domingo, 18 de outubro de 2015

Joel 1 a 3 - Amós 1 a 9 - Obadias 1 - Jonas 1 a 4

JOEL

Joel 1

As destruições terríveis citadas neste capitulo se referem ao cativeiro babilônico de Judá, e mais precisamente às destruições que seriam realizadas na na cidade de Jerusalém, quando os judeus fossem levados para Babilônia.
A profecia se referia a dias ainda por vir porque o profeta indaga:
”Aconteceu isto em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?” (v. 2).
No verso 3 há uma convocação para que a palavra desta profecia fosse mencionada às gerações futuras de Judá, para que soubessem que já havia um juízo determinado por Deus sobre as suas iniquidades, que teria cumprimento no tempo devido; e para que as gerações que fossem restauradas depois do cativeiro, tivessem a certeza que Deus não rejeitaria jamais a Israel.
O cativeiro para Babilônia foi feito por levas em épocas distintas, sendo as maiores em 605 e 586 a. C.
Desta forma, a profecia do verso 4, que se refere a gafanhotos que destruiriam Judá e Jerusalém, em fases consecutivas, bem pode ser uma referência à ação dos babilônias sobre os judeus, levando-os ao cativeiro, enquanto destruíam as suas cidades, e o próprio templo de Jerusalém.
Os bêbedos são alertados que ainda viriam a chorar, porque ficariam privados do seu vinho, naqueles dias da visitação da iniquidade de Judá (v. 5).
No verso 6 é afirmada expressamente, a vinda de uma nação poderosa e inumerável sobre Judá, cujos dentes eram como de leões, e que tinham queixadas de uma leoa. O leão era o símbolo de Babilônia, assim como a águia era do Império Romano.
Nos versos 13 e 14, os sacerdotes e os demais ministros de Judá, são conclamados a se humilharem diante do Senhor, vestindo-se de saco, jejuando, e convocando uma assembléia solene com os anciãos e todos os moradores de Judá, no templo de Jerusalém para clamarem ao Senhor.
Certamente para que achassem misericórdia, porque o juízo já estava determinado sobre eles.
Com isto, cessariam os serviços do templo (v. 9), e os campos e toda a terra de Judá seria assolada, e a produção agrícola seria destruída (v. 10 a 11; 15-20); e as árvores de Judá seriam cortadas pelos babilônios (v. 12), e seria grande a tristeza do povo judeu.


“1 Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel, filho de Petuel.
2 Ouvi isto, vós anciãos, e escutai, todos os moradores da terra: Aconteceu isto em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?
3 Fazei sobre isto uma narração a vossos filhos, e vossos filhos a transmitam a seus filhos, e os filhos destes à geração seguinte.
4 O que a locusta cortadora deixou, a voadora o comeu; e o que a voadora deixou, a devoradora o comeu; e o que a devoradora deixou, a destruidora o comeu.
5 Despertai, bêbedos, e chorai; gemei, todos os que bebeis vinho, por causa do mosto; porque tirado é da vossa boca.
6 Porque sobre a minha terra é vinda uma nação poderosa e inumerável. Os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de uma leoa.
7 Fez da minha vide uma assolação, e tirou a casca à minha figueira; despiu-a toda, e a lançou por terra; os seus sarmentos se embranqueceram.
8 Lamenta como a virgem que está cingida de saco, pelo marido da sua mocidade.
9 Está cortada da casa do Senhor a oferta de cereais e a libação; os sacerdotes, ministros do Senhor, estão entristecidos.
10 O campo está assolado, e a terra chora; porque o trigo está destruído, o mosto se secou, o azeite falta.
11 Envergonhai-vos, lavradores, uivai, vinhateiros, sobre o trigo e a cevada; porque a colheita do campo pereceu.
12 A vide se secou, a figueira se murchou; a romeira também, e a palmeira e a macieira, sim, todas as árvores do campo se secaram; e a alegria esmoreceu entre os filhos dos homens.
13 Cingi-vos de saco e lamentai-vos, sacerdotes; uivai, ministros do altar; entrai e passai a noite vestidos de saco, ministros do meu Deus; porque foi cortada da casa do vosso Deus a oferta de cereais e a libação.
14 Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores da terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor.
15 Ai do dia! pois o dia do senhor está perto, e vem como assolação da parte do Todo-Poderoso.
16 Porventura não está cortado o mantimento de diante de nossos olhos? a alegria e o regozijo da casa do nosso Deus?
17 A semente mirrou debaixo dos seus torrões; os celeiros estão desolados, os armazéns arruinados; porque falharam os cereais.
18 Como geme o gado! As manadas de vacas estão confusas, porque não têm pasto; também os rebanhos de ovelhas estão desolados.
19 A ti clamo, ó Senhor; porque o fogo consumiu os pastos do deserto, e a chama abrasou todas as árvores do campo.
20 Até os animais do campo suspiram por ti; porque as correntes d'água se secaram, e o fogo consumiu os pastos do deserto.”



Joel 2

Nós vimos no capítulo anterior que houve uma convocação para que a profecia deste livro fosse lida pelas sucessivas gerações de Judá, e aqui,  entendemos melhor o motivo para tal convocação, porque não seria apenas para que se tomasse conhecimento dos juízos, que ainda viriam sobre Judá, pelas assolações descritas naquele primeiro capítulo e no início deste segundo, como também, pelas promessas de Deus de restauração do Seu povo em épocas futuras, especialmente durante a dispensação da graça, com o derramar do Espírito Santo, e pelo estabelecimento do reino do Messias, por ocasião da segunda vinda de Jesus.
A profecia dos versos 28 e 29, relativa ao derramamento do Espírito Santo em toda a terra, que começou no dia de Pentecostes (leia Atos 2.16-18), é introduzida pela expressão “Acontecerá depois”, ou seja, depois de tudo o que foi narrado nos versos anteriores (1 a 27).
É importante frisar, que o Espírito Santo, mais uma vez, pela boca do profeta, convoca o povo a se humilhar diante de Deus e para Lhe clamar por misericórdia, ainda que as condições descritas se refiram apenas a juízos, ao peso da Sua potente mão disciplinadora sobre o Seu povo, e não a promessas de bênçãos.
O povo é convocado a se converter ao Senhor de todo o coração, com jejuns e com choro e pranto (v. 12), não propriamente pelos justos juízos, mas pelos seus próprios pecados.
Por isso o Senhor lhes chamou a rasgarem o coração e não as vestes, porque o arrependimento sincero se dá no coração e não na aparência exterior, e faz com que se conte com o favor de Deus, porque “é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (v. 12, 13).
Ele é soberano para usar ou não de misericórdia, mas é nosso dever, quando debaixo da Sua potente mão, nos humilharmos diante dEle e nos arrependermos, na expectativa de que nos perdoe e abençoe, segundo a grandeza das Suas misericórdias (v. 14).
Não deveria haver apenas arrependimento individual, mas a nação de Judá deveria se congregar em assembléia solene para que todos, até mesmo meninos, recém-nascidos, recém-casados, enfim, todas as pessoas de Judá, se reunissem no templo (v. 15,16), e que os sacerdotes e ministros chorassem diante do Senhor Lhe pedindo que poupasse o Seu povo da destruição, não somente por causa deles próprios, mas para que o  nome do Senhor não fosse blasfemado entre as nações, por terem assolado o povo da Sua aliança (v. 17).
O profeta vislumbrou que haveria esta humilhação, choro, jejum e clamor por parte do povo, quando estivessem debaixo da ameaça de Babilônia, e então o Senhor se compadeceria deles (v. 18).
Ele lhes deu resposta favorável dizendo que tornaria a fazer com que sua terra, que fora assolada, voltaria a ser produtiva (v. 19); e afastaria o exército opressor que viria do Norte sobre eles (v. 19, 21).
O povo de Judá é conclamado a não temer e a se regozijar com alegria, pelos grandes feitos do Senhor, porque até mesmo os animais do campo não teriam mais o que temerem, porque os pastos do deserto tornariam a reverdecer e as árvores a darem os seus frutos (v. 21, 22).
Os judeus tornariam a ter regularidade de chuvas em sua própria terra (v. 23) e a produção agrícola seria abundante (v. 23, 24), e Deus lhes restituiria  a produção que havia sido perdida nos anos anteriores, que foi prejudicada pelos poderes destruidores da nação opressora que veio sobre Judá (v. 25).
Haveria provisão abundante de bens em Judá para que o nome do Senhor fosse louvado e glorificado, porque removeria o opróbrio do Seu povo (v. 26, 27).
E, a melhor bênção; a maior das melhores, ainda estaria por vir, pois começaria com o derramar do Espírito Santo sobre toda a carne, quando não mais uns poucos escolhidos como, por exemplo, Moisés, Samuel, Elias, e não muitos outros, como o próprio Joel, profetizariam, porque, pelo Espírito, muitos seriam profetas por causa do dom de profecia do Espírito Santo, que seria concedido às gerações futuras do povo de Deus. Pelo mesmo Espírito, os velhos teriam sonhos e os jovens visões espirituais (v. 28).
Isto seria feito independente de condição social, porque até sobre os servos e servas o Espírito Santo seria derramado (v. 29).
Conectado à promessa do derramar do Espírito, nos versos 28 e 29, para a formação da Igreja na dispensação da graça, foi proferida a consequência e o propósito final deste derramar do Espírito, que é o do estabelecimento do reino de Deus na terra, pela volta de Jesus Cristo.
Então, nós temos nos versos subsequentes (30 a 32), descrições das condições que serão precipitadas pelo referido retorno do Senhor, que se encontram citadas em seções escatológicas em outros profetas, como por exemplo, Isaías, e principalmente no livro de Apocalipse.


“1 Tocai a trombeta em Sião, e dai o alarma no meu santo monte. Tremam todos os moradores da terra, porque vem vindo o dia do Senhor; já está perto;
2 dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de negrume! Como a alva, está espalhado sobre os montes um povo grande e poderoso, qual nunca houve, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração:
3 Diante dele um fogo consome, e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden mas atrás dele um desolado deserto; sim, nada lhe escapa.
4 A sua aparência é como a de cavalos; e como cavaleiros, assim correm.
5 Como o estrondo de carros sobre os cumes dos montes vão eles saltando, como o ruído da chama de fogo que consome o restelho, como um povo poderoso, posto em ordem de batalha.
6 Diante dele estão angustiados os povos; todos os semblantes empalidecem.
7 Correm como valentes, como homens de guerra sobem os muros; e marcham cada um nos seus caminhos e não se desviam da sua fileira.
8 Não empurram uns aos outros; marcham cada um pelo seu carreiro; abrem caminho por entre as armas, e não se detêm.
9 Pulam sobre a cidade, correm pelos muros; sobem nas casas; entram pelas janelas como o ladrão.
10 Diante deles a terra se abala; tremem os céus; o sol e a lua escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor.
11 E o Senhor levanta a sua voz diante do seu exército, porque muito grande é o seu arraial; e poderoso é quem executa a sua ordem; pois o dia do Senhor é grande e muito terrível, e quem o poderá suportar?
12 Todavia ainda agora diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto.
13 E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal.
14 Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de cereais e libação para o Senhor vosso Deus?
15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene;
16 congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?
18 Então o Senhor teve zelo da sua terra, e se compadeceu do seu povo.
19 E o Senhor, respondendo, disse ao seu povo: Eis que vos envio o trigo, o vinho e o azeite, e deles sereis fartos; e vos não entregarei mais ao opróbrio entre as nações;
20 e removerei para longe de vós o exército do Norte, e o lançarei para uma terra seca e deserta, a sua frente para o mar oriental, e a sua retaguarda para o mar ocidental; subirá o seu mau cheiro, e subirá o seu fedor, porque ele tem feito grandes coisas.
21 Não temas, ó terra; regozija-te e alegra-te, porque o Senhor tem feito grandes coisas.
22 Não temais, animais do campo; porque os pastos do deserto já reverdecem, porque a árvore dá o seu fruto, e a vide e a figueira dão a sua força.
23 Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, e regozijai-vos no Senhor vosso Deus; porque ele vos dá em justa medida a chuva temporã, e faz descer abundante chuva, a temporã e a serôdia, como dantes.
24 E as eiras se encherão de trigo, e os lagares trasbordarão de mosto e de azeite.
25 Assim vos restituirei os anos que foram consumidos pela locusta voadora, a devoradora, a destruidora e a cortadora, o meu grande exército que enviei contra vós.
26 Comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca será envergonhado.
27 Vós, pois, sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e que não há outro; e o meu povo nunca mais será envergonhado.
28 Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões;
29 e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.
30 E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça.
31 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.
“32 E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; pois no monte Sião e em Jerusalém estarão os que escaparem, como disse o Senhor, e entre os sobreviventes aqueles que o Senhor chamar.”





