sábado, 17 de outubro de 2015

NOÇÕES GERAIS SOBRE A BÍBLIA

ÍNDICE
                                                                           
Introdução

PARTE I – PANORAMA DA BÍBLIA

I - Inspiração da Bíblia
II - Período de Produção dos Livros da Bíblia
1 – Do Velho Testamento
2 – Do Novo Testamento

III – Conteúdo Geral da Bíblia
1 – Início da Revelação                                                                                                  
2 – A Antiga Aliança  
3 – O Período Interbíblico
4 – A Nova Aliança

PARTE II – DOUTRINA    

A – QUEM É JESUS  
Cristo o Mediador  

B – O QUE JESUS FEZ E TEM FEITO POR NÓS  
1 – Justificação  
2 – Adoção  
3 – Regeneração  
4 – Santificação  
5 – Fé Salvadora
6 – Arrependimento para a Vida

C – O QUE DEVEMOS SER E O QUE DEVEMOS FAZER PARA JESUS
1 – Boas Obras
2 – Perseverança dos Santos
3 – Certeza da Graça e da Salvação
4 – A Igreja
5 – A Comunhão dos Santos
6 – O Batismo e a Ceia
      a) O Batismo  
      b) A Ceia do Senhor
7 – A Disciplina na Igreja

D – O CRENTE E A LEI
1 – Os Três Usos da Lei
2 – Cristo e a Lei

E – PERGUNTAS E RESPOSTAS

Anexo (Cronologia Bíblica)


Introdução

Aprenderemos nesta apostila os seguintes assuntos:

Parte I – PANORAMA DA BÍBLIA: conteúdo e o manuseio da Palavra de Deus, com destaque: na inspiração da Bíblia; no tempo de sua produção; no número de seus livros no Velho e Novo Testamentos, na sua ordem e apresentação e seus assuntos gerais, data da escrita e seus escritores.

Parte II – DOUTRINA: quem é Jesus, o que Ele fez e tem feito por nós, e também o que devemos ser e fazer para Jesus; a relação do crente com a lei de Deus, e perguntas e respostas sobre as diversas doutrinas bíblicas.  

Obs: Encontra-se em anexo, na parte final, uma tabela cronológica com principais eventos bíblicos


PANORAMA DA BÍBLIA


I – Inspiração da Bíblia

A Bíblia é a verdade porque foi escrita por inspiração divina. Ela é um produto do Espírito Santo de Deus através da instrumentalidade dos seus escritores.
   Através da inspiração, Deus revelou a Si e a Sua vontade. A produção  das Escrituras teve por alvo tal revelação.
   A revelação e inspiração especiais, da parte de Deus, para o registro da verdade, cessaram com a produção do último documento da Bíblia, a saber, o livro de Apocalipse.
   A revelação de fatos e a inspiração do Espírito Santo, que acompanham a ministração e a pregação da verdade,  ainda em nossos dias, desde os dias apostólicos, não podem portanto produzir uma nova verdade, ou mesmo alterar partes da verdade que de uma vez por todas foi fechada com a escrita do livro do Apocalipse. Não existe mais do que um evangelho, e  este já  foi revelado aos apóstolos, e está plenamente registrado nas páginas da Bíblia, especialmente nas do Novo Testamento (Gl  1.6-9).
       Muitos colocam-se contra a afirmação de serem as Escrituras (tanto do Antigo quanto do Novo Testamento) a verdade, argumentando, puerilmente, que elas são o produto da imaginação do homem, e mais ainda, que não podem ser infalíveis, posto terem sido imperfeitos os homens que as produziram, como todos os demais homens.
   Ora, a isto respondemos que para revelar a verdade e para preservá-la através das sucessivas gerações da humanidade, Deus já havia planejado inspirar profetas, apóstolos e outros para serem ministros da Palavra, antes mesmo  que estes  tivessem chegado à existência (Jer 1.5; Gl 1.15,16).
   Acrescente-se a isto, que apesar de pecadores, os autores da Bíblia foram antes, justificados e santificados pelo Espírito, e foram por Ele inspirados e conduzidos em tudo quanto escreveram.
   Uma das provas de que as Escrituras foram reconhecidas como de proveniência divina é o fato de terem sido amplamente citadas em seus sermões e escritos teológicos pelos chamados pais da igreja, ou pais primitivos (os primeiros pastores e doutores do cristianismo).
   Todos os genuínos homens de Deus utilizaram-se da Bíblia, como a temos hoje, para o ensino da verdade, e não  de outros escritos pseudoepigráficos (evangelho de Tomé por exemplo) e  apócrifos, que  já  circulavam  em seus dias. Quanto aos  apócrifos é importante abrir um parêntesis para mencionarmos os livros apócrifos contidos na bíblia da igreja católica romana, que são os seguintes: Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Baruque, I Macabeus e II Macabeus, e 4  acréscimos a Ester e Daniel, como a seguir: Ester (cap 10.4-16-24); Daniel (Cântico dos três varões - cap 3.24-90; História de Suzana - cap 13; Bel e o Dragão - cap 14).
   A igreja romana aprovou os apócrifos como "canônicos" em 18 de abril de 1546, no Concílio de Trento, para combater o movimento da Reforma Protestante, então recente.
   Nessa época, os protestantes combatiam as novas doutrinas da igreja católica romana: do purgatório, da oração pelos mortos, da salvação mediante as obras etc.
     A igreja romana via nos apócrifos bases para essas doutrinas, e, apelou para eles, aprovando-os como se fossem canônicos.
     É importante citar que houve prós e contras dentro da própria igreja de Roma, quanto ao reconhecimento dos citados livros.
    Entretanto, o erro venceu, e a primeira edição da bíblia romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do Papa Clemente VIII.
   Nenhum dos sessenta e seis livros canônicos dão apoio às falsas doutrinas contidas nos apócrifos. E é  exatamente  esta unidade doutrinária dos livros canônicos mais uma das provas que atestam a sua inspiração divina, pois, estando separados no tempo e em face da diversidade de situações em que foram produzidos, percebe-se que há em todos eles, do início ao  fim, a referida unidade doutrinária.



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  Afirmamos que a Bíblia, como a temos, com os seus sessenta e seis livros, sem nenhum outro a mais ou a menos, é a  verdade, e não que contém a verdade, porque sendo as Escrituras de proveniência divina, não possui partes inspiradas e outras não inspiradas por Deus.
   Homens foram inspirados pelo Espírito e profetizaram acerca da justiça do evangelho (Rom 1.1,2;  3.21; Hb  1.1; II  Pe 1.19-21), muitos séculos antes desta ser revelada na pessoa de Cristo (Hb 1.2; 2.1-4; II Pe 1.19).
   O cristianismo é a revelação da verdade, e uma das provas desta revelação está no fato de que necessitamos da instrução do mesmo Espírito que inspirou a produção da Palavra para que possamos compreendê-la e praticá-la, vivendo conforme a  vontade dAquele que a inspirou. Daí Paulo afirmar a necessidade que temos do Espírito Santo para entender  o significado  da vida cristã, mediante o que foi revelado por Deus a nós, pois cousas espirituais só podem ser discernidas espiritualmente (I Cor 2.10-14).
   Por isso, a revelação foi feita primeiro na vida e depois nas Escrituras.
   Os profetas e os apóstolos escreveram acerca do que viveram. E mesmo quando lhes foram reveladas cousas que se  referiam ao futuro ou sobre a pessoa de Deus, Eles só puderam discernir que provinham dEle, ainda que não entendessem o  significado do que lhes foi revelado (Dn 12.8), porque estavam em comunhão com o Senhor e haviam sido preparados por Ele para serem seus instrumentos no registro da Sua vontade.
   É por isso que as doutrinas da Palavra não nos foram dadas simplesmente para serem objeto do nosso conhecimento, mas para serem experimentadas, isto é, vividas por nós. E é somente experimentando pela fé, que chegamos a conhecer que a Bíblia é a verdade, pois aquilo do que dá testemunho se revela real em nossas próprias vidas.
   Afinal a meta do estudo das Escrituras não é o mero conhecimento intelectual do próprio texto bíblico, mas  conduzir-nos ao conhecimento pessoal de Deus e de Sua vontade. Podemos dizer que a meta a ser atingida  a de conhecer ao Senhor por meio da Palavra. Sabendo que o conhecimento que salva, isto é, que justifica, santifica e glorifica não é  o  simples conhecimento do que Deus é e nem o conhecimento sobre Deus, senão o conhecimento que é oriundo da comunhão pessoal com Ele, resultante  de um encontro direto.
   Por isso, a Bíblia é diferente de todos os demais livros do mundo, em razão da sua inspiração divina (J  32.8; II  Tim 3.16; II Pe 1.21), e é devido à inspiração divina que ela é chamada de Palavra de Deus (II Tim 3.16).
   Inspiração divina é portanto a ação sobrenatural do Espírito Santo sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e a transmitir a mensagem de Deus sem qualquer erro.
   Por isso, incorrem em erro todos os que consideram a inspiração bíblica como sendo a) natural humana; b) divina comum; ou c) parcial, conforme as seguintes teorias:
   a) Teoria da inspiração natural humana
        A Bíblia teria sido escrita como é produzido qualquer tipo de literatura, negando-se a ação sobrenatural de Deus.
   b) Teoria da inspiração divina comum
        A inspiração dos escritores da Bíblia teria sido a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos,  ensinamos.
   c) Teoria da inspiração parcial
        Afirma que algumas partes da Bíblia são inspiradas, e outras não. A Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém a  Palavra de Deus. A própria Bíblia refuta este falso ensino em II Tim 3.16 e em outras passagens equivalentes.
      Não se deve considerar também como verdadeira a teoria que considera os escritores dos livros da Bíblia como  simples máquinas, que escreveram mecanicamente o que Deus lhes teria ditado, palavra por palavra. É verdade que algumas partes  das Escrituras foram produzidas desta forma, mas a maior parte do texto foi produzido por inspiração plenária ou verbal, conforme explicado a seguir.
      A definição correta da inspiração da Bíblia é chamada de inspiração plenária ou verbal. Esta ensina que todas as partes da Bíblia são igualmente inspiradas, que os escritores não funcionaram como máquinas inconscientes, que houve cooperação vital e contínua entre eles e o Espírito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a Bíblia com  palavras do seu vocabulário, porém sob uma influência tão poderosa do Espírito Santo, que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus, e porque somente o que encontramos nos sessenta e seis livros está totalmente de acordo com a verdade revelada por Deus diretamente aos seus profetas e apóstolos, e que também estão inteiramente de acordo com o ensino de Jesus e do Espírito Santo aos seus apóstolos. O reconhecimento, por exemplo, da autoridade de Deus nos 27 livros do Novo Testamento foi feito pela própria igreja, através da atestação de que somente o conteúdo destes livros estava inteiramente  de acordo com o ensino de Jesus e dos apóstolos, que havia sido passado através da  pregação e ensino das sucessivas gerações até a fixação final do seu reconhecimento como sendo os únicos livros inspirados do Novo Testamento.
       A inspiração plenária cessou ao ser escrito o último livro do Novo Testamento. Depois disso nem os mesmos escritores, nem qualquer servo de Deus pode ser chamado inspirado no mesmo sentido.
      É importante frisar-se que nos casos de registro na Bíblia de mentiras que foram proferidas, e até mesmo  de declarações de Satanás, Deus não inspirou tais mentiras e declarações, e sim o registro delas.
       As  Escrituras testificam de si mesmas quanto à sua inspiração divina. Isto é, há um testemunho interno na Palavra acerca da sua proveniência divina, daí se afirmar que a Bíblia é explicada com a própria Bíblia.
A Bíblia reivindica a si a inspiração de Deus, pois a expressão "Assim diz o Senhor", como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus livros, além de outras expressões equivalentes.
   A respeito da exatidão das Escrituras, dentre outros, o próprio Jesus deu os seguintes testemunhos:
a) Que nem um i ou til (menores sinais do alfabeto hebraico) jamais passariam da lei, até que o céu e a terra passem (Mt 5.18). Isto significa que elas permanecerão válidas até que Ele volte e sejam criados novo céu e nova terra, conforme prometido nas mesmas Escrituras.
   b) Que a Escritura não pode falhar (Jo 10.35).
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 As Escrituras constituem o cânon (padrão, norma, regra) que deve reger a nossa fé e conduta (II Tim 3.16,17).
 Paulo referiu-se às mesmas como o bom depósito da fé (II Tim 1.14) e recomendou aos seus cooperadores que mantivessem  o padrão das sãs palavras (II Tim 1.13). Ora, o que daí se depreende, não é que a própria Bíblia reivindica a Sua autoridade de ser a única e final  palavra sobre as questões de fé e conduta, que devem reger o povo de Deus ?
   Os apóstolos estavam convictos de que a doutrina que ensinavam e que haviam recebido de Jesus e do Espírito Santo, era de fato a Palavra de Deus, isto é, a revelação da Sua vontade para a igreja, em pé de igualdade com as Escrituras do Velho Testamento (I Tes 2.13; II Pe 3.16; I Jo 1.1-4).  Por isso, Deus mesmo, dado o caráter da Sua Palavra proíbe que algo lhe seja acrescentado ou retirado (Dt 4.2;  Pv 30.5,6.  Mt 5.19; Apo 22.18,19). Disto se depreende o cuidado que seus ministros devem ter ao pregá-la ou ensiná-la, de maneira que sejam fiéis embaixadores de Deus na transmissão da Sua vontade revelada.
   Se a própria Palavra testifica a respeito de ser a Constituição do povo eleito, então, por nenhuma outra lei ou norma que com ela conflitue, deve ser regida a vida dos santos.
   Daí serem muitas as recomendações no sentido de que os ministros do evangelho tenham o cuidado diligente de manter o padrão (cânon) das Escrituras, e, especialmente da doutrina do evangelho (I Tim 1.3,4; 4.16; 6.20,21; II Tim 2.15-18), rejeitando e combatendo todo ensino que não se conforme com a Palavra (Rom 16.17,18; I Jo 2.26; 3.7; 4.1; II Pe 3.15-17; Jd  17-19; Gl 1.6-9; Tt 3.10; II Jo 9-11).
   A prova da inspiração das Escrituras está principalmente no fato de que todos os seus livros apontam para  Jesus e  Sua obra de restauração, sendo Ele mesmo o Profeta, Sacerdote e Rei enviado e designado pelo Pai para redimir a  criação, instruí-la na verdade e transportá-la do império das trevas, para o reino da Sua luz. As mesmas Escrituras testemunham do trabalho do Espírito Santo no estabelecimento do reino de Cristo.
   Podemos dizer que as obras que Jesus fez em Seu ministério terreno e que continua fazendo através da igreja, provam  que Ele é de fato o enviado de Deus do qual a Bíblia testifica, pois nenhum outro realizou ou tem realizado as obras que Ele recebeu do Pai para executar sobre a Terra.
   Maomé, Buda ou qualquer outro não se encaixam nas profecias bíblicas.  É somente em Cristo que vemos o cumprimento de tudo quanto está profetizado diretamente ou em figura, na Palavra, a Seu respeito.
   O Enviado de Deus (Jesus) realizou e continua realizando através da sua igreja, as obras que recebeu do Pai para efetuar sobre a terra. Nenhum outro realizou ou tem realizado as obras que somente Ele pode operar e que comprovam que Ele é de fato o Ungido, o Salvador, o Senhor, conforme testificam as Escrituras.
   Nele se cumpriram as Escrituras, como Ele mesmo declarou (Mt 5.17).
   Os demônios continuam sendo expulsos por Aquele que pisa cabeça da serpente, conforme revelado desde o livro de Gênesis.
   Pessoas de todas as nações continuam entrando no Reino de Deus, conforme prometido e revelado a Abraão.
   O cumprimento das profecias e os milagres que são somente por meio de Jesus e do Seu nome, pois Ele mesmo realiza a  Sua obra através de nós, testificam que tudo quanto se diz nas Escrituras, a Seu respeito, é a verdade.
   A própria Bíblia testifica que Deus confirmava que a Palavra que estava sendo pregada pelos apóstolos é a verdade, com a operação de sinais e prodígios (Mc 16.20; At 14.3).
    É por isso que em todos os avivamentos que ocorreram e têm ocorrido na história da igreja, sempre há um  retorno à prática da Palavra de Deus, exatamente na forma como se encontra registrada na Bíblia. Os sinais e prodígios confirmam a verdade da Palavra pregada. Vemos assim que a finalidade da Palavra não é a de ensinar a realizar sinais e prodígios, mas sim de que a própria Palavra seja pregada no poder do Espírito, e sendo pregada como convém, se o que pregamos é a verdade da Palavra, então Deus, em Sua soberania, poderá confirmar que o que pregamos é verdadeiro, e digno de ser crido e aceito, pela realização de sinais e prodígios.
   De igual modo, o poder de Deus sempre há de acompanhar a pregação e o ensino que se fundamentem na correta exposição  da Sua Palavra, dando-se desta forma testificação pelo Espírito Santo acerca da sua inspiração divina.
   Afinal, aprouve a Deus salvar aos que crêem pela pregação (I Cor 1.21), e a pregação deve ser mediante a palavra de Cristo (Rom 10.17).
   O mesmo Espírito que inspirou a produção da Palavra é o que inspira o pregador a explicá-la, expondo-a com  autoridade e poder. Não é a pregação portanto uma simples leitura do texto bíblico, mas o uso que o Espírito faz das  faculdades do pregador enquanto este apresenta a explicação da Palavra que lhe foi indicada pelo Espírito Santo.
 
II – Período de Produção dos Livros da Bíblia

1 - Do Velho Testamento

Os 39 livros do Velho Testamento se apresentam na seguinte ordem de apresentação e classificação, em nossas Bíblias:
Livros da Lei ou Pentateuco:  Gênesis, Êxodo, Levitivo, Números, Deuteronômio
Livros Históricos:  Josúe, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester
Livros Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares
Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel
Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Consulte sua tabela cronológica para verificar o período em que se deu a escrita de cada um dos livros da Bíblia e os principais personagens relacionados aos mesmos.
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 O Velho  Testamento  foi  formado  num   período superior a  mil  anos  (cerca de 1040 anos)    de  Moisés  a Esdras. Moisés escreveu as primeiras palavras do Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) por volta de 1.440 a.C.
Esdras não foi o último escritor na formação do Velho Testamento. Os últimos foram Neemias e Malaquias, porém, de acordo com os escritos históricos, foi ele quem, na qualidade de escriba e sacerdote, reuniu os rolos de todos os livros do V.T., ficando este encerrado em seu tempo.
Jó é tido como o livro mais antigo da Bíblia.    
Começando por Moisés, à medida que os livros iam sendo escritos, eram postos no tabernáculo, junto ao grupo de livros sagrados.
Esdras, após o cativeiro, reuniu os diversos livros e os colocou em ordem, como coleção completa. Destes originais eram feitas cópias para as sinagogas largamente disseminadas pelo mundo.
Foi em 90 d.C., em Jâmnia, perto de Jope,  em Israel, num concílio, que os  rabinos  reconheceram  e fixaram o cânon do Velho Testamento. Note-se que o trabalho desse concílio foi apenas ratificar aquilo que  já  era aceito por todos os judeus através dos séculos.
 
2 - Do Novo Testamento

 Os 27 livros do Novo Testamento se apresentam na seguinte ordem de apresentação e classificação, em nossas Bíblias:
Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas, João
Livro Histórico: Atos
Epístolas de Paulo: Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filemom
Epístolas Gerais: Hebreus (autor desconhecido, possivelmente Paulo), Tiago, I Pedro, II Pedro, I João, II João, III João, Judas
Livro Escatológico: Apocalipse
Os livros do Novo Testamento foram escritos num período aproximado de setenta anos.
Em 100 d.C. todos os livros do N.T. estavam escritos.
A maior parte das epístolas de Paulo foram os primeiros escritos do N.T., sendo Gálatas o primeiro documento a ser escrito, cerca de 49 d.C.
Foi no concílio de Cartago, em 397 d.C. que houve o reconhecimento e fixação final do cânon do N.T., com os 27 livros que se encontram em nossa Bíblia.
Como no caso do V.T., não foram os concílios que deram aos livros sua autoridade divina, apenas reconheceram que eles a possuíam.

III – Conteúdo Geral da Bíblia

1 - O Início da Revelação

A Bíblia não é um livro de história como outro qualquer. O propósito de Deus na inspiração da sua escrita não foi o de contar a história de determinados homens, mas sim, o de revelar a Sua pessoa e vontade ao homem que Ele criou.
Nela temos o registro de fatos antes mesmo da criação do mundo; do passado, do presente e até do futuro. A história da redenção e da glorificação do homem e dos atos de Deus nessa história estão nela contidos.
Há fatos bíblicos portanto que ainda estão tendo cumprimento em nossos dias e que continuarão a serem cumpridos até a criação dos novos céu e terra prometidos.
É por isso que no meio da narrativa do livro de Gênesis, de fatos que já  haviam acontecido, como a forma como o pecado entrou no mundo através de Adão,  temos também no mesmo livro de Gênesis a citação de fatos que ainda viriam a ocorrer num futuro distante, como o esmagamento da cabeça da serpente pelo descendente da mulher, que é Cristo.
A promessa de Deus feita a Abraão de abençoar no seu descendente todas as nações  da terra, é também uma referência a Jesus (Gl 3.16), que começou a ter cumprimento desde o primeiro homem, e  mais  especificamente  há  cerca   de dois mil anos, ainda está tendo cumprimento, e terá  até que se complete o número dos salvos que estão destinados à vida eterna, e cujos nomes estão escritos no livro da vida.
Assim, quando Moisés começou a escrever o livro de Gênesis no período provável de 1.440 a.C. a 1.400 a.C., sequer poderia imaginar a amplitude da promessa que foi feita a Abraão.
Qual é portanto o período a que se refere a narrativa de Gênesis ?
Assim, a rigor, não poderíamos afirmar que o conteúdo total de Gênesis se refere a um período já conhecido e acabado. Em vez de dizermos, portanto, que a narrativa de Gênesis se refere ou cobre o período que vai da criação dos céus e da terra até a fixação da família de Jacó no Egito, cerca de 1885 a.C., fechando-se a narrativa com a morte  de José;  é  melhor dizer que o livro contém a revelação de Deus que fora  feita  no  citado  período,  e  cujos fatos considerados por Ele como relevantes  para serem registrados, foram escritos por Moisés, cerca de 450 anos depois da entrada de Jacó com sua família no Egito, para que ali fosse formada a nação de Israel, da descendência dos seus filhos, a partir dos quais se formariam as doze tribos de Israel, conforme planejado por Deus.
A escrita do livro de Gênesis, em resumo, descreve que o homem foi criado com  um corpo formado do pó da terra, que para lá  retorna na morte, mas também com um espírito, no qual, pela obediência e comunhão com o Senhor, é marcada, progressivamente, a imagem e semelhança com Deus.
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A entrada do pecado no mundo privou Adão e toda a sua descendência de experimentar o fruto da árvore da vida. Isto significa que todos quantos permanecessem no mesmo estado de desobediência de Adão, ficariam impedidos de ter vida eterna e ser semelhantes ao Criador, conforme era do Seu eterno propósito.
Mas, mesmo sendo pecadores, todos aqueles que se voltassem para o Senhor, pela fé, dispondo-se a amá-Lo e servi-Lo, seriam aceitos pela Sua graça, porque elegeu para a vida eterna a todos que Lhe entregassem suas vidas pela fé, como foi o caso de Abel, Enoque, Noé, Abraão, Ló, Isaque, Jacó, José, entre outros. Todos estes têm seus nomes registrados no livro de Gênesis, tendo recebido testemunho de terem agradado a Deus.
Mas, os que não forem justificados pela fé,  permanecendo assim, na prática do pecado e vivendo contrariamente à vontade do Senhor, serão condenados, como o comprova os Seus juízos sobre Caim, sobre os que pereceram no dilúvio e em Sodoma e Gomorra.
Apesar da eleição e justificação serem pela graça, como comprovado na vida daqueles que o Senhor escolheu para Si, haveria necessidade de uma base para tal eleição e justificação, para que Deus pudesse permanecer Justo ao justificar o pecador: a morte e ressurreição de Jesus.
Para tanto, antes que Ele se manifestasse em carne, haveria necessidade de se formar um povo (Israel) através do qual o Senhor pudesse revelar o conhecimento da Sua vontade, e qual era a real condição do homem perante Ele desde que o pecado entrou no mundo.
Gênesis relata a maneira como Deus formou a nação de Israel a partir de Abraão, e para qual principal propósito: o de abençoar todas as nações da terra.
A recusa de Deus das vestimentas de folhas de figueira feitas por Adão e Eva para cobrir a sua nudez, depois do pecado, tendo feito Ele próprio vestimenta de peles para eles, que demandou o sacrifício de animais, revelava em figura, que uma vítima inocente teria que morrer para que a nudez produzida pelo pecado pudesse ser coberta. O pecado não pode ser coberto pelos meios do próprio homem, mas pelo único meio provido por Deus: o sacrifício de Jesus.
Aquela vestimenta, como dissemos, foi apenas uma forma tipológica de se ensinar que o pecado para ser coberto, demandaria o derramamento de sangue alheio.
Os altares que Abraão e os demais patriarcas levantavam para oferecer sacrifícios ao Senhor, também falavam em figura que os ofertantes eram aceitos por Ele, não em razão de sua própria justiça, mas com base na dAquele que morreria em favor deles.
Para revelar que a descendência abençoada de Abraão seria a nascida segundo a promessa e não segundo a carne, o Senhor confirmou a decisão de Sara de expulsar o filho da escrava Hagar (Ismael) com Abraão, para não ser herdeiro juntamente com Isaque, que era filho natural de Sara, livre e nascido segundo promessa de Deus a ela e a Abraão (Gl 4.21-31).
O crente é recebido portanto como filho de Deus simplesmente em razão do cumprimento da promessa que Ele fez a Abraão, e não por qualquer mérito pessoal. Não podemos confundir entretanto, a questão do mérito com o conceito de valor. Porque os escolhidos, apesar de não terem realmente nenhum mérito diante de Deus, têm no entanto, grande valor para Ele.
Isaque nasceu a Abraão porque lhe fora prometido pelo Senhor. Nem Abraão, nem Sara tinham mais condições, biologicamente falando, para gerá-lo. Deus operou um milagre naquele nascimento. Assim se dá  com  todos  os  que  nascem do Espírito pela fé. São gerados por meio de um milagre do Espírito Santo, e em razão da promessa que foi feita a Abraão. Por isso os crentes são  também chamados na Bíblia por filhos da promessa ou filhos de Abraão.
Noé era homem justo porque andava com Deus. É isto o que a Palavra nos ensina a tal respeito. Ninguém pode ter o fruto do Espírito sem andar com o Senhor. É na nossa comunhão com Ele que nos é infundida pelo Espírito a justiça e todas as demais virtudes de Cristo.
A eleição de Jacó, filho de Isaque, neto de Abraão, cujo nome o Senhor mudaria para Israel, que significa Príncipe de Deus, já comprovava que a própria nação de Israel também seria formada por meio da mesma eleição segundo a graça, e não por qualquer mérito de Abraão, de seus filhos ou daqueles que chegariam à existência depois dele. O Senhor mesmo viria a declarar através de Moisés que havia escolhido Israel, quando já era uma nação formada no Egito, para ser Seu povo,  entre  todas  as  demais  nações   que  existiam   na  terra,  não   pelo   fato de ser o povo mais numeroso, pois era o menor, mas porque os amava e para cumprir o juramento que fizera aos patriarcas (Dt 7.6-8).
Aí está declarada a eleição pela graça da própria nação israelita.
De igual forma, pela mesma eleição, está sendo formado o Israel espiritual, por meio da chamada daqueles que têm sido justificados, regenerados e santificados pelo Espírito.
São contados como filhos de Deus apenas os que crêem em Cristo (Jo 1.12), isto é, aqueles que são da fé.    
Gênesis é portanto o início do relato da história da criação de um povo (eleitos), que estaria ligado pela fé, para sempre, ao descendente de Abraão (Jesus). Deus fez um Pacto (aliança) eterno com eles através do sangue de Jesus (Lc 19.20).  É somente pelo fato de estarem nEle é que são abençoados com a salvação e a vida eterna.
Vemos assim que quando a Bíblia fala que os salvos são somente os que crêem em Cristo, não está se referindo a uma simples afirmação de crença na existência de Deus. A este respeito, Tiago diz que até os demônios crêem e tremem, mas nem por isso são ou poderão ser salvos do estado de perdição em que se encontram. Jesus mesmo ensinou que muitos dizem Senhor, Senhor, mas não serão salvos. Outros até profetizam e expulsam demônios em seu nome, e no entanto, Ele não os conhece. A verdadeira fé é aquela que une o crente a Cristo. Há uma união que não poderá ser desfeita (Rom 8.35-39).
Jesus afirmou que a forma de reconhecimento daqueles que pertencem à família celestial é pela sua obediência à Palavra de Deus. Os que são de Cristo apresentam as evidências da sua salvação, pelos frutos dignos de um verdadeiro arrependimento, isto é, pela santificação operada pelo Espírito Santo em suas vidas.
Se alguém diz que pertence a Jesus porque crê nEle, mas não cumpre os Seus mandamentos, então é bem provável que não seja um verdadeiro filho de Deus.

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A Nova Aliança em Cristo foi feita antes dos tempos eternos, mas foi revelada inicialmente a Abraão, porque Ele foi designado pelo Senhor como o pai dos que crêem em Cristo (Rom 4.16,17).
Abraão provou de muitas maneiras que não vivia para fazer a sua própria vontade, mas a do Senhor. Algumas já  comentamos. Mas também é digno de nota o fato de ter deixado a sua parentela e ter peregrinado pela terra que o Senhor lhe mostrou, e que daria à sua descendência.
O Senhor deu ao próprio  Adão uns poucos mandamentos, revelando assim que a vontade do homem não é soberana. A vontade de Deus deve imperar sobre a do homem.
Adão não tinha cometido ainda qualquer pecado. Era inocente. E recebeu mandamentos para cumprir. Os mandamentos não foram dados portanto em razão do pecado, mas para revelar que o nosso Deus é amado quando fazemos a Sua vontade.
Importa portanto que em todo o modo e circunstância seja Deus obedecido.
O homem foi criado para amar ao Senhor, e amá-Lo é cumprir Seus mandamentos (Jo 14.21). Mas para cumprir seus mandamentos é preciso que o homem nasça de novo do Espírito Santo, e isto só é possível por meio da fé em Jesus.
Deus revelou a Abraão que o povo que formaria a partir dele para habitar em Canaã seria peregrino numa terra alheia, e  reduzido à escravidão por quatrocentos anos, mas seriam depois libertados e sairiam com grandes riquezas. Esta terra alheia seria o Egito, para onde Jacó foi com seus familiares (setenta pessoas - Gên 46.27), para fixar residência juntamente com José, um dos seus filhos que se tornou governante sobre toda a terra do Egito.
José não sabia o preço que deveria pagar para que o propósito de Deus pudesse ser cumprido, através dele. Enciumados, seus irmãos tentaram tirar-lhe a vida, tendo sido salvo por um deles, Rúben, e por proposta de um outro, Judá,  foi vendido como escravo aos ismaelitas por vinte siclos de prata, que o levaram para o Egito, e que por sua vez o venderam ao comandante da guarda de Faraó, chamado Potifar.
José foi aperfeiçoado na perseverança através da disciplina que lhe estava sendo imposta pela tribulação, e no momento apropriado sairia da posição de encarcerado e escravo, para a de livre e governador.
Faraó investiu José de autoridade sobre toda a terra do Egito, e tendo este perdoado seus irmãos, que o haviam vendido como escravo, apresentou-os a faraó, bem como toda sua família que viera de Canaã para o Egito, tendo sido instalados na terra de Gósen com grande honra, por causa de José.
A grande honra que tinham no início no Egito viria a transformar-se em dura escravidão, conforme está  relatado no livro de Êxodo. Mas isto também estava fixado nos conselhos de Deus, pois como o próprio José havia predito ainda em vida, Ele visitaria o povo e o faria subir do Egito para a terra que havia jurado dar a Abraão, Isaque e Jacó.
Enquanto o povo de Israel ia se multiplicando no Egito, os povos de Canaã iam também crescendo em número e principalmente na prática da iniqüidade. O Senhor revelou a Abraão que Israel só sairia do cativeiro para a terra prometida quando estivesse cheia a medida da iniqüidade dos amorreus, que era um dos povos que habitavam em Canaã (Gên 15.16).
Israel estava sendo formado também para ser a espada do Senhor contra a impiedade dos cananeus, cujo culto idolátrico, conforme tem sido resgatado pela arqueologia, era dos mais bárbaros e horrendos, ao ponto de sacrificarem seus filhos na fogueira a divindades demoníacas.
A terra prometida seria então tomada por esforço mediante muitas batalhas; tal como ocorre com os crentes, na igreja de Cristo, que estão a caminho da Canaã celestial. Devem se empenhar em permanecer em santidade vencendo a guerra de muitas batalhas contra o pecado e os poderes das trevas, que será  travada até o último dia da sua vida de peregrinação neste mundo de trevas.
As chamadas doze tribos que compunham a nação de Israel eram  formadas pelos descendentes dos filhos de Jacó, sendo que José, estava representado por seus dois filhos Efraim e Manassés. É por isso que a Bíblia não fala na tribo de José, pois tanto as tribos de Efraim quanto a de Manassés eram compostas pelos descendentes destes dois  filhos de José.
Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Benjamin, Dã, Naftali, Gade e Aser, demais filhos de Jacó, cujo nome Deus mudou para Israel, eram os nomes que passaram a ter as demais tribos, porque estes eram os patriarcas do povo que se formou a partir deles, e que saiu do Egito e passou a habitar em Canaã, quando a terra começou a ser conquistada quatrocentos anos depois, nos dias de Moisés e Josué.
Israel não foi formado para ser servo de Faraó, mas do Senhor. Era povo de propriedade exclusiva de Deus, a partir do qual Ele se revelaria ao mundo.
O tempo estava completado. O bebê que havia sido livrado da matança do faraó que intentava exterminar os israelitas contava agora com oitenta anos de idade. E foi preparado no deserto por quarenta anos, para aprender que a obra do Senhor é feita por Ele mesmo através de nós, e não pela nossa própria força e sabedoria. A humilhação imposta a Moisés nos quarenta anos que passou no deserto de Midiã, permitiu a Deus transformá-lo num varão mui manso e obediente. Agora ele é chamado depois de ter visto o poder sobrenatural do Senhor na sarça que ardia em fogo mas não se consumia, a ir aos filhos de Israel no Egito para libertá-los da escravidão. Os falsos deuses do Egito seriam humilhados pelas manifestações de poder do único e verdadeiro Deus. Os israelitas aprenderiam a quem pertencem o domínio e o poder. Aprenderiam também como o Senhor distingue aqueles que são Seus daqueles que não Lhe pertencem, pois nenhuma das pragas que sobrevieram aos egípcios atingiram a qualquer israelita ou mesmo suas posses.
Assim também o Senhor fará  nos dias do tempo do fim, quando despejar Seus juízos sobre a terra. Ele guardará  do mal aqueles que O amam e que são Seus, pois sabe livrar da provação os piedosos,  e  reservar, sob castigo, os injustos para o dia de juízo (II Pe 2.9).

APLICAÇÃO DA LIÇÃO:

 1. Qual é o livro mais antigo da Bíblia ?
 2. Quanto tempo levou para ser formado o Velho Testamento ?
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 3. Quais são os livros que compõem o Pentateuco ?
 4. Quem escreveu o Pentateuco ?
 5. Quando foi escrito o Pentateuco ?
 6. Quem reuniu e colocou em ordem os livros do Velho Testamento ?
 7. Quanto tempo levou para ser formado o Novo Testamento ?
 8. Qual foi o primeiro livro do Novo Testamento a ser escrito ?
 9. Em qual concílio, e quando houve a fixação final do cânon do N.T. ?
10. Foram os concílios que deram aos livros da Bíblia a sua autoridade divina ?
11. Quantos livros a Bíblia da igreja católica romana contém  além dos 66 de nossas Bíblias ?
12. Por que a igreja romana aprovou os apócrifos ? 13. Quando ocorreu a primeira edição da bíblia romana com  os apócrifos ?
14. Qual foi o propósito principal de Deus na inspiração da escrita da Bíblia ?
15. Qual é o propósito principal da escrita do livro de Gênesis ? 16. O que seria necessário fazer para que Cristo viesse ao mundo ? 17. O que se aprende sobre a doutrina da eleição já  a partir do livro de Gênesis ?
18. O que ensina, em figura, a rejeição da vestimenta de folhas de figueira e a confecção de uma vestimenta de peles de animais, por Deus, para Adão e Eva ?
19. Por que os crentes são chamados de filhos da promessa ?
20. Por que Paulo afirma que Deus preanunciou o evangelho a Abraão (G l 3.8) ?
21. A fé que salva é uma simples afirmação de crença em Deus ? Justifique.
22. Qual é o principal propósito da narrativa da história de José ?
23  As tribos de Israel eram formadas pelos descendentes dos filhos de Jacó. Quais eram os seus nomes, além de José (pai de Efraim e Manassés) ?


