sábado, 17 de outubro de 2015

Colossenses 1 a 4

Colossenses 1

A Igreja de Colossos não foi fundada por Paulo e não era conhecida de vista pelo apóstolo como se vê em Colossenses 2.1.
Paulo escreveu esta epístola depois de ter concluído as suas três viagens missionárias, e quando se encontrava em sua primeira prisão em Roma.
 Epafras, que foi o provável fundador e líder da Igreja de Colossos, encontrava-se aprisionado com Paulo em Roma, e certamente, deve lhe ter feito um relato minucioso da situação da Igreja colossense.
Paulo diz que sempre dava graças a Deus orando em favor da Igreja Colossense.
A fé, a esperança e o amor dos colossenses foram citados por Paulo, e estas são as três principais graças da vida cristã, das quais a principal é o amor.
Havia, no entanto, uma heresia que estava se infiltrando na igreja, como se vê no segundo capítulo segundo.
Então, o apóstolo lhes disse que estava orando incessantemente por eles, mas aquelas coisas pelas quais o apóstolo estava orando por eles  não lhes viriam se não fossem diligentes em buscá-las e praticá-las.
A primeira coisa que Paulo pediu em oração foi que eles tivessem o pleno conhecimento da vontade de Deus, em toda sabedoria e entendimento espiritual.
Não um mero conhecimento intelectual, mas um conhecimento espiritual, do qual deveriam estar cheios.
O apóstolo lhes disse que este conhecimento é para ser obtido e vivido continuamente.
Crescer na graça e no conhecimento de Jesus é um dever que está imposto aos seus discípulos, para durar por toda a vida.
Não um conhecimento estéril acerca de Deus e das coisas de Deus, mas um conhecimento pessoal e íntimo do próprio Deus, que se manifeste num procedimento digno do Senhor, que em tudo Lhe agrada, e que gera frutos em toda boa obra (v. 10).
Para tanto é necessário estar confirmados na força da graça que Deus supre de acordo com o poder da Sua glória, para que possamos perseverar na fé e ser longânimos com alegria (v. 11).
 A longanimidade é a graça necessária para nos tornar pacientes nas provações.
A verdadeira longanimidade não permite que percamos a alegria e paz espiritual do interior dos nossos corações, em todas as circunstâncias.
Contudo, não poderemos perseverar nisto se não estivermos fortalecidos pela graça de Jesus.
E tudo isto decorre da associação dos membros do corpo (a igreja) com a Cabeça, que é Cristo.
Por isso o apóstolo apresenta nos versos 12 a 29 um breve resumo da doutrina do evangelho.
Ele se refere às operações do Espírito Santo, pelas quais devemos dar graças a Deus por nos ter tornado idôneos para participar da herança dos santos na luz, tirando-nos do poder das trevas, e transportando-nos para o reino da Sua luz (v. 12, 13).
O apóstolo afirma que é somente em Cristo que podemos ter a remissão dos nossos pecados, porque foi Ele quem pagou o único preço aceitável por Deus para nos livrar da Sua ira em relação ao  pecado (v. 14).
Nós éramos culpados diante dEle, e Cristo removeu a nossa culpa tendo morrido em nosso lugar, carregando sobre Si tanto os nossos pecados, quanto a nossa culpa, a qual nos tornava condenáveis diante da justiça de Deus, que determina a morte dos transgressores da Sua vontade.
E segundo a Bíblia, esta transgressão é comum a todas as pessoas, em razão de estarmos desprovidos, por natureza, daquela santidade perfeita que há em Deus.
Este trabalho de redenção que Cristo fez por nós, pôde ser feito por Ele porque somente Ele estava plenamente qualificado para fazê-lo  porque Ele é a imagem do Deus invisível, não como os homens que são à imagem de Deus sem serem participantes da Sua essência, mas Cristo é imagem perfeita de Deus porque é da mesma essência do Pai, de maneira que disse a Felipe que quem O viu, viu ao Pai (Jo 14.9); e Ele é o primogênito de toda a criação (v.15) não no sentido de ter sido o primeiro em ordem a ser criado, porque Ele nunca foi criado, porque é o Deus sempiterno juntamente com o Pai e com o Espírito Santo, mas no sentido de que é o princípio e causa de toda a criação, conforme Paulo explicou e detalhou imediatamente logo no verso seguinte (v. 16).
Foi nele que “foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.”.
O Cristo que nos salvou é o Senhor de tudo e de todos.
Ele exerce domínio sobre todas as coisas porque é o Criador e tudo foi criado não somente por Ele, mas para pertencer a Ele.
Assim como o primogênito de uma família era o senhor e herdeiro de tudo, como se lê em Hb 1.2.
Desde toda a eternidade o Pai constituiu o Filho herdeiro de todas as coisas.
Por isso, a Jesus foi dada toda autoridade tanto nos céus quanto na terra.
O Pai lhe constituiu Senhor de tudo e de todos para que exerça o domínio através do qual Ele é honrado, porque importa que o Filho seja honrado tanto quanto o Pai é honrado.
