MINISTÉRIO
DO APÓSTOLO PAULO
ÍNDICE
Conversão de Paulo
Primeira Viagem Missionária de Paulo
Escrita de Gálatas
Tema Central de Gálatas
Conteúdo Geral de Gálatas
Segunda Viagem Missionária de Paulo
Escrita de I e II Tessalonicenses
Conteúdo Geral de I e II Tessalonicenses
Terceira Viagem Missionária de Paulo
Escrita de I aos Coríntios
Escrita de II aos Coríntios
Escrita de Romanos
Conteúdo Geral de I Coríntios
Conteúdo Geral de II Coríntios
Conteúdo Geral de Romanos
Continuação da 3a Viagem Missionária (Retornando a Jerusalém)
Prisão de Paulo em Jerusalém e Cesaréia
Primeira Prisão de Paulo em Roma
Escrita de Efésios, Colossenses e Filemom
Escrita de Filipenses
Conteúdo Geral de Efésios e Colossenses
Conteúdo Geral de Filipenses
Período de Liberdade de Paulo entre suas Duas Prisões em Roma
Escrita de I Timóteo e Tito – 15
Segunda Prisão de Paulo em Roma – 15
Escrita de II Timóteo e Martírio de Paulo – 15
Conteúdo Geral das Pastorais – 15
DATA EVENTOS E COMENTÁRIOS
29 Início
da pregação de João Batista
30-33 Ministério terreno de Jesus
33 Morte e ressurreição de Jesus
Pentecoste (At 2)
Início
da pregação do evangelho em Jerusalém, Judéia e Samaria (At 8.1)
35-37 Conversão
de Paulo no caminho de Damasco (At 9.1-19).
Paulo vai de Damasco para a Arábia (Gál 1.17) e retorna a Damasco
onde prega nas sinagogas dos judeus (At 9.20), e decorridos três anos foi
perseguido pelos judeus em Damasco, tendo fugido para Jerusalém (At 9.23-25),
onde esteve com Pedro e Tiago (Gál 1.18,19). Tendo pregado em Jerusalém e tendo
sofrido perseguição por parte dos judeus helenistas, foi para Cesaréia, de onde
partiu para Tarso (At 9.28-30)
38 Antioquia
da Síria é evangelizada e Barnabé foi buscar Paulo em Tarso para
ministrar-lhes, e ensinaram o evangelho a eles durante um ano (At 11.23-26)
porque tiveram que ir a Jerusalém levando uma oferta daquela igreja para os
crentes da Judéia em razão da fome que veio sobre todo o mundo nos dias do
imperador Cláudio (At 11.27-30). Cumprida a missão em Jerusalém, Paulo e
Barnabé retornaram a Antioquia, trazendo consigo a João Marcos (At 12.25), e
permaneceram ministrando em Antioquia até serem chamados pelo Espírito Santo
para a evangelização do mundo gentio, cerca do ano 46.
46-47 PRIMEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (At 13.1 - 14.28)
Evangelização da Ilha de Chipre e
Galácia (Perge, Antioquia da Psídia, Icônio, Listra e Derbe). A Galácia era um
distrito da Ásia Menor, assim como eram a Cilícia, o Ponto e Capadócia, a Leste;
a Bitínia e a Mísia ao Norte, a
Lídia e a Ásia a Noroeste, que compreendia as cidades relativas às sete
cidades do Apocalipse, e entre estas a de Éfeso; a Frígia, a Lícia e a
Panfília, ao Sul; e a Galácia, Licaônia e Panfília, ao Centro. Este território
da Ásia Menor é ocupado atualmente pela Turquia.
João Marcos abandonou Paulo e
Barnabé desde o início, depois de terem evangelizado Chipre (At 13.13), tendo
voltado para Jerusalém, quando chegaram em Perge, na Panfília, que era uma
cidade portuária. Em Antioquia da Psídia, Paulo procurou pregar o evangelho
primeiro aos judeus em suas sinagogas (At 13.14) mas como estes se mostraram
endurecidos e invejosos da conversão dos gentios, Paulo passou a intensificar
sua ministração junto aos gentios (At 13.44-46). A Palavra do Senhor era
pregada e “creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At
13.48,49). Perseguido pelos judeus Paulo partiu para Icônio.
Em Icônio creu uma
multidão tanto de judeus, como de gregos, e o Senhor “confirmava a Palavra da
sua graça, concedendo que por mão deles se fizessem sinais e prodígios” (At
14.3). Mas, perseguidos pelos judeus incrédulos, Paulo e Barnabé tiveram que
fugir para Listra.
Em Listra, o Senhor
curou pelas mãos de Paulo um paralítico de nascença (At 14.8-10), e judeus
vindos de Antioquia da Psídia e Icônio instigaram as multidões para apedrejarem a Paulo, que foi dado como morto, mas rodeado
pelos discípulos, levantou-se e partiu com Barnabé para Derbe (At 14.19,20)
onde anunciou o evangelho e fez muitos discípulos, tendo retornado para Listra,
Icônio e Antioquia, “fortalecendo as almas dos discípulos, exortando-os a
permanecer firmes na fé: e mostrando que, através de muitas tribulações nos
importa entrar no reino de Deus.” (At 14.21,22).
Depois de orar com
jejuns, Paulo e Barnabé promoveram a eleição de presbíteros para cada igreja
destas cidades da Galácia, (Derbe, Listra, Icônio, Antioquia da Psídia), que
haviam sido evangelizadas (At 14.23) e onde foram organizadas igrejas.
Perge, que tenha sido
talvez apenas um ponto de escala para Antioquia da Psídia no início da 1a viagem de Paulo (At 13.14) foi
evangelizada quando Paulo e Barnabé estavam retornando para a igreja de
Antioquia da Síria (At 14.25) a igreja que os enviou, e à qual prestaram
relatório de tudo que Deus fizera por meio deles (At 14.26-28). Encerrando-se
assim a 1a viagem missionária de Paulo entre os gentios.
48 Paulo e Barnabé permaneceram em Antioquia
provavelmente, por mais de um ano (At 14.28) depois do término da 1a
viagem, até que se dirigiram para Jerusalém, juntamente com Tito (Gál 2.1-10),
que era um crente gentio, porque alguns indivíduos que haviam descido da Judéia
para Antioquia estavam ensinando que não podia haver salvação sem que se
guardasse toda a lei de Moisés, inclusive, seus mandamentos civis e cerimoniais
(At 15.1,5), e certamente estes judaizantes estavam também disseminando este
ensino nas regiões recém-evangelizadas por Paulo na Galácia, tanto que este é o
assunto principal da epístola que lhes dirigiu.
Os
apóstolos e presbíteros da igreja de Jerusalém se reuniram juntamente com Paulo
e Barnabé, para examinar a questão (At
15.4), mas como alguns crentes que eram da seita dos fariseus se insurgiram
afirmando o ponto de vista judaizante, Pedro tomou a palavra e recordou a
conversão do centurião romano Cornélio e sua casa (At 15), e que a salvação era
pela graça tanto para judeus quanto para gentios, e que não se deveria colocar
sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem eles nem seus antepassados
puderam suportar (At 15.10,11), referindo-se a todos os mandamentos civis e
cerimoniais da lei de Moisés, que foram revogados em Jesus com a instituição de
uma Nova Aliança, para substituir a Antiga.
Tiago,
irmão de Jesus, autor da epístola que leva o seu nome, e que era provavelmente
o líder da igreja de Jerusalém, confirmou a palavra de Pedro e que se
recomendasse tão somente aos gentios, quanto às prescrições da lei mosaica, que
se abstivessem das contaminações dos ídolos, das relações sexuais ilícitas, da
carne de animais sufocados e do sangue (At 15.20,29). E o parecer foi aprovado
por todos, tanto pelos apóstolos, quanto pelos presbíteros, quanto por toda a
igreja (At 15.22). Um documento foi escrito onde se destacava que aqueles que
haviam saído da igreja de Jerusalém disseminando tal falso ensino, o fizeram
sem qualquer autorização dos apóstolos e presbíteros da igreja de Jerusalém (At
15.24). Paulo retornaria a Antioquia com Barnabé, e também com Judas e Silas,
que eram notáveis entre os irmãos na igreja de Jerusalém, para confirmarem o
teor do documento dirigido às igrejas de Antioquia, da Síria e Cilícia (At
15.22,23). Os apóstolos e presbíteros não são menos autoridade para o povo de
Deus do que as autoridades civis instituídas pelo próprio Deus. E o mesmo
princípio prevalece tanto num quanto noutro caso: “Aquele que se opõe à
autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos condenação.” (Rom 13.2). Os judaizantes agiram por conta própria fora da
esfera da autoridade dos apóstolos e presbíteros a que estavam sujeitados por
Deus, e foram no mínimo, envergonhados, no Concílio de Jerusalém.
49 ESCRITA DE GÁLATAS
Dirigida às igrejas da Galácia (Antioquia da
Psídia, Derbe, Listra, Icônio, Perge).
