segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Esdras 1 a 10 - Neemias 1 a 13 - Ester 1 a 10

ESDRAS

Esdras 1

Avançando em Meio a Dificuldades

A expressão que encontramos logo no primeiro versículo do livro de Esdras, bem resume o motivo e o princípio pelos quais não somente a Igreja de Cristo, como cada cristão desta Igreja, individualmente, deveriam nortear todos os seus ministérios e todos os seus projetos de vida, de maneira que se possa dizer deles, quanto a tudo o que tiverem feito neste mundo, que o fizeram “para que se cumprisse a palavra do Senhor”.
Para que nos situemos no tempo, convém saber que a narrativa do livro de Ester pertence a um período anterior (478 a.C.) à vinda de Esdras (458 a.C.) e de Neemias (444 a.C), para Judá.
O livro de Esdras é iniciado com o decreto do rei Ciro, determinando o retorno dos judeus à Palestina, para a reconstrução do templo de Jerusalém, que havia sido destruído por Nabucodonosor, rei de Babilônia, cerca de 586 a.C.
Há mais de duzentos anos antes do nascimento de Ciro, Deus havia falado através do profeta Isaías (Is 44.28; 45.1) que ele (Ciro), libertaria os judeus do cativeiro em Babilônia, e faria com que retornassem à sua terra na Palestina, para reconstruírem o templo que havia  sido destruído pelos  babilônios, obra esta que Ciro assumiu, pelo exame das profecias dirigidas a ele, como sendo algo da própria esfera da sua responsabilidade, conforme a determinação que havia recebido de Deus (v. 2).    
Em 605 a.C. foi levado o primeiro grupo de judeus para o cativeiro em Babilônia.
Cumpridos os setenta anos previstos para o cativeiro, conforme  a profecia de Jeremias 29.10, prazo este, que havia sido estabelecido por Deus em Sua soberania, em cerca de 537 a.C., Babilônia caiu sob o poder do rei Ciro da Pérsia, que decretou neste mesmo ano o retorno dos judeus à Palestina.
Nabucodonosor efetuou a primeira leva de cativos no primeiro ano do seu reinado, que correspondeu ao quarto do rei Jeoaquim de Judá, e tendo reinado por 45 anos foi sucedido no trono por seu filho Evil-Merodaque, o qual reinou por 23 anos.
Babilônia caiu sob o poder da Pérsia no terceiro ano de Belsazar, neto de Nabucodonosor, somando assim os setenta anos de cativeiro, que haviam sido profetizados por Jeremias.
Os judeus chegaram à Palestina sob o governo de Zorobabel, e logo se dedicaram à obra de reconstrução do templo.
Sofreram uma forte oposição dos samaritanos, porque haviam sido rejeitados por eles, quanto à participação na reedificação do templo, ficando a obra paralisada por cerca de 16 anos. Esta foi reiniciada em 520 a C., através das exortações dos profetas Ageu e Zacarias, sendo o templo concluído 4 anos depois, em 516 a.C.
A reconstrução de Jerusalém e da vida religiosa do povo de Deus, seria realizada depois do cativeiro, tanto pelos judeus que concluíram a construção do templo em 516 a.C., quanto por Esdras e Neemias, depois deles.
 Tal reconstrução da vida religiosa dos israelitas, exigiu determinação e abnegação, para que pudesse ser levada a bom termo.
Esta mesma determinação e abnegação será exigida de todos aqueles que estiverem empenhados em trabalhar em prol da reforma da Igreja, que será uma necessidade sempre presente, enquanto estivermos neste mundo.
Ninguém deve se iludir pensando que a Reforma empreendida no século XVI não necessitou de novas reformas que se lhe seguiram, à medida que o zelo pela verdade revelada que havia nos reformistas foi se extinguindo depois deles.
Não haveria necessidade de qualquer reforma, caso o povo de Deus fosse sempre fiel e obediente à Sua vontade, se andasse sempre em conformidade com a Sua Palavra.
Mas como não é este o caso, nós vemos Deus se levantando e intervindo com Seu braço forte, levantando homens santos, que se consagram inteiramente a Ele e ao Seu serviço, que amam a Sua vontade e Palavra, acima de todas as coisas, que têm o forte desejo de Lhe dar honra e glória, fazendo com que o Seu povo volte a caminhar na verdade.    
Em nossa época, necessitamos de homens e mulheres com este perfil; chamados pelo Senhor para a defesa do Evangelho, consoante a pregação, ensino e prática da sã doutrina bíblica.
Aqueles que tal como Davi se predispuserem a derrubar o gigante da carnalidade, do erro e do secularismo que têm afrontado a Igreja de Cristo, serão cumulados de grandes honras pelo Rei dos reis, e reinarão com Ele pelos séculos dos séculos.
Serão grandemente honrados aqueles que tirarem a Igreja do Senhor do cativeiro em que ela se encontra, e que restaurarem o culto e o serviço devidos a Deus, consoante o que está determinado na Sua Palavra, apesar de terem que enfrentar duras oposições, conforme as que vemos nestes três livros históricos de Esdras, Neemias e Ester. Isto traz grande honra e glória ao Senhor Jesus, por demonstrar a força da sua graça, para vencer todo  tipo de resistência da carne.
Os servos do Senhor podem estar certos de que tudo o que fizerem será lembrado por Ele para o próprio bem deles, e terão a grande alegria de verem o fruto do seu trabalho, livrando o povo de Deus das trevas espirituais da ignorância, para o conhecimento e prática da verdade que liberta.
Assim como Israel não poderia se consagrar a Deus do modo devido, adorando-O em santidade de vida, atendendo aos serviços do Seu templo, senão na liberdade da sua própria terra, recebida como herança do Senhor, longe da idolatria das nações dominadoras, por isso o Senhor lhes havia também livrado do cativeiro no Egito, nos dias de Moisés, para a conquista de Canaã, de igual modo, a Igreja de Cristo não pode adorá-lo senão na liberdade que convém aos filhos de Deus, vivendo na graça do evangelho, e sem misturar suas práticas de adoração e serviço às práticas do mundo.
É neste território celestial e sagrado, a saber, nas regiões celestiais, que Deus governa sobre o Seu povo e pode ser adorado por eles, na beleza da Sua santidade.
É a presença do Senhor no meio do Seu povo o principal objetivo da própria vida e ministério, além da razão da sua adoração.
Como isto não pode ocorrer senão dentro dos parâmetros estabelecidos na Palavra da verdade, porque toda adoração deve ser em espírito e em verdade, então se faz mister que a Igreja se santifique, isto é, que ela se separe de todo mundanismo, carnalidade e erro doutrinário, para se consagrar inteiramente ao Senhor.
Nenhuma ligação efetiva pode ser estabelecida com Ele fora desta condição de santidade.
O Israel de Deus deve então sair de Babilônia para servi-lO.
É na santidade de Seu povo que a virtude e o poder de Deus se manifestam entre eles. Isto dá vida e vigor à Igreja para o desempenho do seu serviço em amor.
Quando o Senhor se move na direção de prover livramento ao Seu povo para que possam se consagrar inteiramente a Ele, podemos estar certos de que Ele proverá os meios necessários para isto, tal como fizera nos dias de Ciro, quando trouxe o Seu povo de volta à Palestina.
Para abençoar o Seu povo Ele pode em Seu poder e soberania, até mesmo usar aqueles que não O conhecem, tal como era o caso de Ciro (Is 45.4).
Ele é poderoso para preservar as coisas sagradas que são devidas à Sua adoração, e fazer com que sejam restituídas ao Seu povo, depois de terem sido curados de suas idolatrias e transgressões.
Deus operou através de Ciro, determinando que os povos vizinhos de Israel, lhes dessem provisões para a reconstrução da vida deles na Palestina, bem como determinou que todos os utensílios sagrados do templo, que haviam sido levados para Babilônia nos dias de Nabucodonosor, retornassem a Jerusalém.
Temos um Deus que é restaurador e misericordioso, e podemos contar com a renovação de nossos dons apagados e talentos enterrados, quando nos dispomos a obedecê-lo, quando Ele manifesta novamente o Seu favor a nós, depois de nos ter curado das nossas possíveis apostasias e rebeliões contra a Sua santa vontade, consoante uma prática sincera da genuína Palavra, pela qual se opera todo verdadeiro crescimento e amadurecimento espiritual.
A data da proclamação do decreto que determinou a saída dos judeus do cativeiro em Babilônia é citada no verso 1 como tendo sido no primeiro ano do reinado de Ciro, certamente esta é uma referência ao seu primeiro ano de governo sobre Babilônia, que havia sido tomada por ele, e não propriamente sobre a Pérsia que vinha sendo regida por Ciro há mais tempo.
Como Ciro não conhecia a Deus, o Senhor se fez conhecer a ele, não pessoalmente, para conversão, mas através das profecias que havia dado a respeito dele ao profeta Isaías, para o cumprimento do propósito que havia determinado antes mesmo que Ciro nascesse.  
A própria queda de Babilônia sob os persas havia sido preanunciada pelo Senhor, através do profeta Daniel, assim como pelo mesmo profeta havia predito a queda destes sob o domínio dos gregos, e deles sob os romanos.
Reinos que se sucederiam uns após outros, até que viesse o Messias, e para que fossem criadas as condições adequadas no mundo para a Sua vinda.
E isto  havia sido revelado por Deus através do profeta Daniel, antes mesmo que estes impérios se levantassem sobre a terra, e com isto Ele revelou que intervém na história, para levar a efeito o plano de redenção que estabeleceu em Cristo, desde antes da fundação do mundo.
Ciro foi rei, Ciro governou, mas na verdade foi apenas um instrumento nas mãos do Deus Altíssimo, para a consecução dos Seus propósitos, de maneira que Ciro pôde ser chamado pelo Senhor, através do profeta Isaías, como sendo um servo que Ele chamou para executar toda a Sua vontade em relação ao Seu povo.
Tal foi a ação do Senhor sobre a mente deste homem, que nós o vemos declarando as palavras dos versos 2 a 4, que registrou no decreto que redigiu, dizendo que havia recebido do Deus de Israel os reinos da terra, e que havia sido encarregado por Ele para lhe edificar um templo em Jerusalém.
Foi simplesmente pensando em contar com o favor e com a proteção do Deus dos judeus, que Ciro se dispôs a cumprir as profecias relativas ao que lhe havia sido determinado pelo Senhor, através do profeta Isaías, mas aqueles que conhecem verdadeiramente a Deus não devem obedecê-lo movidos pelos mesmos sentimentos deste rei pagão, mas devem fazê-lo desinteressadamente e por amor a Ele, consagrando-Lhe suas vidas, para um viver inteiramente santo.
Quando nos dispomos a obedecê-Lo, Ele também nos honrará, nos consolará e nos auxiliará em meio às nossas provações.    
Quão fácil é errar o alvo em relação a isto!
Este foi basicamente o problema com os judeus, porque, como veremos adiante, eles deixaram a obra de reconstrução do templo do Senhor de lado, depois de terem retornado de Babilônia, por causa das perseguições dos samaritanos, e passaram a se aplicar à realização do que era apenas do seu próprio interesse, tendo sido necessário que fossem exortados e animados pelos profetas Ageu e Zacarias, a se levantarem e a fazerem em primeiro lugar a vontade do Senhor, para então poderem se ocupar das suas próprias necessidades e interesses.
Afinal, a maior necessidade e interesse de qualquer cristão é a de buscar em primeiro lugar ao Senhor, ao Seu reino e à Sua justiça.
Importava que continuassem se empenhando em reconstruir o templo e a vida religiosa deles, independentemente da grandeza das perseguições.
Deveriam ser diligentes em buscar a remoção de todos os empecilhos que os samaritanos haviam levantado junto aos reis Ciro e Dario.
Estes recuos, estas paralisações, não podem de modo algum honrar e santificar o nome do Senhor, porque Ele é poderoso para quebrar toda a oposição e resistência levantada pelo Inimigo, e para cumprir aquilo que designou fazer através de nós.
Ainda que fiquemos paralisados por um tempo em nossas realizações, pela permissão do Senhor, no entanto nunca deveríamos parar no que se refere à nossa devoção e empenho para vencer os obstáculos, que produziram tais paralisações.
Dependemos inteiramente do Senhor para vencê-los e ultrapassá-los, enquanto permanecemos firmes na fé e nas orações, sabendo que toda tribulação sempre será benéfica para o aperfeiçoamento da nossa fé e do nosso caráter.
Há paralisações que são determinadas pelo próprio Deus, como aqueles 70 anos que os judeus teriam que ficar no cativeiro em Babilônia.
Este tempo tinha o propósito de curá-los de sua carnalidade, mundanismo e idolatria.
Uma vez quebrados em seu orgulho carnal, seriam levantados e exaltados novamente pelo Senhor, para servi-lO em santidade de vida.
Assim procede o Senhor com todos os Seus filhos altivos e carnais.
Ele em primeiro lugar lhes abate para que possa exaltá-los depois, de maneira que não corram o risco de incorrerem no orgulho espiritual.
Ele humilha para exaltar, de modo que concede graça ao que se humilha, àquele que se coloca debaixo da Sua potente mão, reconhecendo que Ele é justo em permitir que sejamos afligidos, para sermos curados deste terrível mal que se chama pecado.
Mas há paralisações que são atos deliberados de desobediência à vontade expressa do Senhor, por causa de negligência e indolência, tanto em relação ao dever de nos santificarmos, quanto em cumprir o que Ele nos tem determinado, tal como estava ocorrendo com aqueles judeus, que haviam paralisado a construção do templo, por causa da oposição que estavam sofrendo dos seus inimigos.
 Os cristãos são chamados a avançarem para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus, ainda que em meio às suas tribulações e aflições, porque há paz no vale para todos eles.
Ali, aprenderão tal como Davi, que o Senhor é o grande pastor e nada lhes faltará.
Ainda que estejam no vale da sombra e da morte, Ele expulsará todo temor dos seus corações com a Sua santa, poderosa e consoladora presença.
Todos aqueles que têm crescido na graça e aumentado a sua fé, podem experimentar estas coisas a que estamos nos referindo.
Se algum cristão não tem tido esta experiência, deve então, se consagrar ao Senhor empenhando-se na prática da Sua Palavra, no poder do Espírito, de forma que aumente a sua fé, e assim aprenda a se gloriar nas suas fraquezas.
O verdadeiro cristão deve glorificar e exaltar o nome do Senhor, em meio às suas aflições, contrariamente ao desejo de tão somente se livrar de todas as dificuldades que tenha que enfrentar neste mundo.
O cristão é o soldado de Deus neste mundo, que não deve fugir do bom combate da fé, por causa das feridas que recebe neste combate.
Na verdade não há nenhuma ferida mortal que possa paralisá-lo, porque ainda que ferido é fortalecido pela graça do Senhor.
É por isso que mesmo em leitos de enfermidade acharemos cristãos se regozijando em Deus, e podendo realizar poderosas intercessões em favor do progresso do Seu reino na terra.            
O motivo da nossa tristeza e infelicidade nunca deve ser a nossa própria ruína, seja ela de qual ordem for, Jó que o diga, e sim o de vermos a Palavra do Senhor sendo descumprida e desonrada.
Qual teria sido realmente o interesse daqueles judeus que se dispuseram a retornar de Babilônia para Judá, em atendimento ao decreto de Ciro?
Muitos haviam deixado para trás uma vida próspera, que tinham em Babilônia e sabiam que teriam que se defrontar com muitas dificuldades, não somente em Judá, como também na viagem que teriam que empreender para lá chegarem, com suas esposas e filhos.
Eles teriam que reconstruir a cidade que havia sido totalmente destruída nos dias de Nabucodonosor. Eles teriam que construir casas para si.
Acima de tudo receberam a missão por decreto imperial de Ciro de que a sua volta  estava condicionada à reconstrução do templo, que eles próprios teriam que edificar.
Até que ponto foi uma boa desculpa para eles a oposição que foi levantada pelos samaritanos?
Através dela deixaram de fazer o que era da vontade de Deus, e que estava tomando muito do seu tempo, de suas energias, de seus recursos.
Para que reconstruir um templo? Eles não morariam afinal no templo.                  
Por aquela oposição dos samaritanos, que foi permitida pelo Senhor, foram provados, de modo que poderiam ser convencidos de qual era a real motivação de seus corações em retornarem a Judá.
O povo do Senhor deve antes de tudo, viver para o Senhor e para a realização dos  Seus interesses e não para os seus próprios interesses.
Isto se aplicava a Israel, e se aplica principalmente à Igreja de Cristo.
 É a vontade de Deus e não a nossa, que deve ser feita, tanto no céu quanto na terra.
Mas como a carne resiste a isto!  Como ela se opõe a se sujeitar à vontade do Senhor!
Ela não é submetida por Deus, senão quando crucificada.
É-nos ordenado que mortifiquemos e nos despojemos de nossa natureza terrena, porque ela é inteiramente oposta à vontade do Senhor (Rom 8.13; Ef 4.22; Col 3.5).
Ela é sumamente egoísta, de modo que sempre se levantará contra todo o bem que pretendermos fazer, e sempre nos disporá a praticar o que é mau, de maneira que por ela, somos impossibilitados de viver no amor, na bondade, na paz e em tudo aquilo que procede de Deus.
Todo serviço prestado verdadeiramente ao Senhor terá então que vencer esta oposição da carne.
Daí a necessidade de se subjugar a carne, para que possamos fazer a vontade de Deus.
Este poder não se encontra em nós, senão em Deus e no Seu Espírito.
Dependemos que Ele nos mova, realizando tanto o querer quanto o realizar, de forma que possamos não somente nos dispor a Lhe obedecer, como também efetivamente cumprir o nosso dever.    
O Sezbasar referido no verso 8, como príncipe de Judá, é provavelmente o nome caldeu dado a Zorobabel.
Sezbasar significa alegria na tribulação, e Zorobabel, um estranho em Babilônia. Ambos os nomes se lhe ajustavam bem. Ele não deixou de ser devoto ao seu Deus em Babilônia, de maneira que foi reconhecido por eles, pela alegria espiritual que nele havia a par de sua aflição numa terra estranha que adorava falsos deuses.
Daí o nome Zorobabel, porque era de fato um estranho não somente em Babilônia, como também para Babilônia. Não admira portanto que tenha sido escolhido para liderar os judeus no retorno deles à Palestina.



“1 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se cumprisse a palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da Pérsia, de modo que ele fez proclamar por todo o seu reino, de viva voz e também por escrito, este decreto:
2 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá.
3 Quem há entre vós de todo o seu povo (seja seu Deus com ele) suba para Jerusalém, que é em Judá, e edifique a casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém.
4 E todo remanescente, seja qual for o lugar em que é peregrino, seja ajudado pelos homens desse lugar com prata, com ouro, com bens e com animais, afora a oferta voluntária para a casa de Deus, que está em Jerusalém.
5 Então se levantaram os chefes das casas paternas de Judá e Benjamim e os sacerdotes, e os levitas, todos aqueles cujo espírito Deus despertara, para subirem a edificar a casa do Senhor, que está em Jerusalém.
6 E todos os seus vizinhos os ajudaram com utensílios de prata, com ouro, com bens, com animais e com coisas preciosas, afora tudo o que se ofereceu voluntariamente.
7 Também o rei Ciro tirou os utensílios que pertenciam à casa do Senhor e que Nabucodonosor tinha trazido de Jerusalém e posto na casa de seus deuses.
8 Ciro, rei da Pérsia, tirou-os pela mão de Mitredate, o tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, príncipe de Judá.
9 Este é o número deles: Trinta bacias de ouro, mil bacias de prata, vinte e nove incensários,
10 trinta taças de ouro, quatrocentas e dez taças de prata e mil outros utensílios.
11 Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil e quatrocentos; todos estes levou Sesbazar, quando os do cativeiro foram conduzidos de Babilônia para Jerusalém.” (Ed 1.1-11).



Esdras 2

Deus Honra que Lhe Honra

Foi feito um registro das famílias dos judeus que saíram do cativeiro em Babilônia, como vemos no capítulo 2º de Esdras, que estaremos comentando. Isto foi registrado para a honra deles, como parte da recompensa pela sua fé e coragem, pela confiança em Deus e o amor que tinham à sua própria terra.
 De igual modo, aqueles que saem do mundo para virem para Cristo têm os seus nomes arrolados nos céus, porque o Senhor sempre honra àqueles que O honram.
Entretanto, a Judá, que fora um dia um império sobre muitos reinos nos dias de Davi e Salomão, por causa do pecado, era agora, uma diminuta província da Pérsia, sob o governo deles.
Isto mostra de modo muito claro como o pecado diminui a nossa honra não somente diante de Deus, como também diante dos homens.
Uma nação antes exaltada, encontrava-se humilhada em Babilônia, e é num começo humilde que ela é chamada à sua reconstrução, sem estar contudo totalmente livre das consequências do pecado dos seus pais.
Ainda que o filho não responda em juízo pelo pecado do seu pai, e o pai pelo pecado do seu filho, no entanto, tanto num, quanto noutro caso, pode-se experimentar neste mundo as consequências danosas do pecado.
Dificilmente o pecado não deixará as suas sequelas, mesmo depois de termos sido curados dele através do perdão que há em Cristo Jesus.
Dos que retornaram a Judá, são relacionados primeiro os líderes no verso 2, sendo estes encabeçados por Zorobabel (o príncipe), e Josué, ieshua no hebraico (o sumo sacerdote), que é o mesmo sumo sacerdote citado em Zacarias 3.1,3.
Eles eram, por assim dizer, o Moisés e o Arão deles, que os conduziram do cativeiro para a terra de Canaã.
Não foi por acaso que o nome do sumo sacerdote dos israelitas, tivesse o mesmo nome hebraico de Jesus (ieshua), porque aquele nome apontava profeticamente para aquele que nos livra definitivamente do cativeiro do pecado, da Babilônia espiritual que nos assedia tão tenazmente, pretendendo que estejamos para sempre debaixo do seu domínio.
Assim, há uma conexão do sumo sacerdote Josué, com o Sumo Sacerdote da nossa fé, Jesus, na profecia do terceiro capítulo de Zacarias.
Sempre é Satanás que se encontra por trás de toda oposição à obra de Deus neste mundo.
Ele sempre se levantará para tentar sujar os ministros do Senhor com o pecado, de maneira que eles sejam paralisados na obra que devem executar para Deus.
Mas estes ministros podem ter as suas vestes sujas trocadas pelas vestes limpas da Justiça de Jesus, que é o RENOVO referido na profecia de Zacarias, e que é a única Rocha na qual o povo do Senhor é edificado, porque é no sangue de Jesus que todos eles são lavados e santificados, de maneira que possam estar de pé na presença do Deus Santíssimo.
 Por isso, Josué e todos os sacerdotes que estavam com ele, e que eram homens renomados, porque foram dados pelo Senhor como líderes espirituais do Seu povo, são lembrados na profecia de Zacarias, pois o RENOVO prometido pelos profetas, especialmente por Jeremias (Jer 23.5; 33.15), viria (Zac 3.8), e por isso deveriam andar nos caminhos do Senhor, e cumprirem os Seus mandamentos (Zac 3.7).
Os sacerdotes foram contados em 4 famílias, tendo como cabeças Jedaías, Imer, Pasur e Harim, totalizando 4.289 sacerdotes (Esdras 2.36-39). .
Não sabemos, mas é provável que o pequeno número de levitas, que é relacionado nos versos 40 a 42, tenha sido devido à desonra que haviam dado ao seu ofício, nos dias dos reis de Israel e de Judá, sendo contados como remanescentes daquela tribo; um número bem pequeno de apenas 341 pessoas.
Não sabemos também se muitos deles não haviam se disposto a deixar Babilônia, onde poderiam ter até mesmo se desviado da devoção a Deus, para se dedicarem por salário, ao culto dos falsos deuses de Babilônia.
Os servidores do templo são citados no verso 58, e eram provavelmente os gibeonitas, que foram sujeitados a serviços forçados por causa do estratagema que usaram para enganar Israel, fazendo aliança com eles, nos dias de Josué, quando da conquista de Canaã.
No hebraico, estes servidores do templo são designados pela palavra netinin.
É citado que 652 não puderam comprovar a sua descendência de Arão (v. 59-62), pelo que não puderam ser contados para o exercício do sacerdócio.
Também lhes foi vedado por Zorobabel não comerem das coisas santíssimas, até que se levantasse um sacerdote com Urim e Tumim, para confirmar a descendência deles, através de consultas ao Senhor (v. 63).
No verso 62 é citado que um dos antepassados de um destes supostos sacerdotes havia se casado com uma das filhas de Barzilai, aquele grande homem que havia sustentado e amparado a Davi em seus dias, quando fugia de Absalão.
É provável então, que estas pessoas tivessem os seus nomes registrados como sendo da casa de Barziali, e não da casa de Arão, quando que o correto seria serem contados na casa de Arão, e não de Barzilai, porque eram descendentes da filha deste, pela qual não poderia ser suscitada descendência a Bazrlai, por ser do sexo feminino, contrariando assim o que estava prescrito na Lei de Moisés, sobre o assunto relativo ao direito sucessório.
Nunca sabemos o que nos reservará o futuro; por isso é uma norma de sabedoria seguirmos a Lei de Deus, e honrarmos o ofício que ele nos tem designado.
Aqueles que haviam preferido serem contados na casa de Barzilai, em razão da suspensão do ofício sacerdotal em Babilônia, já que lá não havia nenhum templo para serem realizados os serviços sagrados, viram-se impedidos de entrar no sacerdócio, agora que o ofício seria restaurado no retorno dos judeus à Palestina.
Eles haviam desonrado o ofício nos dias maus, e agora também seriam desonrados, nos dias alegres relativos à restauração do altar de Deus, do qual deveriam viver os sacerdotes.
Eles foram considerados imundos para o exercício deste sagrado ofício, por não terem podido comprovar que eram de fato descendentes de Arão.
De igual modo, Cristo se envergonhará daqueles que se envergonham dEle e do Seu serviço.
Aqueles que considerarem a honra dos homens mais elevada do que a honra recebida de Deus por servirem-nO, estarão errando grandemente na opção que fizeram, porque o tempo revelará que a honra dos homens traz uma recompensa passageira e falha, porém a que vem de Deus traz uma recompensa duradoura e eterna, ainda que as condições em que O sirvamos neste mundo sejam de humildade, acompanhadas de muitas aflições e tribulações.
Jesus ensinou isto claramente nos evangelhos, e os apóstolos o confirmaram também abundantemente em suas epístolas.
Muitos trocam o ministério por um cargo secular que lhes traga reputação entre os homens e mais dinheiro no bolso.
Entretanto, há reputação maior do que a que Deus pode nos atribuir?
Troca-se assim uma honra passageira e falível pela única honra que é duradoura e eterna.
Quão enganoso é o coração humano! E de quanta ilusão vive o mundo, a pretexto de se dedicarem a coisas práticas e rentáveis.
Assim, até mesmo entre os israelitas que se dispuseram a deixarem tudo para trás em Babilônia, para obedecerem voluntariamente ao mandado de Deus de retornarem para Judá, nós encontramos aqueles que haviam errado, por terem trocado a honra do ofício sacerdotal pela honra de cavalheiros, porque em seus dias não era vantajoso ser contado na descendência de Arão, por terem sido suspensos os serviços do templo.
Se José tivesse recusado a bênção de Jacó para seus filhos Efraim e Manassés, por causa da grande honra em que se encontrava como governador do Egito, os seus descendentes teriam permanecido no cativeiro egípcio, já que não seriam reconhecidos como egípcios, mas como israelitas rebeldes, que haviam renunciado à sua própria nacionalidade, e assim, não teriam sido contados no futuro entre aqueles que subiram com Moisés para Canaã.
Se um cristão se recusa a ter sal em si mesmo para salgar o mundo, por ter vergonha de sustentar o testemunho de um verdadeiro cristão, ele nada poderá esperar da parte do Seu Senhor neste mundo, quanto a ser honrado por Ele, senão a ser lançado fora do ministério para ser pisado pelos homens, porque se tornou como o sal que perdeu o seu sabor.
Em vez de honrá-lo, o desonrarão, pois a velha Serpente não perderá a oportunidade de afligir aqueles que são seus inimigos, pela condição de serem filhos de Deus.
Como o Deus que servimos é misericordioso, àqueles que haviam desprezado o sacerdócio anteriormente seria dada a oportunidade de se verificar pelo Urim e Tumim se eram de fato descendentes de Arão, de modo a serem admitidos no ofício sacerdotal, ainda que tivessem que ficar privados de seu exercício temporariamente.
De igual forma, os cristãos quando se arrependem da sua carnalidade e se voltam para o Senhor para serem santificados e usados por Ele, depois de terem sido impedidos por um tempo de serem usados com poder pelo Espírito na obra do evangelho, poderão ser renovados, sendo uma vez identificado que estão realmente arrependidos, e dispostos a serem readmitidos no ministério.
Assim, pela testificação do Espírito Santo, que é na dispensação da graça, um melhor oráculo do que o Urim e Tumim, no Antigo Testamento, que estes cristãos poderão ser renovados, não no arrependimento que é para a salvação das suas almas, porque este não precisa ser renovado, e nem mesmo o pode ser, mas no arrependimento dos seus pecados posteriores à conversão, de maneira a poderem ser readmitidos nos serviços espirituais que devem prestar a Deus, cada um de acordo com a chamada específica que têm recebido dEle.  
Nos versos 64 e 65 nós temos a conta do número total de pessoas que retornaram com Zorobabel: 49.897 (quarenta e nove mil, oitocentos e noventa e sete).
Temos também um registro do número de animais que vieram com eles, sendo 736 cavalos, 245 mulas, 435 camelos e 6.020 jumentos (v. 66, 67).
É citado que alguns dos chefes das casas paternas que vieram a Jerusalém deram ofertas voluntárias, segundo as suas posses, para a reconstrução do templo, tendo estas somado 61.000 dáricos em ouro, 5.000 minas em prata, e 100 vestes sacerdotais (v. 68,69).
Dárico era o nome também usado para dracma, e correspondia ao valor de 1 denário. Para termos uma ideia comparativa, 1 talento correspondia a 6.000 denários, ou dracmas, ou dáricos.
Então os 61.000 dáricos de ouro que foram ofertados para a construção do templo, correspondiam a apenas 10 talentos, quando nós temos o registro de centenas de talentos de ouro, que estavam disponibilizados nos dias de Salomão.
Tudo isto era muito pouco, comparado com o que havia sido ofertado nos dias de Moisés para a construção do tabernáculo, e nos de Davi e Salomão, para a construção do primeiro templo.
Entretanto, daquele recomeço humilde seria construído um templo, cuja glória seria maior do que a do primeiro templo de Salomão, que havia sido destruído por Nabucodonosor, porque seria ele que recepcionaria o Messias prometido.



