terça-feira, 20 de outubro de 2015

Gênesis 36 a 50



Gênesis 36

“1 Estas são as gerações de Esaú (este é Edom):
2 Esaú tomou dentre as filhas de Canaã suas mulheres: Ada, filha de Elom o heteu, e Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão o heveu,
3 e Basemate, filha de Ismael, irmã de Nebaiote.
4 Ada teve de Esaú a Elifaz, e Basemate teve a Reuel; e Aolíbama teve a Jeús, Jalão e Corá; estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã.
6 Depois Esaú tomou suas mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as almas de sua casa, seu gado, todos os seus animais e todos os seus bens, que havia adquirido na terra de Canaã, e foi-se para outra terra, apartando-se de seu irmão Jacó.
7 Porque os seus bens eram abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado.
8 Portanto Esaú habitou no monte de Seir; Esaú é Edom.
9 Estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:
10 Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada, mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú.
11 E os filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gatã e Quenaz.
12 Timna era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque. São esses os filhos de Ada, mulher de Esaú.
13 Foram estes os filhos de Reuel: Naate e Zerá, Sama e Mizá. Foram esses os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
14 Estes foram os filhos de Aolíbama, filha de Ana, filha de Zibeão, mulher de Esaú: ela teve de Esaú Jeús, Jalão e Corá.
15 São estes os chefes dos filhos de Esaú: dos filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, os chefes Temã, Omar, Zefô, Quenaz,
16 Corá, Gatã e Amaleque. São esses os chefes que nasceram a Elifaz na terra de Edom; esses são os filhos de Ada.
17 Estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: os chefes Naate, Zerá, Sama e Mizá; esses são os chefes que nasceram a Reuel na terra de Edom; esses são os filhos de Basemate, mulher de Esaú.
18 Estes são os filhos de Aolíbama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e Corá; esses são os chefes que nasceram a líbama, filha de Ana, mulher de Esaú.
19 Esses são os filhos de Esaú, e esses seus príncipes: ele é Edom.
20 São estes os filhos de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
21 Disom, Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus, filhos de Seir, na terra de Edom.
22 Os filhos de Lotã foram: Hori e Hemã; e a irmã de Lotã era Timna.
23 Estes são os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal, Sefô e Onão.
24 Estes são os filhos de Zibeão: Aías e Anás; este é o Anás que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava os jumentos de Zibeão, seu pai.
25 São estes os filhos de Ana: Disom e Aolíbama, filha de Ana.
26 São estes os filhos de Disom: Hendã, Esbã, Itrã e Querã.
27 Estes são os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.
28 Estes são os filhos de Disã: Uz e Arã.
29 Estes são os chefes dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás,
30 Disom, Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus que governaram na terra de Seir.
31 São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.
32 Reinou, pois, em Edom Belá, filho de Beor; e o nome da sua cidade era Dinabá.
33 Morreu Belá; e Jobabe, filho de Zerá de Bozra, reinou em seu lugar.
34 Morreu Jobabe; e Husão, da terra dos temanitas, reinou em seu lugar.
35 Morreu Husão; e em seu lugar reinou Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe; e o nome da sua cidade era Avite.
36 Morreu Hadade; e Sâmela de Masreca reinou em seu lugar.
37 Morreu Sâmela; e Saul de Reobote junto ao rio reinou em seu lugar.
38 Morreu Saul; e Baal-Hanã, filho de Acbor, reinou em seu lugar.
39 Morreu Baal-Hanã, filho de Acbor; e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade era Paú; e o nome de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 Estes são os nomes dos chefes dos filhos de Esaú, segundo as suas famílias, segundo os seus lugares, pelos seus nomes: os chefes Timna, Alva, Jetete,
41 Aolíbama, Elá, Pinom,
42 Quenaz, Temã, Mibzar,
43 Magdiel e Irão; esses são os chefes de Edom, segundo as suas habitações, na terra, da sua possessão. Este é Esaú, pai dos edomeus.” (Gên 36.1-43).

Neste capítulo nós temos um registro da posteridade de Esaú, os edomitas. Ele era filho de Isaque, e por isso lhe é dada esta honra de ter a sua posteridade registrada na Palavra de Deus.
Não para indicar uma possível inclusão da sua descendência na promessa feita a Abraão, mas para revelar a fidelidade de Deus em cumprir o que havia dito a Rebeca, sua mãe, que no seu ventre havia duas nações, a saber, os edomitas e os israelitas, que descenderiam respectivamente, de Esaú e de Jacó.
Apesar de Esaú ter vivido longe dos caminhos do Senhor, e de ter se casado com três mulheres, sendo duas hetéias e uma ismaelita, no entanto a promessa de Deus prevaleceu: ele veio a ser uma nação, conforme o Senhor havia revelado à sua mãe.  
Esta narrativa comprova que de fato mesmo aqueles que não amam ao Senhor e não o servem, podem prosperar muito nas coisas deste mundo.
Podem fazer muitos progressos em relação às coisas terrenas.
Podem se tornar poderosos na terra.
Mas nada disso será um fator indicativo de que possuam também a bênção relativa às coisas espirituais e eternas, que são obtidas somente por aqueles que se arrependem de seus pecados e creem no Senhor, tornando-se seus filhos.
Deus mesmo afirma que deu aos edomitas o monte Seir como lugar da sua habitação (Deut 2.5; Jos 24.4).
               


Gênesis 37

“1 Jacó habitava na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.
2 Estas são as gerações de Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a respeito deles.
3 Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.
4 Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam falar pacificamente.
5 José teve um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.
6 Pois ele lhes disse: Ouvi, peço-vos, este sonho que tive:
7 Estávamos nós atando molhos no campo, e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho.
8 Responderam-lhe seus irmãos: Tu pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas palavras.
9 Teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim.
10 Quando o contou a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e disse-lhe: Que sonho é esse que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos com o rosto em terra diante de ti?
11 Seus irmãos, pois, o invejavam; mas seu pai guardava o caso no seu coração.
12 Ora, foram seus irmãos apascentar o rebanho de seu pai, em Siquém.
13 Disse, pois, Israel a José: Não apascentam teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles. Respondeu-lhe José: Eis-me aqui.
14 Disse-lhe Israel: Vai, vê se vão bem teus irmãos, e o rebanho; e traze-me resposta. Assim o enviou do vale de Hebrom; e José foi a Siquém.
15 E um homem encontrou a José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que procuras?
16 Respondeu ele: Estou procurando meus irmãos; dize-me, peço-te, onde apascentam eles o rebanho.
17 Disse o homem: Foram-se daqui; pois ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois, seguiu seus irmãos, e os achou em Dotã.
18 Eles o viram de longe e, antes que chegasse aonde estavam, conspiraram contra ele, para o matarem,
19 dizendo uns aos outros: Eis que lá vem o sonhador!
20 Vinde pois agora, matemo-lo e lancemo-lo numa das covas; e diremos: uma besta-fera o devorou. Veremos, então, o que será dos seus sonhos.
21 Mas Rúben, ouvindo isso, livrou-o das mãos deles, dizendo: Não lhe tiremos a vida.
22 Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mão nele. Disse isto para livrá-lo das mãos deles, a fim de restituí-lo a seu pai.
23 Logo que José chegou a seus irmãos, estes o despiram da sua túnica, a túnica de várias cores, que ele trazia;
24 e tomando-o, lançaram-no na cova; mas a cova estava vazia, não havia água nela.
25 Depois sentaram-se para comer; e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Gileade; nos seus camelos traziam tragacanto, bálsamo e mirra, que iam levar ao Egito.
26 Disse Judá a seus irmãos: De que nos aproveita matar nosso irmão e encobrir o seu sangue?
27 Vinde, vendamo-lo a esses ismaelitas, e não seja nossa mão sobre ele; porque é nosso irmão, nossa carne. E escutaram-no seus irmãos.
28 Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.
29 Ora, Rúben voltou à cova, e eis que José não estava na cova; pelo que rasgou as suas vestes
30 e, tornando a seus irmãos, disse: O menino não aparece; e eu, aonde irei?
31 Tomaram, então, a túnica de José, mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.
32 Enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai e dizer-lhe: Achamos esta túnica; vê se é a túnica de teu filho, ou não.
33 Ele a reconheceu e exclamou: A túnica de meu filho! uma besta-fera o devorou; certamente José foi despedaçado.
34 Então Jacó rasgou as suas vestes, e pôs saco sobre os seus lombos e lamentou seu filho por muitos dias.
35 E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser consolado, e disse: Na verdade, com choro hei de descer para meu filho até o Seol. Assim o chorou seu pai.
36 Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.”

A história de José começa neste capítulo e se estende até o final do livro de Gênesis.
A sua história está dividida na narrativa da sua humilhação e na da sua exaltação.
Nós podemos ver então nisto, uma tipologia que aponta para Cristo.
A história de José se aplica também aos cristãos que devem entrar no reino dos céus por muitas tribulações.
Neste capítulo nós vemos os irmãos de José se vingando dele, porque havia contado ao seu pai sobre os atos pecaminosos deles; também porque o seu pai o amava e se agradava de sua vida piedosa; e por fim, porque ele havia sonhado que viria a exercer domínio sobre eles.
E isto fez com que seus irmãos viessem a tencionar matá-lo, mas, pela intervenção de Rúben e de Judá, ele foi livrado da morte, mas foi vendido por eles como escravo aos midianitas.
Todavia, tudo isso estava cooperando para o bem não apenas do próprio José, como para o próprio bem deles.
Nós vemos aqui mais uma vez, Deus tirando o bem do mal, porque de certa forma o que contribuiu grandemente para o ódio dos irmãos de José por ele, foi a imprudência de Jacó de fazer distinção entre seus filhos.
Os pais não devem fazer distinção entre um filho e outro, pois o governo paterno deve ser imparcial, e ser administrado com mão firme e amorosa.
Quando os pais fazem distinção entre os filhos isto ocasiona frequentemente disputas em família.
Vale destacar que no sonho em que Deus revelou a sua futura grandeza, Ele não lhe mostrou nada sobre suas aflições e prisões.
Isto não é muito incomum nas visões e sonhos que o Senhor dá aos seus servos, especialmente aqueles relativos a bênçãos, que lhes serão concedidas, notadamente aquelas relativas ao ministério, que são muitas vezes acompanhadas de grandes tribulações e de longos períodos de espera, nos quais a fé deles é fortalecida, e através das quais aprendem a prevalecer na oração e a serem perseverantes.
Os irmãos de José o venderam como escravo pensando talvez que com isso jamais ele viria a ser o senhor que lhes revelara no sonho que lhe foi dado por Deus.
Isto é bastante instrutivo quanto ao fato de que por mais que tentem frustrar os propósitos do Senhor, todos eles se cumprirão por maiores que sejam os esforços dos homens e dos demônios, para impedi-los.
 Adão tentou cobrir a sua transgressão com folhas de figueira, e desde então os homens procuram encobrir seus pecados com mentiras e outros tipos de pecados. Foi exatamente isto que fizeram os irmãos de José que tentaram cobrir a sua venda como escravo por eles, com a mentira de que ele havia sido devorado pelas bestas do campo, e forjaram esta história, principalmente para enganarem a Jacó, pensando que com isso, José viria a ser esquecido para sempre por ele.




