chamados de "obras infrutíferas das
trevas", Efésios 5:11. Eles procedem de um princípio de escuridão
espiritual e terminam nas trevas eternas. Podemos, portanto, saber o que lhes foi
ensinado sobre essas obras mortas, ou seja, sua natureza e seu mérito. E isso
inclui toda a doutrina da lei, com convicção do pecado. Foi ensinado que eram
pecadores por natureza, "mortos nos pecados", e daí "filhos da
ira", Efésios 2: 1-3; que naquela propriedade a lei de Deus condenou ambos
e suas obras, denunciando a morte e a destruição eterna contra eles. E neste
sentido, com respeito à lei de Deus, essas obras mortas compreendem todo o seu
curso neste mundo, pois fizeram o melhor e o pior. Mas, no entanto, não há
dúvida de um respeito especial às grandes enormidades externas em que viveram
durante o judaísmo, mesmo à maneira dos gentios. Para tal, o apóstolo Pedro,
escrevendo para estes hebreus, descreve a conduta deles, 1 Pedro 4: 3, como
mostramos antes. E, daí, ele descreve o que uma libertação abençoada tiveram
pelo evangelho, 1 Pedro 1: 18-21. E quando ele declara a apostasia de alguns
para seus cursos anteriores, ele mostra que é como o retorno de um cão ao seu
vômito, depois de ter escapado daqueles que vivem em erro e as poluições que
estão no mundo através da luxúria, 2 Pedro 5: 18-22.Estas foram as obras que os
convertidos foram ensinados a abandonar, e uma profissão de arrependimento para
eles era necessária para todos antes de sua iniciação na religião cristã, ou
antes de recebidos na igreja. Pois não era então, como agora, que qualquer um
poderia ser admitido na sociedade dos crentes, e ainda assim continuar a viver
em pecados abertos, sem arrependimento. 2. O que é exigido, e o que eles foram
ensinados, com respeito a essas obras mortas, é "metanoia",
arrependimento. "Arrependimento de obras mortas" é a primeira coisa
exigida para aqueles que assumem a profissão do evangelho e, consequentemente,
o primeiro princípio da doutrina de Cristo, como é aqui colocado pelo apóstolo.
Sem isso, tudo o que é tentado ou alcançado é apenas uma desonra para Cristo e
uma decepção para com os homens. Este é o método da pregação, confirmado pelo
exemplo e comando do próprio Cristo: "Arrependa-se e acredite no
evangelho", Mateus 4:17; Marcos 1:15. E quase todos os sermões que
encontramos, não só de João Batista, como forma de preparação para a declaração
do evangelho, como Mateus 3: 2, mas também dos apóstolos, ao pressionar a
recepção real sobre os judeus e gentios, tinham como princípio primeiro, a
necessidade do arrependimento, Atos 2:38, 3:19, 14:15. Daí, na pregação do
evangelho, diz-se: "Deus ordena que todos os homens em todos os lugares se
arrependam", Atos 17:30. E quando os gentios receberam o evangelho, a
igreja em Jerusalém glorificou a Deus, dizendo: "Então Deus, aos gentios,
concedeu arrependimento para a vida", Atos 11:18. Mais uma vez, isso é
expresso como a primeira questão da graça e da misericórdia de Deus para com os
homens por Jesus Cristo, que é, portanto, primeiro proposto para eles:
"Deus o exaltou para ser um Príncipe e um Salvador, para dar
arrependimento a Israel", Atos 5:31. E porque é o primeiro, é posto em
forma de sinédoque para toda a obra da graça de Deus por Cristo: "Deus,
tendo levantado o seu filho Jesus, enviou-o para abençoá-lo, afastando cada um
de vocês das suas iniquidades". Atos 3:26. Portanto, é evidente que este
foi o primeiro princípio doutrinário, quanto ao seu próprio dever, que foi
pressionado e fixado nas mentes dos homens em suas primeiras instruções no
evangelho. E nos testemunhos produzidos, tanto as suas causas quanto sua
natureza geral é expressa. Pois, (1.) Sua suprema causa original é a boa
vontade, a graça e a generosidade de Deus. Ele concede e dá a quem lhe agrada,
de seu próprio prazer, Atos 11:18. (2.) É imediatamente colhido sobre as almas
dos homens por Jesus Cristo, como um fruto da sua morte, e um efeito desse
"todo poder no céu e na terra" que lhe foi concedido pelo Pai.
"Ele deu arrependimento a Israel", Atos 5:31. A disposição soberana
dele é da vontade do Pai; e a colação real dele é um efeito da graça do Filho.