Não temos como determinar a data da escrita da
epístola aos Gálatas a não ser pelo teor do assunto e particularmente pelo
combate ao erro dos judaizantes, que foi o tema de discussão no Concílio de
Jerusalém, havido quatorze anos depois da conversão de Paulo (Gál 2.1-10), e do
fato de Paulo afirmar que os gálatas estavam “passando tão depressa” daquele
que os havia chamado na graça de Cristo, para outro evangelho (Gál 1.6), a
saber o falso evangelho dos judaizantes. Entretanto, não se pode mensurar em
meses ou anos este “tão depressa”. Mas, considerando que a Galácia foi ganha
para Cristo na 1a viagem missionária de Paulo, que durou
provavelmente dois anos (46, 47 d.C.), e se considerarmos que a escrita de
Gálatas provavelmente se deu em 49 d.C., estando Paulo em Antioquia, depois de
ter retornado do Concilio de Jerusalém, temos um espaço de apenas dois a três
anos, e o fato de aquela igreja, inclusive seus presbíteros serem neófitos,
seria um fator contribuinte para que se deixassem levar pelo argumento dos
judaizantes, por conta de sua inexperiência no evangelho. Isto pode ter
influenciado Paulo para retirar daí lições importantes quanto a não ser
conveniente nomear presbíteros com tão pouco tempo de convertidos, razão
provável de chamar os líderes de Tessalônica, não de presbíteros, mas de “os
que vos presidem no Senhor” (I Tes 5.12). E que viriam a receber o nome de
presbíteros depois de serem experimentados e terem provado estarem à altura das
qualificações exigidas para a função. Este critério passou a ser usado também
para a ordenação dos diáconos (I Tim 3.6,10), e passaria a ser a norma a ser
usada em toda a igreja de Cristo. Vale lembrar que Tessalônica foi evangelizada
depois da 1a viagem missionária e do Concílio de Jerusalém. E que as
duas epístolas que Paulo dirigiu à citada igreja, também foram escritas para
uma igreja muito jovem na fé, que havia sido fundada por Ele recentemente. Já
na epístola dirigida aos Filipenses, que foi provavelmente escrita dez anos
depois de Paulo ter fundado aquela igreja, se faz menção a presbíteros e a
diáconos, em razão do tempo decorrido, e da aplicação do critério de ocuparem
tais cargos somente os irmãos maduros na fé, e que atendessem às qualificações
que são apresentadas nas epístolas pastorais, particularmente em I Timóteo e
Tito.
TEMA CENTRAL DE GÁLATAS: O tema central
desta epístola é o mesmo com o qual tiveram que se defrontar os reformistas
contra o ritualismo e o formalismo religioso do catolicismo romano que era o
elemento predominante no cristianismo ao tempo da Reforma. Este ritualismo e
formalismo tinham o mesmo caráter do judaísmo que fora combatido por Paulo em
seus dias, pois coloca a ênfase da justificação do pecador na prática das obras
e não na graça que atua pela fé. O trabalho de Paulo em Gálatas foi o mesmo de
Lutero e dos demais reformistas em seus dias, pois trataram de colocar a
doutrina da justificação pela graça mediante a fé, no devido e exclusivo lugar
que lhe cabe na salvação do pecador, porque pelas obras da lei ninguém será
justificado diante de Deus. As obras fazem parte da santificação, mas não da
justificação e da regeneração, que são somente pela graça e mediante a fé na
pessoa de Jesus Cristo, que pagou o preço inteiro para a nossa redenção com a
Sua morte na cruz.
Cabe
destacar que os erros predominantes contra os quais os ensinos das epístolas
foram especialmente dirigidos foram:
1
– O ritualismo proveniente do judaísmo
2
– A filosofia racionalista
3
– O misticismo das chamadas religiões de mistérios
4
– O formalismo na religião
O
ritualismo proveniente do judaísmo (1) é combatido particularmente na epístola
aos Gálatas, mas é combatido não somente na maior parte das epístolas, como
também nos evangelhos e no livro de Atos.
A
filosofia racionalista (2), juntamente com o misticismo das religiões de
mistérios (3), veio a produzir o gnosticismo, que baseia a salvação não na
graça e na fé em Cristo, mas no conhecimento elevado da sabedoria mística que
é, segundo eles, concedido a uns poucos iluminados. A chamada Nova Era dos
nossos dias, é uma das formas de gnosticismo. O movimento é antiqüíssimo e
amorfo, pois que repousa nas diversas correntes de pensamento e na imaginação
humanos de seus adeptos. Por isso não convém tentar identificar e atacar o
movimento, mas sim as suas afirmações e conseqüências. Do mesmo modo que fizeram
os apóstolos na igreja primitiva.
O
formalismo na religião (4) era um erro que prevalecia em todas as seitas tanto
judaicas, quanto gentílicas, que era uma tendência para separar a religião da
vida prática. O princípio disto se revelava da seguinte maneira: 1 – ritualismo
sem espiritualidade; 2 – conhecimento sem prática; 3 – justificação pela fé sem
a santidade.
As
epístolas combatem todos esses erros. O cristianismo em todas as épocas é
atacado por estes mesmos erros, que assumem novos rótulos ou roupagens, mas o
princípio operante é sempre o mesmo de negar a verdade do evangelho e a sua
prática.
“O
conhecimento destes erros dá-nos esclarecimentos sobre a natureza humana,
mostra a necessidade duma revelação, e de humildade para estudá-la, e dá clareza
e força ao ensino da Bíblia.” - Joseph Angus – História, Doutrina e
Interpretação da Bíblia.
O
mesmo Joseph Angus, na mesma obra, cita que: “Se, na verdade, a tendência
judaizante fazia grande mal à igreja, não era menor o mal produzido pelo espírito
da filosofia profana, que se tornava mais perigosa para o cristianismo do que a
própria perseguição. Este espírito de erro apareceu sob diversas formas, mas a
sua essência era na maior parte um racionalismo soberbo (*), que ou recusava
receber como verdadeira qualquer doutrina que não correspondesse a um sistema
já formado, ou procurava integrar na sua própria filosofia quaisquer princípios
recebidos. Os gregos procuravam sabedoria. Esta tendência revelou-se em várias
seitas gnósticas que surgiram na igreja. O termo gnóstico era vagamente
aplicado, porque incluía sectários de vários pontos de vista diferentes. Este
gnosticismo é especialmente combatido na epístola aos Colossenses.”.
(*)
Com este mesmo racionalismo soberbo,
tiveram que tratar os reformistas, e posteriormente esta tendência do
espírito racionalista de substituir a revelação da verdade divina, por teorias
e preceitos de homens, onde o próprio homem é colocado como o centro
gravitacional em torno do qual, segundo eles, giram todas as coisas, e não
Deus, como é na verdade. Foi com esta mesma tendência e este mesmo espírito que
os apóstolos e a igreja primitiva tiveram que lutar, para a manutenção da
verdade em face do ensino de homens e de demônios. Para este principal
propósito é que foram escritas as epístolas do Novo Testamento, isto é, para a
afirmação da verdade revelada.
CONTEÚDO GERAL DE GÁLATAS: De fato, em face da
urgência de se combater o ensino dos judaizantes sobre a justificação pelas
obras sem a fé, a ênfase de Gálatas recai sobre a afirmação da doutrina da
justificação pela graça, mediante a fé, sem as obras. Tal qual fizeram os
reformistas em seus dias que não deram tanta ênfase à santificação, que inclui
as boas obras, pois que somos salvos para as boas obras, em face do combate ao
erro principal que estavam atacando em seus dias, que era a falsa promessa de
alguém obter a salvação pela prática das obras da lei. Um autêntico eleito,
alguém que nasceu de novo (regenerado), por ter sido justificado pela fé em Cristo,
já obteve a salvação, e deve agora perseverar pela mesma graça e fé, na prática
das boas obras, não para a obtenção da vida eterna, porque esta já foi obtida
no momento mesmo da sua regeneração pelo Espírito. Daí o argumento de Gál
3.1-5, de que os gálatas desenvolvessem a sua salvação, mediante crescimento
espiritual no conhecimento da graça e de Jesus Cristo, pelo mesmo Espírito que
os havia regenerado segundo a fé na Palavra de Deus que lhes havia sido
pregada. A graça não é derramada por Deus como conseqüência do mérito do homem,
mas sempre pelos méritos de Cristo. O novo nascimento do Espírito e os milagres
não são portanto o resultado das nossas boas obras, mas da fé na Palavra de
Deus que era pregada pelos apóstolos (3.5). As bênçãos de Deus são sempre o
resultado da Sua soberana vontade e dos méritos de Cristo, e do favor imerecido
que dEle recebemos pela sua graça, e nunca pelas nossas boas obras, ainda que
estas sejam necessárias para que nos mantenhamos unidos ao Senhor, pela
obediência prática aos seus mandamentos, o que se consegue por um caminhar no
Espírito. No entanto, o crente foi libertado da condenação da lei, e do
cumprimento dos mandamentos civis e cerimoniais da lei de Moisés, por meio da
obra de redenção de Jesus Cristo, que se fez maldição no nosso lugar, para que
os salvos fossem resgatados da maldição da lei (5.1-12). Entretanto esta
liberdade não deve, de modo nenhum, servir de pretexto para se viver no pecado,
segundo os desejos da carne (5.13). Os crentes não devem satisfazer os desejos
da carne, mediante um andar no Espírito, de modo que tenham o fruto do
Espírito, em vez das obras da carne em suas vidas (5.16-26). Reforçando o
argumento de não se usar a liberdade obtida em Cristo para se dar ocasião à
carne, Paulo prossegue no cap 6 exortando todos à prática do bem, mediante a
Palavra de Deus.
Quando
Paulo argumenta nesta epístola contra a lei, não está se referindo ao fato de
que o crente está sem lei diante de Deus, nem contra os mandamentos morais da
lei, mas ao fato de que em Cristo, o crente não está mais obrigado ao
cumprimento dos mandamentos civis e cerimoniais da lei, conforme afirmavam os
judaizantes, e nem mesmo dos mandamentos morais para a sua justificação e
regeneração, porque ambas não são obtidas pela nossa própria justiça, nem por
nossa obediência aos próprios mandamentos morais, mas simplesmente pela graça,
mediante a fé no Salvador. Sem que isto signifique, como já dissemos antes, um
incentivo para que se viva na carne, porque somos salvos para vivermos em santidade
de vida, e isto inclui obediência aos mandamentos morais da lei.