“1 Estes são os filhos da província que subiram do cativeiro, dentre os exilados, a quem Nabucodonosor, rei de Babilônia, tinha levado para Babilônia, e que voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade;
2 os quais vieram com Zorobabel, Josué, Neemias, Seraías, Reelaías, Mordecai, Bilsã, Mizpar, Bigvai, Reum e Baaná. O número dos homens do povo de Israel.
3 Os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois.
4 Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois.
5 Os filhos de Ará, setecentos e setenta e cinco.
6 Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Josué e de Joabe, dois mil oitocentos e doze.
7 Os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro.
8 Os filhos de Zatu, novecentos e quarenta e cinco.
9 Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta.
10 Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois.
11 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e três.
12 Os filhos de Azgade, mil duzentos e vinte e dois.
13 Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis.
14 Os filhos de Bigvai, dois mil e cinquenta e seis.
15 Os filhos de Adim, quatrocentos e cinquenta e quatro.
16 Os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito.
17 Os filhos de Bezai, trezentos e vinte e três.
18 Os filhos de Jora, cento e doze.
19 Os filhos de Hasum, duzentos e vinte e três.
20 Os filhos de Gibar, noventa e cinco.
21 Os filhos de Belém, cento e vinte e três.
22 Os homens de Netofá, cinquenta e seis.
23 Os homens de Anatote, cento e vinte e oito.
24 Os filhos de Azmavete, quarenta e dois.
25 Os filhos de Quiriate-Arim, de Cefira e de Beerote, setecentos e quarenta e três
26 Os filhos de Ramá e de Gaba, seiscentos e vinte e um.
27 Os homens de Micmás, cento e vinte e dois.
28 Os homens de Betel e de Ai, duzentos e vinte e três.
29 Os filhos de Nebo, cinquenta e dois.
30 Os filhos de Magbis, cento e cinquenta e seis.
31 Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro.
32 Os filhos de Harim, trezentos e vinte.
33 Os filhos de Lode, de Hadide e de Ono, setecentos e vinte e cinco.
34 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco.
35 Os filhos de Senaá, três mil seiscentos e trinta.
36 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Josué, novecentos e setenta e três.
37 Os filhos de Imer, mil e cinquenta e dois.
38 Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete.
39 Os filhos de Harim, mil e dezessete.
40 Os levitas os filhos de Josué, e de Cadmiel, dos filhos de , Hodavias, setenta e quatro.
41 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e vinte e oito.
42 Os filhos dos porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, ao todo, cento e trinta e nove.
43 Os servidores do templo: os filhos de Ziá, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote,
44 os filhos de Querós, os filhos de Siá, os filhos de Padom,
45 os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Acube,
46 os filhos de Hagabe, os filhos de Sanlai, os filhos de Hanã,
47 os filhos de Gidel, os filhos de Gaar, os filhos de Reaías,
48 os filhos de Rezin, os filhos de Necoda, os filhos de Gazão,
49 os filhos de Uzá, os filhos de Paseia, os filhos de Besai,
50 os filhos de Asná, os filhos de Meunim, os filhos dos nefusins,
51 os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Hurur,
52 os filhos de Bazlute, os filhos de Meída, os filhos de Harsa,
53 os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Tamá,
54 os filhos de Nezias, os filhos de Hatifa.
55 Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soferete, os filhos de Peruda,
56 os filhos de Jaalá, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,
57 os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Poquerete-Hazebaim os filhos de Ami.
58 Todos os servidores do templo e os filhos dos servos de Salomão foram trezentos e noventa e dois.
59 Estes foram os que subiram de Tel-Mela, de Tel-Harsa, de Querube, de Adã e de Imer; porém não puderam provar que as suas casas paternas e sua linhagem eram de Israel:
60 os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e cinquenta e dois.
61 E dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Hacoz, os filhos de Barzilai, que tomou mulher das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do seu nome.
62 Estes procuraram o seu registro entre os que estavam arrolados nas genealogias, mas não foi encontrado; pelo que, por imundos, foram excluídos do sacerdócio;
63 e o governador lhes intimou que não comessem das coisas santíssimas, até que se levantasse um sacerdote com Urim e Tumim.
64 Toda esta congregação junta somava quarenta e dois mil trezentos e sessenta,
65 afora os seus servos, e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; também havia duzentos cantores e cantoras.
66 Os seus cavalos eram setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco;
67 os seus camelos, quatrocentos e trinta e cinco; os jumentos, seis mil setecentos e vinte.
68 Alguns dos chefes das casas paternas, vindo à casa do Senhor em Jerusalém, deram ofertas voluntárias para a casa de Deus, para a edificarem no seu lugar;
69 conforme as suas posses, deram para a tesouraria da obra, em ouro sessenta e um mil dáricos, e em prata cinco mil minas, e cem vestes sacerdotais.


70 Ora, os sacerdotes e os levitas, e alguns do povo, tanto os cantores como os porteiros e os servidores do templo, habitaram nas suas cidades, e todo o Israel nas suas cidades.” (Ed 2.1-70).


Esdras 3

Os Planos de Deus não Podem Ser Frustrados

Nós vemos no 3º capítulo de Esdras, que depois de terem se instalado em suas respectivas cidades, quando retornaram do cativeiro em Babilônia, os judeus se juntaram em Jerusalém no sétimo mês para as celebrações relativas àquele mês e dentre as quais se incluía a Festa dos Tabernáculos.
Aproveitaram a oportunidade para edificarem o altar dos holocaustos, provavelmente, no mesmo local em que estivera instalado o altar do templo de Salomão.
Ali, desde o primeiro dia do sétimo mês, do primeiro ano, na sua própria terra, começaram a oferecer holocaustos ao Senhor, ainda que nem sequer tivessem lançado os alicerces do templo.
Estes sacrifícios passaram a ser oferecidos continuamente,  conforme era exigido pela Lei, sem sofrer a interrupção de um só dia (v. 3, 5).
Os dois cordeiros que deveriam ser oferecidos, contínua e diariamente, pela manhã e à tarde, como holocausto ao Senhor, tipificavam não somente a cobertura do sacrifício de Jesus, que é a causa de podermos expiar diariamente as nossas culpas e purificar nossos pecados e injustiças no sangue que Ele derramou por nós, como também falam em figura da nossa própria consagração pessoal a Deus, que deve ser contínua, sem interrupções e durante todos os minutos dos nossos dias.
Afirma-se no verso 1 que os judeus haviam se reunido como um só homem em Jerusalém, e isto é indicativo da unidade que havia entre eles.
O temor que tiveram das nações ao redor (Esdras 3.3), contribuiu para que acelerassem a edificação do altar para poderem cultuar ao Senhor.
Assim, era exigido pela Lei, de maneira a contarem com o cumprimento das promessas de bênçãos previstas para a obediência aos Seus mandamentos.
Eles deveriam ter o cuidado de não fazerem conforme haviam feito os seus pais, que muito provocaram o Senhor à ira, com a transgressão voluntária dos Seus preceitos.
Numa terra estranha, entregue totalmente às práticas pagãs e idolátricas, eles puderam aprender, ainda que de um modo difícil, o quão grosseiras e irracionais eram aquelas práticas, quando contrastadas com a religião revelada, que o Senhor lhes dera através de Moisés.  
Naquela ocasião, tomaram providências para a futura construção do templo, encomendando madeira aos de Tiro e de Sidom (v. 7).
No segundo mês do segundo ano, isto é, cerca de sete meses depois, os israelitas que haviam retornado de Babilônia, deram início à obra de reconstrução do templo, tendo sido lançados os seus alicerces (v. 10).
Não havia nenhuma disputa entre os judeus que voltaram de Babilônia, quanto ao fato se deveriam ou não reconstruir o templo.
Eles haviam aprendido do erro de seus pais, quão dura coisa é não servir ao Deus vivo, segundo os termos que Ele tem estabelecido na Sua Palavra.
A Antiga Aliança prescrevia o  sacrifício de animais num único local escolhido pelo Senhor e na presença de sacerdotes consagrados para tal ofício. Daí a necessidade da construção de um templo.
Eles se lançaram à tarefa de reativar tudo o que era exigido pela Lei, para o culto de adoração ao Senhor.
O Novo Testamento não libera os cristãos deste mesmo dever, ainda que não estejam mais obrigados na dispensação da graça, a cumprirem os mandamentos cerimoniais da Lei de Moisés, que apontavam em figura para as realidades que se cumpriram em Cristo.
É dito aos que compõem a Igreja do Senhor, que eles devem ter uma justiça que exceda em muito a dos escribas e fariseus.
Esta justiça, certamente diz respeito a se viver em plenitude tudo aquilo que era ensinado no cerimonial da Lei, já não mais atendendo às exigências relativas a ordenanças materiais e visíveis, mas às realidades espirituais para as quais  apontavam em figura.
Como exemplo, vemos a citação anterior sobre o dever da santificação e consagração diária e contínua que têm os cristãos na Nova Aliança, que estava representada na obrigação do oferecimento de dois cordeiros, de manhã, e à tarde, todos os dias, conforme se exigia no antigo pacto.
Esta justiça maior que é exigida do cristão na Nova Aliança, em relação à justiça dos escribas e fariseus, não contradiz o ensino da lei e dos profetas da Antiga Aliança, porém é muito diferente da justiça deles.
O motivo da vinda do Senhor foi o de nos capacitar a viver com um padrão de vida espiritual em santificação e justiça muito maiores do  que aquele que é exigido pela Lei de Moisés.
Por isso Jesus afirmou que não veio revogar e nem suavizar, as exigências da Lei.
Ele disse que aquele que quebrar o menor mandamento da Lei e assim ensiná-lo incorretamente aos homens, será pequeno no reino dos céus, mas que qualquer que guarde os mandamentos da Lei e os ensine, será chamado grande no reino dos céus.
Isto demonstra que até mesmo aqueles mandamentos da Lei, que nos parecem menos significativos, são muito importantes para Deus, porque foram proferidos a nós pela Sua boca como sendo a expressão exata da Sua santa vontade.
Sabemos que a Lei por si só não poderia jamais  nos santificar, porque isto é um trabalho para a graça e mediante a fé,  mas devemos dar  a devida importância ao que se aprende acerca da vontade de Deus, mediante o que  se encontra revelado na Lei.
A santidade é algo que se pratica na vida diária. É um habito.
Isto significa que não devemos buscar através das obras da Lei a nossa justificação, e podemos até mesmo dizer que não devemos buscar nelas a nossa santificação, mas um andar verdadeiramente no Espírito demanda, quanto à santificação, a prática da Palavra de Deus.
Lembremos sempre que a santificação, somente pode ocorrer naqueles que foram verdadeiramente regenerados (nascidos de novo do Espírito).
Não seremos salvos pela graça porque guardamos perfeitamente todos os mandamentos, mas porque recebemos esta graça para podermos ser aperfeiçoados no seu cumprimento, de maneira que poderemos crescer não somente nisto diariamente, como também, pela promessa do Senhor, seremos perfeitos assim como Ele é perfeito, no porvir, por causa da Sua justiça que nos foi imputada, em razão da nossa união espiritual com Ele.
De forma que todo aquele que é justificado, também é nascido de novo e recebe de Deus um novo coração.
Pelo que nós observamos da narrativa deste terceiro capítulo do livro de Esdras, os judeus que haviam lançado os alicerces do templo de Jerusalém, depois da volta do cativeiro em Babilônia, não haviam ainda, naquela ocasião, sido fermentados com este fermento que havia em abundância na vida dos escribas e fariseus dos dias de Jesus, porque se diz deles que tudo fizeram para a glória de Deus, e que se encontravam em unidade a ponto de terem se alegrado muito e louvado a Deus pelo privilégio que lhes dera de retornarem à sua terra, e ali poderem cumprir as exigências da Lei de Moisés, relativas ao culto devido a Ele, conforme prescrito naquela antiga aliança.
Os judeus que tinham visto a suntuosidade do templo de Salomão, antes de irem para o cativeiro em Babilônia, choraram quando os alicerces do novo templo foram lançados, talvez por lhes pesar o fato da lembrança de que toda a glória antiga da nação havia sido reduzida até o ponto de terem que recomeçar a construção de um templo, que segundo as condições presentes deles, jamais poderia ter toda a riqueza que havia no templo de Salomão.
Na verdade, aquele era um momento para alegria e não para tristezas sentimentais.
Eles não deveriam ter chorado pela diminuição da glória terrena a que foram reduzidos, mas pelos pecados dos seus pais, que haviam dado causa àquela necessidade de reconstruírem toda a religião de Israel, no tocante às exigências cerimoniais da Lei, a partir do alicerce.
Na verdade, deveriam ser gratos a Deus por não ter dado a eles o mesmo destino que havia dado aos israelitas do Reino do Norte, permitindo que fossem dissolvidos, por terem sido espalhados por todas as nações, pelos assírios, que separaram pais de filhos, esposos de esposas, de modo que perdessem a sua identidade cultural e nacional.
Eles alcançaram misericórdia para poderem reiniciar as suas vidas debaixo da aliança que Deus havia feito com eles através de Moisés.
Então não deveria haver a mínima manifestação de tristeza, senão de alegria; a mínima demonstração de insatisfação, mas de grande contentamento.
 Nós somos ordenados pela Palavra a não desprezarmos os humildes começos quando a Providência assim o quer.
Aqueles sacerdotes estavam transgredindo este mandamento, com o lamento que eles levantaram em meio à grande alegria e louvor que os demais sacerdotes e levitas estavam apresentando diante de Deus.
Não sabemos o quanto estes sacerdotes podem ter influenciado os demais sacerdotes e levitas, quanto a não se empenharem na obra, em razão dos possíveis argumentos deles de que não valeria a pena se entregar a uma construção, que nem sequer passaria de perto da glória que havia no templo de Salomão, que havia sido destruído por Nabucodonosor.
Se por influência deles ou não, havia aqueles que dentre os israelitas estavam desprezando aqueles humildes começos, e  por isso receberam o devido estímulo do Senhor da parte dos profetas Ageu e Zacarias, para que reiniciassem a obra de reedificação do templo, depois destas terem sido paralisadas por cerca de dezesseis anos.
Como veremos adiante, em razão da perseguição dos samaritanos, eles não avançaram, ao que parece do lançamento do alicerce, que é referido neste capítulo, e assim, é possível que não tivessem prosseguido adiante, vencendo toda oposição, por motivo de julgarem que era muito pouco pelo que lutar.
Então, o Senhor se interpôs com a promessa de fazer algo grande e maravilhoso, pela palavra que pôs na boca do profeta Zacarias, de modo que aqueles que não estavam sendo fiéis nos dias de escassez, viriam a se alegrar quando vissem o prumo na mão de Zorobabel.
“Pois quem despreza o dia dos humildes começos, esse alegrar-se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. Aqueles sete olhos são os olhos do Senhor, que percorrem toda a terra.” (Zac 4.10).
Eles estavam errados pensando no templo como um mero projeto de realização material.
Eles não entendiam a necessidade de que fosse reconstruído para o cumprimento dos propósitos espirituais de Deus, que teriam o seu auge num futuro ainda distante, que eles desconheciam, mas que dependia da obediência deles, porque importava que o Messias chegasse na nação que Deus havia formado através de Abraão, Isaque e Jacó.
Esta nação  deveria estar sustentando o testemunho que havia recebido de Deus para ser guardado desde os dias dos patriarcas, especialmente desde que Ele entrara em aliança com eles através de Moisés.
Como poderiam os planos eternos de Deus serem frustrados?
O que estava em jogo não era a mera construção de um edifício, mas a restauração da vida religiosa daquela nação eleita desde a antiguidade, para que através dela fosse manifestada a Sua salvação para todas as nações do mundo.
Assim como se deu em relação a eles, também se dá em relação aos que são da Igreja de Cristo. O que importa não é propriamente o interesse pessoal dos cristãos, mas os elevados e eternos interesses de Deus, aos quais farão bem em atentar para atendê-los.
Não admira portanto, que a exortação do profeta Zacarias àqueles judeus que estavam desprezando os humildes começos, quanto a que se alegrariam com o fato de Zorobabel concluir a construção do templo, que havia sido paralisada, tenha sido expedida num contexto eminentemente espiritual, conforme podemos ver em todo o capítulo quarto do referido profeta.
Ali, o que está em foco é o testemunho da Palavra de Deus, não pelo poder do homem, mas pelo Espírito Santo (4.6).
Era por este motivo que as mãos de Zorobabel deveriam terminar a construção do templo, assim como elas haviam lançado os seus alicerces. O Senhor havia determinado em Sua soberania que o templo seria reedificado ainda nos dias de Zorobabel, e isto não poderia ser frustrado por nenhum poder terreno ou espiritual (v. 9).
Toda edificação material na obra de Deus serve apenas para atender aos propósitos espirituais fixados pelo Senhor, desde toda a eternidade.
O templo que seria construído em Jerusalém não era uma exceção a isto.
Ele não tinha por alvo servir a propósitos terrenos e muito menos comerciais.
O azorrague de Jesus que o diga, quando expulsou os vendilhões do templo.
Se a razão da nossa alegria como filhos de Deus está nas nossas realizações materiais, ainda que digam respeito às edificações e bens que temos adquirido para a casa de Deus, nós estaremos errando grosseiramente o alvo, porque corremos o risco de ouvir o que Jesus disse aos apóstolos quando se gloriavam diante dEle por motivo da suntuosidade do templo de Herodes: “não ficará aí pedra sobre pedra”.
Naquele caso, isto se daria por motivo de juízo, e  em razão  de já não haver mais razão para um templo em Israel, porque seria inaugurada uma nova aliança no sangue do Senhor Jesus, na qual os próprios cristãos são  o templo do Espírito  Santo.


“1 Quando chegou o sétimo mês, estando já os filhos de Israel nas suas cidades, ajuntou-se o povo, como um só homem, em Jerusalém.
2 Então se levantou Josué, filho de Jozadaque, com seus irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos; e edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na lei de Moisés, homem de Deus.
3 Colocaram o altar sobre a sua base, e ainda que estavam sob o terror dos povos de outras terras, ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, holocaustos pela manhã e à tarde.
4 E celebraram a festa dos tabernáculos como está escrito, e ofereceram holocaustos diários segundo o número ordenado para cada dia,
5 e em seguida o holocausto contínuo, e os das luas novas e de todas as festas fixas do Senhor, como também os de qualquer que fazia oferta voluntária ao Senhor.
6 Desde o primeiro dia do sétimo mês começaram a oferecer holocaustos ao Senhor; porém ainda não haviam sido lançados os alicerces do templo do Senhor.
7 Deram dinheiro aos pedreiros e aos carpinteiros; como também comida e bebida, e azeite aos sidônios, e aos tírios, para trazerem do Líbano madeira de cedro ao mar, para Jope, segundo a concessão que lhes tinha feito Ciro, rei da Pérsia.
8 Ora, no segundo ano da sua vinda à casa de Deus em Jerusalém, no segundo mês, Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque, e os outros seus irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram do cativeiro para Jerusalém, deram início à obra e constituíram os levitas da idade de vinte anos para cima, para superintenderem a obra da casa do Senhor.
9 Então se levantaram Josué com seus filhos e seus irmãos, Cadmiel e seus filhos, os filhos de Judá, como um só homem, para superintenderem os que faziam a obra na casa de Deus; como também os filhos de Henadade, com seus filhos e seus irmãos, os levitas.
10 Quando os edificadores lançaram os alicerces do templo do Senhor, os sacerdotes trajando suas vestes, apresentaram-se com trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos, para louvarem ao Senhor, segundo a ordem de Davi, rei de Israel.
11 E cantavam alternadamente, louvando ao Senhor e dando-lhe graças com estas palavras: Porque ele é bom; porque a sua benignidade dura para sempre sobre Israel. E todo o povo levantou grande brado, quando louvaram ao Senhor, por se terem lançado os alicerces da casa do Senhor.
12 Muitos, porém, dos sacerdotes e dos levitas, e dos chefes das casas paternas, os idosos que tinham visto a primeira casa, choraram em altas vozes quando, a sua vista, foi lançado o fundamento desta casa; também muitos gritaram de júbilo;
13 de maneira que não podia o povo distinguir as vozes do júbilo das vozes do choro do povo; porque o povo bradava em tão altas vozes que o som se ouvia de mui longe.” (Ed 3.1-13).


Esdras 4

Preservando a Pureza da Palavra de Deus

Contra toda obra verdadeira de Deus, Satanás sempre se levantará em oposição, porque o Senhor colocou uma inimizade eterna entre a semente da mulher e a semente da serpente.
Deus tem permitido toda esta oposição para colocar à prova o amor dos Seus filhos e para o aperfeiçoamento da sua fé.
Quando alguém se converte a Deus, passa a ser contado como participante da semente abençoada, e  automaticamente começará a se opor a Satanás.
Encontramos então neste quarto capítulo de Esdras, um bom exemplo acerca disto a que temos nos referido.
Os portões do inferno não podem prevalecer contra a Igreja, mas sempre se levantarão contra ela em forte oposição movida por Satanás.
Portanto, a construção do templo nos dias de Zorobabel é, neste aspecto, um tipo da edificação da Igreja de Cristo, com os cristãos que são as pedras vivas deste edifício espiritual, que está sendo construído debaixo de fortes oposições do inferno, do mundo e da carne.
É interessante observar que o texto afirma que foram os adversários de Judá e de Benjamim (v. 1), que se propuseram a auxiliar os judeus na construção do templo (v. 2).
Estes samaritanos viriam a se opor fortemente contra os judeus, posteriormente, em razão da recusa da sua oferta de ajuda, e o escritor sagrado poderia estar antecipando o que já havia ocorrido, na sua narrativa, quando os qualificou de adversários do povo de Deus, entretanto, esta era a condição real deles, porque não compartilhavam dos mesmos interesses de Israel, e não pretendiam servir a Deus da maneira devida, conforme exigido pela lei e pelos profetas.  
Deus não se revelou ao mundo através dos samaritanos ou de qualquer outra nação, senão somente através dos israelitas  (João 4.22).
O povo que havia em Samaria, que era resultante da mistura de várias nações com os poucos remanescentes do povo de Israel, que permaneceram na Palestina, depois do cativeiro assírio (II Reis 17.24,33), não podia protestar que servia ao Deus de Israel, conforme eles alegaram no verso 2.
Eles misturaram partes do culto devido ao Deus de Israel com o culto que prestavam aos seus falsos deuses.
Assim, os piores inimigos que Judá e Benjamim tiveram foram exatamente aqueles que se diziam judeus e não eram (Apo 3.9).
De igual modo, os piores inimigos da Igreja não são aqueles que são deliberadamente opositores de Cristo, mas os que se dizem cristãos e que na verdade não são nascidos de novo do  Espírito, porque trazem muitas dores à verdadeira Igreja de Cristo, por causa do seu mau procedimento, e que trazem desonra ao santo nome do Senhor, e a todos aqueles que trazem este nome.  
O que é falso sempre tentará perseguir o que é verdadeiro com o propósito de destruí-lo.
A mão do diabo sempre estará por detrás de tudo isto.
Nós vimos séculos de perseguição do paganismo à Igreja Primitiva, mas como o martírio dos cristãos só fez aumentar a fé deles e o número de conversões, o diabo mudou a estratégia. Fez com que o paganismo desse as boas vindas à Igreja, assimilando-a a partir de Constantino.
Aquele foi um duro golpe na verdadeira Igreja, porque isto foi uma forma sutil de ataque por parte daqueles que se dizendo cristãos verdadeiros, não seguiam contudo as pegadas de Cristo.
A Igreja do Senhor, não raro tem dado as boas vindas a todos os “samaritanos” que se apresentam afirmando serem também parte do povo de Deus, e com a assimilação dos seus erros doutrinários, a fé de muitos cristãos é arruinada e ficam impossibilitados de cumprir a sua função no mundo, que é a de dar testemunho da verdade, no poder do Espírito Santo.
Então, o ataque não será frontal como no passado, porque por este meio, o Inimigo tem conseguido paralisar a muitos.  
Cabe portanto, à Igreja, colocar à prova o testemunho de vida e a doutrina daqueles que afirmam fazer parte do Israel de Deus, e que na verdade não são verdadeiros israelitas, para que não se dê a destra de comunhão a eles, como se lê por exemplo em II Tes 3.14.
É interessante observar que o Senhor Jesus cita repetidamente nas cartas que dirigiu às sete Igrejas do Apocalipse a tentativa ou a penetração do erro doutrinário na Igreja.
E nós sabemos que estas cartas se referem aos tipos de Igreja que existiram e que existirão até que Ele volte.
É interessante observar que Ele cita que alguns cristãos estavam seguindo a doutrina de Balaão, e nós sabemos que esta doutrina era a de levar o verdadeiro Israel de Deus ao erro, por motivo de ganância e fornicação.
Esta é uma característica muito parecida com a dos falsos mestres dos nossos dias, especialmente aqueles que sustentam a malfazeja doutrina do triunfalismo e mundanismo,  aos quais os apóstolos também se referiram em suas epístolas, especialmente Pedro e Judas.
Nós vemos então que a estratégia de Satanás com o oferecimento da ajuda dos samaritanos aos judeus tinha em vista misturar a falsa doutrina deles à do povo de Deus, e isto seria um golpe fatal na restauração da vida religiosa de Israel logo na sua origem.
É importante observar que Deus permite todas estas investidas do Inimigo contra a Sua Igreja exatamente para manifestar o Seu grande poder e glória, porque se esta é uma luta desigual da parte do diabo em relação a nós, dá-se o equilíbrio na assistência que Deus dá ao Seu povo, porque podemos também dizer que há uma grande desigualdade no que se refere ao poder dEle em relação ao diabo.
Assim, como a ajuda de Deus é dependente da nossa obediência, seria uma causa perdida a nossa luta se a graça de Deus não atuasse em nosso favor, não somente nos inspirando a esta obediência como também nos auxiliando a exercê-la efetivamente.
Aos israelitas do passado foi dado Esdras, um escriba e sacerdote sábio para lhes ensinar a Palavra do Senhor.
E antes de Esdras, a recusa do governador Zorobabel e do sumo-sacerdote Josué foi certamente inspirada pelo Senhor, que os guardou de incorrerem naquele erro fatal de se misturarem aos samaritanos, que daria como consequência a assimilação do seu modo de vida.
Eles haviam aprendido o suficiente no cativeiro em Babilônia que a causa da ruína  dos seus antepassados foi exatamente a de trocarem o culto devido ao Senhor, para seguirem as práticas pagãs das demais nações.
Os samaritanos debilitaram as mãos dos judeus para a obra, e assim, foram impedidos de edificar, porque assalariaram conselheiros para lhes infamarem perante Ciro, Dario, Assuero (Artaxerxes), reis medo-persas, pedindo-lhes que interditassem a reedificação de Jerusalém.
De modo que os judeus não pudessem se fortificar contra eles, por influenciarem as nações ao seu redor a não mais pagarem impostos aos reis persas.
E para isto recorreram ao passado, dizendo que Jerusalém era afamada por ser rebelde aos reinos tributários, porque ela mesma foi tributária de várias nações em seus dias de prosperidade.
Com isto, conseguiram convencer o rei Artaxerxes, que determinou a paralisação total das obras em Jerusalém.
Eles haviam assim, conseguido paralisar a obra de reconstrução do templo, e o que ocorreu no passado parece ser em essência a mesma causa da crise que tem enfrentado a Igreja em nossos dias.
Aqueles que se dizem judeus e que efetivamente não são, conseguiram influenciar a tal ponto a Igreja do Senhor com as suas heresias, que muitos ministros passaram a adotá-las, ainda que não no todo, pelo menos em parte, e com isto, por causa da adulteração da genuína mensagem do evangelho, estão pregando um outro evangelho, que tem produzido cristãos deformados, não apenas na sua visão do reino, como também na prática do seu testemunho.
Graças a Deus, muitos ministros têm se levantado contra isto, e têm sido como trombetas nas mãos do Senhor, soando o toque de alerta aos cristãos, para que saiam de Babilônia e reconstruam suas vidas espirituais, na santidade, que é mediante a genuína Palavra de Deus, que é, somente ela, a verdade.
O Senhor tem levantado ministros fiéis para este propósito de resistirem a estes samaritanos, e não permitirem que edifiquem sobre o fundamento lançado pelos profetas e pelos apóstolos, juntamente com aqueles que fazem parte do verdadeiro Israel de Deus.
Ainda que conseguissem nos paralisar por um tempo, por causa da sua fúria motivada pela nossa deliberada rejeição da falsa doutrina que ensinam, poderoso é o Senhor para nos assistir e fortalecer com a Sua graça, para levarmos adiante a obra da evangelização mundial.
É preciso que toda Igreja que tenha como seu povo, pessoas que foram verdadeiramente lavadas no sangue de Cristo, mantenha firme a sua posição de não incorrer no erro destes falsos mestres insubordinados, que estão a serviço de Satanás, de modo que o povo do Senhor possa crescer sadiamente na fé.
É definitivamente necessário estar purificado destes erros, para que possamos ser efetivamente usados pelo Senhor, quer individualmente quer como Igreja.
“De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.” (II Tim 2.21).