De maneira que aquele que não honrar o Filho não estará honrando o Pai, como se lê em Jo 5.23.
“para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.”
Jesus é o Senhor de tudo e de todos, até mesmo dos espíritos rebeldes, mas é particularmente o Senhor daqueles que O honram.
Foi do desejo do Pai que toda a plenitude estivesse no Filho e por isso O deu como Senhor de todas as coisas e cabeça da Igreja.
Quando a Bíblia se refere à Igreja, o que está em foco não é nenhum templo, instituição, denominação religiosa, mas todos aqueles que se convertem a Cristo.
Por ser Seu corpo, toda vida espiritual verdadeira que houver na Igreja terá procedido dEle como Cabeça deste corpo.
É por isso que se não permanecermos nEle, a vida divina não fluirá em nós e seremos achados como mortos, espiritualmente falando.
Os sofrimentos que Paulo estava suportando com paciência por causa do evangelho comprovavam que era de fato fiel ministro de Cristo, porque estava sendo perseguido e odiado tanto quanto o Seu Senhor havia sido perseguido e odiado em Seu ministério terreno.
 Ele disse que estava cumprindo na sua carne o que restava das aflições de Cristo por amor do seu corpo, que é a Igreja (v. 24), não no sentido de que os sofrimentos de Cristo tivessem sido insuficientes para cobrir nossos pecados, ou  que os sofrimentos de Paulo fossem necessários para completar a perfeita obra de expiação que o Senhor consumou perfeitamente no Calvário.
Este cumprir na carne o que resta das aflições de Cristo, significa que há ainda aflições e sofrimentos a serem experimentados por aqueles que são chamados para a obra do ministério, além do que Cristo sofreu, porque assim como Ele sofreu neste mundo, está determinado por Deus que todos os que estão identificados com Cristo também estejam identificados com a Sua morte e sofrimentos, para que possam também participar da Sua glória e ressurreição.
Como Paulo disse, são sofrimentos por amor à Igreja, para cumprir a palavra de Deus na divulgação do mistério que está sendo revelado e manifestado por Deus aos seus santos (v. 26), para que eles conheçam quais são as riquezas da glória deste mistério que foi manifestado aos gentios, a saber, a habitação de Cristo neles para a esperança da glória (v. 27).
Por que sofreriam os apóstolos e os demais ministros de Cristo como Epafras?
Por que lutariam e trabalhariam em prol do evangelho, anunciando-o entre os gentios, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda sabedoria, no poder do Espírito Santo, esforçando-se sobremaneira nisto, a não ser pelo propósito de apresentá-los perfeitos (amadurecidos) em Cristo? (v. 28, 29)

“1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo,
2 aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossos: Graças a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai.
3 Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, orando sempre por vós,
4 desde que ouvimos falar da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes a todos os santos,
5 por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho,
6 que já chegou a vós, como também está em todo o mundo, frutificando e crescendo, assim como entre vós desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade,
7 segundo aprendestes de Epafras, nosso amado conservo, que por nós é fiel ministro de Cristo.
8 O qual também nos declarou o vosso amor no Espírito.
9 Por esta razão, nós também, desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual;
10 para que possais andar de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus,
11 corroborados com toda a fortaleza, segundo o poder da sua glória, para toda a perseverança e longanimidade com gozo;
12 dando graças ao Pai que vos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz,
13 e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado;
14 em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados;
15 o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação;
16 porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.
17 Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas;
18 também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,
19 porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude,
20 e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.
21 A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más,
22 agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis,
23 se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro.
24 Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja;
25 da qual eu fui constituído ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, a fim de cumprir a palavra de Deus,
26 o mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos,
27 a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória;
28 o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo;
29 para isso também trabalho, lutando segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente.”





Colossenses 2

Depois de ter feito uma exposição acerca da pessoa de Cristo e do Seu trabalho de redenção e mediação em favor da Igreja, e de ter afirmado a sua autoridade apostólica para lançar o fundamento da Igreja, no primeiro capítulo desta epístola, Paulo iria alertar agora os colossenses acerca da heresia que estava batendo às portas daquela Igreja.
É como se ele tivesse lhes dito: “Eu fui constituído apóstolo por Jesus Cristo, e recebi dele o único e verdadeiro evangelho, o qual ensinei a Epafras, e que por sua vez o ensinou a vocês, conforme podem confirmar nas coisas que acabei de escrever.
Portanto, permaneçam firmes no que aprenderam dele e não decaiam da firmeza de vocês por darem ouvidos a doutrinas diferentes daquela que Epafras lhes ensinou, a qual é segundo o meu evangelho.”
Acautelem-se do falso ensino de pastores, profetas e mestres, que pode lhes afastar da comunhão com Jesus Cristo. Era o que ele estava lhes dizendo em outras palavras.