2 - A Antiga Aliança

Os israelitas levaram três meses na jornada do Egito até o Monte Sinai, quando deixaram o cativeiro com Moisés.
Três dias depois de terem chegado ao citado monte o Senhor lhes falou audivelmente os dez mandamentos (Dt 5.22-24) que Ele mesmo iria registrar nas duas tábuas de pedra que daria a Moisés no cume do monte. Durante os quarenta dias e noites que Moisés lá  permaneceu, recebeu também outras leis que registrou num livro, chamado de livro da lei, inclusive, leis que descreviam o tabernáculo, que deveria ser construído segundo o modelo que lhe fora exibido (Hb 8.5; Êx 25.40), que era uma figura do verdadeiro tabernáculo que existe no céu (Hb 9.23,24).
As primeiras tábuas da lei foram quebradas por Moisés por causa do pecado do povo, que havia feito um bezerro de ouro para adorar, julgando que ele permaneceria no monte, pois demorava a retornar.
Ainda que os israelitas não o soubessem, o culto que se oficiaria no tabernáculo era também uma figura daquilo que Cristo viria a fazer no futuro, não com o sangue de animais, mas com o Seu próprio sangue, entrando no tabernáculo celestial para efetuar a purificação do pecado do povo que compraria para Deus com o Seu sangue  (Hb 9.23-26).
Aquele santuário terrestre falava intensamente acerca da santidade do Senhor. Nenhum templo das diversas religiões do mundo nada tinham de parecido com o tipo de culto que Deus havia instituído para os israelitas cumprirem no tabernáculo. E o ofício sacerdotal com a apresentação de sacrifícios no tabernáculo, foi instituído por Deus para que fosse feita expiação pelo pecado do seu povo de Israel. Era isto que aplacava a Sua ira divina e os tornava aceitáveis a Ele. De igual modo, os crentes são aceitos por Deus somente e exclusivamente por causa do sacrifício e sacerdócio de Jesus. É por ser o nosso Sumo Sacerdote que podemos estar de pé na presença de Deus e ter firme confiança para nos aproximarmos dEle, através do caminho que foi aberto pelo sacrifício de Jesus (Hb 10.19-22).
Exatamente um ano após a saída de Israel do Egito, o tabernáculo foi concluído e levantado (Êx 40.17), consumindo a sua construção cerca de nove meses, pois como vimos, três meses haviam sido gastos na jornada do Egito até o Sinai. A primeira vez que foi levantado, foi ao sopé do referido monte, e  como  era  um santuário portátil, foi desmontado cinqüenta dias após (Núm 10.11) porque a nuvem que permanecia sobre ele havia se  movimentado para o deserto de Parã, indicando que o povo deveria levantar acampamento e dirigir-se para aquele local (Havia uma nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite, sobre o tabernáculo).
As jornadas dos israelitas eram determinadas pelo Senhor de acordo com a movimentação da nuvem ou do fogo que permaneciam sobre o tabernáculo.
Isto indicava em figura que a vida do crente deve ser dirigida segundo o mover do Espírito Santo.
Desde que haviam saído do Egito, cerca de quarenta e cinco dias após, o povo teve saudade da comida e do tempero da terra da escravidão, e passou a murmurar contra Moisés e Arão pela falta da fartura de comida. Sem que o soubessem, Deus estava colocando a obediência deles à prova, em face das dificuldades. Eles falharam porque murmuraram. Mas, mesmo assim o Senhor lhes deu codornizes e o maná, que passou a cair do céu todos os dias, exceto aos sábados, e isto, por um período de quarenta anos, até entrarem em Canaã. Pelo maná o Senhor pôs também à prova e exercitou a obediência dos israelitas, posto que era dado na quantidade exata para todo o povo. Se alguém recolhesse demais faltaria para outros, e não poderia ser guardado de um dia para o outro pois estragava.
O pão nosso de cada dia, não apenas material, mas sobretudo o espiritual, pois nem só de pão material vive o homem, deve ser buscado em cada dia. As bênçãos e misericórdias do Senhor são renovadas em cada manhã. Devemos orar pelas nossas necessidades presentes, confiantes na providência do Deus bondoso, onipotente e misericordioso, que é nosso Pai.
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Na marcha rumo ao Sinai, murmuraram também pela falta de  água em Refidim. E mais uma vez reclamaram por terem deixado o Egito para sofrerem no deserto.
O livro de Números está  repleto de passagens em que são relatadas as murmurações e os pecados dos israelitas, enquanto caminhavam no deserto, e a forma como o Senhor os visitou com Seus juízos. Paulo diz que tudo o que foi escrito foi para advertência dos crentes na igreja de Jesus, de modo a não cairmos no mesmo erro (I Cor 10.1-13). É digno de nota que as pragas cessavam quando os sacerdotes faziam expiação pelo povo com seus incensários e apresentação de sacrifícios de animais (Núm 8.19; 16.46-48; 18.1,5). É com tal eficácia do sacrifício e do sacerdócio, em favor do povo de Deus,  que a pessoa de Jesus é exaltada e deve ser completamente reverenciada pela sua igreja, uma vez que é exclusivamente em razão do Seu sacrifício e sacerdócio que somos livrados da ira de Deus, e podemos estar na Sua presença.
Desde que saiu do Egito e peregrinou no deserto, por quarenta anos, juntamente com os israelitas, rumo a Canaã, Moisés pôs-se a escrever, por inspiração e revelação divinas, o Pentateuco (penta = cinco, e teuco = tomos), isto é, os cinco livros da lei (Gên, Êx, Lev, Núm e Dt).
Quando Moisés escreveu o livro de Deuteronômio no último ano da sua vida, os israelitas estavam se preparando para entrarem em Canaã com Josué. Ele fez uma recordação das coisas que haviam acontecido para exortar o povo à obediência, lembrando-lhes que foram resgatados do Egito para servirem ao Senhor, amá-Lo e cumprirem Seus mandamentos. Caso fossem obedientes à  aliança  que o Senhor fizera com eles, seriam abençoados com as bênçãos que Ele havia prometido e que estão registradas nos livros de Levítico e Deuteronômio. E caso transgredissem os mandamentos, descumprindo a aliança, seriam amaldiçoados com as maldições previstas nos citados livros.
Daí se aprende por princípio que a vida do crente é abençoada por Deus quando ele cumpre os mandamentos de Cristo. E do mesmo modo, deixa de ser abençoado quando não pratica a Palavra. No caso da igreja, deve ser considerado que Cristo resgatou o crente da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição no nosso lugar (Gl 3.13,14). Mas, o crente rebelde será sujeito à disciplina, podendo até mesmo ser entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor (I Cor 5.3-5).
Entretanto é dever dos crentes fiéis que estiverem firmes na fé no Senhor, que sejam longânimos para com todos os seus irmãos em Cristo. Que saibam discernir entre aqueles que são insubmissos, desanimados ou fracos na fé; de modo que admoeste somente os insubmissos, pois os desanimados devem ser alvo da sua consolação, e os fracos do seu amparo, mas é sua obrigação serem longânimos para com todos, até mesmo com os insubmissos, na expectativa de que se arrependam e retornem à comunhão, porque são filhos de Deus, comprados para Ele pelo sangue de Cristo.
Estes são ensinos típicos da Nova Aliança, respaldados nas palavras e no exemplo do próprio Jesus que havia instruído os apóstolos a exercerem na igreja a disciplina de exclusão apenas nos casos de insubmissão revelada na resistência de determinados crentes à admoestação da liderança da igreja relativa aos pecados contra o corpo de Cristo (Mt 18.17),  e a perdoarem os pecados daqueles em que se percebesse evidências de genuíno arrependimento (Lc 17.3,4).
Mesmo os excluídos devem ser alvo da longanimidade dos que estiverem firmes, pois caso venham a se arrepender e a se consertarem, posteriormente, deverão ser perdoados (Mt 18.21,22).
Moisés alertou o povo, e esta palavra valeria para todas as gerações de israelitas, que o Senhor levantaria ainda um profeta (Dt 18.15-19) que faria conhecida a Sua vontade final. E quem não O ouvisse seria julgado. Trata-se de uma clara referência a Jesus, pois o que nele crê não é julgado, e o que não crê já está julgado (Jo 3.18).
Afinal, quase tudo na lei apontava para Jesus: os   sacrifícios, os utensílios do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes. A finalidade da própria formação da nação de Israel e da lei dada por meio de Moisés, tinham em vista ensinar que devemos entregar nossas vidas a Jesus e viver para Ele, de acordo com a Sua vontade, expressada nos Seus mandamentos.
Ainda que fossem oferecidos sacrifícios de animais no Velho Testamento e exigido o derramamento de sangue para a expiação do pecado, a Bíblia ensina acerca da impossibilidade da remoção do pecado com tais sacrifícios (Hb 10.4,11). Não há  justificação e remissão nas bases de Hb 10.16-18, fora de Cristo (Hb 9.11,12). Deste modo, tanto os que viveram na dispensação da Lei (de Moisés até a morte de Jesus), e mesmo os que  viveram  antes dela (de Adão até Moisés), e que obtiveram justificação pela fé‚ e remissão dos pecados, alcançaram-no também com base no sangue de Jesus, que Se ofereceu por todos os homens na cruz.
Jesus é o único e suficiente e aceitável sacrifício, capaz de satisfazer à justiça divina, tanto para os que viveram nos dias do Antigo Testamento, quanto para os que têm vivido na presente dispensação da graça. Lembremos que o véu do templo foi rasgado (Mt 27.51) indicando a terminação de uma aliança, de um ministério, cuja forma de culto tinha por base os serviços do tabernáculo, e posteriormente, do templo, dando lugar ao início de um novo ministério de muito maior glória (II Cor 3.3-11), e baseado em superiores promessas (Hb 8.6,7).
Entretanto, podemos aprender muito acerca do culto que devemos prestar ao Senhor, através dos princípios que estão revelados no tabernáculo e no ofício dos sacerdotes. O tabernáculo fala assim em figura tanto a respeito de Jesus, quanto do seu corpo, que é a igreja. Os sacerdotes deveriam ministrar em santidade no tabernáculo terrestre. Jesus é o sacerdote perfeito e santo que intercede continuamente por nós à direita do Pai. De igual modo, todos os crentes devem servir ao Senhor em santidade de vida.
No Lugar Santo do tabernáculo  havia  três  objetos de ouro: Um altar para queima de incenso; um candelabro de sete hastes e uma mesa para os pães. As sete lâmpadas do candelabro deviam ser alimentadas com azeite, e serem acesas à tarde, e apagadas pela manhã (Êx 30.8; I Sam 3.3), e isto todos os dias. Isto além de indicar que Jesus é a luz, ensina-nos que sendo também nós luz no Senhor, devemos andar na Sua luz todos os dias, e devemos andar também como filhos da luz, mantendo a chama do Espírito Santo acesa em nossas vidas, enchendo-nos diariamente da Sua presença, o que está  representado pelo azeite com o qual eram acesas as lâmpadas. O incenso devia ser queimado à tarde e de manhã, diariamente, quando se acendia e se apagava as lâmpadas do candelabro (Êx 30.8). As orações dos santos são apresentadas continuamente, no altar que existe no tabernáculo celestial (Apo 8.3,4), e mais do que as orações dos santos, isto representa a própria intercessão ininterrupta de Cristo em favor de sua igreja, como sumo sacerdote à direita do Pai.
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Na mesa eram colocados doze pães em duas fileiras de seis, sendo trocados todos os sábados (Lev 24.5-9). Eles representavam que Jesus é o pão da vida do qual devemos nos alimentar.
No Santo dos Santos estava a arca com o propiciatório (tampa), tudo  em ouro, com os dois querubins alados, um em cada extremidade, com suas asas estendidas sobre o propiciatório. No seu interior estavam guardados: as duas tábuas com os dez mandamentos, um pote de maná  e a vara de Arão que havia florescido e dado  amêndoas. Ao  lado  da  arca  era guardado o livro da lei (o Pentateuco). A arca era de madeira de acácia, revestida de ouro por dentro e por fora. Isto indicava tanto a humanidade (madeira), quanto a divindade (ouro) de Jesus. Ensina também em figura que o seu povo deve ser puro assim como Ele é puro e refletir a sua glória tanto interna, quanto externamente (o que era simbolizado pelo ouro).
Um grosso véu separava o Lugar Santo, do cômodo mais interior, o Santo dos Santos, e somente o sumo-sacerdote podia entrar no Lugar Santíssimo, como também era chamado, uma única vez por ano, para fazer expiação por si e por todo o povo, aspergindo o sangue de animais sobre o propiciatório.
Este véu foi rasgado de alto a baixo, quando Jesus morreu na cruz, indicando que a morte do Senhor é o único caminho que permite ao pecador achegar-se à presença de Deus.
Tudo o que havia no Santo dos Santos ensinava em figura que a entrada na presença do Senhor exige reverência, com um coração sincero, em plena certeza de fé, e os corações purificados de má  consciência e tendo o corpo santificado de qualquer impureza da carne, assim como nos ensina a Palavra de Deus na epístola aos Hebreus (10.1-22).
Através do tabernáculo o Senhor visava ensinar ao seu povo que  Ele é santo, e os seus servos devem também ser como Ele é. O conceito de  santidade  inclui  a  idéia  de  pureza absoluta. Este estado não pode ser produzido pelo homem, e por isso o Senhor declara que  é Ele mesmo que nos santifica e é a sua operação na nossa vida que nos vai santificando mais e mais. A santificação é um longo processo que dura toda a vida e consiste no despojamento das obras da carne e do revestimento das virtudes de Cristo, para que sejamos úteis e operosos no serviço de Deus.
Como o pecado entristece o coração de Deus, era exigido do ofertante que apresentasse um animal para ser sacrificado para cobertura do seu pecado, e que afligisse sua alma, isto é, que também sentisse tristeza e arrependimento pela falta cometida.
Uma vez tratado o problema do pecado (ainda que em figura, e para purificação da consciência), deveria ofertar também um holocausto e uma oferta pacífica.
O holocausto representava a consagração a Deus daquele que teve o pecado perdoado, pela apresentação anterior da oferta pelo pecado. Ninguém estava dispensado de apresentar tal oferta, e mesmo em caso de pobreza que não permitisse a compra de um cordeiro ou cabrito (Lev 5.6), deveria ser oferecido um par de rolas ou de pombos (Lev 5.7), e caso a pobreza fosse extrema,  deveria oferecer a décima parte de um efa de farinha (Lev 5.11).
Ninguém em pecado pode consagrar-se ao Senhor. E muito menos ter comunhão com Ele, o que era representado pela oferta pacífica, que deveria ser apresentada depois do holocausto, da qual o ofertante podia comer partes da oferta, alegre e juntamente com familiares e amigos.
Ao instituir a Nova Aliança, Jesus revogou as prescrições cerimoniais da lei. Eram inúmeras as situações em que uma pessoa era considerada imunda, sendo impedida de entrar no santuário, como por  exemplo,  quem  tinha  fluxo,  lepra, quem  tivesse tocado em algum cadáver,  ou tocado ou se alimentado de algum animal imundo, e permanecia em tal condição de acordo com os diversos períodos fixados pela lei.
Deus, que tudo sabe, preanunciou a Moisés que Israel se afastaria tanto da Sua presença, por causa do pecado, que seria levado em cativeiro para outras nações, saindo portanto da terra prometida, mas, caso confessassem a sua iniqüidade, que cometeram contra o Senhor,  Ele  se  lembraria  deles no seu estado de humilhação a que foram sujeitos pelo castigo da Aliança, mas, Ele também se lembraria da aliança que havia feito com Abraão, Isaque e Jacó de ser para sempre o Deus de Israel, e abençoaria aqueles que se arrependessem  (Lev 26.44,45).
Quão grandioso é o Senhor e a Sua misericórdia.
Em quem confiaremos ? Em Sua promessa ou na acusação de Satanás ?
Se o crente cai no pecado, deve voltar-se para o Senhor que é rico em perdoar. É na promessa que Ele fez a Abraão de que nos abençoaria por sermos de Jesus, é que devemos confiar, e não nas acusações da nossa consciência ou do diabo.  
Se algum crente tem andado em território do Inimigo, deve buscar lugar de arrependimento diante do Senhor lamentando as suas faltas, pois assim como Ele procedeu em relação a Israel, muito mais procederá em relação a nós, que nos temos aliançado com Ele através de Jesus (Tg 4.7-10).
Toda uma geração de israelitas foi impedida de entrar em Canaã por causa da incredulidade. Dos doze espias apenas Josué e Calebe foram poupados por Deus e receberam herança na terra, porque apesar das dificuldades creram na promessa do Senhor e não foram rebeldes contra Ele como os demais. Não podemos nos deixar intimidar pelas ameaças do inimigo de nossas almas. Devemos olhar para o Senhor e prosseguir adiante, assim como fizeram Josué e Calebe.
Mesmo mantendo sob juízo aqueles que não creram nEle, o Senhor nem por isso deixou de ser bondoso para com a nação de Israel, por amor à promessa que fizera aos patriarcas de ser o Deus de Israel. A sandália e a roupa deles não se gastou enquanto peregrinaram no deserto. Nenhum juízo teria vindo sobre eles se tivessem andado em obediência, e caso se arrependessem dos seus pecados.
Entretanto, ainda que aqueles que se arrependessem pudessem retornar à comunhão com o Senhor, dependendo da falta que praticassem, teriam  que dar contas da mesma em juízo, perante as autoridades de Israel, já  que se encontravam debaixo da Antiga Aliança, que prescrevia a pena do olho por olho, dente por dente, como retribuição legal das ofensas cometidas contra o próximo (Êx 21.24; Lv 24.20; Dt 19.21).
Ao instituir a Nova Aliança no Seu sangue, Jesus excluiu tal penalidade da Aliança (Mt 5.38), retirando da esfera do poder eclesiástico (da igreja) a autoridade para o julgamento de questões civis, passando esta para a esfera do governo civil de cada nação, que tem liberdade para legislar sobre o assunto. E ordenou à igreja, o princípio de não fazer justiça pelas próprias mãos, de estar pronta para suportar injustiças, sem guardar rancor (Mt 5.39-42).
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Jesus modificou outros preceitos da Antiga Aliança, além do citado, os quais foram substituídos por novos preceitos, conforme podemos observar no capítulo quinto do evangelho de Mateus.
Não podemos esquecer que muitos preceitos da Antiga Aliança foram dados como normas para regular as relações da sociedade civil da nação de Israel. Eram, por assim dizer, a Constituição daquele país.
Como a Antiga Aliança foi feita exclusivamente com aquela nação, e a Nova Aliança a partir de Jesus, que a substituiu, é estabelecida com pessoas de todas as nações, assim como Deus havia prometido a Abraão, que em Seu descendente (Cristo) seriam abençoadas todas as nações  do  mundo,  então,  seria de se esperar que tal Constituição fosse alterada, inclusive para Israel.
Sempre houve, em todas as nações, mesmo em Israel, aqueles que são de Deus e aqueles que não Lhe pertencem. Os que amam ao Senhor importam-se em cumprir Seus mandamentos e fazer Sua vontade. Isto já não ocorrerá jamais com os que não O amam. Por isso, já  era de se esperar que numa Aliança feita com todas as pessoas de uma nação, como era o caso da Antiga, que foi celebrada no Sinai pela mediação de Moisés, quando o povo saiu do Egito, que a maioria deles a violasse, como de fato ocorreu em todas as gerações de Israel  (Jer 11.1-17; 31.31,32). Pois, mais são os que se perdem do que os que se salvam. São poucos os que dão com a porta estreita da salvação e entram por ela.
É incorreto julgar que a aliança era quebrada ou violada, quando alguém transgredia qualquer mandamento da lei. É bom lembrar que Deus havia feito provisão de meios para o perdão e restauração do transgressor arrependido, especialmente nos ofícios do tabernáculo. Qual foi a resposta que Deus deu à oração de Salomão, consagratória do templo de Jerusalém, quando este conclamou ao Senhor para ser misericordioso com as faltas do povo de Israel, quando entrassem no templo, ou orassem voltados para ele ? Não está  em II Crôn 7.14 ? O perdão era também um mandamento da Lei. A restauração do pecador arrependido era também um dos seus preceitos.
Deus não age portanto em relação àqueles que O temem de modo frio e legalista, quando estes transgridem a Sua Lei, já  que contempla o que está nos seus corações.  Se ali vislumbra uma tênue tristeza pelo pecado, e uma pequena fagulha de arrependimento, move-se de íntima compaixão e assiste e restaura o faltoso pela Sua graça.
A Bíblia está  repleta de exemplos que confirmam esta verdade. Até os assírios da cidade de Nínive foram perdoados nos dias de Jonas, porque se arrependeram de seus pecados. O rei Manassés, que agiu tão perversamente em Judá, foi também perdoado, quando se humilhou perante o Senhor, quando ouviu o pesado juízo que lhe estava reservado caso não se arrependesse.
As maldições previstas na Lei contra a infidelidade de Israel, na Antiga Aliança, eram terríveis, mas não poderiam ser de outro modo, porque Deus lidaria em quase todo o tempo com pessoas ímpias, transgressoras voluntárias da Sua vontade, e que tinham prazer nisso. Não se promulgam tais leis senão para malfeitores (I Tim 1.8-11). Para estes a lei é terrível e pesada. Mas, ela é boa para aqueles que se utilizam dela de modo legítimo, isto é, para aqueles que temem ao Senhor, porque estes, são beneficiados pela Sua misericórdia.
A falta de fé impediu toda uma geração de israelitas de entrar em Canaã. Deus já  havia suportado com paciência muitas murmurações deles, e até mesmo quando fizeram o bezerro de ouro, não lhes sentenciou que toda a nação deixaria de entrar na terra. Mas, quando lhe voltaram as costas desejando voltar para o Egito, aí então receberam a sentença de que não entrariam na terra prometida (Núm 14.1-38). Isto ensina em figura, que a entrada na Canaâ celestial não é por obras ou pelos méritos dos homens, mas pela fé em Jesus. Todo o que nEle crê e persevera na fé, confiando em Deus, tem a sua entrada no céu garantida e assegurada.
Moisés organizou o povo, e designou a ordem das tribos ao redor do tabernáculo, três de cada um dos quatro lados. Isto ensinava que o nosso Deus é o centro da vida do Seu povo, e ninguém mais. Ao mesmo tempo ensina-nos que Ele exige ordem e decência na Sua presença. Esta ordem ao redor do tabernáculo seria desfeita quando eles conquistassem Canaã com Josué, pois cada tribo ocuparia o território que lhe foi designado, exceto a tribo de Levi, que foi separada pelo Senhor para o serviço do santuário e para ensinar a Lei em todo o território de Israel.
O tabernáculo permaneceu em Silo até os dias de Davi, quando foi transferido para Jerusalém, que havia sido conquistada por Davi, dos jebuseus.
As batalhas contra as nações pagãs de Canaã, evidenciavam que os israelitas obtinham vitórias quando obedeciam ao Senhor e marchavam com fé em Suas promessas. Mas eram vencidos quando lhe eram desobedientes. O Senhor mesmo lhes havia advertido através da Lei que isto sempre ocorreria: vitória sobre os inimigos quando guardassem a aliança cumprindo os mandamentos do Senhor, e o contrário, em caso de desobediência.
Isto sempre ocorreu em relação a Israel enquanto vigorou a Antiga Aliança, nos seus quase mil e quinhentos anos, de Moisés a Jesus.
O livro de Josúe narra a conquista e a distribuição da terra de Canaã pelas tribos de Israel.
Jericó era uma cidade de guerreiros e fortificada, com muralhas tão largas que havia até residências sobre elas, como a da prostituta Raabe, que havia acolhido os espias que foram enviados por Josué. Mas as suas muralhas ruíram pelo poder do Senhor enquanto o povo rodeava a cidade e louvava o Seu nome.
Entretanto, uma cidade muito menor em importância, chamada Ai, venceu os israelitas, por causa da desobediência de um único homem chamado Acã, que transgrediu a vontade do Senhor, que havia ordenado que nada do despojo da cidade de Jericó deveria ser tomado pelos israelitas.
Acã e tudo quanto possuía foram apedrejados até a morte, sendo queimados a fogo posteriormente.
Enquanto vivia Moisés, a terra havia se rompido e engolido a Datã, Coré e Abirão, que haviam contestado o governo de Moisés sobre Israel, e principalmente o sacerdócio de Arão. O argumento deles parecia até razoável: Ora, se toda a  nação era abençoada, e todos eram servos do Senhor, porque Moisés e Arão teriam a primazia na liderança da nação ? Estavam esquecidos que Israel não era uma democracia, mas uma teocracia. Deus mesmo havia escolhido Moisés e Arão, e ponto final. Rejeitá-los era o mesmo que rejeitar o Senhor. Era como afirmar indiretamente  que  Ele  havia  errado  na  escolha que fez.
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Eles erraram ao incitar o povo contra Moisés e Arão. Foi nesta ocasião que o Senhor confirmou o sacerdócio de Arão trazendo uma peste sobre o povo que só cessou quando Arão intercedeu em favor deles usando o seu incensário. Fogo saiu da parte do Senhor e consumiu os revoltosos, juntamente com outros duzentos e cinqüenta príncipes de Israel, que lhes haviam seguido na tentativa de conspiração.
E para dissipar qualquer dúvida sobre a Sua vontade em relação a Arão ordenou que fossem colocadas varas diante da arca representando cada tribo de Israel, sendo que o nome de Arão deveria ser registrado na vara de Levi, tribo à qual pertencia. De todas as varas somente a de Arão floresceu e dava amêndoas.
Estes acontecimentos produziram um grande e saudável temor na geração que conquistaria Canaã com Josué.
Acã ficou sendo um nome equivalente a perturbação. E o lugar onde foi apedrejado ficou sendo conhecido por vale de Acor, que significa perturbação grave e em excesso (Js 7.24,26, Is 65.10).
Mas, como o tempo se encarrega de tudo apagar em nossa memória (daí a importância de estarmos sempre lendo a Bíblia para nada esquecermos) tais incidentes foram esquecidos ou não receberam a devida atenção das gerações posteriores, ao ponto de terem ocorrido sucessivas opressões de povos inimigos no período narrado no livro de Juízes, e que durou cerca de trezentos anos.
Os israelitas transgrediam os mandamentos, idolatravam, então eram subjugados pelas nações inimigas até quando, não suportando mais a opressão, clamavam ao Senhor por livramento, então Ele levantava um juiz (como Gideão e Sansão por exemplo), que os livravam. Experimentando a bênção  da  liberdade, com o passar dos anos, especialmente a geração subseqüente voltava a pecar, e aí o ciclo citado se repetia. Isto durou até o Senhor levantar o profeta Samuel, que era reconhecido como homem de Deus por todas as tribos de Israel. Samuel era extremamente fiel à Palavra do Senhor e tinha grande intimidade com Ele. Fundou uma escola de profetas para aprendizado da Palavra e sua disseminação por Israel.
Conclamou o povo a abandonar a idolatria e voltar-se para o Senhor.
Tendo realizado uma profunda reforma na vida religiosa da nação.
A este tempo o povo pediu um rei como o tinham todas as demais nações.
Deus lhes levantou Saul, que era um rei segundo  o coração do povo, isto é, segundo aquilo que eles tinham em mente do padrão ideal para um rei. Mas, como contemporâneo de Saul já  vivia um jovem, segundo o coração de Deus, apesar de sua aparência comum, ser franzino e um pastor de ovelhas. O povo se antecipou pedindo um rei, pois o Senhor já  estava preparando Davi para tal propósito.
Houve guerra entre os seguidores de Saul, depois de sua morte, e os homens de Davi, para que este pudesse assumir o trono. Tudo isto poderia ter sido evitado se o povo soubesse esperar o tempo de Deus.
Davi assumiu o trono cerca de mil anos antes de Cristo, e fez de Jerusalém a capital do reino. Com isto, deu início ao cumprimento da bênção profética de Jacó acerca do seu filho Judá, registrada no livro de Gênesis, cerca de novecentos anos antes, pois afirmou que o cetro jamais se arredaria de Judá (Gên 49.10).
Ora, esta profecia terá  o seu cumprimento final em Jesus, que é descendente de Davi, que era também da cidade de Belém de Judá  (II Sm 7.16).
O rei eterno de Jerusalém será  Jesus, de quem o reinado de Davi foi tipo.
A humildade, a obediência de Davi, e especialmente a sua dependência de Deus são além de inspiradoras, um bom exemplo para ser seguido principalmente por aqueles que têm sido chamados por Deus para serem líderes na igreja.
As vitórias sobre os inimigos eram obtidas porque Ele orava e reconhecia  que  o  Senhor  era  quem  dava  a vitória a Israel sobre as nações inimigas.
Ele era homem de oração e de louvor, como podemos verificar nos Salmos, que são na quase totalidade, de sua autoria. Seu fervor de espírito foi revelado quando dançou com todas as suas forças diante do Senhor, quando trouxe a arca para Jerusalém (II Sm 6.14).
Quando se descuidou da vigilância espiritual e caiu no pecado de adultério com Bate-Seba, veio a arrepender-se profundamente, mais tarde.
Quando fez o censo de Israel sem consultar a vontade do Senhor a respeito, e quando um anjo enviado por Ele já  havia dizimado a população de Jerusalém e se preparava para destruir a cidade, Davi se humilhou na presença do Senhor, e com isto foi ordenado ao anjo que tornasse a colocar a sua espada na bainha.
Este pecado poderia ser perdoado em qualquer outro, mas não em Davi, que estava se deixando mover na ocasião muito mais por interesses políticos do que pelos relativos ao reino de Deus. Ele queria ter a exata noção do tamanho do exército que estava a seu serviço, pensando possivelmente em executar um plano de domínio sobre todas as nações. No entanto, a praga que veio sobre a população dizimou certamente a muitos do exército de Israel. Era Deus quem dava a vitória sobre os inimigos e não o poderio militar da nação. Davi estava se esquecendo disso, mas o castigo do Senhor trouxe-o de volta à visão da fé, de modo a não mais esquecer a quem de fato pertence o poder.
O reinado de Davi foi levantado pelo Senhor para ser tipo do reinado de Jesus, e por isso dissemos que o seu pecado poderia ter sido perdoado na pessoa de um outro rei. Afinal, muito se pede a quem muito é dado.
Não foi este o mesmo caso que se deu com  Moisés quando foi impedido de entrar na terra de Canaã pelo Senhor, em razão da contenda das águas de Meribá ? Ele bateu na rocha em vez de falar à mesma. Indagou ao povo, se porventura o Senhor daria água a pessoas rebeldes como eles. No entanto, Ele havia dito a Moisés que daria água ao povo, como de fato deu, independente das circunstâncias que estavam ocorrendo.
Moisés era tipo de Jesus como profeta (Dt 18.15), e por isso dizemos que este seu pecado poderia ter sido relevado em um outro qualquer, mas não nele.
Por isso a igreja de Cristo deve orar muito em favor daqueles que são investidos pelo Senhor em posições de liderança, especialmente pelos pastores, pois estão expostos a um maior juízo em relação ao pecado.


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Davi desde pequenino enfrentou várias tribulações com firmeza de fé no Senhor, como a vitória que Deus lhe deu por causa da sua fé, sobre o gigante Golias. Mas, foi exatamente por isso que o seu nome é lembrado e reverenciado pelos israelitas até os dias de hoje. E sua vida é uma inspiração para a igreja de Cristo, porque nos revela que Deus de fato exalta àquele que se humilha, e que aperfeiçoa o caráter dos seus filhos por meio de muitas provações.
Deste modo, todos os reis que viveram em obediência ao Senhor e não se importaram em serem populares agradando a homens, não somente foram abençoados como abençoaram a nação.
E por outro lado, aqueles que consentiram em manter os altares espalhados pela nação para adoração de outros deuses, e que não governaram pela Palavra do Senhor, foram mal sucedidos, como também sujeitaram a nação aos juízos de Deus, que culminariam com a expulsão dos israelitas do seu território, sendo espalhados pelas nações, através dos cativeiros assírio e babilônico. Tudo isto está  registrado nos livros dos Reis e de Crônicas.
A nação de Israel, através dos juízos que recebeu da parte de Deus em razão do pecado, tendo sido até expulsa da terra prometida, tornou-se exemplo para a igreja de Cristo, no sentido de nos ensinar que o pecado é o que pode efetivamente afastar-nos da presença de Deus, e que devemos zelar para não viver pecando, pois fomos libertados da escravidão do pecado, por meio da morte de Cristo, tendo sido batizados na Sua própria morte, para que a Sua vida ressurrecta seja a nova vida na qual devemos viver, pois somente ela pode garantir a vitória sobre o pecado que tão de perto nos assedia por todos os dias da nossa vida (Rom 6).
Salomão recebeu sabedoria e riqueza como nenhum outro homem teve antes dele ou terá  depois, conforme lhe fora  prometido  pelo  Senhor.  A  prova  da sabedoria que recebeu está nos livros de Eclesiastes e Cantares, que são de sua autoria, e na maioria das citações do livro de Provérbios que são também de sua autoria. Mas, a sua riqueza acabou ofuscando a sua sabedoria, uma vez que chegou a perder o temor do Senhor, vindo a permitir que em Israel fossem erigidos altares a divindades de outras nações, por atender ao pedido de suas esposas, com as quais casou para estabelecer alianças políticas e estender as fronteiras e o domínio do seu reino.
Por isso Jesus afirma que não podemos servir a Deus e ao dinheiro. E o Espírito Santo nos adverte através do apóstolo Paulo que o amor do dinheiro é a raiz de todos os males (I Tim 6.9,10).
Quando o que nos move na obra do Senhor já não são exclusivamente os interesses do reino de Deus, mas o alvo de ter sucesso ou dinheiro, poderemos até a vir a nos desviar da fé, como ocorreu com Salomão, que havia, dantes, sido poderosamente usado pelo Senhor.
Em razão da idolatria de Salomão, o reino que era  um  só para todas as tribos, daí ser chamado de Reino Unido (Saul, Davi e Salomão), foi dividido por Deus em dois segmentos: dez tribos ao norte, que passaram a ter sua capital em Samaria, a partir do rei Onri, que foram designadas como Israel ou Reino do Norte; e a tribo de Judá, ao Sul, onde estava o templo em Jerusalém, chamada de Reino do Sul ou Judá, em que se perpetuaria no trono a descendência de Davi até ao tempo do cativeiro babilônico.
Ambos os reinos foram para o cativeiro por terem transgredido a aliança e especialmente em razão da idolatria que foi introduzida como religião oficial do Reino do Norte com o seu primeiro rei, chamado Jeroboão I, que estabeleceu o culto ao bezerro, tendo feito dois bezerros de ouro, colocando um em Dã e outro em Betel, movido pelo interesse político de manter os israelitas no seu próprio território, evitando que fossem adorar a Deus no templo que ficava no Reino do Sul.
A idolatria se expandiu muito em Israel a partir dos dias do rei Acabe, que começou a reinar em 874 a.C. Para protestar contra tal avanço do culto a Baal, Deus levantou os profetas Elias e Eliseu para principalmente convencer àquela geração que somente Ele é Deus e não Baal.
A fidelidade de Davi devia ter sido esquecida pois quando Acabe começou a reinar Ele já  havia morrido há  cerca de cem anos.
Israel foi levado em cativeiro pela Assíria em 722 a.C., e Judá para Babilônia, em 586 a.C. Estas são as datas das levas finais de cativos.
A maior parte dos profetas escritores, com exceção de Ageu, Zacarias e Malaquias, realizou o seu ministério durante o período do Reino Dividido (931 a.C. a 586 a.C.). Alguns no Reino do Sul, e outros no Reino do Norte, ou em ambos. (Consulte sua tabela cronológica para obter maiores informações sobre isto).
Enquanto o Senhor protestava através deles contra o pecado de Israel ou de Judá, e das nações dos seus dias, revelava-lhes também visões referentes ao ministério de Jesus e do tempo do fim. Ao mesmo tempo que repreendia a infidelidade da nação pelo ministério dos profetas, o Senhor lhes infundia esperança pelas promessas de restauração futura, de modo que isto lhes serviria de consolação durante o período que permaneceriam no cativeiro, de forma a saberem que não haviam sido abandonados definitivamente por Ele, mesmo em face de estarem sendo submetidos à disciplina da aliança.
Lembre-se que era a Antiga Aliança que ainda estava em vigor. Esta só seria substituída pela Nova a partir da morte de Jesus.
O templo de Jerusalém, que havia sido construído por Salomão, foi destruído pelos babilônios, quando Judá  foi levado para o cativeiro.
Mas quando os babilônios foram vencidos pelos medo-persas, estes decretaram o retorno dos judeus para a sua própria terra, sendo iniciadas imediatamente as obras de reconstrução do templo em 536 a.C. Mas, por oposição dos samaritanos estas  foram  paralisadas, e  isto permaneceu até 520 a.C., quando foram reiniciadas, tendo Deus levantado os profetas Ageu e Zacarias para animar e incentivar o povo na reconstrução, tendo o templo sido concluído em 516 a.C.
Era bem mais humilde, comparado ao templo de Salomão, tendo sido ampliado pelo rei Herodes, próximo dos dias de Jesus, passando a ter o esplendor que encantou todo o mundo de então, pois Herodes, sendo Idumeu, querendo agradar politicamente os judeus, começou tal remodelação do templo.
Voltemos a 516 a.C. O templo fora reconstruído, mas os muros de Jerusalém permaneciam destruídos, e o renovado interesse pela Palavra de Deus, que havia surgido no retorno à Palestina, tendo os judeus sido convencidos que o motivo do cativeiro foi a idolatria dos seus antepassados, necessitava ser reforçado.
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Para tanto, o Senhor moveu o coração de Esdras para lhes ensinar a Palavra e preparar homens para o mesmo propósito, tendo daí surgido os escribas, que faziam cópias das Escrituras e as interpretavam para o povo. Este veio para Jerusalém em 458 a.C.
Outro que foi movido pelo Senhor na mesma época foi Neemias, que veio para governar a cidade e reconstruir os seus muros, por volta de  444 a.C.
Como o pecado tão de perto assedia o homem, mesmo com toda a ação de Esdras, Neemias e dos profetas Ageu e Zacarias, o povo voltaria a se  afastar  do Senhor, e por isso Malaquias foi levantado como o último profeta deste chamado Período da Restauração, para protestar contra a infidelidade do povo.
Pertence também a tal período a narrativa do livro de Ester que revela como os judeus foram livrados do extermínio que havia sido planejado pelo general persa Hamã.

APLICAÇÃO DA LIÇÃO:

  1. Quanto tempo durou a jornada dos israelitas do Egito até o Sinai ?
  2. Onde Moisés registrou os mandamentos que recebeu de Deus no Sinai ?
  3. Quantos mandamentos Deus inscreveu nas duas tábuas de pedra ?
  4. O sangue de animais apresentados pelo sumo-sacerdote no Santo dos Santos tipificava qual purificação ?
  5. O tabernáculo foi concluído e erigido quanto tempo depois da saída do Egito ?
  6. Por que Deus disciplina os crentes ?
  7. A quem se refere o texto de Dt 18.15-19 ?
  8. Os sacrifícios de animais podiam remover o pecado ?
  9. Por que somente os que têm fé em Jesus podem ter a remissão dos pecados e a justificação ?
10. Em que base foram justificados os que viveram no Velho Testamento ?
11. O que simbolizava o ato de acender diariamente as lâmpadas do candelabro do Lugar Santo ?
12  Por que o incenso devia ser aceso no altar quando se acendiam as lâmpadas ?
13. E o que simbolizavam os pães colocados na mesa do Lugar Santo ?
14. Havia três tipos de sacrifícios básicos no Velho Testamento: Oferta pelo pecado; holocausto e oferta pacífica. O que eles representavam, respectivamente ?
15. O que nos ensina em figura a organização das tribos de Israel em torno do tabernáculo ?
16. Qual é a lição que a igreja deve retirar do juízo de Deus sobre Datã, Coré e Abirão ?
17. Por que a igreja deve interceder em favor de seus líderes ?
18. A maioria dos profetas escritores pertence a qual período bíblico ?
19. O Reino do Norte (Israel) foi levado em cativeiro por qual império ? E quando ?
20. E o Reino do Sul (Judá) ? Por qual império e quando ?
21. Como é conhecido o período do retorno de Judá da Babilônia para a Palestina ?
22. Quais profetas pertencem ao referido período ?


3 - O Período Interbíblico                                                                                                                                                      

Desde Malaquias nenhum profeta foi levantado por Deus em Israel, por cerca de quatrocentos anos, até que viesse João Batista como precursor de Jesus, conforme havia sido predito pelo Espírito através do profeta Isaías. João é o último profeta da Antiga Aliança que veio revelar Aquele que seria o Mediador da Nova Aliança. Mas como precursor de Jesus ele pregou o evangelho, pelo arrependimento e fé em Jesus para a remissão dos pecados.
Nestes quatrocentos anos entre Malaquias e João Batista, Deus estava preparando o mundo para que Jesus viesse e o evangelho pudesse ser espalhado por todas as nações da terra, dando assim, cumprimento à promessa feita a Abraão, que era também uma revelação do Seu propósito eterno de fazer convergir todas as coisas em Jesus Cristo.
No Período Interbíblico, como são conhecidos os quatrocentos anos em que nenhum profeta se levantou em Israel, os dois reinos que preparariam o caminho para a pregação do evangelho foram os impérios grego e romano. O primeiro dando a língua grega ao mundo, na qual foi escrito o evangelho, e que também por ordem de Alexandre, o Grande, o Velho Testamento foi vertido para o grego em Alexandria, depois da sua morte, formando a versão  chamada  Septuaginta;  tudo  isto já estava determinado por Deus para disseminar a Sua Palavra em todo o mundo, pois estavam se aproximando os dias em que a Antiga Aliança seria substituída pela Nova.
Os romanos teriam também grande importância criando estradas ligando todo o mundo conhecido de então para que por elas passassem suas legiões de soldados. Jesus viria portanto na plenitude dos tempos, quando as condições facilitassem a propagação do evangelho no mundo. Vale lembrar também que os cativeiros que espalharam os israelitas pelo mundo fez com que estes formassem sinagogas por toda a parte para cultuarem a Deus, tendo o evangelho sido pregado nas mesmas, e ao povo gentio, que através delas havia tomado conhecimento da lei do Deus de Israel.
Os escribas que se levantaram nas gerações posteriores aos escribas dos dias de Esdras, que eram sinceros e tementes a Deus e que interpretavam fielmente a Sua Palavra, não foram, em sua maioria movidos pelos mesmos sentimentos que havia nos primeiros escribas, e começaram a acrescentar ensinamentos em suas interpretações que eram totalmente estranhos à verdade revelada. Por  exemplo, eles  ensinavam  que  o próximo deveria ser amado, mas os inimigos odiados. Nada há  na lei de Moisés, nos livros históricos e poéticos e nos profetas, qualquer afirmação para se odiar os inimigos. Por isso Jesus corrigiu tal ensino no sermão do monte, pregando o dever de se amar os inimigos e não odiá-los.

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Além dos escribas, surgiu no Período Interbíblico uma seita formada por religiosos que incorreram no mesmo erro legalista dos escribas. Estes se consideravam os santos de Israel, os separados, como  designava  o  seu nome: os fariseus. Na verdade eram homens de grande ambição, pois o seu real desejo não era servir ao Senhor, mas ter influência no Sinédrio, que era o tribunal que tinha poder sobre todos os judeus, mesmo os espalhados pelo mundo, no tocante às questões religiosas. As civis e políticas eram da competência dos romanos, aos quais estava sujeita a nação. Os reis de Israel eram escolhidos por eles, como os Herodes, que sequer eram judeus.
Não passavam de representantes do poder romano, que designavam procuradores e cônsules para todas as províncias sob o seu domínio. A estes cabia verificar se os interesses do império romano estavam sendo observados pelas nações subjugadas.
Os romanos não se intrometiam nas questões religiosas, mas regiam as nações com mãos de ferro, no que tangia às questões civis.
O Sinédrio era presidido pelos sacerdotes de Israel, assistidos pelos fariseus e também por outro grupo, os saduceus, cuja influência se fazia mais presente no templo, e que eram movidos mais pelo interesse político do que pelo religioso. Daí o grande comércio que era feito nas instalações do templo, que Jesus condenou veementemente.
Ele confrontou também a visão carnal que os judeus passaram a ter do reino de Deus, tanto os líderes religiosos quanto o povo em geral.
Haviam perdido a fé, e com ela a justiça, o amor  e a misericórdia. Davam mais importância ao ritualismo que haviam elaborado para a guarda do sábado, do que ao próprio homem. O sábado foi estabelecido como dia de descanso para o homem, como indicava a própria palavra “Sabath”, e não o homem para o sábado.
Jejuavam para parecerem espirituais aos homens, e não para intensificarem a comunhão com Deus.
O sistema religioso que haviam elaborado depois de Esdras, durante os quatrocentos anos do Período Interbíblico, havia desfigurado de tal forma a verdade da Palavra de Deus, que Jesus afirmou que eles a invalidaram substituindo-a por mandamentos de homens, que haviam desenvolvido ao longo dos anos através da tradição rabínica, que formou o sistema que até hoje é conhecido como judaísmo.
O judaísmo é portanto uma invenção dos homens. Não é sequer a prática da Antiga Aliança conforme fora dada por Deus a Moisés.
O legalismo do judaísmo não estava fundado portanto na Palavra do Senhor, mas na tradição rabínica.
O Senhor havia declarado aos líderes de Israel, nos dias do Seu ministério terreno, que eles erravam por não conhecerem as Escrituras e o poder de Deus. Mas importava que aquela geração não reconhecesse   o Senhor, como a respeito deles estava escrito, para que sendo rejeitado pelos judeus, pudesse o evangelho ser oferecido aos gentios.
“De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos, e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” (Mt 13.14,15).