49-51 SEGUNDA
VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (At 15.36-18.22)
Estando em Antioquia da Síria “ensinando e
pregando com muitos outros, a palavra do Senhor (At 15.35), Paulo disse a
Barnabé que deveriam visitar os irmãos por todas as cidades em que haviam
anunciado a palavra do Senhor, para ver como passavam (15.36), mas como Barnabé
queria levar com ele a João Marcos, Paulo não achava justo levá-lo com eles
porque os havia deixado desde Perge na Panfília (15.38), não os acompanhando no
trabalho. Eles se desentenderam e Barnabé foi para Chipre com João Marcos, e
Paulo, tomando a Silas partiu em direção
à Galácia, indo desta vez por terra, passando pela Síria e Cilícia, onde ficava
sua cidade natal de Tarso, confirmando as igrejas (15.39-41). Observe que a
ênfase do ministério de evangelização estava na pregação e ensino da Palavra do
Senhor, assim como ocorre em todo o livro de Atos, e não na simples realização
de sinais e prodígios, como tem sido enfatizado ultimamente em muitas igrejas.
O Senhor confirmava a verdade da palavra que era pregada e ensinada com a
realização de sinais e prodígios. Estes últimos não eram e nunca foram um fim
em si mesmos, porque a vontade do Senhor é que se conheça e se pratique a Sua
Palavra, aplicando-a à vida, daí a necessidade de ser pregada e ensinada,
especialmente para produzir a conversão de almas. A palavra é a semente que
produz regeneração pelo poder do Espírito (I Pe 1.22,23), porque ela é a verdade
que salva, e que também santifica, porque o Senhor pediu ao Pai que nos
santificasse com a verdade, e que a verdade é a Sua Palavra, e do mesmo modo a
adoração é pela prática da Palavra, porque esta deve ser em espírito e em
verdade, e sabemos que a única verdade que é usada para a salvação,
santificação de vidas, e para a adoração, é a verdade da Sua Palavra, que é
viva e dura para sempre. Era portanto para pregar e ensinar esta Palavra que
Paulo saía em seus projetos missionários.
Tendo saído de Tarso, Paulo chegou a Derbe, que
era a cidade mais próxima da seqüência das visitadas na primeira viagem, que
rumo a noroeste, encontravam-se na
seguinte ordem: Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Psídia. Foi no início da
segunda viagem que Paulo conheceu a Timóteo como um discípulo da primeira
viagem. Ele deveria ser o fruto do trabalho dos que haviam sido alcançados para
o evangelho na primeira viagem de Paulo. Como tinha bom testemunho dos irmãos
de Listra e Icônio, Paulo quis que ele passasse a acompanhá-lo, e circuncidou-o
por causa dos judeus daqueles lugares (At 16.1-3). Observe que não era o fato
de um crente se circuncidar que fazia com que decaísse da graça, conforme se
poderia supor da citação do próprio Paulo em Gál 5.2-4. A condição citada em Gálatas
era contra aqueles que estavam procurando se justificar pela lei (o que é
impossível) e não pela fé. E muitos pensavam que o simples ato de se
circuncidar era suficiente para a salvação. Quem não foi justificado pela fé, e
que procurava a justificação pelo ato da circuncisão estava crendo numa grande
ilusão, e para estes, Cristo de nada aproveitaria, mas, tal não era certamente
o caso de Timóteo, cuja confiança para a justificação havia sido depositada
inteiramente em Cristo. Como sua mãe era judia, mas o pai era grego, para
evitar que fosse acusado falsamente de estar descumprindo e agindo contra a lei
de Moisés, Paulo circuncidou-o para evitar confrontações desnecessárias com os
judeus.
As decisões tomadas pelos apóstolos e presbíteros
no Concílio de Jerusalém foram também entregues por Paulo e Silas, nas cidades
da Galácia, de modo que cumprissem tais decisões. Além do aspecto importante da
obediência das ovelhas aos presbíteros que as dirigem e que são constituídos
sobre o rebanho pelo Espírito Santo, conforme é da vontade de Deus, há que se
considerar também que este é um forte argumento de que a epístola aos Gálatas
foi provavelmente dirigida aos crentes desta região, porque com as decisões da
própria igreja da circuncisão em Jerusalém, era colocada uma pá de cal sobre o
argumento dos judaizantes de que era necessário cumprir toda a lei de Moisés
para se conseguir a salvação. E o resultado imediato desta obediência e
redirecionamento da igreja à verdade do evangelho, foi que as igrejas foram fortalecidas
na fé, e aumentavam em número dia a dia (At 16.5), porque Deus honra a Sua
Palavra e chama os eleitos à salvação pela palavra do evangelho, e não por
nenhuma outra palavra que seja contrária à mesma. Pregue e ensine a doutrina
apostólica, e serão obtidos resultados apostólicos.
Paulo e Silas foram impedidos pelo Espírito Santo
de pregar a palavra na Ásia, que ficava ao sul da Mísia e Bitínia, para onde
também foram impedidos de ir pelo Espírito Santo, e assim foram para Trôade,
uma cidade portuária, no extremo do noroeste da Ásia Menor, junto ao Mar Egeu,
e fronteiriça, na margem oposta, ao Norte e ao Oeste, à Macedônia e à Grécia,
respectivamente. Provavelmente, foi
nesta cidade de Trôade que Lucas se juntou ao grupo de Paulo, porque tendo escrito
o livro de Atos, a narrativa passa a ser introduzida na primeira pessoa do
plural, indicando que Lucas se incluía no grupo de missionários. A primeira
ocorrência está em At 16.10, depois que Paulo teve a visão do varão da
Macedônia que rogava pedindo que atravessasse o mar e fosse para a Macedônia
ajudá-los, e Lucas registra que assim que Paulo teve a visão, imediatamente
“procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado
para lhes anunciar o evangelho.”. Observe o uso da primeira pessoa do plural:
“procuramos”, “nos havia chamado”.
Com apenas um dia de viagem por Mar, saíram de
Trôade chegando à cidade portuária de Neápolis, da Trácia, e obedecendo à visão
divina, partiram para Filipos, a primeira cidade da Macedônia, tendo permanecido
alguns dias na cidade. No sábado saíram da cidade e foram para junto do rio, à
procura de um lugar para orar, e ali encontraram um grupo de mulheres, e entre
estas estava Lídia, a quem Paulo evangelizou, tendo sido batizada ela e toda a
sua casa. Tendo constrangido a Paulo e ao seu grupo a permanecerem na sua casa
(At 16.11-15). Quando rumavam noutro dia para o lugar de oração junto ao rio,
encontraram-se com uma jovem possessa de espírito advinhador que dizia que
Paulo e seus companheiros eram servos do Deus Altíssimo e anunciavam o caminho
da salvação. E isto se repetia por muitos dias (At 16.16,17). Ora, Satanás
estava ajudando na pregação do evangelho ? Certamente que não. Ele nunca o
fará. Seu estratagema era gerar confusão nas mentes de modo que as pessoas
julgassem que tanto o que a jovem fazia quanto Paulo e seus cooperadores
procedia do mesmo Deus. Por isso Paulo expulsou o espírito da jovem. Aqueles
que a exploravam vendo fugir a esperança do lucro, pegaram Paulo e Silas e os
arrastaram à presença das autoridades, acusando-os de estarem perturbando a
cidade por estarem propagando costumes judeus para eles que eram romanos. Como
a multidão aderiu a eles, os pretores mandaram rasgar-lhes as vestes e
açoitá-los com varas, e os lançaram na prisão. Por volta da meia-noite, Paulo e
Silas oravam e cantavam louvores, e os demais companheiros de prisão escutavam.
Um terremoto sacudiu os alicerces da prisão e se abriram todas as portas e se
soltaram as cadeias de todos. O carcereiro ia suicidar-se pensando que todos
tivessem fugido, mas foi impedido por um brado de Paulo, dizendo que todos ali
se encontravam. O carcereiro perguntou o que deveria fazer para que fosse
salvo. Paulo e Silas lhe disseram simplesmente que deveria crer no Senhor
Jesus, e que ele seria salvo, assim como a sua casa. E pregaram a Palavra ao
carcereiro e aos da sua casa, e naquela mesma hora da noite, cuidou de Paulo e
Silas lavando-lhes os vergões dos açoites, e a seguir foi batizado e todos os
seus. E num ato de ousadia, levou-os para a sua própria casa e lhes pôs a mesa
e com todos os seus manifestavam grande alegria por terem crido em Deus (At
16.19-26). Era assim que estava começando a igreja em Filipos. Com Lídia e as
mulheres que iam orar junto ao rio, e com a família do carcereiro da cidade, e
possivelmente com alguns dos presos que estavam na prisão e que ouviram a Paulo
e Silas orar e louvar a Deus, e sobre os quais veio o temor do Senhor, pois não
fugiram quando tiveram oportunidade de fazê-lo.
Tendo sido libertados pelos pretores, estes
pediram a Paulo e a seus cooperadores que deixassem a cidade, e eles foram para
Tessalônica, passando antes por Anfípolis e Apolônia (At 17.1), onde não
fundaram qualquer igreja, nem o livro de Atos relata qualquer atividade
evangelizadora realizada na ocasião, nestas duas cidades. Paulo como de
costume, procurava sempre evangelizar primeiro os judeus, e por isso foi
procurá-los, e por três sábados arrazoava com eles, acerca das Escrituras,
tendo alguns sido persuadidos e se uniram a Paulo e Silas, bem como numerosa
multidão de gregos piedosos e muitas mulheres distintas (At 17.1-3). Deste
ponto em diante da narrativa, não se usa mais a primeira pessoa do plural,
sendo provável que Lucas tivesse ficado em Filipos cuidando da igreja que estava
se formando. Em At 17.1 se lê: “chegaram a Tessalônica”, e não “chegamos a
Tessalônica”.
