domingo, 18 de outubro de 2015

Jeremias 1 a 52 - Lamentações 1 a 5

JEREMIAS

Jeremias 1

A Boca de Deus nos Profetas - Jeremias 1

O pai de Jeremias era sacerdote, e como este era um cargo vitalício passado de pai para filho, na descendência de Arão, então Jeremias também estava sendo preparado para o sacerdócio quando lhe veio a palavra do Senhor, dando-lhe como profeta às nações.
O próprio nome Jeremias era um nome profético, porque significa “chamado pelo Senhor” ou “a quem o Senhor designou”, ou ainda “levantado pelo Senhor”, tal como foi profetizado acerca de Jesus como o Profeta que seria levantado do meio de Israel (Dt 18.15,18).
Ninguém se faz profeta, pastor, evangelista, missionário, a não ser por um chamado, por uma designação, por um levantamento realizados pelo Senhor.
E o profeta, pastor, evangelista ou missionário receberá também mensagens da parte do Senhor para que sejam pregadas e ensinadas às pessoas às quais forem enviados por Ele. Tal como sucedeu com Jeremias, como se afirma no verso 9:
“Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.”
Estas palavras que foram colocadas na boca de Jeremias, seriam as revelações que lhes seriam dadas da parte de Deus, especialmente os juízos contra o pecado de Judá e das nações.
O motivo desta chamada e desta ação divina em relação a Jeremias, foi também declarado pelo Senhor ao profeta, quando lhe disse que velava sobre a Sua Palavra para a cumprir.
O Senhor havia afirmado na Lei de Moisés que traria juízos sobre Israel e sobre as nações, no período da dispensação da Antiga Aliança, caso andassem desviados dos Seus caminhos, e agora, tal como a vara de amendoeira era uma planta temporã, que florescia sem falta, antes das demais árvores, o juízo do Senhor também estava amadurecido e seria cumprido tal como Ele havia prometido.  
 E este juízo contra Judá viria como um vapor fervente que sai de uma panela e que vinha desde a direção do Norte, porque seria de lá, de Babilônia, que viria a ruína de Judá, porque seriam levados para o cativeiro pelos babilônios e teriam suas cidades e o templo destruídos por eles.
  Jeremias conhecia a Palavra do Senhor, porque vivia numa cidade de sacerdotes (Anatote), e bem conhecia as ameaças de juízos da Lei contra a infidelidade de Israel, mas não contava que fosse exatamente ele um dos instrumentos chamados pelo Senhor para protestar diretamente contra as nações o cumprimento de todas aquelas ameaças previstas na Lei, e se sentiu pequeno demais para a grandeza  e importância da tarefa que teria que realizar.
Jeremias começou o seu ministério no décimo segundo ano do reinado de Josias, o qual começou a reinar cerca de 638 a. C., quando era ainda menino, com apenas oito anos de idade, tendo reinado durante 31 anos.
Então, Jeremias começou seu ministério por volta de 626 a. C., ou seja, treze anos após Josias ter começado a reinar.
Como seu ministério se estendeu até Judá ter sido levado para o cativeiro em 586 a. C. e se prolongando ainda por um pequeno tempo depois disto, então temos um tempo superior a 40 anos para a sua duração total.
Foi somente no décimo oitavo ano do seu reinado que o rei Josias começou a empreender suas reformas religiosas em Judá, depois de ter sido achado o original do livro da Lei no templo (II Reis 22.3, 10).
Nesta ocasião, Jeremias se encontrava no sexto ano do seu ministério, mas ainda não tinha sido feito notório ao rei, porque em vez de mandar consultá-lo acerca das ameaças contidas no livro da Lei, o rei mandou que fosse consultada a profetiza Hulda (II Reis 22.13,14).
Nesta altura do nosso comentário nós lembramos das palavras proferidas pelo profeta Samuel ao rei Saul, quando este desobedecendo à ordem do Senhor poupou o rei Agague dos amalequitas, e os animais do seu rebanho sob o pretexto de que pretendia oferecê-los como sacrifício a Deus:
“Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua Palavra?” (I Sm 15.22 a).
Realmente este é o único modo de se servir e agradar ao Senhor, a saber, honrar e cumprir a Sua Palavra.
E foi isto que o rei Josias se dispôs a fazer quando o livro da lei foi achado no templo pelo sacerdote Hilquias.
Por que havia tantos altares espalhados em todas as nações, como também em Israel e Judá?
Por que eram oferecidos tantos sacrifícios e tanto incenso era queimado nestes altares?
Não era porque eles queriam alcançar o favor dos seus deuses?
Sim, não há dúvida. Eram dias de muitas guerras, muitas enfermidades e poucos recursos médicos, e não eram raras as mortes por simples infecções.
Então tudo isto chamava a necessidade da proteção de um ser superior, de uma divindade à qual se pudesse recorrer, não somente na hora da necessidade, mas em todo o tempo para se prevenir do mal.
Mas por que os israelitas faziam isto sabendo que o Senhor o havia proibido expressamente na Lei de Moisés e mostrava o Seu desagrado pelas palavras dos profetas e de todos os juízos que trazia sobre eles?
Simplesmente porque lhes era mais cômodo seguir os costumes das nações pagãs e continuarem fazendo a própria vontade pecaminosa e supersticiosa deles do que se submeterem aos mandamentos e à vontade do Senhor.
Este é basicamente o problema com a maioria da humanidade até os dias de hoje, porque não consegue entender que não é possível ter as bênçãos de Deus e agradar-Lhe quando não se vive para obedecer a Sua Palavra, tal como o profeta Samuel havia dito ao rei Saul.
Nós podemos assim entender porque não há qualquer eficácia diante do Senhor no simples fato de alguém entrar num templo e se submeter aos ritos religiosos que ali se praticam, quando não se tem este caminhar na Sua presença, por um desejo de se cumprir os Seus mandamentos, sabendo que não é o mero rito religioso que lhe agrada, senão a verdadeira obediência da Sua Palavra.    
E isto não mudou na dispensação da graça, porque tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, se aprende sobre a vontade imutável de um Deus imutável quanto à obediência que é devida à Sua Palavra.
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.” (Mt 7.24).
“E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.”Mt 15.6).
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.” (Mc 13.31).
 “Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.” (Lc 8.21).
“Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lc 11.28).
“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;” (Jo 8.31).
“Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.” (Jo 8.47).
“Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo 12.48).
“Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.” (Jo 14.23).
“Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.” (Jo 15.7).
“Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” (Jo 17.17).
 “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tg 1.22).
“mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E
“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21).
Quando lemos todos estes textos bíblicos sacados do Novo Testamento sobre a necessidade de se guardar a Palavra de Deus, é que nós podemos entender melhor de que espírito estava imbuído o rei Josias.
Ele queria agradar ao Senhor completamente, e percebeu que havia somente um modo de fazê-lo: por uma estrita obediência aos Seus mandamentos.
Por um desejo intenso de guardá-los em todas as suas minúcias, sabendo que eles expressam a vontade do Deus Altíssimo para todos os Seus filhos.
Não faz justiça à piedade de Josias pensar que ele se dispôs a guardar a Palavra de Deus somente porque temeu os juízos que estavam proferidos na Lei de Moisés sobre o pecado que Deus traria sobre os judeus, por terem transgredido os Seus mandamentos, e em razão das ameaças dos castigos previstos na Lei.
Obviamente que tais juízos encheram de temor o Seu coração mas foi por um genuíno amor à vontade do Senhor revelada na Sua Palavra que ele se dispôs completamente a praticá-la.
Por que então teria o Senhor determinado o cativeiro de Judá, mesmo nos dias em que Josias empreendia suas reformas religiosas, e de estar se agradando tanto da vida deste rei piedoso?
Nós achamos a resposta para esta pergunta em II Reis 23, no qual podemos ver quantas abominações havia em Judá quando o rei Josias começou a destruí-las; e ao mesmo tempo, o quanto os judeus estavam negligenciando as ordenanças da Lei de Moisés, como por exemplo o terem deixado de celebrar a páscoa; da qual se diz no verso 22, que não vinha sendo celebrada desde os dias dos Juízes.
O fato de Deus ter suportado por tanto tempo as transgressões da sua Lei pelos israelitas, a par dos juízos que trouxe sobre eles por causa destas transgressões, demonstra quão grandes são realmente a Sua misericórdia e longanimidade, pois não estamos falando de dias, mas de séculos, porque desde Moisés até Josias, nós temos cerca de 800 anos.
E deve ser considerado que a par de que eles seriam levados para o cativeiro, e até mesmo de terem ficado sem profetas durante os 400 anos do período interbíblico, e ainda, depois de terem sido espalhados pelo mundo após 70 d. C., Deus não havia rejeitado definitivamente os judeus, conforme é afirmado pelo apóstolo Paulo no 11º capítulo da epístola aos Romanos (v. 1 a 6); e nos versículos 11 e 12 deste mesmo capítulo, ele expõe que o motivo de os israelitas terem tropeçado já havia sido previsto por Deus de maneira a poder se voltar também para os gentios, mas não deixando a Israel de lado, porque foi este povo que Ele havia plantado para trazer através dele a salvação a todo o mundo.
Como poderia então o Senhor rejeitar definitivamente a quem havia formado e elegido para tão grande vocação de ser bênção para o mundo?
E sem qualquer outra consideração somente o fato de termos recebido através deles as Escrituras já justifica a importância desta nação para Deus.
Por isso, a salvação em Cristo sempre permanecerá aberta para eles, e até mesmo com prioridade, conforme o próprio Deus estabeleceu no princípio da pregação do evangelho, porque o mundo tem uma dívida para com os judeus, e não admira portanto que esta porta para a salvação esteja aberta para eles para serem enxertados de novo na oliveira santa e na videira verdadeira que é o Senhor Jesus (Rom 11.23), da qual, na verdade, eles nunca teriam sido cortados se permanecessem na fidelidade que é devida ao Senhor.
Então nós só podemos entender que o brasume da Sua ira demonstrado contra os judeus nos dias de Josias, mesmo em meio às reformas que aquele rei estava empreendendo tinha a ver com a visitação dos pecados deles para serem purificados da sua idolatria, como efetivamente foram depois de terem sido levados cativos para Babilônia, porque os que retornaram de Babilônia para Jerusalém 70 anos depois do cativeiro, podem ser chamados de fato de judeus novos, porque demonstravam agora um grande apreço pela Palavra do Senhor e haviam sido curados definitivamente do pecado da idolatria, que era tão comum nos dias dos Juízes e dos Reis de Israel.
De sorte que a afirmação que se lê nos versos 26 e 27 de II Reis 23, que o Senhor, apesar de toda a fidelidade de Josias, não se demoveu do ardor da Sua grande ira, com que ardia contra Judá, e que o levara a decidir por expulsá-los da terra, tanto como fizera ao reino de Israel, não significava que não estivesse se agradando das coisas que Josias e muitos do povo estavam fazendo para obedecer a Sua Palavra, mas que não seria isto que suspenderia os juízos previstos na Lei, quanto a serem expulsos da terra, porque na Sua presciência o Senhor sabia que sempre continuariam idolatrando, e somente seriam convencidos de que foi a idolatria deles a causa do Seu desagrado e juízos, quando  fossem conduzidos para o cativeiro, onde  aprenderiam definitivamente que é uma vida reta com Deus que livra do mal, e não altares, templos etc, porque Ele permitiria que o próprio templo de Jerusalém fosse totalmente destruído e saqueado pelos babilônios.
E foi por isso que antes de fazê-lo Ele lhos anunciou pelos profetas, dizendo que não somente rejeitaria ao Seu povo como ao Seu próprio templo que ele mandara edificar nos dias de Salomão, e para este propósito Jeremias havia sido também levantado por Deus.
Ele havia sido separado (santificado – v. 5) por Deus para o ofício profético desde antes de ter sido formado no ventre, ou seja, desde antes da fundação do mundo, conforme Seu conselho eterno.
A incapacidade que Jeremias sentiu para o exercício da função para a qual estava sendo designado, confirmava que de fato aquele era um trabalho para ser feito pelo próprio poder de Deus através dele, de maneira que ao dizer que não sabia falar porque era um menino (v. 6), não foi duramente repreendido pelo Senhor, mas apenas advertido para que não dissesse que era um menino, porque deveria ir a todos aos quais fosse enviado por Ele, e lhes dizer tudo quanto Lhe ordenasse para ser dito (v. 7), e que não deveria temer a face do homem, porque seria com ele para livrá-lo deles (v. 8).
Jeremias foi capacitado e ungido por Deus para o ministério, quando o Senhor estendeu a Sua mão e lhe tocou a boca dizendo que estava colocando as Suas palavras na sua boca (v. 9).    
E lhe instruiu quanto à autoridade que lhe estava conferindo para arrancar e derrubar nações, porque seria por Sua boca, que o Senhor profetizaria sobre a queda de Judá, de Babilônia e de outros reinos, bem como acerca daqueles que passariam a exercer domínio na terra.
E não somente isto, ele também receberia autoridade para profetizar o que seria destruído e arruinado nas nações, como consequência dos juízos de Deus, bem como proferiria promessas consoladoras quanto ao que haveria de ser restaurado e plantado pelo Senhor no futuro, especialmente a restauração de Judá, depois de cumpridos os setenta anos determinados para o seu cativeiro, conforme foi revelado a Jeremias (v. 10).
Não foi um ancião que Deus chamou para protestar contra o pecado das nações, e especialmente de Judá, mas um jovem, porque os últimos quarenta anos de existência do reino de Judá, antes do cativeiro, deveriam ser acompanhados pelo profeta. Ele envelheceria durante a realização do seu ministério sendo um sinal de Deus que o juízo seria amadurecido também até o ponto de ser cumprido sobre toda a nação pecadora.  
Jeremias não deveria portanto temer ser menosprezado por sua juventude porque o poder do Senhor seria com ele, revelando a Judá que jovens tais como Jeremias e o próprio rei Josias, podiam e deviam viver uma vida consagrada a Ele, coisa que estava sendo rejeitada pela grande maioria dos judeus, quando isto era um dever de todos eles, na condição de povo da aliança.
De tal maneira Jeremias foi fiel no cumprimento da missão de falar as palavras que Deus colocasse em sua boca, que tudo o que recebera da parte dEle se encontra registrado na Bíblia como Escritura eterna.
A Palavra de Deus continuava sendo produzida nesta época, e seria fechada no Antigo Testamento somente com o profeta Malaquias.
É importante trazer isto em lembrança, para sabermos que o caráter da chamada de Jeremias era algo diferente da chamada comum de pastores e outros ministros do evangelho, porque somente a eles (profetas) e aos apóstolos de Cristo, foi dada a honra de receberem as revelações de Deus que são imutáveis, e que foram registradas por escrito para a instrução do Seu povo na verdade, vindo a ser reconhecidas como a Sua Palavra autorizada e canônica, para todas as gerações, Palavra esta que temos a incumbência de pregar, ensinar e defender, porque é questão fechada que a ninguém mais Deus estará revelando qualquer nova verdade que já não se encontre registrada na Bíblia.      
Uma vez comissionado o profeta, Deus lhe deu instruções quanto ao posicionamento que deveria ter dali por diante.
Ele deveria ser achado cingido e firmemente de pé, para lhes dizer tudo quanto lhe ordenasse, e que não ficasse espantado diante deles, porque senão ele próprio seria espantado por Deus diante deles, ou seja, não Lhe daria a graça e autoridade necessárias para o desempenho da sua função, de maneira que viria então a ser menosprezado e envergonhado diante daqueles contra os quais pronunciaria os juízos de Deus (v. 17).
Todavia, não deveria temer porque o Senhor havia feito dele uma cidade fortificada com colunas de ferro e muros de bronze, capaz de suportar os ataques que lhes viessem de todas as partes da terra, e especialmente dos reis de Judá, seus príncipes, sacerdotes, bem como de todo o povo, que não andasse debaixo do temor do Senhor e que se voltasse contra Jeremias com fúria, para pelejar contra ele.
Contudo o Senhor lhe fez a promessa que eles lutariam contra ele e o perseguiriam mas não poderiam prevalecer, porque o Senhor estaria com ele  para livrá-lo (v. 19).
O mesmo que Deus fez com Jeremias fez com Paulo, e com todos os servos que tem chamado para pregarem o evangelho e protestarem contra os pecados dos homens e das nações, para que se arrependam e se convertam a Jesus Cristo.


“Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim;
2 ao qual veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado;
3 e lhe veio também nos dias de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês.
4 Ora veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
5 Antes que eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te santifiquei; e às nações te dei por profeta.
6 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque sou um menino.
7 Mas o Senhor me respondeu: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás.
8 Não temas diante deles; pois eu seu contigo para te livrar, diz o Senhor.
9 Então estendeu o Senhor a mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca.
10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares; e também para edificares e plantares.
11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo uma vara de amendoeira.
12 Então me disse o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir.
13 Veio a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: Que é que vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, que se apresenta da banda do norte.
14 Ao que me disse o Senhor: Do norte se estenderá o mal sobre todos os habitantes da terra.
15 Pois estou convocando todas as famílias dos reinos do norte, diz o Senhor; e, vindo, porá cada um o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus muros em redor e contra todas as cidades de Judá.
16 E pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa de toda a sua malícia; pois me deixaram a mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, e adoraram as obras das suas mãos.
17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te ordenar; não te espantes diante deles, para que eu não te infunda espanto diante deles.
18 Eis que hoje te ponho como cidade fortificada, e como coluna de ferro e muros de bronze contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra.
19 E eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.”. (Jeremias 1.1-19)



Jeremias 2

As Batalhas do Amor - Jeremias 2

Se não tivermos diante de nossos olhos o propósito principal para o qual Deus criou o homem, que é o de adorá-lo, de estar em comunhão com Ele, em amor, e em plena alegria, e santidade, jamais poderemos entender o teor das palavras de repreensão dirigidas ao povo de Judá, no segundo capitulo de Jeremias, que mais parecem um lamento do que uma repreensão.
Não poderemos também entender esta mensagem se nos falta a devida santidade de vida, e espiritualidade, porque as coisas aqui tratadas são espirituais e não carnais, sobrenaturais e não naturais.
A expressão da alegria espiritual que se vê na face de Deus quando está em comunhão com o Seu povo, quando este anda em Seus caminhos, não pode ser vista a não ser por uma experiência real e pessoal disto, senão veremos ao Senhor como um Deus carracundo e impaciente com nossas fraquezas, quando isto não é verdade e não corresponde ao Seu caráter.
Deus é bom, puro, alegre, amável, gentil, amoroso, mas não pode, por causa da Sua perfeita justiça, ser conivente com o erro deliberado, com o espírito de rebeldia que endurece o coração do homem e que o leva a viver por escolha, debaixo da escravidão do pecado.
Deus quer manifestar Sua alegria, Seu amor, Sua misericórdia e bondade, mas como poderá fazê-lo para com aqueles que lutam contra Ele e contra Sua vontade, como inimigos ferrenhos?
Podemos dizer que Deus criou o homem para se alegrarem mutuamente. Mas que alegria pode ter um pai com um filho rebelde? Este é o ponto, para que possamos entender não apenas as repreensões do segundo capítulo de Jeremias, bem como as que permeiam toda a Bíblia.
Então é basicamente a tristeza de Deus por causa dos pecados do Seu povo, que impediam a comunhão com eles, o que encontramos em Jeremias 2.
Por isso somos exortados na Igreja de Cristo a também não entristecermos o Espírito Santo com os nossos pecados, porque é o pecado que quebra a nossa comunhão com Deus, e por conseguinte, a possibilidade de nos alegrarmos nEle, e Ele em nós.
“mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça.” (Is 59.2)
Quanto os judeus haviam desprezado ao Senhor com as suas idolatrias e injustiças!
Quanto haviam desprezado a aliança que havia feito com eles!
Ele lhes havia dado esta grande honra, e no entanto, eles a haviam desprezado totalmente.
Deus tem proposto uma aliança com os homens de todas as nações, por meio do sangue de Cristo, mas a grande maioria da humanidade tem desprezado este sangue precioso, e tão maravilhosa aliança, que livra da morte eterna para a vida eterna; das trevas para a luz; da escravidão para a liberdade.
Deveríamos aprender então, desta primeira mensagem que foi dada por Deus para ser proclamada aos judeus, para não incorrermos nos mesmos erros deles, e consequentemente, cairmos no desagrado de Deus, em vez de agradá-lO.
Primeiro, devemos evitar a ingratidão por todo o amor que o Senhor tem por nós, e por todos os livramentos que nos tem dado, tal como fizera com Israel no passado, e os judeus dos dias de Jeremias haviam esquecido de trazer isto em lembrança (v.Jer 2.2; 3).
Em segundo lugar, o Senhor jamais fará qualquer injustiça, especialmente no tocante ao Seu povo. Então porque deixamos Aquele que é perfeitamente justo, para seguirmos nossos caminhos e pensamentos de vaidade? (v. 5)
Além disso, por que não buscamos o Senhor todos os dias de nossas vidas, lembrando os Seus poderosos feitos relativos à Sua Igreja, tal como havia feito com Israel no passado? (v. 6)
Como podemos esquecer que ainda que tenhamos que trabalhar, semeando, juntando em celeiros, comendo o pão com o suor do rosto, no entanto, não é o Senhor que faz brotar o pão da terra?
Como podemos dar as costas para um Deus provedor que garante a nossa subsistência?
Usaremos a terra que ele nos tem dado por herança, para praticarmos nela abominações, contaminando-a com os nossos pecados? (v. 7)
Nos dias de Jeremias, até mesmo os sacerdotes haviam deixado de buscar ao Senhor, e apesar de terem o encargo de ensinarem a Sua Palavra, não O conheciam, de modo que os governantes não eram justos e prevaricavam contra o Senhor, e falsos profetas profetizaram por Baal, e falando de coisas que não são de qualquer proveito (v. 8).
Portanto, o Senhor tinha uma contenda com eles, e até mesmo com as gerações que se levantariam depois deles, porque Ele, o Senhor, não muda (v. 9).
Nenhuma nação pagã da terra havia renegado os seus falsos deuses e continuavam adorando fielmente as obras das suas próprias mãos, contudo, Israel havia abandonado o único Deus verdadeiro, que havia entrado em aliança somente com eles, e não com qualquer outra nação da terra (v. 10,11).
Como eles não poderiam ficar espantados com o horror desta realidade, por causa do endurecimento no pecado, então o Senhor apelou para os céus, onde há somente verdade, e seres santos, para que ficassem horrorizados e desolados com tal impiedade dos judeus, porque não somente haviam abandonado o Senhor, o manancial da vida eterna, como estavam tentando fazer valer a sua própria forma de adoração de Deus, baseada nas idolatrias e abominações que eles praticavam, e que haviam adotado no lugar da Palavra do Senhor (v. 12,13).
Israel fora libertado do Egito para não mais ser servo, no entanto, haviam escolhido permanecer debaixo de escravidão, tal como os crentes gálatas nos dias de Paulo (Gál 5.1).
Então os de Judá, deveriam aprender com os juízos que vieram sobre Israel (Reino do Norte), cujas terras se encontravam desoladas nos dias de Jeremias, por que haviam sido levados para o cativeiro pelos assírios desde 722 a. C., ou seja, cerca de 100 anos antes de Jeremias ter começado o seu ministério (v. 14-16).
Como Judá havia abandonado ao Senhor, tanto como havia feito Israel, então seriam também alvo do mesmo tipo de juízo que eles haviam sofrido, porque  seriam castigados por causa da sua malícia, e repreendidos por causa das suas apostasias, de modo que pudessem entender quão duro e amargo é o povo de Deus lhe voltar as costas, porque Ele não deixará de castigá-lo, assim como um pai faz com o seu filho.
Eles veriam quão amargo é não ter o temor de Deus diante de si, porque quando se perde o temor do Senhor, automaticamente se deixa de andar nos Seus caminhos, porque Ele passa a ser tido por nada, por aqueles que se deixam enredar pelo pecado.
Judá, de há muito, havia quebrado o jugo da obediência devida ao Senhor, e tudo o que o ligava a Ele, decidindo voluntariamente não servi-lO mais, para poder se entregar às suas práticas idolátricas (v. 20).
Como puderam fazer uma tal coisa, uma vez que haviam sido plantados pelo próprio Senhor, de uma semente inteiramente fiel, ou seja, dos seus patriarcas, que eram homens de fé, e em vez de permanecerem na sua vocação, acabaram se tornando numa planta degenerada (v. 21).
Judá não poderia purificar a si mesma, e ainda que o tentasse, a mancha da iniquidade deles permaneceria diante de Deus (v. 22).
Somente a justiça do Senhor, quando nos é concedida por graça e misericórdia, pode nos purificar de nossas impurezas (v. 22).
Se tal era a grandeza do pecado de Judá, como podiam continuar afirmando que não estavam contaminados, e mentindo que não haviam andado após Baal?
No entanto, nada escapa aos olhos do Senhor, e ele conhecia todos os lugares escondidos do vales onde fizeram suas ofertas aos demônios, pensando que não sendo vistos pelos homens, não estavam sendo vistos pelo Deus onisciente, que tudo sabe e vê (v. 23).
Judá não vivia pelo espírito, mas pelos instintos naturais, de modo que sempre estaria pronta para o pecado, e para toda adoração de natureza carnal (v. 24). Qualquer tentação que lhes viesse não poderia ser, portanto, vencida por eles.
Judá estava correndo para os seus amantes espirituais (ídolos e falsos deuses) mas é lembrada que deveria evitar a que viesse a andar descalço e com sede, porque quando fosse levado para o cativeiro por causa dos seus pecados, já não correria mais com os pés calçados para os seus ídolos, e saciada em sua sede, porque seriam conduzidos para uma terra estranha com os pés descalços e teriam sede na longa caminhada que teriam que fazer a pé, para a terra do cativeiro (v. 25).
Eles seriam surpreendidos, como alguém que tem a sua casa arrombada inesperadamente por um ladrão. Assim ficariam os reis, os príncipes, os sacerdotes e os profetas de Judá que estavam idolatrando e chamando ao pau e à pedra de seu pai.
Quando o juízo lhes sobreviesse e se encontrando em angústia se voltariam para o Senhor lhe pedindo que os livrasse, mas teriam como resposta da parte dEle que fossem buscar tal auxílio nos deuses que vinham adorando (v. 26-28).
Ninguém poderia livrar Judá dos juízos pronunciados pelo Senhor, nem mesmo as nações com as quais tentariam entrar em aliança para serem livrados de Babilônia, como por exemplo a Assíria e o Egito.
Eles haviam desprezado as correções do Senhor, e Lhe haviam abandonado por inumeráveis dias, de modo que nada poderia lhes livrar da sentença do cativeiro, nem mesmo as reformas que o rei Josias estava empreendendo no país.
Deus conhece o coração, e sabia que eles estavam somente se sujeitando externamente às ordenanças do citado rei.
Eles estavam se arrependendo superficialmente, mas não de coração, conforme podemos ver em todo o livro do profeta Jeremias, que ultrapassou em muitos anos o período de reinado de Josias.
Judá se proclamava um povo livre, e portanto não queria se submeter aos mandamentos de Deus. Isto nos faz lembrar muito aqueles na Igreja que a pretexto de estarem debaixo da graça, são, no entanto, livres para continuarem pecando.
Até mesmo as vestes de muitos em Judá estavam manchadas pelo sangue de crianças inocentes, que haviam sido oferecidas como sacrifício à divindade moabita, chamada Moloque, e apesar disso ainda se diziam inocentes, e que não haveria nenhuma ira de qualquer juízo de Deus sobre eles.
Todavia o Senhor entraria em juízo com eles, exatamente porque estavam afirmando que não haviam pecado (v. 34, 35). Quando o homem se endurece e considera que não necessita de arrependimento, como poderá ser perdoado por Deus?


UMA BREVE REFLEXÃO PARA ENTENDER AS CONTENDAS DE DEUS COM O HOMEM PECADOR

Não se trata de uma batalha física. Não é uma guerra ao molde humano, com canhões e mísseis.
Se fosse algo de ordem de mera conquista de territórios, ou de se submeter uma nação ao jugo da servidão, Deus poderia fazê-lo com um simples sopro de Sua boca.
Se quisesse destruir toda a humanidade de sobre a face da terra, poderia fazê-lo num único instante.
Mas nunca foi este o seu objetivo na contenda que tem com a humanidade pecaminosa.
Sua guerra é de cunho moral e de santidade.
Sua vitória está em conduzir o homem decaído no pecado, à Sua própria santidade.
As batalhas desta guerra são empreendidas para submeter o mal e estabelecer o bem, não no exterior, mas no coração de cada pessoa.
As armas são espirituais: oração, louvor, pregação da verdade.
O campo de batalha é o coração humano.
O motivo da guerra é o amor de Deus pela humanidade  criada por Ele, para viver no amor, na justiça e na verdade.


“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua mocidade, do teu amor quando noiva, de como me seguiste no deserto, numa terra não semeada.
3 Então Israel era santo para o Senhor, primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor.
4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e todas as famílias da casa de Israel;
5 assim diz o Senhor: Que injustiça acharam em mim vossos pais, para se afastarem de mim, indo após a vaidade, e tornando-se levianos?
6 Eles não perguntaram: Onde está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito? que nos enviou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e densas trevas, por uma terra em que ninguém transitava, nem morava?
7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e o seu bem; mas quando nela entrastes, contaminastes a minha terra, e da minha herança fizestes uma abominação.
8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, e os governadores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal, e andaram após o que é de nenhum proveito.
9 Portanto ainda contenderei convosco, diz o Senhor; e até com os filhos de vossos filhos contenderei.
10 Pois passai às ilhas de Quitim, e vede; enviai a Quedar, e atentai bem; vede se jamais sucedeu coisa semelhante.
11 Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito.
12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor.
13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.
14 Acaso é Israel um servo? É ele um escravo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa?
15 Os leões novos rugiram sobre ele, e levantaram a sua voz; e fizeram da terra dele uma desolação; as suas cidades se queimaram, e ninguém habita nelas.
16 Até os filhos de Mênfis e de Tapanes te quebraram o alto da cabeça.
17 Porventura não trouxeste isso sobre ti mesmo, deixando o Senhor teu Deus no tempo em que ele te guiava pelo caminho?
18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito, para beberes as águas do Nilo? e que te importa a ti o caminho da Assíria, para beberes as águas do Eufrates?
19 A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que má e amarga coisa é o teres deixado o Senhor teu Deus, e o não haver em ti o temor de mim, diz o Senhor Deus dos exércitos.
20 Já há muito quebraste o teu jugo, e rompeste as tuas ataduras, e disseste: Não servirei: Pois em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore frondosa te deitaste, fazendo-te prostituta.
21 Todavia eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, de vida estranha?
22 Pelo que, ainda que te laves com salitre, e uses muito sabão, a mancha da tua iniqüidade está diante de mim, diz o Senhor Deus.
23 Como dizes logo: Não estou contaminada nem andei após Baal? Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos;
24 asna selvagem acostumada ao deserto e que no ardor do cio sorve o vento; quem lhe pode impedir o desejo? Dos que a buscarem, nenhum precisa cansar-se; pois no mês dela, achá-la-ão.
25 Evita que o teu pé ande descalço, e que a tua garganta tenha sede. Mas tu dizes: Não há esperança; porque tenho amado os estranhos, e após eles andarei.
26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se confundem os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, e os seus sacerdotes, e os seus profetas,
27 que dizem ao pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste. Porque me viraram as costas, e não o rosto; mas no tempo da sua angústia dir-me-ão: Levanta-te, e livra-nos.
28 Mas onde estão os teus deuses que fizeste para ti? Que se levantem eles, se te podem livrar no tempo da tua tribulação; porque os teus deuses, ó Judá, são tão numerosos como as tuas cidades.
29 Por que disputais comigo? Todos vós transgredistes contra mim diz o Senhor.
30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão destruidor.
31 Óh! Que geração! Considerai vós a palavra do Senhor: Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra de espessa escuridão? Por que pois diz o meu povo: somos livres; jamais tornaremos a ti?
32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a esposa do seu cinto? todavia o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias.
33 Como ornamentas o teu caminho, para buscares o amor! de sorte que até às malignas ensinaste os teus caminhos.
34 Até nas orlas dos teus vestidos se achou o sangue dos pobres inocentes; e não foi no lugar do arrombamento que os achaste; mas apesar de todas estas coisas,
35 ainda dizes: Eu sou inocente; certamente a sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei.
36 Por que te desvias tanto, mudando o teu caminho? Também pelo Egito serás envergonhada, como já foste envergonhada pela Assíria.


37 Também daquele sairás com as mãos sobre a tua cabeça; porque o Senhor rejeitou aqueles em quem confiaste, e não prosperarás com eles.”.


Jeremias 3

Volta Para Mim Esposa Infiel - Jeremias 3

O terceiro capítulo de Jeremias revela quão compassivo, longânimo,   misericordioso e perdoador é o Senhor.
Apesar de toda a grande maldade de Judá, conforme descrita por Ele próprio no capítulo anterior, nós o vemos no segundo capítulo estendendo Sua mão, não para castigar, mas para chamar, para convidar Judá ao arrependimento.
E Ele o faz, não em base de desconsideração para com o pecado, porque protesta que estava estendendo as mãos para uma nação infiel que estava se prostituindo.
Era como um marido traído se dispondo a perdoar  uma esposa infiel.
Somente pelo apelo deste capítulo se vê quão endurecido estava o povo de Judá, porque seria impossível, recusar a  um tal convite.
Com isto nós vemos quão excessivamente maligno é o pecado, quanto a nos impedir de receber a graça e o perdão de Deus.
Não é exatamente isto o que ocorre com a pessoas que recusam a graça do evangelho que lhes está sendo oferecida em Cristo Jesus?
É a mesma base quanto ao convite para a aproximação, porque não são pessoas justas que Deus está chamando, mas pecadores que têm transgredido os Seus mandamentos e vontade.
Pessoas que têm uma natureza que é inimiga de Deus e dos Seus santos e justos mandamentos.
Pessoas que têm deliberadamente voltado as suas costas para Ele, apesar de lhes estar oferecendo gratuitamente um perdão infinito, que lhe custou um preço terrível e infinito: a morte de Seu Filho Jesus Cristo na cruz, carregando sobre Si os nossos pecados.
O rei Josias estava empreendendo as suas reformas religiosas em Judá, e o Senhor interpôs com esta mensagem de Jeremias, para que os judeus se voltassem realmente de coração para Ele, e não apenas externamente, em cumprimento de ritos religiosos, e por destruírem os ídolos de madeira e de pedra que haviam feito para si.
Além disso, não basta destruir os ídolos no coração, porque é necessário adorar ao Senhor em espírito e em verdade.
O rei Josias não podia saber o que ia na verdade no coração do povo, mas o Senhor conhece perfeitamente a corrupção do coração, e por isso disse para ilustrar tal dureza no pecado, o fato de Judá não ter aprendido com os juízos que haviam sido trazidos por Ele sobre Israel; ao contrário, se entregaram às mesmas práticas idolátricas deles, e agora estavam fingindo nos dias de Josias, ter deixado a idolatria, que na verdade continuava em seus corações (v. 10).
Eles fingiram que estavam voltando para o Senhor, e portanto, não o estavam fazendo de todo o coração.
Se o rei não podia ver isto, no entanto, era perfeitamente conhecido por Deus.    
O pecado de Judá era maior do que o de Israel, porque não tiveram a oportunidade de aprenderem com qualquer juízo de cativeiro que Deus tivesse trazido sobre Judá, porque foram para o cativeiro antes deles (Jer 3.11).
Então, o Senhor se voltou em misericórdias também para os próprios israelitas que tinham sido levados em cativeiro pelos assírios, lhes rogando que voltassem para Ele, não necessariamente que saíssem da terra do cativeiro, onde estavam obrigados a se encontrar, mas que o fizessem em espírito, de coração, que Ele os receberia (v. 11-13), e no tempo próprio, o Senhor, libertaria os que se arrependessem e os traria a Sião, quando esta fosse restaurada depois do cativeiro babilônico, e ali lhes daria pastores segundo o Seu coração, que lhes apascentariam com conhecimento e com inteligência das coisas divinas (v. 15).
Esta profecia relativa aos pastores devotados ao Senhor se aplica mais especificamente ao tempo do evangelho, porque se diz no verso seguinte (Jer 3.16) que não haveria mais necessidade de se cultuar a Deus com uma arca da aliança, que representava a Sua presença no meio do Seu povo, tal como sucedia nos dias do Antigo Testamento, e nem haveria necessidade de que se construísse outra, porque isto não seria necessário nem ordenado por Ele.
Os adoradores do Senhor no Novo Pacto não o fariam tendo a arca da aliança em seus pensamentos, senão ao próprio Cristo, a quem representava em figura aquela arca.      
No reino do Messias, o Seu trono estará em   Jerusalém, e Ele regerá sobre as nações,  de maneira que o povo do Senhor não andará mais disperso e segundo o propósito maligno dos seus corações, porque terão sido purificados de todo pecado, e serão aperfeiçoados por Deus, para que estejam para sempre com Ele, em completa santidade de vida (v. 17).
O remanescente fiel de Judá juntamente com o de Israel estarão juntos nestes dias de glória do reino do Messias (v. 18).
Assim, seria cumprido o propósito eterno de Deus para o Seu povo, de ser a mais formosa terra e herança desejável entre as nações, sendo reconhecido como Pai do Seu povo, e dEle jamais se desviarão (v. 19). Veja que estas palavras tinham o propósito de fixar a esperança no coração dos israelitas, mesmo em cativeiro, para que não deixassem morrer a esperança messiânica, porque Deus tem feito boas e fiéis promessas para Israel, que se cumprirão no Messias.
O propósito eterno de Deus em relação a eles não pode ser frustrado, e portanto, por maiores que sejam as suas apostasias, o Senhor sempre terá um remanescente fiel entre eles, porque a Sua promessa, a Sua Palavra, não podem falhar.
Por causa disso, Deus estava chamando a mulher infiel para com o Seu marido, que havia sido o Seu povo, para que voltasse para Ele, em arrependimento, com confissão de pecados, de maneira que pudessem participar desta gloriosa vocação que Ele havia planejado para os israelitas.



“1 Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele mais para ela? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o Senhor.
2 Levanta os teus olhos aos altos escalvados, e vê: onde é o lugar em que não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto. Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia.
3 Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve chuva tardia; contudo tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha.
4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade;
5 Reterá ele para sempre a sua ira? ou indignar-se-á continuamente? Eis que assim tens dito; porém tens feito todo o mal que pudeste.
6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste, porventura, o que fez a apóstata Israel, como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore frondosa, e ali andou prostituindo-se?
7 E eu disse: Depois que ela tiver feito tudo isso, voltará para mim. Mas não voltou; e viu isso a sua aleivosa irmã Judá.
8 Sim viu que, por causa de tudo isso, por ter cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e lhe dei o seu libelo de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu.
9 E pela leviandade da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com o pau.
10 Contudo, apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá não voltou para mim de todo o seu coração, mas fingidamente, diz o Senhor.
11 E o Senhor me disse: A pérfida Israel mostrou-se mais justa do que a aleivosa Judá.
12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do norte, e diz: Volta, ó pérfida Israel, diz o Senhor. E não farei cair a minha ira sobre ti; porque misericordioso sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira.
13 Somente reconhece a tua iniqüidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa, e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.
14 Voltai, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque eu sou como esposo para vós; e vos tomarei, a um de uma cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião;
15 e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com conhecimento e com inteligência.
16 E quando vos tiverdes multiplicado e frutificado na terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A arca do pacto do Senhor; nem lhes virá ela ao pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão; nem se fará outra.
17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito do seu coração maligno.
18 Naqueles dias andará a casa de Judá com a casa de Israel; e virão juntas da terra do norte, para a terra que dei em herança a vossos pais.
19 Pensei como te poria entre os filhos, e te daria a terra desejável, a mais formosa herança das nações. Também pensei que me chamarias meu Pai, e que de mim não te desviarias.
20 Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor.
21 Nos lugares altos se ouve uma voz, o pranto e as súplicas dos filhos de Israel; porque perverteram o seu caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus.
22 Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade. Responderam eles: Eis-nos aqui, vimos a ti, porque tu és o Senhor nosso Deus.
23 Certamente em vão se confia nos outeiros e nas orgias nas montanhas; deveras no Senhor nosso Deus está a salvação de Israel.
24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o trabalho de nossos pais desde a nossa mocidade os seus rebanhos e os seus gados os seus filhos e as suas filhas.
25 Deitemo-nos em nossa vergonha, e cubra-nos a nossa confusão, porque temos pecado contra o Senhor nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.”. (Jeremias 3.1-25)



Jeremias 4

O Leão Alado Assassino - Jeremias 4

A bênção de todas as nações gentias dependia da obediência de Israel, para que se trouxesse por meio deles o Messias ao mundo, através do qual os gentios seriam alcançados, e se gloriariam nEle.
Por isso lemos o que se diz em Jeremias 4.2, e o apelo do Senhor dirigido aos judeus para que se voltassem para Ele, tirando todas as suas abominações de diante dEle, e não andando mais por caminhos tortuosos (Jer 4.1).
Para que pudessem cumprir o propósito de Deus a ser realizado no mundo inteiro a partir deles, os israelitas deveriam lavrar num coração novo, e não semearem a Palavra de Deus nele, entre os espinhos dos cuidados do mundo, do fascínio das riquezas, e de todos os pecados e interesses mundanos (Jer 4.3).
Além disso, mais do que circuncidarem seus prepúcios, deveriam circuncidar os seus corações, ou seja, mortificar as paixões da carne, despojar-se do velho homem, e assim seriam considerados de fato, circuncidados para o Senhor; ou seja, este seria o sinal de pertencerem verdadeiramente a Ele, de estarem aliançados, conforme a promessa que havia feito a Abraão.
Somente agindo de tal forma, não experimentariam o fogo do brasume da indignação do Senhor vindo sobre eles, por causa da maldades das suas obras, tal como havia irrompido anteriormente contra a casa de Israel (Reino do Norte – v. 4), depois de esperar por séculos seguidos, que se arrependessem.
Isto deveria ser anunciado em toda a terra de Judá, especialmente em Jerusalém, sua capital, onde se encontrava o templo e a maior parte dos principais sacerdotes e anciãos de Israel.
Eles deveriam gritar em voz alta dizendo que se ajuntassem para entrarem nas cidades fortificadas, ou seja, nas cidades de refúgio, para acharem proteção contra a invasão iminente de Babilônia, que em poucos anos os alcançaria.
O símbolo de Babilônia era um leão alado, e por isso se diz no verso 7 que um leão já havia partido do seu bosque, que era um destruidor de nações (porque Babilônia subjugaria muitas nações além de Judá), e que faria com que suas cidades ficassem assoladas e desabitadas.
O profeta convocou portanto o povo de Judá a se vestir de saco, lamentar e uivar, porque o ardor da ira de Deus não tinha se desviado deles, por causa dos seus pecados, dos quais não haviam se arrependido (v. 8).
No dia em que Babilônia viesse sobre Judá o coração do rei e dos príncipes desfaleceria, os sacerdotes ficariam pasmos, porque não criam que Deus permitiria a destruição do seu templo, e por isso confiavam que estariam para sempre seguros em Jerusalém, independentemente do modo como vivessem.
E além disso é dito que os profetas ficariam maravilhados, ou seja, eles não entenderiam como lhes sobreviera tamanha ruína, quando pensavam que a mensagem de paz que pregavam em nome do Senhor era verdadeira (v. 9).
Jeremias estava no início do seu ministério quando proferiu as palavras do verso 10 do quarto capítulo.
Ele não conhecia ainda muito bem os juízos do Senhor, que se misturam às Suas misericórdias, mas somente em face do arrependimento.
Então Suas promessas de paz não eram enganosas, conforme havia pensado o profeta, primeiro que não eram destinadas a todos os israelitas, senão somente aos que se arrependessem, conforme havia dito anteriormente pelo próprio profeta, e também que o juízo estava penetrando como uma espada na alma dos judeus, não propriamente por Seu desejo, mas pelas próprias iniquidades deles e endurecimento no pecado.
O vento forte abrasador que viria sobre os judeus, não seria para remover a palha da vaidade do meio do povo (cirandar), nem para limpá-los de seus pecados, mas seria um vento de juízo, na pessoa dos cavalos e carros dos babilônios, que viriam para produzir destruição de muitos ímpios do Seu povo.
Para estes não havia de fato nenhuma promessa de paz, ou de futura restauração, senão de destruição por causa das suas iniquidades, das quais não queriam se desviar (v. 18).
Então, em face deste juízo pronunciado direta e claramente por Deus, o profeta convoca Jerusalém a lavar o seu coração da maldade, deixando os seus maus pensamentos, para que pudesse ser salva (v. 14).
Porque a calamidade que viria sobre eles era certa, e estava sendo proclamada desde Dã, que era a extremidade norte de Israel, até os montes de Efraim, a saber, o território da tribo principal do Reino do Norte, que já não mais existia, por causa do cativeiro assírio. Ou seja, até mesmo fora dos termos de Judá estava sendo proclamada a ruína que viria sobre os judeus.
Todavia este juízo seria proclamado a todas as nações antes que sucedesse, para que todos soubessem que isto viera da parte do Senhor, por causa da iniquidade deles (v. 16). Para que se soubesse que o povo do Senhor havia se rebelado contra Ele (v. 17).
O coração do profeta estava acelerado e aflito, e era grande a angústia da sua alma, porque ficara alarmado com tais declarações, e não poderia ficar calado, porque ouvira o som de alerta da trombeta de Deus, e já podia ouvir o alarido da guerra que se aproximava (v. 19).
O profeta via somente destruição sobre destruição sendo apregoada e via toda a terra assolada, bem como as suas moradas, repentinamente (v. 20).
Ele indagava em seu espírito até quando veria o estandarte de guerra levantado, e o toque de alerta da trombeta de Deus?
Então conclui que realmente Judá era um povo insensato que não conhecia a Deus, porque eram filhos ignorantes e que não entendiam os caminhos do Senhor. Eles eram sábios apenas para praticarem o mal, e não sabiam fazer o bem (v. 22).
O profeta viu somente desolação na terra, como ela era no princípio, sem forma e vazia, e o mesmo ele viu em relação aos céus que não tinham luz.
E até todos os montes e colinas estavam tremendo e estremecendo diante dos juízos de Deus.
E a terra estava vazia, sem que houvesse nela qualquer pessoa, como também não havia aves no céu.
O pecado de Judá havia atingido toda a criação.
A criação estava gemendo e sofrendo por causa do pecado do povo de Deus, e da ira que seria manifestada sobre eles.
De modo que as terras férteis se transformaram em desertos, e todas as cidades estavam derrubadas diante do Senhor, por causa do furor da Sua ira (v. 26).
Então o Senhor pronunciou a sentença dos versos 27 a 29, onde afirmou que a sua sentença já havia sido lavrada e que não voltaria atrás, no entanto não consumiria a terra de todo.
Diante da sentença final do Senhor, o profeta indaga o que Judá faria agora, chamando-a de assolada.
Eles seriam desamparados por todas as nações com as quais buscassem se aliançar para fugir da destruição de Babilônia, que fora sentenciada sobre eles, mas por mais que tentassem lhes agradar, de nada adiantaria, porque o profeta havia ouvido uma voz, como a de uma mulher que está em trabalhos de parto, angustiada para dar à luz o seu primogênito, e esta era a voz de Judá ofegante, porque a dor que sentia era como a de parto, mas não geraria nenhum filho, porque esta seria a dor que sentiria em sua alma por causa dos assassinos que dariam contra ela.


“1 Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, se voltares para mim e tirares as tuas abominações de diante de mim, e não andares mais vagueando;
2 e se jurares: Como vive o Senhor, na verdade, na justiça e na retidão; então nele se bendirão as nações, e nele se gloriarão.
3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusalém: Lavrai o vosso terreno alqueivado, e não semeeis entre espinhos.
4 Circuncidai-vos ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitadores de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair como fogo, e arda de modo que ninguém o possa apagar, por causa da maldade das vossas obras.
5 Anunciai em Judá, e publicai em Jerusalém; e dizei: Tocai a trombeta na terra; gritai em alta voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortificadas.
6 Arvorai um estandarte no caminho para Sião; buscai refúgio, não demoreis; porque eu trago do norte um mal, sim, uma grande destruição.
7 Subiu um leão da sua ramada, um destruidor de nações; ele já partiu, saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as tuas cidades sejam assoladas, e ninguém habite nelas.
8 Por isso cingi-vos de saco, lamentai, e uivai, porque o ardor da ira do Senhor não se desviou de nós.
9 Naquele dia, diz o Senhor, desfalecerá o coração do rei e o coração dos príncipes; os sacerdotes pasmarão, e os profetas se maravilharão.
10 Então disse eu: Ah, Senhor Deus! verdadeiramente trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; entretanto a espada penetra-lhe até a alma.
11 Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento abrasador, vindo dos altos escalvados no deserto, aproxima-se da filha do meu povo, não para cirandar, nem para alimpar,
12 mas um vento forte demais para isto virá da minha parte; agora também pronunciarei eu juízos contra eles.
13 Eis que vem subindo como nuvens, como o redemoinho são os seus carros; os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! pois estamos arruinados!
14 Lava o teu coração da maldade, ó Jerusalém, para que sejas salva; até quando permanecerão em ti os teus maus pensamentos?
15 Porque uma voz anuncia desde Dã, e proclama a calamidade desde o monte de Efraim.
16 Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra Jerusalém que vigias vêm de uma terra remota; eles levantam a voz contra as cidades de Judá.
17 Como guardas de campo estão contra ela ao redor; porquanto ela se rebelou contra mim, diz o Senhor.




Jeremias 5

O Escassear da Justiça Abrevia o Juízo - Jeremias 5

A geração de Judá dos dias do profeta Jeremias havia se tornado como a geração de ímpios que foi destruída nos dias de Noé, ou então como a geração de incrédulos que tombou no deserto nos dias de Moisés, com a agravante, de que eles tinham diante de si, séculos de testemunhos dos poderosos feitos do Senhor, e dos juízos que Ele havia trazido sobre o Seu povo no passado, especialmente no período dos Juízes.
Todavia, não se arrependeram e se fizeram piores do que eles.
Daí o rigor das repreensões e das sentenças de juízos que receberam da parte de Deus.
Eles faziam jus a tudo o que o Senhor disse deles no final do quinto capítulo de Jeremias (v. 25 a 31).
O que foi resumido pelo Senhor em poucas palavras no início do capítulo, bem expressa que tais atos de iniquidade eram a consequência de não se achar nas ruas de Jerusalém uma só pessoa que praticasse a justiça e buscasse a verdade, e mesmo aqueles que diziam viver para o Senhor com juramento, faziam isto com lábios falsos. Eram falsos religiosos e não pessoas justas que O amassem de fato (Jer 5.1,2).
Deus lhes havia ferido com os Seus castigos, mas eles não emendaram os seus caminhos, porque estavam insensíveis para os Seus juízos; e mesmo quando eram consumidos se recusavam a receber a correção, e tendo endurecido as suas faces se recusavam a voltar para o Senhor.
É aqui que devemos entender que não basta pregar aos homens que Jesus é o Salvador, que a Sua graça está disponível para todos os que crerem nEle, e que é pela graça, mediante a fé nEle que somos salvos.
Porque não faz sentido Deus declarar que uma pessoa é justa pela graça por causa da sua fé (justificação) quando esta pessoa continua na prática dos seus antigos pecados e não se volta para o Senhor para uma verdadeira santificação da sua vida.
Por isso Ele não somente justifica quando a pessoa crê de fato, Ele também regenera, isto é, Ele faz com que tal pessoa nasça de novo do Espírito, e além disso, o mesmo Espírito haverá de impulsionar o crente à perseverança, porque é pela evidência da santificação, que se pode ter a certeza da salvação.
Veja o caso de Judá que dizia pertencer ao Senhor, que eram descendentes de Abraão, que tinham o templo, e a Lei de Deus e a aliança com Ele.
No entanto, o que encontramos sendo proferido pelo próprio Deus contra eles no livro de Jeremias?
São meras afirmações dos lábios, como eles faziam, que podem ser falsas, que podem garantir a salvação de uma pessoa?
Certamente não.
Deus requer vida transformada e santificada.
Testemunho de uma nova vida.
Por isso nos justifica pela graça, mediante a fé, com base na obra que Cristo fez em nosso favor. Para que possamos viver de modo digno dEle, e conforme a Sua vontade.
Por isso lemos em Jeremias 5.4 que os olhos de Deus atentam para a verdade, e que Ele nos corrige com o fim de nos voltarmos para Ele.
Tanto os pequenos quanto os grandes do povo de Judá se encontravam na mesma condição de falta de conhecimento dos caminhos do Senhor, e entregues ao pecado (Jer 5.4,5).
Então eles haviam sido colocados no cerco do Senhor para serem destruídos, porque eram muitas as suas transgressões, e haviam multiplicado sobremaneira as suas apostasias, e caso tentassem fugir de Judá seriam destruídos pelos animais selvagens (Jer 5.6).
Eles não mostravam sinais de arrependimento e assim não poderiam ser perdoados, porque a condição básica para o perdão é o arrependimento (mudança de mente e de vida).
Eles não somente se entregaram à prática da idolatria, como à do adultério, e não poderiam portanto, deixar de receber o justo castigo do Senhor, por causa das suas práticas (v. 7 a 9).
O Senhor os castigaria porque se recusavam a reconhecê-lo como o Deus deles, e afirmavam descaradamente que não lhes sobreviria qualquer juízo da parte dEle, quer sob a forma de fome ou de guerra contra as nações inimigas de Judá.
Como eles haviam desprezado ao Senhor e à Sua Palavra, dando ouvidos a falsos profetas, então Deus faria com que a Sua Palavra fosse como fogo na boca de Jeremias, e eles como lenha, para serem consumidos por ela.
Então foram declaradas as assolações que os babilônios fariam na terra de Judá.
Todavia o Senhor manteria um remanescente no meio do Seu povo (v. 18).
Contudo, os que fossem para o cativeiro, e que não fossem mortos em Judá, saberiam que foram enviados a servir um povo estrangeiro numa terra que não lhes pertencia, porque haviam servido a deuses estranhos na sua própria terra (v. 19).
Este juízo deveria ser proclamado não somente em Judá, mas ao remanescente de Israel, que havia permanecido no que sobrou do Reino do Norte.
Mais uma vez Deus chamou Judá de povo insensato, porque não tinha o Seu temor, porque sem temer o Senhor é impossível chegar a ter a verdadeira sabedoria, que é o real conhecimento pessoal de Deus, porque Ele a concede somente aos que O temem (v. 21-24).