APLICAÇÃO DA LIÇÃO:

1. Quanto tempo há aproximadamente entre Malaquias e João Batista ?
2. Como é conhecido tal período ?
3. E qual foi a contribuição dos gregos, especialmente através do Macedônio Alexandre, O Grande ?
4. E qual a contribuição dos romanos ?
5. Por que a Bíblia afirma que Jesus se manifestou na plenitude dos tempos ?
6. Que fator determinou a criação de sinagogas pelos judeus fora da Palestina ?
7. Cite um  apóstolo que pregou o evangelho nas sinagogas ?
8. Por que os primeiros discípulos pregavam nas sinagogas ?
9. A falta, durante o período Interbíblico, de profetas e de  chamadas específicas de homens com um coração segundo o de Deus para ensinarem o povo, como foi o caso de Esdras e Neemias, contribuiu para o endurecimento de Israel ?
10. O que produziram os líderes religiosos de Israel, especialmente os rabinos (doutores da lei), e os escribas (intérpretes da lei) durante o Período Interbíblico ?
11. Em que se baseava a afirmação de se odiar os inimigos ?
12. O Sinédrio era a suprema corte judaica. Era composto por quais classes ?
13. Os fariseus e os saduceus eram seitas do judaísmo ?
14. Se a Palestina estava sob dominação romana desde 63 a.C., como pôde o Sinédrio autorizar Saulo a perseguir os cristãos até mesmo fora de Israel ?
15. Por que os romanos não perseguiram o judaísmo ?
16. Os romanos classificavam as religiões em lícitas  e ilícitas. Como era classificado o judaísmo ?
17. Por que os romanos não perseguiram o cristianismo no início, e consideravam que os conflitos deste com o judaísmo era um assunto interno dos judeus ?
18. O judaísmo fundamentava-se exclusivamente na Palavra de Deus ?







4 - A Nova Aliança                                                                                                                                                                     15

Mas para o povo que andava nas trevas, brilhou a luz de Jesus, conforme havia sido preanunciado pelo profeta Isaías.
Jesus deu de novo à Palavra de Deus o seu devido lugar.
Mais do que dar o devido lugar à Palavra, Ele é o cumprimento de todo o propósito fixado pela Trindade Divina antes mesmo da fundação do mundo. O Pacto feito entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo de ter muitos filhos semelhantes a Cristo, provendo-se destes entre pecadores que descenderiam do primeiro casal criado, e que seriam tão numerosos, que não seria possível contá-los, é firmado (o Pacto) e selado com o sangue de Jesus e com tudo o que Ele realizou em relação à humanidade.
É com base no Seu sacrifício eterno e todo suficiente que os pecadores são chamados por Deus para serem justificados, regeneracdos, santificados e glorificados, recebendo assim, vida eterna, filiação e aceitação plena por Deus em Sua família, herança eterna juntamente com Cristo e participação na glória divina no porvir, por toda a eternidade. Já não podem mais ser condenados e separados do Seu amor em razão da sua união vital com Cristo, sendo integrantes do Seu corpo, e pedras vivas do edifício de Deus. Ali são colocados para nunca mais serem retirados.      
Além disso, é por meio de Cristo que os principados e potestades são julgados e condenados. Lembram que estudamos isso anteriormente, desde a promessa feita no Gênesis de que Ele esmagaria a cabeça da serpente, e que abençoaria todas as nações da terra ?
Jesus triunfou sobre Satanás e seus demônios, na cruz, expondo-os publicamente ao desprezo (Col 2.15).
Se o argumento do diabo para manter as almas cativas era o de que Deus não seria justo em livrar de suas mãos aqueles que não eram livres, por serem escravos do pecado, agora já não mais poderia sustentar sua acusação contra os eleitos do Senhor porque eles foram livres de tal escravidão pela sua associação com Ele, em Sua morte na cruz. Estando livre do pecado, o crente está conseqüentemente livre da escravidão ao diabo.
Estando agora não mais na defensiva, mas na ofensiva, pois o poder de Jesus sobre todo o império de Satanás, é agora também dado por Ele aos que libertou pelo Seu sangue.
Por isso, quando estava se aproximando o momento de Jesus morrer na cruz, Ele disse aos discípulos o seguinte: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso.” (Jo 12.31).
E quando se referiu ao ministério do Espírito Santo no mundo, afirmou que Ele daria o convencimento aos crentes de que Satanás já estava julgado (Jo 16.11).
“do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (Jo 16.11).
Em seu ministério terreno Jesus comprovou que de fato era Sua a autoridade sobre toda a força do inimigo, quando expulsou milhares de demônios de um incontável número de pessoas, e aos seus discípulos dera o mesmo poder.
“Então regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.” (Lc 10.17,18).
A força do inimigo só pode ser vencida por Aquele que é mais forte do  que  Ele,  e  que  conferiu   aos   Seus servos todo o poder legal e espiritual para também fazê-lo.
O reino de Deus prometido, isto é, o Seu governo sobre tudo o que há nos céus e na terra, começava a ser estabelecido através de Jesus, conforme fora preanunciado aos profetas. O reino que jamais acabará, e que submeterá todos os reinos do mundo, começava a Sua obra com Jesus e avançaria com a igreja, através da operação do Espírito Santo.
Por isso o Senhor respondeu à blasfêmia dos que afirmavam que Ele expulsava os demônios por Belzebu com as  palavras de Lc 11.17b-22.
Mas Jesus estava plenamente cônscio de que a Sua obra não era a de simplesmente expulsar os demônios, mas tirar pessoas do reino das trevas e transportá-las para o reino da Sua luz.
Daí ter lembrado aos discípulos quando estes voltaram alegres dizendo-lhe que os próprios demônios se lhes submetiam pelo nome do Senhor, que não deviam alegrar-se simplesmente por isto, mas porque os seus nomes estavam arrolados nos céus, isto é, registrados no livro da vida (Lc 10.20).
Tanto que, aqueles de quem demônios eram expulsos mas que não se voltavam para Deus e que não se convertiam, ficavam expostos a novas possessões, conforme o Senhor ensinou em Lc 11.24-26.
A igreja tem prosseguido, através dos séculos na realização da obra, pelo poder do Espírito, e isto comprova historicamente que Jesus é de fato aquele que pisa a cabeça da serpente.
Aleluia ! Glórias ao seu santo nome !
O diabo já não pode exercer qualquer domínio sobre nós. Ao contrário. As portas do inferno não podem prevalecer contra as investidas que a igreja faz sobre elas no poder do Espírito Santo. Satanás não tem outra alternativa senão a de fugir do crente que permanece em comunhão com o Senhor, porque o Seu poder não somente livra o crente de suas ciladas, como também dá-lhes poder para vencê-lo e permanecerem inabaláveis (Ef 6.10-13).
Nunca devemos esquecer que é com o escudo da fé que apagamos todos os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16). Satanás despeja constantemente sua setas inflamadas com o fogo do inferno, mas firmes na fé no nome de Jesus apagamos todas elas, e golpeando-o com a espada do Espírito Santo, que é a Palavra de Deus, não lhe resta outra alternativa, senão a de bater em retirada.
Sentimos este poder que nos é dado quando somos ungidos pelo Espírito. Percebemos que de fato o Senhor nos dá autoridade sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente pode nos fazer mal.
A missão de pregar o evangelho em todo o mundo, a partir de Jerusalém, Judéia e Samaria, começou depois de a igreja ter sido revestida do poder do Espírito Santo no dia de Pentecoste. O derramamento do Espírito era o sinal do início do cumprimento da promessa feita  a Abraão, e das promessas feitas aos profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Joel, dentre outros.
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A confirmação da Palavra de que Deus estava salvando através da fé em Jesus, e transformando vidas pela habitação do Espírito Santo, era feita através da realização de muitos sinais e prodígios através dos discípulos, e especialmente dos apóstolos.
O Espírito Santo estava chamando alguns dentre os discípulos para serem pastores, mestres, profetas e evangelistas. O rebanho necessitava de uma direção e organização, assim como se deu nos dias de Moisés, e continua chamando líderes até aos dias de hoje para o mesmo propósito de edificar a igreja e aperfeiçoar os santos para o desempenho do seu serviço (Ef 4.11,12).
As igrejas deveriam ser organizadas sob a supervisão de um bispo ou presbítero, que eram palavras usadas para indicar o ofício do pastor.
Estes, eram auxiliados por homens cheios do Espírito e de sabedoria, que eram escolhidos pelos mesmos juntamente com a igreja, para exercerem o diaconato.
Mas a missão de pregar o evangelho era de todos os crentes, aos quais o Espírito Santo estava distribuindo dons e serviços, a cada um, conforme Sua vontade e para um fim proveitoso, como o de curar, de falar em outras línguas, capacidade para interpretá-las, de profetizar, discernimento de espíritos, de conhecimento e de sabedoria, de fé e operações de milagres.
Como a igreja estava muito concentrada na pregação do evangelho apenas na Judéia, Deus permitiu que fosse perseguida pelo rei Herodes, tendo eles levado a Palavra  para Samaria, Antioquia da Síria, e a outras partes do mundo, inclusive Roma, pois, segundo consta, a igreja em Roma não foi fundada por nenhum dos apóstolos do Senhor.
Inicialmente, Pedro, Tiago e João, ficaram como os principais responsáveis pela igreja em Israel (daí serem chamados de ministros da circuncisão), e Paulo e outros pela igreja que seria formada fora dos termos de Israel, isto é, pela igreja dos gentios.
O ministério de Pedro e de Paulo duraria até 64 d.C., quando, segundo a tradição, foram martirizados pelo imperador romano Nero.
João, e os demais apóstolos dirigiram-se para outras partes do mundo, especialmente depois dos judeus terem sido expulsos de sua terra pelos romanos em 70 d.C.
João, por exemplo, teve as visões do Apocalipse, quando estava na Ilha de Patmos, que fica no sudoeste de Éfeso, na Ásia Menor.
Os quatro evangelhos narram os eventos relacionados ao ministério terreno de Jesus, e contêm também as profecias que Ele proferiu a respeito do tempo do fim.
Os três primeiros são chamados de sinópticos, porque foram escritos dentro de uma mesma visão, tendo provavelmente o evangelho de Marcos por base, pois teria sido o primeiro evangelho a ser escrito. Mateus escreveu dentro de uma perspectiva judaica para convencer aos judeus de que Jesus era o Messias que deu cumprimento às predições dos profetas; e Lucas, dentro de uma perspectiva gentílica, revelando que o amor do Senhor também estava destinado aos mesmos. Mateus era judeu, e Lucas era um médico grego, que acompanhou o ministério do apóstolo Paulo.
O evangelho de João contém mais discursos de Jesus do que o relato de milagres e de parábolas, como os demais. João pretendeu enfocar tudo aquilo que o Senhor fez e ensinou, que comprovava que Ele de fato era Deus. A Palavra viva que se fez carne por amor de nós.
O livro de Atos narra como o evangelho se expandiu na Judéia, Samaria, Síria, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e Grécia, até Paulo sofrer o seu primeiro aprisionamento em Roma.
A maior parte do livro se refere ao ministério de Paulo na Síria, Ásia Menor, Macedônia, Acaia e Grécia.
Os nomes Efésios e Gálatas, que intitulam duas cartas escritas por Paulo, são referentes aos crentes aos quais endereçou-as, que habitavam nas cidades de Éfeso e na região da Galácia, respectivamente, que ficavam na Ásia Menor. Toda esta região está ocupada atualmente pela Turquia.
Filipenses e Tessalonicenses, por seu turno, são referentes aos crentes de Filipos e de Tessalônica, cidades que ficavam situadas na Macedônia.
Coríntios, aos crentes de Corinto, cidade da Grécia.
Romanos, aos de Roma.
Colossenses, aos de Colossos. Paulo não foi o fundador desta igreja, provavelmente,  Epafras  foi  o  seu fundador.
Timóteo, Tito e Filemom, não são referências a cidades, mas a pessoas a quem Paulo escreveu tais epístolas. Os dois primeiros eram seus cooperadores no ministério de estabelecer igrejas, e Filemom era um crente de Colossos, em cuja casa se reunia a igreja.
As epístolas de Pedro, João, Tiago e Judas, foram escritas, respectivamente, pelos citados apóstolos. Sendo que o autor da epístola de Tiago era um dos irmãos de Jesus, bem como Judas. Não faziam parte do grupo dos doze.
A epístola aos Hebreus cujo autor é desconhecido foi escrita para exortar uma comunidade de crentes judeus que estavam recuando na fé e retornando às práticas da Antiga Aliança. Tanto no caso da epístola aos Gálatas, quanto na de Hebreus, o problema maior não era tanto a observância dos ritos da lei mosaica, mas o fato de estarem rejeitando Jesus.
O primeiro documento do Novo Testamento a ser escrito foi provavelmente a epístola de Paulo aos gálatas, por volta de 49 d.C. Esta carta foi escrita para combater o ensino dos judaizantes que afirmavam que a salvação só era possível mediante o cumprimento de toda a lei de Moisés, independentemente da fé em Cristo. Como a salvação é somente por graça e mediante a fé‚ Paulo combateu vigorosamente tal falso ensino nesta carta que dirigiu aos crentes da Galácia.
Por ordem de antigüidade seguiram-se à  escrita  de Gálatas, as duas epístolas aos Tessalonicenses, que foram escritas por Paulo durante sua segunda viagem missionária, quando se encontrava em Corinto. Como ele havia fugido de Tessalônica para Corinto, em razão de uma perseguição que havia sofrido dos judeus. Como não teve muito tempo para ministrar àqueles que haviam se convertido em Tessalônica, escreveu estas duas cartas para firmá-los na fé e dissipar algumas dúvidas que eles haviam manifestado sobre a volta de Jesus e sobre o destino dos crentes que estavam morrendo antes do Seu retorno.
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Paulo escreveria posteriormente I Coríntios, durante a sua terceira viagem missionária, quando se encontrava em Éfeso, por volta de 54 d.C., e II Coríntios foi escrita cerca de um ano após, quando se encontrava na Macedônia, ainda em sua terceira viagem missionária.
Estas epístolas foram escritas com vistas à disciplina da igreja de Corinto. A primeira para combater divisões e a imoralidade que havia na igreja, e para responder questões levantadas pelos próprios coríntios quanto ao casamento, a comer carnes sacrificadas a ídolos, uso do véu na igreja, dons espirituais e quanto à ressurreição. A segunda epístola, foi escrita para congratular-se com os coríntios, pelo arrependimento demonstrado por eles, resultante do acatamento das exortações do apóstolo, através de uma chamada carta triste (II Cor 7.8-13), que lhes havia dirigido para confirmar sua autoridade  apostólica  junto  aos  mesmos, que estava sendo contestada por um opositor de Paulo aos quais os coríntios estavam seguindo.
A epístola de Paulo aos Romanos foi escrita no final de sua terceira viagem missionária, de Corinto, por volta de 55 d.C. Na ocasião ele já se encontrava de posse da grande oferta (Rom 15.25-27) que havia sido levantada pela Macedônia e Acaia em favor dos crentes pobres da Judéia, citada em I Cor 16.1-3 e II Cor 9.2.
Como já  dissemos Paulo não havia fundado a igreja de Roma, e estava lhes escrevendo para preparar uma futura visita que tencionava fazer àquela igreja (Rom 15.22-26). O tema central desta epístola é a justificação e santificação pela fé.
Quando concluiu sua terceira viagem missionária Paulo foi preso em Jerusalém, acusado pelos judeus de estar pregando contra a lei de Moisés.
Paulo não pregava contra a lei, mas afirmava corretamente que ninguém pode ser salvo mediante a lei. A lei a ninguém pode salvar. Somente a graça de Deus pode fazer este trabalho mediante a fé. Isto também se deu nos dias do Antigo Testamento.
De Jerusalém foi transferido para a cidade de Cesaréia onde ficou na prisão por dois anos, e de onde apelou para César, para ser julgado em Roma. Ele iria visitar os romanos, não da forma como tinha imaginado: quando estivesse a caminho da Espanha para evangelizá-la.
Na prisão em Roma que é relatada no final do livro de Atos, escreveu quatro epístolas que são chamadas de epístolas da prisão: Efésios, Filemom, Colossenses e Filipenses.
As três primeiras foram escritas por volta de 60 d.C. e Filipenses, em 61 d.C.
Paulo dirigiu na mesma ocasião, pelas mãos de Tíquico as cartas aos efésios e aos colossenses, sendo que das dirigidas a Colossos, uma era de caráter mais geral (Col) e outra mais pessoal (Fm).
Filipenses foi escrita posteriormente por Paulo para expressar sua gratidão por uma oferta que lhe foi enviada pelos filipenses, e para consolá-los, quanto a não se entristecerem com o fato de ele estar preso, pois a pregação do evangelho estava progredindo apesar de suas cadeias, pois estava dando ensejo para que ele pudesse evangelizar toda a guarda pretoriana do imperador romano, e muitos crentes estavam pregando o evangelho com mais ousadia, mirando o seu exemplo de paciência na tribulação.
Paulo  sabia que a volta de Jesus estava conciliada à pregação do evangelho em todo o mundo, e por isso não lhe importava se o evangelho era pregado por amor, inveja ou por porfia. Sua satisfação decorria do fato deste objetivo estar sendo cumprido. Desde que o reino de Deus estivesse sendo pregado não lhe importava se estava sendo honrado ou humilhado, se tinha fartura ou escassez de bens, pois havia aprendido a viver contente em toda e qualquer situação,  na  doce  comunhão  com  o Senhor.
As últimas epístolas escritas por Paulo foram as chamadas Pastorais (I e II Timóteo e Tito).
Foram escritas no final de sua vida para instruir os pastores sobre o cuidado com a igreja de Deus, estabelecendo critérios para a ordenação de ministros, tanto de pastores quanto de diáconos, bem como recomendar padrões de conduta para todos os crentes, e determinar, especialmente, o necessário empenho para a preservação da sã doutrina.
A primeira epístola de Pedro foi escrita principalmente para consolar os crentes que estavam sendo perseguidos na região da Ásia Menor. A epístola é basicamente uma recomendação a se ter paciência na tribulação, para que a doutrina de Cristo fosse ornada, e a igreja tivesse o poder do Espírito para proclamar o nome de Jesus.
Sua segunda epístola (II Pe), bem como as epístolas de João e de Judas foram escritas para combater os falso mestres que estavam introduzindo heresias na igreja, e que o faziam por torpe ganância. Ao mesmo tempo é uma convocação da igreja à maturidade, de maneira a não incorrer com facilidade nas garras do falso ensino, sabendo que é pela comunhão com o Senhor que somos preservados das heresias arruinadoras da fé, pois é o próprio Espírito que nos dá  o discernimento e poder para rejeitá-las.
A epístola de Tiago foi escrita para enfatizar  a importância da perseverança cristã, mediante a prática da Palavra, para a preservação da justificação pela fé. Ele cita como Deus abençoou Jó depois de ter passado pela provação. E convoca os crentes a seguirem o mesmo exemplo de perseverança na fé em face da tribulação.
O ensino de escatologia é encontrado em vários livros da Bíblia como os dos profetas, no livro de Salmos, em I e II Tes, e especialmente no livro de Apocalipse. Desta forma, apresentamos a seguir, um breve resumo escatológico:
A palavra escatologia significa "estudo das últimas coisas".
Biblicamente falando, estas últimas coisas se referem aos eventos relacionados ao estabelecimento do reino de Deus em sua forma final.
Na introdução e no epílogo do livro de Apocalipse afirma-se que são bem-aventurados aqueles que lêem e ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nela escritas, pois o tempo está  próximo (Apo 1.3; 22.7).
Tal afirmação dirige-se não apenas aos que lêem as palavras da profecia, mas aos que as guardam. Isto significa portanto, principalmente, a vigilância e santidade de vida exigidas para o retorno do Senhor, como se vê, especialmente, nas sua exortações e advertências constantes das cartas dirigidas às sete igrejas (Apo 2.1-3.22).
 Isto está  plenamente de acordo com a exortação à vigilância e santidade feita por Jesus na conclusão do Seu sermão profético, constante dos evangelhos (Mt 24.13,32-51; Mc 13.13,28-37; Lc 12.35-48,21.17-19,29-36).
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A profecia escatológica tem portanto muito mais o propósito de incentivar os crentes à vigilância e santidade permanentes, com vistas ao retorno do Senhor, do que o de estimulá-los ao desvendamento dos personagens e eventos enigmáticos nela contidos; bem como à determinação do tempo exato da sua respectiva ocorrência.
Foi ordenado a Daniel que selasse a palavra da profecia do seu livro (Dn 12.4,9), mas a João foi ordenado o contrário: "Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo." (Apo 22.10). Apesar de Deus, em Sua sabedoria, ter guardado para Si o conhecimento do dia e hora exatos da volta de Jesus, Ele revelou ao Seu povo as coisas que devem acontecer, sem no entanto, indicar-lhes precisamente a época da sua ocorrência, de maneira que, pudesse manter, em cada geração de crentes, acesa a expectativa pelo retorno do Senhor, o que tem, sem dúvida, contribuído para se manterem vigilantes e em santidade, ao longo desses quase dois mil anos.
  Quando citou guerras, revoluções, grandes terremotos, epidemias, e fome, como eventos que ocorreriam antes da Sua vinda, Jesus foi bastante claro ao afirmar que estes, não eram ainda, sinais que indicariam a proximidade da Sua volta (Lc 21.9). De fato, já  há  cerca de dois mil anos desde a ascensão do Senhor, e o mundo ainda não testemunhou o Seu retorno, apesar de as predições de Jesus continuarem ocorrendo ao longo de toda a história. Ele classificou tais eventos como princípio das dores.
 Ora, as dores do parto se intensificam com o passar do tempo. Se tudo isto‚ é o princípio, como não será  no fim ?
     O Senhor fixou como sinais seguros da Sua volta:
 - a aparição do abominável da desolação ou abominação desoladora (Mt 24.15) citado na profecia de Daniel 9.26,27. Provavelmente‚ uma referência à besta de Apo 13.1-8 - o anticristo. (Em II Tes 2.3-12, Paulo também coloca a manifestação do anticristo como um dos marcos da proximidade da volta do Senhor, e acrescenta a este, a apostasia, como um segundo sinal – II Tes 2.3).
- sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas; homens que desmaiarão de terror e pela expectativa das cousas que sobrevirão ao mundo; porque os poderes dos céus serão abalados (Lc 21.25,26).
Tais eventos são descritos no livro de Apocalipse como flagelos que sobrevirão à Terra quando os sete anjos tocarem as suas trombetas.
Muitos consideram que a segunda vinda do Senhor dar-se-á  em duas fases: na primeira arrebatará  a igreja, e na segunda, todo olho o verá  vindo para estabelecer juízos contra o anticristo. No entanto, não  determinam  o tempo que separaria ambos os eventos.
A Bíblia não faz tal distinção. Paulo coloca o arrebatamento da igreja como uma das ocorrências que se darão por ocasião da volta de Jesus (I Tes 4.14-17; II Tes 2.1,2).
A colocação do arrebatamento antes da vinda para julgar a Besta tem em vista retirar a igreja do chamado período da Grande Tribulação, que ocorrerá  durante a segunda metade do governo do anticristo.
Todavia, não há  nenhuma base segura para se afirmar que a igreja não passará  por tal período, muito pelo contrário, as profecias indicam que o anticristo perseguirá os santos (Dn 7.25,27; 8.24-26; 11.31-36; 12.1,7; Mt 24.15,21,22,29-31; II Tes 2.4; Apo 13.7). É importante destacar que o próprio Jesus, afirmou que os seus escolhidos seriam reunidos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus pelos anjos (Mt 24.31), após a grande tribulação (Mt 24.29).
A palavra de consolação dirigida pelo Senhor à igreja de Filadélfia de que seria guardada da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, em razão de sua fidelidade em guardar a palavra da  Sua perseverança (Apo 3.10) não pode ser aplicada a toda a igreja de Cristo que estiver sobre a Terra próximo do período da Grande Tribulação, porque depois dela, há ainda a igreja de Laodicéia, que o Senhor repreende severamente, chamando ao arrependimento. E, ainda, se considerarmos que todas as sete igrejas são representativas dos tipos de igrejas existentes em todas as épocas, a promessa de livramento de Apo 3.10 aplicar-se-ia especificamente à igreja fiel de Filadélfia.
“Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.” (Apo 3.10).
De fato, nunca a história do cristianismo experimentou tanto avanço, fidelidade e avivamentos, como no chamado período missionário dos séculos XVIII e XIX. Os homens de Deus desta época ainda nos falam através do testemunho de suas vidas.
Como viveram antes dos últimos dias, foram guardados das provas da Grande Tribulação. Entretanto, se interpretarmos desta forma, as igrejas de Éfeso, Pérgamo, Tiatira e Sardes, que não receberam inteira aprovação do Senhor, também se beneficiaram da promessa de livramento, porque, no tempo, são anteriores a Filadélfia, como se vê, no quadro a seguir, correspondente à divisão que se costuma atribuir às sete igrejas do Apocalipse:
Éfeso – era apostólica.
Esmirna – igreja perseguida até Constantino (316)
Pérgamo – de Constantino ao papado (316-500)
Tiatira – Idade Média (500-1505)
Sardes – Reforma (1500-1700)
Filadélfia – período missionário (1700-1900)
Laodicéia – igreja apóstata (1900 - ...).
Entretanto, isto não anula a propriedade da promessa distintiva da bênção do livramento que lhe foi dirigida em face da sua fidelidade. Com isso, o Senhor estaria marcando que havia Se agradado da  obediência  e do serviço que lhe foram prestados pela igreja de Filadélfia.    
Independentemente de qualquer dificuldade para a determinação de uma correspondência cronológica entre o arrebatamento e o governo do anticristo, é importante frisar-se que:
- A tribulação referida não consistirá  apenas nos atos de perseguição do anticristo, mas sobretudo nos flagelos que sobrevirão à Terra, da parte de Deus.
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- No arrebatamento, os corpos dos mortos em Cristo (eleitos) serão ressuscitados e logo após, os eleitos que estiverem vivendo na terra terão os seus corpos transformados. Tal ocorrerá  num abrir e fechar de olhos (I Cor 15.52).
- A chamada batalha do Armagedom (Apo 16.16;19.11-21) terá  ocasião quando da volta de Jesus, sendo a  besta e o falso profeta aprisionados e lançados vivos no lago de fogo (Apo 19.20), e Satanás será  subjugado para permanecer em prisão durante o período do milênio (Apo 20.1-3).
- Os salvos governarão as nações da Terra, juntamente com Cristo, durante tal período (Apo 20.4-6).
- Ao final do milênio Satanás será  solto, e levantará  os ímpios das nações para agirem contra o governo de Cristo, mas serão juntamente destruídos e Satanás será  lançado no lago de fogo, onde ficará  por toda a eternidade (Apo 20.7-10).
- A ressurreição dos ímpios, em face deste último levante, que a Palavra descreve como a batalha de Gogue e Magogue (Apo 20.8; Ez 38.1-23), só ocorrerá  depois do milênio. Esta ressurreição corresponde à chamada  segunda morte, porque  os não eleitos serão ressuscitados para serem condenados eternamente (Apo 20.11-14).
- Também, somente depois do milênio serão criados novo céu e nova terra, e estabelecida a Nova Jerusalém como morada eterna dos salvos (Apo21.1-7).
- As nações e os reis da terra trarão a sua glória e honra à Nova Jerusalém (Apo 21.4-26). Somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro, a saber, os eleitos,  poderão entrar na cidade (Apo 21.27).

APLICAÇÃO DA LIÇÃO:

1. Como Deus dissipou as trevas espirituais que estavam sobre Israel, e que  foram formadas no período interbíblico ?
2. Por que Paulo afirma que o evangelho foi preanunciado por Deus a Abraão ?
3. O poder dado por Jesus à igreja sobre o reino das trevas é parcial ou total. Justifique.
4. Por que a obra do Senhor não consiste simplesmente em se expulsar demônios ?
5. Por que nenhum crente deve abandonar a igreja por alegar que nela existem  pessoas que não andam segundo a verdade ?
6. O derramamento do Espírito Santo em Jerusalém, nos dias apostólicos, foi o início do cumprimento de uma promessa ? Justifique.
7. Como Deus confirmava que a Palavra que estava sendo pregada pela igreja era a verdade ?
8. O que fez Deus com vistas à organização da igreja ?
9. O Novo Testamento utiliza as palavras gregas epíscopo (bispo, supervisor, superintendente) e presbítero (ancião) com sentido sinônimo, para indicar qual ofício ?
10. Por que Deus permitiu que a igreja da Judéia fosse perseguida ?
11. Quem era a igreja da circuncisão ?
12. Por que era assim chamada ?
13. Por que os três primeiros evangelhos são chamados de sinópticos ?
14. Qual foi o principal propósito de João com a escrita do seu evangelho ?
15. Qual é, em resumo, a narrativa do livro de Atos ?
16. A que se referem os nomes Efésios e Gálatas ?
17. E Filipenses e Tessalonicenses ?
18. Paulo foi o fundador da igreja de Colossos ?
19. Quem foram Timóteo, Tito e Filemom ?
20. Qual Tiago escreveu a epístola que leva o seu nome ?
21. E quem era o Judas que escreveu a epístola que leva tal nome ?
22. Quem escreveu Hebreus ?
23. Qual foi o primeiro documento do Novo Testamento a ser escrito ?
24. Em qual igreja Paulo congregava quando foi chamado pelo Espírito Santo juntamente com Barnabé para evangelizar o mundo gentílico ?
25. Quais regiões foram evangelizadas por Paulo em sua primeira viagem missionária ?
26. Em sua segunda viagem Paulo fundaria igrejas em Filipos, Tessalônica (na Macedônia), e em Corinto (na Grécia). Quando escreveu suas duas epístolas aos tessalonicenses, e de qual  local ?
27. Em sua terceira viagem, Paulo além de revisitar as cidades que havia evangelizado na primeira e segunda viagens, evangelizou também a cidade de Éfeso na Ásia Menor. Quais epístolas escreveu durante esta sua terceira viagem ?
28. Paulo se refere a uma grande coleta que estava levantando em favor dos crentes pobres da Judéia. Em quais epístolas a mesma é citada ?
29. Tendo sido enviado pela Igreja de Antioquia, Paulo sempre costumava para lá retornar ao fim de suas viagens. Mas foi impedido de fazê-lo ao final da terceira viagem por qual   motivo ?
30. Por que podemos afirmar que Deus preservou a vida de Paulo no longo período que ficou aprisionado em Cesaréia, e posteriormente em Roma, mesmo quando sofreu um naufrágio quando se dirigia para tal cidade ?
31. Quais foram as epístolas que Paulo escreveu durante sua primeira prisão em Roma ?
32. Que epístolas Paulo escreveu depois que foi posto em liberdade ?
33. O segundo aprisionamento de Paulo em Roma, culminaria com o seu martírio sob Nero, em 64 d.C. Antes disso ele escreveu sua última epístola. Qual é ela ?
34. I , II Timóteo e Tito são intituladas epístolas pastorais. Qual o propósito principal na escrita das mesmas ?
35. Qual é o tema central de I Pedro ?
36. E qual é o tema central em Tiago ?
37. O ensino de escatologia (doutrina das últimas cousas) só é encontrado no livro de Apocalipse ?
38. Guerras, revoluções, terremotos epidemias e fome foram dados por Jesus como sinais de sua volta na geração em que se dessem tais ocorrências ?
39. Quais são os sinais indicativos da proximidade do retorno do Senhor ?
40. Quando se dará o arrebatamento da igreja ?
41. Quando ocorrerá a chamada Grande Tribulação ?
42. De onde se infere que o governo do anticristo será de sete anos ?
43. Quem ressuscitará por ocasião arrebatamento ?
44. Os ímpios ressuscitarão em tal ocasião ? Quando tal se dará ?
45. Segundo a Bíblia, quando será inaugurado o milênio ?
46. O que ocorrerá com Satanás durante os mil anos em que os crentes governarão com Cristo sobre a terra ?
47. O que sucederá depois de concluído o milênio ?
48. O que ocorrerá em seguida ?






















































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DOUTRINA                                                        

A – QUEM É JESUS

A Bíblia ordena aos crentes que cresçam na graça e no conhecimento de Jesus (II Pe 3.18). Isto é tarefa para toda a eternidade, porque Jesus, sendo Deus, é infinito e eterno, e daí Ele próprio afirmar que ninguém o conhece perfeitamente senão Deus Pai (Mt 11.27). Mas Ele também afirma no mesmo versículo que Deus pode ser conhecido por meio da Sua revelação àqueles aos quais Jesus quiser fazer tal revelação. Isto deve nos estimular a orar, a ler a Bíblia e a buscar continuamente um conhecimento cada vez mais profundo sobre quem é o Jesus que é o nosso Salvador e Senhor.
Muito pode ser dito sobre quem é Jesus, mas como já vimos, esta é uma matéria para ser aprendida em nossa própria experiência prática, durante toda a nossa vida.
Jesus é perfeito Deus e perfeito homem. É o Salvador, o Senhor, Sumo Sacerdote, Profeta e Rei. É o Mediador do Pacto entre Deus e os homens. É o nosso Advogado de Defesa no céu. É o nosso Substituto e o Sacrifício pelo qual somos perdoados dos nossos pecados.:

Cristo, o Mediador

I. Aprouve a Deus em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a eternidade um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.
Ref. Isa. 42: 1; I Ped. 1: 19-20; I Tim. 2:5; João 3:16; Deut. 18:15; At. 3:20-22; Heb. 5:5-6; Isa. 9:6-7; Luc. 1:33; Heb. 1:2; Ef. 5:23; At. 17:31; II Cor.5:10; João 17:6; Ef. 1:4; I Tim. 2:56; I Cor. 1:30; Rom.8:30.
II. O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do Pai e igual a ele, quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humana com todas as suas propriedades essenciais, contudo sem pecado, sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria e da substância dela. As duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas - a Divindade e a humanidade - foram inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão composição ou confusão; essa pessoa é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porém, um só Cristo, o único Mediador entre Deus e o homem.
Ref. João 1:1,14; I João 5:20; Fil. 2:6; Gal. 4:4; Heb. 2:14, 17 e 4:15; Luc. 1:27, 31, 35; Mat. 16:16; Col. 2:9; Rom. 9:5; Rom. 1:3-4; I Tim. 2:5.
III. O Senhor Jesus, em sua natureza humana unida à divina, foi santificado e sem medida ungido com o Espírito Santo tendo em si todos os tesouros de sabedoria e ciência. Aprouve ao Pai que nele habitasse toda a plenitude, a fim de que, sendo santo, inocente, incontaminado e cheio de graça e verdade, estivesse perfeitamente preparado para exercer o ofício de Mediador e Fiador. Este ofício ele não tomou para si, mas para ele foi chamado pelo Pai, que lhe pôs nas mãos todo o poder e todo o juízo e lhe ordenou que os exercesse.
Ref. Sal. 45:5; João 3:34; Heb. 1:8-9; Col. 2:3, e 1:9; Heb. 7:26; João 1: 14; At. 10:38; Heb. 12:24, e 5:4-5; João 5:22, 27; Mat. 28:18.
IV. Este ofício o Senhor Jesus empreendeu voluntariamente. Para que pudesse exercê-lo, foi feito sujeito à lei, que ele cumpriu perfeitamente; padeceu imediatamente em sua alma os mais cruéis tormentos e em seu corpo os mais penosos sofrimentos; foi crucificado e morreu; foi sepultado e ficou sob o poder da morte, mas não viu a corrupção; ao terceiro dia ressuscitou dos mortos com o mesmo corpo com que tinha padecido; com esse corpo subiu ao céu, onde está sentado à destra do Pai, fazendo intercessão; de lá voltará no fim do mundo para julgar os homens e os anjos.
Ref. Sal. 40:7-8; Heb. 10:5-6; João 4:34: Fil. 2-8; Gal. 4:4; Mat. 3:15 e 5:17; Mat. 26:37-38; Luc.22:24; Mat. 27.46; Fil 2:8; At. 2:24, 27 e 13:37; I Cor.15:4; João 20:25-27; Luc. 24:50-51; II Ped. 3:22; Rom. 8:34; Heb. 7:25; Rom. 14:10: At. 1:11, João5:28-29; Mat. 13:40-42.
V. O Senhor Jesus, pela sua perfeita obediência e pelo sacrifício de si mesmo, sacrifício que pelo Eterno Espírito, ele ofereceu a Deus uma só vez, satisfez plenamente à justiça do Pai. e para todos aqueles que o Pai lhe deu adquiriu não só a reconciliação, como também uma herança perdurável no Reino dos Céus.
Ref. Rom. 5: 19 e :25-26; Heb. 10: 14; Ef. 1: 11, 14; Col.1:20; II Cor.5: 18; 20; João 17:2; Heb.9:12,15.
VI. Ainda que a obra da redenção não foi realmente cumprida por Cristo senão depois da sua encarnação; contudo a virtude, a eficácia e os benefícios dela, em todas as épocas sucessivamente desde o princípio do mundo, foram comunicados aos eleitos naquelas promessas, tipos e sacrifícios, pelos quais ele foi revelado e significado como a semente da mulher que devia esmagar a cabeça da serpente, como o cordeiro morto desde o princípio do mundo, sendo o mesmo ontem, hoje e para sempre. Ref. Gal. 4:45; Gen. 3:15; Heb. 3:8.
VII. Cristo, na obra da mediação, age de conformidade com as suas duas naturezas, fazendo cada natureza o que lhe é próprio: contudo, em razão da unidade da pessoa, o que é próprio de uma natureza é às vezes, na Escritura, atribuído à pessoa denominada pela outra natureza.
Ref. João 10:17-l8; I Ped. 3:18; Heb. 9:14; At. 20:28; João3:13
VIII. Cristo, com toda a certeza e eficazmente aplica e comunica a salvação a todos aqueles para os quais ele a adquiriu. Isto ele consegue, fazendo intercessão por eles e revelando-lhes na palavra e pela palavra os mistérios da salvação, persuadindo-os eficazmente pelo seu Espírito a crer e a obedecer, dirigindo os corações deles pela sua palavra e pelo seu onipotente poder e sabedoria, da maneira e pelos meios escolhidos pela Sua soberana vontade.


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Ref. João 6:37; 39 e10:15-16; I João 2:1; João 15:15; Ef. 1:9; João 17:6; II Cor. 4:13; Rom. 8:9, 14 e 15:18-19; João 17:17; Sal. 90:1; I Cor. 15: 25-26; Col. 2:15; Luc. 10: 19.
 

B – O QUE JESUS FEZ E TEM FEITO POR NÓS

Expiação e redenção dos nossos pecados em sua morte na cruz, que são a base da nossa justificação,  regeneração, santificação e futura glorificação, que estaremos estudando resumidamente nesta parte. A nossa vida está em Jesus (Col 3.3,4).