Firmados na verdade do evangelho, seus  corações se encheriam de ânimo, estando unidos em amor e enriquecidos da plenitude do entendimento, pela renovação de suas mentes, para compreenderem plenamente o mistério de Deus em Jesus Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, não somente porque aprouve ao Pai que nEle habitasse toda a plenitude, mas por ser o criador de todas as coisas, em quem tudo subsiste, e portanto não há verdadeira ciência e sabedoria espirituais fora dele (v. 1 a 3).
Era isto que Paulo queria que os colossenses soubessem, de maneira a não se deixarem persuadir pelo ensino de falsos obreiros e mestres, que sempre atacarão de um modo ou de outro a Igreja com as suas heresias, com o fim de desviar os crentes da firmeza deles em Cristo.
 Paulo disse expressamente no verso 4 que a finalidade de dizer tais coisas aos colossenses era para que não se deixassem enganar por palavras persuasivas.
Eles haviam resistido até aquele ponto às investidas das falsas doutrinas, e deveriam continuar resistindo porque ainda que ausente deles no corpo, Paulo podia discernir e se regozijar em espírito por causa da ordem e firmeza da fé deles em Cristo, conforme afirmou no verso 5.
Satanás é o pai da mentira e do engano.
Ele procura por todos os meios e modos enganar com suas mentiras, porque assim como a verdade liberta, a mentira escraviza; assim como a verdade dá vida, a mentira mata.
Adão deu crédito à mentira de Satanás no Éden e morreu apesar do diabo ter-lhe dito que não morreria caso desobedecesse a Deus.
E não somente Adão morreu, como todos morrem nele por causa do pecado original.
Cristo veio para dar vida e vida abundante, mas esta vida é dependente de permanecermos firmes na verdade.
Não pode haver a manifestação da vida que Cristo dá, onde prevalece a mentira e não a verdade. Daí o zelo que se deve ter na preservação da verdade do evangelho na igreja.
A Palavra de Deus é a verdade e é por meio dela que temos acesso à verdadeira vida que está em Jesus.
Por isso os falsos ministros do evangelho que são levantados por Satanás procuram enganar com palavras persuasivas, os corações dos incautos.
É preciso andar no Senhor, sendo seus imitadores, estando arraigados, isto é, com raízes fincadas nEle para que não sejamos removidos dEle por qualquer vento de falsa  doutrina; e além de arraigados, estarmos sendo edificados nEle na comunhão da Sua Igreja junto com as demais pedras vivas deste grande edifício espiritual de Deus.
Além disso é necessário ainda ter uma fé confirmada, isto é, que tenha sido provada e aprovada, de maneira que não se moverá para acolher algum ensino diferente daquele que se encontra na Palavra do Senhor e que foi implantado pelo Espírito em nossas mentes e corações.
Paulo havia alertado aos colossenses no verso 8 para que não se deixassem enganar por ninguém, e agora ele iria lhes dizer o modo como poderia ser feito este engano, a saber, por meio de filosofias vãs e sutilezas vãs, baseadas na tradição dos homens, isto é, naquilo que era originado no próprio homem sem lhes ter sido revelado por Deus; e segundo os rudimentos do mundo, isto é, segundo as coisas que são terrenas e não celestiais, espirituais e divinas, que podem ser achadas somente em Cristo, e que Ele revelou aos Seus apóstolos.
A única e boa tradição que a Igreja deve seguir é o fundamento dos apóstolos e dos profetas, a saber, a Bíblia.
É somente em Jesus que habita corporalmente toda a plenitude da divindade (v. 9), e é portanto nELe e somente nEle que os crentes podem ser também achados plenos porque é Jesus a Cabeça de todo principado e potestade (v. 10).
Fora dEle não há verdadeira autoridade espiritual.
Realmente é uma grande demonstração de falta de sabedoria abandonar a nossa firmeza de fé em Cristo e o seu ensino e o dos profetas e dos apóstolos, para o nosso aperfeiçoamento espiritual, para dar crédito a outras doutrinas, que são apresentadas como se fossem o evangelho, mas que na verdade não concordam com a doutrina de Cristo, porque afinal quem mais tem o poder de circuncidar o nosso coração, despojando-nos do velho homem pela identificação com a Sua morte?
Quem mais teria o poder de nos batizar na Sua própria morte e ressurreição de maneira que pudéssemos ser livrados do que recebemos de Adão e receber uma nova vida que nos tornou novas criaturas para Deus?
Quem mais ressuscitou dentre os mortos para que pudesse nos dar acesso a esta nova vida?
 Além disso tudo, quem mais tem o poder para perdoar todos nossos pecados para que possamos ser vivificados da nossa morte espiritual, por causa da nossa união com Aquele que nos vivificou?
Ninguém além de Cristo poderia ter realizado todas estas coisas, e nos livrar da maldição da lei, que era uma dívida infinita que estava registrada na nossa conta pessoal por causa do nosso pecado.
Dívida esta que jamais poderíamos quitar com a nossa própria justiça e bondade.
Somente Cristo poderia remover esta dívida porque a pagou completamente até o último centavo e nada deixou para que fosse pago por nós.
