sábado, 17 de outubro de 2015

Filipenses 1 a 4

Filipenses 1

O Interesse de Paulo pelo Progresso do Evangelho - Filipenses 1

Quando Paulo escreveu esta epístola aos Filipenses, ele se encontrava preso em Roma, porque havia apelado para César, conforme podemos ver no relato do livro de Atos, quando se encontrava preso na cidade de Cesaréia.
O próprio livro de Atos se encerra com a prisão domiciliar de Paulo em Roma, e foi nesta ocasião que ele escreveu aos filipenses, bem como as epístolas aos Colossenses, Efésios e Filemom.
Ele estava convicto de que seria posto em liberdade, porque havia sido preso por causa de acusações dos judeus, e sendo cidadão romano, sabia que o parecer de César lhe seria favorável, porque o Império Romano não se envolvia nas questões religiosas das nações dominadas, quando as religiões não interferissem nos interesses do império.
Paulo sabia que viver ou morrer era um assunto relativo à vontade soberana e absoluta de Deus.
Ele não poderia interferir um só milímetro quanto a isto, nem mesmo lhe interessava fazer tal interferência, em face do seu grande desejo de partir deste mundo para estar para sempre com o Senhor, como afirma nos versos 20 a 26.
Mas, se era da vontade de Deus que continuasse aqui, dando testemunho do evangelho de Cristo, então esta também seria a sua escolha, e se renderia à vontade divina com alegria e contentamento na realização do serviço que Deus lhe tivesse designado.
Se nós fixarmos bem a nossa atenção nas coisas que Paulo diz neste primeiro capítulo da epístola, poderemos ver que o tema central do seu interesse é o progresso do evangelho.
A sua gratidão a Deus pelos filipenses, não era propriamente em relação ao cuidado que demonstravam por ele, Paulo, mas que demonstravam pela obra do evangelho.
Paulo disse que anelava pelo aperfeiçoamento espiritual dos filipenses, e declarou a razão da esperança da sua expectativa manifestada em tais sentimentos que possuía em relação a eles: o fato de serem participantes com ele tanto nas suas prisões quanto na defesa e confirmação do evangelho, como se vê nos versos 6 e 7.
Ele prosseguiu afirmando no verso 12, que até mesmo suas prisões e as circunstâncias que as envolveram foram úteis para o progresso do evangelho, tanto pelo seu testemunho direto aos soldados da guarda pessoal de César, que era chamada de guarda pretoriana, como o testemunho do evangelho a muitos, até mesmo a governadores.
A sua prisão também estava incentivando a muitos a pregarem o evangelho, como afirmou nos versos 13 e 14; e ele louvava a Deus até mesmo por aqueles que o faziam pensando estar lhe  acrescentando aflições, por se vangloriarem no fato de estarem pregando livremente, enquanto o próprio apóstolo estava preso, como vemos nos versos 15 a 18.
Paulo reconhecia que até ele seria beneficiado pelo trabalho destes que pregavam a Cristo por motivo de disputarem com ele. Os seus motivos não eram adequados, porque deveriam fazê-lo com amor e com vistas à unidade, mas eles estavam pregando a palavra verdadeira, e isto resultaria na salvação de muitos. Estes que fossem salvos, certamente seriam movidos a orar em favor do progresso do evangelho, e Paulo sabia que até ele seria beneficiado por estas orações.
Por isso o apóstolo afirmou, que de toda maneira, por pretexto ou de verdade, o que importa é que Cristo seja anunciado, e ele se regozijava nisto e que sempre se regozijaria.
Ele não mudaria de parecer em relação a isto, porque sabia que é o reino de Cristo que prevalecerá afinal sobre todo e qualquer interesse, como lemos nos versos 18 e 19.
Paulo sabia que a vida de um cristão neste mundo é para a obra do evangelho. É para dar testemunho de Cristo seja onde for, e na ocasião que for.
Então, ele expôs no verso 27 a sua expectativa em relação aos filipenses, de que permanecessem firmes num só espírito, combatendo juntamente como uma só alma pela fé do evangelho.
A epístola aos Filipenses foi escrita por Paulo, mas ele a subscreve juntamente com Timóteo, citando seu nome na saudação inicial.
Não simplesmente pelo fato de Timóteo estar ao seu lado na ocasião da escrita, mas para honrar um dos seus principais cooperadores de ministério, agindo ao lado de Tito e de outros, como evangelistas, na fundação de Igrejas debaixo da autoridade do apóstolo.
Uma Igreja local, como era a de Filipos, é formada pelos seus membros dentre os quais são nomeados e ordenados, seus pastores e diáconos, como se vê no verso primeiro.
Os pastores e diáconos são servos de Jesus Cristo servindo à Igreja; por isso Paulo designa-se a si mesmo e a Timóteo, na saudação inicial à Igreja, como servos de Jesus Cristo.
Paulo costumava abençoar as Igrejas com a fórmula graça e paz a vós outros da parte de Deus Pai e de nosso Senhor Jesus Cristo.
A paz que Paulo impetrava como apóstolo era a paz que Cristo dá, e não a paz que o mundo dá. Mas, esta paz não pode existir se não estivermos sendo fortalecidos pela graça.
Por isso, a graça e a paz sempre vêm juntas; sendo que a paz é um dos frutos da graça.
Na verdade, todo verdadeiro fruto espiritual, todo verdadeiro amadurecimento espiritual é o resultado do trabalho da graça de Jesus; daí a convicção e certeza de Paulo que o trabalho da graça, que Deus havia começado nos cristãos filipenses continuaria operando até o seu  aperfeiçoamento, até o dia de Cristo Jesus, como se vê no verso 6.
Todo aquele que pertence realmente a Cristo terá este aperfeiçoamento realizado pela graça por causa da habitação do Espírito Santo. Importa que todo filho de Deus seja aperfeiçoado até à semelhança de Cristo Jesus.
É muito comum encontrarmos na Bíblia passagens que afirmam a necessidade de aperfeiçoamento dos cristãos para o encontro deles com Cristo, entre nuvens, por ocasião do arrebatamento da Igreja, como por exemplo, I Jo 2.28; Fp 1.10; I Cor 1.8; Col 1.22; I Tes 3.13; I Tes 5.23 e Ef 5.27.
Nós vemos claramente em todos estes textos, que o dia da volta do Senhor é colocado como um ponto de referência, como um alvo para o qual todos os filhos de Deus devem avançar como numa carreira; porque importa que a Igreja seja apresentada a Ele como uma noiva ataviada para Seu noivo; gloriosa, santa, sem mancha, irrepreensível.
Paulo preparava os cristãos como esta noiva santa, para apresentá-la a Cristo, do modo como ela deve ser achada no dia da Sua vinda.
Paulo fala de uma obra da graça de Deus que já foi começada, e que deve avançar na experiência cristã, até seu completo aperfeiçoamento no dia de Cristo.
Ele afirmava isto, porque todo aquele que possui a verdadeira graça será impulsionado a crescer espiritualmente, pois há um princípio de vida na graça, que chama por uma graça amadurecida, assim como há um princípio de vida natural que chama pela maturidade física dos seres vivos.
