sábado, 17 de outubro de 2015

Hebreus 1 a 13

Hebreus 1

A Superioridade de Jesus (Hebreus 1)

Toda a vontade de Deus, relativamente à humanidade foi revelada de forma final e completa pela manifestação de Cristo ao mundo.
Se antes, toda revelação divina foi feita através de instrumentos humanos, em Cristo a revelação foi feita pelo próprio Criador de todas as coisas, porque conforme diz o autor da epístola, tal como João no início do seu evangelho, que o Pai não somente constituiu Jesus o herdeiro de todas as coisas, como também foi por meio de quem Ele criou o mundo (v. 2); sendo o próprio Jesus quem sustenta todas as coisas criadas pela palavra do seu poder, porque Ele é Deus, e o resplendor da glória e a expressa imagem da pessoa do Pai (v. 3).
É somente por meio de Jesus Cristo que se pode ter um verdadeiro conhecimento pessoal de Deus, em espírito.
E esta revelação é feita pela manifestação da Sua vida ressurrecta em nós, pelo poder do Espírito Santo.
Tentar se aperfeiçoar espiritualmente sem estar ligado pela fé a Cristo, é de nenhum proveito, conforme o autor de Hebreus se esforçou para demonstrá-lo em sua epístola.
A purificação dos nossos pecados foi feita por Jesus quando morreu na cruz, para que pudéssemos ser vistos pelo Pai crucificados juntamente com Ele, para que fôssemos também considerados mortos para o pecado e para a condenação do pecado, de maneira que pudéssemos ser reconciliados a Deus.
Esta é a principal revelação da Palavra, e cumprimento do que havia sido profetizado desde o Antigo Testamento acerca desta verdade relativa ao propósito da encarnação, humilhação e morte do próprio Filho de Deus por nós (v. 3).
A grande prova de que Jesus fez tudo o que seria necessário, para a purificação dos nossos pecados, foi revelada no fato dEle ter ressuscitado e subido aos céus, onde se encontra assentado à destra de Deus Pai, em Seu trono (v. 3).
Todo o poder tanto no céu quanto na terra foi dado pelo Pai a Cristo; e foi a Ele que foi dado o poder de julgar a todos, tanto a homens quanto a anjos (Mt 28.18).
Nenhum anjo, nenhum profeta do Velho Testamento, ninguém além do próprio Jesus poderia efetuar o trabalho de redenção de um mundo que se encontra debaixo da ira e da maldição de Deus.
Somente Ele poderia fazer tal trabalho e está efetivamente restaurando todas as coisas até à restauração final que será efetuada na Sua volta.
Ninguém seria suficiente para recriar o que havia se estragado, trazendo um novo nascimento, uma nova criação, a seres decaídos no pecado.
É dito que Ele se tornou quanto ao propósito eterno divino em relação aos homens, muito mais excelente e superior do que todos os anjos, porque estes são ministros a serviço dos que herdarão a salvação.
E os profetas e pastores ungidos com o fogo do Espírito são apenas instrumentos de Cristo, sem o qual nenhum cristão existiria, nenhuma Igreja, nenhuma nova vida transformada, porque isto somente pode ser feito pelo trabalho de expiação que Ele efetuou na cruz com o derramamento do Seu sangue.
Deus Pai não poderia dizer de nenhum dos anjos aquilo que Ele disse em relação ao Filho pela boca dos profetas.
No Salmo 2.7, é dito pelo Pai que Ele é o Seu Filho que foi gerado por Ele no ventre de uma virgem, porque o Seu corpo foi gerado pelo poder do Espírito, para ser Senhor e Rei de todas as nações (v. 6, 8, 9 do mesmo Salmo).
De Cristo é dado também o testemunho no Salmo 97.7 que todos os anjos o adorem.
A palavra no original hebraico para anjos é Elohim, que significa pluralidade de majestades, a mesma palavra para indicar a trindade divina, e que também é aplicada para indicar todos os seres angelicais que possuem posição de soberania.
O significado desta passagem é que a Majestade de Cristo é de tal ordem de grandeza, que é ordenado que todas as demais majestades O adorem (v.6).
Cristo é chamado pelo autor de Hebreus, quando Ele foi manifestado em carne ao mundo, como sendo o primogênito. Ele é assim chamado não por ter sido o primeiro a ser criado, mas por ser o primeiro, a cabeça da nova criação, de muitos filhos semelhantes a Ele, que estão sendo trazidos à existência pelo trabalho de conversão do Espírito.
Dos anjos que são espíritos ministradores daqueles que herdarão a salvação, e dos ministros que são usados como labaredas de fogo pelo poder do Espírito (Sl 104.4), é somente isto o que pode ser dito deles, mas de Jesus é dito que o Seu trono subsiste pelos séculos dos séculos, isto é, por toda a eternidade, e que o cetro do Seu reino é de eqüidade, isto é, Ele reinará eternamente em perfeita justiça (v. 8).
As palavras dos versos 8 e 9 foram extraídas do Salmo 45.6,7.
O reino do Senhor é de justiça e a alegria da unção que Lhe foi dada sem medida pelo Espírito em Seu ministério terreno foi decorrente do fato dEle ter amado a justiça e odiado a iniqüidade de modo completamente perfeito.
Nenhum participante do Reino de Cristo pode possuir a mesma unção de alegria e reinar com Ele em glória, caso não ame também a justiça e odeie a iniqüidade, tal como o Senhor deles.
Era principalmente esta verdade que o autor de Hebreus desejava colocar em perspectiva, para que todo cristão saiba que temos um Salvador e Senhor que ama a justiça e odeia o pecado, de maneira que sigamos os Seus passos.
Somente o Criador deve ser adorado. Por isso somente Jesus é digno de adoração porque a terra foi fundada por Ele e os céus são obra das Suas mãos (v. 10).
Todas estas coisas criadas estão destinadas a perecer por causa do pecado original, mas Jesus permanecerá o mesmo. Tudo envelhece e morre no universo. E Deus tudo desfará pelo fogo do juízo final para criar um novo céu e uma nova terra; mas nada mudará em relação ao Senhor e às coisas que são celestiais, espirituais e eternas (v. 10 a 12).
É por isso que não é um anjo que está assentado à direita de Deus Pai no céu, mas o Senhor Jesus, entronizado em glória, pela adoração e honra que Lhe é devida não somente como Criador da criação natural, como da nova criação espiritual pela conversão dos pecadores para estarem para sempre com Ele (v. 13).
Tudo e todos Lhe ficarão sujeitados, e todos os seus inimigos virão a serem colocados debaixo dos Seus pés.
A qual dos anjos poderia ser proferida tão elevada honra, senão somente ao Criador, Redentor e Senhor da humanidade?
Os anjos são importantes no auxílio que prestam aos cristãos, nas lutas que têm que empreender contra os poderes das trevas, mas são apenas servos de Cristo, e se encontram debaixo das Suas ordens, de maneira que tudo o que fazem por nós lhes é ordenado pelo Senhor (v. 14).
O que podemos concluir deste primeiro capítulo é que não pode haver vida eterna fora de Cristo. Ela não será achada em nenhum outro e em nenhum lugar.

Heb 1:1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
Heb 1:2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.
Heb 1:3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas,
Heb 1:4  tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.
Heb 1:5 Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?
Heb 1:6 E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
Heb 1:7 Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labareda de fogo;
Heb 1:8 mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino.
Heb 1:9 Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.
Heb 1:10 Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos;
Heb 1:11 eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual veste;
Heb 1:12 também, qual manto, os enrolarás, e, como vestes, serão igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.
Heb 1:13 Ora, a qual dos anjos jamais disse: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés?
Heb 1:14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?




Hebreus 2

A Suprema Autoridade de Cristo (Hebreus 2)

A exortação inicial deste capítulo, constante dos versos 1 a 4, traz no original grego a palavra “dei” para “convém-nos” no primeiro versículo,  que significa, é necessário, importa. E a palavra para “atentar” é “prosecho” que significa apegar-se, aplicar-se, devotar-se.
E a palavra para “com mais diligência” é “perissoteros”, que significa num grau cada vez maior; mais abundantemente; com maior firmeza.
Esta é portanto a maneira que todo cristão deve agir em relação à Palavra de Deus: não apenas crer nela, mas aplicar-se com toda determinação, firmeza, diligência, na busca de um grau cada vez maior de aplicação das verdades espirituais constantes desta Palavra à própria vida, pela consagração ao trabalho do Espírito Santo.
O autor de Hebreus alerta logo no primeiro versículo deste capítulo que se não nos apegarmos com diligência às verdades ouvidas nós nos desviaremos delas.
 O melhor antídoto contra a apostasia é permanecer na prática constante da Palavra, no poder do Espírito.
O autor desta epístola argumenta que a certeza de que Deus não aprova um viver na incredulidade e no pecado, foi comprovado por Ele na maneira como tratou os apóstatas de Israel no Velho Testamento. (v. 2)
Se não escaparam do juízo de Deus os que não deram ouvidos à palavra que Ele lhes deu por meio de anjos, de quanto maior castigo, não estarão sujeitos portanto, aqueles que negligenciarem e rejeitarem a grande salvação que nos foi proclamada pelo próprio Cristo e pelos Seus apóstolos, que confirmaram a Palavra pregada e ensinada por Ele, através do poder do Espírito? (v. 2 a 4).
A ninguém está o Senhor condenando durante esta dispensação da graça, mas isto não significa que Ele deixou de ser o Juiz de toda a terra.
Tão somente está abrindo este tempo de oportunidade aos pecadores para que se arrependam e recorram a Cristo para serem perdoados e redimidos.
Por isso o evangelho não é pregado por anjos, mas pelos próprios pecadores redimidos, para que se comprove que Deus está sendo de fato longânimo e gracioso para com todos desde que Jesus morreu carregando os nossos pecados na cruz. (v. 5)
Jesus foi feito um pouco menor do que os próprios anjos (v, 7, 9), durante a humilhação do Seu ministério terreno para que pudesse fazer o trabalho de substituição se fazendo homem e se colocando no nosso lugar para não somente cumprir perfeitamente toda a Lei, e também para que morresse no nosso lugar, e nos colocasse depois de justificados na posição de honra e glória que Ele tem na presença do Pai.
 Mas ainda que feito por um pouco menor do que os anjos, em Seu ministério terreno, foi, servido, honrado e glorificado pelos anjos que O assistiram, porque nunca perdeu diante deles, a posição de glória e honra que Lhe foi conferida pelo Pai como tendo autoridade sobre todas as coisas criadas (v. 7; Salmo 8.4-6).

Todas as coisas foram sujeitadas a Cristo, pelo desígnio de Deus Pai.
Ainda que não vejamos tudo ainda sujeito a Ele, porque o pecado, a morte e demônios permanecem operando no mundo, entretanto a vitória final de Cristo sobre todos os Seus inimigos já foi estabelecida e confirmada, e apenas aguarda pelo desfecho do seu cumprimento (v. 8).
 Como os cristãos são trazidos à participação da glória de Deus por meio de Cristo, então Ele próprio participou das aflições pelas quais passam todos os cristãos, para que em tudo se identificasse com eles, exceto em relação ao pecado (v. 9, 10).
É na própria divindade que todas as coisas são sustentadas, quer as da terra, quer as do céu.
A vida não pode ser achada fora de Deus. Tudo que não estiver ligado a Jesus perecerá.
E veremos adiante que o modo de se alcançar a vida que permanece é perdendo a vida que é passageira (fazendo morrer  a natureza terrena – Col 3.5), em clara demonstração de se abrir mão de viver pelo governo da nossa própria vontade, para vivermos pelo governo da vontade de Deus.
Se o Senhor não tivesse dado a Sua vida inteiramente ao Pai, pelas aflições que suportou por amor dEle e de nós, jamais poderíamos ser salvos da nossa condição pecaminosa de inimizade com Deus e oposição à Sua santa vontade, porque o princípio da vida eterna opera por este ato de completa consagração de nossa vida a Deus.
Como Jesus se identificou em todas as coisas relativas à nossa humanidade, então não se envergonha de nos ter na conta de irmãos, como lemos nos versos 11 e 12, como Ele havia chamado aos Seus discípulos em Seu ministério terreno, como  consta por exemplo em Mt 12.49; 25.40; 28.10 e Jo 20.17.
Jesus é o irmão primogênito que nos santifica, para que sendo tornados verdadeiros filhos de Deus, possamos ser de fato irmãos de Jesus.
Para que pudéssemos nos tornar filhos de Deus por adoção e justificação, regeneração e santificação, Jesus Cristo nos foi dado para ser, Ele próprio, a nossa redenção, sabedoria, justificação e santificação, como vemos em I Cor 1.30.
É por isso que o autor de Hebreus afirma nos versos 13 a 18, a identificação do Senhor com aqueles que lhes foram dados pelo Pai, e a obra que Ele realizou por eles, destruindo o domínio da morte e do diabo sobre eles, e à escravidão ao pecado.
A prova desta salvação reside no fato de Jesus não ter tomado a natureza dos anjos, mas a natureza humana, se colocando debaixo da descendência de Abraão, para ser o Salvador daqueles que têm a mesma fé e obediência do patriarca do verdadeiro Israel de Deus, que são contados como descendentes de Abraão por terem a mesma fé do patriarca e para praticarem as mesmas obras de justiça que ele praticou.
Jesus foi tentado pelo diabo e exposto às mesmas dificuldades e tribulações pelas quais passam todos os homens, para ser fiel sumo sacerdote daqueles pelos quais Ele intercede dia e noite, para que sejam aperfeiçoados na fé e na graça.
Ele venceu todas as tentações e tribulações, para que tenhamos ânimo nas aflições, sabendo que ajudados pelo Seu poder e graça, também permaneceremos fiéis e perseverantes em meio a toda e qualquer circunstância difícil, porque Ele mesmo as vencerá por nós.
Debaixo da bandeira do nosso capitão que é Cristo, temos que aprender a suportar os mesmos sofrimentos que Ele suportou.
John Owen observa que Jesus Cristo tendo sido consagrado e aperfeiçoado por meio dos sofrimentos, consagrou também o modo de sofrimentos de todos os seguidores até que cheguem à perfeição da glória; uma vez que por meio destes sofrimentos são aperfeiçoados para serem úteis e honrarem o nome de Deus.
Por meio destes sofrimentos somos também identificados com Cristo, assim como Ele se identificou conosco, e isto estabelece laços de amizade e de afinidade amorosa com Ele, porque comprovamos o quanto o amamos por não negarmos o Seu nome e Palavra, a par de tudo o que possamos vir a padecer por causa do evangelho.
No verso 13 é dito em relação tanto ao Senhor quanto aos que estão unidos a Ele pela fé: “Porei nele a minha confiança”. Isto significa que estes que sofrem devem também confiar em Deus, que os livrará de todas as suas tribulações, caso eles andem como verdadeiros filhos que são de fato no Senhor.
A citação da parte “b” do verso 13: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu.” foi retirada de Isaías 8.18, que é uma escritura profética relativa à mesma natureza que haveria em Cristo e naqueles que lhes foram dados pelo Pai.


Heb 2:1 Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.
Heb 2:2 Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo,
Heb 2:3 como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;
Heb 2:4 dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade.
Heb 2:5  Pois não foi a anjos que sujeitou o mundo que há de vir, sobre o qual estamos falando;
Heb 2:6 antes, alguém, em certo lugar, deu pleno testemunho, dizendo: Que é o homem, que dele te lembres? Ou o filho do homem, que o visites?
Heb 2:7 Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras das tuas mãos.
Heb 2:8 Todas as coisas sujeitaste debaixo dos seus pés. Ora, desde que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou fora do seu domínio. Agora, porém, ainda não vemos todas as coisas a ele sujeitas;
Heb 2:9 vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.
Heb 2:10 Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
Heb 2:11 Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos,
Heb 2:12 dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação.
Heb 2:13 E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.
Heb 2:14 Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo,
Heb 2:15 e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.
Heb 2:16 Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a descendência de Abraão.
Heb 2:17 Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo.
Heb 2:18 Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.