“1 Ora, ouvindo os adversários de Judá e de Benjamim que os que tornaram do cativeiro edificavam o templo ao Senhor, Deus de Israel,
2 chegaram-se a Zorobabel e aos chefes das casas paternas, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco; pois, como vós, buscamos o vosso Deus; como também nós lhe temos sacrificado desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir para aqui.
3 Responderam-lhes, porém, Zorobabel e Josué e os outros chefes das casas paternas de Israel: Não convém que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus: mas nós sozinhos a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel, como nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia.
4 Então o povo da terra debilitava as mãos do povo de Judá, e os inquietava, impedindo-os de edificar;
5 e assalariaram contra eles conselheiros para frustrarem o seu plano, por todos os dias de Ciro, rei da Pérsia, até o reinado de Dario, rei da Pérsia.
6 No reinado de Assuero, no princípio do seu reino, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá e de Jerusalém.
7 Também nos dias de Artaxerxes escreveram Bislão, Mitredate, Tabeel, e os companheiros destes, a Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta foi escrita em caracteres aramaicos, e traduzida na língua aramaica.
8 Reum, o comandante, e Sinsai, o escrivão, escreveram uma carta contra Jerusalém, ao rei Artaxerxes, do teor seguinte,
9 isto é, escreveram Reum, o comandante, Sinsai, o escrivão, e os seus companheiros, os juízes, os governadores, os oficiais, os persas, os homens de Ereque, os babilônios, os susanquitas, isto é, os elamitas,
10 e as demais nações que o grande e afamado Osnapar transportou, e que fez habitar na cidade de Samaria e no restante da província dalém do Rio.
11 Eis, pois, a cópia da carta que mandaram ao rei Artaxerxes: Teus servos, os homens de além do Rio, assim escrevem:
12 Saiba o rei que os judeus que subiram de ti a nós foram a Jerusalém e estão reedificando aquela rebelde e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros e reparando os seus fundamentos.
13 Agora saiba o rei que, se aquela cidade for reedificada e os muros forem restaurados, eles não pagarão nem tributo, nem imposto, nem pedágio; e assim se danificará a fazenda dos reis.
14 Agora, visto que comemos do sal do palácio, e não nos convém ver a desonra do rei, por isso mandamos dar aviso ao rei,
15 para que se busque no livro das crônicas de teus pais; e acharás no livro das crônicas e saberás que aquela é uma cidade rebelde, e danosa a reis e províncias, e que nela houve rebelião em tempos antigos; por isso é que ela foi destruída.
16 Nós, pois, estamos avisando ao rei que, se aquela cidade for reedificada e os seus muros forem restaurados, não terás porção alguma a oeste do Rio.
17 Então o rei enviou esta resposta a Reum, o comandante, e a Sinsai, o escrivão, e aos demais seus companheiros, que habitavam em Samária e no restante do país a oeste do Rio: Paz.
18 A carta que nos enviastes foi claramente lida na minha presença.
19 E, ordenando-o eu, buscaram e acharam que desde tempos antigos aquela cidade se tem levantado contra os reis, e que nela se tem feito rebelião e sedição.
20 E tem havido reis poderosos sobre Jerusalém, os quais dominavam igualmente toda a província dalém do rio; e a eles se pagavam tributos, impostos e pedágio.
21 Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens parem, a fim de que não seja edificada aquela cidade até que eu dê ordem.
22 E guardai-vos de serdes remissos nisto; não suceda que o dano cresça em prejuízo dos reis.
23 Então, logo que a cópia da carta do rei Artaxerxes foi lida perante Reum e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, foram eles apressadamente a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força e com violência.


24 Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalém, ficando interrompida até o segundo ano do reinado de Dario, rei da Pérsia.” (Ed 4.1-24).


Esdras 5

Vencer Oposições para Fazer a Vontade de Deus

Nós vimos no último versículo do quarto capítulo, anterior a este quinto de Esdras, que estaremos comentando, que as obras do templo foram paralisadas por determinação do rei persa, por instigação dos samaritanos.
Neste quinto capítulo nós vemos os judeus sendo exortados pelos profetas Ageu e Zacarias a reiniciarem as obras que haviam sido paralisadas.
Há muitos princípios a serem aprendidos em relação a tudo isto, e nós estaremos analisando isto de modo detalhado nas linhas seguintes.
Primeiro, devemos considerar que os judeus estavam debaixo do governo e domínio da Pérsia, e seguiram a norma bíblica de obedecerem às autoridades, quando não tentaram se insurgir pelo uso das armas contra a Pérsia, ao serem impedidos de prosseguir na reconstrução do templo, e se sujeitaram à providência divina.
Alguns teriam pegado em armas em nome da fé, mas naquela situação, a fé demandava obediência ao poder governante, no caso a Pérsia, porque era pela permissão divina que os persas estavam dominando o mundo, tal como Babilônia, antes deles.
Isto explica porque Jesus nem os apóstolos proferiram uma só palavra contra a dominação romana, porque ela havia sido prevista nos conselhos de Deus, conforme revelado através do profeta Daniel.
Sobre este princípio de se estar sujeito à autoridade, pela vontade de Deus, ainda temos algumas coisas a falar; entretanto, é necessário enfocar que quando a autoridade terrena tenta impedir uma determinação específica provinda diretamente de Deus, como foi o caso da libertação dos judeus de Babilônia e da reconstrução do templo em Jerusalém, importa antes obedecer a Deus do que aos homens, tal como ocorreu nos dias dos apóstolos, quando as autoridades de Israel, na pessoa dos sacerdotes, tentaram impedi-los de pregar o evangelho.
A construção do templo, naquela ocasião, tal como o evangelho nos dias dos apóstolos e nos nossos próprios dias, configurava o testemunho do cumprimento da vontade de Deus perante todas as nações.
Não admira portanto, que o Senhor tivesse levantado os profetas Ageu e Zacarias, para exortarem os judeus a se lançarem à obra de reconstrução que havia sido paralisada.
Eles deveriam se entregar à execução da tarefa sem se insurgirem contra as autoridades constituídas da Pérsia, porque aos servos de Deus convém serem mansos para com todos, na expectativa que se arrependam e cheguem ao conhecimento da verdade.
Não lhes convém contenderem, especialmente com as autoridades que procedem de Deus.
Como bem se expressou D. M. Lloyd Jones a respeito de ser dever do cristão suportar ofensas sem protestar: “O cristão não deve se preocupar com as ofensas nem com as defesas pessoais. Porém quando é questão de honra, de justiça, da verdade, deve se preocupar e protestar. Quando não se honra a lei, quando ela é violada a olhos vistos, não por interesse pessoal, nem para se proteger a si mesmo, atua como cristão em Deus, como alguém que crê que em última instância toda lei procede de Deus.”.
Ele prossegue dizendo que “nosso Senhor condena todo ressentimento que possamos sentir contra o governo legítimo de nosso país. O governo que está no poder tem o direito de fazer estas coisas, e nosso dever é cumprir a lei. Devemos fazê-lo ainda que estejamos completamente em desacordo com o que se faz, mesmo que o consideremos injusto. Se possui autoridade legal e sanção legitima, nosso dever é fazê-lo.”.
Pedro diz em sua primeira carta:
“Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem.” (I Pe 2.13-14). “Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos Senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus.” (I Pe 2.18).
“Se você está fazendo algo e chega um policial e lhe diz que deve levar essa carga por uma milha, não somente deve fazê-lo com alegria, senão estar disposto a caminhar mais uma milha.
O resultado será que quando chegar o policial dirá:  “Que pessoa é esta? Que há nele que o faz agir assim? O faz com alegria e mais do que se lhe pede.”. E chegará a esta conclusão: “Este homem é diferente, não parece preocupado por seus próprios interesses. Como cristãos, nosso estado mental e espiritual deveria ser tal, que nada poderia nos ofender.”. (Lloyd Jones)
Foi exatamente esta a atitude dos judeus, conforme podemos observar neste capítulo, quando foram interpelados por aqueles que se dirigiram a eles perguntando com que autoridade estavam desobedecendo o decreto do rei e reconstruindo o templo.
Foi com mansidão que responderam com verdade aos seus inimigos, que tinham aquele direito e que ele havia sido assegurado pelo próprio rei Ciro, quando saíram de Babilônia.
Isto fez com que pedissem para que fosse investigado na corte da Pérsia se era realmente verdade o que estavam dizendo, e isto daria oportunidade para que a defesa deles viesse pela mão dos seus próprios inimigos, porque foram os seus interlocutores junto ao rei Dario, ainda que não para defendê-los, mas para confirmar se era verdade o que haviam alegado, e isto daria ocasião para que fosse descoberto o decreto imperial de Ciro em favor dos judeus, conforme veremos no capítulo seguinte.
Aqueles judeus haviam agido de acordo com a norma bíblica de se estar sujeito à autoridade e puderam assim contar com a proteção de Deus, para levarem adiante o cumprimento da Sua santa vontade.
Os que estão no ministério devem combater segundo as regras, disse o apóstolo Paulo a Timóteo, e muitas coisas estão incluídas nisto, inclusive a que nos temos referido.
Quando os ministros atuam contra a Palavra revelada de Deus, mesmo naquelas coisas ordenadas por Ele, não podem esperar ser bem sucedidos no que fizerem, porque não podemos contar com a aprovação e a assistência do Senhor, quando agimos contra a Sua vontade.

Agora, tal como Jesus elogiou o que devia ser elogiado nas sete Igrejas (Apocalipse 2 e 3), ao mesmo tempo que repreendeu o que deveria ser repreendido, de igual modo ressaltamos o que houve de bom no comportamento dos judeus dos dias de Zorobabel.
Mostraremos agora, no que eles haviam falhado e por isso se tornaram dignos da repreensão divina, através dos profetas Ageu e Zacarias.
Ageu e Zacarias começaram a profetizar no segundo ano do reinado de Dario, conforme se afirma nos primeiros versículos dos seus livros, respectivamente.
 Umas poucas coisas tinha o Senhor contra eles, conforme nós vemos especialmente nas repreensões feitas através do profeta Ageu.
É dito que debaixo desta palavra de exortação de Ageu, se animaram e reiniciaram as obras de reconstrução a partir do quarto dia, do sexto mês, do segundo ano do rei Dario (Ag. 1.1).
Nós veremos no capítulo seguinte a este, em Esdras 6.15 que a obra foi concluída no terceiro dia do décimo segundo mês (Adar), no sexto ano do reinado de Dario, portanto, quatro anos após terem sido reiniciadas.
O motivo afirmado pelo Senhor como sendo a causa deles terem ficado paralisados naqueles dezesseis anos, não foi tanto o decreto imperial de Artaxerxes determinando a paralisação, mas o fato de não terem priorizado o reino de Deus e sua justiça.
E, nem mesmo com as manifestações do desagrado divino através das visitações na forma de produção de condições desfavoráveis que são descritas em Ag 1.6-11, por causa da sua indolência espiritual.
Mesmo debaixo de toda a forma de oposição que estavam sofrendo por parte dos samaritanos e que culminou com o decreto de Artaxerxes determinando a paralisação das obras.
Os judeus estavam se ocupando apenas de cuidar de suas vidas pessoais e de suas casas, ainda que estas necessitassem de ser construídas, porque haviam vindo de Babilônia, não somente para reconstruírem o templo como também suas casas.
Mas, como haviam mudado a ordem correta das prioridades, estavam fazendo pouco progresso em seus projetos, pois estavam cuidando primeiro das suas próprias necessidades, sem levarem em conta que importa em primeiro lugar cuidar dos interesses de Deus.
Este era o problema com os judeus nos dias de Zorobabel: Uma pequena fé que não lhes estava permitindo fazer a vontade de Deus em meio às oposições e a colocarem o Seu reino em primeiro lugar em suas vidas.
Uma grande fé nos levará a viver mais para Deus do que para nós mesmos; a amarmos a Sua vontade acima da nossa própria vontade, a nos regozijarmos nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, por amor a Cristo (II Cor 12.10).
É fé que descansa no Senhor e faz a Sua vontade e não a própria, em toda e qualquer circunstância.
Tal é a intervenção de Deus, especialmente na vida do Seu povo, que nós vemos isto ilustrado no caso dos judeus dos dias de Zorobabel, que naqueles 16 anos de paralisação das obras de reconstrução do templo, não permitiu que prosperassem em seus projetos pessoais, como uma forma de alertá-los que algo não ia bem na relação deles com Ele, porque não haviam lhe obedecido quanto a que não deviam parar de construir o templo, a par de toda a oposição que estavam sofrendo.
Então, em vez do atendimento das necessidades materiais, no nível das suas expectativas, Deus fez exatamente o oposto do que esperavam, para que os seus olhos fossem abertos para o fato de que não deveriam viver com as mesmas expectativas que os gentios tinham em relação aos seus deuses, como se fossem meros instrumentos de realização dos seus desejos pessoais.
Deus quer ser conhecido, amado e servido. Não é propriamente a nossa vontade que devemos ver cumprida na nossa aproximação dEle, senão a Sua vontade.
Nossa visão fundamental da vida neste mundo irá determinar nossa forma de viver, e controlar toda a nossa conduta.
“Porque assim como é o homem em seu pensamento, em seu coração, tal ele é”.
Sempre se pode dizer qual é a filosofia de um homem pela maneira pela qual ele vive, e pela maneira pela qual ele reage diante das coisas que sucedem ao seu redor.
Por isso, os tempos de crise peneiram as pessoas.
Sempre revelamos exatamente nossa posição com o que dizemos, por isso Jesus disse que seremos julgados de acordo com as nossas palavras (Mt 12.36).
Fala-se em viver intensamente cada momento.
É o que estamos vendo ao nosso redor, e esta é a forma pela qual a maioria das pessoas parece viver hoje em dia.
Estas pessoas não dão muita atenção às consequências e não se preocupam com o seu destino eterno.
Jesus se referiu a isto com esta expressão: “os gentios buscam todas estas coisas”.
Esta palavra “buscar” é uma palavra muito forte, porque indica que isto é buscado com intenso desejo e constantemente. Isto é, a vida consiste nestas coisas que eles buscam.
E se estas coisas sucedem com um cristão, nas palavras de Jesus ele não está sendo melhor aos olhos de Deus do que um pagão. Porque estará vivendo como um pagão e não como um verdadeiro israelita, cuja vida e procedimento estão definidos na Bíblia.
Se como cristãos deixamos que estas coisas ocupem o primeiro lugar na nossa vida, e se monopolizam nossa vida e nosso pensamento, então somos como os pagãos, somos mundanos e com mentes mundanas.
É possível ser um cristão com ideias corretas acerca da salvação e ao mesmo tempo ter uma mente mundana, com uma filosofia pagã, que poderá ser revelada na sua conversação diária, preocupando-se sempre com comida e bebida, e sempre buscando riqueza, posição e possessões temporais.
Estas coisas os dominam. São elas que os tornam felizes ou infelizes. São elas que lhes dão prazer ou desgosto, e sempre estão pensando nelas e falando sobre elas.
Um cristão, conforme Jesus ensina, não deveria estar dominado por estas coisas.
Qualquer que seja a posição que assuma diante delas, não deve ser controlado por elas, e elas não deveriam na realidade fazê-lo feliz ou infeliz, porque esta é a situação típica do pagão.
A alegria do cristão deve estar centrada na sua vida devotada a Deus, e no uso que Deus faz dele no Seu serviço.
Especialmente vendo vidas sendo salvas e edificadas pelo evangelho.
Nós vimos que quando os judeus chegaram na Palestina vindos de Babilônia, logo se apressaram em construir o altar dos holocaustos, para apresentarem continuamente nele sacrifícios a Deus, e a motivação principal que os conduziu a isto é declarada no contexto imediato ao que cita a edificação do altar: eles estavam procurando a proteção de Deus em razão de temerem os seus inimigos.
Enquanto a obra de reconstrução do templo permaneceu paralisada, eles continuaram no entanto oferecendo holocaustos no altar que haviam edificado, e ao que tudo indica, parecia aos seus olhos que aquilo era suficiente para garantirem a provisão divina especialmente a relativa à segurança do seu futuro.
O temor daqueles judeus quanto ao seu futuro havia lhes paralisado, o que estava bem tipificado na paralisação da reconstrução do templo.
De igual modo, quando um cristão se permite dominar por este sentimento de temor do seu futuro, que o leva a se inquietar cada vez mais em fazer provisões relativas às coisas do mundo para a sua segurança, o resultado imediato disto é que ele paralisa o seu crescimento espiritual e a sua fé fica enfraquecida em vez de aumentar.
O problema dos judeus não era portanto o de simplesmente construírem o templo, mas de terem a sua confiança restaurada em Deus, a ponto de obedecê-lo, mesmo em meio às oposições que estavam sofrendo, e em face das condições de escassez material que o próprio Deus estava lhes impondo, em face da sua desobediência.
Seria neste contexto que teriam que se levantar, e restaurando a sua confiança e fé no Senhor, lançarem mãos à obra, tendo o cuidado de antes, santificarem suas vidas, conforme Deus lhes exigiu através dos profetas Ageu e Zacarias.
Então precisavam ser tratados na sua preocupação em relação ao futuro, que é o que se chama de ansiedade.
Deus tem um cuidado especial com os cristãos, especialmente pelo zelo pela nova natureza que Ele implantou neles na regeneração, que é completamente santa, assim como Ele é santo, e não permitirá por motivo da Sua própria honra e glória, que a nova natureza seja suplantada pela natureza terrena, decaída no pecado, que ainda permanece em seus filhos, enquanto estiverem neste mundo.
Esses que são novas criaturas em Cristo Jesus podem estar certos do permanente cuidado de Deus em relação a eles, de modo que não vivam a temer o que o futuro possa lhes reservar.
Eles estarão dando grande honra ao seu Pai, confiando inteiramente nas promessas que tem feito a respeito deles, quanto a que jamais lhes deixará ou desamparará.



“1 Ora, os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam em Judá e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram.
2 Então se levantaram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque, e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém; e com eles estavam os profetas de Deus, que os ajudavam.
3 Naquele tempo vieram ter com eles Tatenai, o governador da província a oeste do Rio, e Setar-Bozenai, e os seus companheiros, e assim lhes perguntaram: Quem vos deu ordem para edificar esta casa, e completar este muro?
4 Ainda lhes perguntaram: Quais são os nomes dos homens que constroem este edifício?
5 Os olhos do seu Deus, porém, estavam sobre os anciãos dos judeus, de modo que eles não os impediram, até que o negócio se comunicasse a Dario, e então chegasse resposta por carta sobre isso.
6 A cópia da carta que Tatenai, o governador da província a oeste do Rio, e Setar-Bozenai, e os seus companheiros, os governadores, que estavam deste lado do Rio, enviaram ao rei Dario;
7 enviaram-lhe um relatório, no qual estava escrito: Ao rei Dario toda a paz.
8 Saiba o rei que nós fomos à província de Judá, à casa do grande Deus, a qual se edifica com grandes pedras, e já a madeira está sendo posta nas paredes, e esta obra vai-se fazendo com diligência, e se adianta em suas mãos.
9 Então perguntamos àqueles anciãos, falando-lhes assim: Quem vos deu ordem para edificar esta casa, e completar este muro?
10 Além disso lhes perguntamos pelos seus nomes, para tos declararmos, isto é, para te escrevermos os nomes dos homens que entre eles são os chefes.
11 E esta é a resposta que nos deram: Nós somos servos do Deus do céu e da terra, e reedificamos a casa que há muitos anos foi edificada, a qual um grande rei de Israel edificou e acabou.
12 Mas depois que nossos pais provocaram à ira o Deus do céu, ele os entregou na mão de Nabucodonosor, o caldeu, rei de Babilônia, o qual destruiu esta casa, e transportou o povo para Babilônia.
13 Porém, no primeiro ano de Ciro, rei de Babilônia, o rei Ciro baixou decreto para que esta casa de Deus fosse reedificada.
14 E até os utensílios de ouro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor tinha tomado do templo que estava em Jerusalém e levado para o templo de Babilônia, o rei Ciro os tirou do templo de Babilônia, e eles foram entregues a um homem cujo nome era Sesbazar, a quem ele tinha constituído governador;
15 e disse-lhe: Toma estes utensílios, vai, e leva-os para o templo que está em Jerusalém, e reedifique-se a casa de Deus no seu lugar.
16 Então veio o dito Sesbazar, e lançou os fundamentos da casa de Deus, que está em Jerusalém; de então para cá ela vem sendo edificada, não estando ainda concluída.


17 Agora, pois, se parece bem ao rei, busque-se nos arquivos reais, ali em Babilônia, para ver se é verdade haver um decreto do rei Ciro para se reedificar esta casa de Deus em Jerusalém, e sobre isto nos faça o rei saber a sua vontade.” (Ed 5.1-17).


Esdras 6

Nenhuma Força Consegue Deter o Poder de Deus

Nós vemos no sexto capítulo de Esdras, que os governadores das províncias dominadas pela Pérsia, vizinhos de Judá, e que enviaram cartas ao rei Dario pedindo que se investigasse nos arquivos reais se havia de fato um decreto de Ciro ordenando que um templo fosse construído em Jerusalém para o culto ao Deus dos judeus, com o intuito de que as obras fossem de novo paralisadas, porque pensavam que os judeus estavam mentindo, acabou por contribuir para fazer com que a verdade triunfasse e que pudessem dar prosseguimento à obra, inclusive contando com os recursos provenientes dos tributos pagos à Pérsia por aquelas mesmas nações que lhes estavam perseguindo.
Deus sempre honrará o testemunho vigoroso em prol da defesa da verdade.
Aqueles que estão encarregados da pregação do evangelho devem se esforçar para serem achados fiéis na transmissão exata da sã doutrina, tal como se encontra revelada na Bíblia, porque isto fará com que haja a aprovação de Deus do trabalho que realizam a Seu serviço.
Deus permite as oposições e que o erro doutrinário provindos do inferno ataquem a verdade, para que possa receber glória e honra no testemunho corajoso dos Seus filhos, na defesa da verdade bíblica.
Nós não podemos deixar de observar na parte final deste capítulo (v. 18 a 22), que é mencionado o cuidado que os judeus tiveram de fazer tudo conforme o que estava prescrito na Lei de Moisés, e que na dedicação do templo, que haviam acabado de construir e na celebração da Páscoa, os sacerdotes e levitas se tinham purificado como se fossem um só homem, e todos estavam limpos cerimonialmente, conforme exigido pela Lei de Deus, para poderem oficiar o culto sagrado no templo.
Ora, isto fala da necessidade de se cumprir integralmente a Palavra do Senhor, para uma verdadeira santificação e consagração a Ele.
Nós vemos assim que um dos grandes objetivos do diabo é o de adulterar a Palavra do Senhor, com o fim expresso de impedir uma verdadeira santificação do povo de Deus, porque toda santificação é operada pelo Espírito Santo, mediante a instrumentalidade da Palavra de Deus (João 17.17).
É também digno de destaque o fato que é mencionado no verso 21, que aqueles que celebraram a Páscoa com os judeus eram os que haviam se apartado da imundícia das nações da terra, para buscarem o Senhor Deus de Israel.
Deste modo, está revelado claramente, que Deus deve ser adorado nos termos estritos que Ele próprio estabeleceu na Sua Palavra.
O único e verdadeiro Deus é o que Se revelou na Bíblia, e que portanto, somente pode ser adorado e servido conforme o que tem prescrito na mesma Bíblia.