Paulo disse aos filipenses, que o crescimento no amor depende do pleno conhecimento das coisas espirituais, sobretudo do próprio Cristo, com discernimento, do que procede dEle, daquilo que não procede, sem o que não é possível aprovar as coisas excelentes, e ser cristãos sinceros e sem ofensa, ou seja, sem mácula, mas cheios do fruto de justiça, que é operado por Cristo em nossa comunhão com Ele, como se afirma nos versos 10 e 11.
O amor é o cumprimento da lei, portanto, o amor aqui referido não é um amor sensual, mas o amor ágape, que nos vem do alto, que nos recomenda a Deus, porque é fundamentado no conhecimento e discernimento da Sua vontade.
Aprovar coisas excelentes é saber diferenciar entre o que é precioso e o que é vil, e escolher e praticar o que é precioso para Deus.
É somente assim que podemos ser sinceros, ou seja, pensar e agir de acordo com aquilo que nós somos de fato; porque a impressão que dermos a outros e aquilo que dissermos e fizermos, estará em conformidade com aquilo que somos.
Este discernimento espiritual que procede da capacidade de julgar todas as coisas, segundo a mente de Cristo e não segundo o mundo, seria necessário para que os filipenses entendessem que as prisões e sofrimentos de Paulo não significavam que ele tivesse fracassado e muito menos que há qualquer insucesso no evangelho de Cristo.
Por isso, o apóstolo se apressou em lhes dizer logo neste início da sua epístola, quantos bons propósitos Deus estava realizando através das suas prisões e tribulações. Com isto estaria prevenindo qualquer tipo de escândalo por parte dos filipenses em relação às suas prisões e sofrimentos.
Ele não queria ser uma pedra de tropeço para qualquer cristão, por causa de uma interpretação falha do fato de estar preso e sofrendo por causa do evangelho.
O diabo poderia lhes tentar com o pensamento, de que caso a doutrina de Paulo fosse de Deus, ele não deveria estar padecendo daquele modo, por tanto tempo, porque afinal havia ficado preso por dois anos em Jerusalém, mais dois em Cesaréia, e também já estava na prisão de Roma por cerca de dois anos, na ocasião em que escreveu esta epístola aos filipenses.
Nunca o escândalo e loucura da cruz foi tão patentemente marcado como através dos sofrimentos de Paulo.
Quando se prega e se vive o genuíno evangelho, e quanto mais se busca a semelhança de Cristo como Paulo fazia, o resultado sempre será o de sofrermos algum tipo de oposição e perseguição do inferno, porque Satanás se opõe tenazmente à pregação do evangelho verdadeiro, e ao seu progresso, produzindo conversões a Cristo.
Mas, a paciência nas tribulações e a aprovação e confirmação da fé, contribuem para o nosso aperfeiçoamento espiritual e nos torna mais poderosos para ministrar a graça de Cristo, porque o Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza.    
A serenidade, graça, amor, alegria, paz, e poder que Paulo demonstrava ter na prisão, deram um grande testemunho da eficácia da consolação de Cristo e do Espírito Santo em relação aos Seus servos fiéis.
Muitos se dispuseram a se render a um Deus de amor que manifestava Seu poder de maneira prática na vida de Paulo, porque onde outros teriam gemido, Paulo exultava.
Mesmo estando preso, o apóstolo continuava gerando frutos espirituais para Deus, porque estava preso, mas não deixava de orar e dirigir a obra através dos seus cooperadores.
Ele não parou de estudar enquanto estava na prisão, conforme vemos em suas epístolas, mesmo quando estava próxima a sua morte, conforme se vê em II Timóteo. Não recuou na fé, não alterou seu testemunho, não desfaleceu e estava bem certo de que todo o fruto do seu trabalho lhe traria grande galardão.
O seu lema era: “enquanto no corpo não desperdicemos nenhum tempo em fazer o bem” e este deveria ser também o lema de todo cristão.
Por isso, ao ter escrito aos filipenses, sabia que era necessário permanecer ainda na carne, porque ainda haveria muito fruto do seu trabalho. Esta era sua razão para continuar a viver, porque aquela era a vontade de Deus para com ele, conforme afirmou nos versos 21 a 24.
Dar um bom testemunho de Cristo neste mundo não é somente uma boa razão para continuar vivendo, mas uma razão importante e necessária, segundo a vontade de Deus, até ao tempo determinado por Ele para a nossa partida.
Decidir permanecer na carne por amor aos eleitos é a boa decisão que Deus espera ver em todos os Seus filhos, especialmente nos ministros do evangelho.
Se amamos realmente ao Senhor, e desejamos de fato estar com Ele, devemos provar isto pela renúncia à nossa vontade, e às paixões deste mundo, e escolher fazer incansavelmente Sua obra; remindo o tempo, de maneira que nosso amor por Ele seja comprovado no amor pelo nosso próximo, que é na verdade uma demonstração de amor ao próprio Deus, porque Ele precisa nos usar para alcançar os eleitos e edificá-los na verdade, como lemos nos versos 21 a 24 deste primeiro capítulo de Filipenses.
Paulo exortou os filipenses a serem diligentes vivendo de modo digno do evangelho combatendo o bom combate da fé em unidade espiritual, como se fossem uma só alma, sem se deixarem intimidar pelos adversários, que são, na verdade, opositores do evangelho.
Esta oposição espiritual é uma indicação da genuinidade da nossa salvação, e da perdição dos nossos inimigos e de Cristo, como Paulo afirma nos versos 25 a 28.
Então, não há motivo para se paralisar a obra de evangelização em face das perseguições que possamos sofrer.    Os sofrimentos não são estranhos ao evangelho, ao contrário, fazem parte da identificação que devemos ter em tudo com Cristo, que é a nossa Cabeça.
Não somos apenas participantes da glória de Jesus, como também dos Seus sofrimentos, porque importa que os cristãos sejam em tudo semelhantes a Ele.
A chamada da fé é, portanto também uma chamada ao sofrimento, ou seja, a padecer por amor a Cristo, por causa do trabalho que realizamos para Ele, como se vê no verso 29.
Paulo havia dado um grande exemplo à Igreja, de como se devia proceder e combater, até aquele momento da sua vida. Este é o mesmo combate do qual participam todos os cristãos; ele deixou os filipenses bem inteirados disto para que julgassem de maneira correta os próprios sofrimentos que viessem a experimentar na defesa do evangelho, como se afirma no verso 30.
Não é simplesmente o sofrimento, mas a causa do sofrimento; e não somente a causa, mas o espírito que faz o mártir.
Um homem pode sofrer por uma causa ruim, e então, sofre justamente; ou  numa boa causa, mas com uma mente errada e não por causa do evangelho; então, os sofrimentos perdem seu valor e não o tornam digno de receber galardão.
Estes sofrimentos pelo evangelho não consistem basicamente nas aflições comuns desta vida da qual todos partilham, sejam ou não cristãos, mas sobretudo as canseiras, as perseguições, as injúrias e tudo o mais que sofremos quando nos dedicamos à obra do evangelho.