“1 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas suas praças a ver se podeis achar um homem, se há alguém que pratique a justiça, que busque a verdade; e eu lhe perdoarei a ela.
2 E ainda que digam: Vive o Senhor; de certo falsamente juram.
3 Ó Senhor, acaso não atentam os teus olhos para a verdade? feriste-os, porém não lhes doeu; consumiste-os, porém recusaram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; recusaram-se a voltar.
4 Então disse eu: Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o caminho do Senhor, nem a justiça do seu Deus.
5 Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, e a justiça do seu Deus; mas aqueles de comum acordo quebraram o jugo, e romperam as ataduras.
6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo dos desertos os destruirá; um leopardo vigia contra as suas cidades; todo aquele que delas sair será despedaçado; porque são muitas as suas transgressões, e multiplicadas as suas apostasias.
7 Como poderei perdoar-te? pois teus filhos me abandonaram a mim, e juraram pelos que não são deuses; quando eu os tinha fartado, adulteraram, e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos.
8 Como cavalos bem nutridos, andavam rinchando cada um à mulher do seu próximo.
9 Acaso não hei de castigá-los por causa destas coisas? diz o Senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação como esta?
10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais, porém, uma destruição final; tirai os seus ramos; porque não são do Senhor.
11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor.
12 Negaram ao Senhor, e disseram: Não é ele; nenhum mal nos sobrevirá; nem veremos espada nem fome.
13 E até os profetas se farão como vento, e a palavra não está com eles; assim se lhes fará.
14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos: Porquanto proferis tal palavra, eis que converterei em fogo as minhas palavras na tua boca, e este povo em lenha, de modo que o fogo o consumirá.
15 Eis que trago sobre vós uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor; é uma nação forte, uma nação antiga, uma nação cuja língua ignoras, e não entenderás o que ela falar.
16 A sua aljava é como uma sepultura aberta; todos eles são valentes.
17 E comerão a tua sega e o teu pão, que teus filhos e tuas filhas haviam de comer; comerão os teus rebanhos e o teu gado; comerão a tua vide e a tua figueira; as tuas cidades fortificadas, em que confias, abatê-las-ão à espada.
18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei de vós uma destruição final.
19 E quando disserdes: Por que nos fez o Senhor nosso Deus todas estas coisas? então lhes dirás: Como vós me deixastes, e servistes deuses estranhos na vossa terra, assim servireis estrangeiros, em terra que não é vossa.
20 Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o em Judá, dizendo:
21 Ouvi agora isto, ó povo insensato e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis:
22 Não me temeis a mim? diz o Senhor; não tremeis diante de mim, que pus a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, que ele não pode passar? Ainda que se levantem as suas ondas, não podem prevalecer; ainda que bramem, não a podem traspassar.
23 Mas este povo é de coração obstinado e rebelde; rebelaram-se e foram-se.
24 E não dizem no seu coração: Temamos agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, tanto a temporã como a tardia, a seu tempo, e nos conserva as semanas determinadas da sega.
25 As vossas iniquidades desviaram estas coisas, e os vossos pecados apartaram de vós o bem.
26 Porque ímpios se acham entre o meu povo; andam espiando, como espreitam os passarinheiros. Armam laços, apanham os homens.
27 Qual gaiola cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de dolo; por isso se engrandeceram, e enriqueceram.
28 Engordaram-se, estão nédios; também excedem o limite da maldade; não julgam com justiça a causa dos órfãos, para que prospere, nem defendem o direito dos necessitados.
29 Acaso não hei de trazer o castigo por causa destas coisas? diz o senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação como esta?
30 Coisa espantosa e horrenda tem-se feito na terra:
31 os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam por intermédio deles; e o meu povo assim o deseja. Mas que fareis no fim disso?”. (Jeremias 5.1-31)




Jeremias 6

Não Ajuntou na Verdade se Espalhou na Mentira - Jeremias 6

O nono capítulo de Jeremias descreve a que nível havia chegado a iniquidade dos judeus nos dias de Jeremias.
Deus havia formado Israel para ser um povo pelo qual pudesse ser conhecido por todas as nações da terra, pelo que vissem neles.
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo: tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida dos cristãos.
Como haviam perdido totalmente a finalidade para a qual haviam sido formados, então o Senhor passaria a peneira no meio deles e pouparia somente aqueles poucos que eram grãos e não palha. Até estes seriam provados pelo fogo, para serem purificados, para que pudessem vir a dar um real testemunho de santidade.
Quando Deus é abandonado pelo Seu povo, tal como se deu com os judeus, o resultado disto será o que lemos nos primeiros versículos de Jeremias 9, onde o Senhor ordena que ninguém confiasse no próprio irmão, porque o que prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a falsidade.
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e com a mesma língua que lisonjeavam produziam feridas terríveis na reputação destas mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8).
Para quem não anda no Espírito, isto pode parecer exagerado, mas é a mais pura realidade, para aqueles que têm discernimento espiritual para perceberem tal estado de corrupção, quando até mesmo cristãos deixam de andar no temor de Deus.
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por causa de tais pecados, que o profeta gostaria que a sua cabeça se tornasse em águas, para que seus olhos derramassem lágrimas continuamente como uma fonte, por causa do pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das muitas mortes que o Senhor produziria no meio deles, quando consumasse os Seus juízos através dos babilônios (Jer 9.1).
Todavia, a par de tais sentimentos da mais profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de Israel, não por causa dos juízos que lhes sobreviriam, mas em razão do modo como eles viviam, apesar de serem o povo do Senhor. Eram um bando de adúlteros e de aleivosos (Jer 9.2).
Eles não tinham um conhecimento pessoal do Senhor, porque viviam para fortalecer as suas línguas, não para a verdade, mas para a mentira (v. 3).
Por amarem o engano se recusavam a conhecer ao Senhor.
Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao Senhor porque Ele é a verdade.
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, para remover do Seu povo a grande quantidade de escória que eram muitos deles, e reservaria para si somente aqueles que fossem achados fiéis (v. 7).
Deus disse que não poderia deixar sem castigo um tal estado de coisas, e se vingaria da nação de Israel, porque havia sido traído por eles (v. 9).
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de Judá como já executada, porque dali a poucos anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia pronunciado contra eles pelos seus profetas, e não apenas através de Jeremias.
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São meros professores de teologia? Não. Eles têm o encargo de torná-lO conhecido, bem como a Sua vontade, conforme revelada na Sua Palavra.
Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, mas como se corromperam na sua função, e amaram a avareza, as suas cobiças carnais, Deus levantou os profetas para falar diretamente ao povo através deles, quanto aos Seus  juízos.
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não haveria necessidade de profetas para repreendê-los e exortá-los.
Os judeus em vez de servirem ao Senhor, voltaram-se para os baalins, porque não conheciam os juízos terríveis da Sua Palavra contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), ou então, os conhecendo, consideravam que eram ameaças mortas de uma letra morta.
A propósito, muitos pensam que não haverá juízo final, e gracejam acerca da volta do Senhor Jesus como Juiz (II Pedro 3.3-10).
Todavia, o Senhor revelaria aos judeus que a Sua Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as ameaças previstas na Lei, especialmente a do cativeiro, e a morte pela espada das nações inimigas.
Então conheceriam o temor que lhe é devido e à Sua Palavra, pelo preço altíssimo que teriam que pagar como nação, de modo que tal temor fosse achado nas gerações seguintes, quando retornassem do cativeiro em Babilônia, passados os setenta anos determinados, que pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer.  
  Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos, porque não haveria nem tempo, nem condições para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal que até mesmo na morte foram desonrados por Deus.
E as nações saberiam que Deus é santo, e nada tinha a ver com as iniquidades praticadas pelo Seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à destruição.
Por isso ninguém deveria se gloriar em Judá na sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas suas riquezas, porque nada disto lhes poderia livrar dos juízos de Deus, e nada disto pode levar uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23).
 O único motivo que temos para nos gloriar é o próprio Deus, e o conhecimento que temos dEle e da Sua vontade, especialmente quanto a sabermos que Ele faz benevolência, juízo e justiça na terra, coisas estas que são todo o Seu agrado, e que, pelo conhecimento e prática das mesmas, somos livrados dos seus juízos .
Então quem quiser agradar a Deus deve imitá-lo na prática da misericórdia, do juízo e da justiça.
É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, que Deus julga toda a carne, e não por se ser circuncidado ou não no prepúcio.
Judá pensava que era diferente das demais nações por causa da circuncisão.
Mas o Senhor está dizendo que diante dEle não há nenhum justo, a não ser aqueles que são circuncidados de coração, ou seja aqueles que são justificados pela graça, mediante a fé, e que andam na prática da justiça, que é segundo a santificação (v. 25, 26).


“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite os mortos da filha do meu povo!
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem de viandantes, para poder deixar o meu povo, e me apartar dele! porque todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos.
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em malícia, e a mim me não conhecem, diz o Senhor.
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que enganar, e todo próximo anda caluniando.
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade; ensinaram a sua língua a falar a mentira; andam se cansando em praticar a iniquidade.
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor.
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os fundirei e os provarei; pois, de que outra maneira poderia proceder com a filha do meu povo?
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca fala cada um de paz com o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas.
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal como esta?
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas pastagens do deserto lamentação; porque já estão queimadas, de modo que ninguém passa por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as aves dos céus até os animais, fugiram e se foram.
11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de Judá farei uma desolação, de sorte que fiquem sem habitantes.
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se queimou como um deserto, de sorte que ninguém passa por ela?
13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei, que lhes pus diante, e não deram ouvidos à minha voz, nem andaram nela,
14 antes andaram obstinadamente segundo o seu próprio coração, e após baalins, como lhes ensinaram os seus pais.
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de comer losna a este povo, e lhe darei a beber água de fel.
16 Também os espalharei por entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e mandarei a espada após eles, até que venha a consumi-los.
17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai as carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que venham também;
18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós, para que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem águas.
19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui envergonhados, por termos deixado a terra, e por terem eles transtornado as nossas moradas.
20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra da sua boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha a lamentação.
21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e das praças os mancebos.
22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens cairão como esterco sobre a face do campo, e como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.
25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado juntamente com os incircuncisos:
26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.”.




Jeremias 7

Mais uma vez o Senhor apelou aos judeus para que não confiassem em mero ritualismo religioso, e nem mesmo nos sacrifícios e nas edificações do próprio templo de Jerusalém, porque não poderiam livrá-los da destruição, caso não emendassem os seus caminhos.
Eles pensavam erroneamente que Deus estava obrigado a defender Jerusalém porque o templo se situava nela. Entretanto o Senhor, lhes lembrou do que havia feito em Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli, quando o tabernáculo se encontrava naquela cidade, como permitiu que fosse destruída, e também removeu o tabernáculo de lá, por causa dos pecados de Israel.
Mais do que holocaustos e sacrifícios apresentados no templo Ele queria misericórdia, justiça, santidade. Queria não uma religião que se baseasse em práticas meramente externas, mas uma religião que partisse de corações transformados e santificados pela Sua Palavra.
Por isso lhes disse as seguintes palavras:

“22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.
24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia;
26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.” (v. 22 a 26).

Como a prática religiosa dos judeus não se harmonizava com o testemunho de vida deles, então o Senhor lhes disse as seguintes palavras, e por causa disto, reafirmou os juízos contras as idolatrias, injustiças e impiedades que eles vinham praticando, e a pior delas, a de se recusarem a ouvir a Palavra que lhes enviava pela boca dos Seus profetas:

“9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,
10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres para praticardes ainda todas essas abominações?
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.” (v. 9 a 11).


“1 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
2 Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor.
3 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar.
4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este.
5 Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras executardes a justiça entre um homem e o seu próximo;
6 se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal,
7 então eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais desde os tempos antigos e para sempre.
8 Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada são proveitosas.
9 Furtareis vós, e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não conhecestes,
10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres para praticardes ainda todas essas abominações?
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isso, diz o Senhor.
12 Mas ide agora ao meu lugar, que estava em Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo Israel.
13 Agora, pois, porquanto fizestes todas estas obras, diz o Senhor, e quando eu vos falei insistentemente, vós não ouvistes, e quando vos chamei, não respondestes,
14 farei também a esta casa, que se chama pelo meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos pais, como fiz a Siló.
15 E eu vos lançarei da minha presença, como lancei todos os vossos irmãos, toda a linhagem de Efraim.
16 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes; pois eu não te ouvirei.
17 Não vês tu o que eles andam fazendo nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém?
18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações a outros deuses, a fim de me provocarem à ira.
19 Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o Senhor; não se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão?
20 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da terra; sim, acender-se-á, e não se apagará.
21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei a carne.
22 Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem.
24 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e andaram para trás, e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia;
26 contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais.
27 Dir-lhes-ás pois todas estas palavras, mas não te darão ouvidos; chama-los-ás, mas não te responderão.
28 E lhes dirás: Esta é a nação que não obedeceu a voz do Senhor seu Deus e não aceitou a correção; já pereceu a verdade, e está exterminada da sua boca.
29 Corta os teus cabelos, Jerusalém, e lança-os fora, e levanta um pranto sobre os altos escalvados; porque o Senhor já rejeitou e desamparou esta geração, objeto do seu furor.
30 Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau aos meus olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a contaminarem.
31 E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem me veio à mente.
32 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que não se chamará mais Tofete, nem Vale do filho de Hinom, mas o Vale da Matança; pois enterrarão em Tofete, por não haver mais outro lugar.
33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às aves do céu e aos animais da terra; e ninguém os enxotará.
34 E farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, a voz de gozo e a voz de alegria, a voz de noivo e a voz de noiva; porque a terra se tornará em desolação.”.





Jeremias 8

Tão grande seria a desonra que o Senhor traria sobre o Seu povo quando os babilônios invadissem as suas terras, que até mesmo os ossos dos príncipes, dos sacerdotes, dos falsos profetas e dos demais moradores de Jerusalém, que haviam morrido, seriam arrancados de seus túmulos por eles, à busca de tesouros, e com isto suas sepulturas seriam profanadas e seus ossos e demais restos mortais  ficariam expostos ao tempo, servindo de pasto às aves do céu (v. 1), porque não haveria tempo e nem condições para serem novamente sepultados, debaixo da pressão que os babilônios fariam sobre o povo da terra, quando fossem vencidos por eles (v. 2).
E tal seria a angústia daquela hora que mesmo os que escapassem da morte pela espada dos babilônios prefeririam ter morrido também, porque seriam expulsos de suas casas e de sua própria nação (v. 3).
O Senhor enviou o profeta com a seguinte mensagem ao povo, para que refletissem sobre a condição espiritual deles, porque estavam caídos e não se levantavam; haviam se desviado e não retornaram ao caminho. No entanto, quanto ao que é natural, é normal que aquele que cai, torne imediatamente a se levantar. Aquele que se perde no caminho, volta para onde deveria estar (v. 4).        
Então o Senhor indagou através do profeta, a razão pela qual o Seu povo não havia se levantado dos seus pecados, e por que não havia retornado ao caminho da verdade e da justiça, e por que continuavam a se desviar continuamente dEle? E o próprio Deus deu a resposta: era porque estavam retendo o engano, o motivo de se recusarem a voltar para Ele (v.5).
A Igreja de Cristo deve aprender este diagnóstico perfeito para ser curada de suas possíveis apostasias. Porque é impossível voltar para Deus, depois de Lhe ter dado as costas, por permanecer no engano do pecado.
Se não houver um posicionamento decidido voltado para um sincero arrependimento, pelo abandono da prática do pecado, de  um viver carnal e mundano, não pode haver esperança de cura, pelo ser levantado espiritualmente e pelo retorno ao Senhor.
As nossas conversações revelarão o que somos de fato, e onde se encontra o nosso coração, quando não falamos o que é reto, e quando não nos arrependemos da nossa maldade. O endurecimento no pecado nos cegará e não veremos o que somos de fato. E tal como os judeus diremos: “Que fiz eu?”. E prosseguiremos nosso caminho em disparada carreira, prosseguindo após o pecado, com o mesmo ímpeto dos cavalos que arremetem na batalha (v. 6).
O mesmo pecado dos judeus é achado na Igreja de Laodiceia, que necessitada de arrependimento, por não conhecer os caminhos do Senhor, por causa do seu orgulho espiritual, e por se considerar sábia a seus próprios olhos, considera que pelo simples fato de participar das ordenações do culto do Senhor, por ler a Bíblia, mas interpretando-a conforme a conveniência da carne, pensam que têm feito a vontade de Deus (v. 7,8).
Contudo estes sábios segundo o mundo serão envergonhados, espantados e presos, porque têm rejeitado a verdadeira sabedoria e a Palavra do Senhor.
O Anticristo aguarda por todos aqueles que entre estes crentes não se arrependerem de seus pecados e da vaidade em que têm vivido, segundo as ordenações de um culto carnal, e não onde haja verdadeiro temor e reverência ao Senhor, num culto que seja verdadeiramente em espírito e em verdade; e assim, serão por fim vomitados da boca do Senhor, conforme Ele lhes tem ameaçado, caso não se arrependam (v. 9).
O juízo de Deus começa pela Sua própria casa, quando os crentes começam  a andar de modo desordenado, e a aumentar e muito a iniquidade em seus corações. Tal como o Senhor fizera aos judeus no passado.
Que pode então esperar o mundo de ímpios, quando o Senhor vier com grande poder e glória, visitar as maldades das suas ações?
Deus tinha uma contenda especialmente com os sacerdotes e com os profetas de Israel, que haviam se desviado de suas funções, por causa da avareza, e o povo tinha se acomodado à impiedade deles, e se fizera tal como eles, usando de falsidade mutuamente (v. 10).
Especialmente os sacerdotes e profetas que prometiam paz, quando não havia nenhuma paz, senão juízos por causa do pecado, não se envergonhavam de suas abominações.
Eles curavam as angústias dos israelitas dizendo que havia paz da parte de Deus para eles, mas o Senhor diz que isto era o mesmo que fechar um ferida externamente, enquanto a infecção continua corroendo profundamente as partes internas do corpo.
Havia então uma aparência de pessoas saudáveis e religiosamente santas. Mas o Senhor que conhece o coração, sabia que não passavam de  um bando de falsos que estavam cheios de podridão em seu interior, tal como os fariseus e escribas dos dias de Jesus, que se assemelhavam a sepulcros caiados.
Então, como se recusavam a reconhecer a vergonha em que viviam, o Senhor os envergonharia quando os fizesse cair sob o jugo de Babilônia, e quebraria assim toda a altivez que eles tinham, quando na verdade deveriam viver envergonhados por Lhe terem voltado as costas, envergonhando-se dEle e da Sua Palavra.
Então, pela falta dos devidos frutos em suas vidas, na condição de povo de Deus, Ele os entregaria à destruição. Ele destruiria a Sua vinha, porque se recusava a produzir os frutos espirituais de justiça e de comunhão, esperados por Ele.
Em face dos juízos anunciados, o profeta convocou o povo a se reunir e a aguardar a morte que lhes sobreviria da parte de Deus, porquanto haviam pecado contra Ele.
A paz que eles aguardavam não chegaria lhes trazendo bem algum, e em vez de cura lhes alcançaria o terror. Ele podia ouvir o estrondo dos exércitos de Babilônia arremetendo contra Judá, já se encontrando em Dã, que era o extremo norte de Israel, e devorariam a terra de Judá e tudo quanto nela havia.
   Deus lhes estava enviando os babilônios como serpentes venenosas que não poderiam ser detidas por qualquer tipo de encantamento, e certamente morderiam os judeus. Isto é o que sucede ao crente ou Igreja infiel que se recusa a servir ao Senhor em santidade de vida: são por fim entregues ao domínio da Serpente, Satanás, o diabo, para destruição da carne, ou para serem oprimidos por ele.
Em face deste quadro terrível o profeta declara a sua tristeza e dor de coração, pelo abandono de Sião pelo Senhor, e por terem os próprios judeus abandonado ao Seu Deus para servirem aos ídolos. Ele passou a andar de luto como que as mortes pronunciadas já tivessem sido consumadas, e o espanto passou a se apoderar dEle, porque sabia que não haveria cura para os judeus, embora houvesse bálsamo e médicos em Israel.

“1 Naquele tempo, diz o Senhor, tirarão para fora das suas sepulturas os ossos dos reis de Judá, e os ossos dos seus príncipes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos profetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalém;
2 e serão expostos ao sol, e à lua, e a todo o exército do céu, a quem eles amaram, e a quem serviram, e após quem andaram, e a quem buscaram, e a quem adoraram; não serão recolhidos nem sepultados; serão como esterco sobre a face da terra.
3 E será escolhida antes a morte do que a vida por todos os que restarem desta raça maligna, que ficarem em todos os lugares onde os lancei, diz o senhor dos exércitos.
4 Dize-lhes mais: Assim diz o Senhor: porventura cairão os homens, e não se levantarão? desviar-se-ão, e não voltarão?
5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? ele retém o engano, recusa-se a voltar.
6 Eu escutei e ouvi; não falam o que é reto; ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu? Cada um se desvia na sua carreira, como um cavalo que arremete com ímpeto na batalha.
7 Até a cegonha no céu conhece os seus tempos determinados; e a rola, a andorinha, e o grou observam o tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece a ordenança do Senhor.
8 Como pois dizeis: Nós somos sábios, e a lei do Senhor está conosco? Mas eis que a falsa pena dos escribas a converteu em mentira.
9 Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm eles?
10 Portanto darei suas mulheres a outros, e os seus campos aos conquistadores; porque desde o menor até o maior, cada um deles se dá à avareza; desde o profeta até o sacerdote, cada qual usa de falsidade.
11 E curam a ferida da filha de meu povo levianamente, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.
12 Porventura se envergonham de terem cometido abominação? Não; de maneira alguma se envergonham, nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto cairão entre os que caem; e no tempo em que eu os visitar, serão derribados, diz o Senhor.
13 Quando eu os colheria, diz o Senhor, já não há uvas na vide, nem figos na figueira; até a folha está caída; e aquilo mesmo que lhes dei se foi deles.
14 Por que nos assentamos ainda? juntai-vos e entremos nas cidades fortes, e ali pereçamos; pois o Senhor nosso Deus nos destinou a perecer e nos deu a beber água de fel; porquanto pecamos contra o Senhor.
15 Esperamos a paz, porém não chegou bem algum; e o tempo da cura, e eis o terror.
16 Já desde Dã se ouve o resfolegar dos seus cavalos; a terra toda estremece à voz dos rinchos dos seus ginetes; porque vêm e devoram a terra e quanto nela há, a cidade e os que nela habitam.
17 Pois eis que envio entre vós serpentes, basiliscos, contra os quais não há encantamento; e eles vos morderão, diz o Senhor.
18 Quem dera que eu pudesse consolar-me na minha tristeza! O meu coração desfalece dentro de mim.
19 Eis o clamor da filha do meu povo, de toda a extensão da terra; Não está o Senhor em Sião? Não está nela o seu rei? Por que me provocaram a ira com as suas imagens esculpidas, com vaidades estranhas?
20 Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.
21 Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto apoderou-se de mim.
22 Porventura não há bálsamo em Gileade? ou não se acha lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo?”.





Jeremias 9

Este capítulo descreve a que nível havia chegado a iniquidade dos judeus nos dias de Jeremias.
Deus havia formado Israel para ser um povo pelo qual pudesse ser conhecido por todas as nações da terra, pelo que vissem neles.
Esta é a mesma missão da Igreja no mundo, tornar Deus conhecido pelo testemunho de vida dos crentes.
Como haviam perdido totalmente a finalidade para a qual haviam sido formados, então o Senhor passaria a peneira no meio deles e pouparia somente aqueles poucos que eram grãos e não palha. Até estes seriam provados pelo fogo, para serem purificados, para que pudessem vir a dar um real testemunho de santidade.

“8 Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
9 E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus.” (Zac 13.8,9)

Quando Deus é abandonado pelo Seu povo, tal como se deu com os judeus, o resultado disto será o que lemos nos primeiros versículos deste capitulo, no qual o próprio Senhor ordena que ninguém confiasse no próprio irmão, porque o que prevalecia era o perjurar, o mentir, o caluniar, a falsidade.
Armavam armadilhas contra o seu próximo, e com a mesma língua que lisonjeavam produziam feridas terríveis na reputação destas mesmas pessoas que haviam elogiado (v. 8).
Para quem não anda no Espírito, isto pode parecer exagerado, mas é a mais pura realidade, para aqueles que têm discernimento espiritual para perceberem tal estado de corrupção, quando mesmo crentes deixam de andar no temor de Deus.
Tal era o estado repulsivo da nação de Judá por causa de tais pecados, que o profeta gostaria que a sua cabeça se tornasse em águas para que seus olhos derramassem lágrimas continuamente como uma fonte, por causa do pecado de seus irmãos israelitas, e por causa das muitas mortes que o Senhor produziria no meio deles quando consumasse os Seus juízos através dos babilônios (v. 1).
Todavia, a par de tais sentimentos da mais profunda tristeza, o profeta deseja se afastar de Israel, não pelo temor dos juízos que lhes sobreviriam, mas por causa da forma como eles viviam sendo o povo do Senhor. Eram um bando de adúlteros e de aleivosos (v. 2). E ninguém que esteja santificado tem prazer em tal companhia.
Eles não conheciam o Senhor porque viviam a fortalecer as suas línguas, não para a verdade, mas para a mentira (v. 3).
Por amarem o engano se recusavam a conhecer ao Senhor. Quem ama o erro não pode desejar conhecer ao Senhor porque Ele é a verdade.
Então o Senhor os fundiria como se faz ao ouro, para remover do Seu povo a grande quantidade de escória que eram muitos deles, e reservaria para si somente aqueles que fossem achados fiéis (v. 7).
Deus não poderia deixar sem castigo um tal estado de coisas, e se vingaria da nação de Israel porque havia sido traído por eles (v. 9).
Quem fosse sábio entre eles, veria a ruína de Judá como já executada, porque dali a poucos anos lhes sobreviria tudo o que o Senhor havia pronunciado contra eles pelos seus profetas, e não apenas através de Jeremias.
Por que Deus levanta mestres na Igreja? São meros professores de teologia? Não. Eles têm o encargo de torná-lO conhecido, bem como a Sua vontade, conforme revelada na Sua Palavra. Tal era o ministério dos sacerdotes e dos levitas, mas como eles se corromperam na sua função, e amaram a avareza, as suas cobiças carnais, Deus levantou os profetas para falar diretamente ao povo através deles, quanto aos Seus  juízos.
Se o povo andasse nos caminhos do Senhor, não haveria necessidade de profetas para repreendê-los e exortá-los.
Há grande perigo portanto quando se deixa de lado a Palavra revelada do Senhor, no caso dos judeus, a Lei de Moisés (v. 13), e da Igreja, toda a Bíblia, porque com isto estaremos deixando de dar ouvidos à Sua voz, e assim não poderemos andar segundo a Sua Palavra, senão de acordo com a obstinação do nosso próprio coração corrompido pelo pecado, que é mais enganoso do que todas as coisas. Por isso os judeus em vez de servirem ao Senhor, voltaram-se para os baalins, porque não conheciam os juízos terríveis da Sua Palavra contra aqueles que praticam a idolatria (v. 13,14), ou então, os conhecendo, consideravam que eram ameaças mortas de uma letra morta.
Todavia, o Senhor revelaria a eles que a Sua Palavra é viva, trazendo sobre eles todas as ameaças previstas na Lei, especialmente a do cativeiro, e a morte pela espada das nações inimigas. Então saberiam o temor que é devido ao Senhor e à Sua Palavra, pelo preço altíssimo que eles teriam que pagar como nação, de modo que tal temor fosse achado nas gerações seguintes, quando retornassem do cativeiro em Babilônia, passados os setenta anos determinados, em que pela vontade de Deus, deveriam lá permanecer.
  Tantos seriam os mortos da parte do Senhor, até mesmo jovens e velhos, que ficariam insepultos, porque não haveria nem tempo, nem condições para sepultá-los, e isto seria para eles um sinal que até mesmo na morte foram desonrados por Deus. E as nações saberiam que Deus é santo, e nada tinha a ver com as iniquidades praticadas pelo Seu povo, tanto que Ele próprio os vendera por nada, e os entregara à destruição.
Por isso ninguém deveria se gloriar em Judá na sua própria sabedoria, ou na sua força, ou nas suas riquezas, porque nada disto os poderia livrar dos juízos de Deus, e nada disto pode levar uma pessoa a agradar ao Senhor (v. 23).
 O único motivo que temos para nos gloriar é o próprio Deus, e o conhecimento que temos dEle e da Sua vontade, especialmente quanto a sabermos que Ele faz benevolência, juízo e justiça na terra, coisas estas que são todo o Seu agrado. Então quem quiser agradar a Deus deve imitá-lo na prática da misericórdia, do juízo e da justiça.
É por tal critério de misericórdia, justiça e juízo, que Deus julga toda a carne, e não por se ser circuncidado ou não no prepúcio. Judá pensava que era diferente das demais nações por causa da circuncisão. Mas o Senhor está dizendo que diante dEle não há nenhum justo, a não ser aqueles que são circuncidados de coração, ou seja aqueles que são justificados pela graça, mediante a fé, e que andam na prática da justiça, que é segundo a santificação (v. 25, 26).


“1 Quem dera a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite os mortos da filha do meu povo!
2 Quem dera que eu tivesse no deserto uma estalagem de viandantes, para poder deixar o meu povo, e me apartar dele! porque todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos.
3 E encurvam a língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em malícia, e a mim me não conhecem, diz o Senhor.
4 Guardai-vos cada um do seu próximo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo irmão não faz mais do que enganar, e todo próximo anda caluniando.
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade; ensinaram a sua língua a falar a mentira; andam-se cansando em praticar a iniquidade.
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo engano recusam-se a conhecer-me, diz o Senhor.
7 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os fundirei e os provarei; pois, de que outra maneira poderia proceder com a filha do meu povo?
8 uma flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca fala cada um de paz com o seu próximo, mas no coração arma-lhe ciladas.
9 Não hei de castigá-los por estas coisas? diz o Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal como esta?
10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas pastagens do deserto lamentação; porque já estão queimadas, de modo que ninguém passa por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as aves dos céus até os animais, fugiram e se foram.
11 E farei de Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de Judá farei uma desolação, de sorte que fiquem sem habitantes.
12 Quem é o homem sábio, que entenda isto? e a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por que razão pereceu a terra, e se queimou como um deserto, de sorte que ninguém passa por ela?
13 E diz o Senhor: porque deixaram a minha lei, que lhes pus diante, e não deram ouvidos à minha voz, nem andaram nela,
14 antes andaram obstinadamente segundo o seu próprio coração, e após baalins, como lhes ensinaram os seus pais.
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de comer losna a este povo, e lhe darei a beber água de fel.
16 Também os espalharei por entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e mandarei a espada após eles, até que venha a consumi-los.
17 Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai as carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis, para que venham também;
18 e se apressem, e levantem o seu lamento sobre nós, para que se desfaçam em lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem águas.
19 Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados! Estamos mui envergonhados, por termos deixado a terra, e por terem eles transtornado as nossas moradas.
20 Contudo ouvi, vós, mulheres, a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra da sua boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha a lamentação.
21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e das praças os mancebos.
22 Fala: Assim diz o Senhor: Até os cadáveres dos homens cairão como esterco sobre a face do campo, e como gavela atrás do segador, e não há quem a recolha.
23 Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas;
24 mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor.
25 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que castigarei a todo circuncidado juntamente com os incircuncisos:
26 ao Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é incircuncisa de coração.”.




Jeremias 10

Não podemos esquecer que Jeremias era ainda muito jovem quando o Senhor o chamou para o exercício do ministério profético. Já dissemos que seu ministério durou mais de quarenta anos. E nós o vemos neste capitulo, depois da experiência que tivera com a maldade dirigida contra ele pelos seus próprios conhecidos e parentes de Anatote, bem como de todos os sacerdotes que viviam na sua cidade natal, Jeremias estava amadurecendo nos caminhos do conhecimento não apenas da vontade do Senhor, como também do que há nos corações dos próprios homens. Todavia não havia amadurecido o bastante para compreender o motivo da grande longanimidade de Deus para com os ímpios, e até para com os piores deles, tal como ele próprio tivera oportunidade de constatar entre os seus próprios irmãos e toda a casa de seu pai (v. 6), de modo que o Senhor lhe advertiu para que não confiasse neles ainda que lhes dissessem coisas boas.
Isto não significa que devemos desconfiar de todos os nossos irmãos em Cristo, mas daqueles que têm rejeitado os caminhos do Senhor, faremos bem em nos guardar deles, tal como Deus havia aconselhado Jeremias a fazer em seus dias.
Jeremias havia aprendido a discernir que é possível ter o nome de Deus nos lábios enquanto o coração permanece distante dEle, tal como observara nos judeus (v. 2).
Então ele clamou para que o Senhor exercesse logo a Sua justiça contra os ímpios, tal a grandeza da maldade que vira em seus corações.
Mas como Deus não é o homem, Ele instruiu Jeremias que ele deveria aprender a ter a tenacidade espiritual que lhe permitisse correr não somente com homens que vão a pé, mas a correr até mesmo com cavalos, porque as suas tribulações não diminuiriam, mas aumentariam e muito, dali por diante. Ele não deveria fugir da batalha contra o mal, numa terra onde os juízos do Senhor não haviam ainda sido despejados. Ele deveria ser longânimo tal qual o Senhor e aguardar o tempo próprio do juízo. Ainda que não orasse pelo povo, conforme lhe havia sido ordenado, isto não significava que deveria clamar a Deus então para apressar logo a destruição deles.
Israel havia se rebelado contra Deus, e levantado sua voz contra Ele, e por isso, em vez de receberem a demonstração do Seu amor, receberiam a da Sua vingança (v. 8).
O estado a que Israel havia chegado foi o resultado da ação de maus e muitos pastores que haviam destruído a vinha do Senhor, e que fizeram de um quinhão dantes aprazível, um deserto desolado, onde não havia mais a presença e a glória de Deus (v. 10).
Então o Senhor seria o Pastor do Seu povo, e tentaria restaurar aqueles que dentre eles ainda tinham esperança de cura, e não somente eles, até mesmo as nações que lhes haviam assolado e que haviam ensinado Israel a adorar a Baal, poderiam ser edificadas no meio de Judá, quando fosse restaurada por Ele, no entanto, caso o recusassem também seriam totalmente arrancados, e os Senhor lhes faria perecer.

Isto tem se cumprido especialmente nos dias da Igreja, quando muitas nações gentias têm sido enxertadas no ramo de oliveira de Israel, por meio de quem receberam as Escrituras, os profetas, os apóstolos, e o principal de tudo, o Messias.  Assim, Israel ainda cumpriria a missão que lhe havia sido destinada por Deus, e isto explicava porque não destruiria todos os ímpios da terra, conforme desejava Jeremias.


“1 Ouvi a palavra que o Senhor vos fala a vós, ó casa de Israel.
2 Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho das nações, nem vos espanteis com os sinais do céu; porque deles se espantam as nações,
3 pois os costumes dos povos são vaidade; corta-se do bosque um madeiro e se lavra com machado pelas mãos do artífice.
4 Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam, para que não se mova.
5 São como o espantalho num pepinal, e não podem falar; necessitam de quem os leve, porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não podem fazer o mal, nem tampouco têm poder de fazer o bem.
6 Ninguém há semelhante a ti, ó Senhor; és grande, e grande é o teu nome em poder.
7 Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações? pois a ti se deve o temor; porquanto entre todos os sábios das nações, e em todos os seus reinos ninguém há semelhante a ti.
8 Mas eles todos são embrutecidos e loucos; a instrução dos ídolos é como o madeiro.
9 Trazem de Társis prata em chapas, e ouro de Ufaz, trabalho do artífice, e das mãos do fundidor; seus vestidos são de azul e púrpura; obra de peritos são todos eles.
10 Mas o Senhor é o verdadeiro Deus; ele é o Deus vivo e o Rei eterno, ao seu furor estremece a terra, e as nações não podem suportar a sua indignação.
11 Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os céus e a terra, esses perecerão da terra e de debaixo dos céus.
12 Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus.
13 Quando ele faz soar a sua voz, logo há tumulto de águas nos céus, e ele faz subir das extremidades da terra os vapores; faz os relâmpagos para a chuva, e dos seus tesouros faz sair o vento.
14 Todo homem se embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida envergonha-se todo fundidor; pois as suas imagens fundidas são falsas, e nelas não há fôlego.
15 Vaidade são, obra de enganos; no tempo da sua visitação virão a perecer.
16 Não é semelhante a estes aquele que é a porção de Jacó; porque ele é o que forma todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança. Senhor dos exércitos é o seu nome.
17 Tira do chão a tua trouxa, ó tu que habitas em lugar sitiado.
18 Pois assim diz o Senhor: Eis que desta vez arrojarei como se fora com uma funda os moradores da terra, e os angustiarei, para que venham a senti-lo.
19 Ai de mim, por causa do meu quebrantamento! a minha chaga me causa grande dor; mas eu havia dito: Certamente isto é minha enfermidade, e eu devo suportá-la.
20 A minha tenda está destruída, e todas as minhas cordas estão rompidas; os meus filhos foram-se de mim, e não existem; ninguém há mais que estire a minha tenda, e que levante as minhas lonas.
21 Pois os pastores se embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos.
22 Eis que vem uma voz de rumor, um grande tumulto da terra do norte, para fazer das cidades de Judá uma assolação, uma morada de chacais.
23 Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o dirigir os seus passos.
24 Corrige-me, ó Senhor, mas com medida justa; não na tua ira, para que não me reduzas a nada.
25 Derrama a tua indignação sobre as nações que não te conhecem, e sobre as famílias que não invocam o teu nome; porque devoraram a Jacó; sim, devoraram-no e consumiram-no, e assolaram a sua morada.”.

Este capítulo tem o principal propósito de convencer os judeus que o fato de serem subjugados por Babilônia não significava que os falsos deuses deles fossem mais poderosos do que o Deus de Israel.
Tais deuses não passam de obras das mãos dos homens, e por isso sequer devem ser temidos. Os judeus estariam em Babilônia, mas são instruídos por este capitulo a não ficarem impressionados com nenhuma das mistificações deles, e com os muitos magos e feiticeiros que existiam naquela terra.
Então mesmo na terra do cativeiro, eles deveriam se voltar para o Senhor de todo o seu coração, porque Ele é o Criador tanto dos céus quanto da terra, e não está preso a nenhum lugar, e pode ser achado em espírito por aqueles que o invocam em espírito, e que andam na prática da verdade.
Os judeus não deveriam portanto, assimilar os costumes de Babilônia, porque também havia da parte do Senhor um juízo que seria lavrado sobre eles no tempo oportuno, bem como sobre todas as suas imagens de escultura, que seriam destruídas por Ele, quando os entregasse ao poder dos medos e dos persas, mostrando quão impotentes são tais ídolos para livrarem a si mesmos, quanto mais aqueles que lhes prestam culto.


JEREMIAS 12

“1 Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio contigo; contudo pleitearei a minha causa diante de ti. Por que prospera o caminho dos ímpios? Por que vivem em paz todos os que procedem aleivosamente?
2 Plantaste-os, e eles se arraigaram; medram, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe do seu coração.
3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para contigo; tira-os como a ovelhas para o matadouro, e separa-os para o dia da matança.
4 Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos que nela habitam, perecem os animais e as aves; porquanto disseram: Ele não verá o nosso fim.
5 Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, então como poderás competir com cavalos? Se foges numa terra de paz, como hás de fazer na soberba do Jordão?
6 Pois até os teus irmãos, e a casa de teu pai, eles mesmos se houveram aleivosamente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes. Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas.
7 Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança; entreguei a amada da minha alma na mão de seus inimigos.
8 Tornou-se a minha herança para mim como leão numa floresta; levantou a sua voz contra mim, por isso eu a odeio.
9 Acaso é para mim a minha herança como uma ave de rapina de várias cores? Andam as aves de rapina contra ela em redor? Ide, pois, ajuntai a todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem.
10 Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu quinhão; tornaram em desolado deserto o meu quinhão aprazível.
11 Em assolação o tornaram; ele, desolado, clama a mim. Toda a terra está assolada, mas ninguém toma isso a peito.
12 Sobre todos os altos escalvados do deserto vieram destruidores, porque a espada do Senhor devora desde uma até outra extremidade da terra; não há paz para nenhuma carne.
13 Semearam trigo, mas segaram espinhos; cansaram-se, mas de nada se aproveitaram; haveis de ser envergonhados das vossas colheitas, por causa do ardor da ira do Senhor.
14 Assim diz o Senhor acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a minha herança que fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles.
15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e me compadecerei deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra.
16 E será que, se diligentemente aprenderem os caminhos do meu povo, jurando pelo meu nome: Vive o Senhor; como ensinaram o meu povo a jurar por Baal; então edificar-se-ão no meio do meu povo.
17 Mas, se não quiserem ouvir, totalmente arrancarei a tal nação, e a farei perecer, diz o Senhor.”.



Jeremias 11

Promessa Feita Promessa Cumprida - Jeremias 11

Nós vemos no capítulo 11 de Jeremias, que o Senhor vindicou a Sua fidelidade, santidade e justiça com esta mensagem que mandou Jeremias pregar em todas as cidades de Judá, lendo-lhes as palavras da aliança que havia feito com eles desde os dias de Moisés, na qual estavam previstos todos os juízos que viriam sobre eles, inclusive o do cativeiro, em caso de desobediência aos termos da aliança, que eles haviam voluntariamente feito com o Senhor.
Deus não muda. A Sua vontade não muda. A Sua Lei não muda. Mas a aliança seria mudada porque eles haviam violado a mesma. O Senhor faria uma nova aliança com a casa de Israel e de Judá, conforme está profetizado no trigésimo primeiro capítulo do livro de Jeremias, nos versos 31 a 34.
Mas antes de revogar a antiga aliança ela seria lida a todos os judeus para que soubessem que eles a haviam violado servindo a outros deuses e não somente ao Senhor.
Como um profeta não tem honra na sua própria terra, e entre os seus, foi justamente em Anatote, sua cidade natal, cidade de sacerdotes, que Jeremias sofreu grande oposição e resistência a ponto de terem intentado tirarem a sua própria vida, quando lhes proclamou, como em todas as cidades de Judá, que eles haviam quebrado a aliança do Senhor.
Então Deus ordenou a Jeremias que não mais orasse em favor daquele povo, porque Ele não os ouviria quando clamassem a Ele no dia da sua calamidade (v. 14).
Deus havia revelado, havia mostrado ao profeta a profundidade da iniquidade do coração de todos eles (v. 18); todavia o profeta continuava como um manso cordeiro em seu meio, sem saber que era contra ele próprio que estavam maquinando, com o intento de matá-lo (v. 19).
Mas o Senhor, justo Juiz que é, e que prova os corações e a mente, conhecia os intentos deles, que às ocultas armavam contra o Seu profeta, e por isso tomou a sua causa em Suas mãos, e proferiu um juízo terrível de morte contra os habitantes de Anatote.
Aqueles que estavam procurando a morte do justo, encontrariam a própria morte deles.  
Eles haviam proibido Jeremias de lhes profetizar em nome do Senhor (v. 21), para que não morresse nas mãos deles, mas o Senhor mataria os seus jovens à espada e os seus filhos e filhas morreriam de fome, e não deixaria que ficasse qualquer resto deles em Anatote, no ano da sua punição (v. 23).


“1 A palavra que veio a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:
2 Ouvi as palavras deste pacto, e falai aos homens de Judá, e aos habitantes de Jerusalém.
3 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Maldito o homem que não ouvir as palavras deste pacto,
4 que ordenei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha de ferro, dizendo: Ouvi a minha voz, e fazei conforme a tudo que vos mando; assim vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus;
5 para que eu confirme o juramento que fiz a vossos pais de dar-lhes uma terra que manasse leite e mel, como se vê neste dia. Então eu respondi, e disse: Amém, ó Senhor.
6 Disse-me, pois, o Senhor: Proclama todas estas palavras nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, dizendo: Ouvi as palavras deste pacto, e cumpri-as.
7 Porque com instância admoestei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, até o dia de hoje, protestando persistentemente e dizendo: Ouvi a minha voz.
8 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes andaram cada um na obstinação do seu coração malvado; pelo que eu trouxe sobre eles todas as palavras deste pacto, as quais lhes ordenei que cumprissem, mas não o fizeram.
9 Disse-me mais o Senhor: Uma conspiração se achou entre os homens de Judá, e entre os habitantes de Jerusalém.
10 Tornaram às iniquidades de seus primeiros pais, que recusaram ouvir as minhas palavras; até se foram após outros deuses para os servir; a casa de Israel e a casa de Judá quebrantaram o meu pacto, que fiz com seus pais.
11 Portanto assim diz o Senhor: Eis que estou trazendo sobre eles uma calamidade de que não poderão escapar; clamarão a mim, mas eu não os ouvirei.
12 Então irão as cidades de Judá e os habitantes de Jerusalém e clamarão aos deuses a que eles queimam incenso; estes, porém, de maneira alguma os livrarão no tempo da sua calamidade.
13 Pois, segundo o número das tuas cidades, são os teus deuses, ó Judá; e, segundo o número das ruas de Jerusalém, tendes levantado altares à impudência, altares para queimardes incenso a Baal.
14 Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a mim por causa da sua calamidade.
15 Que direito tem a minha amada na minha casa, visto que com muitos tem cometido grande abominação, e as carnes santas se desviaram de ti? Quando tu fazes mal, então andas saltando de prazer.
16 Denominou-te o Senhor oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos; mas agora, à voz dum grande tumulto, acendeu fogo nela, e se quebraram os seus ramos.
17 Porque o Senhor dos exércitos, que te plantou, pronunciou contra ti uma calamidade, por causa do grande mal que a casa de Israel e a casa de Judá fizeram, pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal.
18 E o Senhor mo fez saber, e eu o soube; então me fizeste ver as suas ações.
19 Mas eu era como um manso cordeiro, que se leva à matança; não sabia que era contra mim que maquinavam, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos viventes, para que não haja mais memória do seu nome.
20 Mas, ó Senhor dos exércitos, justo Juiz, que provas o coração e a mente, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; pois a ti descobri a minha causa.
21 Portanto assim diz o Senhor acerca dos homens de Anatote, que procuram a tua vida, dizendo: Não profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos;
22 por isso assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu os punirei; os mancebos morrerão à espada, os seus filhos e as suas filhas morrerão de fome.
23 E não ficará deles um resto; pois farei vir sobre os homens de Anatote uma calamidade, sim, o ano da sua punição.”. (Jeremias 11.1-23)



Jeremias 12

Não podemos esquecer que Jeremias era ainda muito jovem quando o Senhor o chamou para o exercício do ministério profético. Já dissemos que seu ministério durou mais de quarenta anos. E nós o vemos neste capitulo, depois da experiência que tivera com a maldade dirigida contra ele pelos seus próprios conhecidos e parentes de Anatote, bem como de todos os sacerdotes que viviam na sua cidade natal, Jeremias estava amadurecendo nos caminhos do conhecimento não apenas da vontade do Senhor, como também do que há nos corações dos próprios homens. Todavia não havia amadurecido o bastante para compreender o motivo da grande longanimidade de Deus para com os ímpios, e até para com os piores deles, tal como ele próprio tivera oportunidade de constatar entre os seus próprios irmãos e toda a casa de seu pai (v. 6), de modo que o Senhor lhe advertiu para que não confiasse neles ainda que lhes dissessem coisas boas.
Isto não significa que devemos desconfiar de todos os nossos irmãos em Cristo, mas daqueles que têm rejeitado os caminhos do Senhor, faremos bem em nos guardar deles, tal como Deus havia aconselhado Jeremias a fazer em seus dias.
Jeremias havia aprendido a discernir que é possível ter o nome de Deus nos lábios enquanto o coração permanece distante dEle, tal como observara nos judeus (v. 2).
Então ele clamou para que o Senhor exercesse logo a Sua justiça contra os ímpios, tal a grandeza da maldade que vira em seus corações.
Mas como Deus não é o homem, Ele instruiu Jeremias que ele deveria aprender a ter a tenacidade espiritual que lhe permitisse correr não somente com homens que vão a pé, mas a correr até mesmo com cavalos, porque as suas tribulações não diminuiriam, mas aumentariam e muito, dali por diante. Ele não deveria fugir da batalha contra o mal, numa terra onde os juízos do Senhor não haviam ainda sido despejados. Ele deveria ser longânimo tal qual o Senhor e aguardar o tempo próprio do juízo. Ainda que não orasse pelo povo, conforme lhe havia sido ordenado, isto não significava que deveria clamar a Deus então para apressar logo a destruição deles.
Israel havia se rebelado contra Deus, e levantado sua voz contra Ele, e por isso, em vez de receberem a demonstração do Seu amor, receberiam a da Sua vingança (v. 8).
O estado a que Israel havia chegado foi o resultado da ação de maus e muitos pastores que haviam destruído a vinha do Senhor, e que fizeram de um quinhão dantes aprazível, um deserto desolado, onde não havia mais a presença e a glória de Deus (v. 10).
Então o Senhor seria o Pastor do Seu povo, e tentaria restaurar aqueles que dentre eles ainda tinham esperança de cura, e não somente eles, até mesmo as nações que lhes haviam assolado e que haviam ensinado Israel a adorar a Baal, poderiam ser edificadas no meio de Judá, quando fosse restaurada por Ele, no entanto, caso o recusassem também seriam totalmente arrancados, e os Senhor lhes faria perecer.

Isto tem se cumprido especialmente nos dias da Igreja, quando muitas nações gentias têm sido enxertadas no ramo de oliveira de Israel, por meio de quem receberam as Escrituras, os profetas, os apóstolos, e o principal de tudo, o Messias.  Assim, Israel ainda cumpriria a missão que lhe havia sido destinada por Deus, e isto explicava porque não destruiria todos os ímpios da terra, conforme desejava Jeremias.  

“1 Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio contigo; contudo pleitearei a minha causa diante de ti. Por que prospera o caminho dos ímpios? Por que vivem em paz todos os que procedem aleivosamente?
2 Plantaste-os, e eles se arraigaram; medram, dão também fruto; chegado estás à sua boca, porém longe do seu coração.
3 Mas tu, ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para contigo; tira-os como a ovelhas para o matadouro, e separa-os para o dia da matança.
4 Até quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por causa da maldade dos que nela habitam, perecem os animais e as aves; porquanto disseram: Ele não verá o nosso fim.
5 Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, então como poderás competir com cavalos? Se foges numa terra de paz, como hás de fazer na soberba do Jordão?
6 Pois até os teus irmãos, e a casa de teu pai, eles mesmos se houveram aleivosamente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas vozes. Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas.
7 Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança; entreguei a amada da minha alma na mão de seus inimigos.
8 Tornou-se a minha herança para mim como leão numa floresta; levantou a sua voz contra mim, por isso eu a odeio.
9 Acaso é para mim a minha herança como uma ave de rapina de várias cores? Andam as aves de rapina contra ela em redor? Ide, pois, ajuntai a todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem.
10 Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu quinhão; tornaram em desolado deserto o meu quinhão aprazível.
11 Em assolação o tornaram; ele, desolado, clama a mim. Toda a terra está assolada, mas ninguém toma isso a peito.
12 Sobre todos os altos escalvados do deserto vieram destruidores, porque a espada do Senhor devora desde uma até outra extremidade da terra; não há paz para nenhuma carne.
13 Semearam trigo, mas segaram espinhos; cansaram-se, mas de nada se aproveitaram; haveis de ser envergonhados das vossas colheitas, por causa do ardor da ira do Senhor.
14 Assim diz o Senhor acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a minha herança que fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles.
15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e me compadecerei deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua terra.
16 E será que, se diligentemente aprenderem os caminhos do meu povo, jurando pelo meu nome: Vive o Senhor; como ensinaram o meu povo a jurar por Baal; então edificar-se-ão no meio do meu povo.


17 Mas, se não quiserem ouvir, totalmente arrancarei a tal nação, e a farei perecer, diz o Senhor.”.



Jeremias 13

O Ramo Que Não Dá Fruto É Cortado - Jeremias 13

O Senhor ordenou a Jeremias que comprasse um cinto e que depois de usá-lo o conduzisse para o rio Eufrates, um dos rios que regava Babilônia e que lá o deixasse enterrado num determinado lugar.
Passado certo tempo Deus ordenou a Jeremias que fosse buscar o cinto, e quando este o desenterrou, encontrava-se apodrecido, sem qualquer serventia.
Então o Senhor lhe disse que tal como aquele cinto Judá havia se tornado para Ele, ou seja, imprestável.
Eles ficariam portanto apodrecidos em Babilônia, o novo lugar deles, porque o Senhor não os traria mais presos ao Seu quadril, porque haviam deixado de ser o cinto de justiça que deveriam ser para Ele.
Assim como a corrupção natural havia estragado o cinto de Jeremias, de igual modo a corrupção moral havia estragado Judá para os propósitos de Deus.
Eles deveriam ser o cinto do Senhor, com o qual Ele sustentaria a Sua justiça na terra, mas corrompidos como se achavam pelo pecado, não poderiam cumprir tal função.
Além disso, o apodrecimento do cinto representava o fato de que o Senhor faria apodrecer a soberba de Judá, e a ainda maior soberba de Jerusalém, porque era nela que se encontravam concentrados os principais sacerdotes, anciãos e nobres da nação (v. 9).
O Senhor apanharia os israelitas na própria sabedoria deles, pela proposição de um símile muito simples que lhes seria dito por Jeremias, dizendo que todo odre seria enchido de vinho. E eles responderiam obviamente que é este o propósito de todo odre de vinho, ou seja, ser enchido de tal bebida (v. 12).
Só que não sabiam que eles eram os odres, e que seriam enchidos não de vinho natural, mas do vinho do furor da ira do Senhor, e eles ficariam embriagados e cheios de violência, porque se atrairiam uns aos outros, e seriam deixados entregues a seus próprios instintos violentos, porque o Senhor não se compadeceria deles, e então chegariam ao ponto de se  atirarem uns contra os outros, até mesmo os pais com seus filhos.  
Eles deveriam então deixar a soberba e inclinarem seus ouvidos para ouvirem o que o Senhor lhes estava dizendo por meio do Seu profeta.
E deveriam dar glória ao Senhor como o único Deus deles, antes que chegasse o dia da escuridão, no qual os seus pés tropeçariam nos montes em trevas, quando fossem conduzidos para Babilônia.
Todavia, se permanecessem endurecidos em sua soberba a alma do Senhor choraria, mas o faria em oculto, por causa da soberba deles, e os seus olhos se desfariam em lágrimas, porque o rebanho do Senhor seria levado em cativeiro.
A nação deveria se humilhar perante o Senhor, e isto a partir do rei e da rainha-mãe, porque aos olhos do Senhor já não havia nenhuma coroa sobre as cabeças deles, porque seriam tratados como o povo comum da terra.
Eles não poderiam achar refúgio nas cidades do Neguebe, porque estariam fechadas para eles, e não haveria quem as abrisse.
O destino deles seria o cativeiro em Babilônia, e seria para lá que seriam conduzidos, lhes revelando que os propósitos do Senhor não podem ser frustrados.
Quando os judeus indagassem em seus corações qual foi o motivo de tão terrível castigo, eles deveriam saber que isto foi devido às suas iniquidades (v. 22).
Isto deveria ficar na memória deles e das gerações futuras para que temessem voltar a se rebelar contra o Senhor, para não sofrerem os mesmos castigos.
Todavia, não aprenderam a lição em algumas de suas gerações, como nos próprios dias de nosso Senhor, quando foram espalhados pelos romanos por todas as nações da terra, por terem-nO rejeitado como enviado por Deus a eles, e não somente a Ele, como as palavras que Ele lhes transmitiu da parte do Pai.
Os judeus deveriam mudar a sua natureza, deveriam ser transformados, porque é impossível que alguém possa fazer o bem, estando acostumado a fazer o mal, tal como o etíope não pode mudar a cor da sua pele negra em branca, nem o leopardo as suas manchas.
É preciso que haja uma disposição para deixar que o Senhor nos dê uma nova natureza, que seja inclinada a fazer a Sua vontade.
Porque se isto não ocorrer seremos espalhados como a moinha que é espalhada pelo vento, porque aquele que não se ajunta a Ele, em sua santidade, é espalhado.
É preciso se purificar do mal, para que se possa escapar do juízo do Senhor, e isto só pode ser feito por uma verdadeira santificação do coração, por meio da fé em Cristo, e por se submeter ao trabalho de disciplina que é operado pelo Espírito Santo.