Gênesis 38

“1 Nesse tempo Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa dum adulamita, que se chamava Hira,
2 e viu Judá ali a filha de um cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela.
3 Ela concebeu e teve um filho, e o pai chamou-lhe Er.
4 Tornou ela a conceber e teve um filho, a quem ela chamou Onã.
5 Teve ainda mais um filho, e chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o teve.
6 Depois Judá tomou para Er, o seu primogênito, uma mulher, por nome Tamar.
7 Ora, Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, pelo que o Senhor o matou.
8 Então disse Judá a Onã: Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o dever de cunhado, suscita descendência a teu irmão.
9 Onã, porém, sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de modo que, toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o sêmen no chão para não dar descendência a seu irmão.
10 E o que ele fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a ele.
11 Então disse Judá a Tamar sua nora: Conserva-te viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho, venha a ser homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa de seu pai.
12 Com o correr do tempo, morreu a filha de Suá, mulher de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a Timnate para ir ter com os tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo, o adulamita.
13 E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu sogro sobe a Timnate para tosquiar as suas ovelhas.
14 Então ela se despiu dos vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e assim envolvida, assentou-se à porta de Enaim que está no caminho de Timnate; porque via que Selá já era homem, e ela lhe não fora dada por mulher.
15 Ao vê-la, Judá julgou que era uma prostituta, porque ela havia coberto o rosto.
16 E dirigiu-se para ela no caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo; porquanto não sabia que era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que me darás, para estares comigo?
17 Respondeu ele: Eu te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda: Dar-me-ás um penhor até que o envies?
18 Então ele respondeu: Que penhor é o que te darei? Disse ela: O teu selo com a corda, e o cajado que está em tua mão. Ele, pois, lhos deu, e esteve com ela, e ela concebeu dele.
19 E ela se levantou e se foi; tirou de si o véu e vestiu os vestidos da sua viuvez.
20 Depois Judá enviou o cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o penhor da mão da mulher; porém ele não a encontrou.
21 Pelo que perguntou aos homens daquele lugar: Onde está a prostituta que estava em Enaim junto ao caminho? E disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
22 Voltou, pois, a Judá e disse: Não a achei; e também os homens daquele lugar disseram: Aqui não esteve prostituta alguma.
23 Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor, para que não caiamos em desprezo; eis que enviei este cabrito, mas tu não a achaste.
24 Passados quase três meses, disseram a Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que está grávida da sua prostituição. Então disse Judá: Tirai-a para fora, e seja ela queimada.
25 Quando ela estava sendo tirada para fora, mandou dizer a seu sogro: Do homem a quem pertencem estas coisas eu concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te, de quem são estes, o selo com o cordão, e o cajado.
26 Reconheceu-os, pois, Judá, e disse: Ela é mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá. E nunca mais a conheceu.
27 Sucedeu que, ao tempo de ela dar à luz, havia gêmeos em seu ventre;
28 e dando ela à luz, um pôs fora a mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão, dizendo: Este saiu primeiro.
29 Mas recolheu ele a mão, e eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse: Como tens tu rompido! Portanto foi chamado Pérez.
30 Depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio encamado; e foi chamado Zerá.”

Desde que começamos o nosso estudo no livro de Gênesis uma coisa salta nitidamente diante de nossos olhos espirituais: que apesar de Deus exigir que todos se arrependam e vivam retamente na Sua presença, e que Ele visita o pecado com os Seus juízos, no entanto é inegável, que a aceitação por Ele daqueles que se arrependem dentre os pecadores, não é de fato por nenhum mérito deles, mas pela Sua exclusiva graça e misericórdia.
Neste capítulo nós vemos isto mais uma vez, de forma muito nítida, pois é dado um relato sucinto dos primeiros descendentes de Judá, de cuja tribo descenderia nosso Senhor Jesus Cristo, e nós vemos aqui que de fato a eleição é realizada com base na graça e não no mérito, e que Cristo veio ao mundo para salvar pecadores, até mesmo os piores, e não se envergonha de lhes chamar de irmãos, em face do arrependimento deles.
De Perez, filho de Judá, através do incesto com sua nora Tamar, viria a descender Jesus no futuro.
Foi mandado por Deus que Moisés registrasse os detalhes do seu nascimento para que ficasse revelado que pela Sua intervenção, Perez rompeu a dianteira impedindo que Zera seu irmão nascesse primeiro, vindo a ser o primogênito, apesar de terem amarrado um fio encarnado no braço de Zera para determinar a sua primogenitura, pois foi ele que havia colocado a mão para fora, tendo-a recolhido logo em seguida.  
Judá havia se casado com uma mulher de Canaã, e teve três filhos com ela: Er, Onã e Selá.
Deus havia proibido o casamento dos descendentes de Abraão com mulheres de Canaã, mas nós vemos Judá contrariando este mandamento de Deus, e isto trouxe sérias consequências porque seus filhos não foram criados nos Seus caminhos, e dois deles, Er e Onã foram mortos pelo Senhor em razão de viverem de modo ímpio, e desafiando a Deus e a sua lei voluntariamente.  
 Tendo morrido Er e Onã, cabia a Selá garantir o direito à herança de Tamar, coabitando com ela, para que lhe desse filhos que perpetuassem o nome de Er, com quem ela era casada.
Isto era chamado de lei do levirato nos dias de Moisés (Dt 25.5), e já era uma prática desde dias antigos, de modo a garantir a sucessão e herança dentro de uma família, onde uma mulher viesse a enviuvar sem ter tido filhos.
Cabia então a um dos irmãos do falecido garantir a procriação que ele ficara impedido de realizar em razão de ter morrido.
Mas o próprio Judá se negava a dar Selá a Tamar como a lei o exigia, e por isso ela usou de um artifício para conceber diretamente do próprio sogro.
Assim Tamar veio a ser incluída na genealogia de Cristo.




Gênesis 39

“1 José foi levado ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá.
2 Mas o Senhor era com José, e ele tornou-se próspero; e estava na casa do seu senhor, o egípcio.
3 E viu o seu senhor que Deus era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia.
4 Assim José achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha.
5 Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo.
6 Potifar deixou tudo na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. Ora, José era formoso de porte e de semblante.
7 E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse: Deita-te comigo.
8 Mas ele recusou, e disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu senhor não sabe o que está comigo na sua casa, e entregou em minha mão tudo o que tem;
9 ele não é maior do que eu nesta casa; e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua mulher. Como, pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra Deus?
10 Entretanto, ela instava com José dia após dia; ele, porém, não lhe dava ouvidos, para se deitar com ela, ou estar com ela.
11 Mas sucedeu, certo dia, que entrou na casa para fazer o seu serviço; e nenhum dos homens da casa estava lá dentro.
12 Então ela, pegando-o pela capa, lhe disse: Deita-te comigo! Mas ele, deixando a capa na mão dela, fugiu, escapando para fora.
13 Quando ela viu que ele deixara a capa na mão dela e fugira para fora,
14 chamou pelos homens de sua casa, e disse-lhes: Vede! meu marido trouxe-nos um hebreu para nos insultar; veio a mim para se deitar comigo, e eu gritei em alta voz;
15 Ouvindo ele que eu levantava a voz e gritava, deixou as vestes ao meu lado e saiu, fugindo para fora.
16 Ela guardou a capa consigo, até que o senhor dele voltou a casa.
17 Então falou-lhe conforme as mesmas palavras, dizendo: O servo hebreu, que nos trouxeste, veio a mim para me insultar;
18 mas, levantando eu a voz e gritando, ele deixou comigo a capa e fugiu para fora.
19 Tendo o seu senhor ouvido as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo: Desta maneira me fez teu servo, a sua ira se acendeu.
20 Então o senhor de José o tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os presos do rei estavam encarcerados; e ele ficou ali no cárcere.
21 O Senhor, porém, era com José, estendendo sobre ele a sua benignidade e dando-lhe graça aos olhos do carcereiro,
22 o qual entregou na mão de José todos os presos que estavam no cárcere; e era José quem ordenava tudo o que se fazia ali.
23 E o carcereiro não tinha cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porquanto o Senhor era com ele, fazendo prosperar tudo quanto ele empreendia.”

Tendo sido feito o breve parêntesis do capítulo anterior para ser registrada a história de Judá e seus filhos, neste é retomada a história de José.
No final do capítulo 37, está registrado que José foi vendido pelos midianitas a Potifar, oficial de Faraó (37.36), e agora no capítulo 39 nós lemos algo sobre a vida de José na casa deste egípcio.
José a quem Deus havia designado para governar, estava na forma de servo, mas mesmo nesta forma foi reconhecido que o Senhor era com ele, e que tudo prosperava em suas mãos.
Nisto também ele foi um tipo de Jesus, porque Ele viria em forma de servo, mas seria reconhecido que Deus era com Ele, e que tudo o que fazia prosperava.
Por isso o governo lhe foi designado pelo Pai e Ele reinará para sempre, porque Ele se humilhou a si mesmo até a morte e morte de cruz.
Mas como José não estava designado por Deus para ser para sempre um servo na casa de Pofifar, foi permitido que lhe sobreviesse uma prova, da qual ele não caiu por ter sido fortalecido pela graça, na tentação em si mesma, quando a mulher de Potifar quis seduzi-lo, mas caiu em desgraça para com Potifar que não lhe deu crédito, antes na mentira de sua esposa, que em face da recusa de José em se deitar com ela, o acusou de tentar seduzi-la.
O caráter de José está revelado no que ele disse à mulher de Potifar quando esta lhe propôs que se deitasse com ela:
“como cometeria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?”
Ele cita a maldade que seria o ato de adultério contra o seu senhor que tudo havia colocado sob o seu cuidado, e ele reconhece que aquele seria um pecado contra Deus.
Isto se chama de santidade prática, provada na vida e no caráter.
Este era José, o escolhido de Deus não apenas para governar o Egito, mas para servir de exemplo para todos os israelitas e todos do povo de Deus na sua geração e nas gerações futuras.
A sua história está registrada não para imitação de todos os passos de sua vida, mas para seguirmos o seu exemplo de adoração e santidade prática e viva.
O amor de José por Deus se manifestava em repulsa ao pecado.
Tendo sido  lançado injustamente na prisão onde se encontravam os presos do rei, a Palavra registra que O Senhor era com José, e lhe foi benigno, e lhe deu mercê perante o carcereiro (39.21), de modo que o carcereiro confiou todos os presos a José e não tinha qualquer preocupação porque o Senhor era com ele e tudo o que fazia o Senhor prosperava (39.23).
Isto mostra que Deus é poderoso para dar amigos àqueles que são do seu povo, até mesmo onde menos se possa esperar achá-los, e pode fazer com que seus servos se compadeçam até mesmo daqueles que estão na prisão.



Gênesis 40

“1 Depois destas coisas o copeiro do rei do Egito e o seu padeiro ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.
2 Pelo que se indignou Faraó contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor;
3 e mandou detê-los na casa do capitão da guarda, no cárcere onde José estava preso;
4 e o capitão da guarda pô-los a cargo de José, que os servia. Assim estiveram por algum tempo em detenção.
5 Ora, tiveram ambos um sonho, cada um seu sonho na mesma noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o padeiro do rei do Egito, que se achavam presos no cárcere:
6 Quando José veio a eles pela manhã, viu que estavam perturbados:
7 Perguntou, pois, a esses oficiais de Faraó, que com ele estavam no cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por que estão os vossos semblantes tão tristes hoje?
8 Responderam-lhe: Tivemos um sonho e ninguém há que o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura não pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos.
9 Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, dizendo-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante de mim,
10 e na vide três sarmentos; e, tendo a vide brotado, saíam as suas flores, e os seus cachos produziam uvas maduras.
11 O copo de Faraó estava na minha mão; e, tomando as uvas, eu as espremia no copo de Faraó e entregava o copo na mão de Faraó.
12 Então disse-lhe José: Esta é a sua interpretação: Os três sarmentos são três dias;
13 dentro de três dias Faraó levantará a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo; e darás o copo de Faraó na sua mão, conforme o costume antigo, quando eras seu copeiro.
14 Mas lembra-te de mim, quando te for bem; usa, peço-te, de compaixão para comigo e faze menção de mim a Faraó e tira-me desta casa;
15 porque, na verdade, fui roubado da terra dos hebreus; e aqui também nada tenho feito para que me pusessem na masmorra.
16 Quando o padeiro-mor viu que a interpretação era boa, disse a José: Eu também sonhei, e eis que três cestos de pão branco estavam sobre a minha cabeça.
17 E no cesto mais alto havia para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os padeiros; e as aves os comiam do cesto que estava sobre a minha cabeça.
18 Então respondeu José: Esta é a interpretação do sonho: Os três cestos são três dias;
19 dentro de três dias tirará Faraó a tua cabeça, e te pendurará num madeiro, e as aves comerão a tua carne de sobre ti.
20 E aconteceu ao terceiro dia, o dia natalício de Faraó, que este deu um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no meio dos seus servos;
21 e restaurou o copeiro-mor ao seu cargo de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó;
22 mas ao padeiro-mor enforcou, como José lhes havia interpretado.
23 O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José, antes se esqueceu dele.”