“1 Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:
2 Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós,
4 fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria
5 pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora;
6 tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus,
7 como tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós sois participantes comigo da graça, tanto nas minhas prisões como na defesa e confirmação do evangelho.
8 Pois Deus me é testemunha de que tenho saudades de todos vós, na terna misericórdia de Cristo Jesus.
9 E isto peço em oração: que o vosso amor aumente mais e mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento,
10 para que aproveis as coisas excelentes, a fim de que sejais sinceros, e sem ofensa até o dia de Cristo;
11 cheios do fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
12 E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho;
13 de modo que se tem tornado manifesto a toda a guarda pretoriana e a todos os demais, que é por Cristo que estou em prisões;
14 também a maior parte dos irmãos no Senhor, animados pelas minhas prisões, são muito mais corajosos para falar sem temor a palavra de Deus.
15 Verdade é que alguns pregam a Cristo até por inveja e contenda, mas outros o fazem de boa mente;
16 estes por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho;
17 mas aqueles por contenda anunciam a Cristo, não sinceramente, julgando suscitar aflição às minhas prisões.
18 Mas que importa? contanto que, de toda maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei;
19 porque sei que isto me resultará em salvação, pela vossa súplica e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo,
20 segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.
21 Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
22 Mas, se o viver na carne resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de escolher.
23 Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor;
24 todavia, por causa de vós, julgo mais necessário permanecer na carne.
25 E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para vosso progresso e alegria na fé;
26 para que o motivo de vos gloriardes cresça por mim em Cristo Jesus, pela minha presença de novo convosco.
27 Somente portai-vos, dum modo digno do evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que permaneceis firmes num só espírito, combatendo juntamente como uma só alma pela fé do evangelho;
28 e que em nada estais atemorizados pelos adversários, o que para eles é indício de perdição, mas para vós de salvação, e isso da parte de Deus;
29 pois vos foi concedido, por amor de Cristo, não somente o crer nele, mas também o padecer por ele,
30 tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis que está em mim.”