Joel 3

Depois que Judá fosse restaurada em Sua própria terra, com as bênçãos de Deus descritas no capítulo anterior, o grande propósito de Deus com a formação de Israel, teria  seu cumprimento e clímax nos eventos descritos neste capítulo, relativo às condições que prevalecerão próximo da volta de Jesus, que trará juízos sobre os exércitos coligados e reunidos, no que se chama na profecia de “vale de Jeosafá” ou “vale da decisão”, que sabemos por outras profecias escatológicas  da Bíblia, tratar-se do Vale de Megido, onde se travará a batalha de Armagedom, com os exércitos do Anticristo.
É feito menção ao nome de Jeosafá, rei de Judá,  porque Deus pelejou em seus dias,  contra um grande exército de amonitas, moabitas e edomitas, que vieram em multidão contra ele desde a terra de Edom (II Crôn 20.1,2).
Jeosafá temeu, apregoou um jejum e congregou todo Judá nas imediações do templo, para clamarem ao Senhor por livramento (II Crôn 20.3-6).
Então, a profecia indica que os judeus deverão fazer o mesmo quando Jerusalém estiver sitiada pelos exércitos do Anticristo, que subirão contra ela, pelo território que era ocupado no passado pelos edomitas.
Eles foram ouvidos e o Senhor os livrou desbaratando a força do inimigo. O mesmo sucederá ao Anticristo e às forças que estiverem debaixo do seu comando.
Como o povo de Judá não teve que lutar contra Seus inimigos naquela batalha, porque o Senhor lutou por eles, de igual modo, será o Senhor na Sua segunda vinda, que destruirá as forças do Anticristo que sobem contra Judá e Jerusalém (II Crôn 20.17).
Tiro e Sidon, cidades da antiga Fenícia são ameaçados na profecia, porque eram inimigos históricos de Israel, e representam a hostilidade das nações vizinhas, que tentam destruir Israel em seu próprio território, que virão sobre o povo de Deus nos dias do Anticristo, e receberão o devido juízo do Senhor.
Presentemente, Tiro e Sidon, são cidades do Líbano, que é um dos piores inimigos de Israel na região, situada ao norte de Israel.
A Filístia também é citada na profecia, querendo vir contra Israel para destruí-lo, juntamente com os de Tiro e Sidon.
A Palavra Palestina vem de Filistia, porque o território que era ocupado historicamente pelos filisteus passou a ser ocupado pelos palestinos, que se encontram concentrados ainda hoje nesta área a oeste de Israel e também mesclados em quase todos os territórios ocupados pelos israelitas.
Cabe destacar que até que Cristo volte, importa que Jerusalém seja pisada pelos gentios, conforme consta em várias profecias da Bíblia.
No entanto, sabemos que Jerusalém é a cidade de Davi, a cidade escolhida por Deus para ali estabelecer Seu reino eterno com Israel; então, os gentios serão desarraigados do domínio que exercem ainda presentemente nesta cidade.
Jerusalém se encontra, portanto, ocupada em sua grande parte, por palestinos e povos de outras nações, sendo que os israelitas têm a posse de apenas um terço da referida cidade.
Isto dá cumprimento ao que fora profetizado pelo Senhor muitos séculos antes.
Nós vemos, portanto, como a profecia de Joel aponta de maneira admirável e notável, a eventos que temos testemunhado em nossos dias; isto sinaliza que a volta do Senhor está muito próxima.
Todas estas nações, inclusive o Egito, que é citado no final da profecia, e outras nações da terra, são convocadas a se juntarem no vale da decisão ou de Jeosafá, porque se afirma que é chegada a hora da ceifa pela foice do Senhor (v. 12 a 14), porque o lagar está cheio e transborda com sua grande malícia (iniquidade).
Esta profecia é encontrada em várias passagens escatológicas da Bíblia, principalmente em Apocalipse.
Com certeza, a profecia se refere ao dia da volta do Senhor, no qual sempre se afirma que o sol e a lua escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor (v. 15).
A consequência feliz para os judeus, pela volta do Senhor, é que Judá será habitada para sempre, e Jerusalém, por todas as gerações, porque serão purificados pelo sangue de Jesus, o qual habitará em Sião, reinando sobre toda a terra a partir de Jerusalém, no período do milênio (v. 20, 21).
Jerusalém será assim, livrada para sempre de ser pisada por pessoas que sejam estranhas para Deus, porque não o amam, e que são suas inimigas, e a cidade será então santa, separada para o Senhor, que estará reinando nela bramando como leão, sendo o refúgio e a fortaleza do Seu povo e dos filhos de Israel (v. 16, 17).



“1 Pois eis que naqueles dias, e naquele tempo, em que eu restaurar os exilados de Judá e de Jerusalém,
2 congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam por entre as nações; repartiram a minha terra,
3 e lançaram sortes sobre o meu povo; deram um menino por uma meretriz, e venderam uma menina por vinho, para beberem.
4 E também que tendes vós comigo, Tiro e Sidom, e todas as regiões da Filístia? Acaso quereis vingar-vos de mim? Se assim vos quereis vingar, bem depressa retribuirei o vosso feito sobre a vossa cabeça.
5 Visto como levastes a minha prata e o meu ouro, e os meus ricos tesouros metestes nos vossos templos;
6 também vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém aos filhos dos gregos, para os apartar para longe dos seus termos;
7 eis que eu os suscitarei do lugar para onde os vendestes, e retribuirei o vosso feito sobre a vossa cabeça;
8 pois venderei vossos filhos e vossas filhas na mão dos filhos de Judá, e estes os venderão aos sabeus, a uma nação remota, porque o Senhor o disse.
9 Proclamai isto entre as nações: Preparai a guerra, suscitai os valentes. Cheguem-se todos os homens de guerra, subam eles todos.
10 Forjai espadas das relhas dos vossos arados, e lanças das vossas podadeiras; diga o fraco: Eu sou forte.
11 Apressai-vos, e vinde, todos os povos em redor, e ajuntai-vos; para ali, ó Senhor, faze descer os teus valentes.
12 Suscitem-se as nações, e subam ao vale de Jeosafá; pois ali me assentarei, para julgar todas as nações em redor.
13 Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, os vasos dos lagares trasbordam, porquanto a sua malícia é grande.
14 Multidões, multidões no vale da decisão! porque o dia do Senhor está perto, no vale da decisão.
15 O sol e a lua escurecem, e as estrelas retiram o seu resplendor.
16 E o Senhor brama de Sião, e de Jerusalém faz ouvir a sua voz; os céus e a terra tremem, mas o Senhor é o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel.
17 Assim vós sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o meu santo monte; Jerusalém será santa, e estranhos não mais passarão por ela.
18 E naquele dia os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os ribeiros de Judá estarão cheios de águas; e sairá uma fonte da casa do Senhor, e regará o vale de Sitim.
19 O Egito se tornará uma desolação, e Edom se fará um deserto assolado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente.
“20 Mas Judá será habitada para sempre, e Jerusalém de geração em geração.”
“21 E purificarei o sangue que eu não tinha purificado; porque o Senhor habita em Sião.”






AMÓS


Amós 1

Pastores são profetas não somente no sentido de serem os porta vozes de Deus para o Seu povo, como também devem ter o mesmo caráter e têmpera dos profetas do Velho Testamento.
O que vemos ali são homens destemidos protestando contra o pecado, misturando suas exortações com a misericórdia de Deus e as boas promessas para o remanescente fiel do Seu povo. No entanto, não os vemos se justificando quanto às repreensões e exortações que passavam contra as transgressões dos israelitas, senão, fazendo-as no vigor apropriado conforme eram movidos pelo Espírito.
Não eram as repreensões da carne, e nem de homens perturbados em sua paz de espírito, mas as vigorosas repreensões do próprio Deus através deles, denunciando todas as obras más que eram praticadas pelo Seu povo.
Um pastor verdadeiro não deve portanto, negociar e transigir com a carne, mas deve crucificá-la, mortificá-la, sem qualquer dó ou constrangimento. A natureza humana decaída no pecado é tão terrível que não merece qualquer tipo de consideração ou afago. Deve ser colocada contra a parede e todos devem estar bem conscientes que Satanás poderá achar bons instrumentos até mesmo no melhor dos santos, caso venha a se descuidar da vigilância e da mortificação diária e necessária da carne.
A natureza terrena decaída não necessita de bons conselhos para que melhore, antes deve ser totalmente crucificada, para que sejamos despojados da mesma, e revestidos da nova natureza em Cristo Jesus.
É isto que convém aos pastores, na condição de profetas do Senhor, denunciarem publicamente, doa a quem doer, porque é esta a verdade da qual foram incumbidos pelo Senhor para pregar.
Isto explica o teor e o vigor da profecia de Amós, porque as condições que prevaleciam em Israel nos dias do rei Jeroboão II, apesar de toda a prosperidade material que eles possuíam, era de predomínio da natureza terrena, na prática aberta de toda forma de pecado, sem que Israel tivesse qualquer consideração para com os mandamentos de Deus.
Todavia, o Senhor não tinha uma contenda somente com Israel, mas com todas as nações que andavam em grosseiros pecados.
Isto explica a visão que Amós tivera do Senhor rugindo como um Leão sobre o Monte Sião, pronto a despedaçar a presa, a saber todas as nações contra cujas transgressões Ele protestaria através do profeta.
O rugido do leão na profecia simboliza a proximidade de juízos iminentes porque antes de atacar a sua presa, o leão ruge.
Seis nações estrangeiras seriam atingidas pelos juízos do Senhor e são nomeadas neste capítulo e no início do segundo capítulo, a saber: Síria (v.3 a 5); Palestina – filisteus (v. 6 a 8); Tiro (v. 9, 10); Edom (v. 11,12); Amom (v. 13 a 15) e Moabe (v. 1 a 3 do segundo capítulo).
A crueldade e os danos que haviam sido praticados por estas nações receberia o devido castigo de Deus.
É um modo ingênuo o de se pensar que o Senhor não rege sobre as nações da terra, e que não submete reinos e governantes a juízos, bem como o povo de nações ímpias.
Napoleão Bonaparte, do alto de sua arrogância dizia dispensar o auxílio de Deus, e que não se permitiria jamais enfermar para que não fosse impedida a extensão do seu poder sobre as nações da terra para o aumento da sua glória.
Depois de ter cumprido tudo o que Deus permitiu que Ele fizesse, para que se cumprisse o resultado por Ele esperado, conforme havia determinado em Seu conselho eterno, subjugou a glória efêmera de Napoleão, sujeitando-o à enfermidade e à humilhação às quais se seguiriam a sua morte.
Napoleão aprendeu muito dos tiranos, mas nada aprendeu do temor devido ao Senhor, conforme o juízo que estabeleceu sobre os reis e as nações que se fizeram poderosos por meio do uso da crueldade e da pilhagem, tal como Napoleão fizera em seus dias. Estes juízos estão registrados na Bíblia como advertência para os que são sábios, e que temendo ao Senhor, abandonem a prática da maldade, de forma a não terem que enfrentá-lO no Juízo.
Estes juízos registrados na Bíblia são uma clara exibição da misericórdia de Deus, alertando aos pecadores para que deixem os seus maus caminhos, e que se convertam a Ele, porque mal irá a todo aquele que viver na prática da injustiça.
Deus havia alertado as nações através de um terrível terremoto, que havia ocorrido dois anos antes de Amós iniciar o seu ministério profético. Estes cataclismos bem como todas as catástrofes que ocorrem no mundo, são trombetas de alarme tocadas por Deus chamando os homens a se arrependerem dos seus pecados, porque haverá assolações ainda maiores no dia do Juízo, caso não se arrependam.
O rugir do Senhor como um leão, seguiu-se ao terremoto, através destes juízos que sentenciou através da boca de Amós.
O rugir do leão, como já dissemos anteriormente, é um alerta para os pastores tomarem cuidado com seus rebanhos, para prevenirem que venham a ser destruídos pelo leão.
Deus estava alertando as nações, e continua alertando através desta profecia de Amós.
Deus não condenará sem ter antes avisado, dando oportunidade ao arrependimento. Por isso estes alertas são manifestações da Sua misericórdia, pelos quais demonstra que não tem prazer na morte do ímpio, antes que se converta e viva.
Muitos se equivocam pensando que o Deus dos cristãos é apenas o Deus deles, e não o Deus de toda a terra, como de fato é.
Todos são responsáveis perante Ele e terão que prestar contas de seus atos no dia do Juízo.
Apesar de ser um alerta para muitas pessoas e povos ao longo dos séculos, a profecia de Amós, quanto às nações às quais foi dirigida, inclusive a Israel e Judá, significa que o juízo já estava determinado e não seria retirado, porque a medida da iniquidade das nações citadas na profecia, havia sido completada. Deus havia sido longânimo e lhes havia dado um longo tempo para que se arrependessem, mas eles só fizeram multiplicar os seus pecados.
Esta medida completada de iniquidade, que não poderia fazer com que o juízo deixasse de ser cumprido no tempo determinado pelo Senhor, é expressada com a fórmula: “por três transgressões de... e por quatro, não retirarei o castigo”, ou seja, não dependeria mais do número de transgressões que ainda viessem a ser praticadas, fossem apenas três ou quatro, a saber, por poucas que fossem que ainda viessem a ocorrer, porque haviam se tornado inumeráveis a tal ponto, que não seria por uma redução delas, que o juízo deixaria de lhes sobrevir da parte de Deus.
Assim como o juízo de Deus veio sobre os amorreus somente cerca de 400 anos depois de Abraão, que foi o tempo no qual a iniquidade deles foi completada, de igual modo, o Senhor espera, até que o tempo de cada nação, e o do próprio mundo no tempo do fim, dê por completada a sua iniquidade, que os tornam sujeitos ao Juízo determinado por Ele.
E o juízo atingirá especialmente aquilo que os homens consideram elevado e grandioso, porque é geralmente onde há maior glória mundana onde se encontra maior pecado, porque os reinos injustos se estabelecem pela violência, pela dissimulação, pelo engano, pela traição, pela arrogância. Então se verá entre os nobres, pecados maiores do que aqueles que são achados entre o povo comum da terra.
Então são citadas Damasco, capital da Síria; Bozra a capital e principal cidade de Edom; Gaza, Asdode, Asquelom e Ecrom, que eram as quatro principais cidades confederadas dos filisteus; Tiro, uma das principais cidades da Fenícia; Rabá, a principal cidade de Amom; e Quiriote, a principal de Moabe.
Os castelos, a muralhas, os reis e os príncipes destas nações são citados, como estando prontos para a destruição e para o cativeiro, porque neles e entre eles se achou a maior iniquidade, como é comum de ocorrer.
Tais poderosos não oprimiram somente nações estrangeiras, como o seu próprio povo. Estavam confiados e seguros em seus castelos e muralhas, e naqueles cuja confiança compraram com subornos, pensando que se perpetuariam no poder. Até que lhes veio o anúncio da sentença divina que já se encontrava lavrada contra eles, e da qual não poderiam de modo algum escapar, porque não seria com o homem que teriam que negociar, e que poderiam enganar com suas dissimulações e traições, mas com o próprio Deus, que jamais negocia com o mal.


“1 Palavras que, em visão, vieram a Amós, que era entre os pastores de Tecoa, a respeito de Israel, nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel, dois anos antes do terremoto.
2 Ele disse: O SENHOR rugirá de Sião e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; os prados dos pastores estarão de luto, e secar-se-á o cimo do Carmelo.
3 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Damasco e por quatro, não sustarei o castigo, porque trilharam a Gileade com trilhos de ferro.
4 Por isso, meterei fogo à casa de Hazael, fogo que consumirá os castelos de Ben-Hadade.
5 Quebrarei o ferrolho de Damasco e eliminarei o morador de Biqueate-Áven e ao que tem o cetro de Bete-Éden; e o povo da Síria será levado em cativeiro a Quir, diz o SENHOR.
6 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Gaza e por quatro, não sustarei o castigo, porque levaram em cativeiro todo o povo, para o entregarem a Edom.
7 Por isso, meterei fogo aos muros de Gaza, fogo que consumirá os seus castelos.
8 Eliminarei o morador de Asdode e o que tem o cetro de Asquelom e volverei a mão contra Ecrom; e o resto dos filisteus perecerá, diz o SENHOR.
9 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Tiro e por quatro, não sustarei o castigo, porque entregaram todos os cativos a Edom e não se lembraram da aliança de irmãos.
10 Por isso, meterei fogo aos muros de Tiro, fogo que consumirá os seus castelos.
11 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Edom e por quatro, não sustarei o castigo, porque perseguiu o seu irmão à espada e baniu toda a misericórdia; e a sua ira não cessou de despedaçar, e reteve a sua indignação para sempre.
12 Por isso, meterei fogo a Temã, fogo que consumirá os castelos de Bozra.
13 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões dos filhos de Amom e por quatro, não sustarei o castigo, porque rasgaram o ventre às grávidas de Gileade, para dilatarem os seus próprios limites.
14 Por isso, meterei fogo aos muros de Rabá, fogo que consumirá os seus castelos, com alarido no dia da batalha, com turbilhão no dia da tempestade.
15 O seu rei irá para o cativeiro, ele e os seus príncipes juntamente, diz o SENHOR.”