Os judeus, tomados de inveja, pelos que haviam
recebido e aceito a Palavra pregada por Paulo, alvoroçaram a cidade e foram à
casa de Jasom onde Paulo e seus cooperadores estavam hospedados, mas não os
tendo encontrado, pegaram o próprio Jasom e o conduziram à presença das
autoridades. Mas estas soltaram a Jasom depois de lhe terem cobrado a fiança
estipulada (At 17.4-9), e à noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para
Beréia. Observe que o tempo de permanência de Paulo com os crentes de
Tessalônica foi bastante curto. E o mesmo se daria também com Beréia, porque os
judeus de Tessalônica vieram perseguir a Paulo ali, e ele teve que fugir para a
Grécia, chegando na cidade de Atenas. Mas Silas e Timóteo permaneceram em
Beréia, e dali deveriam dar assistência
à igreja recém-formada em Tessalônica que ficava bem próxima de Beréia, mas
receberam ordem de Paulo que fosse ter o mais depressa possível com ele em
Atenas (At 17.10-15).
Paulo não se demorou em Atenas, tendo pregado no
Areópago, tendo alguns crido (At 17.34). Dali partiu para Corinto, outra cidade
da Grécia, onde passou a residir na casa de Áquila e Priscila, que tinham a
mesma profissão de Paulo, de fazer tendas. E Paulo passou a pregar todos os
sábados na sinagoga, tanto a judeus como a gregos (At 18.1-4). Silas e Timóteo
vindos da Macedônia, se reuniram a Paulo em Corinto, e Paulo se entregou
totalmente à Palavra (At 18.5), e como os judeus rejeitavam a Cristo, conforme
fora predito o seu endurecimento pelo profeta Isaías, Paulo devotava-se aos
gentios, e muitos dos coríntios criam e eram batizados, foi quando o Senhor
apareceu durante a noite numa visão a Paulo ordenando que falasse e não se
calasse porque era com ele e ninguém ousaria fazer-lhe mal, pois tinha muito
povo na cidade de Corinto (At 18.6-10). Ora o que isso significa, senão uma
clara indicação do conhecimento do Senhor daqueles que são os eleitos. Em
obediência à ordem do Senhor Paulo permaneceu um ano e seis meses ensinando o
quê entre eles ? A Palavra de Deus (At 18.11). É para se indagar a quem pensam
estar servindo aqueles que querem suprimir o ensino da Palavra de Deus nas
igrejas, especialmente na Escola Bíblica Dominical ? A pretexto de que
importante mesmo é poder e não meramente palavras. Mas que poder é este que não
é baseado na Palavra de Deus ? Porque a Bíblia afirma que o evangelho é o poder
de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rom 1.16). E que a fé vem pela
pregação e a pregação pela palavra de Cristo (Rom 10.17).
Paulo
foi colocado na defesa do evangelho, e a corajosa pregação e ensino da verdade
sempre haverá de produzir resistências e perseguições por parte do mundo
espiritual. Satanás se levantará contra isto e usará os seus instrumentos para
tentar deter o avanço do evangelho, porque isto representa a glorificação do
nome de Deus na salvação de vidas e no testemunho de vidas santificadas pela
Palavra. Por isso ele sempre tenta deter os arautos da verdade ou deturpar a
mensagem para que o nome do Senhor seja desonrado e o testemunho do crente seja
desacreditado. Desta forma, nem mesmo em Corinto, Paulo foi poupado da
perseguição dos judeus, que o acusaram injustamente de estar persuadindo os
homens a adorarem a Deus por modo contrário à lei. Mas o procônsul romano Gálio
não deu atenção a tais acusações (At 18.12-17). Depois deste episódio, Paulo
ainda permaneceu muitos dias em Corinto, mas decidiu retornar para Antioquia da
Síria, levando consigo a Priscila e Áquila, depois de ter rapado a cabeça em
Cencréia porque tomara voto (At 18.18). Com isto vemos o cuidado de Paulo para
viver como judeu entre os judeus para ganhar alguns para Cristo (I Cor 9.20).
Ele sabia que em Cristo não estava mais sujeito aos mandamentos cerimoniais da
lei de Moisés, mas para não ofender a consciência dos judeus incrédulos que
intentava ganhar para Cristo, vivia entre eles como se ele ainda estivesse
debaixo da lei, assim como fizeram muitos que dentre os judeus se convertiam à
fé, como foi o caso do próprio Ananias (At 22.12). Retornando de Corinto por
mar, fez escala em Éfeso, onde pregou numa sinagoga aos judeus, conforme era
seu costume, mas não acedeu permanecer entre eles, conforme lhe haviam pedido,
e sem chegar a evangelizar aquela cidade nesta sua 2a viagem, partiu
para Cesaréia, de onde foi a Jerusalém, e tendo saudado aquela igreja, partiu
para Antioquia, onde permaneceu por algum tempo até sair em sua 3a
viagem (At 18.18-23).
50 ou 51 ESCRITA
DE I e II TESSALONICENSES
Estas
duas epístolas foram escritas no período final da 2a viagem de
Paulo, quando se encontrava em Corinto, conforme acabamos de ver.
Tal é a importância da Palavra de Deus para a
igreja, que as muitas dúvidas que os tessalonicenses tinham quanto ao modo que
deveriam viver como crentes no mundo, já que não são do mundo, mas estão no
mundo, como deveriam aguardar a volta do Senhor, dedicando-se a quais deveres,
segundo a vontade de Deus, conforme as notícias que Timóteo (I Tes 3.6)
trouxera daquela igreja a Paulo quando veio ter com ele em Corinto, juntamente
com Silas (Silvano), foram respondidas não com conselhos pessoais e
particulares de Paulo, mas com a verdade revelada a Ele por Deus, conforme ele
mesmo destaca em I Tes 2.13. Tais deveres estão apresentados sinteticamente por
Paulo em I Tes 5.12-22, e nas exortações diretas a que deveriam trabalhar com
as próprias mãos esforçando-se para dar bom testemunho em todas as coisas, para
que o nome do Senhor continuasse sendo honrado por eles (I Tes 4.1,2; II Tes
3.6-13).
A igreja de Tessalônica entendeu o Ide de Jesus e
desde cedo se tornou uma igreja missionária, tendo enviado evangelistas por
toda a Macedônia e para a própria Acaia, onde Paulo se encontrava por ocasião
das duas epístolas que lhes dirigiu (I Tes 1.8). Provavelmente, a recepção da
primeira epístola e as dúvidas que ainda foram suscitadas quanto à segunda
vinda do Senhor, foram conduzidas por mãos destes evangelistas da própria
igreja, assim como a segunda epístola dirigida àquela igreja. Pelo teor da
segunda epístola, mais curta do que a primeira, e particularmente elucidativa
de assuntos da primeira, tudo leva a crer que o tempo decorrido entre a escrita
de ambas foi relativamente curto, tendo em vista a premência do endereçamento
das respostas às dúvidas suscitadas em relação à primeira carta, e da notícia
de que alguns estavam procedendo desordenadamente na igreja, não querendo
trabalhar.
O crente é peregrino e forasteiro neste mundo.
Ele é cidadão de uma pátria que não é deste mundo, mas do céu. Mas está no
mundo, e é chamado por Deus a estar sujeito às autoridades constituídas, porque
não há autoridade que não tenha sido instituída por Deus, e assim deve também
estar sujeito aos empregadores, servindo de coração não como a homens mas ao
próprio Senhor, os filhos devem estar sujeitos a seus pais, e as mulheres a
seus próprios maridos. Os jovens aos mais velhos. As ovelhas a seus pastores.
Pois tudo isto foi ordenado pelo próprio Deus, para provarmos ao mundo que em
Cristo fomos sarados do espírito de rebelião que operava em nós, e podemos
viver em obediência ao Senhor, sujeitando-nos à Sua vontade, dando o bom
testemunho diante de todos aqueles que Ele tem constituído sobre nós.
Este testemunho deve ser dado mesmo em meio a
perseguições injustas assim como os tessalonicenses estavam sofrendo dos judeus
e dos seus próprios patrícios (I Tes 1.6; 2.14; II Tes 1.3-10). O Senhor
assiste com o Seu Espírito aos que sofrem por amor do Seu nome neste mundo e os
recompensará no futuro (Mt 5.10-12), mas condenará ou castigará aqueles que
praticam a injustiça (II Tes 1.6-9).
CONTEÚDO GERAL DE I E II TESSALONICENSES:
Na saudação inicial de ambas as epístolas aparecem os nomes de Paulo, Silvano e
Timóteo como sendo os seus remetentes. Silvano era a forma hebraica do nome
grego Silas.
Paulo destaca que o evangelho pregado por ele,
Silas e Timóteo aos tessalonicenses não consistiu somente em meras palavras,
pois o poder de Deus, por meio do
Espírito Santo, havia produzido salvação entre eles, confirmando que de fato
eram eleitos de Deus (I Tes 1.4,5), e a palavra pregada foi confirmada pelo
poder da graça de Deus operante em suas vidas, porque produziu neles o que a
palavra afirmava, e que não era palavra de homens, mas revelada pelo próprio
Deus, como a saber: alegria do Espírito Santo em meio de muita tribulação (I
Tes 1.6); ousadia de fé para pregar o evangelho (I Tes 1.8); abandono dos
ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro (I Tes 1.9); livramento da ira
vindoura e esperança da glória do porvir por meio de Jesus Cristo (I Tes 1.10);
tudo isto está resumido em I Tes 1.3: operosidade da fé; abnegação do amor; e
firmeza da esperança em Jesus Cristo.