“1 Assim me disse o Senhor: Vai, e compra-te um cinto de linho, e põe-no sobre os teus lombos, mas não o metas na água.
2 E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o pus sobre os meus lombos.
3 Então me veio a palavra do Senhor pela segunda vez, dizendo:
4 Toma o cinto que compraste e que trazes sobre os teus lombos, e levanta-te, vai ao Eufrates, e esconde-o ali na fenda duma rocha.
5 Fui, pois, e escondi-o junto ao Eufrates, como o Senhor me havia ordenado.
6 E passados muitos dias, me disse o Senhor: Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto que te ordenei que escondesses ali.
7 Então fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o cinto do lugar onde e havia escondido; e eis que o cinto tinha apodrecido, e para nada prestava.
8 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
9 Assim diz o Senhor: Do mesmo modo farei apodrecer a soberba de Judá, e a grande soberba de Jerusalém.
10 Este povo maligno, que se recusa a ouvir as minhas palavras, que caminha segundo a teimosia do seu coração, e que anda após deuses alheios, para os servir, e para os adorar, será tal como este cinto, que para nada presta.
11 Pois, assim como se liga o cinto aos lombos do homem, assim eu liguei a mim toda a casa de Israel, e toda a casa de Judá, diz o Senhor, para me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória; mas não quiseram ouvir:
12 Pelo que lhes dirás esta palavra: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Todo o odre se encherá de vinho. E dir-te-ão: Acaso não sabemos nós muito bem que todo o odre se encherá de vinho?
13 Então lhes dirás: Assim diz o Senhor: Eis que eu encherei de embriaguez a todos os habitantes desta terra, mesmo aos reis que se assentam sobre o trono de Davi, e aos sacerdotes, e aos profetas, e a todos os habitantes de Jerusalém.
14 E atira-los-ei uns contra os outros, mesmo os pais juntamente com os filhos, diz o Senhor; não terei pena nem pouparei, nem terei deles compaixão para não os destruir.
15 Escutai, e inclinai os ouvidos; não vos ensoberbeçais, porque o Senhor falou.
16 Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que venha a escuridão e antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que, esperando vós luz, ele a mude em densas trevas, e a reduza a profunda escuridão.
17 Mas, se não ouvirdes, a minha alma chorará em oculto, por causa da vossa soberba; e amargamente chorarão os meus olhos, e se desfarão em lágrimas, porque o rebanho do Senhor se vai levado cativo.
18 Dize ao rei e à rainha-mãe: Humilhai-vos, sentai-vos no chão; porque de vossas cabeças já caiu a coroa de vossa glória.
19 As cidades do Negebe estão fechadas, e não há quem as abra; todo o Judá é levado cativo, sim, inteiramente cativo.
20 Levantai os vossos olhos, e vede os que vêm do norte; onde está o rebanho que se te deu, o teu lindo rebanho?
21 Que dirás, quando ele puser sobre ti como cabeça os que ensinaste a serem teus amigos? Não te tomarão as dores, como as duma mulher que está de parto?
22 Se disseres no teu coração: Por que me sobrevieram estas coisas? Pela multidão das tuas iniquidades se descobriram as tuas fraldas, e os teus calcanhares sofrem violência.
23 pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal.
24 Pelo que os espalharei como o restolho que passa arrebatado pelo vento do deserto.
25 Esta é a tua sorte, a porção que te é medida por mim, diz o Senhor; porque te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras.
26 Assim também eu levantarei as tuas fraldas sobre o teu rosto, e aparecerá a tua ignominia.


27 Os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua prostituição, essas abominações tuas, eu as tenho visto sobre os outeiros no campo. Ai de ti, Jerusalém! até quando não te purificarás?”. (Jeremias 13.1-17)



Jeremias 14

Deus estava enviando sinais a Judá de que o cativeiro seria cumprido, como forma final de castigo da impenitência deles, tal como previsto na Lei de Moisés.
Ele estava revelando o cumprimento dos juízos previstos na Sua Palavra, em caso de desobediência à Sua Lei, enviando uma grande seca sobre a terra, que estava castigando não somente as pessoas como até mesmo os animais. Inclusive os grandes da terra estavam sofrendo pela extrema falta de água (v. 1).
Nós estamos apresentando a seguir, as ameaças dos juízos de Deus contra Israel, em caso de desobediência à aliança, conforme previsto na Lei:

“14 Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos,
15 e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma desprezar os meus preceitos, de modo que não cumprais todos os meus mandamentos, mas violeis o meu pacto,
16 então eu, com efeito, vos farei isto: porei sobre vós o terror, a tísica e a febre ardente, que consumirão os olhos e farão definhar a vida; em vão semeareis a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão.
17 Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; os que vos odiarem dominarão sobre vós, e fugireis sem que ninguém vos persiga.
18 Se nem ainda com isto me ouvirdes, prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
19 Pois quebrarei a soberba do vosso poder, e vos farei o céu como ferro e a terra como bronze.
20 Em vão se gastará a vossa força, porquanto a vossa terra não dará o seu produto, nem as árvores da terra darão os seus frutos.
21 Ora, se andardes contrariamente para comigo, e não me quiseres ouvir, trarei sobre vos pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados.
22 Enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e destruirão o vosso gado, e vos reduzirão a pequeno número; e os vossos caminhos se tornarão desertos.
23 Se nem ainda com isto quiserdes voltar a mim, mas continuardes a andar contrariamente para comigo,
24 eu também andarei contrariamente para convosco; e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
25 Trarei sobre vós a espada, que executará a vingança do pacto, e vos aglomerareis nas vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.
26 Quando eu vos quebrar o sustento do pão, dez mulheres cozerão o vosso pão num só forno, e de novo vo-lo entregarão por peso; e comereis, mas não vos fartareis.
27 Se nem ainda com isto me ouvirdes, mas continuardes a andar contrariamente para comigo,
28 também eu andarei contrariamente para convosco com furor; e vos castigarei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
29 E comereis a carne de vossos filhos e a carne de vossas filhas.
30 Destruirei os vossos altos, derrubarei as vossas imagens do sol, e lançarei os vossos cadáveres sobre os destroços dos vossos ídolos; e a minha alma vos abominará.
31 Reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave.
32 Assolarei a terra, e sobre ela pasmarão os vossos inimigos que nela habitam.
33 Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos perseguirei; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades se tornarão em deserto.
34 Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e folgará nos seus sábados.
35 Por todos os dias da assolação descansará, pelos dias que não descansou nos vossos sábados, quando nela habitáveis.
36 E, quanto aos que de vós ficarem, eu lhes meterei pavor no coração nas terras dos seus inimigos; e o ruído de uma folha agitada os porá em fuga; fugirão como quem foge da espada, e cairão sem que ninguém os persiga;
37 sim, embora não haja quem os persiga, tropeçarão uns sobre os outros como diante da espada; e não podereis resistir aos vossos inimigos.
38 Assim perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos vos devorará;
39 e os que de vós ficarem definharão pela sua iniquidade nas terras dos vossos inimigos, como também pela iniquidade de seus pais.
40 Então confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas transgressões, com que transgrediram contra mim; igualmente confessarão que, por terem andado contrariamente para comigo,
41 eu também andei contrariamente para com eles, e os trouxe para a terra dos seus inimigos. Se então o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem por bem o castigo da sua iniquidade,
42 eu me lembrarei do meu pacto com Jacó, do meu pacto com Isaque, e do meu pacto com Abraão; e bem assim da terra me lembrarei.
43 A terra também será deixada por eles e folgará nos seus sábados, sendo assolada por causa deles; e eles tomarão por bem o castigo da sua iniquidade, em razão mesmo de que rejeitaram os meus preceitos e a sua alma desprezou os meus estatutos.
44 Todavia, ainda assim, quando eles estiverem na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem os abominarei a ponto de consumi-los totalmente e quebrar o meu pacto com eles; porque eu sou o Senhor seu Deus.
45 Antes por amor deles me lembrarei do pacto com os seus antepassados, que tirei da terra do Egito perante os olhos das nações, para ser o seu Deus. Eu sou o Senhor.
46 São esses os estatutos, os preceitos e as leis que o Senhor firmou entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, por intermédio de Moisés.” (Lev 26.14-46).

Deus estava sendo fiel à Palavra que havia proferido há mais de oitocentos anos antes de Jeremias. Ao lermos este texto de Levítico, podemos compreender melhor os juízos que estavam sendo pronunciados pelo profeta.
Jeremias estava sofrendo juntamente com os judeus pelos efeitos daquela grande seca, então levantou um clamor ao Senhor confessando os pecados da nação, e pedindo-Lhe que os libertasse daquele grande sofrimento porque era o Redentor de Israel. Ele apelou pelo fato de serem conhecidos pelo nome do Senhor.
Todavia o Senhor respondeu ao profeta que aquilo lhes foi enviado porque gostaram muito de andar errantes e não detiveram os seus pés para a prática da maldade, e por isso lhes havia rejeitado e estava trazendo em lembrança as iniquidades deles, de modo que ordenou a Jeremias, mais uma vez, que não orasse pelo bem daquele povo, porque já estava lavrada a sentença dos juízos que deveriam sofrer e que culminariam com a ida deles para o cativeiro.
E quando o próprio povo jejuasse, não ouviria o clamor deles, e faria o mesmo quando eles oferecessem holocaustos e oblações, porque não se agradaria deles; antes os consumiria pela espada, e pela fome e pela peste, conforme estava previsto na Lei de Moisés, particularmente no vigésimo sexto capitulo do livro de Levítico.
Muitos profetas haviam se levantado no meio daquela calamidade, daquela grande seca, e procuraram consolar os judeus dizendo-lhes que não veriam espada, nem fome, e que Deus lhes daria a verdadeira paz na terra deles (v. 13).
O próprio Jeremias, no meio de todo aquele sofrimento se deixou influenciar pela mensagem deles, e disse ao Senhor o que eles estavam profetizando. Mas Deus lhe deu a seguinte resposta:

“14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.
15 Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas.
16 E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17 Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga.
18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e, se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra, e nada sabem.”

Mesmo com esta resposta que recebera do Senhor quanto aos falsos profetas, Jeremias, de tão compadecido que estava, ainda clamou por misericórdia a Deus em favor de Judá, porque o próprio Senhor lhe dissera da grande dor que sentia em ter que estar tratando Judá daquela maneira, e por fim, pediu ao Senhor que tornasse a lhes dar chuva porque tal poder não se encontrava nos falsos deuses nem mesmo nos céus, mas no próprio Senhor (v. 19 a 22).


“1 A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, a respeito da seca.
2 Judá chora, e as suas portas estão enfraquecidas; eles se sentam de luto no chão; e o clamor de Jerusalém já vai subindo.
3 E os seus nobres mandam os seus inferiores buscar água; estes vão às cisternas, e não acham água; voltam com os seus cântaros vazios; ficam envergonhados e confundidos, e cobrem as suas cabeças.
4 Por causa do solo ressecado, pois que não havia chuva sobre a terra, os lavradores ficam envergonhados e cobrem as suas cabeças.
5 Pois até a cerva no campo pare, e abandona sua cria, porquanto não há erva.
6 E os asnos selvagens se põem nos altos escalvados e, ofegantes, sorvem o ar como os chacais; desfalecem os seus olhos, porquanto não há erva.
7 Posto que as nossas iniquidades testifiquem contra nós, ó Senhor, opera tu por amor do teu nome; porque muitas são as nossas rebeldias; contra ti havemos pecado.
8 Ó esperança de Israel, e Redentor seu no tempo da angústia! por que serias como um estrangeiro na terra? e como o viandante que arma a sua tenda para passar a noite?
9 Por que serias como homem surpreendido, como valoroso que não pode livrar? Mas tu estás no meio de nós, Senhor, e nós somos chamados pelo teu nome; não nos desampares.
10 Assim diz o Senhor acerca deste povo: Pois que tanto gostaram de andar errantes, e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não os aceita, mas agora se lembrará da iniquidade deles, e visitará os seus pecados.
11 Disse-me ainda o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem.
12 Quando jejuarem, não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e oblações, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela espada, e pela fome e pela peste.
13 Então disse eu: Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem: Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz verdadeira neste lugar.
14 E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam.
15 Portanto assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome, sem que eu os tenha mandado, e que dizem: Nem espada, nem fome haverá nesta terra: À espada e à fome serão consumidos esses profetas.
16 E o povo a quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa da fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles a sua maldade.
17 Portanto lhes dirás esta palavra: Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem; porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui dolorosa chaga.
18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e, se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o sacerdote percorrem a terra, e nada sabem.
19 Porventura já de todo rejeitaste a Judá? Aborrece a tua alma a Sião? Por que nos feriste, de modo que não há cura para nós? Aguardamos a paz, e não chegou bem algum; e o tempo da cura, e eis o pavor!
20 Ah, Senhor! reconhecemos a nossa impiedade e a iniquidade de nossos pais; pois contra ti havemos pecado.
21 Não nos desprezes, por amor do teu nome; não tragas opróbrio sobre o trono da tua glória; lembra-te, e não anules o teu pacto conosco.
22 Há, porventura, entre os deuses falsos das nações, algum que faça chover? Ou podem os céus dar chuvas? Não és tu, ó Senhor, nosso Deus? Portanto em ti esperaremos; pois tu tens feito todas estas coisas.”




Jeremias 15

O Senhor tem sentimentos gentis e amorosos, e sofre em todo a angústia de Seu povo, mas não é governado por Seus sentimentos, senão pela Sua Palavra, pela Sua justiça e verdade. Ele havia dito a Jeremias no início do Seu ministério quando lhe deu a visão da amendoeira, que Ele vela sobre a Sua Palavra para a cumprir. Então não deixaria de cumpri-la por maiores que fossem as tristezas que sentisse pela ruína de Israel.
Então ele disse a Jeremias que não ouviria nem mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel, que foram poderosos intercessores perante Ele, em favor de Israel. A tal ponto havia chegado a iniquidade dos judeus que nem mesmo a intercessão de Moisés ou de Samuel seria ouvida.
Portanto, isto deveria servir para desencorajar Jeremias a continuar intercedendo em favor deles, porque o Senhor já lhe havia dito que não intercedesse por aquele povo maligno.
O Senhor disse a Jeremias que a Sua alma não poderia estar com aquele povo, então deveriam ser lançados de diante da Sua face, e saírem, ou seja, Jeremias não deveria estar lhes apresentando diante da face justa do Senhor com suas intercessões.
E quando eles perguntassem a Jeremias porque haviam sido rejeitados pelo Senhor e para onde iriam, a resposta que Deus mandou Jeremias lhes dar foi a seguinte:

“E quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.” (v. 2)

Como vimos anteriormente, haveria gradações de juízos, segundo Levítico 26, que aumentariam à medida que o povo não se mostrasse arrependido, tal como não haviam se arrependido na grande seca, e portanto, lhes viria um juízo pior em seguida.
Por isso o Senhor disse a Jeremias que visitaria ainda os judeus com quatro tipos de juízos destruidores: morte pela espada; pelos cães, que nos dias do profeta não eram animais domésticos, mas selvagens; com as aves de rapina, e finalmente com os animais selvagens da terra, que os devorariam (v. 3).
Assim, antes de irem para o cativeiro, seriam submetidos ainda a tais juízos, porque desde os dias do rei Manassés, filho do rei Ezequias, os pecados de Judá haviam se agravado muito, especialmente porque eles passaram a adotar depois de Manassés, o culto da divindade moabita, Moloque, para o qual era exigido o sacrifício de crianças vivas, que eram queimadas no colo do enorme ídolo de ferro, que representava o referido deus, e que era aceso por dentro como uma grande fornalha.
Tais eram as abominações de Judá, especialmente em Jerusalém, ao lado do próprio templo do Senhor, que ninguém na terra se entristeceria por eles quando lhes viessem os juízos do Senhor, porque veriam que era justo que aquele povo ímpio estivesse sendo arruinado daquela maneira (v. 5).
Jeremias tinha sentido de perto a dor de coração que é produzida por aqueles que amamos. Ele tinha sido rejeitado pelos seus próprios familiares, pelos seus próprios amigos de Anatote, pelo povo de Judá como um todo. Eles estavam procurando pelo seu mal, a ponto de intentar matá-lo.
Então o Senhor se valeu do que estava sentindo Jeremias para falar dos Seus próprios sentimentos quanto à rejeição que Ele estava sofrendo da parte dos judeus, e por isso, Jeremias poderia agora entender o motivo de estar estendendo a Sua mão para destruí-los, porque estava cansado de suspender os Seus juízos e de abrandar o Seu coração divino para com os erros deles (v. 6).
Como podemos continuar confiando num amigo que sempre tem falhado conosco, e nos decepcionado, especialmente por nos rejeitar pelo que somos, por sermos santos?  
E os judeus não haviam emendado os seus caminhos mesmo depois de terem sido visitados pelos terríveis juízos do Senhor, que havia permitido que muitos judeus morressem nas guerras, inclusive jovens casados, cujas mulheres ficaram viúvas.
Ao lamento de Deus Jeremias juntou o seu a partir do verso 10, porque estava sendo amaldiçoado pelos judeus, quando até mesmo vinha buscando o bem dos seus inimigos; sem nunca ter deixado de suplicar ao Senhor pelo bem deles, para que os livrasse no tempo da angústia e da calamidade.
Por isso o Senhor entregaria as riquezas e os tesouros dos judeus aos babilônios, sem que Ele recebesse qualquer pagamento por eles, porque venderia o Seu próprio povo por nada, ou seja, sem nada esperar em troca, e faria com que servissem os seus próprios inimigos numa terra estranha, a saber, na dos inimigos babilônicos, porque o fogo da ira do Senhor havia se acendido contra o Seu povo (v. 14).
Jeremias então orou ao Senhor tanto para pedir-Lhe proteção contra os seus inimigos, como também para derramar a sua queixa perante Ele, porque estava considerando que o Senhor lhe havia iludido quando disse que o livraria dos seus inimigos, porque ele estava se sentindo como alguém cuja ferida e dor eram perpétuas e incuráveis, porque sua alma estava em grande tribulação, e a sua sede de justiça não estava sendo saciada por Deus, porque Ele parecia a ele, Jeremias, como se fosse uma miragem, um rio que não podia matar a sede, porque existia tal livramento somente na sua imaginação (v. 18).
Esta queixa recebeu a justa repreensão da parte do Senhor, porque não lhe havia prometido livrar de dores e tribulações quando o comissionou, mas sim de ser morto pelos seus inimigos, que resistiriam grandemente à sua mensagem.
Então Jeremias foi convocado pelo Senhor a se converter a Ele, deixando tais pensamentos e amargura em sua alma para ser restaurado, e para que pudesse estar diante dEle, e caso separasse o que é precioso do que é vil, seria como a boca do próprio Senhor, e assim faria com que o povo viesse para ouvi-lo, e Jeremias deveria parar de ir até eles, como vinha fazendo até então, na expectativa de que se arrependessem com a sua mensagem, porque os que fossem justos viriam a Jeremias sem que ele necessitasse ir até eles (v. 19).
Então o Senhor colocaria Jeremias contra o povo rebelde como um forte muro de bronze, de modo que eles continuariam pelejando contra ele, mas não poderiam prevalecer, porque o Senhor seria com ele para livrá-lo e salvá-lo. E também o arrebataria da mão dos iníquos e o livraria da mão dos cruéis (v. 20,. 21).


“1 Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não poderia estar a minha alma com este povo. Lança-os de diante da minha face, e saiam eles.
2 E quando te perguntarem: Para onde iremos? dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro, para o cativeiro.
3 Pois os visitarei com quatro gêneros de destruidores, diz o Senhor: com espada para matar, e com cães, para os dilacerarem, e com as aves do céu e os animais da terra, para os devorarem e destruírem.
4 Entregá-los-ei para serem um mostra horrendo perante todos os reinos da terra, por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, por tudo quanto fez em Jerusalém.
5 Pois quem se compadecerá de ti, ó Jerusalém? ou quem se entristecerá por ti? Quem se desviará para perguntar pela tua paz?
6 Tu me rejeitaste, diz o Senhor, voltaste para trás; por isso estenderei a minha mão contra ti, e te destruirei; estou cansado de me abrandar.
7 E os padejei com a pá nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não voltaram dos seus caminhos.
8 As suas viúvas mais se me têm multiplicado do que a areia dos mares; trouxe ao meio-dia um destruidor sobre eles, até sobre a mãe de jovens; fiz que caísse de repente sobre ela angústia e terrores.
9 A que dava à luz sete se enfraqueceu: expirou a sua alma; pôs-se-lhe o sol sendo ainda dia; ela se confundiu, e se envergonhou; e os que ficarem deles eu os livrarei à espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor.
10 Ai de mim, minha mãe! porque me deste à luz, homem de rixas e homem de contendas para toda a terra. Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim com usura, todavia cada um deles me amaldiçoa.
11 Assim seja, ó Senhor, se jamais deixei de suplicar-te pelo bem deles, ou de rogar-te pelo inimigo no tempo da calamidade e no tempo da angústia.
12 Pode alguém quebrar o ferro, o ferro do Norte, e o bronze?
13 As tuas riquezas e os teus tesouros, eu os livrarei sem preço ao saque; e isso por todos os teus pecados, mesmo em todos os teus limites.
14 E farei que sirvas os teus inimigos numa terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em minha ira, e sobre vós arderá.
15 Tu, ó Senhor, me conheces; lembra-te de mim, visita-me, e vinga-me dos meus perseguidores; não me arrebates, por tua longanimidade. Sabe que por amor de ti tenho sofrido afronta.
16 Acharam-se as tuas palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos exércitos.
17 Não me assentei na roda dos que se alegram, nem me regozijei. Sentei-me a sós sob a tua mão, pois me encheste de indignação.
18 Por que é perpétua a minha dor, e incurável a minha ferida, que se recusa a ser curada? Serás tu para mim como ribeiro ilusório e como águas inconstantes?
19 Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te restaurarei, para estares diante de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles a ti, mas não voltes tu a eles.
20 E eu te porei contra este povo como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para te livrar, diz o Senhor.
21 E arrebatar-te-ei da mão dos iníquos, e livrar-te-ei da mão dos cruéis.”.




Jeremias 16

Para que a própria vida do profeta Jeremias servisse de sinal para Judá que não valia a pena casar e ter filhos naqueles dias, porque o juízo logo viria sobre a nação e seriam muitos os mortos da parte do Senhor, então Ele proibiu que o profeta se casasse e tivesse filhos, para que os judeus soubessem que os filhos deles estavam destinados à matança tanto quanto eles.
Jeremias foi proibido também de entrar na casa que estivesse de luto, para que não lamentasse a morte de nenhum destes que seriam mortos por causa dos juízos do Senhor, uma vez que Ele havia retirado deles a Sua paz, benignidade e misericórdia.
Nenhuma consolação deveria ser dada aos que estivessem de luto por causa dos seus mortos.
Jeremias foi proibido também de ir a festas, porque os que se banqueteavam com alegria teriam todo motivo de comemoração retirados deles, mesmo a alegria de noivos em casamentos.
E se alguém perguntasse a Jeremias o porque de tais palavras que pronunciavam um grande mal, e qual era a iniquidade deles para receberem um tal tratamento, e qual pecado tinham cometido contra o Senhor, Jeremias deveria lhes responder que o motivo foi que os seus pais haviam abandonado o Senhor, e adoraram e serviram a falsos deuses, e não guardaram a lei do Senhor. Além disso, eles haviam feito pior do que os seus antepassados, com seus pensamentos obstinados que faziam com que recusassem ouvir ao Senhor.
No entanto, apesar de serem levados para o cativeiro em Babilônia, eles seriam trazidos de volta no futuro para a sua própria terra, a terra que lhes fora dada pelo Senhor desde os seus patriarcas.
Por isso o Senhor os pescaria e os caçaria, e nenhum deles poderia escapar de Seus olhos, e retribuiria em dobro a iniquidade e o pecado deles por causa das suas abomináveis idolatrias.

Então eles saberiam que o ídolo nada é, e que são falsos deuses os ídolos que os homens adoram, porque quando desse a conhecer o Seu grande poder, cumprindo tudo o que havia dito pelos profetas, então todos saberiam que o Seu nome é Jeová, e que a Ele somente pertencem o poder e a força.


“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Não tomarás a ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar.
3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas que nascerem neste lugar, acerca de suas mães, que os tiverem, e de seus pais que os gerarem nesta terra:
4 Morrerão de enfermidades dolorosas, e não serão pranteados nem sepultados; serão como esterco sobre a face da terra; pela espada e pela fome serão consumidos, e os seus cadáveres servirão de pasto para as aves do céu e para os animais da terra.
5 Pois assim diz o Senhor: Não entres na casa que está de luto, nem vás a lamentá-los, nem te compadeças deles; porque deste povo, diz o Senhor, retirei a minha paz, benignidade e misericórdia.
6 E morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos; não serão sepultados, e não os prantearão, nem se farão por eles incisões, nem por eles se raparão os cabelos;
7 nem pão se dará aos que estiverem de luto, para os consolar sobre os mortos; nem se lhes dará a beber o copo da consolação pelo pai ou pela mãe.
8 Não entres na casa do banquete, para te assentares com eles a comer e a beber.
9 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que perante os vossos olhos, e em vossos dias, farei cessar deste lugar a voz de gozo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva.
10 E quando anunciares a este povo todas estas palavras, e eles te disserem: Por que pronuncia o Senhor sobre nós todo este grande mal? Qual é a nossa iniquidade? Qual é o pecado que cometemos contra o Senhor nosso Deus?
11 Então lhes dirás: Porquanto vossos pais me deixaram, diz o Senhor, e se foram após outros deuses, e os serviram e adoraram, e a mim me deixaram, e não guardaram a minha lei;
12 e vós fizestes pior do que vossos pais; pois eis que andais, cada um de vós, após o pensamento obstinado do seu mau coração, recusando ouvir-me a mim;
13 portanto eu vos lançarei fora desta terra, para uma terra que não conhecestes, nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses estranhos de dia e de noite; pois não vos concederei favor algum.
14 Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor, em que não se dirá mais: Vive o Senhor: que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
15 mas sim: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua terra, que dei a seus pais.
16 Eis que mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor, os quais os pescarão; e depois mandarei vir muitos caçadores, os quais os caçarão de todo monte, e de todo outeiro, e até das fendas das rochas.
17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus caminhos; não se acham eles escondidos da minha face, nem está a sua iniquidade encoberta aos meus olhos.
18 E eu retribuirei em dobro a sua iniquidade e o seu pecado, porque contaminaram a minha terra com os vultos inertes dos seus ídolos detestáveis, e das suas abominações encheram a minha herança.
19 Ó Senhor, força minha e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia, a ti virão as nações desde as extremidades da terra, e dirão: Nossos pais herdaram só mentiras, e vaidade, em que não havia proveito.
20 Pode um homem fazer para si deuses? Esses tais não são deuses!
21 Portanto, eis que lhes farei conhecer, sim desta vez lhes farei conhecer o meu poder e a minha força; e saberão que o meu nome é Jeová.”.




Jeremias 17

Maldito o Homem que Confia no Homem - Jeremias 17

Este título não é para incentivar a desconfiança entre as pessoas, e nem sequer para proferir maldição a quem quer que seja.
Nós veremos o significado correto desta expressão, no contexto em que foi proferida por Deus em Jeremias 17.5.

Nós aprendemos do décimo sétimo capítulo de Jeremias, que nada agrada mais ao Senhor do que se guardar a Sua Palavra. Ela deve ser o referencial da vida, tanto de grandes quanto de pequenos, tanto de ricos quanto de pobres.
A exigência feita aos reis e príncipes de Judá para que não comerciassem no dia de sábado, como se vê no final deste 17º capitulo, é apenas um exemplo destacado pelo Senhor quanto ao respeito e obediência que os judeus deveriam ter pelos Seus mandamentos, porque a guarda do sábado era uma das principais exigências no Antigo Testamento.
Quantos líderes, em muitas igrejas espalhadas em toda a face da terra, dirigem suas vida e o povo debaixo do cuidado deles, pelos seus próprios critérios e não pelos previstos na Palavra de Deus?
Eles costumam afirmar que obedecem a Palavra, mas na prática o que ocorre é algo muito diferente disto, e esta é a razão de não se ver a presença do Senhor entre eles.
O povo de Israel havia dado ouvido aos falsos profetas, e não deram crédito à Lei do Senhor e nem aos profetas que lhes anunciavam os juízos da Lei contra o pecado.
Assim, permaneciam debaixo da maldição da Lei, que afirmava ser maldito todo aquele que não guardasse os seus mandamentos.
Daí o “maldito o homem que confia no homem”.
Os judeus estavam confiando na força do Egito, e das demais nações com as quais pensavam em se coligar para tentar deter o poder de Babilônia.
Era isto que os falsos profetas lhes aconselhavam, para que não tivessem que se arrepender de suas más obras, e ao mesmo tempo se livrarem da opressão da nação inimiga.
Por isso o Senhor declara no verso 5 deste 17º capítulo de Jeremias:
“Assim diz o Senhor: Maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!”
E nos versos 7 e 8:
“7 Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. 8 Porque é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.”
E o motivo disto, como temos fartamente comentado é o que Ele afirma no verso 9:
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?”
Ora, se o coração humano é enganoso e perverso, em razão de possuirmos uma natureza decaída no pecado, que está naturalmente indisposta contra a vontade de Deus, então não será nele que acharemos as respostas de vida eterna e abençoada.
Não será consultando e sendo guiado pelo sentimento do coração que toparemos com a verdade relativa à nossa condição e necessidade.
Então devemos confiar no Senhor e buscando direção nEle e na Sua Palavra, porque Ele afirma no verso 10:
“Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”
Devemos ter a mesma humildade do profeta, que apesar de estar na plenitude do exercício de um ministério com a marca da chamada de Deus, reconhecia que necessitava do Senhor para tudo, até mesmo para andar nos Seus caminhos, e não se desviar deles, e ser curado e livrado (v. 14).
Somente o Senhor é a fonte de águas vivas (v. 13) então não será nenhum homem que poderá saciar a nossa sede de justiça.
Jeremias não havia pedido ao Senhor que trouxesse qualquer mal sobre os judeus, mas eles estavam atribuindo a ele todo o mal que lhes estava sucedendo, e consideravam como suas próprias maldições todos os juízos que estava proferindo contra o pecado deles.
Todavia, ele lhes falara da parte do Senhor, com temor e tremor, de maneira que lhe pediu que fosse o Seu refúgio no dia da calamidade como vinha sendo até então, e que não fosse achado tal como eles, digno de estar sob o espanto das ameaças de Deus.  


“1 O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro; com ponta de diamante está gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos seus altares;
2 enquanto seus filhos se lembram dos seus altares, e dos seus aserins, junto às árvores frondosas, sobre os altos outeiros,
3 nas montanhas no campo aberto, a tua riqueza e todos os teus tesouros dá-los-ei como despojo por causa do pecado, em todos os teus termos.
4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua herança que te dei; e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não conheces; porque acendeste um fogo na minha ira, o qual arderá para sempre.
5 Assim diz o Senhor: Maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!
6 Pois é como o junípero no deserto, e não verá vir bem algum; antes morará nos lugares secos do deserto, em terra salgada e inabitada.
7 Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor.
8 Porque é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?
10 Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.
11 Como a perdiz que ajunta pintainhos que não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias as deixará, e no seu fim se mostrará insensato.
12 Um trono glorioso, posto bem alto desde o princípio, é o lugar do nosso santuário.
13 Ó Senhor, esperança de Israel, todos aqueles que te abandonarem serão envergonhados. Os que se apartam de ti serão escritos sobre a terra; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas.
14 Cura-me, ó Senhor, e serei curado; salva-me, e serei salvo; pois tu és o meu louvor.
15 Eis que eles me dizem: Onde está a palavra do Senhor? venha agora.
16 Quanto a mim, não instei contigo para enviares sobre eles o mal, nem tampouco desejei o dia calamitoso; tu o sabes; o que saiu dos meus lábios estava diante de tua face.
17 Não me sejas por espanto; meu refúgio és tu no dia da calamidade.
18 Envergonhem-se os que me perseguem, mas não me envergonhe eu; assombrem-se eles, mas não me assombre eu; traze sobre eles o dia da calamidade, e destrói-os com dobrada destruição.
19 Assim me disse o Senhor: Vai, e põe-te na porta de Benjamim, pela qual entram os reis de Judá, e pela qual saem, como também em todas as portas de Jerusalém.
20 E dize-lhes: Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o Judá, e todos os moradores de Jerusalém, que entrais por estas portas;
21 assim diz o Senhor: Guardai-vos a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado, nem as introduzais pelas portas de Jerusalém;
22 nem tireis cargas de vossas casas no dia de sábado, nem façais trabalho algum; antes santificai o dia de sábado, como eu ordenei a vossos pais.
23 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem instrução.
24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o Senhor, não introduzindo cargas pelas portas desta cidade no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado, não fazendo nele trabalho algum,
25 então entrarão pelas portas desta cidade reis e príncipes, que se assentem sobre o trono de Davi, andando em carros e montados em cavalos, eles e seus príncipes, os homens de Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será para sempre habitada.
26 E virão das cidades de Judá, e dos arredores de Jerusalém, e da terra de Benjamim, e da planície, e da região montanhosa, e do e sul, trazendo à casa do Senhor holocaustos, e sacrifícios, e ofertas de cereais, e incenso, trazendo também sacrifícios de ação de graças.
27 Mas, se não me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado, e para não trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará.”. (Jeremias 17.1-27)



Jeremias 18

O Vaso do Oleiro em Seu Contexto - Jeremias 18

Desde o início do ministério de Jeremias Deus estava falando sobre destruição, e Jeremias sobre livramento e misericórdia.
Então, à medida que lhe foi sendo revelada pelo Senhor qual era o caráter da  sua nação, e como conspiravam contra a verdade, contra Deus e contra o próprio Jeremias, para lhe fazer mal e até matá-lo, apesar dele estar procurando somente o bem dos judeus, então ele passou a entrar em sintonia com a vontade de Deus, desde o capítulo anterior, falando também em destruição.
Ele não estava mais pedindo por livramento para os judeus, mas a destruição dos ímpios que havia no povo do Senhor.
Para muitos pastores, o exercício da disciplina ordenada por Cristo para ser realizada por eles na Igreja parece uma coisa estranha e muito dura por algum tempo, senão ao longo de todo o ministério deles.
Mas à medida que amadurecem no Senhor, e percebem o quanto é necessária a disciplina e a correção dos cristãos, através da admoestação, repreensão, e até mesmo da exclusão, então passam a sintonizar com a vontade do Senhor para o Seu povo, que não deve ser deixado entregue a si mesmo e às suas luxúrias.
A única condição para a reconciliação com o Senhor, para a obtenção do Seu favor, bênção e perdão é o arrependimento.
E isto vale não somente para Israel como para qualquer nação.
Porque se o Senhor anunciasse juízos contra uma nação só haveria um modo de escapar de tais juízos, a saber, pelo arrependimento, tal como haviam feito os ninivitas nos dias de Jonas.
Todavia como poderia se mostrar favorável para com Israel, que apesar de serem o povo da aliança, recusavam se arrepender de suas más obras, e não somente isto, a matarem os profetas que lhes eram enviados por Deus?
Porventura os assírios intentaram tirar a vida de Jonas, tal como os judeus estavam tencionando fazer com Jeremias?
Como poderiam então ser perdoados pelo Senhor?
Por isso Jeremias foi levado por ordem de Deus à casa do oleiro, e quando lá chegou viu um vaso que havia sido quebrado em suas mãos, ser refeito por ele.
Ora, se um oleiro podia refazer um vaso de barro que se quebrou, quanto mais o Senhor não é poderosos para restaurar os vasos de barro que somos nós?
Então se Judá não estava sendo restaurado não era por falta de vontade ou de poder da parte de Deus, mas porque eles próprios se recusavam a se arrepender, e diferentemente do barro que permaneceu submisso nas mãos do oleiro para ser refeito, eles fugiam da presença do grande Oleiro para não serem restaurados por Ele.


“1 A palavra que veio do Senhor a Jeremias, dizendo:
2 Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras.
3 Desci, pois, à casa do oleiro, e eis que ele estava ocupado com a sua obra sobre as rodas.
4 Como o vaso, que ele fazia de barro, se estragou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme pareceu bem aos seus olhos fazer.
5 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
6 Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.
7 Se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação, e acerca dum reino, para arrancar, para derribar e para destruir,
8 e se aquela nação, contra a qual falar, se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que intentava fazer-lhe.
9 E se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação e acerca dum reino, para edificar e para plantar,
10 se ela fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que lhe intentava fazer.
11 Ora pois, fala agora aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo: Assim diz o senhor: Eis que estou forjando mal contra vós, e projeto um plano contra vós; convertei-vos pois agora cada um do seu mau caminho, e emendai os vossos caminhos e as vossas ações.
12 Mas eles dizem: Não há esperança; porque após os nossos projetos andaremos, e cada um fará segundo o propósito obstinado do seu mau coração.
13 Portanto assim diz o Senhor: Perguntai agora entre as nações quem ouviu tais coisas? coisa mui horrenda fez a virgem de Israel!
14 Acaso desaparece a neve do Líbano dos penhascos do Siriom? Serão esgotadas as águas frias que vêm dos montes?
15 Contudo o meu povo se tem esquecido de mim, queimando incenso a deuses falsos; fizeram-se tropeçar nos seus caminhos, e nas veredas antigas, para que andassem por atalhos não aplainados;
16 para fazerem da sua terra objeto de espanto e de perpétuos assobios; todo aquele que passa por ela se espanta, e meneia a cabeça.
17 Com vento oriental os espalharei diante do inimigo; mostrar-lhes-ei as costas e não o rosto, no dia da sua calamidade.
18 Então disseram: Vinde, e maquinemos projetos contra Jeremias; pois não perecerá a lei do sacerdote, nem o conselho do sábio, nem a palavra do profeta. Vinde, e ataquemo-lo com a língua, e não atendamos a nenhuma das suas palavras.
19 Atende-me, ó Senhor, e ouve a voz dos que contendem comigo.
20 Porventura pagar-se-á mal por bem? Contudo cavaram uma cova para a minha vida. Lembra-te de que eu compareci na tua presença, para falar a favor deles, para desviar deles a tua indignação.
21 Portanto entrega seus filhos à fome, e entrega-os ao poder da espada, e sejam suas mulheres roubadas dos filhos, e fiquem viúvas; e sejam seus maridos feridos de morte, e os seus jovens mortos à espada na peleja.
22 Seja ouvido o clamor que vem de suas casas, quando de repente trouxeres tropas sobre eles; porque cavaram uma cova para prender-me e armaram laços aos meus pés.
23 Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim para matar-me. Não perdoes a sua iniquidade, nem apagues o seu pecado de diante da tua face; mas sejam transtornados diante de ti; trata-os assim no tempo da tua ira.”. (Jeremias 18.1-23)




Jeremias 19

Como os israelitas estavam oferecendo suas crianças em sacrifício a Moloque no vale de Hinom (v. 4,5), então o Senhor ordenou a Jeremias que comprasse um vaso de oleiro, e que se dirigisse a HInom, também conhecido por Tofete, e que se fizesse acompanhar por alguns dos anciãos de Judá, e que protestasse contra eles contra o sangue destes inocentes que estavam sendo oferecidos em holocausto naquele vale, e que por isso o Senhor faria uma matança terrível naquele lugar, de maneira que não seria mais chamado de Hinom ou Tofete, mas vale da Matança, porque encheria aquele vale com os corpos dos judeus que seriam mortos pelos babilônios.
Além disso, durante o longo cerco que eles fariam sitiando Jerusalém, antes de conquistá-la, a forme seria tanta que comeriam a carne de seus próprios filhos. Já que aqueles anciãos estavam sendo indiferentes para as abominações que eram praticadas naquele vale contra a vida de criancinhas inocentes, então eles mesmos experimentariam o horror de terem que se devorar uns aos outros, comendo carne humana para que alguns pudessem sobreviver.
Depois de pronunciadas tais sentenças, o Senhor ordenou a Jeremias que lançasse o vaso de barro no precipício, na direção do vale, para que ele se quebrasse em vários pedaços que se espalhariam por todas as partes do vale, porque o mesmo seria feito com aqueles judeus idólatras e ímpios que se recusavam a se arrepender de suas más obras.
Eles não seriam jamais restaurados pelo Senhor, tal como não poderia ser feito em relação àquele vaso que foi quebrado à vista de todos eles.    
Assim como os pedaços daquele vaso quebrado ficariam para sempre em Tofete, de igual modo seria para lá que os babilônios levariam os corpos dos judeus que seriam mortos por eles, porque não haveria onde sepultá-los, e aquele lugar se tornaria imundo perante o Senhor, cheio de cadáveres, que ficariam naquele vale para sempre tal como o vaso que havia sido quebrado.
Seus corpos seriam levados de Jerusalém para aquele local, tal como Jeremias havia feito com o vaso que havia sido levado de Jerusalém para Tofete para ali ser quebrado e deixado.
Quando Jeremias retornou de Tofete para Jerusalém, ele se pôs de pé no átrio do templo, e pregou a seguinte mensagem ao povo:

“Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas cercanias, todo o mal que pronunciei contra ela, porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.” (v. 15).

A proclamação não era uma chamada ao arrependimento, mas a promulgação de uma sentença inapelável, porque os judeus haviam endurecido a sua cerviz e se recusavam a ouvir as palavras do Senhor.

“1 Assim disse o Senhor: Vai, e compra uma botija de oleiro, e leva contigo alguns anciãos do povo e alguns anciãos dos sacerdotes;
2 e sai ao vale do filho de Hinom, que está à entrada da Porta Harsite, e apregoa ali as palavras que eu te disser;
3 e dirás: Ouvi a palavra do Senhor, ó reis de Judá, e moradores de Jerusalém. Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre este lugar uma calamidade tal que fará retinir os ouvidos de quem quer que dela ouvir.
4 Porquanto me deixaram, e profanaram este lugar, queimando nele incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de inocentes.
5 E edificaram os altos de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o que nunca lhes ordenei, nem falei, nem entrou no meu pensamento.
6 Por isso eis que dias vêm, diz o Senhor, em que este lugar não se chamará mais Tofete, nem o vale do filho de Hinom, mas o vale da matança.
7 E tornarei vão o conselho de Judá e de Jerusalém neste lugar, e os farei cair à espada diante de seus inimigos e pela mão dos que procuram tirar-lhes a vida. Darei os seus cadáveres por pasto as aves do céu e aos animais da terra.
8 E farei esta cidade objeto de espanto e de assobios; todo aquele que passar por ela se espantará, e assobiará, por causa de todas as suas pragas.
9 E lhes farei comer a carne de seus filhos, e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu próximo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que procuram tirar-lhes a vida.
10 Então quebrarás a botija à vista dos homens que foram contigo,
11 e lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos: Deste modo quebrarei eu a este povo, e a esta cidade, como se quebra o vaso do oleiro, de sorte que não pode mais refazer-se; e os enterrarão em Tofete, porque não haverá outro lugar para os enterrar.
12 Assim farei a este lugar e aos seus moradores, diz o Senhor; sim, porei esta cidade como Tofete.
13 E as casas de Jerusalém, e as casas dos reis de Judá, serão imundas como o lugar de Tofete, como também todas as casas, sobre cujos terraços queimaram incenso a todo o exército dos céus, e ofereceram libações a deuses estranhos.
14 Então voltou Jeremias de Tofete, aonde o tinha enviado o Senhor a profetizar; e pôs-se em pé no átrio da casa do Senhor, e disse a todo o povo:
15 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas cercanias, todo o mal que pronunciei contra ela, porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.”.




Jeremias 20

Preservado no Meio do Fogaréu - Jeremias 20

Quando Jeremias profetizou contra Judá no átrio do templo, conforme registro no capitulo 19, Pasur, que era o sacerdote administrador do templo prendeu Jeremias num tronco e só o soltou de lá no dia seguinte.
Então Jeremias lhe disse que o seu nome não seria mais Pasur, que significa liberdade, mas Magor-Missabibe, que significa terror por todos os lados.
Ele lhe deu aquele nome por ordem do Senhor, porque Ele faria de Pasur um terror para si mesmo, e para todos os seus amigos, porque eles cairiam à espada de seus inimigos, e os olhos dele veriam isto.
Ele veria também Judá sendo entregue na mão do rei de Babilônia para serem cativos, e muitos serem mortos à espada, bem como as riquezas da cidade de Jerusalém, e o próprio Pasur e todos os da sua casa iriam para o cativeiro, para ser morto longe da sua própria terra, e ali seria sepultado com todos os seus amigos, aos quais havia profetizado falsamente que sempre haveria paz em Jerusalém.
Com isto saberia que a palavra de Deus na boca de Jeremias era a verdade.
Ele seria obrigado a ver todas estas coisas, e não lhe seria permitido ter uma morte rápida em Jerusalém, quando a cidade fosse tomada pelos babilônios.
Jeremias mais uma vez se queixou ao Senhor das tribulações que estava sofrendo por causa das mensagens que lhe estava dando para serem proferidas contra Judá.
Acabara de ser preso num tronco e de ser escarnecido pelos judeus.
O Senhor disse que o livraria dos seus adversários, e no entanto estava se tornando não somente objeto do escárnio deles, como até mesmo Deus estava permitindo que ele fosse preso.
Ele não estava inteirado tanto quanto o apóstolo Paulo, por exemplo, que estava previsto por Deus que a Sua obra avançaria no mundo no meio de resistências e perseguições, que seriam levantadas por Satanás, para tentar paralisar a perda de pessoas sob o seu domínio, em razão da pregação da verdade do evangelho.
Todavia, tal como Paulo, Jeremias, a par de todos os sofrimentos e tribulações que estivesse padecendo, não conseguia deixar de  proclamar a Palavra do Senhor, que apesar de fazer dele um objeto de escárnio e vergonha para os seus perseguidores, era como um fogo que queimava de forma ardente no seu coração, e como estivesse apegado aos seus ossos, e estava cansado em contê-lo, de maneira que só acharia descanso para a sua alma quando liberasse a Palavra que lhe fosse dada por Deus.
Então ele começou a amadurecer quanto ao desígnio de Deus, e a aceitá-lo, porque apesar de ouvir que muitos estavam conspirando contra a sua vida, podia afirmar agora que o Senhor estava com ele como um guerreiro valente, e por isso os seus perseguidores é que tropeçariam e não poderiam prevalecer contra ele, porque ficariam confundidos, de forma que não poderiam ter êxito, de modo que entregou a sua causa nas mãos do Senhor, para que fosse o Seu vingador contra aqueles que intentavam o mal contra a sua vida, quando estava buscando somente o bem para eles.
Então pôde entoar no Espírito o seguinte cântico de louvor e livramento, porque como o Senhor lhe havia dito, caso fosse paciente na tribulação, e separasse o precioso do vil, se convertendo a Ele, seria a Sua própria boca:
 “Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.” (v. 13)
Todavia ainda se achava muito desconfortado pelas tribulações e angústias que estava sofrendo, e não conseguiu abafar a queixa que havia no seu peito.
Só que agora não estava murmurando porque não estava se queixando de Deus, mas a Deus, considerando que maldito tinha sido o dia em que ele havia nascido, e que não fosse portanto, bendito o dia em que sua mãe lho dera à luz.
E considerou também maldito quem havia dado as novas do seu nascimento a seu pai, se alegrando grandemente com isto, porque não sabia, todo o sofrimento que lhe estava reservado para experimentar em sua vida, como profeta do Senhor.
Tal era a angústia do profeta quando proferiu estas palavras que alegou preferir ter morrido como um aborto no ventre de sua mãe.
O fato de ter sido dado à luz só serviu para que experimentasse trabalho e tristeza e para que se consumissem na vergonha os seus dias.  
Desta vez o Senhor não repreendeu Jeremias e permaneceu em silêncio diante do desabafo de sua alma, porque era a sinceridade daquilo que estava realmente sentindo, e não atribuiu ao Senhor nenhuma falta ou injustiça, por tudo o que estava sofrendo.
Ele estava sendo experimentado nos sofrimentos que aperfeiçoam a fé.
E à medida que esta aumentasse ele aprenderia tal como Paulo a se regozijar na tribulação.
Com isto aprendemos que experiências são intransferíveis, e cada um levará o seu próprio fardo diante do Senhor, e aprenderá dEle, a seu próprio tempo, o que for necessário ao seu crescimento espiritual.


“1 Ora Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que era superintendente da casa do Senhor, ouviu Jeremias profetizar estas coisas.
2 Então feriu Pasur ao profeta Jeremias, e o meteu no tronco que está na porta superior de Benjamim, na casa do Senhor.
3 No dia seguinte, quando Pasur o tirou do tronco Jeremias lhe disse: O Senhor não te chama Pasur, mas Magor-Missabibe.
4 Porque assim diz o Senhor: Eis que farei de ti um terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos. Eles cairão à espada de seus inimigos, e teus olhos o verão. Entregarei Judá todo na mão do rei de Babilônia; ele os levará cativos para Babilônia, e mata-los-á à espada.
5 Também entregarei todas as riquezas desta cidade, todos os seus lucros, e todas as suas coisas preciosas, sim, todos os tesouros dos reis de Judá na mão de seus inimigos, que os saquearão e, tomando-os, os levarão a Babilônia.
6 E tu, Pasur, e todos os moradores da tua casa ireis para o cativeiro; e virás para Babilônia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu, e todos os teus amigos, aos quais profetizaste falsamente.
7 Persuadiste-me, ó Senhor, e deixei-me persuadir; mais forte foste do que eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles zomba de mim.
8 Pois sempre que falo, grito, clamo: Violência e destruição; porque se tornou a palavra do Senhor um opróbrio para mim, e um ludíbrio o dia todo.
9 Se eu disser: Não farei menção dele, e não falarei mais no seu nome, então há no meu coração um como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de contê-lo, e não posso mais.
10 Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele.
11 Mas o Senhor está comigo como um guerreiro valente; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão; ficarão muito confundidos, porque não alcançarão êxito, sim, terão uma confusão perpétua que nunca será esquecida.
12 Tu pois, ó Senhor dos exércitos, que provas o justo, e vês os pensamentos e o coração, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; porque te confiei a minha causa.
13 Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores.
14 Maldito o dia em que nasci; não seja bendito o dia em que minha mãe me deu à luz.
15 Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho, alegrando-o com isso grandemente.
16 E seja esse homem como as cidades que o senhor destruiu sem piedade; e ouça ele um clamor pela manhã, e um alarido ao meio-dia.
17 Por que não me matou na madre? assim minha mãe teria sido a minha sepultura, e teria ficado grávida perpetuamente!


18 Por que saí da madre, para ver trabalho e tristeza, e para que se consumam na vergonha os meus dias?”. (Jeremias 20.1-18)




Jeremias 21

Este capítulo foi escrito quando os babilônios haviam começado a sitiar a cidade de Jerusalém nos dias do rei Zedequias. Este foi o último rei de Judá, porque foi nos seus dias que ocorreu a última leva de cativeiros para Babilônia, e a destruição de Jerusalém, e do templo.
Jeremias havia começado o seu ministério nos dias do rei Josias, e o reinado deste, foi seguido por estes reis, na seguinte ordem: Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias.
Jeoacaz, filho de Josias reinou apenas três meses, porque faraó Neco o prendeu e o levou para o Egito, colocando para reinar em seu lugar, o outro filho de Josias, chamado Jeoaquim. Foi nos dias deste Jeoaquim, que Nabucodonosor fizera a primeira leva de cativos para Babilônia, em 605 a. C. Foi durante esta primeira leva de cativos que os profetas Daniel e Ezequiel, e muitos nobres de Judá foram levados para Babilônia.
Jeoaquim foi morto, e passou a reinar no seu lugar, o seu filho Joaquim, mas o babilônios o deixaram no poder por apenas três meses, porque o deportaram para Babilônia com os nobres de Judá, porque ele se rendeu a Nabucodonosor.
No seu lugar foi constituído rei, seu tio paterno, chamado Matanias, cujo nome, Nabucodonosor mudou para Zedequias. Ele reinou doze anos debaixo do poder de Nabucodonozor, mas tendo este descoberto que estava conspirando contra ele, especialmente com o Egito, veio novamente contra Jerusalém para destruí-la. Contudo, impôs um sítio à cidade que durou cerca de dois anos, e por isso nós vemos Zedequias consultando o profeta Jeremias se Deus lhe livraria da destruição, porque  pensava que o longo tempo de cerco tinha algo a ver com o poder da cidade para resistir, no entanto, era um juízo de Deus para que a forme, a sede e a peste se agravassem e muito no interior de Jerusalém.
Estas informações históricas podem ser lidas em II Reis 24, 25.
Então, nós vemos neste capítulo, o rei Zedequias, enviando Pasur e Sofonias (não o profeta) a Jeremais, para perguntar-lhe se Deus livraria Judá do cerco que estava sofrendo da parte do rei Nabucodonosor, de Babilônia, fazendo com que ele voltasse para a sua terra (v. 2).
É provável que o Pasur aqui citado não se trate do mesmo que havia prendido Jeremias no tronco, como vimos no capitulo anterior (20), porque deste se diz ser filho de Malquias, e aquele, filho de Imer.
A resposta que Deus mandou dar a Zedequias era que não haveria livramento porque era Ele próprio que estava incitando as armas de guerra de Babilônia contra eles, e feriria os habitantes de Jerusalém, até mesmo os animais que nela havia.
Além da morte pela espada dos babilônios, haveria peste e fome na cidade, e os que escapassem da morte seriam entregues na mão de Nabucodonosor, e das nações inimigas que estavam coligadas a ele, como por exemplo os edomitas, seriam mortos por eles. Entretanto, aqueles que saíssem da cidade se rendendo voluntariamente a Nabucodonosor, inclusive o próprio rei, teriam suas vidas poupadas por ele.
Quanto à soberba do rei de Judá, que julgava que as muralhas de Jerusalém o protegeriam, o Senhor lhe ordenou que se humilhasse e passasse a praticar a justiça livrando o espoliado da mão do opressor, porque em caso contrário, o Senhor castigaria o rei e a sua corte ímpia, por causa do fruto mau das ações deles.

“1 A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, quando o rei Zedequias lhe enviou Pasur, filho de Malquias, e Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, dizendo:
2 Pergunta agora por nós ao Senhor, por que Nabucodonosor, rei de Babilônia, guerreia contra nós; porventura o Senhor nos tratará segundo todas as suas maravilhas, e fará que o rei se retire de nós.
3 Então Jeremias lhes respondeu: Assim direis a Zedequias:
4 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Eis que virarei contra vos as armas de guerra, que estão nas vossas mãos, com que vós pelejais contra o rei de Babilônia e contra os caldeus, que vos estão sitiando ao redor dos muros, e ajunta-los-ei no meio desta cidade.
5 E eu mesmo pelejarei contra vós com mão estendida, e com braço forte, e em ira, e em furor, e em grande indignação.
6 E ferirei os habitantes desta cidade, tanto os homens como os animais; de grande peste morrerão.
7 E depois disso, diz o Senhor, entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e os que desta cidade restarem da peste, e da espada, e da fome, sim entrega-los-ei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram tirar-lhes a vida; e ele os passará ao fio da espada; não os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericórdia.
8 E a este povo dirás: Assim diz o Senhor: Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.
9 O que ficar nesta cidade há de morrer à espada, ou de fome, ou de peste; mas o que sair, e se render aos caldeus, que vos cercam, viverá, e terá a sua vida por despojo.
10 Porque pus o meu rosto contra esta cidade para mal, e não para bem, diz o Senhor; na mão do rei de Babilônia se entregará, e ele a queimará a fogo.
11 E à casa do rei de Judá dirás: Ouvi a palavra do Senhor:
12 O casa de Davi, assim diz o Senhor: Executai justiça pela manhã, e livrai o espoliado da mão do opressor, para que não saia o meu furor como fogo, e se acenda, sem que haja quem o apague, por causa da maldade de vossas ações.
13 Eis que eu sou contra ti, ó moradora do vale, ó rocha da campina, diz o Senhor; contra vós que dizeis: Quem descerá contra nós? ou: Quem entrará nas nossas moradas?


14 E eu vos castigarei segundo o fruto das vossas ações, diz o Senhor; e no seu bosque acenderei fogo que consumirá a tudo o que está em redor dela.”



Jeremias 22

Os juízos pronunciados neste capítulo contra Salum, ou Conias, que se trata da mesma pessoa, a saber, o rei Joaquim que foi levado cativo para Babilônia, receberam tal destaque porque ele foi o último descendente direto de Davi a ocupar o trono de Judá, e por isso foi também poupado da morte pela misericórdia do Senhor, mas foi levado em cativeiro para Babilônia, e de lá nunca mais voltaria para Jerusalém, conforme pronunciado contra ele pelo Senhor.
E como se vê em II Reis 25, Deus foi misericordioso para com ele no final da sua vida, conforme podemos ver no registro dos versos 27 a 30, nos quais é descrita a bondade que o novo rei de Babilônia, Evil-Merodaque, filho de Nabudodonosor, tivera para com o rei Joaquim que se encontrava no cativeiro há 37 anos, sendo libertado por este da sua prisão domiciliar e sendo conduzido a uma posição de honra no reino de Babilônia, recebeu um trono que estava acima de todos os demais tronos dos reis vassalos das demais nações, que se encontravam em Babilônia, e é dito que ele se sentou à mesa da corte real até o último dia da sua vida.
Todavia, como enquanto reinava, tanto ele, quanto seu pai Jeoaquim, antes dele, não andaram nos caminhos do Senhor, por isso lhes sobreveio tal juízo da Sua parte, sendo que em relação a Jeoaquim, não foi permitido pelo Senhor que tivesse um funeral honrado de um rei, e sequer deveria ser pranteado, e haver luta em Judá por causa dele.
Da maldade de Jeoaquim, disse o Senhor:

“Falei contigo no tempo da tua prosperidade; mas tu disseste: Não escutarei. Este tem sido o teu caminho, desde a tua mocidade, o não obedeceres à minha voz.” (v. 21)

Foi este rei que lançou o livro escrito por Jeremias no fogo para ser queimado, depois de tê-lo rasgado, tendo que ser reescrito por Baruque (Jer 36.22-31).