Amós 2

“1 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Moabe e por quatro, não sustarei o castigo, porque queimou os ossos do rei de Edom, até os reduzir a cal.
2 Por isso, meterei fogo a Moabe, fogo que consumirá os castelos de Queriote; Moabe morrerá entre grande estrondo, alarido e som de trombeta.
3  Eliminarei o juiz do meio dele e a todos os seus príncipes com ele matarei, diz o SENHOR.
4 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Judá e por quatro, não sustarei o castigo, porque rejeitaram a lei do SENHOR e não guardaram os seus estatutos; antes, as suas próprias mentiras os enganaram, e após elas andaram seus pais.
5 Por isso, meterei fogo a Judá, fogo que consumirá os castelos de Jerusalém.
6 Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel e por quatro, não sustarei o castigo, porque os juízes vendem o justo por dinheiro e condenam o necessitado por causa de um par de sandálias.
7 Suspiram pelo pó da terra sobre a cabeça dos pobres e pervertem o caminho dos mansos; um homem e seu pai coabitam com a mesma jovem e, assim, profanam o meu santo nome.
8 E se deitam ao pé de qualquer altar sobre roupas empenhadas e, na casa do seu deus, bebem o vinho dos que foram multados.
9 Todavia, eu destruí diante deles o amorreu, cuja altura era como a dos cedros, e que era forte como os carvalhos; e destruí o seu fruto por cima e as suas raízes por baixo.
10 Também vos fiz subir da terra do Egito e quarenta anos vos conduzi no deserto, para que possuísseis a terra do amorreu.
11 Dentre os vossos filhos, suscitei profetas e, dentre os vossos jovens, nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? — diz o SENHOR.
12 Mas vós aos nazireus destes a beber vinho e aos profetas ordenastes, dizendo: Não profetizeis.
13 Eis que farei oscilar a terra debaixo de vós, como oscila um carro carregado de feixes.
14 De nada valerá a fuga ao ágil, o forte não usará a sua força, nem o valente salvará a sua vida.
15 O que maneja o arco não resistirá, nem o ligeiro de pés se livrará, nem tampouco o que vai montado a cavalo salvará a sua vida.
16 E o mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia, disse o SENHOR.”

O Senhor continua  a declarar a Sua controvérsia com as nações, neste capitulo, sendo aqui citados Moabe, Judá (Reino do Sul) e Israel (Reino do Norte).
Como é comum de ocorrer, estes reinos não se estabeleceram e se firmaram na verdade, senão na mentira, conforme o Senhor declara na profecia.
Magistrados terrenos podem somente julgar ações consumadas, mas o Senhor pesa as intenções dos corações e as leva também a juízo. Quanta hipocrisia há debaixo de aparentes transações lícitas. Quanta intenção em tirar vantagem mediante logro não existe nas transações comerciais, sem que no entanto, possam ser observadas pelas partes prejudicadas! Mas a tudo o Senhor vê e registra em Seus livros para efeito de juízo.
E nisto se aplicaram especialmente os juízes e os príncipes. Costuma-se dizer que o povo tem o governo que merece. Ou então, que tal é o povo, tal é o governante. No entanto, dá-se o oposto, porque se há uma liderança justa, o povo aprenderá a justiça, porque tal o mestre, tal o discípulos, tal o sacerdote, tal o adorador. No entanto, isto não há de ser visto na terra, a saber, um reino justo, com governantes e governados justos, senão somente debaixo do reino milenial de Cristo, pelo qual os justos aguardam, tendo em vista a corrupção da natureza terrena, decorrente do pecado original.
Lembremos sempre que é por causa da mentira pela qual os reinos foram estabelecidos e mantidos na terra, que o Senhor trará o Seu juízo sobre todas as nações, como podemos ver em textos como II Tes 2.9-12.

“9 a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira,”
10 e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos.
11 E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira;
12 para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça.” (II Tes 2.9-12)

Deus criou o homem para viver na verdade e na justiça, mas o mundo escolheu o caminho do diabo, que é o pai da mentira e do engano, e não o caminho de Deus.


Amós 3

As ameaças de juízos deste capÍtulo são dirigidas somente contra Israel (Reino do Norte) e particularmente contra Samaria que era a capital do reino, e onde se concentrava a maior parte dos líderes do povo.
Os israelitas de um modo geral, não faziam o que era reto perante o Senhor e portanto, foram ameaçados com as destruições do cativeiro que lhes viria por parte da Assíria.
Deus puniria todas as iniquidades deles, e apenas um pequeno remanescente seria poupado, conforme a Sua misericórdia.
Eles se fizeram de surdos para todos os alertas que o Senhor lhes dera, especialmente por meio dos Seus profetas, porque nunca punirá sem que tenha advertido antes, dando oportunidade para o arrependimento, por causa da Sua grande longanimidade e misericórdia.
Todavia eles haviam rejeitado tais oportunidades que lhes foram oferecidas, e não se arrependeram, e a tal ponto se especializaram na mentira, na injustiça, no engano, que a ferida do pecado deles havia se tornado incurável, e caso o mal não fosse cortado pela raiz, ele somente faria aumentar, tal como tem ocorrido em nossos dias, em que a iniquidade vai se multiplicando nas mais variadas formas, numa velocidade cada vez maior, não havendo qualquer sinal de uma possibilidade de reversão deste quadro, a não ser pelo retorno de Jesus para estabelecer o Seu juízo em toda a terra.
Um pequeno remanescente, tal como nos dias de Amós, tem sido separado pelo Senhor, para não sofrer os Seus juízos, estes são os que converterão a Ele, pelo trabalho da Igreja fiel de Filadélfia e por todos os cristãos fiéis das demais igrejas citadas nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse.
Para os demais, o juízo já foi lavrado e aguarda somente pelo momento da sua execução, porque a sua chaga se tornou incurável, e não permitirão serem desviados da mentira à qual tanto se acostumaram e passaram a amar, conforme lemos no texto de II Tessalonicenses, pelo qual lhes sobrevirá o juízo do Senhor.
Nos dias de Amós, os altares dos bezerros de ouro, que vinham sendo adorados por cerca de dois séculos, desde o rei Jeroboão I, seriam por fim  destruídos, bem como o culto de adoração e os seus próprios adoradores, no dia que a Assíria viesse sobre eles para levá-los em cativeiro, e para matar a muitos deles (v. 14).
As casas dos ricos, construídas com fino marfim, as casas de veraneio e de inverno, bem como todas as casas que representavam a prosperidade e a glória de Israel seriam totalmente destruídas.
De igual modo, o Senhor tem prometido na Sua Palavra, destruir as torres elevadas (arranha-céus) deste mundo, por ocasião da volta de Cristo, bem como as embarcações luxuosas, e tudo aquilo que represente para os homens a glória deste mundo, na qual eles haviam colocado os seus corações. O Senhor revelará que tinham vivido na mentira, e deixado de lado a verdade, para se entregarem à realização de seus sonhos de busca de fama, grandeza, fortuna e poder, e com isto seduziram a muitos a viverem por um ideal passageiro, cuja fraqueza e insegurança será revelada pela destruição do juízo de Deus no tempo do fim.
Então o que ocorreu no passado, conforme profetizado por Habacuque é um sinal, um aviso da misericórdia de Deus, para aqueles que devem buscar refúgio nEle e na verdade, deixando a prática da mentira e da falsidade.
Amós não somente recebeu palavras de juízo  para serem proferidas, como viu estes juízos sendo estabelecidos pelo Senhor, como também o viu como um grande leão a urrar contra o pecado que habitava de modo terrível nos corações dos homens, e que foi permitido pelo Senhor ao profeta enxergar, para que pudesse protestar com toda a veemência contra a iniquidade, tal como ele a tinha visto com seus olhos espirituais.
De igual modo protestarão com veemência contra os pecados dos homens, todos os pastores cujos olhos foram abertos por Deus, para enxergarem que as pessoas não necessitam de conselhos para melhorarem suas ações, mas serem admoestadas quanto à terrível corrupção de suas naturezas pecaminosas que as levam a amar a mentira em vez da verdade, a injustiça em vez da justiça e a não se consagrarem a Deus com todo o seu coração, força e alma, de modo que possam ser convencidas da necessidade de um novo nascimento, e de um arrependimento sincero e diário, para terem seus pecados lavados no sangue de Cristo. É somente assim que poderão se apresentar de modo digno diante de Deus, sem temerem qualquer juízo, por terem a certeza de terem sido alvo da Sua misericórdia.

O Senhor se mostrará benigno e recompensador para estes que se arrependerem e que voltarem para Ele, mas será como um leão devorador para todos aqueles que persistirem na prática do pecado.


“1 Ouvi a palavra que o SENHOR fala contra vós outros, filhos de Israel, contra toda a família que ele fez subir da terra do Egito, dizendo:
2 De todas as famílias da terra, somente a vós outros vos escolhi; portanto, eu vos punirei por todas as vossas iniquidades.
3 Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?
4 Rugirá o leão no bosque, sem que tenha presa? Levantará o leãozinho no covil a sua voz, se nada tiver apanhado?
5 Cairá a ave no laço em terra, se não houver armadilha para ela? Levantar-se-á o laço da terra, sem que tenha apanhado alguma coisa?
6 Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo se estremeça? Sucederá algum mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?
7 Certamente, o SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.
8 Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o SENHOR Deus, quem não profetizará?
9 Fazei ouvir isto nos castelos de Asdode e nos castelos da terra do Egito e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria e vede que grandes tumultos há nela e que opressões há no meio dela.
10 Porque Israel não sabe fazer o que é reto, diz o SENHOR, e entesoura nos seus castelos a violência e a devastação.
11 Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Um inimigo cercará a tua terra, derribará a tua fortaleza, e os teus castelos serão saqueados.
12 Assim diz o SENHOR: Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas ou um pedacinho da orelha, assim serão salvos os filhos de Israel que habitam em Samaria com apenas o canto da cama e parte do leito.
13 Ouvi e protestai contra a casa de Jacó, diz o SENHOR Deus, o Deus dos Exércitos:
14 No dia em que eu punir Israel, por causa das suas transgressões, visitarei também os altares de Betel; e as pontas do altar serão cortadas e cairão por terra.
15 Derribarei a casa de inverno com a casa de verão; as casas de marfim perecerão, e as grandes casas serão destruídas, diz o SENHOR.”



Amós 4

Basã ficava ao Norte da Transjordânia, ou seja, do lado leste do rio Jordão, onde a meia tribo de Manassés havia recebido herança nos dias de Moisés, quando aquelas terras foram tomadas do rei Ogue dos amorreus. Como os manassitas possuíam muito gado, solicitaram a Moisés a posse daquelas terras, porque eram excelentes para o manejo de gado.
Por séculos, Basã havia garantido a riqueza para muitos que viviam dos rebanhos que prosperavam naquelas terras da região de Gileade.
Como o gado de Basã era gordo e próspero, o Senhor comparou as mulheres da capital de Samaria às vacas daquelas terras, porque haviam engordado à custa da opressão do pobres e dos necessitados, porque constrangiam seus maridos a sustentar e manter o fausto em que elas viviam, na condição de mulheres de príncipes e de nobres.
O Senhor pronunciou então contra elas um terrível juízo através do profeta Amós lhes dizendo que estavam por vir sobre elas os dias em que seriam levadas com seus maridos em anzóis e fisgas de pesca, porque os assírios tinham o hábito cruel de subjugarem os povos conquistados fazendo com que se colocassem em marcha para o cativeiro, presos uns aos outros com anzóis presos em suas narinas, de modo que se alguém deixasse de acompanhar o passo daquele que ia tanto à sua dianteira quanto à traseira, teria fatalmente ferimentos ainda mais dolorosos em suas narinas.
O Senhor havia comparado tais mulheres ao gado de Basã, porque este era um costume para se manejar tais animais, colocando anzóis em suas narinas.
Israel não havia emendado o seu caminho mesmo depois dos poderosos feitos e juízos que o Senhor havia realizado entre eles com os profetas Elias e Eliseu.
Betel, que dantes fora um lugar dedicado à pura adoração do Senhor, havia se corrompido num centro de adoração do bezerro de ouro, ali colocado por Jeroboão I.
E Gilgal que foi a cidade a partir da qual o Senhor havia removido o opróbrio dos israelitas, desde a saída deles do Egito, tornando-se o quartel general em que haviam acampado para partirem para as batalhas que teriam que empreender em Canaã, e na qual havia também uma casa de profetas, tanto quanto em Betel, não manteve nem por isso, a adoração devida ao Senhor, e a haviam transformado num lugar de adoração para apresentação de sacrifícios tanto como faziam em Betel, sabendo que isto lhes era vedado, porque todos os sacrifícios podiam ser oferecidos somente no templo de Jerusalém.
Todavia, eles fizeram com que as motivações políticas interesseiras deles, sobrepujassem a obrigação religiosa que tinham para com o Senhor, porque temiam perder cidadãos do Reino do Norte (Israel) para o Reino do Sul (Judá) na peregrinação deles para a adoração no templo de Jerusalém, que ficava em Judá.
Então os sacrifícios e os dízimos que eles ofertavam eram impuros diante do Senhor, e portanto, não eram aceitáveis a Ele (v. 4,5).
Eles não foram capazes de identificar que era vã e profana a religiosidade deles, porque em vez das bênçãos prometidas na Lei de Moisés, para o caso de obediência da nação, o Senhor lhes estava visitando com juízos deixando-os sem alimentos em suas cidades, com o fim de se converterem a Ele (v. 6).
E para a mesma finalidade havia retido a chuva por três meses antes da ceifa, e havia feito chover de modo irregular sobre as cidades, a ponto de terem ficado até mesmo sem água para beber, e ainda assim, não haviam se convertido.
Dá-se o mesmo com os cristãos que não conseguem identificar na aridez espiritual de suas vidas nas quais não há mais o mover da água viva do Espírito, e a falta do alimento do pão vivo que sacia a fome espiritual, a Palavra de Deus habitando ricamente em nós, que tal se deve à falta de um sincero arrependimento diário, e de um andar em conformidade com a vontade do Senhor.
Converter-se é voltar-se para o Senhor, depois de ter andado por um tempo dando-Lhe as costas para a Sua vontade.
Todavia, a misericórdia para com os israelitas não se limitou à advertência da falta das bênçãos citadas, como também fez com que a lavoura deles fosse duramente atingida por doenças e pragas, mas nem com isto se converteram a Deus (v. 9).
Ao primeiro sinal de aflição produzida por pecados, quando a alma é lançada em profundezas de escuridão que nos privam da paz, alegria, e amor que são decorrentes da nossa comunhão com Deus, devemos clamar por misericórdia a Ele, e nos submetermos aos Seus juízos na expectativa de que volte a nos abençoar.
Contudo os israelitas estavam bastante endurecidos para fazê-lo, e através destas palavras, o Senhor comprovou que a chaga deles era incurável, e não poderiam escapar do grande juízo do cativeiro que já estava determinado, porque recusavam a se arrepender e se converter a Ele.
Tanto que mesmo quando o Senhor lhes enviou a peste que dizimou muitos israelitas, e também quando permitiu que fossem mortos pela espada de seus inimigos, havendo grande cheiro de podridão em seus arraiais (v. 10); e mesmo quando subverteu a alguns israelitas tal como havia feito a Sodoma e Gomorra (v. 11), nem com isso se converteram.
Eles haviam se recusado a se arrependerem com os juízos que tiveram que enfrentar decorrentes de infortúnios naturais, então teriam que enfrentar o próprio Deus em juízo (v. 12), e não poderiam escapar de modo algum do Seu grande poder e majestade.
O mesmo ocorre na disciplina da Igreja, quando crentes rebeldes se recusam a se arrepender pelo confronto direto do irmão a quem ofenderam, ou mesmo diante de duas ou três testemunhas, e ainda diante de toda a Igreja, por fim serão não somente excluídos da comunhão, como ficarão sujeitos a uma disciplina que lhes será aplicada diretamente da parte do Senhor entregando-os a Satanás para destruição da carne, ou mesmo castigando-os com a morte física, tal como havia feito com muitos crentes rebeldes da Igreja de Corinto, o que será removido, somente caso se arrependam.