Hebreus 3

A Fé em Jesus Conduz ao Descanso de Deus – Parte 1 (Hebreus 3)

Os cristãos são chamados a considerarem a honra e glória que devem dar a Jesus Cristo, como apóstolo e sumo sacerdote da Nova Aliança.
 Honra que deve ser maior à que os israelitas davam a Moisés por ter sido o mediador da Antiga Aliança, uma vez que Moisés era um homem que foi apenas servo na casa de Deus, mas Jesus é o Senhor desta  casa, e foi Aquele que a edificou.
Sendo Deus, Jesus edificou todas as coisas.
E a casa que Jesus tem edificado são principalmente os próprios cristãos.
Todo cristão genuíno será portanto identificado pelo fato de não endurecer o seu coração quando ouvir a voz do Senhor, pelo Espírito Santo, conforme se afirma nos versos  7 e 8.
Os israelitas cujos corpos ficaram prostrados no deserto, durante a jornada de 40 anos rumo a Canaã, nos dias de Moisés, provaram que eram incrédulos pelo comportamento deles provocando e tentando o Senhor no deserto, colocando-o à prova por diversas vezes, para que mostrasse que Ele estava de fato no meio deles, porque consideravam que Ele estivesse ausente em razão das dificuldades que estavam enfrentando.
Por esta razão é afirmado no capitulo anterior que aqueles que são de Cristo estão identificados com os Seus sofrimentos e não duvidarão do Seu amor e bondade para com eles, por causa das aflições que experimentam neste mundo por amor ao Seu nome e ao evangelho.
Estes que se rebelam contra o Senhor por causa dos seus sofrimentos, e que vivem sempre à busca de que seja feita a sua própria vontade, segundo os seus interesses egoístas, nunca poderão conhecer os caminhos de Deus, como se afirma no verso 10, e ficam sujeitados aos Seus juízos quanto a não conhecerem o descanso que há nEle para as suas almas, como se afirma no verso 11.
Aqueles que se recusam a tomar o jugo de Jesus não podem experimentar o descanso que Ele pode e quer nos dar quando estamos sobrecarregados e cansados pelas circunstâncias difíceis desta vida, conforme sua promessa em Mt 11.28-30.
Não é dado a nenhum cristão, pela vontade de Deus, que venha a apostatar da fé, a ter um coração mau e infiel, porque Ele é digno de receber honra, glória, louvor e paciência e perseverança em todos os nossos sofrimentos por amor a Ele.
Não fazê-lo é imputar-lhe uma grande desonra, porque afirmamos por nosso comportamento infiel que Ele não é poderoso, bondoso e fiel para nos guardar e consolar.
Daí se exigir que nos exortemos mutuamente, ou seja, que nos incentivemos, todos os dias, para que não sejamos endurecidos pelo pecado. Não pela falta de poder em Deus para nos firmar, mas por causa da nossa própria fraqueza e da perversidade da natureza terrena da qual devemos nos despojar, que nos inclina a nos afastarmos do Deus vivo.
Por isso somos exortados a fazer o que se diz no verso 14, lembrando sempre daqueles israelitas que não entraram no repouso do Senhor por causa de um viver na incredulidade.
Faziam parte do povo de Deus mas eram incrédulos.
Não deram a devida honra e glória a Ele, por demonstrações práticas de fé em suas vidas, especialmente por obedecerem toda a Sua vontade, dispondo-se principalmente a entrarem em Canaã e lutarem para conquistar aquilo que lhes havia sido dado por promessa.
Por isso o autor de Hebreus diz no verso 14 do terceiro capítulo da referida epístola:

“Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se de fato guardarmos firme até ao fim a confiança que desde o princípio tivemos”.
Jesus não nos chamou simplesmente para nos livrar da condenação eterna no fogo do inferno, mas para efetuarmos conquistas sobre o reino das trevas, sobretudo resgatando almas das garras do diabo.
Provamos para nós mesmos que somos de fato pertencentes a Cristo e participantes da Sua  natureza divina, por permanecermos firmes na fé até ao fim da nossa jornada neste mundo.
É por isso que se diz que confirmamos que somos participantes da vida ressurrecta de Cristo, pela ação do Seu poder e graça em nossas vidas, todos os dias, até o fim, e desde o início da confiança que depositamos nEle desde o dia da nossa conversão.
Se a justificação é a base e a causa da salvação, a santificação é a evidência da mesma.
É por isso que lemos em Hb 6.1-3, uma exortação para a busca do amadurecimento espiritual, rumo à perfeição, porque a tendência natural da maioria dos cristãos é a de se acomodarem, depois de terem sido salvos.
Mas a vida cristã é uma caminhada, no caminho da perseverança e da santificação.
A vida cristã é uma carreira, e não uma mera expectativa contemplativa do cumprimento da promessa da glória do céu.
Não é suficiente, conforme a vontade de Deus, sabermos que Cristo é nosso Salvador e que por meio dEle fomos justificados, é necessário ter permanente e vital união com Ele, conforme o próprio Jesus nos ordenou dizendo que deveríamos permanecer nEle e na Sua Palavra.
O verbo “cair” empregado no texto de Heb 6.6, corresponde no original grego à palavra  “parapipto”, que significa “desviar-se” ou “apostatar”.
É o mesmo verbo usado em Heb 3.12, onde está traduzido como “afastar-se”. E este afastamento referido, é o afastamento de Deus.
A Palavra afirma em Pv 24.16, que “sete vezes cairá o justo, e se levantará”.
A experiência tem revelado esta verdade; porque muitos são os que se desviam, mas se reconciliam posteriormente com o Senhor, porque a bondade e misericórdia do Senhor, vão em busca da ovelha desgarrada e perdida, para trazê-la de volta ao aprisco.
Quando os ossos do cristão são quebrados, o Senhor os restaura novamente.
 Um cristão verdadeiro pode cair, mas não numa queda definitiva, que seja para a perda da vida eterna, que recebeu pela graça.
O próprio Noé, campeão da justiça, depois que se embriagou, arrependeu-se certamente, e permaneceu salvo pela soberana graça.
Noé caiu, mas não numa queda final para a morte eterna, que ocorrerá somente com aqueles que  não têm a Cristo, no dia do grande juízo de Deus.
Daí o convite que seu autor faz aos hebreus para se aproximarem, com confiança, do trono da graça, para acharem misericórdia em ocasião oportuna, e para entrarem no Santo dos Santos, depois de terem se purificado de toda má consciência. Ele os chama a se santificarem, porque sem isto, não é possível estar efetivamente em comunhão com Deus no Santo dos Santos celestial.
Desta forma, está claro que, se um cristão não pode perder a salvação, no entanto, pode se desviar do caminho da verdade.
O fato de Deus tolerar e suportar que o erro caminhe ao lado da verdade, que o joio cresça ao lado do trigo, não significa de modo algum que Ele seja indiferente ao erro. Muito ao contrário, tem determinado um dia em que cada um dará contas de Si mesmo perante Ele.


Heb 3:1 Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,
Heb 3:2 o qual é fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de Deus.
Heb 3:3 Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a estabeleceu.
Heb 3:4 Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que estabeleceu todas as coisas é Deus.
Heb 3:5 E Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas;
Heb 3:6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.
Heb 3:7 Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
Heb 3:8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto,
Heb 3:9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras por quarenta anos.
Heb 3:10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos.
Heb 3:11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
Heb 3:12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo;
Heb 3:13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.
Heb 3:14 Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos.
Heb 3:15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.
Heb 3:16 Ora, quais os que, tendo ouvido, se rebelaram? Não foram, de fato, todos os que saíram do Egito por intermédio de Moisés?
Heb 3:17 E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto?
Heb 3:18 E contra quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão contra os que foram desobedientes?
Heb 3:19 Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade.




Hebreus 4

A Fé em Jesus Conduz ao Descanso de Deus – Parte 2 (Hebreus 4)

É somente pela operação da Palavra de Deus em nossas vidas, gerando fé e a separação de alma e espírito (v. 12), para que possamos viver e andar no Espírito, por não mais sermos governados pela nossa alma, mas pelo nosso espírito,  que podemos entrar e permanecer no descanso de Deus, que não é um lugar, mas a condição de estado de espírito em comunhão com o Senhor, uma posição espiritual, alcançada e mantida, que nos faz experimentar este descanso de uma forma experiencial da santidade, bondade, cuidado e amor do Senhor por nós.
Tal é possível porque Jesus é o nosso grande sumo sacerdote, que penetrou os céus para que possamos reter firmemente a nossa confiança, porque sem a ajuda da força da Sua graça operando em nós, não seria possível participarmos da natureza e da santidade de Deus (v. 14).
No entanto, soa uma séria advertência neste capítulo quanto ao perigo de não se entrar no descanso por causa da incredulidade, e também pela necessidade de diligência para que se possa permanecer no descanso e se ter a certeza de que se entrará no descanso completo, absoluto e eterno no céu, porque apesar de Jesus ser um sumo sacerdote fiel que se compadece de nós e que dá graça aos que se aproximam do trono da graça, também é aquele ao qual, todos terão que prestar contas no Seu tribunal de juízo, porque tudo está diante dEle e nada escapa do Seu perfeito conhecimento, até mesmo de nossos pensamentos e intenções, além de nossas ações.
Todavia, não é por causa das nossas fraquezas que estamos impedidos de entrar no descanso do Senhor, senão por causa da  incredulidade, porque o Senhor conhece a nossa natural inabilidade para participarmos por nós mesmos das realidades espirituais celestiais e divinas.
Por isso necessitamos nos achegarmos com fé ao trono da graça celestial para acharmos misericórdia e graça, de maneira que possamos ser ajudados nos tempos de nossas necessidades para receber o fortalecimento e capacidade de Deus que nos permite entrar e permanecer no Seu descanso (v. 16).
 Somos chamados  a nos aproximarmos do trono da graça, porque é no próprio Cristo que somos fortalecidos pela graça.
É a sua vida em nós que vence o pecado e todas as forças que lutam contra a nova criatura.
A representação de que somos chamados a participar do descanso do Senhor se encontra no relato da própria criação, quando se diz em Gên 2.3 que “Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera.”.
Este descanso do povo de Deus não consistiu na mera conquista de Canaã nos dias de Josué, porque, como vimos antes, não se trata de um lugar, mas de uma condição, de um estado de espírito santificado e abençoado que podemos encontrar somente em Jesus Cristo, na plena comunhão com Ele.
Todo cristão verdadeiro tem entrado no descanso do Senhor conforme lhe é facultado pela operação da Sua graça e pela regeneração do Espírito Santo (v.3); mas é necessário manter-se no descanso de Deus pela mesma graça, andando no Espírito, e não resistindo à obra do Espírito por causa de uma cerviz endurecida.
O apóstolo fala do temor de que alguém falhe diante da promessa que foi deixada de entrarmos no descanso de Deus.
A Bíblia nunca encoraja qualquer pessoa a se sentir segura e em paz, quando anda contrariamente com Deus. Ao contrário, adverte quanto aos terríveis juízos a que tais pessoas estão sujeitas.
Este é o alvo do autor de Hebreus neste capítulo. Ele quis advertir quanto ao perigo que há em não se estar no descanso do Senhor pela santificação da vida.
Os destinatários originais da epístola aos Hebreus estavam passando por sérias tribulações, perseguições e dificuldades quando lhes escreveu.
Por isso lhes advertiu do perigo que há especialmente nestas ocasiões para se apostatar da fé. Isto serve de advertência para qualquer pessoa que se sentir tentada a recuar na fé por causa do perigo que há nestas horas de aflições para fazê-lo.
Quando nosso Senhor nos faz o convite no evangelho a buscarmos paz e descanso  nEle para nossas almas sobrecarregadas, o que está em foco, não é simples alívio psicológico, mas a busca desta condição de santificação pela nossa união real e atual com Ele, de modo que alcancemos aquele estado  de alma que foi projetado por Deus para todos os Seus filhos, desde antes da criação do mundo.
Os hebreus haviam abandonado o caminho da santificação e por isso estavam sendo alertados quando ao dever de retornar a ele.
É a fé que misturada com a boa nova (palavra do evangelho) produz os efeitos esperados por Deus na transformação do nosso viver (v. 2).
Portanto, estas duas coisas devem caminhar juntas, a saber: a fé e a Palavra, porque se ajudam mutuamente, porque não há fé sem ouvir a pregação da Palavra, e não há verdadeira pregação da Palavra que não seja acompanhada pela fé.
E esta mistura de fé com Palavra mistura-se também com a alma do cristão  transformando-se em graça e poder que santificam a sua vida.
Devemos ter em consideração que uma fé que aumente em graus destruirá o pecado na mesma proporção do tamanho progressivo que esta fé alcance, e daí entendermos que à medida que avance o tamanho da fé, maior é a intensidade da comunhão com Deus e da santificação da vida.
À medida que ocorre o despojamento progressivo do velho homem, pelo aumento da fé, aumenta também a manifestação da vida da nova criatura, e isto se traduz em aumento da plenitude de Deus no nosso próprio ser.
Permanecer vivendo na carne, segundo o homem natural, impossibilita portanto, o aumento da fé e da santificação.
Logo, este descanso de Deus é alcançado pela fé e pela Palavra que nos unem a Ele.
Se Deus é o descanso do Seu povo, no qual eles acham descanso e paz para suas almas, então este Deus é um Deus de amor, porque se não fosse, não haveria nenhum descanso nEle, senão somente cargas.
Ele julga o pecado porque impede a entrada em tal descanso com Ele, ao qual tanto almeja para nós.
Fomos criados para este descanso espiritual que se traduz em paz, amor, amizade e comunhão com Deus.
Nós lemos no verso 3 deste capítulo:
“Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu descanso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.”.
A primeira parte deste versículo comprova que a ameaça de não entrar no descanso espiritual eterno do Senhor depois da morte, não se aplica a cristãos, porque como vimos anteriormente, estes foram livrados da condenação eterna por causa da sua união com Cristo.
Assim autor de Hebreus  afirma expressamente que os que têm crido já entraram no descanso.
O próprio Jesus é o descanso dos cristãos.
Por isso ele convida os homens a virem a Ele para acharem descanso para as suas almas.
É nEle, e somente nEle, que nosso espírito pode estar em paz e em conformidade com tudo o que foi planejado por Deus para que seja o nosso espírito, assim como tudo o que ele deve ter e fazer.
Por isso se diz que fora de Cristo o espírito do  homem está morto, e sujeito ao pleno domínio de delitos e pecados.
A Igreja não guarda portanto mais o sábado da Lei, nos termos do Antigo Testamento, porque Cristo se tornou o nosso sábado, em quem somos chamados a descansar e adorar, obrigatoriamente, não mais apenas num dia de descanso dentre seis de trabalho, mas durante todos os dias de nossas vidas, porque é dito que temos entrado no descanso de Deus, que é Cristo.
E este descanso se projeta no futuro porque assim como Deus descansou depois de ter concluído a obra da criação nos seis dias citados em Gênesis, os cristãos também entrarão no descanso deles depois de terem trabalhado para o Senhor aqui na terra.
Não haveria do que descansarmos se não tivéssemos feito nenhum trabalho e se não sofrêssemos nenhuma aflição e tribulação neste mundo.
O céu é o refúgio e pousada final onde poderemos encontrar repouso para as nossas canseiras e diligência em prol do evangelho.
E para tal diligência é absolutamente essencial a separação de alma e espírito, juntas e medulas, que é operada pela Palavra de Deus, a qual é também apta para discernir os pensamentos e intenções do coração (verso 12).
Desta maneira, a própria Palavra sempre colocará a descoberto aos olhos do Senhor qual é a nossa verdadeira condição perante Ele, porque separa não somente alma e espírito, como é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração; de modo que nenhuma criatura pode se esconder dos olhos do Senhor, que pela Sua onisciência e onipresença conhece todas as coisas de modo patente e nu, para que todos compareçamos perante Ele no dia do juízo para julgar com perfeição todas as nossas intenções e obras (v. 12,13).
A espada aqui referida no texto de Hb 4.12 é uma alusão à que era usada pelo sumo sacerdote para dividir o holocausto em partes. Esta espada representa a Palavra que é usada por Cristo através do trabalho do Espírito Santo para separar espírito e alma nos cristãos, de maneira que possam ser verdadeiramente espirituais.
Esta passagem notável em Hebreus 4.12 apresenta a clara distinção entre alma e espírito, a necessidade da separação de um do outro de forma que, como dissemos antes e voltamos a repetir, o cristão possa se tornar um homem verdadeiramente espiritual, enquanto andando de acordo com Deus no espírito (I Pedro 4.6).
Ninguém e nenhum poder conseguirão fazer este trabalho de separação entre alma e espírito, senão a Palavra de Deus e o Espírito Santo, de maneira que o homem possa discernir e ficar livre do governo da alma que deve ser trocado pelo do espírito.
A Palavra de Deus é a espada de dois gumes, que mata tudo o que é da velha criatura, mas deve ter um agente que a utilize, e este é o Espírito Santo.
Ao citar também a separação entre juntas e medulas, o autor de Hebreus marca que este trabalho de separação também  ajuda a discernir as operações dos sentidos do corpo, para distingui-las como sendo ou não propriamente o resultado das operações produzidas pelo espírito debaixo da influência do Espírito Santo.





Heb 4:1 Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado.
Heb 4:2 Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.
Heb 4:3 Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo.
Heb 4:4 Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.
Heb 4:5 E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.
Heb 4:6 Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas,
Heb 4:7 de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.
Heb 4:8 Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia.
Heb 4:9 Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.
Heb 4:10 Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.
Heb 4:11 Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.
Heb 4:12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.
Heb 4:13 E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.
Heb 4:14  Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
Heb 4:15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
Heb 4:16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.






Hebreus 5

Jesus é Sumo Sacerdote Eterno (Hebreus 5)

A força do argumento apresentado no capítulo anterior é reforçada e confirmada neste capitulo pela verdade de que nenhum sacerdote é chamado por Deus para interceder por pessoas perfeitas mas por aqueles que são tentados e que se encontram rodeados de fraqueza inclusive em si mesmos.
De maneira que o próprio Jesus foi aperfeiçoado para o Seu ministério sumo sacerdotal, pelas coisas que Ele experimentou tanto em tentações quanto em fraquezas relativas à Sua natureza humana, para que pudesse interceder eficazmente pelos homens, cuja condição natural é de fragilidade diante de Deus.
A força de Jesus em Seu ministério terreno, estava no Espírito Santo, porque Ele se esvaziou a Si mesmo e tudo fez pelo poder e eficácia do Espírito.
Deste modo, todo cristão negligente não poderá agradar a Deus quanto ao seu comportamento, ainda que não possa ser mais reprovado de uma maneira final, que seja para condenação eterna, por causa de ter sido, remido, justificado e regenerado em Cristo Jesus.
Um grande encorajamento para qualquer cristão que esteja passando por aflições é o fato de saber que o próprio Cristo passou por estas aflições e foi ouvido pelo Pai em Seus clamores e lágrimas, por causa das coisas que sofreu, para obter livramento,  como se vê no verso 7 deste quinto capítulo de Hebreus.
“O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.” (v. 7).
Do mesmo modo o cristão que ora e confia em Deus será ouvido em suas aflições, imitando o exemplo que o Seu Mestre lhe deixou em Seu ministério terreno.
Os cristãos judeus queriam se poupar, não se exporem por amor a Cristo, e assim não estavam fazendo progresso na fé, e por isso foram repreendidos pelo autor de Hebreus quanto à negligência com que estavam vivendo em relação ao evangelho.