Nós não teríamos a história do copeiro-chefe e do padeiro-chefe neste capitulo das Escrituras, caso eles não estivessem relacionados com o propósito de Deus em relação a José.
Estes dois homens seriam importantes no Seu propósito de conduzir José à presença do faraó, e por isto Deus lhes deu sonhos nos quais estava revelado em enigma o futuro de ambos.
Tendo narrado o fato a José, este lhes pediu que lhe contassem os seus sonhos, argumentando que a Deus pertencem as interpretações (40.8).
José recebeu a interpretação, e nesta lhe foi revelado que o copeiro chefe seria reabilitado na presença de faraó e voltaria a lhe servir, decorrido o prazo de três dias, e José lhe pediu que quando isto ocorresse que fizesse menção dele a faraó para que o libertasse da prisão.
O padeiro, animado pela boa interpretação dada ao sonho do copeiro, também narrou o seu sonho a José.
Mas para sua surpresa a interpretação do seu sonho não lhe foi favorável, pois lhe foi dito que dentro de três dias faraó lhe tiraria a cabeça e o penduraria num madeiro, e a as aves de rapina lhe comeriam as carnes.
De fato tudo veio a suceder conforme José interpretara.
O capítulo é encerrado com a citação de que o copeiro havia se esquecido de José e não fez menção do seu nome junto a faraó.
Há muitas lições para serem aprendidas nesta porção das Escrituras. Uma delas é que Deus pode ter acesso imediato ao espírito de qualquer pessoa dando-lhe sonhos, visões ou comunicando-se por meio de qualquer outro meio.
Ele faz isto inesperadamente, conforme o Seu agrado, e não pela determinação dos próprios homens. Assim, também, o Senhor é poderoso para produzir impressões de tristeza nas pessoas, especialmente pelos seus pecados, com vistas a conduzi-las à confissão e/ou conversão. Note que o copeiro e o padeiro estavam tristes por causa da impressão que os sonhos haviam produzido em seus espíritos.    



Gênesis 41

“1 Passados dois anos inteiros, Faraó sonhou que estava em pé junto ao rio Nilo;
2 e eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e gordas de carne, e pastavam no carriçal.
3 Após elas subiam do rio outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto às outras vacas à beira do Nilo.
4 E as vacas feias à vista e magras de carne devoravam as sete formosas à vista e gordas. Então Faraó acordou.
5 Depois dormiu e tornou a sonhar; e eis que brotavam dum mesmo pé sete espigas cheias e boas.
6 Após elas brotavam sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental;
7 e as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou, e eis que era um sonho.
8 Pela manhã o seu espírito estava perturbado; pelo que mandou chamar todos os adivinhadores do Egito, e todos os seus sábios. Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas não havia quem lhos interpretasse.
9 Então disse o copeiro-mor a Faraó: Das minhas faltas me lembro hoje:
10 Faraó estava muito indignado contra os seus servos, e entregou-me à prisão na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro chefe.
11 Então tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele, e cada sonho com sua própria interpretação.
12 Estava ali conosco um moço hebreu, servo do capitão da guarda, e contamos-lhe os sonhos, e ele interpretou os nossos sonhos, a cada um interpretou conforme o seu sonho.
13 E conforme a sua interpretação, assim mesmo aconteceu: eu fui restituído ao meu cargo, e ele foi enforcado.
14 Então Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair apressadamente da masmorra. Ele se barbeou, mudou de roupa e apresentou-se a Faraó.
15 Disse Faraó a José: Eu tive um sonho e não há quem o interprete. Mas de ti ouvi dizer que, ouvindo contar um sonho, podes interpretá-lo.
16 Respondeu José a Faraó: Isso não está em mim, mas Deus é que dará uma resposta de paz a Faraó.
17 Então disse Faraó a José: Em meu sonho eu estava em pé à beira do rio Nilo,
18 e subiam do rio sete vacas gordas e formosas à vista, e pastavam entre os juncos.
19 Após elas subiam outras sete vacas, fracas, muito feias à vista e magras de carne, tão feias quais nunca vi em toda terra do Egito.
20 As vacas magras e feias devoravam as primeiras sete vacas gordas.
21 Mas depois de as terem consumido, não se podia reconhecer que as houvessem consumido; a sua aparência era tão feia como no princípio. Então acordei.
22 Depois vi, em meu sonho, que de um mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas.
23 Após elas brotavam sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental.
24 As sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos, mas não houve quem o interpretasse.
25 Então disse José a Faraó: O sonho de Faraó é um só. O que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.
26 As sete vacas boas são sete anos, e as sete espigas boas também são sete anos; o sonho é um só.
27 As sete vacas magras e feias que subiam após as primeiras, são sete anos, como as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental: são sete anos de fome.
28 Esta é a palavra que eu disse a Faraó: o que Deus há de fazer mostro-o a Faraó.
29 Vêm sete anos de grande fartura em toda terra do Egito.
30 Depois deles levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra.
31 Não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que seguirá; porquanto será gravíssima.
32 Ora, se o sonho foi duplicado a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e ele brevemente a fará.
33 Portanto, proveja-se agora Faraó de um homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito.
34 Faça isto Faraó: nomeie administradores sobre a terra, que tomem a quinta parte dos produtos da terra do Egito nos sete anos de fartura;
35 e ajuntem eles todo o mantimento destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades e o guardem;
36 assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome, que haverá na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome.
37 Esse parecer foi bom aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os seus servos.
38 Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus?
39 Depois disse Faraó a José: Porquanto Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu.
40 Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu.
41 Disse mais Faraó a José: Vê, eu te hei posto sobre toda a terra do Egito.
42 E Faraó tirou da mão o seu anel-sinete e pô-lo na mão de José, vestiu-o de traje de linho fino, e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro.
43 Ademais, fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Ajoelhai-vos. Assim Faraó o constituiu sobre toda a terra do Egito.
44 Ainda disse Faraó a José: Eu sou Faraó; sem ti, pois, ninguém levantará a mão ou o pé em toda a terra do Egito.
45 Faraó chamou a José Zafnate-Paneã, e deu-lhe por mulher Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Depois saiu José por toda a terra do Egito.
46 Ora, José era da idade de trinta anos, quando se apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença de Faraó e passou por toda a terra do Egito.
47 Durante os sete anos de fartura a terra produziu com abundância;
48 e José ajuntou todo o mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou nas cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada cidade, guardou-o dentro da mesma.
49 Assim José ajuntou muitíssimo trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se podia mais contá-lo.
50 Antes que viesse o ano da fome, nasceram a José dois filhos, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
51 E chamou José ao primogênito Manassés; porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai.
52 Ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus me fez crescer na terra da minha aflição.
53 Acabaram-se, então, os sete anos de fartura que houve na terra do Egito;
54 e começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha dito; e havia fome em todas as terras; porém, em toda a terra do Egito havia pão.
55 Depois toda a terra do Egito teve fome, e o povo clamou a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a José; o que ele vos disser, fazei.
56 De modo que, havendo fome sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito.
57 Também de todas as terras vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a fome prevaleceu em todas as terras.”

Foi somente depois de passados dois anos desde que José dera a interpretação do sonho do copeiro-chefe, que este veio a citá-lo diante de faraó, não porque tivesse lembrado do pedido que ele lhe havia feito, mas porque faraó teve sonhos da parte de Deus que ninguém estava conseguindo interpretar.
O tempo que José teve que aguardar na prisão, nos faz lembrar que temos necessidade de paciência, suportando e esperando.
Há um tempo para o livramento dos filhos de Deus, e esse tempo virá, embora pareça tardar, e quando ele vier, parecerá ter sido o melhor momento, por várias razões, e então deveríamos esperar por ele com paciência (Hc 2.3).
Os próprios sonhos de José que Deus lhe havia dado foram a causa principal das dificuldades que ele estava sofrendo, e agora, os sonhos de faraó, seriam a causa da sua libertação.
O nosso uso por Deus para abençoarmos a outros, nos traz maiores bênçãos do que aquilo que se refere a nós mesmos.
Assim, não há maior e melhor bênção do que ser uma bênção para outros.  
Quando faraó mandou chamar José e lhe disse que soube que quando ele ouvia um sonho podia interpretá-lo, José humildemente deu toda a honra a Deus dizendo que não estava isto nele mesmo, e seria Deus quem daria resposta a faraó (41.16).
José interpretou os dois sonhos que tinham a mesma interpretação.
A repetição era para indicar a certeza e a proximidade e a importância do evento (v 32),
As provisões que José fez no Egito juntando nos sete anos de fartura, para ter suprimentos nos anos de escassez, são uma boa ilustração para as vidas espirituais dos cristãos, que devem fazer provisões da graça nos períodos em que ela é derramada abundantemente, para que possam estar bem providos nos tempos de dificuldades e escassez.
José havia honrado a Deus no pouco e na tribulação, e agora o Senhor o honraria colocando-o sobre o muito e dando-lhe alívio em suas humilhações.
Ele seria exaltado por Deus, porque foi reconhecido que nele havia o seu Espírito pelo próprio faraó (38).
José havia honrado a Deus dizendo que era Ele quem lhe dava sabedoria para interpretar os sonhos, e esta honra retornou a ele sob a forma de reconhecimento de faraó de que ele era o homem certo para administrar o Egito, uma vez que Deus lhe dava sabedoria (39).
José recebeu de faraó um nome egípcio Zafenate-Panéia, que significa revelador de segredos, e para também mostrar a nova honra que lhe estava sendo conferida, deu-lhe por esposa a filha de um sacerdote, chamada Azenate, que lhe deu por filhos a Manassés e a Efraim.
E houve fome não somente no Egito mas em toda a terra (v 57) e José foi o instrumento de Deus para matar a fome do mundo.
Isto visava a propósitos muito maiores do que resolver aquela situação em sua própria época, pois o Senhor tinha planos para o futuro da nação de Israel, para que se multiplicasse em segurança no Egito, a partir de toda a honra que seria concedida aos israelitas pelos egípcios, por causa de José.
Quando a memória de José ficasse apagada, eles já seriam bastante numerosos, de modo que viriam a formar a nação que havia sido prometida por Deus a Abraão.



Gênesis 42

“1 Ora, Jacó soube que havia trigo no Egito, e disse a seus filhos: Por que estais olhando uns para os outros?
2 Disse mais: Tenho ouvido que há trigo no Egito; descei até lá, e de lá comprai-o para nós, a fim de que vivamos e não morramos.
3 Então desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito.
4 Mas a Benjamim, irmão de José, não enviou Jacó com os seus irmãos, pois disse: Para que, porventura, não lhe suceda algum desastre.
5 Assim entre os que iam lá, foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na terra de Canaã.
6 José era o governador da terra; era ele quem vendia a todo o povo da terra; e vindo os irmãos de José, prostraram-se diante dele com o rosto em terra.
7 José, vendo seus irmãos, reconheceu-os; mas portou-se como estranho para com eles, falou-lhes asperamente e perguntou-lhes: Donde vindes? Responderam eles: Da terra de Canaã, para comprarmos mantimento.
8 José, pois, reconheceu seus irmãos, mas eles não o reconheceram.
9 Lembrou-se então José dos sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes: Vós sois espias, e viestes para ver a nudez da terra.
10 Responderam-lhe eles: Não, senhor meu; mas teus servos vieram comprar mantimento.
11 Nós somos todos filhos de um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são espias.
12 Replicou-lhes: Não; antes viestes para ver a nudez da terra.
13 Mas eles disseram: Nós, teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem da terra de Canaã; o mais novo está hoje com nosso pai, e outro já não existe.
14 Respondeu-lhe José: É assim como vos disse; sois espias.
15 Nisto sereis provados: Pela vida de Faraó, não saireis daqui, a menos que venha para cá vosso irmão mais novo.
16 Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão, mas vós ficareis presos, a fim de serem provadas as vossas palavras, se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois espias.
17 E meteu-os juntos na prisão por três dias.
18 Ao terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e vivereis; porque eu temo a Deus.
19 Se sois homens de retidão, que fique um dos irmãos preso na casa da vossa prisão; mas ide vós, levai trigo para a fome de vossas casas,
20 e trazei-me o vosso irmão mais novo; assim serão verificadas vossas palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram.
21 Então disseram uns aos outros: Nós, na verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender; é por isso que vem sobre nós esta angústia.
22 Respondeu-lhes Rúben: Não vos dizia eu: Não pequeis contra o menino; Mas não quisestes ouvir; por isso agora é requerido de nós o seu sangue.
23 E eles não sabiam que José os entendia, porque havia intérprete entre eles.
24 Nisto José se retirou deles e chorou. Depois tornou a eles, falou-lhes, e tomou a Simeão dentre eles, e o amarrou perante os seus olhos.
25 Então ordenou José que lhes enchessem de trigo os sacos, que lhes restituíssem o dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem provisões para o caminho. E assim lhes foi feito.
26 Eles, pois, carregaram o trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali.
27 Quando um deles abriu o saco, para dar forragem ao seu jumento na estalagem, viu o seu dinheiro, pois estava na boca do saco.
28 E disse a seus irmãos: Meu dinheiro foi-me devolvido; ei-lo aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração e, tremendo, viravam-se uns para os outros, dizendo: Que é isto que Deus nos tem feito?
29 Depois vieram para Jacó, seu pai, na terra de Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes acontecera, dizendo:
30 O homem, o senhor da terra, falou-nos asperamente, e tratou-nos como espias da terra;
31 mas dissemos-lhe: Somos homens de retidão; não somos espias;
32 somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um já não existe e o mais novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã.
33 Respondeu-nos o homem, o senhor da terra: Nisto conhecerei que vós sois homens de retidão: Deixai comigo um de vossos irmãos, levai trigo para a fome de vossas casas, e parti,
34 e trazei-me vosso irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de retidão; então vos entregarei o vosso irmão e negociareis na terra.
35 E aconteceu que, despejando eles os sacos, eis que o pacote de dinheiro de cada um estava no seu saco; quando eles e seu pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo.
36 Então Jacó, seu pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José já não existe, e não existe Simeão, e haveis de levar Benjamim! Todas estas coisas vieram sobre mim.
37 Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu to não tornar a trazer; entrega-o em minha mão, e to tornarei a trazer.
38 Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza ao Seol.”