Faríamos bem em sempre lembrar das palavras do Senhor através do autor de Hebreus:

“28 Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor;
29 pois o nosso Deus é um fogo consumidor.” (Hb 12.28,29)

“1 Ouvi esta palavra, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria, oprimis os pobres, esmagais os necessitados e dizeis a vosso marido: Dá cá, e bebamos.
2 Jurou o SENHOR Deus, pela sua santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e as vossas restantes com fisga de pesca.
3 Saireis cada uma em frente de si pelas brechas e vos lançareis para Hermom, disse o SENHOR.
4 Vinde a Betel e transgredi, a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e, cada manhã, trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos dízimos;
5 e oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai ofertas voluntárias, e publicai-as, porque disso gostais, ó filhos de Israel, disse o SENHOR Deus.
6 Também vos deixei de dentes limpos em todas as vossas cidades e com falta de pão em todos os vossos lugares; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
7 Além disso, retive de vós a chuva, três meses ainda antes da ceifa; e fiz chover sobre uma cidade e sobre a outra, não; um campo teve chuva, mas o outro, que ficou sem chuva, se secou.
8 Andaram duas ou três cidades, indo a outra cidade para beberem água, mas não se saciaram; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
9 Feri-vos com o crestamento e a ferrugem; a multidão das vossas hortas, e das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras, devorou-a o gafanhoto; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
10 Enviei a peste contra vós outros à maneira do Egito; os vossos jovens, matei-os à espada, e os vossos cavalos, deixei-os levar presos, e o mau cheiro dos vossos arraiais fiz subir aos vossos narizes; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
11 Subverti alguns dentre vós, como Deus subverteu a Sodoma e Gomorra, e vós fostes como um tição arrebatado da fogueira; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
12  Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus.
13 Porque é ele quem forma os montes, e cria o vento, e declara ao homem qual é o seu pensamento; e faz da manhã trevas e pisa os altos da terra; SENHOR, Deus dos Exércitos, é o seu nome.”



Amós 5

O Senhor declarou qual seria a proporção de israelitas que permaneceriam na terra de Israel: apenas dez por cento deles, porque os demais seriam levados para o cativeiro.
Isto seria feito pelos assírios, que os levariam para uma terra estranha, para além da cidade de Damasco da Síria. Como eles adoravam falsos deuses, então seriam levados para terras onde somente deuses estranhos e falsos eram adorados.
Todavia, o Senhor manifestou que teria misericórdia destes que se convertessem a Ele, ainda que em número reduzido, e por isso lhes exortou através do profeta a que O buscassem e abandonassem o culto idolátrico que Betel, Berseba e Gilgal, haviam aprendido por tradição com seus pais (v. 4 a 6).
Aqueles que estivessem colocando a sua esperança na força política e militar de Israel, seriam apanhados por súbita destruição porque o Senhor faz vir destruição sobre o forte e ruína sobre a fortaleza (v. 9).
Afinal, como poderia ter confiança e segurança quem convertia o juízo em alosna e deitava a justiça por terra? (v. 7)
Aborrecendo a repreensão e abominando a verdade e pisando os pobres para habitarem em casas luxuosas lavradas em pedra, e para beberem vinho das videiras que haviam plantado, sendo muitas as suas transgressões e pecados, afligindo os justos, e tomando suborno e rejeitando os necessitados, como poderiam esperar um viver abençoado pelo Senhor?
Em tais dias de iniquidade multiplicada, a prudência recomenda que haja silêncio diante do Senhor, porque Ele está pronto a agir em tais dias maus (v. 13).
O prudente buscará o bem e não o mal, para que tenha vida perante o Senhor, pela manifestação da Sua presença em comunhão, e não para juízo  (v. 14).
Quando nações se conduzem através da prática da iniquidade, ainda que de maneira dissimulada, dificilmente há cura para este mal, cuja tendência é a de aumentar e não de diminuir. Este era o caso das nações citadas na profecia de Amós, e dentre elas a própria nação de Israel.
Então a promessa de misericórdia não foi dirigida a todos os israelitas, aos quais o profeta chama de “casa de José”, mas ao restante, ou seja ao remanescente que se converteria a Ele (v. 15).
Quanto aos demais, havia somente promessas de aflições, ou seja, de ais, porque em todas as praças e ruas de Israel, bem como em suas lavouras, haveria pranto e choro, por causa das assolações que sofreriam da parte dos assírios (v. 16, 17).
Antes de Amós, o profeta Joel havia profetizado acerca do dia do Senhor, e apesar de ter dito em seu livro que era um dia terrível e de trevas, porque se refere ao dia da volta de Jesus, quando Deus manifestará grandes juízos contra os ímpios em toda a terra, os israelitas, desejavam pela chegada daquele dia no qual pensavam que se referia ao derramar do Espírito Santo prometido pelos profetas. No entanto, este dia se seguiria a este grande evento, quando da volta do Senhor, mas como reafirmado por Amós é dia de trevas e não de luz, porque é dia de acerto de contas contra o pecado (v. 18 a  20).
 Como poderiam os israelitas ser beneficiados neste Grande dia por vir, vivendo deliberadamente na prática do pecado?
Como poderiam ter esperanças de boas promessas sendo cumpridas neste dia em relação a eles, enquanto baseavam a sua adoração a Deus em cultos idolátricos, e festas carnais nas quais o Senhor não tinha nenhum prazer, assim como em suas ofertas e holocaustos? (v. 21, 22)
O louvor deles era um aborrecimento para o Senhor, e por isso lhes disse que era melhor pararem com os seus cânticos e com as melodias das suas liras (v. 23). O mal não estava em cantarem e tocarem, mas fazê-lo a pretexto de louvor enquanto viviam no pecado.
Desde os dias de Moisés, enquanto peregrinavam no deserto, os israelitas não apresentaram sacrifícios e ofertas de coração ao Senhor, reconhecendo o significado daqueles sacrifícios e ofertas que representavam a purificação do pecado e a consagração da vida purificada ao Senhor. Ao contrário, fizeram daquelas ofertas e sacrifícios uma oferenda a divindades falsas estrangeiras (v. 25, 26).
Deus não queria portanto religiosidade externa, mas prática da justiça e do juízo, e que estes fossem permanentes como um rio perene (v. 24).
Contudo, como uma nação se ocupará disto quando o pecado habita no coração e escraviza e vicia aquele que se deixa dominar por ele, e não pelo Senhor?


“1 Ouvi esta palavra que levanto como lamentação sobre vós, ó casa de Israel:
2 Caiu a virgem de Israel, nunca mais tornará a levantar-se; estendida está na sua terra, e não há quem a levante.
3 Porque assim diz o SENHOR Deus: A cidade da qual saem mil conservará cem, e aquela da qual saem cem conservará dez à casa de Israel.
4 Pois assim diz o SENHOR à casa de Israel: Buscai-me e vivei.
5 Porém não busqueis a Betel, nem venhais a Gilgal, nem passeis a Berseba, porque Gilgal, certamente, será levada cativa, e Betel será desfeita em nada.
6 Buscai ao SENHOR e vivei, para que não irrompa na casa de José como um fogo que a consuma, e não haja em Betel quem o apague.
7 Vós que converteis o juízo em alosna e deitais por terra a justiça,
8 procurai o que faz o Sete-estrelo e o Órion, e torna a densa treva em manhã, e muda o dia em noite; o que chama as águas do mar e as derrama sobre a terra; SENHOR é o seu nome.
9 É ele que faz vir súbita destruição sobre o forte e ruína contra a fortaleza.
10 Aborreceis na porta ao que vos repreende e abominais o que fala sinceramente.
11 Portanto, visto que pisais o pobre e dele exigis tributo de trigo, não habitareis nas casas de pedras lavradas que tendes edificado; nem bebereis do vinho das vides desejáveis que tendes plantado.
12 Porque sei serem muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais suborno e rejeitais os necessitados na porta.
13 Portanto, o que for prudente guardará, então, silêncio, porque é tempo mau.
14 Buscai o bem e não o mal, para que vivais; e, assim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos, estará convosco, como dizeis.
15 Aborrecei o mal, e amai o bem, e estabelecei na porta o juízo; talvez o SENHOR, o Deus dos Exércitos, se compadeça do restante de José.
16 Portanto, assim diz o Senhor, o SENHOR, Deus dos Exércitos: Em todas as praças haverá pranto; e em todas as ruas dirão: Ai! Ai! E ao lavrador chamarão para o pranto e, para o choro, os que sabem prantear.
17 Em todas as vinhas haverá pranto, porque passarei pelo meio de ti, diz o SENHOR.
18 Ai de vós que desejais o Dia do SENHOR! Para que desejais vós o Dia do SENHOR? É dia de trevas e não de luz.
19 Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando a mão à parede, fosse mordido de uma cobra.
20 Não será, pois, o Dia do SENHOR trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade?
21 Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer.
22 E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados.
23 Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras.
24 Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene.
25 Apresentastes-me, vós, sacrifícios e ofertas de manjares no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
26 Sim, levastes Sicute, vosso rei, Quium, vossa imagem, e o vosso deus-estrela, que fizestes para vós mesmos.
27 Por isso, vos desterrarei para além de Damasco, diz o SENHOR, cujo nome é Deus dos Exércitos.”



Amós 6

A longanimidade do Senhor esperou cerca de 200 anos até expulsar os israelitas por toda a terra pelas mãos dos reis assírios, em 732 a. C. (cativeiro da Galileia, Gileade e Naftali) e em 722 a. C. (cativeiro de Samaria e de todas as demais cidades de Israel – Reino do Norte).
Quando ocorreu a primeira leva de cativos de Israel nos dias do rei Peca, reinava em Judá o rei Jotão, filho do rei Uzias.
E quando ocorreu a segunda leva, que correspondeu ao fim do Reino do Norte, nos dias do rei Oseias, reinava em Judá o rei Acaz, filho do rei Jotão.
A profecia de Amós predisse que os primeiros a serem levados em cativeiro seriam os nobres de Israel (v. 7), não somente para que se impusesse uma maior humilhação sobre eles, como também para derrubar a sua arrogância, porque estavam confiados que nenhum mal lhes sucederia por causa do seu próprio poder.
Geralmente é o que costuma ocorrer, porque os poderosos são cegados pela falsas deusas fortuna e segurança mundana, que não lhes permitem enxergarem quão incerta é a nossa vida neste mundo, e ainda mais quando não andamos nos caminhos do Senhor, tal como faziam aqueles nobres de Israel.
Não há nenhum mal em ser nobre. Não há nenhum mal em se ter riquezas. O grande mal é o orgulho e a arrogância que podem tomar com facilidade os corações dos poderosos.
Por isso Jesus disse quão dificilmente um rico entra no reino dos céus. Não porque seja rico, mas por causa da dureza do seu coração que confia inteiramente na riqueza, e que se recusa a se humilhar diante do Senhor, reconhecendo que o melhor de nós está debaixo da Sua ira por causa do pecado, sendo livrados da condenação, e resgatados da maldição por causa da misericórdia de Deus, que se apoia no sacrifício de Jesus, que morreu em nosso lugar na cruz, para pagar a nossa dívida de pecados.
Deste modo, tal como Jesus havia dirigido um “ai!” contra os ricos (Lc 6.24), Amós também lançou um “ai!” contra os poderosos de Sião (Judá) e contra os de Samaria (Israel), porque andavam confiados na segurança de suas riquezas e poder (v. 1).
Deus já havia conduzido ao cativeiro nações mais poderosas do que os israelitas, como por exemplo a grande Hamate, uma das principais cidades da Síria, e Gate, uma das grandes dos filisteus, e como poderiam estar confiados que seriam livrados do cativeiro, vivendo nos mesmos pecados em que haviam vivido aquelas nações?
A mesma presunção atinge muitos crentes da Igreja de Cristo, que pensam que por serem do Senhor, não estão sujeitos a serem julgados por Ele, ainda que não para uma condenação eterna, senão corretiva, quando andam nos mesmos pecados em que andam os gentios, ou seja, aqueles que não conhecem a Deus.
O juízo estava às portas destes poderosos de Judá e de Israel, mas eles não podiam discerni-lo por causa do endurecimento no pecado, que cega, de modo que continuavam vivendo folgadamente como que se nenhum mal pudesse lhes sobrevir (v. 3 a 6).
Por muitos modos e meios o Senhor havia revelado ao Seu povo que odiava a soberba e que amava a humildade. Contudo, eles amaram a soberba e desprezaram a humildade.
 Então o Senhor declarou expressamente pelo profeta Amós que abominava a soberba de Jacó (Israel e Judá) e odiava os seus castelos, e por isso abandonaria a cidade e tudo o que nela havia.
Eles se ocuparam em fazer de seus bens terrenos o único deus deles. Era nestas coisas terrenas passageiras em que eles colocavam a sua fé e esperança, e tinham ao Senhor como nada.
Construíram castelos como símbolo da própria fortaleza e segurança deles. Por isso o Senhor disse o que faria tanto a eles quanto aos seus castelos (v. 8).
Tal seria a assolação que o Senhor faria em Israel e em Judá que caso restassem dez homens numa casa destes nobres, Ele também os mataria (v. 9), e quando alguém fosse retirar os seus cadáveres, e perguntasse a quem estivesse no mais interior, procurando por outros corpos, se havia mais alguma pessoa viva em sua companhia, e este dissesse que não, então deveria ficar calado e nada mais mencionar e nem sequer mencionar o nome do Senhor, porque com certeza poderiam saber que aquela ruína havia procedido dEle, conforme esta palavra que lhes estava dando com antecedência através do profeta Amós (v. 9, 10).
Porque as casas dos poderosos seriam feitas em ruínas e as pequenas em pedaços (v. 11).
Israel havia feito uma coisa difícil e surpreendente. Apesar de terem recebido leis justas para cumprirem da parte do Senhor, e de terem sido eleitos para serem o povo da Sua aliança, no entanto, haviam transformado o juízo em veneno e o fruto da justiça em alosna, ou seja, em coisas amargas e destinadas a produzir morte e não vida.
Isto era para o Senhor algo de fato extraordinário, tal como se fosse possível correr com cavalos na rocha escalvada, ou então lavrá-la com bois (v. 12).