“1 Então o rei Dario o decretou, e foi feita uma busca nos arquivos onde se guardavam os tesouros em Babilônia.
2 E em Ecbatana, a capital, que está na província da Média, se achou um rolo, e nele estava escrito um memorial, que dizia assim:
3 No primeiro ano do rei Ciro, o rei Ciro baixou um decreto com respeito à casa de Deus em Jerusalém: Seja edificada a casa, o lugar em que se oferecem sacrifícios, e sejam os seus fundamentos bem firmes; a sua altura será de sessenta côvados, e a sua largura de sessenta côvados,
4 com três carreiras de grandes pedras, e uma carreira de madeira nova; e a despesa se fará do tesouro do rei.
5 Além disso sejam restituídos os utensílios de ouro e de prata da casa de Deus, que Nabucodonosor tirou do templo em Jerusalém e levou para Babilônia, e que se tornem a levar para o templo em Jerusalém, cada um para o seu lugar, e tu os porás na casa de Deus.
6 Agora, pois, Tatenai, governador de além do Rio, Setar-Bozenai, e os vossos companheiros, os governadores, que estais além do Rio, retirai-vos desse lugar;
7 deixai de impedir a obra desta casa de Deus; edifiquem o governador dos judeus e os seus anciãos esta casa de Deus no seu lugar.
8 Além disso, por mim se decreta o que haveis de fazer para com esses anciãos dos judeus, para a edificação desta casa de Deus, a saber, que da fazenda do rei, dos tributos da província dalém do Rio, se pague prontamente a estes homens toda a despesa.
9 Igualmente o que for necessário, como novilhos, carneiros e cordeiros, para holocaustos ao Deus do céu; também trigo, sal, vinho e azeite, segundo a palavra dos sacerdotes que estão em Jerusalém, dê-se-lhes isso de dia em dia sem falta;
10 para que ofereçam sacrifícios de cheiro suave ao Deus do céu, e orem pela vida do rei e de seus filhos.
11 Também por mim se decreta que a todo homem que alterar este decreto, se arranque uma viga da sua casa e que ele seja pregado nela; e da sua casa se faça por isso um monturo.
12 O Deus, pois, que fez habitar ali o seu nome derribe todos os reis e povos que estenderem a mão para alterar o decreto e para destruir esta casa de Deus, que está em Jerusalém. Eu, Dario, baixei o decreto. Que com diligência se execute.
13 Então Tatenai, o governador a oeste do Rio, Setar-Bozenai, e os seus companheiros executaram com toda a diligência o que mandara o rei Dario.
14 Assim os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando pela profecia de Ageu o profeta e de Zacarias, filho de Ido. Edificaram e acabaram a casa de acordo com o mandado do Deus de Israel, e de acordo com o decreto de Ciro, e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia.
15 E acabou-se esta casa no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano do reinado do rei Dario.
16 E os filhos de Israel, os sacerdotes e os levitas, e o resto dos filhos do cativeiro fizeram a dedicação desta casa de Deus com alegria.
17 Ofereceram para a dedicação desta casa de Deus cem novilhos, duzentos carneiros e quatrocentos cordeiros; e como oferta pelo pecado por todo o Israel, doze bodes, segundo o número das tribos de Israel.
18 E puseram os sacerdotes nas suas divisões e os levitas nas suas turmas, para o serviço de Deus em Jerusalém, conforme o que está escrito no livro de Moisés.
19 E os que vieram do cativeiro celebraram a páscoa no dia catorze do primeiro mês.
20 Pois os sacerdotes e levitas se tinham purificado como se fossem um só homem; todos estavam limpos. E imolaram o cordeiro da páscoa para todos os filhos do cativeiro, e para seus irmãos, os sacerdotes, e para si mesmos.
21 Assim comeram a páscoa os filhos de Israel que tinham voltado do cativeiro, com todos os que, unindo-se a eles, se apartaram da imundícia das nações da terra para buscarem o Senhor, Deus de Israel;
22 e celebraram a festa dos pães ázimos por sete dias com alegria; porque o Senhor os tinha alegrado, tendo mudado o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da casa de Deus, o Deus de Israel.” (Ed 6.1-22).


Esdras 7

A Essencialidade do Ensino da Palavra de Deus

Entre a narrativa deste capítulo sétimo de Esdras, que estaremos comentando, e do anterior, nós temos um período de cerca de 58 anos, correspondente à data aproximada em que Esdras veio de Babilônia para Jerusalém (458 a.C.), e a da conclusão da construção do templo nos dias de Zorobabel (516 a.C.).
Judá se encontrava debaixo de uma nova liderança, e nós vemos a providência de Deus atuando para que o Seu povo fosse preservado do erro, e que continuasse no caminho da prática da Sua Palavra, porque de Esdras se dá o seguinte testemunho: “Esdras, o sacerdote, o escriba instruído nas palavras dos mandamentos do Senhor e dos seus estatutos para Israel:” (v. 11).
Esdras era sacerdote, da linhagem de Eleazar, filho de Arão, conforme se vê nos primeiros cinco versículos deste sétimo capítulo.
Ele não detinha apenas a condição de dirigir o povo de Judá nas coisas relativas à Lei de Deus, por ser sacerdote, como também era efetivamente aplicado e instruído na Palavra do Senhor.
Certamente, o próprio Deus o vocacionara e dispusera o seu coração para isto, de maneira que havia nele o zelo pelo Senhor e pela verdade, e todos aqueles que conhecem isto sabem muito bem que é impossível deixar de se viver e morrer em defesa da Palavra de Deus, conforme a impulsão que é recebida diretamente dEle para tal propósito.
Este é o segredo por detrás da grandeza de todos aqueles que serviram efetivamente ao Senhor, na defesa do depósito da fé.
Assim, nós lemos no verso 10:
“Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças.”.
Isto comprova que era o Senhor que estava operando em Esdras o querer e o efetuar.
Ela havia sido preparado como bom guerreiro de Deus, e agora entraria definitivamente no bom combate da fé, lutando contra o erro e contra tudo o que se opõe ao conhecimento verdadeiro de Deus, quando se dispôs a se dirigir de Babilônia para Judá, para ensinar ao povo do Senhor a guardar a Sua Palavra.
Ele não iria para lá com o propósito de lhes ensinar como deveriam viver debaixo da obediência aos mandamentos do Senhor.
E isto não foi mudado por Jesus em relação à Igreja. Nós vemos o quão somos insistentemente ordenados por Ele e pelos apóstolos a não sermos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes.
Para isto é preciso ter grande apreço e amor pela Palavra, um grande desejo de honrá-la, para que Deus possa ser honrado e santificado através da Sua aplicação em nossas vidas.
Todavia, como guardaremos aquilo que não conhecemos?
Daí a necessidade de estudarmos a Palavra e de nos submetermos humildemente a aprendê-la daqueles que viveram e morreram dando um firme testemunho de terem-na vivido, pregado e ensinado a outros, bem como daqueles que o Senhor tem levantado em nosso meio, tal como Esdras, para nos instruírem no conhecimento da verdade revelada.
De Esdras pode-se dizer o mesmo que Jesus disse dos ministros que são instruídos e fiéis às coisas relativas ao reino dos céus: “E ele disse-lhes: Por isso, todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” (Mt 13.52).
Eles possuem um tesouro que o Senhor lhes confiou, que é a Sua Palavra, e é dali que tiram o alimento espiritual com o qual alimentam a família de Deus, quer no que tange às coisas antigas que conheciam, quer no que tange aos novos e frescos conhecimentos da verdade revelada, conforme são capacitados a entender, por iluminação do Espírito.
Isto não se refere a uma nova verdade, mas a um recente conhecimento das verdades contidas no tesouro doutrinário da Bíblia, que vão aprendendo mais e mais, conforme lhes capacita o Espírito, no seu aprofundamento em seu estudo e meditação da Palavra e dos comentários, estudos, sermões e artigos bíblicos que foram escritos por homens fiéis à verdade e também idôneos para ensiná-la a outros.
É de tal importância manter o ensino correto da Palavra, especialmente no que tange à sua exposição e interpretação, porque sendo isto feito de modo incorreto, haverá grande prejuízo para a santificação dos cristãos, porque sendo esta Palavra espírito e vida, quando compartilhada no culto ou nas conversações dos cristãos, ou ainda na meditação deles, quer diretamente na Bíblia, quer em sermões escritos ou comentários em que a verdade é apresentada com a sua própria roupagem, então esta Palavra se transforma em graça nos corações dos cristãos e lhes santifica, e eles são cheios do Espírito Santo, conforme o apóstolo Paulo fala a este respeito, e como o próprio Deus nos ordena a fazer, para que possamos estar efetivamente ligados com as coisas espirituais, celestiais e divinas, tendo-as não somente ocupando os nossos pensamentos, como também na transformação das nossas vidas.
Não podemos esquecer que a rainha Ester está situada na cronologia com apenas 20 anos antes de Esdras, porque a sua intervenção em favor do livramento dos judeus do extermínio pretendido por Hamã, é datada em 478 a.C., e Esdras veio para Judá em 458 a. C.
Deste modo, o bom testemunho e a atuação de Ester junto ao rei da Pérsia, com o qual se casara, pode ter sido um dos fatores contribuintes para que nós vejamos Artaxerxes, usando de toda a benevolência para com os judeus não somente lhes enviando Esdras, como também dando a liberdade de que todos os sacerdotes e levitas que desejassem acompanhá-lo a Jerusalém, pudessem ir com ele (v. 13),  e lhe dando prata e ouro do próprio tesouro real persa (v. 15), assim como o ouro e prata que foram levantados como ofertas voluntárias em toda a província de Babilônia (v. 16).
Com este dinheiro, Esdras deveria comprar animais e cereais para serem ofertados no altar dos holocaustos do templo de Jerusalém (v. 17).
E o que sobrasse do dinheiro ficaria à disposição do uso de Esdras e dos sacerdotes, para o que fosse necessário comprar conforme a vontade de Deus (v. 18).
Além disso foram dados pelo rei vasos para o serviço do templo, e o que mais fosse necessário para o referido serviço, e Esdras o compraria com o dinheiro dos tesouros da casa do rei da Pérsia (v. 20).
Foi ordenado também a todos os tesoureiros da província da Palestina que deveriam dar prontamente a Esdras, tudo o que lhes fosse exigido até o limite de cem talentos de prata, cem coros de trigo, cem batos de vinho, cem batos de azeite, e sal à vontade (v. 21, 22). E tudo o que fosse ordenado pelo Deus do céu, deveria ser feito com a precisão exigida, de maneira que a ira do Senhor não fosse despertada contra a Pérsia (v. 23).
E como se tudo isto ainda não bastasse, o rei persa ordenou que os sacerdotes, levitas, cantores, porteiros e todos os servidores do templo, não deveriam pagar nem tributo, nem imposto, nem pedágio (v. 24).
E autorizou Esdras a nomear e designar os juízes e magistrados para todos os judeus naquele lado do rio (v. 25, 26).  
Esdras reconheceu que toda esta benevolência de Artaxerxes havia sido colocada no seu coração pelo próprio Deus (v. 27).
Por esta benevolência, Esdras bendisse ao Senhor (v. 27) e afirmou que tendo sido encorajado pela mão de Deus, a qual estava sobre ele, ajuntou alguns dos principais líderes de Israel para que subissem com ele a Judá (v. 28).
Além desta autoridade que Ele havia recebido do Senhor, que na verdade era quem lhe estava comissionando para aquela tarefa, Esdras recebeu poder e autoridade do rei da Pérsia, de modo que todo aquele que não observasse a lei de Deus e a lei do rei, deveria ser justiçado com todo o zelo pelos magistrados no sentido de receber ou a pena de morte, ou desterro, ou confiscação de bens, ou prisão (v.26).
Israel estava então tendo, desde o cativeiro, a oportunidade de aprender a estar em submissão à autoridade civil, alheia à autoridade que havia na sua própria nação.
É plano de Deus, enquanto somos peregrinos neste mundo, aprendermos a ser obedientes e submissos a toda forma de autoridade que Ele tem constituído, de maneira que possamos ter a oportunidade de aprender o exercício da submissão, tão necessária aos filhos decaídos de Adão, que se desviaram do centro da vontade de Deus por causa da rebelião.
É absolutamente essencial aprender na prática a estar sujeito à autoridade, porque quando estivermos livres de todo jugo terreno, continuaremos sujeitos à autoridade de Deus, e jamais nos desviaremos da obediência que Lhe é devida.



“1 Ora, depois destas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias,
2 filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube,
3 filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote,
4 filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui,
5 filho de Abisua, filho de Fineias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote,
6 este Esdras subiu de Babilônia. E ele era escriba hábil na lei de Moisés, que o Senhor Deus de Israel tinha dado; e segundo a mão de Senhor seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe deu tudo quanto lhe pedira.
7 Também subiram a Jerusalém alguns dos filhos de Israel, dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores, dos porteiros e dos servidores do templo, no sétimo ano do rei Artaxerxes.
8 No quinto mês Esdras chegou a Jerusalém, no sétimo ano deste rei.
9 Pois no primeiro dia do primeiro mês ele partiu de Babilônia e no primeiro dia do quinto mês chegou a Jerusalém, graças à mão benéfica do seu Deus sobre ele.
10 Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar e cumprir a lei do Senhor, e para ensinar em Israel os seus estatutos e as suas ordenanças.
11 Esta é, pois, a cópia da carta que o rei Artaxerxes deu a Esdras, o sacerdote, o escriba instruído nas palavras dos mandamentos do Senhor e dos seus estatutos para Israel:
12 Artaxerxes, rei dos reis, ao sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu: Saudações.
13 Por mim se decreta que no meu reino todo aquele do povo de Israel, e dos seus sacerdotes e levitas, que quiser ir a Jerusalém, vá contigo.
14 Porquanto és enviado da parte do rei e dos seus sete conselheiros para indagares a respeito de Judá e de Jerusalém, conforme a lei do teu Deus, a qual está na tua mão;
15 e para levares a prata e o ouro que o rei e os seus conselheiros voluntariamente deram ao Deus de Israel cuja habitação está em Jerusalém,
16 com toda a prata e o ouro que achares em toda a província de Babilônia, e com as ofertas voluntárias do povo e dos sacerdotes, que voluntariamente as oferecerem para a casa do seu Deus, que está em Jerusalém;
17 portanto com toda a diligência comprarás com este dinheiro novilhos, carneiros, e cordeiros, com as suas ofertas de cereais e as suas ofertas de libações, e os oferecerás sobre o altar da casa do vosso Deus, que está em Jerusalém.
18 Também o que a ti e a teus irmãos parecer bem fazerdes do resto da prata e do ouro, o fareis conforme a vontade do vosso Deus.
19 Os vasos que te foram dados para o serviço da casa do teu Deus, entrega-os todos perante ele, o Deus de Jerusalém.
20 E tudo o mais que for necessário para a casa do teu Deus, e que te convenha dar, o darás da casa dos tesouros do rei.
21 E eu, o rei Artaxerxes, decreto a todos os tesoureiros que estão na província dalém do Rio, que tudo quanto vos exigir o sacerdote Esdras, escriba da lei do Deus do céu, prontamente se lhe conceda,
22 até cem talentos de prata cem coros de trigo, cem batos de vinho, cem batos de azeite, e sal à vontade.
23 Tudo quanto for ordenado pelo Deus do céu, isso precisamente se faça para a casa do Deus do céu; pois, por que haveria ira sobre o reino do rei e de seus filhos?
24 Também vos notificamos acerca de todos os sacerdotes e levitas, cantores, porteiros, servidores do templo, e outros servos desta casa de Deus, que não será lícito exigir-lhes nem tributo, nem imposto, nem pedágio.
25 E tu, Esdras, conforme a sabedoria do teu Deus, que possuis, constitui magistrados e juízes, que julguem todo o povo que está na província dalém do Rio, isto é, todos os que conhecem as leis do teu Deus; e ensina-as ao que não as conhece.
26 E todo aquele que não observar a lei do teu Deus e a lei do rei, com zelo se lhe execute a justiça: quer seja morte, quer desterro, quer confiscação de bens, quer prisão.
27 Bendito seja o Senhor Deus de nossos pais, que pôs no coração do rei este desejo de ornar a casa do Senhor, que está em Jerusalém;
28 e que estendeu sobre mim a sua benevolência perante o rei e os seus conselheiros e perante todos os príncipes poderosos do rei. Assim encorajado pela mão do Senhor, meu Deus, que estava sobre mim, ajuntei dentre Israel alguns dos homens principais para subirem comigo.” (Ed 7.1-28).


Esdras 8

A Viagem de Esdras de Babilônia para Jerusalém

O oitavo capítulo de Esdras nos oferece mais detalhes sobre a sua viagem de Babilônia para Judá.
Nós podemos ver que foi uma grande comitiva que subiu juntamente com ele, pessoas que havia escolhido, e que certamente eram devotadas ao Senhor e à Sua Palavra.
Para aquela ocasião mesma haviam sido mantidos pela Providência em Babilônia, para que não se contaminassem com as práticas que haviam sido adotadas pela geração que se levantou depois de Zorobabel, depois de passados aqueles 58 anos, desde a conclusão da edificação do templo, até a data da subida de Esdras com toda esta grande comitiva para Jerusalém.
Nós veremos nos capítulos seguintes a este que as coisas não estavam andando da maneira adequada em Jerusalém, principalmente pelo mau testemunho dado inclusive pelos filhos do próprio sumo sacerdote Josué, e de outros líderes de Judá, que haviam contraído matrimônio com mulheres de Canaã, e que certamente estavam instruindo seus filhos em caminhos diferentes do caminho do Senhor.
São nomeados os cabeças de várias famílias de Israel, que subiram com Esdras, contando o número de pessoas do sexo masculino o total de 1.496 pessoas, tendo inclusive subido sacerdotes entre eles.
Quando este grande agrupamento foi reunido por Esdras junto ao rio Ava, não achou levitas entre eles (v.15), e assim enviou uma embaixada de chefes e mestres (v. 16) a Ido, que era chefe da sinagoga, que havia em Babilônia, numa localidade chamada Casília (v. 17), para lá recrutarem junto a ele homens que fossem entendidos na Lei do Senhor, para se juntarem a ele com o intuito de serem ministros do Senhor no templo de Jerusalém (v. 18-20).
Uma vez completado o número daqueles que deveriam subir a Jerusalém, Esdras proclamou um jejum junto ao rio Ava para que se humilhassem diante do Senhor Lhe pedindo que lhes desse uma viagem segura (v. 21), e afirma que não havia pedido nenhuma escolta ao rei da Pérsia porque isto poderia parecer a ele uma contradição quanto à fé e confiança que ele, Esdras, havia demonstrado quando estivera na sua presença e lhe assegurou que aqueles que buscam ao Senhor estão seguros debaixo da Sua potente mão, mas que aqueles que o abandonam estão continuamente expostos a perigos e têm contra si a ira e o poder do próprio Deus (v. 22).  
Esdras não teria deixado de confiar no Senhor caso o rei, por sua própria iniciativa destacasse uma escolta para protegê-los na viagem. Por isso eles jejuaram e oraram pedindo que o Senhor fosse a sua escolta, e Ele atendeu às suas orações (v. 23).
Toda aquela gente estaria expondo suas vidas ao perigo e confiaram suas almas ao fiel Criador, se entregaram nas mãos de Deus, humilhando-se diante dEle com o jejum que proclamaram, para que através dele declarassem a completa insuficiência deles para protegerem a si mesmos, e para empreenderem aquela jornada em segurança.
Em nossas crises e dificuldades, bem faríamos em seguir o seu exemplo, que é a mesma norma bíblica para o Novo Testamento.
Esdras tomou providências especiais quanto à guarda dos tesouros do templo, que estaria levando para Judá, comissionando homens cujo serviço exclusivo seria apenas o de guardar o tesouro, e as ofertas para a casa do Senhor.
E fez isto os colocando debaixo do cuidado de doze sacerdotes principais, e de muitos levitas (v. 24, 30).
O motivo de ter colocado aquelas coisas santas segundo a Lei nas suas mãos é declarado no verso 28: eles (os sacerdotes e levitas) também eram santos ao Senhor, e haviam sido separados por Ele exatamente para tal propósito.
Quando chegassem a Jerusalém, o tesouro e as ofertas destinados ao templo seriam passados aos principais sacerdotes e levitas de Jerusalém, na presença dos quais tudo seria repesado diante deles, para constatarem que havia sido passado às suas mãos, tudo o que havia sido devidamente registrado e pesado por Esdras e os sacerdotes que havia designado para tal propósito quando ainda se encontravam em Babilônia.
Depois de quatro meses de viagem, chegaram a Jerusalém (v. 32), e Deus lhes havia livrado da mão dos seus inimigos e dos que lhes armavam ciladas pelo caminho (v. 31).
E até mesmo os povos vizinhos de Israel enviaram ajuda para o serviço do templo em obediência ao decreto que o rei da Pérsia havia dado a Esdras, para que lhes fosse entregue, que continha tal determinação (v. 36).
   


“1 Estes, pois, são os chefes de suas casas paternas, e esta é a genealogia dos que subiram comigo de Babilônia no reinado do rei Artaxerxes:
2 Dos filhos de Fineias, Gérson; dos filhos de Itamar, Daniel; dos filhos de Davi, Hatus;
3 dos filhos de Secanias, dos filhos de Parós, Zacarias; e com ele, segundo as genealogias dos varões, se contaram cento e cinquenta;
4 dos filhos de Paate-Moabe, Elioenai, filho de Zeraías, e com ele duzentos homens;
5 dos filhos de Zatu, Secanias, o filho de Jaaziel, e com ele trezentos homens;
6 dos filhos de Adim, Ebede, filho de Jônatas, e com ele cinquenta homens;
7 dos filhos de Elão, Jesaías, filho de Atalias, e com ele setenta homens;
8 dos filhos de Sefatias, Zebadias, filho de Micael, e com ele oitenta homens; e
9 dos filhos de Joabe, Obadias, filho de Jeiel, e com ele duzentos e dezoito homens;
10 dos filhos de Bani, Selomite, o filho de Josifias, e com ele cento e sessenta homens;
11 dos filhos de Bebai, Zacarias, o filho de Bebai, e com ele vinte e oito homens;
12 dos filhos de Azgade, Joanã, o filho de Hacatã, e com ele cento e dez homens;
13 dos filhos de Adonicão, que eram os últimos, eis os seus nomes: Elifelete, Jeuel e Semaías, e com eles sessenta homens;
14 e dos filhos de Bigvai, Utai e Zabude, e com eles setenta homens.
15 Ajuntei-os à margem do rio que corre para Ava; e ficamos ali acampados três dias. Então passei em revista o povo e os sacerdotes, e não achei ali nenhum dos filhos de Levi.
16 Mandei, pois, chamar Eliézer, Ariel, Semaías, Elnatã, Jaribe, Elnatã, Natã, Zacarias e Mesulão, os chefes, como também, Joiaribe e Elnatã, que eram mestres.
17 E os enviei a Ido, chefe em Casífia, e lhes pus na boca palavras para dizerem a Ido e aos seus irmãos, os servidores do templo, em Casífia, que nos trouxessem ministros para a casa do nosso Deus.
18 E, pela boa mão de nosso Deus sobre nós, trouxeram-nos um homem entendido, dos filhos de Mali, filho de Levi, filho de Israel; e Serebias, com os seus filhos e irmãos, dezoito;
19 e Hasabias, e com ele Jesaías, dos filhos de Merári, com seus irmãos e os filhos deles, vinte;
20 e dos servidores do templo, que Davi e os príncipes tinham dado para o serviço dos levitas, duzentos e vinte, todos eles mencionados por nome.
21 Então proclamei um jejum ali junto ao rio Ava, para nos humilharmos diante do nosso Deus, a fim de lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos pequeninos, e para toda a nossa fazenda.
22 Pois tive vergonha de pedir ao rei uma escolta de soldados, e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho, porquanto havíamos dito ao rei: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira estão contra todos os que o deixam.
23 Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus; e ele atendeu às nossas orações.
24 Então separei doze dos principais dentre os sacerdotes: Serebias e Hasabias, e com eles dez dos seus irmãos;
25 e pesei-lhes a prata, o ouro e os vasos, a oferta para a casa do nosso Deus, que o rei, os seus conselheiros, os seus príncipes e todo o Israel que estava ali haviam oferecido;
26 entreguei-lhes nas mãos seiscentos e cinquenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos; e cem talentos de ouro;
27 e vinte taças de ouro no valor de mil dáricos, e dois vasos de bronze claro e brilhante, tão precioso como o ouro.
28 E disse-lhes: Vós sois santos ao Senhor, e santos são estes vasos; como também esta prata e este ouro são ofertas voluntárias, oferecidas ao Senhor, Deus de vossos pais.
29 Vigiai, pois, e guardai-os até que os peseis na presença dos principais dos sacerdotes e dos levitas, e dos príncipes das casas paternas de Israel, em Jerusalém, nas câmaras da casa do Senhor.
30 Então os sacerdotes e os levitas receberam o peso da prata, e do ouro, e dos vasos, a fim de os trazerem para Jerusalém, para a casa do nosso Deus.
31 Então partimos do rio Ava, no dia doze do primeiro mês, a fim de irmos para Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e ele nos livrou da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo caminho.
32 Chegamos, pois, a Jerusalém, e repousamos ali três dias.
33 No quarto dia se pesou a prata, e o ouro, e os vasos, na casa do nosso Deus, para as mãos de Meremote filho do sacerdote Urias; e com ele estava Eleazar, filho de Fineias, e com eles os levitas Jozabade, filho de Josué, e Noadias, filho de Binuí.
34 Tudo foi entregue por número e peso; e o peso de tudo foi registrado na ocasião.
35 Os exilados que tinham voltado do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel: doze novilhos por todo o Israel, noventa e seis carneiros, setenta e sete cordeiros, e doze bodes em oferta pelo pecado; tudo em holocausto ao Senhor.