1 – Justificação

I. Os que Deus chama eficazmente, também livremente justifica. Esta justificação não consiste em Deus infundir neles a justiça, mas em perdoar os seus pecados e em considerar e aceitar as suas pessoas como justas. Deus não os justifica em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé, que não têm de si mesmos, mas que é dom de Deus.
Ref. Rom. 8:30 e 3:24, 27-28; II Cor. 5:19, 21; Tito 3:5-7; Ef. 1:7; Jer. 23:6; João 1:12 e 6:44-45; At. 10:43-44; Fil. 1:20; Ef. 2:8.
II. A fé, assim recebendo e assim se firmando em Cristo e na justiça dele, é o único instrumento de justificação; ela, contudo não está sozinha na pessoa justificada, mas sempre anda acompanhada de todas as outras graças salvadoras (fruto do Espírito – paz, alegria, bondade, mansidão, domínio próprio, amor etc); não é uma fé morta, mas opera pelo amor.
Ref. João 3:16, 18, 36; Rom. 3:28, e 5: I; Tiago 2:17, 22, 26; Gal. 5:6.
III. Cristo, pela sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos os que são justificados, e, em lugar deles, fez a seu Pai uma satisfação própria, real e plena. Contudo, como Cristo foi pelo Pai dado em favor deles e como a obediência e satisfação dele foram aceitas em lugar deles, ambas livremente e não por qualquer coisa neles existente, a justificação deles é só da livre graça, a fim de que tanto a justiça restrita como a abundante graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos pecadores.
Ref. Rom. 5:8, 9, 18; II Tim. 2:5-6; Heb. 10:10, 14; Rom. 8:32; II Cor. 5:21; Mat. 3:17; Ef. 5:2; Rom. 3:26; Ef. 2:7.
IV. Deus, desde toda a eternidade, decretou justificar todos os eleitos, e Cristo, no cumprimento do tempo, morreu pelos pecados deles e ressuscitou para a justificação deles; contudo eles não são justificados enquanto o Espírito Santo, no tempo próprio, não lhes aplica de fato os méritos de Cristo.
Ref. Gal. 3:8; I Ped. 1:2, 19-20; Gal. 4:4; I Tim. 2:6; Rom. 4:25; I Ped. 1:21; Col. 1:21-22; Tito 3:4-7.
V. Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair do estado de justificação, poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus e ficar privados da luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão e renovem a sua fé e o seu arrependimento.
Ref. Mat. 6:12; I João 1:7, 9, e 2:1-2; Luc. 22:32; João 10:28; Sal. 89:31-33; e 32:5.
VI. A justificação dos crentes sob o Velho Testamento era, em todos estes respeitos. a mesma justificação dos crentes sob o Novo Testamento.
Ref. Gal. 3:9, 13-14; Rom. 4:22, 24.
    Não poderíamos ser justificados se não tivéssemos antes, sido redimidos.
    A redenção é o preço pago como resgate para  libertar prisioneiros  da prisão. Jesus pagou com o seu sangue, de forma completa e definitiva, o preço exigido pela justiça divina, para livrar os pecadores da condenação eterna. Este resgate não tinha preço pois se refere à libertação de vidas. Quanto vale uma só vida ?
   O pagamento de Cristo cobriu completa e perfeitamente, todos os  débitos de todos os crentes para com Deus. Todas as exigências da lei foram pagas na cruz. O recibo do cancelamento total da dívida foi encravado na  cruz (Col 2.13,14). Agora, não há nenhuma condenação para quem  está em Cristo (Rom 8.1), nenhuma chama do inferno destinada a eles. O  trabalho foi realizado completamente pelo próprio Cristo, sem o auxílio de qualquer pessoa.
  A justificação é o efeito ou resultado da aplicação dos benefícios  decorrentes da redenção. Como o débito foi pago por outro em nosso lugar, então somos declarados justos e sem culpa por Deus. Cristo se  apresentou na presença do Pai, no lugar dos pecadores, para receber a sentença e a execução da mesma, que eram destinadas a eles. Quando Deus disse em  relação aos que seriam redimidos por Cristo, que deveria condená-los e puni-los, Cristo se declarou culpado no lugar deles. Quando a execução da sentença foi determinada, Cristo declarou que deveria ser punido no lugar deles, e o fez  morrendo na cruz. Isto é o que se chama de doutrina da substituição ou sacrifício vicário. Cristo ficou no lugar do pecador, e nós ficamos  no lugar  de Cristo diante de Deus. Ele nos olha como se fôssemos Cristo, e somos aceitos por Ele com o mesmo amor que ama a Cristo. E somos considerados herdeiros, inclusive de uma coroa no céu, juntamente com Cristo. Tão logo que o pecador se arrepende ele é justificado de todos os  seus pecados. Ele está sem culpa diante de Deus, inteiramente  aceito pelo  Seu amor. Além disso, ele passa a ter méritos porque tomou a justiça de  Cristo para si. Os trapos do pecador (seus pecados) foram lançados sobre Cristo (Is 53.11b), e as vestes de Cristo foram colocadas no pecador arrependido.
A justificação é irreversível. Tão logo que o pecador toma o  lugar de Cristo, e Cristo toma o lugar do pecador, não há mais o temor de uma segunda troca. Cristo pagou o débito e este não será exigido novamente (Jo 3.14,18). O castigo que ele sofreu na cruz em nosso lugar não terá que ser sofrido por nós novamente. Ele não cancelou o escrito de dívida para que ele fosse reescrito outra vez (Col 2.13,14). Deus não dá o perdão gratuito para  voltar a condenar depois. Daí não mais haver condenação para quem está em Cristo  Jesus (Rom 8.1). Ninguém pode condenar a quem Deus justificou (Rom 8.33,34).

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Tudo isto é obtido gratuitamente sem as nossas obras (Ef  2.8,9). Nunca será obtido com base nos nossos merecimentos. É obtido por nada, sem que nada façamos, além de crer. O ladrão que foi salvo na cruz, e as pessoas que aceitam a Cristo em seus leitos de morte, bem ilustram o fato de que a salvação/justificação é por meio da fé somente, e não das obras.
O evangelho de Cristo é tão imensamente precioso que  não poderia  ser comprado por qualquer valor deste mundo ou do universo. É por isso que Deus nos concede a salvação por graça, mediante o preço altíssimo e incalculável, que Jesus pagou com Sua própria vida e ao dispor-se a levar sobre Si a culpa de todos os nossos pecados.
Primeiro devemos ser justificados simplesmente pedindo para sermos salvos, e faremos as boas obras depois (Ef 2.10), pois que somos justificados, para sermos regenerados e santificados, porque a santidade é a essência mesma da natureza de Deus. Se alguém quiser ser justificado deve vir a Cristo como está, com todos os seus pecados, não lhe escondendo cousa alguma, porque é isto  o que  nos recomenda a Ele para sermos socorridos, a exposição sincera do nosso estado de miséria e o reconhecimento da nossa culpa, em razão do  pecado. Mostrando-lhe o estado de sujeira e os trapos de nossas roupas, ele as trocará pelas suas vestes de justiça alvas e limpas (Zac 3.1-5).
Precisamos de arrependimento e o desejo de deixar o pecado para sermos justificados, mas não é uma coisa nem outra a causa da nossa  justificação, ainda que necessárias, mas Cristo, Cristo, Cristo, somente Cristo.
Mas, para se arrepender, o pecador necessita do convencimento e da obra do Espírito Santo. O homem  dirigido pelo Espírito para ser justificado.  O homem necessita ser justificado porque foi criado para ser justo tanto para com os demais homens, quanto para com Deus. Quando o homem é trazido a Cristo, pelo Espírito, ele descobre  que sua vida tem sido manchada por várias ofensas contra a lei de Deus.
O Espírito Santo nos convence do pecado antes que possamos ser  justificados, para compreendermos que estamos cheios de pecados,  tanto em  nossas ações exteriores, quanto em nossos pensamentos e imaginação. O pensamento e a imaginação do nosso coração são continuamente maus. Ninguém pode alegar inocência diante do trono de Deus. A menos que o homem seja derrubado do seu orgulho em não se reconhecer pecador, Cristo nunca o levantará. Por ser um transgressor da lei de Deus, o  homem, sem  Cristo, nunca pode estar de pé diante dEle baseado em sua própria justiça. A possibilidade de ser justificado com base na justiça própria deve ser considerada como um caso totalmente perdido. O passado não poder ser apagado, e o futuro não será nada melhor, e assim a salvação pelas obras da lei será sempre uma impossibilidade (At 13.39; Rom 3.20,28; 4.1-8; 9.30-32; Gl 2.16; 3.11).
A lei amaldiçoa a todos os que  não cumprem  os seus  mandamentos (Dt 27.26; Gl 3.10,11) mas Jesus se fez maldição no nosso lugar para nos resgatar da maldição da lei (Gl 3.13,14). Os que não têm a Cristo permanecem debaixo da referida maldição (Gl 3.10). Mas o justificado é resgatado dela.
Os que buscam ser justificados pela lei, e não pela fé em Cristo, deveriam se lembrar que quem quebra a lei num só ponto se torna culpado de todos os demais (Tg 2.10). Um só pecado sujeita o transgressor à condenação eterna no inferno (Mt 5.18,19,22). Isto revela quão estrita é a justiça de Deus. E aponta para a grandeza da ira de tal justiça que foi despejada sobre Jesus quando pagou pelos nossos pecados na cruz, para satisfazer a exigência da justiça de Deus. O que concluímos disto é que qualquer pessoa que não tenha sido justificada por Cristo está sob condenação (Jo 3.36b), e nós, que temos sido justificados devemos levar o pecado muito a sério, sabendo que  a ira de Deus contra o pecado está revelada no castigo que Jesus sofreu na cruz.
 O homem só  pode ser justificado pelo caminho de Deus (a graça que está em Cristo) que é totalmente diferente do caminho através do qual não podemos ser  justificados (o mérito das nossas boas obras). Não somos justificados pela nossa própria obediência, mas pela obediência de Cristo (Rom 5.19).
Como a justificação não é pelo nosso merecimento, e sim pelos méritos de Cristo, é comum afirmar-se que a salvação é um dom (graça) imerecido. De fato não é  porque a mereçamos, que a recebemos, mas porque fomos eleitos  pelo amor de Deus para recebê-la. (Isto estudaremos pormenorizadamente no assunto relativo à eleição). E tudo o que se refere à nossa salvação (eleição, justificação, regeneração, santificação e glorificação) está em Cristo.
Quando o crente é abençoado com a bênção da justificação não é por  sua própria causa, mas por causa de Jesus. Deus apaga os seus pecados em  razão do que Jesus fez. O crente não tem méritos próprios mas tem recebido os méritos ilimitados de Jesus, ao ser vestido com  a Sua  justiça divina (Mt 22.11,12; Rom 10.4; I Cor 1.30). Todos os méritos de  Jesus são  imputados àqueles que são justificados pela sua graça. Cristo se fez pecado  por nós (II Cor 5.21) e nós fomos feitos reis e sacerdotes para Deus (I Pe 2.9;  Apo 5.9,10).
Estando vestido da justiça de Cristo, o crente não terá no céu uma justiça maior ou melhor do que a que tem na terra. É por isso que não será mais aceitável a Deus quando for para o céu, do que  aqui na terra, pois a mesma justiça de Jesus é a que os crentes possuem tanto na terra quanto  no céu. Uma justiça divina, melhor do que a que Adão tinha em seu estado de  inocência no Éden, que era uma justiça humana, baseada na sua própria justiça.O caminho de chegada a esta justificação é a fé. Não  por meio de  choros, orações, humilhações, trabalhos, leitura da Bíblia (ainda que tudo isso seja necessário depois que o crente é justificado) ou quaisquer outros meios, MAS PELA FÉ. É a graça quem justifica e salva, mas  sempre por meio da fé, porque Deus prometeu que seria apenas este o  único  meio  da  justificação (Hc 2.4; Rom 1.17; 5.1; Ef 2.8).
Mas a fé que conduz à justificação é uma fé viva, genuína, que  vem de Deus, do alto, que se manifesta em obras (I Tim 1.5; Tg 2.17-19). A fé sem fingimento que habitou na mãe e avó de Timóteo (II Tim 1.5). A fé que conduz ao arrependimento e  entrega da vida ao Senhor, para que seja por Ele transformada e santificada (este é um outro assunto que estudaremos sob os  temas de Regeneração e Santificação). Uma fé como esta não pode ser de nós mesmos, é uma fé que também recebemos como um dom de Deus.
O grande privilégio da justificação é que passamos a ter paz  com Deus (Rom 5.1). O temor do mal e do juízo vindouro terminam. O  crente se sente seguro nas mãos de Deus e descansa quanto ao destino eterno de sua alma, independentemente das circunstâncias adversas que possa sofrer neste mundo. O coração justificado pode experimentar a paz de Cristo em meio às aflições e tribulações.
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Permanecendo em Cristo, os crentes não podem mais estar debaixo da maldição da lei, mesmo neste mundo, porque não apenas Deus os perdoou em Cristo quanto a todas as suas transgressões da lei, como estão destinados a viverem em perfeita harmonia com todas as exigências da lei moral de Deus, no  porvir, pela capacitação recebida do poder e graça de Deus, mediante a obra  de redenção realizada por Jesus, bem como pela regeneração e santificação operadas pelo Espírito Santo, que é o selo e a garantia da salvação dos  crentes. O Espírito que tem lutado contra a carne e mortificado a natureza  terrena do crente, na batalha constante que se  travará permanentemente  neste mundo, é a garantia que temos de Deus, de que Ele completará a Sua obra iniciada em nós na justificação e regeneração, de purificação do pecado e do revestimento de Cristo.
Como resultado ou conseqüência da justificação, somos regenerados e santificados pelo Espírito Santo, em Cristo. Somos feitos filhos de  Deus (Jo 1.12; I Jo 3.2), herdeiros de Deus, livrados da condenação da lei e da  morte, e temos vida eterna (Mt 25.46; Lc 18.30; 20.35,36; Jo 3.15,16,18;  3.36; 4.14,36; 5.24,29; 6.27,37,39,40,47,51,54, 57,58;  8.51; 10.10,28;  11.26; 12.25,50; 14.19; 17.2,3; At 13.46,48; Rom 1.17; 2.7; 5.9,17,18,21; 6.22,23; 8.1,2,6,16,18,32-35; 10.9,13; 14.4; I Cor 1.8,9;  2.12; 6.3;  9.25; 11.32; 15.49, 54; II Cor 1.24; 3.18; 4.17; 5.17; 13.6; Gl 4.6; 6.8; Ef  2.1,4,5,8-10; Fp 1.6,21; 3,21;  Col 1.12,  22,27; 2.13,14;  I Tes  1.10; 4.14,17; 5.9,10,23? II Tes 2.13,16,17; I Tim 1.15,16; 6.12; II Tim  1.9,10,12; 2.10; Tito 1.1,2; 3.4-7; Hb 1.14; 5.9; 6.17-20; 7.25; 8.12; 9.15; 10.14,39; 12.28; I Pe 1.3-5,22,23; 5.10; II Pe 1.3,4; 3.7,13; I Jo 1.2; 2.25; 3.1-3; 5.11-13, 20; II Jo 1,2).
Não podemos sentir a justificação, por ser um decreto legal da parte de Deus que nos livra da condenação e que nos imputa a justiça de Cristo, mas podemos sentir os seus efeitos sobre nós: o amor a Deus e aos irmãos em Cristo, o trabalho de purificação dos nossos pecados e o novo nascimento operados pelo Espírito Santo, a paz de Cristo em  nossos corações  e muitas outras evidências que comprovam que de fato fomos feitos  filhos de Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.                    

2 - Adoção

Todos os que são justificados são feitos participantes por Deus, por meio de Jesus,  da graça da adoção. Por essa graça eles são recebidos no número dos filhos de Deus e gozam a liberdade e privilégios deles; têm sobre si o nome deles, recebem o Espírito de adoção, têm acesso com confiança ao trono da graça e são habilitados, a clamar "Abba, Pai"; são tratados com comiseração, protegidos, providos e por ele corrigidos, como por um pai; nunca, porém, abandonados, mas selados para o dia de redenção, e herdam as promessas, como herdeiros da eterna salvação.
Ref. Ef. 1:5; Gal. 4:4-5; Rom. 8:17; João 1: 12; Jer. 14:9; II Cor. 6:18; Apoc. 3:12; Rom. 8:15; Ef. 3:12; Gal. 4:6; Sal. 10313; Prov. 14.26; Mat. 6:30, 32; Heb. 12:6; Lam. 3:31-32; Ef. 4:30; Heb. 6:12; I Ped. 1: 3-4; Heb. 1: 14.

Devemos também aprender sobre o novo nascimento (regeneração) que é produzido pelo Espírito Santo simultaneamente com o ato da justificação, quando nos convertemos a Cristo. Ambos, tanto a justificação quanto a regeneração ocorrem uma única vez na vida do crente, no momento da sua conversão e são irreversiveis e irrevogáveis, determinando ambas, o caráter eterno da sua salvação.

3 - Regeneração

     A palavra regeneração significa, literalmente, gerar de novo. É  uma palavra adequada para traduzir as duas palavras gregas que foram usadas por Jesus em seu diálogo com Nicodemos, registradas em Jo 3.3,7: genetós (gerar, nascer) e anoten (de novo, do alto).
A doutrina da regeneração se refere portanto ao novo nascimento operado pelo Espírito Santo.
Como já estudamos no assunto da JUSTIFICAÇÃO, a obra da redenção, pela qual Jesus pagou o preço do resgate, pelos nossos pecados, é a base através da qual os que crêem no seu nome são justificados por Deus, consistindo  a justificação no livramento da condenação eterna, pela remoção da culpa do pecador, pelo resgate da maldição da lei e da plena aceitação do crente por Deus, por lhe ter sido imputada a justiça de Cristo.
Agora, toda esta libertação e obtenção dos méritos de Cristo, têm da parte de Deus, um propósito supremo em vista: que o crente seja transformado à imagem de Jesus (Rom 8.29). O crente é justificado/salvo para ser  purificado do pecado e para viver em santidade fazendo a vontade de  Deus.
É aqui que entra o trabalho do Espírito Santo.
A justificação foi obtida pela graça, mediante a fé. E do mesmo modo o recebimento da nova natureza, pela regeneração operada pelo Espírito também é pela mesma graça e fé. Na verdade, tanto a justificação quanto a regeneração ocorrem simultânea e instantaneamente, no momento em que o pecador se arrepende e se converte a Cristo. A mesma fé que justificou é assim a mesma fé que regenerou o crente. Deste modo, a regeneração é também pela  graça, mediante a fé, conforme  Jesus afirmou  claramente a  Nicodemos  (Jo 3.14,15,18).
É impossível que alguém seja justificado sem que seja também regenerado. Daí Jesus ter afirmado a Nicodemos a necessidade que ele tinha, como qualquer pessoa, de nascer de novo (regeneração) para poder ver o Reino de Deus. E definiu a fé genuína, que conduz o pecador à salvação, livrando-o da condenação (Jo 3.18), como a fé que não somente justifica,  mas também regenera.
No mesmo diálogo com Nicodemos Jesus afirmou que a vida eterna, que  é obtida através da regeneração, é concedida em razão do amor de Deus  pelos pecadores.
Na regeneração o crente recebe uma nova natureza, pela sua participação na natureza divina (II Pe 1.4), sendo esta também designada na  Bíblia por novo coração, novo homem, nova criatura, dentre outras designações.
Entretanto, a velha natureza ou natureza terrena, apesar de ter recebido a sentença de morte na cruz (Rom 6.6), não é removida do crente, neste mundo, e será mais ativa ou menos, proporcionalmente ao nível de consagração do mesmo a Deus.
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O espírito é purificado e fortificado pela graça que flui através da nova natureza recebida na conversão.
O crente tem portanto duas naturezas. Não duas personalidades ou dois espíritos. Seu espírito foi vivificado pelo Espírito Santo e está agora sujeito à influência destas duas naturezas: a terrena e a divina.
A terrena deve ser mortificada continuamente pelo Espírito Santo (Col 3.5; Rom 8.13) para que o crente possa viver em novidade de vida.
A regeneração vem de cima e  é obra divina. Não pode ser produzida pelo homem (Jo 1.12,13; 3.6,7).
O apóstolo Pedro se refere à regeneração do crente como resultante de uma semente incorruptível, a Palavra de Deus (I Pe  1.23,24). Uma  semente incorruptível produz uma vida incorruptível e permanente.  Isto significa que a regeneração dá ao crente vida eterna. A velha natureza morre porque a sua semente é corruptível. Por isso, o filho de Deus em sua nova  natureza não conhecerá a morte espiritual ou eterna, porque Cristo está nele e Ele é a ressurreição e a vida (Lc 20.36; Jo 3.16; 5.24; 6.47,57,58; 8.51; 10.28; 11.26; II Tim 1.10; I Jo 5.13).
O Espírito Santo supre a nova natureza com vida.  Ele concede  graça, graça sobre graça. Jesus afirma que assim como Ele vive, nós viveremos também; e que aquele que nEle crê nunca perecerá. Isto  uma referência à onipotência divina para preservar a nova vida que recebemos pela fé.
O espírito do crente não perecerá eternamente. Ele não estará separado de Deus na eternidade, como ocorrerá com os espíritos daqueles que não têm a Cristo, e que estão condenados à morte eterna.
Quando a Bíblia fala portanto de mortificação da natureza terrena (Col 3.5), não se refere à destruição da alma, mas à sua purificação do pecado, pela destruição das obras da carne pelo Espírito, quando nos  sujeitamos a Deus.
Tendo sido regenerados, somos um só espírito com Cristo (I Cor 6.17; 10.16,17), isto significa que o nosso espírito está ligado ao Senhor,  sem que a nossa personalidade seja anulada, de forma que quando o nosso espírito está purificado do pecado, isto se deve ao fato de estar prevalecendo em nós o poder e a influência da natureza divina. Mas isto  não ocorrerá  sem que o busquemos, sem que nos esforcemos para fazer a vontade de Deus e estar em Sua presença (isto estudaremos na parte relativa à SANTIFICAÇÃO).
Quando deixamos de nos consagrar a Deus, para que o Espírito Santo nos santifique, quem haverá de prevalecer será a natureza terrena, e  em vez  do fruto do Espírito, o que se verá em nós serão as obras da carne (Gl 5.16-25).
O apóstolo Paulo se refere à inclinação da  carne (natureza  terrena) como sendo inimizade contra Deus (Rom 8.7a) que não está sujeita à lei  de Deus e nem mesmo pode estar (Rom 8.7b). A natureza terrena não somente está incapacitada para fazer a vontade de Deus, mas está sobretudo em estado de permanente inimizade contra Deus. A palavra usada  é um substantivo  (inimizade) indicando assim um estado, uma condição, uma natureza, e não um adjetivo (inimiga) que indicaria uma simples qualidade, e não a condição total do ser.
O pecado corrompeu a natureza de todos os homens, e estes estão inclinados por sua própria natureza a fazer o mal, de maneira que a carne sempre luta contra o Espírito, e esta contaminação da natureza terrena  permanece ainda naqueles que têm sido regenerados, porque a concupiscência da  carne não se sujeita à lei de Deus.
A glória tem passado para sempre da natureza terrena. Esta é a  sua própria condenação. É loucamente orgulhosa. O coração é inteiramente  corrupto. Por isso a natureza terrena deve ser repudiada, e devemos atentar para a nova  natureza recebida na regeneração, porque a velha jamais poderá ser melhorada. Está irremediavelmente corrompida.
É certo que ainda há mesmo no pior dos pecadores, resquícios da imagem e semelhança original com que o homem foi criado por Deus. Podemos ver alguns traços de bondade, de justiça, de amor e de outras virtudes, mas estão contaminadas pelo pecado. O grande edifício da natureza humana ruiu por terra quando Adão pecou e é em ruínas que tal natureza é encontrada em quaisquer dos seus descendentes. Há uma ou outra coluna rachada, mas ainda de pé, aqui, e ali, mas no meio dos destroços e do pó da destruição causada pelo pecado. A salvação consiste na remoção destes destroços para a construção de uma nova vida, por meio de uma nova natureza que não pode ser destruída, como a primeira.  
Sem o novo nascimento não poderíamos portanto viver  em conformidade com a vontade de Deus. O novo nascimento é uma transformação radical: por meio dele recebemos a nova natureza que nos faz amar o que aborrecíamos, e aborrecer o que amávamos contra a vontade de Deus.  A regeneração faz diferentes  nossos costumes, nossos pensamentos e nossas palavras (II Cor 5.17).
Alguns dizem que o pecado reina na carne do homem, em seu corpo físico, mas não no seu espírito, que segundo eles é perfeito e não pode pecar. Isto não é verdadeiro porque o espírito do homem também está sujeito ao pecado, daí a exortação de I Tes 5.23 e II Cor 7.1. Devemos lembrar dos poderes do espírito, e dentre estes a imaginação, o pensamento e a vontade, que estão contaminados pelo pecado. Quem não peca é a nova natureza, pois que é divina. Como já comentamos anteriormente, é a sua ação sobre o espírito do homem que mortifica a velha natureza e purifica o espírito do pecado, e imprime nele as virtudes de Cristo, no trabalho progressivo da santificação.
Não há nenhuma desobediência na nova natureza. Não há  nela qualquer mancha do pecado. Ela nunca erra, morre ou transgride. Porque  ela é como Deus, santa, pura, perfeita e separada do pecado. A nova natureza está destinada a nos amadurecer na perfeita imagem de Deus.
É por isso que o trabalho do Espírito em relação à velha natureza é de mortificação, baseado no fato de ter sido a mesma crucificada com  Cristo.
Ela não pode portanto ser reformada, porque não pode ser melhorada. Temos o testemunho dos muitos que têm tentado tal cousa e têm  fracassado. Alguns procuram refrear sua  natureza, mas não o conseguem. É como se o leopardo tentasse se livrar de suas manchas.
Ainda que alguém conseguisse reformar a velha natureza, esta não seria a obra que Deus exige. Ele não quer reformas, mas renovação. Ele não deseja um coração melhorado, mas um coração novo (Ez 36.26,27; Lc 9.23).
O homem não é regenerado mediante seus próprios esforços. Poderá  reformar-se em muitos aspectos. Livrar-se de muitos vícios, mas não há quem possa nascer em Deus pelo próprio poder. Por mais que lute, não conseguirá.

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E mesmo que o conseguisse não iria para o céu, porque teria violado uma das condições para tal, a saber, a de nascer do Espírito Santo.
Não há regeneração sem santificação. E não  pode existir  verdadeira santificação onde não houve regeneração.
O Espírito Santo desperta, convence, ilumina, limpa, guia,  preserva, consola, confirma, aperfeiçoa e usa os crentes. Nunca damos um passo em direção ao céu sem o Espírito Santo e nem conduzimos outros no caminho do céu sem Ele.
O novo nascimento do Espírito é a vida do crente e da igreja. Se o Espírito Santo  é apagado, a morte reina, e a igreja é um sepulcro. Daí a ordenança bíblica para não se apagar o Espírito (I Tes 5.19), mas encher-se dEle (Ef  5.18).
Um crente autêntico é aquele que nasceu de novo do Espírito Santo. O mesmo Espírito que o regenerou é o mesmo Espírito que haverá de infundir no crente a necessidade da busca da santificação, porque a santidade é a essência  mesma da natureza de Deus, e por conseguinte, da nova natureza que recebemos no novo nascimento. As cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus (I Cor 2.11b). Só podemos conhecer e viver o que Deus nos deu gratuitamente, mediante as palavras ensinadas pelo Espírito Santo (I Cor 2.12,13). É por isso que há crentes espirituais e crentes carnais. Estes últimos vivem pela influência da natureza terrena (carne) e não da nova natureza, e o domínio das obras da carne (ciúmes, contendas etc) sobre suas vidas prova que apesar de terem sido regenerados, vivem como pessoas carnais, e não espirituais, conforme lhes conviria viverem, por terem sido justificados e feitos novas criaturas em Cristo  (I Cor 3.1-3).  
Daí a importância da ministração da Palavra de  Deus pela  sua pregação e ensino, por parte daqueles que o Espírito tem levantado para liderar a igreja, com vistas  à edificação dos crentes  e seu  aperfeiçoamento espiritual (Ef 4.11,12), e também a necessidade de todos se  aplicarem no corpo de Cristo à oração, à adoração e à prática das boas obras. Pois estes são, dentre outros, meios pelos quais somos fortalecidos com poder, mediante o Espírito Santo, no homem interior (Ef 3.16), sendo transformados de glória em glória, na própria imagem do Senhor (II Cor 3.18).

                 Ilustrações do que é a natureza terrena:

. Lc 6.7,8 -  ardilosa.
. Lc 6.46 -  naturalmente inclinada à desobediência.
. Lc 9.40,41 -  incrédula.
. Lc 9.46-48 - procura suplantar os seus semelhantes.
. Lc 9.54-56 -  vingativa.
. Lc 12.1 - está sujeita à hipocrisia.
. Lc 12.15 -  avarenta (desejo de ter mais do que necessita).
. Lc 12.22, 29 -  ansiosa e inquieta.
. Lc 15.29,30 -  invejosa.
. Lc 17.3,4 - não  inclinada a perdoar.
. Lc 18.1 - não dada à oração, especialmente à oração perseverante.
. Lc 18.9-12 -  orgulhosa e julga ter méritos diante de Deus.
. Lc 22.45,46 -  negligente e insensível.
. Lc 22.61 -  covarde.
. Jo 2.23-25 - busca o que é da sua conveniência hipocritamente.
. Jo 6.26 -  interesseira.
. Jo 7.7 - está inclinada naturalmente para as más obras.
. Gl 2.11-14 -  preconceituosa e dissimulada.

Estes poucos exemplos não são suficientes para demonstrar que nada devemos dispor para a carne (natureza terrena), mas sim viver  em novidade  de vida, revestidos de Jesus, segundo a nova natureza ? (Rom 13.14)
Por isso o apóstolo Paulo declara abertamente: "Porque eu  sei que  em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum. Pois o querer  o bem está em mim; não porém o efetuá-lo." (Rom 7.18). Somente o poder da graça de Jesus pode libertar o próprio crente desta escravidão que a natureza terrena lhe impõe de não ser capaz de realizar o bem mesmo quando deseja praticá-lo (Rom 8.25).  
Daí Jesus afirmar: "Importa-vos nascer de novo." (Jo 3.7b). E o Espírito Santo acrescentar pela boca de Paulo, a única forma de se vencer a  carne, depois der ter sido regenerado: " Andai no Espírito e jamais satisfareis a concupiscência da carne." (Gl 5.16).

4 - Santificação

I. Os que são eficazmente chamados e regenerados, tendo criado em si um novo coração e um novo espírito, são além disso santificados real e pessoalmente, pela virtude da morte e ressurreição de Cristo, pela sua palavra e pelo seu Espírito, que neles habita; o domínio do corpo do pecado é neles todo destruído, as suas várias concupiscências são mais e mais enfraquecidas e mortificadas, e eles são mais e mais vivificados e fortalecidos em todas as graças salvadores, para a prática da verdadeira santidade, sem a qual ninguém verá a Deus.
Ref. I Cor. 1:30; At. 20:32; Fil. 3:10; Rom. 6:5-6; João 17:17, 19; Ef. 5-26; II Tess. 2:13; Rom. 6:6, 14; Gal. 5:24; Col., 1:10-11; Ef. 3:16-19; II Cor. 7:1; Col. 1:28, e 4:12; Heb. 12:14.
II. Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne lutando contra o espírito e o espírito contra a carne.
Ref. I Tess. 5:23; I João 1:10; Fil. 3:12; Gal. 5:17; I Ped.2:11.

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III. Nesta guerra, embora prevaleçam por algum tempo as corrupções que ficam, contudo, pelo contínuo socorro da eficácia do santificador Espírito de Cristo, a parte regenerada do homem novo vence, e assim os santos crescem em graça, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.
Ref. Rom. 7:23, e 6:14; I João 5:4; Ef. 4:15-16; II Ped. 3:18; II Cor. 3:18, e 7: 1.

Cristo é também a nossa santificação, além da nossa justiça, sabedoria e redenção (I Cor 1.30), entretanto, na santificação, há que se considerar também as obras do crente, o seu esforço e diligência para que seja santificado, a purificação e fortalecimento da sua fé etc, entretanto, como é Deus mesmo quem nos santifica pela Palavra, a incluímos na parte referente ao que Jesus fez e tem feito por nós, e não na referente ao que devemos fazer para Jesus, apesar de ser cabível a inclusão do assunto também nesta parte.
Como vimos em nosso estudo sobre REGENERAÇÃO, o pecador passa a  ser santo quando nasce de novo pelo Espírito. Na sua conversão ele é santificado ao ser transformado em uma nova criatura. Ele recebe um novo coração, uma nova natureza, a natureza divina, e assim tem acesso à santidade que o faz aceitável a Deus. Esta é a razão pela qual o apóstolo Paulo se refere aos crentes em todas as suas epístolas, chamando-os de santos,  apesar de muitos deles serem ainda carnais, como, por exemplo, eram muitos dos  crentes coríntios  (I Cor 1.2; 6.11; 14.33; II Cor 1.1; 13.12; Ef 1.1; 2.19; Fp 1.1; Col 1.2; Jd 3) que eram santos, separados para Deus, apesar de não serem ainda crentes espirituais.
 Entretanto, aquele que foi santificado pelo Espírito, é chamado a prosseguir em santidade, através do processo de santificação, que não deve cessar ao longo de toda a sua vida (Jo 17.17,19; Ef 4.12;I Tes  5.23; Apo 22.11). Este processo consiste basicamente no despojamento das obras da  carne (natureza terrena) e do revestimento das virtudes de Cristo.
O texto de Hebreus 12.14 diz, “segui a paz com todos e a santificação” – ambas as coisas, tanto a paz quanto a santificação devem ser seguidas de forma prática. Se a santificação tivesse sido obtida em sua forma plena e final na regeneração (novo nascimento), não haveria necessidade de se mandar segui-la, ordenança que não se aplica à justificação, por ter sido obtida de uma vez para sempre na conversão.
Santificação é conformidade à vontade de Deus, e obediência aos mandamentos do Senhor. Isto é o trabalho do Espírito na alma, pelo qual o homem é feito semelhante a Deus, e torna-se participante da natureza divina, sendo livrado da corrupção que há no mundo através da cobiça.
 Não é dito em Heb 12.14 “perfeição de santificação”, mas, “santificação”. A santificação é uma coisa que cresce. Ela pode ser na alma como o grão de mostarda, e ainda não estar desenvolvida; ela pode ser uma vontade e um desejo no coração, um suspiro, uma aspiração. Com as águas do Espírito de Deus, ela crescerá como o grão de mostarda até se tornar uma árvore. A santificação, no coração regenerado, é como criança, não está madura – está perfeita em todas as suas partes, mas não perfeita no seu desenvolvimento. Uma criança é um ser perfeito, mas não quanto ao desenvolvimento que ainda terá até ser uma pessoa madura. Por conseguinte, quando nós achamos muitas imperfeições e muitas falhas em nós mesmos, nós não devemos concluir que isto significa que não temos interesse na graça de Deus. A santificação requer que o coração esteja em Deus, e que pulse de amor por Ele.
“Sem santificação ninguém verá o Senhor”. Isto quer dizer, nenhum homem pode ter comunhão com Deus nesta vida, e na vida por vir, sem santidade. “Podem dois caminharem juntos se não houver entre eles acordo ?”.
Santificação é uma palavra que significa mais do que purificação, porque ela inclui mais do que a idéia de sermos limpos, ela inclui também a necessidade de estarmos adornados com todas as virtudes de Cristo.
“Por causa deles eu me santifico a mim mesmo”. Estas são palavras que foram proferidas por Jesus em Jo 17. No caso do Senhor não pode significar purificação do pecado, porque ele não tinha pecado. A santificação do Senhor era sua consagração ao completo propósito divino, sua absorção na vontade do Pai. Assim, nossa própria santificação também significa a nossa consagração à vontade de Deus, além da nossa purificação, já que somos pecadores.
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Ninguém pode santificar uma alma mas somente o Todo Poderoso Deus, o grande Pai dos espíritos. Somente aquele que nos fez pode fazer-nos santos.
A regeneração é onde a santificação começa, é totalmente o trabalho do Espírito de Deus. Cada pensamento sobre santidade, e cada desejo posterior por pureza, vêm somente do Senhor, porque nós, por natureza, somos inclinados ao pecado. Assim que a última vitória sobre o pecado em nós, e sermos feitos perfeitamente como o nosso Senhor, deve ser inteiramente o trabalho do Senhor Deus, que faz novas todas as coisas, desde que não temos nenhum poder para realizar tão grande trabalho em nós mesmos.
Somente a verdade não santifica o homem. Ele pode permanecer num credo ortodoxo, mas se isto não tocar o nosso coração e influenciar o nosso caráter, qual é o valor da nossa ortodoxia ? Não é a doutrina que, de si mesma, nos santifica, mas o Pai santifica usando a doutrina como meio.  A verdade é o elemento em que nós devemos viver para sermos santos. A falsidade (mentira) conduz  ao pecado; a verdade conduz à santidade; mas há o espírito mentiroso, e há também o Espírito da verdade, e  por estes o erro e a verdade são usados como meios para se atingir o fim, respectivamente. A verdade deve ser aplicada com poder espiritual à mente, à consciência, ao coração, senão o homem pode receber a verdade, e ainda permanecer na injustiça. Eu creio que isto é a coroação do trabalho de Deus no homem, que seu povo seja perfeitamente livre do mal. Ele os escolheu para que eles sejam seu  povo peculiar, zeloso de boas obras; Ele os redimiu para que fossem livres de toda a iniqüidade, e purificados; ele os chamou efetivamente para uma elevada e santa vocação, a saber para a verdadeira santidade. Todo o trabalho do Espírito de Deus na nova natureza tem em mira a purificação, a consagração, o aperfeiçoamento de todos aqueles que Deus em amor tomou para Si.
Tudo o que nos sucede na caminhada para o céu tem o propósito de preparar-nos para o fim de nossa jornada. Nosso caminho através do deserto tem por objetivo provar-nos, para que nossos males possam ser descobertos, e nos arrependermos, e assim nós possamos nos apresentar no fim sem máculas diante do trono. Nós estamos sendo educados pelos céus, para o encontro na assembléia dos perfeitos. Ainda não se manifestou o que nós seremos, nós seremos como Ele, porque nós o veremos assim como Ele é. Nós estamos sendo levantados: através de um duro combate, longa vigilância,  e  paciente  espera,
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nós estamos sendo levantados em santidade. Estas tribulações que trilham o nosso trigo e que lançam a palha para longe, estas aflições que consomem nossas escórias, e que tornam nosso ouro mais puro. Todas as coisas operam juntamente para o bem daqueles que amam a Deus; e o resultado esperado de tudo isso será a apresentação dos escolhidos a Deus, não tendo mancha ou ruga ou qualquer coisa semelhante. Assim eu tenho lembrado a vocês que a oração por santificação é oferecida ao divino Pai, e isto nos conduz a cuidar-nos inteiramente para o nosso Deus. Não imaginem que esta santificação se seguirá necessariamente porque vocês ouvem um pregador sincero, ou por se unirem em sagrada adoração. Meus irmãos, Deus mesmo deve trabalhar em vocês, o Espírito Santo deve habitar em vocês, e isto só pode advir pela fé no Senhor Jesus. Creia nele para a sua santificação, assim como têm crido para o seu perdão e justificação. Somente Ele pode prover santificação a vocês, porque isto é um dom de Deus através de Jesus Cristo nosso Senhor.  
Como a santificação é forjada nos crentes ? “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.”. Observem como Deus tem juntado a verdade e a santificação. Cristianismo é vida que cresce na verdade de Jesus Cristo, que é o caminho e a verdade tanto quanto é a vida, e ele não é propriamente recebido pelo salvo se ele não for aceito neste caráter triplo.
Nenhuma vida santa será produzida em nós por crer na falsidade. A santificação em seu caráter visível vem da edificação em fé no interior do coração, ou de outra forma é uma mera casca. Boas obras são o fruto da verdadeira fé, e a verdadeira fé é uma sincera crença na verdade. Cada verdade conduz à santificação, cada erro de doutrina, direta ou indiretamente conduz ao pecado. A deformação de entendimento trará inevitavelmente uma deformação da vida mais cedo ou mais tarde. A linha reta da verdade atuando no coração produzirá um curso direto de graciosa caminhada na vida.
Mesmo que o próprio Deus somente nos santifique pela verdade. Somente o ensino que é trazido da Palavra de Deus santificará vocês, e que nenhuma verdade fora da Palavra de Deus, não poderá  santificar vocês. A matemática é uma verdade, mas ninguém é santificado por ela. O erro pode soprar sobre você, ele pode mesmo levar você a pensar que você está santificado, mas há uma grande e séria diferença entre ostentar santificação e estar santificado de fato, uma grande diferença entre sentir-se superior a outros e estar sendo realmente aceito por Deus. Creia-me, Deus trabalha a santificação em nós pela verdade da Palavra, e por nada mais.  Mas o que é a verdade ? Este é o ponto. A verdade é o que eu posso imaginar do que me seja revelado por alguma comunicação particular ? Eu sou tão fantasista que eu me alegro em alguma especial revelação, e eu dirijo minha vida por vozes, sonhos e visões ? Irmãos, não caiam nesta ilusão que é tão comum. A Palavra de Deus para nós é a Sagrada Escritura. Toda a verdade que santifica os homens está na Palavra de Deus. Não ouçam aqueles que clamam, “Ei-lo aqui!” e “Ei-lo lá!”. Faremos bem em atentar para a verdade revelada em Col 2.18: “Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado sem motivo alguma na sua mente carnal.”. Deus pode usar sonhos e visões para alertar-nos e consolar-nos ou para qualquer outro propósito proveitoso, mas jamais o fará para salvar-nos ou para santificar-nos, porque a Palavra da verdade já está revelada de uma vez para sempre na Bíblia. Ela é o fundamento, a rocha, sobre a qual a igreja de Cristo é edificada.
A verdade nunca é a sua opinião, nem minha; sua mensagem, nem minha. Jesus disse, “a tua Palavra é a verdade”. O que santifica os homens não é apenas a verdade, mas a verdade que está revelada na Palavra de Deus. É uma bênção que toda a verdade que é necessária para santificar-nos está revelada na Palavra de Deus, tanto que nós não temos que gastar nossas energias tentando descobrir a verdade, mas podemos, para nosso maior proveito, usar a verdade revelada para tal propósito divino. Não haverá mais revelações da verdade, não são mais necessárias. O cânon está fixado e completo, e por isso se diz que nada deve ser retirado ou acrescentado à Palavra, sob a pena de lhe serem acrescentadas as pragas descritas em Apo 22.18,19. O Senhor nunca reescreveu ou reeditou Sua Palavra e certamente nunca o fará, porque ela, verdade que é, permanece para sempre. Nosso ensino pode estar cheio de erros, mas o Espírito não erra. A fé foi entregue de uma vez por todas aos santos. A Escritura sozinha é a absoluta verdade, a essencial verdade, a decisiva verdade, a autoritativa verdade e a eterna verdade. A verdade que nos é dada na Palavra de Deus é o que santifica todos os crentes.
Aprendam, então, meus irmãos, como sinceramente vocês devem pesquisar as Escrituras. Vejam como devem persistentemente ler este Livro de Deus. Se ele é a verdade, e a verdade com que Deus nos santifica, estudemô-lo, nos apossemos e nos mantenhamos nele. Quando a verdade for totalmente usada, ela destruirá o pecado diariamente, nutrirá a graça, inspirará nobres desejos, e produzirá ações santas.  
  Um dos pontos de falha para ser mais profundamente lamentado seria a falha dos membros da igreja na santificação. Se vocês próprios agem como outros costumam fazer, que testemunho pode ser dado ? Se suas famílias não são dirigidas graciosamente, se seus negócios não são conduzidos sob princípios da mais estrita integridade; se sua fala é questionável como a pureza da sua honestidade; se suas vidas estão abertas para sérias censuras – como pode Deus aceitá-los ou enviar bênçãos à igreja que vocês pertencem ? Isto tudo é falsidade e engano falar que vocês são do povo de Deus quando mesmo os homens do mundo são desonrados por vocês. A fé de vocês no Senhor Jesus deve operar sobre suas vidas para torná-los fiéis e verdadeiros, isto deve operar constantemente em seus pensamentos, palavras e atos, ou então vocês nada conhecem sobre o poder salvador. Não me venham com suas experiências, e suas convicções, e suas profissões de fé, a menos que vocês santifiquem o nome de Deus em suas vidas. Nós temos obedecido a Palavra de Deus ? Nós temos determinado, como igreja, guardar os velhos caminhos, temos abraçado a antiga fé ? Que nós possamos nos entregar a isto para a nossa santificação. A Bíblia é o nosso tesouro. Nós devemos prezar cada folha dela. E entendermos de uma vez por todas que nada e ninguém mais além da própria Palavra são necessários para a nossa santificação (Jo 17.17).
Contra isto, está muito em voga atualmente, o falso pensamento que tem sido disseminado nas igrejas de que a santificação não pode ser iniciada a menos que as pessoas possam estar sob os cuidados de um conselheiro que seja capaz de trazer à tona traumas escondidos, coisas do passado, e que somente depois que a pessoa for libertada dos problemas do passado é que ela poderá tratar com o presente e com o futuro. Mas, não há nada nas Escrituras que sequer recomende tal coisa. A Bíblia recomenda exatamente o oposto, isto é, que a pessoa olhe para o futuro, para a sua santificação (Fil 3.13,14; Lam 3.21). O futuro espiritual do crente não está dependente do passado. Ele está dependente de sua ação presente com vistas ao futuro, não em sua ação presente para voltar ao passado. Quem está em Cristo é nova criatura, as cousas antigas já passaram (II Cor 5.17).
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Geralmente, o retorno ao passado tem em vista descobrir um culpado por aquilo que somos no presente. Mas a Bíblia ensina claramente, que somos os únicos responsáveis pelo que somos e aí estão incluídos os nossos pecados. Desta forma, nada há para lucrar com o voltar ao passado e tentar descobrir algo no passado como um tipo de chave que descortinará o futuro. A chave para abrir o futuro está em agir no presente, colocando-se no Senhor Jesus, e não fazer provisão para a carne. Quando alguém entende que a santificação depende da possibilidade de se descobrir traumas passados para se curar deles, está dizendo basicamente que o Espírito Santo pode lhe santificar se puder achar um bom conselheiro para dar a partida em sua vida. Essa pessoa está dizendo que o Espírito Santo não pode tratar de qualquer coisa em relação ao presente e ao futuro até que alguém mais trate do seu passado.
Quando Jesus se referiu à grande realidade de que todos estão sujeitos às aflições do mundo, incluiu aí, tanto o passado, quanto o presente e o futuro. E apontou a sua vitória sobre o mundo como o fator onde podemos e devemos fixar o nosso bom ânimo em sermos também vitoriosos, caminhando pela fé nEle, que o trabalho de santificação do Espírito prosseguirá em nossas vidas, até chegarmos a ser perfeitos, na glória, assim como Jesus é perfeito. Ele é o nosso modelo. E fomos predestinados por Deus para sermos semelhantes a Ele (Rom 8.28,29).      
Quando o Senhor diz “sede santos por que eu sou santo” o que está em foco é uma convocação direta a ser imitado. Jesus é o nosso exemplo de vida que devemos seguir, se desejamos de fato ser santificados. Por isso há várias convocações diretas na Palavra neste sentido em Mt 10.25; Fil 2.5; I Cor 11.1; Ef 5.1; I Ts 1.6;  I Pe 2.21;  I Jo 2.6; 4.17, entre outros. A imitação de Cristo está embutida na ordenança bíblica que nos manda revestir-nos de Cristo ou do novo homem, o que é a mesma coisa (Rom 13.14; Ef 4.24; Col 3.10). Cabe ressaltar que na regeneração já ocorreu um revestimento do novo homem, e um despojamento do velho homem, mas tanto uma coisa quanto outra (revestimento e despojamento) devem prosseguir na santificação. Quando encontramos na Palavra citações ao fato de já termos sido lavados, santificados, revestidos do novo homem e despojados do velho, a referência se aplica no caso à REGENERAÇÃO (novo nascimento), e quando há uma exortação no sentido de se prosseguir com o trabalho de purificação da alma, de despojamento da carne, mortificação da natureza terrena e revestimento de Cristo ou do novo homem, a referência então se aplica ao processo da SANTIFICAÇÃO que deve prosseguir por toda a vida, até que sejamos recebidos na glória.
A santificação consiste basicamente na ordenança de Rom 13.14: revestir-se de Cristo e nada dispor para a carne quanto às suas concupiscências. E para revestir-se externamente de Cristo é necessário primeiro conhecê-lo interiormente. Jesus deve ser recebido no coração por fé, antes de poder manifestar-se na vida pela santidade. Para que a luz apareça e ilumine é preciso primeiro acender a lâmpada. É assim que a luz do crente brilha no mundo, pelo testemunho de sua própria vida, pelas virtudes visíveis de Cristo que se manifestam na mesma. Esta luz pode brilhar mais em uns do que em outros, conforme o nível de sua consagração, e conseqüentemente, da sua santificação.
Assim, o exterior e visível deve ser precedido e  inspirado pelo interior e invisível, para que o mundo não possa negar que somos filhos da luz e do dia (I Tes 5.5,8). Não basta que Cristo seja o alimento que sustém o homem interior, é também necessário que seja o vestido que cobre o homem exterior, e que deve ser visto pelo mundo, através do seu testemunho. O crente deve estar vestido de Cristo em todo o tempo, e deve estar de tal maneira vestido do Senhor que se confunda com Ele. Na conversão, quando é regenerado pelo Espírito esta exortação é cumprida num sentido parcial, pois o crente se reveste de Cristo como um manto de justiça. A justiça de Cristo que é imputada ao crente na justificação, e passa a ser dele, porque Cristo agora lhe pertence e ele a Cristo. Embora injusto por natureza, o crente passa a ser justo conforme já estudamos detalhadamente no assunto da  JUSTIFICAÇÃO. Mas a ordenança de Rom 13.14 não se refere à justificação, mas à santificação. Entretanto o ato de revestir-se de Cristo só pode ser cumprido por aqueles que já foram justificados e regenerados, a saber, os  crentes. Devemos nos revestir de Cristo, continuamente, para que a santidade de Cristo seja reproduzida em nossa conduta diária. Se é a Cristo que devemos ir para obter o perdão e a justificação, não devemos ir a outro para obter a santificação (I Cor 1.30). Havendo começado com Jesus, devemos seguir com Ele até o fim.
O ato de revestir-se de Cristo consiste em imitá-lo. Ele é o modelo, o único modelo que deve ser seguido pelos crentes. Devemos andar no mundo como Cristo andava.
Dizer “revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” é o mesmo que dizer, “revesti-vos da perfeição”. Assim, o crente deve se revestir das virtudes que fazem parte do caráter de Jesus. Não de parte destas virtudes, mas de todas elas. Não é somente sua humildade ou doçura, ou amor, ou zelo o que devemos imitar, mas a sua completa santidade. A nossa comunhão com Cristo deve ser tão íntima, que a sua personalidade possa ser reproduzida em nós. A nossa vontade deve ser conformada à dEle. É a vontade de Deus que sejamos cada vez mais semelhantes a Jesus (Rom 8.29).
Lendo o texto de Col 3.12-14 vemos que Paulo está descrevendo o roupeiro do crente. As vestes que ali são descritas devem ser usadas permanentemente. Nenhuma delas deve ser deixada de lado. Todas devem ser vestidas. Não apenas no domingo, mas durante todos os dias da semana. As primeiras vestes citadas são a misericórdia e a bondade. Somos tão misericordiosos, benignos, ternos e compassivos com os nossos semelhantes como é o próprio Cristo ? Esforçamo-nos para alcançá-lo ? Se não, a nossa alegada santidade está nua em parte. Longe de nós a presunção da igreja de Laodicéia que lhe custou a reprimenda de Apo 3.17.
Em seguida são citadas como parte do vestuário de Cristo, a mansidão e a humildade. Jesus não oprime nem tiraniza a ninguém. Ele foi sempre humilde, manso e cheio de graça, sendo o Mestre de todos, e o Senhor dos senhores. Vocês são arrogantes e duros por natureza ? Revistam-se de Cristo. Lutem contra o seu mau humor, e procurem ser semelhantes a seu Mestre que era manso e humilde de coração. Há também os vestidos da tolerância e da paciência no trato com os semelhantes.
Há crentes que se não fazem tudo a seu gosto, logo se encolerizam. São egoístas, obstinados, iracundos e suscetíveis. Estas vestes da velha natureza devem ser trocadas pelas vestes de Jesus da tolerância e da paciência. Devemos ser pacientes ainda quando tenhamos sido vítimas de grandes injustiças: mais vale sofrer do que devolver mal por mal (Rom 12.17-21; I Pe 2.19-23; 4.12-14).