O orgulho deles na sua própria força seria portanto quebrantado pelo juízo da nação poderosa que o Senhor traria sobre eles para oprimi-los (v. 13, 14).


“1 Ai dos que andam à vontade em Sião e dos que vivem sem receio no monte de Samaria, homens notáveis da principal das nações, aos quais vem a casa de Israel!
2 Passai a Calné e vede; e, dali, ide à grande Hamate; depois, descei a Gate dos filisteus; sois melhores que estes reinos? Ou será maior o seu território do que o vosso território?
3 Vós que imaginais estar longe o dia mau e fazeis chegar o trono da violência;
4 que dormis em camas de marfim, e vos espreguiçais sobre o vosso leito, e comeis os cordeiros do rebanho e os bezerros do cevadouro;
5 que cantais à toa ao som da lira e inventais, como Davi, instrumentos músicos para vós mesmos;
6 que bebeis vinho em taças e vos ungis com o mais excelente óleo, mas não vos afligis com a ruína de José.
7 Portanto, agora, ireis em cativeiro entre os primeiros que forem levados cativos, e cessarão as pândegas dos espreguiçadores.
8 Jurou o SENHOR Deus por si mesmo, o SENHOR, Deus dos Exércitos, e disse: Abomino a soberba de Jacó e odeio os seus castelos; e abandonarei a cidade e tudo o que nela há.
9  Se numa casa ficarem dez homens, também esses morrerão.
10  Se, porém, um parente chegado, o qual os há de queimar, toma os cadáveres para os levar fora da casa e diz ao que estiver no seu mais interior: Haverá outro contigo? E este responder: Não há; então, lhe dirá: Cala-te, não menciones o nome do SENHOR.
11 Pois eis que o SENHOR ordena, e será destroçada em ruínas a casa grande, e a pequena, feita em pedaços.
12  Poderão correr cavalos na rocha? E lavrá-la com bois? No entanto, haveis tornado o juízo em veneno e o fruto da justiça, em alosna.
13 Vós vos alegrais com nada e dizeis: Não é assim que, por nossas próprias forças, nos tornamos poderosos?
14 Pois eis que levantarei sobre vós, ó casa de Israel, uma nação, diz o SENHOR, Deus dos Exércitos, a qual vos oprimirá, desde a entrada de Hamate até ao ribeiro da Arabá.”




Amós 7

A presença de Amós em Israel, sendo um profeta de Judá, significava misericórdia para eles, uma vez que o juízo estava sendo abreviado por causa da sua presença em Israel.
Contudo, como suas palavras eram ameaçadoras, então, não podiam enxergar que um profeta entre o povo é bênção, e não maldição, mesmo quando sua função é a de repreender e exortar e não de consolar.
Amós teve visões de juízos do Senhor vindo sobre Israel, sob a forma de gafanhotos que davam sobre a lavoura e destruíam toda a erva serôdia; no entanto, a visão não se cumpriu porque Amós intercedeu junto ao Senhor rogando-lhe que perdoasse Israel porque era pequeno. Então o Senhor suspendeu o juízo e disse que não aconteceria (v. 1 a 3).
Amós viu também o Senhor chamando fogo para exercer a sua justiça, e este devorava não somente o abismo como o povo do Senhor. Então rogou mais uma vez pedindo que fizesse cessar aquele fogo porque Israel não poderia subsistir a ele. Nisto também o Senhor voltou atrás (v. 4 a 6).
Quantas vezes sentimos em nossas vidas e igrejas estes gafanhotos e fogo espirituais consumindo o nosso vigor espiritual. Transformando a nossa alegria no Espírito em tristeza. Mas quando clamamos a Deus pedindo-Lhe que perdoe os nossos pecados, não raro Ele usa da mesma misericórdia para conosco, suspendendo os juízos que estavam prontos para nos devorar.
Todavia, ainda que restaurados e perdoados, Deus nunca removerá o prumo que Ele traz em Sua mão, pelo qual é medida a nossa retidão perante Ele (v. 7,8).
O prumo divino sempre revelará qual é a verdadeira condição de nossos corações e de nossas igrejas. Ele revelará se temos andado ou não na verdade. Se temos vivido e andado no Espírito.
E se formos achados encurvados pelo pecado e não retos, o Senhor se ausentará de nós, porque não é possível ter comunhão com Ele senão somente andando em retidão, porque Ele é inteiramente reto, e não há no Seu caráter a mínima inclinação para o mal.
Os gafanhotos não viriam, e nem o fogo que havia destruído Sodoma e Gomorra, mas seria mantido o juízo da assolação dos palácios, dos castelos, das casas dos nobres, dos santuários dedicados a deuses falsos e ao bezerro de ouro em Israel, bem como Deus levantaria a espada contra a casa do rei Jeroboão II (v. 9).
Nisto, escandalizou-se e levantou-se o sacerdote do culto ao bezerro de Betel, chamado Amazias que mandou dizer ao rei Jeroboão que Amós havia vindo de Judá para conspirar contra o seu reino em Israel (v. 10).
E que havia profetizado que Jeroboão morreria à espada e que Israel seria levado em cativeiro (v. 11).
Possivelmente, com autorização do rei, Amazias se apresentou pessoalmente a Amós e lhe ordenou que voltasse para Judá e que profetizasse apenas em sua própria terra (v. 12).
E disse que dali por diante estava lhe proibindo de continuar profetizando em Betel (v. 13).
Todavia Amós não se deixou intimidar porque estava revestido da força do Espírito do Senhor e continuou profetizando na face de Amazias as coisas que ainda sucederiam, depois de ter-lhe dito que não era procedente de nenhuma das casas de  profetas de Judá, sendo seu ofício o de agricultor e pecuarista, mas que fora levantado pelo Senhor para profetizar à nação de Israel (v. 14, 15).
Amazias estava portanto não tentando calar ao homem Amós, mas ao próprio Deus de Israel que falava por Ele, e certamente o Senhor não se calaria, e por isso profetizou através de Amós contra o próprio Amazias e à sua casa, dizendo-lhe que a sua mulher se prostituiria na cidade, e que seus filhos e filhas  morreriam à espada, e que a sua herança seria repartida a cordel a outros, e ele também seria morto numa terra imunda, e isto era tão certo tal como Israel seria levado em cativeiro para fora da sua própria terra (v. 16, 17).
Se Amazias fosse de fato um sacerdote interessado no bem estar do povo e do reino de Israel, ele deveria ensinar os nobres e o povo a andarem nos caminhos do Senhor, conforme tudo o que lhes havia sido prescrito na Lei de Moisés.
O que ele amava de fato não era o rei e nem o povo, mas a sua própria honra e fortuna, pela posição de ser o sacerdote supremo do culto idolátrico que havia em Israel.
Estes que podem ser considerados grandes a seus próprios olhos e diante dos homens, serão apanhados pelo juízo de Deus, e então se verá quão pequenos e desonrados eles eram aos olhos do Senhor.


“1 Isto me fez ver o SENHOR Deus: eis que ele formava gafanhotos ao surgir o rebento da erva serôdia; e era a erva serôdia depois de findas as ceifas do rei.
2 Tendo eles comido de todo a erva da terra, disse eu: SENHOR Deus, perdoa, rogo-te; como subsistirá Jacó? Pois ele é pequeno.
3 Então, o SENHOR se arrependeu disso. Não acontecerá, disse o SENHOR.
4 Isto me mostrou o SENHOR Deus: eis que o SENHOR Deus chamou o fogo para exercer a sua justiça; este consumiu o grande abismo e devorava a herança do SENHOR.
5 Então, disse eu: SENHOR Deus, cessa agora; como subsistirá Jacó? Pois ele é pequeno.
6 E o SENHOR se arrependeu disso. Também não acontecerá, disse o SENHOR Deus.
7 Mostrou-me também isto: eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão.
8 O SENHOR me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então, me disse o Senhor: Eis que eu porei o prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais passarei por ele.
9 Mas os altos de Isaque serão assolados, e destruídos, os santuários de Israel; e levantar-me-ei com a espada contra a casa de Jeroboão.
10 Então, Amazias, o sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós tem conspirado contra ti, no meio da casa de Israel; a terra não pode sofrer todas as suas palavras.
11 Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel, certamente, será levado para fora de sua terra, em cativeiro.
12 Então, Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o teu pão, e ali profetiza;
13 mas em Betel, daqui por diante, já não profetizarás, porque é o santuário do rei e o templo do reino.
14 Respondeu Amós e disse a Amazias: Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros.
15 Mas o SENHOR me tirou de após o gado e o SENHOR me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel.
16 Ora, pois, ouve a palavra do SENHOR. Tu dizes: Não profetizarás contra Israel, nem falarás contra a casa de Isaque.


17 Portanto, assim diz o SENHOR: Tua mulher se prostituirá na cidade, e teus filhos e tuas filhas cairão à espada, e a tua terra será repartida a cordel, e tu morrerás na terra imunda, e Israel, certamente, será levado cativo para fora da sua terra.”




Amós 8

A Palavra do Senhor é cura e vida para o Seu povo.
Todavia, Israel havia desprezado a Palavra a tal ponto, que se encontrava morto em delitos e pecados.
Como tinham prosperidade material e saúde física desprezavam a Palavra de Deus e se entregavam à prática da iniquidade e da idolatria.
Mas quando fossem levados para o cativeiro, e quando ficassem muito longe de Jerusalém, onde se encontravam os sacerdotes e levitas do Senhor, eles teriam fome e sede da Palavra verdadeira para que fossem curados, mas não a achariam (v. 11,12).
O mesmo ocorre ainda hoje, quando igrejas inteiras ficam desoladas sem a presença do Senhor e sujeitas aos Seus juízos por desprezarem a Sua Palavra e um viver segundo a mesma Palavra.
E nem sempre quando se esforçam para voltar aos caminhos do Senhor, conseguem achar a verdadeira Palavra disponível a eles, e com a capacidade de discerni-la e entendê-la porque andaram muito tempo endurecidos ao Espírito e à disciplina do Senhor, pela rejeição da aplicação da Palavra às suas próprias vidas.
Israel seria banido da presença do Senhor para não mais ser povo. E isto de fato ocorreu, porque Judá iria para o cativeiro somente mais de um século depois deles terem sido dispersados pela Assíria. Mas a Judá seria dado ser de novo restaurada em sua própria terra.
Os israelitas do Reino do Norte haviam se tornado como as demais nações pagãs, de tanto que haviam se afastado de Deus e da Sua Palavra.
Os mandamentos do Senhor eram um estorvo para eles.
Eles estavam maduros de podres e não podiam enxergar a sua real condição perante o Senhor, mas este revelou a Amós em visão tal condição ao lhe mostrar um cesto cheio com frutos de verão. Os frutos estavam no cesto porque estavam maduros e portanto, haviam sido colhidos. De igual modo, Israel estava maduro para ser colhido pelo juízo de Deus, e tal seria inevitável.
Tal amadurecimento, estava comprovado por suas más obras, do mesmo modo que podemos observar quais são as características de um fruto que está maduro.
Eles pensavam que o Senhor jamais os julgaria, e que suspenderia qualquer juízo mais severo contra eles, porque afinal haviam vivido durante dois séculos na mais grosseira idolatria, e continuavam prosperando em sua própria terra.
Contudo, esqueciam-se que usaram toda a benignidade que o Senhor lhes concedera para prosperarem, para multiplicarem ídolos e não para servi-lo com um coração reto.
Então, com a visão dos frutos maduros, o profeta lhes revelaria da parte do Senhor que o final deles havia chegado, tal como se espera por um certo período para que os frutos amadureçam, do mesmo modo o Senhor havia agido com eles, por causa da Sua longanimidade. Não foi por terem prosperado materialmente por tanto tempo que deveriam se sentir seguros, porque enquanto isto a iniquidade estava aumentado e lhes amadurecendo para o juízo de Deus.
E assim que o juízo fosse consumado o Senhor disse que jamais tornaria a passar por eles novamente, ou seja, eles deixariam de ser povo, e seriam entregues por Ele ao poder dos assírios para serem destruídos.
Deus poria um fim aos cânticos e sacrifícios deles em honra aos bezerros de ouro. Aquelas canções profanas não subiriam mais aos ouvidos santos do Senhor.
Então, em vez de cânticos de alegria carnal, eles entoariam lamentações.
Quantos louvores profanos de uma alegria carnal são oferecidos em nome de Deus, mas Ele não pode suportá-los porque não há nenhuma santidade tanto nos cânticos quanto naqueles que cantam.
Seus templos profanos seriam destruídos e eles dariam uivos de dor.
Tantos seriam os mortos que não haveria dinheiro que pudesse lhes garantir um funeral digno, e muitos temeriam se aproximar de seus cadáveres para não serem infectados por eles.
Deus poria um fim na ganância dos israelitas que só pensavam em obter lucro injusto, a ponto de venderem seus próprios irmãos como escravos, e aborrecendo o dia de sábado e das festas fixas como a da lua nova, em que era proibido comerciar em Israel, porque eles não tinham o mínimo apreço pela Lei do Senhor e só pensavam em seus próprios negócios, e se sentissem de alguma maneira prejudicados por algum mandamento do Senhor, eles certamente o transgrediriam para não diminuírem os seus lucros.
Eles não tinham nenhuma reverência para com o Senhor e para com os Seus mandamentos.
Eles estavam preocupados somente em comerciar, mas se aplicavam a um comércio injusto usando pesos falsos, que eram proibidos pela lei, e vendendo escória de trigo ao mesmo preço do bom grão. Não passavam de uma sociedade de desonestos e de ladrões.
Para aumentarem rapidamente suas riquezas roubavam os pobres.
Essas riquezas que são adquiridas à custa da ruína dos pobres, trarão por fim ruína sobre aqueles que as adquiriram de tal forma.
Por isso o Senhor os apanharia de surpresa num dia que seria de intensas trevas para eles, e não de alegria. Ele visitaria com um terrível castigo as suas más obras.
E o Senhor o fizera de fato, e é surpreendente como os homens não aprendem de todos estes exemplos que Deus fixou para advertir o ímpio a se desviar dos seus maus caminhos. Eles seguem na prática da injustiça como se nenhum juízo da parte de Deus lhes sobrevirá. Na verdade, a maioria deles nem sequer crê na existência de Deus, muito menos que Ele esteja interessado em julgar as más obras dos homens no dia do Grande Juízo Final, ainda por vir.
Este foi o erro de Israel e pagaram o preço no momento determinado pelo Senhor, e de igual modo, todos os que habitam sobre a terra haverão de enfrentá-lo em juízo por causa das suas más obras.
Tal como caíram para não se levantarem jamais, aqueles israelitas que juravam pelo ídolo de Samaria dizendo que o deus deles vivia em Dã, porque era lá um dos lugares em que havia um dos bezerros de ouro. Os quais diziam também que era certo que o culto de Berseba viveria, isto é, duraria para sempre (v. 14). Toda falsa adoração será castigada e exterminada pelo Senhor, e somente Ele e o seu culto existirão por toda a eternidade.