36 Então entregaram os editos do rei aos sátrapas do rei, e aos governadores a oeste do Rio; e estes ajudaram o povo e a casa de Deus.” (Ed 8.1-36)


Esdras 9

É Essencial Sentir Tristeza Pelo Pecado

O povo do Senhor deve ser muito cuidadoso quanto ao modo como anda na Sua santa presença, porque, conforme no dizer de Tiago “qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” (Tg 2.10).
E o apóstolo não está falando aqui de salvação, mas de santificação, de consagração.
Israel não estava adorando Baal no templo do Senhor, como haviam feito os seus antepassados.
Eles não estavam edificando altares para provocar o Senhor à ira. Mas, como vemos no capítulo de Esdras, estavam casando com mulheres das demais nações, transgredindo a Lei de Deus relativa ao matrimônio das pessoas do seu povo, que não devem se colocar em julgo desigual com os incrédulos.
Não basta sermos zelosos a várias exigências, que são feitas a nós pelo Senhor, em Seus mandamentos, mas a todas elas.
Jesus nos disse que o cristão que violasse o menor mandamento da Lei, e assim o ensinasse aos homens seria considerado mínimo no reino dos céus. Ele mostra que esta pessoa pode estar no reino, ser salva, mas desagradar inteiramente a Deus, por transgredir um só e pequeno mandamento da Lei, ainda que tenha apreço por todos os demais.
 “Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; (Mt 5.19a).
Quando nós entendemos espiritualmente qual é o verdadeiro apreço que Deus tem pela Sua Palavra, e pela Sua completa seriedade em exigir que guardemos todos os Seus mandamentos, é que podemos também entender porque Esdras reagiu da maneira que reagiu, quando soube através dos príncipes de Judá que até mesmo sacerdotes haviam se entregue à prática de casamentos mistos (v. 1,2), pois Esdras rasgou a sua túnica e o seu manto, e arrancou os cabelos da sua cabeça e barba, e ficou sentado atônito no templo (v. 3).
E a causa disto é declarada no verso 4, porque se juntaram à sua tristeza pelo pecado do povo de Judá todos aqueles “que tremiam das palavras do Deus de Israel”.
As ameaças da Antiga Aliança eram muito sérias para a transgressão dos mandamentos da Lei, especialmente daquele que alguns judeus estavam transgredindo.
Esdras e aqueles que se juntaram a ele, bem conheciam a Lei, e não somente a conheciam, como tinham um verdadeiro temor do Senhor, quanto ao modo como Ele vela sobre a Sua Palavra para a cumprir, seja para abençoar no caso de obediência, seja para castigar e corrigir, no caso de desobediência.
Daí se dizer que este tipo de temor de Deus é o princípio da sabedoria, porque através dEle evitaremos a todo custo fazer aquilo que Lhe seja desagradável.
E Esdras tendo se levantado com suas vestes rasgadas, por ocasião da apresentação  do cordeiro, que era oferecido como holocausto à tarde, ali junto ao altar do templo, colocou-se de joelhos e orou ao Senhor com as mãos estendidas (v. 5), com as palavras registradas nos versos 6 a 15, confessando o pecado do povo como fosse o seu próprio pecado, porque estava identificado com eles tanto na condição de ser da mesma família do Senhor, quanto de ministro designado para cuidar das suas almas.
Um bom ministro do evangelho, instruído na vontade do Senhor, não se justificará diante do pecado do povo que foi colocado pelo Espírito debaixo da sua autoridade, e nem os condenará, antes chorará por causa do seu pecado, confessará o pecado deles como se ele próprio tivesse pecado.
Vale lembrar que Esdras fizera isto sem ter tido tempo de conduzir aquele povo.
Eles não se encontravam antes debaixo da sua liderança, mas lamentou profundamente  quando soube do estado de coisas que estavam ocorrendo entre eles.
Esdras afirmou a justiça de Deus em ter deixado que Israel ficasse reduzido a um número de pessoas tão pequeno, por causa dos seus pecados, e por esta mesma causa seriam dignos até mesmo de serem exterminados como Sodoma e Gomorra, mas reconhecia que era pela exclusiva graça do Senhor que Ele estava mantendo um remanescente em Israel (v. 8), e ele reconhece no final da sua oração que eles estavam indesculpáveis diante do Senhor (v. 15), porque em face de tão grande misericórdia não Lhe foram fiéis, mas ao contrário, continuavam transgredindo os Seus mandamentos.
Deste modo, todo ministro fiel afirmará a justiça do Senhor em corrigir o Seu povo, enquanto pede humildemente a Ele que seja misericordioso para  com ele e para com o seu povo, porque sem Ele, nada podemos fazer, e de nós mesmos, por causa da fraqueza da nossa carne, somos dados a nos desviar da Sua presença.
 Mas estes mesmos ministros fiéis jamais justificarão o pecado, jamais serão condescendentes para com o pecado, e tal como Esdras não desconsiderarão o pecado do seu povo, usando como desculpa que afinal a carne é fraca, e que somos dados a nos desviar de Deus.
Ao contrário, trará esta realidade sempre diante de si e sempre alertará o seu povo quanto à necessidade de vigiar e de orar incessantemente, de modo a não se cair em tentações e ser vencido pelo mal.
Que a santificação da vida seja real e constante.
Que o compromisso com Deus seja sério.
Que o tremor da Sua Palavra seja sempre presente e permanente.
Se pecarem, confiarão no Advogado que têm junto ao Pai, mas terão verdadeiro horror ao pecado e lembrarão que também lhes é imposto o dever de não viverem pecando. A oração deles será:  “Não posso escondê-lo.... pequei... confesso o meu pecado ao Senhor, mas sei que não devo pecar mais. Sei que o pecado poderá voltar a bater à minha porta, mas estou bem certo de que não devo voltar a lhe dar acolhida.”.
Uma verdadeira santificação demanda esta convicção e determinação em purificar o coração e de se viver de tal maneira que não se tenha que estar pedindo perdão a toda hora a Deus por transgressões voluntárias dos Seus mandamentos.
Afinal, os que estão se santificando constatarão que pelo poder do Espírito Santo, e pelo seu crescimento na graça e no conhecimento de Jesus, a natureza terrena, ou carne, ficará cada vez mais fraca, e a nova natureza, recebida na regeneração, ficará cada vez mais forte, de modo que um cristão espiritual não viverá pecando e nem debaixo do domínio do pecado, como costuma ocorrer com aqueles que não estão santificando as suas vidas.    
Eles saberão que a sua santificação não consiste em perfeição moral absoluta, enquanto estiverem neste mundo, isto é, sem qualquer pecado, mas exatamente nesta obediência à Palavra do Senhor pelo Espírito, sabendo que um coração puro é aquele que sente repugnância pelos pecados que possa eventualmente cometer.
Quando se perde este sentido espiritual de repugnância pelo pecado, é necessário pedir ao Senhor um coração puro, tal como fizera Davi no passado.




“1 Ora, logo que essas coisas foram terminadas, vieram ter comigo os príncipes, dizendo: O povo de Israel, e os sacerdotes, e os levitas, não se têm separado dos povos destas terras, das abominações dos cananeus, dos heteus, dos perizeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos amorreus;
2 pois tomaram das suas filhas para si e para seus filhos; de maneira que a raça santa se tem misturado com os povos de outras terras; e até os oficiais e magistrados foram os primeiros nesta transgressão.
3 Ouvindo eu isto, rasguei a minha túnica e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha barba, e me sentei atônito.
4 Então se ajuntaram a mim todos os que tremiam das palavras do Deus de Israel por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu permaneci sentado atônito até a oblação da tarde.
5 A hora da oblação da tarde levantei-me da minha humilhação, e com a túnica e o manto rasgados, pus-me de joelhos, estendi as mãos ao Senhor meu Deus,
6 e disse: Ó meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar o meu rosto a ti, meu Deus; porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até o céu.
7 Desde os dias de nossos pais até o dia de hoje temos estado em grande culpa, e por causa das nossas iniquidades fomos entregues, nós, os nossos reis e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro, à rapina e à confusão do rosto, como hoje se vê.
8 Agora, por um pequeno momento se manifestou a graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar um restante que escape, e para nos dar estabilidade no seu santo lugar, a fim de que o nosso Deus nos alumie os olhos, e nos dê um pouco de refrigério em nossa escravidão;
9 pois somos escravos; contudo o nosso Deus não nos abandonou em nossa escravidão, mas estendeu sobre nós a sua benevolência perante os reis da Pérsia, para nos dar a vida, a fim de levantarmos a casa do nosso Deus e repararmos as suas assolações, e para nos dar um abrigo em Judá e em Jerusalém.
10 Agora, ó nosso Deus, que diremos depois disto? Pois temos deixado os teus mandamentos,
11 os quais ordenaste por intermédio de teus servos, os profetas, dizendo: A terra em que estais entrando para a possuir, é uma terra imunda pelas imundícias dos povos das terras, pelas abominações com que, na sua corrupção, a encheram duma extremidade à outra.
12 Por isso não deis vossas filhas a seus filhos, e não tomeis suas filhas para vossos filhos, nem procureis jamais a sua paz ou a sua prosperidade; para que sejais fortes e comais o bem da terra, e a deixeis por herança a vossos filhos para sempre.
13 E depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa, ainda assim tu, ó nosso Deus, nos tens castigado menos do que merecem as nossas iniquidades, e ainda nos deixaste este remanescente;
14 tornaremos, pois, agora a violar os teus mandamentos, e a aparentar-nos com os povos que cometem estas abominações? Não estarias tu indignado contra nós até de todo nos consumires, de modo que não ficasse restante, nem quem escapasse?


15 Ó Senhor Deus de Israel, justo és, pois ficamos qual um restante que escapou, como hoje se vê. Eis que estamos diante de ti em nossa culpa; e, por causa disto, ninguém há que possa subsistir na tua presença.” (Ed 9.1-15).


Esdras 10

Sem Arrependimento Não se Pode Agradar a Deus

A tristeza de Esdras e dos que se juntaram a ele, por causa do pecado dos israelitas produziu vida, porque Deus moveu ao arrependimento o coração da quase totalidade dos que haviam se casado com mulheres estrangeiras, e decidiram desfazer aqueles laços que haviam contraído para obedecer ao mandamento que Deus lhes dera desde os dias do patriarca Abraão, conforme se vê no décimo capitulo de Esdras.
Arrependimento verdadeiro é exatamente isto: é consertar aquilo que estava errado na nossa vida, por uma sincera e permanente obediência à vontade do Senhor relativa àquilo que necessitava ser abandonado, e servir ao Senhor do modo que é aprovado por Ele.
O choro de Esdras e daqueles que se juntaram a ele não era um choro de arrependimento, mas de tristeza pelo pecado.
Afinal, nem Esdras nem os que se juntaram a ele no seu choro pelo pecado dos demais israelitas tinham do que se arrepender em relação àquele pecado específico, porque não o haviam praticado.
Arrependimento significa mudança, e quanto àquele pecado, não tinham o que mudar, senão os que haviam contraído casamento com mulheres pagãs.
Este arrependimento não foi deixado à livre escolha dos judeus, porque os que se juntaram a Esdras encorajaram-no a que se fizesse um juramento na forma de pacto com todos os principais sacerdotes, com os levitas e todo Israel de que todos que haviam se casado com mulheres pagãs despediriam tais mulheres para o seu país de origem (v. 5).
Deste modo, também é uma boa medida a ser tomada pelos líderes da Igreja de Cristo a de levarem a Igreja a fazer votos de santidade perante o Senhor, quanto àquelas práticas pecaminosas, que devem ser definitivamente deixadas para que toda a congregação conte com o favor efetivo e as bênçãos do Senhor, e que esteja apta a fazer toda a Sua vontade e obra.
Não pactos genéricos do tipo: “nós vamos dizer não ao pecado”, porque isto não tem muita eficácia e sentido.
Mas pactos específicos para transgressões e práticas inconvenientes específicas, das quais se tenha tomado conhecimento que estão se tornando comuns na congregação.
Aquela questão era de tão vital importância para que Israel pudesse continuar  como nação separada das demais nações, e que não viesse a perder o propósito da sua eleição por Ele, de modo a ficar sujeita a duras demonstrações de juízos, conforme havia  ocorrido com os seus antepassados, que haviam sido levados para o cativeiro, que se apelou inclusive para o poder e autoridade que o rei persa havia dado a Esdras, para que se matasse, confiscasse bens, ou se prendesse ou desterrasse aqueles que lhes fossem desobedientes nas questões relativas ao culto que era devido ao Deus dos judeus.
 Naquela ocasião, decidiram punir todos aqueles que não se apresentassem em Jerusalém dentro de três dias, para serem informados quanto ao que deveriam fazer, com o confisco de bens e exclusão da congregação dos filhos de Israel (v. 8).
Isto é, aqueles que não desejassem viver como um israelita, seriam considerados pagãos, e teriam que viver fora dos termos de Israel, sendo-lhes interditado o uso de toda a fazenda que haviam juntado até então.
Este mesmo princípio de disciplina foi ordenado pelo Senhor para ser aplicado à sua Igreja, de maneira que um cristão que esteja vivendo deliberadamente no pecado e que não queira se arrepender dele, deve ser excluído da Igreja visível, e ser considerado um gentio e publicano.
São muitas as exortações dos apóstolos nas epístolas do Novo Testamento, no sentido de que todo filho de Deus viva como o verdadeiro israelita que ele é, separado dos costumes do mundo, com os quais não deve de modo algum assumir a sua forma, a bem de não ser rejeitado pelo Senhor, por não ser digno de estar na comunhão do Seu povo.
Porque um filho de Abraão deve praticar as obras de Abraão. Um filho de Deus deve praticar as obras de Deus.
 O cristão não é do mundo, isto é, ele não pertence ao mundo. Ele é de Deus porque pertence a Deus.
Eram tantos aqueles que haviam contraído matrimônio com mulheres pagãs, que ficou decidido que seriam estabelecidos oficiais pelas cidades de Israel, para que convocassem em épocas estabelecidas, todos aqueles que necessitavam de conserto em relação a esta questão. E quanto a esta medida referente ao modo de se proceder com o caso, houve plena aceitação com exceção apenas de três judeus e um levita se opuseram a ela (v. 15).
E dentro de três meses o problema foi definitivamente resolvido (v. 17).
A partir do verso 18, são relacionados, para desonra perpétua deles, os nomes dos que haviam sido infiéis a Deus se casando com mulheres pagãs.
O pecado deles foi perdoado, mas os seus nomes ficariam registrados na Palavra do Senhor para desestímulo de todos aqueles que viessem a se sentirem tentados no futuro a praticarem o mesmo pecado. E para que ficasse registrado também o doloroso tratamento que foi necessário para corrigir aquilo que não deveria ter sido praticado.
Mesmo assim, os israelitas voltariam a pecar contra o Senhor neste tipo de pecado referido, nos dias de Neemias e Malaquias, pelo que foram novamente repreendidos pelo Senhor (Ne 13.23; Mal 2.11).
Assim, que os cristãos de Laodiceia (Apo 3.19) se arrependam conforme lhes é ordenado pelo Senhor, e que ingressem nas fileiras da Igreja fiel de Filadélfia, cuja característica principal é a sua fidelidade à Palavra do Senhor (Apo 3.8, 10).
Que ninguém seja culpado do pecado de dar as boas vindas àqueles que ensinam contra a sã doutrina, ou que sejam achados culpados de um pecado ainda maior, que é o de se colocar debaixo do falso ensino daqueles que não amam toda a Palavra do Senhor, ou ainda por se alinharem ao seu lado, como mais um dos que se dizendo servos de Deus, fazem uso de falsas doutrinas para conduzirem outros a errarem, para a perversão e condenação deles próprios e dos seus ouvintes.


“1 Ora, enquanto Esdras orava e fazia confissão, chorando e prostrando-se diante da casa de Deus, ajuntou-se a ele, de Israel, uma grande congregação de homens, mulheres, e crianças; pois o povo chorava amargamente.
2 Então Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Elão, dirigiu-se a Esdras, dizendo: Nós temos sido infiéis para com o nosso Deus, e casamos com mulheres estrangeiras dentre os povos da terra; contudo, no tocante a isto, ainda há esperança para Israel.
3 Agora, pois, façamos um pacto com o nosso Deus, de que despediremos todas as mulheres e os que delas são nascidos, conforme o conselho do meu Senhor, e dos que tremem ao mandamento do nosso Deus; e faça-se conforme a lei.
4 Levanta-te; pois a ti pertence este negócio, e nós somos contigo; tem bom ânimo, e faze-o.
5 Então Esdras se levantou, e ajuramentou os principais dos sacerdotes, os levitas, e todo o Israel, de que fariam conforme esta palavra; e eles juraram.
6 Em seguida Esdras se levantou de diante da casa de Deus, e entrou na câmara de Joanã, filho de Eliasibe; e, chegando lá, não comeu pão, nem bebeu água, porque pranteava por causa da infidelidade dos do cativeiro.
7 E fizeram passar pregão por Judá e Jerusalém, a todos os que vieram do cativeiro, para que se ajuntassem em Jerusalém;
8 e que todo aquele que dentro de três dias não viesse, segundo o conselho dos oficiais e dos anciãos, toda a sua fazenda se pusesse em interdito, e fosse ele excluído da congregação dos que voltaram do cativeiro.
9 Pelo que todos os homens de Judá e de Benjamim dentro de três dias se ajuntaram em Jerusalém. Era o nono mês, aos vinte dias do mês; e todo o povo se assentou na praça diante da casa de Deus, tremendo por causa deste negócio e por causa das grandes chuvas.
10 Então se levantou Esdras, o sacerdote, e disse-lhes: Vós tendes transgredido, e casastes com mulheres estrangeiras, aumentando a culpa de Israel.
11 Agora, pois, fazei confissão ao Senhor, Deus de vossos pais, e fazei o que é do seu agrado; separai-vos dos povos das terras, e das mulheres estrangeiras.
12 E toda a congregação respondeu em alta voz: Conforme as tuas palavras havemos de fazer.
13 Porém o povo é muito; também é tempo de grandes chuvas, e não se pode estar aqui fora. Isso não é obra de um dia nem de dois, pois somos muitos os que transgredimos neste negócio.
14 Ponham-se os nossos oficiais por toda a congregação, e todos os que em nossas cidades casaram com mulheres estrangeiras venham em tempos apontados, e com eles os anciãos e juízes de cada cidade, até que se desvie de nós o ardor da ira do nosso Deus no tocante a este negócio.
15 (Somente Jônatas, filho de Asael, e Jazeías, filho de Ticvá, se opuseram a isso; e Mesulão, e Sabetai, o levita, os apoiaram.)
16 Assim o fizeram os que tornaram do cativeiro: foram indicados o sacerdote Esdras e certos homens, cabeças de casas paternas, segundo as suas casas paternas, cada um designado por nome; e assentaram-se no primeiro dia do décimo mês, para averiguar este negócio.
17 E no primeiro dia do primeiro mês acabaram de tratar de todos os homens que tinham casado com mulheres estrangeiras.
18 Entre os filhos dos sacerdotes acharam-se estes que tinham casado com mulheres estrangeiras: dos filhos de Josué, filho de Jozadaque, e seus irmãos, Maaseias, Eliézer, Jaribe e Gedalias.
19 E deram a sua mão, comprometendo-se a despedirem suas mulheres; e, achando-se culpados, ofereceram um carneiro do rebanho pela sua culpa.
20 Dos filhos de Imer: Hanâni e Zebadias.
21 Dos filhos de Harim: Maaseias, Elias, Semaías, Jeiel e Uzias.
22 E dos filhos de Pasur: Elioenai, Maaseias, Ismael, Netanel, Jozabade e Elasa.
23 Dos levitas: Jozabade, Simei, Quelaías (este é Quelita) , Petaías, Judá e Eliézer.
24 Dos cantores: Eliasibe. Dos porteiros: Salum, Telem e îri.
25 E de Israel, dos filhos de Parós: Ramias, Izias, Malquias, Miamim, Eleazar, Hasabias e Benaías.
26 Dos filhos de Elão: Matanias, Zacarias, Jeiel, Abdi, Jerimote e Elias.
27 Dos filhos de Zatu: Elioenai, Eliasibe, Matanias, Jerimote, Zabade e Aziza.
28 Dos filhos de Bebai: Jeoanã, Hananias, Zabai e Atlai.
29 Dos filhos de Bani: Mesulão, Maluque, Adaías, Jasube, Seal e Jerimote.
30 Dos filhos de Paate-Moabe: Adná, Quelal, Benaías, Maaseias, Matanias, Bezaleel, Binuí e Manassés.
31 Dos filhos de Harim: Eliézer, Issijá, Malquias, Semaías, Simeão,
32 Benjamim, Maluque e Semarias.
33 Dos filhos de Hasum: Matenai, Matatá, Zabade, Elifelete, Jeremai, Manassés e Simei.
34 Dos filhos de Bani: Maadai, Anrão e Uel,
35 Benaías, Bedeias, Queluí,
36 Vanias, Meremote, Eliasibe,
37 Matanias, Matenai e Jaasu.
38 Dos filhos de Binuí: Simei,
39 Selemias, Natã, Adaías,
40 Macnadbai, Sasai, Sarai,
41 Azarel, Selemias, Semarias,
42 Salum, Amarias e José.
43 Dos filhos de Nebo: Jeiel, Matitias, Zabade, Zebina, Jadai, Joel e Benaías.
44 Todos estes tinham tomado mulheres estrangeiras; e se despediram das mulheres e dos filhos.” (Ed 10.1-44).







NEEMIAS



Neemias 1

Restaurando Vidas

Cristãos maduros e fiéis se sentem tal como Neemias se sentia em Susã, onde se encontrava o palácio real persa, como podemos verificar neste primeiro capítulo de seu livro, que estaremos comentando, pelo fato de o povo de Deus em Judá encontrar-se em grande aflição e opróbrio, estando o muro de Jerusalém derrubado e suas portas queimadas (Ne 1.3).
Não é incomum que se encontrem muitos cristãos como que vendo suas Igrejas em grande ruína espiritual, com os muros da reverência e temor devidos a Deus derrubados e queimados, e assim, se sentem em grande aflição e opróbrio, por esta ruína espiritual ao seu redor.
Esta é uma condição para ser confessada, lamentada, e pela qual devemos jejuar e orar permanentemente, tal como fizera Neemias, até que, pela graça divina, possamos ser os agentes de transformação deste estado de coisas a que nos referimos.
Neemias não somente chorou e lamentou por alguns dias, como continuou a jejuar e a orar perante Deus, até que este respondesse as suas orações, movendo-o às ações que deveria empreender.
Ele começou sua oração afirmando a majestade celestial de Deus, e o Seu poder, que O tornam inteiramente digno de ser temido.
Ele afirmou a fidelidade do Senhor em guardar a aliança que fez com o Seu povo, e de usar de misericórdia para com aqueles que O amassem e guardassem os Seus mandamentos (Ne 1.5).
Ele se sente um com o povo do Senhor de todas as épocas, e por isso, ao confessar os  pecados deles, confessou-os como se fossem o seu próprio pecado, e suplicou para ser ouvido pelo Senhor, na intercessão que vinha fazendo dia e noite (v. 6).
E definiu os pecados com que haviam procedido perversamente contra o Senhor, como sendo a transgressão dos Seus mandamentos, estatutos e juízos que havia ordenado através de Moisés (v.7).
Neemias declarou que Deus foi justo em tê-los espalhado pelas nações, por causa da sua transgressão, porque havia proferido este juízo na Sua Lei, (v. 8) mas apresentou argumentos, honrando a própria Palavra e promessa do Senhor, pedindo-Lhe que lembrasse que também havia dito que caso o povo se convertesse a Ele e guardasse os Seus mandamentos e os cumprisse, ainda que fossem rejeitados até a extremidade do céu, de lá os ajuntaria e tornaria a trazê-los para o lugar que havia escolhido para ali fazer habitar o Seu nome (v.9).
Ainda que em grande desolação e opróbrio, eram o povo do Senhor, que Ele havia resgatado do Egito, com mão poderosa  (v. 10).
Finalmente, Neemias pediu a Deus, que ouvisse não somente a sua oração, como também a dos Seus demais servos que estavam orando, e que se deleitavam em temer o Seu nome.
Também pediu, especificamente, que lhe fizesse prosperar no seu projeto, dando-lhe graça perante o rei persa, de quem era copeiro  na ocasião (v.11).
Neemias conhecia o temor do Senhor e demonstrou que possuía este temor na oração que fez.
O empreendimento para o qual pediu ao Senhor que lhe fizesse prosperar, não estava relacionado aos seus próprios interesses, mas aos do Senhor, que Ele conhecia perfeitamente, porque sabia qual era o Seu caráter, conforme havia aprendido na Sua Palavra.
Quando Neemias concluiu sua oração, chamou o rei de “este homem”, porque quando estamos na presença do Senhor todos os grandes da terra não passam aos olhos dEle senão como meros homens limitados, imperfeitos, dependentes do Seu favor e misericórdia.
Ele não o fizera por motivo de irreverência para com o rei, mas porque diante do Senhor o temor que temos dos homens se dilui completamente, porque vemos que eles podem se tornar meros instrumentos nas mãos do Deus todo poderoso, para a realização da Sua soberana vontade.
Deste modo, a misericórdia que pediu a Deus, que se achasse no rei em relação ao seu empreendimento, não era propriamente a misericórdia do homem, mas a misericórdia de Deus, que moveria o rei a atender o pedido que lhe faria.
Esta oração é muito didática, e nos revela que nada ocorre por acaso.
Que obstáculos não são vencidos sem que nos esforcemos em lutar com o Senhor em oração.
Não pouca oração, e muito menos de pouca intensidade, mas através de oração incessante, prevalecente e perseverante.
A grande questão por detrás do choro, da tristeza e do quebrantamento de Neemias e de todos quantos forem chamados efetivamente a realizar alguma obra específica para Deus é que Ele os quebrantará primeiro, antes de poder usá-los.
Cristo não usa carvalhos imponentes, mas canas quebradas.
Ele não esmagará estas canas quebradas, mas tudo fará para convencê-las de que não são nenhum carvalho diante dEle.
Estes que Ele usa são pavios fumegantes, que quando vierem a ser acesos por Ele, saberão qual seria a sua real condição sem o trabalho de Sua graça, capacitando-lhes para toda boa obra.
O próprio Salvador e Senhor deixou-se quebrar, para nos ensinar o modo como devemos andar neste mundo.
O Espírito Santo veio sobre Ele na forma de uma pomba, para demonstrar a humildade e mansidão que nos convém para andarmos com Deus, e no testemunho da verdade ao nosso próximo.
Satanás arremete contra nós, procurando nos destruir, quando estamos enfraquecidos e doloridos.
Tal como Simeão e Levi deram sobre os siquemitas, quando estavam abatidos em dores, pela circuncisão (Gên 34.25).
Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza, e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1).
Não desprezemos portanto, o trabalho de humilhação de nossas almas, pelo qual o Senhor administra a nós a Sua graça em maior medida.
Sempre é deixado algo para que os cristãos lutem, de modo que entendamos que necessitamos de Cristo, para que possamos exalar o Seu bom perfume.
Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são estes corações quebrados como canas, e estes pavios fumegantes que fazem as orações mais preciosas diante de Deus, por causa da dependência dos gemidos inexprimíveis do Espírito, através deles.
Quão preciosas são para o Senhor as orações que fazemos com um coração quebrantado!
Assim, ao falarmos de pavio fumegante devemos ter em conta que isto tem o propósito de nos lembrar que a menor fagulha da graça é preciosa.
Há uma bênção especial nesta pequena faísca.
Jesus não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e enfermos.
Deus se agrada de que nos alegremos com os humildes começos.
Ele se agrada em usar grãos de mostarda e formar grandes arbustos a partir destas pequenas sementes.
Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e não Jerusalém, para nos trazer o Salvador.
Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis, poderosas, nobres, importantes e nem mesmo com um grande número de seguidores.
O Seu método é primeiro provar fidelidade no pouco, para depois conduzir ao muito.
O Seu ministério é restaurador e nos deu um exemplo disto na reconstrução dos muros e portas de Jerusalém com Neemias.
E muito mais do que muros e portas, Ele está interessado em restaurar vidas. E fará isto principalmente com paciência e amor.
Os pastores devem então, ser pessoas simples e humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles, e exporem a verdade de maneira clara, e nunca de forma obscura.
A verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, e não deseja algo tanto que seja exposta clara e abertamente à visão de todos.
Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou reservadamente aos discípulos deveria ser proclamado de cima dos telhados.
 Paulo era profundo, no entanto se tornou como ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez fraco com os fracos (I Cor 9.22).
Cristo desceu do céu e se esvaziou de Sua majestade, para se oferecer a nós, como oferta suave de amor. E não desceremos de nossas elevadas vaidades para fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação?
Devemos portanto, nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência, longanimidade, mansidão e misericórdia aos homens, demonstra fúria, exaltação e ira obstinada, ainda que em nome de fazer prevalecer a verdade.
Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade.
E devemos nos lembrar sempre que o fruto  da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a paz interior dos  nossos  corações, enquanto ministramos.
 No exercício da disciplina na Igreja devemos nos acautelar para não tentar matar uma mosca na testa de alguém com um martelo. O poder que é dado à Igreja é para edificação e não para destruição.
 O amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao perdoar todos os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo?
O Espírito Santo está contente em habitar em almas fumegantes e ofensivas. Que nós pudéssemos reter algo desta mesma disposição misericordiosa!
A graça não reside em almas perfeitas neste mundo. Lembremos sempre disto.
Como nenhum cristão se encontra em estado de perfeição absoluta deste outro lado do céu, então nós temos que nos exercitar sempre em espírito de misericórdia, de perdão e mansidão.
Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os nossos sentimentos presentes, porque nas tentações nós veremos muita fumaça desprendendo de pensamentos incorretos.
Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, porque nosso fogo não é como o dos demais, ou então por parecer que não há qualquer fogo em nós.
As portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus providenciou para que fossem restauradas através de Neemias, de forma que erraram todos aqueles que pensavam que Jerusalém permaneceria sem portas para sempre.
 Devemos lembrar que estamos na Aliança da Graça, em que nem toda medida é como fogo pleno, pois há muita faísca, que deve ser também vista como chama.
Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça de Cristo.
Uma mão fraca pode pegar uma jóia preciosa.
Algumas uvas mostrarão que a planta é uma videira e não um espinheiro.
Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa não ter qualquer graça.
Deus sabe que nós não temos nada de nós mesmos, então na aliança da graça Ele não requer nada além do que Ele dá, e que sempre nos dá o que Ele requer.
Se não pudermos trazer um cordeiro, então permitirá que tragamos duas pombas e uma rola (Lev 12.8).
O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é estimada como sendo a nossa (Rom 5.19).
A morte na panela da religião católico romana é que eles confundem as duas alianças (a da Lei e a da Graça) e enfraquecem o conforto que há em Cristo, porque não podem distinguir que Ele mitiga em muito as nossas deficiências, em cumprir as exigências da Lei, apesar de não desobrigar-nos do seu cumprimento, e de exigir de nós uma justiça que exceda em  muito a dos que se encontravam debaixo do antigo pacto.
Muitos cristãos teriam sido destruídos se estivessem aliançados com Deus nas condições da Antiga Aliança, por causa de pecados que cometem, mas em Cristo são corrigidos, e não destruídos. Mas não são somente corrigidos, como também são consolados, depois que acham lugar de arrependimento, em relação aos seus pecados, não pelo mérito do arrependimento, mas por causa dos méritos de Cristo.
Temos que nos lembrar, que a graça é muitas vezes, pouco discernível a nós. O Espírito Santo por vezes opera em nós sem que percebamos a Sua ação, mas Cristo sabe.
Às vezes, na amargura da tentação, pensamos que Deus está se opondo a nós. Tal como a sunamita estava cheia de amargura em seu espírito, quando procurou Eliseu, e assim, deixamos de ver que Deus está conosco em nossas aflições. E uma alma preocupada é tal qual águas agitadas que não podem estar em repouso.
Mas se é a alma de um verdadeiro cristão verá alguma faísca no meio de toda esta fumaça, e por esta pequena fagulha de graça será renovado na sua esperança e permanecerá firme na sua fé e confiança, que pertence a Deus, e que é a Ele que cabe o pleno governo sobre a sua vida.  
Uma pequena luz santa nos permitirá manter a Palavra de Cristo, e não negar o Seu nome, como sucede com a Igreja de Filadélfia citada  em Apo 3.8.
Onde este fogo da graça divina estiver, por menor que seja, sempre mostrará a diferença que há entre o ouro e a escória. Fará separação entre carne e espírito, e nos levará a desejar a santidade de Deus.
Deus dispôs todas as coisas de modo que Jesus receba toda a glória, e todo homem reconheça que sem Ele nada pode fazer, e nada será quanto ao propósito de Deus traçado para os eleitos.
Toda a virtude que houver em qualquer cristão terá procedido de Deus, de forma que se algum deles vem a apostatar da fé, deixando de andar no Espírito, logo verá que as obras da carne prevalecerão completamente, porque todo o bem que houver nele, no que tange a pensar e a agir, segundo Deus, não procede de sua própria natureza, senão do Senhor Jesus.
Por isto, todos os cristãos são ordenados a não se gloriarem em si mesmos quando Deus está fazendo algo bom neles, ou através deles, porque todos, sem exceção, são servos inúteis, pessoas que nada poderiam fazer de si mesmas, se não tivessem sido renovadas e capacitadas pela graça de Deus.
Nossos desânimos não vêm da parte de Deus, porque Ele entrou em aliança conosco, assim como um pai, que se compadece dos seus filhos (Sl 103.13), e deste modo, nunca agiria no sentido de desanimá-los.
Nem vem de Cristo nossos desânimos porque Ele não apagará o pavio que fumega.
Nem tampouco vêm do Espírito Santo, porque ele nos ajuda nas nossas fraquezas, e é o Consolador.
Não são portanto nossos desânimos e fraquezas que podem quebrar nossa aliança com Deus, assim como está bem tipificado no caso da nação de Israel que se encontrava assolada e em opróbrio em Judá nos dias de Neemias.
A aliança que temos com o Senhor é de caráter matrimonial, e por isso Ele nos assiste com Sua misericórdia em nossas fraquezas e não nos desamparará por causa delas.
Agora, consideremos o perigo que há naqueles que lançam, eles próprios, água para apagar o pavio fumegante de suas vidas que o próprio Cristo não apagaria.
Não é sem razão que o apóstolo nos alerta quanto ao perigo de apagarmos o Espírito, com os nossos pecados deliberados.
A Igreja de Laodiceia está sempre pronta a ser vomitada da boca do Senhor porque é morna. Ela tipifica bem, aqueles cristãos que vivem perigosamente provocando sempre a ira de Deus, por um viver deliberado no pecado.
Se a graça é fortalecida no seu exercício, como poderão estar fortalecidos com graça aqueles que a rejeitam e confiam nos seus próprios méritos e obras?
Como poderemos permanecer nesta graça se não nos santificarmos?
Jesus nos convida a ter bom ânimo na aflição porque, como Ele próprio afirmou, jamais apagará o pavio fumegante, mas lembremos que vivendo deliberadamente no pecado, será impossível ter este bom ânimo, que Ele próprio nos concederia pela Sua graça.
  Não confundamos fraqueza com prática deliberada do pecado, porque isto não é fraqueza, mas rebelião e traição ao Filho de Deus, que morreu por nós, para não vivermos mais praticando o pecado e procurando estar deliberadamente debaixo do seu domínio.
Há muitos inimigos a serem vencidos, a carne, o diabo e o mundo, e é importante estarmos conscientes de nossa condição de canas quebradas e pavios fumegantes, para que nunca tenhamos a presunção de tentar vencer estes inimigos na energia da carne, senão por nos fortalecermos na graça, que está em Cristo Jesus e na força do Seu poder.