Filipenses 2

A Humildade de Cristo é o Modelo para os Que Pregam o Evangelho - Filipenses 2

A Igreja de Filipos havia enviado uma oferta para Paulo pelas mãos de Epafrodito, como se vê no verso 25 do segundo capítulo de Filipenses. Epafrodito era daquela Igreja da Macedônia, tendo vir ter com o apóstolo em sua prisão, em Roma.
Epafrodito deve ter relatado ao apóstolo alguns dos problemas que a Igreja estava vivendo, especialmente entre duas pessoas da liderança que não estavam em unidade, como se vê em Fp 4.2, as quais se chamavam Evódia e Síntique.
Ambas estavam sendo movidas por orgulho espiritual. Este deve ter sido o principal motivo que levou Paulo a discorrer neste capítulo sobre o espírito de humildade e submissão que deve existir em todos os cristãos; e para confirmar esta verdade, chamou à lembrança o exemplo que nos foi deixado pelo próprio Jesus, como se vê nos versos 5 a 8.
A unidade espiritual, especialmente na congregação local, tem em vista garantir e manter a presença do Espírito Santo na Igreja, manifestando Seu poder nos cristãos.
Quando a unidade é quebrada, o diabo tira vantagem disto, e a obra começa a sofrer, porque Deus não pode manifestar Seu agrado para conosco, senão Seu desagrado.
Isto é algo tão importante, que Paulo fez toda uma aplicação alusiva à necessidade de unidade, que é baseada numa verdadeira humildade.
Ele desejava que a Igreja em Filipos fizesse progresso na fé e em todas as coisas relativas ao reino de Deus, mas sabia que isto não seria possível caso não se empenhassem em manter a unidade no amor de Cristo.
Paulo lhes mostrou que ser cristão não é apenas crer em Cristo, mas padecer por Ele, combatendo em prol do evangelho conforme o exemplo que ele, Paulo, lhes havia deixado.
Assim, quando começa este segundo capítulo dizendo “portanto”, ele vai dizer o que seria necessário fazer para tal.
Eles deveriam estar dispostos a se exortarem mutuamente em Cristo, na consolação e no amor do Espírito, com afetos e compaixões sinceros do interior dos seus corações, como se vê no verso primeiro.
Eles haviam enviado a oferta para Paulo na prisão para animar e alegrar o apóstolo, mas ele diz no verso 2, que sua alegria seria completa caso eles fizessem isto, porque somente assim  poderiam ter o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, o mesmo ânimo.
Somente é possível ter tudo isto quando não fazemos as coisas na Igreja por motivo de partidarismo ou de vanglória, que consiste em  buscar glória para si mesmo; mas com humildade, considerando os outros superiores a nós, sabendo o quanto dependemos deles no corpo de Cristo, para que sejamos abençoados por Deus, estando reunidos num só espírito, como Paulo afirma no verso  3.
Por isso, nenhum cristão deve buscar o que é somente do seu interesse, mas, sobretudo o que é do interesse dos outros.
Se não agimos deste modo, ficamos privados da graça, porque Deus somente a concede, à Igreja que vive em unidade. Sem a graça não podemos ficar de pé, permanecendo na presença de Deus.
O amor em unidade é um dever.
Cristo ordenou aos Seus discípulos, que eles devem se amar com o mesmo amor com o qual Ele os tem amado.
As características deste amor estão destacadas em I Cor 13. Ali podemos ver que não é um amor que busca o seu interesse, que não se irrita facilmente, que é paciente, benigno, sofredor, longânimo, que não se alegra com a injustiça, mas com a verdade. Enfim, é um amor sobrenatural que procede da ação da graça do Espírito Santo em nossa mente e coração.
E, quão difícil é manter o amor fraternal na unidade do Espírito Santo,  porque demanda completa diligência da parte dos cristãos na luta contra a natureza carnal pecaminosa, o diabo e o fascínio do mundo.
Se alguém pretende fazer a vontade de Deus terá obrigatoriamente que renunciar ao que o mundo lhe oferece, e que é contrário ao modo de vida que nos foi determinado por Cristo.
Nós temos que amar o nosso próximo como a nós mesmos, sabendo que nós, tanto quanto eles estávamos destituídos da graça de Jesus, em completa situação de miséria e debaixo de uma condenação eterna.
Importa fazer valer, sobretudo a misericórdia e a humildade em nosso testemunho de vida.
Jesus nos deixou o exemplo supremo disto, para que seguíssemos Seus passos. Se o fizermos, somos bem-aventurados e temos a aprovação de Deus.
Os que são de Cristo devem viver como Cristo viveu neste mundo, deixando-nos Seu exemplo para ser seguido.
Cristo era totalmente manso e humilde de coração, como Ele próprio afirma em Mt 11.29.
Em tudo o que fez nunca estava buscando ser servido, mas servir; nunca estava buscando o que era do Seu interesse, mas veio buscar e salvar o que se havia perdido, como se vê em Lc 19.10. Tão intenso foi Seu serviço em favor dos homens, que não tinha sequer onde reclinar Sua cabeça, e raramente tirava tempo para descansar.
Ele se gastou completamente por amor aos pecadores, até à morte na cruz.
Paulo chamou o exemplo de Cristo para alertar os filipenses, porque ninguém jamais poderá se humilhar tanto quanto Cristo se humilhou, pois não era um homem pecador; porém se fez homem, sendo Deus, exaltado à destra do Pai, coroado de honra e glória diante dos serafins, querubins, arcanjos e anjos no céu.
E o que Jesus fez?
Humilhou-se a si mesmo, esvaziando-se e tomando a forma de servo, assumindo a natureza do homem, apesar de ser Deus, como Paulo afirma nos versos 6 a 8 deste segundo capítulo de Filipenses.
Ele fez isto, porque era governado completamente por um sentimento de humildade e não de orgulho. É este mesmo sentimento de Cristo que todos os cristãos devem ter, conforme se ordena no verso 5.
Cristo não considerou uma desonra o fato de ter sido feito menor do que os anjos, ainda que por um determinado período, a saber, enquanto viveu neste mundo esvaziado da Sua glória divina, como vemos em Hb 2.9, porque considerou maior coisa fazer a vontade do Pai, relativamente à salvação dos pecadores.
Os cristãos têm um serviço a fazer para Deus, que é a continuidade do mesmo serviço de Cristo, e para tanto necessitam ter o mesmo sentimento de humildade que houve em Cristo Jesus.
Nosso Senhor comprovou Sua humildade através da Sua obediência ao Pai, como vemos no verso 8, e é do mesmo modo que nossa humildade é comprovada diante de Deus, a saber, na nossa obediência a Ele.
Jesus se manifestou também, para o propósito de nos ensinar qual é o modo correto de se viver para Deus.
Este modo que nos revelou é em completa submissão e serviço, escolhendo fazer a vontade de Deus, em vez da nossa vontade, gastando-se inteiramente na Sua obra, porque afinal, nos deu vida para que trabalhássemos para Ele.
Fomos colocados neste mundo para este propósito. Bem-aventurados são todos aqueles que não somente descobrem isto, como também se aplicam a isto.  
A humilhação voluntária de Jesus se comprova também, no fato de que Ele tem o nome que é sobre todo o nome, como vemos no nono verso deste segundo capitulo de Filipenses. Por isso, ao nome de Jesus se dobra e se dobrará todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confessa e confessará que Jesus é Senhor, como se afirma nos versos 10 e 11.
Isto, porque Ele sempre foi e será o Senhor de tudo e de todos.
E como se viu Este que é o Senhor em Seu ministério terreno?
Na forma de servo e em completa humildade. Servo na verdadeira acepção da palavra, ou seja, servindo de fato tanto a Deus quanto aos homens criados à Sua imagem e semelhança.
Como devem ser e andar então, os cristãos, os quais não estavam na glória do céu antes de serem gerados, e que nunca tiveram e jamais terão a mesma intensidade de glória do seu Senhor?
Caberia, se deixarem dominar por qualquer forma de orgulho ou vanglória ao se compararem com seu Senhor, no exemplo que lhes deixou para ser seguido?
Jesus viveu suportando pacientemente a maldade dos homens, em grande pobreza, a ponto de não ter onde reclinar a cabeça; viveu de ofertas e sabia o que era a aflição; não viveu em pompa externa e não buscou nenhuma posição que O exaltasse sobre os demais homens, buscando fama e honrarias deste mundo.
Ele não deu somente Seu serviço aos homens, mas Sua própria vida; morrendo por eles na cruz.
Ninguém nunca desceu tanto ou poderá descer tanto em humilhação, quanto nosso Senhor, porque Ele estava na glória do céu quando veio assumir nossa humanidade, ao ser gerado com um corpo humano no ventre de Maria.
Ele passou a ter a natureza humana, além da natureza divina na qual Ele subsistia. E,  consentiu, apesar de sua perfeição gloriosa, em suportar conviver com pecadores falhos, impuros, imperfeitos e ignorantes como nós.
Se Ele não tivesse feito isto, jamais poderíamos receber a natureza divina para estar em nós, além da nossa natureza humana.
Para nós, receber a natureza divina é uma grande honra e glória. Mas para Cristo, assumir nossa natureza humana, sendo Deus, foi uma grande humilhação. A Palavra, porém nos afirma que Ele não se envergonhou disto, porque não se envergonha em nos chamar de irmãos, por ter-se feito semelhante a nós, como lemos em Hb 2.11 e 11.16.