De Joaquim, se diz que não teria sucessor no trono de Judá, como de fato nunca mais ocorreu, porque a linha sucessória de pai para filho ficara interrompida a partir dele, de modo que Zedequias, seu tio paterno, seria o último rei de Judá.
Ora, tudo isto deixaria os judeus que ainda ficassem na terra de Judá, depois das assolações produzidas por Babilônia, e não somente eles, como os que estavam no cativeiro, desolados, porque já não haveria mais reis em Judá.

Todavia, para consolá-los, nós veremos no capítulo seguinte (23,5,6) a promessa que Deus lhes fizera de que seria levantado um Rei justo sobre os judeus no futuro, que seria o Salvador deles, e sob o qual estariam seguros.

“1 Assim diz o Senhor: Desce à casa do rei de Judá, e anuncia ali esta palavra.
2 E dize: Ouve a palavra do Senhor, ó rei de Judá, que te assentas no trono de Davi; ouvi, tu, e os teus servos, e o teu povo, que entrais por estas portas.
3 Assim diz o Senhor: Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do opressor. Não façais nenhum mal ou violência ao estrangeiro, nem ao órfão, nem a viúva; não derrameis sangue inocente neste lugar.
4 Pois se deveras cumprirdes esta palavra, entrarão pelas portas desta casa reis que se assentem sobre o trono de Davi, andando em carros e montados em cavalos, eles, e os seus servos, e o seu povo.
5 Mas se não derdes ouvidos a estas palavras, por mim mesmo tenho jurado, diz o Senhor, que esta casa se tornará em assolação.
6 Pois assim diz o Senhor acerca da casa do rei de Judá: Tu és para mim Gileade, e a cabeça do Líbano; todavia certamente farei de ti um deserto e cidades desabitadas.
7 E prepararei contra ti destruidores, cada um com as suas armas; os quais cortarão os teus cedros escolhidos, e os lançarão no fogo.
8 E muitas nações passarão por esta cidade, e dirá cada um ao seu companheiro: Por que procedeu o Senhor assim com esta grande cidade?
9 Então responderão: Porque deixaram o pacto do Senhor seu Deus, e adoraram a outros deuses, e os serviram.
10 Não choreis o morto, nem o lastimeis; mas chorai amargamente aquele que sai; porque não voltará mais, nem verá a terra onde nasceu.
11 Pois assim diz o Senhor acerca de Salum, filho de Josias, rei de Judá, que reinou em lugar de Josias seu pai, que saiu deste lugar: Nunca mais voltará para cá,
12 mas no lugar para onde o levaram cativo morrerá, e nunca mais verá esta terra.
13 Ai daquele que edifica a sua casa com iniquidade, e os seus aposentos com injustiça; que se serve do trabalho do seu próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário;
14 que diz: Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos; e que lhe abre janelas, forrando-a de cedro, e pintando-a de vermelhão.
15 Acaso reinarás tu, porque procuras exceder no uso de cedro? O teu pai não comeu e bebeu, e não exercitou o juízo e a justiça? Por isso lhe sucedeu bem.
16 Julgou a causa do pobre e necessitado; então lhe sucedeu bem. Porventura não é isso conhecer-me? diz o Senhor.
17 Mas os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua ganância, e para derramar sangue inocente, e para praticar a opressão e a violência.
18 Portanto assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá: Não o lamentarão, dizendo: Ai, meu irmão! ou: Ai, minha irmã! nem o lamentarão, dizendo: Ai, Senhor! ou: Ai, sua majestade!
19 Com a sepultura de jumento será sepultado, sendo arrastado e lançado fora das portas de Jerusalém.
20 Sobe ao Líbano, e clama, e levanta a tua voz em Basã, e clama desde Abarim; porque são destruídos todos os teus namorados.
21 Falei contigo no tempo da tua prosperidade; mas tu disseste: Não escutarei. Este tem sido o teu caminho, desde a tua mocidade, o não obedeceres à minha voz.
22 O vento apascentará todos os teus pastores, e os teus namorados irão para o cativeiro; certamente então te confundirás,
23 e tu, que habitas no Líbano, aninhada nos cedros, como hás de gemer, quando te vierem as dores, os ais como da que está de parto!
24 Vivo eu, diz o Senhor, ainda que Conias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, fosse o anel do selo da minha mão direita, contudo eu dali te arrancaria;
25 e te entregaria na mão dos que procuram tirar-te a vida, e na mão daqueles diante dos quais tu temes, a saber, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão dos caldeus.
26 A ti e a tua mãe, que te deu à luz, lançar-vos-ei para uma terra estranha, em que não nascestes, e ali morrereis.
27 Mas à terra para a qual eles almejam voltar, para lá não voltarão.
28 E este homem Conias algum vaso desprezado e quebrado, um vaso de que ninguém se agrada? Por que razão foram ele e a sua linhagem arremessados e arrojados para uma terra que não conhecem?
29 Ó terra, terra, terra; ouve a palavra do Senhor.
30 Assim diz o Senhor: Escrevei que este homem fica sem filhos, homem que não prosperará nos seus dias; pois nenhum da sua linhagem prosperará para assentar-se sobre o trono de Davi e reinar daqui em diante em Judá.”



Jeremias 23

Senhor Justiça Nossa - Jeremias 23

No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e anciãos de Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os profetas que falavam em Seu nome sem terem sido levantados por Ele, os quais haviam feito o Seu povo se desviar da Sua presença.
O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a Sua Palavra, conforme fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo que eles afirmavam ser a Sua Palavra, quando na verdade, era a própria palavra deles, ensinada para atender aos seus propósitos cobiçosos, interesseiros, carnais e egoístas.  
Isto pode ser visto claramente nas palavras de repreensão dirigidas contra eles como as da seguinte passagem:
“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo.
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31).
O efeito que era produzido no povo, de andarem contrariamente com o Senhor, era uma prova evidente de que a vida e o ensino destes pastores e profetas não eram segundo a verdadeira Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o de produzir temor e santidade no Seu povo, como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira:
“21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das suas ações.” (v. 21,22).
O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do céu senão dos seus próprios corações enganosos e corrompidos:
“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.”
Isto é um grande alerta para os ministros do evangelho, para que não incorram no mesmo erro deles, deixando de pregar a genuína Palavra do Senhor, no poder do Espírito.
Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos.
Há muitos sonhadores que desejam conduzir a Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio coração, afirmando que são revelações recebidas da parte de Deus.
Se estas visões não estiverem de acordo com a Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser esquecidas e abominadas, porque não será apenas o povo que será prejudicado por elas, mas o próprio Deus terá a Sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê neste capitulo de Jeremias.
Como o quadro que havia prevalecido em Israel por séculos, sempre foi este de o povo não receber a devida instrução por parte da grande maioria de seus pastores e profetas, então o Senhor mesmo seria o Pastor do Seu povo, e o faria através de pastores que estariam debaixo da justiça de um Rei justo que procederia da descendência de Davi, nosso Senhor Jesus Cristo, e estando assim justificados por Ele, tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam conhecidos pelo nome de  O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.
Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel que haviam sido dispersadas por todos os maus pastores e profetas que haviam presidido sobre elas.
“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6).
Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, constante do capítulo 31.


“1 Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor.
2 Portanto assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as visitastes. Eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor.
3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão.
4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.
5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.
7 Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que tirou os filhos de Israel da terra do Egito;
8 mas: Vive o Senhor, que tirou e que trouxe a linhagem da casa de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha arrojado; e eles habitarão na sua terra.
9 Quanto aos profetas. O meu coração está quebrantado dentro de mim; todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como um homem vencido do vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas santas palavras.
10 Pois a terra está cheia de adúlteros; por causa da maldição a terra chora, e os pastos do deserto se secam. A sua carreira é má, e a sua força não é reta.
11 Porque tanto o profeta como o sacerdote são profanos; até na minha casa achei a sua maldade, diz o Senhor.
12 Portanto o seu caminho lhes será como veredas escorregadias na escuridão; serão empurrados e cairão nele; porque trarei sobre eles mal, o ano mesmo da sua punição, diz o Senhor.
13 Nos profetas de Samaria bem vi eu insensatez; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o meu povo Israel.
14 Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as mãos dos malfeitores, de sorte que não se convertam da sua maldade; eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela como Gomorra.
15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos acerca dos profetas: Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel; porque dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a terra.
16 Assim diz o Senhor dos exércitos: Não deis ouvidos as palavras dos profetas, que vos profetizam a vós, ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor.
17 Dizem continuamente aos que desprezam a palavra do Senhor: Paz tereis; e a todo o que anda na teimosia do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós.
18 Pois quem dentre eles esteve no concílio do Senhor, para que percebesse e ouvisse a sua palavra, ou quem esteve atento e escutou a sua palavra?
19 Eis a tempestade do Senhor! A sua indignação, qual tempestade devastadora, já saiu; descarregar-se-á sobre a cabeça dos ímpios.
20 Não retrocederá a ira do Senhor, até que ele tenha executado e cumprido os seus desígnios. Nos últimos dias entendereis isso claramente.
21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram.
22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau caminho, e da maldade das suas ações.
23 Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de longe?
24 Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu o céu e a terra? diz o Senhor.
25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei.
26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio coração?
27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal.
28 O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.
29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?
30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu próximo.
31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.
32 Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o Senhor, e os contam, e fazem errar o meu povo com as suas mentiras e com a sua vã jactância; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e eles não trazem proveito algum a este povo, diz o Senhor.
33 Quando pois te perguntar este povo, ou um profeta, ou um sacerdote, dizendo: Qual é a profecia do Senhor? Então lhes dirás: Qual a profecia! que eu vos arrojarei, diz o Senhor.
34 E, quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao povo, que disser: A profecia do Senhor; eu castigarei aquele homem e a sua casa.
35 Assim direis, cada um ao seu próximo, e cada um ao seu irmão: Que respondeu o Senhor? e: Que falou o Senhor?
36 Mas nunca mais fareis menção da profecia do Senhor, porque a cada um lhe servirá de profecia a sua própria palavra; pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos exércitos, o nosso Deus.
37 Assim dirás ao profeta: Que te respondeu o Senhor? e: Que falou o Senhor?
38 Se, porém, disserdes: A profecia do Senhor; assim diz o Senhor: Porque dizeis esta palavra: A profecia do Senhor, quando eu mandei dizer-vos: Não direis: A profecia do Senhor;
39 por isso, eis que certamente eu vos levantarei, e vos lançarei fora da minha presença, a vós e a cidade que vos dei a vós e a vossos pais;
40 e porei sobre vós perpétuo opróbrio, e eterna vergonha, que não será esquecida.” (Jeremias 23.1-40)



Jeremias 24

Obedecer a Deus é Vida - Jeremias 24

A visão e profecia de Jeremias 24 foi dada por Deus ao profeta quando Zedequias começou a reinar no lugar de Joaquim, seu sobrinho, que havia sido levado preso para Babilônia.
Destas se aprende que há vida quando se obedece a Deus mesmo na terra do cativeiro e da provação, e que há morte quando se lhe desobedece, ainda que se esteja liberdade na sua própria terra.
Deus mostrou em visão a Jeremias, dois cestos de figos bem à frente do templo de Jerusalém, sendo que um deles continha figos bons para serem consumidos, e o outro figos completamente estragados.
E o Senhor disse ao profeta que o cesto com os figos bons representava o povo que se encontrava no cativeiro em Babilônia, porque alguns entre eles, e toda a sua descendência seria poupada e retornariam a habitar em Judá, depois de passados os setenta anos de cativeiro.
Todavia, o cesto com os figos ruins representava o rei Zedequias, os seus príncipes e o povo que ainda havia ficado em Jerusalém, porque o Senhor os rejeitaria de todo, tal como se faz com figos estragados, que para nada servem, e que por isso são lançados fora.  
A providência de Deus havia agido para que houvesse uma primeira leva de cativos para Babilônia em 605 a. C., para que pessoas retas como Daniel e seus três amigos, Mesaque, Sadraque e Abdnego, bem como Ezequiel e tantos outros que se encontravam com eles, e que descenderiam deles, fossem poupados para retornarem para Judá, quando Babilônia caísse debaixo do poder dos medos e dos persas em 537 a. C.
Todavia, os que haviam ficado em Jerusalém, era a pior parte da nação, os que haviam conspirado com Zedequias, para permanecerem em Judá e em Jerusalém, pensando que estariam em segurança e debaixo do favor do rei de Babilônia.
Contudo, eles haviam caído com as suas próprias artimanhas políticas e insídias na armadilha que o Senhor havia preparado para eles, porque ficariam sitiados e não somente viriam a ser mortos pela espada dos babilônios, como também passariam fome, sede, comeriam a seus próprios filhos para sobreviverem e também morreriam pela peste que tomaria conta da cidade de Jerusalém, que ficaria por longo tempo cercada pelos babilônios.
Mas dos que seriam poupados pela misericórdia do Senhor, no cativeiro em Babilônia, é dito o seguinte:
“6 Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem, e os farei voltar a esta terra. Edifica-los-ei, e não os demolirei; e planta-los-ei, e não os arrancarei.
7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração.”
O Senhor havia prometido que faria o bem a todos que se submetessem ao rei de Babilônia, se sujeitando ao juízo do cativeiro, que Ele havia determinado.
Desta forma, aqueles que agissem contra esta vontade específica do Senhor, por procurarem fazer a própria vontade, tentando manter o status quo de suas vidas, não poderiam portanto, esperar o bem, senão males.
Por isso nosso Senhor Jesus Cristo disse que aquele que estiver apegado à sua vida neste mundo, e por conseguinte, rejeitar a vida do céu por não amar o estilo de vida celestial, senão o mundano, há de perdê-la, mas todo aquele que desprezar este estilo de vida mundano, reconhecendo que convém se sujeitar ao que vem de Deus, que é puro e santo, há de preservar a sua vida.


“1 Fez-me o Senhor ver, e vi dois cestos de figos, postos diante do templo do Senhor. Sucedeu isso depois que Nabucodonosor, rei de Babilônia, levara em cativeiro a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e os príncipes de Judá, e os carpinteiros, e os ferreiros de Jerusalém, e os trouxera a Babilônia.
2 Um cesto tinha figos muito bons, como os figos temporãos; mas o outro cesto tinha figos muito ruins, que não se podiam comer, de ruins que eram.
3 E perguntou-me o Senhor: Que vês tu, Jeremias? E eu respondi: Figos; os figos bons, muito bons, e os ruins, muito ruins, que não se podem comer, de ruins que são.
4 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
5 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a estes bons figos, assim atentarei com favor para os exilados de Judá, os quais eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus.
6 Porei os meus olhos sobre eles, para seu bem, e os farei voltar a esta terra. Edifica-los-ei, e não os demolirei; e planta-los-ei, e não os arrancarei.
7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração.
8 E como os figos ruins, que não se podem comer, de ruins que são, certamente assim diz o Senhor: Do mesmo modo entregarei Zedequias, rei de Judá, e os seus príncipes, e o resto de Jerusalém, que ficou de resto nesta terra, e os que habitam na terra do Egito;
9 eu farei que sejam espetáculo horrendo, uma ofensa para todos os reinos da terra, um opróbrio e provérbio, um escárnio, e uma maldição em todos os lugares para onde os arrojarei.
10 E enviarei entre eles a espada, a fome e a peste, até que sejam consumidos de sobre a terra que lhes dei a eles e a seus pais.” (Jeremias 24.1-10)




Jeremias 25

Esta profecia havia sido dada a Jeremias antes da visão que ele tivera nos dias do rei Ezequias, e que se encontra registrada no capítulo anterior, porque se refere aos dias do rei Jeoaquim, mais especificamente, o quarto ano do seu reinado, que correspondia ao primeiro ano em que Nabucodonosor começou a reinar em Babilônia (v. 1).
Há vinte e três anos Jeremias vinha profetizando, como ele próprio afirma no verso 3, e que eles não haviam escutado a Palavra do Senhor que estava sendo falada através da sua boca.
Não somente ele havia profetizado aos judeus como outros profetas, como por exemplo Isaías, Sofonias, Oseias, Miqueias, dentre outros, mas também não deram ouvidos ao que eles lhes haviam profetizado, especialmente quanto a chamá-los ao arrependimento, para que continuassem habitando em paz na terra que Deus lhes havia dado por promessa (v. 5).
Como não tinham escutado as palavras do Senhor, então Ele os entregaria, conforme havia prometido fazer, na mão do rei de Babilônia, que agiria como estando a Seu serviço, para o propósito de castigar a impiedade das nações, especialmente do Seu próprio povo, os judeus.
  Durante setenta anos Babilônia dominaria sobre as nações da terra, porque este seria o tempo determinado por Deus para a existência daquele reino, que seria dominado no final dos setenta anos, pelos medos e pelos persas.
Durante a dominação dos babilônias, as nações seriam desoladas, e cessaria entre elas a voz de alegria, especialmente de suas festas, inclusive de casamentos.
A própria Babilônia, cumpridos os setenta anos, seria também submetida ao mesmo juízo do Senhor, porque seria feito dela uma desolação, por causa da sua iniquidade. Sendo que no caso de Babilônia, deixaria de ser nação, conforme o conselho determinado do Senhor. Todavia, Israel, permaneceria perante Ele para sempre.
Conforme o Senhor havia dito a Jeremias no início do seu ministério que ele estava sendo chamado a profetizar sobre muitas nações, para levantar e para derrubar, para plantar e para arrancar, estava ocorrendo de fato, porque pela Sua palavra na boca de Jeremias, tudo o que foi profetizado contra Babilônia sucedeu tal com havia sido profetizado, e não somente contra ela, bem como a todas as demais nações contra as quais pronunciou os Seus juízos através do profeta.
Então, além de Judá e Babilônia, foram nomeados os reinos que tomariam do cálice do furor do Senhor que havia sido colocado na mão de Jeremias para ser derramado sobre eles, com as palavras desta profecia, como se vê nos seguintes versículos:

“19 a Faraó, rei do Egito, e a seus servos, e a seus príncipes, e a todo o seu povo;
20 e a todo o povo misto, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a Gaza, a Ecrom, e ao que resta de Asdode;
21 e a Edom, a Moabe, e aos filhos de Amom;
22 e a todos os reis de Tiro, e a todos os reis de Sidom, e aos reis das terras dalém do mar;
23 a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que habitam nos últimos cantos da terra;
24 a todos os reis da Arábia, e a todos os reis do povo misto que habita no deserto;
25 a todos os reis de Zinri, a todos os reis de Elão, e a todos os reis da Média;
26 a todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, tanto um como o outro, e a todos os reinos da terra, que estão sobre a face da terra; e o rei de Sesaque beberá depois deles.
27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Bebei, e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar, por causa da espada que eu vos enviarei.
28 Se recusarem tomar o copo da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos: Certamente bebereis.
29 Pois eis que sobre a cidade que se chama pelo meu nome, eu começo a trazer a calamidade; e haveis vós de ficar totalmente impunes? Não ficareis impunes; porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos exércitos.”

O leão que seria levantado por Deus, Babilônia, sairia do seu covil e destruiria tanto os maus pastores como o próprio rebanho de Judá, que havia se corrompido juntamente com eles, e isto ocorreria nos dias do rei Zedequias, que viria ainda a reinar depois de Jeoaquim, durante cujo reinado foi dada esta profecia a Jeremias.


“1 A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá, no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá (que era o primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilônia,
2 a qual anunciou o profeta Jeremias a todo o povo de Judá, e a todos os habitantes de Jerusalém, dizendo:
3 Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim a palavra do Senhor, e vo-la tenho anunciado, falando-vos insistentemente; mas vós não tendes escutado.
4 Também o Senhor vos tem enviado com insistência todos os seus servos, os profetas mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir,
5 quando vos diziam: Convertei-vos agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e habitai na terra que o Senhor vos deu e a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre;
6 e não andeis após deuses alheios para os servirdes, e para os adorardes, nem me provoqueis à ira com a obra de vossas mãos; e não vos farei mal algum.
7 Todavia não me escutastes, diz o Senhor, mas me provocastes à ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.
8 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos: Visto que não escutastes as minhas palavras
9 eis que eu enviarei, e tomarei a todas as famílias do Norte, diz o Senhor, como também a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor. e os destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de assobio, e de perpétuo opróbrio.
10 E farei cessar dentre eles a voz de gozo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva, o som das mós e a luz do candeeiro.
11 E toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos.
12 Acontecerá, porém, que quando se cumprirem os setenta anos, castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o Senhor, castigando a sua iniquidade, e a terra dos caldeus; farei dela uma desolação perpetua.
13 E trarei sobre aquela terra todas as minhas palavras, que tenho proferido contra ela, tudo quanto está escrito neste livro, que profetizou Jeremias contra todas as nações.
14 Porque deles, sim, deles mesmos muitas nações e grandes reis farão escravos; assim lhes retribuirei segundo os seus feitos, e segundo as obras das suas mãos.
15 Pois assim me disse o Senhor, o Deus de Israel: Toma da minha mão este cálice do vinho de furor, e faze que dele bebam todas as nações, às quais eu te enviar.
16 Beberão, e cambalearão, e enlouquecerão, por causa da espada, que eu enviarei entre eles.
17 Então tomei o cálice da mão do Senhor, e fiz que bebessem todas as nações, às quais o Senhor me enviou:
18 a Jerusalém, e às cidades de Judá, e aos seus reis, e aos seus príncipes, para fazer deles uma desolação, um espanto, um assobio e uma maldição, como hoje se vê;
19 a Faraó, rei do Egito, e a seus servos, e a seus príncipes, e a todo o seu povo;
20 e a todo o povo misto, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da terra dos filisteus, a Asquelom, a Gaza, a Ecrom, e ao que resta de Asdode;
21 e a Edom, a Moabe, e aos filhos de Amom;
22 e a todos os reis de Tiro, e a todos os reis de Sidom, e aos reis das terras dalém do mar;
23 a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que habitam nos últimos cantos da terra;
24 a todos os reis da Arábia, e a todos os reis do povo misto que habita no deserto;
25 a todos os reis de Zinri, a todos os reis de Elão, e a todos os reis da Média;
26 a todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, tanto um como o outro, e a todos os reinos da terra, que estão sobre a face da terra; e o rei de Sesaque beberá depois deles.
27 Pois lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Bebei, e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar, por causa da espada que eu vos enviarei.
28 Se recusarem tomar o copo da tua mão para beber, então lhes dirás: Assim diz o Senhor dos exércitos: Certamente bebereis.
29 Pois eis que sobre a cidade que se chama pelo meu nome, eu começo a trazer a calamidade; e haveis vós de ficar totalmente impunes? Não ficareis impunes; porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos exércitos.
30 Tu pois lhes profetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o alto bramirá, e fará ouvir a sua voz desde a sua santa morada; bramirá fortemente contra a sua habitação; dará brados, como os que pisam as uvas, contra todos os moradores da terra.
31 Chegará o estrondo até a extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo com toda a carne; quanto aos ímpios, ele os entregará a espada, diz o Senhor.
32 Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tempestade se levantará dos confins da terra.
33 E os mortos do Senhor naquele dia se encontrarão desde uma extremidade da terra até a outra; não serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão como esterco sobre a superfície da terra.
34 Uivai, pastores, e clamai; e revolvei-vos na cinza, vós que sois os principais do rebanho; pois já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos, e eu vos despedaçarei, e vós então caireis como carneiros escolhidos.
35 E não haverá refúgio para os pastores, nem lugar para onde escaparem os principais do rebanho.
36 Eis a voz de grito dos pastores, o uivo dos principais do rebanho; porque o Senhor está devastando o pasto deles.
37 E as suas malhadas pacíficas são reduzidas a silêncio, por causa do furor da ira do Senhor.
38 Deixou como leão o seu covil; porque a sua terra se tornou em desolação, por causa do furor do opressor, e por causa do furor da sua ira.”




Jeremias 26

Os fatos narrados neste capitulo sucederam no início do reinado de Jeoaquim, quando o Senhor enviou Jeremias a pregar no átrio do templo contra Jerusalém e contra o próprio  templo, e o prenderam conduzindo-o à presença do rei para que fosse morto, por ter proferido tais palavras.
E os principais sacerdotes e anciãos, bem como todo o povo queriam matar Jeremias porque havia dito que Deus faria a Jerusalém e ao templo, o mesmo que fizera a Siló, nos dias do sumo sacerdote Eli.
Todavia, Jeremias sustentou corajosamente diante de todos eles o que havia proferido, e que deveriam emendar as suas más ações para que achassem misericórdia da parte do Senhor.
Então eles passaram a refletir com prudência, em favor de Jeremias, lembrando o perigo que haveria para todos eles se derramassem o sangue inocente de um profeta do Senhor, e lembraram de que o rei Ezequias nada fizera contra Miqueias quando profetizou contra a maldade dos judeus, antes, eles ouviram suas palavras.
Um outro profeta chamado Urias, que estava sendo guardado pelo rei Jeoaquim para ser morto, não teve a mesma proteção da parte de Deus, que estava sobre Jeremias, porque não confirmou o que estava pregando, tal como Jeremias fizera, e  mesmo tendo fugido para o Egito, o rei mandou que fossem em perseguição dele, e conseguindo capturá-lo matou-o à espada.
Mas Aicão, agiu de modo nobre, e estando na mesma condição de Jeremias e Urias, não fugiu à responsabilidade e à coragem de defender a verdade, e ficou do lado de Jeremias, e por isso não foi morto, porque achou favor da parte do Senhor (v. 21 a 24).
Urias tentou salvar a sua vida e morreu. Aicão se dispôs a perder a vida por amor à verdade e foi poupado. Isto nos faz lembrar das palavras de nosso Senhor:

“pois, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, acha-la-á.” (Mt 16.25)

A fuga de Urias para poupar a própria vida poderia comprometer o que havia dito, porque não é comum que profetas do Senhor não afirmem a verdade que pregaram em face do perigo da morte, e isto colocaria a Palavra proferida em dúvida, como tendo sido procedente de fato da parte do Senhor, e por isso foi permitido por Deus que lhe viesse tal juízo, de maneira a demonstrar que não havia aprovado a atitude do profeta.


“1 No princípio do reino de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, veio da parte do Senhor esta palavra, dizendo:
2 Assim diz o Senhor: Põe-te no átrio da casa do Senhor e dize a todas as cidades de Judá que vêm adorar na casa do Senhor, todas as palavras que te mando que lhes fales; não omitas uma só palavra.
3 Bem pode ser que ouçam, e se convertam cada um do seu mau caminho, para que eu desista do mal que intento fazer-lhes por causa da maldade das suas ações.
4 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor: Se não me derdes ouvidos para andardes na minha lei, que pus diante de vós,
5 e para ouvirdes as palavras dos meus servos, os profetas, que eu com insistência vos envio, mas não ouvistes;
6 então farei que esta casa seja como Siló, e farei desta cidade uma maldição para todas as nações da terra.
7 E ouviram os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, a Jeremias, anunciando estas palavras na casa do Senhor.
8 Tendo Jeremias acabado de dizer tudo quanto o Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram nele os sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, dizendo: Certamente morrerás.
9 Por que profetizaste em nome do Senhor, dizendo: Será como Siló esta casa, e esta cidade ficará assolada e desabitada? E ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor.
10 Quando os príncipes de Judá ouviram estas coisas, subiram da casa do rei à casa do Senhor, e se assentaram à entrada da porta nova do Senhor.
11 Então falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo povo, dizendo: Este homem é réu de morte, porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos próprios ouvidos.
12 E falou Jeremias a todos os príncipes e a todo o povo, dizendo: O Senhor enviou-me a profetizar contra esta casa, e contra esta cidade, todas as palavras que ouvistes.
13 Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas ações, e ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e o Senhor desistirá do mal que falou contra vós.
14 Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos.
15 Sabei, porém, com certeza que, se me matardes a mim, trareis sangue inocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus habitantes; porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós, para dizer aos vossos ouvidos todas estas palavras.
16 Então disseram os príncipes e todo o povo aos sacerdotes e aos profetas: Este homem não é réu de morte, porque em nome do Senhor, nosso Deus, nos falou.
17 Também se levantaram alguns dos anciãos da terra, e falaram a toda a assembleia do povo, dizendo:
18 Miqueias, o morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a todo o povo de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte desta casa como os altos de um bosque.
19 Mataram-no, porventura, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Antes não temeu este ao Senhor, e não implorou o favor do Senhor? e não se arrependeu o Senhor do mal que falara contra eles? Mas nós estamos fazendo um grande mal contra as nossas almas.
20 Também houve outro homem que profetizava em nome do Senhor: Urias, filho de Semaías, de Quiriate-Jearim, o qual profetizou contra esta cidade, e contra esta terra, conforme todas as palavras de Jeremias;
21 e quando o rei Jeoaquim, e todos os seus valentes, e todos os príncipes, ouviram as palavras dele, procurou o rei matá-lo; mas quando Urias o ouviu, temeu, e fugiu, e foi para o Egito;
22 mas o rei Jeoaquim enviou ao Egito certos homens; Elnatã, filho de Acbor, e outros com ele,
23 os quais tiraram a Urias do Egito, e o trouxeram ao rei Jeoaquim, que o matou à espada, e lançou o seu cadáver nas sepulturas da plebe.
24 Porém Aicão, filho de Safã, deu apoio a Jeremias, de sorte que não foi entregue na mão do povo, para ser morto.”



Jeremias 27

Esta profecia foi dada no início do reinado de Zedequias, quando uma embaixada de Edom, Moabe, Amon, Tiro e Sidom, viera ter com ele em Jerusalém, provavelmente na ocasião das cerimônias da sua entronização, e quando procuraram conspirar contra o rei de Babilônia, porque falsos profetas estavam profetizando para estes reis as visões e oráculos de que eles sacudiriam o jugo do rei de Babilônia que estava sobre eles.
Então o Senhor ordenou a Jeremias que preparasse correias e canzis, e mandou que ele os desse àqueles embaixadores para que fossem levados aos respectivos reis, dizendo-lhes que usassem o jugo do rei de Babilônia, porque toda a nação que se recusasse a servi-lo, seria destruída.
É importante observar que estas mesmas nações que tentaram conspirar com Zedequias contra Babilônia, haviam se juntado a ela para virem contra Jerusalém, no cerco de quase dois anos que eles fizeram contra a referida cidade.
Eles fizeram isto não por terem dado crédito à profecia de Jeremias, mas por motivo de dissimulação, para que não chegasse ao conhecimento do rei de Babilônia que estavam conspirando contra ele.
Entretanto, de nada adiantou se coligarem a ele, porque, conforme estava determinado pelo Senhor, eles viriam também a ser destruídos por ele, depois de ter dominado Jerusalém e ter feito contra ela, tudo o que o Senhor dissera através de Jeremias, especialmente quanto à destruição do templo, e da remoção do demais utensílios sagrados que haviam sido lá deixados, por terem sido poupados quando os vasos do templo foram destruído na primeira leva de cativos em 605 a. C. nos dias de Jeoaquim, como uma forma de retribuição do Senhor às perversidades do referido rei.
Tão grande é a misericórdia do Senhor, que nós vemos que logo no início do reinado de Zedequias, Ele tentou ainda fazer com que muitos fossem poupados em Jerusalém, por ouvirem a Sua palavra, rendendo-se voluntariamente ao rei de Babilônia para serem poupados, mas o orgulho deles e endurecimento no pecado, e apego às suas riquezas que haviam juntado em Jerusalém não lhes permitiria uma tal coisa, e assim correram com seus próprios pés de encontro à destruição, quando poderiam ter-se poupado dela.
De igual modo, quando um crente rebelde é admoestado e repreendido por seus líderes, que lhes falam pelo Espírito, para se arrepender e a voltar para o Senhor, e não lhes dá ouvidos,  ele fica sujeito à correção da Aliança, sem a qual o Senhor não deixará a nenhum de Seus filhos, até o ponto extremo de serem considerados gentios e publicanos, ou serem entregues a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor.

“1 No princípio do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, veio esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo:
2 Assim me disse o Senhor: Faze-te correias e canzis e põe-nos ao teu pescoço.
3 Depois envia-os ao rei de Edom, e ao rei de Moabe, e ao rei dos filhos de Amom, e ao rei de Tiro, e ao rei de Sidom, pela mão dos mensageiros que são vindos a Jerusalém a ter com zedequias, rei de Judá;
4 e lhes darás uma mensagem para seus senhores, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Assim direis a vossos senhores:
5 Sou eu que, com o meu grande poder e o meu braço estendido, fiz a terra com os homens e os animais que estão sobre a face da terra; e a dou a quem me apraz.
6 E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo; e ainda até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam.
7 Todas as nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho, até que venha o tempo da sua própria terra; e então muitas nações e grandes reis se servirão dele.
8 A nação e o reino que não servirem a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e que não puserem o seu pescoço debaixo do jugo do rei de Babilônia, punirei com a espada, com a fome, e com a peste a essa nação, diz o Senhor, até que eu os tenha consumido pela mão dele.
9 Não deis ouvidos, pois, aos vossos profetas, e aos vossos adivinhadores, e aos vossos sonhos, e aos vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos dizem: Não servireis o rei de Babilônia;
10 porque vos profetizam a mentira, para serdes removidos para longe da vossa terra, e eu vos expulsarei dela, e vós perecereis.
11 Mas a nação que meter o seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, e o servir, eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor; e lavra-la-á e habitará nela.
12 E falei com Zedequias, rei de Judá, conforme todas estas palavras: Metei os vossos pescoços no jugo do rei de Babilônia, e servi-o, a ele e ao seu povo, e vivei.
13 Por que morrereis tu e o teu povo, à espada, de fome, e de peste, como o Senhor disse acerca da nação que não servir ao rei de Babilônia?
14 Não deis ouvidos às palavras dos profetas que vos dizem: Não servireis ao rei de Babilônia; porque vos profetizam a mentira.
15 Pois não os enviei, diz o Senhor, mas eles profetizam falsamente em meu nome; para que eu vos lance fora, e venhais a perecer, vós e os profetas que vos profetizam.
16 Então falei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo: Assim diz o Senhor: Não deis ouvidos às palavras dos vossos profetas, que vos profetizam dizendo: Eis que os utensílios da casa do senhor cedo voltarão de Babilônia; pois eles vos profetizam a mentira.
17 Não lhes deis ouvidos; servi ao rei de Babilônia, e vivei. Por que se tornaria esta cidade em assolação?
18 Se, porém, são profetas, e se está com eles a palavra do Senhor, intercedam agora junto ao Senhor dos exércitos, para que os utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém, não vão para Babilônia.
19 Pois assim diz o Senhor dos exércitos acerca das colunas, e do mar, e das bases, e dos demais utensílios que ficaram na cidade,
20 os quais Nabucodonosor, rei de Babilônia, não levou, quando transportou de Jerusalém para Babilônia a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, como também a todos os nobres de Judá e de Jerusalém;
21 assim pois diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, acerca dos utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá, e em Jerusalém:
22 Para Babilônia serão levados, e ali ficarão até o dia em que eu os visitar, diz o Senhor; então os farei subir, e os restituirei a este lugar.”



Jeremias 28

A narrativa deste capitulo é uma continuação da narrativa do capítulo anterior, porque Jeremias ainda se encontrava com um dos canzis em seu próprio pescoço, quando veio ter com ele o profeta Hananias, desdizendo tudo o que Jeremias havia profetizado e fazendo promessas falsas de paz para Jerusalém, e ao tirar o jugo de madeira que estava no pescoço de Jeremias, o quebrou, dizendo que era aquilo que o Senhor faria dentro de dois anos a Babilônia, porque quebraria o jugo que ela estava impondo às nações, e que os utensílios do templo seriam trazidos de volta, bem como o rei Joaquim e todos os que se encontravam com ele no cativeiro.
A resposta de Deus para Hananias, foi a de que não lhe havia enviado, e que portanto, não somente a palavra que dissera por Jeremias seria mantida, porque em vez de jugo de madeira, faria um jugo de ferro para as nações sob o domínio de Babilônia, e que Hananias morreria naquele mesmo ano, e isto ocorreu apenas dois meses depois de ter sido proferido contra ele tal juízo.
Tais evidências que o Senhor estava dando aos judeus de que estava de fato falando através de Jeremias seria o suficiente para que eles se arrependessem e atendessem à sua palavra relativa a que se rendessem ao rei de Babilônia para que fossem poupados, mas eles estavam endurecidos o bastante para fazê-lo.
Não é incomum que isto ocorra a crentes que permaneçam durante muito tempo afastados de Deus, porque por maiores que sejam os milagres e as evidências de que Deus é com os servos que lhes tem enviado para a restauração deles, geralmente permanecem cegos e endurecidos, por causa do pecado do orgulho que não permite que se humilhem perante o Senhor e se arrependam dos seus pecados convertendo-se a Ele.


“1 E sucedeu no mesmo ano, no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, no ano quarto, no mês quinto, que Hananias, filho de Azur, o profeta de Gibeão, me falou, na casa do Senhor, na presença dos sacerdotes e de todo o povo dizendo:
2 Assim fala o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Eu quebrarei o jugo do rei de Babilônia.
3 Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da casa do Senhor, que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei de Babilônia, levando-os para Babilônia.
4 Também a Jeconias, filho de Jeoaquim rei de Judá, e a todos os do cativeiro de, Judá, que entraram em Babilônia, eu os tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor; porque hei de quebrar o jugo do rei de Babilônia.
5 Então falou o profeta Jeremias ao profeta Hananias, na presença dos sacerdotes, e na presença de todo o povo que estava na casa do Senhor.
6 Disse pois Jeremias, o profeta: Amém! assim faça o Senhor; cumpra o Senhor as tuas palavras, que profetizaste, e torne ele a trazer os utensílios da casa do Senhor, e todos os do cativeiro, de Babilônia para este lugar.
7 Mas ouve agora esta palavra, que eu falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:
8 Os profetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a antiguidade, profetizaram contra muitos países e contra grandes reinos, acerca de guerra, de fome e de peste.
9 Quanto ao profeta que profetizar de paz, quando se cumprir a palavra desse profeta, então será conhecido que o Senhor na verdade enviou o profeta.
10 Então o profeta Hananias tomou o canzil do pescoço do profeta Jeremias e o quebrou.
11 E falou Hananias na presença de todo o povo, dizendo: Isto diz o Senhor: Assim dentro de dois anos quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de Babilônia, de sobre o pescoço de todas as nações. E Jeremias, o profeta, se foi seu caminho.
12 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, depois de ter o profeta Hananias quebrado o jugo de sobre o pescoço do profeta Jeremias, dizendo:
13 Vai, e fala a Hananias, dizendo: Assim diz o Senhor: Jugos de madeira quebraste, mas em vez deles farei jugos de ferro
14 Pois assim diz o Senhor dos exércitos o Deus de Israel Jugo de ferro pus sobre o, pescoço de todas estas nações, para servirem a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e o servirão; e até os animais do campo lhe dei.
15 Então disse o profeta Jeremias ao profeta Hananias: Ouve agora, Hananias: O Senhor não te enviou, mas tu fazes que este povo confie numa mentira.
16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que te lançarei de sobre a face da terra. Este ano morrerás, porque pregaste rebelião contra o Senhor.
17 Morreu, pois, Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês.”



Jeremias 29

Nos dias do rei Ezequias, o Senhor deu a Jeremias as palavras que deveriam ser registradas numa carta para ser enviada aos judeus que se encontravam no cativeiro em Babilônia, palavras estas que se encontram nos versos 4 a 28.
O propósito principal da carta era o de demonstrar que a condição dos judeus que se encontravam em Babilônia não era sem esperança, e nem pior do que a dos que ainda se encontravam em Judá e Jerusalém, porque o Senhor visitaria a estes, com fome, peste e espada.
Deste modo, não deveriam dar ouvidos às mensagens de falsos profetas no meio deles em Babilônia, que procuravam instigá-los contra o governo da nação dominadora, pelas falsas promessas de que seriam libertados.
Ao contrário, eles teriam que permanecer por setenta anos em Babilônia, e por isso deveriam viver normalmente na cidade, tanto quanto lhes fosse possível, construindo suas casas, dando-se em casamento, e principalmente orando ao Senhor para que houvesse paz na cidade, em vez de insurreição, porque na paz da cidade, eles encontrariam a própria paz deles.
E para confirmar que isto era a verdade, conforme a revelara a Jeremias, o Senhor citou os nomes de dois falsos profetas que estavam entre eles, chamados Acabe e Zedequias, que seriam um sinal para eles, porque o Senhor os entregaria na mão de Nabucodonosor, que os mataria diante dos olhos deles, e o faria não pela espada, mas pelo fogo. Além de falsos profetas estes homens eram adúlteros, e como poderiam falar em nome do Senhor vivendo em adultério? Tal seria a desgraça de ambos, que Judá levantaria um provérbio depois deles como fórmula de maldição dizendo que o Senhor fizesse a tais amaldiçoados o que fizera a Acabe e a Zedequias, que foram assados no fogo pelo rei de Babilônia (v. 21 a 23).
Além disso, a carta enviada a eles continha um juízo contra Semaías, que estava enviando cartas em seu próprio nome, de Babilônia para todo o povo que se encontrava em Jerusalém, e especialmente ao sacerdote Sofonias, e aos demais sacerdotes dizendo-lhes que O Senhor lhe havia colocado por sacerdote no lugar de Jeoiada, para lançar na prisão e no tronco a todo homem que profetizasse, querendo com isto atingir a Jeremias, mas o profeta, corajosamente, inspirado por Deus, perguntou-lhe na carta porque ele não havia sido repreendido até então porque continuava profetizando que o cativeiro duraria muito tempo, e que então edificassem casas em Babilônia e habitassem nelas, e plantassem pomares e comessem do seu fruto.

A pedido de Jeremias o próprio sacerdote Sofonias leu o teor desta carta em voz alta (v. 29), e depois de tê-la lido, veio a palavra do Senhor a Jeremias mandando dizer a todos os do cativeiro em Babilônia que porquanto Semaías profetizou o que Ele não havia ordenado, fazendo-lhes confiar em mentira, então o castigaria, bem como a sua descendência, e não haveria ninguém da descendência dele que retornaria a Judá, quando o Senhor trouxesse o Seu povo de volta de Babilônia.


“1 Ora, são estas as palavras da carta que Jeremias, o profeta, enviou de Jerusalém, aos que restavam dos anciãos do cativeiro, como também aos sacerdotes, e aos profetas, e a todo o povo, que Nabucodonosor levara cativos de Jerusalém para Babilônia,
2 depois de terem saído de Jerusalém o rei Jeconias, e a rainha-mãe, e os eunucos, e os príncipes de Judá e Jerusalém e os artífices e os ferreiros.
3 Veio por mão de Elasa, filho de Safã, e de Gemarias, filho de Hilquias, os quais Zedequias, rei de Judá, enviou a Babilônia, a Nabucodonosor, rei de Babilônia; eis as palavras da carta:
4 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, a todos os do cativeiro, que eu fiz levar cativos de Jerusalém para Babilônia:
5 Edificai casas e habitai-as; plantai jardins, e comei o seu fruto.
6 Tomai mulheres e gerai filhos e filhas; também tomai mulheres para vossos filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; assim multiplicai-vos ali, e não vos diminuais.
7 E procurai a paz da cidade, para a qual fiz que fôsseis levados cativos, e orai por ela ao Senhor: porque na sua paz vós tereis paz.
8 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhadores; nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós sonhais;
9 porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os enviei, diz o Senhor.
10 Porque assim diz o Senhor: Certamente que passados setenta anos em Babilônia, eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar.
11 Pois eu bem sei os planos que estou projetando para vós, diz o Senhor; planos de paz, e não de mal, para vos dar um futuro e uma esperança.
12 Então me invocareis, e ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei.
13 Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.
14 E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos, e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor; e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei.
15 Porque dizeis: O Senhor nos levantou profetas em Babilônia;
16 portanto assim diz o Senhor a respeito do rei que se assenta no trono de Davi, e de todo o povo que habita nesta cidade, vossos irmãos, que não saíram convosco para o cativeiro;
17 assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que enviarei entre eles a espada, a fome e a peste e fa-los-ei como a figos péssimos, que não se podem comer, de ruins que são.
18 E persegui-los-ei com a espada, com a fome e com a peste; farei que sejam um espetáculo de terror para todos os reinos da terra, e para serem um motivo de execração, de espanto, de assobio, e de opróbrio entre todas as nações para onde os tiver lançado,
19 porque não deram ouvidos às minhas palavras, diz o Senhor, as quais lhes enviei com insistência pelos meus servos, os profetas; mas vós não escutastes, diz o Senhor.
20 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, vós todos os do cativeiro que enviei de Jerusalém para Babilônia.
21 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, acerca de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaseias, que vos profetizam falsamente em meu nome: Eis que os entregarei na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele os matará diante dos vossos olhos.
22 E por causa deles será formulada uma maldição por todos os exilados de Judá que estão em Babilônia, dizendo: O Senhor te faça como a Zedequias, e como a Acabe, os quais o rei de Babilônia assou no fogo;
23 porque fizeram insensatez em Israel, cometendo adultério com as mulheres de seus próximos, e anunciando falsamente em meu nome palavras que não lhes mandei. Eu o sei, e sou testemunha disso, diz o Senhor.
24 E a Semaías, o neelamita, falarás, dizendo:
25 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Porquanto enviaste em teu próprio nome cartas a todo o povo que está em Jerusalém, como também a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, e a todos os sacerdotes, dizendo:
26 O Senhor te pôs por sacerdote em lugar de Jeoiada, o sacerdote, para que fosses encarregado da casa do Senhor, sobre todo homem obsesso que profetiza, para o lançares na prisão e no tronco;
27 agora, pois, por que não repreendeste a Jeremias, o anatotita, que vos profetiza?
28 Pois que até nos mandou dizer em Babilônia: O cativeiro muito há de durar; edificai casas, e habitai-as; e plantai jardins, e comei do seu fruto.
29 E lera Sofonias, o sacerdote, esta carta aos ouvidos de Jeremias, o profeta.
30 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
31 Manda a todos os do cativeiro, dizendo: Assim diz o Senhor acerca de Semaías, o neelamita: Porquanto Semaías vos profetizou, quando eu não o enviei, e vos fez confiar numa mentira,


32 portanto assim diz o Senhor: Eis que castigarei a Semaías, o neelamita, e a sua descendência; ele não terá varão que habite entre este povo, nem verá ele o bem que hei de fazer ao meu povo, diz o Senhor, porque pregou rebelião contra o Senhor.”





Jeremias 30

Nossa Necessidade Vital de Jesus Cristo - Jeremias 30

Cheio de indignação e de zelo por causa dos muitos falsos profetas que estavam se levantando no meio de Judá tanto em Babilônia, quanto em Jerusalém, profetizando uma falsa paz, pelo simples retorno do cativeiro, o Senhor se levantou para pronunciar não meras palavras de esperança e de consolação para Judá, mas palavras verdadeiras, relativas ao bem que constava em Seus planos em relação a eles, desde antes da fundação do mundo, porque ainda os colocaria por objeto de louvor na terra, e destruiria as nações que lhes haviam oprimido, porque não as pouparia como faria em relação ao Seu povo de Israel, porque não somente tinha uma aliança com eles, como também, tinha um plano de verdadeira paz e glória para várias pessoas de todas as nações do mundo, que cumpriria por meio deles, no Rei (Jesus) que lhes daria, que foi chamado na profecia de Davi (v. 9), porque seria da Sua descendência.
Por isso é dito no verso 24, no final desta profecia, que os judeus entenderiam o significado desta profecia somente nos últimos dias.
Então haveria um retorno do cativeiro para Judá como os falsos profetas estavam anunciando, mas não no tempo reduzido que eles falavam, e nem na condição do povo de estar ainda apegado à idolatria.
Eles teriam que ser purificados. Eles teriam que sentir a dor de terem desprezado a terra que o Senhor lhes dera por herança.
Por isso o tempo da cura seria longo, e é isto o que o Senhor lhes estava dizendo através de Jeremias neste capitulo 30.
Eles não tinham porque reclamar das dores que estavam sofrendo porque foram eles próprios que deram ocasião a elas, com as suas iniquidades.
Todavia, o Senhor proveria um meio para que fossem curados até mesmo de suas transgressões, para perdoá-las, de forma que estivessem para sempre na Sua presença, e isto nós veremos mais detalhadamente no capitulo seguinte, no qual Ele fez a promessa da Nova Aliança.
É dito no verso 9 que eles serviriam a Deus Pai, como também a Davi (Deus Filho), que lhes seria levantado pelo Pai, porque aquele que não honra o Filho não tem o Pai, e aquele que não tem o Filho, não tem também o Pai.
Em Seus dias, o verdadeiro Israel estaria seguro e não teria mais o que temer, porque seria libertado de toda forma de cativeiro (do pecado, do diabo, da morte, do mundo), do qual o de Babilônia era apenas uma figura.
A ferida de Judá se chamava pecado, e não havia quem pudesse curar tal ferida, senão somente o próprio Senhor, e Ele o faria depois de tê-los castigado em justa medida, porque não poderia tê-los como inocentes.
Ele não pode declarar o culpado inocente, mas pode perdoá-lo, e por isso seria esta a base da Nova Aliança, que faria com Israel e com Judá, para que pudessem estar perante Ele para sempre.
Não tivesse o Senhor visitado o seu povo de Israel com a correção do cativeiro, eles teriam se corrompido totalmente, como a geração dos dias de Noé, e assim, não haveria esperança nem para eles, e nem para o mundo dos gentios, porque isto não permitiria que o Messias viesse para o seu próprio povo, conforme estava determinado nos conselhos eternos de Deus, porque seriam apenas adoradores de falsos deuses, como todas as demais nações pagãs do seu tempo.


“1 A palavra que do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Escreve num livro todas as palavras que te falei;
3 pois eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel e Judá, diz o Senhor; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão.
4 E estas são as palavras que disse o Senhor, acerca de Israel e de Judá.
5 Assim, pois, diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz.
6 Perguntai, pois, e vede, se um homem pode dar à luz. Por que, pois, vejo a cada homem com as mãos sobre os lombos como a que está de parto? Por que empalideceram todos os rostos?
7 Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; todavia, há de ser livre dela.
8 E será naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, que eu quebrarei o jugo de sobre o seu pescoço, e romperei as suas correias. Nunca mais se servirão dele os estrangeiros;
9 mas ele servirá ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhe levantarei.
10 Não temas pois tu, servo meu, Jacó, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei de terras longínquas, e à tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranquilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize.
11 Porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te salvar; porquanto darei fim cabal a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida justa, e de maneira alguma te terei por inocente.
12 Porque assim diz o Senhor: Incurável é a tua fratura, e gravíssima a tua ferida.
13 Não há quem defenda a tua causa; para a tua ferida não há remédio nem cura.
14 Todos os teus amantes se esqueceram de ti; não te procuram; pois te feri com ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, porque é grande a tua culpa, e têm-se multiplicado os teus pecados.
15 Por que gritas por causa da tua fratura? tua dor é incurável. Por ser grande a tua culpa, e por se terem multiplicado os teus pecados, é que te fiz estas coisas.
16 Portanto todos os que te devoram serão devorados, e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te saqueiam entregarei ao saque.
17 Pois te restaurarei a saúde e te sararei as feridas, diz o Senhor; porque te chamaram a repudiada, dizendo: É Sião, à qual já ninguém procura.
18 Assim diz o Senhor: Eis que acabarei o cativeiro das tendas de Jacó, e apiedar-me-ei das suas moradas; e a cidade será reedificada sobre o seu montão, e o palácio permanecerá como habitualmente.
19 E sairá deles ação de graças e a voz dos que se alegram; e multiplica-los-ei, e não serão diminuídos; glorifica-los-ei, e não serão apoucados.
20 E seus filhos serão como na antiguidade, e a sua congregação será estabelecida diante de mim, e castigarei todos os seus opressores.
21 E o seu príncipe será deles, e o seu governador sairá do meio deles; e o farei aproximar, e ele se chegará a mim. Pois quem por si mesmo ousaria chegar-se a mim? diz o Senhor.
22 E vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.
23 Eis a tempestade do Senhor! A sua indignação já saiu, uma tempestade varredora; cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.
24 Não retrocederá o furor da ira do Senhor, até que ele tenha executado, e até que tenha cumprido os desígnios do seu coração. Nos últimos dias entendereis isso.”