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O apóstolo segue dizendo: “Perdoai-vos mutuamente...”. Não é evidente que tal ensino venha do céu ? Tratemos pois de colocá-lo por obra. Vesti-vos do Espírito de Cristo, e sua língua não soltará palavras tão amargas. Vesti-vos do seu amor, e seu coração não abrigará sentimentos tão ásperos. Que suas almas se encham de sua santidade, e de boa vontade perdoarão, não sete, mas setenta vezes sete.
Agora, o cinturão que mantém em seu lugar cada peça deste vestuário espiritual: “Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.”. Este cinturão é divino: o amor. Tudo o que temos feito tem muito pouco valor se nossas animosidades não têm sido sepultadas com o velho homem. Ainda que tenhamos muitos defeitos que não nos falte o amor pelo Senhor e nossos semelhantes.
E finalmente: “a paz de Deus governe os seus corações e sejam agradecidos.”. A gratidão deve ser achada entre os discípulos de Jesus. Bem-aventurada a alma que está em plena possessão de si mesma, sempre tranqüila e descansada. Se desejamos ser semelhantes a Jesus devemos estar vestidos da Sua paz.
Uma pessoa que está se santificando, além das virtudes destacadas em Col 3.12-14 também possui: submissão, domínio próprio, auto negação, amor fraternal por seus irmãos em Cristo, pureza de coração, temor de Deus, fidelidade em todos os deveres e relacionamentos e todas as demais virtudes que caracterizam o crente fiel, segundo o que está revelado na Bíblia.
Apesar de estarmos revestidos de Jesus temos necessidade ainda de lutar contra a carne como se diz em Rom 13.14. Não devemos ser indulgentes com a carne, nem desculpá-la. Nunca digamos: “Cristo me tem perdoado porque tenho mau gênio, e não posso livrar-me dele.”. Nunca justifiquemos aquilo que em nós não se encontra na natureza de Cristo.
Alguém pode dizer: “Sou muito alegre por natureza e assim, um pouco de prazer mundano me é necessário.”. Jogo perigoso ! Está fazendo o que a Palavra proíbe. Está adulando a carne para satisfazer os seus desejos. Cuidado ! Não se deve dar trégua ao pecado, nem por um dia, uma hora, um minuto, um segundo. Nossa obediência deve ser sem interrupção. Não devemos consentir que a carne levante a cabeça, pois não se pode saber até onde é capaz de arrastar-nos. A carne é voraz e nunca se sacia. Não devemos dar-lhe nem ainda as migalhas que caem da mesa. Revesti-vos do Senhor Jesus e já não haverá lugar para as concupiscências da carne. O pecado está onde Cristo não está. Qual é o vestido de casamento que nos fará dignos de ir ao encontro de Cristo e participar do Seu triunfo ? É o próprio Cristo. Se aqui neste mundo Ele é meu adorno, e minha formosura, posso estar seguro de que Ele será minha glória durante a eternidade.    
A carne é tão ardilosa que os próprios mandamentos de Deus que nos são dados para vida (Rom 7.10) ela os utiliza para reviver o pecado (a carne gosta do que é proibido – Rom 7.9), e assim, o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo próprio mandamento nos engana e mata (Rom 7.11). Diante de um inimigo tão ardiloso, que ainda opera na natureza terrena do crente, toda vigilância e cuidado são poucos. Sendo necessário, principalmente estar alerta para a presunção espiritual. Na busca da santificação devemos estar alertas para o perigo da presunção espiritual sobre a qual somos exortados em I Cor 10.12: “Aquele, pois que pensa estar de pé tome cuidado para não cair.” (ainda que não seja uma queda para perdição eterna).
O diabo e a nossa própria carne (natureza terrena) podem nos enganar imitando com o vício da presunção, a virtude da completa segurança da fé, que é uma das bênçãos que é obtida com o verdadeiro progresso na santificação, quando a salvação pela graça, mediante a fé, caminha rumo à perfeição, pelo amadurecimento na confiança no Senhor e no trabalho que Sua graça tem realizado em nós.
Temos o grande direito de crer que estamos de pé, se cremos que o estamos através do poder de Deus. Pois, quando cremos que estamos de pé, sem que haja comunhão real com o Senhor, quando damos acolhida a pequenos pecados que sejam, quando não há mais um trabalho de santificação na vida, porque não o buscamos, e vivemos segundo o mundo, então se aplica a nós o que o texto afirma: “aquele que pensa”. Pensamos que estamos de pé, mas de fato não estamos. Estamos sim, rumo a uma queda, que ainda que não seja final, há de nos manter afastados da comunhão com o Senhor, por apagarmos o Espírito Santo (I Tes 5.19; Tg 4.4, 8-10).
Assim, não estamos falando contra a fé poderosa que alguém alega possuir. Oxalá todos a possuíssemos. Mas estamos falando contra esta presunção não santa.
Há muitos que se aventuram no meio da tentação, freqüentando companhias, locais, situações que são fontes de tentação, e que se gabam dizendo: “você pensa que eu sou fraco para pecar ?”. “Não, eu estarei de pé!”. “Dê-me um copo de bebida; eu nunca serei um alcoólatra.”. “Dê-me a pornografia em suas variadas formas (TV, vídeos, internet, casas de má fama etc) e eu me manterei puro em meu corpo e espírito.”. Assim são as pessoas presunçosas.
Não é preciso ir muito longe para achá-los. A própria igreja está repleta deles. Há em cada igreja homens que pensam estar de pé; homens que se gabam em si mesmos por imaginarem ter força e poder, mas não vivem a vida dos filhos de Deus, eles não têm sido humilhados ou quebrados em espírito, ou se têm sido, adotam uma segurança carnal até que se transformem em gigantes que pisam a flor da humildade sob os seus pés.
Qualquer crente está sujeito a ser presunçoso, cedendo a uma falsa segurança carnal. É um mal contra o qual devemos sempre vigiar, daí a exortação do Espírito pela boca de Paulo em I Cor 10.12.
São fatores que, dentre outros, podem favorecer a presunção:
1 – Prosperidade mundana – “eu estou de pé, e a minha prosperidade prova isto”, é o que diz o presunçoso.
2 – Pensamentos leves sobre o pecado – perde-se o temor de pecar que se sentia quando era novo convertido. “Não é um pequeno pecado ?” – diz o presunçoso, e ainda: “Nós tropeçamos um pouco, falamos e fazemos umas poucas cousas não santas, mas no tocante à maior parte da nossa vida espiritual temos sido perseverantes.”.
Pecado – uma pequena coisa! Isto não é um veneno ! Quem sabe que isto pode causar a morte ? Pecado – uma pequena coisa ! Não podem as rapozinhas estragarem a vinha ? Pecado – uma pequena coisa ! Não podem os pequenos golpes do machado derrubar o carvalho imponente ? Pecado – uma pequena coisa ! Ele te fará sofrer angústia, amargor e infelicidade, até que venhas a ficar endurecido.
3 – Fracos pensamentos sobre o valor da fé. Nenhum de nós valoriza a fé o suficiente. Baixos pensamentos acerca de Cristo, significa baixos pensamentos acerca do estado eterno das nossas almas e do valor da fé que nos salva  e  santifica. Isto
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nos conduz a sermos descuidados com a segurança da nossa salvação. Tomemos cuidado com as fracas e baixas idéias sobre o evangelho, para que não sejamos apanhados repentinamente pelo mal. A palavra do evangelho é o poder para a salvação de todo o que crê. É uma palavra mais do que preciosa, de valor inestimável. E é assim que nos convém estimar a Palavra de Deus.
4 – Ignorância sobre o que somos e sobre onde somos firmados. Muitos crentes não têm aprendido ainda o que eles são. O primeiro ensino de Deus é revelar qual é a condição real da nossa natureza terrena, que devemos mortificar continuamente pelo Espírito (Col 3.5). Mas não chegamos a conhecer isto perfeitamente, mesmo depois de muitos anos de termos conhecido Jesus. A corrupção dos nossos corações não é desenvolvida em apenas uma hora. Há crentes que pensam que têm um bom coração. Jeremias tinha um coração melhor do que o deles e mesmo assim disse: “o coração é enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá ?” (Jer 17.9). A visão do coração humano em seu real estado, é uma visão terrível que só o Senhor conhece perfeitamente (Jer 17.10). A ignorância disto nos faz presunçosos, pois dizemos: “eu tenho uma boa natureza, uma nobre disposição, não estou sujeito a nenhuma paixão que alguns têm;  estou de pé, seguro; minhas inclinações para o mal são relativamente ocasionais.”.
É preciso estar consciente na constante luta entre a velha natureza e a nova, que se trava no coração de qualquer crente, para que, em vigilância e oração constantes, possamos estar de pé diante do trono.
5 – O orgulho é a mais grave causa da presunção. Ele pode se manifestar de variadas formas:
a) Orgulho do talento. Faz com que nos sintamos superiores ao nos compararmos com outros.
b) Orgulho da graça. É uma espécie de graça arrogante e orgulhosa que leva o crente a dizer: “eu tenho grande fé, eu não falho, há os que fraquejam na fé, mas eu não.”. Os que se gabam da graça têm uma pequena graça para se gabar. Se não alimentamos a lâmpada continuamente com o óleo do Espírito, ainda que ela brilhe hoje, amanhã estará apagada.          
c) Orgulho dos privilégios – sucesso ministerial, cargos exercidos na igreja, não são em si mesmos garantia para se estar de pé. O orgulho pelas cousas que nos têm trazido privilégios no reino de Deus podem gerar presunção. O orgulho precede a queda, e o espírito soberbo é responsável pela destruição. Tomemos cuidado, e vigiemos nossos passos.
O verdadeiro crente, ainda que não tenha a possibilidade de sofrer uma queda final, está muito propenso a cair. Qualquer crente pode se desviar do caminho, e quando se desvia, se acometerá a si mesmo com muitas tristezas.
O crente que pensa estar de pé definitivamente, e que não depende da graça diariamente, buscando santificar-se mais e mais, está muito mais exposto ao perigo de cair mais do que outros, porque será descuidado em meio à tentação. Ele pensa que é muito forte, e em meio aos ataques do inimigo mantém sua espada na bainha, e nem sequer dá-se conta da luta espiritual, e assim, não ora, não medita na Palavra para aplicá-la à vida, não tem compromisso real com Cristo, não freqüenta a igreja com assiduidade, confia em sua prosperidade material e financeira, e considera a falta de tribulações como sinal da aprovação e bênção de Deus. Vale lembrar que o Espírito Santo abandona os corações onde habita o orgulho. Ele não se demorará em tal companhia. A graça é dada a quem se humilha e é negada a quem se exalta.
Nunca podemos dizer que a santificação chega ao amadurecimento e perfeição total, ou que todas as virtudes citadas até aqui, especialmente as de Col 3.12-14, sejam achadas em total florescimento e força para que possamos dizer que a pessoa é santa. Não, longe disto. A santificação é sempre um trabalho progressivo. As virtudes ou graças de algumas pessoas são como plantas em germinação, em outras, como plantas crescidas, e ainda em outras como plantas maduras com frutos. Mas todas elas tiveram um começo. Nós nunca devemos desprezar “o dia dos humildes começos” (Zac 4.10). E a santificação neste mundo, no melhor, é um trabalho imperfeito. A história dos maiores santos que já viveram contem muitos “poréns” e “todavias” e “emboras”, antes de você chegar ao fim. O ouro nunca será sem algumas escórias e nós nunca brilharemos sem algumas nuvens, até que alcancemos a Jerusalém celestial. Os homens e mulheres mais santificados têm tido muitas manchas e defeitos quando comparados com o padrão elevado e santo da Palavra de Deus. Suas vidas estão continuamente em guerra com o pecado, e o diabo; e algumas vezes vocês os verão não submetendo, mas sendo submetidos. A carne está sempre lutando contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, e “todos nós tropeçamos em muitas coisas” (Tg 3.2; Gál 5.17).        
Mas ainda, além de tudo isto, eu estou certo que para ter o tipo de caráter que eu tenho fracamente traçado é o desejo do coração e a oração de todos os verdadeiros crentes. Eles perseguem este alvo mesmo que eles não o alcancem. Eles podem não alcançar isto, mas eles sempre almejam isto. É para isto que eles se esforçam e trabalham para ser, se não é isto o que eles são. E corajosa e confiantemente eu digo, que a verdadeira santificação é uma grande realidade. Ela é algo que pode ser visto nos homens e mulheres, e mesmo em crianças, e que pode ser sentido por todos ao seu redor. Eu sei que o caminho pode ir de um ponto a outro, e ter muitas curvas e deformações, e a pessoa pode ser verdadeiramente santa, e ainda ser rodeada por muitas fraquezas. O ouro não é menos ouro porque está misturado com alguma liga metálica; nem a luz é menos luz porque é fraca e turva; nem a graça é menos graça porque é jovem e fraca. Mas depois de todas estas considerações eu não posso dizer que uma pessoa mereça ser chamada “santa” que deliberadamente se permite continuar habitualmente nos seus pecados, e que não se sente envergonhada por causa deles. Eu não ousaria chamar de “santo” quem faz um hábito deliberado negligenciar os deveres conhecidos, e que pratica aquilo que sabe que Deus tem claramente proibido em Sua Palavra. John Owen expressou-se muito bem quanto a isto: “Eu não entendo como um homem pode ser um crente verdadeiro sem que o seu pecado não lhe seja a maior aflição, tristeza e problema.”.
ESTAMOS SANTIFICADOS ? Esta é uma questão muito apropriada para ser tratada nos dias atuais. Estranhas doutrinas têm se levantado ultimamente sobre todo o assunto da santificação. Alguns parecem confundi-la com a justificação. Outros a fragmentam em nada, sob o pretenso zelo pela livre graça. Outros levantam um erro de uma santificação padrão diante dos seus olhos, e falham ao tentar alcançá-la em suas vidas através de repetidas mudanças de igreja a igreja, na vã esperança que eles acharão o que eles desejam. Em dias como estes, o calmo exame da pergunta em título, pode ser de grande utilidade para nossas almas.  
I. Em primeiro lugar, nós temos que considerar a natureza da santificação. A que se refere a Bíblia quando fala de um homem “santificado” ?

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Santificação é o trabalho espiritual interior que o Senhor Jesus Cristo opera no homem pelo Espírito Santo, quando Ele o chama para ser um autêntico crente, separando-o do seu natural amor ao pecado e ao mundo, e põe um novo princípio em seu coração, e o torna praticamente devoto em sua vida. O instrumento pelo qual o Espírito efetua este trabalho é geralmente a Palavra de Deus, embora algumas vezes Ele utilize as aflições e visitações providencias. O sujeito deste trabalho de Cristo pelo seu Espírito, é chamado na Escritura de homem santificado.
Aquele que supõe que Jesus Cristo viveu e morreu e ascendeu para prover somente justificação e perdão dos pecados do Seu povo, tem ainda muito que aprender. Enquanto ele não sabe isto,  está desonrando o nosso bendito Senhor, e fazendo-lhe somente um Salvador pela metade. O Senhor Jesus tem se responsabilizado por tudo que as almas do seu povo necessitam; não somente livrá-las da culpa de seus pecados através da Sua morte expiatória, mas pelo domínio dos seus pecados, pela habitação do Espírito Santo em seus corações; não somente justificando-os, mas também santificando-os. Ele é, assim, não somente sua justiça, mas também sua santificação (I Cor 1.30). Ouça o que a Bíblia diz em Jo 17.19; Ef 5.25-27; Tt 2.13,14; I Pe 2.24  e Col 1.22. Deixe-me apresentar o significado destes cinco textos cuidadosamente considerados.  Se palavras significam algo, elas ensinam que Cristo toma para si e responsabiliza-se pela santificação, não menos do que pela justificação do Seu povo. Ambas são igualmente providas porque neste pacto eterno está ordenado em todas as coisas e certamente, que o Mediador é Cristo. De fato, Cristo em Heb 2.11 é chamado “o que santifica”, e Seu povo, “os que são santificados”. O assunto diante de nós é tão profundo e de vasta importância, que requer, para que seja devidamente entendido, que seja  avaliado em todos os seus aspectos. Você percebe o caráter da mediação de Jesus ? Ela é ativa em tudo o que se refere à nossa salvação.
(1) A santificação, então, é o resultado invariável desta vital união com Cristo que a verdadeira fé dá ao crente. “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15.5). O ramo que não produz fruto não é um ramo vivo da videira. A união com Cristo que não produz efeito no coração e na vida é uma mera união formal, que é sem valor diante de Deus. A fé que não tem uma influência santificadora sobre o caráter não é melhor do que a fé dos demônios. Ela é uma “fé morta, porque é somente isto”. Isto não é o dom de Deus, a fé dos eleitos de Deus. Em resumo, se não há santificação de vida, não há fé real em Cristo. A verdadeira fé opera pelo amor. Ela constrange o crente a viver no Senhor com um profundo senso de gratidão pela redenção. Isto o faz sentir que ele nunca pode fazer muito por Ele que morreu no seu lugar. Sendo muito perdoado ele ama muito. Aquele que é lavado pelo sangue caminha na luz. Aquele que tem uma real e viva esperança em Cristo, purifica-se a si mesmo assim como Ele é puro (Tg 2.17.20; Tt 1.1; Gál 5.6; I Jo 1.7; 3.3).
(2) A santificação, também, é a inseparável conseqüência da regeneração. Aquele que é nascido de novo, que foi feito nova criatura, recebe uma nova natureza e um novo princípio, e sempre vive uma nova vida. A regeneração que um homem pode ter, e ainda viver descuidadamente no pecado ou mundanamente, é uma regeneração que nunca é mencionada na Escritura. Ao contrário, João expressivamente diz que aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado, mas pratica a justiça, ama os irmãos, guarda-se a si mesmo e vence o mundo (I Jo 2.29; 3.8-14; 5.4-18). Numa palavra, onde não há santificação, não há regeneração, e onde não há vida santa não há novo nascimento. Isto é, sem dúvida, uma dura coisa para se dizer a muitas almas; mas, dura ou não, isto é simplesmente a verdade bíblica. Isto está escrito claramente, que aquele que é nascido de Deus é um cuja “semente permanece nele, e ele não pode viver pecando porque ele é nascido de Deus.” (I Jo 3.9).
(3) A santificação, ainda, é a única e certa evidência da habitação do Espírito Santo que é essencial à salvação. “Se alguém não tem o Espírito de Cristo esse tal não é dEle.” (Rm 8.9). O Espírito nunca permanece adormecido e ocioso na alma: Ele sempre faz Sua presença conhecida pelo fruto que Ele produz no coração, no caráter e na vida. “O fruto do Espírito”, diz Paulo, “é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio,” (Gál 5.22,23). Quando estas coisas são encontradas, há o Espírito: quando estas coisas não existem, os homens estão mortos diante de Deus. O Espírito é comparado ao vento, e, como o vento, Ele não pode ser visto pelos nossos olhos de carne. Mas assim como nós conhecemos o efeito que o vento produz nas ondas, nas árvores, na fumaça, assim nós podemos saber que o Espírito está no homem pelos efeitos que Ele produz na conduta dos homens. É possível supor que nós temos o Espírito, se nós também “andarmos no Espírito” (Gál 5.25). Nós podemos confiar nisto com uma certeza positiva, que onde não há santidade de vida não há Espírito Santo. O selo que o Espírito marca no povo de Cristo é a santificação. Assim, os muitos que são realmente “guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rom 8.14).
(4) A santificação, ainda, é a única e clara marca da eleição de Deus. Os nomes e números dos eleitos são uma coisa secreta, sem dúvida, que Deus tem sabiamente guardado em Seu próprio poder, e não revelou ao homem. Não é dado a nós neste mundo estudar as páginas do livro da vida, e ver se nós estamos inscritos nele. Mas se há uma coisa claramente estabelecida sobre a eleição, é esta, que os homens e mulheres eleitos podem ser conhecidos e distinguidos pelas suas vidas santas. Isto está expressamente escrito que eles são “eleitos através da santificação do Espírito (I Pe 1.2);  predestinados para serem conformes à imagem do Filho de Deus (Rom 8.29); escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo para serem santos e irrepreensíveis (Ef 1.4). Portanto, quando Paulo viu a operosidade da fé, a abnegação do amor, e a firmeza da esperança dos crentes  tessalonicenses (I Tes 1.3), ele disse, que reconhecia através disso a eleição deles por Deus (I Tes 1.4). Aquele que se vangloria em ser eleito de Deus, enquanto ele está deliberada e habitualmente vivendo no pecado, está somente enganando a si mesmo, e dizendo uma perversa blasfêmia, porque com isso desonra a santidade de Deus, pois não há qualquer sombra de pecado em Deus. Mas onde não há, pelo menos, alguma aparência de santificação, nós podemos estar completamente certos de que não há eleição. A verdade da Palavra é que o Espírito Santo santifica todos os eleitos de Deus.  
(5) A santificação, ainda, é uma coisa que sempre será vista. Como o Grande Cabeça da Igreja, de quem isto procede, não pode ser escondida. Cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto (Lc 6.44). Uma pessoa verdadeiramente santificada pode ser tão vestida de humildade, que ela pode ver em si mesma, nada além de fraquezas e defeitos. Como Moisés veio do monte, ele pode não ter tido consciência que sua face brilhava. Como os justos na importante parábola das ovelhas e os bodes, que não podiam ver que eles tinham feito algo para o seu Mestre quando o fizeram a outros (Mt 25.37).
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Mas ainda que não vejam isto em si mesmos ou não, outros sempre verão neles, um tom, um caráter e uma forma de vida não vista em outros homens. A idéia de um homem sendo santificado, enquanto nenhuma santidade pode ser vista em sua vida, é um total absurdo e uso impróprio de palavras. A luz pode ser muito turva, mas se houver somente uma centelha num quarto escuro, ela será vista. A vida pode estar muito débil, mas se houver pulsação, ainda que fraca, isto será percebido. É exatamente o mesmo que ocorre com o homem santificado: sua santificação será algo sentido e visto, embora ele mesmo não possa compreender isto. Um santo em quem nada pode ser visto mas mundanismo ou pecado, é um tipo de monstro não reconhecido pela Bíblia.
(6) A santificação, ainda, é uma coisa pela qual cada crente é responsável. Ao dizer isto eu não estou errando. Cada homem na terra é responsável diante de Deus, e todos os perdidos estarão mudos e sem desculpas no último dia. Cada homem tem poder para “perder sua própria alma” (Mt 16.26). Mas enquanto eu falo isto, eu mantenho que os crentes são eminente e peculiarmente responsáveis, e têm uma especial obrigação de viverem vidas santas. Eles não são como os outros, mortos ou cegos, e não renovados: eles estão vivos diante de Deus, e têm luz e conhecimento, e um novo princípio de vida neles. Quem falha nisto é porque não é santo, mas e os outros ? Naqueles se pode jogar a culpa que não são santificados pelo Espírito (não eleitos), mas e os crentes ? Deus, que tem lhes dado graça e um novo coração e uma nova natureza, tem negado a eles toda a desculpa caso não vivam para o Seu louvor. Este é um ponto que é muito esquecido. Um homem que professa ser um verdadeiro crente, enquanto se assenta ainda, contente com um muito baixo grau de santificação (se de fato ele tem alguma), e friamente lhe diz que ele “nada pode fazer quanto a isto”, é de uma muito lamentável visão, e um homem muito ignorante. Contra esta ilusão deixem-nos vigiar e estar em guarda. Se o Salvador de pecadores nos der uma graça renovadora, e chamar-nos pelo Seu Espírito, nós podemos estar certos que Ele espera que usemos a nossa graça, e que não venhamos a dormir como os demais. É o esquecimento disto a causa de muitos crentes entristecerem o Espírito Santo, e tornar-lhes muito inúteis.      
(7) A santificação, ainda, é uma coisa que permite o crescimento e o progresso. Um homem pode escalar um degrau após outro em santidade, e ser mais santificado num período de sua vida do que em outro. Mais perdoado e mais justificado do que era quando creu no princípio ele não pode ser, embora ele possa sentir isto com mais intensidade. Mais santificado ele certamente pode ser, porque cada graça em seu novo caráter pode ser fortalecida, ampliada e aprofundada. Este é o evidente significado da última oração de  nosso Senhor por seus discípulos, quando ele usou as palavras, “santifica-os” (Jo 17.17), e Paulo orou pelos tessalonicenses “o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo” (I Tes 5.23). Em ambos os casos a expressão claramente implica a possibilidade de aumento da santificação; enquanto que uma expressão paralela como “justifica-os” nunca é encontrada uma só vez nas Escrituras aplicada aos crentes, porque eles não podem ser mais justificados do que eles estão. Eu não posso encontrar justificativa na Escritura para a doutrina da “santificação imputada”. Isto é uma doutrina que me parece confundir coisas que são diferentes (santificação e justificação), e que pode conduzir a muito más conseqüências. Quem é imputada é a justificação e não a santificação. A justificação é recebida de uma vez para sempre na conversão e não é portanto um processo. Já a santificação é um processo que dura toda a vida. A idéia de uma “santificação imputada” numa experiência de poder em avivamento do Espírito não tem respaldo bíblico e contraria a verdade da Palavra e da própria experiência prática porque não existe uma santificação completa que se receba de uma vez para sempre em determinado momento da vida. O que pode ocorrer é um renovo espiritual que desperte a santidade que estava adormecida, mas esta necessitará ser sempre mantida e renovada e aumentada.  A ordem de Cristo em Apocalipse é que o que é santo, santifique-se mais ainda. Esta doutrina é contraditada de maneira direta pela experiência de todos os mais eminentes crentes. Se há um ponto em que os santos mais consagrados a Deus concordam, é este que eles vêem mais, e conhecem mais, e sentem mais, e fazem mais, e se arrependem mais, e crêem mais, à medida que avançam na vida espiritual, e em proporção à intimidade da sua caminhada com Deus. Em resumo, eles crescem na graça, como Pedro exorta os crentes a fazerem (II Pe 3.18), e progridem cada vez mais, conforme as palavras de Paulo em I Tes 4.1.      
(8) A santificação, ainda, é uma coisa que depende grandemente do diligente uso dos meios das Escrituras. Quando eu falo “meios” eu me refiro à leitura da Bíblia, à sua prática na vida, à presença regular à adoração pública, a regular escuta da Palavra de Deus, e a regular recepção da Ceia do Senhor. Eu coloco isto como um assunto trivial, que ninguém que esteja carente de tais coisas deve esperar fazer muito progresso em santificação. Eu não posso achar qualquer exemplo de algum santo eminente que sempre tenha negligenciado tais coisas. Elas são apontadas como canais através dos quais o Espírito Santo conduz novos suprimentos da graça à alma, e fortalece a obra que ele tem começado no homem interior (nova criatura, nova natureza). Deixem os homens chamarem isto de deveres legalistas. Que o façam se lhes agrada, mas eu nunca recuarei em declarar minha crença de que não há ganhos espirituais sem esforço ou sofrimento. Eu seria como um agricultor que espera prosperar em seu negócio contentando-se em semear seu campo e nunca cuidar dele até a colheita, assim é o crente que espera alcançar muita santidade mas que nunca foi diligente na leitura da sua Bíblia, em suas orações, e no uso do dia do Domingo. Nosso Deus é um Deus que opera por meios, e Ele nunca abençoará a alma deste homem que pretende ser tão alta e elevada espiritualmente que ele julga poder ficar sem eles.
(9) A santificação, ainda, é uma coisa que não evita que o homem tenha uma grande quantidade de conflitos espirituais em seu interior. Por conflito eu me refiro à luta dentro do coração entre a velha natureza e a nova, a carne e o Espírito, que são encontrados juntamente em cada crente. (Gál 5.17). Um profundo senso desta luta, e uma vasta quantidade de desconfortos mentais que resultam disto, não são a prova de que o homem não está santificado. Ao contrário, eu creio, que eles apresentam os sintomas de sua condição saudável, e provam que nós não estamos mortos, mas vivos. Um verdadeiro crente é alguém que não tem somente paz de consciência, mas guerra dentro de si. Ele pode ser conhecido por sua luta tão bem quanto por sua paz. Ao dizer tudo isto, eu não esqueço que eu estou contradizendo a visão de alguns bons crentes, que afirmam a doutrina chamada “perfeição sem pecado”. Eu não posso apoiá-los. Eu creio que o que é dito está confirmado por Paulo no sétimo capítulo de Romanos. Eu recomendo o cuidadoso estudo deste capítulo a todos os meus leitores. Eu fico completamente satisfeito que ele não descreve a experiência de uma homem não convertido,  ou de um jovem e instável crente, mas de um velho e experimentado santo na íntima comunhão com Deus. Eu creio além disso, que o que eu digo está provado pela experiência de todos os mais eminentes servos de Cristo que têm vivido. A plena prova é para ser vista nos seus
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diários, suas autobiografias, áridas de suas vidas. Crendo em tudo isto eu nunca hesitarei em dizer às pessoas que o conflito interior não prova que o homem não é santo, e que eles não devem pensar que não são santificados porque eles não se sentem inteiramente livres de sua luta interior. Tal liberdade nós teremos indubitavelmente no céu, mas nós nunca nos alegraremos nisto plenamente neste mundo. O coração do melhor crente, mesmo no que tem de melhor, é um campo ocupado por dois exércitos. Embora batizados e nascidos de novo em Cristo, nós falhamos em muitas coisas, e se nós dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.”.    
(10) A santificação, ainda, é uma coisa que não pode justificar o homem, e mesmo assim isto agrada a Deus. Isto pode parecer surpreendente, embora isto seja uma verdade. As mais santas ações dos mais santificados crentes que jamais têm vivido são todas mais ou menos cheias de defeitos e imperfeições. Eles têm errado de um modo ou de outro, em seus motivos ou são falhos em sua ação, e em si mesmos não são nada melhores do que merecedores da ira e condenação de Deus. Supor que algumas ações podem suspender a severidade do juízo de Deus, expiar o pecado, e trazer méritos para irmos ao céu, é simplesmente absurdo. “Por obra da lei nenhuma carne será justificada”. “Nós concluímos que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” (Rom 3.20-28). A única justiça que nos faz capazes de comparecer diante de Deus é a justiça de um outro, a saber, a perfeita justiça de nosso Substituto e Representante,  Jesus Cristo, o Senhor. Sua obra, e não nossas obras são o nosso único direito ao céu. Isto é a verdade que nós deveríamos estar prontos a morrer para mantê-la. Por tudo isto, entretanto, a Bíblia distintamente ensina que as ações santas do homem santificado, ainda que imperfeitas, são agradáveis à vista de Deus. Com tais sacrifícios Deus se compraz (Hb 13.16). Obedecei vossos pais, pois isto é agradável a Deus (Col 3.20). Fazemos diante dele o que lhe é agradável (I Jo 3.22). Nunca deixe isto ser esquecido, porque isto é uma muito confortável doutrina. Como os pais se agradam com os esforços de seus filhos para agradá-los, ainda que imperfeitos, assim nosso Pai no céu agrada-se com a pobre performance de Seus filhos, que se esforçam para fazer sua vontade. Ele contempla a motivação e a intenção de suas ações, e não meramente a quantidade ou qualidade. Ele os respeita como membros de Seu amado Filho, e por Sua causa.
(11) A santificação, ainda, é algo que será achada como absolutamente necessária como testemunha do nosso caráter no grande dia do juízo. Será completamente inútil implorar que nós creiamos em Cristo, a menos que nossa fé tenha tido algum efeito santificador, que seja visto em nossas vidas. Evidência, evidência, evidência, será a única coisa desejada quando o grande trono branco for estabelecido, quando os livros forem abertos, quando os túmulos derem os seus moradores, quando a morte for levada a julgamento diante do tribunal de Deus. Sem algumas evidências de que nossa fé em Cristo era real e genuína, nós levantaríamos apenas para sermos condenados. Eu não posso achar nenhuma evidência que serei admitido naquele dia, exceto pela santificação. A questão não será como nós falamos, e o que professamos, mas como nós vivemos,e o que nós fizemos. Nenhum homem se engane quanto a este ponto. Se alguma coisa é certa sobre o futuro, é certamente que haverá um julgamento, e se algo é certo sobre o julgamento, isto é certo que as obras dos homens serão consideradas e examinadas nele (Jo 5.29; II Cor 5.10; Apo 20.13). Aquele que supõe que as obras não têm importância, porque elas não podem justificar-nos, é um crente muito ignorante. A menos que ele abra seus olhos, ele achará o custo se ele vier ao tribunal de Deus sem alguma evidência de graça, teria sido melhor que ele nunca tivesse nascido.
(12) A santificação, em último lugar, é absolutamente necessária, para educar-nos e preparar-nos para o céu. Muitos homens esperam ir para o céu quando morrerem, mas poucos, isto se eles têm temido, têm se dado ao trabalho de considerar se eles se regozijariam no céu se eles fossem para lá. O céu é essencialmente um lugar santo, seus habitantes são todos santos, suas ocupações são todas santas. Para ser realmente feliz no céu, isto é claro e certo que nós devemos de alguma forma estar sendo treinados e sendo preparados para o céu enquanto estamos aqui na terra. A noção do purgatório depois da morte, que tornaria os pecadores em santos, é uma invenção mentirosa do homem, e em nenhum lugar é ensinada na Bíblia. Nós devemos ser santos antes de morrermos, se nós desejamos ser santos depois na glória. A idéia favorita de muitos, é que os homens que estão morrendo não necessitam de nada exceto de absolvição e perdão dos pecados para prepará-los para a sua grande mudança, é uma profunda desilusão. Nós necessitamos do trabalho do Espírito Santo; nós necessitamos de um coração renovado tanto quanto do sangue remidor; nós necessitamos ser santificados tanto quanto ser justificados. É comum ouvir as pessoas dizendo em seus leitos de morte, “eu desejo apenas que o Senhor perdoe os meus pecados, e me faça descansar.”. Mas todos aqueles que dizem tais coisas se esquecem que o descanso do céu seria completamente inútil se eles não tiverem um coração que se regozije nisto. O que poderia um homem não santificado fazer no céu, se ele tivesse uma chance de chegar lá ?  Deixe esta questão ser fartamente considerada e respondida. Nenhum homem pode possivelmente ser feliz num lugar onde ele não esteja em seu elemento, e onde todos ao seu redor não compartilham de seus hábitos e caráter. Quando uma águia está feliz numa gaiola de ferro, quando um carneiro está feliz na água, quando uma coruja está feliz no flamejante sol do meio-dia, quando um peixe está feliz na terra seca, então, e nunca antes, eu admito que um homem não santificado pelo Espírito esteja feliz no céu.    
Pode a santificação salvar-nos ? Pode a santificação fazer a cobertura dos nossos pecados, como um pagamento por nossas transgressões a Deus ? Não. Nem mesmo um pouco. Deus proíbe até mesmo que eu diga uma tal coisa. A santificação não pode fazer nenhuma destas coisas. A salvação é obtida pela graça mediante a fé, e com base na obra de redenção realizada por Jesus, que nos trouxe justificação e regeneração pelo Espírito, sendo ambos obtidos somente por graça, mediante a fé. A justificação e a regeneração são o caminho da salvação, e a santificação é a caminhada neste caminho. É o amadurecimento da nossa salvação, da nova vida obtida na regeneração.
Aqui, cabe fazer algumas reflexões sobre a relação entre a justificação, e as boas obras que não nos salvam mas que fazem parte do processo da santificação.
 “Não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feituras dele, criados em Cristo Jesus, para boas obras, as quais Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas.”  (Ef 2.9,10).
Sustentamos com toda a ênfase que a salvação é "não de obras, para que ninguém se glorie.". Mas, por outro lado, nós admitimos livremente, e sinceramente ensinamos que "sem santidade ninguém verá o Senhor.".

