sábado, 17 de outubro de 2015

III João 1

Esta epístola foi destinada pelo apóstolo João a um certo Gaio, ao qual ele chama de amado (v. 1,2).
João não se identifica como apóstolo, mas como presbítero (ancião, pastor) como era seu costume em suas demais epístolas.
O apóstolo Pedro também costumava se identificar como um presbítero entre os demais presbíteros, porque afinal, a principal missão dos apóstolos era também a de apascentar o rebanho de Cristo (I Pe 5.1).
E esta missão de apascentar o rebanho do Senhor deve ser realizada sobretudo em amor. No amor do Espírito que une os corações daqueles que são do Senhor e que andam na verdade. Daí João dizer que amava a Gaio na verdade.
O voto para que Gaio tivesse saúde, foi vertido do termo original grego hugiaíno, que tem vários usos no Novo Testamento como por exemplo: são, sadio, saudável em muitas passagens dos evangelhos, como por exemplo em Lc 15.27; e de sadio na fé como em Tito 2.2; sãs palavras, em II Tim 1.13, e sã doutrina, como em II Timóteo 4.3; de maneira que não se restringia simplesmente nas palavras do apóstolo a votos de saúde física, mas de um viver saudável em todos os sentidos, especialmente no que é relativo à saúde espiritual.
Quanto à referência que fizera de prosperidade da alma de Gaio, a palavra no original grego para próspera é eudóo, que é encontrada também em outras duas passagens do Novo Testamento, a saber, em Rom 1.10, em que tem o sentido de jornada próspera, bem sucedida, e em I Cor 16.2, em que se refere à prosperidade em recursos materiais e financeiros; sendo que nesta última passagem, não se fala de riqueza, mas de ser liberal em ofertar segundo as suas posses; Isto é, que cada um deve contribuir segundo as suas próprias possibilidades; e não com o que não possui.
Portanto, estes votos de João a Gaio não servem de base como muitos costumam fazer para apoiar a doutrina da prosperidade material que ensina falsamente que todo crente deve possuir progressivamente cada vez mais, bens deste mundo, e nem da saúde sempre perfeita, que afirma que nenhum crente fica enfermo, senão somente aqueles que não têm fé.
Cabe destacar que ao falar de prosperidade, João não se referiu a prosperidade material, mas prosperidade de alma (v. 2).
Agora, devemos admitir que um espírito próspero no Senhor ajuda a nos manter saudáveis física e emocionalmente.
O amor de Gaio pela verdade, e o seu caminhar na verdade eram testemunhados pelos irmãos acerca dele (v. 3).
E a verdade que foi testemunhada acerca de Gaio era relativa ao amor que ele tinha pelos irmãos e pelos interesses da Igreja do Senhor; e do modo fiel como ele agia, segundo a vontade de Deus, não somente quanto aos crentes da Igreja local na qual ele congregava, como também para com os irmãos itinerantes, especialmente evangelistas que iam ter com eles, aos quais ele recebia com verdadeiro amor cristão.
O modo digno como Gaio recebeu estes irmãos que foram visitar a sua igreja foi elogiado por João, uma vez que, tais homens haviam saído em Nome do Senhor, nada recebendo dos gentios para tal, somente confiando na assistência que receberiam dos santos para ministrar-lhes a verdade do evangelho, do qual eles eram cooperadores (v. 7, 8).
Esta regra foi estabelecida pelo próprio Senhor, de que aqueles que pregam o evangelho são dignos de serem mantidos pelo próprio evangelho, através daqueles aos quais ministram.        
João escreveu para incentivar Gaio a continuar procedendo com a mesma fidelidade que vinha agindo até então para com a obra do evangelho, ao mesmo tempo em que reprovou o comportamento de um certo Diótrefes que agia como se fosse o dono da Igreja, que não recebia não somente os que eram enviados pelo Senhor para lhes ministrar, como se opunha também ao próprio apóstolo João, proferindo contra ele palavras maliciosas, valendo-se da sua ausência entre eles.
Este jamais deve ser o comportamento de um verdadeiro crente, porque a fé opera pelo amor. Amor ao Senhor, amor aos irmãos, amor à obra do evangelho, e isto demanda morrer para o nosso eu e vontade, para conhecer e fazer tão somente a vontade do Senhor. Isto incluirá receber em amor aqueles que Ele nos enviar para a nossa edificação, e dar-lhes o tratamento digno que eles merecem porque são embaixadores do evangelho, enviados para a nossa própria edificação.
Então quão repreensível e contra o evangelho era o comportamento de Diótrefes; e por isso João disse a Gaio que quando fosse ter com eles, traria à memória do tal Diótrefes, quão irregularmente ele vinha procedendo em relação à Igreja, lançando fora da mesma aqueles que lhes eram enviados.
A razão deste comportamento carnal é citada por João no verso 11, no qual diz que quem faz o mal não tem visto a Deus. Como poderia então o tal Diótrefes agir de modo correto se não tinha nenhuma comunhão com o Senhor?
Estes que procedem ainda hoje, tal como ele, como donos da Igreja do Senhor, não podem fazer a vontade de Deus, por maior que seja o zelo que eles possam alegar ter por Sua obra; porque no fundo querem notoriedade, fama, reconhecimento pessoal egoísta, e não servir a Cristo e aos irmãos por um amor verdadeiro e desinteressado, que é segundo o Espírito.
Portanto, Gaio deveria permanecer na prática da verdade e do amor tal como vinha fazendo até então, e não seguir jamais o mau exemplo de Diótrefes (v. 11).
Graças a Deus que levanta crentes fiéis para servirem de apoio, exemplo e incentivo para o comportamento dos muitos Gaios da Sua igreja, tal como Demétrio, cujo testemunho foi também elogiado pelo apóstolo João, do qual este disse que até a própria verdade dava testemunho acerca de Demétrio, assim como todos os crentes (v. 12).
Crentes fiéis virão portanto a receber bom testemunho de todos que andam na verdade. Este é um bom indicativo para sabermos de até que ponto, temos de fato nos consagrado ao serviço do Senhor de maneira fiel.
Certamente não teremos nenhum louvor da parte dos Diótrefes, mas os Gaios e Demétrios darão bom testemunho acerca de nós, quando estivermos andando na verdade, compromissados com o reino de Deus, do mesmo modo que eles estiveram em seus dias.
Irmãos que andam na verdade são verdadeiros amigos, porque aqueles que guardam os mandamentos de Cristo não são apenas Seus amigos como também de todos aqueles que também praticam a Sua Palavra.
Não há como haver verdadeira amizade fora destas bases, porque é somente andando na verdade e no Espírito, que se pode viver o caráter da verdadeira amizade cristã.
Por isso João se refere aos crentes que andam na verdade como sendo amigos, e que estes devem se saudar mutuamente como amigos que são em Cristo Jesus.


“1 O presbítero ao amado Gaio, a quem em verdade eu amo.
2 Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como é próspera a tua alma.
3 Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade.
4 Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que os meus filhos andam na verdade.
5 Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para com os estranhos,
6 Que em presença da igreja testificaram do teu amor; aos quais, se conduzires como é digno para com Deus, bem farás;
7 Porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios.
8 Portanto, aos tais devemos receber, para que sejamos cooperadores da verdade.
9 Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles a primazia, não nos recebe.
10 Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja.
11 Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus.
12 Todos dão testemunho de Demétrio, até a própria verdade; e também nós testemunhamos; e vós bem sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro.
13 Tinha muito que escrever, mas não quero escrever-te com tinta e pena.
14 Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face.
15 Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos pelos seus nomes.”.

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