Neste capítulo nós vemos a providência divina movendo a família de Jacó em direção ao Egito, para que lá, pelas circunstâncias que o próprio Deus havia criado, eles se fixassem para se multiplicarem como nação.
Embora os filhos de Jacó, com exceção, provavelmente, de Benjamin, já estivessem casados, nós vemos que eles estavam juntos numa sociedade familiar, sob a autoridade de Jacó, pois nós o vemos ordenando a seus filhos que fossem ao Egito se prover de trigo, em razão da fome que havia sobrevindo a toda a terra.
Somente Benjamin não foi com eles porque Jacó temia pelo que lhe poderia suceder na viagem.
Quando os irmãos de José chegaram ao Egito e se prostraram em terra inclinando-se diante dele, então este se lembrou dos sonhos que Deus lhe havia dado antes de ter sido vendido por eles, e vendo que o seu irmão Benjamin, também filho de Raquel não estava com eles, é bem possível que tenha imaginado que haviam se livrado também dele, e para experimentá-los, tratou-os asperamente, e acusou-os de terem vindo ao Egito para espiar a terra, de modo que pudesse lhes infundir temor por suas vidas.
Estes para se defenderem lhe declararam que eram homens honestos, de família, e que eram doze irmãos e viviam em Canaã com seu pai e com o irmão mais novo que lá havia ficado.
Mas José manteve a acusação de espionagem, e para se certificar da situação de Benjamin, reteve consigo no Egito a Simeão, e disse que ele só seria libertado caso trouxessem Benjamin à sua presença.  
O estratagema de José funcionou no sentido de levar seus irmãos a examinarem suas consciências, e esta lhes doeu quando conversaram entre si associando a causa daquilo porque estavam passando ao fato de não terem tido misericórdia de José quando este lhes rogava angustiado para que não fizessem o que haviam feito com ele no passado.
Pensando que José não estava entendendo o que estavam falando, porque se comunicava com eles através de um intérprete, falaram do seu remorso na sua presença, e José saiu dali para chorar porque as emoções e reminiscências daquela hora eram muito fortes.
Tendo-os despachado, mandou colocar o dinheiro deles de volta no interior dos sacos de trigo, sem que eles o soubessem, e eles só vieram a descobrir isto quando chegaram em Canaã e relataram o acontecido a Jacó.
Isto comprova que José não estava agindo por vingança, mas em face do tratamento que eles haviam recebido, sem conhecer as reais intenções de José, eles temeram pelo acontecido e não se dispuseram a retornar logo ao Egito, levando Benjamin, pois julgavam que aquilo havia sido uma armadilha para serem acusados de roubo.
 O temor das coisas que poderiam lhes suceder começou a fazer um bom trabalho nas almas e consciências dos irmãos de José.
De todo aquele mal, das circunstâncias que envolveram a vida de José e seus irmãos, Deus traria o bem à luz, produzindo arrependimento e refinamento de caráter naquela família, de maneira que eles aprendessem a temer o mal, e a buscar o bem, pelo temor dos juízos que poderiam lhes sobrevir em razão dos males que haviam praticado.
É bem provável que nem mesmo o próprio José estivesse consciente de todo o arrependimento e bem que resultaria daqueles procedimentos que ele estava impondo aos seus irmãos.
Mas o grande fato é que Deus estava em tudo aquilo, permitindo que José agisse daquela forma e providenciando os meios necessários para produzir um bom resultado no final.
Neste capítulo, nós vemos então a arrogância e indiferença dos irmãos de José sendo transformada em submissão e temor, e é isto o que Deus espera de todos os seus filhos.
Esta é uma linda e profunda história de perdão, de amor, de arrependimento, de conserto, e vale a pena prestarmos atenção em cada um dos seus muitos detalhes.
É importante que estes capítulos de Gênesis (42 a 45) sejam lidos sequencialmente, porque contêm na verdade o relato de uma mesma história.
Assim, nós veremos nesta sequência, nos capítulos seguintes a este, a maravilhosa atitude dos irmãos de José, particularmente de Judá, que se colocou à disposição para ficar como escravo no lugar de Benjamin, pois havia afiançado a seu pai, quando ainda estava em Canaã, que faria com que a sua vida respondesse pela de Benjamin, caso qualquer mal lhe sucedesse.
O sentimento amargurado de ciúme e inveja, pelo tratamento diferenciado e inadequado que Jacó dava aos filhos de Raquel, cedeu lugar a esta profunda demonstração de sentimentos nobres da parte de Judá, por amor de seu irmão e de seu pai, decidindo ficar por escravo para sempre no Egito, de modo a não trazer tristezas ao coração de Jacó, caso José retivesse Benjamin no Egito.
Isto não comove o nosso coração?
Pois foi exatamente isto o que aconteceu com José depois de Judá ter-lhe falado deste modo, ele não se conteve em si, e deu-se a conhecer a seus irmãos, e chorou tão alto na presença deles, que os egípcios que estavam nas cercanias o ouviram.
Nós nos antecipamos relatando a conclusão desta história que teve muitos desenvolvimentos para que os irmãos de José chegassem a este ponto a que nos referimos.      
Do mesmo modo Deus age conosco, esperando que de nossas aflições brotem sentimentos e motivações corretos, que nos levem a fazer um exame honesto de nossas faltas e que nos levem não somente a admiti-las e confessá-las, como também a nos dispormos a nos sacrificarmos em fazer aquilo que é correto por amor não de nós mesmos, mas do Senhor e do nosso próximo.
Vencidos a vaidade, a arrogância, o ciúme, a inveja, o egoísmo, não podemos esperar outra coisa, senão o abraço amoroso de Deus.




Gênesis 43

“1 Ora, a fome era gravíssima na terra.
2 Tendo eles acabado de comer o mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: voltai, comprai-nos um pouco de alimento.
3 Mas respondeu-lhe Judá: Expressamente nos advertiu o homem, dizendo: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.
4 Se queres enviar conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento; mas se não queres enviá-lo, não desceremos, porquanto o homem nos disse: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver convosco.
6 Perguntou Israel: Por que me fizeste este mal, fazendo saber ao homem que tínheis ainda outro irmão?
7 Responderam eles: O homem perguntou particularmente por nós, e pela nossa parentela, dizendo: vive ainda vosso pai? tendes mais um irmão? e respondemos-lhe segundo o teor destas palavras. Podíamos acaso saber que ele diria: Trazei vosso irmão?
8 Então disse Judá a Israel, seu pai: Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos e iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem nossos filhinhos.
9 Eu serei fiador por ele; da minha mão o requererás. Se eu to não trouxer, e o não puser diante de ti, serei réu de crime para contigo para sempre.
10 E se não nos tivéssemos demorado, certamente já segunda vez estaríamos de volta.
11 Então disse-lhes Israel seu pai: Se é asim, fazei isto: tomai os melhores produtos da terra nas vossas vasilhas, e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel, tragacanto e mirra, nozes de fístico e amêndoas;
12 levai em vossas mãos dinheiro em dobro; e o dinheiro que foi devolvido na boca dos vossos sacos, tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que fosse engano.
13 Levai também vosso irmão; levantai-vos e voltai ao homem;
14 e Deus Todo-Poderoso vos dê misericórdia diante do homem, para que ele deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu, se for desfilhado, desfilhado ficarei.
15 Tomaram, pois, os homens aquele presente, e dinheiro em dobro nas mãos, e a Benjamim; e, levantando-se desceram ao Egito e apresentaram-se diante de José.
16 Quando José viu Benjamim com eles, disse ao despenseiro de sua casa: Leva os homens à casa, mata reses, e apronta tudo; pois eles comerão comigo ao meio-dia.
17 E o homem fez como José ordenara, e levou-os à casa de José.
18 Então os homens tiveram medo, por terem sido levados à casa de José; e diziam: por causa do dinheiro que da outra vez foi devolvido nos nossos sacos que somos trazidos aqui, para nos criminar e cair sobre nós, para que nos tome por servos, tanto a nós como a nossos jumentos.
19 Por isso eles se chegaram ao despenseiro da casa de José, e falaram com ele à porta da casa,
20 e disseram: Ai! senhor meu, na verdade descemos dantes a comprar mantimento;
21 e quando chegamos à estalagem, abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo em nossas mãos;
22 também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos, para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o dinheiro em nossos sacos.
23 Respondeu ele: Paz seja convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, deu-vos um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou-me às mãos. E trouxe-lhes fora Simeão.
24 Depois levou os homens à casa de José, e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu forragem aos seus jumentos.
25 Então eles prepararam o presente para quando José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de comer.
26 Quando José chegou em casa, trouxeram-lhe ali o presente que guardavam junto de si; e inclinaram-se a ele até a terra.
27 Então ele lhes perguntou como estavam; e prosseguiu: vosso pai, o ancião de quem falastes, está bem? ainda vive?
28 Responderam eles: O teu servo, nosso pai, está bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.
29 Levantando os olhos, José viu a Benjamim, seu irmão, filho de sua mãe, e perguntou: É este o vosso irmão mais novo de quem me falastes? E disse: Deus seja benévolo para contigo, meu filho.
30 E José apressou-se, porque se lhe comoveram as entranhas por causa de seu irmão, e procurou onde chorar; e, entrando na sua câmara, chorou ali.
31 Depois lavou o rosto, e saiu; e se conteve e disse: Servi a comida.
32 Serviram-lhe, pois, a ele à parte, e a eles também à parte, e à parte aos egípcios que comiam com ele; porque os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso abominação aos egípcios.
33 Sentaram-se diante dele, o primogênito segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do que os homens se maravilhavam entre si.
34 Então ele lhes apresentou as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era cinco vezes maior do que a de qualquer deles. E eles beberam, e se regalaram com ele.”