Jeremias 31

A Promessa da Nova Aliança - Jeremias 31

Um dos textos mais citados em toda a história da Igreja, especialmente depois da Reforma, é o que encontramos nos versículos 31 a 34 do capítulo 31 de Jeremias, que se refere à promessa da Nova Aliança.
É importante, para uma interpretação correta de todas as palavras da citada passagem, considerá-la no contexto de toda a mensagem do livro de Jeremias, especialmente à luz da sentença inapelável de que muitos seriam mortos em Judá e o restante do povo seria levado para o cativeiro em Babilônia por causa dos seus pecados.
Então, a promessa da Nova Aliança foi dirigida originalmente às casas  de Israel e de Judá, que tinham sido duramente castigadas pelo Senhor, e levadas para o cativeiro, para que tivessem confiança que o remanescente do povo que fosse poupado por Deus, poderia ter a plena confiança de que os antigos pecados e iniquidades que eles haviam praticado, seriam totalmente esquecidos, porque o Senhor tornaria a lhes fazer o bem, nos dias desta Nova Aliança que ainda seria inaugurada.
O Novo Testamento cita esta promessa, especialmente o autor de Hebreus, para afirmar que a condição de se estar aliançado com Cristo, é de perdão total de pecados, por causa do sangue deste novo pacto que foi derramado por Ele justamente para a remissão de pecados de muitos.
A nova aliança que seria feita com Israel e Judá seria estendida também aos gentios, porque a  promessa do Messias, do Redentor, que foi dado aos judeus para apartá-los dos seus pecados, alcançaria também os gentios, para que uma vez remidos de seus pecados (perdoados, livrados, justificados) por causa da obra deste Redentor, que tomaria sobre Si mesmo as nossas iniquidades, para que pudéssemos ser livrados da ira de Deus contra o pecado, tal como Ele a havia manifestado contra Israel e Judá, conforme vemos no livro de Jeremias.
E esta Nova Aliança seria firmada para que pudéssemos receber a implantação  da Sua Lei em nossas mentes e corações, pela habitação do Espírito Santo, que é Aquele que implanta a Palavra de Deus em nós, de modo que sejamos admitidos como participantes do verdadeiro povo de Deus, que jamais será condenado por Ele, e que habitará com Ele por toda a eternidade.
Então, está claro que a promessa da Nova Aliança não tem em vista nos dar um salvo conduto para continuarmos na prática do pecado, enquanto temos a certeza de que iremos para o céu, por terem sido perdoadas as nossas iniquidades em Cristo, ou seja, vivermos tal como viveram  os israelitas do passado, e sobre os quais viera a ira de Deus nos dias de Jeremias.
Evidentemente, não poderia ser este, de modo algum, o significado da promessa da Nova Aliança e dos seus benefícios.
Porque está bastante claro no contexto de Jeremias que Deus não ficou cansado de exigir santidade de Seu povo, por julgar que isto seja algo impossível de ser alcançado, mas nos proveu de um meio eficaz na Nova Aliança, para que possamos alcançar este propósito da nossa santificação, no qual Ele está interessado tão de perto, tanto que o autor de Hebreus não cita simplesmente o perdão das iniquidades e o esquecimento dos pecados dos cristãos por Deus, por causa da Nova Aliança, como também os exorta ao progresso em santificação, dizendo que sem esta evidência ninguém verá o Senhor.
Isto significa que o sangue derramado por Cristo tem o propósito de nos santificar, de modo que possa ser cumprido o desígnio eterno de Deus em relação aos que nele creem.        
Esta passagem de Jeremias relativa à Nova Aliança requer uma reflexão especial porque trata de algo realmente inteiramente novo que Deus providenciaria para que aqueles que fossem admitidos por Ele como integrantes do Seu povo pudessem receber um auxílio especial, na pessoa e obra do Messias, do Rei Justo prometido no vigésimo terceiro capítulo deste livro de Jeremias.
“5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.
6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (Jer 23.5,6).
Nos dias da Antiga Aliança, Deus havia levantado governantes, juízes e reis justos e piedosos para conduzirem o povo, tais como Moisés, Josué, Samuel, Davi, Josafá, Ezequias, Josias, dentre outros, entretanto, nenhum deles poderia garantir que um só israelita vivesse em santidade diante de Deus.
Mas este Rei procederia como um renovo de Davi, um ramo que brotaria do tronco-raiz seco e morto de Jessé, pai de Davi, na plenitude do tempo, depois de Deus ter demonstrado fartamente, que sem a Sua ajuda, e sem que Ele nos fosse dado, Ele não poderia ter um povo que andasse na prática da justiça e da piedade.
E isto foi demonstrado de modo prático durante séculos na vida da nação de Israel, antes que Jesus se manifestasse e inaugurasse a Nova Aliança, que está sendo prometida no trigésimo primeiro capitulo de Jeremias.
Deus teve no antigo pacto pessoas que foram justificadas e andaram na justiça como Moisés e outros, e até mesmo antes deles, outros como Abel, Enoque e Abraão, mas nunca se viu todo o povo de Deus andando nos Seus caminhos, e conhecendo a Sua vontade.
Por isso as bases do pacto puderam ser mudadas, para que não fosse conforme o que fora feito por meio de Moisés, porque o Rei do povo de Deus, que lhes seria dado, seria poderoso para garantir o andar de todos eles na justiça, e fazer com que todos eles também conhecessem a Deus, diferentemente dos judeus nos dias do Antigo Testamento, que em sua grande maioria, apesar de fazerem parte da aliança, de serem do povo Deus, não O conheciam e não andavam em Seus caminhos.
Como o Seu governo é efetivo no coração, na alma, no espírito, e no próprio corpo dos súditos do Seu reino, então não haveria mais necessidade de se promulgar uma lei que ameaçasse com destruição, com seca, com morte pela espada, pela doença, e com cativeiro, a qualquer dos aliançados que viessem a transgredir os mandamentos de Deus, porque eles não seriam lançados fora da aliança, porque seria garantido por este Rei que seria a própria JUSTIÇA deles, que os seus pecados todos e todas as suas iniquidades, fossem perdoados e esquecidos, porque carregaria os pecados e a culpa do Seu povo sobre Si mesmo, quando morresse no lugar deles na cruz.    
Por isso se diz que o nome que o Seu povo seria conhecido é o de SENHOR JUSTIÇA NOSSA, porque Ele próprio seria a justiça deles, com a qual estariam justificados de seus pecados diante de Deus.
Deste modo, se afirma que já não há nenhuma condenação, acusação, ou maldição para quem está em Cristo Jesus.
Porque foram resgatados da maldição da Lei por Ele, e também da escravidão ao pecado e ao diabo, e do poder da morte.
Então os cristãos não se encontram debaixo das maldições previstas na Lei de Moisés, porque eram inerentes à Antiga Aliança, mas debaixo de uma Nova Aliança, que substituiu inteiramente a Antiga.
A Justiça deste Rei Justo com a qual somos justificados é a base do Seu reino, ao qual fomos chamados a participar pela misericórdia de Deus, nos associando a Ele, de um modo vital, de modo que se diz que: “sendo Rei, reinará e procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra.  Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O SENHOR JUSTIÇA NOSSA.”. Então é esta Justiça que é dEle, e não propriamente nossa, que nos salva e nos faz habitar em segurança, conforme a promessa constante da profecia deste texto citado de Jer 23.5b,6.
Esta justificação não pode significar que nos tornamos perfeitamente justos desde que tivemos um encontro pessoal com Cristo, pois que ainda permanecemos sujeitos à ação do pecado e nem se pode dizer de nós, enquanto neste mundo, que chegaremos à plenitude da perfeição das virtudes de Deus.
Ora, isto ocorrerá no porvir. Mas não se declara na Palavra que seremos justificados no porvir, porque a justiça do Rei Justo será implantada progressivamente em nós pela santificação, e também nos aperfeiçoará perfeitamente no porvir, porque isto terá sido possível por causa da justificação que nos foi atribuída de uma vez para sempre desde que passamos a pertencer a Ele, e consequentemente ao Seu reino de justiça.
É por isso que o Senhor afirma que não lança fora a nenhum que vem a Ele, e que a vontade do Pai é que não perca a nenhum dos que lhes foram dados por Ele.
Ora, isto significa sobretudo que enquanto permanecermos nEle, nada poderá nos separar do Seu amor, porque a obra de expiação que fizera em nosso favor, para o perdão do nosso pecado, foi completa, perfeita e segura; assim, como a nossa justificação por estarmos nEle possui também tais características, porque é impossível que Ele possa ser vencido, e Sua vida é eterna e inabalável.                    
Em Cristo temos sido aperfeiçoados.
Podemos ser ainda imperfeitos, mas seremos perfeitos como Ele é perfeito, se permanecermos firmes na fé e nEle mesmo.
Somos chamados de justos, ainda que imperfeitos, porque estamos nAquele que é perfeitamente Justo.
O capítulo 31 de Jeremias é introduzido pela citação “Naquele tempo”, ou seja, nos dias da Nova Aliança, da dispensação da graça.
E o Senhor diz que na referida época, Ele seria o Deus de todas as famílias de Israel e elas seriam o Seu povo (v. 1), isto, sabemos agora, por causa da promessa de que todo cristão seria um verdadeiro israelita, conhecido e conhecedor de Deus, integrante de Sua família, porque de outro modo, seria impossível o cumprimento de uma tal promessa em que todas as famílias de Israel pudessem ser consideradas integrantes do verdadeiro povo de Deus.
Deus faria isto por causa do Seu grande amor que é eterno, e da Sua benignidade que atrairia aqueles que salvaria pela Sua misericórdia a Si mesmo, e hoje sabemos que Ele o faz, nos atraindo a Jesus Cristo para sermos salvos por Ele (v. 3).
Haveria nestes dias futuros de bênçãos quem gritasse como sentinelas no monte de Efraim, que se subisse ao monte Sião, à presença do Senhor, porque haveria cânticos de alegria, e haveria exultação por causa de Israel, que seria posta como a principal das nações, e o que se proclamaria seria o seguinte: “Salva, Senhor, o teu povo, o resto de Israel.”. Este resto de Israel, é o remanescente fiel deste povo que será salvo por Cristo.
O Senhor havia falado antes somente em destruir, mas agora Ele está falando de uma edificação que ocorreria no futuro.
Já não falaria mais em destruição, mas em edificação, por isso Jesus disse que não veio condenar o mundo, ou julgá-lo, mas salvá-lo, ou seja, na presente dispensação da graça, Ele está sendo inteiramente longânimo para com todos os pecadores, na expectativa de que se arrependam e vivam.
Ele estará convocando, através da Igreja, as pessoas de todos os recantos da terra, para que se arrependam e creiam nEle para que vivam, em vez de destruí-las por causa dos seus pecados.
Então, em face de tal graça e misericórdia, os de Israel, que haviam sido espalhados pelas nações, por causa dos juízos de Deus, tornariam a ser reunidos por Ele em sua própria terra, assim como o pastor ajunta o seu rebanho para guardá-lo.
O pecado e o diabo que eram mais fortes do que Israel e que continuamente o levava a pecar e a se desviar de Deus, seriam vencidos por Jesus, que é mais forte do que ambos, de modo que uma vez sendo amarrados por Ele esses valentes, Israel poderia ser libertado (v. 11).
E então o Senhor passou a proclamar as bênçãos que viriam não somente sobre os judeus, que haviam sido deportados para Babilônia, como também para os israelitas que haviam sido levados em cativeiro pelos assírios, ou seja, para os descendentes deles, especialmente sob o governo de Jesus, quando fossem reunidos a Ele.
Haveria um clamor em Ramá, por causa da matança de meninos de dois anos para baixo em Belém e seus arredores, por ordem do Rei Herodes, que tentaria impedir o cumprimento da promessa de Deus, de dar a Seu povo o Rei que o salvaria dos seus pecados (v. 15, Mt 2.16-18).
Todavia, o propósito eterno de Deus não poderia ser frustrado, e Herodes nada poderia fazer para impedir a chegada a este mundo do Rei dos reis, e Senhor dos senhores, por causa de quem o povo de Deus canta com júbilo e fica radiante com os benefícios do Senhor, em todas as Suas provisões, e também por quem suas vidas se tornam como jardins regados, de modo que nunca mais desfalecerão.
Além disso, por causa da Nova Aliança em Cristo, haverá cântico de júbilo nos altos de Sião, que simbolizam a condição elevada da alma na presença de Deus nas regiões celestiais (v. 12 a).    
Jovens e velhos dançariam alegremente quando o Senhor edificasse o Seu povo, e o pranto deles seria transformado em alegria, porque seriam consolados pelo Espírito Santo, e o Senhor lhes daria alegria no lugar da tristeza (v. 13).
Todo o choro pelas tribulações e aflições, especialmente as produzidas pelo Inimigo, deveria ser reprimido, bem como todas as lágrimas dos olhos, porque o Senhor recompensaria o trabalho dos Seu povo, e o livraria da opressão do Inimigo (v. 16).
Os que haviam sido castigados deveriam abandonar as suas queixas, e pedirem ao Senhor para serem restaurados, porque estava preparando uma nova dispensação onde prevaleceria mais a Sua misericórdia do que os Seus juízos (a da graça), e portanto, os que se achavam desviados poderiam regressar a Ele com confiança, porque saciaria toda alma cansada e fartaria toda alma desfalecida (v. 25).
Tudo isto fora dado em sonho a Jeremias (v. 26), para que o Senhor o confirmasse logo depois ao profeta com a promessa relativa à Nova Aliança, na qual se cumpririam todas estas bênçãos que ele vira em sonho.
Deus disse que no passado havia falado em arrancar e derrubar, transtornar, destruir, e afligir, relativamente às casas de Israel e de Judá, como vemos nas Suas ameaças em quase todo o Velho Testamento, mas disse que nos dias que ainda viriam (dispensação da graça), Ele agora vigiaria para edificar e para plantar. (v. 28).
Por isso o apóstolo Paulo diz que a Igreja é a lavoura de Deus, referindo-se a ela como uma plantação, e também como o edifício de Deus, porque o Senhor prometeu plantar e edificar, e não arrancar e destruir o Seu povo nos dias da Nova Aliança.
Nós vemos também o apóstolo se dirigindo à Igreja carnal de Corinto, dizendo que os repreenderia pelos seus pecados, mas que não os destruiria porque o ministério que havia recebido do Senhor era para edificação e não para destruição (II Cor 13.10).
Deus revogaria também o princípio da iniquidade dos pais ser visitada nos filhos até a terceira e quarta geração, conforme previsto na Antiga Aliança, porque na Nova, cada um responderia pelos seus próprios pecados perante Ele (v.29, 30).
E depois de ter feito esta introdução de promessas de bênçãos, revelou ao profeta como elas se cumpririam, a saber: com a entrada em vigor da Nova Aliança no lugar da Antiga, conforme já comentamos anteriormente (v. 31 a 34).
E para ratificar a imutabilidade deste Seu propósito que se cumpriria em Cristo, o Senhor afirmou que se tal promessa pudesse ser revogada, então Israel deixaria também de ser uma nação diante dEle para sempre, porque não há outro modo de existir um povo para Deus, senão na união dos Seus filhos com Jesus Cristo, sendo salvos por Ele, pela justificação da Nova Aliança, com a qual o próprio Abraão havia sido justificado, antes mesmo da Lei, para que se soubesse, que é por tal justificação em Cristo que se tem vida eterna, e não pela Lei de Moisés (v. 35, 36).
Deus não rejeitaria Israel apesar de tudo quanto haviam feito, porque usaria de misericórdia e salvaria o remanescente da referida nação, e não deixaria de fazer isto de modo algum, e por isso afirmou que o faria somente caso alguém pudesse medir os céus e os fundamentos da terra (v. 37).
Assim, os judeus deveriam ter confiança, enquanto estivessem no cativeiro, que o Senhor visava ao bem do Seu povo, e não à Sua destruição, e que deveriam voltar com alegria e com confiança para a sua própria terra, depois que fossem libertados por Ele do cativeiro em Babilônia, porque o Seu propósito para Israel é o de que seja colocado como cabeça das nações na terra para sempre, sem que possa ser jamais derrubado, e isto terá cumprimento por ocasião da volta de Jesus (v. 38 a 40).


“1 Naquele tempo, diz o Senhor, serei o Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo.
2 Assim diz o Senhor: O povo que escapou da espada achou graça no deserto. Eu irei e darei descanso a Israel.
3 De longe o Senhor me apareceu, dizendo: Pois que com amor eterno te amei, também com benignidade te atraí.
4 De novo te edificarei, e serás edificada ó virgem de Israel! ainda serás adornada com os teus adufes, e sairás nas danças dos que se alegram.
5 Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; os plantadores plantarão e gozarão dos frutos.
6 Pois haverá um dia em que gritarão os vigias sobre o monte de Efraim: Levantai-vos, e subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus.
7 Pois assim diz o Senhor: Cantai sobre Jacó com alegria, e exultai por causa da principal das nações; proclamai, cantai louvores, e dizei: Salva, Senhor, o teu povo, o resto de Israel.
8 Eis que os trarei da terra do norte e os congregarei das extremidades da terra; e com eles os cegos e aleijados, as mulheres grávidas e as de parto juntamente; em grande companhia voltarão para cá.
9 Virão com choro, e com súplicas os levarei; guia-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito em que não tropeçarão; porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito.
10 Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas longínquas terras marítimas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor ao seu rebanho.
11 Pois o Senhor resgatou a Jacó, e o livrou da mão do que era mais forte do que ele.
12 E virão, e cantarão de júbilo nos altos de Sião, e ficarão radiantes pelos bens do Senhor, pelo trigo, o mosto, e o azeite, pelos cordeiros e os bezerros; e a sua vida será como um jardim regado, e nunca mais desfalecerão.
13 Então a virgem se alegrará na dança, como também os mancebos e os velhos juntamente; porque tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e lhes darei alegria em lugar de tristeza.
14 E saciarei de gordura a alma dos sacerdotes, e o meu povo se fartará dos meus bens, diz o Senhor.
15 Assim diz o Senhor: Ouviu-se um clamor em Ramá, lamentação e choro amargo. Raquel chora a seus filhos, e não se deixa consolar a respeito deles, porque já não existem.
16 Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz do choro, e das lágrimas os teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o Senhor, e eles voltarão da terra do inimigo.
17 E há esperança para o teu futuro, diz o Senhor; pois teus filhos voltarão para os seus termos.
18 Bem ouvi eu que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me e fui castigado, como novilho ainda não domado; restaura-me, para que eu seja restaurado, pois tu és o Senhor meu Deus.
19 Na verdade depois que me desviei, arrependi-me; e depois que fui instruído, bati na minha coxa; fiquei confundido e envergonhado, porque suportei o opróbrio da minha mocidade.
20 Não é Efraim meu filho querido? filhinho em quem me deleito? Pois quantas vezes falo contra ele, tantas vezes me lembro dele solicitamente; por isso se comovem por ele as minhas entranhas; deveras me compadecerei dele, diz o Senhor.
21 Põe-te marcos, faze postes que te guiem; dirige a tua atenção à estrada, ao caminho pelo qual foste; regressa, ó virgem de Israel, regressa a estas tuas cidades.
22 Até quando andarás errante, ó filha rebelde? pois o senhor criou uma coisa nova na terra: uma mulher protege a um varão.
23 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ainda dirão esta palavra na terra de Judá, e nas suas cidades, quando eu acabar o seu cativeiro: O Senhor te abençoe, ó morada de justiça, ó monte de santidade!
24 E nela habitarão Judá, e todas as suas cidades juntamente; como também os lavradores e os que pastoreiam os rebanhos.
25 Pois saciarei a alma cansada, e fartarei toda alma desfalecida.
26 Nisto acordei, e olhei; e o meu sono foi doce para mim.
27 Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que semearei de homens e de animais a casa de Israel e a casa de Judá.
28 E será que, como vigiei sobre eles para arrancar e derribar, para transtornar, destruir, e afligir, assim vigiarei sobre eles para edificar e para plantar, diz o Senhor.
29 Naqueles dias não dirão mais: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram.
30 Pelo contrário, cada um morrerá pela sua própria iniquidade; de todo homem que comer uvas verdes, é que os dentes se embotarão.
31 Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá,
32 não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
33 Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
34 E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniquidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.
35 Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e a ordem estabelecida da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o mar, de modo que bramem as suas ondas; o Senhor dos exércitos é o seu nome:
36 Se esta ordem estabelecida falhar diante de mim, diz o Senhor, deixará também a linhagem de Israel de ser uma nação diante de mim para sempre.
37 Assim diz o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a linhagem de Israel, por tudo quanto eles têm feito, diz o Senhor.
38 Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que esta cidade será reedificada para o Senhor, desde a torre de Hananel até a porta da esquina.
39 E a linha de medir estender-se-á para diante, até o outeiro de Garebe, e dará volta até Goa.
40 E o vale inteiro dos cadáveres e da cinza, e todos os campos até o ribeiro de Cedrom, até a esquina da porta dos cavalos para o oriente, tudo será santo ao Senhor; nunca mais será arrancado nem derribado.” (Jeremias 31.1-40)



Jeremias 32

Neste e no próximo capítulo, nós encontramos ainda promessas  do Senhor relativas à Nova Aliança, como a que se encontra registrada nos versos 37 a 40:

“37 Eis que eu os congregarei de todos os países para onde os tenho lançado na minha ira, e no meu furor e na minha grande indignação; e os tornarei a trazer a este lugar, e farei que habitem nele seguramente.
38 E eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
39 E lhes darei um só coração, e um só caminho, para que me temam para sempre, para seu bem e o bem de seus filhos, depois deles;
40 e farei com eles um pacto eterno de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.”

Veja que aqui não se a diz apenas que Deus lhes faria regressar de Babilônia, mas de todas as nações para onde haviam sido lançados por causa da ira do Senhor, para voltarem a habitar na sua própria terra de Israel, e que lhes faria habitar nela seguramente.
E agora seriam o povo que o Senhor sempre intentou que eles fossem, ou seja, tendo-Lhe para sempre como o seu Deus, e para tal propósito lhes daria um só coração, um só caminho, de modo que fosse temido por eles eternamente, para o próprio bem deles e de sua descendência; e isto seria possível porque faria uma aliança eterna, ou seja, a  Nova Aliança, pela qual nunca poderá se desviar de fazer o bem a Seu povo, por causa da justificação em Cristo, pela qual o temor do Senhor é colocado sobrenaturalmente no nosso coração, pelo Espírito Santo, de forma que jamais poderiam ser separados de Deus, porque o vínculo desta Nova Aliança, nos faz estar ligados a Ele para sempre de modo que se afirma em Rom 8.35-39 o seguinte:

“35 quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.
38 Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.”

Por este motivo, foi ordenado a Jeremias que comprasse em resgate o campo de seu tio Hanamel, na sua terra de Anatote, e que lavrasse a escritura da compra, em sinal de que terras voltariam a ser compradas em Judá, depois que os judeus voltassem do cativeiro.
Isto era uma garantia de que Deus tornaria a trazê-los de volta da terra para onde os levara em cativeiro.
E o Senhor dera tal ordem quando Nabucodonosor estava prestes a tomar Jerusalém, no décimo ano do reinado de Zedequias, e a cidade foi tomada no quarto mês do décimo primeiro ano do reinado do citado rei.
Nesta ocasião Jeremias encontrava-se encarcerado no pátio da guarda da casa real, por ordem de Zedequias, porque estava profetizando que Deus entregaria a cidade de Jerusalém na mão do rei de Babilônia, e que o rei Zedequias não escaparia das mãos dos babilônios, e o próprio Nabucodonosor o conduziria cativo para Babilônia.
Então a assinatura da escritura da compra do campo de seu tio em Anatote, foi feita no pátio da prisão onde Jeremias se encontrava, à vista de todos os judeus que estavam sentados no pátio da guarda.
E as duas escrituras, uma selada, e outra aberta, por ordem do Senhor, deveriam ser colocadas num vaso de barro, para que ficassem conservadas por muitos dias, porque seriam um sinal de que ainda se comprariam casas, campos e vinhas na terra de Israel, depois de ficar desolada no período do cativeiro.
Isto não foi feito em relação a Edom, Amom, Moabe, e outras nações que tinham buscado a destruição de Judá, e no entanto elas é que foram destruídas, porque Deus tem um propósito eterno com Israel, a nação que Ele próprio formou com a chamada de Abraão, para ter um povo que guarde os Seus mandamentos e que O ame e o Sirva para todo o sempre.
Deus faria isto porque como Ele próprio disse a Jeremias, quando fez a promessa de que se comprariam casas, campos e vinhas em Judá, depois do cativeiro, que não há nada demasiado difícil para Ele, porque a perplexidade do profeta era grande por ser muito grave a iniquidade de Judá. A dificuldade não seria o fato de voltarem do cativeiro e comprarem terras, mas o fato de Deus perdoar tantas e graves iniquidades e tornar a fazer o bem ao Seu povo, e com promessas de que se uniria a eles para sempre.
O Senhor mais uma vez havia declarado o motivo de estar entregando os judeus nas mãos dos babilônios, e destacou especialmente o fato de estarem sacrificando seus próprios filhinhos a Moloque, queimando-os em holocausto nos braços de Moloque, no vale de Hinom, mas ainda voltaria a fazer o bem a Judá depois de tê-los purificado destas idolatrias.
Nós encontramos nos versos 28 a 35 o registro das abominações que os judeus haviam praticado, e pelas quais estavam sendo castigados por Deus.

“28 Portanto assim diz o Senhor: Eis que eu entrego esta cidade na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele a tomará.
29 E os caldeus que pelejam contra esta cidade entrarão nela, e lhe porão fogo, e a queimarão, juntamente com as casas sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal e ofereceram libações a outros deuses, para me provocarem a ira.
30 Pois os filhos de Israel e os filhos de Judá têm feito desde a sua mocidade tão somente o que era mau aos meus olhos; pois os filhos de Israel nada têm feito senão provocar-me à ira com as obras das suas mãos, diz o Senhor.
31 Na verdade esta cidade, desde o dia em que a edificaram e até o dia de hoje, tem provocado a minha ira e o meu furor, de sorte que eu a removerei de diante de mim,
32 por causa de toda a maldade dos filhos de Israel e dos filhos de Judá, que fizeram para me provocarem à ira, eles e os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes e os seus profetas, como também os homens de Judá e os moradores de Jerusalém.
33 E viraram para mim as costas, e não o rosto; ainda que eu os ensinava, com insistência, eles não deram ouvidos para receberem instrução.
34 Mas puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a profanarem.
35 Também edificaram os altos de Baal, que estão no vale do filho de Hinom, para fazerem passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque; o que nunca lhes ordenei, nem me passou pela mente, que fizessem tal abominação, para fazerem pecar a Judá.”


“1 A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, no ano décimo de Zedequias, rei de Judá, o qual foi o ano dezoito de Nabucodonosor.
2 Ora, cercava então o exército do rei de Babilônia a Jerusalém; e Jeremias, o profeta, se achava encerrado no pátio da guarda que estava na casa do rei de Judá;
3 pois Zedequias, rei de Judá, o havia encarcerado, dizendo: Por que profetizas , dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que entrego esta cidade na mão do rei de Babilônia, e ele a tomará;
4 e Zedequias, rei de Judá, não escapará das mãos dos caldeus, mas certamente será entregue na mão do rei de Babilônia, e com ele falará boca a boca, e os seus olhos verão os olhos dele;
5 e ele levará para Babilônia a Zedequias, que ali estará até que eu o visite, diz o Senhor, e, ainda que pelejeis contra os caldeus, não ganhareis?
6 Disse pois Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
7 Eis que Hanamel, filho de Salum, teu tio, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em Anatote, pois tens o direito de resgate; a ti compete comprá-lo.
8 Veio, pois, a mim Hanamel, filho de meu tio, segundo a palavra do Senhor, ao pátio da guarda, e me disse: Compra o meu campo que está em Anatote, na terra de Benjamim; porque teu é o direito de herança e teu é o de resgate; compra-o para ti. Então entendi que isto era a palavra do Senhor.
9 Comprei, pois, de Hanamel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e pesei-lhe o dinheiro, dezessete siclos de prata.
10 Assinei a escritura e a selei, chamei testemunhas, e pesei-lhe o dinheiro numa balança.
11 E tomei a escritura da compra, que continha os termos e as condições, tanto a que estava selada, como a cópia que estava aberta,
12 e as dei a Baruque, filho de Nerias, filho de Maseias, na presença de Hanamel, filho de meu tio, e na presença das testemunhas que subscreveram a escritura da compra, à vista de todos os judeus que estavam sentados no pátio da guarda.
13 E dei ordem a Banique, na presença deles, dizendo:
14 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Toma estas escrituras de compra, tanto a selada, como a aberta, e mete-as num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias;
15 pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ainda se comprarão casas, e campos, e vinhas nesta terra.
16 E depois que dei a escritura da compra a Banique, filho de Nerias, orei ao Senhor, dizendo:
17 Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste os céus e a terra com o teu grande poder, e com o teu braço estendido! Nada há que te seja demasiado difícil!
18 Usas de benignidade para com milhares e tornas a iniquidade dos pais ao seio dos filhos depois deles; tu és o grande, o poderoso Deus cujo nome é o Senhor dos exércitos.
19 Grande em conselho, e poderoso em obras, cujos olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, para dares a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas obras;
20 puseste sinais e maravilhas na terra do Egito até o dia de hoje, tanto em Israel, como entre os outros homens; e te fizeste um nome, qual tu tens neste dia.
21 E tiraste o teu povo Israel da terra do Egito, com sinais e com maravilhas, e com mão forte, e com braço estendido, e com grande terror;
22 e lhes deste esta terra, que juraste a seus pais que lhes havias de dar, terra que mana leite e mel.
23 E entraram nela, e a possuíram; mas não obedeceram à tua voz, nem andaram na tua lei; de tudo o que lhes mandaste fazer, eles não fizeram nada; pelo que ordenaste lhes sucedesse todo este mal.
24 Eis aqui os valados! já vieram contra a cidade para tomá-la e a cidade está entregue na mão dos caldeus que pelejam contra ela, pela espada, pela fome e pela peste. O que disseste se cumpriu, e eis aqui o estás presenciando.
25 Contudo tu me disseste, ó Senhor Deus: Compra-te o campo por dinheiro, e chama testemunhas, embora a cidade já esteja dada na mão dos caldeus:
26 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
27 Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda a carne; acaso há alguma coisa demasiado difícil para mim?
28 Portanto assim diz o Senhor: Eis que eu entrego esta cidade na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele a tomará.
29 E os caldeus que pelejam contra esta cidade entrarão nela, e lhe porão fogo, e a queimarão, juntamente com as casas sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal e ofereceram libações a outros deuses, para me provocarem a ira.
30 Pois os filhos de Israel e os filhos de Judá têm feito desde a sua mocidade tão somente o que era mau aos meus olhos; pois os filhos de Israel nada têm feito senão provocar-me à ira com as obras das suas mãos, diz o Senhor.
31 Na verdade esta cidade, desde o dia em que a edificaram e até o dia de hoje, tem provocado a minha ira e o meu furor, de sorte que eu a removerei de diante de mim,
32 por causa de toda a maldade dos filhos de Israel e dos filhos de Judá, que fizeram para me provocarem à ira, eles e os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes e os seus profetas, como também os homens de Judá e os moradores de Jerusalém.
33 E viraram para mim as costas, e não o rosto; ainda que eu os ensinava, com insistência, eles não deram ouvidos para receberem instrução.
34 Mas puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a profanarem.
35 Também edificaram os altos de Baal, que estão no vale do filho de Hinom, para fazerem passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque; o que nunca lhes ordenei, nem me passou pela mente, que fizessem tal abominação, para fazerem pecar a Judá.
36 E por isso agora assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca desta cidade, da qual vós dizeis: Já está dada na mão do rei de Babilônia, pela espada, e pela fome, e pela peste:
37 Eis que eu os congregarei de todos os países para onde os tenho lançado na minha ira, e no meu furor e na minha grande indignação; e os tornarei a trazer a este lugar, e farei que habitem nele seguramente.
38 E eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
39 E lhes darei um só coração, e um só caminho, para que me temam para sempre, para seu bem e o bem de seus filhos, depois deles;
40 e farei com eles um pacto eterno de não me desviar de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim.
41 E alegrar-me-ei por causa deles, fazendo-lhes o bem; e os plantarei nesta terra, com toda a fidelidade do meu coração e da minha alma.
42 Pois assim diz o Senhor: Como eu trouxe sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre eles todo o bem que lhes tenho prometido.
43 E comprar-se-ão campos nesta terra, da qual vós dizeis: E uma desolação, sem homens nem animais; está entregue na mão dos caldeus.
44 Comprarão campos por dinheiro, assinarão escrituras e as selarão, e chamarão testemunhas, na terra de Benjamim, e nos lugares ao redor de Jerusalém, e nas cidades de Judá e nas cidades da região montanhosa, e nas cidades das planícies e nas cidades do Sul porque os farei voltar do cativeiro, diz o Senhor.”



Jeremias 33

Enquanto Houver Dia e Noite Haverá Salvação - Jeremias 33

Nós encontramos Jeremias, no capitulo 33 do seu livro, ainda preso no pátio da guarda, por ordem do rei Zedequias, e mesmo ali, encarcerado, o Senhor continuou lhe dando as grandes e preciosas revelações e promessas relativas à Nova Aliança.
 Então Ele encorajou o Seu profeta a não ficar intimidado pelas circunstâncias em que se encontrava, mas que continuasse na Sua presença, clamando a Ele, porque lhe responderia ao clamor e lhe anunciaria, ou seja, lhe revelaria as coisas grandes e ocultas relativas ao futuro glorioso do Seu povo, que Jeremias ainda não conhecia, e que não se cumpririam nos seus dias de vida na terra.
Jerusalém estava sendo invadida pelos babilônios, mas o Senhor ainda faria com os judeus, no futuro, tudo o que está escrito a partir do verso 6, no qual afirma o seguinte:
“Eis que lhe trarei a ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e de segurança.” (v. 6)
Deus formou Israel para ser um povo santo, e Ele teria este povo santo, quando lhes desse o Messias, porque não somente faria com que voltassem do exílio em Babilônia, mas os edificaria, purificando-os de toda a iniquidade do seu pecado contra ele, e perdoaria todas as suas iniquidades com que haviam pecado e transgredido contra Ele, conforme promessa que já havia feito através do profeta em Jer 31.27-34 (Jer 33.7, 8).
Jerusalém serviria então, conforme a vocação que lhe fora dada por Deus, de nome de júbilo, de louvor e de glória diante de todas as nações da terra, por verem todo o bem e paz que o Senhor daria ao Seu povo (Jer 33.9).
Uma demonstração desta bem-aventurança eterna, quando estivessem reunidos ao Messias, seria o fato de trazê-los de volta de Babilônia para a sua própria terra, na qual eles seriam alegrados novamente por Ele (v. 10 a 14).
E depois disto, ainda lhes daria o Rei justo prometido em Jer 23.5,6, pelo qual seria cumprida a promessa de inauguração de uma Nova Aliança com o Seu povo, conforme reafirmou tal promessa neste 33º capítulo.
É importante lembrar que mesmo depois da volta dos judeus de Babilônia em 537. a. C, eles tiveram que esperar ainda 570 anos, até a morte e ressurreição de Jesus, quando foi finalmente inaugurada a Nova Aliança prometida.
Por isso o Senhor se referiu ao cumprimento desta promessa como sendo relativa a dias futuros, com a expressão “Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que cumprirei...”.
Ele chamou a Nova Aliança em Cristo, como sendo o cumprimento da boa promessa que havia dado a Israel e a Judá (v. 14). É boa palavra porque se refere à boa nova, ao evangelho, que é o Seu poder para salvar os que creem.
O enfoque da promessa da Nova Aliança não está no povo, mas no Renovo de justiça, que brotaria a Davi e que executaria juízo e justiça na terra, porque é a Ele que o Pai tem dado o poder de julgar tanto a vivos quanto mortos, como também de justificar os pecadores que se arrependem e que nEle creem.
É por isso que o povo que se acha debaixo do governo deste Rei justo será chamado pelo nome: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA. Porque é por causa da Sua justiça em nós que temos salvação e segurança eternas (v. 15,16), a saber a Sua justiça eterna e perfeita com a qual somos justificados.
É nele que se cumpriria a promessa feita por Deus a Davi no passado de que não lhe faltaria varão que se assentasse sobre o trono da casa de Israel, e que seria da sua descendência.
Este varão que nunca faltará a Davi, assentado em Seu trono, é Cristo (v. 17).
A segurança deste pacto firmado com Davi é eterna, do mesmo modo que ninguém pode fazer com que deixe de existir dia e noite (v. 20 a 26).


“1 E veio a palavra do Senhor a Jeremias, segunda vez, estando ele ainda encarcerado no pátio da guarda, dizendo:
2 Assim diz o Senhor que faz isto, o Senhor que forma isto, para o estabelecer; o Senhor é o seu nome.
3 Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.
4 Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca das casas desta cidade, e acerca das casas dos reis de Judá, que foram demolidas para fazer delas uma defesa contra os valados e contra a espada;
5 entrementes os caldeus estão entrando a pelejar para os encher de cadáveres de homens que ferirei na minha ira e no meu furor; porquanto escondi o meu rosto desta cidade, por causa de toda a sua maldade.
6 Eis que lhe trarei a ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e de segurança.
7 E farei voltar do cativeiro os exilados de Judá e de Israel, e os edificarei como ao princípio.
8 E os purificarei de toda a iniquidade do seu pecado contra mim; e perdoarei todas as suas iniquidades, com que pecaram e transgrediram contra mim.
9 E esta cidade me servirá de nome de júbilo, de louvor e de glória, diante de todas as nações da terra que ouvirem de todo o bem que eu lhe faço; e espantar-se-ão e perturbar-se-ão por causa de todo o bem, e por causa de toda a paz que eu lhe dou.
10 Assim diz o Senhor: Neste lugar do qual vós dizeis: E uma desolação, sem homens nem animais, sim, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, que estão assoladas, sem homens, sem moradores e sem animais, ainda se ouvirá
11 a voz de júbilo e a voz de alegria, a voz de noivo e a voz de noiva, e a voz dos que dizem: Dai graças ao Senhor dos exércitos, porque bom é o Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre; também se ouvirá a voz dos que trazem à casa do Senhor sacrifícios de ação de graças. Pois farei voltar a esta terra os seus exilados como no princípio, diz o Senhor.
12 Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda neste lugar, que está deserto, sem homens, e sem animais, e em todas as suas cidades, haverá uma morada de pastores que façam repousar aos seus rebanhos.
13 Nas cidades da região montanhosa, nas cidades das planícies, e nas cidades do sul, e na terra de Benjamim, e nos contornos de Jerusalém, e nas cidades de Judá, ainda passarão os rebanhos pelas mãos dos contadores, diz o Senhor.
14 Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que cumprirei a boa palavra que falei acerca da casa de Israel e acerca da casa de Judá.
15 Naqueles dias e naquele tempo farei que brote a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra.
16 Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará em segurança; e este é o nome que lhe chamarão: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA.
17 Pois assim diz o Senhor: Nunca faltará a Davi varão que se assente sobre o trono da casa de Israel;
18 nem aos sacerdotes levíticos faltará varão diante de mim para oferecer holocaustos, e queimar ofertas de cereais e oferecer sacrifícios continuamente.
19 E veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
20 Assim diz o Senhor: se puderdes invalidar o meu pacto com o dia, e o meu pacto com a noite, de tal modo que não haja dia e noite a seu tempo,
21 também se poderá invalidar o meu pacto com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também o pacto com os sacerdotes levíticos, meus ministros.
22 Assim como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim multiplicarei a descendência de Davi, meu servo, e os levitas, que ministram diante de mim.
23 E veio ainda a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
24 Acaso não observaste o que este povo está dizendo: As duas famílias que o Senhor escolheu, agora as rejeitou? Assim desprezam o meu povo, como se não fora um povo diante deles.
25 Assim diz o Senhor: Se o meu pacto com o dia e com a noite não permanecer, e se eu não tiver determinado as ordenanças dos céus e da terra,
26 também rejeitarei a descendência de Jacó, e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência os que dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó; pois eu os farei voltar do seu cativeiro, e apiedar-me-ei deles.” (Jeremias 33.1-26)


Jeremias 34

Deus havia enviado Jeremias ao rei Zedequias com uma palavra boa para ele, de poupá-lo de ser morto à espada por Nabucodonosor, ainda que Jerusalém viesse a ser tomada e queimada a fogo.
Ao ouvir esta palavra Zedequias reuniu os príncipes e fizeram um pacto, assim como todo o povo que tinha escravos que eram irmãos judeus, e os soltariam em cumprimento à lei do ano sabático da Lei de Moisés.
E para confirmarem o pacto ofereceram um bezerro em sacrifício na presença do Senhor, o qual foi partido ao meio, e eles passaram no meio das duas partes, significando que estavam oferecendo a sua própria vida, por aquela vítima vicária, em símbolo de que cumpririam o que haviam feito.
Deus se agradou tanto do que eles fizeram, que em vez de entrar em Jerusalém, Nabucodonosor começou a se retirar com o seu exército e todas as tropas confederadas das nações que ele havia dominado, e que se encontravam com ele sitiando a cidade de Jerusalém.
Como eles perceberam que tiveram alívio, voltaram a se endurecer, tal qual faraó no passado, e tornaram a escravizar seus irmãos judeus aos quais haviam libertado.
Isto fez com que a ira do Senhor se acendesse contra eles, porque de Deus não se zomba, e estavam desprezando não somente o mandamento que tinham a obrigação de cumprir, como  quebrando um voto que haviam feito na presença de Deus, com o oferecimento de um bezerro em sacrifício.
Então, o Senhor faria com que os babilônios dessem meia volta e tomassem e queimassem a cidade, e Deus disse pelo profeta, que entregaria Zedequias na mão de Nabucodonosr, e que todos aqueles príncipes e o povo da terra que haviam quebrado o voto que fizeram de libertarem seus irmãos, seriam também entregues na sua mão para serem mortos, e os seus cadáveres serviriam de pasto às aves do céu e aos animais da terra.

“1 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, quando Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército, e todos os reinos da terra que estavam sob o domínio da sua mão, e todos os povos, pelejavam contra Jerusalém, e contra todas as suas cidades, dizendo:
2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Vai, e fala a Zedequias, rei de Judá, e dize-lhe: Assim diz o Senhor: Eis que estou prestes a entregar esta cidade na mão do rei de Babilônia, o qual a queimará a fogo.
3 E tu não escaparás da sua mão; mas certamente serás preso e entregue na sua mão; e teus olhos verão os olhos do rei de Babilônia, e ele te falará boca a boca, e irás a Babilônia.
4 Todavia ouve a palavra do Senhor, ó Zedequias, rei de Judá; assim diz o Senhor acerca de ti: Não morrerás à espada;
5 em paz morrerás, e como queimavam perfumes a teus pais, os reis precedentes, que foram antes de ti, assim tos queimarão a ti; e te prantearão, dizendo: Ah Senhor! Pois eu disse a palavra, diz o Senhor.
6 E anunciou Jeremias, o profeta, a Zedequias, rei de Judá, todas estas palavras, em Jerusalém,
7 quando o exército do rei de Babilônia pelejava contra Jerusalém, e contra todas as cidades de Judá, que ficaram de resto, contra Laquis e contra Azeca; porque dentre as cidades de Judá, só estas haviam ficado como cidades fortificadas.
8 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, depois que o rei Zedequias fez um pacto com todo o povo que estava em Jerusalém, para lhe fazer proclamação de liberdade,
9 para que cada um libertasse o seu escravo, e cada um a sua escrava, hebreu ou hebreia, de maneira que ninguém se servisse mais dos judeus, seus irmãos, como escravos.
10 E obedeceram todos os príncipes e todo o povo que haviam entrado no pacto de libertarem cada qual o seu escravo, e cada qual a sua escrava, de maneira a não se servirem mais deles, sim, obedeceram e os libertaram.
11 Mas depois se arrependeram, e fizeram voltar os escravos e as escravas que haviam libertado, e tornaram a escravizá-los.
12 Veio, pois, a palavra do Senhor a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:
13 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Eu fiz um pacto com vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, da casa da servidão, dizendo:
14 Ao fim de sete anos libertareis cada um a seu irmão hebreu, que te for vendido, e te houver servido seis anos, e despedi-lo-ás livre de ti; mas vossos pais não me ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos.
15 E vos havíeis hoje arrependido, e tínheis feito o que é reto aos meus olhos, proclamando liberdade cada um ao seu próximo; e tínheis feito diante de mim um pacto, na casa que se chama pelo meu nome;
16 mudastes, porém, e profanastes o meu nome, e fizestes voltar cada um o seu escravo, e cada um a sua escrava, que havíeis deixado ir livres à vontade deles; e os sujeitastes de novo à servidão.
17 Portanto assim diz o Senhor: Vós não me ouvistes a mim, para proclamardes a liberdade, cada um ao seu irmão, e cada um ao seu próximo. Eis, pois, que eu vos proclamo a liberdade, diz o Senhor, para a espada, para a peste e para a fome; e farei que sejais um espetáculo de terror a todos os reinos da terra.
18 Entregarei os homens que traspassaram o meu pacto, e não cumpriram as palavras do pacto que fizeram diante de mim com o bezerro que dividiram em duas partes, passando pelo meio das duas porções.
19 Os príncipes de Judá, os príncipes de Jerusalém, os eunucos, os sacerdotes, e todo o povo da terra, os mesmos que passaram pelo meio das porções do bezerro,
20 entrega-los-ei, digo, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte. Os cadáveres deles servirão de pasto para as aves do céu e para os animais da terra.
21 E a Zedequias, rei de Judá, e seus príncipes entregarei na mão de seus inimigos e na mão dos que procuram a sua morte, e na mão do exército do rei de Babilônia, os quais já se retiraram de vós.
22 Eis que eu darei ordem, diz o Senhor, e os farei tornar a esta cidade, e pelejarão contra ela, e a tomarão, e a queimarão a fogo; e das cidades de Judá farei uma assolação, de sorte que ninguém habite nelas.”



Jeremias 35

A narrativa deste capítulo pertence a um período anterior à dos capítulos anteriores referentes ao tempo do rei Zedequias, porque os fatos aqui narradas ocorreram antes dele, nos dias do rei Jeoaquim.
Por ordem do Senhor, Jeremias trouxe a uma das câmaras do templo os filhos de Jonadabe, filho de Recabe, que havia dado ordem aos seus filhos que não tomassem vinho, e nem sequer plantassem vinhas, mas que vivessem em tendas, para prolongarem seus dias na terra.
Com isto, ele estava se prevenindo de que houvesse problemas de alcoolismo em sua família, e deu um passo além da própria lei de Deus quanto ao uso do vinho que era proibido somente aos que fizessem voto de nazireado, bem como todo produto da vide.
Todavia, o que Deus queria comparar era o fato dos filhos de Jonadabe terem obedecido totalmente à ordem do seu pai, enquanto os judeus se recusavam a obedecer ao Deus deles.
Porque Jeremias colocou taças cheias de vinho na presença deles, seguindo as instruções que lhes haviam sido dadas pelo Senhor, e lhes ordenou que bebessem, mas eles se recusaram terminantemente a fazê-lo porque não queriam quebrar a  promessa de obediência que haviam feito a Jonadabe, filho de Recabe.
Por isso, o Senhor fez acerca deles, a promessa de nunca deixar faltar varões na descendência deles, porque haviam honrado a seu pai, conforme era ordenado pela Lei.

Mas, dos judeus rebeldes que se recusavam a obedecê-lO, disse que lhes traria todo o mal que havia profetizado contra eles.

“1 A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:
2 Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, introduzindo-os na casa do Senhor, em uma das câmaras, e lhes oferece vinho a beber.
3 Então tomei a Jaazanias, filho de Jeremias, filho de Habazínias, e a seus irmãos, e a todos os seus filhos, e a toda a casa dos recabitas,
4 e os introduzi na casa do Senhor, na câmara dos filhos de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, a qual estava junto à câmara dos príncipes que ficava sobre a câmara de Maaseias, filho de Salum, guarda do vestíbulo;
5 e pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho, e copos, e disse-lhes: Bebei vinho.
6 Eles, porém, disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos;
7 não edificareis casa, nem semeareis semente, nem plantareis vinha, nem a possuireis; mas habitareis em tendas todos os vossos dias; para que vivais muitos dias na terra em que andais peregrinando.
8 Obedecemos pois à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou, de não bebermos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas;
9 nem de edificarmos casas para nossa habitação; nem de possuirmos vinha, nem campo, nem semente;
10 mas habitamos em tendas, e assim obedecemos e fazemos conforme tudo quanto nos ordenou Jonadabe, nosso pai.
11 Sucedeu, porém, que, quando subia Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra esta terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalém, por causa do exército dos caldeus, e por causa do exército dos sírios; e assim habitamos em Jerusalém.
12 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
13 Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Vai, e dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Acaso não aceitareis instrução, para ouvirdes as minhas palavras? diz o Senhor.
14 As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, pelas quais ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não o têm bebido até o dia de hoje, porque obedecem o mandamento de seu pai; a mim, porém, que vos tenho falado a vós, com insistência, vós não me ouvistes.
15 Também vos tenho enviado, insistentemente, todos os meus servos, os profetas, dizendo: Convertei-vos agora, cada um do seu mau caminho, e emendai as vossas ações, e não vades após outros deuses para os servir, e assim habitareis na terra que vos dei a vós e a vossos pais; mas não inclinastes o vosso ouvido, nem me obedecestes a mim.
16 Os filhos de Jonadabe, filho de Recabe, guardaram o mandamento de seu pai que ele lhes ordenou, mas este povo não me obedeceu;
17 por isso assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre Judá, e sobre todos os moradores de Jerusalém, todo o mal que pronunciei contra eles; pois lhes tenho falado, e não ouviram; e clamei a eles, e não responderam.
18 E à casa dos recabitas disse Jeremias: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Pois que obedecestes ao mandamento de Jonadabe, vosso pai, guardando todos os seus mandamentos e fazendo conforme tudo quanto vos ordenou;
19 portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Nunca jamais faltará varão a Jonadabe, filho de Recabe, que assista diante de mim.”



Jeremias 36

Baruque era o amanuense de Jeremias, ou seja, quem escrevia no rolo todas as profecias que lhes eram dadas pelo Senhor.
A pedido do Senhor a Jeremias, Baruque leu no templo de Jerusalém, na presença dos escribas que ali trabalhavam, bem como de todos que ali se encontravam, todas as profecias que Jeremias havia recebido desde os dias do rei Josias, e que Baruque havia escrito no rolo, que lera na presença dos judeus que iam ao templo, porque o Senhor tinha em vista produzir arrependimento neles, para que fossem poupados dos juízos que estavam sendo pronunciados por ele, e que se encontravam registrados no rolo que fora redigido por Baruque.
Os escribas temeram em princípio ao ouvirem aquelas palavras e pediram a Baruque que lhes entregasse o rolo e que procurasse um abrigo juntamente com Jeremias para estarem em segurança, porque não sabiam qual seria a reação do rei e dos príncipes contra eles, ao ouvirem tais palavras.
Quando o rolo foi entregue na mão do rei, ele se indignou antes mesmo de ter completado a leitura da sua terceira coluna, e não somente o cortou como o lançou num braseiro para ser queimado, não atendendo ao pedido de alguns dos seus servos, que insistiram com ele para que não o fizesse.
Isto me traz à mente e ao coração o pensamento que não poucos ministros do evangelho e outros servos do Senhor, têm em relação à Palavra do Senhor a mesma atitude do rei Jeoaquim. Eles não a temem. Eles a desprezam. Eles não levam em conta os juízos ali pronunciados contra o pecado e não se arrependem de suas más obras. E o pior de tudo, eles fazem como fizera o rei, porque ainda que sejam admoestados por servos mais prudentes do que eles, não somente desconsideram suas repreensões, como dão um passo mais além, cortando a Palavra do Senhor de suas vidas, e a consideram como algo desprezível próprio para ser destruído pelo fogo.
Todavia, como é possível acabar com uma Palavra que jamais passará, mesmo quando passarem os céus e a terra? Eles a desprezam e a desconsideram para a própria ruína deles, porque em vez de se fazer favorável àqueles que havia ordenado a leitura da Sua Palavra, o Senhor erigiu um tribunal para condená-los, porque desprezar a Sua Palavra é o mesmo que desprezá-lo. Eles não se arrependeram, e portanto, o Senhor não se arrependeria de trazer sobre eles todo o mal que havia profetizado.
Como a Palavra do Senhor não pode ser destruída, foi dado ordem a Baruque que reescrevesse noutro rolo, tudo o que havia escrito no que fora queimado.
E quanto ao rei Jeoaquim, não lhe seria permitido ter um descendente que se assentasse no trono de Judá, e seria morto pelos babilônios e o seu cadáver ficaria exposto na rua, sem receber a honra de um funeral digno, e assim ele seria castigado, e não somente ele como a sua descendência e os seus servos por causa da sua iniquidade, que havia culminado com esta última gota que havia completado a medida da sua iniquidade, a saber, a do sacrilégio que ele havia praticado.


“1 Sucedeu pois no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que da parte do Senhor veio esta palavra a Jeremias, dizendo:
2 Toma o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei falado contra Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias até o dia de hoje.
3 Ouvirão talvez os da casa de Judá todo o mal que eu intento fazer-lhes; para que cada qual se converta do seu mau caminho, a fim de que eu perdoe a sua iniquidade e o seu pecado.
4 Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque, no rolo dum livro, enquanto Jeremias lhas ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado.
5 E Jeremias deu ordem a Baruque, dizendo: Eu estou impedido; não posso entrar na casa do Senhor.
6 Entra pois tu e, pelo rolo que escreveste enquanto eu ditava, lê as palavras do Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum; e também as lerás aos ouvidos de todo o Judá que vem das suas cidades.
7 Pode ser que caia a sua súplica diante do Senhor, e se converta cada um do seu mau caminho; pois grande é a ira e o furor que o Senhor tem manifestado contra este povo.
8 E fez Baruque, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado Jeremias, o profeta, lendo no livro as palavras do Senhor na casa do Senhor.
9 No quinto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, no mês nono, todo o povo em Jerusalém, como também todo o povo que vinha das cidades de Judá a Jerusalém, apregoaram um jejum diante do Senhor.
10 Leu, pois, Baruque no livro as palavras de Jeremias, na casa do Senhor, na câmara de Gemarias, filho de Safã, o escriba, no átrio superior, à entrada da porta nova da casa do Senhor, aos ouvidos de todo o povo.
11 E, ouvindo Micaías, filho de Gemarias, filho de Safã, todas as palavras do Senhor, naquele livro,
12 desceu à casa do rei, à câmara do escriba. E eis que todos os príncipes estavam ali assentados: Elisama, o escriba, e Delaías, filho de Semaías, e Elnatã, filho de Acbor, e Gemarias, filho de Safã, e Zedequias, filho de Hananias, e todos os outros príncipes.
13 E Micaías anunciou-lhes todas as palavras que ouvira, quando Baruque leu o livro aos ouvidos do povo.
14 Então todos os príncipes mandaram Jeúdi, filho de Netanias, filho Selemias, filho de Cuche, a Baruque, para lhe dizer: O rolo que leste aos ouvidos do povo, toma-o na tua mão, e vem. E Baruque, filho de Nerias, tomou o rolo na sua mão, e foi ter com eles.
15 E disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos nossos ouvidos. E Baruque o leu aos ouvidos deles.
16 Ouvindo eles todas aquelas palavras, voltaram-se temerosos uns para os outros, e disseram a Baruque: Sem dúvida alguma temos que anunciar ao rei todas estas palavras.
17 E disseram a Baruque: Declara-nos agora como escreveste todas estas palavras. Ele as ditava?
18 E disse-lhes Baruque: Sim, da sua boca ele me ditava todas estas palavras, e eu com tinta as escrevia no livro.
19 Então disseram os príncipes a Baruque: Vai, esconde-te tu e Jeremias; e ninguém saiba onde estais.
20 E foram ter com o rei ao átrio; mas depositaram o rolo na câmara de Elisama, o escriba, e anunciaram aos ouvidos do rei todas aquelas palavras.
21 Então enviou o rei a Jeúdi para trazer o rolo; e Jeúdi tomou-o da câmara de Elisama, o escriba, e o leu aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os príncipes que estavam em torno do rei.
22 Ora, era o nono mês e o rei estava assentado na casa de inverno, e diante dele estava um braseiro aceso.
23 E havendo Jeúdi lido três ou quatro colunas, o rei as cortava com o canivete do escrivão, e as lançava no fogo que havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que estava sobre o braseiro.
24 E não temeram, nem rasgaram os seus vestidos, nem o rei nem nenhum dos seus servos que ouviram todas aquelas palavras
25 e, posto que Elnatã, Delaías e Gemarias tivessem insistido com o rei que não queimasse o rolo, contudo ele não lhes deu ouvidos.
26 Antes deu ordem o rei a Jerameel, filho do rei, e a Seraías, filho de Azriel, e a Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o escrivão, e a Jeremias, o profeta; mas o Senhor os escondera.
27 Depois que o rei queimara o rolo com as palavras que Baruque escrevera da boca de Jeremias, veio a Jeremias a palavra do Senhor, dizendo:
28 Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que estavam no primeiro rolo, que Jeoaquim, rei de Judá, queimou.
29 E a Jeoaquim, rei de Judá, dirás: Assim diz o Senhor: Tu queimaste este rolo, dizendo: Por que escreveste nele anunciando: Certamente virá o rei da Babilônia, e destruirá esta terra e fará cessar nela homens e animais?
30 Portanto assim diz o Senhor acerca de Jeoaquim, rei de Judá: Não terá quem se assente sobre o trono de Davi, e será lançado o seu cadáver ao calor de dia, e à geada de noite.
31 E castiga-lo-ei a ele, e a sua descendência e os seus servos, por causa da sua iniquidade; e trarei sobre ele e sobre os moradores de Jerusalém, e sobre os homens de Judá, todo o mal que tenho pronunciado contra eles, e que não ouviram.
32 Tomou, pois, Jeremias outro rolo, e o deu a Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, enquanto Jeremias ditava, todas as palavras do livro que Jeoaquim, rei de Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se lhes acrescentaram muitas palavras semelhantes.”



Jeremias 37

Este capitulo retoma a narrativa do capitulo 34, no qual nós vimos que os babilônios estavam retrocedendo do cerco à cidade de Jerusalém, e neste presente capitulo nós vemos o motivo disto: os egípcios, possivelmente por terem recebido um pedido de socorro de Zedequias para livrá-los do cerco dos babilônios, à custa de lhes dar grandes riquezas, estavam subindo na direção de Jerusalém.
Como Jeremias pretendia se dirigir à sua terra na tribo de Benjamin, quando estava para deixar a cidade de Jerusalém, um capitão da guarda o prendeu sob a falsa acusação que estava desertando para o lado dos babilônios, e levou o profeta à presença dos príncipes, e estes ficaram muito irados contra Jeremias e o açoitaram e prenderam na casa do escrivão chamado Jônatas, que eles tinham transformado em prisão, e Jeremias ficou por muitos dias encerrado num calabouço.
Empolgado com a notícia de que os babilônios estavam se retirando o rei Zedequias mandou chamar a Jeremias para lhe perguntar em segredo se havia alguma palavra da parte do Senhor confirmando a derrota dos babilônios para os egípcios.
Todavia, para sua decepção, o profeta lhe disse que ele seria entregue na mão do rei de Babilônia, e protestou contra a sua prisão injusta por parte do rei e dos seus servos, e lhe pediu que não o fizesse retornar à prisão na casa de Jônatas porque viria a morrer ali, de modo que Zedequias ordenou que o pusessem no átrio da guarda e que lhe dessem um bolo de pão diariamente, mas chegou o dia em que já não havia mais pão na cidade por causa do cerco dos babilônios. Mas Jeremias permaneceu preso no átrio da guarda, por ordem do rei.
E o Senhor fizera com que os egípcios retornassem para a sua terra, de modo que os babilônios voltaram a apertar o sítio que vinham fazendo contra Jerusalém.