“1 O SENHOR Deus me fez ver isto: eis aqui um cesto de frutos de verão.
2 E perguntou: Que vês, Amós? E eu respondi: Um cesto de frutos de verão. Então, o SENHOR me disse: Chegou o fim para o meu povo de Israel; e jamais passarei por ele.
3 Mas os cânticos do templo, naquele dia, serão uivos, diz o SENHOR Deus; multiplicar-se-ão os cadáveres; em todos os lugares, serão lançados fora. Silêncio!
4 Ouvi isto, vós que tendes gana contra o necessitado e destruís os miseráveis da terra,
5 dizendo: Quando passará a Festa da Lua Nova, para vendermos os cereais? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras,
6 para comprarmos os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sandálias e vendermos o refugo do trigo?
7 Jurou o SENHOR pela glória de Jacó: Eu não me esquecerei de todas as suas obras, para sempre!
8 Por causa disto, não estremecerá a terra? E não se enlutará todo aquele que habita nela? Certamente, levantar-se-á toda como o Nilo, será agitada e abaixará como o rio do Egito.
9 Sucederá que, naquele dia, diz o SENHOR Deus, farei que o sol se ponha ao meio-dia e entenebrecerei a terra em dia claro.
10 Converterei as vossas festas em luto e todos os vossos cânticos em lamentações; porei pano de saco sobre todos os lombos e calva sobre toda cabeça; e farei que isso seja como luto por filho único, luto cujo fim será como dia de amarguras.
11 Eis que vêm dias, diz o SENHOR Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do SENHOR.
12 Andarão de mar a mar e do Norte até ao Oriente; correrão por toda parte, procurando a palavra do SENHOR, e não a acharão.
13 Naquele dia, as virgens formosas e os jovens desmaiarão de sede,
14 os que, agora, juram pelo ídolo de Samaria e dizem: Como é certo viver o teu deus, ó Dã! E: Como é certo viver o culto de Berseba! Esses mesmos cairão e não se levantarão jamais.”




Amós 9

Neste último capítulo de Amós Deus fez a seguinte promessa:

“Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaura-lo-ei como fora nos dias da antiguidade;” (v. 11).

Esta profecia fala em levantar, reparar e restaurar.
A profecia de Amós concentrou-se mais em Israel, mas também falou das assolações que viriam sobre Judá, e sabemos que estas ocorreram com o cativeiro babilônico.
Então, temos aqui uma promessa para dias distantes, quando não somente Judá seria de novo restaurada em sua terra nos dias de Zorobabel, mas quando estariam para sempre seguros com o Messias que é aquele que restaura a casa caída de Davi, porque é desta casa segundo a carne, e é nEle que se cumprem as boas e fiéis promessas feitas a Davi e à sua casa.
A profecia se refere ao Israel de Deus unido a nosso Senhor porque a promessa afirma que quando Israel habitasse nas cidades assoladas que seriam reedificadas, plantariam vinhas e beberiam o seu vinho, e fariam pomares e lhes comeriam o fruto, e depois de plantados na sua terra, que lhes foi dada pelo Senhor, jamais seriam arrancados dela.
Quando eles retornaram de Babilônia sob Zorobabel, tornaram a ser arrancados da terra pelos romanos em 70 d. C. e para lá retornaram somente no século XX, mas ainda há muitos judeus dispersos pelo mundo, e Jerusalém ainda sofrerá uma nova assolação sob o Anticristo, quando os judeus serão perseguidos e dispersos, mas por ocasião da volta do Senhor, Ele estabelecerá o Seu reino para sempre e dará cumprimento à profecia antiga de que faria de Israel uma nação e reino sacerdotal.
A profecia aponta portanto para a volta de Jesus.
Deste modo, apesar de o Senhor ter profetizado em quase todo o livro de Amós, e no princípio deste último capítulo, que efetuaria grande destruição em Israel, no entanto, deixou registrado que isto não significava que deixaria de ser fiel à promessa que havia feito aos patriarcas de que Israel estaria perpetuamente diante dEle.
Todavia, Ele revelou quais serão estes que habitarão para sempre no tabernáculo de Davi que Ele mesmo restauraria, a saber, aqueles que fossem lavados de seus pecados, porque conforme o Senhor afirmou no verso 10, todos os pecadores do seu povo morreriam à espada, a saber, aqueles que estavam confiados que o juízo do Senhor nunca os alcançaria, e por isso permaneceriam deliberadamente na prática do pecado.
Isto serve de grande alerta para muitas pessoas que se encontram agregadas à Igreja de Cristo, mas que não fazem parte do tabernáculo (casa) de Davi, porque nunca foram purificados dos seus pecados pelo sangue de Jesus.
Seguem confiantes que pelo simples fato de se dizerem pertencentes a Cristo, que nenhum juízo lhes sobrevirá da parte de Deus, apesar de viverem na prática deliberada do pecado.
Deus formou o povo dos filisteus a partir da ilha de Chipre, que era chamada na antiguidade pelo nome de Caftor, e formou também Israel, só que para um propósito específico, para ser o Seu povo, e para tanto entrou em aliança com eles.
Do mesmo modo a Igreja tem sido formada para um propósito específico, o mesmo propósito que os israelitas dos dias de Amós não lograram alcançar, ou seja, viverem em santidade diante do Senhor, e por isso deixaram de ser povo, e foram banidos da Sua presença.
 Aqueles que dizem Senhor, Senhor, referindo-se a Cristo, mas que praticam a iniquidade, haverão de por fim ouvir de Seus lábios as tristes e terríveis palavras:

“21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?
23 Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mt 7.21-23)


“1 Vi o Senhor, que estava em pé junto ao altar; e me disse: Fere os capitéis, e estremecerão os umbrais, e faze tudo em pedaços sobre a cabeça de todos eles; matarei à espada até ao último deles; nenhum deles fugirá, e nenhum escapará.
2 Ainda que desçam ao mais profundo abismo, a minha mão os tirará de lá; se subirem ao céu, de lá os farei descer.
3 Se se esconderem no cimo do Carmelo, de lá busca-los-ei e de lá os tirarei; e, se dos meus olhos se ocultarem no fundo do mar, de lá darei ordem à serpente, e ela os morderá.
4 Se forem para o cativeiro diante de seus inimigos, ali darei ordem à espada, e ela os matará; porei os olhos sobre eles, para o mal e não para o bem.
5 Porque o Senhor, o SENHOR dos Exércitos, é o que toca a terra, e ela se derrete, e todos os que habitam nela se enlutarão; ela subirá toda como o Nilo e abaixará como o rio do Egito.
6 Deus é o que edifica as suas câmaras no céu e a sua abóbada fundou na terra; é o que chama as águas do mar e as derrama sobre a terra; SENHOR é o seu nome.
7 Não sois vós para mim, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes? — diz o SENHOR. Não fiz eu subir a Israel da terra do Egito, e de Caftor, os filisteus, e de Quir, os siros?
8 Eis que os olhos do SENHOR Deus estão contra este reino pecador, e eu o destruirei de sobre a face da terra; mas não destruirei de todo a casa de Jacó, diz o SENHOR.
9 Porque eis que darei ordens e sacudirei a casa de Israel entre todas as nações, assim como se sacode trigo no crivo, sem que caia na terra um só grão.
10 Todos os pecadores do meu povo morrerão à espada, os quais dizem: O mal não nos alcançará, nem nos encontrará.
11 Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaura-lo-ei como fora nos dias da antiguidade;
12 para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas.
13 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente; os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.
14  Mudarei a sorte do meu povo de Israel; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto.


15  Planta-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o SENHOR, teu Deus.”








OBADIAS



Obadias 1

Esta profecia de Obadias foi proferida durante o período em que os judeus se encontravam cativos em Babilônia.
Aprouve à Providência usar o profeta Obadias para profetizar especialmente contra os edomitas.
E há uma razão para termos na Bíblia um livro separado para falar dos juízos que viriam sobre os descendentes de Esaú, porque sendo este irmão de Jacó, os edomitas, poderiam ser considerados então como sendo irmãos dos israelitas.
No entanto, este irmão agiu com uma perversidade ainda maior do que a de Caim contra Abel, porque não somente subiram contra Judá juntamente com os babilônios para expulsarem os judeus da terra, como ficaram de espreita pelos valados, com ódio cruel, para matarem e entregarem aos babilônios os judeus que tentaram fugir.
Então o Senhor levantou Obadias para lhes dizer que a impiedade deles não ficaria sem o devido castigo.
A altivez e rudeza de Esaú havia sido herdada pelos seus descendentes, e o povo que foi formado a partir dele tinha o seu mesmo caráter.
Não foi sem razão que desde antes de formar a Esaú e a Jacó no ventre de Rebeca, que o Senhor declarou que havia amado a Jacó mas se aborrecido de Esaú, e o tempo demonstraria, que isto não se aplicava somente em sentido pessoal aos gêmeos, filhos de Isaque com Rebeca, como também em sentido coletivo, pelas nações que seriam formadas a partir de ambos.
Os edomitas habitavam numa região elevada, cheia de penhascos, na terra de Seir, e isto lhes servia de proteção natural, contra o seus inimigos, e tal como o lugar em que habitavam, também eram elevados os seus corações, mas o Senhor declarou que os derrubaria daquelas alturas em que se encontravam.
Eles confiavam nas riquezas que haviam entesourado e na sua habilidade para a guerra. Mas nem uma coisa ou outra podem livrar quando o Senhor se levanta do Seu santo lugar, para pelejar contra os Seus inimigos.
Eles confiavam também nas alianças políticas que faziam com as nações vizinhas, para terem garantia de serem protegidos, mas não somente os potentados, que os protegiam, quanto eles próprios, seriam derrubados pelo Senhor.
Os seus estrategistas políticos, que são chamados no verso 8 por “sábios de Edom” pereceriam debaixo do juízo do Senhor, e com eles a “sabedoria humana” na qual o povo de Edom confiava.
Muitos na Igreja estão trocando o poder e a direção do Espírito Santo pelas estratégias e engenhosidades humanas, e também haverão de prestar contas a Deus no dia do Juízo, no tribunal de Cristo. O Senhor fará perecer o conselho deles, e queimará no fogo as suas obras de palha.
A intenção dos edomitas era a de exterminar os israelitas, então o Senhor declara que quem seria exterminado seria Edom, mas Israel permaneceria para sempre perante Ele, porque havia escolhido Jacó e não Esaú.
Judá seria destruída, mas voltaria a ser edificada, e em Sião (Jerusalém) seria estabelecido o reino do Senhor.
E as terras de Edom e dos filisteus seriam ocupadas pelos moradores do Neguebe, assim como os campos de Efraim e Samaria; e os  israelitas, do outro lado  do Jordão (Gileade) que foram desterrados pela Assíria, teriam seu território passado  para a tribo de Benjamim (v. 19).
Mas viriam dias em que o remanescente daqueles judeus que se encontravam cativos em Babilônia, ocupariam os territórios tomados pelos moradores do Neguebe, passando assim, a ser senhores dos que se tornaram senhores dos bens de Edom; porque o Senhor o faria por amor do Seu povo.


“1 Visão de Obadias. Assim diz o Senhor Deus a respeito de Edom: Temos ouvido novas da parte do Senhor, e por entre as nações foi enviado um mensageiro a dizer: Levantai-vos, e levantemo-nos contra ela para a guerra.
2 Eis que te farei pequeno entre as nações; serás muito desprezado.
3 A soberba do teu coração te enganou, ó tu que habitas nas fendas do penhasco, na tua alta morada, que dizes no teu coração: Quem me derrubará em terra?
4 Embora subas ao alto como águia, e embora se ponha o teu ninho entre as estrelas, dali te derrubarei, diz o Senhor.
5 Se a ti viessem ladrões, ou roubadores de noite (como estás destruído!), não furtariam somente o que lhes bastasse? se a ti viessem os vindimadores, não deixariam umas uvas de rabisco?
6 Como foram rebuscados os bens de Esaú! como foram esquadrinhados os seus tesouros ocultos!
7 Todos os teus confederados te levaram para fora dos teus limites; os que estavam de paz contigo te enganaram, e prevaleceram contra ti; os que comem o teu pão põem debaixo de ti uma armadilha; não há em Edom entendimento.
8 Acaso não acontecerá naquele dia, diz o Senhor, que farei perecer os sábios de Edom, e o entendimento do monte de Esaú?
9 E os teus valentes, ó Temã, estarão atemorizados, para que do monte de Esaú seja cada um exterminado pela matança.
10 Por causa da violência feita a teu irmão Jacó, cobrir-te-á a confusão, e serás exterminado para sempre.
11 No dia em que estiveste do lado oposto, no dia em que estranhos lhe levaram os bens, e os estrangeiros lhe entraram pelas portas e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu mesmo eras como um deles.
12 Mas tu não devias olhar com prazer para o dia de teu irmão no dia do seu desterro, nem alegrar-te sobre os filhos de Judá no dia da sua ruína, nem falar arrogantemente no dia da tribulação;
13 nem entrar pela porta do meu povo no dia da sua calamidade; sim, tu não devias olhar, satisfeito, para o seu mal, no dia da sua calamidade; nem lançar mão dos seus bens no dia da sua calamidade;
14 nem te postar nas encruzilhadas, para exterminares os que escapassem; nem entregar os que lhe restassem, no dia da tribulação.
15 Porquanto o dia do Senhor está perto, sobre todas as nações, como tu fizeste, assim se fará contigo; o teu feito tornará sobre a tua cabeça.
16 Pois como vós bebestes no meu santo monte, assim beberão de contínuo todas as nações; sim, beberão e sorverão, e serão como se nunca tivessem sido.
17 Mas no monte de Sião haverá livramento, e ele será santo; e os da casa de Jacó possuirão as suas herdades.
18 E a casa de Jacó será um fogo, e a casa de José uma chama, e a casa de Esaú restolho; aqueles se acenderão contra estes, e os consumirão; e ninguém mais restará da casa de Esaú; porque o Senhor o disse.
19 Ora, os do Neguebe possuirão o monte de Esaú, e os da planície, os filisteus; possuirão também os campos de Efraim, e os campos de Samaria; e Benjamim possuirá a Gileade.
20 Os cativos deste exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Zarefate; e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Neguebe.
21 Subirão salvadores ao monte de Sião para julgarem o monte de Esaú; e o reino será do Senhor.”