Nós temos ainda neste capítulo, e no seguinte (44), a narrativa dos fatos que conduziram à reconciliação de José com seus irmãos, que está relatada a partir do capítulo 45.
Simeão havia sido retido no Egito por José como refém, até que Benjamin fosse trazido à sua presença.
Tendo acabado o trigo que eles haviam obtido no Egito eles decidiram voltar para lá para buscar mais, e convenceram Jacó da necessidade de levar Benjamin com eles.
Jacó acabou se rendendo aos argumentos deles, especialmente aos de Judá que lhe apontou o perigo que corriam caso não obedecessem logo a José, pois ele poderia não somente matar a Simeão, como a todos eles e seus filhos (43.8).
Jacó os encomendou ao Todo-Poderoso para que lhes concedesse misericórdia diante do governador egípcio (José) e que lhes restituísse Simeão, bem como lhes deixasse trazer de volta a Benjamin (43.14), mas ele não sabia que Deus mesmo estava naquilo tudo, e que mais do que misericórdia, o caso demandava arrependimento da parte dos seus próprios filhos, pelo reconhecimento e confissão de toda a maldade que haviam praticado no passado contra José.
A própria fome que foi trazida à terra naqueles sete anos, pelo Senhor, foi o meio que ele usou para colocar José em posição de honra no Egito, para que pudesse levar para lá a nação de Israel, e ao mesmo tempo em que poderia refinar o caráter dos filhos de Jacó, por meio de todas as circunstâncias em que eles se envolveram na sua relação com a vida de seu irmão José.
Eles viriam a se inclinar perante ele, não somente como autoridade civil sobre eles, mas principalmente, como líder espiritual, segundo o seu bom exemplo de vida que nele havia sido forjado pelo Senhor, para que fosse uma inspiração para toda a descendência de Israel.
Quando eles chegaram ao Egito juntamente com Benjamin, José ordenou que fosse dada a eles uma recepção digna de pessoas de elevada honra.
Eles almoçariam com ele, mas isto seria ainda uma prova para eles, para poder acusá-los de ingratidão e traição, pois não somente colocaria o dinheiro deles de volta em seus sacos de trigo, como ordenou que se pusesse o seu copo de prata no saco de Benjamin, e mandando que eles fossem seguidos no caminho por seus soldados, estes acharam o dinheiro e o copo nos sacos de provisões, e eles haviam se defendido dizendo que aquele com quem fosse encontrado o copo de prata deveria ser morto e eles seriam feitos escravos de José (44.9).
Quando o mordomo examinou os sacos encontrou, como não poderia ser de outro modo, o copo no saco de Benjamin, e então os irmãos de José rasgaram as suas vestes e voltaram à presença de José na cidade, e Judá disse que eram dignos de serem feitos escravos de José por aquele incidente em que não tinham culpa nenhuma, mas não tinham também como se justificar.
Todavia, José declarou que somente Benjamin seria feito seu escravo e os demais retornariam em paz a Canaã. Foi neste ponto que Judá teve aquela maravilhosa atitude a que nos referimos no comentário do capitulo anterior, e que está registrada em Gên 44.18-34.          




Gênesis 44

“1 Depois José deu ordem ao despenseiro de sua casa, dizendo: Enche de mantimento os sacos dos homens, quanto puderem levar, e põe o dinheiro de cada um na boca do seu saco.
2 E a minha taça de prata porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo. Assim fez ele conforme a palavra que José havia dito.
3 Logo que veio a luz da manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus jumentos.
4 Havendo eles saído da cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o mal pelo bem?
5 Não é esta a taça por que bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que fizestes.
6 Então ele, tendo-os alcançado, lhes falou essas mesmas palavras.
7 Responderam-lhe eles: Por que falou meu senhor tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.
8 Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, to tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos da casa do teu senhor prata ou ouro?
9 Aquele dos teus servos com quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do meu senhor.
10 Ao que disse ele: Seja conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada será meu escravo; mas vós sereis inocentes.
11 Então eles se apressaram cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a abri-lo.
12 E o despenseiro buscou, começando pelo maior, e acabando pelo mais novo; e achou-se a taça no saco de Benjamim.
13 Então rasgaram os seus vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento, voltaram à cidade.
14 E veio Judá com seus irmãos à casa de José, pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele.
15 Logo lhes perguntou José: Que ação é esta que praticastes? não sabeis vós que um homem como eu pode, muito bem, adivinhar?
16 Respondeu Judá: Que diremos a meu senhor? que falaremos? e como nos justificaremos? Descobriu Deus a iniqüidade de teus servos; eis que somos escravos de meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achada a taça.
17 Disse José: Longe esteja eu de fazer isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu servo; porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai.
18 Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai! senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo; porque tu és como Faraó.
19 Meu senhor perguntou a seus servos, dizendo: Tendes vós pai, ou irmão?
20 E respondemos a meu senhor: Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino pequeno; o irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e seu pai o ama.
21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo, para que eu ponha os olhos sobre ele.
22 E quando respondemos a meu senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele deixasse o seu pai, este morreria;
23 replicaste a teus servos: A menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a minha face.
24 Então subimos a teu servo, meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor.
25 Depois disse nosso pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento;
26 e lhe respondemos: Não podemos descer; mas, se nosso irmão menor for conosco, desceremos; pois não podemos ver a face do homem, se nosso irmão menor não estiver conosco.
27 Então nos disse teu servo, meu pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos;
28 um saiu de minha casa e eu disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho visto mais;
29 se também me tirardes a este, e lhe acontecer algum desastre, fareis descer as minhas cãs com tristeza ao Seol.
30 Agora, pois, se eu for ter com o teu servo, meu pai, e o menino não estiver conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele,
31 acontecerá que, vendo ele que o menino ali não está, morrerá; e teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai com tristeza ao Seol.
32 Porque teu servo se deu como fiador pelo menino para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de volta, serei culpado, para com meu pai para sempre.
33 Agora, pois, fique teu servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o menino com seus irmãos.
34 Porque, como subirei eu a meu pai, se o menino não for comigo? para que não veja eu o mal que sobrevirá a meu pai.”

Este capítulo relata o estratagema de José, quando ordenou que se colocasse o dinheiro nos sacos de trigo de seus irmãos e o seu copo de prata no de Benjamin, e na sequência, nós vemos o arrependimento de seus irmãos nas palavras proferidas por Judá, às quais já nos referimos anteriormente.
Aqui, cabe ainda destacar  a submissão humilde deles em reconhecer que tudo aquilo só poderia estar ocorrendo como um castigo de Deus, não pelo que tivessem feito de errado agora, mas pelos seus muitos erros do passado.
No entanto, a par da aflição que estavam sofrendo, e o juízo que estavam vivendo em suas próprias consciências culpadas, não havia nenhum outro castigo que lhes estava sendo imposto senão a visitação da graça e da misericórdia divina conduzindo-os ao arrependimento.
Afinal não seriam escravizados como fora o seu próprio irmão por iniciativa deles.
A graça não paga o mal com o mal, mas paga o mal com o bem.
A graça não se deixa vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.
É exatamente isto o que estava ocorrendo com eles. Estavam debaixo da graça e por isso não foram destruídos ou condenados.
É exatamente isto que Deus faz com todos os cristãos por não estarem debaixo da lei, e sim, da graça, por meio da fé em Cristo.
Em vez de condená-los, ele os educa por meio da graça a produzirem obras dignas de arrependimento.
Se a atitude de Judá intercedendo em favor de Benjamim, e se oferecendo para ficar como escravo no seu lugar agradou e comoveu a José, muito mais agradou ao Pai, a intercessão de Jesus junto a Ele em favor dos pecadores, e o ter se oferecido voluntariamente para ser castigado no lugar deles, e por meio disto, Ele obteve sucesso total na sua obra de salvação dos pecadores.




Gênesis 45

“1 Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei a todos sair da minha presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer a seus irmãos.
2 E levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó.
3 Disse, então, José a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, pois estavam pasmados diante dele.
4 José disse mais a seus irmãos: Chegai-vos a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele prosseguiu: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito.
5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá; porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós.
6 Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem sega.
7 Deus enviou-me adiante de vós, para conservar-vos descendência na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.
8 Assim não fostes vós que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda a terra do Egito.
9 Apressai-vos, subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim disse teu filho José: Deus me tem posto por senhor de toda a terra do Egito; desce a mim, e não te demores;
10 habitarás na terra de Gósem e estarás perto de mim, tu e os teus filhos e os filhos de teus filhos, e os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens;
11 ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que não sejas reduzido à pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens.
12 Eis que os vossos olhos, e os de meu irmão Benjamim, vêem que é minha boca que vos fala.
13 Fareis, pois, saber a meu pai toda a minha glória no Egito; e tudo o que tendes visto; e apressar-vos-eis a fazer descer meu pai para cá.
14 Então se lançou ao pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também ao pescoço dele.
15 E José beijou a todos os seus irmãos, chorando sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele.
16 Esta nova se fez ouvir na casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; o que agradou a Faraó e a seus servos.
17 Ordenou Faraó a José: Dize a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti, tornai à terra de Canaã;
18 tomai o vosso pai e as vossas famílias e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis da fartura da terra.
19 A ti, pois, é ordenado dizer-lhes: Fazei isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos meninos e para vossas mulheres; trazei vosso pai, e vinde.
20 E não vos pese coisa alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egito será vosso.
21 Assim fizeram os filhos de Israel. José lhes deu carros, conforme o mandado de Faraó, e deu-lhes também provisão para o caminho.
22 A todos eles deu, a cada um, mudas de roupa; mas a Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupa.
23 E a seu pai enviou o seguinte: dez jumentos carregados do melhor do Egito, e dez jumentas carregadas de trigo, pão e provisão para seu pai, para o caminho.
24 Assim despediu seus irmãos e, ao partirem eles, disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 Então subiram do Egito, vieram à terra de Canaã, a Jacó seu pai,
26 e lhe anunciaram, dizendo: José ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito. E o seu coração desmaiou, porque não os acreditava.
27 Quando, porém, eles lhe contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo Jacó, seu pai, os carros que José enviara para levá-lo, reanimou-se-lhe o espírito;
28 e disse Israel: Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.”

Este capítulo começa com José se revelando aos seus irmãos depois de ter ouvido as palavras proferidas por Judá.
Quando nós confessamos os nossos pecados e nos arrependemos, Jesus se manifesta a nós, e nos perdoa todos os pecados e nos purifica de toda injustiça, e mais do que isso, Ele nos chama para perto de Si, e nos enche dos dons do Espírito Santo, assim como José fez com seus irmãos e pai, lhes dando presentes e convocando-os a viver com ele no Egito, em alta honra.
Eles eram imerecedores disto, mas o amor cobre multidão de pecados, e a graça concede dons aos pecadores quando estes se arrependem dos seus pecados e se voltam para a prática daquilo que é justo.
Neste capítulo nós vemos o admirável discernimento espiritual de José, que pôde entender que tudo o que lhe havia sucedido ocorrera por obra da providência de Deus (45.5-8), e não pela mera iniciativa dos homens, pois, caso não tivesse ido parar no Egito, ainda que em meio às circunstâncias mais adversas, de modo nenhum poderia estar ocorrendo aquilo que estava acontecendo naquela ocasião.
Certamente, como haveria ainda cinco anos de fome sobre a terra, conforme lhe fora revelado na interpretação do sonho de faraó, isto seria um argumento muito forte e irrecusável, para que toda a família de Jacó, que naquela época somava setenta pessoas (Gên 46.27) se fixasse no Egito, para que não morresse de fome e não passasse por penúrias em Canaã.
     



Gênesis 46

“1 Partiu, pois, Israel com tudo quanto tinha e veio a Beer-Seba, onde ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque.
2 Falou Deus a Israel em visões de noite, e disse: Jacó, Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.
3 E Deus disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai; não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali uma grande nação.
4 Eu descerei contigo para o Egito, e certamente te farei tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.
5 Então Jacó se levantou de Beer-Seba; e os filhos de Israel levaram seu pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que Faraó enviara para o levar.
6 Também tomaram o seu gado e os seus bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram para o Egito, Jacó e toda a sua descendência com ele.
7 Os seus filhos e os filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus filhos, e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito.
8 São estes os nomes dos filhos de Israel, que vieram para o Egito, Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó.
9 E os filhos de Rúben: Hanoque, Palu, Hezrom e Carmi.
10 E os filhos de Simeão: Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher cananéia.
11 E os filhos de Levi: Gérsom, Coate e Merári.
12 E os filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Pérez e Zerá. Er e Onã, porém, morreram na terra de Canaã. E os filhos de Pérez foram Hezrom e Hamul,
13 E os filhos de Issacar: Tola, Puva, Iobe e Sinrom.
14 E os filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel.
15 Estes são os filhos de Léia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha; todas as almas de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.
16 E os filhos de Gade: Zifiom, Hagui, Suni, Ezbom, Eri, Arodi e Areli.
17 E os filhos de Aser: Imná, Isvá, Isvi e Beria, e Sera, a irmã deles; e os filhos de Beria: Heber e Malquiel.
18 Estes são os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Léia; e estes ela deu a Jacó, ao todo dezesseis almas.
19 Os filhos de Raquel, mulher de Jacó: José e Benjamim.
20 E nasceram a José na terra do Egito Manassés e Efraim, que lhe deu Asenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
21 E os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel, Gêra, Naamã, Eí, Ros, Mupim, Hupim e Arde.
22 Estes são os filhos de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas.
23 E os filhos de Dã: Husim.
24 E os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer e Silém.
25 Estes são os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua filha Raquel; e estes deu ela a Jacó, ao todo sete almas.
26 Todas as almas que vieram com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa, fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram todas sessenta e seis almas;
27 e os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram setenta.
28 Ora, Jacó enviou Judá adiante de si a José, para o encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen.
29 Então José aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a Gósen; e tendo-se-lhe apresentado, lançou-se ao seu pescoço, e chorou sobre o seu pescoço longo tempo.
30 E Israel disse a José: Morra eu agora, já que tenho visto o teu rosto, pois que ainda vives.
31 Depois disse José a seus irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e informarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para mim.
32 Os homens são pastores, que se ocupam em apascentar gado; e trouxeram os seus rebanhos, o seu gado e tudo o que têm.
33 Quando, pois, Faraó vos chamar e vos perguntar: Que ocupação é a vossa?
34 respondereis: Nós, teus servos, temos sido pastores de gado desde a nossa mocidade até agora, tanto nós como nossos pais. Isso direis para que habiteis na terra de Gósen; porque todo pastor de ovelhas é abominação para os egípcios.”