Eles já deveriam ser, pelo tempo decorrido de convertidos, mestres exemplares de uma vida espiritual madura com Deus, mas ainda se encontravam no estágio de infância da fé, e não podiam portanto dar tal testemunho.
Eles não haviam se aplicado a darem ouvidos e a praticarem a Palavra que lhes havia sido pregada, e esta era a razão de não estarem fazendo progresso na sua santificação.
Logo, a fraqueza deles não era uma fraqueza natural, mas uma fraqueza pecaminosa, porque consistia em serem negligentes e desobedientes para com a verdade revelada por Deus por meio de Jesus Cristo, cujo sacerdócio não era da ordem arônica, mas segundo a ordem de Melquisedeque, isto é, com uma nova lei sacerdotal que eles deveriam aprender e se aplicar à mesma, porque é sumo sacerdote de uma Nova Aliança inaugurada no Seu sangue.
Abandonar a graça de Cristo e tentar ser aperfeiçoado pelo próprio esforço em meramente cumprir a Lei, é na verdade um  esforço para aperfeiçoar o velho homem, que não pode de maneira alguma agradar ou  fazer a vontade de Deus, porque a carne não está sujeita nem a Deus, nem à Sua lei.
Trata-se portanto de um engodo, de uma farsa  espiritual, tentar fazer a vontade de Deus sem estar sujeito ao trabalho do Espírito Santo.
Se Cristo foi chamado pelo Pai para ser sumo sacerdote, então aqueles que estão afiliados a Ele são também sacerdotes, e devem cumprir o seu ofício em favor de todos os homens.
Os trajes do sumo sacerdote e os seus ofícios eram mais elevados do que o dos demais sacerdotes, e somente Ele podia entrar no Santo dos Santos para fazer expiação por todo o povo.
Nisto temos também uma ilustração do sumo sacerdócio de Cristo, porque seria mais elevado do que o dos demais sacerdotes, a, saber os cristãos, e somente Ele poderia fazer expiação pelo pecado de todos aqueles pelos quais intercede à direita do Pai.
Nós vemos portanto, que aquele sacerdócio do Antigo Testamento era apenas uma sombra e figura do sacerdócio de Cristo e dos cristãos na dispensação da graça.
É dito nos três primeiros versículos deste quinto capitulo de Hebreus que o sumo sacerdote é elevado dentre os homens para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados, e para se compadecer dos ignorantes e errados, e também para interceder pelos pecadores e fazer oferta pelos pecados.
Caso não houvesse portanto, pecado, não haveria necessidade de um sumo sacerdote.
A Lei ensinava isto em figura com o sumo sacerdócio araônico, só que aqueles estavam rodeados de fraquezas e ofereciam dons e intercessões por si mesmos, mas tal não é o caso de Cristo que não tem nenhuma fraqueza ou pecado.
Assim, os dons que Cristo ofereceu para a nossa aceitação, dentre tantos, contam-se principalmente, o Seu próprio sacrifício na cruz, e o dom do Espírito Santo, para que pudéssemos ser justificados, regenerados e santificados, de maneira que sendo aperfeiçoados possamos nos aproximar de Deus.
Então a oferta dos dons e intercessões, sumo sacerdotais, têm em vista o nosso aperfeiçoamento espiritual em santidade, de maneira a sermos aceitos, e não são portanto, somente meios de expiação do pecado, e pedidos em favor dos pecadores, mas sobretudo meios eficazes para a transformação deles nas pessoas santas que devem ser para que possam ter comunhão com Deus.
A súmula disto é que não conseguiríamos atingir tal santidade se Deus não nos tivesse provido de um tal sumo sacerdote como Cristo.
Por isso o autor de Hebreus diz que nos convinha um tal sumo sacerdote como Ele, porque pelo ofício sumo sacerdotal da Lei no Antigo Testamento, ninguém podia ser aperfeiçoado em santidade.
Por isso  nosso Senhor não foi contado como sendo da ordem de Arão, mas de Melquisedeque, que era sumo sacerdote de Deus, e não o era por sucessão arônica, mas do  qual não se  tem referência sequer de sua descendência terrena.
Ninguém além de Jesus poderia ter a paciência necessária para suportar nossas falhas e pecados, enquanto executa o Seu trabalho da nossa santificação. Sem esta capacitação e paciência do Senhor, não seria possível tal trabalho porque falhamos em muitas coisas, e o pecado nos assedia sempre de muito perto.
Se nosso sumo sacerdote não contivesse sua ira contra o pecado, nós seríamos reduzidos a cinzas, mas esta Sua completa longanimidade não permite que haja excesso na Sua indignação contra as nossas fraquezas, de maneira que não somos rejeitados, se o temos por nosso intercessor.
Assim, como o nosso sumo sacerdote, Jesus, não leva tão alto a provocação relativa ao pecado e à ignorância do Seu povo, de igual maneira todos os Seus ministros são chamados a serem longânimos para com todos, em razão da fragilidade da natureza humana, porque Cristo não morreu por justos, mas por injustos que estão sendo aperfeiçoados na justiça.
 Nosso zelo exagerado pode não apagar a manifestação do Espírito Santo na Igreja, mas pode produzir muitas feridas naqueles que já se encontram feridos e necessitam não de serem ainda mais feridos, mas ajudados.
Por isso era exigido dos sumos sacerdotes terrenos, na antiga aliança, que estivessem conscientes de suas próprias fraquezas, de maneira  que tivessem compaixão dos pecadores pelos quais intercederiam.
Esta qualificação é exigida dos ministros de Cristo, dos quais aqueles sacerdotes do Antigo Testamento eram um tipo neste particular do trabalho que devem fazer para aproximarem de Deus as pessoas que se encontram rodeadas de fraquezas.
Por isso é necessário que sejamos aperfeiçoados nas coisas que sofreremos, assim como o próprio Cristo foi aperfeiçoado em sofrimentos para que pudesse se compadecer de nossas fraquezas.
Este aperfeiçoamento tem a ver com a nossa maturidade, que é o que faz com que  nos aproximemos cada vez mais do padrão de vida do próprio Deus.
A indolência em ouvir e reter a Palavra pregada, para ser praticada fez com que os cristãos hebreus tivessem grande dificuldade para entenderem as coisas sobre as quais o apóstolo estava lhes recordando acerca do ministério sumo sacerdotal de Cristo e do descanso que Ele próprio se tornou para o Seu povo, e sobre o modo de como entrar e permanecer neste descanso pela fé.
Como quase como suspirando em desalento diante do endurecimento a que seus leitores haviam chegado,  o  autor desta epístola desabafou nos versos 11 a 14, e, lamentou a presente condição deles de falta de progresso na fé.
Então, o autor de Hebreus disse aos seus leitores que pelo tempo decorrido no evangelho eles deveriam ser mestres, isto é, instrutores de ignorantes da vontade de Deus, e não serem eles próprios tais pessoas ignorantes de tal vontade.
Além disso, já deveriam ser cristãos maduros que se alimentam de coisas sólidas relativas à verdade, e não meramente de leite, porque era o que podiam suportar por serem como meninos na fé, cristãos carnais, sem o devido crescimento no conhecimento de Deus, por experiência pessoal com Ele, no aumento das graças e da fé na própria vida deles.
As coisas que  ferem facilmente um bebê não  podem ferir quem seja  adulto.
Melindres operados por amor ao ego impedirão facilmente qualquer cristão de cumprir o seu  ministério.
Pequenas coisas podem aborrecer e imobilizarem uma criança a ponto  de não poderem obedecer e procederem adequadamente.
E o mesmo sucede no mundo espiritual em relação aos cristãos que são bebês na fé, apesar de serem velhos na igreja.

Heb 5:1 Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados,
Heb 5:2 e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas.
Heb 5:3 E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo.
Heb 5:4 Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.
Heb 5:5 Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei;
Heb 5:6 como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Heb 5:7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade,
Heb 5:8 embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu
Heb 5:9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem,
Heb 5:10 tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Heb 5:11  A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir.
Heb 5:12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não d
Heb 5:13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança.
Heb 5:14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.






Hebreus 6

A Segurança da Salvação e o Perigo da Apostasia (Hebreus 6)

Este sexto capítulo é introduzido com a partícula conclusiva dió, que no  original grego significa, “por isso”, “em razão disso”, “desta maneira”, ou seja, ele iria passar a descrever verdades que se apoiavam em  tudo quanto ele havia dito anteriormente.
Como a dizer:  “Bem, já que Cristo é tudo o que acabamos de afirmar, sendo Ele  próprio a razão, o princípio,  o fundamento e tudo  o mais que se refere ao cumprimento do propósito de Deus nos cristãos, então, o que podemos concluir é o seguinte:”  
Vocês não  fizeram progresso rumo à maturidade espiritual em Cristo, de modo que estão até mesmo  necessitando que os rudimentos da fé (doutrinas relacionadas nos versos 1 e 2) sejam de novo ensinados a vocês, mas não farei isto agora, mas em outra ocasião caso Deus permita.
Não é o caso de concentrarmos nossa atenção  nos rudimentos da fé, neste momento, lhes convocando a  um novo  arrependimento para a conversão, para a regeneração, para impor-lhes as mãos para receberem os dons e o poder do  Espírito Santo, lhes ministrar acerca do juízo vindouro e da ressurreição dos mortos, porque não é o caso, e não é isto o de que têm necessidade nesta hora, em razão da condição em que vocês se encontram.
Confiando na carne e se aperfeiçoando na carne, como poderão estar aptos a recepcionarem tudo aquilo que se refere à nova vida no Espírito Santo?
Tudo quanto necessitam é despertarem primeiro para a necessidade de se voltarem mais uma vez para Cristo, e se unirem a Ele em espírito, não para nascerem de novo e serem purificados, porque isto já ocorreu no passado e vocês foram lavados pela Palavra que lhes foi pregada.
Vocês precisam de crescimento espiritual.
 Precisam olhar mais uma vez para o Cristo crucificado, e se verem também crucificados com Ele, para viverem ressuscitados  em  novidade de vida.”
É por isso que na primeira parte deste sexto capítulo, o autor afirma a sua determinação de se aprofundar neste momento em tratar do assunto da apostasia deles, e não se ater aos rudimentos da fé que ele lhes havia ensinado, e que por ora, deixaria de lado por um tempo para poder se concentrar no tratamento que eles estavam necessitando.
Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito” do verso 1, se refere à vocação imposta por Deus a todos os cristãos de crescerem na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura de varão perfeito.
Não que eles chegarão ao estado de perfeição moral absoluta sem pecado enquanto estiverem neste mundo, mas que devem chegar à perfeição espiritual, à plenitude do desenvolvimento das suas faculdades, para poderem discernir tanto o bem quanto o mal, o que é possível somente para aqueles que chegaram à plenitude do seu amadurecimento espiritual, de maneira a estarem aptos a darem um correto e adequado testemunho da verdade, no poder do Espírito (Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor 13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 2.6; 4.12; II Tim 3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4).
Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a santidade no crescimento da graça e do conhecimento de Jesus Cristo (II Cor 7.1; Ef 4.12; Hb 13.21; I Pe 5.10).
Do mesmo modo que há uma perfeição a ser esperada no porvir que é total e absoluta, sem qualquer pecado, há também uma perfeição que é para ser buscada e atingida enquanto ainda estamos neste mundo e que se refere ao nosso amadurecimento espiritual pelo crescimento progressivo em santificação até atingir tal medida de perfeição que foi proposta por Deus aos cristãos, e conforme foi exigida ao próprio Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito.” (Gën 17.1).
Na parte final do capítulo anterior,  o autor afirma que tinha muitas coisas a dizer aos seus leitores, que eram difíceis de serem explicadas, não propriamente pela natureza da dificuldade delas, mas porque eles não haviam crescido espiritualmente, de modo a poderem entendê-las.
Pelo tempo que eles tinham de cristãos, caso estivessem se aplicando à prática da Palavra, eles teriam suas faculdades exercitadas de modo a poderem discernir o significado da vida  cristã (v. 14).
Seria necessário demonstrar àqueles cristãos judeus que o sacerdócio e sacrifício de Jesus configuravam o fundamento da salvação deles, mas havia uma grande dificuldade para entenderem que o sacerdócio e os sacrifícios arônicos passariam, conforme lhes diria o autor de Hebreus, porque o templo ainda devia estar de pé por ocasião da escrita da epístola, com todos os seus serviços ativados.
No entendimento deles, como poderia ser possível agradar a Deus sem oferecer os sacrifícios de animais que Ele mesmo havia ordenado em Sua Lei?
Como deixar a guarda do dia de sábado, substituindo-o pelo domingo?
Como deixar todas as demais prescrições cerimoniais da Lei de lado?
Parece que até antes da escrita desta epístola, os hebreus não haviam sido convencidos suficientemente que havia sido dado um fim absoluto a todas as instituições mosaicas, desde que a Nova Aliança entrou em vigor, apesar do fato de o templo ainda estar de pé e a quase totalidade dos judeus ter rejeitado a Cristo, permanecendo debaixo das tradições do judaísmo.
Os cristãos hebreus tinham muito do que se arrepender, porque estavam colocando a confiança deles, para a salvação de suas almas, em muitas coisas, até no próprio arrependimento em relação ao pecado, mas só que fora de Cristo.
Eles não conseguiam ainda entender de que modo absoluto o perdão dos nossos pecados é dependente de Cristo e da obra que ele realizou em nosso favor como Sacrifício e Sacerdote.
A palavra de alerta em seqüência a Hb 6.4-6, nos versos 7 e 8 é também muito interessante para descrever o estado em que se encontrava a quase totalidade dos destinatários da epístola.
Eles eram qual terra que havia recebido e absorvido a chuva da graça de Deus sobre suas vidas, só que em vez de crescerem, e darem bons frutos, estavam produzindo espinhos e abrolhos.
É isto o que acontece quando o cristão pára de se santificar.
Ele vai produzir as obras da carne em vez do fruto do Espírito.
Os espinhos amargosos e venenosos das práticas do mundo. E esta não é uma condição para ser abençoada por Deus. Ao contrário é uma posição para ser sujeitado à sua correção e disciplina.
A seqüência imediata no verso 9, é muito elucidativa, como o “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação,”, isto porque em sendo eles verdadeiros cristãos, certamente poderiam dar frutos para Deus em Jesus Cristo, conforme o Seu santo propósito determinado antes da fundação do mundo, porque fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus preparou de antemão.
Os cristãos hebreus, num certo sentido, haviam apostatado da fé. Eles estavam virando as costas a Cristo e estavam renunciando à graça que lhes havia salvado por um retorno ao cerimonialismo da lei de Moisés, e às tradições desviadas da verdade, do judaísmo.
E no entanto, nós vemos o Espírito Santo estendendo a mão a eles, chamando-lhes a um renovado arrependimento, não para a justificação e regeneração, mas pelos seus pecados presentes, de modo a que pudessem retomar à carreira espiritual em que estavam inscritos.
Isto não é uma clara demonstração da possibilidade de reconciliação de cristãos desviados?
A misericórdia de Deus nunca se apartará daqueles aos quais recebeu como filhos, por meio da fé em Cristo Jesus.
Por isso o autor de Hebreus estava procurando incitá-los a despertar do sono espiritual, e a abrirem os seus olhos que se encontravam fechados pelas trevas do legalismo, a comprarem ouro espiritual refinado no Senhor para serem santificados e enriquecidos pela verdade da Sua Palavra revelada aos apóstolos.
É por isso que nós encontramos exortações ao longo de toda a epístola para que eles se apegassem à verdade que havia sido dada aos santos de uma vez por todas.
O doreas = dom, presente; epouraniou = celestial, de Hb 6.4, se refere ao Espírito Santo, porque Ele é o dom da Nova Aliança, prometido por Cristo aos cristãos.
O autor de Hebreus afirma que seria impossível renovar para arrependimento aqueles que receberam o Espírito Santo como um dom e que se tornaram participantes dEle, e  que caíram definitivamente, numa queda final, tal como Judas.
Eles já haviam estado  sob a influência do Espírito Santo, mas não permitiram serem transformados por Ele em novas criaturas.
Não haviam entrado no  descanso de Deus por causa da incredulidade, ou seja, porque não eram possuidores da fé que salva.
Como seria possível então renovar aquilo que nunca havia sido tornado novo e que permaneceu  sendo como o vinho velho no odre velho?
Como reavivar o que nunca foi avivado?
Se quando aparentavam  estar ligados a Cristo já se encontravam em  perdição,  como então poderiam  ser salvos depois  de terem profanado e calcado sob os seus pés o sangue da  aliança?
O verbo renovar usado em Hebreus 6.6, é oriundo da palavra composta grega, anakaínos, onde aná, é a preposição outra vez, e kainós,  o adjetivo novo. Significando literalmente “tornar novo outra vez”.
Vale lembrar que tal adjetivo kainós é usado em várias passagens do Novo Testamento, inclusive no uso que nosso Senhor fez da mesma no evangelho quando se referiu a vinho novo e odres novos.
E o  substantivo arrependimento na mesma passagem, é oriundo da palavra grega metanóia, a qual é sempre usada no Novo Testamento para arrependimento, e  que significa literalmente transformação de mente.
Assim, não há aqui uma referência a perda de salvação, mas a indicação de uma impossibilidade de tornar novo  outra  vez para uma transformação de mente.
Ou seja, a de regenerar, de produzir o novo  nascimento do Espírito, ou seja, de que alguém se converta de fato a Deus.
E quem são estes dos quais se diz que seria impossível que se convertessem a Deus?
São os que são designados pelo verbo grego  parapípto, que significa os que se afastaram, que apostataram.
É dito que eles, ao  caírem,  ou seja, ao apostatarem, estavam crucificando mais uma vez o Senhor e o expondo à ignomínia, ou seja, eles já o haviam feito anteriormente com a falsa profissão de fé deles, e agora, com a sua apostasia consumada.
Ao  dizer que eles estavam  crucificando  o Senhor mais uma vez para si mesmos, o sentido  aqui é o de que como se afirmassem que  de nada serviu para eles o ter nosso  Senhor ter morrido na cruz, e estariam como que exigindo dEle um  novo sacrifício.
Paulo falou relativamente aos cristãos gálatas, de um decaimento da graça por estarem confiando na Lei para serem justificados. Mas de modo nenhum, se tratava de uma queda para uma perdição final. Eles seriam restaurados à comunhão  com o Senhor pela Palavra de exortação que lhes fora dirigida pelo apóstolo a permanecerem na fé e na graça.
Se fosse possível um genuíno eleito justificado e regenerado cair definitivamente da graça, perdendo a condição de filho de Deus, que havia recebido anteriormente, então não seria realmente possível trazê-lo de novo a esta condição porque isto demandaria uma nova justificação e regeneração, e estes são atos únicos que ocorrem uma só vez e para sempre na vida daqueles que alcançaram a salvação.
Quanto aos apóstatas, nada foi dito pelo autor de Hebreus quanto a terem nascido de novo, não da vontade do homem nem da carne, senão o que se lê nos versos 7 e 8 que eles são como  um tipo de solo que absorve a chuva freqüentemente, não para produzir erva útil, mas para produzir espinhos e abrolhos, e por isso é rejeitado e perto está da maldição, e o seu fim é o de ser queimado.
Como tais palavras poderiam ser aplicadas a verdadeiros cristãos?
É por isso que o  autor de Hebreus prossegue o seu discurso fazendo uma distinção clara entre estes apóstatas e os verdadeiros cristãos, dos quais somente se pode esperar as coisas melhores relativas à salvação.
 Deus fez uma aliança eterna com os cristãos, e prometeu isto desde os dias dos profetas, e o prometeu especialmente a Davi.
Sendo eterna não pode ser anulada.
E como aliança em seu caráter matrimonial onde Ele é o esposo, e a igreja a noiva, o que se requer então dos aliançados é que eles sejam fiéis.
Deus sempre será fiel porque não pode se negar a si mesmo.
Todavia, os cristãos, por causa do resquício de corrupções que remanescem na natureza terrena, são exortados a serem fiéis em tudo durante a sua peregrinação terrena, porque, tal casamento, do Criador com a criatura, requer isto.
Deus continuará amando seus filhos adúlteros, mas os sujeitará à disciplina da aliança.
Ele não os repudiará porque tem prometido manter o compromisso por toda a eternidade.
Diante de tal caráter imutável da promessa que Ele fez, não resta aos aliançados senão a alternativa de serem também fiéis, de modo que se viva de modo agradável Àquele com os quais se aliançaram numa união de amor indissolúvel e eterno.
O que o autor de Hebreus desejava de fato expor àqueles cristãos que estavam abandonando o seu primeiro amor é o que lemos nos versos 11 e 12:
“11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;
12  para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.”.
Ele marcou portanto, a necessidade de diligência em santificação para o crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, porque esta é a única maneira de se ter a plena certeza da esperança da salvação.
Veja: a certeza da salvação, e não a salvação propriamente dita (v. 11).
E tal diligência não tem em vista somente a certeza da salvação, mas também e principalmente conduzir a um modo de vida digno da vocação a que o cristão foi chamado por Deus, que é pela fé e longanimidade (v. 12).
Por conseguinte, ele reforçou estes argumentos detalhando em qual base segura se alicerça a salvação dos cristãos, nos versos 13 a 20.
A esperança da nossa salvação é referida pelo autor de Hebreus  como sendo uma âncora da nossa alma, que a manterá segura e firme por toda a eternidade, porque esta âncora está firmada no Santo dos Santos, além do véu, onde Jesus entrou, e nos mantém ancorados como o grande sumo sacerdote da nossa fé,  de maneira que não podemos ser movidos da nossa união com Ele.
A nossa salvação não  é baseada num pacto ou aliança da Lei ou obras, mas num pacto, ou seja, numa aliança de pura graça, do Espírito Santo.
É  bom lembrarmos sempre que neste sexto capítulo de Hebreus é afirmada a imutabilidade da promessa da salvação, que Deus fez a Abraão quando lhe preanunciou o evangelho, dizendo que no seu descendente que é Cristo seriam abençoadas todas as nações da terra, e para confirmar tal imutabilidade do Seu propósito de salvar com segurança eterna os aliançados com Cristo pela fé, o fez jurando por Si mesmo.
Reparem que ele quase se retrata no verso 9: “ainda que falamos desta maneira”, isto é, falando de uma ameaça de inferno para quem cai definitivamente da graça. Mas para reparar qualquer mal entendido da parte dos seus destinatários, pensando que poderia estar se dirigindo a autênticos filhos de Deus, disse no mesmo verso que estava persuadido em relação a eles das coisas que são melhores e pertencentes à salvação.
Ele disse que estava persuadido quanto à segurança da salvação deles. Ele sabia que eles eram filhos de Deus, e que portanto, a condição de apostasia final a que havia se referido não era aplicável a eles.
E acrescentou um argumento para esta sua persuasão: eles haviam dado mostras anteriormente da genuinidade da sua fé através das boas obras, e Deus estava amarrado ao compromisso de dar-lhes a recompensa prometida ao fruto da fé deles, e certamente, isto não poderia ser feito de modo algum no inferno.
Israel, apesar de ser o povo da aliança com Deus no Velho Testamento, tinha um grande contingente de apóstatas.
 Eles haviam desperdiçado toda a disponibilidade da graça de Deus que caía sobre eles como a chuva que cai do céu.
Os israelitas negligenciaram a fé, o amor e a misericórdia, e como poderiam dar os frutos esperados por Deus?
A palavra de Deus e o derramar do Espírito Santo são comparados à chuva que desce do céu para amolecer e fertilizar os corações dos homens.
O que se pode esperar que seja feito por Deus ao solo do coração que recebendo continuamente esta chuva, nunca chega a produzir bons frutos?
O coração deve ser preparado para a recepção da graça do evangelho.
Um coração endurecido não permitirá ser penetrado por esta doutrina celestial que é apropriada para corações de carne, e não para corações de pedra.
Porque  na promessa da Nova Aliança Deus disse que trocaria o coração de pedra por um novo coração de carne.
Daí a importância do arrependimento, do quebrantamento, da humilhação perante Deus, para que Ele opere no nosso novo coração recebido dEle pela fé em Cristo.
De nos apresentarmos diante dele como aquilo que somos de fato, a saber, pobres de espírito, e inteiramente necessitados da Sua graça, e reconhecermos que somos pecadores necessitados do Seu perdão, e assim, vazios de nós mesmos, a chuva celestial poderá encharcar a nossa terra e torná-la apta a gerar e a sustentar o crescimento de todas as plantas espirituais relativas à graça de Deus.
 Os israelitas estiveram debaixo da boa doutrina, Deus lhes deu a lei por meio de Moisés, e lhes enviou a Sua Palavra pelos profetas. A chuva que caiu sobre eles era boa chuva. Não era chuva sulfúrica. Mas o solo infértil dos seus corações endurecidos não fez um bom uso daquela chuva que Deus enviou sobre eles.
Na consideração da terra que seria amaldiçoada e queimada e rejeitada, como citado em Hb 6.8, deve-se também ter em conta que é dito que continuamente ela recebeu a chuva que Deus enviou sobre ela, e no entanto não permitiu que aquela chuva a tornasse útil para os propósitos do Senhor.
Nós vemos aqui esta longanimidade e graça divinas, sendo aplicadas antes do juízo de destruição.
É isto o que acontece na prática em relação às pessoas que não permitem o trabalho da graça em seus corações endurecidos.
Elas poderiam permitir serem penetradas pela graça, tal como a água da chuva que penetra nos solos permeáveis, mas, no entanto, não permitem este trabalho, e permanecem no endurecimento que por fim ocasionará a destruição delas.
A prova disto está no fato de Deus afirmar que não tem prazer na morte do ímpio, antes que ele se converta e viva (Ez 18.23; 33.11).
O que é reafirmado pelo apóstolo Paulo quando diz em I Tim 2.4 que Deus “quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”.