Ele removeu a dívida e não as Suas ordenanças, isto é, os Seus mandamentos que deram causa a esta dívida, porque pelo fato de não cumpri-los perfeitamente nos tornamos grandes devedores de Deus.
Daí a sentença de morte da Lei que era contra nós.
O crente não é mais um endividado em relação a Deus porque Jesus pagou completamente a sua dívida.
Era esta dívida que dava aos principados e potestades malignos a condição de nos trazer, antes da nossa conversão, debaixo do domínio deles, porque estávamos sem Deus no mundo, por sermos Seus inimigos, por causa dos nossos pecados.
Todavia, desde que Cristo pagou a nossa dívida, os principados e potestades foram despojados por Ele do domínio que tinham sobre nós, de maneira que o trabalho deles ficou publicamente revelado quando Cristo morreu na cruz.
A conclusão lógica diante destas grandes verdades do evangelho é que os colossenses não deveriam permitir que fossem julgados quanto à genuinidade da sua fé e do seu progresso espiritual, através do ensino dos judaizantes que afirmavam a necessidade de se guardar a lei cerimonial de Moisés para a salvação, e cujas práticas consistiam em comidas e bebidas, e o cerimonialismo previsto na Lei para os dias de festa, da lua nova e do sábado, que eram apenas figuras, alegorias, ilustrações daquelas coisas que se cumpriram em Cristo.
    Assim, eles não deveriam deixar se persuadir, até mesmo pelas coisas que se acham registradas na Palavra de Deus, mas que deveriam ser cumpridas somente no período do Velho Testamento, até que Jesus viesse e inaugurasse a Nova Aliança; que revogaria as prescrições cerimoniais e civis da Lei.
A Antiga Aliança, baseada na Lei se tornou antiquada, obsoleta e foi removida, conforme o ensino do Novo Testamento, e especialmente da carta aos Hebreus.
Ainda que algum israelita desejasse continuar praticando as ordenanças cerimoniais e civis da Lei, jamais deveriam se iludir que a salvação e progresso espiritual seriam devidos meramente ao cumprimento de tais práticas cerimoniais e civis; porque não há salvação que não seja somente pelo poder da graça, mediante a fé em Cristo.
Então os que praticassem tais coisas jamais poderiam afirmar que é por meio delas que se obtém a salvação e que se amadurece espiritualmente.
Por outro lado Paulo também alertou os colossenses nos versos 18 e 19 quanto ao perigo de se deixarem persuadir por aqueles que não se apoiavam na Palavra de Deus, mas numa aparente humildade e piedade para impressionarem a outros, e que afirmavam experiências sobrenaturais de visões recebidas de anjos, ou que afirmavam terem visto em sua própria imaginação, e não tendo nada disto provindo da Cabeça, isto é de Cristo, Aquele somente no qual é possível que a Igreja cresça o verdadeiro crescimento que procede de Deus.
Além disso é comum que eles neguem que Cristo seja o único Mediador entre Deus e os homens, e assim eles O negam como sendo a Cabeça da Igreja; e afirmam as suas visões e imaginações inventadas, como sendo o único caminho para a salvação.
O grande argumento de Paulo para dar aos colossenses uma base de um julgamento seguro para saber se um ensino procede ou não de Deus, foi apresentado nos versos 20 a 23, pois ali ele disse que a vida espiritual invisível do céu não pode ser alimentada por práticas terrenas, como por exemplo a do ascetismo (não toques, não proves, não manuseies), porque a santificação do espírito não pode ser promovida por práticas de abstinências carnais.
O que a carne gera é carne.
Nada do que é gerado pela carne pode ser espiritual. Somente o que é gerado pelo Espírito Santo é verdadeiramente espiritual.
Desta forma, se o crente morreu com Cristo para os rudimentos do mundo, como poderá ser aperfeiçoado por meio das coisas e práticas que são deste mundo?
Ainda que haja, conforme o próprio apóstolo admitiu nesta seção da epístola, alguma aparência de sabedoria de um culto voluntário em tais práticas ascéticas, uma falsa humildade porque não foi produzida pela cruz, pois o que permanece no comando nestas práticas é a própria vontade do homem e não aquilo que é da vontade de Deus, tendo portanto sua origem no ego e não no Espírito,  e ainda que haja severidade com o corpo, isto não santifica porque o pecado não reside no corpo físico, mas em toda a natureza terrena do homem; então tais práticas não têm qualquer poder, para vencerem os desejos e paixões da carne, que podem ser sublimados por elas, mas não removidos, porque este poder é exclusivo do Espírito Santo, quando andamos nEle.


“1 Pois quero que saibais quão grande luta tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e por quantos não viram a minha pessoa;
2 para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus-Cristo,
3 no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.
4 Digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas.
5 Porque ainda que eu esteja ausente quanto ao corpo, contudo em espírito estou convosco, regozijando-me, e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo.
6 Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai,
7 arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças.
8 Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo;
9 porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade,
10 e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça de todo principado e potestade,
11 no qual também fostes circuncidados com a circuncisão não feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo;
12 tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos;
13 e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos;
14 e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz;
15 e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz.