Paulo cita o seu próprio exemplo pessoal de
paciência na tribulação, durante a prova que havia sofrido em Filipos, e da sua
abnegação em trabalhar incansavelmente em favor dos eleitos, não para agradar a
homens, mas a Deus, e nunca com intuitos gananciosos e interesseiros, mas em
tudo buscando a glória de Deus, abrindo mesmo mão do direito que todo pastor
tem de ser suprido financeiramente pelas ovelhas, conforme o mandado de Deus,
para dar-lhes um testemunho maior da sua abnegação e desinteresse, tal como uma
mãe que ama os seus filhos, estando pronto não apenas para lhes oferecer o
evangelho, mas a sua própria vida.
Até
aqui vimos que as três primeiras epístolas, ou mesmo os primeiros documentos do
Novo Testamento a serem escritos, foram a epístola aos Gálatas, escrita entre a
1a e 2a viagem de Paulo, em torno de 49 d.C.,
provavelmente de Antioquia da Síria, e as duas epístolas aos Tessalonicenses,
que foram escritas durante a 2a viagem de Paulo, quando ele se
encontrava em Corinto, em torno de 50 e 51 d.C.
52-56 TERCEIRA
VIAGEM MISSIONÁRIA DE PAULO (At 18.23-21.17)
Vimos
também que Paulo encerrou a 2a viagem, tal como a 1a, em
Antioquia da Síria, igreja em que congregava, e que dali partiu novamente por
terra, fazendo o mesmo percurso inicial da 2a viagem, confirmando as
igrejas de Tarso, Derbe, Listra, Icônio, Antioquia da Psídia. Um forte
argumento para colocar por terra as insinuações da chamada alta crítica que
procura negar a autoria não somente de Paulo, como dos demais autores da
Bíblia, por falsas evidências que procuram levantar no texto biblico, é a
citação de At 18.23 que marca o início da 3a viagem de Paulo, que
afirma que o apóstolo atravessou sucessivamente a região da Galácia e Frígia,
confirmando todos os discípulos. Ora, quais discípulos poderiam ter sido
confirmados na região da Galácia, senão os das cidades que foram visitadas por
Paulo em sua 1a e 2a viagens ? A saber, Derbe, Listra,
Icônio e Antioquia. Apesar de Lucas se referir a Antioquia como fazendo parte
da Psídia, parece que em caráter geral, ele a considerava como fazendo parte da
região da Galácia.
Paulo havia deixado
Priscila e Áquila em Éfeso, quando retornava de Corinto para Antioquia da
Síria, no final da sua 2a viagem. E lá em Éfeso eles vieram a
conhecer Apolo, que era eloqüente e poderoso nas Escrituras, que era instruído
no caminho do Senhor, e fervoroso de espírito, e que falava e ensinava com
precisão a respeito de Jesus, apesar de conhecer apenas o batismo de João. É
interessante observar que Priscila e Áquila lhe expuseram com mais exatidão o
caminho de Deus (At 18.24). A obra de Deus é melhor vista e se completa melhor
na vida daqueles que são humildes, como Apolo, que se permitiu instruir por
Priscila e Áquila quanto a uma melhor exatidão sobre a verdade do evangelho.
Com isto, pôde ser mais útil ao Senhor porque se manifestou nele o desejo de ir
para Corinto, e lá chegando convencia publicamente os judeus com grande poder
provando por meio das Escrituras que o Cristo é Jesus (At 18.27,28).
Apolo já estava em Corinto
quando Paulo chegou em Éfeso, vindo da Galácia e Frígia.
Quando Paulo chegou na
cidade ele encontrou alguns discípulos aos quais perguntou se tinham recebido o
Espírito Santo quando creram, e a resposta foi que nem mesmo ouviram falar da
existência do Espírito Santo, e quando Paulo lhes perguntou em que então haviam
sido batizados, responderam que no batismo de João. Ora não há dúvida de que
não eram discípulos de Jesus, porque Paulo lhes disse que João havia realizado
batismo de arrependimento dizendo ao povo que cressem naquele que vinha depois
dele, a saber, em Jesus. Depois de terem ouvido isto foram batizados em nome de
Jesus, e quando Paulo lhes impôs as mãos o Espírito veio sobre Eles, e tanto
falavam em línguas como profetizavam (At 19.1-7).
Quando
Pedro anunciou o evangelho na casa de Cornélio, o Espírito caiu também sobre
todos os que ouviam a palavra, e falavam em línguas e engrandeciam a Deus (At
10.44-46). Não padece dúvida de que tiveram a mesma experiência que os
discípulos de João, que Paulo havia encontrado em Éfeso.
O
ato de profetizar acompanhando o momento da conversão era o cumprimento da
profecia de Joel referente ao derramamento do Espírito sobre toda a carne, fato
que tanto os apóstolos, quanto Lucas fizeram questão de registrar (At 2.18).
E o dom de línguas sendo
concedido simultaneamente com a conversão, era também um sinal, uma evidência
do cumprimento da afirmação de Jesus do que ocorreria com os que cressem (Mc
16.17).
Basicamente,
Paulo evangelizou Éfeso como área pioneira em sua 3a viagem, pois
visitara nesta viagem, as mesmas cidades que havia evangelizado em sua 2a
viagem.
Como
era seu costume, Paulo freqüentava a sinagoga pregando o evangelho primeiro aos
judeus, e isto durante 3 meses, mas como alguns se mostravam empedernidos e
descrentes falando mal do evangelho diante da multidão, Paulo separou os
discípulos que haviam crido e passou a discorrer na escola de Tirano por dois
anos, tendo ouvido a Palavra tanto judeus quanto gregos de toda a Ásia.
Provavelmente,
em face da importância de Éfeso como centro para a irradiação do evangelho, e
por haver na cidade o culto pagão da deusa Diana ou Artêmis, que era muito
concorrido, Deus fez nesta cidade, pelas mãos de Paulo, milagres
extraordinários, ao ponto de até curar enfermidades, e expulsar espírito
malígnos, daqueles aos quais os lenços e aventais de uso pessoal de Paulo eram
levados (At 19.8-11).
Para o propósito de
envergonhar através do evangelho as potestades do reino das trevas, que
dominavam a cidade de Éfeso, Lucas, inspirado pelo Espírito, registrou logo
após a citação dos prodígios que eram operados por meio de Paulo, a experiência
desafortunada dos sete filhos de Ceva, que eram judeus exorcistas ambulantes,
que tentaram expelir demônios pelo nome do Jesus que Paulo pregava. Mas os
endemoninhados deram sobre eles desnudando-os e ferindo-os (At 19.13-16). Este
fato trouxe terror aos habitantes de Éfeso e fez com que o nome de Jesus fosse
engrandecido (At 19.17). E muitos dos que creram confessaram publicamente as
suas obras e os que praticavam artes mágicas queimaram os seus livros. Assim a
palavra do Senhor crescia e prevalecia em Éfeso (At 19.18-20).
Ora, o que aprendemos disto
é que não é a simples afirmação verbal do nome do Jesus que os verdadeiros
crentes servem, como fizeram os sete filhos de Ceva, que conduz às operações de
Deus no mundo espiritual, mas o fato de estar realmente unido a Cristo por meio
da fé, e estar servindo-O de fato, como era o caso de Paulo. O verdadeiro servo
do Senhor prevalece sobre os demônios, assim como Paulo, cujos aventais e
lenços expeliam espíritos malígnos. Não propriamente tais materiais, mas o que
eles representavam, o poder de Deus na vida do apóstolo. O incidente havido com
os filhos de Ceva serviu para comprovar
que Paulo estava de fato a serviço do Deus Altíssimo, e que a Palavra que ele
pregava era portanto a verdade, e Jesus a quem Paulo servia era mais poderoso
do que os espíritos malígnos, sendo digno de ser crido e servido, motivo porque
renunciaram às práticas que estavam associadas a demônios.
Foi nesta ocasião que Paulo
deliberou ir a Jerusalém, mas queria antes revisitar as igrejas que havia
fundado na Macedônia e na Grécia durante a 2a viagem, e depois de
estar em Jerusalém pretendia ir a Roma (At 19.21,22).
A derrubada das potestades
espirituais que operavam em Éfeso, por meio do evangelho pregado por Paulo
trouxe prejuízo aos negócios dos exploradores do culto idolátrico da deusa
Diana porque Paulo persuadia a muitos dizendo que não eram deuses os que são
feitos por mãos humanas, e foi tentado um levante contra ele por parte de um
dos ourives, chamado Demétrio, que fabricava nichos de prata de Diana (At
19.23-40).
54 ESCRITA DE I AOS CORÍNTIOS
Foi de Éfeso que Paulo escreveu a primeira
epístola aos Coríntios, como se infere de I Cor 16.5-
9,
especialmente do verso 8, onde afirma: “Ficarei, porém, em Éfeso até ao
Pentecoste.”. Isto por volta de 54 d.C.
Cessado o tumulto causado
por Demétrio, que foi apaziguado pelo escrivão da cidade, Paulo partiu para a
Macedônia e fortaleceu os discípulos com muitas exortações, e dali dirigiu-se
para a Grécia onde permaneceu três meses.
55 ESCRITA DE II AOS CORÍNTIOS
Foi quando esteve na
Macedônia, cerca de um ano após ter escrito I Coríntios, quando se encontrava
em Éfeso, que Paulo escreveu a segunda epístola aos Coríntios. Isto se
depreende do fato de ter-se referido a uma grande coleta que deveria ser
levantada em favor dos crentes pobres de Jerusalém, na primeira epístola aos
coríntios, conforme instruções que lhes deu sobre a forma de efetuarem a
referida coleta, em I Cor 16.1-4.
Agora, vemos o apóstolo
citar em II Cor 9.1-5, a referida coleta que havia sido feita, dizendo que
estava se gloriando junto aos macedônios quanto ao fato de que os coríntios
estavam preparados desde o ano anterior (v 2). Ora, isto significa que a oferta
já havia sido levantada pelo espaço de cerca de um ano desde que ele havia se
referido à forma de como se deveria levantar a oferta, quando lhes escreveu I
Coríntios.