Os dias do evangelho, a dispensação da graça, são o tempo do reino da paciência ou perseverança (hipomoné) em Jesus Cristo (Apo 1.9; 3.10; 13.10).
Porque este momento não é apenas o tempo do reinado do Senhor como também o tempo da paciência dEle. Deus está sendo paciente e longânimo para com todos os pecadores na presente dispensação da graça, e os Seus filhos devem seguir os Seus passos.
Abraão é fixado como exemplo e marco da fé. E por isso é citado neste sexto capitulo.  Quantas vezes o povo de Deus fracassou no Antigo Testamento, e quantas vezes a igreja parecia definhar no mundo ao longo da sua história de dois milênios, entretanto ela prosseguirá adiante porque as portas do inferno não  poderão prevalecer contra ela, porque Deus fez promessas relativas aos cristãos desde Abraão, e elas serão cabalmente cumpridas, a par de toda forma de oposição e dificuldades, e isto deve servir para animar a fé dos cristãos a perseverarem e nunca desfalecerem.
Nenhuma promessa de Deus falhará, e não deixará de ter o devido efeito.
E para mostrar a imutabilidade da promessa e de que não a revogaria de modo algum, e isto se aplica especialmente à adoção dos eleitos como Seus filhos, pois prometeu a Abraão que no Seu descendente que é Cristo, seriam benditas todas as nações da terra, isto é, todos estes que estão em Cristo são abençoados, porque são resgatados da maldição para serem adotados na família de Deus como Seus filhos, e a promessa foi feita com a interposição de um juramento divino, tendo Deus jurado por Si mesmo, mostrando que jurou no grau mais elevado que existe, porque não há nada mais elevado do que Ele próprio.
Então o sentido aqui é que Ele deixaria de ser Deus (caso isto fosse possível) se deixasse de cumprir o que prometeu a Abraão em relação à descendência que formaria a partir dele, tanto a natural (a nação israelita contada na descendência de Jacó, neto de Abraão) quanto a espiritual (os eleitos que são justificados e regenerados por causa da fé em Cristo) (Gên 22.15-18).
E se Deus fez a promessa isto não é para ser discutido, mas recebido pela fé. Se entre os homens o juramento põe fim à discussão sobre qualquer demanda, muito mais temos razão para entender que o juramento que Deus fez quando fez a promessa a Abraão, põe um ponto final logo de início em toda a discussão possível se a salvação é pela graça ou pelas obras, porque se é pela promessa, é evidente que é por pura graça.
E também que é segura, porque Deus jurou que a daria aos que estivessem ligados pela fé a Cristo. O próprio Deus então é quem assegura esta salvação e não os nossos méritos e capacidade (Rom 9.8; Gál 3.18).
Foi exatamente para mostrar aos herdeiros da promessa da salvação (os cristãos) de que eles seriam realmente salvos em Cristo, e que deveriam descansar quanto a esta verdade, Deus, para mostrar a imutabilidade deste Seu propósito se interpôs com um juramento.
Se Deus jurou fazer é porque Ele de fato não voltará atrás no propósito sobre o qual jurou, em nenhum tempo. Então não serão as perplexidades, as fraquezas, as tristezas, os sofrimentos e tudo o mais que os cristãos possam sofrer em sua caminhada terrena, que poderá lhes tirar esta salvação que foi prometida por juramento e que eles alcançaram pela fé em Jesus.
A imutabilidade deste propósito divino foi evidenciada por duas coisas imutáveis, a saber: a promessa (primeira coisa) e o juramento que Ele fez (segunda coisa). A promessa já seria suficiente, mas foi reforçada com um juramento para que não houvesse nenhuma dúvida quanto à segurança de recebermos e mantermos para sempre aquilo que Deus nos prometeu, a saber, sermos herdeiros juntamente com Cristo.
O autor de Hebreus afirma que na condição de eleitos, que já haviam corrido para o refúgio que nos livra da condenação vindoura, que é Cristo, tenhamos um forte alento (consolo) em face de todas as perseguições e oposições que possamos sofrer neste mundo, ou em face de todas as nossas próprias fraquezas, porque é impossível que Deus minta quanto ao que prometeu e nem quanto ao que jurou.
Deus nos propôs esta salvação por pura graça, por promessa, e pela fé os cristãos lançaram mão dela, isto é, se apropriaram da promessa e da graça que lhes foi oferecida em Cristo pela esperança de serem santos assim como Ele é santo, e de serem co-herdeiros com Ele no céu.

E a natureza desta firmeza é comparada a uma âncora, que nos segura firmemente. E a segurança e firmeza não são propriamente nossas, nem da nossa fé, mas desta âncora que é a promessa e o juramento feito por Deus.
É nisto que somos ancorados. É isto que nos garante o céu, porque esta promessa e juramento penetraram o véu não propriamente por nossos esforços, mas juntamente com Cristo, que é o Sumo Sacerdote da nossa fé que entrou no Santo dos Santos para fazer uma eterna propiciação pelos nossos pecados com o Seu próprio sangue.
Então a promessa e o juramento estão ancorados no sacerdócio e no sacrifício de Jesus e não em nós mesmos, de maneira que não vacilemos ou duvidemos do seu cumprimento, porque não estão firmadas em nós que estamos rodeados de muitas fraquezas, mas no próprio Cristo que não tem qualquer fraqueza, antes é Todo Poderoso.
E os cristãos podem também penetrar além do véu porque Jesus, o precursor deles está lá intercedendo por eles.
E quanto à certeza da esperança da salvação  é dito no verso 19 (“a qual” = esperança proposta) que ela é como uma âncora firme e segura da alma, porque entra até o interior do véu, onde Jesus penetrou como precursor.
A esperança proposta referida pelo autor de Hebreus nada tem a ver com a noção comum de esperança que está relacionada a algo duvidoso, incerto, que flutua na expectativa do que será ou não o futuro, pois a esperança referida no texto conforme se verifica no contexto da epístola, tem a ver com confiança e não com incerteza.
Embora possam ser incluídas tais expectativas de todos os tipos na noção geral de esperança, contudo elas são totalmente excluídas da  natureza daquela graça da esperança que é recomendada a nós na Bíblia.
Porque  uma confiança firme em Deus para o desfrutar das coisas boas contidas nas Suas promessas, à época designada, eleva na alma um desejo sincero por elas e pela expectativa delas, com uma grande alegria por saber que são coisas prometidas, mas que são certas e seguras porque têm sido garantidas e prometidas não pelo homem, mas pelo próprio Deus, e com a confirmação de um juramento dEle.
A esperança é uma das graças da fé evangélica, que é infundida em nossos corações pelo Espírito Santo, e esta graça é tanto maior quanto mais crescemos na perseverança e na experiência da bondade de Deus para conosco em Cristo Jesus, como se vê em Romanos 5.4,5.
É dito que esta esperança é âncora da alma porque isto insinua que nossas almas estarão muitas vezes expostas às tempestades, e tensão de perigos espirituais, perseguições, aflições, tentações, temores, pecados e morte, que batem freqüentemente nelas, e então necessitamos de uma âncora que nos mantenha firmes em nossa posição a par de todas estas tempestades que sobrevêm sobre nós.
Por causa da violência destas tempestades há graus nelas que são mais urgentes do que outros, e assim elas tendem na própria natureza delas a trazer ruína e destruição.
 E é esta âncora o segredo da segurança das almas dos cristãos.
E se é esta âncora que nos segura firmemente, e se esta âncora não somos propriamente nós mesmos, devemos abandonar por completo a idéia de que somos os próprios agentes da firmeza e segurança da nossa salvação, senão a promessa de Deus que se cumpre em Cristo Jesus.
Esta âncora não está fixada no fundo do mar, mas no céu, onde Jesus penetrou como precursor. Ela penetrou além do véu, e o que é este véu? É o que fazia separação entre o Lugar Santo e o Santo dos Santos. E  o que estava além do véu era o Santo dos Santos no qual somente era admitida a presença do sumo sacerdote para fazer expiação por toda a nação de Israel, uma vez por ano.
Então isto indicava que este trabalho de expiação, não por mais um ano, mas por toda a eternidade deveria ser feito por um Sumo Sacerdote celestial, porque o trabalho dEle seria feito não no tabernáculo terreno, mas no celestial. E como se diz que Jesus foi feito sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque (v. 20), então isto pressupõe que a nossa salvação é também eterna, assim como o sacerdócio dEle é eterno.
É portanto uma salvação para durar para sempre, e quando isto começa a acontecer? No momento mesmo em que somos justificados e regenerados pela fé em Jesus no dia da nossa conversão, porque se diz que passamos desde então a ter uma firme e segura esperança, porque ela está ancorada no céu na pessoa do Sumo Sacerdote que garante a eternidade da nossa salvação.
E o que está dentro deste véu? Não uma arca com tábuas de pedra, nem querubins entalhados em madeira e ouro, mas o próprio Deus em Seu trono de graça e o Senhor Jesus Cristo à Sua destra em Seu trono, como Sumo Sacerdote da igreja. É aqui que reside a segurança da esperança da alma que é firme em todas as tempestades que possam nos sobrevir.
A esperança dos cristãos não está firmada nas coisas abaláveis da Antiga Aliança e que se encontravam no tabernáculo terreno, e que sendo apenas figura das coisas celestiais estavam prestes a desaparecer, como de fato desapareceram.
Todas aquelas coisas desapareceram porque agora podemos nos aproximar diretamente do Pai e do Filho no tabernáculo celestial, sem a necessidade de cumprir as prescrições de uma ordem de culto terreno que havia na Antiga Aliança.
E se Cristo não tivesse penetrado o céu depois de ter morrido e ressuscitado por nós, não haveria nenhum trono de graça e misericórdia no céu, porque isto não poderia ser dado aos pecadores sem uma obra de expiação do pecado.
O nome Jesus significa Salvador porque Ele foi dado para salvar o Seu povo dos pecados deles.
E Jesus salva os eleitos do poder do pecado, de Satanás, da morte e da condenação da lei.
Como Jesus entrou no céu como nosso precursor, então é nosso dever seguir os Seus passos quanto ao modo como Ele lá entrou, pois, no seu caso, esta entrada foi antecedida pela santidade e pela cruz, e estas duas partes essenciais do modo com que nosso precursor entrou na glória também se aplicam a nós.