“1 Palavras de Neemias, filho de Hacalias. Ora, sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a capital,
2 que veio Hanâni, um de meus irmãos, com alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que tinham escapado e que restaram do cativeiro,  e acerca de Jerusalém.
3 Eles me responderam: Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo.
4 Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu,
5 e disse: Ó Senhor, Deus do céu, Deus grande e temível, que guardas o pacto e usas de misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos:
6 Estejam atentos os teus ouvidos e abertos os teus olhos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos, confessando eu os pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; sim, eu e a casa de meu pai pecamos;
7 na verdade temos procedido perversamente contra ti, e não temos guardado os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a teu servo Moisés.
8 Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a teu servo Moisés, dizendo: Se vós transgredirdes, eu vos espalharei por entre os povos;
9 mas se vos converterdes a mim, e guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, ainda que os vossos rejeitados estejam na extremidade do céu, de lá os ajuntarei e os trarei para o lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome.
10 Eles são os teus servos e o teu povo, que resgataste com o teu grande poder e com a tua mão poderosa.


11 Ó Senhor, que estejam atentos os teus ouvidos à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que se deleitam em temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. (Era eu então copeiro do rei.)” (Ne 1.1-11).



Neemias 2

Oração Espontânea Atendida

Cerca de quatro meses haviam passado, de Chisleu - novembro (1.1) a Nisan - março (2.1), desde que Neemias havia começado a jejuar e a orar, até que fizesse o pedido ao rei, que está registrado neste 2º capítulo do seu livro, que estaremos comentando.
Ele não se aventuraria a fazer uma viagem para Judá no inverno, porque não seria uma ocasião oportuna para empreender tal viagem.
De igual modo, temos que esperar o momento oportuno para agirmos, depois de termos jejuado e orado.
Há invernos espirituais que nos impõem este tempo de espera, se queremos ser bem sucedidos em nossos projetos a serviço de Deus.
Além da direção e poder do Senhor, temos que ter inteligência espiritual para discernir o movimento do mundo espiritual, para que não tomemos decisões precipitadas, das quais não somente poderemos nos lamentar posteriormente, como até mesmo vir a frustrar os projetos que Deus havia determinado realizar através de nós.
Mas mesmo depois de ter muito jejuado e orado, o coração de Neemias se achava em grande tristeza, por se encontrar assolada a cidade de Jerusalém.
E é desta forma que se acharão todos aqueles que estiverem exilados, ainda que dentro de suas próprias igrejas, porque assim como a cidade de Jerusalém estava para os judeus na Antiga Aliança, a Igreja está para os cristãos na Nova.
Quão profundas são as dores do exílio. Elas são indescritíveis e muito maiores do que qualquer dor moral ou física, porque são produzidas pela impossibilidade de se adorar a Deus em espírito e em verdade, na comunhão dos santos, por causa das condições prevalecentes na Igreja, quando esta se encontra assolada e em ruínas, por ter sido pisada como sal que perdeu o sabor.
É muito mais difícil restaurar uma Igreja caída do que reconstruir os muros de Jerusalém. É com muito maior fúria que Satanás e todo o inferno se opõem a esta restauração da Igreja, do que a que experimentaram Esdras e Neemias em seus dias.
Primeiro, porque que a proposta de Deus para a Igreja na dispensação da graça, para que possa andar conforme o Seu agrado é muito maior do que a que se exigia dos aliançados do antigo pacto, pois a justiça da Igreja de Cristo deve exceder em muito a dos escribas e fariseus.
Entretanto, há muitas lições que podemos aprender do exemplo de tudo o que Deus fez através de Neemias,para restaurar a vida religiosa de Israel.
A primeira é a de que apesar de Neemias saber que necessitaria do apoio do rei e de muitos homens, a sua confiança não estava depositada em nenhum deles, mas somente no Senhor, e demonstrou isto reiteradas vezes, como se vê por exemplo no verso 5, quando não ousou declarar logo ao rei qual era o seu intento, quando este lhe indagou o que desejava dele.
Neemias fez uma oração rápida em espírito, entre a pergunta e a resposta que daria, entregando certamente o caso nas mãos de Deus, e declarou logo em seguida o que desejava, mas não sem antes, fazer a introdução em que usou as seguintes palavras: “se teu servo tiver achado graça diante de ti”, como a que dizer que ele atenderia ao que pediria, caso Deus tivesse movido o coração do rei para que achasse graça diante dele.
Isto é dependência real de Deus, tal como havia sido demonstrada anteriormente, por Davi em seus dias, que não costumava tomar qualquer decisão sem que tivesse entregado antes o caso nas mãos do Senhor.
Não podemos esquecer que Ester havia conquistado totalmente o favor do rei da Pérsia, quando se casou com ele, e isto foi feito estrategicamente por Deus não somente para livrar os israelitas do extermínio intentado por Hamã, como também para que os judeus encontrassem o favor dos persas, na sua estada na Palestina, e nisto nós vemos como o rei foi favorável, tanto nos dias de Esdras, quanto nos de Neemias, e muito disto foi obtido, sem dúvida, pelo modo atencioso como os persas passaram a ver os judeus, por influência da piedosa Ester, que havia assumido o trono, ao lado do rei da Pérsia.
Toda esta boa influência estava sendo produzida pelo próprio Senhor.
Neemias pediu uma comissão para ir com ele, para reconstruir os muros de Jerusalém, e lá permaneceria um certo tempo aprazado, conforme lhe havia pedido o rei, mas este prazo foi prolongado, porque permaneceu em Jerusalém, cerca de doze anos (5.14).
Além desta comissão, pediu também uma escolta (v.7), e um salvo conduto para que os governadores das províncias, não somente permitissem que atravessasse as suas províncias respectivas, como também que o provessem com o que fosse necessário, especialmente, madeira do Líbano, para o trabalho que havia projetado.
Quando Neemias entregou as cartas do rei persa aos governantes das províncias (v. 9), Sambalate e Tobias (que viriam a ser instrumentos de Satanás, para se oporem a ele) ficaram sabendo da sua missão, e  extremamente irados, pelo fato de que alguém tivesse se levantado para procurar o bem dos israelitas (v. 10).
Depois que chegou a Jerusalém, Neemias não declarou o que Deus havia colocado em seu coração (v. 12) a nenhum dos líderes de Israel, por pelo menos três dias (v.11).
Homens em verdadeira missão divina, nunca fazem alarde de sua autoridade, e da comissão que receberam da parte de Deus, porque sabem que a obra não é propriamente deles, mas do Senhor (v. 16).
Antes de tomar qualquer decisão, Neemias fez uma avaliação da extensão dos danos do muro de Jerusalém, que estava demolido, assim como suas portas, que haviam sido queimadas. E por motivo de prudência, fez isto à noite (v. 13).
Foi somente no momento oportuno, que declarou aos judeus, especialmente aos sacerdotes, nobres e magistrados e a todos os que faziam a obra de reconstrução do muro, qual era a obra, para a qual havia sido encarregado por Deus, para fazer em Jerusalém.
Daqui, decorre um princípio muito importante, para todos os que têm uma chamada de Deus, para a realização de uma obra específica: ela deve ser reconhecida e apoiada pelos demais líderes que estiverem envolvidos nela.
Quando falta este reconhecimento e apoio, será vão tentar nadar contra a correnteza.
Por isso Paulo não poderia prosseguir seu ministério juntamente com Barnabé, porque passou a existir discordância entre ambos quanto à forma de condução da obra de evangelização, para a qual haviam sido encarregados pela Igreja de Antioquia, especialmente, por terem um entendimento diverso quanto à participação de João Marcos em seus empreendimentos missionários.
Nenhum pastor será bem sucedido em seu ministério, se não tiver o apoio da Igreja, e especialmente dos seus auxiliares diretos.
Quando Neemias fez uma exposição quanto ao modo como a boa mão do Senhor fora com ele, particularmente quanto à comissão que havia recebido do rei persa, os judeus se dispuseram a cooperar com ele na obra que deveria ser realizada (v. 17,18).
Mas quando Sambalate, Tobias e Gesem o souberam, começaram a zombar deles e a desprezá-los infamando-lhes e acusando-lhes de estarem se rebelando contra o rei persa.
Não é de se admirar que o diabo sempre use o argumento de insurreição contra a autoridade constituída, quando Deus levanta alguém para fazer a Sua vontade.
A mesma autoridade que os verdadeiros rebeldes costumam transgredir, especialmente a relativa à da própria Palavra de Deus, que eles não amam e obedecem, é a que eles costumam invocar para tentarem desencorajar os servos fiéis de Deus a prosseguirem adiante na defesa da verdade (v. 20).
Satanás sempre projeta manter os cristãos e a Igreja em estado de miséria espiritual, e tudo faz para tentar impedir o avanço de uma verdadeira espiritualidade, que seja baseada no amor e na prática da verdade.
Ele tudo apoiará e não perturbará os cristãos, desde que se mantenham na sua carnalidade, e não busquem santificar suas vidas na verdade da Palavra de Deus.
Se os cristãos deixarem os muros de suas vidas caídos, em total ruína, Satanás não se levantará contra eles, mas ao menor movimento para tentarem reconstruí-los, ele logo se manifestará apresentando todo tipo de oposição a eles.
Mas, em vez de deixarmos que ele nos intimide, devemos fazer como fizera Neemias, que respondeu o seguinte aos seus inimigos, em face das suas acusações: “O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.” (v. 20).
Isto é o que deve estar sempre bem definido e fixado diante de nós: não podemos permitir que nossos opositores, que são inimigos de Deus, se coloquem ao nosso lado na realização da obra que Ele nos encarregou para fazer.
Devemos ter uma firme confiança, somente nEle, que assim como Ele nos chamou, também é poderoso para nos fazer prosperar no que nos tem ordenado.
Mas em vez de ficarmos esperando com os braços cruzados, devemos nos levantar e edificar as pedras vivas do edifício espiritual que fomos chamados a construir como seus cooperadores.
“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.”  (I Cor 3.9).
É preciso ter muita prudência e inteligência espiritual, quando estamos encarregados por Deus para uma obra específica, como teve Neemias, para não darmos munição ao Inimigo, de modo que não leve vantagem sobre nós.
O diabo acompanha nossos passos e levanta seus instrumentos para espreitar a liberdade que temos em Cristo, de maneira a barrar o nosso progresso com infâmias, perseguições e acusações mentirosas.
Se ele não conseguir nos deter de um modo, tentará outros meios para alcançar os seus objetivos, que não são dirigidos propriamente contra as nossas pessoas, mas contra a obra que Deus designou fazer através de nós.
 Daí se recomendar aos cristãos, e especialmente àqueles que estão à frente de algum trabalho do Senhor, que vigiem e orem em todo o tempo, e que sejam perseverantes, a par de todas as perseguições que possam vir a sofrer.
Mas alguém dirá: “E se a perseguição vier exatamente da parte daqueles que foram levantados para liderarem a obra de Deus?”. “O que devem fazer os cristãos que se encontram debaixo da liderança deles?”.
Primeiro, devem orar e jejuar para que saiam do laço do Inimigo, com o qual foram encantados e amarrados.
Se as coisas persistirem por longo tempo e se agravarem a ponto de a Igreja se desviar totalmente dos objetivos de Deus traçados para ela, notadamente o que se refere a andar na prática da verdade, então é hora de começar a orar para receber direção do Senhor, para congregar numa Igreja que não tenha apostatado da verdade.
D. M. Lloyd Jones, já em 1963 nos alertava sobre o que ocorreria se o movimento ecumênico chegasse a desenvolver “a grande Igreja mundial”, porque a palavra “cisma” seria usada contra todo aquele que se recusar a ser parte integrante desta organização gigantesca, que começava a ser costurada em seus dias, e que tem tomado uma maior dimensão em nossos dias.
Ele afirmava que devíamos ter clara percepção quanto a isso, e que deveríamos instruir o povo a que servimos sobre esta importantíssima questão, porque cisma é um grande pecado, uma coisa muito grave, da qual ninguém deveria fazer-se culpado, e por isso devemos compreender com clareza o que é exatamente cisma.
Muitos cristãos que se encontram exilados em suas próprias Igrejas, seriam muito auxiliados se lessem o tratado que John Owen escreveu sobre cisma.
Nós deixamos Neemias no capítulo anterior chorando e orando diante de Deus por causa da miséria em que se encontrava o povo de Deus na Palestina. Mas ele não parou nisso, de modo que nós o encontramos neste capítulo e nos demais, tomando medidas práticas para reparar as coisas que necessitavam ser consertadas e edificadas.
Assim deve ser a vida do cristão. Ele não deve simplesmente interceder em favor de todas as pessoas, e chorar pela miséria em que se encontra o mundo de trevas, mas deve se esforçar de modo prático para ser um agente nas mãos de Deus, para a transformação daqueles que têm sido chamados por Ele, do mundo para a salvação em Cristo Jesus, bem como para serem sal e luz num mundo que tende à putrefação e às trevas totais.




“1 Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, quando o vinho estava posto diante dele, que eu apanhei o vinho e o dei ao rei. Ora, eu nunca estivera triste na sua presença.
2 E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, visto que não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração. Então temi sobremaneira.
3 e disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não há de estar triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas pelo fogo?
4 Então o rei me perguntou: Que me pedes agora? Orei, pois, ao Deus do céu,
5 e disse ao rei: Se for do agrado do rei, e se teu servo tiver achado graça diante de ti, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.
6 Então o rei, estando a rainha assentada junto a ele, me disse: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu certo prazo.
7 Eu disse ainda ao rei: Se for do agrado do rei, deem-se-me cartas para os governadores dalém do Rio, para que me permitam passar até que eu chegue a Judá;
8 como também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, a fim de que me dê madeira para as vigas das portas do castelo que pertence à casa, e para o muro da cidade, e para a casa que eu houver de ocupar. E o rei mas deu, graças à mão benéfica do meu Deus sobre mim.
9 Então fui ter com os governadores dalém do Rio, e lhes entreguei as cartas do rei. Ora, o rei tinha enviado comigo oficiais do exército e cavaleiros.
10 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, ficaram extremamente agastados de que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.
11 Cheguei, pois, a Jerusalém, e estive ali três dias.
12 Então de noite me levantei, eu e uns poucos homens comigo; e não declarei a ninguém o que o meu Deus pusera no coração para fazer por Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão aquele que eu montava.
13 Assim saí de noite pela porta do vale, até a fonte do dragão, e até a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que estavam demolidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo.
14 E passei adiante até a porta da fonte, e à piscina do rei; porém não havia lugar por onde pudesse passar o animal que eu montava.
15 Ainda de noite subi pelo ribeiro, e contemplei o muro; e virando, entrei pela porta do vale, e assim voltei.
16 E não souberam os magistrados aonde eu fora nem o que eu fazia; pois até então eu não havia declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos demais que faziam a obra.
17 Então eu lhes disse: Bem vedes vós o triste estado em que estamos, como Jerusalém está assolada, e as suas portas queimadas a fogo; vinde, pois, e edifiquemos o muro de Jerusalém, para que não estejamos mais em opróbrio.
18 Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, e bem assim as palavras que o rei me tinha dito. Eles disseram: Levantemo-nos, e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.
19 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesem, o arábio, zombaram de nós, desprezaram-nos e disseram: O que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos contra o rei?
20 Então lhes respondi: O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.” (Ne 2.1-20).




Neemias 3

A Nobreza do Serviço Humilde

Nós deveríamos refletir sobre o motivo de Deus, em Sua sabedoria, de nos ter dado como revelação da Sua vontade, conforme registrada na Bíblia, no livro de Neemias, o fato e as circunstâncias que envolveram a reconstrução dos muros e das portas da cidade de Jerusalém.
A revelação poderia ter passado por alto o registro destas coisas, mas se não o fez, é porque Deus teve propósitos objetivos para a instrução do Seu povo, e especialmente da Igreja, com as lições que podemos e devemos retirar de tudo isto.
Nós sabemos que os muros de Jerusalém tinham por função principal defender o povo, o templo e tudo o que havia de precioso das portas para dentro daquela cidade.
Deus é quem nos defende dos ataques dos nossos inimigos, principalmente espirituais, mas compete a nós construir, edificar os meios de defesa necessários, para a nossa proteção.
Por exemplo, sem oração e meditação diária da Palavra como poderemos ter uma barreira ao redor de nós que impeça sermos atingidos pelos ataques do Inimigo? Como guardaremos o nosso coração incontaminado pelo mal, se não nos exercitarmos em santificação?
Do exemplo que temos na história dos empreendimentos de Neemias e do povo de Judá juntamente com ele, nós podemos aprender também que mesmo durante a construção destas barreiras, que visam impedir a destruição de nossas graças, pelos nossos muitos inimigos espirituais, que nós seremos atacados até mesmo no ato da construção propriamente dita, isto é, nós não poderemos orar, meditar na Palavra e fazer tudo o mais que nos é ordenado por Deus, sem que experimentemos alguma resistência destes três inimigos, a saber, a carne, o diabo e o mundo.  
Mas todos aqueles que se empenharem em edificarem suas vidas com estas barreiras protetoras das graças de Deus, de modo que não sejam furtadas ou destruídas, pelos muitos inimigos que dão contra elas, serão honrados por Deus, pelo seu empenho em diligência, tal como foram honrados aqueles que se levantaram para construírem debaixo da direção de Neemias, por terem tido os seus nomes registrados na Palavra de Deus, para memória e honra eternas, conforme vemos no 3º capítulo de Neemias, que estamos comentando.
Nossas boas obras estão sendo registradas pelo Senhor para a nossa honra, em livros que serão abertos quando estas obras forem julgadas.
Por isso, somos exortados a remir o tempo e a nos empenharmos o mais possível abundando em boas obras, no período de nossa breve jornada terrena, porque há uma grande recompensa prometida por Deus.
“9 E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
10 Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.”  (Gál 6.9,10).
Dizer e fazer são coisas completamente diferentes.
Muitos dizem que estão prontos para se levantarem e fazerem a obra de Deus, mas se sentam e nada fazem, tal como o jovem da parábola, que disse a seu pai que iria trabalhar no campo, e no entanto, não foi.
Este 3º capítulo de Neemias não fala de promessas que foram feitas por todos estes que têm seus nomes aqui relacionados, mas se diz simplesmente que eles se levantaram, edificaram e repararam.
Há muitas coisas para serem feitas na obra de Deus. Para serem feitas e não simplesmente comentadas.
Isto exige que nos levantemos, edifiquemos e reparemos o que precisa ser edificado e reparado.
Não se fala de nenhum desacordo entre os que edificaram e repararam nos dias de Neemias.
Deus era com eles, mas não se permitiram serem divididos por ciúmes, disputas, discórdias e coisas semelhantes a estas, que acabam por impedir que a obra do Senhor seja feita.
Esta obra é muito grande e exige que cada um faça fielmente a sua parte, porque tal como aquele muro, a obra é uma só, e o trabalho de uma pessoa está interligado ao de outra.
O trabalho é realizado por indivíduos mas não para um fim individual, porque é trabalho para Deus, e não para uma pessoa ou grupo de pessoas em particular.
Até o próprio sumo sacerdote, como se vê no primeiro verso deste capitulo, participou do trabalho comum de reedificação do muro.
O risco que os demais trabalhadores correram ele também correu.
O elevado ofício de que estava encarregado não configurava um privilégio para não participar de tarefas consideradas comuns e menores.
Deste modo, os ministros do evangelho devem dar o exemplo de também fazerem aquelas tarefas que exigem de outros.
Este exemplo faltou nos tecoítas (v. 5), cujos nobres não se envolveram no serviço do Senhor, de reconstrução do muro.
Isto ficou registrado para desonra deles, porque de ninguém mais se diz o que foi dito destes nobres de Tecoa, que acabaram com isto provando que não eram de fato pessoas nobres, porque é impossível que alguém o seja negando-se a se humilhar para que a vontade de Deus seja feita.
Temos um maior exemplo de nobreza do que o que nos deu o próprio Jesus, ao ter se esvaziado da glória celestial que tinha junto ao Pai, para poder consumar a obra que realizou em nosso favor?
Ele não realizou seu ministério num castelo, mas junto ao povo, fazendo o bem a todos.
Não deveríamos nos dispor, pelo exemplo que Ele nos deixou, a arregaçar as nossas mangas e nos lançarmos efetivamente de coração e alma no propósito de nos gastar por amor ao Senhor e ao nosso próximo?
Neste trabalho para Deus, não conta portanto, qual seja a nossa posição social, porque trabalharam na reedificação do muro com Neemias, comerciantes, ourives, sacerdotes, governantes e até mesmo perfumistas (v. 7,8,32).
Em Sua Providência, o Senhor poderia ter planejado a construção conjunta de algo diferente de um muro, mas a simplicidade da tarefa fala bem alto da natureza do serviço que prestamos para Cristo, que é de grande simplicidade em sua natureza, tal como o muro que Neemias e os judeus reconstruíram.
Não afirmamos com isto necessária e propriamente que o trabalho de um ministro do evangelho é o trabalho de um pedreiro, mas é seguramente um trabalho de edificação de almas, e exige muito empenho e diligência em sua realização.
Até mesmo mulheres se alinharam com os construtores nos dias de Neemias, conforme se vê no verso 12.
Paulo cita o nome de duas mulheres (Evódia e Síntique), que trabalharam juntamente com ele no evangelho em Filipos (Fp 4.3), e várias mulheres fizeram e têm feito história na seara do Senhor.
Alguns judeus edificaram o muro defronte de suas casas (v. 10, 23, 28, 29), e isto pode ter sido devido à impossibilidade de se afastarem de seus afazeres, e nem por isso deixaram de se empenhar nos interesses de Deus e do Seu povo.
A obra do evangelho é primeiro para Deus, mas é também uma obra pública, isto é, para o bem do povo do Senhor.
Os que trabalham não trabalham portanto, para si mesmos ou para seus interesses particulares, mas para o bem de outros, porque é nisto que consiste a obra dr Deus.