Em face dos argumentos apresentados quanto à humilhação de Cristo e consequente exaltação relativa à recompensa da Sua humilhação, e da necessidade de os cristãos seguirem Seu exemplo; o apóstolo afirmou logo em seguida no verso 12, que a consequência lógica e natural de tudo isto é que todos os cristãos devem desenvolver a sua salvação com temor e tremor, ou seja, os cristãos devem ter a devida consideração para com estas verdades, quanto ao que é esperado deles, de maneira que se tornem semelhantes ao Seu Senhor, em seu amadurecimento espiritual.
Desenvolver a salvação nada mais é do que se santificar em obediência à vontade de Deus.
Não somos naturalmente humildes; ao contrário, somos governados pela carne.
Por isso é preciso mortificar a carne para que possamos ser governados pelo Espírito Santo, e crescermos em humildade diante de Deus, para que Ele possa nos transformar segundo a semelhança de Cristo.
Ao falar de desenvolver a salvação, Paulo falou também no mesmo versículo 12 sobre obediência voluntária e resultante de uma disciplina consciente em cumprir a Palavra de Deus, mesmo quando não estamos na presença dos nossos líderes espirituais.
É necessário ter esta reverência ao Senhor com santo temor e tremor, porque é Ele quem opera em nós, em relação ao desenvolvimento da nossa salvação, tanto o querer quanto o efetuar, não segundo aquilo que seja da nossa vontade, mas da Sua boa vontade divina, como se vê no verso 13.
A nossa vontade natural quer sempre fazer aquilo que seja do nosso próprio interesse egoísta, mas a vontade de Deus é santa, perfeita, boa, agradável. É esta vontade que o Espírito Santo quer implantar em nossa natureza.
O Espírito Santo não nos foi dado, portanto para fazermos o que seja da nossa própria vontade, mas aquilo que é da vontade de Deus, na transformação de nossas vidas.
Quando o Espírito luta contra a carne, não é para fazer nossa vontade, mas para aplicar em nossa vida a vontade de Deus, como vemos em Gál 5.17.
Em outras palavras, se não tivermos temor e tremor de Deus e da Sua Palavra, Ele consequentemente não atuará em nossa vontade, e não operará na liberdade do Espírito para nos dar amadurecimento espiritual.
É a graça de Deus que inclina nossa vontade ao que é bom, e nos permite executar o bem.
Não há nenhuma força, mérito ou capacidade em nós mesmos, que nos habilite a fazer a obra de Deus.
Além destas coisas recomendadas, Paulo lhes disse no verso 15, que para se tornarem irrepreensíveis e sinceros, como imaculados filhos de Deus, resplandecendo como luminares no mundo, no meio de uma geração corrupta e perversa, eles deveriam fazer todas as coisas sem murmurações nem contendas; retendo a palavra de Deus, que Paulo chama, de palavra da vida, no verso 16, porque é por meio dela que recebemos a vida eterna do Senhor, que se manifesta em nós.
A fé é tanto maior, quanto mais habite ricamente em nós a Palavra de Deus, porque a fé é gerada pela Palavra, e a vida, pela fé, porque se afirma que o justo viverá pela fé.
Estes três são, portanto mutuamente dependentes, e não podem ser separados, a saber: Palavra, fé e vida eterna.
Paulo demonstrou também sua preocupação com o aperfeiçoamento dos filipenses, quando disse no verso 19, que lhes enviaria em breve  a Timóteo, que lhe daria um relatório da verdadeira condição espiritual deles, de maneira que pudesse estar animado em relação aos filipenses.
Ele enviaria Timóteo, porque eles sabiam o quanto Timóteo andava nas pegadas do apóstolo, e quanto buscava somente o interesse do evangelho de Cristo, e não seus próprios interesses, como costumavam fazer os falsos obreiros e pastores infiéis, como lemos nos versos 19 a 23.
  Paulo não somente lhes enviaria Timóteo, como afirmou no verso 24, que tinha a certeza de que ele, Paulo, seria posto em liberdade e também iria visitá-los brevemente para a confirmação da fé deles.
Mas por ora, antes que ele e Timóteo fossem ter com os filipenses, ele estaria lhes enviando de volta a Epafrodito, como se vê no verso 25, o qual tinha sido enviado em missão pela Igreja de Filipos até sua prisão em Roma.
Epafrodito havia adoecido quase à morte; possivelmente em seu trabalho em favor do evangelho; e sua enfermidade havia chegado ao conhecimento da Igreja de Filipos.
A proximidade da morte fizera com que Epafrodito desejasse estar junto dos seus irmãos de Filipos, como se vê no verso 26, motivo pelo qual Paulo urgiu com ele para que logo retornasse a Filipos, para que a Igreja visse que estava totalmente recuperado, porque Deus lhe havia curado, para alegria de todos, especialmente do apóstolo Paulo.
Por isso, Paulo exortou a Igreja de Filipos a receber Epafrodito com honra, e não somente a ele, mas a todos que fossem como ele; que arriscassem suas vidas por causa da obra de Cristo, como podemos ler nos versos 27 a 30.

“1 Portanto, se há alguma exortação em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão do Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões,
2 completai a minha alegria, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa;
3 nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo;
4 não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros.
5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6 o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar,
7 mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens;
8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
9 Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome;
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
12 De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efetuai a vossa salvação com temor e tremor;
13 porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.
14 Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas;
15 para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus imaculados no meio de uma geração corrupta e perversa, entre a qual resplandeceis como luminares no mundo,
16 retendo a palavra da vida; para que no dia de Cristo eu tenha motivo de gloriar-me de que não foi em vão que corri nem em vão que trabalhei.
17 Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós;
18 e pela mesma razão folgai vós também e regozijai-vos comigo.
19 Ora, espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo as vossas notícias.
20 Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso bem-estar.
21 Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus.
22 Mas sabeis que provas deu ele de si; que, como filho ao pai, serviu comigo a favor do evangelho.
23 A este, pois, espero enviar logo que eu tenha visto como há de ser o meu caso;
24 confio, porém, no Senhor, que também eu mesmo em breve irei.
25 Julguei, contudo, necessário enviar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nas lutas, e vosso enviado para me socorrer nas minhas necessidades;
26 porquanto ele tinha saudades de vós todos, e estava angustiado por terdes ouvido que estivera doente.
27 Pois de fato esteve doente e quase à morte; mas Deus se compadeceu dele, e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza.
28 Por isso vo-lo envio com mais urgência, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza.
29 Recebei-o, pois, no Senhor com todo a alegria, e tende em honra a homens tais como ele;
30 porque pela obra de Cristo chegou até as portas da morte, arriscando a sua vida para suprir-me o que faltava do vosso serviço.”