Heb 6:1 Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-nos levar para o que é perfeito, não lançando, de novo, a base do arrependimento de obras mortas e da fé em Deus,
Heb 6:2 o ensino de batismos e da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno.
Heb 6:3 Isso faremos, se Deus permitir.
Heb 6:4 É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo,
Heb 6:5 e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro,
Heb 6:6 e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.
Heb 6:7 Porque a terra que absorve a chuva que freqüentemente cai sobre ela e produz erva útil para aqueles por quem é também cultivada recebe bênção da parte de Deus;
Heb 6:8 mas, se produz espinhos e abrolhos, é rejeitada e perto está da maldição; e o seu fim é ser queimada.
Heb 6:9 Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira.
Heb 6:10 Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos.
Heb 6:11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;
Heb 6:12 para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.
Heb 6:13 Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo,
Heb 6:14 dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei.
Heb 6:15 E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa.
Heb 6:16 Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia, para eles, é o fim de toda contenda.
Heb 6:17 Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento,
Heb 6:18 para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta;
Heb 6:19 a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu,
Heb 6:20 onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.






Hebreus 7

Jesus Inaugurou uma Melhor Aliança (Hebreus 7)

Se não houvesse pecado no mundo, não haveria necessidade de sacerdote.
Porque o sacerdócio foi instituído por Deus, para interceder em favor da aceitação dos pecadores por Ele.
De igual modo, não haveria também necessidade de sacrifício com derramamento de sangue, porque sem o sangue, o sacerdote não teria o que oferecer a Deus para que fosse coberto o pecado daqueles em favor dos quais ele deveria interceder.
Efetivamente, permanece culpado diante de Deus, todo aquele que não tiver a cobertura do seu pecado pelo sangue de Jesus, e que não esteja portanto debaixo da eficácia da sua intercessão sacerdotal, porque todos são pecadores, e somente podem ser resgatados da condenação eterna por meio da fé em Jesus Cristo.
Assim, foram dados a Israel tanto um sistema sacerdotal, quanto sacrificial, para servir de testemunho a todo o mundo, em todas as épocas, que a expiação do pecado demandaria tanto o exercício do sacerdócio, quanto da apresentação de sacrifícios cruentos como oferta pelo pecado.
Isto tinha o propósito pedagógico, na lei, de nos conduzir à aceitação de Cristo, como  o sacerdote e o sacrifício que efetivamente pode remover o pecado.
É sobre esta questão que o autor de Hebreus trata em toda a sua epístola, e especialmente  neste capítulo e nos dois seguintes ao mesmo.
Ele havia demonstrado no capítulo anterior que Jesus não era sacerdote num tabernáculo terreno, mas que realiza o Seu ofício sacerdotal eterno no tabernáculo celestial, no qual penetrou como precursor de todos os cristãos, aos quais tornou também sacerdócio real para Deus.
O sacerdócio arônico, ou seja segundo a descendência de Arão, era uma sombra, uma figura deste sacerdócio eterno de Cristo com os cristãos.
 Melquisedeque era rei e sacerdote e nisto era um tipo do reinado e do ofício sacerdotal eterno de Cristo.
E era rei da cidade de Salém, que significa paz, indicando que Jesus seria o Príncipe da paz.
O nome Melquisedeque, significa no hebraico, rei de justiça, indicando que o reino de Jesus é de justiça.
 Como houve mudança de sacerdócio com a Nova Aliança, então este novo sacerdócio de Cristo deveria estar debaixo de uma nova administração e regulamentação, com regras próprias para o seu funcionamento.
Daí se afirmar no verso 12 que quando se muda a ordem do sacerdócio, há necessariamente também mudança de Lei.
Ou seja, as bases da ministração deste sumo-sacerdote eterno que é Cristo, não são  as constantes para os sacerdotes que oficiavam debaixo da Antiga Aliança, segundo as prescrições para os sacerdotes previstas na Lei de Moisés, que deveriam apresentar sacrifícios de animais, para a expiação do pecado.
O ensino deste sumo-sacerdote da Nova Aliança requer uma justiça dos aliançados que exceda em muito a que  era requerida no Velho Testamento.
Por isso eles devem ser justificados pela graça, mediante a fé, para receberem a nova vida e natureza do Espírito Santo, de tal modo que vivam debaixo da direção, instrução e poder do Espírito, para que vivam em amor tanto em relação a Deus, quanto aos seus irmãos na fé.
Eles devem permanecer ligados em espírito ao seu sumo-sacerdote, que é Cristo, por se auto-negarem, por crucificarem o ego pelo carregar diário da cruz, e por uma estrita obediência e submissão a Cristo, seguindo-O em toda e qualquer circunstância.
Quando se diz que o sacerdócio de nosso Senhor é da ordem de Melquisedeque, não quer isto significar que  Jesus  é da descendência de Melquisedeque,  mas que o seu sumo-sacerdócio seria do mesmo tipo de Melquisedeque, que não era transmitido por descendência carnal, como era o caso  dos  sacerdotes  segundo a ordem de Arão, da tribo de Levi.
Esta mudança estava prevista nos planos de Deus porque o sacerdócio da primeira aliança não podia garantir a salvação e o aperfeiçoamento em santidade de ninguém, mas Cristo como Sumo Sacerdote, opera e garante tanto uma coisa quanto outra, para aqueles em favor dos quais intercede.
A Sua intercessão é operante e eficaz na transformação e confirmação das vidas daqueles que lhes dirigem suas petições, porque Ele não foi chamado para ocupar este ofício pelo Pai, através de direito de descendência natural, conforme ocorria com os sacerdotes da  Antiga Aliança, mas segundo a virtude da sua vida incorruptível, a saber, que é eterna, e que não pode passar, o que não ocorria com os sacerdotes do antigo pacto que eram impedidos de permanecerem no seu ofício por causa da morte.
Aqueles sacerdotes deveriam ser em grande número em razão de serem apenas homens mortais.
Mas Jesus é o fiador de uma melhor aliança com melhores promessas porque permanece para sempre e tem um sacerdócio eterno.
Desta forma ele pode salvar perfeitamente aqueles que se achegam a Deus, e vive eternamente para interceder por eles.
Além disso ele não era pecador como os demais sacerdotes. Ele era santo, inocente, imaculado, e mais sublime do que os próprios céus, que é também criação de Deus Pai, de Cristo e do Espírito Santo, de maneira que não foi gerado dentre os pecadores.
Não necessitava como os sumos sacerdotes do antigo pacto oferecer sacrifícios pelos Seus próprios pecados, como era o caso deles, porque Ele não tinha qualquer pecado.
E ainda, não necessitou apresentar várias ofertas continuamente como eles estavam obrigados a fazer, porque apresentou a Si mesmo como sacrifício por uma única vez, para ser tanto o Sacrifício como o Sacerdote pelos quais podemos ser perdoados de nossos pecados e nos tornarmos aceitáveis a Deus.
Os sacerdotes do Antigo Pacto eram homens fracos, imperfeitos, e eram constituídos em seus ofícios pela Lei de Moisés, mas Jesus foi constituído sumo sacerdote por uma palavra de juramento feita pelo Pai de que seria sacerdote para sempre (Sl 110.4).
Por causa de Cristo, a dispensação da graça é mais espiritual e eficaz que a dispensação da Lei, porque ninguém poderia ser salvo e aperfeiçoado pelos sacerdotes do Antigo Pacto, mas Cristo é poderoso tanto para salvar quanto para santificar o Seu povo.
Além disso, se aquela aliança foi temporária e revogada, a Nova Aliança que temos com Cristo é segura e eterna.
Em face destes argumentos, os cristãos hebreus não tinham porque continuarem dando maior valor aos sacerdotes da Antiga Aliança, do que a Cristo como sumo sacerdote eterno deles.
Todavia, para se ter a Cristo como sacerdote, é necessário ter fé nEle, de modo que nenhum israelita jamais foi ou poderá ser justificado, por meio da Lei de Moisés, e isto se aplica a qualquer pessoa, de qualquer nação, porque a salvação é operada somente pela fé em Cristo, em nossa associação com Ele, e por nada mais.



Heb 7:1  Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou,
Heb 7:2 para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz;
Heb 7:3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus ), permanece sacerdote perpetuamente.
Heb 7:4 Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.
Heb 7:5 Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão;
Heb 7:6 entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas.
Heb 7:7 Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior.
Heb 7:8 Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive.
Heb 7:9 E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão.
Heb 7:10 Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste.
Heb 7:11  Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico ( pois nele baseado o povo recebeu a lei ), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?
Heb 7:12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.
Heb 7:13 Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;
Heb 7:14 pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes.
Heb 7:15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
Heb 7:16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel.
Heb 7:17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Heb 7:18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade
Heb 7:19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
Heb 7:20 E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes,
Heb 7:21 mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre);
Heb 7:22 por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.
Heb 7:23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são impedidos pela morte de continuar;
Heb 7:24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável.
Heb 7:25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
Heb 7:26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus,
Heb 7:27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu.
Heb 7:28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito para sempre.




Hebreus 8

Só Há Perfeição Espiritual Pela Nova Aliança – Parte 1 (Hebreus 8)

Este capítulo é um prosseguimento dos argumentos apresentados no capitulo anterior quanto à evidente superioridade da Nova Aliança em relação à Antiga, por causa da excelência e superioridade da mediação de Cristo, conforme havia sido prometido por Deus desde o Antigo Testamento.
A razão de ser da Antiga Aliança era a Nova, porque se afirma que o fim da Lei é Cristo para a justiça de todo aquele que crê.
A Antiga Aliança foi instituída para nos conduzir a Cristo. Para que fôssemos instruídos acerca das coisas relativas ao Cristo prometido, que esmagaria a cabeça da serpente.
Quando esta epístola foi escrita, os sacerdotes de Israel ainda oficiavam no templo de Jerusalém, motivo pelo qual o autor de Hebreus afirmou que se Jesus estivesse na terra certamente não estaria no exercício do sumo sacerdócio, porque Ele havia sido rejeitado pelos judeus, especialmente pelos sacerdotes de Israel, em razão do endurecimento deles no pecado,  e também porque não havia sido designado como eles, para ser sacerdote segundo a ordem de Arão, conforme eles haviam sido constituídos pela Lei dada a Moisés.
E Jesus não havia sido designado para exercer Seu ofício sumo sacerdotal na terra, mas no céu, porque não é sacerdote de um templo terreno, mas do tabernáculo celestial.
Ele é o rei e sacerdote eterno da graça e da verdade, é o rei de um reino que é sobretudo espiritual e invisível, e não de um ofício temporal que estava destinado por Deus a desaparecer, uma vez tendo sido cumprido o propósito para o qual Ele o havia instituído, até que Cristo viesse, e inaugurasse a aliança prometida desde o velho testamento, e que estava sendo aguardada por sucessivas gerações de pessoas piedosas, especialmente de Israel.
Nunca foi do propósito de Deus manter a Antiga Aliança em vigência para sempre até a volta de Cristo.
Ao contrário, Ele havia falado pela boca dos profetas do Velho Testamento que faria uma Nova Aliança para vigorar no lugar da Antiga, por meio de Jesus Cristo.
Tal promessa é citada em Jeremias 31.31-35; e o autor de Hebreus transcreveu os termos usados pelo profeta nos versos finais deste capítulo de sua epístola, para demonstrar aos cristãos Hebreus que era por causa desta aliança que os seus pecados passados eram inteiramente perdoados e esquecidos por Deus, e que nesta aliança não haveria nenhum incrédulo, mas somente cristãos, que conheceriam a Deus pela habitação do Espírito.
Ainda que os judeus tivessem recusado a reconhecer a revogação da Antiga Aliança, o culto deles no templo estava prestes a desaparecer, conforme efetivamente ocorreu em 70 d.C., quando os romanos expulsaram os judeus da Palestina e destruíram o templo, deixando apenas de pé o que conhecemos hoje por Muro das Lamentações.
A destruição do templo, e a expulsão dos judeus comprovaram para todos, que de fato uma Nova Aliança foi inaugurada no lugar da Antiga, conforme prometido desde os profetas.
E assim, este oitavo capítulo começa a descrever quais eram as bases diferentes do sumo-sacerdócio de Cristo da ordem de Melquisedeque, em relação ao sacerdócio dos levitas no Antigo Pacto, que vigorou no  período do Antigo Testamento.
E este sumo-sacerdócio do Senhor foi designado pelo Pai, para que os pecados das pessoas que constituiriam o seu povo, fossem efetivamente perdoados, de forma a se dotar todos os aliançados de um novo coração criado e  habitado pelo Espírito Santo.

Isto jamais poderia ser feito mediante as bases da Antiga Aliança, ou Lei, como também é chamada, e por isso é declarada a sua fraqueza e inutilidade para o cumprimento deste propósito eterno de Deus, de dar vida eterna por meio da graça e mediante a fé.



Heb 8:1  Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus,
Heb 8:2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.
Heb 8:3 Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo sacerdote tivesse o que oferecer.
Heb 8:4 Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
Heb 8:5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
Heb 8:6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas.
Heb 8:7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
Heb 8:8 E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá,
Heb 8:9 não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor.
Heb 8:10 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
Heb 8:11 E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior.
Heb 8:12 Pois, para com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos seus pecados jamais me lembrarei.
Heb 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.






Hebreus 9

Só Há Perfeição Espiritual Pela Nova Aliança – Parte 2 (Hebreus 9)

De Nosso Senhor Jesus Cristo é afirmado no verso 11 que Ele é “sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos”, ou seja, os benefícios eternos para os aliançados já foram consumados por Ele em seu ministério, morte e ressurreição.
Todo o trabalho sacerdotal no Antigo Testamento, devia ser realizado com a contínua apresentação de sacrifícios de animais, porque tal ministério apontava para Aquele grande ministério de Cristo no qual poderia ser consumada toda a vontade de Deus para a libertação dos pecadores das trevas e do diabo.
A remissão dos pecados que o sangue de animais oferecidos em sacrifício no antigo pacto, não podia cobrir, agora é efetivamente realizada pela morte de Jesus no lugar do pecador, primeiro porque Ele se ofereceu por amor ao Pai e aos pecadores, e isto não  poderia ser feito por um animal sacrificado; segundo, porque Deus derramou a Sua ira contra o pecado, em Seu próprio Filho Jesus Cristo, como se o estivesse fazendo sobre nós pecadores, e certamente, Deus não derramou qualquer ira justificadora sobre qualquer animal que tivesse sido sacrificado, até mesmo porque não haveria qualquer eficácia nisto, porque nenhum animal poderia ter morrido a nossa morte, e nenhum animal poderia carregar sobre Si a nossa culpa.
E quanto aos sacerdotes do antigo pacto,é preciso ter sempre em vista que há  somente um mediador entre Deus e o pecador, e portanto, nenhum sacerdote terreno, nem mesmo a Igreja são mediadores, porque o trabalho do mediador demandava que carregasse sobre si os pecados de toda a humanidade, que fosse poderoso e capaz para despojar a velha natureza e implantar uma nova natureza naqueles pelos quais faz mediação para que sejam aceitáveis a Deus.
Assim, como tal trabalho poderia ser feito por homens sujeitos ao pecado, num tabernáculo terreno?
   Por isso não admira que todos os utensílios do tabernáculo e até mesmo os sacerdotes tivessem sido consagrados com a aspersão de sangue de animais, porque aquele ministério era apenas figura do grande, real e permanente ministério de nosso Senhor Jesus Cristo.
A mediação do velho pacto, que era figura do grande Mediador que haveria de se manifestar na plenitude dos tempos, a ninguém podia livrar da morte espiritual e eterna, porque isto é possível somente de ser realizado pelo único mediador que há entre Deus e os homens, Jesus Cristo que se fez homem para poder libertar o homem do pecado e do poder do diabo.
Daí se afirmar no verso 15 o seguinte:
Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
A descrição dos utensílios que existiam no tabernáculo terrestre é citada não de maneira a se fazer uma descrição ampla dos serviços que eram realizados no mesmo, mas para ilustrar e comprovar que aquela forma de culto era limitada quanto ao propósito eterno de Deus de realizar uma purificação completa de Seu povo.
Porque isto não poderia ser feito efetivamente pela simples apresentação do sangue de animais como sacrifício, mas que isto fora estabelecido por Deus para servir de figura do sangue do Cordeiro imaculado que seria oferecido e apresentado no tabernáculo do céu, de uma vez para sempre, para purificar o povo do Senhor dos seus pecados, de maneira que não sejam condenados eternamente por um juízo de destruição relativo à natureza decaída no pecado, ou como é chamada na Bíblia de a carne ou velho homem.
Sem o sacrifício e o sacerdócio de Jesus não poderia haver nenhuma justificação de um único pecador. De modo que houve grande expectativa no céu para que o Senhor Jesus consumasse a Sua obra no Calvário.
 Os serviços do tabernáculo terreno na antiga aliança podiam trazer alguma paz de consciência aos que prestavam culto, em razão de terem obedecido as prescrições cerimoniais determinadas por Deus para serem cumpridas quando eles pecassem, mas o trabalho já consumado de nosso Senhor Jesus Cristo,  é eficaz não somente para gerar uma boa consciência, como também uma nova vida, habilitando os cristãos a viverem e a andarem na verdade, porque é somente nEle que há graça para a realização de tal trabalho.
É no sangue do Senhor, e não com sangue de animais, que somos consagrados para oficiar no serviço do tabernáculo celestial.
Ninguém se iluda portanto pensando que há possibilidade de salvação em algum outro, ou mesmo depois da nossa morte, porque o juízo de Deus sucede à morte, e não há nenhum outro nome ou ocasião pelos quais importa que sejamos salvos, senão sob o nome de Jesus, e enquanto vivemos neste mundo.
Jesus se ofereceu uma única vez para tirar os pecados de muitos, e voltará uma segunda vez a este mundo para aqueles que O aguardam para a salvação, que será consumada de uma vez por todas com a ressurreição e glorificação dos santos que amam a Sua vinda.