16 Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados,
17 que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.
18 Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal,
19 e não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento concedido por Deus.
20 Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
21 tais como: não toques, não proves, não manuseies
22 (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens?
23 As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.”






Colossenses 3

O Corpo (igreja, reunião dos discípulos de Cristo) deve seguir a direção da Cabeça, e no Senhor temos o exemplo de não atacar, mas de se acautelar do falso ensino.
Nos dias de Jesus, especialmente os escribas e fariseus que se apresentavam como guardiões da Palavra de Deus, tentavam desautorizar o ensino do evangelho por parte do Senhor.
E durante a história da Igreja, a história se repete em relação a líderes que em vez de pregar e ensinar a Palavra Deus, fazem exatamente o oposto, pregando um falso evangelho que não se conforma às sãs palavras do Senhor Jesus e dos Seus apóstolos, tal como se encontram na Bíblia.
Então os discípulos do Senhor devem se acautelar e não acatarem tal ensino adulterado.
A Palavra do evangelho não foi produzida na terra, mas nos veio diretamente por uma revelação do céu, por meio do Senhor Jesus Cristo.
Assim a vida espiritual que há nos discípulos do Senhor, se move neles pelo Espírito Santo, em conformidade com a prática desta palavra revelada.
Por isso diz o apóstolo que não devemos buscar esta nossa vida espiritual contemplando as coisas que são terrenas, senão as que são celestiais e divinas.
Como a nossa mente estava naturalmente inclinada para as coisas deste mundo, antes da nossa conversão, e não podia entender as coisas espirituais que são discernidas espiritualmente, há portanto uma necessidade de que a nossa mente seja renovada, no que tange à vida espiritual, por concentrarmos e fixarmos o nosso pensamento nas coisas que são do alto, e não nas que são terrenas, para que possamos obter o crescimento na graça e no conhecimento de Jesus Cristo.
Nós morremos para os rudimentos do mundo, quando nós cremos em Cristo, e a nova vida que nós recebemos está escondida em Cristo, como se vê no verso 3, nova vida esta que há de se manifestar em toda a sua plenitude em glória quando Jesus voltar, mas toda vez que Cristo se manifesta em nosso meio, e em nós, a nossa nova vida que está nEle também se manifesta com Ele, como se vê no verso 4.
 São as paixões e desejos da alma que combatem contra esta nova vida do Espírito.
Daí se dizer que a carne luta contra o Espírito e que o Espírito luta contra a carne.
Toda forma de inclinação carnal, prostituição, impureza, paixões, desejos vis e avareza devem ser mortificados pelo Espírito, para que a nova vida possa se manifestar no nosso caminhar, como se lê no verso 5.
A avareza é idolatria, como se diz no verso 5, porque é o desejo de acumular tesouros na terra, e isto se torna um ídolo que toma o lugar da adoração que é devida exclusivamente a Deus.
Mas não é somente a prostituição, impureza, paixões, desejos vis e avareza que os cristãos devem mortificar, como tudo o mais que é relativo à carne, isto é, da natureza terrena decaída no pecado, e por isso o apóstolo disse aos colossenses que eles deveriam também se despojar, isto é, exterminar, mortificar, a ira, a cólera, a malícia, a maledicência, as palavras torpes e a mentira, porque tendo morrido juntamente com Cristo, o velho homem recebeu a sentença de morte e os crentes estão aos olhos de Deus, como tendo sido despidos do velho homem e das suas obras carnais; e vestidos do novo homem, que se renova para o pleno conhecimento de Deus e da Sua vontade, através do processo da santificação, tanto do espírito, quanto da alma, incluída aí a razão, a mente, a vontade, os sentimentos e as emoções, como também é santificação do corpo, como lemos em I Tes 5.23.
E a meta desta santificação é nos transformar à imagem mesma de Cristo, como se vê nos versos 8 a 10.
No privilégio e dever da santificação não há  grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, porque Cristo é tudo em todos, uma vez que não há para aqueles que estão nEle qualquer diferença diante de Deus.
Deus santificará pelo Espírito Santo, do mesmo modo, tanto a ricos quanto a pobres, pessoas de qualquer nacionalidade ou condição, desde que elas estejam convertidas e unidas a Cristo.
Esta santificação não consiste somente no despojamento ou mortificação do pecado, das obras da carne relacionadas aqui por Paulo dentre tantas outras, mas principalmente na prática das virtudes que estão em Cristo.
Se o despojamento do velho homem consiste na mortificação das obras da carne pelo Espírito; o revestimento da nova criatura pelo mesmo Espírito consiste na prática da justiça evangélica e das graças e virtudes do Espírito, que chamamos de fruto do Espírito.
Por isso Paulo exortou os colossenses a se revestirem, na condição de eleitos de Deus, sendo santos e amados, de um coração misericordioso, de benignidade, de humildade, mansidão e longanimidade, suportando-se e perdoando-se mutuamente, tendo por modelo o próprio Senhor que nos perdoou.