Filipenses 3

A Alegria Cristã é um Dever - Filipenses 3

Deus havia virado a página de tristeza da doença que quase havia levado Epafrodito à morte, curando-o.
O retorno de Epafrodito a Filipos em plena saúde seria uma clara demonstração do cuidado e da misericórdia de Deus para com Seu povo, e isto deveria ser reconhecido como um motivo de grande alegria para a Igreja.
Como Deus havia virado a página de tristeza, eles também deveriam virá-la e se alegrarem no Senhor, conforme Paulo lhes exortou logo no primeiro versículo deste capítulo:
“Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.”
Paulo disse, que o fato de os filipenses se regozijarem no Senhor lhes daria segurança, porque a alegria no Senhor é a nossa força, e nos mantém firmes e seguros na fé, diante das tribulações.
Eles deveriam aprender a estarem contentes em toda e qualquer situação, porque é assim fazendo, que não somos removidos pelas provações e tribulações, da nossa firmeza em Cristo.
É a fé que vence o mundo. É a graça que nos dá força para viver na fé.
Logo, os filipenses deveriam se acautelar contra a pregação dos judaizantes, que ainda era muito forte naquela época contra a Igreja de Cristo.
Eles alegavam que tudo quanto uma pessoa necessitava fazer para ser salva era se circuncidar e guardar toda a lei de Moisés.
Eles negavam que alguém pudesse ser salvo e crescer espiritualmente somente pela fé em Cristo, confiando no trabalho da Sua graça.
Eles afirmavam que salvação é segundo o mérito do homem e não segundo o mérito de Cristo, ou seja, que alguém é salvo por guardar as obras da lei, e não pela justiça de Cristo, que recebemos pela fé.
A verdadeira conversão que traz salvação é aquela que é do coração, que transforma o coração de pedra em coração de carne, e não a circuncisão do prepúcio que os judaizantes pregavam, como se vê no verso 2 deste terceiro capítulo de Filipenses.
Paulo alertou também os filipenses, a se acautelarem daqueles que ele chamou de cães e de maus obreiros neste mesmo segundo versículo.
Estes eram os falsos profetas vestidos de ovelhas que pregavam um evangelho de facilidades para a Igreja; que barateavam a graça de Cristo e escondiam a ofensa da cruz, com o intuito de serem agradáveis às pessoas.
Na verdade não são ovelhas, mas lobos vorazes, porque destroem a vida espiritual dos cristãos com sua falsa doutrina.
Por isso são chamados de cães, numa associação que Paulo faz com lobos vorazes. Eles não têm verdadeiro interesse no bem estar espiritual do rebanho, senão explorá-lo, segundo seu apetite interesseiro.
Sempre haverá estes falsos profetas na Igreja, especialmente no tempo do fim, conforme nosso Senhor Jesus Cristo e os apóstolos nos advertiram, para nos guardarmos do seu ensino e influência.
Paulo passou então a demonstrar para instrução dos filipenses, qual é a essência da verdadeira vida espiritual.
Ele disse que esta consiste, em servir a Deus em espírito, porque é possível somente se comunicar com Deus em espírito, e não pela confiança na carne, conforme faziam aqueles falsos mestres, especialmente os judaizantes, como se vê no verso 3.
Nenhum culto que comece na carne e termine na carne pode agradar a Deus, por mais religioso e reverente que seja, porque o que é nascido da carne é carne. Deus é espírito e importa sempre que seja adorado em espírito e na verdade da Sua Palavra revelada na Bíblia.
Este culto em espírito leva o cristão a se gloriar em Cristo Jesus, como se afirma no verso 3, porque fora de Cristo e do trabalho da cruz, não pode existir verdadeira comunhão com Deus, porque somente Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Sem Ele ninguém pode ir ao Pai.
Esta comunhão, em espírito com Deus, é promovida pelo que Cristo fez e faz por nós, e por permanecer em nós. Sem a Sua presença nada podemos fazer quanto a servir e agradar a Deus.
Paulo mesmo foi um excelente fariseu. Ele era israelita  da tribo de Benjamim, e também circuncidado no prepúcio. Ele era irrepreensível segundo a lei, no entanto  chegou até mesmo a ser perseguidor da Igreja, porque lhe faltava este conhecimento pessoal e íntimo de Jesus, como afirma nos versos 4 a 6.
Paulo poderia se gloriar no que fez, mas seria uma glória vã, porque seria uma glória no que fizera na carne, e não pelo espírito.
Quando conheceu a Jesus e se converteu de fato, passou a considerar como perda todas estas coisas que lhe pareceriam ser lucro, de maneira que abriu mão de tudo o que havia recebido por tradição religiosa para guardar, para que pudesse ganhar mais de Cristo.
E não somente estas coisas religiosas, mas tudo o que possa ser considerado excelente neste mundo, passou também a considerar como perda para alcançar a excelência do conhecimento de Jesus, como afirma nos versos 6 a 8.
O que o mundo considera elevado, Paulo considerava como um refugo, como esterco, para que pudesse ganhar mais a Cristo. Ele estava desembaraçado de tudo e de todos, para poder servir livre e totalmente ao Seu Senhor.
Não se deixe enganar pelos falsos mestres, nem mesmo pela sua própria imaginação! Era isto que Paulo estava dizendo aos filipenses.
Ele não parou nisto; prosseguiu dizendo no verso 17 que fossem seus imitadores e daqueles que seguiam seu exemplo de vida, porque ele não buscava ser achado em Jesus baseado na justiça da lei, mas na justiça que é segundo a fé em Cristo, a saber, a justiça que é dada como um dom de Deus, ao que tem fé em Jesus. E, deste modo a poder conhecê-lO e o poder da sua vida ressurreta, que nos leva a participar dos Seus sofrimentos, e a estarmos conformados à Sua morte.
Somente quem tem participação pela fé na  morte de Jesus, considerando-a como a sua própria morte, poderá também participar da Sua ressurreição, como se afirma nos versos 9 a 11.
A ressurreição do nosso corpo no arrebatamento da Igreja será a plenitude da perfeição da promessa relativa à renovação do nosso corpo. A perfeição espiritual que também será obtida na mesma ocasião será a plenitude da perfeição da promessa relativa ao nosso espírito.
O modo de se viver pela fé nesta promessa da perfeição futura, que teremos do nosso corpo e espírito é buscando a perfeição de santificação do nosso espírito, alma e corpo, como se vê em I Tes 5.23.
Esta santificação de todo o espírito, de toda a alma e de todo o corpo, a saber, de todas as suas partes e faculdades será completamente perfeita no céu; portanto, este trabalho de aperfeiçoamento deve começar aqui na terra.
Os que vivem deste modo comprovam que são da fé em Cristo, porque prosseguem vivendo do modo dos que testemunham que estão de fato à busca desta perfeição futura que lhes foi prometida por Deus, como Paulo afirma no verso 12 deste terceiro capítulo de filipenses.
Nem Paulo teve, nem qualquer cristão terá a perfeição total de santificação do seu espírito, corpo e alma enquanto viverem neste mundo; mas, sendo imitadores de Paulo devem viver avançando adiante para o alvo que lhes foi proposto por Deus, de alcançarem o prêmio da chamada que receberam da parte de Deus por estarem em Cristo Jesus, como se vê nos versos 13 e 14.
Afinal, Paulo e os demais apóstolos foram levantados pelo Senhor para serem modelos a serem imitados pela Igreja, quanto ao modo correto de se viver para Ele.
    Aqueles que são maduros espiritualmente são os que estão aperfeiçoados para a obra do ministério, e devem ter sempre este sentimento a que Paulo havia se referido; caso contrário, aqueles que sentissem alguma coisa de modo diferente, Deus lhes revelaria no tempo oportuno a verdade destas afirmações, como lemos no verso 15.
Mas, nenhum cristão deve recuar do ponto a que chegou de conhecimento da revelação da verdade por Deus. A medida de perfeição, ou seja, da maturidade espiritual a que cada um chegou, deve ser mantida, e devem prosseguir na mesma, rumo ao alvo da perfeição que lhes está proposta, como Paulo afirma no verso 16.
Onde houver a verdadeira graça, ela nos conduzirá a um desejo de ter uma maior graça.
Esta graça não vem de nós mesmos, mas de Jesus Cristo.
É, portanto o exemplo de Paulo e de todos que viveram desta forma que deve ser seguido, e não o daqueles que são inimigos da cruz de Cristo, que negam a necessidade de todas estas coisas; mesmo daqueles falsos lideres que se entregam a um tipo de religião de base emocional, e até choram para impressionar seus ouvintes, como se vê nos versos 17 e 18.
Por maior aparência que haja de piedade na devoção deles, ela é falsa, portanto o fim deles é a perdição, porque não podem atinar com as coisas espirituais que são discernidas somente espiritualmente, por aqueles que andam no Espírito Santo.
Como cuidam somente das coisas terrenas, e dos seus interesses carnais, não há verdadeira prática espiritual em sua religião, por maior que possa ser a aparência de piedade que tentem transmitir para conquistar os corações dos incautos, como se vê no verso 19.
O padrão das coisas que os cristãos esperam no seu viver está no céu, de onde aguardam a volta do Senhor, para que transforme este corpo terreno, no corpo glorioso que lhes está prometido que receberão no arrebatamento. O Senhor fará isto, segundo a eficácia do Seu próprio poder que Ele tem de sujeitar a si todas as coisas, como Paulo afirma nos versos 20 e 21.