Heb 9:1  Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço sagrado e o seu santuário terrestre.
Heb 9:2 Com efeito, foi preparado o tabernáculo, cuja parte anterior, onde estavam o candeeiro, e a mesa, e a exposição dos pães, se chama o Santo Lugar;
Heb 9:3 por trás do segundo véu, se encontrava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos,
Heb 9:4 ao qual pertencia um altar de ouro para o incenso e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, o bordão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança;
Heb 9:5 e sobre ela, os querubins de glória, que, com a sua sombra, cobriam o propiciatório. Dessas coisas, todavia, não falaremos, agora, pormenorizadamente.
Heb 9:6 Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados;
Heb 9:7 mas, no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano, não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do povo,
Heb 9:8 querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido.
Heb 9:9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto,
Heb 9:10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma.
Heb 9:11  Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação,
Heb 9:12 não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.
Heb 9:13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne,
Heb 9:14 muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados.
Heb 9:16 Porque, onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador;
Heb 9:17 pois um testamento só é confirmado no caso de mortos; visto que de maneira nenhuma tem força de lei enquanto vive o testador.
Heb 9:18 Pelo que nem a primeira aliança foi sancionada sem sangue;
Heb 9:19 porque, havendo Moisés proclamado todos os mandamentos segundo a lei a todo o povo, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, e lã tinta de escarlate, e hissopo e aspergiu não só o próprio livro, como também sobre todo o povo,
Heb 9:20 dizendo: Este é o sangue da aliança, a qual Deus prescreveu para vós outros.
Heb 9:21 Igualmente também aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os utensílios do serviço sagrado.
Heb 9:22 Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão.
Heb 9:23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.
Heb 9:24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus;
Heb 9:25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.
Heb 9:26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado.
Heb 9:27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,
Heb 9:28 assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.





Hebreus 10

A Necessidade de Diligência para a Maturidade Espiritual (Hebreus 10)

Jesus não somente fez muitas coisas por nós no Seu trabalho de expiação, mediação e sacerdócio, como também continua operando em favor dos eleitos, salvando-os perfeitamente, e aperfeiçoando a santidade deles através de suas contínuas intercessões em favor deles, para que sejam operadas neles, a transformação e capacitação necessárias, pelo poder do Espírito Santo.
Lembremos que logo depois deste capitulo o autor de Hebreus iria falar acerca das pessoas que haviam alcançado bom testemunho de terem agradado a Deus nos dias do Velho Testamento, antes que Cristo se manifestasse.
O propósito da citação daquela galeria de homens e mulheres de Deus do passado seria o de confirmar que eles não haviam obtido tal testemunho da parte de Deus por causa de terem guardado com perfeição os mandamentos cerimoniais da Lei de Moisés, e nem mesmo pela perfeição deles, mas por causa da sua fé em Deus, e pelo fato de terem demonstrado  esta fé nas perseguições  e tribulações que haviam sofrido.
Foi pela sua fé que tiveram os seus pecados perdoados por Deus, e não por qualquer obra da Lei que tivessem feito, porque, na verdade, a Lei não foi dada por Deus com este propósito de cobrir pecados, porque na verdade  ela não possui o referido poder, senão somente a graça do Senhor, que sempre opera pela  fé.
 A Lei nada mais era do que uma sombra destes bens espirituais que se revelariam no futuro quando Cristo se manifestasse (v. 1).
Se fosse possível justificar alguém do pecado através dos sacrifícios de animais, não haveria necessidade de que eles fossem oferecidos anualmente; e este oferecimento anual lembrava a todos que o pecado não havia sido removido e havia necessidade de serem feitas novas expiações pelos ofertantes, especialmente no chamado Dia da Expiação Nacional, quando o sumo sacerdote entrava no Santos dos Santos terreno, uma vez por ano, para aspergir o sangue de animais sobre a tampa da arca da aliança, para garantir o perdão de Deus dos pecados do Seu povo por um ano mais.
A apresentação contínua de sacrifícios de animais no Velho Testamento, ensinava em figura que o problema do pecado não estaria resolvido até que Cristo se manifestasse para realizar o único e perfeito sacrifício, do qual aqueles eram apenas uma sombra e figura.
Nos versos 5 a 8 é dito que os sacrifícios e ofertas do Velho Testamento, apesar de terem sido instituídos pelo próprio Deus, não poderiam agradá-lo quanto à remoção do pecado, porque eram, apenas uma figura do sangue precioso de Seu Filho, que seria derramado em favor das pessoas do  Seu povo escolhido, e que aboliria de uma vez para sempre a necessidade de apresentação daqueles sacrifícios e ofertas que eram apresentados na presença dos sacerdotes de Israel nos dias do Velho Testamento.
  Para que isto fosse feito, havia necessidade de se remover o primeiro pacto, para que fosse estabelecido o segundo, que é permanente e eterno, como se afirma no v. 9.
A santificação de qualquer cristão é decorrente da oferta do próprio corpo de Jesus como sacrifício na cruz, como se afirma no v.10.
Com um só sacrifício Jesus aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados (v. 14); isto é, eles foram objeto de uma redenção, de uma salvação, perfeitas, porque tudo quanto é necessário à salvação deles foi completamente consumado por Jesus em Sua morte na cruz.
E a prova da eficácia da salvação por meio da fé em Cristo é a santificação dos cristãos, porque afinal foi para tal propósito que foram salvos.
Não ficou nada para os cristãos fazerem quanto à salvação deles, senão apenas se deixarem conduzir para a perfeição que já foi conquistada para eles, e que lhes é infundida pela graça mediante operação do Espírito Santo.
Os dons espirituais, o aumento da fé, o crescimento na graça, tudo isto se encontra em Cristo, e está disponível para aqueles que foram salvos, e eles terão estas coisas à medida que as buscarem no Senhor, através do grau da fome e sede da justiça evangélica de cada um deles.
A Lei de Deus (sua vontade) é escrita,  na Nova Aliança, nas tábuas do coração do próprio cristão, e na sua mente (v. 16); e ele não estará mais debaixo da maldição da Lei caso venha a transgredir eventualmente algum mandamento, porque Jesus se fez maldição no seu lugar, de maneira que lhe é prometido nos termos da aliança que Deus jamais se lembrará dos seus pecados e das suas iniqüidades (v. 17).
Deus não deixará de amar e não lançará fora a qualquer daqueles que tenham sido justificados pela fé.
E esta promessa de esquecimento dos pecados, que indica o caráter completo do perdão do pecado concedido por Deus aos que crêem, comprova que não há mais necessidade da apresentação de sacrifícios de animais para cobertura dos pecados, porque se houvesse lembrança, haveria necessidade de que novos sacrifícios fossem oferecidos.
Todavia, isto já não é mais necessário por causa do sacrifício perfeito de Jesus, que tem validade eterna, assim como Ele é eterno. Por isso nos convinha um sumo sacerdote e um sacrifício como Ele, porque deveria ter esta marca da eternidade que se encontra somente no próprio Deus.
Então nenhum anjo, ou homem, por melhor que fosse, poderia morrer no lugar dos pecadores, senão somente o Filho do Altíssimo, que também é Deus com o Pai e o Espírito Santo.
É por causa da oferta do corpo de Jesus como sacrifício por nós que podemos entrar no Santo dos Santos celestial para ali termos comunhão com Deus.
É preciso então fazer valer a eficácia do sangue de Jesus por um viver condigno com a santificação que Ele pode e deve operar em nossas vidas.
É agindo com um coração sincero, com uma fé verdadeira, tendo nossos corações purificados da má consciência, e santificados em espírito, alma e corpo, que podemos nos aproximar do Santo dos Santos, com a certeza de que seremos bem recebidos por Deus, porque há grande eficácia em Jesus para nos preparar nestas condições citadas que possibilitam a nossa aproximação do Deus santo e um fogo consumidor (v. 19 a 22).
Ninguém pode se assentar portanto, com Cristo nas regiões celestiais, sem levar em conta tal necessidade de purificação apontada nos versos citados anteriormente, e sem uma fé sincera.
A confissão desta esperança que temos em Cristo deve ser retida firmemente por causa da fidelidade de Deus que nos fez a promessa de uma  Nova Aliança (v. 23).
Muito nos ajudará para manter esta constância em fidelidade de nos santificarmos e buscarmos a Deus, o ato de nos exortarmos mutuamente para uma vivência no amor e na prática das boas obras (v. 24).
Daí a importância de os cristãos se reunirem regularmente para a oração, adoração públicas, para a admoestação mútua, a qual deve ser intensificada à medida que o tempo da volta de Jesus se aproxima, porque importa comparecermos perante Ele, santos, inculpáveis e irrepreensíveis, e além disto, à medida que o tempo se aproxima, os dias serão cada vez mais difíceis, para se manter um testemunho cristão de santidade de vida (v. 25).
Se a negligência e transgressão da Lei de Moisés, levavam uma pessoa a ser morta sem misericórdia, somente pela palavra de duas ou três testemunhas, então quanto não será maior o castigo daqueles que pisam em Jesus e que têm por profano o sangue precioso que Ele derramou para que fôssemos por ele santificados. (v. 29)?
Como Deus deixaria de punir os que agem de tal forma?
Os cristãos hebreus haviam andado de maneira ordeira no passado, fazendo progresso na fé, como convém a todos os santos; eles haviam suportado grande combate e aflições depois que foram iluminados pelo Espírito para se converterem a Cristo (v. 32).
Eles deveriam trazer estas coisas em memória para retornarem ao bom e velho caminho em que andavam, voltando à prática do primeiro amor e das primeiras obras, porque pela fé, e pela força da graça de Jesus eles haviam suportado com paciência o fato de terem se tornado em parte espetáculo para o mundo com os seus vitupérios e tribulações, sendo também participantes em parte com os que foram assim tratados, isto é, eles haviam simpatizado com os seus sofrimentos por causa da misericórdia e do amor que haviam sido derramados em seus corações pelo Espírito (v. 33).
Por esta mesma razão eles haviam se compadecido no passado dos seus irmãos que haviam sido encarcerados por causa do seu amor ao evangelho, e permitiram que fossem espoliados os seus bens, por terem a plena convicção de terem uma possessão melhor e permanente nos céus (v. 34; Mt 25.37-40).
 Eles não deveriam recuar na confiança que haviam demonstrado no passado, uma vez que esta tem grande galardão (v. 35).
Se estão determinadas aflições e tribulações para todos os que seguirem verdadeiramente a Cristo, então é necessário ter paciência, e sermos perseverantes em nossa caminhada, para que possamos ter a plena certeza da esperança do que nos foi prometido, depois de termos feito a vontade de Deus (v. 36).
O Espírito Santo ajudará e capacitará a sermos perseverantes se permanecermos na fé, e com isto nunca duvidaremos da nossa salvação, porque somente por meio da perseverança podemos manter, não a salvação propriamente dita, que é por pura fé, mas a certeza de que somos salvos.
Jesus prometeu que voltaria, e está cada vez mais próximo o dia da Sua volta (v. 37).
Isto é algo para ser também lembrado para que não desanimemos em nossa caminhada cristã, especialmente em face das coisas que temos que sofrer por amor a Cristo e ao evangelho.
Porque está determinado por Deus que toda a vida que tivermos e progresso em santificação será sempre pela fé no Seu Filho. De maneira que se o cristão recuar Deus não pode se agradar dEle, ainda que não o rejeite como filho (v. 38).  
Mas ainda que algum cristão venha a recuar na fé por algum período de sua vida, ele não o fará para uma perdição eterna, porque por meio de Cristo, a fé genuína que o levou a ser justificado e regenerado, fará com que o seu espírito seja conservado para todo o sempre (v. 39).
Portanto, deveria ser evitado o modo de pensar errôneo de que pelo fato de se estar debaixo da graça de Jesus que não há mais com que se importar quanto ao modo de se caminhar diante de Deus.
Ao contrário, o rigor exigido para uma vida de santidade aumentou muito com a manifestação da Nova Aliança; porque se numa dispensação antiga, que era figura das realidades espirituais que se revelaram em Cristo, se exigia um modo de vida santo perante Deus, então de quão maior santidade não se espera daqueles que vivem na dispensação da graça?
 Que palavra vigorosa é então esta proferida pelo Espírito através do autor de Hebreus no verso 38: Ele afirma primeiro que o seu justo viverá da fé, mas se ele recuar na fé, a alma do Senhor não tem prazer nele.
Veja que o autor de Hebreus se apressou em explicar logo no verso seguinte, a saber, no 39, que este recuar na fé, e este desprazer de Deus em relação ao cristão não significam a perda sua salvação, porque o recuo do cristão não é para perdição eterna, porque ele é do número dos que creram em Cristo e foram justificados pela graça mediante a fé.
Assim, estes não perderão a sua salvação, mas o Senhor afirma explicitamente que não tem se agradado deles, e eles sofrerão dano, conforme afirma a Palavra, na perda de galardões, na vergonha eterna do peso da infidelidade que tiveram para com o Senhor, pelo constante desapontamento da Sua vontade, e tudo o mais que possa ser o resultado, da manifestação do desagrado de Deus em relação a eles.
Quando não recuamos na fé Deus derrama o seu Espírito sobre nós e nos faz viver a vida da fé, que é abundante e cheia de regozijo e glória e é isto que nós dá poder para seguir em frente e fazer a obra de Deus com alegria.


Heb 10:1   Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.
Heb 10:2 Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados?
Heb 10:3 Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos,
Heb 10:4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.
Heb 10:5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste;
Heb 10:6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
Heb 10:7 Então, eu disse: Eis aqui estou      (no rolo do livro está escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
Heb 10:8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste, nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste ( coisas que se oferecem segundo a lei ),
Heb 10:9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
Heb 10:10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
Heb 10:11 Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados;
Heb 10:12 Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus,
Heb 10:13 aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés.
Heb 10:14 Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.
Heb 10:15 E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter dito:
Heb 10:16 Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei,
Heb 10:17 acrescenta: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para sempre.
Heb 10:18 Ora, onde há remissão destes, já não há oferta pelo pecado.
Heb 10:19  Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,
Heb 10:20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne,
Heb 10:21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
Heb 10:22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura.
Heb 10:23 Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.
Heb 10:24 Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.
Heb 10:25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.
Heb 10:26 Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;
Heb 10:27 pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.
Heb 10:28 Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.
Heb 10:29 De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?
Heb 10:30 Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.
Heb 10:31 Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.
Heb 10:32 Lembrai-vos, porém, dos dias anteriores, em que, depois de iluminados, sustentastes grande luta e sofrimentos;
Heb 10:33 ora expostos como em espetáculo, tanto de opróbrio quanto de tribulações, ora vos tornando co-participantes com aqueles que desse modo foram tratados.
Heb 10:34 Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.
Heb 10:35 Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.
Heb 10:36 Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.
Heb 10:37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará;
Heb 10:38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.
Heb 10:39 Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.




Hebreus 11

A Necessidade da Fé Para Agradar a Deus (Hebreus 11)