O preceito divino é que se reconhecermos a Deus em todos os nossos caminhos, Ele endireitará as nossas veredas (Pv 3.6).
Jacó jamais deve ter imaginado que teria que fazer uma mudança tão grande em sua velhice, e por isso, quando ele chegou a Berseba com destino ao Egito, ofereceu sacrifícios a Deus, e o Senhor lhe falou em visões à noite que não temesse descer ao Egito, porque lá faria dele uma grande nação, e que desceria com ele ao Egito, e o faria tornar a voltar, e a mão de José fecharia os seus olhos.
Esta visão tinha o propósito de encorajá-lo.
A promessa de que voltaria a Canaã, certamente se referia ao seu corpo morto, porque em conexão à referida promessa, o Senhor lhe disse que seria a mão de José que fecharia os seus olhos, e isto indicava que a sua morte ocorreria no Egito.
O que sucedeu pela vontade de Deus na velhice de Jacó é um exemplo para nós no sentido de esperarmos sempre possíveis mudanças em nossos planos, mesmo na velhice, porque é bom estar pronto não somente para a sepultura mas para tudo o que possa acontecer entre nós e a sepultura.
Assim, os carros enviados por Faraó vieram buscar Jacó e sua família em Berseba para levá-los para o Egito.
Todos os familiares de Jacó que o acompanharam ao Egito, sem falta de um sequer, são relacionados neste capítulo.
Assim será com a igreja do Senhor quando for arrebatada para o encontro com o seu Senhor nas nuvens, não haverá falta de um só sequer de todos aqueles que são da família de Deus, porque até os mortos em Cristo terão os seus corpos ressuscitados nesta hora para o encontro com Ele entre nuvens (I Tes 4.17).
Como a atividade principal dos egípcios era a agricultura, e a dos filhos de Jacó a pecuária, José aproveitou para fazer disso um motivo para que eles estivessem no Egito, mas não em convivência direta com os egípcios em suas cidades, para que não se contaminassem especialmente com as suas práticas idolátricas.
Também para que não fossem desprezados à vista deles pelo fato de serem pastores e não agricultores, ele os conduziu à terra de Gósen, que apesar de estar localizada no Egito, estava bem próxima de Canaã, para que pudessem continuar se dedicando às suas atividades; ao mesmo tempo em que se guardariam incontaminados das práticas dos egípcios (46.31-34).



Gênesis 47

“1 Então veio José, e informou a Faraó, dizendo: Meu pai e meus irmãos, com seus rebanhos e seu gado, e tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã e estão na terra de Gósen.
2 E tomou dentre seus irmãos cinco homens e os apresentou a Faraó.
3 Então perguntou Faraó a esses irmãos de José: Que ocupação é a vossa; Responderam-lhe: Nós, teus servos, somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos pais.
4 Disseram mais a Faraó: Viemos para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para os rebanhos de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora, pois, rogamos-te permitas que teus servos habitem na terra de Gósen.
5 Então falou Faraó a José, dizendo: Teu pai e teus irmãos vieram a ti;
6 a terra do Egito está diante de ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem na terra de Gósen. E se sabes que entre eles há homens capazes, põe-nos sobre os pastores do meu gado.
7 Também José introduziu a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó abençoou a Faraó.
8 Então perguntou Faraó a Jacó: Quantos são os dias dos anos da tua vida?
9 Respondeu-lhe Jacó: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos; poucos e maus têm sido os dias dos anos da minha vida, e não chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas peregrinações.
10 E Jacó abençoou a Faraó, e saiu da sua presença.
11 José, pois, estabeleceu a seu pai e seus irmãos, dando-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés, como Faraó ordenara.
12 E José sustentou de pão seu pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus filhos.
13 Ora, não havia pão em toda a terra, porque a fome era mui grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã desfaleciam por causa da fome.
14 Então José recolheu todo o dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo trigo que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó.
15 Quando se acabou o dinheiro na terra do Egito, e na terra de Canaã, vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos pão; por que morreremos na tua presença? porquanto o dinheiro nos falta.
16 Respondeu José: Trazei o vosso gado, e vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro.
17 Então trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca dos cavalos, e das ovelhas, e dos bois, e dos jumentos; e os sustentou de pão aquele ano em troca de todo o seu gado.
18 Findo aquele ano, vieram a José no ano seguinte e disseram-lhe: Não ocultaremos ao meu senhor que o nosso dinheiro está todo gasto; as manadas de gado já pertencem a meu senhor; e nada resta diante de meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra;
19 por que morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra? Compra-nos a nós e a nossa terra em troca de pão, e nós e a nossa terra seremos servos de Faraó; dá-nos também semente, para que vivamos e não morramos, e para que a terra não fique desolada.
20 Assim José comprou toda a terra do Egito para Faraó; porque os egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome lhes era grave em extremo; e a terra ficou sendo de Faraó.
21 Quanto ao povo, José fê-lo passar às cidades, desde uma até a outra extremidade dos confins do Egito.
22 Somente a terra dos sacerdotes não a comprou, porquanto os sacerdotes tinham rações de Faraó, e eles comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado; por isso não venderam a sua terra.
23 Então disse José ao povo: Hoje vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes semente para vós, para que semeeis a terra.
24 Há de ser, porém, que no tempo as colheitas dareis a quinta parte a Faraó, e quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento e dos que estão nas vossas casas, e para o mantimento de vossos filhinhos.
25 Responderam eles: Tu nos tens conservado a vida! achemos graça aos olhos de meu senhor, e seremos servos de Faraó.
26 José, pois, estabeleceu isto por estatuto quanto ao solo do Egito, até o dia de hoje, que a Faraó coubesse o quinto da produção; somente a terra dos sacerdotes não ficou sendo de Faraó.
27 Assim habitou Israel na terra do Egito, na terra de Gósen; e nela adquiriram propriedades, e frutificaram e multiplicaram-se muito.
28 E Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos; de modo que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento e quarenta e sete anos.
29 Quando se aproximava o tempo da morte de Israel, chamou ele a José, seu filho, e disse-lhe: Se tenho achado graça aos teus olhos, põe a mão debaixo da minha coxa, e usa para comigo de benevolência e de verdade: rogo-te que não me enterres no Egito;
30 mas quando eu dormir com os meus pais, levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás junto à sepultura deles. Respondeu José: Farei conforme a tua palavra.
31 E Jacó disse: Jura-me; e ele lhe jurou. Então Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.”

Jacó tinha cento e trinta anos, quando chegou ao Egito (47.9).
Neste capítulo nós vemos que José não paralisou as suas atividades no governo do Egito em razão da chegada da sua família.
Ele não se deixou vencer pelos sentimentos e se aplicou ainda mais aos seus afazeres, que lhes foram dados para honra e glória de Deus, por saber que o Senhor havia se encarregado de instalar toda a sua família em segurança.
A Palavra de Deus, dada em sonhos a faraó, se cumpriu de tal forma, que chegou o tempo dentro daqueles sete anos de fome, que a penúria foi tanta na terra, que até mesmo os egípcios tiveram que vender suas posses e terras para obterem comida dos celeiros de faraó, que ele havia juntado durante os sete anos de fartura que antecederam os de fome, por conselho e instrução de José.
José não inventou o comunismo, como alguns comentaristas afirmam, quando comprou toda a terra do Egito para faraó, primeiro porque ele não decretou a proibição do culto a Deus, como fizeram os comunistas, e nem tomou as propriedades privadas pelo uso da força, pelo argumento de que deveriam pertencer ao Estado por serem um direito natural do proletariado.
Na verdade, ele adquiriu as terras que passaram a ser posse do governo, mas não expulsou ninguém de suas propriedades, tendo fixado tão-somente a lei do quinto, em que eles plantariam em suas terras com os grãos que o governo lhes forneceria, e ficariam com quatro partes dentre cinco, de tudo o que colhessem. Com isto poderiam adquirir dinheiro suficiente para poderem reaver a posse de suas terras no futuro.
Neste capítulo está também registrado que os israelitas tomaram a terra de Gósen como possessão e tendo nela habitado foram fecundos e muito se multiplicaram (47,27); e que Jacó viveu no Egito por mais dezessete anos, tendo morrido portanto com cento e quarenta e sete anos (47.28).
É bastante interessante que Deus proveu para a vida de Jacó nestes últimos dezessete anos de sua vida numa terra estranha, exatamente pela vida de José, através do cumprimento do sonho de que a sua família viria a se inclinar perante ele, e isto de fato aconteceu pela sua posição de governante no Egito.
Esta inclinação não seria para humilhação, mas para o bem deles, conforme fora de fato.      



Gênesis 48

“1 Depois destas coisas disseram a José: Eis que teu pai está enfermo. Então José tomou consigo os seus dois filhos, Manassés e Efraim.
2 Disse alguém a Jacó: Eis que José, teu filho, vem ter contigo. E esforçando-se Israel, sentou-se sobre a cama.
3 E disse Jacó a José: O Deus Todo-Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me abençoou,
4 e me disse: Eis que te farei frutificar e te multiplicarei; tornar-te-ei uma multidão de povos e darei esta terra à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua.
5 Agora, pois, os teus dois filhos, que nasceram na terra do Egito antes que eu viesse a ti no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus, como Rúben e Simeão;
6 mas a prole que tiveres depois deles será tua; segundo o nome de seus irmãos serão eles chamados na sua herança.
7 Quando eu vinha de Padã, morreu-me Raquel no caminho, na terra de Canaã, quando ainda faltava alguma distância para chegar a Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a Efrata, isto é, Belém.
8 Quando Israel viu os filhos de José, perguntou: Quem são estes?
9 Respondeu José a seu pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem dado aqui. Continuou Israel: Traze-mos aqui, e eu os abençoarei.
10 Os olhos de Israel, porém, se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver. José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou.
11 E Israel disse a José: Eu não cuidara ver o teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua descendência.
12 Então José os tirou dos joelhos de seu pai; e inclinou-se à terra diante da sua face.
13 E José tomou os dois, a Efraim com a sua mão direita, à esquerda de Israel, e a Manassés com a sua mão esquerda, à direita de Israel, e assim os fez chegar a ele.
14 Mas Israel, estendendo a mão direita, colocou-a sobre a cabeça de Efraim, que era o menor, e a esquerda sobre a cabeça de Manassés, dirigindo as mãos assim propositadamente, sendo embora este o primogênito.
15 E abençoou a José, dizendo: O Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia,
16 o anjo que me tem livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos, e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio da terra.
17 Vendo José que seu pai colocava a mão direita sobre a cabeça de Efraim, foi-lhe isso desagradável; levantou, pois, a mão de seu pai, para a transpor da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés.
18 E José disse a seu pai: Não assim, meu pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a sua cabeça.
19 Mas seu pai, recusando, disse: Eu o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele também será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que ele, e a sua descendência se tornará uma multidão de nações.
20 Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Por ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim e como Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés.
21 Depois disse Israel a José: Eis que eu morro; mas Deus será convosco, e vos fará tornar para a terra de vossos pais.
22 E eu te dou um pedaço de terra a mais do que a teus irmãos, o qual tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorreus.”