“1 Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança.
2 Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão.
3 Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
4 Se bem que eu poderia até confiar na carne. Se algum outro julga poder confiar na carne, ainda mais eu:
5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fui fariseu;
6 quanto ao zelo, persegui a Igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível.
7 Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo;
8 sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo,
9 e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10 para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a  participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte,
11 para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12 Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão adiante,
14 prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.
15 Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará.
16 Mas, naquela medida de perfeição a que já chegamos, nela prossigamos.
17 Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós;
18 porque muitos há, dos quais repetidas vezes vos disse, e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo;
19 cujo fim é a perdição; cujo deus é o ventre; e cuja glória assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam das coisas terrenas.
20 Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
“21 que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas.”










Filipenses 4

Aprendendo a Viver Contente com Cristo - Filipenses 4

Paulo sabia que Deus não é um tirano que nos trata como se fôssemos marionetes em Suas mãos. Não! Mil vezes não! Teria dito Paulo!
Ele não anula nossos pensamentos e vontade, e por isso nós O amamos livre e voluntariamente de todo o nosso coração, porque o amor, para ser amor, deve ser livre e voluntário.
Paulo conhecia perfeitamente estas coisas, e afirmou mais uma vez no quarto versículo deste capítulo, a condição na qual todo cristão deveria ser encontrado:
“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.”