O autor de Hebreus introduziu este capítulo com uma rápida conceituação relativa ao que seja a fé, sem no entanto pretender definir totalmente algo tão precioso e profundo com estas suas poucas palavras:
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.”  (v. 1).
Com  esta citação ele simplesmente introduziu o seu assunto, destacando que a fé não é algo vacilante, mas que descansa com plena firmeza em tudo aquilo em que se encontra a esperança do cristão, conforme Deus tem prometido em Sua Palavra; e também o modo de se ter a certeza acerca da existência das realidades espirituais que não são visíveis.
Agora, é impressionante o poder do pecado para enganar, especialmente aqueles que buscam o poder de Deus para propósitos errados e com a motivação errada.
Eles tomam esta citação de que a fé e a certeza e a convicção de coisas que se esperam e de fatos que não se vêem, como uma chamada a se aplicarem a exercitar a fé para obterem coisas materiais e temporais de Deus.
Afirmam que a fé deve ser materializada, ou seja, que deve trazer à existência no mundo material as coisas que a pessoa espera ter e que ainda não são vistas.
Todavia, não é este o ensino de Deus nesta epístola, e muito menos nesta parte em que se discorre sobre a fé, como o agente pelo qual se obtém testemunho de se agradar a Deus, por uma vida verdadeiramente convertida e santificada.
A esperança e as coisas invisíveis que aqui são citadas, se referem à salvação, ao fruto e os dons do Espírito Santo, à vida da nova natureza obtida pela fé, sendo gerada e desenvolvida no cristão.
As coisas que se esperam são sobretudo aquelas que são relativas à nossa esperança em Cristo da vida eterna, de uma vida transformada e santificada pelo Espírito, e também da glória que há de se manifestar em nós em plenitude na Sua volta. Esta esperança é certa, e por isso se afirma que é uma certeza daquilo que se espera.
E quanto às coisas invisíveis se afirma que a fé gera quanto às mesmas uma convicção, uma prova, ou seja, é pela fé que se comprova que a nossa comunhão com o Deus invisível é real, e ficamos completamente convencidos acerca de tudo o que se refere ao reino de Deus que é invisível.
Está designado aos cristãos que eles não devem andar por vista, mas por fé.
Não por uma fé crédula que se apóie em sua própria imaginação, sentimentos ou emoções, mas na Palavra de Deus.
Especialmente no que se refere à pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo, autor e consumador da fé, e em quem, portanto a nossa fé deve estar radicada e fundamentada, particularmente para a nossa salvação pela graça.
Não fé nas obras da Lei para a nossa justificação, mas no próprio Jesus Cristo.
Então, os cristãos Hebreus estavam se apoiando num fundamento muito fraco, a saber, nas obras da Lei, para tentarem agradar a Deus.
A fé genuína não recua diante das provações, tribulações e aflições, como se destaca nas vitórias da fé obtidas pelos personagens bíblicos destacados neste 11º capitulo de Hebreus.
Uma fé que vence o fascínio do mundo e as investidas dos espíritos das trevas.
Uma fé que leva o cristão a mortificar seus pecados, e a buscar o revestimento de poder do Espírito, na comunhão dos santos.
Enfim, uma fé que leve o cristão a cumprir todo o propósito de Deus quanto ao modo de vida que tem estabelecido para o Seu povo.
 Enquanto o cientista incrédulo continua investigando acerca do modo como o mundo visível veio à existência e tudo o que há no universo, a fé do cristão descansa na verdade de que tudo foi criado a partir do nada por Deus.
Pela mesma fé pode entender como foi que a morte entrou no mundo por causa do pecado original, e como Cristo tem resgatado os que crêem, desta maldição de morte.
Esta fé que é um dom de Deus para aqueles que O temem e que andam  humildemente em Sua presença é a mesma fé que habitou nos Seus  servos da antiguidade, até mesmo antes dos dias do Novo Testamento, ou seja, da antiga aliança, e pela qual, conforme se pode ver por exemplo nos registros da Bíblia, que eles alcançaram o testemunho de terem agradado a Deus por serem tais pessoas de fé; isto é, nas quais habitava a fé verdadeira.
Foi a fé de Abel que lhe permitiu oferecer melhor sacrifício do que Caim, provando que era justo, porque o próprio Deus deu testemunho dos seus dons, de que havia procedido corretamente diante dEle.
De igual modo foi ordenado a Moisés que registrasse o arrebatamento de Enoque, para que todos saibam que os que andam na presença do Senhor e vivem de modo que Lhe seja agradável, serão arrebatados, tal como Enoque, para estarem para sempre diante dEle.
A fé é absolutamente necessária para que se possa agradar a Deus. Porque é por meio dela que somos unidos a Ele, e damos testemunho de que Ele é digno de ser temido, honrado e amado por nós, não de um modo carnal, mas espiritual, conforme nos é possibilitado pela fé.
É pela fé que sabemos não apenas sobre a realidade da existência de Deus, e que nos leva a ter um real conhecimento dEle e da Sua bondade para com os que O buscam, porque abençoa de forma recompensadora todos os que Lhe obedecem.
Foi por causa da fé que Noé permaneceu construindo fielmente uma arca para a sua própria salvação e da sua família, porque não descreu no aviso que Deus lhe dera sobre a condenação que traria ao mundo antigo com as águas do dilúvio.
Desta forma, o nome de Noé se encontra arrolado entre os nomes daqueles que são herdeiros da justiça que é segundo a fé, isto é, a justificação que se recebe de Deus por causa da fé em Cristo.
A qualidade da fé de Abraão era de tal ordem que ele obedeceu a Deus indo para um lugar que havia sido prometido como herança à sua descendência, lugar este que ele não conhecia mas que lhe seria mostrado por Deus.
E ele peregrinou na terra da promessa sabendo que a herança de tomada da posse da terra por seus descendentes se daria somente quatrocentos anos depois, conforme Deus lhe havia revelado.
Ele próprio não teve portanto nenhum certificado de propriedade em Canaã, mas obedeceu a Deus porque visava a uma cidade que tem fundamentos e da qual o arquiteto e construtor é o próprio Deus.
Por causa da fé do patriarca Sara concebeu de um ventre já amortecido, e de Isaque, seu filho, Deus trouxe à existência uma multidão inumerável como a areia que está na praia do mar.
Esta capacidade não estava naturalmente em Abraão. Não era propriamente dele, mas lhe foi concedido como dons por meio da fé que recebeu da parte de Deus.
Abraão e  Noé eram justos porque eram homens de fé, e por causa da fé eram justos, porque se diz que o justo viverá pela fé; isto é, por meio e por causa da fé.
Os dons espirituais que recebemos pela fé não são nossos mas do Espírito.
Esta vida que agrada a Deus não é portanto natural, mas sobrenatural.
E Deus tem chamado alguns de maneira especial e lhes dotado com uma fé que se torna muito grande, tal como foi o caso de Abraão, que se dispôs a oferecer o próprio filho em holocausto quanto isto lhe foi ordenado por Deus.
Ele não somente tinha fé para obedecer contra o seu próprio desejo de preservar o seu filho, pelo grande amor que lhe devotava, mas estava certo de que caso ele viesse a morrer Deus o ressuscitaria, porque era afinal o filho da promessa através do qual o Senhor havia dito a Abraão, que seria a partir dele que formaria a sua descendência.
Não era por contemplarem o que era natural que estes homens e mulheres de Deus receberam testemunho de tê-lo agradado, mas por andarem como quem contempla o invisível, e discerne a vontade de Deus em meio às maiores fraquezas e provações, de maneira que sabiam que eram apenas estrangeiros e peregrinos na terra, e pelo seu procedimento demonstraram que aspiravam por uma pátria superior que está no céu.
Como eles tributaram honra e glória ao Senhor, buscando o que era celestial e não o que é terreno, Deus não se envergonha deles, de se chamar o seu Deus, porque de fato pertencem a Ele, e já lhes preparou uma cidade como herança eterna.
Sendo um homem de fé, Isaque abençoou Jacó e Esaú com bênçãos proféticas relativas às coisas que se cumpririam através de ambos no futuro.
De igual modo Jacó, foi fortalecido pela fé quando estava à porta da morte, e pôde assim também abençoar profeticamente cada um dos seus filhos, e particularmente os filhos de José, Efraim e Manassés, que vieram ter com ele quando pela providência de Deus, souberam que se encontrava gravemente enfermo.
Pela mesma fé, José recebeu sonhos e a capacidade de interpretar sonhos e visões, e pôde mencionar a saída dos filhos de Israel do Egito, tendo dado ordem acerca de seus próprios ossos, para que fossem levados do Egito com eles para Canaã.
Foi por serem pessoas de fé que os pais de Moisés o esconderam por três meses, não temendo o mandado de faraó.
Foi por causa da fé que o próprio Moisés recusou a honra de ser chamado de filho da filha de Faraó, e escolheu ser maltratado com o povo de Deus, do que experimentar por um período as glórias e honras terrenas, sendo um príncipe do Egito.
Foi a fé que o levou a escolher o vitupério de Cristo como sendo uma riqueza muito maior do que os tesouros do Egito, porque aspirava a uma recompensa maior e melhor.
O que a fé considera grandioso não é o mesmo que o mundo e a carne reputam como coisas elevadas. Porque assim como a bússola sempre aponta para o Norte, a fé sempre aponta para Cristo.
Moisés deixou o Egito pela fé sem temer a ira de faraó, porque pela fé pôde ficar firme como quem vê o invisível.
E tendo retornado ao Egito mandou celebrar a páscoa tendo fé que por causa do sangue do cordeiro passado nas portas os primogênitos de Israel seriam livrados da morte que viria sobre o Egito pelo anjo destruidor.
Foi também por ficar firme na fé que puderam atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto, e verem os egípcios serem afogados pelas mesmas águas por entre as quais eles haviam atravessado para o outro lado.
Foi por causa da fé de Josué e dos israelitas que as muralhas de Jericó ruíram, depois de terem sido rodeadas por sete dias.
A fé de Raabe a manteve firme sendo a única pessoa piedosa no meio de todas as pessoas ímpias que viviam em Jericó.
Ela não temeu receber os espias e escondê-los a par do perigo que correu se fosse descoberta pelo rei da cidade agindo contra os interesses do seu próprio povo. Ela deu testemunho da certeza que tinha que o Deus de Israel daria todas as nações de Canaã nas mãos deles. Ela creu no Senhor e foi a única pessoa poupada da destruição em Jericó, juntamente com seus familiares, pelos quais ela intercedeu.
A fé pôde fazer muitas maravilhas, livramentos, transformações e conquistas no passado, conforme estes exemplos destacados pelo autor de Hebreus.
E é pela mesma fé que Deus continua operando na dispensação da graça, e realizando obras ainda maiores do que as que fez no passado, porque aqui, tem operado em todo o mundo convertendo milhões a Cristo.
A fé é vitoriosa sobre os poderes que se lhe opõem, quer destruindo-os, quer dando aos cristãos a força necessária para suportarem todo tipo de provações; as quais lhes sobrevêm com a permissão de Deus exatamente para o propósito de darem testemunho da fé que eles possuem.
Os destinatários da epístola aos Hebreus deveriam permanecer firmes na fé, seguindo o exemplo dos heróis da fé do passado.
Eles deveriam lembrar que a fé tudo vence, e por meio dela, tal como os seus antepassados, poderiam também alcançar o testemunho de terem agradado a Deus.
Os cristãos da dispensação da graça sabem com precisão acerca das promessas que se cumprem em Cristo, e eles têm vivido num tempo depois do qual Cristo já se manifestou.
Então mais será exigido deles em termos de fidelidade a Deus, porque os que viveram no Velho Testamento contemplavam de longe as  promessas que ainda viriam a se cumprir em Cristo, e das quais todos os cristãos da Nova Aliança já têm se tornado participantes.
Cabe tão somente destacar ainda que a promessa que os antigos não alcançaram (v. 39) não se refere à vida que eles teriam na glória com  Deus depois de saírem deste mundo, mas ao fato de não terem visto o cumprimento da promessa da vinda do Messias ao mundo para o estabelecimento da Nova Aliança que foi inaugurada e confirmada com o Seu sangue; e da qual o autor de Hebreus se referiu abundantemente nos capítulos anteriores.
Os que tiveram o privilégio de receberem a fé salvadora depois da manifestação de Jesus neste mundo têm portanto uma maior responsabilidade diante de Deus em se manterem firmes na fé que os salvou.


Heb 11:1  Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.
Heb 11:2 Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.
Heb 11:3 Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.
Heb 11:4 Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala.
Heb 11:5 Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus.
Heb 11:6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam.
Heb 11:7 Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé.
Heb 11:8 Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia.
Heb 11:9 Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa;
Heb 11:10 porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador.
Heb 11:11 Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa.
Heb 11:12 Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar.
Heb 11:13 Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.
Heb 11:14 Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria.
Heb 11:15 E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar.
Heb 11:16 Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.
Heb 11:17 Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas,
Heb 11:18 a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência;
Heb 11:19 porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou.
Heb 11:20 Pela fé, igualmente Isaque abençoou a Jacó e a Esaú, acerca de coisas que ainda estavam para vir.
Heb 11:21 Pela fé, Jacó, quando estava para morrer, abençoou cada um dos filhos de José e, apoiado sobre a extremidade do seu bordão, adorou.
Heb 11:22 Pela fé, José, próximo do seu fim, fez menção do êxodo dos filhos de Israel, bem como deu ordens quanto aos seus próprios ossos.
Heb 11:23 Pela fé, Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, porque viram que a criança era formosa; também não ficaram amedrontados pelo decreto do rei.
Heb 11:24 Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó,
Heb 11:25 preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado;
Heb 11:26 porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.
Heb 11:27 Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.
Heb 11:28 Pela fé, celebrou a Páscoa e o derramamento do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas.
Heb 11:29 Pela fé, atravessaram o mar Vermelho como por terra seca; tentando-o os egípcios, foram tragados de todo.
Heb 11:30 Pela fé, ruíram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias.
Heb 11:31 Pela fé, Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias.
Heb 11:32 E que mais direi? Certamente, me faltará o tempo necessário para referir o que há a respeito de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas,
Heb 11:33 os quais, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões,
Heb 11:34 extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros.
Heb 11:35 Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos. Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição;
Heb 11:36 outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas e prisões.
Heb 11:37 Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados
Heb 11:38 ( homens dos quais o mundo não era digno ), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra.
Heb 11:39 Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa,
Heb 11:40 por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.





Hebreus 12

A Necessidade de Disciplina para a Maturidade Espiritual (Hebreus 12)

Não foram somente os heróis da fé que suportaram grandes provações, conforme mencionado no capitulo anterior, porque o próprio Jesus também padeceu aflições em Seu ministério terreno resistindo até ao sangue, porque foi morto na cruz pelas oposições que sofreu da parte dos pecadores.
Todo cristão deve se armar em seu pensamento que a fidelidade a Cristo e ao verdadeiro evangelho sempre trará consigo cruzes que devem ser carregadas com paciência e perseverança na fé.
O próprio Jesus se tornou para nós, da parte de Deus, o maior modelo e exemplo das aflições que devemos suportar por causa da nossa fé.
Os que são da fé terão esta marca na identificação com os sofrimentos de Cristo pela causa do evangelho.
Eles pisarão na cabeça da Serpente, mas esta lhes ferirá o calcanhar.
Entretanto temos uma grande nuvem de testemunhas de pessoas que viveram pela fé e triunfaram em meio às maiores provações tanto no Velho Testamento, quanto ao longo da história da Igreja; nos incentivando a seguir o seu exemplo, deixando toda forma de embaraço e pecado que nos assediam tão de perto, para que possamos correr com perseverança a carreira que nos está proposta por Deus.
A palavra apotitemi, no grego, para “desembaraço”  de todo peso, significa colocar de lado, tirar do caminho, remover.
Dentre os pesos aos quais o autor de Hebreus se refere se incluem as riquezas deste mundo que nos perseguem tão de perto, e o amor a elas é um obstáculo estranho para a constância na profissão do evangelho, porque o amor ao dinheiro é um fardo, enquanto nos impede de correr a carreira que nos foi proposta por Deus.
Para correr uma carreira é necessário, força, esforço e diligência em se exercitar, para não se parar no meio do caminho por causa das canseiras que serão impostas pela corrida.
É dito que esta carreira deve ser feita com paciência, isto é, com perseverança para nunca a abandonarmos, desistindo no meio do caminho do prêmio que está reservado aos vencedores.
A perseverança é ordenada porque muitas coisas exigirão que sejamos pacientes constantes enquanto corremos; e que a carreira é longa, e demora todo o curso de nossas vidas neste mundo.
Como isto nos tentará a abandonar a carreira, então o Espírito nos ordena a sermos perseverantes.
O modo de se correr esta carreira não é olhando para nós mesmos, para nossas habilidades, méritos ou capacidade, porque nenhuma destas coisas nos habilitará para a vida de fé sobrenatural que é exigida pelo evangelho, mas olhando para Cristo, que, sendo, o autor e o consumador da fé, é quem nos dá a graça necessária para que possamos ser e fazer o que é conforme a Sua vontade.
O fato de Jesus ser o autor e o consumador da fé significa que a nossa fé do princípio ao fim depende inteiramente dEle.
Nós devemos mirar principalmente o exemplo da Sua paciência suportando a morte de cruz, não se deixando intimidar pelas afrontas que sofreu, de forma que se encontra à destra do trono de Deus, em glória.
É contemplando os sofrimentos de Cristo nas perseguições que sofreu dos pecadores que seremos encorajados em não nos deixarmos  enfraquecer e ficar desanimados por causa das coisas que sofremos por causa do evangelho.
Dor e vergonha (ignomínia) são as duas partes constituintes de todos os sofrimentos externos. E Jesus suportou a ambos pela alegria que lhe estava proposta.
E ambos foram eminentes na morte da cruz. Nenhuma morte era mais prolongada, dolorosa, e cruel; e tão vergonhosa, porque expunha aquele que a sofria publicamente ao desprezo e injúrias dos homens.
Lembremos sempre que nos está imposto por Deus o dever de carregarmos diariamente a nossa cruz, tal como nosso Senhor carregou a Sua.
Se for da vontade de Deus é necessário resistir até ao sangue, isto é, não negar a fé mesmo diante da morte; porque aos que têm a honra de serem chamados para serem mártires está reservada também uma maior honra no céu.
Além disso, a potente mão do Senhor se encontra em todas as coisas que nos sucedem, por sermos seus filhos. Ele nos corrigirá e disciplinará de maneira que não devemos ficar desmaiados quando somos por Ele disciplinados.
Como Pai perfeito que é corrigirá por amor a todos os seus filhos.
Heb 12:6 “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.”
O verbo açoitar, no texto, é vertido do original grego do Novo Testamento, mastigaw, que significa literalmente, flagelar, fustigar com açoite.
 Ao usar tal palavra, o apóstolo reportou ao texto de Provérbios 23.13,14, no qual lemos o seguinte:
Prv 23:13 Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá.
Prv 23:14 Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno.
No original hebraico, o verbo nakáu (fustigar) significa flagelar com vara, com acoite.
É portanto a Palavra de Deus, o próprio Deus que o expressa. Rejeitar tal palavra não é portanto rejeitar ao homem, mas a Deus que o afirma.
Todavia, não se tem notícia que os apóstolos, os profetas, os genuínos servos de Deus, eram espancadores de Seus filhos, e por conseguinte, muito menos o próprio Deus que usa uma linguagem tão forte para expressar o rigor da disciplina que Ele aplica a Seus filhos para aperfeiçoá-las na justiça e na santidade.
Como pais amorosos, que são aqueles que seguem na mesma pegada do Seu Pai celestial de amor, aplicariam repreensões e disciplina sem serem governados pelo mesmo amor que há em seus corações?
Como cometeriam tão grave pecado?
Daí ordenar o apóstolo Paulo em uma de suas epístolas, especialmente aos pais cristãos:
Col 3:20 Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois fazê-lo é grato diante do Senhor.
Col 3:21 Pais, não irriteis os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.
Quem ama, corrige e disciplina.
Deste modo, a correção de Deus prova o seu amor.
Pais que não corrigem seus filhos dão prova de falta de amor por eles, mas todo pai que ame de fato seus filhos não os deixarão sem correção e disciplina, para o próprio bem deles.
A correção divina não é para motivo de tristeza, mas de alegria, porque por ela se comprova que somos de fato filhos de Deus.
Não há nenhum filho de Deus que esteja sem cruzes ou correções neste mundo.
É um ato de sabedoria espiritual, descobrir e discernir os açoites paternos divinos, em todas nossas dificuldades; sem os quais nós nunca nos comportaríamos bem debaixo delas, nem obteríamos alguma vantagem por meio delas.
É dever de todos os ministros fiéis do evangelho  considerarem diligentemente a que fracassos ou tentações os seus respectivos rebanhos estão expostos, para aplicarem meios satisfatórios para a sua preservação.
Importa do mesmo modo que obedecemos e honramos nossos pais terrenos, que também obedeçamos e honremos muito mais ao nosso Pai celestial; porque nossos pais nos corrigiram por um certo tempo conforme bem lhes parecia, mas Deus sempre nos corrigirá, até à velhice, e para um propósito elevado proveitoso, a saber, o de podermos ser participantes da Sua santidade.
Na verdade todo arrependimento, toda tristeza segundo Deus, por causa de suas correções,  não produzem alegria, enquanto os experimentamos, mas a finalidade não é entristecer nem envergonhar, mas gerar a verdadeira alegria, depois de termos sido corrigidos.
Nós devemos sustentar um bom testemunho de fé, para que sejamos modelo e exemplo para os que estão fraquejando pelas coisas que estão sofrendo, de maneira que eles possam ser sarados, pela demonstração de um comportamento sadio segundo a doutrina do  evangelho.
Para isto é necessário seguir a paz com todos, e a santificação, sabendo que sem ela ninguém pode ver o Senhor.
Os que não foram santificados nesse mundo não verão a Jesus na glória celestial; porque é preciso ter andado com Jesus em espírito aqui na terra, para que possamos ter a certeza de que andaremos com Ele no céu.
Os cristãos devem se esforçar para manterem a unidade do Espírito no vínculo da paz, porque Deus trabalha na unidade do Seu povo.
Assim, quando alguma raiz de amargura não é tratada, e muitos são contaminados por ela, com isto ficamos privados da graça de Deus.
Todavia, a amargura  referida no texto de Hebreus 12.15 reporta à passagem de Deut 29.18  onde  se afirma  o seguinte:
Deu 29:18 para que, entre vós, não haja homem, nem mulher, nem família, nem tribo cujo coração, hoje, se desvie do SENHOR, nosso Deus, e vá servir aos deuses destas nações; para que não haja entre vós raiz que produza erva venenosa e amarga,
Então, não se trata prioritariamente do estado de alma abatida, entristecida e endurecida que designamos por  amargura de alma, mas, o veneno amargo da idolatria e da desobediência ao  Senhor, que existindo em alguns cristãos pode vir a contaminar a muitos outros na congregação  dos santos.
Deus requer uma estrita santificação por parte de todos  os que  pertencem ao Seu povo, pois se afirma no verso  anterior, a saber, no 14 que: sem santificação, ninguém verá o Senhor.
 Daí  se afirmar no verso 15 que não somente os cristãos evitem ser esta erva amarga venenosa que contamine seus demais irmãos  na fé, em prejuízo da santificação de todos, como também nenhum cristão deve ser faltoso em relação à graça de Deus, ou seja: eles nunca devem viver de tal modo que venha a faltar a graça de Jesus em suas vidas, porque é somente por ela, e por graus cada vez maiores de graça, que poderão ser santificados e progredir na santificação.
Por isso, quando nos dias de Moisés, foi celebrada a Antiga Aliança até o próprio Moisés tremeu ao pé do Monte Sinai, diante do modo assombroso pelo qual Deus se manifestou a eles.
E ao povo foi ordenado ficar observando de longe sem ultrapassarem os limites que foram demarcados ao redor do monte.
O monte ao qual os cristãos da Nova Aliança têm se aproximado é o monte Sião, e eles são convocados a se aproximarem mais e mais, diferentemente dos israelitas nos dias de Moisés.
Não nos achegamos por meio de Cristo e da aliança que Ele  inaugurou no Seu sangue, não somente ao monte Sião espiritual, mas à Jerusalém celestial, aos muitos milhares de anjos, à Igreja universal dos primogênitos cujos nomes estão escritos nos céus, no Livro da Vida, e ao próprio Deus que é o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e também a Jesus que é o mediador desta Nova Aliança, e ao Seu sangue que fala cousas melhores do que o de Abel; porque o sangue de Abel derramado na terra deu testemunho da Sua fidelidade ao Senhor, mas a ninguém pode justificar como o sangue de Jesus.
No entanto, todos estes nossos privilégios na dispensação da graça, aumentam a nossa responsabilidade, porque mais se pede a quem muito é dado.
Não nos é dado rejeitar a Jesus que nos fala das coisas que Ele viu no céu.
Deus tem prometido abalar ainda mais uma vez a terra pelo fogo do juízo final, de maneira que tudo o que hoje existe será desfeito pelo fogo. Mas o reino que temos recebido de Jesus é um reino inabalável que jamais passará.
Se somos súditos de um tal reino inabalável e eterno, devemos também ser inabaláveis e constantes em todo o nosso procedimento, nas coisas relativas à vontade de Deus, e isto faremos por reter a graça, por meio da qual poderemos servir a Deus de maneira agradável com reverência e piedade.
 O autor de Hebreus fechou o seu discurso neste capítulo dizendo que devemos reter a graça, isto é, devemos não somente ter a graça de Jesus, mas mantê-la, porque é por meio dela que  podemos servir a Deus de maneira aceitável com reverência e temor.
Isto requer uma santificação interna e uma preparação adequada, com temor e reverência em todas as nossas aproximações do Senhor, na Sua adoração.
Deus deve ser servido e adorado com temor porque Ele é um fogo consumidor; e não permitirá que impurezas de um coração impuro prevaleçam na Sua presença.