JONAS


Jonas 1

Chamado para Abençoar os Inimigos - Jonas 1

Nós vemos no primeiro capitulo de Jonas, que Deus lhe honrou quando o chamou e lhe deu a ordem para profetizar contra Nínive.
Nínive era àquela época a metrópole da monarquia assíria, e uma grande cidade, como se infere do que se afirma no verso 11 do quarto capítulo; e detinha também grandes riquezas, domínio e poder; sendo a cidade que regeu sobre os reis da terra por um longo período.
Deus disse que a malícia de Nínive havia subido até Ele (Jn 1.2).
Mas ainda assim, antes de trazer o Seu juízo, como o leão que está pronto para devorar a sua presa, Deus ruge antes, dando o aviso do juízo pela boca dos seus profetas.
E era isto que Ele pretendia fazer através da chamada de Jonas para pregar contra a malícia de Nínive, anunciando o juízo de destruição que viria sobre eles caso não se arrependessem dos seus pecados.
Contudo, Jonas desonrou a Deus se recusando a obedecer as suas ordens (v. 3), e em vez de ir para Nínive, fugiu para Társis, por mar.
A Bíblia não declara diretamente quais os motivos de Jonas para ter desobedecido a Deus, mas pelas próprias palavras que ele proferiu no final do seu livro, ante o arrependimento dos ninivitas, ele previu que eles se arrependeriam e assim, como também sabia que Deus é misericordioso e volta atrás em seus juízos, diante do arrependimento, ele não queria que isto sucedesse com uma nação que durante muito tempo vinha sendo um espinho na carne de Israel. E ele desejava que fossem julgados por Deus pela sua maldade.
Então, para não lhes dar a chance de arrependimento, fugiu para Társis, pegando um navio no porto da cidade de Jope.
Mas uma vez dentro do navio, e tendo consumado a sua desobediência, Jonas sentiu o peso da sua decisão, e o vazio decorrente do desagrado de Deus, e foi dormir num canto do navio, e ali permaneceu mesmo quando todos estavam lutando contra uma terrível tempestade.
Ele sabia que aquela grande tempestade que veio sobre o navio era da parte de Deus, e por isso desceu para o porão, e resolveu esperar a morte dormindo, em vez de clamar pelo socorro do Senhor, conforme todos estavam fazendo no navio, clamando aos seus deuses.
Jonas não considerou que a sua desobediência pudesse ser alvo da bondade, da misericórdia e do perdão de Deus, porque ele não estava disposto em obedecê-lo, indo para Nínive.
 Pedir perdão a Deus significava também voltar atrás em sua decisão, e pedir uma nova chance para obedecê-lO, mas isto era algo que ele não pretendia fazer naquela ocasião, porque estava em grande perturbação de espírito.
Jonas sabia que aquela tempestade não era um fenômeno natural, mas a manifestação do desagrado de Deus contra a sua desobediência.
Deus poderia ter falado com Jonas em sonhos, mas, não o fez, e preferiu falar com a consciência do profeta, para que ele admitisse que estava colocando a vida de muitos em risco por causa da sua atitude.
Muitos inocentes no navio morreriam por causa de um só culpado.
E era este o mesmo pecado que ele estava cometendo em relação a Nínive, porque muitos morreriam por causa da sua desobediência em não pregar que havia um juízo determinado sobre eles, que lhes viria no prazo de 40 dias, caso não se arrependessem.
No entanto, Jonas não se manifestou dizendo aos homens daquele navio que ele era o culpado, até que fosse indicado por sortes que eles lançaram, como sendo o culpado por aquela tempestade, porque não era comum tal tipo de tempestade naquele lugar e naquela época do ano.
Somente depois de indagado sobre quem ele era, que se dispôs a dizer que o motivo foi o de ter desobedecido a ordem que o Senhor lhe havia dado, e que de fato era por sua culpa que aquela tempestade havia lhes sobrevindo.
E sugeriu que o lançassem ao mar para que a fúria da tempestade cessasse.
Mas aqueles homens tentaram ainda poupá-lo, porque sabiam que Jonas era um profeta do Deus de Israel, e eles temeram pelo que Deus poderia lhes fazer, caso lançassem mão de um dos Seus ungidos, mas vendo que a fúria do mar prevalecia contra eles, então decidiram, com o temor do Senhor, lançar Jonas ao mar, e de fato a tempestade cessou, assim como ele lhes havia dito que ocorreria.
E eles temeram ainda mais ao Senhor, porque testemunharam que Ele é tão justo que na poupou de Seus juízos mesmo a um dos Seus profetas, por lhe ter desobedecido.
Por isso ofereceram sacrifícios ao Deus dos hebreus, não somente como oferta de gratidão por ter poupado as suas vidas, como também, para não serem consumidos pela Sua ira, por causa dos seus pecados.
Deus não queria destruir naquela situação, senão somente trazer um profeta desobediente quanto ao convencimento de que é dura coisa resistir à Sua vontade, e que é impossível fugir da Sua presença.
Tanto não era da vontade de Deus destruir Jonas, mas apenas trazê-lo ao arrependimento, que não permitiu que ele fosse morto pela voragem do mar, fazendo com que fosse engolido por um grande peixe em cujo ventre ele permaneceu por três dias e três noites.
Jesus se referiu à proteção que Deus havia dado a Jonas no ventre do peixe, como sendo a mesma proteção que Ele teria em sua sepultura, porque o Pai não permitiria que o Seu corpo fosse corrompido pela podridão, e o ressuscitaria ao terceiro dia, livrando o seu corpo dos grilhões da morte, tal como havia livrado o corpo de Jonas no ventre do grande peixe.
Aquele milagre do peixe que engoliu Jonas, lhe convenceria não somente do poder de Deus, como também de que não era Sua intenção destruí-lo, mas conduzi-lo a se arrepender e a fazer a Sua vontade, para o bem dos seus inimigos e do seu povo de Israel, a saber, os assírios de Nínive.


Jonas 1.1 Ora veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo:
Jonas 1.2 Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
Jonas 1.3 Jonas, porém, levantou-se para fugir da presença do Senhor para Társis. E, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, da presença do Senhor.
Jonas 1.4 Mas o Senhor lançou sobre o mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, de modo que o navio estava a ponto de se despedaçar.
Jonas 1.5 Então os marinheiros tiveram medo, e clamavam cada um ao seu deus, e alijaram ao mar a carga que estava no navio, para o aliviarem; Jonas, porém, descera ao porão do navio; e, tendo-se deitado, dormia um profundo sono.
Jonas 1.6 O mestre do navio, pois, chegou-se a ele, e disse-lhe: Que estás fazendo, ó tu que dormes? Levanta-te, clama ao teu deus; talvez assim ele se lembre de nós, para que não pereçamos.
Jonas 1.7 E dizia cada um ao seu companheiro: Vinde, e lancemos sortes, para sabermos por causa de quem nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas.
Jonas 1.8 Então lhe disseram: Declara-nos tu agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual é a tua terra? E de que povo és tu?
Jonas 1.9 Respondeu-lhes ele: Eu sou hebreu, e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.
Jonas 1.10 Então estes homens se encheram de grande temor, e lhe disseram: Que é isso que fizeste? pois sabiam os homens que fugia da presença do Senhor, porque ele lho tinha declarado.
Jonas 1.11 Ainda lhe perguntaram: Que te faremos nós, para que o mar se nos acalme? Pois o mar se ia tornando cada vez mais tempestuoso.
Jonas 1.12 Respondeu-lhes ele: Levantai-me, e lançai-me ao mar, e o mar se vos aquietará; porque eu sei que por minha causa vos sobreveio esta grande tempestade.
Jonas 1.13 Entretanto os homens se esforçavam com os remos para tornar a alcançar a terra; mas não podiam, porquanto o mar se ia embravecendo cada vez mais contra eles.
Jonas 1.14 Por isso clamaram ao Senhor, e disseram: Nós te rogamos, ó Senhor, que não pereçamos por causa da vida deste homem, e que não ponhas sobre nós o sangue inocente; porque tu, Senhor, fizeste como te aprouve.
Jonas 1.15 Então levantaram a Jonas, e o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria.
Jonas 1.16 Temeram, pois, os homens ao Senhor com grande temor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeram votos.

Jonas 1.17 Então o Senhor deparou um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe.



Jonas 2

Arrependimento para a Obediência - Jonas 2

No segundo capitulo de Jonas, vemos que enquanto ainda estava no navio, durante a grande tempestade, a sua consciências não lhe permitiu orar a Deus para obter livramento para si e para os demais passageiros e tripulantes do navio.
Mas agora, estando no ventre do grande peixe, e tendo permanecido vivo no seu interior, pôde entender que fora pela providência e misericórdia divina que ele foi feito objeto de tão grande milagre.
Mas ainda se encontrava em dificuldade, porque afinal estava em trevas no ventre do peixe, e aprisionado ali, sem nada poder fazer por si mesmo.
O Senhor sabe como nos conduzir a situações em que nada e ninguém podem nos livrar senão somente a Sua intervenção miraculosa e poderosa.
Jonas era profeta em Israel e foi não somente testemunha, como o agente de Deus para profetizar grandes coisas, tal como a prosperidade que ele havia profetizado que haveria nos dias do rei Jeroboão II, como vemos em II Reis 14.25.
Isto lhe deu ânimo para orar no ventre do grande peixe, profetizando acerca de si mesmo, e do que sucederia ao próprio Senhor Jesus, dizendo as seguintes palavras que lemos no verso 6: “Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida.”.
Ele estava em grande angústia, mas clamou ao Senhor, e afirmou que Deus ouviu a sua voz e lhe respondeu, como vemos no verso 2.
E declarou que o motivo da sua angústia foi ter sido lançado na profundeza dos mares, e ter sido cercado pelas correntes das águas, e que naquela condição não poderia mais adorar ao Senhor no Seu santo templo (v. 3 a 5).
 Em dificuldades não devemos ficar esperando passivamente pelo livramento de Deus, mas, ao contrário, devemos lhe clamar, tal como fizera Jonas, ainda que a situação em que nos encontremos seja de desespero completo, em que nada e ninguém poderão nos ajudar, senão somente o Senhor.
Ele sabia que seria ouvido porque estava disposto agora a cumprir os votos que havia feito de ser um fiel profeta de Deus, em plena obediência à chamada que o Senhor lhe fizera  (v. 9).
Jonas sabia também que aqueles que não servem aos falsos deuses, e que servem ao Deus vivo lhe oferecendo sacrifícios de louvor e de ações de graças, podem contar com a Sua misericórdia, em livramentos, e por isso se lembrou dEle, quando a sua alma estava desfalecida (v. 7, 8).
Antes de ter sido vomitado do peixe, Jonas profetizou o seu próprio livramento, em confirmação da sua grande fé na bondade, poder e misericórdia do Senhor para com aqueles que O temem, e o resultado não poderia ser outro senão o de Deus responder de forma positiva à oração do profeta, dando ordem ao peixe que o vomitasse em segurança na terra (v. 10).

Jonas 2.1 E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, lá das entranhas do peixe;
Jonas 2.2 e disse: Na minha angústia clamei ao senhor, e ele me respondeu; do ventre do Seol gritei, e tu ouviste a minha voz.
Jonas 2.3 Pois me lançaste no profundo, no coração dos mares, e a corrente das águas me cercou; todas as tuas ondas e as tuas vagas passaram por cima de mim.
Jonas 2.4 E eu disse: Lançado estou de diante dos teus olhos; como tornarei a olhar para o teu santo templo?
Jonas 2.5 As águas me cercaram até a alma, o abismo me rodeou, e as algas se enrolaram na minha cabeça.
Jonas 2.6 Eu desci até os fundamentos dos montes; a terra encerrou-me para sempre com os seus ferrolhos; mas tu, Senhor meu Deus, fizeste subir da cova a minha vida.
Jonas 2.7 Quando dentro de mim desfalecia a minha alma, eu me lembrei do Senhor; e entrou a ti a minha oração, no teu santo templo.
Jonas 2.8 Os que se apegam aos vãos ídolos afastam de si a misericórdia.
Jonas 2.9 Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz de ação de graças; o que votei pagarei. Ao Senhor pertence a salvação.
Jonas 2.10 Falou, pois, o Senhor ao peixe, e o peixe vomitou a Jonas na terra.