Como datamos I Cor em 54
d.C., então a data provável da escrita de II Cor foi 55 d.C, um ano após a
escrita da 1a carta, estando Paulo na Macedônia, numa das cidades
que havia evangelizado naquele Distrito; Filipos, Tessalônica ou Beréia.
Vimos em At 20.1-3, que após
ter estado na Macedônia, de onde escreveu II Coríntios, Paulo partiu para a
cidade de Corinto, onde permaneceu por 3 meses, mas, tendo havido uma
conspiração por parte dos judeus contra ele, decidiu retornar à Macedônia, para
dali, dirigir-se a Jerusalém.
ESCRITA DE ROMANOS
Foi nesta sua permanência de três meses em Corinto que
escreveu a epístola aos Romanos, também em 55 d.C, depois de ter escrito II
Coríntios na mesma data, na Macedônia. Em Rom 15.25-28, Paulo afirma que já se
encontrava de posse da oferta em favor dos crentes pobres de Jerusalém, e que
estava levando a mesma consigo para entregá-la em Jerusalém. Que escreveu aos
romanos quando estava em Corinto depreende-se do fato de que Gaio, que o
hospedava por ocasião da escrita de Romanos, residia em Corinto (Rom 16.23; I
Cor 1.14).
CONTEÚDO GERAL DE I
CORÍNTIOS
Combater a carnalidade que estava impedindo o crescimento
espiritual e a unidade da igreja, é sem dúvida o tema principal de I
Coríntios.
A igreja de Corinto abundava em dons espirituais, mas estava
fazendo mal uso dos dons porque lhes faltava o principal que é o fruto do
Espírito.
As divisões que haviam entre eles provavam que eram crentes
carnais e não espirituais (I Cor 1.10-17; 3.1-9).
A busca dos gregos pela sabedoria, na filosofia, e não na
verdade revelada, estava contribuindo para que muitos na igreja grega de
Corinto estivessem se guiando pelo racionalismo, que é segundo os homens, e não
segundo a mente de Cristo, que é revelada pelo Espírito Santo, mediante a
Palavra de Deus (I Cor 1.18-31; 2.1-16; 3.18-23; 4.6-21).
A igreja, e especialmente a sua liderança estavam
negligenciando o exercício da disciplina eclesiástica conforme havia sido
determinado pelo Senhor (Mt 18), e chegaram ao ponto de tolerarem a prática de
imoralidade em seu meio, exemplificada por um crente que estava tendo relações
com a esposa do seu pai (I Cor 5.1-13); assim, estavam admitindo na comunhão da
igreja quem fosse impuro, avarento, idólatra, maldizente, beberão ou roubador
(I Cor 5.11). Estavam tolerando também que irmãos tivessem demandas uns contra
os outros levando suas questões aos tribunais de justiça do mundo (I Cor
6.1-11). Deveriam estar sendo também tolerados os casos de prostituição (I Cor
6.12-20). Muitos outros problemas estavam ocorrendo em Corinto havendo também
casos de idolatria, de consumo de comida sacrificada aos ídolos (I Cor 8;
10.14-33); provável insubmissão das esposas aos maridos (I Cor 11.2-16); exageros na ceia do Senhor com casos de
glutonaria e embriaguez (I Cor 11.17-34). Abuso dos dons espirituais (I Cor
14.1-40). Erros doutrinários negando-se a ressurreição futura do corpo (I Cor
15.20-58).
Paulo responde também a dúvidas que a igreja tinha a
respeito do casamento (I Cor 7) e quanto ao sustento pastoral (I Cor 9). Para
afirmar o julgamento dos crentes por Deus saca exemplos da história do povo de
Israel afirmando que tudo que lhes ocorreu foi registrado para advertência da
igreja (I Cor 10.1-13). Para reforçar a necessidade da unidade na igreja, cita
o amor como o vínculo da perfeição, como o cimento necessário para tal unidade
(I Cor 13.1-13).
É interessante destacar que Paulo se refere em I Cor 5.9 que
já havia lhes escrito uma carta em que os advertia a não se associarem com os
impuros. Ora, se em ordem cronológica, como vimos anteriormente, esta é a primeira
carta que ele escreveu àquela igreja que chegou ao nosso conhecimento, então
Deus, em sua providência permitiu que aquela carta se perdesse, de modo a
sequer ser debatida a sua inclusão no cânon do Novo Testamento. É fato
importante também destacar que Paulo deve ter escrito vários sermões, e nenhum
deles chegou ao nosso conhecimento. Deus em sua sabedoria, providenciou para
que fosse preservado no Novo Testamento somente aqueles documentos dos
apóstolos que trazem a marca da inspiração plena do Espírito Santo, de forma
que se tornaram para nós a infalível Palavra de Deus.
Vamos ver Paulo também citando uma outra carta que escrevera
à igreja de Corinto (II Cor 2.4; 7.8), que é chamada de carta triste, e cujas
descrições não se harmonizam com I Coríntios, seria assim uma segunda carta que
é citada por ele e que se perdeu.
CONTEÚDO GERAL DE II
CORÍNTIOS
Era de se esperar
que numa igreja carnal e cheia de divisões como a de Corinto, que não houvesse
problemas de insubmissão à liderança local constituída sobre aquela igreja,
como também sobre a autoridade do próprio apóstolo Paulo. Esta carta então vai
tratar em várias partes da defesa de Paulo não especificamente do seu
apostolado, mas da submissão que os crentes devem ter a todos aqueles que foram
constituídos sobre eles como autoridades por Deus.
A prova da
longanimidade de Paulo está revelada no fato de que orientou a igreja a
readmitir na membresia a pessoa que havia se oposto ao seu apostolado, e não
apenas isto, apontou-lhes o dever de perdoá-lo e confortá-lo em face do
arrependimento por ele demonstrado (II Cor 2.5-11).
Por esta razão
estamos anexando nesta parte um estudo sobre obediência e maturidade
espiritual, para compreendermos melhor a natureza da atitude do apóstolo Paulo
relativa ao tratamento desta questão apontada.
O ministério do
crente não é de condenação como na Antiga Aliança, mas de reconciliação do
pecador com Deus na Nova Aliança. Esta é um ministério de vida e de justiça,
porque por meio de Cristo são justificados pela graça mediante a fé, todos os
que têm sido lavados no Seu sangue. Os oponentes de Paulo estavam trazendo
cartas de recomendação, de Jerusalém, certamente não dos apóstolos e
presbíteros daquela igreja, mas de alguns que se aferravam ainda aos costumes da
lei de Moisés, e assim estavam ensinando aos Coríntios a salvação por um meio
impossível, qual seja, pela justiça que decorre da lei, pois há somente uma
justiça que salva, a que é decorrente da fé (Rom 10). Ora, o ministério da
letra da lei, mata, porque nunca pôde de si mesmo gerar vida eterna, nem mesmo
no tempo da dispensação da Antiga Aliança, porque Deus sempre salvou pela
graça, mediante a fé. A lei não foi dada por Deus com o propósito de produzir a
salvação do pecador, porque por obras da lei nenhuma carne será justificada
diante dEle. A lei foi dada para conduzir o pecador a Cristo, para convencê-lo
de que é pecador, para revelar o caráter moral do Deus que servimos, para
buscarmos a qualidade deste caráter moral, segundo a prática de boas obras, que
são também em Cristo, para a nossa santificação, mas não para a nossa
justificação e regeneração, que ocorrem no momento da nossa conversão de uma
vez para todo o sempre, pela graça, mediante a fé em nosso Senhor Jesus Cristo
(II Cor 3.1-18-4.1-6). Assim a excelência do poder que em nós opera, e os
méritos de que temos sido feitos participantes, são exclusivamente e totalmente
pertencentes a Cristo. Somos vasos de barro onde esta excelência opera (II Cor
4.7-18; 5.1-21; 6.1-13). Assim, o crente não deve esquecer que é peregrino e
forasteiro neste mundo, sendo cidadão do céu, e já não deve viver mais como
vivem os incrédulos (II Cor 6.14-18). Seu dever é aperfeiçoar a sua santidade
no temor de Deus, purificando-se de toda impureza, tanto da carne quanto do
espírito (II Cor 7.1). Paulo fala da sua alegria de ter a igreja de Corinto
obedecido as suas ordens no sentido de exercer a disciplina eclesiástica em
relação aos casos que ele havia citado na primeira epístola, e nas cartas que
havia dirigido àquela igreja e que havia produzido tristeza e um estremecimento
temporário em suas relações. Mas eles foram em tudo obedientes, razão porque o
apóstolo estava alegre em Deus, com as notícias que Tito lhe trouxera do
arrependimento havido na igreja (II Cor 7.2-16).
Nos capítulos
oitavo e nono discorre sobre a oferta que foi levantada em favor dos crentes
pobres de Jerusalém, e fala que aquilo redundaria em muita gratidão a Deus. E
temos isto devidamente considerado em nosso estudo sobre gratidão.
Nos capítulos décimo
a décimo segundo Paulo continua com os argumentos em favor da defesa do seu
apostolado. E finalmente no capítulo décimo terceiro convoca a igreja a se
consertar antes que fosse ter com eles de maneira que não tivesse que
disciplinar pessoalmente a alguns que estavam andando desordenadamente e que
não haviam se arrependido do seu pecado.