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Onde não há nenhuma boa obra, não há nenhuma habitação do Espírito de Deus. A fé que não produz  boas obras não é a fé que salva: não é a fé dos eleitos de Deus: não é fé em sentido bíblico.
Mas agora nós vamos à segunda parte também importante do assunto, a saber, A CAMINHADA DA SALVAÇÃO. Aqueles que têm crido em Cristo, e têm sido os sujeitos do trabalho do Espírito, são agora “criados em Cristo Jesus, para boas obras, as quais Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas.”. Deus deseja que seu povo abunde em boas obras. É seu grande objetivo produzir um povo que tenha comunhão com Ele: um povo santo, com quem ele possa ter companhia agora e na eternidade. Ele deseja que nós não somente produzamos boas obras, mas que abundemos nelas; e para abundar na mais alta espécie delas. Ele intenta transformar-nos em seus imitadores como filhos amados, possuindo os mesmos atributos morais como o Pai os possui no céu. Isto não está escrito: “sede perfeitos assim como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” ?
O crente é o trabalho mais nobre de Deus. É o produto da segunda criação. Na primeira  o homem caiu, e estragou o trabalho do seu Criador; mas, na nova criação, Aquele que fez todas as coisas faz-nos de novo. Agora, o objetivo da nova criação de nossa raça é a santidade até a glória de Deus Você não é feito nova criatura na imagem do caído Adão, mas na semelhança do segundo Adão.
Você não é nova criatura para pecar - isto não pode ser imaginado. A nova criatura não vive pecando porque é nascida de Deus. A nova vida é a viva e incorruptível semente, que vive e obedece para sempre.  A antiga natureza peca, e sempre pecará; mas a nova vida é de Deus, e luta diariamente contra o pecado da velha natureza, e persevera, e dirige-se para tudo o que é santo, reto e perfeito. Ela busca instintivamente a perfeita santidade. A antiga natureza não tem prazer em orar; mas a nova natureza ora com prazer. A velha natureza murmura, mas a nova natureza canta louvores a Deus com o impulso que vem do seu interior. A velha natureza segue após a carne, porque é carnal; mas a nova natureza procura as coisas do Espírito, porque é espiritual. Se você tiver nascido de novo, você terá nascido dentro da santidade. Se você foi feito nova criatura, você foi criado dentro das boas obras.
Esta nova criação é em ligação com Cristo, porque  nós lemos no texto, "criados em Cristo Jesus.".  Nós somos os ramos; Ele é a Videira na qual nós crescemos. Sua vida, e toda sua produção de frutos repousa na  união a Cristo. Você não é meramente nova criação, mas você é criado em Cristo Jesus. Isto não é meramente uma mudança de uma natureza mais baixa a uma mais elevada, mas da separação de Cristo à união com ele. Que coisa maravilhosa que é - que você e eu não sejamos somente criaturas no mundo, mas novas criaturas em Cristo Jesus ! Nós fomos criados no primeiro Adão, mas nossa nova criação é no segundo Adão. Amados, se vocês forem o que vocês professam ser, vocês são um com Jesus por meio dessa união vital que não pode ser dissolvida; e as boas obras seguem essa união. Unidos a Jesus pela fé nele, no amor a ele, e na imitação dele, você anda em boas obras. Sua criação em santidade é sua criação em Cristo Jesus. Como você veio a ser um com o seu ungido Salvador, ele ordena unção sobre você para o seu serviço, e sua salvação é conduzida em obediência. Não pode haver frutos nos ramos que estão vitalmente ligados a esse tronco frutífero, Jesus Cristo, que não sejam sempre para a satisfação do Pai. Agora, para isto, como vimos, é necessário deixar-se dirigir pela influência da nova natureza e não da antiga.
Nossas boas obras devem derivar de nossa união com Cristo pela virtude da nossa fé nele. Nós dependemos dele para fazer-nos santos. Nós dependemos dele para guardar-nos na santidade. Nós superamos o pecado pelos sangue do Cordeiro. Nós alcançamos a santidade pelo amor de Jesus que nos constrange. O amor a Cristo é a causa impelidora de  lançar fora, primeiro um mal, e depois outro, e a energia que nos capacita a seguir após uma virtude, e depois outra. O amor a Cristo queima como fogo no peito que o tem abrigado; e enquanto queima, faz o coração arder, e vir a ser transformado em Sua própria natureza.
O texto de Ef 2.9,10 diz, “criados em Cristo Jesus, para boas obras”. Repare que esta criação para as boas obras é o objeto de um decreto divino: “as quais Deus de antemão ordenou para que andássemos nelas”. Isto é um decreto de Deus. Eu sou ordenado à vida eterna ? Responda a outra pergunta: “Eu sou ordenado a caminhar em boas obras ?”. Se eu estou ordenado a boas obras, então eu devo caminhar nelas, e o decreto de Deus é manifestamente transmitido a mim. Mas se eu fizer a profissão de ser um crente, estando presente num local de adoração,  e louvar a mim mesmo pela minha salvação, enquanto eu estou vivendo em pecado, então evidentemente não há decreto que eu andarei em boas obras, porque eu estou vivendo de uma maneira diferente da que esse decreto faria com que eu vivesse. É propósito eterno de Deus fazer com que seu povo viva santamente ! Concorde com este propósito, com a liberdade da vontade renovada, e com a alegria do seu coração regenerado ! Concorde com a vontade de Deus. Deseje verdadeira, veementemente, com todo o coração, a perfeita santidade no temor de Deus. Então você pode, no meio da severa luta contra a tentação dentro e fora de você, voltar a recorrer ao decreto da predestinação. Desde que isto é um decreto de Deus, que, fôssemos novas criaturas em Cristo, eu seria cheio de boas obras, apesar da  minha velha natureza, apesar da minha fraqueza espiritual. O decreto, da nova criatura de Deus, será cumprido a despeito das minhas circunstâncias, a despeito das tentações e da oposição do diabo. Deus tinha ordenado antes que nós andaríamos em boas obras; e nós andaremos nelas sustentados pelos Espírito Santo.
Assim, então, caros amigos, estas boas obras devem estar nos crentes, mas devem ser em Cristo. Elas não são a raiz, mas o fruto da sua salvação. Elas não são o caminho da salvação dos crentes; elas são sua caminhada no caminho da salvação. Onde há uma vida saudável em uma árvore, a árvore dará frutos segundo a sua espécie; assim, se Deus tem feito boa a nossa natureza, o fruto será bom. Mas se o fruto for mau, isto é porque a árvore é o que sempre foi – uma má árvore. O desejo dos homens criados de novo em Cristo é o de serem livrados de cada pecado. Nós pecamos, mas nós não amamos o pecado. O pecado algumas vezes ganha poder sobre nós, para nossa tristeza, mas isto é uma espécie de morte para nós por sentirmos que temos pecado; contudo não terá domínio sobre nós, porque nós não estamos sob a lei, mas sob a graça;  e conseqüentemente nós conquistá-lo-emos, e alcançaremos a vitória.
 O resultado de nossa união com Cristo deve ser santidade. "Qual a união de Cristo com    Belial ?”;  que união pode ele ter com homens que amam o pecado ? Como podem aqueles que são do mundo, que amam o mundo, dizerem-se membros da Cabeça que está no céu, na perfeição da sua glória ? Irmãos, nós devemos, no poder do texto, e especialmente no poder  de
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nossa união com Cristo, buscar fazer progressos diariamente em boas obras, que Deus de antemão tem ordenado para que nós andássemos nelas; porque caminhando deste modo não somente perseveraremos, mas também avançaremos. Nós iremos de força em força em santidade: nós deveríamos fazer mais, e melhor. O que vocês estão fazendo para Jesus ? Faça duas vezes mais. Se vocês estiverem divulgando às nações o conhecimento do Seu nome, trabalhem com ambas as mãos. Se você estiver vivendo retamente, busque lançar fora alguns pecados antigos que estão ligados ao seu caráter, para que você possa glorificar o nome de Deus ao máximo.
 E, finalmente, isto deveria ser o nosso exercício diário: - "para que andássemos nelas.”. As boas obras não são uma diversão, mas uma vocação.
Nós não devemos desejá-las ocasionalmente: elas devem ser a maneira e a inclinação de nossas vidas. “Oh,” alguém disse, “isto é uma palavra dura”. Você diz isto ? Bem, então, estes indicadores, estão colocados claramente na primeira parte do meu assunto. Você observa como é impossível que você seja salvo por essas boas obras. Mas se você for salvo – se você tiver obtido a salvação presentemente, se você é agora um filho de Deus, se você está agora com a sua segurança garantida, eu o concito, pelo amor que você alcançou em Deus, pela gratidão que você tem a Cristo, dê-se totalmente a tudo o que é correto, e bom, e puro, e justo. Ajude tudo o que tiver que fazer com temperança, justiça, verdade e fidelidade; e “deixe sua luz brilhar diante dos homens, para que eles possam ver suas boas obras, e glorificarem ao seu Pai que está nos céus.”.
Passemos agora à consideração direta da questão que a muitos inquieta, porque a Escritura diz, “sem santificação ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Isto está escrito. Não é minha idéia. É a Bíblia que afirma. Não é minha opinião particular. É a Palavra de Deus, não a palavra do homem. E o que eu penso disto ? Eu olho para toda a parte e vejo que a grande maioria está vivendo em fraqueza. Eu olho para crentes professos, e não vejo em sua grande maioria, nada de cristianismo, senão apenas o nome. Eu volto para a Bíblia, e ouço o Espírito dizendo: “sem santificação ninguém verá o Senhor.”. Nisto tudo, a grande questão não é o que você pensa, o que você sente sobre o texto, mas o que você FAZ. Você pode dizer, “isto nunca significou que todos os crentes seriam santos, e que a santificação, como tem sido descrita, é somente para os grandes santos, e pessoas com dons especiais.”.  Eu respondo, “eu não posso ver isto na Escritura. Eu leio que cada um que tem esperança em Cristo purifica-se a si mesmo” (I Jo 3.3). “Sem santificação ninguém verá o Senhor.”.
Você pode dizer, “Isto é impossível, ser santo e fazer nosso dever nesta vida ao mesmo tempo que a coisa não pode ser feita”. Eu respondo, “você está errando. Isto pode ser feito. Com Cristo ao seu lado nada é impossível. Muitos crentes antes o fizeram: Davi, Obadias, Daniel e os servos da casa de Nero, são todos exemplos que provam isto.”.
Você diz que “estas são palavras duras porque o caminho é muito estreito”. Eu respondo. “É verdade. Jesus disse que nós devemos carregar a cruz diariamente, e que devemos estar prontos para cortar nossa mão ou pé, se queremos ser seus discípulos.”.  Nós não devemos ter meramente o nome de cristãos, e conhecimento cristão, nós devemos ter também o caráter de cristãos. Nós devemos ser santos na terra, se desejamos ser santos no céu. Deus tem dito isto e não voltará atrás em sua Palavra: “sem santificação ninguém verá o Senhor”. John Owen disse: “Não permita que os homens enganem a si mesmos; a santificação é uma qualificação indispensável para aqueles que são salvos pelo Senhor Jesus Cristo. Ele não conduz ninguém ao céu exceto aquele que Ele santifica na terra. Sua Cabeça viva não admitirá qualquer membro morto.”.
Certamente, é necessário para isto, nascer de novo pelo Espírito (Jo 3.7).
Eu não desejo criar um ídolo de santificação. Eu não desejo destronar Cristo e colocar a santificação em Seu lugar. Mas deve ser dito que Deus casou a justificação com a santificação. Ambas são coisas diferentes, mas nunca podemos achar uma sem a outra. Todas as pessoas justificadas são santificadas, e todos os santificados foram justificados. Deus as juntou para que o homem não as separe. Não me fale da sua justificação, a menos que você tenha também algumas marcas da santificação. Não me fale do trabalho de Cristo por  você a menos que você mostre o trabalho do Espírito em você. Nunca pense que Cristo e o Espírito podem ser divididos.
Vocês desejam continuar sendo santos ? Então permaneçam em Cristo. Ele mesmo disse: “Permaneçam em mim e eu permanecerei em vós outros. Aquele que permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto.” (Jo 15.4,5).  
Perguntemo-nos seriamente, queridos irmãos: Quando deve parecer-se o crente com seu  Mestre ? Há alguma ocasião na qual pode o soldado de Cristo despojar-se de seu uniforme e deixar a arma para converter-se, ainda que por um momento, num ser mundano ? Oh! Não, e mil vezes não. É necessário, que em todo tempo e lugar, seja o crente em realidade o que professa ser. Muitos de nós podemos ser chamados a viver numa espécie de mundo oficial, o posto que ocupamos, as funções que desempenhamos, nos dão talvez algum relevo sobre nossos semelhantes. Oh! Se é assim, tenham cuidado. Todos nos olham, não o duvidemos. Nossas palavras são anotadas, nossos atos comentados, nossa conduta inteira é examinada e analisada. O mundo, com seu olho de águia não nos perde de vista, nos vigia, nos observa e sua crítica severa está sempre disposta a cair sobre nós.
Queremos, amigos queridos, reduzir ao silêncio aos nossos adversários ? Esforcemo-nos pois por viver a vida de Cristo em nossas relações com o mundo. Apliquemo-nos a copiar tão fielmente o nosso Mestre, em nossa conduta pública, que possamos dizer sempre: “Não vivo eu, mas Cristo vive em mim.”.  E particularmente vocês, que são membros de nossas igrejas, que têm sido chamados a dirigi-las, a velar por seus interesses e a deliberar sobre seus assuntos: estejam animados de espírito, eu lhes suplico. Quantos há entre vocês que, semelhantemente a Diótrefes, querem ser os primeiros! Quantos que aspiram a dirigir e a dominar os que lhes rodeiam, esquecendo que, segundo o evangelho, todos os crentes são iguais diante de Deus, que todos eles são irmãos, e que, por conseguinte, todos têm direito aos mesmos privilégios !
Eu lhes digo pois: procurem estar revestidos do espírito do seu Mestre, em suas relações com suas igrejas respectivas, de sorte que os membros destas igrejas possam dar, de comum acordo, este belo testemunho: “Têm estado com Jesus.”. Porém, antes de tudo, pareçam-se com Cristo em suas casas. Uma casa onde se respira uma atmosfera cristã, é a melhor prova da existência de uma piedade viva. Não é precisamente no lugar de culto onde se manifesta o que alguém é em realidade, isto se vê melhor na intimidade do lar. Não é, em primeiro lugar, ao nosso pastor a quem devemos consultar para conhecer a nossa maneira de ser, senão às pessoas que nos rodeiam. A criada, o filho, a esposa, o amigo, podem apreciar muito melhor o que nosso cristianismo vale.
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Uma pessoa piedosa deve exercer, necessariamente, uma boa influência sobre os que a rodeiam.              
“Nunca crerei que um homem seja verdadeiro crente – dizia um célebre pregador, se sua esposa, seus filhos, seus criados e até o mesmo o pérfido que vive sob seu teto, não sintam os venturosos efeitos de sua piedade.”.  
Tal é a religião da Bíblia: o crente não o é por suas palavras ou aparência, mas por sua vida inteira. Se os que os rodeiam nada ganham com seu cristianismo, se ao lhes ver o mundo em sua família, não pode dizer: “Eis aí uma casa melhor governada do que a nossa”, se isso não sucede, não se iludam: a verdadeira piedade está ainda muito longe de vocês.  
Demonstrem aos que lhes rodeiam que sua religião é, antes de tudo, uma religião prática. Que isto seja conhecido pelas pessoas de sua intimidade, melhor ainda do que pelo mundo em geral, pois o que somos em casa é o que somos na realidade. Freqüentemente nossa vida pública não é mais do que um papel que se nos tem imposto e nós mais ou menos atores aplaudidos na grande comédia, porém na vida privada cai a máscara e aparece o que somos.
Cuidado, pois para não se descuidar da piedade em casa, nos deveres de todos os dias. Imitemos a Cristo principalmente em nossos lares.
 
5 – Fé Salvadora

I. A graça da fé, pela qual os eleitos são habilitados a crer para a salvação das suas almas, é a obra que o Espírito de Cristo faz nos corações deles, e é ordinariamente operada pelo ministério da palavra; por esse ministério, bem como pela administração dos sacramentos e pela oração, ela é aumentada e fortalecida.
Ref. Heb. 10:39; II Cor. 4:13; Ef. 1:17-20, e 2:8; Mat. 28:19-20; Rom. 10:14, 17: I Cor. 1:21; I Ped. 2:2; Rom. 1:16-17; Luc. 22:19; João 6:54-56; Rom. 6:11; Luc. 17:5, e 22:32.
II. Por essa fé o cristão, segundo a autoridade do mesmo Deus que fala em sua palavra, crê ser verdade tudo quanto nela é revelado, e age de conformidade com aquilo que cada passagem contém em particular, prestando obediência aos mandamentos, tremendo às ameaças e abraçando as promessas de Deus para esta vida e para a futura; porém os principais atos de fé salvadora são - aceitar e receber a Cristo e firmar-se só nele para a justificação, santificação e vida eterna, isto em virtude do pacto da graça.
Ref. João 6:42; I Tess. 2:13; I João 5:10; At. 24:14; Mat. 22:37-40; Rom. 16:26; Isa. 66:2; Heb. 11:13; I Tim. 6:8; João1:12; At. 16:31; Gal. 2:20; At. 15: 11.
III. Esta fé é de diferentes graus, é fraca ou forte; pode ser muitas vezes e de muitos modos assaltada e enfraquecida, mas sempre alcança a vitória, atingindo em muitos a uma perfeita segurança em Cristo, que é não somente o autor, como também o consumador da fé.
Ref. Rom. 4:19-20; Mat. 6:30, e 5: 10; Ef. 6:16; I João 4:5; Heb. 6:11, 12, 10:22 e 12:2.

A vida cristã é dinamizada pela fé que recebemos como dom de Deus. Esta fé deve aumentar e ser operosa. O crente deve andar e viver por fé e não por vista. Isto significa que deve crer e praticar tudo o que Deus afirma na Bíblia, que é a Palavra da verdade. Para este propósito, Deus põe à prova e purifica a fé de seus filhos através das tribulações, nas quais aprendem a confiar inteiramente nEle e a experimentar a veracidade da Sua fidelidade em cumprir Suas promessas e no seu cuidado providente para guardar os Seus eleitos do mal.

6 – Arrependimento para a Vida

I. O arrependimento para a vida é uma graça evangélica, cuja doutrina deve ser tão pregada por todo o ministro do Evangelho como a da fé em Cristo. Ref. At. 11: 18; Luc. 24:47; Mar. 1: 15; At. 20:21.
II. Movido pelo reconhecimento e sentimento, não só do perigo, mas também da impureza e odiosidade do pecado como contrários à santa natureza e justa lei de Deus; apreendendo a misericórdia divina manifestada em Cristo aos que são penitentes, o pecador pelo arrependimento, de tal maneira sente e aborrece os seus pecados, que, deixando-os, se volta para Deus, tencionando e procurando andar com ele em todos os caminhos dos seus mandamentos. Ref. Ezeq. 18:30-31 e 34:31; Sal.51:4; Jer. 31:18-19; II Cor.7:11; Sal. 119:6, 59, 106; Mat. 21:28-29.
III. Ainda que não devemos confiar no arrependimento como sendo de algum modo uma satisfação pelo pecado ou em qualquer sentido a causa do perdão dele, o que é ato da livre graça de Deus em Cristo, contudo, ele é de tal modo necessário aos pecadores, que sem ele ninguém poderá esperar o perdão,
Ref. Ez. 36:31-32 e 16:63; Os. 14:2, 4; Rom. 3:24; Ef. 1: 7; Luc. 13:3, S; At. 17:30,31.
IV. Como não há pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão grande que possa trazer a condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente. Ref. Rom. 6:23; Mat. 12:36; Isa. 55: 7; Rom. 8:1; Isa. 1: 18.,
V. Os homens não devem se contentar com um arrependimento geral, mas é dever de todos procurar arrepender-se particularmente de cada um dos seus pecados. Ref. Sal. 19:13; Luc. 19:8; I Tim. 1:13, 15.
VI. Como todo o homem é obrigado a fazer a Deus confissão particular das suas faltas, pedindo-lhe o perdão delas, fazendo o que, achará misericórdia, se deixar os seus pecados, assim também aquele que escandaliza a seu irmão ou a Igreja de Cristo, deve estar pronto, por uma confissão particular ou pública do seu pecado e do pesar que por ele sente, a declarar o seu arrependimento aos que estão ofendidos; isto feito, estes devem reconciliar-se com ele e recebê-lo em amor.
Ref. Sal. 32:5-6; Prov. 28:13; I João 1:9; Tiago 5: 16; Luc. 17:3-4; Josué 7:19; II Cor. 2:8.

Mesmo nos dias do Velho Testamento vemos a eficácia do arrependimento para que o pecador possa se aproximar e estar de pé na presença de Deus. O que tornou Abel, por exemplo, aceitável a Deus ? A Bíblia não afirma precisamente que foi a sua oferta, como alguns costumam dizer, pois, ambos, tanto ele quanto a sua oferta foram agradáveis  a  Deus  (Gên 4.4),
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mas não foi por seus méritos e oferta que Abel foi aceito, mas pela sua fé em Deus (Hb 11.4), porque era pecador como todos os demais homens. A sua oferta e ele foram aceitáveis a Deus somente por causa de Cristo, que torna o nosso arrependimento aceitável. Abel arrependeu-se, pela fé, de seus pecados, e por isso podia aproximar-se de Deus. Seu irmão Caim exemplica aqueles que se recusam a arrepender-se quando chamados por Deus para deixarem o mal e a obedecerem a Sua vontade (Gên 4..5-9).  O que se aprende disto tudo ? Que não é a condição de ser  pecador propriamente dita que impossibilita a aproximação e comunhão do pecador com Deus. Mas a falta de fé e arrependimento. Todos os que são aceitos por Deus, são aceitos porque se arrependeram, e são justificados pelo sangue de Cristo. Abraão, Moisés, Samuel e tantos quantos foram justificados e salvos no Antigo Testamento, foram porque se arrependeram de seus pecados. E é por igual meio que todos são salvos ainda em nossos próprios dias (At 2.37-39).

C – O QUE DEVEMOS SER E O QUE DEVEMOS FAZER PARA JESUS

Devemos estar santificados (buscar a santificação pelo Espírito, mediante a Palavra de Deus. Para tanto devemos despojarmo-nos das obras da carne e revestirmo-nos de Cristo – a saber, de suas virtudes, o fruto do Espírito). Devem ser consideradas também como integrantes desta alínea  C, as considerações relativas à santificação constantes da alínea B, sob o título O QUE JESUS FEZ E TEM FEITO POR NÓS, em conformidade com as explicações apresentadas na referida alínea B.
Abundar em boas obras, segundo a graça de Jesus, para a glória de Deus.
Congregar na igreja em que devemos serví-lo, servindo também aos irmãos.
Exercer diligentemente o ministério que nos foi dado pelo Espírito Santo.

1 – Boas Obras

I. Boas obras são somente aquelas que Deus ordena em sua santa palavra, não as que, sem autoridade dela, são aconselhadas pelos homens movidos de um zelo cego ou sob qualquer outro pretexto de boa intenção.
Ref. Miq. 6:8; Rom. 12:2; Heb. 13:21; Mat. I5:9; Isa. 29:13; I Ped. 1:18; João 16:2; Rom. 10:2;1 Sam. I5:22; Deut. 10:12-13; Col. 2:16, 17, 20-23.
II. Estas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva e verdadeira; por elas os crentes manifestam a sua gratidão, robustecem a sua confiança, edificam os seus irmãos, adornam a profissão do Evangelho, tapam a boca aos adversários e glorificam a Deus, cuja feitura são, criados em Jesus Cristo para isso mesmo, a fim de que, tendo o seu fruto em santificação, tenham no fim a vida eterna.
Ref. Tiago 2:18, 22; Sal. 116-12-13; I Ped. 2:9; I João 2:3,5; II Ped. 1:5-10; II Cor. 9:2; Mat. 5:16; I Tim. 4:12; Tito 2:5, 912; I Tim. 6:1; I Pedro. 2:12, 15; Fil. 1,11; João 15:8; Ef. 2:10; Rom. 6:22.
III. O poder de fazer boas obras não é de modo algum dos próprios fiéis, mas provém inteiramente do Espírito de Cristo. A fim de que sejam para isso habilitados, é necessário, além da graça que já receberam, uma influência positiva do mesmo Espírito Santo para obrar neles o querer e o perfazer segundo o seu beneplácito; contudo, não devem por isso tornar-se negligentes, como se não fossem obrigados a cumprir qualquer dever senão quando movidos especialmente pelo Espírito, mas devem esforçar-se por estimular a graça de Deus que há neles.
Ref. João I5:4-6; Luc. 11:13; Fil. 2:13, e 4:13; II Cor. 3:5; Ef. 3:16; Fil. 2:12; Heb. 6:11-12; Isa. 64:7.
IV. Os que alcançam pela sua obediência a maior perfeição possível nesta vida estão tão longe de exceder as suas obrigações e fazer mais do que Deus requer, que são deficientes em muitas coisas que são obrigados a fazer.
Ref. Luc. 17: 10; Gal. 5: 17.
V. Não podemos, pelas nossas melhores obras, merecer da mão de Deus perdão de pecado ou a vida eterna, porque é grande a desproporção que há entre eles e a glória porvir, e infinita a distância que vai de nós a Deus, a quem não podemos ser úteis por meio delas, nem satisfazer pela dívida dos nossos pecados anteriores; e porque, como boas, procedem do Espírito e, como nossas, são impuras e misturadas com tanta fraqueza e imperfeição, que não podem suportar a severidade do juízo de Deus; assim, depois que tivermos feito tudo quanto podemos, temos cumprido tão somente, o nosso dever, e somos servos inúteis.
Ref. Rom. 3:20, e 4:2,4, 6; Ef. 2:8-9; Luc. 17:lO;Gal. 5:22,23; Isa. 64-6; Sal. 143, 2, e 130:3.
VI. Não obstante o que havemos dito, sendo aceitas por meio de Cristo as pessoas dos crentes, também são aceitas nele as boas obras deles, não como se fossem, nesta vida, inteiramente puras e irrepreensíveis à vista de Deus, mas porque Deus considerando-as em seu Filho, é servido aceitar e recompensar aquilo que é sincero, embora seja acompanhado de muitas fraquezas e imperfeições.
Ref. Ef. 1:6; I Ped. 2:5; Sal. 143:2; II Cor. 8:12; Heb. 6:10; Mat. 2,5:21, 23.
VII. As obras feitas pelos não regenerados, embora sejam, quanto à matéria, coisas que Deus ordena, e úteis tanto a si mesmos como aos outros, contudo, porque procedem de corações não purificados pela fé, não são feitas devidamente - segundo a palavra; - nem para um fim justo - a glória de Deus; são pecaminosas e não podem agradar a Deus, nem preparar o homem para receber a graça de Deus; não obstante, o negligenciá-las é ainda mais pecaminoso e ofensivo a Deus.
Ref. II Reis 10:30, 31; Fil. 1:15-16, 18; Heb. 11:4, 6; Mar. 10:20-21; I Cor. 13:3; Isa. 1:12; Mat. 6:2, 5, 16; Ag. 2:14; Amós 5:21-22; Mar. 7:6-7; Sal. 14:4; e 36:3; Mat. 2,5:41-45, e 23:23.

2 – Perseverança dos Santos

I. Os que Deus aceitou em seu Bem-amado, os que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça, nem total, nem finalmente; mas, com toda a certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos. Ref. Fil. 1: 6; João 10: 28-29; I Ped. 1:5, 9.

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II. Esta perseverança dos santos não depende do livre arbítrio deles, mas da imutabilidade do decreto da eleição, procedente do livre e imutável amor de Deus Pai, da eficácia do mérito e intercessão de Jesus Cristo, da permanência do Espírito e da semente de Deus neles e da natureza do pacto da graça; de todas estas coisas vêm a sua certeza e infalibilidade.
Ref. II Tim. 2:19; Jer. 31:3; João 17:11, 24; Heb 7:25; Luc. 22:32; Rom. 8:33, 34, 38-39; João 14:16-17; I João 2:27 e 3:9; Jer. 32:40; II Tess. 3:3; I João 2:19; João 10:28.
III. Eles, porém, pelas tentações de Satanás e do mundo, pela força da corrupção neles restante e pela negligência dos meios de preservação, podem cair em graves pecados e por algum tempo continuar neles; incorrem assim no desagrado de Deus, entristecem o seu Santo Espírito e de algum modo vêm a ser privados das suas graças e confortos; têm os seus corações endurecidos e as suas consciências feridas; prejudicam e escandalizam os outros e atraem sobre si juízos temporais.
Ref. Sal. 51:14; Mat. 26:70-74; II Sam. 12:9, 13; Isa. 64:7, 9; II Sam. 11:27; Ef. 6:30; Sal. 51:8, 10, 12; Apoc. 2:4; Isa. 63:17; Mar. 6:52; Sal. 32:3-4; II Sam. 12:14; Sal. 89:31-32; I Cor. 11:32.
É Deus, pela intercessão de Jesus e pelo poder do Espírito Santo quem inspira e conduz o crente à perseverança, mas é obrigação deste cooperar com a ação divina, esforçando-se para perseverar, empenhando toda diligência e obediência às ordenanças da Palavra, para isso orando, estudando a Bíblia, congregando na igreja em que o Senhor o colocou, servindo a Cristo e aos irmãos, fazendo progresso na transformação do seu caráter, pela operação do Espírito.

3 – Certeza da Graça e da Salvação

I. Ainda que os não regenerados podem iludir-se com falsas esperanças e carnal presunção de se acharem no favor de Deus e em estado de Salvação, esperança essa que perecerá, contudo, os que verdadeiramente crêem no Senhor Jesus e o amam com sinceridade, procurando andar diante dele em toda a boa consciência, podem, nesta vida, certificar-se de se acharem em estado de graça e podem regozijar-se na esperança da glória de Deus, nessa esperança que nunca os envergonhará.
Ref. Deut. 29:19; Miq. 3:11; João 5:41; Mat. 8:22-23; I João 2:3 e 5: 13; Rom. 5:2, S; II Tim. 4:7-8.
II. Esta certeza não é uma mera persuasão conjectural e provável, fundada numa falsa esperança, mas uma infalível segurança da fé, fundada na divina verdade das promessas de salvação, na evidência interna daquelas graças a que são feitas essas promessas, no testemunho do Espírito de adoção que testifica com os nossos espíritos sermos nós filhos de Deus, no testemunho desse Espírito que é o penhor de nossa herança e por quem somos selados para o dia da redenção.
Ref. Heb. 6:11, 17-19; I Ped. 1:4-5, 10-11; I João 3:14; Rom.8:15-16; Ef.1: 13-14, e 4:30; II Cor.1:21-22.
III. Esta segurança infalível não pertence de tal modo à essência da fé, que um verdadeiro crente, antes de possuí-la, não tenha de esperar muito e lutar com muitas dificuldades; contudo, sendo pelo Espírito habilitado a conhecer as coisas que lhe são livremente dadas por Deus, ele pode alcançá-la sem revelação extraordinária, no devido uso dos meios ordinários. É, pois, dever de todo o fiel fazer toda a diligência para tornar certas a sua vocação e eleição, a fim de que por esse modo seja o seu coração no Espírito Santo confirmado em paz e gozo, em amor e gratidão para com Deus, em firmeza e alegria nos deveres da obediência que são os frutos próprios desta segurança. Este privilégio está, pois, muito longe de predispor os homens à negligência.
Ref. I João 5:13; I Cor. 2:12; I João 4:13; Heb. 6:11-12; II Ped. 1:10; Rom. 5:1-2, 5. 14:17, e 15:13; Sal. 119:32; Rom. 6:1-2; Tito 2:11-12, 14; II Cor. 7: 1; Rom. 8: 1; 12; I João 1:6-7, e 3:2-3.
IV. Por diversos modos podem os crentes ter a sua segurança de salvação abalada, diminuída e interrompida negligenciando a conservação dela, caindo em algum pecado especial que fira a consciência e entristeça o Espírito Santo, cedendo a fortes e repentinas tentações, retirando Deus a luz do seu rosto e permitindo que andem em trevas e não tenham luz mesmo os que temem; contudo, eles nunca ficam inteiramente privados daquela semente de Deus e da vida da fé, daquele amor a Cristo e aos irmãos, daquela sinceridade de coração e consciência do dever; dessas bênçãos a certeza de salvação poderá, no tempo próprio, ser restaurada pela operação do Espírito, e por meio delas eles são, no entanto, suportados para não caírem no desespero absoluto.
Ref. Sal. 51: 8, 12, 14; Ef. 4:30; Sal. 77: 1-10, e 31:32; I João 3:9; Luc. 22:32; Miq. 7:7-9; Jer. 32:40; II Cor. 4:8-10.

4 – A Igreja

I. A Igreja Católica ou Universal, que é invisível, consta do número total dos eleitos que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo sob Cristo, seu cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todas as coisas.  Ref. Ef. 1: 10, 22-23; Col. 1: 18.
II. A Igreja Visível, que também é católica ou universal sob o Evangelho (não sendo restrita a uma nação, como antes sob a Lei) consta de todos aqueles que pelo mundo inteiro professam a verdadeira religião, juntamente com seus filhos; é o Reino do Senhor Jesus, a casa e família de Deus, fora da qual não há possibilidade de salvação.
Ref. I Cor. 1:2, e 12:12-13,; Sal .2:8; I Cor. 7 :14; At. 2:39; Gen. 17:7; Rom. 9:16; Mat. 13:3 Col. 1:13; Ef. 2:19, e 3:15; Mat. 10:32-33; At. 2:47.
III. A esta Igreja Católica Visível Cristo deu o ministério, os oráculos e as ordenanças de Deus, para congregamento e aperfeiçoamento dos santos nesta vida, até o fim do mundo, e pela sua própria presença e pelo seu Espírito, os torna eficazes para esse fim, segundo a sua promessa.
Ref. Éf. 4:11-13; Isa. 59:21; Mat. 28:19-20.
IV. Esta Igreja Católica tem sido ora mais, ora menos visível. As igrejas particulares, que são membros dela, são mais ou menos puras conforme neles é, com mais ou menos pureza, ensinado e abraçado o Evangelho, administradas as ordenanças e celebrado o culto público.
Ref. Rom. 11:3-4; At. 2:41-42; I Cor. 5:6-7.

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V. As igrejas mais puras debaixo do céu estão sujeitas à mistura e ao erro; algumas têm degenerado ao ponto de não serem mais igrejas de Cristo, mas sinagogas de Satanás; não obstante, haverá sempre sobre a terra uma igreja para adorar a Deus segundo a vontade dele mesmo.
Ref. I Cor. 1:2, e 13:12; Mat. 13:24-30, 47; Rom. 11.20-22; Apoc. 2:9; Mat. 16:18.
VI. Não há outro Cabeça da Igreja senão o Senhor Jesus Cristo; em sentido algum pode ser o Papa de Roma o cabeça dela, mas ele é aquele anticristo, aquele homem do pecado e filho da perdição que se exalta na Igreja contra Cristo e contra tudo o que se chama Deus.
Ref. Col. 1:18; Ef. 1:22; Mat. 23:8-10; I Ped. 5:2-4; II Tess. 2:3-4.

5 – A Comunhão dos Santos
I. Todos os santos que pelo seu Espírito e pela fé estão unidos a Jesus Cristo, seu Cabeça, têm com Ele comunhão nas suas graças, nos seus sofrimentos, na sua morte, na sua ressurreição e na sua glória, e, estando unidos uns aos outros no amor, participam dos mesmos dons e graças e estão obrigados ao cumprimento dos deveres públicos e particulares que contribuem para o seu mútuo proveito, tanto no homem interior como no exterior.
Ref. I João 1:3; Ef. 3:16-17; João 1:16; Fil. 3:10; Rom. 6:56, e8:17; Ef. 4:15-16; I Tess.5:11, 14; Gal. 6:10.
II. Os santos são, pela sua profissão, obrigados a manter uma santa sociedade e comunhão no culto de Deus e na observância de outros serviços espirituais que tendam à sua mútua edificação, bem como a socorrer uns aos outros em coisas materiais, segundo as suas respectivas necessidades e meios; esta comunhão, conforme Deus oferecer ocasião, deve estender-se a todos aqueles que em qualquer lugar, invocam o nome do Senhor Jesus. Ref. Heb.10:24-25; At.2:42,46; I João3:17; At. 11:29-30.
III. Esta comunhão que os santos têm com Cristo não os torna de modo algum participantes da substância da sua Divindade, nem iguais a Cristo em qualquer respeito; afirmar uma ou outra coisa, é ímpio e blasfemo. A sua comunhão de uns com os outros não destrói, nem de modo algum enfraquece o título ou domínio que cada homem tem sobre os seus bens e possessões.
Ref. Col. 1:18; I Cor. 8:6; I Tim. 6:15-16; At. 5:4.