Quando descobrimos quem é de fato o Senhor e o quanto Ele nos ama e cuida de nós, a consequência natural é que nos regozijaremos sempre nEle, e manifestaremos isto com a nossa adoração e louvor voluntários, com alegria de coração.
Quando crescemos no conhecimento da graça e de Jesus, e passamos a conhecer cada vez melhor, qual é o caráter, amoroso, justo e bondoso do nosso Rei, nada deste mundo poderá nos tornar insatisfeitos.
Tudo suportaremos por amor a Ele com alegria em nossos corações, não somente como expressão de nossa gratidão, mas, sobretudo, porque será impossível viver de outro modo, estando permanentemente em espírito diante da Sua Grandeza e Majestade.
   Esta alegria sobrenatural, que é fruto do Espírito, invadirá nosso coração de tal maneira que sempre seremos achados vivendo contentes em toda e qualquer circunstância.
Nós aprenderemos isto, assim como Paulo havia aprendido.
Nós sabemos o quanto agrada ao Senhor, que vivamos num só espírito, com o mesmo sentir de uns para com os outros. Então, nada faremos por motivo de partidarismo ou de vanglória, porque sabemos que a vontade do nosso Deus é que vivamos em  união, sobretudo em unidade de fé e amor.
As “Evódias” e as “Síntiques”, que são cristãs verdadeiras e trabalharam em prol do evangelho, juntamente com aqueles cujos nomes também estão no livro da vida, devem ser ajudadas a voltarem a trabalhar em harmonia, com o mesmo sentir no Senhor, como lemos nos versos 2 e 3.
A alegria e coroa dos ministros do evangelho é ver que seus amados irmãos, que estão debaixo do seu cuidado permanecem firmes no Senhor, como se lê no primeiro versículo.
Agora, a alegria recomendada pelo apóstolo não é uma alegria carnal, ou seja, oriunda da carne, que tenha seus motivos na carne.
É alegria puramente espiritual, e assim é recomendado também pelo apóstolo, no verso 5, que,  ao lado dela, haja moderação diante de todos os homens, sabendo que os olhos do Senhor estão acompanhando nosso proceder em todos os instantes.
  Nem mesmo as nossas presentes necessidades neste mundo são motivo para nos roubar esta alegria espiritual no Senhor, porque devemos aprender a não andar ansiosos por coisa alguma; ao mesmo tempo em que devemos fazer conhecidos os nossos pedidos diante de Deus por meio da oração e da súplica, sendo-Lhe gratos pelas respostas que nos der, ainda que seja um “não”, ou um “espere”; porque é somente assim, reconhecendo Sua soberania, que a Sua paz poderá guardar nosso coração e nosso pensamento, em nossa comunhão com Cristo Jesus, como Paulo afirma no verso 6.
A paz que Deus nos dá é sobrenatural. Ela não pode ser explicada pela razão, porque excede todo o entendimento.
É paz comunicada diretamente ao nosso espírito, pelo Espírito de Deus.
Ela não é o fruto dos nossos pensamentos.
É paz no meio do conflito, a qual nos visita inesperadamente; vinda do alto, como resposta à nossa oração e comunhão com o Senhor.
É fruto da Sua graça, do Seu Espírito, porque se diz também que o fruto do Espírito é paz.
Não podemos, no entanto, experimentar isto, se não aprendermos a abrigar, ou seja, a dar boa acolhida, a um modo de concentrar nossa atenção e pensamento somente naquilo que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama e que possua virtude e louvor, como se afirma no verso 8.
Não admira que aqueles que vivam em comunhão mental com coisas que sejam abomináveis ao Senhor, se queixem de falta de alegria e paz espiritual em seus espíritos.
Eles poderão até mesmo exibir um comportamento alegre, mas será uma alegria oriunda da carne, e não do Espírito Santo, cujo fruto é também alegria.
Uma alegria fanfarrona, escandalosa, sem a moderação diante de todos os homens, que é ordenada no verso 5.
Deus é inteiramente santo e justo.
Ele é luz perfeita. Ele é perfeito amor e bondade.
Então, que comunhão poderíamos ter com Ele, nos agradando das coisas que são das trevas e rejeitando aquelas que são da luz?
A nossa mente corrompida pelo pecado original deve ser renovada pelo Espírito Santo, com a Palavra de Deus e as coisas que são aprovadas, a saber, que são verdadeiras, honestas, justas, puras, amáveis, e que possuam boa fama, virtude e louvor.
Por isso não é possível amar o mundo, as coisas reprovadas que há no mundo, e ter ao mesmo tempo, o amor e a aprovação de Deus.
Por isso, os Filipenses necessitariam praticar tudo o que haviam aprendido, recebido, ouvido e visto no apóstolo Paulo, para que o Deus de paz fosse com eles, como se vê no verso 9.
Não há um caminho fácil para a paz.
Não há um caminho fácil para a consolação do Espírito Santo, porque Ele sempre santificará primeiro, e depois consolará.
Não se pode contar com Sua consolação enquanto permanecemos deliberadamente na prática do pecado, andando e amando as trevas, em vez da luz.
 A demonstração do cuidado dos filipenses por Paulo não foi imediata, como se vê no verso. 10.
Eles haviam finalmente se comunicado com suas necessidades pelas mãos de Epafrodito, mas haviam demorado a fazê-lo.
Paulo sabia que havia uma constante preocupação dos filipenses para com ele, mas na prática haviam falhado na prontidão em socorrê-lo.
Então o que ele sentiu?
Ficou abatido?
De modo nenhum. Ele havia aprendido a viver contente em qualquer situação.
Ele não colocava sua esperança de socorro e consolação nos homens, senão somente no Senhor, porque os homens falham. Somente Deus nunca falha, como vemos nos versos 11 a 13.
Eles deveriam também aprender a viver de tal modo, e não somente eles, como todos os cristãos, porque a nossa fé no Senhor será provada de muitas maneiras, se seremos achados agradando-nos somente nEle, e tendo somente nEle a única fonte do nosso contentamento. Isto será provado até mesmo na abundância, e quando somos honrados; ocasiões em que é muito comum nos esquecermos de Deus.
Todavia, aquele que O tem amado, jamais O deixará quando estiver sendo exaltado. Não deixará de dar a devida honra a Deus por estar sendo honrado pelos homens.
Não deixará de permanecer humilde diante dEle, não colocando a razão do seu contentamento, paz e alegria na abundância e honra que tiver, mas somente nEle.
Paulo tinha também o mesmo sentimento de humildade e dependência total de Deus nas circunstâncias difíceis de escassez, de fome e necessidade.
Então, ao dizer “posso todas as coisas naquele que me fortalece” no verso 13, Paulo dizia que; sua força e alegria não se apoiavam nas circunstâncias deste mundo, mas somente no Senhor.
Paulo era grato aos filipenses por suas demonstrações de amparo, especialmente no princípio da sua obra missionária, quando havia deixado a Macedônia e partido para Corinto em sua segunda viagem missionária.
Mesmo quando ainda tinha ido de Filipos para Tessalônica, os filipenses lhe enviaram por duas vezes a provisão que lhe era necessária para que pudesse evangelizar os tessalonicenses, e fizeram o mesmo, pelo que se depreende de suas palavras em II Cor 11.9, quando foi para a Grécia e evangelizou Corinto.
A provisão dos ministros está ordenada por Deus em Sua Palavra. No entanto, Paulo abria mão deste direito no sentido de não exigir das Igrejas o cumprimento desta ordenança bíblica, porque queria deixar bem claro para todos, que não pregava por interesse em ser provido materialmente, como se vê no verso 17, mas reconhecia que agiam bem todos aqueles que buscavam atender à provisão das necessidades dos seus ministros, inclusive dele próprio, como afirmou no verso 14.
Tudo pertence a Deus e é Ele quem na verdade provê a todos, inclusive àqueles que têm o dever de prover seus ministros.
Desta forma, Paulo estava certo que Deus continuaria suprindo todas as necessidades dos filipenses, quer materiais, quer espirituais segundo as Suas riquezas na glória, por causa de Jesus Cristo, e não propriamente pelo seu mérito, como se vê no verso 19.
Por isso é ao Senhor que devemos sempre tributar glória pelos séculos dos séculos, como Paulo fez no verso 20.
A epístola é encerrada com uma exortação nos versos 21 e 22, para que cada um dos santos fosse saudado em Cristo Jesus, assim como Paulo e os santos que se encontravam com ele estavam saudando os santos em Filipos. Ele faz uma menção especial àqueles que eram da casa de César, ou seja, aqueles que ele havia ganho para Cristo, não somente da guarda pretoriana do Imperador, como certamente a muitos que eram da corte de César.
A última citação desta epístola é a que encontramos no verso 23 :
“A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.”
Há maior necessidade do que esta para um cristão?
Certamente não.
Tudo o que ele precisa é estar com seu coração fortalecido com a graça do Senhor, porque o próprio Jesus nos tem dito, como disse a Paulo: “A minha graça te basta!”
Nós precisamos da força e do poder de Cristo para executar nossos deveres; não somente os que são puramente cristãos, mas até mesmo aqueles que são fruto da virtude moral.
Nós precisamos da Sua força para nos ensinar a estarmos contentes em toda e qualquer situação.
É por isso que Deus nos quebrará muitas vezes, para que possamos ser enfraquecidos em nossa própria força, e aprendamos a viver com a Sua força, a qual nos fortalece em tudo; não com nossa força que é inconstante e frágil, e desaparece principalmente diante das circunstâncias difíceis.
Somente quando somos enfraquecidos por Deus através das tribulações e aflições, é que podemos ser fortalecidos com Sua força. Daí, poderemos dizer junto com Paulo, que quando somos fracos aí é que somos fortes espiritualmente.


“1 Portanto, meus amados e saudosos irmãos, minha alegria e coroa, permanecei assim firmes no Senhor, amados.
2 Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor.
3 E peço também a ti, meu verdadeiro companheiro, que as ajudes, porque trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros meus cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida.
4 Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.
5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
6 Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças;
7 e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
8 Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus de paz será convosco.
10 Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade.
11 Não digo isto por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as circunstâncias em que me encontre.
12 Sei passar falta, e sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer necessidade.
13 Posso todas as coisas naquele que me fortalece.
14 Todavia fizestes bem em tomar parte na minha aflição.
15 Também vós sabeis, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma Igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente;
16 porque estando eu ainda em Tessalônica, não uma só vez, mas duas, mandastes suprir-me as necessidades.
17 Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta.
18 Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.
19 Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória, em Cristo Jesus.
20 Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amém.
21 Saudai a cada um dos santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam.
22 Todos os santos vos saúdam, especialmente os que são da casa de César.
“23 A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.”.



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