Heb 12:1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta,
Heb 12:2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
Heb 12:3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.
Heb 12:4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue
Heb 12:5 e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado;
Heb 12:6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.
Heb 12:7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?
Heb 12:8 Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.
Heb 12:9 Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?
Heb 12:10 Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.
Heb 12:11 Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça.
Heb 12:12 Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos;
Heb 12:13 e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado.
Heb 12:14 Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,
Heb 12:15 atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;
Heb 12:16 nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura.
Heb 12:17 Pois sabeis também que, posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado.
Heb 12:18 Ora, não tendes chegado ao fogo palpável e ardente, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade,
Heb 12:19 e ao clangor da trombeta, e ao som de palavras tais, que quantos o ouviram suplicaram que não se lhes falasse mais,
Heb 12:20 pois já não suportavam o que lhes era ordenado: Até um animal, se tocar o monte, será apedrejado.
Heb 12:21 Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés disse: Sinto-me aterrado e trêmulo!
Heb 12:22 Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à universal assembléia
Heb 12:23 e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados,
Heb 12:24 e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.
Heb 12:25 Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos adverte,
Heb 12:26 aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas também o céu.
Heb 12:27 Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas que não são abaladas permaneçam.
Heb 12:28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e santo temor;
Heb 12:29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.






Hebreus 13

A Conduta de Cristãos Amadurecidos Espiritualmente (Hebreus 13)

Em face de todas as exortações ao crescimento em santidade e exposições doutrinárias acerca da Pessoa e do ministério de Cristo, que fizera nos capítulos anteriores, o autor de Hebreus caminhou para o fechamento da epístola com exortações de caráter prático relativas a vários assuntos, para confirmar que não basta o cristão ter fé nas boas promessas do Senhor, como também demonstrar que possui esta fé por um procedimento condizente com a Sua vocação.
Como Paulo costumava fazer em suas epístolas, o autor de Hebreus usa o mesmo método de Paulo, deixando as exortações práticas para o final, como vemos neste capítulo.
Seria improdutivo falar dos deveres práticos dos cristãos sem lhes apresentar antes os fundamentos em que a fé deles está apoiada, e sem exortá-los também antes a uma plena diligência para a sua consagração e santificação.
Assim, o autor de Hebreus, depois de lhes ter feito uma exposição doutrinária sobre o fundamento da fé deles, a saber: Cristo, e de exortá-los à diligência em santificação, lhes lembrou da necessidade de constância no amor fraternal, isto é, entre os irmãos na Igreja (v. 1), inclusive se necessário, com a prática da hospitalidade (v. 2).
Os cristãos são membros de uma mesma família que foi adotada por Deus por causa da fé deles em Cristo.
Eles devem viver no amor ágape para que o nome de Deus seja glorificado e para que o mundo saiba que são seus discípulos (Jo 13.35).
Este amor não deve ser manifestado somente no exercício da misericórdia e serviço mútuos, como também em gastar a vida em prol destas pedras vivas da Igreja que são os nossos irmãos em Cristo.
É dito que deve ser constante a permanência neste amor ágape de uns pelos outros.
Tal ordenança é feita porque há muitas coisas que lutam para que este amor fraternal não seja constante, como a carne, o diabo e o mundo, por exemplo.
Quanto aos cristãos que se encontravam presos por causa do evangelho (v.3), tal como Timóteo se encontrava pouco antes da escrita desta epístola (v. 23), os tais não deveriam ser esquecidos mas lembrados para serem motivo especialmente de intercessões e de visitas.
E tanto em relação aos presos quanto aos que estavam sofrendo maus tratos por causa da fé, eles deveriam simpatizar com os seus sofrimentos como se estivessem presos e sofrendo estes maus tratos em seus próprios corpos.
 Isto porque o amor cristão demanda se alegrar com os que se alegram, e chorar com os que choram, por causa dos sofrimentos que eles padecem pelo evangelho.
O matrimônio sobre o qual o Espírito profetizou que seria conduzido a descrédito e desonra nos últimos dias, por causa da multiplicação da iniquidade na terra, deveria continuar recebendo a honra que lhe é devida, porque Deus mesmo foi o criador da família, e para que os cônjuges vivessem em fidelidade até que fossem separados pela morte; de maneira que aqueles que se prostituem e adulteram serão julgados por Deus, porque Ele determinou somente um lugar para o sexo, a saber, no casamento.
Dentre os deveres ordenados neste último capítulo de Hebreus  há também o de os cristãos serem generosos na comunicação com as necessidades do seu próximo, especialmente em relação aos irmãos na fé, de maneira que devem fugir de toda forma de avareza, e viverem contentes com o que possuem, uma vez que têm recebido da parte de Deus a promessa de que Ele nunca os deixaria e desampararia.
Nós devemos portanto aprender a estarmos contentes em qualquer condição que estejamos, seja de pobreza, aflição ou perseguição (Fp 4.11).
 Tendo pois ao próprio Senhor como nosso ajudador, não devemos temer os males possam nos causar.
Deus nos dará força e alegria em nossas lutas espirituais, e Ele mesmo lutará por nós em honra da nossa fé no Seu grande nome.
Os pastores fiéis devem ser ouvidos quanto à Palavra de Deus que pregaram, e devem ser imitados na sua fé e forma de viver.
O que deveria ser trazido em memória pelos cristãos hebreus era a Palavra que os líderes deles lhes pregaram.
Desta forma, a melhor maneira de se honrar a Deus é não se deixar levar em redor por várias doutrinas e estranhas que sejam contrárias a única sã doutrina revelada por Cristo e pelos seus apóstolos.
Na  consideração que deveriam dar à Palavra que lhes foi pregada deveriam levar em conta a imutabilidade de Cristo, e portanto de Seu desígnio, vontade e Palavra.
Esta Palavra é eterna assim como o Senhor é eterno e é portanto não somente digna de inteira aceitação, como também deve ser mantida inalterada, assim como o Seu autor não muda.
Os cristãos possuem um altar espiritual que lhes foi provido por Cristo, no qual lhes é oferecido um banquete espiritual, do qual não podem participar aqueles que confiam no cerimonialismo da Lei para serem santificados. Porque este altar é acessível apenas aos que crêem e têm o Espírito Santo, por pertencerem a Cristo.
O próprio Jesus é o nosso altar no qual oferecemos nossos sacrifícios de louvor.
Jesus, nossa oferta pelo pecado já apresentou a Si mesmo como expiação por nós de uma vez para sempre. Não precisamos portanto de nenhuma oferta pelo pecado e pela culpa, senão somente apresentar os sacrifícios de gratidão e de paz com os nossos louvores.
É por ele, como nosso altar, que nós podemos oferecer nossos sacrifícios até Deus, verso 15.
A finalidade de um altar é a de santificar as pessoas que dele se aproximam, e temos portanto, somente em Cristo, o altar em que somos santificados (v. 12).
Não há portanto no Novo Testamento um altar material como o que havia no Velho Testamento, e que era uma figura de Cristo, em quem somos santificados.
Jesus foi humilhado sendo crucificado fora dos portões da cidade de Jerusalém, porque foi considerado indigno pelos principais sacerdotes, escribas e fariseus de morrer em Jerusalém. Mas disto a própria Lei falava em figura porque o sangue dos animais que eram oferecidos para fazer expiação pelo pecado, era trazido para o interior do santuário, mas os seus corpos eram queimados fora do arraial.
De igual maneira, os cristãos hebreus não deveriam procurar a honra de serem participantes do culto do templo e  das sinagogas, e nem se sentirem desonrados de serem expulsos do mesmo pelos sacerdotes de Israel, por causa da fé deles em Cristo. Ao contrário, deveriam suportar com alegria esta humilhação tal como o próprio Jesus a havia suportado.
Jesus havia sofrido fora da cidade, e assim os cristãos hebreus eram também chamados a renunciarem a todos os privilégios do acampamento e cidade por Ele.
Eles deveriam se dispor a sair mundo a fora sem se envergonharem de carregar a cruz.
Afinal, não é aqui neste mundo que temos uma cidade permanente. Não é a Jerusalém terrena a cidade santa na qual os cristãos são santificados e habitarão para sempre, mas a que descerá do céu como noiva ataviada para o Seu noivo.
Eles não deveriam mais se preocupar portanto em oferecer sacrifícios de animais no templo, mas sacrifício de louvor como o fruto dos lábios que confessam o nome de Jesus.
Além disso, se há algum outro sacrifício que os cristãos devem oferecer é o relativo à sua própria consagração ao Senhor, entregando-se à prática das boas obras e à mútua  cooperação, pela comunhão em amor; porque é deste tipo de sacrifício que Deus se agrada.
E não deveriam esquecer a obediência e sujeição que deveriam não apenas por motivo de consciência, mas por causa da ordenação de Deus, aos pastores que foram constituídos por Ele sobre as suas almas, para que no dia do juízo tenham motivo de se alegrar pelo bom testemunho de suas ovelhas, e não terem que dar conta do seu ministério gemendo de tristeza por falta de obediência e sujeição das mesmas.
O pastor fiel de um rebanho rebelde não sofrerá dano, mas certamente terá motivo para se entristecer, mas neste caso, o dano será do próprio rebanho, por causa da sua rebelião à verdade que lhe foi pregada.
O autor de Hebreus pediu que os cristãos orassem por ele, porque estava convicto de que tinha boa consciência, como todos os que querem se portar honestamente, e lhes pediu que o fizessem com instância, para que mais depressa lhes fosse restituído; do que se pode inferir que poderia se encontrar preso por ocasião da escrita da epístola.
 Ele estava orando para que Jesus, o grande pastor das ovelhas, e que o Deus de paz lhes aperfeiçoasse em toda boa obra para poderem fazer a Sua vontade, operando neles o que perante Ele é agradável por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória para todo o sempre.
Ele estava portanto lhes lembrando mais uma vez sobre o dever de se orar para que o Senhor possa nos santificar, porque não somos nós que nos santificamos a nós mesmos, senão o próprio Senhor. Nós somos apenas cooperadores de Deus neste trabalho pela diligência em obedecermos à Sua vontade, e pelo cumprimento dos deveres que nos são ordenados na Palavra.
O autor de Hebreus rogou, no mesmo estilo do apóstolo Paulo, em vez de ordenar, que os cristãos suportassem a palavra de exortação desta epístola, porque não lhes havia escrito em detalhes sobre as coisas que estavam erradas naquela congregação, mas escreveu de forma abreviada, na expectativa de que se arrependessem da sua falta de progresso espiritual e que retomassem a caminhada cristã com toda a diligência que ela exige.
Ele mencionou a sua intenção de ir ter com eles tão depressa quanto lhe fosse possível, assim que Timóteo viesse ter com ele, porque soubera que havia sido libertado.
Solicitando que saudassem todos os seus líderes e a todos os santos daquela congregação, ele se despediu dizendo que os cristãos da Itália também lhes estavam saudando.
Então esta epístola foi escrita provavelmente de Roma.
A epístola é encerrada ao modo do apóstolo Paulo, desejando que a graça fosse com todos eles.
Paulo sempre mencionou a importância da graça em suas epístolas, porque sem ela  não há nenhuma vida cristã verdadeira e nenhuma possibilidade de crescimento espiritual, porque é pelo aumento das graças do evangelho que somos amadurecidos em Cristo Jesus.                

Heb 13:1  Seja constante o amor fraternal.
Heb 13:2 Não negligencieis a hospitalidade, pois alguns, praticando-a, sem o saber acolheram anjos.
Heb 13:3 Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados.
Heb 13:4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.
Heb 13:5 Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.
Heb 13:6 Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?
Heb 13:7 Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.
Heb 13:8 Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.
Heb 13:9 Não vos deixeis envolver por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito os que com isto se preocuparam.
Heb 13:10 Possuímos um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo.
Heb 13:11 Pois aqueles animais cujo sangue é trazido para dentro do Santo dos Santos, pelo sumo sacerdote, como oblação pelo pecado, têm o corpo queimado fora do acampamento.
Heb 13:12 Por isso, foi que também Jesus, para santificar o povo, pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.
Heb 13:13 Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério.
Heb 13:14 Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir.
Heb 13:15 Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome.
Heb 13:16 Não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz.
Heb 13:17 Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros.
Heb 13:18 Orai por nós, pois estamos persuadidos de termos boa consciência, desejando em todas as coisas viver condignamente.
Heb 13:19 Rogo-vos, com muito empenho, que assim façais, a fim de que eu vos seja restituído mais depressa.
Heb 13:20 Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança,
Heb 13:21 vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, operando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém!
Heb 13:22 Rogo-vos ainda, irmãos, que suporteis a presente palavra de exortação; tanto mais quanto vos escrevi resumidamente.
Heb 13:23 Notifico-vos que o irmão Timóteo foi posto em liberdade; com ele, caso venha logo, vos verei.
Heb 13:24 Saudai todos os vossos guias, bem como todos os santos. Os da Itália vos saúdam.
Heb 13:25 A graça seja com todos vós.

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