“1 Então se levantou Eliasibe, o sumo sacerdote, juntamente com os seus irmãos, os sacerdotes, e edificaram a porta das ovelhas, a qual consagraram, e lhe assentaram os batentes. Consagraram-na até a torre dos cem, até a torre de Henanel.
2 E junto a ele edificaram os homens de Jericó; também ao lado destes edificou Zacur, o filho de Inri.
3 Os filhos de Hassenaá edificaram a porta dos peixes, colocaram-lhe as vigas, e lhe assentaram os batentes, com seus ferrolhos e trancas.
4 Ao seu lado fez os reparos Meremote, filho de Urias, filho de Hacoz; ao seu lado Mesulão, filho de Berequias, filho de Mesezabel; ao seu lado Zadoque, filho de Baaná;
5 ao lado destes repararam os tecoítas; porém os seus nobres não meteram o pescoço a serviço do Senhor.
6 Joiada, filho de Paseia, e Mesulão, filho de Besodeias, repararam a porta velha, colocaram-lhe as vigas, e lhe assentaram os batentes com seus ferrolhos e trancas.
7 Junto deles fizeram os reparos Melatias, o gibeonita, e Jadom, o meronotita, homens de Gibeão e de Mizpá, que pertenciam ao domínio do governador dalém do Rio;
8 ao seu lado Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; ao lado dele Hananias, um dos perfumistas; e fortificaram Jerusalém até o muro largo.
9 Ao seu lado fez os reparos Refaías, filho de Hur, governador da metade do distrito de Jerusalém;
10 ao seu lado Jedaías, filho de Harumafe, defronte de sua casa; ao seu lado Hatus, filho de Hasabneias.
11 Malquias, filho de Harim, e Hassube,  filho de Paate-Moabe, repararam outra parte, como também a torre dos fornos;
12 e ao seu lado Salum, filho de Haloés, governador da outra metade do distrito de Jerusalém, ele e as suas filhas.
13 A porta do vale, repararam-na Hanum e os moradores de Zanoa; estes a edificaram, e lhe assentaram os batentes, com seus ferrolhos e trancas, como também mil côvados de muro até a porto do monturo.
14 A porta do monturo, reparou-a Malquias, filho de Recabe, governador do distrito Bete-Haquerem; este a edificou, e lhe assentou os batentes com seus ferrolhos e trancas.
15 A porta da fonte, reparou-a Salum, filho de Col-Hoze, governador do distrito de Mizpá; edificou-a e a cobriu, e lhe assentou os batentes, com seus ferrolhos e trancas; edificou também o muro da piscina de Selá, do jardim do rei, até os degraus que descem da cidade de Davi.
16 Depois dele Neemias, filho de Azbuque, governador da metade do distrito de Bete-Zur, fez os reparos até defronte dos sepulcros de Davi, até a piscina artificial, e até a casa dos homens poderosos.
17 Depois dele fizeram os reparos os levitas: Reum, filho de Bani, e ao seu lado, Hasabias, governador da metade do distrito de Queila, por seu distrito;
18 depois dele seus irmãos, Bavai, filho de Henadade, governador da outra metade do distrito de Queila.
19 Ao seu lado Ézer, filho de Jesuá, governador de Mizpá, reparou outra parte, defronte da subida para a casa das armas, no ângulo.
20 Depois dele reparou Baruque, filho de Zabai, outra parte, desde o ângulo até a porta da casa de Eliasibe, o sumo sacerdote.
21 Depois dele reparou Meremote, filho de Urias, filho de Hacoz, outra parte, deste a porta da casa de Eliasibe até a extremidade da mesma.
22 Depois dele fizeram os reparos os sacerdotes que habitavam na campina;
23 depois Benjamim e Hassube, defronte da sua casa; depois deles Azarias, filho de Maaseias, filho de Ananias, junto à sua casa.
24 Depois dele reparou Binuí, filho de Henadade, outra porte, desde a casa de Azarias até o ângulo e até a esquina.
25 Palal, filho de Uzai, reparou defronte do ângulo, e a torre que se projeta da casa real superior, que está junto ao átrio da guarda; depois dele Pedaías, filho de Parós.
26 (Ora, os netinins habitavam em Ofel, até defronte da porta das águas, para o oriente, e até a torre que se projeta.)
27 Depois repararam os tecoítas outra parte, defronte da grande torre que se projeta, e até o muro de Ofel.
28 Para cima da porta dos cavalos fizeram os reparos os sacerdotes, cada um defronte da sua casa;
29 depois dele Zadoque, filho de Imer, defronte de sua casa; e depois dele Semaías, filho de Secanias, guarda da porta oriental.
30 Depois dele repararam outra parte Hananias, filho de Selemias, e Hanum, o sexto filho de Zalafe. Depois dele reparou Mesulão, filho de Berequias, uma  parte defronte da sua câmara.
31 Depois dele reparou Malquias, um dos ourives, uma parte até a casa dos netinins e dos mercadores, defronte da porta da guarda, e até a câmara superior da esquina.


32 E entre a câmara da esquina e a porta das ovelhas repararam os ourives e os mercadores.” (Ne 3.1-32).



Neemias 4

Vigilância e Oração

A atitude de Sambalate, conforme se vê nos versos 1 e 2, deste 4º capítulo de Neemais, que estaremos comentando, é bem representativa de todos aqueles que odeiam a Reforma, isto é, a restauração do povo de Deus, segundo a verdade revelada em Sua Palavra.
Não importa de onde isto venha, se de dentro ou de fora da Igreja, se de cristãos ou de ímpios, se de autoridades seculares ou até mesmo de ministros do evangelho infiéis, o grande fato é que Satanás sempre achará seus instrumentos para se opor ao fortalecimento dos filhos de Deus.
Israel era a nação eleita na antiga dispensação, e foi levantada para ser luz no mundo, e por isso Satanás tudo faria para manter aquela lâmpada apagada.
Porventura, deixaria de fazer o mesmo em relação à Igreja que é a luz do mundo?
Ele não fará tudo o que estiver ao seu alcance para pelo menos tornar esta luz opaca e obscura, de maneira que mantendo os membros de cada Igreja debaixo de trevas espirituais, não apenas entristecerá o Espírito Santo, como retardará a conversão de muitos, ou então manterá os que se converterem, em fraqueza e ruína espiritual, pelo desconhecimento da verdade que liberta?
Vejam as palavras que Sambalate proferiu, e reflita se não são mais do que simplesmente palavras da carne e sangue, senão de principados e potestades:
“e falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria, dizendo: Que fazem estes fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão sacrifícios? Acabarão a obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?”  (v.2).
E de igual teor, ainda que breves, mas não menos contundentes, foram as palavras proferidas por Tobias, o amonita, contra os judeus:
“Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de pedra.”.
Certamente, é este o pensamento que Satanás alimenta continuamente contra os cristãos, a saber, que ainda que consigam edificar suas vidas na verdade, ele agirá como uma astuta raposa para derrubar este muro espiritual que lograram edificar.
Satanás pouco se importa com o fato de o cristianismo se espalhar pelo mundo, desde que seja uma forma caricata da verdade que há em Cristo, em razão da falta de santidade na vida daqueles que alegam serem cristãos.
Daí decorre a ordenança bíblica de vigilância e oração contínuas, porque não temos que lutar contra carne e sangue, senão contra os principados e potestades espirituais da maldade. E isto deve ser feito, conforme se vê em Efésios 6, estando revestidos em todo o tempo, com toda a armadura de Deus.
Não há nada que dê mais prazer ao diabo do que desviar aqueles que Jesus comprou com Seu sangue, para que fossem livres, serem desviados da verdade, porque sem conhecerem a verdade em espírito, não podem desfrutar desta liberdade, que foi conquistada por tão alto preço.
É possível que alguns dentre os judeus tenham considerado Neemias um homem duro, inflexível, sem afeto natural por eles, porque estava exigindo deles que se expusessem ao ataque de seus inimigos e a terem que se empenhar em tão exaustiva tarefa.
Mas não é este o mesmo ataque que fazem os inimigos da Reforma e do evangelho aos pastores fiéis ao seu ofício?
Eles julgam ser falta de amor e de apreço o esforço de seus ministros em exigirem que vivam em santidade de vida.
Mas isto é falta de amor?
Antes não é a confirmação de um verdadeiro amor?
O fato de se esforçarem por ensinarem a sã doutrina ao seu povo é motivo para serem julgados como seus inimigos?
Não é porventura isto o que o Deus de amor tem ordenado a eles?
Seria possível viver no amor de Deus sem a sã doutrina?
E como amaremos com o amor de Deus se não conhecemos os Seus mandamentos?
Jesus definiu o amor como obediência aos Seus mandamentos.
Não é portanto, justificável, o ataque que muitos fazem em nossos dias aos ministros fiéis, que são apegados à doutrina, e que a expõem fielmente ao seu povo.
Não admira que para a ordenação de presbíteros, Paulo tenha determinado dentre muitos critérios os que vemos em Tito 1.9:
“retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.”.
São muitos os que se opõem a uma verdadeira obra de Deus, e por isso se exige tais qualificações dos Seus ministros.
E Neemias reunia estas qualidades porque era um homem de grande sabedoria, coragem e devoção.
Nós podemos ver neste capítulo o quanto ele estava dotado do preparo e discernimento espiritual para a obra que realizou.
De igual modo, nenhum ministro do evangelho será efetivo no trabalho que intentar realizar para Deus, se não estiver devidamente preparado.
Este é o segredo dos puritanos nos trezentos anos que influenciaram não somente a Inglaterra, como muitas nações da terra, até os dias de hoje, e convém lembrar que toda a grandeza dos EUA foi construída debaixo desta influência, mas não nos referimos à grandeza material e financeira, que acabou por desviá-los da verdadeira grandeza, que eles viveram em seus dias áureos, sendo o celeiro da verdade e de missionários para todas as partes do mundo, com a ministração do verdadeiro evangelho, em quase todas as nações.
A quase totalidade destes empreendimentos foi devida à rede preparada de pastores fiéis a Deus e à Sua Palavra, que o próprio Deus preparou através do espírito puritano, que consiste neste amor à Palavra de Deus, muito maior do que o amor à própria vida e conforto.
Este preparo a que nos referimos não é o preparo de homens por meros homens, mas um preparo que provém da parte de Deus, impulsionado, direcionado e construído pelo próprio Espírito Santo, tal como se deu com os  puritanos em seus dias.
Eles não eram meros expositores frios da Palavra, mas homens que andavam com Deus, tal como Enoque, Noé, Daniel, Jó, Neemias, e tantos outros fizeram em seus dias.
Obviamente, Deus levanta instrumentos e agentes de grande influência neste preparo, mas até mesmo estes instrumentos influenciadores estão debaixo do governo soberano do Senhor, do qual dependem para a realização do ministério de preparar outros, tal como fizeram Paulo e Timóteo na Igreja Primitiva:
“e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.”  (II Tim 2.2).
O que Paulo disse a Timóteo neste texto refere-se muito mais do que ao ensino de meras palavras, senão ao preparo de pessoas idôneas para pregarem a verdade do evangelho.
  Este preparo será sempre necessário, porque, como vimos antes, são muitos os inimigos que se levantam contra a pregação e o ensino da Palavra, quer dentro ou fora da Igreja, porque Satanás não está preso ou impedido de agir quer dentro ou fora dos limites da Igreja.
Atos 20.27-31; I Pe 5.2-9 e Ef 6.11, entre outros textos bíblicos, demonstram a necessidade tanto de os pastores estarem preparados, quanto de vigiarem contra as astutas ciladas do diabo, que investirá sempre com grande fúria, não propriamente contra pessoas, mas contra a verdade do evangelho, de forma a anular o testemunho da Igreja na terra.
Por isso, é necessário construir uma defesa qual grande e intransponível muro que nos proteja de sermos privados da pregação e ensino da verdade bíblica, por causa destas astutas investidas do Inimigo.
Devemos estar conscientes que não é principalmente contra nós que ele está continuamente se opondo, mas ao próprio Filho de Deus, para que o Seu nome não seja glorificado na terra.
A Igreja Primitiva demonstrou que estava devidamente esclarecida quanto a esta verdade, e isto nós podemos inferir da oração que fizeram quando Satanás estava conduzindo às prisões e matando a muitos deles:
“Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.”  (At 4.26).
Satanás usa governos, nações inteiras, para tentar impedir o avanço do evangelho.
Neemias não sofreu apenas a oposição de pessoas isoladas, mas daqueles que exerciam governo entre os samaritanos.
Isto ilustra a natureza do ataque que sofremos neste mundo: não é propriamente contra nós, mas contra a causa de Jesus Cristo, que fomos chamados a proclamar e defender.
Para minar a nossa força, Satanás nos acusa com mentiras, tentando nos convencer que somos um povo desprezível e fraco.
Pessoas que estão fora do seu juízo e se dedicando a um sonho impossível.
Ele sopra a dúvida quanto ao caráter da missão de pregar o evangelho em todo o mundo.
Manda cruzarmos os braços porque ou isto já foi feito ou outros estão fazendo melhor do que nós.
Diz que estamos cometendo grande pecado, porque estamos dividindo a Igreja com o nosso zelo e radicalismo.
Que estamos perdendo a nossa vida, que estamos deixando de desfrutar o que há de melhor nela, por causa de nossa atitude deliberada de viver para Deus, pregando e ensinando a Sua Palavra.
Ele tentará nos convencer a todo custo que há muitas verdades.
Que há muitas doutrinas.
E que cada um tem o direito de escolher a que melhor lhe convenha.
E ainda que o testemunho das Escrituras seja contrário a esta mentira diabólica, não é incomum que muitos fiquem paralisados em seus esforços, por se deixarem persuadir por estes argumentos do inferno.
Os que promovem divisões no corpo de Cristo não são os que se desviam dos que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina, mas exatamente estes que criam dissensões e escândalos contra a doutrina dos apóstolos.
A unidade que se viu no povo de Judá nos dias de Neemias foi devida exatamente pelo firme convencimento deles de que a causa do cativeiro de seus pais e deles em Babilônia, havia sido o fato de se desviarem da Palavra de Deus, e agora eles estavam desejosos de reconstruírem a sua vida religiosa, e sabiam que isto não poderia ser feito senão por uma obediência de todos à Palavra do Senhor.
Como poderá a Igreja ter unidade espiritual se lhe faltar esta unidade de fé, que é fé na Palavra de Deus?
Fé, não em qualquer palavra proferida pelos pastores em suas Igrejas, não a palavra de homens, não as doutrinas de demônios, mas aquela mesma boa e antiga verdade que havia sido pregada pelos apóstolos do Senhor.
Sem a firme convicção de que esta Palavra é inteiramente fiel e digna de ser defendida, jamais perseveraremos na sua proclamação, porque são muitos os inimigos que se opõem a isto.
Devemos estar convictos que a força e a segurança da Igreja serão a aflição e a vergonha dos seus inimigos.
Em vez de nos abatermos com os ataques dos nossos inimigos podemos usar isto, com o auxílio da graça do Senhor, para lutarmos ainda mais bravamente pela causa do evangelho, sabendo que nossa missão não é apenas a de salvar almas do inferno, mas de edificá-las na verdade, de modo que Deus possa ser glorificado, conforme é da Sua vontade.
Quando nossos inimigos nos atacarem e zombarem de nós, quanto à obra que estamos fazendo para o Senhor, devemos fazer tal como Neemias, que orou ao Senhor com estas palavras de guerra, tal como haviam feito os cristãos nos dias apostólicos, debaixo da perseguição das autoridades de Israel, pois clamaram ao Senhor para que vindicasse a Sua santidade e poder e subjugasse a todos aqueles que estavam se opondo ao Seu Ungido.
O evangelho é aroma de vida para vida nos que se salvam (por lhe darem boa acolhida), mas é também cheiro de morte para morte nos que se perdem (por lhe resistirem e recusarem).
Não podemos esquecer disto enquanto estamos empenhados na sua proclamação.
A obra de Deus tem duas faces, a saber, salvação e juízo.
Não se pode esconder que aqueles que não creem no Filho de Deus já estão condenados, tal qual o próprio Jesus pregou em Seu ministério terreno.
É com firmeza e determinação que devem ser confrontados os Barjesus, Himeneus, Alexandres e todos os que se levantam contra o conhecimento da verdade e do Filho de Deus, estando nós contudo, com paz, mansidão, longanimidade  e bondade em nossos corações.
E ainda que não oremos propriamente com as mesmas palavras de Neemias, que são inteiramente justificadas na Antiga Dispensação do olho por olho, dente por dente, nós temos muito que aprender do vigor e firmeza com que devemos resistir ao diabo e a todos os instrumentos que ele usa para tentar impedir o avanço do evangelho.
Não amaldiçoaremos os que nos amaldiçoam, não deixaremos de orar pelos nossos perseguidores, não deixaremos de amar os nossos inimigos, mas não permitiremos que eles nos façam decair da nossa firmeza em Cristo.
Não deixaremos de lutar com as armas espirituais da verdade contra tudo o que se levanta contra o conhecimento de Deus.
Não podemos confundir a longanimidade que nos é ordenada para com todos (I Tes 5.14), com falta de convicção, e tibieza de vontade.
Nós devemos ser firmes na defesa da verdade tal como o próprio Deus nos ordena:
“Desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele.” (Mt 11.12).
Como disse Thomas Watson: “A terra será herdada pelos mansos (Mt 5.5); mas o céu, pelos que batalham. A vida cristã é semelhante à vida militar. Cristo é nosso Capitão; o evangelho, nossa bandeira; as graças do Espírito, nossa artilharia espiritual. E o céu somente pode ser conquistado por meio da força. Ninguém vai ao céu, exceto os que batalham por ele.”.
Deste modo, quando debaixo de grandes oposições e perseguições, por causa da verdade que defendemos, devemos nos guardar da tentação de entrar em debates e controvérsias inúteis, e muito mais de abrigarmos ira, rancor ou qualquer outro sentimento negativo em nossos corações, contra aqueles que nos perseguem, porque nos é ordenado orar por eles, e vencermos o mal com o bem.
Estas cruzes nos estão impostas e devemos carregá-las com paciência e gratidão a Deus em nossos corações, por permitir que soframos por amor a Ele, de modo que através destas aflições, nos ensine em que consiste a perseverança cristã e o amor perdoador que está no Seu próprio coração, e que nos foi revelado em Cristo.  
Nossos inimigos nos atacam  por todos os lados, e por isso devemos também montar guardar contra eles em todos os lados.
Mas lembremos que Neemias orou primeiro a Deus, antes de tomar qualquer providência. Esta é a ordem correta. Não devemos agir e depois orar pedindo que Deus abençoe as nossas ações e os nossos projetos.
Oração e vigilância devem sempre caminhar juntos.
Se nós orarmos sem vigilância nos tornamos indolentes e tentamos a Deus; e se vigiamos sem orar, ficamos orgulhosos e fracos, e de alguma maneira viremos a perder a proteção de Deus.
Sabendo que o Inimigo anda em derredor, buscando a quem possa tragar, isto é, que estiver com suas defesas vulneráveis, pela falta de vigilância, o melhor antídoto contra os Seus ataques é permanecermos firmes em nossas posições, de forma que não encontre brechas para nos atacar, por observar o quanto estamos ligados ao Senhor, de modo que todo ataque que desferir contra nós, será para o próprio dano e prejuízo dele, e não propriamente nosso.
Por isso, Neemias dispôs o povo armado de espadas, arcos e lanças em posições estratégicas do muro, e especialmente naquelas em que o muro ainda se encontrava aberto (v. 13).
E uma vez tendo feito isto, não convocou o povo a confiar na própria força deles ou na sua sábia direção, senão totalmente no Senhor, grande e terrível, enquanto pelejassem contra os seus inimigos (v.14).
Os inimigos de Neemias, quando viram que o conselho deles havia sido dissipado, porque os judeus foram avisados pela providência de Deus, com a devida antecedência, desistiram de atacá-los, e assim a obra de reconstrução pôde ter prosseguimento (v. 15).
Neemias fez bem em lembrar aos judeus que não deviam temer os seus inimigos mas ao Deus grande e terrível, porque aqueles que temem a Deus, não temem o que lhes possa fazer o homem.
É importante também aprendermos do exemplo deixado por Neemias, que não é pelo fato de não estarmos sendo atacados por nossos inimigos espirituais, que vamos relaxar na nossa vigilância, prudência e defesa.
Ele não permitiu que a vigilância cessasse até que a obra fosse completada, e certamente esta prosseguiu, mesmo depois da reconstrução do muro ter sido concluída.
Nunca devemos deixar de vigiar por um só instante, porque o Inimigo tomará vantagem sobre nós, se o fizermos.
Não devemos jamais deixar de estarmos revestidos com toda a armadura de Deus, de todas as armas espirituais, quer de ataque, quer de defesa.
O combate da fé em que estamos envolvidos é permanente, e demanda tal cuidado da nossa parte.
Relaxar na defesa implicará em ser enfraquecido na fé.
Enquanto realizamos as nossas tarefas de paz, seja estudando, trabalhando, ou o que for, lembremos sempre que estamos em estado permanente de guerra contra as forças espirituais da maldade, de modo que ao lado da ferramenta que edifica, esteja a espada do Espírito e o escudo da fé.
Neemias teve também o cuidado de manter ao seu lado um trompetista, de forma a convocar o povo para onde fosse necessário, para que se juntando como um só homem, pudessem fazer face a possíveis ataques de seus inimigos, uma vez que estavam bem distanciados uns dos outros, no trabalho que faziam no extenso muro que circundava a cidade de Jerusalém.
Neemias supervisionava a obra com intensa vigilância, de forma a garantir não apenas a sua defesa, como também o seu prosseguimento.
E de igual modo devem fazer todos os que estão encarregados de pastorear o rebanho do Senhor.
Eles devem ser diligentes em garantir que tudo seja feito na Igreja, conforme nos tem sido ordenado por Deus.
Nunca devemos negociar a verdade pela falsa unidade e falsa paz.
Afinal qual é a comunhão que pode existir entre luz e trevas? Entre o a verdade e a falsidade?
Como podemos dar a destra de companhia àqueles que negam a verdade?



“1 Ora, quando Sambalate ouviu que edificávamos o muro, ardeu em ira, indignou-se muito e escarneceu dos judeus;
2 e falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria, dizendo: Que fazem estes fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão sacrifícios? Acabarão a obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?
3 Ora, estava ao lado dele Tobias, o amonita, que disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de pedra.
4 Ouve, ó nosso Deus, pois somos tão desprezados; faze recair o opróbrio deles sobre as suas cabeças, e faze com que eles sejam um despojo numa terra de cativeiro.
5 Não cubras a sua iniquidade, e não se risque de diante de ti o seu pecado, pois que te provocaram à ira na presença dos edificadores.
6 Assim edificamos o muro; e todo o muro se completou até a metade da sua altura; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar.
7 Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios, os amonitas e os asdoditas, que ia avante a reparação dos muros de Jerusalém e que já as brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo;
8 e coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali.
9 Nós, porém, oramos ao nosso Deus, e pusemos guarda contra eles de dia e de noite.
10 Então disse Judá: Desfalecem as forças dos carregadores, e há muito escombro; não poderemos edificar o muro.
11 E os nossos inimigos disseram: Nada saberão nem verão, até que entremos no meio deles, e os matemos, e façamos cessar a obra.
12 Mas sucedeu que, vindo os judeus que habitavam entre eles, dez vezes nos disseram: De todos os lugares de onde moram subirão contra nós.
13 Pelo que nos lugares baixos por detrás do muro e nos lugares abertos, dispus o povo segundo suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos.
14 Olhei, levantei-me, e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Não os temais! Lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai por vossos irmãos, vossos filhos, vossas filhas, vossas mulheres e vossas casas.
15 Quando os nossos inimigos souberam que nós tínhamos sido avisados, e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um para a sua obra.
16 Desde aquele dia metade dos meus moços trabalhavam na obra, e a outra metade empunhava as lanças, os escudos, os arcos, e as couraças; e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.
17 Os que estavam edificando o muro, e os carregadores que levavam as cargas, cada um com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a sua arma;
18 e cada um dos edificadores trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam. E o que tocava a trombeta estava no meu lado.
19 Disse eu aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos separados no muro, longe uns dos outros;
20 em qualquer lugar em que ouvirdes o som da trombeta, ali vos ajuntareis conosco. O nosso Deus pelejará por nós.
21 Assim trabalhávamos na obra; e metade deles empunhava as lanças desde a subida da alva até o sair das estrelas.
22 Também nesse tempo eu disse ao povo: Cada um com o seu moço pernoite em Jerusalém, para que de noite nos sirvam de guardas, e de dia trabalhem.
23 Desta maneira nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me acompanhavam largávamos as nossas vestes; cada um ia com a arma à sua direita.” (Ne 4.1-23).