“1 E Zedequias, filho de Josias, a quem Nabucodonosor, rei de Babilônia, constituiu rei na terra de Judá, reinou em lugar de Conias, filho de Jeoaquim.
2 Mas nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra escutaram as palavras do Senhor que este falou por intermédio de Jeremias o profeta.
3 Contudo mandou o rei Zedequias a Jeucal filho de Selemias, e a Sofonias, filho de Maaseias, o sacerdote, ao profeta Jeremias, para lhe dizerem: Roga agora por nós ao Senhor nosso Deus,
4 Ora, Jeremias entrava e saía entre o povo; pois ainda não o tinham encerrado na prisão.
5 E o exército de Faraó saíra do Egito; quando, pois, os caldeus que estavam sitiando Jerusalém, ouviram esta notícia, retiraram-se de Jerusalém.
6 Então veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor, dizendo:
7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou a mim, para me consultar: Eis que o exército de Faraó, que saiu em vosso socorro, voltará para a sua terra no Egito.
8 E voltarão os caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão a fogo.
9 Assim diz o Senhor: Não vos enganeis a vós mesmos, dizendo: Sem dúvida os caldeus se retirarão de nós; pois não se retirarão.
10 Porque ainda que derrotásseis a todo o exército dos caldeus que peleja contra vós, e entre eles só ficassem homens feridos, contudo se levantariam, cada um na sua tenda, e queimariam a fogo esta cidade.
11 Ora, quando se retirou de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do exército de faraó,
12 saiu Jeremias de Jerusalém, a fim de ir à terra de Benjamim, para receber ali a sua parte no meio do povo.
13 E quando ele estava à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da guarda, cujo nome era Jurias, filho de Selemias, filho de Hananias, o qual prendeu a Jeremias, o profeta, dizendo: Tu estás desertando para os caldeus.
14 E Jeremias disse: Isso é falso, não estou desertando para os caldeus. Mas ele não lhe deu ouvidos, de modo que prendeu a Jeremias e o levou aos príncipes.
15 E os príncipes ficaram muito irados contra Jeremias, de sorte que o açoitaram e o meteram no cárcere, na casa de Jônatas, o escrivão, porquanto a tinham transformado em cárcere.
16 Tendo Jeremias entrado nas celas do calabouço, e havendo ficado ali muitos dias,
17 o rei Zedequias mandou soltá-lo e lhe perguntou em sua casa, em segredo: Há alguma palavra da parte do Senhor? Respondeu Jeremias: Há. E acrescentou: Na mão do rei de Babilônia serás entregue.
18 Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em que tenho pecado contra ti, e contra os teus servos, e contra este povo, para que me pusésseis na prisão?
19 Onde estão agora os vossos profetas que vos profetizavam, dizendo: O rei de Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra?
20 Ora, pois, ouve agora, ó rei, meu senhor: seja aceita agora a minha súplica diante de ti; não me faças tornar à casa de Jônatas, o escriba, para que eu não venha a morrer ali.
21 Então ordenou o rei Zedequias que pusessem a Jeremias no átrio da guarda; e deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros, até que se gastou todo o pão da cidade. Assim ficou Jeremias no átrio da guarda.”



Jeremias 38

Jeremias estava preso no átrio da guarda mas não deixou de proclamar as palavras do Senhor contra Jerusalém.
Isto fez com que os principais sacerdotes ficassem irados com ele, e se dirigiram ao rei pedindo que o matassem, e o rei covardemente, disse que não era da sua alçada tal decisão, senão dos próprios sacerdotes, porque segundo ele o assunto era de interesse religioso.
Então eles pegaram o profeta e o colocaram num poço em cujo fundo não havia água senão somente lama, na qual o profeta ficou atolado e sem comida e água para beber, de modo que deviam pensar com isto justificar uma possível morte acidental, porque diriam ao povo que Jeremias havia caído no poço, e que ali viera a morrer, e com isso, deveriam pensar também, que não seriam culpados do sangue de Jeremias diante de Deus, porque afinal, não tiraram diretamente a sua vida, mas o deixaram numa condição na qual certamente viria a morrer.
A que ponto chega o endurecimento e a perversidade do coração do homem.
E para vergonha dos judeus, e confirmar a impiedade deles, não foi nenhum judeu que intercedeu em favor de Jeremias junto ao rei, para que não morresse, mas um etíope de nome Ebede-Meleque.
A seu pedido, o rei consentiu em tirar Jeremias do poço, mas o manteve preso no átrio da guarda.
O orgulhoso rei Zedequias, que estava endurecido tal qual faraó no passado, e que se recusava a se render a Nabucodonosor, para poupar não somente a si mesmo como todo o povo do sofrimento que estavam enfrentando por causa do sítio dos babilônios, fez com que Jeremias viesse à sua presença, à terceira entrada do templo, porque temia ser visto pelos seus servos, e lhe disse que desejava fazer-lhe uma pergunta e que não deixasse de lhe dizer a verdade.
Como o Senhor sabia o que estava no pensamento do rei, e o revelou ao Seu profeta, Jeremias lhe disse que temia passar-lhe a revelação porque ele o mataria, e caso o aconselhasse, sabia que ele não o ouviria.
Então o rei jurou a Jeremias em segredo que não o mataria e nem o entregaria na mão dos príncipes para ser morto.
Jeremias falou então ao rei, as seguintes palavras:

“17 Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus de Israel: Se te renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.
18 Mas, se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta cidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua mão.”

Apesar de ter percebido que a palavra que Jeremias lhe dera era a verdade, Zedequias, que não era um homem de fé, mas um ímpio, não poderia confiar que seria poupado por Deus, e nem pelos homens, porque julgava que os judeus que haviam passado para o lado dos babilônios aproveitariam a oportunidade para se vingarem dele.
Nem mesmo sob a palavra afiançada pelo profeta de que eles não lançariam mão dele, o rei confiou que sua vida seria poupada bem como a cidade, caso eles se rendessem, porque não tinha fé que grande é a misericórdia de Deus, apesar de que eles merecessem somente a destruição por toda a maldade que haviam praticado.
E Jeremias ainda acrescentou quais seriam as consequências de o rei não dar ouvido ao que lhe havia falado da parte do Senhor, conforme estão descritas nos versos 22 e 23:

“22 Eis que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão levadas aos príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Os teus pacificadores te incitaram e prevaleceram contra ti; e agora que se atolaram os teus pés na lama, voltaram atrás.
23 Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora aos caldeus; e tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei de Babilônia serás preso, e esta cidade será queimada a fogo.”

Como Zedequias não se disporia a se render, então pediu a Jeremias que não dissesse aos principais sacerdotes as terríveis consequências que viriam sobre eles, de modo que não intentassem contra a vida do profeta.
Zedequias não fizera tal pedido a Jeremias por motivo de piedade ou por ter misericórdia do profeta, mas porque não queria que soubessem que quando o mal lhes sobreviesse, que ele, o rei, poderia ter evitado tudo aquilo, caso se rendesse aos babilônios, coisa que ele estava determinado a não fazer de modo algum.
Então quando os príncipes vieram ter com Jeremias ele lhes encobriu o que havia conversado com o rei, e lhes disse que havia suplicado ao rei que não o lançasse na prisão da casa de Jônatas para que ali não morresse, conforme o próprio rei  havia aconselhado ao profeta que o fizesse.


“1 Ouviram, pois, Sefatias, filho de Matã, e Gedalias, filho de Pasur, e Jeucal, filho de Selemias, e Pasur, filho de Malquias, as palavras que anunciava Jeremias a todo o povo, dizendo:
2 Assim diz o Senhor: O que ficar nesta cidade morrerá à espada, de fome e de peste; mas o que sair para os caldeus viverá; pois a sua vida lhe será por despojo, e vivera.
3 Assim diz o Senhor: Esta cidade infalivelmente será entregue na mão do exército do rei de Babilônia, e ele a tomará.
4 E disseram os príncipes ao rei: Morra este homem, visto que ele assim enfraquece as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade, e as mãos de todo o povo, dizendo-lhes tais palavras; porque este homem não busca a paz para este povo, porem o seu mal.
5 E disse o rei Zedequias: Eis que ele está na vossa mão; porque não é o rei que possa coisa alguma contra vós.
6 Então tomaram a Jeremias, e o lançaram na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda; e desceram Jeremias com cordas; mas na cisterna não havia água, senão lama, e atolou-se Jeremias na lama.
7 Quando Ebede-Meleque, o etíope, um eunuco que então estava na casa do rei, ouviu que tinham metido Jeremias na cisterna, o rei estava assentado à porta de Benjamim.
8 Saiu, pois, Ebede-Meleque da casa do rei, e falou ao rei, dizendo:
9 ó rei, senhor meu, estes homens fizeram mal em tudo quanto fizeram a Jeremias, o profeta, lançando-o na cisterna; de certo morrerá no lugar onde se acha, por causa da fome, pois não há mais pão na cidade.
10 Deu ordem, então, o rei a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Toma contigo daqui três homens, e tira Jeremias, o profeta, da cisterna, antes que morra.
11 Assim Ebede-Meleque tomou consigo os homens, e entrou na casa do rei, debaixo da tesouraria, e tomou dali uns trapos velhos e rotos, e roupas velhas, e desceu-os a Jeremias na cisterna por meio de cordas.
12 E disse Ebede-Meleque, o etíope, a Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e rotos, debaixo dos teus sovacos, entre os braços e as cordas. E Jeremias assim o fez.
13 E tiraram Jeremias com as cordas, e o alçaram da cisterna; e ficou Jeremias no átrio da guarda.
14 Então mandou o rei Zedequias e fez vir à sua presença Jeremias, o profeta, à terceira entrada do templo do Senhor; e disse o rei a Jeremias: Vou perguntar-te uma coisa; não me encubras nada.
15 E disse Jeremias a Zedequias: Se eu te declarar, acaso não me matarás? E se eu te aconselhar, não me ouvirás.
16 Então jurou o rei Zedequias a Jeremias, em segredo, dizendo: Vive o Senhor, que nos fez esta alma, que não te matarei nem te entregarei na mão destes homens que procuram a tua morte.
17 Então Jeremias disse a Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus de Israel: Se te renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua casa.
18 Mas, se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia, então será entregue esta cidade na mão dos caldeus, e eles a queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua mão.
19 E disse o rei Zedequias a Jeremias: Receio-me dos judeus que se passaram para os caldeus, que seja entregue na mão deles, e escarneçam de mim.
20 Jeremias, porém, disse: Não te entregarão. Ouve, peço-te, a voz do Senhor, conforme a qual eu te falo; e bem te irá, e poupar-se-á a tua vida.
21 Mas, se tu recusares sair, esta é a palavra que me mostrou o Senhor:
22 Eis que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão levadas aos príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão: Os teus pacificadores te incitaram e prevaleceram contra ti; e agora que se atolaram os teus pés na lama, voltaram atrás.
23 Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora aos caldeus; e tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei de Babilônia serás preso, e esta cidade será queimada a fogo.
24 Então disse Zedequias a Jeremias: Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás.
25 Se os príncipes ouvirem que falei contigo, e vierem ter contigo e te disserem: Declara-nos agora o que disseste ao rei e o que o rei te disse; não no-lo encubras, e não te mataremos;
26 então lhes dirás: Eu lancei a minha súplica diante do rei, que não me fizesse tornar à casa de Jônatas, para morrer ali.
27 Então vieram todos os príncipes a Jeremias, e o interrogaram; e ele lhes respondeu conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado; assim cessaram de falar com ele, pois a coisa não foi percebida.
28 E ficou Jeremias no átrio da guarda, até o dia em que Jerusalém foi tomada.”



Jeremias 39

Este capítulo nos dá conta que depois de dezoito meses de sítio, Jerusalém caiu finalmente no domínio dos babilônios.
Somente as pessoas muito pobres que nada possuíam foram deixadas em Judá, que receberam de Babilônia vinhas e campos, sendo todos os demais levados em cativeiro.
O rei Zedequias e todos os seus guerreiros   tentaram fugir à noite, quando os babilônios tomaram Jerusalém, mas foram alcançados pelo exército babilônico nas campinas de Jericó, e levaram Zedequias à presença de Nabucodonosor, que se encontrava na terra de Hamate, tendo o rei de Babilônia matado os filhos de Zedequias à sua vista, e todos os nobres de Judá, e também cegou os olhos de Zedequias, e o conduziu como um troféu da sua conquista, para Babilônia, atando-o em cadeias de bronze.
O palácio de Zedequias foi incendiado pelos babilônios, bem como as residências de Jerusalém, e derrubaram os muros da cidade, que Neemias reconstruiria cerca de cem anos depois.
O próprio rei Nabucodonosor deu ordens a respeito de Jeremias, para que fosse livrado da prisão do pátio da guarda, na qual fora colocado por Zedequias, e que o tratassem com humanidade, e que lhe fizessem conforme tudo o que fosse do seu desejo.
Inicialmente, Jeremias foi deixado aos cuidados de Gedalias, um dos opositores de Zedequias, que  havia se juntado a Babilônia, e que agora estava sendo colocado pelo rei Nabucodonosor como governador do que restara em Judá.
Quando Jeremias ainda se encontrava preso no átrio da guarda, o Senhor lhe dera uma boa palavra relativa a Ebede-Meleque, o etíope que havia enfrentado os príncipes e o rei, para apelar em favor de Jeremias quando havia sido colocado num poço para ser morto.
Deus lhe confortou dizendo que não temesse o que ainda viria suceder a Jerusalém, e que estava ocorrendo agora, porque não o entregaria na mão dos babilônios, porque o Senhor o salvaria, e não morreria à espada, porque havia confiado nEle, quando expôs sua vida a risco de morte para defender o profeta Jeremias.
Todos os que lutam pela causa da justiça haverão de ser poupados da morte eterna, e serão protegidos pelo Senhor, enquanto viverem neste mundo, e nada lhes sucederá sem a Sua permissão, porque se agrada dos justos, e os Seus olhos estão sobre eles para lhes fazer o bem.


“1 No ano nono de Zedequias, rei de Judá, no décimo mês, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército contra Jerusalém, e a cercaram.
2 No ano undécimo de Zedequias, no quarto mês, aos nove do mês, fez-se uma brecha na cidade.
3 E entraram todos os príncipes do rei de Babilônia, e sentaram-se na porta do meio, os quais eram Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim, Rabe-Sáris Nergal Sarezer, Rabe-Maque, juntamente, com todo o resto dos príncipes do rei de Babilônia
4 E sucedeu que, vendo-os Zedequias, rei de Judá, e todos os homens de guerra, fugiram, saindo da cidade de noite pelo caminho do jardim do rei, pela porta entre os dois muros; e seguiram pelo caminho da Arabá.
5 Mas o exército dos caldeus os perseguiu; e eles alcançaram a Zedequias nas campinas de Jericó; e, prendendo-o, levaram-no a Nabucodonosor rei de Babilônia, a Ribla, na terra de Hamate; e o rei o sentenciou.
6 E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias em Ribla, à sua vista; também matou o rei de Babilônia a todos os nobres de Judá.
7 Cegou os olhos a Zedequias, e o atou com cadeias de bronze, para levá-lo a Babilônia.
8 Os caldeus incendiaram a casa do rei e as casas do povo, e derribaram os muros de Jerusalém.
9 Então, ao resto do povo, que ficara na cidade, aos desertores que se tinham passado para ele e ao resto do povo que havia ficado, levou-os Nebuzaradão, capitão da guarda, para Babilônia.
10 Mas aos pobres dentre o povo, que não tinham nada, Nebuzaradão, capitão da guarda, deixou-os ficar na terra de Judá; e ao mesmo tempo lhes deu vinhas e campos.
11 Ora Nabucodonosor, rei de Babilônia, havia ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradão, capitão dos da guarda, dizendo:
12 Toma-o, e trata-o bem, e não lhe faças mal algum; mas como ele te disser, assim procederás para com ele.
13 Pelo que Nebuzaradão, capitão da guarda, Nebusazbã, Rabe-Sáris, Nergal-Sarezer, Rabe-Maeue, e todos os príncipes do rei de Babilônia
14 mandaram retirar Jeremias do átrio da guarda, e o entregaram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, para que o levasse para casa; assim ele habitou entre o povo.
15 Ora, a palavra do Senhor viera a Jeremias, estando ele ainda encarcerado no átrio da guarda, dizendo:
16 Vai, e fala a Ebede-Meleque, o etíope, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que eu cumprirei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e não para bem; e se cumprirão diante de ti naquele dia.
17 A ti, porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e não serás entregue na mão dos homens a quem temes.
18 Pois certamente te salvarei, e não cairás à espada, mas a tua vida terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.”



Jeremias 40

Nós comentaremos este capítulo em conexão com o capítulo seguinte, porque consiste na continuação da narrativa deste.


“1 A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, depois que Nebuzaradão, capitão da guarda, o deixara ir de Ramá, quando o havia tomado, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do cativeiro de Jerusalém e de Judá, que estavam sendo levados cativos para Babilônia.
2 Ora o capitão da guarda levou Jeremias, e lhe disse: O Senhor teu Deus pronunciou este mal contra este lugar;
3 e o Senhor o trouxe, e fez como havia dito; porque pecastes contra o Senhor, e não obedecestes à sua voz, portanto vos sucedeu tudo isto.
4 Agora pois, eis que te solto hoje das cadeias que estão sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo para Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se não te apraz vir comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha, toda a terra está diante de ti; para onde te parecer bem e conveniente ir, para ali vai.
5 Se assim quiseres, volta a Gedalias, filho de Aicão filho de Safã e a quem o rei de Babilônia constituiu governador das cidades de Judá, e habita com ele no meio do povo; ou vai para qualquer outra parte que te aprouver ir. E deu-lhe o capitão da guarda sustento para o caminho, e um presente, e o deixou ir.
6 Assim veio Jeremias a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá, e habitou com ele no meio do povo que havia ficado na terra.
7 Ouvindo pois todos os chefes das forças que estavam no campo, eles e os seus homens, que o rei de Babilônia havia constituído a Gedalias, filho de Aicão, governador da terra, e que lhe havia confiado homens, mulheres e crianças, os mais pobres da terra, que não foram levados cativos para Babilônia,
8 vieram ter com Gedalias, a Mizpá; e eram: Ismael, filho de Netanias, e Joanã e Jônatas, filhos de Careá, e Seraías, filho de Tanumete, e os filhos de Efai, o netofatita, e Jezanias, filho do maacatita, eles e os seus homens.
9 E jurou Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, eles e pôs seus homens, dizendo: Não temais servir aos caldeus; habitai na terra, e servi o rei de Babilônia, e bem vos irá.
10 Quanto a mim, eis que habito em Mizpá, para vos representar diante dos caldeus que vierem a nós; vós, porém, colhei o vinho e os frutos de verão, e o azeite, e metei-os nos vossos vasos, e habitai nas vossas cidades, que tomastes.
11 Do mesmo modo, quando todos os judeus que estavam em Moabe, e entre os filhos de Amom, e em Edom, e os que havia em todos os países, ouviram que o rei de Babilônia havia deixado um resto em Judá, e que havia posto sobre eles a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã;
12 voltaram, então, todos os judeus de todos os lugares para onde foram arrojados, e vieram para a terra de Judá, a Gedalias, a Mizpá, e colheram vinho e frutos do verão com muita abundância.
13 Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam no campo vieram ter com Gedalias, a Mizpá,
14 e disseram-lhe: Sabes que Baalis, rei dos filhos de Amom, enviou a Ismael, filho de Netanias, para te tirar a vida? Mas não lhes deu crédito Gedalias, filho de Aicão.
15 Todavia Joanã, filho de Careá, falou a Gedalias em segredo, em Mizpá, dizendo: Deixa, peço-te, que eu vá e mate a Ismael, filho de Netanias, sem que ninguém o saiba. Por que razão te tiraria ele a vida, de modo que fossem dispersos todos os judeus que se têm congregado a ti, e perecesse o resto de Judá?


16 Mas disse Gedalias, filho de Aicão, a Joanã, filho de Careá: Não faças tal coisa; pois falas falsamente contra Ismael.”




Jeremias 41

Nós vemos neste e no capitulo anterior, os amonitas buscando mais uma vez o mal para os judeus, porque o rei de Amon, preparou uma insurreição contra Babilônia, comissionando a um certo Ismael, para matar a Gedalias, a quem o rei de Babilônia havia nomeado governador sobre os pobres que haviam sido deixados em Judá.
Além de matar Gedalias, Ismael matou a guarnição de babilônios que havia sido deixada em Judá, como também oitenta homens que viam pagar seus votos no que havia sobrado do templo em Jerusalém, tendo deixado escapar apenas a dez deles, porque lhe disseram que sabiam onde havia uma reserva de comida escondida.
Muita gente havia se juntado a Gedalias, sendo na maior parte judeus que haviam fugido para várias partes fora de Judá, por temerem a invasão dos babilônios.
Um comandante de tropas judaicas, chamado Joanã, veio no encalço de Ismael, e quando aqueles que haviam sido sequestrados por Ismael viram Joanã se aproximando deles, abandonaram Ismael e passaram para o lado de Joanã, tendo apenas oito homens seguido juntamente com Ismael para a terra dos amonitas.
Temendo o que os babilônios poderiam lhes fazer por causa da morte de Gedalias, ainda que não tivessem tomado parte em tal insurreição, Joanã estacionou na altura do caminho para Belém, pensando em buscar refúgio com aqueles que com ele se encontravam, no Egito.

“1 Sucedeu, porém, no mês sétimo, que veio Ismael, filho de Netanias, filho de Elisama, de sangue real, e um dos nobres do rei, e dez homens com ele, a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá; e eles comeram pão juntos ali em Mizpá.
2 E levantou-se Ismael, filho de Netanias, com os dez homens que estavam com ele, e feriram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, à espada, matando assim aquele que o rei de Babilônia havia posto por governador sobre a terra.
3 Matou também Ismael a todos os judeus que estavam com Gedalias, em Mizpá, como também aos soldados caldeus que se achavam ali.
4 Sucedeu pois no dia seguinte, depois que ele matara a Gedalias, sem ninguém o saber,
5 que vieram de Siquém, de Siló e de Samaria, oitenta homens, com a barba rapada, e os vestidos rasgados e tendo as carnes retalhadas, trazendo nas mãos ofertas de cereais e incenso, para os levarem à casa do Senhor.
6 E, saindo-lhes ao encontro Ismael, filho de Netanias, desde Mizpá, ia chorando; e sucedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde a Gedalias, filho de Aicão.
7 Chegando eles, porém, até o meio da cidade, Ismael, filho de Netanias, e os homens que estavam com ele mataram-nos e os lançaram num poço.
8 Mas entre eles se acharam dez homens que disseram a Ismael: Não nos mates a nós, porque temos escondidos no campo depósitos de trigo, cevada, azeite e mel. E ele por isso os deixou, e não os matou entre seus irmãos.
9 E o poço em que Ismael lançou todos os cadáveres dos homens que matara por causa de Gedalias é o mesmo que fez o rei Asa, por causa de Baasa, rei de Israel; foi esse mesmo que Ismael, filho de Netanias, encheu de mortos.
10 E Ismael levou cativo a todo o resto do povo que estava em Mizpá: as filhas do rei, e todo o povo que ficara em Mizpá, que Nebuzaradão, capitão da guarda, havia confiado a Gedalias, filho de Aicão; e levou-os cativos Ismael, filho de Netanias, e se foi para passar aos filhos de Amom.
11 Ouvindo, porém, Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam com ele, todo o mal que havia feito Ismael, filho de Netanias,
12 tomaram todos os seus homens e foram pelejar contra Ismael, filho de Netanias; e o acharam ao pé das grandes águas que há em Gibeão.
13 E todo o povo que estava com Ismael se alegrou quando viu a Joanã, filho de Careá, e a todos os chefes das forças, que vinham com ele.
14 E todo o povo que Ismael levara cativo de Mizpá virou as costas, e voltou, e foi para Joanã, filho de Careá.
15 Mas Ismael, filho de Netanias, com oito homens, escapou de Joanã e se foi para os filhos de Amom.
16 Então Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças que estavam com ele, tomaram a todo o resto do povo que Ismael, filho de Netanias, tinha levado cativo de Mizpá, depois que matara Gedalias, filho de Aicão, a saber, aos soldados, as mulheres, aos meninos e aos eunucos, que Joanã havia recobrado de Gibeão,
17 e partiram, indo habitar em Gerute-Quimã, que está perto de Belém, para dali entrarem no Egito,
18 por causa dos caldeus; pois os temiam, por ter Ismael, filho de Netanias, matado a Gedalias, filho de Aicão, a quem o rei de Babilônia tinha posto por governador sobre a terra.”



Jeremias 42

Conhecendo o que já estava determinado no coração deles, Jeremias lhes disse que apesar de terem dito que tudo o que ele lhes falasse da parte do Senhor eles fariam, na verdade estavam mentindo, e então poderiam estar certos de que morreriam à espada, de fome e de peste no lugar mesmo para onde desejavam peregrinar.

“1 Então chegaram todos os chefes das forças, e Joanã, filho de Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o povo, desde o menor até o maior,
2 e disseram a Jeremias, o profeta: Seja aceita, pedimos-te, a nossa súplica diante de ti, e roga ao Senhor teu Deus, por nós e por todo este resto; porque de muitos restamos somente uns poucos, assim como nos veem os teus olhos;
3 para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer.
4 Respondeu-lhes Jeremias o profeta: Eu vos tenho ouvido; eis que orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas palavras; e o que o Senhor vos responder, eu vo-lo declararei; não vos ocultarei nada.
5 Então eles disseram a Jeremias: Seja o Senhor entre nós testemunha verdadeira e fiel, se assim não fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor teu Deus.
6 Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos, obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus.
7 Ao fim de dez dias veio a palavra do Senhor a Jeremias.
8 Então chamou a Joanã, filho de Careá, e a todos os chefes das forças que havia com ele, e a todo o povo, desde o menor até o maior,
9 e lhes disse: Assim diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes para apresentar a vossa súplica diante dele:
10 Se de boa mente habitardes nesta terra, então vos edificarei, e não vos derrubarei; e vos plantarei, e não vos arrancarei; porque estou arrependido do mal que vos tenho feito.
11 Não temais o rei de Babilônia, a quem vós temeis; não o temais, diz o Senhor; pois eu sou convosco, para vos salvar e para vos livrar da sua mão.
12 E vos concederei misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça habitar na vossa terra.
13 Mas se vós disserdes: Não habitaremos nesta terra; não obedecendo à voz do Senhor vosso Deus,
14 e dizendo: Não; antes iremos para a terra do Egito, onde não veremos guerra, nem ouviremos o som de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali habitaremos;
15 nesse caso ouvi a palavra do Senhor, ó resto de Judá: Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Se vós de todo vos propuserdes a entrar no Egito, e entrardes para lá peregrinar,
16 então a espada que vós temeis vos alcançará ali na terra do Egito, e a fome que vós receais vos seguirá de perto mesmo no Egito, e ali morrereis.
17 Assim sucederá a todos os homens que se propuserem a entrar no Egito, a fim de lá peregrinarem: morrerão à espada, de fome, e de peste; e deles não haverá quem reste ou escape do mal que eu trarei sobre eles.
18 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação sobre vós, quando entrardes no Egito. Sereis um espetáculo de execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio; e não vereis mais este lugar.
19 Falou o Senhor acerca de vós, ó resto de Judá: Não entreis no Egito. Tende por certo que hoje vos tenho avisado.
20 Porque vós vos enganastes a vós mesmos; pois me enviastes ao Senhor vosso Deus, dizendo: Roga por nós ao Senhor nosso Deus, e conforme tudo o que disser o Senhor Deus nosso, declara-no-lo assim, e o faremos.
21 E vo-lo tenho declarado hoje, mas não destes ouvidos à voz do Senhor vosso Deus em coisa alguma pela qual ele me enviou a vos.
22 Agora pois sabei por certo que morrereis à espada, de fome e de peste no mesmo lugar onde desejais ir para lá peregrinardes.”
Joanã e os que com ele se achavam pediram a Jeremias que consultasse a Deus por eles, para saber o que deveriam fazer, e que tudo o que o Senhor dissesse a Jeremias eles fariam.
Somente depois de passados dez dias que a palavra do Senhor veio a Jeremias, e lhes dissera para que não descessem ao Egito para que não fossem destruídos, mas que permanecessem em Judá, porque lhes faria bem, e também faria com que achassem misericórdia junto ao rei de Babilônia (uma vez que eles estavam inocentes no negócio da morte de Gedalias).
Todavia, caso não lhe dessem ouvidos e fossem para o Egito, não somente morreriam à espada, mas todo que pensasse lograr permanecer lá com vida, seria alcançado pelo juízo do próprio Senhor que o mataria pela peste.


Jeremias 43

Depois de terem ouvido a palavra do Senhor através de Jeremias, Joanã e todos os que se encontravam com ele disseram que Jeremias estava mentindo, e que estava sendo instigado por Baruque, seu amanuense, para que eles fossem entregues nas mãos dos babilônios.
Eles fizeram isto por motivo de soberba, e também porque a desconfiança maligna havia sido instalada em seus corações, por pensarem mal de Jeremias e Baruque, julgando que eles estariam tentando ganhar vantagem da situação, para continuarem no agrado do rei de Babilônia.    
Então começaram a peregrinar através de Judá em direção ao Egito, tendo chegado à cidade de Tapanes.
Quando todos se encontravam nesta cidade, inclusive Jeremias, o Senhor lhe ordenou que pegasse pedras grandes e que as escondesse com  barro no pavimento de acesso à entrada da casa de faraó, e que o fizesse à vista de todos os de Judá, e lhes dissesse que Nabucodonor viria e estabeleceria o seu trono real sobre aquelas pedras, e que destruiria a terra do Egito e as suas imagens de escultura que representavam os seus muitos deuses.

“1 Tendo Jeremias acabado de falar a todo o povo todas as palavras do Senhor seu Deus, aquelas palavras com as quais o Senhor seu Deus lho havia enviado,
2 então falaram Azarias, filho de Hosaías, e Joanã, filho de Careá, e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu dizes mentiras; o Senhor nosso Deus não te enviou a dizer: Não entreis no Egito para ali peregrinardes;
3 mas Baruque, filho de Nerias, é que te incita contra nós, para nos entregar na mão dos caldeus, para eles nos matarem, ou para nos levarem cativos para Babilônia.
4 Não obedeceu pois Joanã, filho de Careá, nem nenhum de todos os príncipes dos exércitos, nem o povo todo, à voz do Senhor, para ficarem na terra de Judá.
5 Mas Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças tomaram a todo o resto de Judá, que havia voltado dentre todas as nações, para onde haviam sido arrojados, com o fim de peregrinarem na terra de Judá;
6 aos homens, às mulheres, às crianças, e às filhas do rei, e a toda pessoa que Nebuzaradão, capitão da guarda, deixara com Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, como também a Jeremias, o profeta, e a Baruque, filho de Nerias;
7 e entraram na terra do Egito; pois não obedeceram à voz do Senhor; assim vieram até Tapanes.
8 Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, em Tapanes, dizendo:
9 Toma na tua mão pedras grandes, e esconde-as com barro no pavimento que está à entrada da casa de Faraó em Tapanes, à vista dos homens de Judá;
10 e dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que eu enviarei, e tomarei a Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo, e porei o seu trono sobre estas pedras que escondi; e ele estenderá o seu pavilhão real sobre elas.
11 Virá, e ferirá a terra do Egito, entregando à morte quem é para a morte, ao cativeiro quem é para o cativeiro, e à espada.
12 E lançarei fogo às casas dos deuses do Egito; e ele os queimará e os levará cativos; e ornar-se-á da terra do Egito, como se veste o pastor com a sua roupa; e sairá dali em paz.
13 E quebrará as colunas de Bete-Semes, que está na terra do Egito; e as casas dos deuses do Egito queimará a fogo.”



Jeremias 44

Deus havia operado através das circunstâncias do que havia ocorrido a Gedalias, para passar a Sua  peneira em todo o povo que havia sido deixado por Nabucodonosor em Judá.
Nós vemos neste capitulo que eles estavam arraigados à idolatria, tanto quanto os que haviam sido destruídos pela espada em Judá.
Eles haviam descido em grande número para o Egito, e foram provados pela Palavra do Senhor através de Jeremias, protestando contra eles tanto quanto havia feito antes do cativeiro, dizendo que foi pela transgressão dos mandamentos da lei, e por causa da idolatria que todo aquele mal havia sucedido a Judá, e que então deveriam deixar os seus maus caminhos e se voltarem para o Senhor, senão seria cumprida contra eles toda a palavra de destruição que lhes havia sido proferida da parte de Deus.
Todavia, não somente deixaram de temer ao Senhor, ao ouvirem isto, como descaradamente disseram que a palavra que eles cumpririam seria a deles próprios, a saber, a de permanecerem queimando incenso e apresentando ofertas à rainha do céu que eles e seus pais vinham adorando em Judá, e que segundo eles, o mal que lhes sobreviera foi porque haviam deixado de ser fiéis no culto idolátrico à referida deusa, deixando de lhe apresentar as ofertas que estavam dispostos a oferecer agora fielmente no Egito.
Diante de tamanha insolência o Senhor lhes disse que não seria a palavra deles que prevaleceria, mas a Sua, dada pela boca de Jeremias, e que somente pouquíssimos deles seriam poupados e retornariam a Judá, certamente os que se arrependessem e se voltassem para o Senhor, quando vissem o sinal que Deus lhes daria, quando entregasse Faraó-Hofra na mão de seus inimigos e na mão dos que procuravam a sua morte, tal como havia entregue o rei Zedequias de Judá, na mão de Nabucodonosor.

“1 A palavra que veio a Jeremias, acerca de todos os judeus, que habitavam na terra do Egito, em Migdol, em Tapanes, em Mênfis, e no país de Patros:
2 Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Vós vistes todo o mal que fiz cair sobre Jerusalém, e sobre todas as cidades de Judá; e eis que elas são hoje uma desolação, e ninguém nelas habita;
3 por causa da sua maldade que fizeram, para me irarem, indo queimar incenso, e servir a outros deuses, a quem eles nunca conheceram, nem eles, nem vós, nem vossos pais.
4 Todavia eu vos enviei persistentemente todos os meus servos, os profetas, para vos dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio!
5 Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos, para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a outros deuses.
6 Pelo que se derramou a minha indignação e a minha ira, e acendeu-se nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e elas tornaram-se em deserto e em desolação, como hoje se vê.
7 Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus de Israel: Por que fazeis vós tão grande mal contra vós mesmos, para desarraigardes o homem e a mulher, a criança e o que mama, dentre vós, do meio de Judá, a fim de não vos deixardes ali resto algum;
8 irando-me com as obras de vossas mãos, queimando incenso a outros deuses na terra do Egito, aonde vós entrastes para lá peregrinardes, para que sejais exterminados, e para que sirvais de maldição e de opróbrio entre todas as nações da terra?
9 Esquecestes já as maldades de vossos pais, as maldades dos reis de Judá, as maldades das suas mulheres, as vossas maldades e as maldades das vossas mulheres, cometidas na terra de Judá e nas ruas de Jerusalém?
10 Não se humilharam até o dia de hoje, nem temeram, nem andaram na minha lei, nem nos meus estatutos, que pus diante de vós e diante de vossos pais.
11 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que eu ponho o meu rosto contra vós para mal, e para desarraigar todo o Judá.
12 E tomarei os que restam de Judá, os quais puseram o seu rosto para entrar na terra do Egito, a fim de lá peregrinarem, e todos eles serão consumidos; na terra do Egito cairão; à espada, e de fome serão consumidos; desde o menor até o maior morrerão à espada e de fome; e tornar-se-ão um espetáculo de execração, de espanto, de maldição e de opróbrio.
13 Pois castigarei os que habitam na terra do Egito, como castiguei Jerusalém, com a espada, a fome e a peste.
14 De maneira que, da parte remanescente de Judá que entrou na terra do Egito a fim de lá peregrinar, não haverá quem escape e fique para tornar à terra de Judá, à qual era seu grande desejo voltar, para ali habitar; mas não voltarão, senão alguns fugitivos.
15 Então responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulheres queimavam incenso a outros deuses, e todas as mulheres que estavam presentes, uma grande multidão, a saber, todo o povo que habitava na terra do Egito, em Patros, dizendo:
16 Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do Senhor, não te obedeceremos a ti;
17 mas certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, de queimarmos incenso à rainha do céu, e de lhe oferecermos libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; então tínhamos fartura de pão, e prosperávamos, e não vimos mal algum.
18 Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha do céu, e de lhe oferecer libações, temos tido falta de tudo, e temos sido consumidos pela espada e pela fome.
19 E nós, as mulheres, quando queimávamos incenso à rainha do céu, e lhe oferecíamos libações, acaso lhe fizemos bolos para a adorar e lhe oferecemos libações sem nossos maridos?
20 Então disse Jeremias a todo o povo, aos homens e às mulheres, e a todo o povo que lhe havia dado essa resposta, dizendo:
21 Porventura não se lembrou o Senhor, e não lhe veio à mente o incenso que queimastes nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, vós e vossos pais, vossos reis e vossos príncipes, como também o povo da terra?
22 O Senhor não podia por mais tempo suportar a maldade das vossas ações, as abominações que cometestes; pelo que se tornou a vossa terra em desolação, e em espanto, e em maldição, sem habitantes, como hoje se vê.
23 Porquanto queimastes incenso, e pecastes contra o Senhor, não obedecendo à voz do Senhor, nem andando na sua lei, nos seus estatutos e nos seus testemunhos; por isso vos sobreveio este mal, como se vê neste dia.
24 Disse mais Jeremias a todo o povo e a todas as mulheres: Ouvi a palavra do Senhor, vós, todo o Judá, que estais na terra do Egito.
25 Assim fala o Senhor dos exércitos, Deus de Israel, dizendo: Vós e vossas mulheres falastes por vossa boca, e com as vossas mãos o cumpristes, dizendo: Certamente cumpriremos os nossos votos que fizemos, de queimarmos incenso à rainha do céu e de lhe derramarmos libações; confirmai, pois, os vossos votos, e cumpri-os!
26 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, todos os de Judá que habitais na terra do Egito: Eis que eu juro pelo meu grande nome, diz o Senhor, que nunca mais será pronunciado o meu nome pela boca de nenhum homem de Judá em toda a terra do Egito, dizendo: Como vive o Senhor Deus!
27 Eis que velarei sobre eles para o mal, e não para o bem; e serão consumidos todos os homens de Judá que estão na terra do Egito, pela espada e pela fome, até que de todo se acabem.
28 E os que escaparem da espada voltarão da terra do Egito para a terra de Judá, poucos em número; e saberá todo o resto de Judá que entrou na terra do Egito para peregrinar ali, se subsistirá a minha palavra ou a sua.
29 E isto vos servirá de sinal, diz o Senhor, de que eu vos castigarei neste lugar, para que saibais que certamente subsistirão as minhas palavras contra vós para o mal:
30 Assim diz o Senhor: Eis que eu entregarei Faraó-Hofra, rei do Egito, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte; como entreguei Zedequias, rei de Judá, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, seu inimigo, e que procurava a sua morte.”




Jeremias 45

Nós vimos nos capítulos anteriores, que relatam os acontecimentos que se sucederam à queda de Jerusalém, que Baruque continuava ao lado de Jeremias, e continuaria, porque o motivo da segurança da sua vida em todas aquelas circunstâncias de grande perigo, havia sido garantida pelo Senhor, conforme se vê neste capítulo, que remonta, muitos dias antes, quando ainda reinava Jeoaquim, que havia queimado o rolo de profecias de Jeremias.
Este capítulo registra qual foi o sentimento de contrariedade que havia dominado Baruque na ocasião, principalmente em razão da tarefa que lhe foi dada de ter que reescrever todo o texto que havia sido destruído por Jeoaquim.
Ele considerava que o Senhor estava acrescentado tristeza à sua dor, e estava cansado de gemer sem achar descanso (v. 3).
Então o Senhor mandou Jeremias lhe dizer que refletisse sobre toda a destruição que Ele traria sobre aquele lugar, e que estava demolindo o que havia edificado, e arrancando o que havia plantado, e isso em toda a terra. E como poderia Baruque estar pensando em glória, sucesso, grandeza pessoal? Ele não deveria lamentar até mesmo pelas coisas que viesse a perder, porque o que havia de mais precioso lhe seria preservado pelo Senhor, que era a sua própria vida, conforme estava lhe fazendo tal promessa por Jeremias, aonde quer que ele fosse.
Nós o vimos nos capítulos anteriores, no Egito, em companhia de Jeremias, e certamente daqueles pouquíssimos que retornariam do Egito para Judá, pela permissão de Deus, depois de executar Seus juízos sobre os judeus idólatras, Baruque seria certamente um deles, juntamente com Jeremias, e daí a razão de ser do registro deste capitulo, aparentemente inserido fora de ordem.

“1 A palavra que Jeremias, o profeta, falou a Baruque, filho de Nerias, quando este escrevia num livro as palavras ditadas por Jeremias, no quarto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá:
2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel, acerca de ti ó Baruque.
3 Disseste: Ai de mim agora! porque me acrescentou o Senhor tristeza à minha dor; estou cansado do meu gemer, e não acho descanso.
4 Isto lhe dirás: Assim diz o Senhor: Eis que estou a demolir o que edifiquei, e a arrancar o que plantei, e isso em toda esta terra.
5 E procuras tu grandezas para ti mesmo? Não as busques; pois eis que estou trazendo o mal sobre toda a raça, diz o Senhor; porém te darei a tua vida por despojo, em todos os lugares para onde fores.”




Jeremias 46

O início deste capitulo cita a Faraó-Neco, o que havia matado o rei Josias que subira contra ele para se lhe opor, quando Faraó-Neco se encontrava na ocasião a mando de Deus para lutar contra os assírios, porque o Senhor estava reduzindo o poder da Assíria, para que Babilônia assumisse a supremacia das nações. Ele é citado aqui como sendo derrotado por Nabucodonosor no quarto ano do reinado de Jeoaquim, quando subiu para lutar contra os babilônios junto ao rio Eufrates.
Então isto era já um sinal para aqueles judeus insolentes e idólatras que haviam decidido permanecer no Egito, que a força desta nação estava sendo quebrada pelo Senhor desde Faraó-Neco, e como poderiam estar colocando a sua confiança numa nação idólatra que estava sendo entregue também, tanto quanto havia sido Judá, ao Seu juízo, pelo braço forte de Babilônia?
Assim, na primeira metade deste capitulo, o Senhor descreveu graficamente através do profeta as ações de guerra pelas quais foi quebrado o poder do Egito nos dias de Faraó-Neco.
E na segunda metade, a partir do verso 18, o Senhor afirma a Sua soberania divina, e quem na verdade estava determinando o cativeiro de todas aquelas nações sob Babilônia, num período de setenta anos, de sorte que a esperança do Egito era também a de ir para o cativeiro juntamente com as nações que estavam se aliançando com eles, como os de Amom, e de Tebas.  Todos os mercenários que eles haviam contratado para enfrentarem Babilônia fugiriam no dia da batalha, e viria sobre o Egito um exército inumerável, e seriam entregues na mão de Nabucodonosor, mas não seriam destruídos de todo, porque se recuperariam no futuro, porque o Senhor faria isto com eles por causa da Sua misericórdia.  

Nações como Amom, Edom e Moabe seriam destruídas, mas o povo de Israel não deveria ficar espantado, porque o Senhor traria a sua descendência da terra do cativeiro, e eles habitariam tranquilos no futuro em sua própria terra, porque o Senhor era com eles e não os destruiria de todo, como faria com as nações para as quais os havia arrojado, como a Assíria e a própria Babilônia. Todavia faria isto depois de castigá-los porque não deixaria o Seu povo impune.


“1 A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, acerca das nações.
2 Acerca do Egito: a respeito do exército de Faraó-Neco, rei do Egito, que estava junto ao rio Eufrates em Carquêmis, ao qual Nabucodonosor, rei de Babilônia, derrotou no quarto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá.
3 Preparai o escudo e o pavês, e chegai-vos para a peleja.
4 Aparelhai os cavalos, e montai, cavaleiros! Apresentai-vos com elmos; açacalai as lanças; vesti-vos de couraças.
5 Por que razão os vejo espantados e voltando as costas? Os seus heróis estão abatidos, e vão fugindo, sem olharem para trás; terror há por todos os lados, diz o Senhor.
6 Não pode fugir o ligeiro, nem escapar o herói; para a banda do norte, junto ao rio Eufrates, tropeçaram e caíram.
7 Quem é este que vem subindo como o Nilo, como rios cujas águas se agitam?
8 O Egito é que vem subindo como o Nilo, e como rios cujas águas se agitam; e ele diz: Subirei, cobrirei a terra; destruirei a cidade e os que nela habitam.
9 Subi, ó cavalos; e estrondeai, ó carros; e saiam valentes: Cuche e Pute, que manejam o escudo, e os de Lude, que manejam e entesam o arco.
10 Porque aquele dia é o dia do Senhor Deus dos exércitos, dia de vingança para ele se vingar dos seus adversários. A espada devorará, e se fartará, e se embriagará com o sangue deles; pois o Senhor Deus dos exércitos tem um sacrifício na terra do Norte junto ao rio Eufrates.
11 Sobe a Gileade, e toma bálsamo, ó virgem filha do Egito; debalde multiplicas remédios; não há cura para ti.
12 As nações ouviram falar da tua vergonha, e a terra está cheia do teu clamor; porque o valente tropeçou no valente e ambos juntos caíram.
13 A palavra que falou o Senhor a Jeremias, o profeta, acerca da vinda de Nabucodonosor, rei de Babilônia, para ferir a terra do Egito.
14 Anunciai-o no Egito, proclamai isto em Migdol; proclamai-o também em Mênfis, e em Tapanes; dizei: Apresenta-te, e prepara-te; porque a espada devorará o que está ao redor de ti.
15 Por que está derribado o teu valente? Ele não ficou em pé, porque o Senhor o abateu.
16 Fez tropeçar a multidão; caíram uns sobre os outros, e disseram: Levanta-te, e voltemos para o nosso povo, para a terra do nosso nascimento, por causa da espada que oprime.
17 Clamaram ali: Faraó, rei do Egito, é apenas um som; deixou passar o tempo assinalado.
18 Vivo eu, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos, que certamente como o Tabor entre os montes, e como o Carmelo junto ao mar, assim ele vira.
19 Prepara-te para ires para o cativeiro, ó moradora filha do Egito; porque Mênfis será tornada em desolação, e será incendiada, até que ninguém mais aí more.
20 Novilha mui formosa é o Egito; mas já lhe vem do Norte um tavão.
21 Até os seus mercenários no meio dela são como bezerros cevados; mas também eles viraram as costas, fugiram juntos, não ficaram firmes; porque veio sobre eles o dia da sua ruína e o tempo da sua punição.
22 A sua voz irá como a da serpente; porque marcharão com um exército, e virão contra ela com machados, como cortadores de lenha.
23 Cortarão o seu bosque, diz o Senhor, embora seja impenetrável; porque se multiplicaram mais do que os gafanhotos; são inumeráveis.
24 A filha do Egito será envergonhada; será entregue na mão do povo do Norte.
25 Diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis que eu castigarei a Amom de Tebas, e a Faraó, e ao Egito, juntamente com os seus deuses e os seus reis, sim, ao próprio Faraó, e aos que nele confiam.
26 E os entregarei na mão dos que procuram a sua morte, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão dos seus servos; mas depois será habitada, como nos dias antigos, diz o Senhor.
27 Mas não temas tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; pois eis que te livrarei mesmo de longe, e a tua descendência da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranqüilo e sossegado, e não haverá quem o atemorize.
28 Tu não temas, servo meu, Jacó, diz o senhor; porque estou contigo; pois destruirei totalmente todas as nações para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas castigar-te-ei com justiça, e de modo algum te deixarei impune.”



Jeremias 47

O Senhor havia chamado Jeremias, e disse desde o início do seu ministério que lhe havia dado como profeta às nações tanto para ruína, quanto para edificação, e aqui nós vemos o cumprimento cabal da sua comissão, com as profecias que foram dirigidas à destruição dos filisteus, e das cidades de Tiro e Sidom, da Fenícia, e nos capítulos seguintes, de Moabe (cap 48); Amom, Edom, Síria, Arábia (Hazor e Quedar), e Elão (cap 49); e da própria Babilônia (cap 50 e 51).

“Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares; e também para edificares e plantares.” (Jer 1.10)

Os filisteus haviam sido enfraquecidos em suas cidades confederadas de Asquelom, Gate, Ecrom, Asdode e Gaza, nos dias do rei Davi, mas receberiam o golpe mortal das mãos de Nabucodonozor, rei de Babilônia, no mesmo período em que estava dominando outras nações, como as citadas nos capítulos 48 e 49.
A espada que estava retalhando os filisteus e dando cabo de suas vidas era a própria espada de juízo do Senhor, que ordenara a Babilônia a execução de tais juízos; e depois ela própria também seria julgada pelo Senhor, sob a espada dos medos e dos persas, uma vez concluído o trabalho que lhe havia sido designado para fazer.
Toda aquela destruição que estava sendo realizada nos dias de Jeremias vinha da parte do próprio Senhor, especialmente sobre a grande e desenfreada idolatria que havia em todas estas nações, a ponto de Israel e Judá terem se tornado como qualquer uma delas.
Se uma pessoa de bom senso lesse estes juízos da Bíblia, em nossos dias, e entendesse o que Deus fez por causa da idolatria em quase todo o mundo conhecido de então, logo deixaria os seus ídolos, ainda que não se voltasse para Deus, porque Ele manifestou com os juízos que trouxe sobre o mundo nos dias de Jeremias o quanto Ele detesta a idolatria, porque é uma grande desonra e ingratidão à Sua pessoa divina em ser desprezado como o Criador de todas as coisas, e ser substituído nos corações dos homens que criou, por ídolos que são obras de suas próprias mãos humanas, ou então criaturas que o próprio Deus trouxe à existência, como o sol, a lua, as estrelas, animais etc.

“18 Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.
19 Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20 Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis;
21 porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
22 Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos,
23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
24 Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si;
25 pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.” (Rom 1.18-25)


“1 A palavra do Senhor que veio a Jeremias, o profeta, acerca dos filisteus, antes que Faraó ferisse a Gaza.
2 Assim diz o Senhor: Eis que do Norte se levantam as águas, e tornar-se-ão em torrente trasbordante, e alagarão a terra e quanto há nela, a cidade e os que nela habitam; os homens clamarão, e todos os habitantes da terra uivarão,
3 ao ruído estrepitoso das unhas dos seus fortes cavalos, ao barulho de seus carros, ao estrondo das suas rodas; os pais não atendem aos filhos, por causa da fraqueza das mãos,
4 por causa do dia que vem para destruir a todos os filisteus, para cortar de Tiro e de Sidom todo o resto que os socorra; pois o Senhor destruirá os filisteus, o resto da ilha de Caftor.
5 A calvície é vinda sobre Gaza; foi desarraigada Asquelom, bem como o resto do seu vale; até quando vos retalhareis?
6 Ah espada do Senhor! até quando deixarás de repousar? volta para a tua bainha; descansa, e aquieta-te.
7 Como podes estar quieta, se o Senhor te deu uma ordem? Contra Asquelom, e contra o litoral, é que ele a enviou.”




Jeremias 48

As profecias de Is 15 e 16, e de Amós 2, contra Moabe, se cumpriram nos dias dos assírios, sob o rei Salmanasar, que havia invadido Moabe muito antes dos dias de Jeremias.
Mas as profecias aqui descritas contra todas as cidades de Moabe, e a sentença do Senhor de que deixaria de ser nação, foram cumpridas por Nabucodonosor de Babilônia, cerca de 5 anos depois da destruição de Judá.
É importante lembrar que os moabitas, juntamente com os amonitas, haviam se juntado a Babilônia para a ajudarem no cerco de Jerusalém, porque era historicamente, grande o ódio que estas duas nações tinham contra os israelitas, e isto desde os dias de Moisés.
Então é profetizado aqui o dia de ajuste de contas, especialmente pelo modo como desprezavam a Israel, sendo os moabitas e amonitas, descendentes de Ló, o sobrinho de Abraão, o que servia somente para agravar ainda mais o juízo deles.
Tal como os árabes que são descendentes de Ismael, e que têm grande ódio de Israel, podem ter como certo o juízo que o Senhor trará sobre eles quando se coligarem com as nações nos dias do Anticristo para tentarem riscar Israel do mapa.
Devemos dar um destaque especial em nosso comentário à citação do verso 10 no qual se afirma o seguinte:

“Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente, e maldito aquele que vedar do sangue a sua espada!” (v.10)

Este versículo tem sido muito mal empregado na Igreja, onde se afirma que qualquer pessoa que fizer a obra do Senhor negligentemente é maldita, como forma de ameaça e incentivo a levar os crentes a trabalharem com perfeição na obra de Deus, o que de fato deve ser buscado, mas nunca, jamais, debaixo de tal ameaça de maldição, porque a citação deste versículo pode ser entendida no contexto imediato e seguinte do próprio versículo, no qual se afirma a quem se aplicaria a maldição proferida pelo profeta: “aquele que vedar do sangue a sua espada!”, ou seja, todo babilônio que estava sendo levantado por Deus para uma destruição em todas as cidades de Moabe pela espada. Então o soldado de Babilônia que embainhasse a sua espada e não a sujasse com o sangue dos moabitas, seria considerado maldito.

O maior pecado de Moabe ao lado da idolatria ao seu deus Quemós, era a soberba daquela nação que havia enriquecido muito, e que pensava que como toda a fortuna que havia acumulado poderia se livrar de possíveis ameaças de destruição, por fazer alianças com outras nações, confiando em suas riquezas.
Então o Senhor lhes traria uma completa ruína e deixaria uns poucos remanescentes daquela nação, mas que ficariam espalhados pelo mundo, mas jamais poderiam se reorganizar futuramente como uma nação sob o nome do patriarca deles, a saber, Moabe, assim, como os dos judeus é Israel, o nome que Deus dera a Jacó.