6 – O Batismo e a Ceia
I. Os sacramentos são santos sinais e selos do pacto da graça, imediatamente instituídos por Deus para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso interesse nele, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à Igreja e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra.
Ref. Ron. 6:11; Gen. 17:7-10; Mat. 28:19; I Cor. ll:23, e 10:16, e 11:25-26; Exo. 12:48; I Cor. 10:21; Rom. 6:3-4; I Cor. 10:2-16.
II. Em todo o sacramento há uma relação espiritual ou união sacramental entre o sinal e a coisa significada, e por isso os nomes e efeitos de um são atribuídos ao outro. Ref. Gen. 17:10; Mat. 26:27-28; Tito 3:5.
III. A graça significada nos sacramentos ou por meio deles, quando devidamente usados, não é conferida por qualquer, poder neles existentes; nem a eficácia deles depende da piedade ou intenção de quem os administra, mas da obra do Espírito e da palavra da instituição, a qual, juntamente com o preceito que autoriza o uso deles, contém uma promessa de benefício aos que dignamente o recebem. Ref. Rom. 2:28-29; I Ped. 3:21; Mat. 3:11; I Cor. 12:13; Luc. 22:19-20; I Cor. 11:26.
IV. Há só dois sacramentos ordenados por Cristo, nosso Senhor, no Evangelho - O Batismo e a Santa Ceia; nenhum destes sacramentos deve ser administrado senão pelos ministros da palavra legalmente ordenados. Ref. Mat. 28:19; I Cor. 11: 20, 23-34; Heb. 5:4.
V . Os sacramentos do Velho Testamento, quanto às coisas espirituais por eles significados e representados, eram em substância os mesmos que do Novo Testamento.
Ref. I Cor. 10: 1-4.

a) O Batismo
I. O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na Igreja a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e também da sua consagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade de vida. Este sacramento, segundo a ordenação de Cristo, há de continuar em sua Igreja até ao fim do mundo.
Ref. Mat. 28:19; I,Cor. 12:13; Rom. 4:11; Col. 2:11-12; Gal. 3:27; Tito 3:5; Mar. 1:4; At. 2:38; Rom. 6:3-4; Mat. 28:19-20.
II. O elemento exterior usado neste sacramento, é água com a qual um ministro do Evangelho, legalmente ordenado, deve batizar o candidato em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ref. At. 10-47, e 8:36-38; Mat. 28:19.
III. Não é necessário imergir na água o candidato, mas o batismo é devidamente administrado por efusão ou aspersão. (Sendo a forma geral de batismo da Igreja do Primeiro Amor, a por imersão) Ref. At. 2:41, e 10:46-47, e 16:33; I Cor. 10:2.
IV. Somente os que professam a sua fé em Cristo e obediência a Ele, devem ser batizados.
Ref. At. 9:18; Gen. 17:7, 9; Gal. 3:9, 14; Rom. 4:11-12; At. 2:38-39.
V. Posto que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança, contudo, a graça e a salvação não se acham tão inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser regenerado e salvo os que sejam indubitavelmente regenerados todos os que são batizados.
Ref. Luc.7:30; Exo. 4:24-26; Deut. 28:9; Rom. 4:11; At. 8:13, 23.
VI. A eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não somente oferecida, mas realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo àqueles a quem ele pertence, adultos ou crianças, que tenham consciência do pecado, segundo o conselho da vontade de Deus, em seu tempo apropriado.  Ref. João 3:5, 8; Gal. 3:27; Ef. 5:25-26.
VII. O sacramento do batismo deve ser administrado uma só vez a uma mesma pessoa. R.ef. Tito 3:5.

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b) A Ceia do Senhor
I . Na noite em que foi traído, nosso Senhor Jesus instituiu o sacramento do seu corpo e sangue, chamado Ceia do Senhor, para ser observado em sua Igreja até ao Fim do mundo, a fim de lembrar perpetuamente o sacrifício que em sua morte Ele fez de si mesmo; selar aos verdadeiros crentes os benefícios provenientes. desse sacrifício para o seu nutrimento espiritual e crescimento nele e a sua obrigação de cumprir todos os seus deveres para com Ele; e ser um vínculo e penhor da sua comunhão com Ele e de uns com os outros, como membros do seu corpo místico. Ref. I Cor. 11:23-26, e 10: 16-17, 21, e 12:13.
II. Neste sacramento não se oferece Cristo a seu Pai, nem de modo algum se faz um sacrifício pela remissão dos pecados dos vivos ou dos mortos, mas se faz uma comemoração daquele único sacrifício que Ele fez de si mesmo na cruz, uma só vez, e por meio dele uma oblação de todo o louvor a Deus; assim o chamado sacrifício papal da missa é sobremodo ofensivo ao único sacrifício de Cristo, o qual é a única propiciação por todos os pecados dos eleitos.
Ref. Heb. 9:22, 25-26, 28; Mat. 26:26-27; Luc. 22:19-20; Heb. 7:23-24, 27, e 10:11-12, 14, 18.
III. Nesta ordenança o Senhor Jesus constituiu seus ministros para declarar ao povo a sua palavra de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do comum para um uso sagrado, tomar e partir o pão, tomar o cálice dele participando também e dar ambos os elementos aos comungantes e tão somente aos que se acharem presentes na congregação. Ref. Mar. 14:22-24; At. 20:7; I Cor. 11:20.
IV. A missa ou recepção do sacramento por um só sacerdote ou por uma só pessoa, bem como a negação do cálice ao povo, a adoração dos elementos, a elevação ou procissão deles para serem adorados e a sua conservação para qualquer uso religioso, são coisas contrárias à natureza deste sacramento e à instituição de Cristo.
Ref. I Tim.1:3-4; I Cor. 11:25-29; Mat. 15:9.
V. Os elementos exteriores deste sacramento, devidamente consagrados aos usos ordenados por Cristo, têm tal relação com Cristo Crucificado, que verdadeira, mas só sacramentalmente, são às vezes chamados pelos nomes das coisas que representam, a saber, o corpo e o sangue de Cristo; porém em substância e natureza conservam-se verdadeira e somente pão e vinho, como eram antes. Ref. Mat. 26:26-28; I Cor. 11:26-28.
VI. A doutrina geralmente chamada transubstanciação, que ensina a mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e do sangue de Cristo, mediante a consagração de um sacerdote ou por qualquer outro meio, é contrária, não só às Escrituras, mas também ao senso comum e à razão, destrói a natureza do sacramento e tem sido a causa de muitas superstições e até de crassa idolatria. Ref. At. 3:21; I Cor. 11:24-26; Luc. 24:6, 39.
VII. Os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé, a Cristo Crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente, não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente nos elementos pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos corporais. Ref. I Cor. 11:28, e 10:16.
VIII. Ainda que os ignorantes e os ímpios recebam os elementos visíveis deste sacramento, não recebem a coisa por eles significada, mas, pela sua indigna participação, tornam-se réus do corpo e do sangue do Senhor para a sua própria condenação; portanto eles como são indignos de gozar comunhão com o Senhor, são também indignos da sua mesa, e não podem, sem grande pecado contra Cristo, participar destes santos mistérios nem a eles ser admitidos, enquanto permanecerem nesse estado.
Ref. I Cor. 11:27, 29, e 10:21; II Cor. 6:14-16; I Cor. 5:6-7, 13; II Tess. 3:6, 14-15; Mat. 7:6.

7 – A Disciplina na Igreja
I. O Senhor Jesus, como Rei e Cabeça da sua Igreja, nela instituiu um governo nas mãos dos oficiais dela; governo distinto da magistratura civil. São oficiais da igreja os pastores, os presbíteros e os diáconos.
Ref. Isa. 9:6-7; I Tim. 5:17; I Tess. 5:12; At. 20:17, 28; I Cor. 12:28.
II. A esses oficiais estão entregues as chaves do Reino do Céu. Em virtude disso eles têm respectivamente o poder de reter ou remitir pecados; fechar esse reino a impenitentes, tanto pela palavra como pelas censuras; abri-lo aos pecadores penitentes, pelo ministério do Evangelho e pela absolvição das censuras, quando as circunstâncias o exigirem.
Ref.Mat.l6:19,e18:17-18;João 20:21-23;IICor.2:6-8.
III. As censuras eclesiásticas são necessárias para chamar e ganhar para Cristo os irmãos ofensores para impedir que outros pratiquem ofensas semelhantes, para purgar o velho fermento que poderia corromper a massa inteira, para vindicar a honra de Cristo e a santa profissão do Evangelho e para evitar a ira de Deus, a qual com justiça poderia cair sobre a Igreja, se ela permitisse que o pacto divino e os seios dele fossem profanados por ofensores notórios e obstinados. Ref. I Cor. S; I Tim. 5:20; e 1:20; Judas 23.
IV. Para melhor conseguir estes fins, os oficiais da Igreja devem proceder na seguinte ordem, segundo a natureza do crime e demérito da pessoa: repreensão, suspensão do sacramento da Ceia do Senhor e exclusão da Igreja.
Ref. Mat. 18:17; ITess.5:12; II Tess. 3:6,14-15; I Cor. 5:4-5;13.


D - O CRENTE E A LEI

Para evitar a confusão que muitos fazem quanto à relação do crente com a lei de Deus, estamos apresentando a seguir um resumo dos usos e da finalidade da lei, para que se possa entender que apesar de não estar sob a condenação e a maldição da lei, é dever do crente viver de modo compatível com as exigências morais da lei de Deus.


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A revelação da lei de Deus, como expressão objetiva da sua vontade, encontra-se registrada nas Escrituras. Esse registro, que começou nos tempos de Moisés, fala-nos da lei que Deus deu a Adão e também aos seus descendentes. Essa lei foi revelada ao longo do tempo.
A lei está dividida em lei moral, civil e cerimonial. Cada uma tem um papel e um tempo para sua aplicação:
a) Lei Civil  – apresenta a legislação dada à sociedade israelita ou à nação de Israel.
b) Lei Cerimonial – abrange a legislação levítica do Velho Testamento; por exemplo, prescreve os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.
c) Lei Moral – apresenta a vontade de Deus para o ser humano, no que diz respeito ao seu comportamento e aos seus principais deveres.

Toda a Lei é aplicável aos nossos dias?

a) Lei Civil tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Como tal, não tem força de lei sobre as nações.
b) Lei Cerimonial tinha a finalidade de imprimir nos homens a santidade de Deus e apontar para o Messias, Cristo, fora do qual não há esperança de se obter esta santidade. Como tal, foi cumprida em sua vinda.
c) Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável em todas as épocas e ocasiões
Assim sendo, é fundamental que, ao ler o texto bíblico, saibamos identificar a que tipo de lei o texto se refere e conhecer, então, a aplicabilidade dessa lei ao nosso contexto. As leis civis e cerimoniais de Israel não têm um caráter normativo para o povo de Deus em nossos dias, ainda que possam ter outra função como, por exemplo, ensinar-nos princípios gerais sobre a justiça de Deus. Portanto, a lei que permanece “vigente” em nossa e em todas as épocas é a lei moral de Deus. Ela valeu para Adão assim como vale para nós hoje. Isto implica que estamos, hoje, debaixo da lei?

Estamos sob a Lei ou sob a Graça de Deus?
Muitas interpretações erradas podem resultar de um entendimento falho das declarações bíblicas de que “não estamos debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6.14). Se considerarmos que os três aspectos da lei de Deus apresentados acima são distinções bíblicas, podemos afirmar:
a) Não estamos sob a Lei Civil de Israel, mas sob o período da graça de Deus, em que o evangelho atinge todos os povos, raças, tribos e nações.
b) Não estamos sob a Lei Cerimonial de Israel, que apontava para o Messias, pois foi cumprida em Cristo, e não nos prende sob nenhuma de suas ordenanças cerimoniais, uma vez que estamos sob a graça do evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo seu Santo Espírito, sem a intermediação dos sacerdotes.
c) Não estamos sob a condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu sangue, e nos achamos cobertos por sua graça. Não estamos, portanto, sob a lei, mas sob a graça de Deus, nesses sentidos.
Entretanto...
Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando a soma de nossos deveres e obrigações para com Deus e para com o nossos semelhantes e, no sentido de que ela, resumida nos Dez Mandamentos, representa o caminho traçado por Deus no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo em nossa pessoa (João 14..15).

1 - OS TRÊS USOS DA LEI

A. O Primeiro Uso da Lei: Uso Teológico
É a função da lei que revela e torna ainda maior o pecado humano. Segue o ensino de Paulo em Romanos 3.20 e 5.20: ...visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça. Sendo o pecado abundante, vivemos no tempo em que a lei exerce o “ministério da morte” (2 Co 3.7) e, por conseguinte, “opera a ira” (Rm 4.15).
A palavra lei é usada em pelo menos dois sentidos distintos, que devem ser entendidos a partir do contexto. Em alguns casos o termo lei é usado como um sinônimo de Antigo Testamento, da mesma forma como Evangelho é usado como um sinônimo de Novo Testamento. Em outros contextos o termo lei é usado como um mandamento direto expressando a vontade absoluta de Deus sobre alguma coisa, sem promessa. (2 Co 3.7, Rm 4.15 e 8.15). Nesse sentido, estabelece-se o binômio Lei x Evangelho, ou Lei x Graça. O mandamento que não traz salvação versus a graça salvadora de Deus, que a traz. Não podemos confundir Lei com Velho Testamento, porque o Velho Testamento contém promessas referentes ao evangelho, à salvação pela graça em Cristo. E deve ser entendido também que no período do Velho Testamento os que foram salvos, também o foram pela graça, mediante a fé, no Cristo que haveria de se manifestar no futuro.
Em Romanos, Paulo aponta para a perfeição da lei, que, se obedecida, seria suficiente para a salvação. Porém, nossa natureza carnal confronta-se com a perfeição da lei, e essa, dada para a vida, torna-se em ocasião de morte. Uma vez que todos são comprovadamente transgressores da lei, ela cumpre a função de revelar a nossa iniqüidade.  Ainda que o pacto da graça se ache contido na lei (Velho Testamento), não obstante Paulo o remove de lá; porque ao contrastar o evangelho com a lei, ele leva em consideração somente um dos aspectos mais proeminentes da  lei em si mesma, a saber, ordenança e proibição, refreando assim os transgressores com a ameaça de morte. Ele atribui à lei suas próprias qualificações, mediante as quais ela difere do evangelho. Contudo, devemos lembrar que Paulo bem sabia que a própria lei apresentava promessas de
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bênçãos para aqueles que cumprissem os seus mandamentos, ainda que pelo simples cumprimento dos mandamentos, não pudessem obter a salvação que está baseada na justificação que só pode ser mediante a graça e por fé, porque um único pecado sujeita o transgressor à condenação eterna no inferno em razão da inflexibilidade da justiça divina, que exige a morte do pecador. Alguém teria que tomar o lugar do pecador sofrendo a pena da lei no seu lugar. Alguém que não tivesse pecado, para que a substituição pudesse ser aceita por Deus. Somente Cristo poderia fazê-lo e o fez por nós.

B. O Segundo Uso da Lei: Uso Civil
É a função da lei que restringe o pecado humano, ameaçando com punição as faltas contra ela mesma.  É certo que essa função da lei não opera nenhuma mudança interior no coração humano, fazendo-o justo ou reto ao obedecê-la. A lei opera assim como um freio, refreando “as mãos de uma ação extrema.”. Portanto, pela lei somente o homem não se torna submisso, mas é coagido pela força da lei que se faz presente na sociedade comum. É exatamente isto que permite aos seres humanos uma convivência social. Vivemos em sociedade para nos proteger uns dos outros. Com o tempo, o homem pode aprender a viver com tranqüilidade por causa da lei de Deus que nos restringe do mal. O homem é capaz, por causa da lei de Deus, de copiá-la para o seu próprio bem. É até mesmo capaz de criar leis que refletem princípios da justiça de Deus.
Assim, a lei exerce o papel de coerção para os transgressores e evita que esse tipo de mal se alastre ainda mais amplamente no seio da sociedade humana. Essa ação inibidora da lei cumpre ainda um outro papel importante no caso dos eleitos não regenerados. Ela serve como um aio, um condutor a Cristo, como diz Paulo em Gálatas 3.24: “...de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.” Dessa forma ela serviu à sociedade judia e serve à sociedade humana como um todo. Da mesma forma essa lei serve ao eleito ainda não regenerado. Ele, antes da manifestação da sua salvação, é ajudado pela lei a não cometer atrocidades, não como uma garantia de que não fará algo terrível, mas como uma ajuda, pelo temor da punição.

C. O Terceiro Uso da Lei
Esse uso da lei só é válido para os cristãos — ensina-os, a cada dia, qual a vontade de Deus.  Segundo o texto de Jeremias 31.33, a lei de Deus seria escrita na mente e no coração dos crentes:
“Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.”.
Se a lei de Deus está impressa na mente e escrita no coração dos crentes, qual a função da lei escrita por Moisés? Ela é realmente necessária? Não basta um coração convertido, amoroso e cheio de compaixão para conhecer a vontade de Deus? A “lei do amor” e a consciência do cristão orientado pelo Espírito Santo não bastam? Não seria suficiente apenas termos a paz de Cristo como árbitro de nossos corações? (Cl 3.15).
Mas não é bem assim. A lei, assim como no Éden, tem ainda um papel orientador para os cristãos. Embora eles sejam guiados pelo Espírito de Deus, vivendo e dependendo tão somente da sua maravilhosa graça, a lei é o melhor instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza maior, qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na compreensão.  A paz de Cristo como o árbitro dos corações só é clara quando conhecemos com clareza a vontade de Deus expressa na sua lei. Deus expressa sua vontade na sua lei e essa se torna um prazer para o crente, não uma obrigação.
A lei também serve como exortação para o crente. Ainda que convertidos ao Senhor, resta em nós a fraqueza da carne, que pode ser chicoteada pela lei.
Vejamos alguns exemplos do relacionamento entre o crente do Antigo Testamento e o terceiro uso a lei. Primeiramente, podemos observar o prazer do salmista ao falar da lei no Salmo 19.7-14:
Que princípio de morte opera nessa lei, segundo o salmista? Nenhum. Para o regenerado, o crente no Senhor, a lei é prazer, é desejável, inculca temor, restaura a alma e lhe dá sabedoria. O terceiro uso da lei é claro para o salmista. A lei em si não faz nenhuma dessa coisas, mas para o coração regenerado ela traz prazer e alegria. Na lei o salmista reconhece a sua rocha, o seu redentor, Jesus Cristo: “rocha minha e redentor meu.”. Ao amar a lei de Deus, os Seus mandamentos, e ao esforçar-se por cumpri-los, Deus responde com graça abençoando o crente por sua fidelidade e obediência aos Seus mandamentos.
Pergunto: O que seria do cristão sem a lei para orientá-lo? Como conheceria ele a vontade de Deus? (essa, aliás, é uma das perguntas mais freqüentes entre os crentes no seu dia-a-dia). Ele seria um perdido, buscando respostas em seu próprio coração, na igreja, no consenso eclesiástico, na autoridade de alguém que considerasse superior. Mas o crente tem a lei de Deus, expressando objetivamente qual é o desejo do Criador para a criatura, qual o desejo do Pai para seus filhos. Isto está revelado claramente e para sempre na Palavra imutável do Senhor, a saber, na Bíblia.

2 - CRISTO E A LEI

Precisamos entender que Cristo satisfez e cumpriu a lei de forma plena e completa. Ele não veio revogar a lei. Façamos uma breve análise de Mateus 5.17-19:
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.
Alguns pontos interessantes são demonstrados  por  Jesus  nessa  passagem:
a) Ele veio cumprir a lei e não revogá-la.
b) A lei seria cumprida totalmente, em todas as suas exigências e em todas as suas modalidades (moral, cerimonial e civil) enquanto houvesse sentido em fazê-lo.
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c) Aquele que viola a lei pode chegar ao Reino dos Céus! (“aquele que violar...será considerado mínimo no reino dos céus.”). O sermão do monte é um sermão para crentes e o texto pode ser entendido dessa forma.
d) Aquele que cumpre a lei será considerado grande no Reino dos Céus.
Como entender essas conclusões de Jesus com respeito a si mesmo e à Lei ?
a) Ele veio cumprir a lei e de fato a cumpriu em todas as suas dimensões: cerimonial, civil e moral. Não houve qualquer aspecto da lei para o qual Cristo não pudesse atentar e cumprir. Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente até a própria morte. Ele tomou sobre si a maldição da lei. Ele se torna o fundamento da justificação para o eleito.
b) Ele não só cumpriu a lei perfeitamente, mas também interpretou a lei de forma perfeita, permitindo aos que comprou na cruz, entendê-la de forma mais completa, mais abrangente.
c) Os que nele crêem agora também podem cumprir os aspectos necessários da lei para uma vida santa. No entanto, esses que por ele são salvos não são mais dependentes da lei para a sua salvação. Por isso há uma diferença clara entre os que chegam ao Reino dos Céus: alguns serão considerados maiores do que outros.
d) Cristo, ao cumprir a lei, revoga a maldição da lei para os crentes. A lei continua com o seu papel de ensinar ao ser humano a vontade de Deus e a sua maldição permanece sobre os descrentes. A revogação da maldição da lei é aquilo a que Paulo se refere em textos como Rm 6.14 e Gl 2.16 — estamos debaixo da graça! A lei continua no seu papel de nos ensinar, pela obra do Espírito Santo. Não somos mais condenados pela lei nem servos da mesma. A lei, por expressar a vontade de Deus, se nos torna um prazer.
O ponto principal, claro, é que Cristo cumpriu a lei em todos os aspectos, seja no vivê-la, no submeter-se à maldição da lei para satisfazer a sua exigência de punição dos transgressores, ou restabelecendo sobre outras bases a possibilidade de cumprir aquilo que a lei requer. Cristo, em outras palavras, satisfez tudo o que a lei exigiu ou pode vir a exigir da humanidade. A justificação que estava associada à lei agora pertence completamente a Cristo.  Assim, os que estão em Cristo são beneficiados pela Sua obediência perfeita e completa à lei.
Portanto, nossa obediência à lei não acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da lei, sem Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei com Cristo é prazer e vida. Também, nesse sentido, Cristo é o fim da lei!
Portanto, ao relacionarmos lei e graça devemos nos lembrar dos diversos aspectos que estão envolvidos nesses termos.
Primeiramente, encontramos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a graça de Deus. Ele não reserva a sua graça somente para o período do Novo Testamento como muitos pensam. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento podemos ver Deus agindo graciosamente, salvando aqueles que crêem na promessa do Redentor. Assim Abel, Enoque, Noé, Abraão e todos os santos do Antigo Testamento foram remidos. Nenhum deles foi salvo por obediência à Lei, ainda que o Senhor requeresse deles, assim como requer de nós, que sejamos obedientes.
Por último, o crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas conseqüências, compra-nos o benefício da salvação e a graça de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que, por mérito, compra-lhe a salvação.
Finalmente, cabe destacar que quando Cristo se refere que a Lei e os profetas vigoraram até João Batista, não está se referindo à revogação da lei ou do ensino dos profetas mas ao fato do encerramento do período do Antigo Testamento, ou da Antiga Aliança, pela inauguração na Sua morte da Nova Aliança ou Novo Testamento. A expressão Lei e os profetas era uma referência às Escrituras do Antigo Testamento, mas não é neste sentido que Jesus está se referindo em Lc 16.16 ou Mt 11.13, pois, de outra sorte estaria invalidando e revogando as Escrituras do Velho Testamento das quais a própria Bíblia e o próprio Jesus dão testemunho de ser a eterna Palavra de Deus que jamais passará (Mt 5.18), da qual também deu testemunho direto que não veio para revogar a lei ou os profetas (Mt 5.17).


E – PERGUNTAS E RESPOSTAS

1. Qual é o fim supremo e principal do homem?
 R. 0 fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e viver para sempre em união com Ele. Ref. Rom. 11:36; 1 Cor. 10:31; Sal. 73:24-26; João 17:22-24.
2. Como se demonstra que as Escrituras são a Palavra de Deus?
 R. Demonstra-se que as Escrituras são a Palavra de Deus - pela majestade e pureza do seu conteúdo, pela harmonia de todas as suas partes, e pelo propósito do seu conjunto, que é dar toda a glória a Deus; pela sua luz e pelo poder que possuem para convencer e converter os pecadores e para edificar e confortar os crentes para a salvação. O Espírito de Deus, porém, dando testemunho, pelas Escrituras e juntamente com elas no coração do homem, é o único capaz de completamente persuadi-lo de que elas são realmente a Palavra de Deus. Ref. Os. 8:12; 1 Cor. 2:6-7; Sal. 119:18, 129, 140; Sal. 12:6; Luc. 24:27; At. 10:43 e 26;22; Rom, 16:25-27; At. 28:28; Heb. 4:12; Tiago 1:18; Sal. 19:7-9; Rom. 15:4: At 20:32; João 16:13-14.
3. Que é o que as Escrituras principalmente ensinam?
R. As Escrituras ensinam principalmente o que o homem deve crer acerca de Deus e o dever que Deus requer do homem. Ref. João 20:31; 11 Tim. 1:13.
4. Que revelam as Escrituras acerca de Deus?
 R. As Escrituras revelam o que Deus é, quantas pessoas há na Divindade, os seus decretos e como Ele os executa. Ref. Mas. 3:16-17; Isa. 46:9-10; At. 4:27-28,


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5. Quem é Deus?
R. Deus é espírito, em si e por si infinito em seu ser, glória, bem-aventurança e perfeição; todo - suficiente, eterno, imutável, insondável, onipresente, infinito em poder, sabedoria, santidade, justiça, misericórdia e clemência, longânimo e cheio de bondade e verdade. Ref. João 4:24; Exo. 3:14; Job. 11:7-9; At. 5:2; I Tim. 6:15; Mat. 5:48; Rom. 11:35-36 Sal. 90:2 -145:3 e 139:1, 2, 7; Mal. 2:6; Apoc. 4:8; Heb. 4:13; Rom. 16:27; Isa- 6:3; Deut. 32:4; Exo. 34:6.
6. Há mais que um Deus?
R. Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro.Ref. Deut. 6:4: Jer. 10:10; 1 Cor. 8:4.
7. Quantas pessoas há na Divindade?
R. Há três pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; estas três pessoas são um só Deus verdadeiro e eterno, da mesma substância, iguais em poder e glória, embora distintas pelas suas propriedades pessoais. Ref. Mat. 3:16-17, e 28:19; 11 Cor. 13:14; João 10:30.
8. Donde se infere que o Filho e o Espírito Santo são Deus, iguais ao Pai?
R. As Escrituras revelam que o Filho e o Espírito Santo são Deus igualmente com o Pai, atribuindo-lhes os mesmos nomes, atributos, obras e culto que só a Deus pertencem. Ref. Jer. 23:6; Isa. 6:3, 5, 8; João 12:41; At. 28:25; 1 João 5:20; Sal. 45:6; At. 5:3-4; João 1:1; Isa. 9:6; João 2:24-25; 1 Cor. 2:10-11; Col. 1:16; Gen. 1:2; Mat. 28:19; 11 Cor. 13:14.
9. Que são os decretos de Deus?
R. Os decretos de Deus são os atos sábios, livres e santos do conselho da sua vontade, pelos quais, desde toda a eternidade, Ele, para a sua própria glória, imutavelmente predestinou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e os homens. Ref. Isa. 45:6-7; Ef. 1:11; Rom. 11:33; Sal. 33:11: Ef. 1:4; Rom. 9:22-23.
10. Como executa Deus os seus decretos?
R. Deus executa os seus decretos nas obras da criação e da providência, segundo a sua presciência infalível e o livre e imutável conselho da sua vontade. Ref. Dan. 4:35; Ef. 1:11.
11. Que é a obra da criação?
R. A obra da criação é aquela pela qual Deus, pela palavra do seu poder, fez do nada o mundo, e tudo quanto nele há, para si no espaço de seis dias, e tudo muito bom. Ref. Gen. 1: Heb. 11:3; Apoc. 4:11; Rom. 11:36.
12. Como criou Deus os anjos?
R. Deus criou todos os anjos como espíritos imortais, santos, poderosos e excelentes em conhecimento, para executarem os seus mandamentos e louvarem o seu nome, todavia sujeitos à mudança. Ref. Col. 1:16; Mat. 22:30; Luc. 20:36; Mat. 25:31, e 24:36; 1 Pedro 1:12; 11 Tess. 1:7, Sal. 91:11-12; Mat. 13:39; Sal. 103:20-21; 11 Pedro 2:4.
13. Como criou Deus o homem?
R. Depois de ter feito todas as mais criaturas, Deus criou o homem, macho e fêmea; formou-o do pó, e a mulher da costela do homem; dotou-os de almas viventes, racionais e imortais; fê-los conforme a sua própria imagem, em conhecimento, retidão e santidade, tendo a lei de Deus escrita em seus corações e poder para a cumprir, com domínio sobre as criaturas, contudo sujeitos a cair. Ref. Gen. 1:7, e 2:7, 32 e 1:26; Mat. 19:4; Ecl. 12:9; Mat. 10:28; Col. 3:10; Ef. 4:24; Rom. 2:14-15; Gen. 3:6, e 1:28, 3:1-19.
14. Quais são as obras da providência de Deus?
R. As obras da providência de Deus são a sua mui santa, sábia e poderosa maneira de preservar e governar todas as suas criaturas e todas as suas ações, para a sua própria glória. Ref. Lev. 21:8; Sal. 104:24: Isa. 92:29; Ne. 9:6; Heb. 1:3; Sal. 103:19; Mat. 10:29-30; Gen. 45:7; Rom. 11:36; Isa. 63:14.
15. Qual é a providência de Deus para com os anjos?
R. Deus, pela sua providência, permitiu que alguns dos anjos, voluntária e irremediavelmente, caíssem em pecado e perdição, limitando e ordenando isso, como todos os pecados deles, para a sua própria glória; e estabeleceu os mais em santidade e felicidade, empregando-os todos, conforme lhe apraz, na administração do seu poder, misericórdia e justiça. Ref. Judas 6; Luc. 10:17; Mar. 8:38; 1 Tim. 5:21; Heb. 12:22; Sal. 103:20; Heb. 1:14.
16.Qual foi a providência de Deus para com o homem no estado em que ele foi criado?
R. A providência de Deus para com o homem no estado em que ele foi criado consistiu em colocá-lo no Paraíso, designando-o para o cultivar, dando-lhe liberdade para comer do fruto da terra; pondo as criaturas sob o seu domínio; e ordenando o matrimônio para o seu auxílio; em conceder-lhe comunhão com Deus, instituindo o dia de descanso, entrando em um pacto de vida com ele, sob a condição de obediência pessoal, perfeita e perpetua, da qual a árvore da vida era um penhor, e proibindo-lhe comer da árvore da ciência do bem e do mal sob pena de morte. Ref. Gen. 1:28, e 21:15-16, e 1:26, e 3:8, e 2:3, Exo. 20:11; Gal. 3:12; Gen. 2:9, 16-17.
17. Continuou o homem no estado em que Deus o criou no princípio?
R. Nossos primeiros pais, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, pela tentação de Satanás transgrediram o mandamento de Deus, comendo do fruto proibido, e por isso caíram do estado de inocência em que foram criados. Ref. Gen. 3:6-8, 13.
18. Caiu todo o gênero humano na primeira transgressão?
R. O pacto sendo feito com Adão, como representante, não para si somente, mas para toda a sua posteridade, todo o gênero humano, descendendo dele por geração ordinária, pecou nele e caiu com ele na primeira transgressão. Ref. At. 17:26; Gen. 2:17.
19. A que estado ficou reduzido o gênero humano por essa queda?
R. Essa queda reduziu o gênero humano a um estado de pecado e miséria. Ref. Rom. 5:12; Gal. 3:10.
20. Que é pecado?
R. Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a transgressão de qualquer lei por Ele dada como regra, à criatura racional. É um estado mau da alma a que ficou sujeita desde que o primeiro homem pecou. Ref. Rom. 3:23; 1 João 3:4; Gal. 3:10-12.
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21. Em que consiste o pecado desse estado em que o homem caiu?
R. O pecado desse estado em que o homem caiu consiste na culpa do primeiro pecado de Adão, na falta de retidão na qual este foi criado e na corrupção da sua natureza pela qual se tornou inteiramente indisposto, incapaz e oposto a todo o bem espiritual e inclinado a todo o mal, e isso continuamente: o que geralmente se chama pecado original, do qual precedem todas as transgressões atuais. Ref. Rom. 5:12, 19 e 5:6, e 3:10-12; Ef- 2:3; Rom.8:7-8; Gen. 6:1; Tiago 1:14-15; Mat. 15:19.
22. Como é o pecado original transmitido de nossos primeiros pais à sua posteridade?
R. O pecado original é transmitido de nossos primeiros pais à sua posteridade por geração natural, de maneira que todos os que assim procedem deles são concebidos e nascidos em pecado. Ref. Sal 51:15; João 3:6.
23. Qual é a miséria que a queda trouxe sobre o gênero humano?
R. A queda trouxe sobre o gênero humano a perda da comunhão com Deus, o seu desagrado e maldição; de modo que somos por natureza filhos da ira, escravos de Satanás e justamente expostos a todas as punições, neste mundo e no vindouro. Ref. Gen. 3:8, 24; Ef. 2:2-3; 11 Tim. 2:26; Luc. 11:21-22; Heb. 2:14; Lam. 3:39; Rom. 6:23; Mat. 25:41, 46.
24.Quais são as punições do pecado neste mundo?
R. As punições do pecado neste mundo são: ou interiores, como cegueira do entendimento, sentimentos depravados, fortes ilusões, dureza de coração, remorso na consciência e afetos baixos; ou exteriores como a maldição de Deus sobre as criaturas por nossa causa e todos os outros males que caem sobre nós em nossos corpos, nossos bens, relações e empregos, juntamente com a morte. Ref. Ef. 4:18; Rom, 1:28; 11 Tess. 2:11; Rom. 2:5; Isa. 33:14; Rom. 1:26; Gen. 3:17; Deut. 28:15; Rom. 6:21, 23.
25. Quais são as punições do pecado no mundo vindouro?
R. As punições do pecado no mundo vindouro são a separação eterna da presença consoladora de Deus e os tormentos mais penosos na alma e no corpo, sem intermissão, no fogo do inferno para sempre Ref. II Tess. 1:9; Mar. 9:47-48: Luc. 16:24, 26; Apoc. 14:11.
26. Deixa Deus todo o gênero humano perecer no estado de pecado e miséria?
R. Deus não deixa todos os homens perecerem no estado de pecado e miséria, em que caíram pela violação do primeiro pacto comumente chamado o pacto das obras; mas, por puro amor e misericórdia livra os escolhidos desse estado e os introduz num estado de salvação pelo segundo pacto comumente chamado o pacto da graça. Ref. I Tess. 5:9; Gal. 3:lC; Tito 3:4-7, e 1:2.
27. Com quem foi feito o pacto da graça?  R. O pacto da graça foi feito com Cristo, como o segundo Adão, e nEle, com todos os eleitos, como sua semente. Ref. Gal. 3:16; Isa. 53:10-11; e 59:21.
28. Como é manifestada a graça de Deus no segundo pacto?
R. A graça de Deus é manifestada no segundo pacto em Ele livremente prover e oferecer aos pecadores um Mediador e a vida e a salvação por Ele; exigindo a fé como condição de interessá-los nEle, promete e dá o Espírito Santo a todos os seus eleitos, para neles operar essa fé, com todas as mais graças salvadoras, e para os habilitar a praticar toda a santa obediência, como evidência da sinceridade da sua fé e gratidão para com Deus e como o caminho que Deus lhes designou para a salvação. Ref. Gen. 3:15: Isa. 4:3-6; João 326, 6:27; Tito 2:5; 1 João 5:11-12; João 3:36, 1:2; Prov. 1:23; Luc. 11:13; 1 Cor. 12:3, 9; Gal. 5:22-23; Eze. 34:27; Tiago 2:18, 12; II Cor. 5:14-15; Ef. 2:10.
29. Foi o pacto da graça sempre administrado de uma só maneira?
R. O pacto da graça não foi administrado da mesma maneira; mas as suas administrações no Velho Testamento eram diferentes das debaixo do Novo. Ref. Cor. 3:6-9; Heb. 8:7-13.
30.Como foi administrado o pacto da graça no Velho Testamento?
R. O pacto da graça foi administrado no Velho Testamento por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pela páscoa e por outros símbolos e ordenanças: todos os quais tipificaram. o Cristo, que havia de vir e eram naquele tempo suficientes para edificar os eleitos na fé do Messias prometido, por quem tiveram, ainda nesse tempo, a plena remissão do pecado e a salvação eterna. Ref. Rom. 15:8; At. 3:24; Heb. 10:1; Rom. 4:11, 1 Cor. 5:7; Heb. 11:13; Gal. 3:7-9. 14.
31. Como é o pacto da graça administrado no Novo Testamento?
R. No Novo Testamento, quando Cristo, a substância, foi manifestado, o mesmo pacto da graça foi e continua a ser administrado na pregação da palavra na celebração dos sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor; e assim a graça e a salvação são manifestadas em maior plenitude, evidência e eficácia a todas as nações. Ref. Luc. 24:47-48; Mat. 28:19-20; 1 Cor. 11:23-25; Rom. 1: 16; 11 Cor. 3:6.
32. Quem é o Mediador do pacto da graça?
R. 0 único Mediador do pacto da graça é o Senhor Jesus Cristo, que, sendo o eterno Filho de Deus, da mesma substância e igual ao Pai, no cumprimento do tempo fêz-se homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem em duas naturezas perfeitas e distintas e uma só pessoa para sempre.
Ref. João 14:16; 1 Tim. 2:5; João 1:1 e 10:30 ; Fil. 2:6; Gal. 4:4; Luc. 1:35; Rom. 9:5; Col. 2:9; Heb. 13:8.
33. Sendo Cristo o Filho de Deus, como se fêz homem?
R. Cristo, o Filho de Deus, fêz-se homem tomando para si um verdadeiro corpo e uma alma racional sendo concebido pelo poder do Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, da sua substância e nascido dela, mas sem pecado. Ref. João 1:14; Mat. 26:38; Luc. 1:31, 35-42; Heb. 4:15, e 7:26.
34. Qual a necessidade de o Mediador ser Deus?
R. Era necessário que o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humana e guardá-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar valor e eficácia aos seus sofrimentos, obediência e intercessão; e para satisfazer a justiça de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo o seu Espírito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo à salvação eterna. Ref. At. 2:24; Rom. 1:4; At. 20:28; Heb. 7:25; Rom. 3:24-26; Ef. 1:6; Tito 2:14; João 15:26; Luc. 1:69, 71, 74; Heb. 5:9.