Jonas 3

Fazendo o Bem aos Inimigos - Jonas 3

Uma vez estando em terra firme, Jonas recebeu de novo da parte de Deus a ordem de ir a Nínive.
O Senhor revelou que lhe havia perdoado a sua desobediência, e seria de se esperar que o profeta estivesse disposto a dar oportunidade a outros, ainda que a uma nação inimiga de Israel, como era o caso da Assíria, cuja capital era Nínive, a serem objeto do mesmo perdão e misericórdia de Deus.
Os cristãos foram perdoados para pregar o arrependimento para a remissão de pecados, mesmo a pessoas que se comportem como suas inimigas.
 Podemos dizer que Deus perdoou Jonas para que ele se dispusesse a perdoar outros, porque se quisesse, poderia desistir de dar tal missão específica ao profeta e transferi-la a outro, mas o Senhor queria aproveitar a desobediência de Jonas, para aplicar nele própria a mensagem do perdão que Ele estava disposto a ensinar e aplicar aos ninivitas.
Deus havia libertado a vida de Jonas da morte por duas vezes.
Ele poderia ter decidido por tirar a vida do profeta por causa da sua desobediência, mas decidiu poupar-lhe, conduzindo-o ao arrependimento por juízos externos de aflições que trouxe sobre ele na forma de tempestades, e no ventre do grande peixe, para que o próprio Jonas se dispusesse a promulgar os juízos que Ele traria sobre os assírios dentro de 40 dias, desde que o profeta começou a lhes pregar o Seu julgamento que viria sobre eles, caso não se arrependessem de suas más obras.
Geralmente, o Senhor fixa um prazo para os Seus juízos, na expectativa que nos arrependamos.
Tudo isto pode ser aprendido na revelação que Ele nos fez no livro de Jonas.
O próprio Jonas e não somente os ninivitas, que se arrependeram, foram portanto levantados como um monumento do perdão e da misericórdia de Deus, para nos encorajar a buscar lugar de arrependimento dos nossos pecados, em atitudes que comprovem o nosso desejo de abandonar o mal e fazer o que é da vontade do Senhor.
 Deus havia se compadecido de Nínive e deu aos ninivitas a chance para o arrependimento porque era uma grande cidade com muitas pessoas.
A medida da iniqüidade de Nínive não estava cheia, tal como fora o caso das cidades de Sodoma e Gomorra, e por isso o Senhor lhes deu uma oportunidade de arrependimento.
A medida de iniqüidade do mundo ainda não chegou à sua plenitude, mas quando isto ocorrer o Senhor despejará o Seu grande juízo sobre toda a terra, conforme o tem prometido na Sua Palavra.
Enquanto isto não sucede, ele está clamando, pelo que revelou na Bíblia que os homens, em toda a parte se arrependam de seus pecados, para serem livrados do Seu inevitável e grande Juízo final.
A mesma Nínive que foi poupada nos dias de Jonas, foi submetida ao Juízo de Deus, caindo nas mãos dos babilônios, porque as gerações seguintes não seguiram o exemplo dos seus antepassados e a medida da iniquidade da cidade veio a se completar.
De igual forma este mundo tem sido poupado como uma grande cidade, mas chegará um dia que a medida estará completa, e o favor e a misericórdia do Senhor serão então removidos sujeitando toda a humanidade ao Seu grande juízo.
Por isso, a hora de se arrepender não é amanhã, mas hoje mesmo.
Tal era a grandeza de Nínive que se diz que para percorrê-la a pé, eram necessários três dias.
Isto nos dá uma idéia do trabalho que Jonas teria para percorrer cada uma das ruas principais de tão grande cidade.
Foi tal o impacto da mensagem de Jonas de que Deus destruiria Nínive dentro de 40 dias, que todo o povo e o próprio rei ficaram em grande angústia, e este determinou um jejum e um ato de humilhação nacional diante do Deus de Israel, e ordenou que todos se desviassem de suas más obras, para verem se de algum modo, Deus usaria de misericórdia para com eles, desviando-se do furor da Sua ira.
  Eles se humilharam debaixo da potente mão do Senhor e assim puderam achar graça em ocasião oportuna.
Os ninivitas não jejuaram apenas por causa do pecado, mas eles fizeram jejum do próprio pecado não se alimentando das suas más ações.
Nós devemos ter isto sempre em vista, que ao jejuarmos pela abstinência de alimentos, o nosso grande alvo é na verdade o de nos abstermos do próprio pecado, para que possamos agradar a Deus.
É importante afirmar que quando Deus determina realizar algo, ele nunca volta atrás porque não pode voltar atrás, porque quando diz sim é sim, e quando diz não é não.
Mas geralmente, no seu relacionamento com os homens, costuma conciliar as suas ações, especialmente de juízo, ao modo como reagiremos às suas advertências e repreensões, de maneira que se desviará dos castigos que traria sobre nós, caso permanecêssemos no nosso endurecimento contra a Sua vontade.
Desde a morte e ressurreição de Jesus, nesta presente dispensação da graça, Deus tem sido completamente longânimo para com todos os homens, dando-lhes a oportunidade ao longo de todas as suas vidas neste mundo, para que se arrependam e cheguem ao conhecimento da verdade.
Esta é a razão de não vermos nesta dispensação, tantos e quase imediatos juízos de Deus, conforme havia na dispensação do Antigo Testamento.
O sangue de Jesus tem abrandado e prolongado o juízo do Senhor, mas não suspendido os mesmos, porque certamente virão sobre todos aqueles que não se arrependeram de seus pecados.
Uma das grandes lições que podemos aprender especialmente neste capítulo do livro de Jonas é que se Deus foi longânimo e perdoador para com tantos nos dias do Velho Testamento, quanto mais não está disposto a usar de longanimidade e de misericórdia na presente dispensação da graça, em relação a todos que se arrependam, tanto quanto os ninivitas que se arrependeram no passado.

Jonas 3.1 Pela segunda vez veio a palavra do Senhor a Jonas, dizendo:
Jonas 3.2 Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e lhe proclama a mensagem que eu te ordeno.
Jonas 3.3 Levantou-se, pois, Jonas, e foi a Nínive, segundo a palavra do Senhor. Ora, Nínive era uma grande cidade, de três dias de jornada.
Jonas 3.4 E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e clamava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.
Jonas 3.5 E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior deles até o menor.
Jonas 3.6 A notícia chegou também ao rei de Nínive; e ele se levantou do seu trono e, despindo-se do seu manto e cobrindo-se de saco, sentou-se sobre cinzas.
Jonas 3.7 E fez uma proclamação, e a publicou em Nínive, por decreto do rei e dos seus nobres, dizendo: Não provem coisa alguma nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas; não comam, nem bebam água;
Jonas 3.8 mas sejam cobertos de saco, tanto os homens como os animais, e clamem fortemente a Deus; e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos.
Jonas 3.9 Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?
Jonas 3.10 Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho, e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez.






Jonas 4

Grande em Bondade e Misericórdia - Jonas 4

No quarto capitulo de Jonas nós vemos que o profeta ficou extremamente desagradado com a misericórdia de Deus para com os ninivitas, livrando-os do juízo de destruição, em face do arrependimento por eles demonstrado, a ponto de ficar irado, e desejar até mesmo a própria morte, como vemos nos versos 1 a 3.
Ele estava desejando a destruição da cidade, por causa do atributo do juízo divino, que não pode inocentar o culpado.
No entanto o próprio Jonas declarou que sabia que Deus era  compassivo, misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que se arrepende do mal, e que a misericórdia triunfa sobre o juízo, perdoando o culpado quando há arrependimento, e por isso havia fugido da sua terra para Társis, quando fora comissionado pela primeira vez para ir a Nínive.
Jonas sabia que Deus era misericordioso e longânimo não somente pelo que Ele havia declarado ao próprio Moisés, como também pelos muitos exemplos da aplicação de tal misericórdia  para com os israelitas e para com muitas nações, quer ao longo da história de Israel, quer nos seus próprios dias, porque apesar de toda a idolatria do Reino do Norte (Israel), ao qual Jonas pertencia, Deus estava usando de grande longanimidade para com eles, e até mesmo lhes dando uma prosperidade imerecida, conforme a que estava dando nos seus próprios dias àquela nação infiel, na expectativa que fossem convencidos da Sua bondade divina, e que assim viessem a se arrepender de seus pecados, andando de maneira digna perante Ele.
Jonas queria puramente vingança, movido por sentimentos nacionalistas, mas Deus queria exercer justiça consoante o uso da Sua misericórdia.
Afinal, todo o mal que os israelitas haviam sofrido da parte dos assírios foi permitido pelo próprio Deus por causa da infidelidade de Israel. Assim, não havia nenhum motivo para uma retribuição do mal que haviam sofrido, porque eles próprios haviam dado ocasião às aflições que estavam sofrendo por parte dos assírios.
É muito comum que os homens se justifiquem a si mesmos, e se considerem vítimas daqueles que os disciplinam e repreendem, quando na verdade não são vítimas, mas rebeldes que estão sendo afligidos com a permissão de Deus, segundo a Sua vontade, para que se arrependam dos seus maus caminhos.
Por isso a Palavra nos ordena a nos submetermos debaixo da potente mão de Deus, quando somos por Ele corrigidos, mediante as coisas que sofremos neste mundo.
O ato de sempre se considerar vítima dos outros e das circunstâncias difíceis somente servirá para agravar ainda mais a nossa condição.
Importa portanto vermos a mão do Senhor na maioria das coisas que nos sucedem, de maneira que em vez de ficarmos endurecidos pelo mal, nos submetamos humildemente diante dEle, para que nos conceda graça e nos exalte em ocasião oportuna.
Por outro lado, devemos fugir da atitude de Jonas, quanto ao que sentiu quando viu a misericórdia do Senhor sendo exibida para com os ninivitas, e muito menos ficarmos na expectativa de que Ele destrua os nossos inimigos, em vez de perdoá-los, tal como fizera também o profeta Jonas.
Este capítulo nos ensina pela forma que Deus tratou com Jonas, para conduzi-lo ao convencimento de que era irrazoável o que ele estava sentindo e desejando, que nunca devemos ficar na expectativa de que Ele destrua os nossos ofensores e inimigos, mas que ao contrário, use de misericórdia para com eles.
Para arrazoar com Jonas, Deus fez crescer miraculosamente uma aboboreira em um só dia, a ponto de dar sombra para o profeta, mas fez com que um bicho matasse a planta no dia seguinte, e ao surgir do sol, este bateu na cabeça de Jonas de tal maneira que ele desmaiava e deseja morrer, dizendo que era melhor morrer do que viver.
Esta era a hora adequada para convencer  Jonas de que estava sendo irrazoável com aquela sua ira, por não ter julgado os ninivitas com destruição.
Jonas teve compaixão por causa da morte de uma planta, e desejou a morte por um simples desconforto térmico que havia experimentado, e no entanto não tivera nenhuma compaixão de mais de cento e vinte mil pessoas, e de todos os animais e plantas que existiam em Nínive.
Jonas sequer havia plantado aquela aboboreira e nada fez para que ela crescesse. Mas teve compaixão dela.
Todavia, estava endurecido o bastante para não reconhecer que não fora o homem, mas o próprio Deus que deu vida a todas aquelas pessoas de Nínive. Afinal é o criador de todos os homens. E não seria razoável de se esperar que Ele tenha, como Criador, muito mais compaixão por pessoas, do que por uma simples aboboreira?
Ainda por cima, tendo-se em conta que eram pessoas ignorantes da Sua vontade, que não conheciam a Sua Lei, e que portanto, não sabiam sequer discernir entre a mão esquerda e a direita, era de se esperar que usasse de misericórdia para com eles, caso se emendassem de seus maus caminhos, ao lhes revelar o Seu desagrado para com os seus pecados.
Deus estava poupando o Seu próprio povo, que apesar de conhecer a Sua Lei e vontade, era mais culpado perante Ele, do que os próprios ninivitas, porque estes haviam se arrependido dos seus maus caminhos, mas até aquele momento, Israel não havia se arrependido de suas infidelidades e idolatrias, por anos e anos sucessivos; de forma que  viriam a ser destruídos pelas mãos dos próprios assírios em 722 a. C., depois dos dias de Jonas.      
Não que os assírios dos dias do juízo de Israel fossem mais justos do que eles, porque o rei que os deportara foi o cruel e ímpio rei Salmanazar, e logo depois dele se levantou o rei Senaqueribe, contra Judá, nos dias do rei Ezequias, sem a permissão e consentimento de Deus, e por isso recebeu da parte dEle o devido juízo.
Os assírios tinham sido o braço de Deus para julgar a impiedade do Reino do Norte (Israel), mas se exaltaram contra o próprio Deus, pretendendo destruir também o Reino do Sul (Judá), sem que houvesse qualquer intenção de Deus de que Judá caísse sobre o poder dos assírios.
Quando Deus perguntou a Jonas se era razoável a sua ira dele por causa da morte da aboboreira, este lhe respondeu que era justo também que ficasse enfadado a ponto de desejar a morte. É o que lemos no verso 9.
Jonas foi sincero na expressão do que estava sentindo, mas completamente injusto para com Deus em se permitir dominar por tais sentimentos.
O fato notável é que apesar de Deus tê-lo repreendido, não trouxe nenhum juízo vingativo por causa da atitude do profeta; antes o admoestou como um pai faz com o filho que ama.
De igual modo o Senhor tem procedido para com as injustiças dos cristãos, não lhes trazendo juízos dolorosos imediatos, antes procura lhes conduzir a refletirem sobre os seus maus caminhos, de maneira a se desviarem deles, e retornarem à sensatez e a um senso justo e equilibrado quanto ao seu procedimento, especialmente em relação às coisas insensatas que costumam pensar e sentir, quando se sentem atribulados, tal como Jonas, ao ser molestado pelo sol e pelo forte vento oriental que vieram sobre ele, enquanto os ninivitas desfrutavam do favor e da misericórdia de Deus, em vez de serem destruídos por Ele, tal como Jonas esperava.
Deus não somente não destruiu os ninivitas, como suportou o dizer insensato do Seu profeta, porque não o matou conforme ele havia Lhe pedido em Sua precipitação, e de igual modo não tem atendido tais pedidos que às vezes fazemos, quando nos achamos debaixo de grande pressão, tal como Jonas se encontrou no passado.
Que grande, justo, bondoso, paciente e sábio Deus que nós temos.
Ele é digno de todo o nosso louvor, porque não nos tem tratado de acordo com a nossa precipitação e insensatez, mas em conformidade com a Sua grande longanimidade e misericórdia, conforme podemos aprender no que nos revelou em todo o livro de Jonas.


Jonas 4.1 Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado.
Jonas 4.2 E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso é que me apressei a fugir para Társis, pois eu sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.
Jonas 4.3 Agora, ó Senhor, tira-me a vida, pois melhor me é morrer do que viver.
Jonas 4.4 Respondeu o senhor: É razoável essa tua ira?
Jonas 4.5 Então Jonas saiu da cidade, e sentou-se ao oriente dela; e ali fez para si uma barraca, e se sentou debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade.
Jonas 4.6 E fez o Senhor Deus nascer uma aboboreira, e fê-la crescer por cima de Jonas, para que lhe fizesse sombra sobre a cabeça, a fim de o livrar do seu enfado; de modo que Jonas se alegrou em extremo por causa da aboboreira.
Jonas 4.7 Mas Deus enviou um bicho, no dia seguinte ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, de sorte que esta se secou.
Jonas 4.8 E aconteceu que, aparecendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental; e o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver.
Jonas 4.9 Então perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da aboboreira? Respondeu ele: É justo que eu me enfade a ponto de desejar a morte.
Jonas 4.10 Disse, pois, o Senhor: Tens compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer; que numa noite nasceu, e numa noite pereceu.
Jonas 4.11 E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a sua mão direita e a esquerda, e também muito gado?





















































































































































































































































































































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