Quando José foi notificado que Jacó, seu pai estava enfermo, ele partiu imediatamente para a terra de Gósen conduzindo consigo seus filhos Efraim e Manassés.
O fato de ter levado seus filhos é indicador de que a notícia que lhe foi dada informava que  a enfermidade de seu pai era para morte.
Quando Jacó soube que José viera visitá-lo ele se esforçou e se assentou no seu leito de enfermidade para recepcionar o seu filho.
Ele se esforçou e foi fortalecido por Deus para abençoar com bênçãos proféticas que lhes foram dadas naquela ocasião pelo Senhor, não somente a José e seus filhos, como a todos os seus demais filhos.
A graça elegeu os dois filhos de José para serem considerados como filhos do próprio Jacó, para que tivessem herança na terra de Canaã (48.5).
A grandeza de hoje amanhã já não o será.
A honra de José duraria por um tempo no Egito, mas os descendentes de seus filhos viriam a compartilhar do cativeiro dos israelitas juntamente com todos os demais descendentes dos irmãos de José, pois este, apesar de estar em honra no Egito, continuava sendo um hebreu, e assim também seriam considerados os filhos que ele havia gerado.
A glória do Egito seria submetida aos juízos de Deus, cerca de quatrocentos anos depois de José, e os descendentes de seus filhos Efraim e Manassés estariam sendo livrados do cativeiro pela poderosa mão do Senhor para retornarem a Canaã, juntamente com as demais tribos de Israel.
Assim, o que parecia fraqueza na pessoa de Jacó e sua condição no Egito, e o que parecia grandeza  no governo e honra de José, viria a ser invertido com o passar do tempo, e assim, as bênçãos de Jacó para José e seus filhos eram muito preciosas e melhores do que a presente condição deles no Egito.
Quem não contempla o futuro poderia se perguntar qual o valor da bênção de um homem velho e doente para o seu filho rico e poderoso?
Por que precisariam seus netos da sua bênção, sendo filhos de um pai que tinha a importância de José?
Mas o grande fato é que José não andava por vista, mas por fé, e ele contemplou a grandeza das promessas de Deus sobre a vida de seu pai e de seus descendentes.
Sendo governante sobre toda a terra, ele vem à presença de Jacó em sua fraqueza e velhice, e se inclina em terra perante ele (48.12).
Na verdade, como disse Jesus, o valor de uma pessoa não consiste na quantidade de bens que ela possui.
José sabia que era a seu pai que as promessas pertenciam, e eles seriam participantes daquelas bênçãos pelo que havia sido prometido por Deus a ele, e a Isaque e a Abraão, antes dele.
Por isso Jacó foi diretamente ao assunto com José, sabendo que estava às portas da morte, dizendo que Deus lhe havia aparecido em Luz, que é Betel, em Canaã e o havia abençoado e feito a promessa de torná-lo fecundo, e de multiplicá-lo, tornando-o uma multidão de povos, e que daria por possessão perpétua à sua descendência a terra de Canaã (48.3,4).
José creu nas palavras de seu pai, e por isso deu ordem aos seus descendentes que quando Deus os visitasse para levá-los do Egito para Canaã, eles levariam juntamente com eles os seus ossos que estariam guardados no Egito.
Os ossos de José foram enterrados em Siquém, na terra que Jacó havia comprado a Hamor, pai de Siquém, nos dias de Josué (Jos 24.32).            
Os olhos de Jacó estavam escurecidos pela sua avançada idade, mas ele não agia pela vista nas coisas referentes a Deus, mas pela fé, e por isso não confiou pelo julgamento dos olhos quando abençoou os filhos de José, mas pela direção e mover do Espírito, porque em vez de colocar a mão direita sobre a cabeça do primogênito (Manassés), colocou-a sobre a cabeça do mais moço, e quando José alertou-lhe sobre o que havia feito, ele não mudou a posição da mão por ter permanecido firme na direção e autoridade que estava sobre ele naquela hora, e não sobre José, e disse-lhe que Efraim viria a ser um povo maior do que a descendência de Manassés (48.19).
É importante destacar que antes de Jacó abençoá-los, em José, ele proferiu a seguinte introdução:
 “O Deus, em cuja presença andaram meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou durante a minha vida até este dia, o Anjo que me tem livrado de todo mal, abençoe estes rapazes; seja neles chamado o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e Isaque; e cresçam em multidão no meio da terra.” (Gên 48.15,16).
Assim, Jacó destaca as experiências que ele tivera da bondade de Deus para com ele.
As visitas particulares da Sua graça a ele, e a comunhão especial que tivera com ele e da qual não havia se esquecido.
Cita também o cuidado constante da providência divina para com ele durante todos os dias da sua vida.
O Anjo do Senhor lhe havia livrado de todo o mal.
Apesar dos seus muitos sofrimentos Deus lhe havia graciosamente guardado em todas as suas dificuldades.
Agora em sua morte, ele estava considerando que seria livrado para sempre de todo o mal, e já não haveria mais pecados pelos quais ter que se entristecer.    
O fato de que o nome de Jacó, de Isaque e de Abraão ser chamado sobre Efraim e Manassés, como sinal de serem abençoados de Deus, é importante para nos lembrar que todos os verdadeiros filhos de Deus devem andar no mesmo exemplo de fé dos patriarcas.
Como já dissemos antes, um verdadeiro filho de Abraão deve ter a fé de Abraão e praticar as obras de Abraão, isto é, deve seguir os seus passos.
Um verdadeiro seguidor de Cristo e de seus apóstolos deve seguir nas mesmas pegadas de Cristo e dos apóstolos.
Não é, portanto uma simples questão nominal que está em foco, mas o fato de se ter o mesmo testemunho de vida.
Assim como os patriarcas devotaram suas vidas a fazerem a vontade de Deus, de igual modo os seus descendentes espirituais, isto é, que têm a mesma fé que eles, devem seguir o seu exemplo de devoção a Deus.  



Gênesis 49

“1 Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos para que eu vos anuncie o que vos há de acontecer nos dias vindouros.
2 Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; ouvi a Israel vosso pai:
3 Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, preeminente em dignidade e preeminente em poder.
4 Descomedido como a água, não reterás a preeminência; porquanto subiste ao leito de teu pai; então o contaminaste. Sim, ele subiu à minha cama.
5 Simeão e Levi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência.
6 No seu concílio não entres, ó minha alma! com a sua assembléia não te ajuntes, ó minha glória! porque no seu furor mataram homens, e na sua teima jarretaram bois.
7 Maldito o seu furor, porque era forte! maldita a sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e os espalharei em Israel.
8 Judá, a ti te louvarão teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos: diante de ti se prostrarão os filhos de teu pai.
9 Judá é um leãozinho. Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e se deita como um leão, e como uma leoa; quem o despertará?
10 O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence; e a ele obedecerão os povos.
11 Atando ele o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à videira seleta, lava as suas roupas em vinho e a sua vestidura em sangue de uvas.
12 Os olhos serão escurecidos pelo vinho, e os dentes brancos de leite.
13 Zebulom habitará no litoral; será ele ancoradouro de navios; e o seu termo estender-se-á até Sidom.
14 Issacar é jumento forte, deitado entre dois fardos.
15 Viu ele que o descanso era bom, e que a terra era agradável. Sujeitou os seus ombros à carga e entregou-se ao serviço forçado de um escravo.
16 Dã julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel.
17 Dã será serpente junto ao caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, de modo que caia o seu cavaleiro para trás.
18 A tua salvação tenho esperado, ó Senhor!
19 Quanto a Gade, guerrilheiros o acometerão; mas ele, por sua vez, os acometerá.
20 De Aser, o seu pão será gordo; ele produzirá delícias reais.
21 Naftali é uma gazela solta; ele profere palavras formosas.
22 José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se estendem sobre o muro.
23 Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e perseguiram,
24 mas o seu arco permaneceu firme, e os seus braços foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o Pastor, o Rochedo de Israel,
25 pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e pelo Todo-Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos dos céus em cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos seios e da madre.
26 As bênçãos de teu pai excedem as bênçãos dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros; sejam elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que foi separado de seus irmãos.
27 Benjamim é lobo que despedaça; pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá o despojo.
28 Todas estas são as doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua bênção.
29 Depois lhes deu ordem, dizendo-lhes: Eu estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na cova que está no campo de Efrom, o heteu,
30 na cova que está no campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã, cova esta que Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o respectivo campo, como propriedade de sepultura.
31 Ali sepultaram a Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e a Rebeca, sua mulher; e ali eu sepultei a Léia.
32 O campo e a cova que está nele foram comprados aos filhos de Hete.
33 Acabando Jacó de dar estas instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na cama, expirou e foi congregado ao seu povo.”