"1 Acerca de Moabe. Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Ai de Nebo, porque foi destruída; envergonhada está Quiriataim, já é tomada; Misgabe está envergonhada e espantada.
2 O louvor de Moabe já não existe mais; em Hesbom projetaram mal contra ela, dizendo: Vinde, e exterminemo-la, para que não mais seja nação; também tu, ó Madmém, serás destruída; a espada te perseguirá.
3 Voz de grito de Horonaim, ruína e grande destruição!
4 Está destruído Moabe; seus filhinhos fizeram ouvir um clamor.
5 Pois pela subida de Luíte eles vão subindo com choro contínuo; porque na descida de Horonaim, ouviram a angústia do grito da destruição.
6 Fugi, salvai a vossa vida! Sede como o asno selvagem no deserto.
7 Pois, porquanto confiaste nas tuas obras e nos teus tesouros, também tu serás tomada; e Quemós sairá para o cativeiro, os seus sacerdotes e os seus príncipes juntamente.
8 Porque virá o destruidor sobre cada uma das cidades e nenhuma escapará, e perecerá o vale, e destruir-se-á a planície, como disse o Senhor.
9 Dai asas a Moabe, porque voando sairá; e as suas cidades se tornarão em desolação, sem habitante.
10 Maldito aquele que fizer a obra do Senhor negligentemente, e maldito aquele que vedar do sangue a sua espada!
11 Moabe tem estado sossegado desde a sua mocidade, e tem repousado como vinho sobre as fezes; não foi deitado de vasilha em vasilha, nem foi para o cativeiro; por isso permanece nele o seu sabor, e o seu cheiro não se altera.
12 Portanto, eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que lhe enviarei derramadores que o derramarão; e despejarão as suas vasilhas, e despedaçarão os seus jarros.
13 E Moabe terá vergonha de Quemós, como se envergonhou a casa de Israel de Betel, sua confiança.
14 Como direis: Somos valentes e homens fortes para a guerra?
15 Já subiu o destruidor de Moabe e das suas cidades, e os seus mancebos escolhidos desceram à matança, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos.
16 A calamidade de Moabe está perto e muito se apressa o seu mal.
17 Condoei-vos dele todos os que estais em seu redor, e todos os que sabeis o seu nome; dizei: Como se quebrou a vara forte, o cajado formoso!
18 Desce da tua glória, e senta-te no pó, ó moradora, filha de Dibom; porque o destruidor de Moabe subiu contra ti, e desfez as tuas fortalezas.
19 Põe-te junto ao caminho, e espia, ó moradora do Aroer; pergunta ao que foge, e à que escapa: Que sucedeu?
20 Moabe está envergonhado, porque foi quebrantado; uivai e gritai; anunciai em Arnom que Moabe está destruído.
21 Também o julgamento é vindo sobre a terra da planície; sobre Holom, Jaza, e Mefaate;
22 sobre Dibom, Nebo, e Bete-Diblataim;
23 sobre Quiriataim, Bete-Gamul, e BeteMeom;
24 sobre Queriote, e Bozra, e todas as cidades da terra de Moabe, as de longe e as de perto.
25 Está cortado o poder de Moabe, e quebrantado o seu braço, diz o senhor.
26 Embriagai-o, porque contra o Senhor se engrandeceu; e Moabe se revolverá no seu vômito, e ele também se tornará objeto de escárnio.
27 Pois não se tornou também Israel objeto de escárnio para ti? Porventura foi achado entre ladrões para que, sempre que falas dele, meneies a cabeça?
28 Deixai as cidades, e habitai no rochedo, ó moradores de Moabe; e sede como a pomba que se aninha nos lados da boca da caverna.
29 Temos ouvido da soberba de Moabe, que é soberbíssimo; da sua sobrançaria, do seu orgulho, da sua arrogância, e da altivez do seu coração.
30 Eu conheço, diz o Senhor, a sua insolência, mas isso nada é; as suas jactâncias nada têm efetuado.
31 Por isso uivarei por Moabe; sim, gritarei por todo o Moabe; pelos homens de Quir-Heres lamentarei.
32 Com choro maior do que o de Jazer chorar-te-ei, ó vide de Sibma; os teus ramos passaram o mar, chegaram até o mar de Jazer; mas o destruidor caiu sobre os teus frutos de verão, e sobre a tua vindima.
33 Tirou-se, pois, a alegria e o regozijo do campo fértil e da terra de Moabe; e fiz que o vinho cessasse dos lagares; já não pisam uvas com júbilo; o brado não é o de júbilo
34 O grito de Hesbom e Eleale se ouve até Jaza; fazem ouvir a sua voz desde Zoar até Horonaim, e até Eglate-Selíssia; pois também as águas do Ninrim virão a ser uma desolação.
35 Demais, farei desaparecer de Moabe, diz o Senhor, aquele que sacrifica nos altos, e queima incenso a seus deuses.
36 Por isso geme como flauta o meu coração por Moabe, e como flauta geme o meu coração pelos homens de Quir-Heres; porquanto a abundância que ajuntou se perdeu.
37 Pois toda cabeça é tosquiada, e toda barba rapada; sobre todas as mãos há sarjaduras, e sobre os lombos sacos.
38 Sobre todos os eirados de Moabe e nas suas ruas há um pranto geral; porque quebrei a Moabe, como a um vaso que não agrada, diz o Senhor.
39 Como está quebrantrado! como uivam! como virou Moabe as costas envergonhado! assim se tornou Moabe objeto de escárnio e de espanto para todos os que estão em redor dele.
40 Pois assim diz o Senhor: Eis que alguém voará como a águia, e estenderá as suas asas contra Moabe.
41 Tomadas serão as cidades, e ocupadas as fortalezas; e naquele dia será o coração dos valentes de Moabe como o coração da mulher em suas dores de parto.
42 E Moabe será destruído, para que não seja povo, porque se engrandeceu contra o Senhor.
43 Temor, e cova, e laço estão sobre ti, ó morador de Moabe, diz o Senhor.
44 O que fugir do temor cairá na cova, e o que sair da cova ficará preso no laço; pois trarei sobre ele, sobre Moabe, o ano do seu castigo, diz o Senhor.
45 Os que fugiram ficam parados sem forças à sombra de Hesbom; mas fogo saiu de Hesbom, e a labareda do meio de Siom, e devorou a fronte de Moabe e o alto da cabeça dos turbulentos.
46 Ai de ti, Moabe! pereceu o povo de Quemós; pois teus filhos foram levados cativos, e tuas filhas para o cativeiro.
47 Contudo nos últimos dias restaurarei do cativeiro a Moabe, diz o Senhor. Até aqui o juizo de Moabe.”



Jeremias 49

As profecias dirigidas a Moabe no capítulo anterior, também são aplicáveis a Amom, Edom, Hazor e Quedar, que eram reinos aparentados segundo a carne a Israel, porque eram descendentes de Abraão, mas ao determinar a sentença contra eles de que não seriam mais nações, o Senhor marcou de modo muito claro a eleição de Israel, o povo que Ele havia amado, escolhido e formado para manifestar a partir dEle a sua glória e salvação na terra.

“21 Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22 Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus.” (Jo 4.21,22)

Edom era Esaú, o irmão gêmeo de Israel, a quem Deus desprezou desde o ventre de sua mãe Rebeca, porque sabia em Sua presciência que não seria amado por Esaú, e que ele desejaria viver como um pagão cananeu, como de fato vivera toda a sua vida, e transmitiu seus costumes contrários aos do Senhor aos seus descendentes, sobre os quais é declarada agora uma sentença de destruição.
Eles também haviam odiado Israel, durante toda a sua existência como nação, dando cumprimento à revelação profética, que Deus dera a Rebeca de que no seu ventre havia duas nações (Edom e Israel) que viveriam em inimizade, assim como os gêmeos estavam lutando no seu ventre.    
Nos versos 17 e 18 Deus diz que subverteria Edom, tal como fizera com Sodoma e Gomorra, de modo que não haveria mais nenhum edomita que residisse naquelas terras, depois que fossem levados em cativeiro pelos babilônios.
Tal seria a dimensão da destruição que Deus traria sobre os homens de Edom, que não haveria quem ficasse para cuidar dos seus órfãos e viúvas, aos quais o Senhor se referiu que Ele mesmo tomaria o encargo de cuidar deles para que permanecessem em vida (v.11).
Se Deus havia julgado o Seu próprio povo, como deixaria impune tais nações? Isto é um sinal e aviso profético para o final dos tempos, quando o Senhor castigará os crentes rebeldes da grande Igreja de Laodicéia, próximo do período da manifestação do Anticristo, e como deixará de julgar com um grande e terrível juízo os ímpios de todas as nações da terra?
A partir do verso 23 são dirigidos juízos sobre a Síria, especialmente sobre a sua capital, Damasco, e suas cidades de Hamate e Arpade. Damasco seria deixada deserta mas não destruída inteiramente, mas os palácios do rei Ben-Hadade, e o muro de Damasco seriam incendiados.
A partir do verso 28 são descritas as assolações dos reinos dos árabes, de Quedar e de Hazor, também por Nabucodonosor. Eles viviam em tendas e não em cidades fortificadas com portões com ferrolhos, mas mesmo assim seriam feitos presas por Babilônia, e seus camelos e todo o seu gado também lhes seriam tomados. E Hazor seria assolada para que não fosse mais habitada, porque seria tornada em morada de chacais.
A partir do verso 34 é descrita a assolação de Elão, mas o Senhor não a destruiria de todo, porque vemos elamitas juntamente com partos, em Jerusalém, no dia em que o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes. E isto está em conformidade com a promessa que Deus fizera através de Jeremias acerca deles, quanto a serem levantado por Ele no futuro:

“Acontecerá, porém, nos últimos dias, que restaurarei do cativeiro a Elão, diz o Senhor.” (v. 39)


“1 A respeito dos filhos de Amom. Assim diz o Senhor: Acaso Israel não tem filhos? Não tem herdeiro? Por que, então, possui Milcom a Gade, e o seu povo habita nas suas cidades?
2 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que farei ouvir contra Rabá dos filhos de Amom o alarido de guerra, e tornar-se-á num montão de ruínas, e os seus arrabaldes serão queimados a fogo; então Israel deserdará aos que e deserdaram a ele, diz o Senhor.
3 Uiva, ó Hesbom, porque é destruída Ai; clamai, ó filhas de Rabá, cingi-vos de sacos; lamentai, e dai voltas pelas sebes; porque Milcom irá em cativeiro, juntamente com os seus sacerdotes e os seus príncipes.
4 Por que te glorias nos vales, teus luxuriantes vales, ó filha apóstata? que confias nos teus tesouros, dizendo: Quem virá contra mim?
5 Eis que farei vir sobre ti pavor, diz o Senhor Deus dos exércitos, de todos os que estão ao redor de ti; e sereis lançados fora, cada um para diante, e ninguém recolherá o desgarrado.
6 Mas depois disto farei voltar do cativeiro os filhos de Amom, diz o senhor.
7 A respeito de Edom. Assim diz o Senhor dos exércitos: Acaso não há mais sabedoria em Temã? Pereceu o conselho dos entendidos? Desvaneceu-se-lhes a sabedoria?
8 Fugi, voltai, habitai em profundezas, ó moradores de Dedã; porque trarei sobre ele a calamidade de Esaú, o tempo em que o punirei.
9 Se vindimadores viessem a ti, não deixariam alguns rabiscos? se ladrões de noite, não te danificariam só o quanto lhes bastasse?
10 Mas eu desnudei a Esaú, descobri os seus esconderijos, de modo que ele não se poderá esconder. E despojada a sua descendência, como também seus irmãos e seus vizinhos, e ele já não existe.
11 Deixa os teus órfãos, eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas confiem em mim.
12 Pois assim diz o Senhor: Eis que os que não estavam condenados a beber o copo, certamente o beberão; e ficarias tu inteiramente impune? Não ficarás impune, mas certamente o beberás.
13 Pois por mim mesmo jurei, diz o Senhor, que Bozra servirá de objeto de espanto, de opróbrio, de ruína, e de maldição; e todas as suas cidades se tornarão em desolações perpétuas.
14 Eu ouvi novas da parte do Senhor, que um embaixador é enviado por entre as nações para lhes dizer: Ajuntai-vos, e vinde contra ela, e levantai-vos para a guerra.
15 Pois eis que te farei pequeno entre as nações, desprezado entre os homens.
16 Quanto à tua terribilidade, enganou-te a arrogância do teu coração, ó tu que habitas nas cavernas dos penhascos, que ocupas as alturas dos outeiros; ainda que ponhas o teu ninho no alto como a águia, de lá te derrubarei, diz o Senhor.
17 E Edom se tornará em objeto de espanto; todo aquele que passar por ela se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas.
18 Como na subversão de Sodoma e Gomorra, e das cidades circunvizinhas, diz o Senhor, não habitará ninguém ali, nem peregrinará nela filho de homem.
19 Eis que como leão subirá das margens do Jordão um inimigo contra a morada forte; mas de repente o farei correr dali; e ao escolhido, pô-lo-ei sobre ela. Pois quem é semelhante a mim? e quem me fixará um prazo? e quem é o pastor que me poderá resistir?
20 Portanto ouvi o conselho do Senhor, que ele decretou contra Edom, e os seus desígnios, que ele intentou contra os moradores de Temã: Até os mais novos do rebanho serão arrastados; certamente ele assolará as suas moradas sobre eles.
21 A terra estremecerá com o estrondo da sua queda; o som do seu clamor se ouvirá até o Mar Vermelho.
22 Eis que como águia subirá, e voará, e estenderá as suas asas contra Bozra; e o coração do valente de Edom naquele dia se tornará como o coração da mulher que está em dores de parto.
23 A respeito de Damasco. Envergonhadas estão Hamate e Arpade, e se derretem de medo porquanto ouviram más notícias; estão agitadas como o mar, que não pode aquietar-se.
24 Enfraquecida está Damasco, virou as costas para fugir, e o tremor apoderou-se dela; angústia e dores apossaram-se dela como da mulher que está de parto.
25 Como está abandonada a cidade famosa, a cidade da minha alegria!
26 Portanto os seus jovens lhe cairão nas ruas, e todos os homens de guerra serão consumidos naquele dia, diz o Senhor dos exércitos.
27 E acenderei fogo no muro de Damasco, o qual consumirá os palácios de Ben-Hadade.
28 A respeito de Quedar, e dos reinos de Hazor, que Nabucodonosor, rei de Babilônia, feriu. Assim diz o Senhor: Levantai-vos, subi contra Quedar, e destruí os filhos do Oriente.
29 As suas tendas e os seus rebanhos serão tomados; as suas cortinas serão levadas, como também todos os seus vasos, e os seus camelos; e lhes gritarão: Há terror de todos os lados!
30 Fugi, desviai-vos para muito longe, habitai nas profundezas, ó moradores de Hazor, diz o Senhor; porque Nabucodonosor, rei de Babilônia, tomou conselho contra vós, e formou um desígnio contra vós.
31 Levantai-vos, subi contra uma nação que está sossegada, que habita descuidada, diz o Senhor; que não tem portas nem ferrolhos, que habita a sós.
32 E os seus camelos serão para presa e a multidão do seu gado para despojo; e espalharei a todo o vento aqueles que cortam os cantos da sua cabeleira; e de todos os lados lhes trarei a sua calamidade, diz o Senhor.
33 Assim Hazor se tornará em morada de chacais, em desolação para sempre; ninguém habitará ali, nem peregrinará nela filho de homem.
34 A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, acerca de Elão, no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, dizendo:
35 Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que eu quebrarei o arco de Elão, o principal do seu poder.
36 E trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, e os espalharei para todos estes ventos; e não haverá nação aonde não cheguem os fugitivos de Elão.
37 E farei que Elão desfaleça diante de seus inimigos e diante dos que procuram a sua morte. Farei vir sobre eles o mal, o furor da minha ira, diz o Senhor; e enviarei após eles a espada, até que eu os tenha consumido.
38 E porei o meu trono em Elão, e destruirei dali rei e príncipes, diz o Senhor.
39 Acontecerá, porém, nos últimos dias, que restaurarei do cativeiro a Elão, diz o Senhor.”



Jeremias 50

Esta profecia de Jeremias sobre a queda de Babilônia, somente se cumprira 70 anos após ter sido proferida, quando Nabucodonosor já não estaria mais no trono, e quando estivesse reinando seu neto Belssazar, filho de Evil-Merodaque, que havia sucedido a Nabucodonosor no trono de Babilônia.
Assim a queda de Babilônia, foi predita antes mesmo do nascimento do rei persa, Ciro, por quem ela seria dominada.
À queda de Babilônia corresponderia a elevação e restauração dos judeus, conforme prometido por Deus nesta profecia.
Deus havia envergonhado os falsos deuses de todas as nações relacionadas nos capítulos anteriores, e agora envergonharia os de Babilônia, tal como tinha feito com os falsos deuses do Egito nos dias de Moisés, e tudo isto deveria servir para reforçar a convicção no povo que voltaria do cativeiro, que somente o Deus dos judeus é Deus, e que não passam de invenções de homens os deuses das nações.
Os judeus buscariam ao Senhor quando Babilônia fosse castigada e Ele se deixaria achar por eles, porque perdoaria os seus pecados, com que haviam transgredido contra Ele.
Deus faria das terras férteis de Babilônia um grande deserto, de maneira que ninguém habitaria nelas por gerações sucessivas.
A arqueologia descobriu em anos recentes as antigas ruínas de Babilônia, numa região desolada ocupada atualmente pelo Iraque.
Sadam Hussein, tentou reviver a antiga glória de Babilônia, nomeando-se a si mesmo o Nabucodonosor redivivo, e todos sabemos da destruição que tem acontecido naquele país e o que foi feito aos palácios e monumentos por ele erigidos. Se tivesse um maior conhecimento destas Escrituras e se tivesse o temor do Senhor quanto ao que declarou sobre a ruína eterna de Babilônia, não teria se envolvido em tal empreendimento, que em primeira instância, tratava-se de uma afronta à determinação de Deus.
O templo de Bel, divindade Babilônica, tinha a altura de 200 metros, e era nele que Nabucodonosor guardava os objetos que levara do templo de Jerusalém, que ele havia destruído, sendo este um dos motivos declarados pelo Senhor, nesta profecia de Jeremias, dos juízos que traria contra Babilônia.

A cidade de Babilônia fora construída a cerca de 80 quilômetros da moderna Bagdá, é ficava próxima do Golfo Pérsico. Suas muralhas tinham mais de cem metros de altura e tinha largura em torno de cinco metros. Cada lado da cidade possuía vinte e cinco portas de metal, e de cada uma destas portas partia uma rua com cerca de seis quilômetros de comprimento. Daí podemos inferir o grande o orgulho que  havia no rei deles bem como em todo o povo, que seria mais um dos motivos de terem sido ameaçados com o juízo de Deus que viria sobre eles no futuro (v. 29 a 32)


“1 A palavra que falou o Senhor acerca de Babilônia, acerca da terra dos caldeus, por intermédio de Jeremias o profeta.
2 Anunciai entre as nações e publicai, arvorando um estandarte; sim publicai, não encubrais; dizei: Tomada está Babilônia, confundido está Bel, caído está Merodaque, confundidos estão os seus ídolos, e caídos estão os seus deuses.
3 Pois do Norte sobe contra ela uma nação que fará da sua terra uma desolação, e não haverá quem nela habite; tanto os homens como os animais já fugiram e se foram.
4 Naqueles dias, e naquele tempo, diz o Senhor, os filhos de Israel virão, eles e os filhos de Judá juntamente; andando e chorando virão, e buscarão ao Senhor seu Deus.
5 Acerca de Sião indagarão, tendo os seus rostos voltados para lá e dizendo: Vinde e uni-vos ao Senhor num pacto eterno que nunca será esquecido.
6 Ovelhas perdidas têm sido o meu povo; os seus pastores as fizeram errar, e voltar aos montes; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar de seu repouso.
7 Todos os que as achavam as devoraram, e os seus adversários diziam: Culpa nenhuma teremos; porque pecaram contra o Senhor, a morada da justiça, sim, o Senhor, a esperança de seus pais.
8 Fugi do meio de Babilônia, e saí da terra dos caldeus, e sede como os bodes diante do rebanho.
9 Pois eis que eu suscitarei e farei subir contra Babilônia uma companhia de grandes nações da terra do Norte; e por-se-ão em ordem contra ela; dali será ela tomada. As suas flechas serão como as de valente herói; nenhuma tornará sem efeito.
10 E Caldéia servirá de presa; todos os que a saquearem ficarão fartos, diz o Senhor.
11 Embora vos alegreis e vos regozijeis, ó saqueadores da minha herança, embora andeis soltos como novilha que pisa a erva, e rincheis como cavalos vigorosos,
12 muito envergonhada será vossa mãe, ficará humilhada a que vos deu à luz; eis que ela será a última das nações, um deserto, uma terra seca e uma solidão.
13 Por causa da ira do Senhor não será habitada, antes se tornará em total desolação; qualquer que passar por Babilônia se espantará, e assobiará por causa de todas as suas pragas.
14 Ponde-vos em ordem para cercar Babilônia, todos os que armais arcos; atirai-lhe, não poupeis as flechas, porque ela tem pecado contra o Senhor.
15 Gritai contra ela rodeando-a; ela já se submeteu; caíram seus baluartes, estão derribados os seus muros. Pois esta é a vingança do Senhor; vingai-vos dela; conforme o que ela fez, assim lhe fazei a ela.
16 Cortai de Babilônia o que semeia, e o que maneja a foice no tempo da sega; por causa da espada do opressor virar-se-á cada um para o seu povo, e fugirá cada qual para a sua terra.
17 Cordeiro desgarrado é Israel, os leões o afugentaram; o primeiro a devorá-lo foi o rei da Assíria, e agora por último Nabucodonosor, rei de Babilônia, lhe quebrou os ossos.
18 Portanto, assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Eis que castigarei o rei de Babilônia e a sua terra, como castiguei o rei da Assíria.
19 E farei voltar Israel para a sua morada, e ele pastará no Carmelo e em Basã, e se fartará nos outeiros de Efraim e em Gileade.
20 Naqueles dias, e naquele tempo, diz o Senhor, buscar-se-á a iniqüidade em Israel, e não haverá; e o pecado em Judá, e não se achará; pois perdoarei aos que eu deixar de resto.
21 Sobe contra a terra de Merataim, sim, contra ela, e contra os moradores de Pecode; mata e inteiramente destrói tudo após eles, diz o Senhor, e faze conforme tudo o que te ordenei.
22 Na terra há estrondo de batalha, e de grande destruição.
23 Como foi cortado e quebrado o martelo de toda a terra! como se tornou Babilônia em objeto de espanto entre as nações!
24 Laços te armei, e também foste presa, ó Babilônia, e tu não o soubeste; foste achada, e também apanhada, porque contra o Senhor te entremeteste.
25 O Senhor abriu o seu arsenal, e tirou os instrumentos da sua indignação; porque o Senhor Deus dos exércitos tem uma obra a realizar na terra dos caldeus.
26 Vinde contra ela dos confins da terra, abri os seus celeiros; fazei dela montões, e destruí-a de todo; nada lhe fique de resto.
27 Matai a todos os seus novilhos, desçam ao degoladouro; ai deles! porque é chegado o seu dia, o tempo da sua punição.
28 Eis a voz dos que fogem e escapam da terra de Babilônia para anunciarem em Sião a vingança do Senhor nosso Deus, a vingança do seu templo.
29 Convocai contra Babilônia os flecheiros, todos os que armam arcos; acampai-vos contra ela em redor, ninguém escape dela. Pagai-lhe conforme a sua obra; conforme tudo o que ela fez, assim lhe fazei a ela; porque se houve arrogantemente contra o Senhor, contra o Santo de Israel.
30 Portanto cairão os seus jovens nas suas praças, e todos os seus homens de guerra serão destruídos naquele dia, diz o Senhor.
31 Eis que eu sou contra ti, ó soberbo, diz o Senhor Deus dos exércitos; pois o teu dia é chegado, o tempo em que te hei de punir?
32 Então tropeçará o soberbo, e cairá, e ninguém haverá que o levante; e porei fogo às suas cidades, o qual consumirá tudo o que está ao seu redor.
33 Assim diz o Senhor dos exércitos: Os filhos de Israel e os filhos de Judá são juntamente oprimidos; e todos os que os levaram cativos os retêm, recusam soltá-los.
34 Mas o seu Redentor é forte; o Senhor dos exércitos é o seu nome. Certamente defenderá em juízo a causa deles, para dar descanso à terra, e inquietar os moradores de Babilônia.
35 A espada virá sobre os caldeus, diz o senhor, e sobre os moradores de Babilônia, e sobre os seus príncipes, e sobre os seus sábios.
36 A espada virá sobre os paroleiros, e eles ficarão insensatos; a espada virá sobre os seus valentes, e eles desfalecerão.
37 A espada virá sobre os seus cavalos, e sobre os seus carros, e sobre todo o povo misto, que se acha no meio dela, e eles se tornarão como mulheres; a espada virá sobre os seus tesouros, e estes serão saqueados.
38 Cairá a seca sobre as suas águas, e elas secarão; pois é uma terra de imagens esculpidas, e eles pelos seus ídolos fazem-se loucos.
39 Por isso feras do deserto juntamente com lobos habitarão ali; também habitarão nela avestruzes; e nunca mais será povoada, nem será habitada de geração em geração.
40 Como quando Deus subverteu a Sodoma e a Gomorra, e às suas cidades vizinhas, diz o Senhor, assim ninguém habitará ali, nem peregrinará nela filho de homem.
41 Eis que um povo vem do norte; e uma grande nação e muitos reis se levantam das extremidades da terra.
42 Armam-se de arco e lança; são cruéis, e não têm piedade; a sua voz brama como o mar, e em cavalos vêm montados, dispostos como homens para a batalha, contra ti, ó filha de Babilônia.
43 O rei de Babilônia ouviu a fama deles, e desfaleceram as suas mãos; a angústia se apoderou dele, dores, como da que está de parto.
44 Eis que como leão subirá das margens do Jordão um inimigo contra a morada forte, mas de repente o farei correr dali; e ao escolhido, pô-lo-ei sobre ela. Pois quem é semelhante a mim? e quem me fixará um prazo? Quem é o pastor que me poderá resistir?
45 Portanto ouvi o conselho que o Senhor decretou contra Babilônia, e o propósito que formou contra a terra dos caldeus: Certamente eles, os pequenos do rebanho, serão arrastados; certamente o aprisco ficará apavorado por causa deles.
46 Ao estrondo da tomada de Babilônia estremece a terra; e o grito se ouve entre as nações.”


Jeremias 51

Este capítulo é do mesmo teor do capitulo anterior quanto às predições da ruína futura de Babilônia, pelo Senhor.
Isto tinha em vista estimular os judeus a não desejarem se fixar em Babilônia para sempre, depois que passassem setenta anos naquela terra estranha. Eles deveriam retornar para Judá quando Babilônia caísse sob o domínio dos medos e dos persas.
O povo de Deus não deve aspirar por permanecer e viver numa terra estranha que é este mundo, porque não são do mundo.
Daí a exortação do Senhor para que o Seu povo deixasse Babilônia e voltasse para a sua própria terra em várias passagens deste livro de Jeremias, como a que encontramos no verso 45:

“Saí do meio dela, ó povo meu, e salve cada um a sua vida do ardor da ira do Senhor.”

O motivo da saída era o de que Deus estaria julgando Babilônia e trazendo os Seus juízos sobre ela, pela destruição que seria feita pelos medos e pelos persas, e Ele não desejava que estes juízos alcançassem o Seu povo, porque não tinha nada a ver com eles, senão com Babilônia, então deveriam sair dela para não serem atingidos pelas pragas assolações que ocorreriam na cidade.
Biblicamente, Babilônia passou a ser figura deste mundo, assim como o faraó dos dias de Moisés é tipo do próprio diabo.
Por isso encontramos a mesma exortação no livro de Apocalipse, dirigida ao povo do Senhor, nos dias do Anticristo, quando Deus estiver despejando Seus juízos sobre este mundo, especialmente contra a grande cidade prostituta que é chamada de Babilônia, da qual o Seu povo é chamado a se retirar.
Não sabemos precisamente a quem se refere a citação em Apocalipse à queda de Babilônia, tanto pode ser uma grande cidade corrompida pelo pecado, como pode ser uma referência à uma condição espiritual de envolvimento com o sistema mundano, que é regido pelo diabo, com sua oferta de glória terrena, e que pode fascinar os crentes, dentro ou fora de suas igrejas. Então Babilônia, neste último caso, seria um juízo contra a própria iniqüidade de todo o mundo, por ocasião da volta do Senhor, que deixaria todas as nações espantadas, porque esta cidade em que se comerciava até almas humanas como se diz em Apocalipse, era o próprio sistema mundial, rompido pela volta do Senhor, tal como foi rompido nos dias da queda de Babilônia que era o centro comercial e a glória do mundo antigo, e por isso foi usada como uma figura da queda deste sistema de iniqüidade nos últimos dias, e do qual os crentes devem se desvincular para serem achados de modo digno na presença do Seu Senhor, e para não serem apanhados juntamente com os castigos que estão destinados aos ímpios e não a eles, mas que os apanharia caso insistissem em viver em sua forma mundana, tal como os ímpios, apegados ao fascínio desta cidade (ou condição de amor ao mundo) no qual viveram por tanto tempo, tal como os judeus que se encontravam em Babilônia.
Não é ao reino deste mundo que devemos estar ligados mas ao reino dos céus.
Por isso lemos em Apocalipse 18 o seguinte:

“1 Depois destas coisas vi descer do céu outro anjo que tinha grande autoridade, e a terra foi iluminada com a sua glória.
2 E ele clamou com voz forte, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e guarida de todo espírito imundo, e guarida de toda ave imunda e detestável.
3 Porque todas as nações têm bebido do vinho da ira da sua prostituição, e os reis da terra se prostituíram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias.
4 Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.
5 Porque os seus pecados se acumularam até o céu, e Deus se lembrou das iniqüidades dela.
6 Tornai a dar-lhe como também ela vos tem dado, e retribuí-lhe em dobro conforme as suas obras; no cálice em que vos deu de beber dai-lhe a ela em dobro.
7 Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, tanto lhe dai de tormento e de pranto; pois que ela diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e de modo algum verei o pranto.
8 Por isso, num mesmo dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será consumida no fogo; porque forte é o Senhor Deus que a julga.
9 E os reis da terra, que com ela se prostituíram e viveram em delícias, sobre ela chorarão e prantearão, quando virem a fumaça do seu incêndio;
10 e, estando de longe por medo do tormento dela, dirão: Ai! ai da grande cidade, Babilônia, a cidade forte! pois numa só hora veio o teu julgamento.
11 E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém compra mais as suas mercadorias:
12 mercadorias de ouro, de prata, de pedras preciosas, de pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda e de escarlata; e toda espécie de madeira odorífera, e todo objeto de marfim, de madeira preciosíssima, de bronze, de ferro e de mármore;
13 e canela, especiarias, perfume, mirra e incenso; e vinho, azeite, flor de farinha e trigo; e gado, ovelhas, cavalos e carros; e escravos, e até almas de homens.
14 Também os frutos que a tua alma cobiçava foram-se de ti; e todas as coisas delicadas e suntuosas se foram de ti, e nunca mais se acharão.
15 Os mercadores destas coisas, que por ela se enriqueceram, ficarão de longe por medo do tormento dela, chorando e lamentando,
16 dizendo: Ai! ai da grande cidade, da que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas, e pérolas! porque numa só hora foram assoladas tantas riquezas.
17 E todo piloto, e todo o que navega para qualquer porto e todos os marinheiros, e todos os que trabalham no mar se puseram de longe;
18 e, contemplando a fumaça do incêndio dela, clamavam: Que cidade é semelhante a esta grande cidade?
19 E lançaram pó sobre as suas cabeças, e clamavam, chorando e lamentando, dizendo: Ai! ai da grande cidade, na qual todos os que tinham naus no mar se enriqueceram em razão da sua opulência! porque numa só hora foi assolada.
20 Exulta sobre ela, ó céu, e vós, santos e apóstolos e profetas; porque Deus vindicou a vossa causa contra ela.
21 Um forte anjo levantou uma pedra, qual uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, a grande cidade, e nunca mais será achada.
22 E em ti não se ouvirá mais o som de harpistas, de músicos, de flautistas e de trombeteiros; e nenhum artífice de arte alguma se achará mais em ti; e em ti não mais se ouvirá ruído de mó;
23 e luz de candeia não mais brilhará em ti, e voz de noivo e de noiva não mais em ti se ouvirá; porque os teus mercadores eram os grandes da terra; porque todas as nações foram enganadas pelas tuas feitiçarias.
24 E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra.”

Este capitulo de Apocalipse possui muitas citações semelhantes às que nós encontramos neste capítulo de Jeremias.


“1 Assim diz o Senhor: Eis que levantarei um vento destruidor contra Babilônia, e contra os que habitam na Caldéia.
2 E enviarei padejadores contra Babilônia, que a padejarão, e esvaziarão a sua terra, quando vierem contra ela em redor no dia da calamidade.
3 Não arme o flecheiro o seu arco, nem se levante o que estiver armado da sua couraça; não perdoeis aos seus jovens; destruí completamente todo o seu exército.
4 Cairão mortos na terra dos caldeus, e feridos nas ruas dela.
5 Pois Israel e Judá não foram abandonados do seu Deus, o Senhor dos exércitos, ainda que a terra deles esteja cheia de culpas contra o Santo de Israel.
6 Fugi do meio de Babilônia, e livre cada um a sua vida; não sejais exterminados na sua punição; pois este é o tempo da vingança do Senhor; ele lhe dará o pago.
7 Na mão do Senhor a Babilônia era um copo de ouro, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso as nações estão fora de si.
8 Repentinamente caiu Babilônia, e ficou arruinada; uivai sobre ela; tomai bálsamo para a sua dor, talvez sare.
9 Queríamos sarar Babilônia, ela, porém, não sarou; abandonai-a, e vamo-nos, cada qual para a sua terra; pois o seu julgamento chega até o céu, e se eleva até as mais altas nuvens.
10 O Senhor trouxe à luz a nossa justiça; vinde e anunciemos em Sião a obra do Senhor nosso Deus.
11 Aguçai as flechas, preparei os escudos; o Senhor despertou o espírito dos reis dos medos; porque o seu intento contra Babilônia é para a destruir; pois esta é a vingança do Senhor, a vingança do seu templo.
12 Arvorai um estandarte sobre os muros de Babilônia, reforçai a guarda, colocai sentinelas, preparai as emboscadas; porque o Senhor tanto intentou como efetuou o que tinha dito acerca dos moradores de Babilônia.
13 Ó tu, que habitas sobre muitas águas, rica de tesouros! é chegado o teu fim, a medida da tua ganância.
14 Jurou o Senhor dos exércitos por si mesmo, dizendo: Certamente te encherei de homens, como de gafanhotos; e eles levantarão o grito de vitória sobre ti.
15 É ele quem fez a terra com o seu poder, estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e estendeu os céus com o seu entendimento.
16 À sua voz, há grande tumulto de águas nas céus, e ele faz subir os vapores desde as extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva, e tira o vento dos seus tesouros.
17 Embruteceu-se todo homem, de modo que não tem conhecimento; todo ourives é envergonhado pelas suas imagens esculpidas; pois as suas imagens de fundição são mentira, e não há espírito em nenhuma delas.
18 Vaidade são, obra de enganos; no tempo em que eu as visitar perecerão.
19 Não é semelhante a estes a porção de Jacó; porque ele é o que forma todas as coisas; e Israel é a tribo da sua herança; o Senhor dos exércitos é o seu nome.
20 Tu me serves de martelo e de armas de guerra; contigo despedaçarei nações, e contigo destruirei os reis;
21 contigo despedaçarei o cavalo e o seu cavaleiro; contigo despedaçarei e carro e o que nele vai;
22 contigo despedaçarei o homem e a mulher; contigo despedaçarei o velho e o moço; contigo despedaçarei o mancebo e a donzela;
23 contigo despedaçarei o pastor e o seu rebanho; contigo despedaçarei o lavrador e a sua junta de bois; e contigo despedaçarei governadores e magistrados.
24 Ante os vossos olhos pagarei a Babilônia, e a todos os moradores da Caldéia, toda a sua maldade que fizeram em Sião, diz o Senhor.
25 Eis-me aqui contra ti, ó monte destruidor, diz o Senhor, que destróis toda a terra; estenderei a minha mão contra ti, e te revolverei dos penhascos abaixo, e farei de ti um monte incendiado.
26 E não tomarão de ti pedra para esquina, nem pedra para fundamentos; mas desolada ficarás perpetuamente, diz o Senhor.
27 Arvorai um estandarte na terra, tocai a trombeta entre as nações, preparai as nações contra ela, convocai contra ela os reinos de Arará, Mini, e Asquenaz; ponde sobre ela um capitão, fazei subir cavalos, como locustas eriçadas.
28 Preparai contra ela as nações, os reis dos medos, os seus governadores e magistrados, e toda a terra do seu domínio.
29 E a terra estremece e está angustiada; porque os desígnios do Senhor estão firmes contra Babilônia, para fazer da terra de Babilônia uma desolação, sem habitantes.
30 Os valentes de Babilônia cessaram de pelejar, ficam nas fortalezas, desfaleceu a sua força, tornaram-se como mulheres; incendiadas são as suas moradas, quebrados os seus ferrolhos.
31 Um correio corre ao encontro de outro correio, e um mensageiro ao encontro de outro mensageiro, para anunciar ao rei de Babilônia que a sua cidade está tomada de todos os lados.
32 E os vaus estão ocupados, os canaviais queimados a fogo, e os homens de guerra assombrados.
33 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: A filha de Babilônia é como a eira no tempo da debulha; ainda um pouco, e o tempo da sega lhe virá.
34 Nabucodonosor, rei de Babilônia, devorou-me, esmagou-me, fez de mim um vaso vazio, qual monstro tragou-me, encheu o seu ventre do que eu tinha de delicioso; lançou-me fora.
35 A violência que se me fez a mim e à minha carne venha sobre Babilônia, diga a moradora de Sião. O meu sangue caia sobre os moradores de Caldéia, diga Jerusalém.
36 Pelo que assim diz o Senhor: Eis que defenderei a tua causa, e te vingarei; e secarei o seu mar, e farei que se esgote a sua fonte:
37 E Babilônia se tornará em montões, morada de chacais, objeto de espanto e assobio, sem habitante.
38 Juntos rugirão como leões novos, bramarão como cachorros de leões.
39 Estando eles excitados, preparar-lhes-ei um banquete, e os embriagarei, para que se regozijem, e durmam um perpétuo sono, e não despertem, diz o Senhor.
40 Fá-los-ei descer como cordeiros ao matadouro, como carneiros e bodes.
41 Como foi tomada Sesaque, e apanhada de surpresa a glória de toda a terra! como se tornou Babilônia um espetáculo horrendo entre as nações!
42 O mar subiu sobre Babilônia; coberta está com a multidão das suas ondas.
43 Tornaram-se as suas cidades em ruínas, terra seca e deserta, terra em que ninguém habita, nem passa por ela filho de homem.
44 E castigarei a Bel em Babilônia, e tirarei da sua boca o que ele tragou; e nunca mais concorrerão a ele as nações; o muro de Babilônia está caído.
45 Saí do meio dela, ó povo meu, e salve cada um a sua vida do ardor da ira do Senhor.
46 Não desfaleça o vosso coração, nem temais pelo rumor que se ouvir na terra; pois virá num ano um rumor, e depois noutro ano outro rumor; e haverá violência na terra, dominador contra dominador.
47 Portanto eis que vêm os dias em que executarei juízo sobre as imagens esculpidas de Babilônia; e toda a sua terra ficará envergonhada; e todos os seus traspassados cairão no meio dela.
48 Então o céu e a terra, com tudo quanto neles há, jubilarão sobre Babilônia; pois do norte lhe virão os destruidores, diz o Senhor.
49 Babilônia há de cair pelos mortos de Israel, assim como por Babilônia têm caído os mortos de toda a terra.
50 Vós, que escapastes da espada, ide-vos, não pareis; desde terras longínquas lembrai-vos do Senhor, e suba Jerusalém à vossa mente.
51 Envergonhados estamos, porque ouvimos opróbrio; a confusão nos cobriu o rosto; pois entraram estrangeiros nos santuários da casa do Senhor.
52 Portanto, eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que executarei juízo sobre as suas imagens esculpidas; e em toda a sua terra gemerão os feridos.
53 Ainda que Babilônia subisse ao céu, e ainda que fortificasse a altura da sua fortaleza, contudo de mim viriam destruidores sobre ela, diz o Senhor.
54 Eis um clamor de Babilônia! de grande destruição da terra dos caldeus!
55 Pois o Senhor está despojando a Babilônia, e emudecendo a sua poderosa voz. Bramam as ondas do inimigo como muitas águas; ouve-se o arruído da sua voz.
56 Porque o destruidor veio sobre ela, sobre Babilônia, e os seus valentes estão presos; já estão despedaçados os seus arcos; pois o Senhor é Deus das recompensas, ele certamente retribuirá.
57 Embriagarei os seus príncipes e os seus sábios, os seus governadores, os seus magistrados, e os seus valentes; e dormirão um sono perpétuo, e jamais acordarão, diz o Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos.
58 Assim diz o Senhor dos exércitos: O largo muro de Babilônia será de todo derribado, e as suas portas altas serão abrasadas pelo fogo; e trabalharão os povos em vão, e as nações se cansarão só para o fogo.
59 A palavra que Jeremias, o profeta, mandou a Seraías, filho de Nerias, filho de Maséias, quando ia com Zedequias, rei de Judá, a Babilônia, no quarto ano do seu reinado. Ora, Seraías era o camareiro-mor.
60 Escreveu, pois, Jeremias num livro todo o mal que havia de vir sobre Babilônia, a saber, todas estas palavras que estão escritas acerca de Babilônia.
61 E disse Jeremias a Seraías: Quando chegares a Babilônia, vê que leias todas estas palavras;
62 e dirás: Tu, Senhor, falaste a respeito deste lugar, que o havias de desarraigar, até não ficar nele morador algum, nem homem nem animal, mas que se tornaria em perpétua desolação.
63 E acabando tu de ler este livro, atar-lhe-ás uma pedra e o lançarás no meio do Eufrates;
64 e dirás: Assim será submergida Babilônia, e não se levantará, por causa do mal que vou trazer sobre ela; e eles se cansarão.”



Jeremias 52

Este capítulo é um resumo das ações de Nabucodonosor nos dias de Ezequias, quando Judá foi levado para o cativeiro.
Muitas das informações aqui constantes já foram citadas e comentadas em capítulos anteriores, sendo acrescentadas algumas informações adicionais, como as seguintes, por exemplo:

- Que o rei  Zedequias depois de ter os olhos vazados por Nabucodonosor, ficou num cárcere em Babilônia até o dia da sua morte.

- Que os judeus levados para Babilônia foram em três levas sucessivas, no sétimo, décimo oitavo e vigésimo terceiro anos do reinado de Nabucodonosor, respectivamente, totalizando 4.600 pessoas.

- É detalhado o modo como o templo foi destruído e saqueado de seus utensílios, moveis estruturas, que foram levados para Babilônia.


“1 Era Zedequias da idade de vinte e um anos quando começou a reinar, e reinou onze anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Hamutal, filha de Jeremias, de Libna.
2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera Jeoaquim.
3 Pois por causa da ira do Senhor, chegou-se a tal ponto em Jerusalém e Judá que ele os lançou da sua presença. E Zedequias rebelou-se contra o rei de Babilônia.
4 No ano nono do seu reinado, no mês décimo, no décimo dia do mês, veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra Jerusalém, ele e todo o seu exército, e se acamparam contra ela, e contra ela levantaram tranqueiras ao redor.
5 Assim esteve cercada a cidade, até o ano undécimo do rei Zedequias.
6 No quarto mês, aos nove do mês, a fome prevalecia na cidade, de tal modo que não havia pão para o povo da terra.
7 Então foi aberta uma brecha na cidade; e todos os homens de guerra fugiram, e saíram da cidade de noite, pelo caminho da porta entre os dois muros, a qual está junto ao jardim do rei, enquanto os caldeus estavam ao redor da cidade; e foram pelo caminho da Arabá.
8 Mas o exército dos caldeus perseguiu o rei, e alcançou a Zedequias nas campinas de Jericó; e todo o seu exército se espalhou, abandonando-o.
9 Prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia a Ribla na terra de Hamate, o qual lhe pronunciou a sentença.
10 E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias à sua vista; e também matou a todos os príncipes de Judá em Ribla.
11 E cegou os olhos a Zedequias; e o atou com cadeias; e o rei de Babilônia o levou para Babilônia, e o conservou na prisão até o dia da sua morte.
12 No quinto mês, no décimo dia do mês, que era o décimo nono ano do rei Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio a Jerusalém Nebuzaradão, capitão da guarda, que assistia na presença do rei de Babilônia.
13 E queimou a casa do Senhor, e a casa do rei; como também a todas as casas de Jerusalém, todas as casas importantes, ele as incendiou.
14 E todo o exército dos caldeus, que estava com o capitão da guarda, derribou todos os muros que rodeavam Jerusalém.
15 E os mais pobres do povo, e o resto do povo que tinha ficado na cidade, e os desertores que se haviam passado para o rei de Babilônia, e o resto dos artífices, Nebuzaradão, capitão da guarda, levou-os cativos.
16 Mas dos mais pobres da terra Nebuzaradão, capitão da guarda, deixou ficar alguns, para serem vinhateiros e lavradores.
17 Os caldeus despedaçaram as colunas de bronze que estavam na casa do Senhor, e as bases, e o mar de bronze, que estavam na casa do Senhor, e levaram todo o bronze para Babilônia.
18 Também tomaram as caldeiras, as pás, as espevitadeiras, as bacias, as colheres, e todos os utensílios de bronze, com que se ministrava.
19 De igual modo o capitão da guarda levou os copos, os braseiros, as bacias, as caldeiras, os castiçais, as colheres, e as tigelas. O que era de ouro, levou como ouro, e o que era de prata, como prata.
20 Quanto às duas colunas, ao mar, e aos doze bois de bronze que estavam debaixo das bases, que fizera o rei Salomão para a casa do Senhor, o peso do bronze de todos estes vasos era incalculável.
21 Dessas colunas, a altura de cada um era de dezoito côvados; doze côvados era a medida da sua circunferência; e era a sua espessura de quatro dedos; e era oca.
22 E havia sobre ela um capitel de bronze; e a altura dum capitel era de cinco côvados, com uma rede e romãs sobre o capitel ao redor, tudo de bronze; e a segunda coluna tinha as mesmas coisas com as romãs.
23 E havia noventa e seis romãs aos lados; as romãs todas, sobre a rede ao redor eram cem.
24 Levou também o capitão da guarda a Seraías, o principal sacerdote, e a Sofonias, o segundo sacerdote, e os três guardas da porta;
25 e da cidade levou um oficial que tinha a seu cargo os homens de guerra; e a sete homens dos que assistiam ao rei e que se achavam na cidade; como também o escrivão-mor do exército, que registrava o povo da terra; e mais sessenta homens do povo da terra que se achavam no meio da cidade.
26 Tomando-os pois Nebuzaradão, capitão da guarda, levou-os ao rei de Babilônia, a Ribla.
27 E o rei de Babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamate. Assim Judá foi levado cativo para fora da sua terra.
28 Este é o povo que Nabucodonosor levou cativo: no sétimo ano três mil e vinte e três judeus;
29 no ano décimo oitavo de Nabucodonosor, ele levou cativas de Jerusalém oitocentas e trinta e duas pessoas;
30 no ano vinte e três de Nabucodonosor, Nebuzaradão, capitão da guarda, levou cativas, dentre os judeus, setecentas e quarenta e cinco pessoas; todas as pessoas foram quatro mil e seiscentas.
31 No ano trigésimo sétimo do cativeiro de Joaquim, rei de Judá, no mês duodécimo, aos vinte e cinco do mês, Evil-Merodaque, rei de Babilônia, no primeiro ano do seu reinado, levantou a cabeça de Joaquim, rei de Judá, e o tirou do cárcere;
32 e falou com ele benignamente, e pôs o trono dele acima dos tronos dos reis que estavam com ele em Babilônia;
33 e lhe fez mudar a roupa da sua prisão; e Joaquim comia pão na presença do rei continuamente, todos os dias da sua vida.


34 E, quanto à sua ração, foi-lhe dada pelo rei de Babilônia a sua porção quotidiana, até o dia da sua morte, durante todos os dias da sua vida.”







LAMENTAÇÕES





Lamentações 1

O livro de Lamentações foi composto em acróstico, ou seja, os versículos são iniciados com as letras do alfabeto hebraico, por ordem, por isso temos 22 versículos nos capítulos 1, 2, 4 e 5, e 66 no terceiro capítulo, porque neste, há três séries repetidas do alfabeto.
O livro foi escrito por Jeremias expressando as dores e tristeza que sentiu ao ver Judá depois de ter sido destruída em seu próprios dias, pelos babilônios, destruição esta que ele profetizara, e por causa da qual foi acusado injustamente por seus compatriotas de subversivo, que havia se aliado aos babilônios contra os israelitas.
Esta composição poética revela qual eram os seus reais sentimentos em relação ao seu povo, e que profetizara da parte de Deus contra Judá, e não por ter-se aliado aos interesses de Babilônia.




Jeremias sabia que o tempo de exílio de Judá não seria pequeno, porque o Senhor lhe revelou que seria de 70 anos a duração do cativeiro em Babilônia (Jer 25.11,12; 29.10)
Ele não viveria portanto, para ver a restauração do seu povo, prometida por Deus, depois de cumpridos os 70 anos de cativeiro.
Então expressa o choro amargo de Jerusalém por se encontrar desolada, e por ter ido para o cativeiro para sofrer aflição e dura servidão.
Até mesmo as ruas de Jerusalém choravam porque já não havia quem caminhasse por elas para se dirigir ao culto no templo, porque as portas da cidade estavam desoladas e os sacerdotes impedidos de oficiarem porque o templo havia sido destruído.
Por causa da multidão das transgressões do Seu povo, o Senhor lhes afligiu, e fez com que seus inimigos prosperassem contra eles levando-lhes para o cativeiro.
Todo o esplendor de Jerusalém havia acabado, e seus príncipes já não se achavam em honra em seus tronos, mas caminhavam sem forças adiante do perseguidor que os conduzia para Babilônia.
No entanto, não foi sem causa que Jerusalém havia caído em sua aflição, porque desde tempos antigos pecou gravemente e de honrada que era, passou a ser desprezada, porque se viu nela a sua nudez e imundícia (v. 7 a 9).
O profeta clama em angústia ao Senhor como se fosse a própria cidade de Jerusalém que estivesse clamando, porque ele estava expressando a dor que havia se apoderado dos habitantes de Judá.
Judá não atendeu ao chamado ao arrependimento que o Senhor lhe fizera através dos profetas, inclusive do próprio Jeremias, então lhe sobreveio repentina aflição da parte do Senhor, no dia do furor da sua ira, porque se recusaram a se arrepender dos seus pecados.
Isto não é diferente, mesmo com muitos na Igreja, que insistem em andar deliberadamente no pecado, sem dar a devida atenção às muitas chamadas do Senhor ao arrependimento. Nas cartas dirigidas às Igrejas citadas no segundo e no terceiro capítulo do livro de Apocalipse, nós vemos de modo muito claro como o Senhor ameaça inclusive com a remoção do castiçal, das Igrejas que se recusassem a se arrepender.
E quando há este despejar da ira do Senhor, conduzindo as almas de crentes a cativeiros não de condenação eterna, mas de disciplina e de correção, é realmente de comover o nosso coração, tal como Jeremias o expressou em relação ao gemido dos moradores de Judá e Jerusalém (v. 12).
O juízo de Deus sobre o Seu povo de Judá, nos dias de Jeremias, foi tal como fogo que entra nos ossos, e rede que prende os pés, e que impede o avançar na caminhada, e que traz desolação e desfalecimento todos os dias (v. 13).
Que nestas horas de profundezas da alma, por causa da prática de pecados deliberados, que todo crente, soubesse avaliar devidamente estes sintomas para buscar no Senhor lugar de arrependimento, para ser curado.
O que sucedeu a Jerusalém foi para advertência da Igreja de Cristo, para que não andemos nos mesmos pecados em que eles andaram, de forma a não cairmos debaixo da vara da correção do Senhor, que geralmente, será achada nas mãos do próprio Inimigo das nossas almas, porque aqueles que resistem à vontade do Senhor, dão lugar ao diabo, o qual afligirá as suas almas, até que retornem ao abrigo de Deus.
E o Senhor será achado justo ao vindicar a Sua justiça e santidade, visitando os nossos pecados, e permitindo que sejamos afligidos, não para pagar a conta dos nossos pecados, porque esta dívida já foi paga por Cristo, para o Seu povo, mas para que sejamos desviados dos nossos maus caminhos, pelo temor do mal, que nos sobrevenha ou que possa ainda sobrevir.
Os povos inimigos de Israel alegravam-se com o mal que havia vindo sobre os judeus, mas estavam esquecidos que o Senhor também visitaria no tempo apropriado, com os Seus juízos, os pecados deles.



“1 Como está sentada solitária a cidade que era tão populosa! tornou-se como viúva a que era grande entre as nações! A que era princesa entre as províncias tornou-se avassalada!
2 Chora amargamente de noite, e as lágrimas lhe correm pelas faces; não tem quem a console entre todos os seus amantes; todos os seus amigos se houveram aleivosamente com ela; tornaram-se seus inimigos.
3 Judá foi para o cativeiro para sofrer aflição e dura servidão; ela habita entre as nações, não acha descanso; todos os seus perseguidores a alcançaram nas suas angústias.
4 Os caminhos de Sião pranteiam, porque não há quem venha à assembléia solene; todas as suas portas estão desoladas; os seus sacerdotes suspiram; as suas virgens estão tristes, e ela mesma sofre amargamente.
5 Os seus adversários a dominam, os seus inimigos prosperam; porque o Senhor a afligiu por causa da multidão das suas transgressões; os seus filhinhos marcharam para o cativeiro adiante do adversário.
6 E da filha de Sião já se foi todo o seu esplendor; os seus príncipes ficaram sendo como cervos que não acham pasto e caminham sem força adiante do perseguidor.
7 Lembra-se Jerusalém, nos dias da sua aflição e dos seus exílios, de todas as suas preciosas coisas, que tivera desde os tempos antigos; quando caía o seu povo na mão do adversário, e não havia quem a socorresse, os adversários a viram, e zombaram da sua ruína.
8 Jerusalém gravemente pecou, por isso se fez imunda; todos os que a honravam a desprezam, porque lhe viram a nudez; ela também suspira e se volta para trás.
9 A sua imundícia estava nas suas fraldas; não se lembrava do seu fim; por isso foi espantosamente abatida; não há quem a console; vê, Senhor, a minha aflição; pois o inimigo se tem engrandecido.
10 Estendeu o adversário a sua mão a todas as coisas preciosas dela; pois ela viu entrar no seu santuário as nações, acerca das quais ordenaste que não entrassem na tua congregação.
11 Todo o seu povo anda gemendo, buscando o pão; deram as suas coisas mais preciosas a troco de mantimento para refazerem as suas forças. Vê, Senhor, e contempla, pois me tornei desprezível.
12 Não vos comove isto a todos vós que passais pelo caminho? Atendei e vede se há dor igual a minha dor, que veio sobre mim, com que o Senhor me afligiu, no dia do furor da sua ira.
13 Desde o alto enviou fogo que entra nos meus ossos, o qual se assenhoreou deles; estendeu uma rede aos meus pés, fez-me voltar para trás, tornou-me desolada e desfalecida o dia todo.
14 O jugo das minhas transgressões foi atado; pela sua mão elas foram entretecidas e postas sobre o meu pescoço; ele abateu a minha força; entregou-me o Senhor nas mãos daqueles a quem eu não posso resistir.
15 O Senhor desprezou todos os meus valentes no meio de mim; convocou contra mim uma assembléia para esmagar os meus mancebos; o Senhor pisou como num lagar a virgem filha de Judá.
16 Por estas coisas vou chorando; os meus olhos, os meus olhos se desfazem em águas; porque está longe de mim um consolador que pudesse renovar o meu ânimo; os meus filhos estão desolados, porque prevaleceu o inimigo.
17 Estende Sião as suas mãos, não há quem a console; ordenou o Senhor acerca de Jacó que fossem inimigos os que estão em redor dele; Jerusalém se tornou entre eles uma coisa imunda.
18 Justo é o Senhor, pois me rebelei contra os seus mandamentos; ouvi, rogo-vos, todos os povos, e vede a minha dor; para o cativeiro foram-se as minhas virgens e os meus mancebos.
19 Chamei os meus amantes, mas eles me enganaram; os meus sacerdotes e os meus anciãos expiraram na cidade, enquanto buscavam para si mantimento, para refazerem as suas forças.
20 Olha, Senhor, porque estou angustiada; turbadas estão as minhas entranhas; o meu coração está transtornado dentro de mim; porque gravemente me rebelei. Na rua me desfilha a espada, em casa é como a morte.
21 Ouviram como estou gemendo; mas não há quem me console; todos os meus inimigos souberam do meu mal; alegram-se de que tu o determinaste; mas, em trazendo tu o dia que anunciaste, eles se tornarão semelhantes a mim.
22 Venha toda a sua maldade para a tua presença, e faze-lhes como me fizeste a mim por causa de todas as minhas transgressões; pois muitos são os meus gemidos, e desfalecido está o meu coração.”