CONTEÚDO GERAL DE ROMANOS
O tema central de Romanos é o da justificação pela graça
mediante a fé. Dizemos tema central porque na verdade nesta epístola Paulo põe
em desfile todos os temas relacionados à salvação, e dentre estes destacamos a
eleição, a redenção; a justificação, a regeneração, a santificação, a
perseverança dos santos; a certeza da salvação; a glorificação. Como já
estudamos exaustivamente todos estes temas na parte relativa à obra que Jesus
fez por nós, deixaremos de tecer maiores considerações nesta parte, a não ser a
parte relativa aos deveres dos crentes para com Deus, e dentre estes destacamos
os assuntos relativos à submissão à autoridade civil de Rom 13.1-7; e o
relativo aos assuntos não morais de Rom 14.1-23, e sobre o julgamento dos
crentes no tribunal de Cristo (Rom 14.10-12).
CONTINUAÇÃO
DA TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (Retornando a Jerusalém)
A seção “nós” de Atos é retomada em At 20.6, onde se lê:
“navegamos de Filipos”. Ora, o uso da 1a pessoa do plural na
narrativa havia cessado durante a 2a viagem, também em Filipos, e
agora é retomado naquela mesma cidade da Macedônia, indicando que Lucas,
provavelmente, permanecera ali ministrando aos filipenses, desde que a igreja
do Senhor fora ali fundada durante a 2a viagem. E agora, Lucas está
acompanhando de novo a Paulo, na sua ida para Jerusalém.
Paulo
está retornando a Jersualém mas estava sempre empenhando em seu trabalho missionário
de fundar e edificar igrejas. Quando chegou à cidade portuária de Trôade onde
passou uma semana (At 20,5,6), reuniu-se com a igreja no domingo (At 20.7) onde
pregou até à meia-noite, e como um rapaz caiu da janela do terceiro andar, por
ter dormido durante a pregação prolongada de Paulo, e tendo morrido, foi
ressuscitado por Paulo, e isto fez com que aquele culto de domingo se
estendesse até o romper do dia da segunda-feira (At 20.7 –12).
Paulo pretendia chegar em Jerusalém,
se possível, no dia de Pentecoste, que conforme já estudamos, sempre caía num
domingo (At 20.16). Por isso não queria se demorar na Ásia, no seu retorno de
Trôade para Jerusalém, assim, aportou em Mileto, que ficava próxima de Éfeso, e
dali, mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso e deu-lhes as
recomendações monumentais que temos em At 20.17-35; onde destacou o seu serviço abnegado ao
Senhor, em favor deles, com humildade, provações, perseguições dos judeus, mas
sendo sempre fiel em lhes anunciar a exata Palavra do evangelho publicamente, e
de casa em casa, pregando o arrependimento e a fé em Jesus (At 20.18-21). Paulo
citou que o Espírito Santo vinha lhe dizendo de cidade em cidade que lhe
aguardavam cadeias e tribulações, como de fato viria a ocorrer com suas prisões
em Jerusalém, Cesaréia e por duas vezes em Roma, como ainda estudaremos (At
20.22,23).
O
que ele disse no verso 24 é digno de registro: “Porém em nada considero a vida
preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério
que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.”. A
vida para Paulo era ser obediente e fiel à sua chamada e cumprir o seu
ministério. E isto consistia em dar testemunho do evangelho da graça de Deus.
“O evangelho da graça de Deus.”. A riqueza da graça que redime o pecador, e
sobre a qual tanto há para ser dito, naquilo que os reformistas chamaram de as
doutrinas da graça, a saber: eleição, redenção, substituição, regeneração,
justificação, santificação e glorificação.
E
Paulo lhes ensinou tudo isto e mais o modo pelo qual o crente deve viver para
agradar a Deus, e que ele chamava de “todo o desígnio de Deus” (At 20.27).
E
então, falou-lhes da vigilância do pastor em relação ao cuidado com o rebanho
quanto aos lobos vorazes, que são aqueles que pervertem as doutrinas do
evangelho para desviar as ovelhas da verdade (At 20.28-31). Pastores vigiai!
Foi sua palavra de alerta para os presbíteros de Éfeso (v 13).
A
acusação injusta que alguns costumam fazer contra Paulo quanto a ter sido um
homem duro e frio, não se sustenta diante da reação dos presbíteros de Éfeso
quando se despediram dele em Mileto: “Então houve grande pranto entre todos e,
abraçando afetuosamente a Paulo o beijaram, entristecidos especialmente pela
palavra que ele dissera que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até
ao navio.” (At 20.37,38).
56-58 PRISÃO
DE PAULO EM JERUSALÉM E CESARÉIA (At 21.27 – 26.32)
Como
fora predito pelo Espírito Santo de cidade em cidade, pelo ministério dos
profetas (At 21.4, 9-14), Paulo foi preso pelos romanos quando estava no templo
em Jerusalém em razão de estar sendo espancado pelos judeus, e os romanos o
apresentaram ao sinédrio para ser interrogado. Como os judeus pretendiam fazer
uma cilada para matá-lo, e tendo isto chegado ao conhecimento do sobrinho de
Paulo, este alertou o comandante da guarda romana, que por precaução enviou-o
com um escolta ao governador Félix, para mantê-lo em Cesaréia (At 21.17-23.35).
Cinco dias depois o sumo-sacerdote
Ananias foi para Cesaréia acompanhado de alguns anciãos e de um orador de nome
Tértulo que passou a acusar Paulo na presença de Félix, mas o governador adiou
a causa depois de ter ouvido a defesa de Paulo (At 24.22).
Félix foi substituído no cargo por
Pórcio Festo que intentava agradar aos judeus, motivo porque Paulo apelou para
ser julgado em Roma, e dar-se-ia assim cumprimento à vontade de Senhor, de que
ele desse testemunho a Seu respeito também em Roma (At 23.11; 25.11,12).
Quando o rei Agripa, de Israel, esteve
em Cesaréia para saudar a Festo, o caso de Paulo lhe foi apresentado, e ele
manifestou interesse em ouvir a Paulo que lhe apresentou a sua defesa. Ao ouvir
o testemunho do apóstolo, Festo o interrompeu em alta voz dizendo que ele
estava louco e que as muitas letras o faziam delirar. Paulo era um homem
preparado. Mas Agripa ficou bem impressionado com o discurso de Paulo e disse
que por pouco ele o persuadiu a se fazer cristão. E comentou com Festo, depois
de ter-se retirado, que Paulo bem poderia ter sido solto se não tivesse apelado
para César (At 26.24-32). Com isto, o desígnio de Deus se cumpriu na vida de
Paulo. Ele permaneceria preso em Roma, mas, na viagem que para lá empreenderia,
teria o seu navio destruído por uma tempestade, de forma que seria dado como
morto pelos judeus de Jerusalém. Com isso seria mantido em segurança e em vida,
porque haveria ainda de escrever as chamadas epístolas da prisão e as
pastorais, e concluir o ministério que havia recebido do Senhor. E quem sabe a
espístola aos Hebreus não seria também escrita por ele, se esta é de se sua
autoria.
59-60 PRIMEIRA PRISÃO DE PAULO EM ROMA (At
28.16-31)
A
partir do capítulo 27 até 28.15 é narrada a viagem de Paulo para Roma. Ao
chegar na cidade foi-lhe permitido morar por sua conta tendo em sua companhia o
soldado que o guardava, o que deu ensejo, segundo suas palavras em Fp 1.13, que
toda a guarda pretoriana do imperador romano ouvisse o evangelho.
Tendo
convocado os principais dos judeus em Roma, três dias depois de ter chegado à
cidade, apresentou-lhes a oposição que vinha sofrendo dos judeus, mas estes lhe
informaram que não haviam recebido qualquer denúncia contra ele da parte dos
judeus de Jerusalém. Mas que gostariam de ouvi-lo a respeito da seita que ele
pregava e que por toda a parte era impugnada (At 28.17-22).
E vieram ouvi-lo em grande número na
data marcada, tendo Paulo lhes feito uma exposição da manhã até a tarde, sendo
que alguns ficaram persuadidos e outros não, que continuaram incrédulos, e
havendo discordância entre eles, Paulo lhes disse que a salvação seria enviada
aos gentios e eles a ouviriam (At 28.23-29). Jesus veio para os que eram seus,
mas os seus continuavam não o recebendo. Se eles não se achavam dignos de serem
eleitos por Deus, não teriam do que se queixar se outros (os gentios)
estivessem recebendo a bênção que eles estavam recusando. Também estava
disponível, e principalmente, para eles, mas a maioria deles estava rejeitando
a salvação que lhes estava sendo oferecida gratuitamente.
Paulo
ficou preso por dois anos em Roma, na casa que alugara, onde recebia a todos
que o procuravam, pregando o reino de Deus, com toda a intrepidez e sem
impedimento algum ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo (At
28.30,31). É assim que termina o livro de Atos.
Esta visitação a Paulo, em sua casa,
nesta sua primeira prisão em Roma é explicada pelo fato de que ele estava
convicto de que a sua apelação para César lhe redundaria em liberdade,
sentimento este que expressou nas chamadas Epístolas da Prisão, que escreveu
neste período (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom). Os que o procuravam
nesta ocasião, sabiam portanto que não corriam qualquer perigo. Fato este, que
já não ocorreu por ocasião da escrita de II Timóteo, quando fora encarcerado em
Roma para ser martirizado, e nesta ocasião todos os abandonaram.
Na ocasião da primeira prisão de
Paulo, os romanos consideravam o cristianismo como mais uma das seitas
judaicas, e como o judaísmo era considerado um religião lícita, Paulo sabia que
eles não interfeririam em assuntos religiosos em que os interesses do Império
Romano não seriam prejudicados. Daí a sua certeza de que seria posto em
liberdade (Fp 1.19; 2.23,24; Fm 22).
Quando Paulo e Pedro foram
martirizados sob Nero, cerca de 64 d.C., a perseguição aos cristão não foi por
motivos religiosos, mas por que Nero queria um bode expiatório para lançar a
culpa pelo incêndio da cidade de Roma, que segundo os historiadores fora
causado pelo próprio Nero.