 E além de tudo isto, e acima de tudo, eles deveriam se revestir do amor, porque não há aperfeiçoamento espiritual sem o amor que procede de Deus e que é fruto do Espírito.
Além de todas estas coisas que devem ser achadas na vida de um cristão, e nele aumentando progressivamente, deveriam também se empenhar para serem achados com a paz de Cristo dominando os seus corações, porque foram chamados para fazerem parte de um corpo, a saber a Igreja do Senhor; assim, em vez de viverem em contendas,  deveriam ser agradecidos a Deus pelos seus irmãos em Cristo, por formarem um só corpo com eles.
Mas estas graças não poderiam ser achadas operando neles caso a Palavra de Cristo não estivesse habitando ricamente neles, e em verdadeira sabedoria, pelo ensino e admoestação mútuas, através desta mesma Palavra, através de salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em seus corações, de maneira que tudo quanto fizessem fosse por palavras ou por obras, fosse feito no nome do Senhor Jesus, dando ações de graças por Ele a Deus Pai.
Deus quer ser louvado por Seu grande amor e bondade para conosco, e pela Sua Grandeza e Majestade.
Especialmente quando Ele nos livra dos nossos fardos, canseiras, opressões, e coloca alegria e paz nos nossos corações, devemos expressar a nossa gratidão a Ele com cânticos de louvor ao Seu santo nome.
O apóstolo conclui este capítulo com exortações relativas aos deveres nos relacionamentos em família e no trabalho.
Ele começa com os deveres das esposas e dos maridos:
“18 Vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos, como convém no Senhor. 19 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (v. 18, 19).
Especialmente uma esposa cristã deve ser submissa ao seu marido, porque como diz Paulo, isto convém no Senhor.
É conveniente por ela ser do Senhor, porque a esposa está para o seu marido, assim como a Igreja está para Cristo.
Ela representa portanto, alegoricamente, a Igreja, a qual deve  estar submissa a Cristo, que é Cabeça da Igreja.
E assim como Cristo ama a Igreja e não a trata asperamente em Seu relacionamento com ela, de igual modo os maridos, não devem exercer a função de cabeça de seus lares tratando suas esposas com aspereza, antes devem amá-las tal como Cristo ama a Igreja, dando suas vidas por elas.
Depois o apóstolo falou do dever dos filhos em relação a seus pais.
“Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.” (v. 20).
Os filhos devem obedecer a seus pais em todas as coisas porque isto é do agrado de Deus; uma vez que constituiu os pais com o direito natural sobre os seus filhos, para educá-los nos Seus caminhos.
Mas é ordenado aos pais cristãos que não irritem os seus filhos, de maneira que os tornem desanimados para obedecê-los conforme convém, no Senhor.
O mau temperamento dos pais pode se tornar uma pedra de tropeço para a obediência de seus filhos, porque ficarão desestimulados por pouco verem da ternura e da longanimidade e paciência de Cristo em seus pais.
Finalmente, o apóstolo se referiu aos que estão debaixo de servidão, dizendo que devem obedecer em tudo a seus senhores segundo a carne, não fazendo o seu dever somente quando eles estiverem presentes, ou como para agradar a homens, mas fazendo-o com sinceridade de coração por temor ao Senhor, sabendo que esta é a vontade de Deus para eles.
E de um modo geral, tudo que seja do dever dos cristãos deve ser feito de todo o coração, sem preconceitos, sem sentimentos de acepção de pessoas, mas agindo como se fosse para o próprio Senhor, porque os que assim procedem receberão a justa recompensa porque estão servindo a CrIsto, reconhecendo que Ele é o Senhor que tem ordenado todas estas coisas.
Mesmo aos que são injustos e maus, devem os cristãos estarem sujeitos em mansidão de espírito, caso lhes seja devida tal submissão (chefes, autoridades etc), porque somente a Deus cabe todo julgamento, e Ele tem prometido, como se vê no verso 25, que retribuirá no dia do seu Grande Juízo, a cada um pelas injustiças que tiver praticado, e das quais não tiver se arrependido.


“1 Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
2 Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.
5 Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;
6 pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
7 nas quais também em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas;
8 mas agora despojai-vos também de tudo isto: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca;
9 não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos,
10 e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.
12 Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade,
13 suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.
14 E, sobre tudo isto, revestí-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.
15 E a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos.
16 A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão em vossos corações.
17 E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
18 Vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos, como convém no Senhor.
19 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.
20 Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais; porque isto é agradável ao Senhor.
21 Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não fiquem desanimados.
22 Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo somente à vista como para agradar aos homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor.
23 E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens,
24 sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; servi a Cristo, o Senhor.
25 Pois quem faz injustiça receberá a paga da injustiça que fez; e não há acepção de pessoas.”








Colossenses 4

Tão pura, boa, agradável é a doutrina da Palavra de Deus.
A ninguém faz mal, senão somente o bem.