Lamentações 2

No capítulo anterior o profeta descreveu a dor, o gemido, a aflição, a vergonha e o clamor de Judá pela destruição e pelo cativeiro que lhe sobrevieram como um juízo da parte de Deus, por causa dos seus pecados, e é a mesma nota triste que nós encontramos neste segundo capítulo, que justifica o título deste livro, a saber, Lamentações.
Aqui se descreve principalmente o quanto Deus estava irado com o Seu próprio povo, por causa das transgressões deles. A antiga comunhão, e alegria que tivera neles, se transformou na triste manifestação da Sua ira em relação a eles.
De igual modo, podemos ver como acontece com igrejas que haviam desfrutado no passado da gloriosa presença do Senhor em seu meio, operando sobretudo alegria nos corações dos crentes, conforme lhes era concedido pela Sua graça, não a alegria carnal que é comum de se ver em muitas igrejas, mas a alegria que é fruto do Espírito, e tudo o mais que expressasse espiritualmente o resultado da comunhão do Senhor com o Seu povo.
Repentinamente, depois de um processo de andar contrário à vontade de Deus e dos Seus mandamentos, sequer se encontra nestas igrejas o antigo aroma da Sua santa presença, senão apenas ritos e cerimônias externas, desprovidas da unção do Espírito Santo.
Trocaram um viver na piedade, pela busca de glória terrena e mundana, e o resultado é sempre este, tal como havia sucedido aos judeus no passado.
O Senhor ordenou que fossem destruídos os palácios, os muros da cidade de Jerusalém e o seu próprio templo, e declarou que as visões falsas e insensatas dos profetas de Israel não manifestaram a iniqüidade dos judeus, para que eles fossem desviados do cativeiro, ao contrário, viram para eles profecias vãs e coisas que os levaram ao exílio (v. 14).
Não podemos, aprendendo do exemplo deles, tolerar os falsos profetas vestidos em peles de ovelhas em nossas igrejas, e dar-lhes ouvido, em suas pregações que não nos desviam de nossos pecados, e que por fim, nos tornam sujeitos aos juízos de Deus, tanto quanto podemos aprender do exemplo do que sucedera a Israel no passado.
Por muitos anos, até mesmo séculos, o pecado de Jerusalém não havia sido manifestado e visitado de maneira tão assombrosa, a ponto de ter se tornado visível a todos os seus inimigos, e de igual modo, quando Laodicéia for vomitada da boca do Senhor, se tornará num objeto de espanto para todos aqueles que se admiravam da sua antiga glória e poder. Igrejas suntuosas, cheias de si mesmas, de orgulho espiritual, e vazas da presença do Senhor, que habita com os que são pobres de espírito, e contritos de coração. Muitos se espantarão à vista destas coisas, cujo fim se apressa por vir, e ficarão desolados com a grande vergonha que sentirão por aqueles que julgavam ser e ter o que não eram e não tinham, conforme Jesus expressa diretamente em Apo 3.16,17:

“16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;”

Estes crentes infiéis de Laodicéia, têm sido chamados ao arrependimento, pelo Senhor, em face da Sua grande longanimidade e misericórdia, mas o Seu juízo começa pela Sua própria casa, de modo que não o suspenderá em face da falta de arrependimento deles.
Em vez de se gloriarem em si mesmos, e em suas falsas graças, deveriam seguir o conselho dado pelo profeta a Jerusalém, em seus dias de cativeiro:

“18 Clama ao Senhor, ó filha de Sião; corram as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês repouso, nem descansem os teus olhos.
19 Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias; derrama o teu coração como águas diante do Senhor!...”

Deus tem permitido, ao longo de toda a história da Igreja, que grandes perseguições venham sobre muitos crentes, em razão da fidelidade deles, para testemunho às nações, quanto mais não permitirá que aflições venham sobre aqueles que não andam em verdadeira piedade perante Ele?

Este livro de Lamentações, não foi escrito portanto, para que nós lamentemos apenas o que sobreveio aos judeus, mas para que cuidemos para não cair no mesmo erro deles.


“1 Como cobriu o Senhor de nuvens na sua ira a filha de Sião! derrubou do céu à terra a glória de Israel, e no dia da sua ira não se lembrou do escabelo de seus pés.
2 Devorou o Senhor sem piedade todas as moradas de Jacó; derrubou no seu furor as fortalezas da filha de Judá; abateu-as até a terra. Tratou como profanos o reino e os seus príncipes.
3 No furor da sua ira cortou toda a força de Israel; retirou para trás a sua destra de diante do inimigo; e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo que tudo consome em redor.
4 Armou o seu arco como inimigo, firmou a sua destra como adversário, e matou todo o que era formoso aos olhos; derramou a sua indignação como fogo na tenda da filha de Sião.
5 Tornou-se o Senhor como inimigo; devorou a Israel, devorou todos os seus palácios, destruiu as suas fortalezas, e multiplicou na filha de Judá o pranto e a lamentação.
6 E arrancou a sua cabana com violência, como se fosse a de uma horta; destruiu o seu lugar de assembléia; o Senhor entregou ao esquecimento em Sião a assembléia solene e o sábado; e na indignação da sua ira rejeitou com desprezo o rei e o sacerdote.
7 Desprezou o Senhor o seu altar, detestou o seu santuário; entregou na mão do inimigo os muros dos seus palácios; deram-se gritos na casa do Senhor, como em dia de reunião solene.
8 Resolveu o Senhor destruir o muro da filha de Sião; estendeu o cordel, não reteve a sua mão de fazer estragos; fez gemer o antemuro e o muro; eles juntamente se enfraquecem.
9 Sepultadas na terra estão as suas portas; ele destruiu e despedaçou os ferrolhos dela; o seu rei e os seus príncipes estão entre as nações; não há lei; também os seus profetas não recebem visão alguma da parte do Senhor.
10 Estão sentados no chão os anciãos da filha de Sião, e ficam calados; lançaram pó sobre as suas cabeças; cingiram sacos; as virgens de Jerusalém abaixaram as suas cabeças até o chão.
11 Já se consumiram os meus olhos com lágrimas, turbada está a minha alma, o meu coração se derrama de tristeza por causa do quebrantamento da filha do meu povo; porquanto desfalecem os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade.
12 Ao desfalecerem, como feridos, pelas ruas da cidade, ao exalarem as suas almas no regaço de suas mães, perguntam a elas: Onde está o trigo e o vinho?
13 Que testemunho te darei, a que te compararei, ó filha de Jerusalém? A quem te assemelharei, para te consolar, ó virgem filha de Sião? pois grande como o mar é a tua ferida; quem te poderá curar?
14 Os teus profetas viram para ti visões falsas e insensatas; e não manifestaram a tua iniqüidade, para te desviarem do cativeiro; mas viram para ti profecias vãs e coisas que te levaram ao exílio.
15 Todos os que passam pelo caminho batem palmas contra ti; eles assobiam e meneiam a cabeça sobre a filha de Jerusalém, dizendo: E esta a cidade que denominavam a perfeição da formosura, o gozo da terra toda?
16 Todos os teus inimigos abrem as suas bocas contra ti, assobiam, e rangem os dentes; dizem: Devoramo-la; certamente este e o dia que esperávamos; achamo-lo, vimo-lo.
17 Fez o Senhor o que intentou; cumpriu a sua palavra, que ordenou desde os dias da antigüidade; derrubou, e não se apiedou; fez que o inimigo se alegrasse por tua causa, exaltou o poder dos teus adversários.
18 Clama ao Senhor, ó filha de Sião; corram as tuas lágrimas, como um ribeiro, de dia e de noite; não te dês repouso, nem descansem os teus olhos.
19 Levanta-te, clama de noite no princípio das vigias; derrama o teu coração como águas diante do Senhor! Levanta a ele as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas.
20 Vê, ó Senhor, e considera a quem assim tens tratado! Acaso comerão as mulheres o fruto de si mesmas, as crianças que trazem nos braços? ou matar-se-á no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta?
21 Jazem por terra nas ruas o moço e o velho; as minhas virgens e os meus jovens vieram a cair à espada; tu os mataste no dia da tua ira; trucidaste-os sem misericórdia.
22 Convocaste de toda a parte os meus terrores, como no dia de assembléia solene; não houve no dia da ira do Senhor quem escapasse ou ficasse; aqueles que eu trouxe nas mãos e criei, o meu inimigo os consumiu.”



Lamentações 3

No extenso livro da profecia de Jeremias nós o vemos chorar muitas vezes por causa do pecado de Judá, e pela falta de atendimento dos judeus ao apelo de Deus através dele para que se convertessem dos seus pecados, porque ao mesmo tempo lhes anunciava a destruição terrível que viria sobre eles caso não se arrependessem.
Agora, uma vez cumpridas as assolações que ele mesmo havia profetizado, a sua alma estava quebrada por todo o sofrimento que experimentara.
Então, desde o primeiro até o vigésimo versículo ele expressa o abatimento da sua alma (v. 20), começando a dizer que era o homem que viu a aflição que foi causada pela vara de correção do furor de Deus contra o Seu povo (v.1).
Que o Senhor o guiou e o fizera andar em trevas, e não na luz, porque o resultado da sua profecia não foi glória para Israel, mas dor e destruição.
Suas notícias não eram consoladoras para Judá, mas ameaçadoras, e isto já era em si mesmo uma grande carga para a sua alma, que agora vendo o resultado de todas aquelas ameaças fez com que se sentisse como debaixo da mão pesada de Deus todos os dias, e isto fazia envelhecer a sua carne e pele, e a se desconjuntarem os seus ossos.
Deus não lhe dera alternativa senão de cercá-lo com fel e trabalho, e habitar em lugares tenebrosos e desolados. Cercou-o de tal maneira que não podia fugir, e mesmo quando clamava e gritava por socorro, o Senhor não atendia à sua oração, porque a sentença de destruição de Judá já estava determinada, e em mais de uma ocasião, Deus lhe proibira diretamente para não orar em favor do Seu povo.
Além das aflições que lhe foram impostas pelo cumprimento do seu ministério, Jeremias teve também que suportar a dor de ter sido feito objeto de escárnio para todo o seu próprio povo, que o considerava um subversivo que servia aos interesses de Babilônia, e isto o encheu de amarguras, como que seus dentes tivessem sido quebrados por pedrinhas de areia.
Seu ministério não lhe permitiu que tivesse paz em sua alma, e havia até esquecido o que era a felicidade.
Tão grande era a sua amargura de alma, uma vez cumprida a assolação que Deus havia prometido trazer sobre os judeus, que a força de Jeremias havia perecido, bem como a sua esperança no Senhor, ou seja, ele não conseguia naquela hora, ter qualquer boa expectativa em relação aos judeus, que lhe viesse da parte de Deus, porque sabia que Ele estava irado com os pecados deles.
Todavia, ele bem conhecia o caráter do Seu Deus, e isto faz toda a diferença na hora da aflição, porque chegará o momento, que fortalecidos pela Sua graça e misericórdia, poderemos ter uma melhor perspectiva em relação ao futuro, porque experimentando em nós mesmos a Sua misericórdia e favor imerecidos, sabemos que não é Deus somente de justiça, mas também de bondade e misericórdia, e é por isso, que podemos ter esperança em relação ao futuro, apesar de sermos pecadores.
Não temos nenhum outro bem duradouro e eterno que nos acompanhe não somente nesta vida, como principalmente na futura, senão o próprio Deus, então é somente nEle que devemos esperar, porque tudo mais passará e falhará.
Logo, é isto que devemos trazer à mente, na hora da aflição, a saber, a nossa renovada esperança no Senhor (v. 21), porque sabemos que a sua bondade jamais acaba porque as Suas misericórdias não têm fim (v. 22).
O Senhor sempre usará a Sua vara de aflição para corrigir o Seu povo, mas podemos estar seguros que a sua ira sempre estará misturada com a Sua misericórdia, para que possamos ter esperança nEle, quanto à nossa restauração e quanto a dias melhores.
Quando a mão do Senhor é continuamente contra nós, somos tentados a pensar que o Seu coração também está contra nós.
O Senhor havia sido como um leão para Israel, para que eles se vissem culpados, e que assim o buscassem arrependidos:

“14 Pois para Efraim serei como um leão, e como um leão novo para a casa de Judá; eu, sim eu despedaçarei, e ir-me-ei embora; arrebatarei, e não haverá quem livre.
15 Irei, e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles aflitos, ansiosamente me buscarão.” (Os 5.14,15)

Sabendo deste propósito de Deus de sempre afligir para curar o Seu povo, Jeremias podia renovar sua esperança nEle.
Quando nossos corações se esquecem da graça de Deus por algum tempo, Ele a faz retornar aos nossos corações para que possamos estar prontos a usá-la para nos reconciliarmos com Ele.
Por ruins que sejam as coisas, elas não são piores devido à misericórdia de Deus. Nós somos afligidos pela vara da correção da Sua ira, mas é pelas Suas misericórdias que nós não somos consumidos (v. 22).
Se as coisas são ruins e poderiam ter sido piores, então temos que esperar que elas sejam melhores. Fazer isto é expressar confiança em Deus. É fé em prática na Sua bondade e misericórdia. E como Ele se agrada disto, há certamente de recompensar a nossa fé com coisas boas.
Por isso a Igreja é como a sarça de Moisés, que enquanto queimava não era consumida. Qualquer sofrimento que enfrentarmos poderá nos afligir mas não nos consumir, tal como aquela sarça.
Porque podemos dizer junto com o apóstolo:

“8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados;
9 perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;” (II Cor 4.8,9)

A causa disto são as misericórdias do Senhor que atuam em nosso favor, guardando-nos de  uma destruição final. Ele é o Pai das misericórdias.
Nós somos livrados por causa destas misericórdias não somente do diabo, mas também da morte e do inferno. Deveríamos ter sido consumidos há muito tempo por causa dos nossos pecados, mas não somos tratados por Deus em conformidade com os nossos pecados, mas segundo a multidão das Suas misericórdias, que nunca têm fim, e que se renovam todos os dias, e que antes mesmo de levantarmos a cada manhã, já se encontram lá nos aguardando, para que não sejamos consumidos pela ira da justiça de Deus.
Quando nossos confortos falham, contudo as misericórdias do Senhor nunca falharão, porque grande é a Sua fidelidade.
Jerusalém podia estar agora em ruínas por causa do juízo de Deus contra os seus pecados, mas por causa da misericórdia tornaria a ser colocada de novo como objeto de louvor em toda a terra, porque o Senhor certamente a restauraria conforme havia prometido fazer.
Ele faz o mesmo com todos os Seus filhos, depois de tê-los sujeitado a um tempo de  correção com aflições.
Jeremias havia perdido tudo neste mundo, sua liberdade e seu sustento, e quase a própria vida, contudo, não havia perdido seu interesse em Deus.
Porções da terra perecem e desaparecerão mas o Senhor é a nossa porção para sempre.
Enquanto eu tiver um interesse em Deus, então eu terei o bastante, o suficiente para contrabalançar todas as minhas dificuldades e compensar todas as minhas perdas. Porque nada pode se comparar à Sua doce presença, e à manifestação da Sua graça que me consola.
Quando todos os demais apoios se forem, Deus continuará sendo a força e o apoio da minha alma, e o meu conforto em todas as minhas aflições.
Por isso Jeremias disse que todos aqueles que confiam no Senhor jamais o farão em vão (v. 25) porque provarão as Suas misericórdias.
Feliz portanto é a alma que espera no Senhor e que o busca.
E enquanto nós o esperamos com fé, nós temos que fazê-lo através da oração. Porque se não o buscarmos, não o acharemos. Nossa busca ajudará a manter a nossa espera. E para aqueles que assim esperam e buscam a Deus, Ele dará a Sua graça, e lhes mostrará a Sua misericórdia (v. 26).
E é bom esperar pelo socorro do Senhor estando quietos, em silêncio, não propriamente com os lábios fechados, porque poderão ser abertos para o clamor e para a oração. Mas no silêncio do coração, que não mais murmura e se inquieta por causa das aflições. O coração que foi acalmado pela graça de Deus, deve permanecer assim perante Ele, porque não criou nossa alma para estar atormentada, senão sossegada.
É fácil entender isto, porque quem pode estar intranqüilo quando sente a presença de Deus?
Então o suportar o jugo na mocidade, ter experimentado dificuldades e aflições, serão de grande proveito para nos ensinar esta lição, porque aprenderemos a dar o devido valor às consolações do Senhor, que geram em nós um espírito quieto, manso e sossegado.
Como somos totalmente desmerecedores destas misericórdias divinas, é nosso dever manter uma expectativa humilde em relação a elas, em nossa esperança debaixo de nossas aflições. Devemos ser modestos em nossas expectativas, sabendo que somos totalmente desmerecedores destas misericórdias divinas.
Há um espírito correto para se buscar ao Senhor debaixo de aflições, a saber, com o coração contrito e em humildade. Não cai bem a transgressores se apresentarem diante do Juiz de toda a terra com ares de arrogância, e com reclamações ou petições ousadas.
Ao contrário, convém-nos abaixar a cabeça e dobrar os joelhos, até que o Senhor nos tenha levantado.
Quando Deus nos causa aflições é para fins santos, porque Ele não tem prazer nas nossas calamidades (v. 33). Deus não aflige de boa vontade. Por isso Ele nunca nos afligirá a não ser que nós Lhe demos causa de fazer isto, ou então que seja necessário para o aperfeiçoamento da nossa fé.
Lembremos que quando Deus se levanta para castigar o lugar do qual Ele se levanta é o Seu trono de graça e misericórdia, para o qual Ele sempre retorna. O trono é de graça para Seus filhos, e é importante sabermos isto, e trazê-lo sempre em memória para que tenhamos confiança em buscá-lo e Suas misericórdias, mesmo em nossas aflições, sabendo que por fim há de se mostrar favorável a nós.
Deus afirma expressamente que não tem prazer na morte dos ímpios, quanto mais em afligir os Seus santos.
É por isso que Ele se diz também aflito em toda a nossa aflição, porque o faz com relutância, porque não tem prazer em afligir senão em mostrar misericórdia.
Daí requerer que sejamos também misericordiosos tal como Ele é misericordioso, e não juízes implacáveis, prontos a afligirem a outros.
Contudo, devemos lembrar também que apesar de não ter prazer em afligir e corrigir o Seu povo, que Ele está longe de estar contente com a injustiça que o Seu povo pratica (v. 34 a 36).
Nós somos castigados por causa dos nossos pecados? Então será sábio de nossa parte nos submetermos debaixo da potente mão de Deus, e beijar a vara da disciplina que nos corrige, porque, se caminharmos de modo contrário ao Senhor, Ele nos castigará sete vezes mais, para que não sejamos condenados juntamente com o mundo.
É nosso dever orar ao Senhor, com a expectativa de receber a Sua misericórdia, e não de permanecermos em nossos pecados, ou murmurando por causa de nossas aflições, e aqueles que esperam em Deus, devem esperar com a expectativa de receberem livramento e retorno à plena comunhão em alegria com Ele.
 Ao lembrar da misericórdia do Senhor, colocando-se na posição de esperar na Sua bondade, Jeremias estava colocando em prática o conselho de Deus dado através do profeta Joel, quanto ao procedimento que os judeus deveriam ter na hora da aflição.
Deus disse pela boca do profeta Joel o que é que o seu povo deveria fazer quando visse que estava chegando sobre eles as assolações e aflições que estavam determinadas por causa dos seus pecados, em Joel 2.15 a 17:

“15 Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene;
16 congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva do seu tálamo.
17 Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?”

Não somente eles seriam ajudados e beneficiados com este ato de humilhação e de busca de Deus no meio da aflição, como ajudariam as gerações seguintes a receberem o cumprimento da promessa do derramamento do Espírito Santo, conforme está profetizado neste mesmo capítulo de Joel, nos versos 28 e 29:

“28 Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões;
29 e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.”

É importante frisar, que o Espírito Santo, mais uma vez, pela boca do profeta, convoca o povo a se humilhar diante de Deus e para Lhe clamar por misericórdia, ainda que as condições descritas se refiram apenas a juízos, ao peso da Sua potente mão disciplinadora sobre o Seu povo, e não a promessas de bênçãos.
O povo é convocado a se converter ao Senhor de todo o coração, com jejuns e com choro e pranto (v. 12), não propriamente pelos justos juízos, mas pelos seus próprios pecados.
Por isso o Senhor lhes chamou a rasgarem o coração e não as vestes, porque o arrependimento sincero se dá no coração e não no exterior, e faz com que se conte com o favor de Deus, porque “é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal”, como afirmado no verso 13 deste mesmo segundo capitulo de Joel.
Ele é soberano para usar ou não de misericórdia, mas é nosso dever, quando debaixo da Sua potente mão, nos humilharmos diante dEle e nos arrependermos, na expectativa de que nos perdoe e abençoe, segundo a grandeza das Suas misericórdias.
Não deveria haver apenas arrependimento individual, mas a nação de Judá deveria se congregar em assembléia solene para que todos, até mesmo meninos, recém-nascidos, recém-casados, enfim, todas as pessoas de Judá, se reunissem no templo, como lemos nos versos 15 e 16, e que os sacerdotes e ministros chorassem diante do Senhor Lhe pedindo que poupasse o Seu povo da destruição, não somente por causa deles próprios, mas para que o  nome do Senhor não fosse blasfemado entre as nações, por terem assolado o povo da Sua aliança, como se afirma no verso 17.
O profeta vislumbrou que haveria esta humilhação, choro, jejum e clamor por parte do povo, quando estivessem debaixo da ameaça de Babilônia, e então o Senhor se compadeceria deles (v. 18).
E lhes deu resposta favorável dizendo que tornaria a fazer com que a sua terra, de assolada que fora, voltaria a ser produtiva (v. 19); e que afastaria o exército opressor que veio do Norte sobre eles (v. 19, 21).  O povo de Judá é conclamado a não temer e a se regozijar com alegria, pelos grandes feitos do Senhor, porque até mesmo os animais do campo não teriam mais o que temerem, porque os pastos do desertos tornariam a reverdecer e as árvores a darem os seus frutos (v. 21, 22).
Os judeus tornariam a ter regularidade de chuvas em sua própria terra (v. 23) e a produção agrícola seria abundante (v. 23, 24), e Deus lhes restituiria  a produção que havia sido perdida nos anos anteriores, que foi prejudicada pelos poderes destruidores da nação opressora que veio sobre Judá (v. 25).  Haveria provisão abundante de bens em Judá para que o nome do Senhor fosse louvado e glorificado, porque removeu o opróbrio do Seu povo (v. 26, 27).
E a melhor bênção. A melhor e maior das melhores e maiores ainda estaria por vir, e começaria com o derramar do Espírito Santo sobre toda a carne, quando não mais uns poucos escolhidos como por exemplo Moisés, Samuel, Elias, e não muitos outros, como o próprio Joel, profetizariam, porque, pelo Espírito, muitos seriam profetas por causa do dom de profecia do Espírito Santo que seria concedido às gerações futuras do povo de Deus. E pelo mesmo Espírito, os velhos teriam sonhos e os jovens visões, espirituais (v. 28). Isto seria feito independente de condição social, porque até sobre os servos e servas o Espírito Santo seria derramado (v. 29).
Conectado à promessa do derramar do Espírito, nos versos 28 e 29, para a formação da Igreja na dispensação da graça, foi proferida a conseqüência e o propósito final deste derramar do Espírito, que é o do estabelecimento do reino de Deus na terra, pela volta de Jesus Cristo.
Este seria o grande resultado da manifestação da misericórdia de Deus diante da humilhação do Seu povo debaixo da aflição, e depois da restauração deles em sua própria terra.
Ora, se Deus estava disposto a manifestar a Sua misericórdia a eles, que estavam sendo afligidos no cativeiro de Babilônia, de quanto maior misericórdia não serão alvos dela os Seus servos na Igreja que são afligidos por causa da Sua fidelidade?
Satanás se levanta para tentar impedir o avanço da obra do Espírito na Igreja, por trazer aflições aos crentes, especialmente em avivamentos, mas bem instruídos pela Palavra, eles sabem que devem ser pacientes nestas aflições e buscarem a Deus clamando a Ele não somente por livramento, mas para que faça avançar a Sua obra enquanto eles se encontram debaixo de tais aflições.
Então, quando alguém é batizado no Espírito Santo em nossos dias, isto é um dos sinais de que a misericórdia de Deus nos está sendo concedida.
É preciso crer portanto na bondade do Senhor e na Sua misericórdia para conosco, apesar de sermos falhos e pecadores, para que possamos ser batizados pelo Espírito Santo.
Ele nos batizará não porque sejamos perfeitos, mas porque Ele é misericordioso.
Por isso este batismo é chamado de dom do Espírito, ou seja, o próprio espírito é o dom, e isto significa que Ele nos é dado como um presente de Deus, de modo que nada temos que pagar por ele.
O profeta Joel havia profetizado antes de Jeremias, e foi nos dias deste profeta que se cumpriram as ameaças que haviam sido proferidas por Deus através de Joel e de outros profetas.
Então era hora de se colocar em prática o que Deus havia dito que eles deveriam fazer mesmo sendo levados para o cativeiro, e estando debaixo de grande aflição, a saber; buscarem a Sua face e se humilharem perante Ele. Eles deveriam trazer à memória o que lhes pudesse dar esperança, sabendo que as misericórdias do Senhor não têm fim.
Ele havia por isso, alertado o povo quanto ao modo de agir debaixo das aflições por causa das suas visitações de juízo contra os pecados deles. Quando Ele se mostra entristecido conosco e quando não sentimos Sua presença em nossas reuniões tanto quanto dantes, não devemos ficar imóveis esperando que as coisas melhorem por si mesmas, ou continuarmos endurecidos em nossos pecados, mas devemos buscar a face do Senhor e nos humilharmos perante Ele, conforme nos tem recomendado em Sua Palavra que façamos.
Ele nos manda fazer isto porque é misericordioso e usará de misericórdia para conosco, apesar de termos entristecido o Seu Espírito.
Por isso, lemos também, o mesmo tipo de orientação, como por exemplo, no profeta Isaías, que havia profetizado isto, muitos anos antes de Judá ser levado para o cativeiro em Babilônia:

“15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.
16 Pois eu não contenderei para sempre, nem continuamente ficarei irado; porque de mim procede o espírito, bem como o fôlego da vida que eu criei.
17 Por causa da iniqüidade da sua avareza me indignei e o feri; escondi-me, e indignei-me; mas, rebelando-se, ele seguiu o caminho do seu coração.
18 Tenho visto os seus caminhos, mas eu o sararei; também o guiarei, e tornarei a dar-lhe consolação, a saber aos que dele choram.” (Is 57.15-18)

Aqueles que não levam em consideração os seus pecados, não serão ajudados por Deus, porque Ele tem prometido habitar somente com os que são contritos e humildes de espírito, e vivificará os seus espíritos e corações, habitando neles (v. 15).
Ele sarará, guiará e consolará os pecadores, mas somente aqueles que choram por causa do pecado (v. 18).
Isto foi confirmado por Jesus em seu ministério terreno quando disse que bem-aventurados são os que choram.
Deus dará a Sua paz a estes, e os sarará (v. 19), mas para os ímpios não dará nenhuma paz, porque são como o mar agitado, que não pode se aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo (v. 20, 21).
É preciso conhecer portanto qual seja o verdadeiro caráter de Deus para que possamos ter um relacionamento correto com Ele, baseado numa completa confiança. Não podemos confiar em quem não conhecemos. Não adianta dizermos que Deus é de inteira confiança caso não conheçamos o Seu caráter. Por isso somos exortados a crescer na graça e no conhecimento de Jesus, para que possamos ter este relacionamento de forma correta com Ele, baseado numa inteira confiança.
Posso dizer que confio nEle, mas se não conhecê-lO como Ele é, especialmente na aplicação da Sua justiça e misericórdia, não saberei como agir, e sequer entenderei as coisas que me vierem da parte dEle, especialmente as aflições por causa do pecado ou por necessidade de ser disciplinado. Acabarei resistindo à correção que me vem da Sua parte, e não aprenderei a lição que deveria ter aprendido.
Mas quando conhecemos a verdade relativa ao modo de se comportar debaixo das aflições, vendo que é a própria mão do Senhor que se encontra na maioria delas, ou então permitindo que elas nos alcancem, então posso ter um comportamento adequado esperando nEle com confiança, de que seja ajudado e mudado, sabendo que é sempre este o Seu desejo, por ser Deus misericordioso, e ter demonstrado o maior grau desta misericórdia dando Seu Filho unigênito para morrer na cruz, em nosso favor, sendo nós pecadores.
Não temos dado  um justo valor, não temos feito uma avaliação correta deste ato supremo de amor e misericórdia de Jesus morrendo no nosso lugar.
E não somente isto, dispondo-se a perdoar todas as nossas ofensas, para estarmos completa e perfeitamente reconciliados com Deus que é santo, justo e perfeito.
Se é um fato verdadeiro que Deus detesta o pecado, também é outro fato verdadeiro e não menor que o primeiro, que Ele também perdoa o pecado, porque é misericordioso.
De modo que faz que haja muito mais graça e misericórdia para cobrir os muitos pecados daqueles que se arrependem, se humilham e que buscam a face do Senhor.
É para este propósito de nos aproximar mais e mais de Deus que as aflições estão cooperando, porque elas nos desmamam deste mundo e de nosso apego à carne, elevando-nos à presença do Senhor, para acharmos descanso e paz para as nossas almas.
É preciso conhecer isto. Estarmos convictos de qual seja o caráter de Deus, porque quando a aflição vier, poderemos fazer a avaliação correta das coisas desagradáveis que nos estão sucedendo, para sabermos qual deve ser o modo correto de nos comportarmos nestas horas.
Deus havia mandado os judeus se humilharem e clamarem a Ele buscando a Sua face, na expectativa de serem alvo de Sua misericórdia, mas eles não se arrependeram (v. 42), e por isso o Senhor não quis lhes perdoar os seus pecados e lhes enviou para o cativeiro em Babilônia.

Eles haviam intentado contra a vida do próprio Jeremias lançando-o na masmorra, mas o Senhor ouviu a voz do profeta, e atendeu ao seu clamor, e lhe disse que não temesse (v. 56, 57), porque pleiteou a causa do profeta e remiu a sua vida (v. 58).


“1 Eu sou o homem que viu a aflição causada pela vara do seu furor.
2 Ele me guiou e me fez andar em trevas e não na luz.
3 Deveras fez virar e revirar a sua mão contra mim o dia todo.
4 Fez envelhecer a minha carne e a minha pele; quebrou-me os ossos.
5 Levantou trincheiras contra mim, e me cercou de fel e trabalho.
6 Fez-me habitar em lugares tenebrosos, como os que estavam mortos há muito.
7 Cercou-me de uma sebe de modo que não posso sair; agravou os meus grilhões.
8 Ainda quando grito e clamo por socorro, ele exclui a minha oração.
9 Fechou os meus caminhos com pedras lavradas, fez tortuosas as minhas veredas.
10 Fez-se-me como urso de emboscada, um leão em esconderijos.
11 Desviou os meus caminhos, e fez-me em pedaços; deixou-me desolado.
12 Armou o seu arco, e me pôs como alvo à flecha.
13 Fez entrar nos meus rins as flechas da sua aljava.
14 Fui feito um objeto de escárnio para todo o meu povo, e a sua canção o dia todo.
15 Encheu-me de amarguras, fartou-me de absinto.
16 Quebrou com pedrinhas de areia os meus dentes, cobriu-me de cinza.
17 Alongaste da paz a minha alma; esqueci-me do que seja a felicidade.
18 Digo, pois: Já pereceu a minha força, como também a minha esperança no Senhor.
19 Lembra-te da minha aflição e amargura, do absinto e do fel.
20 Minha alma ainda os conserva na memória, e se abate dentro de mim.
21 Torno a trazer isso à mente, portanto tenho esperança.
22 A benignidade do Senhor jamais acaba, as suas misericórdias não têm fim;
23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
24 A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.
25 Bom é o Senhor para os que esperam por ele, para a alma que o busca.
26 Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.
27 Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade.
28 Que se assente ele, sozinho, e fique calado, porquanto Deus o pôs sobre ele.
29 Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança.
30 Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta.
31 Pois o Senhor não rejeitará para sempre.
32 Embora entristeça a alguém, contudo terá compaixão segundo a grandeza da sua misericórdia.
33 Porque não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens.
34 Pisar debaixo dos pés a todos os presos da terra,
35 perverter o direito do homem perante a face do Altíssimo,
36 subverter o homem no seu pleito, não são do agrado do senhor.
37 Quem é aquele que manda, e assim acontece, sem que o Senhor o tenha ordenado?
38 Não sai da boca do Altíssimo tanto o mal como o bem?
39 Por que se queixaria o homem vivente, o varão por causa do castigo dos seus pecados?
40 Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los, e voltemos para o Senhor.
41 Levantemos os nossos corações com as mãos para Deus no céu dizendo;
42 Nós transgredimos, e fomos rebeldes, e não perdoaste,
43 Cobriste-te de ira, e nos perseguiste; mataste, não te apiedaste.
44 Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração.
45 Como escória e refugo nos puseste no meio dos povos.
46 Todos os nossos inimigos abriram contra nós a sua boca.
47 Temor e cova vieram sobre nós, assolação e destruição.
48 Torrentes de águas correm dos meus olhos, por causa da destruição da filha do meu povo.
49 Os meus olhos derramam lágrimas, e não cessam, sem haver intermissão,
50 até que o Senhor atente e veja desde o céu.
51 Os meus olhos me afligem, por causa de todas as filhas da minha cidade.
52 Como ave me caçaram os que, sem causa, são meus inimigos.
53 Atiraram-me vivo na masmorra, e lançaram pedras sobre mim.
54 Águas correram sobre a minha cabeça; eu disse: Estou cortado.
55 Invoquei o teu nome, Senhor, desde a profundeza da masmorra.
56 Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor.
57 Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas.
58 Pleiteaste, Senhor, a minha causa; remiste a minha vida.
59 Viste, Senhor, a injustiça que sofri; julga tu a minha causa.
60 Viste toda a sua vingança, todos os seus desígnios contra mim.
61 Ouviste as suas afrontas, Senhor, todos os seus desígnios contra mim,
62 os lábios e os pensamentos dos que se levantam contra mim o dia todo.
63 Observa-os ao assentarem-se e ao levantarem-se; eu sou a sua canção.
64 Tu lhes darás a recompensa, Senhor, conforme a obra das suas mãos.
65 Tu lhes darás dureza de coração, maldição tua sobre eles.
66 Na tua ira os perseguirás, e os destruirás de debaixo dos teus céus, ó Senhor.”


Lamentações 4

Neste capítulo, como nos dois primeiros, o profeta volta a descrever as assolações de Judá e Jerusalém.
Ele não somente lamenta os danos sofridos pelas cidades de Judá como também as indignidades que haviam sido praticadas nelas.
O profeta lamenta o efeitos diretos da escassez que foi decorrente do sítio feito pelos babilônios (v. 3 a 10).
Ele reconhece mais uma vez que os pecados dos líderes foram a causa de todas estas calamidades (v. 13 a 16).
E por fim profetizou a ruína dos edomitas que haviam se alegrado com a queda dos judeus e que haviam se unido aos seus inimigos para desterrá-los.
Como o Senhor mesmo havia falado através do profeta Jeremias em seu livro profético, Israel Lhe havia deixado, a Fonte de água viva, para construir cisternas rotas que não podiam reter as águas, e este foi o fim que eles conseguiram rejeitando a água da fonte sobrenatural, para se manterem com os recursos naturais que eles obtinham à custa da força do seu próprio braço, abrindo buracos pra que fossem cheios de água.
Quem não quiser viver com sua vida espiritual nas mesmas condições miseráveis a que ficaram sujeitos os judeus nos dias de Jeremias, deve aprender a cavar o seu próprio coração para esvaziá-lo das obras da carne, para ser cheio do Espírito Santo.
Os judeus nada aprenderam da experiência ocorrida no passado, nos dias do rei Josafá, quando foi lutar em coligação com os reis de Israel e de Edom, contra os moabitas, conforme consta no terceiro capítulo de II Reis, e que passamos a comentar sucintamente a seguir.
Nota: as referências a versículos entre parêntesis se referem a II Reis 3.
Tendo Acazias, filho de Acabe, morrido da doença que o acometera, desde que havia caído de um quarto superior do seu palácio, seu irmão Jorão começou a reinar, e o faria por 12 anos (v. 1).
Jorão também não andou nos caminhos do Senhor, e ainda que tivesse tirado de Samaria a coluna de Baal, que seu pai fizera, contudo continuou mantendo o culto aos bezerros de ouro que Jeroboão, havia instituído (v. 2,3).
Pela maneira com que Eliseu falou com ele nós podemos inferir que é bem provável que tivesse tirado a coluna de Baal por motivos políticos e não religiosos.
O seu alvo não foi o de agradar com isto ao Senhor, senão ao rei Josafá de Judá, para que se aliançasse com ele, para tê-lo ao seu lado, com o exército de Judá, nas batalhas que tivesse que empreender contra os seus inimigos.
Tudo o que se relata neste capítulo, depõe contra Jorão, porque não é o simples fato de evitarmos alguns tipos de males que nos tornaremos recomendáveis a Deus, porque é possível que continuemos na prática de outros tipos de males.
Importa sermos fiéis em todas as coisas que o Senhor nos tem ordenado, para que possamos contar com o Seu efetivo agrado.
Se Jorão conseguiu enganar Josafá, no entanto, não conseguiu enganar a Deus, e ao profeta Eliseu.
Nós devemos aprender a julgar sempre segundo a reta justiça e não segundo a aparência.
Não é pelos simples votos de fidelidade proferidos pelas pessoas, ou por algumas iniciativas de reforma, em determinadas áreas de suas vidas, que podemos concluir que  tenham de fato se convertido a Deus.
A árvore se conhece pelo seu fruto, e por isso se deve dar tempo ao tempo, para que se veja qual é o tipo de fruto que tais pessoas produzirão, antes que nos antecipemos em fazer uma aliança com elas, de coração.
Este foi o erro de Josafá em relação a Jorão, porque ao se aliançar com a casa de Acabe, a ponto de ter dado o seu próprio filho em casamento à perversa Atalia, irmã de Jorão, que havia seguido em tudo as pegadas de sua mãe Jezabel, ele havia se colocado debaixo de um jugo desigual, do qual seria muito difícil se desvencilhar.
É por isso que nós o vemos respondendo a Jorão quando foi convocado por este a lutar ao seu lado contra os moabitas, que haviam se rebelado contra a tributação de Israel, com as seguintes palavras: “como tu és sou eu, o meu povo como o teu povo, e os meus cavalos como os teus cavalos.” (v. 7).
Ainda que com isto não estivesse afirmando que era do mesmo caráter de Jorão, mas que ele poderia considerar o exército de Judá como sendo o mesmo exército de Israel.
Josafá errou também em deixar as iniciativas relativas à batalha contra Moabe a cargo de Jorão, porque quando lhe perguntou por qual caminho subiriam à peleja, ele determinou fazê-lo pelo caminho do deserto de Edom.
O justo Josafá se permitiu conduzir por um ímpio para um deserto, e a conseqüência disto é que ficaram rodeando durante sete dias naquele deserto juntamente com o rei de Edom, em que Jorão estava colocando a sua confiança de conduzi-los em segurança a Moabe, porque, afinal, ele deveria ser um bom conhecedor de suas terras.
Entretanto, ele não achou água para os milhares de soldados e cavalos dos exércitos de Israel e de Judá (v. 8, 9).
Com isso Jorão, que não conhecia o Senhor e não tinha portanto qualquer intimidade com Ele, adiantou-se em afirmar que havia sido Ele quem lhes tinha conduzido àquela condição para serem derrotados pelos moabitas (v. 10), e viria a dizer o mesmo quando esteve na presença de Eliseu, e quando foi exortado pelo profeta que usou de ironia para com ele mandando-o consultar os falsos profetas de Acabe e Jezabel, seus pais (v. 13), nos quais ele confiava.
Mas nem tudo está perdido para os crentes, mesmo quando estão debaixo do jugo desigual com os incrédulos, e recebem da parte deles toda uma avalanche de argumentos para esfriar a sua fé no Seu Deus.
Foi exatamente isto o que se deu com Josafá, que em vez de dar ouvido a Jorão, direcionou os seus ouvidos ao Senhor e perguntou se não havia entre eles algum profeta verdadeiro do Senhor por meio do qual pudessem consultá-lO.
E a providência já havia preparado para aquela hora que Eliseu fosse achado entre eles, mas não para se manifestar logo que eles partiram para aquela empresa, senão para a hora da dificuldade, em que as circunstâncias adversas poderiam trazer muita glória e honra ao nome do Senhor.
O ministério de Eliseu, tal como o de Elias, foi cumprido especialmente em Israel e não em Judá, mas curiosamente, este não tinha, como não poderia ter, qualquer honra e estima da parte de Jorão, rei de Israel, em razão da impiedade deste, senão da parte de Josafá, rei de Judá, por ser um crente fiel e piedoso.
Não é incomum que um profeta não tenha honra em sua própria casa, não por causa de familiaridade, mas por causa da impiedade daqueles que o cercam.
Este era o caso de Israel, desviado em seus pecados, e rejeitando e perseguindo aqueles que lhes eram enviados pelo Senhor, para protestarem contra os seus pecados.
Não admira portanto, que tenha sido um dos servos de Israel, e não o próprio rei de Israel, que disse a Josafá, que Eliseu se encontrava entre eles (v. 11), e também não é de admirar o pronto reconhecimento de Josafá de que a palavra do Senhor estava com Eliseu (v. 12).
O desespero devia ter se apoderado de muitos porque há sete dias que se encontravam marchando no deserto sem que houvesse água para os homens e para os animais e até mesmo tentar retroceder poderia significar a morte tanto quanto avançar para o encontro com os moabitas, em razão da exaustão tanto dos homens, quanto dos animais pela falta de água.
Há momentos assim nas vidas daqueles que se encontram sem um suprimento adequado da água viva do Espírito em suas vidas, mesmo no caso de crentes autênticos.
Eles temem voltar ao passado das buscas vãs do revestimento do poder do Espírito, pelos caminhos áridos da teologia liberal, e das tradições religiosas e dos homens vazios do poder de Deus com os quais conviveram até então.
Mas também se acham temerosos no presente de avançarem, de irem adiante para achar a água viva do Espírito em territórios desconhecidos, nos quais jamais andaram antes, e que realmente poderão levá-los ao vazio da frustração de não acharem tais águas vivas, e por fim se acharem mortos espiritualmente pela falta destas águas.
Este texto ensina que não devemos buscar o batismo de revestimento de poder do Espírito nem nas práticas do passado, nem em aventuras incertas relativas ao futuro, mas agirmos conforme Deus tem determinado, agora mesmo, ou seja no presente.
A solução não está no passado e nem adiante de nós, mas hoje, se cavarmos no profundo dos nossos corações, abrindo espaço para que ele seja cheio da presença do Espírito de Deus. Se tão somente confiarmos que seremos batizados pela exclusiva misericórdia de Deus, se tivermos fé que Ele encherá nossos corações vazios, sem que saibamos de onde vieram estas águas vivas, porque o Espírito Santo age sobrenaturalmente, sem que necessitemos saber de onde Ele vem, nem para onde vai, tal como sucede com o vento.
É importante observar que a água que encheu os poços que haviam sido cavados não veio do fundo dos próprios poços, mas como um rio pelo caminho de Moabe. Deus abrira uma grande fonte naquela hora para encher aqueles poços. Isto nos ensina que não é do fundo dos nossos próprios corações que provêm as águas do Espírito Santo. Elas nos vem como um rio de águas vivas, para encher nossos corações que foram esvaziados. Não vem de nós mesmos. Nos vem de fora. Nos vem de Deus.
Se houver entre nós pastores sinceros e piedosos como um Josafá, não importa que os Jorões tentem atrapalhar o plano de Deus, porque por amor a seus servos fiéis, o Senhor trará o derramar do Espírito Santo para livrar da morte espiritual todos aqueles que são Seus.
O final desta história poderia muito bem ter sido outro se entre aqueles homens não estivesse o rei Josafá, e o próprio Eliseu que seguia com eles certamente a mando de Deus, para proteger o rei de Judá e os seus homens.
A Providência estava cuidando de Josafá, consertando as conseqüências que poderiam lhe advir e ao exército de Judá, por causa da aliança que ele havia feito com Jorão.
Jorão estava esperando a morte, e seria certamente isto o que encontraria, por causa da sua incredulidade e impiedade, pois como lhe foi proferido pelo próprio Eliseu, se não fosse por causa de Josafá, o rei Jorão sequer teria visto o seu rosto (v. 13, 14), porque é certo que o Senhor não lhe teria enviado a ele.
Mas a presença do profeta entre eles significava provisão de livramento da parte do Senhor, ainda que isto não pudesse ser discernido por Jorão, senão por Josafá, que humildemente havia buscado ao Senhor através do Seu profeta, e mesmo em meio àquelas circunstâncias difíceis teve ânimo suficiente para recorrer ao socorro do Senhor, e foi por causa da fé de Josafá que milhares de vidas de Judá, Israel e do próprio Edom, foram poupadas naquela ocasião.
Eliseu, tendo chamado um tangedor que tocasse louvores, para que ele pudesse entrar mais rapidamente na presença de Deus, a mão do Senhor veio sobre ele e ele profetizou o que nós encontramos nos versos 16 a 19.
Deus daria água segundo a medida da fé dos seus servos, porque ordenou através do profeta que se fizessem muitos poços naquele vale do deserto, onde eles se encontravam (v. 16), porque estes poços não seriam enchidos com água de chuva, porque as condições do clima não seriam alteradas, e além disso lhes foi prometido pelo Senhor que os moabitas seriam entregues nas suas mãos, e todas as cidades fortes e escolhidas dos moabitas seriam feridas, e seria dado às forças confederadas produzir uma grande perda nas suas fontes de suprimento, pelo entulhamento de seus campos e de suas fontes de água, e pelo corte de suas árvores frutíferas, de modo que teriam sérias dificuldades em se declarar independentes de Israel, como estavam fazendo naquela ocasião (v. 16 a 19).
Na manhã do dia seguinte, exatamente à hora em que o sacrifício da manhã era oferecido no templo de Jerusalém, as águas, que significavam salvação para toda aquela gente, começaram a vir pelo caminho de Edom e encheram toda aquela terra (v. 20). Esta referência à hora do sacrifício não está solta no texto, porque foi a partir da hora em que Jesus ofereceu-se a si mesmo na cruz como o Cordeiro, que tira o pecado do mundo, que começaram a correr as águas do rio da vida que trazem salvação para todos os que estão sedentos da justiça do reino de Deus.
Este mesmo sacrifício que é a causa da salvação do povo de Deus, é a causa da ruína de todos aqueles que são Seus inimigos, porque serão condenados por tê-lo rejeitado e desprezado.
É interessante observar que os moabitas viram aquelas águas pensando que fosse sangue, porque não havia chovido e não era comum chover naquela região, e quando  viram o reflexo do sol nascente sobre a superfície delas, pensaram que era o sangue dos próprios israelitas, judeus e edomitas, que segundo eles, deveriam ter guerreado entre si mesmos (v. 21 a 23).
Com isto, se precipitaram a sair à peleja, e sucedeu a eles tudo o que o Senhor havia dito pela boca de Eliseu (v. 22 a 26).
Como o rei Mesa dos moabitas percebeu que não poderia prevalecer contra as forças confederadas, como medida de desespero, ofereceu o seu próprio filho primogênito como holocausto sobre o muro da cidade, e os israelitas desistiram de lutar, não pelo fato de terem sido impedidos de continuarem lutando por causa da aceitação do sacrifício do filho de Mesa por parte do deus dos moabitas, mas por terem visto até que ponto havia chegado o desespero daquele rei, que assinou com aquele gesto a sua rendição, mais do que tê-lo-ia feito pela deposição de suas armas.
Moloque era uma divindade amonita, que exigia holocaustos humanos, e deve ter sido possivelmente a ele que o rei de Moabe ofereceu o seu próprio filho que o sucederia no trono como sacrifício, e daí nós entendermos porque este povo foi tornado tributário de Israel, desde os dias de Davi, e a razão desta derrota implacável com destruição da terra deles, conforme fora previsto e ordenado pelo Senhor.
Este relato do terceiro capítulo de II Reis nos ensina muitas coisas relativas ao avivamento.
O avivamento desperta primeiro os crentes que estavam morrendo pela falta de um verdadeiro enchimento do Espírito Santo.
Então Deus o derrama em grande profusão de maneira que muitos ímpios vêm também a se converter a Cristo, porque são beneficiados pelo despertamento espiritual que é produzido em primeiro lugar nas vidas das próprias igrejas e dos crentes.
E a coisa não pára por aí, porque aqueles que resistem à obra do avivamento, ou seja, os espíritos malignos, os principados e potestades do mal, representados neste capítulo de II Reis pelos moabitas, serão por fim vencidos por aqueles que foram renovados em suas forças, pela água viva do Espírito Santo que veio sobre eles de modo sobrenatural.
Cavemos então profundamente em nossos corações e tiremos de lá tudo o que possa atrapalhar o enchimento do Espírito Santo.

Retiremos a altivez, a arrogância, o orgulho, a vontade carnal, e tudo o que seja obra da carne, e sedução pelas coisas do mundo, e certamente, ao buscarmos o Senhor de todo o nosso coração e com uma genuína fé, Ele derramará sobre nós o Seu Espírito.


“1 Como se escureceu o ouro! como se mudou o ouro puríssimo! como estão espalhadas as pedras do santuário pelas esquinas de todas as ruas!
2 Os preciosos filhos de Sião, comparáveis a ouro puro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos de oleiro!
3 Até os chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos; mas a filha do meu povo tornou-se cruel como os avestruzes no deserto.
4 A língua do que mama fica pegada pela sede ao seu paladar; os meninos pedem pão, e ninguém lho reparte.
5 Os que comiam iguarias delicadas desfalecem nas ruas; os que se criavam em escarlata abraçam monturos.
6 Pois maior é a iniqüidade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma, a qual foi subvertida como num momento, sem que mão alguma lhe tocasse.
7 Os seus nobres eram mais alvos do que a neve, mais brancos do que o leite, eram mais ruivos de corpo do que o coral, e a sua formosura era como a de safira.
8 Mas agora escureceu-se o seu parecer mais do que o negrume; eles não são reconhecidos nas ruas; a sua pele se lhes pegou aos ossos; secou-se, tornou-se como um pau.
9 Os mortos à espada eram mais ditosos do que os mortos à fome, pois estes se esgotavam, como traspassados, por falta dos frutos dos campos.
10 As mãos das mulheres compassivas cozeram os próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do meu povo.
11 Deu o Senhor cumprimento ao seu furor, derramou o ardor da sua ira; e acendeu um fogo em Sião, que consumiu os seus fundamentos.
12 Não creram os reis da terra, bem como nenhum dos moradores do mundo, que adversário ou inimigo pudesse entrar pelas portas de Jerusalém.
13 Isso foi por causa dos pecados dos seus profetas e das iniqüidades dos seus sacerdotes, que derramaram no meio dela o sangue dos justos.
14 Vagueiam como cegos pelas ruas; andam contaminados de sangue, de tal sorte que não se lhes pode tocar nas roupas.
15 Desviai-vos! imundo! gritavam-lhes; desviai-vos, desviai-vos, não toqueis! Quando fugiram, e andaram, vagueando, dizia-se entre as nações: Nunca mais morarão aqui.
16 A ira do Senhor os espalhou; ele nunca mais tornará a olhar para eles; não respeitaram a pessoa dos sacerdotes, nem se compadeceram dos velhos.
17 Os nossos olhos desfaleciam, esperando o nosso vão socorro. em vigiando olhávamos para uma nação, que não podia livrar.
18 Espiaram os nossos passos, de maneira que não podíamos andar pelas nossas ruas; o nosso fim estava perto; estavam contados os nossos dias, porque era chegado o nosso fim.
19 Os nossos perseguidores foram mais ligeiros do que as águias do céu; sobre os montes nos perseguiram, no deserto nos armaram ciladas.
20 O fôlego da nossa vida, o ungido do Senhor, foi preso nas covas deles, o mesmo de quem dizíamos: Debaixo da sua sombra viveremos entre as nações.
21 Regozija-te, e alegra-te, ó filha de Edom, que habitas na terra de Uz; o cálice te passará a ti também; embebedar-te-ás, e te descobrirás.
22 Já se cumpriu o castigo da tua iniquidade, ó filha de Sião; ele nunca mais te levará para o cativeiro; ele visitará a tua iniquidade, ó filha de Edom; descobrirá os teus pecados.”



Lamentações 5

O profeta continua neste capítulo lamentando pela miséria a que ficou sujeitada a nação de Judá por causa dos seus pecados.
Então roga pela misericórdia do Senhor em favor deles.
No entanto, não deixa de reconhecer que a coroa de glória havia sido perdida por Israel porque eles haviam pecado (v. 16).
Todavia, não se sentia desencorajado a clamar pelo favor do Senhor porque sabia que Ele é muito misericordioso, e que estava com Ele o poder de tornar a converter o Seu povo a Si, renovando os dias deles como dantes (v. 21).
Israel não poderia jamais ser rejeitado definitivamente como povo do Senhor, por causa da promessa que Ele fizera aos patriarcas de ser o Deus de Israel perpetuamente.
No entanto, apesar de saber disso, tal fora a grandeza da ira de Deus, que os judeus haviam despertado contra si mesmos, que o profeta tinha o sentimento de que eles poderiam ter sido rejeitados tal como o Senhor fizera em relação a Saul e a muitos outros em Israel (v. 22).
O livro de Lamentações permanece como um marco a nos lembrar que vale a pena andar em verdadeira santidade diante do Senhor, para que não sejamos submetidos à dura disciplina de sermos banidos da Sua presença, ainda que por um determinado tempo.
As ameaças que Ele faz contra a Igreja em Sua Palavra, na demonstração da falta de um verdadeiro arrependimento, são reais, e bem fazem todos os crentes e igrejas que andam fielmente com o Senhor, para que não se vejam debaixo de correções dolorosas, e não desfrutando das bênçãos que lhes viriam da parte do Senhor caso vivessem do modo digno da vocação deles.    
O livro de Lamentações não é um mero livro de poesia, mas um livro que descreve a realidade que sobreveio ao povo de Deus, por causa da sua desobediência.

Está registrado para nossa advertência, para que não andemos nos mesmos caminhos em que eles andaram.


“1 Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera, e olha para o nosso opróbrio.
2 A nossa herdade passou a estranhos, e as nossas casas a forasteiros.
3 órfãos somos sem pai, nossas mães são como viúvas.
4 A nossa água por dinheiro a bebemos, por preço vem a nossa lenha.
5 Os nossos perseguidores estão sobre os nossos pescoços; estamos cansados, e não temos descanso.
6 Aos egípcios e aos assírios estendemos as mãos, para nos fartarmos de pão.
7 Nossos pais pecaram, e já não existem; e nós levamos as suas iniquidades.
8 Escravos dominam sobre nós; ninguém há que nos arranque da sua mão.
9 Com perigo de nossas vidas obtemos o nosso pão, por causa da espada do deserto.
10 Nossa pele está abraseada como um forno, por causa do ardor da fome.
11 Forçaram as mulheres em Sião, as virgens nas cidades de Judá.
12 Príncipes foram enforcados pelas mãos deles; as faces dos anciãos não foram respeitadas.
13 Mancebos levaram a mó; meninos tropeçaram sob fardos de lenha.
14 Os velhos já não se assentam nas portas, os mancebos já não cantam.
15 Cessou a alegria de nosso coração; converteu-se em lamentação a nossa dança.
16 Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós. porque pecamos.
17 Portanto desmaiou o nosso coração; por isso se escureceram os nossos olhos.
18 Pelo monte de Sião, que está assolado, andam os chacais.
19 Tu, Senhor, permaneces eternamente; e o teu trono subsiste de geração em geração.
20 Por que te esquecerias de nós para sempre, por que nos desampararias por tanto tempo?
21 Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes;
22 se é que não nos tens de todo rejeitado, se é que não estás sobremaneira irado contra nós.”




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