Há vários pontos de contato entre as
epístolas da prisão, indicando terem sido escritas no mesmo período. Dentre
estes, podemos destacar:
1
– Paulo se encontrava preso quando as escreveu: Ef 3.1; 4.1; 6.20; Fp
1.7,13,14,17; Col 4.3,10,18; Fm 1,9,10,13,23.
2
– Das quatro, Ef, Col e Fm estão estreitamente relacionadas entre si:
a)
Tíquico foi o portador de Ef e Col (Ef 6.21; Col 4.7).
b)
Onésimo, o escravo de Filemom, é companheiro de viagem de Tíquico (Col 4.9; Fm
10).
c)
Arquipo é mencionado em Fm 2, e é exortado a cumprir seu ministério em Colossos
(Col 4.17).
d)
Epafras, da igreja de Colossos (Col 1.7; 4.12) estava preso com Paulo quando
este escreveu Fm (23).
e)
Lucas e Demas são citados em Col 4.14 e Fm 24.
A
igreja de Colossos não foi fundada por Paulo e não era conhecida de vista pelo
apóstolo (Col 2.1). Os fatores que explicam a escrita de Col, Fm e Ef na mesma
ocasião, são os seguintes, além dos já apontados:
a)
Paulo estava endereçando na verdade, duas cartas à igreja de Colossos, uma de
caráter mais geral (Col) e outra mais pessoal (Fm).
b)
Onésimo era escravo fugitivo de Filemom, o qual tinha uma congregação
funcionando em sua casa em Colossos. Onésimo foi ganho para Cristo, por Paulo,
em Roma, e o motivo da escrita de Fm é um apelo de Paulo em favor de Onésimo,
para que Filemom o recebesse de volta já não mais simplesmente como escravo,
mas como irmão em Cristo.
c)
Juntamente com Onésimo, Tíquico foi enviado por Paulo não somente a Colossos,
mas também a Éfeso, sendo certamente o portador das epístolas aos Efésios e
Colossenses, posto que ambas eram cidades próximas na Ásia Menor.
d)
Epafras, que foi o provável fundador e líder da igreja de Colossos,
encontrava-se aprisionado com Paulo em Roma, e certamente, deve ter-lhe feito
um relato minucioso da situação da igreja colossense, especialmente quanto à
influência de um falso ensino que estava penetrando na mesma quanto a práticas
ascéticas e legalistas, com o pretenso objetivo de torná-los mais espirituais
(Col 2.4,8, 16-23).
Filipenses,
apesar de ter sido escrita também durante a primeira prisão de Paulo,
provavelmente foi produzida numa outra ocasião, por motivo de Paulo ter
recebido uma oferta daquela igreja.
Assim,
podemos datar estas chamadas Epístolas da Prisão da seguinte maneira:
59 ESCRITA
DE EFÉSIOS, COLOSSENSES E FILEMOM
60 ESCRITA
DE FILIPENSES
CONTEÚDO GERAL DE EFÉSIOS E COLOSSENSES
Estas
duas epístolas podem ser estudadas em conjunto em razão da semelhança do seu
conteúdo.
Em
ambas é tratado o assunto da relação existente entre Cristo e a igreja, sendo
Ele apresentado como cabeça da igreja, e esta como seu corpo. Há portanto uma
natural descrição dos deveres ou funções vitais que a igreja tem por ser parte
integrante de Cristo.
Assim,
surgem naturalmente nestas epístolas, temas como mortificação da carne, revestimento
de Cristo, perdão, santidade, deveres em submissão em relação a Deus, aos pais,
aos maridos, aos senhores, aos mais velhos, aos pastores, à edificação da
igreja em amor pelos ministérios constituídos por Deus, a luta espiritual
contra a carne, o diabo e o mundo, dentre outros, que têm a ver com os deveres
da igreja diante do Seu Senhor e Mestre.
CONTEÚDO
GERAL DE FILIPENSES
A
epístola de Paulo aos Filipenses é uma nota de agradecimento e de alegria em
face da renovação do cuidado dos filipenses pelo apóstolo, indicando a sua
obediência e eleição como igreja do Senhor, e pelo fato de o apóstolo saber que
em face da generosidade deles, Deus os faria prosperar material e
espiritualmente, e daí a razão da sua alegria no Senhor por eles.
Sobressai
nesta epístola o apelo à unidade pela prática da submissão e da humildade,
tendo-se como exemplo supremo o próprio Cristo que havia se esvaziado da sua
glória divina em obediência ao Pai. Percorre por toda a epístola um sentimento
de alegria e de satisfação em tudo e por tudo, que o apóstolo fez questão de
destacar colocando a si mesmo como exemplo a ser imitado quanto à questão de
estar contente em toda e qualquer situação, porque é esta a vontade de Deus
para o crente.
Fazer
tudo sem murmurações nem contendas é um grande e importante mandamento para ser
observado pela igreja (Fp 2.14), porque Deus está no controle de tudo, operando
Ele mesmo em nós tanto o querer quanto o efetuar (Fp 2.13).
Assim
estamos apresentando a seguir dois estudos sobre Humildade e Satisfação,
respectivamente, que estão associados aos temas desta epístola.
61-63 PERíODO DE LIBERDADE DE PAULO ENTRE SUAS
DUAS PRISÕES EM ROMA
62 ESCRITA DE I TIMÓTEO E TITO
Conforme
havia manifestado nas Epístolas da Prisão a sua forte expectativa de que o fato
de ter apelado para César lhe redundaria em liberdade, tudo indica que de fato
Paulo fora libertado, conforme evidências internas que encontramos em I Timóteo
e Tito, porque, principalmente, estas epístolas apresentam Paulo em
deslocamento e em situações que não podem ser harmonizadas com o registro
contido no livro de Atos. Como por exemplo, o que lemos em I Tim 1.3: “Quando
eu estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em
Éfeso”. Aqui vemos Paulo afirmando que estava viajando, o que não poderia fazer
se estivesse preso, e também que estava indo para a Macedônia, pedindo a
Timóteo que permanecesse em Éfeso. Não temos em Atos esta situação de Paulo
estar indo para a Macedônia, ficando Timóteo em Éfeso. Temos exatamente o
contrário disto. Isto é, enviou Timóteo e Erasto para a Macedônia, enquanto
ele, Paulo permaneceu em Éfeso (At 19.22), durante a sua terceira viagem
missionária, quando evangelizou a cidade de Éfeso.
A
narrativa de Atos também não se refere a qualquer ministração de Paulo na Ilha
de Creta ou em Nicópolis (Tito 1.5; 3.12).
64 SEGUNDA
PRISÃO DE PÁULO EM ROMA
ESCRITA DE II TIMÓTEO E
MARTÍRIO DE PAULO
II Timóteo foi a
última epístola escrita por Paulo, porque foi produzida próximo da sua execução
sob Nero. Nesta carta ele afirma que se encontrava preso em Roma (II Tim 1.8,
16, 17), portanto uma segunda prisão, só que desta vez, não tinha qualquer
esperança de que seria posto em liberdade, ao contrário, quando escreveu esta
epístola a sua sentença de morte já havia sido lavrada (II Tim 4.6). Ele havia sido abandonado por
todos e ninguém fora a seu favor na sua primeira defesa (II Tim 4.16). Ele
sabia que a sua carreira havia chegado ao fim, porque havia completado a mesma
e estava somente aguardando a hora em que estaria para sempre com o Senhor na
glória celestial (II Tim 4.7,8).
CONTEÚDO GERAL DAS PASTORAIS (I e II
Tim, e Tito)
Como estas
epístolas foram escritas próximo do final do ministério de Paulo, e havendo a
preocupação de manter a ordem e a disciplina na igreja, para que ela
continuasse cumprindo o papel que lhe fora designado pelo Senhor na terra,
Paulo enviou estas epístolas a seus cooperadores mais próximos, Timóteo e Tito,
que receberam na época o encargo de nomear presbíteros para as igrejas de
Éfeso, e Creta, respectivamente, agindo na ocasião, como superintendentes
interventores, em face da heresia que havia penetrado naquelas igrejas. E o
combate ao erro seria feito principalmente nomeando-se pessoas qualificadas
para ensinarem a sã doutrina, que reforçariam a liderança das igrejas sendo
nomeados presbíteros para manterem a disciplina e a ordem, no Senhor.
Assim, são destacadas especificamente em I
Timóteo e Tito as qualificações exigidas para o ministério. Se alguém é
ordenado para cuidar da casa de Deus, esta pessoa deve estar preparada não
somente para edificar os crentes, como também para fazer calar os lobos vorazes
que atacam o rebanho com suas falsas doutrinas e práticas libertinas. Para isso,
o candidato ao episcopado deveria ser apegado à palavra fiel que é segundo a
doutrina, de modo que tivesse poder, tanto para exortar pelo reto ensino como
para convencer os contradizentes (Tito 1.9-11).
O ministério não é um lugar para se recompensar
os amigos, mas para aqueles que são chamados por Deus, para trabalharem e
servirem a igreja, conforme a pregação, ensino, admoestação, exortação,
repreensão e disciplina, que devem ser feitos conforme a Palavra revelada.
I Tim 2.11,12 parece indicar
que estavam ocorrendo problemas graves de submissão das mulheres a seus maridos
em Éfeso, lembrem-se que havia naquela cidade o culto da deusa Diana, e assim,
o ensino filosófico que acompanhava aquele culto devia ser um estímulo para a
não submissão das mulheres a seus maridos, e deste modo, o apóstolo se viu na
contingência de tomar a medida extrema de impedir que as mulheres ensinassem
naquela igreja, provavelmente, em face da contaminação de suas mentes pelas
práticas e filosofias que permeavam a sociedade e a cultura de Éfeso.
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