A ponto de ordenar o orar pelo bem dos perseguidores.
A abençoar os que maldizem.
A amar os inimigos.
Estes são apenas alguns dos bons preceitos do evangelho de Cristo?
O perdão amplo, geral, irrestrito, de coração, por amor aos homens. Quão benfazejo é!
Mãos que se levantam em oração em favor de todas as pessoas, sem qualquer ira ou animosidade, conforme inspiradas pelo mover do Espírito Santo nos corações dos que oram.
Isto é também um dos frutos do bendito evangelho.
Por isso, ainda neste último capítulo da epístola, Paulo continuou falando sobre os deveres dos crentes em seus relacionamentos.
Ele havia falado no final do capítulo anterior do dever de maridos e esposas, de pais e filhos, e de servos em relação a seus senhores, e aqui ele retoma o assunto falando do dever sos senhores para com os seus servos.
Ele disse o seguinte:
“Vós, senhores, dai a vossos servos o que é de justiça e equidade, sabendo que também vós tendes um Senhor no céu.”.
Os senhores devem remunerar os seus servos com justiça e equidade, sabendo que eles também têm um Senhor no céu que os trata com justiça e equidade, e ao qual eles deveriam temer por dever de consciência, e pelo fato de que prestarão contas a Ele de tudo o que fizeram neste mundo.
  Tendo concluído a seção relativa aos deveres dos crentes em seus diversos níveis de relacionamentos, Paulo lembrou aos colossenses que é dever de todos os crentes perseverar na oração, vigiando com ações de graças; e deveriam incluí-lo em suas orações para que continuasse no seu trabalho de fundar Igrejas pela pregação da Palavra, especialmente para pregar e ensinar o mistério de Cristo, a saber o evangelho, por causa do qual ele estava preso em Roma, por inveja e perseguição dos judeus, aferrados ao Judaísmo, que não se conformavam com o fato de que a Antiga Aliança com seus preceitos penosos e danosos, haviam sido completamente substituídos pelo jugo suave e leve de Cristo.
Ele pediu orações em seu favor para que Deus lhe abrisse porta à pregação do evangelho, e para que o fizesse da maneira pela qual lhe convinha falar do mistério de Cristo, de modo que muitos pudessem chegar ao conhecimento experiencial da vida eterna que está sendo oferecida no evangelho, por meio da recepção da justiça do próprio Cristo, para a justificação e remissão do pecado.
Os colossenses deveriam ter cuidado com o testemunho deles perante as pessoas que não pertenciam ainda à Igreja, e deveriam também aproveitar bem cada oportunidade de darem o bom testemunho a eles, e para isto deveriam estar preparados com uma palavra que estivesse sempre com graça e temperada com sal, isto é, que fosse boa para preservação e não para destruição, de modo que saberiam sempre como responder a cada um, de maneira que o nome de Cristo fosse exaltado e não blasfemado, por causa de um mau procedimento eventual dos cristãos.
Nós devemos para tanto, ter uma conduta prudente e decente para com todos aqueles com quem conversamos, e especialmente aqueles que não pertencem à Igreja.
Nós devemos ter cuidado para não servir de pedra de tropeço a eles, de maneira que se tornem endurecidos ao evangelho, pela nossa falta de sabedoria no trato com eles, transmitindo-lhes uma idéia errada de quem seja Cristo e do que é o seu maravilhoso e gracioso evangelho.
Deus ama as pessoas e não deseja que ninguém venha a se perder por causa de um mau testemunho que tenham observado naqueles que falam em Seu nome.
Daí o zelo e o cuidado que se deve ter em desmascarar, com mansidão e prudência, aqueles que são lobos e que se apresentam em peles de ovelhas, passando-se por servos de Cristo.
Lembrando que nossa luta espiritual não contra eles propriamente ditos, mas pelos espíritos da maldade que os usam para o propósito de arruinar as almas das pessoas.
Nossa luta não contra a carne e o sangue, ou seja, contra pessoas, como diz o apóstolos, mas contra os principados e potestades espirituais da maldade.
Todavia, por causa daqueles que não servem à verdade do evangelho, com sinceridade, até mesmo o nome de bons e genuínos servos de Cristo pode ser infamado injustamente, e o pior de tudo não é a infâmia recebida, mas o endurecimento eventual que pode ocorrer em função de a pessoa ficar escandalizada
Assim, nenhuma oportunidade de dar um bom testemunho de Cristo deve ser desperdiçada, mas é necessário fazê-lo com prudência e sabedoria.
Com esta última recomendação o ensino doutrinário da epístola aos Colossenses foi encerrado por Paulo, e ele passa nos versículos seguintes às saudações e recomendações finais quanto aos seus cooperadores no trabalho do evangelho.
O primeiro a ser citado foi Tíquico, que era natural da  Ásia Menor, como vemos em At 20.4, provavelmente da cidade de Éfeso. Paulo o chamou de fiel ministro e conservo no Senhor, que lhes daria um relato acerca da sua situação em Roma.