E (3.) A natureza é expressa na conversão dos gentios: é "para a
vida", Atos 11:18. O arrependimento exigido aos homens na primeira pregação
do evangelho, e a necessidade do que foi pressionado sobre eles, era "para
a vida", isto é, que tinha uma conversão salvadora de Deus que o
acompanhava. Este tipo de arrependimento é necessário para a nossa iniciação no
estado do evangelho. Não é uma profissão vazia de nenhum tipo de
arrependimento, mas a verdadeira conversão para Deus é requerida de tais
pessoas. Mas, além disso, devemos considerar esta metanoia, ou
"arrependimento", em sua própria natureza, pelo menos em geral, que
podemos entender melhor este primeiro princípio da doutrina catequética. Nesse
sentido, respeita, - (1.) A mente e o julgamento; (2.) A vontade e afeições; e,
(3.) A vida ou a conduta dos homens. (1.) Ele diz respeito à mente e ao
julgamento, de acordo com a notação da palavra, o que significa mudança de
mente, ou pós-consideração e julgamento. Homens, enquanto vivem em obras
mortas, sob o poder do pecado, nunca fazem um juízo justo quanto à sua
natureza, culpa ou seu fim. Por isso, eles são tão frequentemente chamados a lembrar
e a considerar as coisas corretamente, a lidar com elas com a razão dos homens;
e, por sua própria vontade, são tolos e brutos, e não têm entendimento. A mente
é praticamente enganada sobre eles. Há graus neste engano, mas todos os
pecadores estão realmente mais ou menos enganados. Nenhum homem, enquanto o
princípio natural da consciência permanece neles, pode afastar todas as
convicções do pecado, Romanos 2: 14,15; e que é "o julgamento de Deus que
aqueles que praticam tais coisas merecem a morte", Romanos 1:32. Mas ainda
há quem até agora despreze essas convicções de desistir de todos os pecados com
prazer e gentileza. Veja Efésios 4: 17-19. Praticamente eles chamam o bem de
mal e o mal de bem; e julgo que não há aquele mal no pecado que é fingido, ou,
no entanto, que é melhor aproveitar "os prazeres por um período", do
que renunciar a outras considerações. Outros são quem tem algum senso de tais
obras mortas. Em particular, eles as julgam más, mas estão tão enredados nelas
que não veem a grandeza desse mal, nem fazem tal julgamento a respeito de onde
sua linhagem deve inevitavelmente resultar. A estas duas cabeças, em vários
graus, todos os pecadores impenitentes sejam reduzidos. Eles são tais como,
desprezando suas convicções, prosseguem em um curso desenfreado de
licenciosidade, como não julgam a voz, a linguagem e a mente que eles fariam
bem em investigar. Outros, em certa medida, atendem a eles, mas, no entanto,
praticamente os recusam, e aceitam motivos para o pecado, tornando a escala
desse lado como ocasião, oportunidades e tentações. Portanto, a primeira coisa
neste arrependimento é uma mudança profunda da mente e do julgamento sobre
essas obras mortas. A mente, pela luz e a convicção da salvação da verdade,
determina de forma clara e constante a verdadeira natureza do pecado e a sua
falta de mérito, que é uma coisa má e amarga ter abandonado a Deus assim.
Eliminar todos os preconceitos, deixar de lado todos os fundamentos , desculpas
e paliativos, finalmente conclui o pecado, isto é, todo e qualquer pecado, tudo
o que tem a natureza do pecado, como sendo universalmente maligno; o mal em si
mesmo, o mal para o pecador, o mal em seus efeitos presentes e consequências
futuras, o mal em todo o gênero, vergonhosamente maligno, incomparavelmente
mau, sim, o único mal, ou tudo o que é maligno no mundo. E este julgamento faz
com respeito à natureza e à lei de Deus, à sua própria condição depravada
primitiva e presente, ao dever presente e juízo futuro. Esta é a primeira coisa
necessária para o arrependimento, e onde isso não está não há nada disso. (2.) Diz
respeito à vontade e afeições. É nosso retorno a Deus; o nosso desvio dele está
na inclinação de nossas vontades e afeições ao pecado. A mudança da vontade, ou
a remoção da vontade de pecar, é a principal parte do arrependimento. É com
respeito às nossas vontades que somos ditos "mortos no pecado" e
"alienados da vida de Deus". E por essa mudança da vontade nos
tornamos "mortos para o pecado", Romanos 6: 2; isto é, qualquer que
seja o resquício da luxúria e da corrupção, que possa haver em nós, mas a
vontade de pecar é tirada. E, para as afeições, funciona a mudança na alma,
pois as afeições bastante contrárias devem ser substituídas e ajustadas no
trabalho com respeito ao mesmo objetivo. Há "prazeres" no pecado, e
também tem seus "salários". Com respeito a estes, aqueles que vivem
em obras mortas e se deleitam com o pecado e têm complacência na realização
dele. Estas são as afeições que a alma exerce sobre o pecado cometido ou a ser
praticado. Em vez disso, o arrependimento, pelo qual eles são totalmente
banidos, coloca no trabalho a tristeza, o sofrimento, a abominação, o autoaborrecimento,
a vingança e as paixões aflitivas da mente.
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