Somente depois de ter proferido as profecias deste capítulo, relativas às tribos de Israel, que Jacó expirou.
Isto indica que ele estava sendo fortalecido e dirigido por Deus a fazê-lo, para que ficasse registrado, para a Sua glória, as predições relativas ao povo de Israel, consoante as tribos que o constituíam.
Isto revela que o futuro do povo de Deus está registrado diante dos Seus olhos e Ele revela quando quer e a quem quer, algumas partes deste futuro para consolação do seu povo, mas muito mais para que saibam que a vida e o futuro deles se encontra totalmente sob o Seu controle e firmemente seguro em Suas poderosas mãos.
A profecia começa com Rúben, seu primogênito. Ele teria todos os privilégios de um filho, mas não de um primogênito porque havia profanado o leito de seu pai, deitando-se com Bila. Por isso ele seria impetuoso em Israel como a água, mas não o mais excelente (49.4).
Aquele pecado ficou marcado na profecia para revelar o quanto Deus detesta a impureza e para que a descendência de Israel não seguisse aquele mau exemplo, pois por ele, bênçãos foram perdidas.
Na própria virtude da impetuosidade de Rúben, vê-se a instabilidade da água, que por sua própria natureza, não pode ter a sua própria forma e firmeza.
Assim são todos aqueles que na sua impetuosidade encontra-se muito desta instabilidade que deve ser tratada pela graça de Deus.
Constância e estabilidade no nosso caminhar com Deus, e na prática dos seus mandamentos, é o caminho da verdadeira excelência.
Simeão e Levi são citados em conjunto por causa da violência que haviam praticado contra os siquemitas para se vingarem do que Siquém havia feito com Diná.
Aqui, o Espírito Santo expõe toda a aversão de Deus pela violência, especialmente quando traiçoeira, como a que eles haviam praticado. E isto é dito com as seguintes palavras:
“No seu conselho não entre minha alma, com o seu agrupamento minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua vontade perversa jarretaram touros.” (49.6).
Há uma precisão histórica do que haveria de se cumprir com eles pois se afirma que seriam divididos em Jacó, e espalhados em Israel, e isto se cumpriu por não terem os levitas recebido herança, e pelo fato da tribo de Simeão ter sido assimilada pela tribo de Judá.
Aqui também ficou registrado para sempre o pecado de Levi e Simeão, depois de tantos anos terem se passado desde que o haviam praticado.
Deus tem o registro de todo o mal praticado pelos homens para julgá-los no grande dia do Seu Juízo.
Os homens pensam que não há nenhum registro ou lembrança daquilo que fazem pelo aparente silêncio ou desinteresse de Deus no mal que praticam.
Entretanto, nesta profecia contra Simeão e Levi, Ele nos alerta que nada escapa do seu justo juízo.
Como estavam debaixo da eleição da graça que os havia alcançado, Simeão e Levi não foram amaldiçoados em suas pessoas, mas o pecado de ódio deles foi amaldiçoado por Deus (49.7).
Os pecados que todos os filhos de Deus praticam são malditos diante de Deus, apesar deles mesmos serem filhos benditos por causa da graça de Jesus que está sobre eles.      
De Judá são ditas coisas gloriosas.
Como vimos antes o próprio nome Judá é um nome profético, pois significa louvor.
Por isso se diz no verso 8 que os seus irmãos o louvariam.
Ainda hoje quantos hinos se cantam em louvor ao Leão da tribo de Judá.
O nome de Judá aparece em muitos cânticos de louvor ao longo de toda a história da igreja, e isto dá um cumprimento profético ao que Deus disse através de Jacó a respeito de Judá.  
Também foi profetizado que Judá seria vitorioso nas guerras e que os filhos de Jacó se inclinariam a ele.
De fato é a tribo de Judá que tem permanecido até hoje no mundo, e nós temos verificado as vitórias que eles têm tido sobre os seus inimigos.
Como o governo central, nos dias de Davi e Salomão estava no território de Judá, em Jerusalém, todos os demais israelitas viriam a se inclinar àqueles reis que eram descendentes de Judá.
Esta profecia tem também um cumprimento mais dilatado, porque Aquele diante do qual todos se inclinarão para sempre, também é descendente de Judá segundo a carne.
Judá é como um leão que em sua majestade desfruta em paz aquilo que tem conquistado pelo poder que nele está.
Jesus amarra o valente, destrói as obras do diabo, e descansa em paz com o que tem conquistado.
Não temos aqui um leão devorador e inquieto, mas um leão que governa em sua majestade tudo aquilo que conquistou pelo seu poder.
A profecia especifica mais ainda este domínio eterno de Cristo que começaria em figura com Davi, pois se diz que “o cetro não se arredará de Judá” e que “a ele obedecerão os povos” (49.10).
Prosperidade em bens também foi profetizada para Judá.
A riqueza o acompanharia, porque a bênção do Senhor estava sobre ele.
Por isso se diz que teria jumentos amarrados à vide, de tão forte que seriam os seus caules, e estes jumentos representam o transporte de toda a grande produção que nelas haveria.
Isto é reforçado com a expressão de que Judá lavaria as suas vestes no vinho, e a sua capa no sangue de uvas. (49.11).
Nisto pode estar também embutida uma referência ao fato de que é no sangue de Jesus que são lavadas as vestes daqueles que estão associados com Ele, e sendo o Senhor, da tribo de Judá, estes que estão unidos a ele podem ser então chamados de verdadeiros judeus.
Zebulom habitaria junto à costa do mar, teria portos para navios, e a sua fronteira se estenderia até Sidom (49.13).
Somente isto é dito acerca de Zebulom, que não teria grande importância nos planos redentores de Deus, tanto ele como outras tribos.
No entanto, veja o quanto se diz de Judá, porque apesar de Moisés não sabê-lo, seria daquela tribo que viria o Messias.
Este é um dentre os muitos fatores de prova de que as Escrituras são de origem e inspiração divinas.
Como Moisés poderia ter sabido das coisas que aconteceriam num futuro muito distante?
E, o próprio Jacó não sabia qual era o cumprimento exato das profecias relativas a Judá, que era somente do conhecimento de Deus e que foi revelado a nós na plenitude dos tempos.
De Issacar foi dito que os homens daquela tribo seriam fortes e industriosos, dados ao trabalho de agricultura.
O trabalho do agricultor era de fato descanso quando comparado com a atividade de soldados e marinheiros, em que havia um constante risco de vida (Gên 49.14,15).
Dã seria governado pelos seus próprios juízes e seria astuto como a serpente nos assuntos de política, e derrubaria a muitos com sua astúcia.
Vale dizer que Sansão era da tribo de Dã.
Entre a profecia dirigida a Dã e a profecia de Gade, Jacó fez um parêntesis para dizer: “A tua salvação espero, ó Senhor!” (49.18).
Não propriamente a sua própria salvação da qual ele tinha certeza, mas a salvação que seria resultante do propósito redentor de Deus revelado em Jesus Cristo, e cuja vinda ao mundo tinha a ver com aquelas tribos de Israel, através das quais Deus revelaria a Sua vontade até que Ele viesse.
De Gade foi dito que estaria envolvido em conflitos de guerra.
E isto se deveria principalmente ao fato de ocupar o território do lado oriental do Jordão juntamente com a metade da tribo de Manassés, e isto o exporia a ataques de nações inimigas, mas é dito que ele responderia aos ataques que receberia (49.19).
Quanto a Aser foi dito que seria uma tribo muito rica, com abundância de pão (49.20).
De Naftali é dito que é uma gazela solta e que profere palavras formosas (49.21).      
A fidelidade de José a Deus, no cumprimento da sua vontade, longe de seus familiares, numa terra estranha, e tendo suportado condições extremamente desfavoráveis, e em tudo isto permaneceu fiel à Sua vontade, é recompensada com uma bênção que é dirigida a ele, e não diretamente a seus filhos Efraim e Manassés que herdariam territórios com as demais tribos em Canaã.
Certamente Deus quis destacar o exemplo de fidelidade como o caminho para a verdadeira e duradoura bênção.
Por isso o que é dito sobre ele é tanto histórico quanto profético, pois aqui se quer marcar o exemplo aprovado para ser seguido pelas gerações futuras mais do que a predição do futuro, propriamente dita.
Então, de José se diz que ele é um ramo frutífero.
Este é o propósito de Deus para todos os seus filhos, que eles dêem abundância de frutos para a Sua glória.
Este fruto deve ser, portanto um fruto que permaneça; que seja produzido em Deus, por meio de Jesus Cristo, que é a videira verdadeira.
Também é dito que os frecheiros lhe dão amargura, e atiram contra ele e o aborrecem, mas o seu arco permanece firme porque os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, pelo pastor e pela Pedra de Israel, pelo Deus de seu pai, o qual o ajudaria, o Todo-Poderoso, que o abençoaria com bênçãos dos altos céus, com bênçãos das profundezas, com bênçãos dos seios e da madre (49.23-25).
Assim são destacadas todas as aflições que José havia enfrentado, marcadas pelos dardos inflamados do maligno que foram dirigidos contra ele, mas ele permaneceu firme na fé, e lutou e prevaleceu porque o Senhor lhe havia fortalecido.
O resultado desta grande fidelidade só poderia ser todas as sortes de bênçãos que lhe foram destinadas pelo Altíssimo.
A graça o havia elegido para isto, e José viveu de modo digno da vocação a que foi chamado.
Todos os cristãos em Cristo são eleitos de Deus, distinguidos entre os pecadores, assim como José foi distinguido entre os seus irmãos, para que manifestem em suas vidas as obras de Deus, pelo testemunho de verdadeira devoção a Ele.
E, reconhecemos que mesmo dentre estes eleitos de Deus há aqueles que são escolhidos por Ele para glorificarem o Seu nome pelo testemunho de uma vida grandemente abençoada por em face da fidelidade que são chamados a demonstrar.
Isto é muito mais uma responsabilidade do que um privilégio, pois é para a exclusiva glória de Deus, pois tudo o que vierem a ser e a fazer, terá sido pela Sua exclusiva graça, e não por qualquer mérito ou capacidade neles próprios.
Assim, mais uma vez o mérito é devido à graça da eleição, e não propriamente aos vasos receptores desta graça mediante a eleição, que humilha o homem e exalta a Deus.      
   A profecia final de Jacó foi dirigida a Benjamin, dizendo que é lobo que despedaça; pela manhã devora a presa, e à tarde reparte o despojo (49.27).
Se Jacó não tivesse de fato falado pelo Espírito, mas pelo seu afeto natural, ele jamais teria dito isto sobre Benjamin, que era seu caçula nascido de Raquel, e pelo qual ele tinha uma grande afeição.
Mas aqui está sendo falado não propriamente de seu filho, mas da tribo que descenderia dele no futuro.
A profecia mostra que seria uma tribo bélica, forte e ousada, e que se enriqueceria com os despojos de seus inimigos.
Depois de ter proferido estas bênçãos proféticas Jacó ainda deu instruções quanto ao seu sepultamento na caverna de Macpela, em Canaã, onde haviam sido sepultados Abraão, Sara, Isaque, Rebeca e Lia, e logo em seguida expirou (49.29-33).
Jacó estivera por dezessete anos no Egito, mas o seu coração estava ainda em Canaã, a terra que lhe fora prometida a ele e à sua descendência por Deus.
 Até hoje, os israelitas lutam para permanecer na posse do território que lhes foi dado por Deus como herança perpétua. Isto é maravilhoso aos nossos olhos, e comprova que de fato as Escrituras são inspiradas por Deus, e narram com certeza e exatidão histórica as origens deste povo que tem sobrevivido ao longo dos séculos, porque o Senhor prometeu ser o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e da sua descendência para sempre, de modo que os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis, e Ele jamais rejeitará o povo da aliança que de antemão conheceu (Rom 11.1,2, 29).  




Gênesis 50

“1 Então José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.
2 E José ordenou a seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel.
3 Cumpriram-se-lhe quarenta dias, porque assim se cumprem os dias de embalsamação; e os egípcios o choraram setenta dias.
4 Passados, pois, os dias de seu choro, disse José à casa de Faraó: Se agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:
5 Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar meu pai; então voltarei.
6 Respondeu Faraó: Sobe, e sepulta teu pai, como ele te fez jurar.
7 Subiu, pois, José para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,
8 como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, os seus rebanhos e o seu gado.
9 E subiram com ele tanto carros como gente a cavalo; de modo que o concurso foi mui grande.
10 Chegando eles à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e forte pranto; assim fez José por seu pai um grande pranto por sete dias.
11 Os moradores da terra, os cananeus, vendo o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim, o qual está além do Jordão.
12 Assim os filhos de Jacó lhe fizeram como ele lhes ordenara;
13 pois o levaram para a terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o heteu, em frente de Manre.
14 Depois de haver sepultado seu pai, José voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que com ele haviam subido para sepultar seu pai.
15 Vendo os irmãos de José que seu pai estava morto, disseram: Porventura José nos odiará e nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.
16 Então mandaram dizer a José: Teu pai, antes da sua morte, nos ordenou:
17 Assim direis a José: Perdoa a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal. Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.
18 Depois vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis que nós somos teus servos.
19 Respondeu-lhes José: Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?
20 Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida.
21 Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos. Assim ele os consolou, e lhes falou ao coração.
22 José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.
23 E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
24 Depois disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.
25 E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os meus ossos.
26 Assim morreu José, tendo cento e dez anos de idade; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.”

O corpo de Jacó foi embalsamado principalmente em razão da longa viagem que seria feita do Egito para Canaã.
Jacó morreu em honra porque o Senhor era com ele, e houve um grande cortejo acompanhando o seu corpo até Canaã.
Os próprios egípcios haviam chorado a sua morte, pois ele era o pai daquele que havia preservado em vida a todos eles naqueles anos de fome que houve sobre toda a terra.
A reafirmação do perdão de José à maldade de seus irmãos contra ele no passado é um bom exemplo que deve ser seguido por todos os servos de Deus.
Eles devem sepultar para sempre as transgressões passadas de seus irmãos contra eles, bem como devem estar preparados para perdoarem tudo aquilo que lhes for prejudicial, e não somente perdoar como também suportar tudo o que lhes possam fazer os filhos do mesmo Pai comum de todos eles.
José chorou quando seus irmãos lhe pediram perdão pelo que lhe haviam feito, pelo temor do que  lhes poderia fazer agora que Jacó havia morrido.
Este choro foi certamente pela suspeita deles em relação a seu caráter aprovado.
É algo muito duro ter que conviver com ruins suspeitas sobre coisas que jamais pensaríamos em fazer, principalmente por causa do nosso temor de Deus e da Sua Palavra.
Mas estas lágrimas de José foram também movidas em face da submissão demonstrada por eles.
Afinal eram seus irmãos e estavam se humilhando diante dele, e isto é algo que parte o coração de qualquer pessoa sensível.
Quando alguém apresenta a sua fragilidade e humildade diante de alguém mais forte do que ele, não cabe a este espezinhá-lo, mas se compadecer e também se humilhar, reconhecendo que somente Deus é digno de nossa humilhação perante Ele, pois todos somos pecadores dependentes do Seu perdão e da  Sua graça.
Somente a Deus pertence a vingança, e somente Ele pode pesar os corações e dar-lhes justamente segundo o seu procedimento.
José havia aprendido a vencer o mal com o bem.
Ele havia aprendido a dar alimento para os seus inimigos quando eles tinham fome, tanto no sentido material quanto espiritual, e por isso prometeu a seus irmãos que em vez de se vingar deles, ele os alimentaria e sustentaria.
O mesmo e muito mais e melhor faz  Jesus em relação aos pecadores que Ele tem perdoado por terem se arrependido de seus pecados.
Ele jamais se vingará de suas faltas passadas, ao contrário, Ele os proverá com a Sua graça, para que tenham não apenas a manutenção da vida física como fizera José com seus irmãos, como também e, sobretudo para a manutenção da vida espiritual, pois Ele nos garante que tenhamos vida eterna, e vida em abundância.
 Bendito seja o seu santo nome para todo o sempre!

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