Ele se referiu também a Onésimo, o escravo fugitivo de Filemom que havia ganho para Cristo em Roma, e que agora estava enviando de volta a Filemom em companhia de Tíquico.
Ele citou que Onésimo era um dos colossenses, e por isto foi em companhia de Tíquico para Colossos, enquanto este portava a epístola para ser entregue a FIlemom, e a que deveria ser entregue à Igreja de Colossos, a qual está sendo objeto deste nosso comentário.
Paulo fez menção à saudação que Aristarco estava lhes enviando.
Aristarco era da Igreja de Tessalônica, como vemos em At 20.4, e  se encontrava com Paulo em sua prisão em Roma.
Paulo também citou a João Marcos, o primo de Barnabé, que nesta ocasião estava servindo novamente o apóstolo, cooperando com Ele em sua obra missionária, e lhe permaneceu fiel até o final da sua vida, como vemos em II Tim 4.11.
Marcos estava também com Paulo em Roma, mas fora encarregado por ele para ir ter com os colossenses porque lhes havia dado instruções em relação a Marcos, para que o recebessem.
Junto com as saudações de Marcos, que era da Igreja de Jerusalém, também estava enviando saudações a eles, um outro cooperador de Paulo que pertencia à igreja da circuncisão, isto é, da Judéia, chamado Jesus, apelidado de Justo, sendo os dois únicos cooperadores de Paulo dentre os judeus, naquela ocasião em sua obra junto aos gentios.
A piedade e empenho de ambos era uma consolação para Paulo, como ele afirma no verso 11.
Epafras, que havia sido citado no início da epistola como possível fundador da Igreja de Colossos, é novamente citado com a informação adicional de que orava incessantemente pelos colossenses, e não somente por eles, como também pelos crentes de Laodicéia e de Hierápolis, para que permanecessem perfeitos e plenamente seguros em toda a vontade de Deus.
Isto indica que possivelmente ele não era um ministro fixo de uma destas congregações locais, mas alguém que tal como Paulo e seus demais cooperadores, encontravam-se no trabalho missionário de fundar Igrejas.
Além destes, Paulo também citou o nome de Lucas, a quem chamou de o médico amado, e Demas, que nesta ocasião ainda não havia abandonado o apóstolo por ter voltado ao mundo, coisa que ele faria posteriormente durante o tempo da segunda prisão de Paulo em Roma, como lemos em II Tim 4.10.
Tendo encerrado a citação daqueles que estavam enviando saudações aos colossenses, Paulo lhes pediu agora que também saudassem os crentes de Laodicéia, e particularmente a Ninfas que tinha uma Igreja funcionando na sua residência.
A carta é encerrada com uma exortação solicitada por Paulo que fosse feita pela Igreja de Colossos a Arquipo, para que ele cumprisse o ministério que havia recebido do Senhor para cumprir.
 Como era seu costume, para autenticar todas as suas epístolas, como afirma em II Tes 3.17, Paulo escreveu esta saudação final de próprio punho, para evitar falsificações em seu nome.
Finalmente, ele pediu que os colossenses se lembrassem das suas prisões, e lhes abençoou dizendo que a graça fosse com eles.

“1 Vós, senhores, dai a vossos servos o que é de justiça e equidade, sabendo que também vós tendes um Senhor no céu.
2 Perseverai na oração, velando nela com ações de graças,
3 orando ao mesmo tempo também por nós, para que Deus nos abra uma porta à palavra, a fim de falarmos o mistério de Cristo, pelo qual também estou preso,
4 para que eu o manifeste como devo falar.
5 Andai em sabedoria para com os que estão de fora, usando bem cada oportunidade.
6 A vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.
7 Tíquico, o irmão amado, fiel ministro e conservo no Senhor, vos fará conhecer a minha situação;
8 o qual vos envio para este mesmo fim, para que saibais o nosso estado e ele conforte os vossos corações,
9 juntamente com Onésimo, fiel e amado irmão, que é um de vós; eles vos farão saber tudo o que aqui se passa.
10 Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, o primo de Barnabé (a respeito do qual recebestes instruções; se for ter convosco, recebei-o),
11 e Jesus, que se chama Justo, sendo unicamente estes, dentre a circuncisão, os meus cooperadores no reino de Deus; os quais têm sido para mim uma consolação.
12 Saúda-vos Epafras, que é um de vós, servo de Cristo Jesus, e que sempre luta por vós nas suas orações, para que permaneçais perfeitos e plenamente seguros em toda a vontade de Deus.
13 Pois dou-lhe testemunho de que tem grande zelo por vós, como também pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierápolis.
14 Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas.
15 Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia, e a Ninfas e a igreja que está em sua casa.
16 Depois que for lida esta carta entre vós, fazei que o seja também na igreja dos laodicenses; e a de Laodicéia lede-a vós também.
17 E dizei a Arquipo: Cuida do ministério que recebestes no Senhor, para o cumprires.
18 Esta saudação é de próprio punho, de Paulo. Lembrai-vos das minhas cadeias. A graça seja convosco."




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