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35. Qual a necessidade de o Mediador ser homem?
R. Era necessário que o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza e obedecer à lei, sofrer e interceder por nós em nossa natureza, e simpatizar com as nossas enfermidades; para que recebêssemos a adoção de filhos, e tivéssemos conforto e acesso com confiança ao trono da graça. Ref. Rom. 8:34; 11 Fed. 1:4; Mat. 5:17; Gal. 4:4, Rom. 5:19; Heb. 2:4; e 7:24-25, e 4:15-16; Gal. 4:5
36. Qual a necessidade de o Mediador ser Deus e homem em uma só pessoa?
R. Era necessário que o Mediador, que havia de reconciliar o homem com Deus, fosse Deus e homem e isto em uma só pessoa, para que as obras próprias de cada natureza fossem aceitas por Deus a nosso favor e que nós confiássemos nelas como as obras da pessoa inteira. Ref. Mat. 1:21, 23 e 3:17; 1 Ped. 2:6.
37. Por que foi o nosso Mediador chamado Jesus?
R. O nosso Mediador foi chamado Jesus, porque salva o seu povo dos pecados. Ref. Mat. 1:21.
38. Por que foi o nosso Mediador chamado Cristo?
R. O nosso Mediador foi chamado Cristo, porque foi acima de toda a medida ungido com o Espírito Santo; e assim separado e plenamente revestido com toda a autoridade e poder para exercer as funções de profeta, sacerdote e rei da sua igreja, tanto no estado da sua humilhação, como no da sua exaltação. Ref. Mat. 3:16; João 3:24; Sal. 45:7, João 6:27; At. 3:22; Luc. 4:18, 21; Heb. 5:5-6; Isa- 9:6-7.
39. Como exerce Cristo as funções de profeta?
R. Cristo exerce as funções de profeta revelando à igreja em todos os tempos, pelo seu Espírito e Palavra, por diversos modos de administração, toda a vontade de Deus em todas as coisas concernentes à sua edificação e salvação. Ref. João 1:18; 1 Pedro 1:10-12; Heb. 1:1-2; João 15:15; Ef. 4:11-13; João 20:31.
40. Como exerce Cristo as funções de sacerdote?
R. Cristo exerce as funções de sacerdote oferecendo-se a si mesmo uma vez em sacrifício sem mácula, a Deus, para ser a reconciliação pelos pecados do seu povo e fazendo contínua intercessão por ele. Ref. Heb. 9:14, 28, e 2:17, e 7:35.
41. Como exerce Cristo as funções de rei?
R. Cristo exerce as funções de rei chamando do mundo um povo para si, dando-lhe oficiais, leis e disciplinas para visivelmente o governar; dando a graça salvadora aos seus eleitos; recompensando a sua obediência e corrigindo-os por causa dos seus pecados; preservando-os por causa dos seus pecados; preservando-os e sustentando-os em todas as tentações e sofrimentos; restringindo e vencendo todos os seus inimigos, e poderosamente dirigindo todas as coisas para a sua própria glória e para o bem do seu povo; e também castigando os que não conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho. Ref. Isa. 55:5; Gen. 49:10; 1 Cor. 12:28; João 15:14; Mat. 18:17-18; At. 5:31; Apoc. 22:12, e 3:19; Rom. 8:37-39; 1 Cor. 15:25; Rom. 14:11, e 8:28; 11 Tess. 1:8; Sal. 2:9.
42. Qual foi o estado da humilhação de Cristo?
R. O estado da humilhação de Cristo foi aquela baixa condição, na qual, por amor de nós, despindo-se da sua glória, Ele tomou a forma de servo em sua concepção e nascimento, em sua vida, em sua morte e depois até à sua ressurreição. Ref. Fil. 2:6-8; 11 Cor. 8:9.
43. Como se humilhou Cristo na sua concepção e nascimento?
R. Cristo humilhou-se na sua concepção e nascimento, em ser, desde toda a eternidade o Filho de Deus no seio do Pai, quem aprouve, no cumprimento do tempo, tornar-se Filho do homem, nascendo de uma mulher de humilde posição com diversas circunstâncias de humilhação fora do comum. Ref. I João 1:14, 18; Luc. 2:7.
44. Como se humilhou Cristo na sua vida?
R. Cristo humilhou-se na sua vida, sujeitando-se à lei, a qual perfeitamente cumpriu, e lutando com as indignidades do mundo, as tentações de Satanás e as enfermidades da carne, quer comuns à natureza do homem, quer as procedentes dessa baixa condição. Ref. Gal. 4:4; Mat. 5:17; Isa. 53:2-3; Heb. 12:2-3; Mat. 4:1; Heb. 2:17-18.
45. Como se humilhou Cristo na sua morte?
R. Cristo humilhou-se na sua morte porque, tendo sido traído por Judas, abandonado pelos seus discípulos, escarnecido e rejeitado pelo mundo, condenado por Pilatos e atormentado pelos seus perseguidores, tendo também lutado com os terrores da morte e os poderes das trevas, tendo sentido e suportado o peso da ira de Deus, Ele deu a sua vida como oferta pelo pecado, sofrendo a penosa, vergonhosa e maldita morte da cruz. Ref. Mat. 27:4, e 26:56; Isa. 53:3; Mat, 27:26; Luc, 22:44; Mat. 27:46; Isa. 53:10; Mat. 20:28; Fil. 2:8; Gal. 3:13.
46. Em que consistiu a humilhação de Cristo depois da sua morte?
R. A humilhação de Cristo depois da sua morte consistiu em ser ele sepultado, em continuar no estado dos mortos e sob o poder da morte até ao terceiro dia; o que, aliás, tem sido exprimido nestas palavras: Ele desceu ao inferno (Hades). Ref. 1 Cor. 15:3-4; Mat. 12:40.
47. Qual é o estado de exaltação de Cristo?
R. O estado de exaltação de Cristo compreende a sua ressurreição, ascensão, o estar sentado à destra do Pai, e a sua segunda vinda para julgar o mundo. Ref. I Cor. 15:4; Luc. 24:51; Ef. 4:10, e 1:20; A 1:11.
48. Como foi Cristo exaltado na sua ressurreição?
R. Cristo foi exaltado na sua ressurreição em não ter visto a corrupção na morte (pela qual não era possível que Ele fosse retido), e o mesmo corpo em que sofrera, com as suas propriedades essenciais (sem a mortalidade e outras enfermidades comuns a esta vida), tendo realmente unido à sua alma, ressurgiu dentre os mortos ao terceiro dia, pelo seu próprio poder, e por essa ressurreição declarou-se Filho de Deus, haver satisfeito a justiça divina, ter vencido a morte e aquele que tinha o poder sobre ela, e ser o Senhor dos vivos e dos mortos. Tudo isto fez Ele na sua capacidade representativa, corno Cabeça da sua Igreja, para a justificação e vivificação dela na graça, apoio contra os inimigos, e para lhe assegurar sua ressurreição dos mortos no último dia. Ref. At. 2:24; Sal. 16:10; Luc. 24:39; Rom. 6:9; Apoc. 1:18; João 2:19, e 10:18; Rom. 1:4 e 8:33-34; Heb. 2:14; Rom. 14:9; 1 Cor. 15:21-22; Ef. 1:22-23; Rom. 4:25; Ef. 2:5-6; 1 Cor. 15:20, 25-25; 1 Tess. 4:14.
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49. Como foi Cristo exaltado na sua ascensão?
R. Cristo foi exaltado na sua ascensão em ter, depois da sua ressurreição, aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e conversado com eles, falando-lhes das coisas pertencentes ao seu reino, impondo-lhes. o dever de pregarem o Evangelho a todos os povos, e em subir aos mais altos céus, no fim de quarenta dias, levando a nossa natureza e, como nosso Cabeça triunfante sobre os inimigos, para ali, à destra de Deus, receber dons para os homens, elevar os nossos afetos e aparelhar-nos um lugar onde Ele está e estará até à sua segunda vinda no fim do mundo. Ref. At. 1:2-3; Mat. 28:19; Heb. 6:20: Ef. 4:8, 10; At. 1:9; Sal. 68:18; Col. 3:1, 2; João 14:2-3; At. 3:21.
50. Como é Cristo exaltado em sentar-se à destra de Deus?
R. Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus, em ser Ele, como Deus-homem, elevado ao mais alto favor de Deus o Pai, tendo toda a plenitude de gozo, glória e poder sobre todas as coisas no céu e na terra; em reunir e defender a sua Igreja e subjugar os seus inimigos; em fornecer aos seus ministros e ao seu povo dons e graças e em fazer intercessão por eles. Ref. Fil. 2:9; At. 2:28; João 17:5; Ef. 1:22; Mat. 28:18; Ef. 4:11-12; Rom. 8:34.
51. Como faz Cristo a sua intercessão?
R. Cristo faz a sua intercessão apresentando-se em nossa natureza continuamente perante o Pai no céu, pelo mérito da sua obediência e sacrifício cumpridos na terra, declarando ser a Sua vontade que seja aplicado a todos os crentes respondendo a todas acusações contra eles; adquirindo-lhes paz de consciência, não obstante as faltas diárias, dando-lhes acesso com confiança ao trono da graça e aceitação das suas pessoas e serviços. Ref. Heb. 9:24 e 1:3; João 17:9, 20,24; Rom. e 5:1-2, 1 João 2:1-2; Heb, 4:16; Ef. 11:6; 1 Ped 2:5.
52. Como há de ser Cristo exaltado em vir segunda vez para julgar o mundo?
R. Cristo há de ser exaltado na sua vinda para julgar o mundo, em que, tendo sido injustamente julgado e condenado pelos homens maus, virá segunda vez no último dia com grande poder e na plena manifestação da sua glória e da do seu Pai, com todos os seus santos e anjos, com brado, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus, para julgar o mundo em retidão. Ref. At. 3:14-15; Mat. 24:30; Luc 9:26, I Tess. 4:16; At. 17:31.
53. Quais são os benefícios que Cristo adquiriu pela sua mediação?
R. Cristo, pela sua mediação, adquiriu a redenção, juntamente com todos os mais benefícios do pacto da graça. Ref. Heb. 9:12; 1 Cor. 1:20.
54. Como nos tornamos participantes dos benefícios que Cristo adquiriu?
R. Tornamo-nos participantes dos benefícios que Cristo adquiriu, pela aplicação deles, a nós, que é especialmente a obra do Espírito Santo. Ref. João 1:12; Tito 3:5-6; João 16:14-15.
55. Quem são feitos participantes da redenção mediante Cristo?
R. A redenção é aplicada e eficazmente comunicada a todos aqueles para quem Cristo a adquiriu, os quais são nesta vida habilitados pelo Espírito Santo a crer em Cristo conforme o Evangelho. Ref. João 6:37, 39 e 10:15-16; Ef. 2:8; João 3:5.
56. Poderão ser salvos por viver segundo a luz da natureza aqueles que nunca ouviram o Evangelho e por conseguinte não conhecem a Jesus Cristo, nem nEle crêem?
R. Aqueles que nunca ouviram o Evangelho e não conhecem a Jesus Cristo, nem nEle crêem, não poderão se salvar, por mais diligentes que sejam em conformar as suas vidas à luz da natureza, ou às leis da religião que professam; nem há salvação em nenhum outro, senão em Cristo, que é o único Salvador do seu corpo, a Igreja. Ref. Rom. 10:14; 11 Tess. 1:8-9; Ef. 2:12: João 3:18, e 8:24; 1 Cor. 1:21; Rom. 3:20, e 2:14-15; João 4:22: At. 4:12; Ef. 5:23.
57. Serão salvos todos os que ouvem o Evangelho e pertencem à Igreja?
R. Nem todos os que ouvem o Evangelho e pertencem à Igreja visível serão salvos, mas unicamente aqueles que são membros verdadeiros da Igreja invisível. Ref. Rom. 9:6; Mat. 7:21.
58. Que é a Igreja visível?
R. A Igreja visível é uma sociedade composta de todos quantos, em todos os tempos e lugares do mundo, estão ligados pela fé a Cristo. Ref. 1 Cor. 1:2; Gen. 17:7; At. 2:39; 1 Cor. 7:14.
59. Quais são os privilégios da Igreja visível?
R. A Igreja visível tem o privilégio de estar sob o cuidado e governo especial de Deus; de ser protegida e preservada em todos os tempos, não obstante a oposição de todos os inimigos; e de gozar da comunhão dos santos, dos meios ordinários de salvação e das ofertas da graça por Cristo a todos os membros dela, no ministério do Evangelho, testificando que todo o que crer nEle será salvo, não excluindo a ninguém que queira vir a Ele.
Ref. Isa. 4:5-6; Mat. 16:18; At. 2:42; Sal. 147:19-20; Ef. 4:11-12; Rom. 8:9; João 6:37.
60. Que é a Igreja invisível?
R. A Igreja invisível é o número completo dos eleitos, que têm sido e que hão de ser reunidos em um corpo sob Cristo, a cabeça. Ref. Ef. 1:10; 22-23; João 11:52 e 10:16.
61. Quais são os benefícios especiais de que gozam por Cristo os membros da Igreja invisível?
R. Os membros da igreja invisível gozam por Cristo da união e comunhão com Ele em graça e glória.
Ref. João 17:21, 24; 1 João 1:3.
62. Qual é a união que os eleitos têm com Cristo?
R. A união que os eleitos têm com Cristo é a obra da graça de Deus, pela qual são eles espiritual e misticamente, ainda que real e inseparavelmente, unidos a Cristo, seu Cabeça e esposo o que se efetua na sua vocação eficaz.
Ref. Ef. 2:5; 1 Cor. 6:17; João 10:28; EL 5:23; 1 Cor. 1:9; 1 Pedro 5:10.
63. Que é vocação eficaz?
R. Vocação eficaz é a obra do poder e graça onipotente de Deus, pela qual (do seu livre e especial amor para com os eleitos e sem que nada neles o leve a isto), Ele, no tempo aceitável, os convida e atrai a Jesus Cristo pela sua palavra e pelo seu Espírito, iluminando os seus entendimentos de urna maneira  salvadora,  renovando  e  poderosamente  determinando  as  suas

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vontades, de modo que eles, embora em si mortos no pecado, tornam-se por isso prontos e capazes de livremente responder à sua chamada e de aceitar e abraçar a graça nela oferecida e comunicada.
Ref. Ef. 1:18-20; 11 Tim. 1:8-9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; 11 Cor. 5:20; e 6:2, João 6:44; 11 Tess. 2:13-14; At. 26:18; Eze. 11:19; João 6:45; Fil. 2:13.
64. Os eleitos são os únicos eficazmente chamados?
R. Todos os eleitos, e somente eles, são eficazmente chamados; ainda que outros o possam ser, e multas vezes são exteriormente chamados pelo ministério da palavra e tenham algumas operações comuns do Espírito, contudo, pela sua negligência e desprezo voluntário da graça que é oferecida, são justamente deixados na sua incredulidade e nunca vêm sinceramente a Jesus Cristo.
Ref. At. 13:48, e 2:47; Mat. 22:14, e 13:20-21; Sal. 81:11-12; João 12:38-40.
65. Que é a comunhão em graça que os membros da Igreja invisível têm com Cristo?
R. A comunhão em graça que os membros da Igreja invisível têm com Cristo é a participação da virtude da sua mediação, na justificação, adoção, santificação e tudo o que nesta vida manifesta a união com Ele .
Ref. Rom. 8:30; Ef. 1:5; 1 Cor. 1:30.
66. Que é justificação?
R. Justificação é um ato da livre graça de Deus para com os pecadores, no qual Ele os perdoa, aceita e considera justas as suas pessoas diante dEle, não por qualquer coisa neles operada, nem por eles feita mas unicamente pela perfeita obediência e plena satisfação de Cristo, a eles imputadas por Deus e recebidas só pela fé.
Ref. Rom. 3:22-25, e 4:5; 11 Cor. 5:19, 21; Ef. 1:6-7; Rom, 3:24, 25, 28, e 5:17-19, e 4:6-8, e 5:1; At. 10:43.
67. Como é a justificação um ato da livre graça de Deus?
R. Ainda que Cristo, pela sua obediência e morte, prestasse uma verdadeira satisfação real e plena à justiça de Deus a favor dos que são justificados, contudo a sua justificação é de livre graça para eles desde que Deus aceita a satisfação de um fiador, a qual podia ter exigido deles; e proveu este fiador,
Seu único Filho, imputando-lhes a justiça deste e não exigindo deles nada para a sua justificação senão a fé, a qual também é dom de Deus.
Ref. Mat. 20:28; Rom. 5:8-10, 19; 1 Tim. 2:5-6; Isa. 53:5-6; Heb. 7:22; Rom. 8:32; 11 Cor. 5:21; Rom. 3:25; Ef. 2:8, e 1:7.
68. Que é a fé justificadora?
R. A fé justificadora é a que salva. É operada .pelo Espírito e pela Palavra de Deus no coração do pecador que, sendo por eles convencido do seu pecado e miséria e da sua incapacidade, e das demais criaturas, para o restaurar desse estado, não somente aceita a verdade da promessa do Evangelho, mas recebe e confia em Cristo e na sua justiça, que lhe são oferecidos no Evangelho, para o perdão de pecados e para que a sua pessoa seja aceita e reputada justa diante de Deus para a salvação.
Ref. Heb. 10:39; 1 Cor, 12:3, 9; Rom. 10:14, 17; João 16:8-9; At. 16:30; Ef. 1:13; Ef. 10:43; Fil. 3.9; At. 15:11.
69. Como justifica a fé o pecador diante de Deus?
R. A fé justifica o pecador diante de Deus, não por causa das outras graças que sempre a acompanham, nem por causa das boas obras que são os frutos dela, nem como se fosse a graça da fé, ou qualquer ato dela, que lhe é imputado para a justificação; mas unicamente porque a fé é o instrumento pelo qual o pecador recebe e aplica a si Cristo e a sua justiça.
Rel. Gal. 3:11; Rom. 3:28, e 4:5; João 1:12; Gal2:16.
70. Que é adoção?
R. Adoção é um ato da livre graça de Deus, em seu único Filho Jesus Cristo e por amor dEle, pelo qual todos os que são justificados são recebidos no número dos filhos de Deus, trazem o seu nome, recebem o Espírito do Filho, estão sob o seu cuidado e dispensações paternais, são admitidos a todas as liberdades e privilégios dos filhos de Deus, feitos herdeiros de todas as promessas e co-herdeiros com Cristo na glória.
Ref. 1 João 3:1; Ef. 1:5; Gal. 4:4-5: João 1:12; II Cor. 6:18; Apoc. 3:12; Gal. 4:6; Sal. 103:13; Mat. 6:32; Rom. 8:17.
71. Que é santificação?
R. Santificação é a obra da graça de Deus, pela qual os que Deus escolheu, antes da fundação do mundo, para serem santos, são nesta vida, pela poderosa operação do seu Espírito, aplicando a morte e a ressurreição de Cristo, renovados no homem interior, segundo a imagem de Deus, tendo os germes do arrependimento que conduz à vida e de todas as outras graças salvadoras implantadas em seus corações, e tendo essas graças de tal forma excitadas, aumentadas e fortalecidas, que eles morrem, cada vez mais para o pecado e ressuscitam para novidade de vida.
Ref. Ef. 1:4; 1 Cor. 6:11; 11 Tess. 2:13; Rom. 6:4~6; Fil. 3:10; Ef. 4:23-24; At. 11:18; 1 João 3:9; Judas. 20; Ef. 3:16-19; Col. 1:10-11; Rom. 6:4-6.
72. Que é o arrependimento que conduz à vida?
R. 0 arrependimento que conduz à vida é uma graça salvadora, operada no coração do pecador pelo Espírito e pela Palavra de Deus, pela qual, reconhecendo e sentindo, não somente o perigo, mas também a torpeza e odiosidade dos seus pecados, e apreendendo a misericórdia de Deus em Cristo para com os arrependidos, o pecador tanto se entristece pelos seus pecados e os aborrece, que se volta de todos eles para Deus, tencionando e esforçando-se a andar constantemente com Deus em todos os caminhos da nova obediência.
Ref. Luc. 24:47; II Tim. 2:25; João 16:8-9; At. 11:18, 20:21; Eze. 18:30, 32; Luc. 15:17-18; Eze. 36-31. e 16:61, 63; Sal. 130:34; Joel 2:12-13; Jer. 31:18-19; II Cor. 7:11; At. 26:18; 1 Reis 8:47-48; Eze. 14:6; Sal. 119:59, 128; Rom. 6:17-18; Luc. 19:8.
73. Em que difere a justificação da santificação?
R. Ainda que a santificação seja inseparavelmente unida com a justificação, contudo elas diferem nisto: na justificação Deus imputa a justiça de Cristo, e na santificação o seu Espírito infunde a graça e dá forças para a exercer. Na justificação o pecado é perdoado, na santificação ele é subjugado; a justificação liberta a todos os crentes igualmente  da  ira  vingadora  de  Deus, e

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isto perfeitamente nesta vida, de modo que eles nunca mais caem na condenação; a santificação não é igual em todos os crentes e nesta vida não é perfeita em crente algum, mas vai crescendo para a perfeição.
Ref. I Cor. 6:11, e 1:30; Rom. 4:6, 8; Eze. 36:27; Rom. 6:6, 14, e 8:1, 33-34; Heb. 5:12-14; 1 João 1:8, 10; 11 Cor. 7:1: Fil. 3:12-14.
74. Como é que a santificação dos crentes é imperfeita?
R. A santificação dos crentes é imperfeita por causa dos restos do pecado que permanecem neles, e das perpétuas concupiscências da carne contra o espirito; por isso são eles, muitas vezes arrastados pelas tentações e caem em muitos pecados, são impedidos em todos os seus serviços espirituais, e as suas melhores obras são imperfeitas e manchadas diante de Deus. Ref. Rom. 7:18, 23; Gal. 5:17; Heb. 12:1; Isa. 64:6.
75. Não poderão os crentes verdadeiros cair do estado de graça, em razão das suas imperfeições e das multas tentações e pecados que os surpreendem?
R. Os crentes verdadeiros, em razão do amor imutável de Deus e do seu decreto e pacto de lhes dar a perseverança, da união inseparável entre eles e Cristo, da contínua intercessão de Cristo por eles e do Espírito e semente de Deus permanecendo neles, nunca poderão total e finalmente cair do estado de graça, mas são conservados pelo poder de Deus, mediante a fé para a salvação.
Ref. Jer. 31:3; João 13:1; 11 Tim. 2:19; Beb. 13:2021; 11 Sam. 23:5; 1 Cor. 1:8-9; Heb. 7:25; Luc. 22:32; 1 João 3:9, e 2:27; Jer. 32:40; João 10:28; 1 Ped. 1:5; Fil. 1:6.
76. Poderão os crentes verdadeiros ter certeza infalível de que estão no estado da graça e de que neste estado perseverarão até a salvação?
R. Aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo, e se esforçam por andar perante Ele com toda a boa consciência, podem, sem uma revelação extraordinária, ter a certeza infalível de que estão no estado de graça, e de que neste estado perseverarão até a salvação, pela fé baseada na verdade das promessas de Deus e pelo Espírito que os habilita a discernir em si aquelas graças às quais são feitas as promessas da vida, testificando aos seus espíritos que eles são filhos de Deus.
Ref. I João 2:3; 1 Cor. 2:12; 1 João 4:13, 16 e 3:14,. 18-21, 24; Heb. 6:11-12; Rom. 8:16; 1 João 5:13; 11 Tim. 1: 12.
77. Têm todos os crentes sempre a certeza de que estão no estado da graça e de que serão salvos?
R. A certeza da graça e salvação, não sendo da essência da fé, crentes verdadeiros podem esperar muito tempo antes do consegui-la; e depois de gozar dela podem sentir enfraquecida e interrompida essa certeza, por muitas perturbações, pecados, tentações e deserções; contudo nunca são deixados sem uma tal presença e apoio do Espírito de Deus, que os guarda de caírem em desespero absoluto e final.
Ref. II Ped 1:10; 1 João 5:13; Sal. 77:7-9, e 22:1 e 31:22, e 73:13-15, 23; 1 João 3:9; Isa. 54:7-11,
78. Em que tempo se realiza a comunhão em glória que os membros da Igreja invisível têm com Cristo?
R. A comunhão em glória que os membros da Igreja Invisível têm com Cristo realiza-se nesta vida e imediatamente depois da morte, e é finalmente aperfeiçoada na ressurreição e no dia do juízo.
Ref. II Cor 3:18; Col. 3:3; Luc. 23:43; 11 Cor. 5:8; 1 Tess. 4:17.
79. Qual é a comunhão em glória com Cristo de que os membros da Igreja invisível gozam nesta vida?
R. Aos membros da Igreja Invisível são comunicadas, nesta vida, as primícias da glória com Cristo visto serem membros dEle, a Cabeça, e, estando nEle têm, parte naquela glória que na sua plenitude lhe pertence; e como penhor dela sentem o amor de Deus, a paz de consciência, o gozo do Espírito Santo e a esperança da glória. Do mesmo modo, o sentimento da ira vingadora de Deus, o terror da consciência e uma terrível expectação do juízo, são para os ímpios o princípio dos tormentos, que eles hão de sofrer depois da morte.
Ref. Ef. 2:5-6; Rom. 5:5; 11 Cor. 1:22; Rom. 5:1-2 e 14:17; Gen. 4:13; Mat. 27:4; Heb. 10:27; Mar. 9:48.
80. Morrerão todos os homens?
R. A morte, sendo imposta como o salário do pecado, está decretada a todos que uma vez morram, pois todos são pecadores.
Ref. Rom. 6:23; Heb. 9:27; Rom. 5:12.
81. A morte física sendo o salário do pecado, por que não são os justos livrados dela, visto que todos os seus pecados são perdoados em Cristo?
R. Os justos no último dia serão libertados da própria morte, e no ato de morrer estarão isentos do aguilhão e maldição dela, de modo que, embora morram, contudo, vem isto do amor de Deus, Para os livrar perfeitamente do pecado e miséria e os tornar capazes de maior comunhão com Cristo na glória, na qual eles imediatamente entram.
Ref. 1 Cor. 15:26, 55-57; Rom. 14:8; Sal. 116:15; Apoc. 14.:13; Luc. 16:25, e 23:45; Fil. 1:23.
82. Que é a comunhão em glória com Cristo de que os membros da Igreja invisível gozam imediatamente depois da morte?
R. A comunhão em glória com Cristo de que os membros da Igreja invisível gozam imediatamente depois da morte, consiste em serem as suas almas aperfeiçoadas em santidade e recebidas nos mais altos céus onde vêem a face de Deus em luz e glória, esperando a plena redenção de seus corpos, os quais até na morte continuam unidos a Cristo, e descansam nas suas sepulturas, como em seus leitos, até que no último dia sejam unidos novamente às suas almas. Quanto às almas dos ímpios, são imediatamente depois da sua morte lançadas no inferno onde permanecem em tormentos e trevas exteriores; e os seus corpos ficam guardados nas suas sepulturas, como em cárceres, até à ressurreição e juízo do grande dia.
Ref. At. 7:55, 59; Apoc. 7:13;14, e 19:8; II Cor5:8; Fil. 1:23: At. 3:21; Ef. 4:20; Apoc. 7:15; I Cor. 13:12; Rom. 8:11, 23; 1 Tess. 4:6; 1 Reis 2:10; João11:11; I Tess, 4:14; Luc. 16:23-24; Judas 7.
83. Que devemos crer acerca da ressurreição?
R. Devemos crer que no último dia haverá uma ressurreição geral dos mortos, dos justos e dos injustos; então os que se acharem vivos serão mudados em um momento, e os mesmos corpos dos mortos, que têm jazido na sepultura, estando então novamente unidos às suas almas para sempre, serão ressuscitados pelo poder de Cristo. Os corpos dos  justos,  pelo  Espírito e

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em virtude da ressurreição de Cristo, como cabeça deles, serão ressuscitados em poder, espirituais e incorruptíveis, e feitos semelhantes ao corpo glorioso dEle; e os corpos dos ímpios serão por Ele ressuscitados para vergonha, como por um juiz ofendido.
Ref. At. 24:15; I Cor. 15:51-53: I Tess. 4:15-17; I Cor. 15:21-23, 42-44; Fil. 3:21; João 5:28-29; Dan. 12:2.
84. Que se seguirá imediatamente depois da ressurreição?
R. Imediatamente depois da ressurreição se seguirá o juízo geral e final dos anjos e dos homens, o dia e a hora do qual homem nenhum sabe, para que todos vigiem, orem e estejam sempre prontos para a vinda do Senhor.
Ref. Mat. 16:27; II Ped. 2:4; 11 Cor. 5:10; Mat. 36, 42, 44.
85. Que sucederá aos ímpios no dia do juízo?
R. No dia do juízo os ímpios serão postos à mão esquerda de Cristo, e sob clara evidência e plena convicção das suas próprias consciências terão pronunciada contra si a terrível, porem justa, sentença de condenação; então serão excluídos da presença favorável de Deus e da gloriosa comunhão com Cristo, com e seus santos, e com todos os santos anjos e lançados no inferno, para serem punidos com tormentos indizíveis, do corpo e da alma, com o diabo e seus anjos para sempre.
Ref. Mat. 25:23, e 22:12; Luc. 19:22; Mat. 25:41-42, 46; II Tess. 1:8-9
86. Que sucederá aos justos no dia do juízo?
R. No dia do juízo os justos, sendo arrebatados para encontrar a Cristo nas nuvens, serão postos à sua destra e ali, abertamente, reconhecidos e justificados, se unirão com Ele para julgar os réprobos, anjos e homens; e serão recebidos no céu, onde serão plenamente e para sempre libertados de todo o pecado e miséria, cheios de gozos inefáveis, feitos perfeitamente santos e felizes, no corpo e na alma, na companhia de inumeráveis santos e anjos, mas especialmente na imediata visão e fruição de Deus o Pai, de nosso Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo, por toda a eternidade. É esta a perfeita e plena comunhão de que os membros da Igreja invisível gozarão com Cristo em glória, na ressurreição e no dia do juízo.
Ref. I Tess, 4:17; Mat. 25:33, e 10:32; I Cor. 6:2-3; Mat. 25:34, 46; Ef. 5:27; Sal 16:11; Heb. 12:22-23; I João 3:2; I Cor, 13:12; I Tess. 4:17-18.
87. Qual é o dever que Deus requer do homem?
R. 0 dever que Deus requer do homem é obediência à sua vontade revelada.
Ref. Deut. 29:29; Miq. 6:8; I Sam. 15:22.
88. Que revelou Deus primeiramente ao homem como regra da sua obediência?
R. A regra de obediência revelada a Adão no estado de inocência, e a todo o gênero humano nele, além do mandamento especial de não comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, foi a lei moral.
Ref. Gen. 1:27; Rom. 10:5, e 2:14:15; Gen. 2:17
89. Que é a lei moral?
R. A lei moral é a declaração da vontade de Deus, feita ao gênero humano, dirigindo e obrigando todas as pessoas à conformidade e obediência perfeita e perpétua a ela - nos apetites e disposições do homem inteiro, alma e corpo, e no cumprimento de todos aqueles deveres de santidade e retidão que se devem a Deus e ao homem, prometendo vida pela obediência e ameaçando com a morte a violação dela.
Ref. Deut. 5:1, 31, 33; Luc. 10:26-28; Gal 3:10; I Tess. 5:28; Luc. 1:75; At. 24,:16; Rom. 10:15.
90. É a lei moral de alguma utilidade ao homem depois da queda?
R. Embora nenhum homem, depois da queda, possa alcançar a retidão e a vida pela lei moral, todavia ela é de grande utilidade a todos os homens, tendo uma utilidade especial aos não regenerados e outra aos regenerados.
Ref. Rom. 8:3; Gal. 2:16; I Tim. 1:8.
91. De que utilidade é a lei moral a todos os homens?
R. A lei moral é de utilidade a todos os homens, para os instruir sobre a natureza e vontade de Deus e sobre os seus deveres para com Ele, obrigando-os, a andar conforme essa vontade; para os convencer de que são incapazes de a guardar e do estado poluto e pecaminoso da sua natureza, corações e vidas; para os humilhar, fazendo-os sentir o seu pecado e miséria, e assim ajudando-os a ver melhor como precisam de Cristo e da perfeição da sua obediência.
Ref. Lev. 20:7-8; Rom. 7:12; Tiago 2:10; Miq. 6:8; Sal. 19:11-12; Rom. 3:9, 20, 23 e 7:7, 9, 13; Gal. 3:21-22; Rom. 10:4.
92. De que utilidade especial é a lei moral aos homens não regenerados?
R. A lei moral é de utilidade aos homens não regenerados para despertar as suas consciências a fim de fugirem da ira vindoura e forçá-los a recorrer a Cristo; ou para deixá-los inescusáveis e sob a maldição do pecado, se continuarem nesse estado e caminho.
Ref. I Tim. 1:9-10; Gal. 3:10, 24; 1:20,
93. De que utilidade especial é a lei moral aos regenerados?
R. Embora os que são regenerados e crentes em Cristo sejam libertados da lei moral, como pacto de obras, de modo que nem. são justificados, nem condenados por ela; contudo, além da utilidade geral desta lei comum a eles e a todos os homens é ela de utilidade especial para lhes mostrar quanto devem a Cristo por cumpri-la e sofrer a maldição dela, em lugar e para bem deles, e assim provocá-los a uma gratidão maior e a manifestar esta gratidão por maior cuidado da sua parte em conformarem-se a esta lei, como regra de sua obediência.
Ref. Rom. 6:14 e 7:4, 6; Gal. 4:4-5; Rom. 3:20 e .8:1, 34 e 7:24-25; Gal. 3:13-14; Rom. 8:3-4; II Cor. 5:21; Col. 1:12-14; Rom. 7:22 e 12:2; Tito 2:11-14.
94. Onde se acha a lei moral resumidamente compreendida?
R. A lei moral acha-se resumidamente compreendida nos dez mandamentos, que foram dados pela voz de Deus no monte Sinai, e por Ele escritos em duas tábuas de pedra, e estão registrados no capítulo vigésimo do Êxodo. Os quatro primeiros mandamentos contêm os nossos deveres para com Deus e os outros seis os nossos deveres para com o homem.
Ref. Deut. 10,4; Mat. 22:37-40.
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95. Que regras devem ser observadas para a boa compreensão dos dez mandamentos?
R. Para a boa compreensão dos dez mandamentos as seguintes regras devem ser observadas:
1a. Que a lei é perfeita e obriga a todos à plena conformidade do homem inteiro à retidão dela e à inteira obediência para sempre; de modo que requer a sua perfeição em todos os deveres e proíbe o mínimo grau de todo o pecado.
Ref. Sal. 19:7, Tiago 2:10; Mat. 5:21-22.
2a. Que a lei é espiritual, e assim se estende tanto ao entendimento, à vontade, aos afetos e a todas as outras potências da alma - como às palavras, às obras e ao procedimento.
Ref. Rom. 7:14; Deut. 6:5; Mat. 22:37-39 e 12:36-37.
3a. Que uma e a mesma coisa, em respeitos diversos, é exigida ou proibida em diversos mandamentos.
Ref. Col. 3:5; 1 Tim. 6:10; Prov. 1:19; Amós 8:5.
4a. Que onde um dever é prescrito, o pecado contrário é proibido; e onde um pecado é proibido, o dever contrário é prescrito; assim como onde uma Promessa está anexa, a ameaça contrária está inclusa; e onde uma ameaça está anexa a promessa contrária está inclusa.
Ref. Isa. 58:13; Mat. 15:4-6; Ef. 4:28; Exo. 20:12, Prov. 30:17; Jer. 18:7-8; Exo. 20:7.
5a. Que o que Deus proíbe não se há de fazer em tempo algum, e o que Ele manda é sempre um dever; mas nem todo o dever especial é para se cumprir em todos os tempos.
Ref. Rom. 3:8; Deut. 4:9; Miat. 12:7; Mar. 14:7.
6a. Que, sob um pecado ou um dever, todos os da mesma classe são proibidos ou mandados, juntamente com todas as coisas, meios, ocasiões e aparências deles e provocações a eles.
Ref. Heb. 10:24-25; I Tess. 5:22; Gal. 5:26; Col. 3:21; Judas 23.
7a. Que aquilo que nos é proibido ou mandado temos a obrigação, segundo o lugar que ocupamos, de procurar que seja evitado ou cumprido por outros segundo o dever das suas posições.
Ref. Exo. 20; Lev. 19:17; Gen. 18:19; Deut. 6:6:7; Jos. 24:15.
8a. Que, quanto ao que é mandado a outros, somos obrigados, segundo a nossa posição e vocação, a ajudá-los, e a cuidar em não participar com outros do que lhe é proibido.
Ref. II Cor 1:24; I Tim. 5:221; EL 5:7.

NOTA: Este material foi produzido a partir de textos, citações e sermões dos pastores  J. C. Ryle; John MacArthur; Charles H. Spurgeon; John Woen; Charles Hodge;  A . B. Langston;  Mauro F. Meister e Silvio Dutra Alves, e também de adaptações da Confissão de Fé e do Catecismo Maior de Westminster.







CRONOLOGIA BÍBLICA



... Criação dos céus e da terra   >  ... Criação de Adão  > 3000 - Noé   >  2400 – dilúvio   >  2300 - Torre de Babel  > 2000 – chamada de Abraão  >  1976 – destruição de Sodoma e Gomorra  > 1985 – nascimento de Isaque  > 1925 – Nascimento de Jacó  >  1898 – morte de Sem, filho de Noé  > 1885 - Família de Jacó fixa residência no Egito  > ... Jó ?



1440 – Saída dos israelitas do Egito com Moisés (celebração da Antiga Aliança e construção do tabernáculo)  > > 1439 – início da marcha de 40 anos no deserto  >  1401 – Conquista da Transjordânia com Moisés  > > 1400 – morte de Moisés e início da conquista de Canaã com Josué > 1389 – início do período dos Juizes >  1070 – profeta Samuel  >  1051 - início do reinado de Saul  > 1011 – início do reinado de Davi  > 971 – início do reinado de Salomão > 931 - divisão do reino (início do reinado de Roboão no Reino do Sul, e de Jeroboão I no Reino do Norte)
Cronologia do Reino do Sul:  913 – Fim do reinado de Roboão e início do reinado de Abias >  911 - Fim de Abias e início de Asa > 870 -  Fim de Asa e início de Josafá > 848 – Fim de Josafá e início de Jeorão >  841 – Fim de Jeorão e início de Acazias (Atalia usurpa o trono dando fim ao reinado de Acazias)  > 835 – Fim de Atalia e início de Joás > 796 – Fim de Joás e início de Amazias > 780 – Início do ministério do profeta Amós  > 767 – Fim de Amazias e início de Uzias > 745 – Início do profeta Isaías > 740 – Fim de Uzias e Início de Jotão (início do profeta Miquéias) > 732 – Fim de Jotão e início de Acaz  > 716 – Fim de Acaz e início de Ezequias (reforma religiosa) > 687 – Fim de Ezequias e início de Manassés >  642 – Fim de Manassés e início de Amom  > Fim de Amom e início de Josias (reforma religiosa) > 639 – Início do profeta Sofonias  > 630 – Início do profeta Naum  > 626 – Início do profeta Jeremias > 609 – Fim de Josias e início de Jeoacaz/ Fim de Jeoacaz e início de Jeoaquim > 606 – Início do profeta Habacuque >  605 – Início do profeta Daniel  (Daniel, príncipes de Judá e tesouros do templo levados para Babilônica) > 597 – Fim de Jeoaquim e início de Joaquim / Fim de Joaquim e início de Zedequias (Rei Joaquim profeta Ezequiel e líderes de Israel levados para Babilônia) > 592 – Início do profeta Ezequiel >  587 – Fim do reinado de Zedequias (destruição de Judá e do templo de Jerusalém, última leva de judeus para Babilônia) > 586 - Início do profeta Obadias.
Cronologia do Reino do Norte: 909 – Fim do reinado de Jeroboão I e início de Nadabe > 908 - Fim de Nadabe e início de Baasa > 886 – Fim de Baasa e início de Elá  > 885 – Fim de Elá e início de Zinri / Fim de Zinri e início de Onri > 874 -Fim de Onri e início de Acabe (expansão do culto a Baal / início do profeta Elias > 853 – Fim de Acabe e início de Acazias  > 852 – Fim de Acazias e início de Jorão  > 850 – Início do profeta Eliseu > 841 – Fim de Jorão e início de Jeú  > 835 - Início do profeta Joel  >  814 – Fim de Jeú e início de Jeoacaz > 798 - Fim de Jeoacaz e início de Jeoás > 790 – Início do profeta Jonas  > 782 – Fim de Jeoás e início de Jeroboão II > 780 – Início do profeta Amós  > 760 – Início do profeta Oséias > 753 – Fim de Jeroboão II e início de Zacarias > 752 – Fim de Zacarias e início de Salum / Fim de Salum e início de Menaem > 742 – Fim de Menaem e início de Pecaías > 740 – Fim de Pecaías e início de Peca > 732 – Fim de Peca e início de Oséias > 722 – Fim de Oséias (Israel levado cativo pela Assíria)
Período da Restauração: 537 – Queda de Babilônia sob a Pérsia (retorno de Judá para a Palestina) > 520 – Reinício das obras de reconstrução do templo / Ministério dos profetas Ageu e Zacarias > 516 – conclusão do templo > 478 – Judeus livrados do extermínio por Ester > 458 – Vinda de Esdras para Judá > 444 – Vinda de Neemias > 440 – Início do profeta Malaquias
Período Interbíblico: 333 – Dominação da Palestina por Alexandre, o Grande >  323 – Início da dominação pelos Ptolomeus > 198 – Dominação dos Seleûcidas > 167 – Início do estado judeu independente sob os macabeus  > 63 – Início da dominação da Palestina pelos romanos.



33 – Morte e ressurreição de Jesus / Pentecoste > 34 – Pregação do evangelho na Judéia e Samaria > 46/47 – Primeira viagem de Paulo (At 13.1-14) > 49 – Escrita de Gálatas  > 49/51 – Segunda viagem de Paulo (escrita de I e II Tessalonicenses  > 52/56 – Terceira viagem de Paulo (escrita de I e II Coríntios e Romanos) > 56/58 – Prisão de Paulo em Jerusalém e Cesaréia / Escrita de Tiago > 59/60 – Primeira prisão de Paulo em Roma (escrita de Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom) / Escrita dos evangelhos de Marcos e Mateus >  60/63 -  Período de liberbade de Paulo entre suas duas prisões em Roma (escrita de I Timóteo e Tito) / Escrita de I Pedro > 64 – Segunda prisão de Paulo em Roma (escrita de II Timóteo) / Escrita de II Pedro > 65/70 - Escrita do evangelho de Lucas e Atos, de Hebreus e Judas / Templo de Jerusalém destruído e judeus espalhados pelo mundo pelos romanos > 90/96 – Escrita de I, II, III João e Apocalipse.


 

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