Neemias 5

Bons Líderes Têm o Temor de Deus

No décimo quinto versículo deste 5º capítulo de Neemias, este apresenta um contraste entre ele e os governantes, que haviam governado os judeus antes dele.
Tudo o que nós vemos de práticas injustas neste capitulo foi decorrente principalmente do mau governo daqueles homens infiéis.
Um mau líder poderá levar todo um povo a se perder.
A estes maus líderes bem se aplica a condenação do apóstolo Tiago que lemos em Tg 2.1-9.
Tal como Davi, que havia governado no temor de Deus (II Sm 23.3), Neemias declarou o motivo porque não havia governado como os demais governantes, que haviam procedido injustamente antes dele, no verso 15 deste capítulo:
“Porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus.” (v. 15).
Veja que é o mesmo motivo que havia sido declarado anteriormente por Davi.
Então o que podemos concluir disso quanto a um governo justo da parte dos pastores sobre suas respectivas Igrejas?
Que eles devem ter o verdadeiro temor de Deus para que possam presidir com justiça.
 Quando qualquer pastor ou líder perde este temor, o que se pode esperar então deles?
A resposta não é mais do que óbvia, por melhores que sejam as suas intenções?
Afinal, não é com boas intenções que se vence as obras da carne, mas por um verdadeiro andar no Espírito, mediante o temor devido ao Senhor.
Quando colocamos Deus diante dos nossos pensamentos, dos nossos olhos, dos nossos julgamentos, então nós pesamos as nossas decisões e palavras.
Todavia, quando isto falta podemos agir por impulsos carnais, movidos por orgulho, cobiça, inveja, ciúme ou qualquer outra obra da carne.
Se deixarmos de andar humildemente com o Senhor, como poderemos ser achados agindo como um Moisés, um Noé, um Daniel, um Paulo, um Pedro, e outros líderes, que agiram segundo o coração de Deus?
 É digno de nota, neste capitulo de Neemias, que Deus trouxe um juízo de carência sobre a terra de Judá, que em vez de produzir arrependimento no povo, e principalmente, nos magistrados de Israel, quanto aos seus pecados, ensejou a exploração dos pobres pelos abastados, cujas terras tomaram para si, e de quem fizeram também escravos e a quem emprestaram dinheiro a juros, contrariando a proibição da Lei de Moisés relativa a tais práticas.
A Lei permitia a venda de propriedades (Lev. 25. 14-16), mas essa venda não podia ser permanente (v. 10, 13).
No entanto, os ricos tinham transgredido a Lei, porque tinham o dever de socorrer a seus irmãos mais pobres em tempos de dificuldades econômicas, mas não de oprimi-los (v. 14, 17).
Neemias, seus parentes próximos e seus seguidores tinham ajudado aos pobres até onde tinham podido (Ne 5.10, 15). Mas os ricos tinham enriquecido ainda mais às expensas de seus compatriotas.
Deus havia trazido os judeus do cativeiro em Babilônia para que fossem agora escravizados pelos seus próprios compatriotas, sendo trazidos novamente debaixo de escravidão? (Gál 5.1; I Cor 7.23).
E o que fez Neemias?
Ficou somente orando?
Fez vistas grossas para o problema esperando que eles se resolvessem entre si?
Não. Ele exigiu restituição e eliminação da prática da exploração sob a ameaça de pena de ser despojado de sua casa e de seus bens, todo aquele que se recusasse a se submeter à ordem que havia sido dada, em comum acordo com os sacerdotes e o povo (v. 12,13).  
Assim, as consequências danosas trazidas pela escassez de recursos, cooperou para o arrependimento do pecado e o retorno à prática da justiça em Judá, porque havia um governante temente a Deus sobre eles, na pessoa de Neemias.
Mas quanto aos maus governantes, deve ser dito que nada expõe mais a religião ao escárnio dos seus inimigos do que o mundanismo e o endurecimento de coração dos seus líderes.
O mau exemplo dos líderes faz com que muitos descaiam de sua firmeza na fé, nem tanto pelo mau exemplo que conseguem observar neles, mas por não serem suas vidas e prática exemplares para o rebanho, de modo que possam aprender a maneira pela qual convém andar na casa de Deus.
Nos versos 14 a 19 Neemias fala da sua generosidade para com o povo nos 12 anos do seu governo. Ele destaca que não cobrou impostos para a sua provisão e dos que governavam com ele.
Como ele possuía o temor de Deus, por isso não oprimiu o povo, e não lhes fez qualquer coisa cruel ou injusta. E não fizera isto para receber o louvor ou a aprovação dos homens, mas por dever de consciência, por causa do temor do Senhor.
 Ele havia se compadecido no exílio da assolação e aflição dos judeus na sua própria terra, e não seria agora como governador que deixaria de estar compadecido deles.
Ele era sensível o suficiente para perceber o grande sofrimento do povo e não ousaria aumentar o fardo deles. Ao contrário, tudo faria para minorar a sua ruína.
 Neemias não procurou a recompensa dos homens, senão somente do Senhor, e isto ele expressou na curta oração que fez no verso 19: “Lembra-te de mim para meu bem, ó meu Deus, e de tudo quanto tenho feito em prol deste povo.”.
Ele não se dirigiu deste modo a Deus em oração porque pensasse ter qualquer merecimento diante de Deus, como se o Senhor tivesse uma dívida para com ele, mas para mostrar que não estava buscando qualquer recompensa dos homens pela sua generosidade, ou para recompor o que ele havia gasto para honrá-lO, porque considerava o favor de Deus a maior e melhor recompensa que poderia ter.



“1 Então se levantou um grande clamor do povo e de duas mulheres contra os judeus, seus irmãos.
2 Pois havia alguns que diziam: Nós, nossos filhos e nossas filhas somos muitos; que se nos dê trigo, para que comamos e vivamos.
3 Também havia os que diziam: Estamos empenhando nossos campos, as nossas vinhas e as nossas casas, para conseguirmos trigo durante esta fome.
4 Havia ainda outros que diziam: Temos tomado dinheiro emprestado até para o tributo do rei sobre os nossos campos e as nossas vinhas.
5 Ora, a nossa carne é como a carne de nossos irmãos, e nossos filhos como os filhos deles; e eis que estamos sujeitando nossos filhos e nossas filhas para serem servos, e algumas de nossas filhas já estão reduzidas à escravidão. Não está em nosso poder evitá-lo, pois outros têm os nossos campos e as nossas vinhas.
6 Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.
7 Então consultei comigo mesmo; depois contendi com os nobres e com os magistrados, e disse-lhes: Estais tomando juros, cada um de seu irmão. E ajuntei contra eles uma grande assembleia.
8 E disse-lhes: Nós, segundo as nossas posses, temos resgatado os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações; e vós venderíeis os vossos irmãos, ou seriam vendidos a nós? Então se calaram, e não acharam o que responder.
9 Disse mais: Não é bom o que fazeis; porventura não devíeis andar no temor do nosso Deus, por causa do opróbrio dos povos, os nosso inimigos?
10 Também eu, meus irmãos e meus moços lhes temos emprestado dinheiro e trigo. Deixemos, peço-vos este ganho.
11 Restituí-lhes hoje os seus campos, as suas vinhas, os seus olivais e as suas casas, como também a centésima parte do dinheiro, do trigo, do mosto e do azeite, que deles tendes exigido.
12 Então disseram: Nós lho restituiremos, e nada lhes pediremos; faremos assim como dizes. Então, chamando os sacerdotes, fi-los jurar que fariam conforme prometeram.
13 Também sacudi as minhas vestes, e disse: Assim sacuda Deus da sua casa e do seu trabalho todo homem que não cumprir esta promessa; assim mesmo seja ele sacudido e despojado. E toda a congregação disse: Amém! E louvaram ao Senhor; e o povo fez conforme a sua promessa.
14 Além disso, desde o dia em que fui nomeado seu governador na terra de Judá, desde o ano vinte até o ano trinta e dois do rei Artaxerxes, isto é, por doze anos, nem eu nem meus irmãos comemos o pão devido ao governador.
15 Mas os primeiros governadores, que foram antes de mim, oprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho e, além disso, quarenta siclos de prata; e até os seus moços dominavam sobre o povo. Porém eu assim não fiz, por causa do temor de Deus.
16 Também eu prossegui na obra deste muro, e terra nenhuma compramos; e todos os meus moços se ajuntaram ali para a obra.
17 Sentavam-se à minha mesa cento e cinquenta homens dentre os judeus e os magistrados, além dos que vinham ter conosco dentre as nações que estavam ao redor de nós.
18 Ora, o que se preparava para cada dia era um boi e seis ovelhas escolhidas; também se preparavam aves e, de dez em dez dias, provisão de toda qualidade de vinho. Todavia, nem por isso exigi o pão devido ao governador, porquanto a servidão deste povo era pesada.
19 Lembra-te de mim para meu bem, ó meu Deus, e de tudo quanto tenho feito em prol deste povo.” (Ne 5.1-19).



Neemias 6

Traições na Própria Casa

Os governantes que estiveram em Judá, antes de Neemias, nos quase sessenta anos depois de Zorobabel, nada haviam feito para tirar o povo de Deus do estado de assolação e aflição em que se encontrava.
Quando Deus dispôs o coração de Neemias para fazer o que nenhum deles havia feito, como é comum ocorrer toda vez que alguém é levantado por Ele para o bem do Seu povo, Satanás também se levanta imediatamente, e move todos os instrumentos que estiver ao seu alcance para se lhe opor.
O diabo estava usando a estratégia de tentar intimidar Neemias, sob a falsa acusação de que queria constituir rei a si mesmo, para rebelar-se contra a Pérsia, conforme vemos neste 6º capítulo de Neemias, que estaremos comentando.
Ele fez isto com Neemias, através dos governadores Sambalate, Tobias e Gesem (v. 1), quando souberam que Neemias já havia reconstruído o muro.
A obra que Deus lhe designara já havia sido concluída, mas o diabo continuaria com os seus ataques, para matar Neemias e assim trazer grande intranquilidade aos judeus.
Dissimuladamente, Sambalate e Gesem convidaram Neemias, por cinco vezes consecutivas, para que viesse lhes fazer uma visita de cortesia, mas Neemias discerniu que intentavam lhe fazer mal (v.2), e se limitou a lhes responder que não poderia abandonar os seus afazeres (v. 3).  
Como receberam a mesma resposta de Neemias, por quatro vezes; na quinta, Sambalate lhe enviou um mensageiro com uma carta lhe infamando, e lhe acusando de que queria se revoltar fazendo-se rei dos judeus, e que para tanto havia constituído profetas em Jerusalém para proclamá-lo rei (v. 7).
Neemias se limitou a lhe responder que estava mentindo, e dizendo coisas que havia inventado (v. 8).
E como viu que apertavam contra ele com insinuações satânicas, para atemorizá-lo, também orou a Deus que fortalecesse as suas mãos para prosseguir na realização da obra, para a qual havia sido comissionado (v. 9).
Não tendo conseguido intimidar Neemias por esta maneira, avançaram com suas estratégias por inspiração diabólica, subornando um profeta chamado Semaías, que estando com Neemias em sua casa, o convidou a ser refugiar com ele no interior do templo de Jerusalém, porque soube que havia um plano para matá-lo naquela noite.
Pela natureza da mensagem propriamente dita, Neemias concluiu, segundo o conhecimento que possuía da Lei de Moisés, que a profecia era falsa, e que o profeta havia permitido ser subornado pelos inimigos de Deus, a saber, por Sambalate e Tobias, para fazer a vontade do diabo (v.10-12).
O propósito deste ataque através de Semaías foi discernido por Neemias, que afirmou que eles lhe haviam subornado para atemorizá-lo, e que agindo por medo e precipitadamente, entrando na área sagrada do templo, o seu nome seria infamado e vituperado (v. 13).
Mas qual seria o ganho do Inimigo com isto?
Total, porque ele seria acusado de não respeitar a Lei de Moisés e de não ter o temor do Senhor, e assim tudo o que ele vinha fazendo em Judá seria desacreditado.
Não foi somente o profeta Semaías que se deixou corromper, como também uma profetisa de nome Noadis e outros profetas, que debandaram para o lado de Tobias e Sambalate (v. 13,14).
Todavia, a par de toda oposição que Neemias havia sofrido, concluiu a obra de reconstrução do muro em apenas 52 dias, o que fez com que todos os povos inimigos viessem a temer e a se abater, porque viram que a mão miraculosa do Senhor estivera naquilo (v. 15,16).
A recompensa que Neemias teve é a mesma que têm todos os que perseveram e permanecem firmes na fé, no cumprimento da visão que Deus lhes deu, em meio a todo o tipo de oposição do inferno que possam vir a sofrer.
 E para finalizar, quanto a esta não incrível nem surpreendente coincidência que há entre a oposição que Neemias sofreu e a que sofrem todos aqueles que estão fazendo efetivamente uma obra debaixo de comissão divina, porque será sempre esta a regra e nunca a exceção, nós vemos nos versos 17 a 19, que os próprios nobres judeus, que estavam cooperando com Neemias no governo, simulavam diante dele que havia bondade em Tobias, porque estava aparentado com os judeus, por ter casado com a filha do sacerdote Secanias, e o filho de Tobias também havia se casado com uma judia (v. 18).
O argumento do laço familiar e de amizade estava sendo invocado para sobrepujar o laço da verdade e da manutenção da obediência à vontade de Deus.
Neemias não se deixou persuadir pelo argumento deles porque bem sabia o que é a natureza humana, que sempre considera as coisas segundo os homens e nunca segundo Deus.
O próprio Pedro foi repreendido por Jesus quando permitiu que Satanás o influenciasse, como vemos em  Mt 16.23.
  Deste modo, não foram poucas as cartas que os nobres de Judá enviaram a Tobias, e este enviou muitas cartas a eles.
Contudo quais eram as “boas ações” de Tobias às quais Neemias se referiu ironicamente no verso 19?
O nome Tobias significa Bondade de Jeová.
Por isso Neemias usou de uma ironia usando o próprio nome dele, porque qual é a bondade que pode haver nas palavras, quando o intento do coração é o de nos intimidar e atemorizar, tal como se dava no caso de Tobias em relação a Neemias? (v. 19).
Não importa pois quão doces sejam as palavras de elogio que nos dirigem, se isto tem por alvo encobrir a verdadeira intenção do coração de quem as profere de não somente nos ferir, e dissimular a ferida, mas sobretudo, infamar o nosso bom nome, de modo que a obra que Deus intentava fazer através de nós venha a ser prejudicada por conseguirem nossos inimigos nos infamarem e desacreditarem diante das pessoas, levando-as a crer que somos traidores, pessoas desleais e rebeldes.



“1 Quando Sambalate, Tobias e Gesem, o arábio, e o resto dos nossos inimigos souberam que eu já tinha edificado o muro e que nele já não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais,
2 Sambalate e Gesem mandaram dizer-me: Vem, encontremo-nos numa das aldeias da planície de Ono. Eles, porém, intentavam fazer-me mal.
3 E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer. Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?
4 Do mesmo modo mandaram dizer-se quatro vezes; e do mesmo modo lhes respondi.
5 Então Sambalate, ainda pela quinta vez, me enviou o seu moço com uma carta aberta na mão,
6 na qual estava escrito: Entre as nações se ouviu, e Gesem o diz, que tu e os judeus intentais revoltar-vos, e por isso tu estás edificando o muro, e segundo se diz, queres fazer-te rei deles;
7 e que constituíste profetas para proclamarem a respeito de ti em Jerusalém: Há rei em Judá. Ora, estas coisas chegarão aos ouvidos do rei; vem pois, agora e consultemos juntamente.
8 Então mandei dizer-lhe: De tudo o que dizes, coisa nenhuma sucedeu, mas tu mesmo o inventas.
9 Pois todos eles nos procuravam atemorizar, dizendo: As suas mãos hão de largar a obra, e não se efetuará. Mas agora, ó Deus, fortalece as minhas mãos.
10 Fui à casa de Semaías, filho de Delaías, filho de Meetabel, que estava em recolhimento; e disse ele: Ajuntemo-nos na casa de Deus, dentro do templo, e fechemos as suas portas, pois virão matar-te; sim, de noite virão matar-te.
11 Eu, porém, respondi: Um homem como eu fugiria? e quem há que, sendo tal como eu, possa entrar no templo e viver? De maneira nenhuma entrarei.
12 E percebi que não era Deus que o enviara; mas ele pronunciou essa profecia contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o haviam subornado.
13 Eles o subornaram para me atemorizar, a fim de que eu assim fizesse, e pecasse, para que tivessem de que me infamar, e assim vituperassem.
14 Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias, e dos demais profetas que procuravam atemorizar-me.
15 Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco do mês de elul, em cinquenta e dois dias.
16 Quando todos os nosso inimigos souberam disso, todos os povos que havia em redor de nós temeram, e abateram-se muito em seu próprio conceito; pois perceberam que fizemos esta obra com o auxílio do nosso Deus.
17 Além disso, naqueles dias o nobres de Judá enviaram muitas cartas a Tobias, e as cartas de Tobias vinham para eles.
18 Pois muitos em Judá estavam ligados a ele por juramento, por ser ele genro de Secanias, filho de Ará, e por haver seu filho Joanã casado com a filha de Mesulão, filho de Berequias.
19 Também as boas ações dele contavam perante mim, e as minhas palavras transmitiam a ele. Tobias, pois, escrevia cartas para me atemorizar.” (Ne 6.1-19).


Neemias 7

Restauração da Cidadania Judaica

Depois de ter concluído a restauração do muro, Neemias organizou e restaurou o serviço de adoração com a designação de porteiros, cantores e levitas conforme vemos no 7º capítulo do seu livro (v.1).
E por prefeitos da cidade de Jerusalém nomeou seu irmão Hanâni, e um outro Hananias de quem declarou ser homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos (v.2).
Homens piedosos têm o cuidado de nomear líderes também piedosos, para conduzir o povo do Senhor.
Este mesmo critério foi observado pelos apóstolos (II Tim 2.2; I Tim 3.1-13; At 6.3).
De homens que são designados para cargos seculares exige-se honestidade, mas isto não é suficiente para quem é designado para o serviço de Deus, pois importa que seja santo e irrepreensível.
A Igreja sempre demandou ser dirigida por uma rede de pastores preparados, homens segundo o coração de Deus, que apascentem o Seu rebanho, com conhecimento e com inteligência (Jer 3.15).
Porque se o Senhor não estiver efetivamente no comando da vida destes pastores, de que adiantará vigiarem a cidade espiritual de suas vidas e dos que estão debaixo do seu governo, se o Senhor não guardá-la?
Não serão sentinelas inúteis já que o Senhor não é com eles?
Daí o conselho dado a Josué para meditar na Palavra dia e noite, para que prosperasse nos projetos de Deus, designados para o Seu povo.
Esta regra não mudou para os ministros do evangelho.
Se a palavra do Senhor não habitar ricamente neles, de quem eles serão representantes?
De si mesmos?
De suas ideias pessoais e particulares?
A citação do verso 4: “Ora, a cidade era larga e grande, mas o povo dentro dela era pouco, e ainda as casas não estavam edificadas.”, não significa que não houvesse nenhuma casa em Jerusalém.
Significa que, em proporção com o tamanho da cidade, tinham sido reconstruídas, comparativamente, poucas casas e ainda havia muito espaço desocupado, no qual podia se construir.
Quando Neemias chegou a Jerusalém, encontrou o templo restaurado, mas a maior parte da cidade ainda estava em ruínas.
O novo Estado era basicamente um país agrícola e tinha prosseguido sem uma verdadeira capital.
Agora a cidade tinha muros e era um lugar seguro para residir e apropriado para ser capital do país.
O problema que enfrentava Neemias era duplo: induzir o povo a viver na cidade e lhe proporcionar ali moradias.
Para povoar a cidade, Deus pôs no coração de Neemias que fizesse um censo, para conhecer a população da cidade e do campo.
E ele deu o primeiro passo neste sentido consultando o livro de genealogias dos que haviam subido com Zorobabel, cujo registro se encontra nos versos 6 a 73, que corresponde à relação registrada em Esdras 2.1-70.




“1 Ora, depois que o muro foi edificado, tendo eu assentado as portas, e havendo sido designados os porteiros, os cantores e os levitas,
2 pus Hanâni, meu irmão, e Hananias, governador do castelo, sobre Jerusalém; pois ele era homem fiel e temente a Deus, mais do que muitos;
3 e eu lhes disse: Não se abram as portas de Jerusalém até que o sol aqueça; e enquanto os guardas estiverem nos postos se fechem  e se tranquem as portas; e designei dentre os moradores de Jerusalém guardas, cada um por seu turno, e cada um diante da sua casa.
4 Ora, a cidade era larga e grande, mas o povo dentro dela era pouco, e ainda as casas não estavam edificadas.
5 Então o meu Deus me pôs no coração que ajuntasse os nobres, os magistrados e o povo, para registrar as genealogias. E achei o livro da genealogia dos que tinham subido primeiro e achei escrito nele o seguinte:
6 Este são os filhos da província que subiram do cativeiro dentre os exilados, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, transportara e que voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade,
7 os quais vieram com Zorobabel, Jesuá, Neemias, Azarias, Raamias, Naamâni, Mordecai, Bilsã, Misperete, Bigvai, Neum e Baaná. Este é o número dos homens do povo de Israel:
8 foram os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois;
9 os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois;
10 os filhos de Ará, seiscentos e cinquenta e dois;
11 os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesuá e de Joabe, dois mil oitocentos e dezoito;
12 os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro;
13 os filhos de Zatu, oitocentos e quarenta e cinco;
14 os filhos de Zacai, setecentos e sessenta;
15 os filhos de Binuí, seiscentos e quarenta e oito;
16 os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e oito;
17 os filhos de Azgade, dois mil trezentos e vinte e dois;
18 os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e sete;
19 os filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete;
20 os filhos de Adim, seiscentos e cinquenta e cinco;
21 os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito;
22 os filhos de Hasum, trezentos e vinte e oito;
23 os filhos de Bezai, trezentos e vinte e quatro;
24 os filhos de Harife, cento e doze;
25 os filhos de Gibeão, noventa e cinco;
26 os filhos de Belém e de Netofá, cento e oitenta e oito;
27 os homens de Anatote, cento e vinte e oito;
28 os homens de Bete-Azmavete, quarenta e dois;
29 os homens de Quiriate-Jeriam, de Cefira, e de Beerote, setecentos e quarenta e três;
30 os homens de Ramá e Gaba, seiscentos e vinte e um;
31 os homens de Micmás, cento e vinte e dois;
32 os homens de Betel e Ai, cento e vinte e três;
33 os homens do outro Nebo, cinquenta e dois;
34 os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro;
35 os filhos de Harim, trezentos e vinte;
36 os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco;
37 os filhos de Lode, de hadide e de Ono, setecentos e vinte e um;
38 os filhos de Senaá, três mil novecentos e trinta.
39 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Jesuá, novecentos e setenta e três;
40 os filhos de Imer, mil e cinquenta e dois;
41 os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete;
42 os filhos de Harim, mil e dezessete;
43 Os levitas: os filhos de Jesuá, de Cadmiel, dos filhos de Hodevá, setenta e quatro.
44 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e quarenta e oito.
45 Os porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, cento e trinta e oito.
46 Os netinis: os filhos de Ziá, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote,
47 os filhos de Querós, os filhos de Siá, os filhos de Padom,
48 os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Salmai,
49 os filhos de Hanã, os filhos de Gidel, os filhos de Gaar,
50 os filhos de Recaías, os filhos de Rezim, os filhos de Necoda,
51 os filhos de Gazão, os filhos de Uzá, os filhos de Paseia,
52 os filhos de Besai, os filhos de Meunim, os filhos de Nefusesim,
53 os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Hacur,
54 os filhos de Bazlite, os filhos de Meída, os filhos de Harsa,
55 os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Tamá,
56 os filhos de Nezias, os filhos de Hatifa,
57 os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soforete, os filhos de Perida,
58 os filhos de Jaala, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,
59 os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Paquerete-Hazebaim e os filhos de Amom.
60 Todos os netinins e os filhos dos servos de Salomão, eram trezentos e noventa e dois.
61 Estes foram os que subiram de Tel-Mela, Tel-Harsa, Querube, Adom, e Imer; porém não puderam provar que as suas casas paternas e as sua linhagem eram de Israel:
62 os filhos de Dalaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e quarenta e dois.
63 E dos sacerdotes: os filhos de Hobaías, os filhos Hacoz, os filhos de Barzilai, que tomara por mulher uma das filhas Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do seu nome.
64 Estes buscaram o seu registro entre os arrolados nos registros genealógicos, mas não foi encontrado; pelo que, tidos por imundos, foram excluídos do sacerdócio.
65 E o governador lhes disse que não comesse das coisas sagradas, até que se levantasse um sacerdote com Urim e Tumim.
66 Toda esta congregação junta somava quarenta e dois mil trezentos e sessenta;
67 afora os seus servos e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; e tinham duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras.
68 Os seus cavalos foram setecentos e trinta e seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco;
69 os seus camelos, quatrocentos e trinta e cinco; e os seus jumentos, seis mil setecentos e vinte.
70 Ora, alguns dos cabeças das casas paternas contribuíram para a obra. O governador deu para a tesouraria mil dáricos de ouro, cinquenta bacias, e quinhentas e trinta vestes sacerdotais.
71 E alguns dos cabeças das casas paternas deram para a tesouraria da obra vinte mil dáricos de ouro, e duas mil e duzentas minas de prata.
72 O que o resto do povo deu foram vinte mil dáricos de ouro, duas mil minas de prata, e sessenta e sete vestes sacerdotais.


73 Os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os cantores, alguns dentre o povo, os netinins e todo o Israel habitaram nas suas cidades. Quando chegou o sétimo mês, já se achavam os filhos de Israel nas suas cidades.” (Ne 7.1-73).


Neemias 8

Restauração da Vida Religiosa dos Judeus

Nós vemos no oitavo capítulo de Neemias, o solene ajuntamento dos israelitas no primeiro dia do mês sétimo (o de Tisri), no templo em Jerusalém (v. 2), o qual era ordenado pela Lei de Moisés, conforme se vê em Lev 23.24,25.
No décimo dia deste mesmo sétimo mês estava ordenado pela Lei o dia da expiação, no qual o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos pecados do povo, para cobertura destes pecados, por mais um ano.
Em hebraico o nome desse dia é Yom Kippur, e hoje é chamado de Dia do Perdão, como se lê em Lev 23.27.
A Festa dos Tabernáculos começava no 15º dia deste mesmo sétimo mês, e durava uma semana, conforme vemos em Lev 23.34-36; 39-43.
As festas fixas religiosas de Israel (Sábado, Páscoa, Primícias, Pentecostes e Tabernáculos) eram anúncios proféticos das coisas que se realizariam por meio de Cristo, especialmente em relação à Igreja, e por isso eram designadas como santas convocações (v.2).
Elas apontavam para a reunião de Cristo com o Seu povo.
O sábado (v. 3) representava o descanso dos cristãos no Seu Deus. E profeticamente sinalizava para aquele grande dia em que o Senhor descansará do trabalho da nova criação, que está realizando por meio de Cristo, e especialmente pela conversão dos pecadores, para habitarem com Ele num descanso que adentrará a eternidade.
Como veremos adiante, é interessante observar que há uma conexão entre todas estas festas instituídas pelo Senhor.
A festa das primícias, em que deveriam ser apresentados no tabernáculo um molho da primeira colheita de trigo feita na terra de Canaã (Êx 34.22). E esta primeira colheita deveria ser consagrada ao Senhor para que os israelitas fossem aceitos por Ele.
Evidentemente isto aponta em figura para Cristo, porque Ele é a primícia da nova criação, e particularmente do povo de Deus.
Sem que Ele se oferecesse ao Pai como representante de toda a colheita, ninguém poderia ser aceito como filho de Deus. E é importante frisar que esta oferta deveria ser feita num domingo (v. 12), que foi o dia em que Jesus ressuscitou como sinal da aceitação pelo Pai da Sua obra de redenção dos pecadores (I Cor 15.20, 23).  
Evidentemente, este primeiro fruto da terra de Canaã seria apresentado no ano em que os israelitas entrassem na terra e a cultivassem, e isto aponta também de modo muito específico para o sacrifício de Jesus, que seria uma única oferta, feita num determinado dia, e que determinaria para sempre a aceitação do Seu povo pelo Pai (Hb 9.28; 10.14).
Mas, para representar a primeira colheita que seria feita pelo Espírito Santo, que seria derramado no dia de Pentecostes, iniciando a Sua obra de salvação dos pecadores em todo o mundo, a partir daquele primeiro domingo em Jerusalém, quando veio revestir de poder os primeiros discípulos, para começarem a ganhar pessoas em todo o mundo para Cristo a partir deles e daquele dia, foi designada a festa de Pentecostes, que caía sempre num domingo (Lev 23.15-21), que tinha o nome de festa das semanas (Êx 34.22; Dt 16.10; II Cr 8.13)  ou da sega dos primeiros frutos (Êx 23.16).
A celebração do Pentecostes seria feita cinquenta dias após a Páscoa. Contando-se sete semanas a partir do domingo em que havia sido oferecida a oferta das primícias. O Pentecostes caía então também num domingo e deveria ser celebrado todos os anos num domingo, contado a partir do de Páscoa.    
Em Lev 23.24,25 é ordenado que no primeiro dia do sétimo mês deveria ser feita uma solene convocação da nação com sonidos de trombeta, e nenhuma obra deveria ser feita neste dia, ou seja, ele seria um feriado nacional, pela importância da expiação que se faria naquele mês no décimo dia, e a festa dos tabernáculos a partir do décimo quinto dia, que seria celebrada durante sete dias.
E é a obediência a estas ordenanças da Lei que nós temos relatado aqui no livro de Neemias.
Foi feita uma exposição da Lei por Esdras e pelos levitas relacionados neste capítulo de Neemias (v.7), desde a aurora até o meio dia do primeiro dia da festa dos tabernáculos (v.3) e é dito que a leitura foi feita em forma de exposição da Palavra, isto é, como uma pregação em que o sentido da Lei era explicado ao povo, de maneira que a pudessem entender (v. 8, 12).
Deus havia dado habilidade e autoridade a Esdras para expor as Escrituras, e o povo não somente reconheceu esta habilidade e autoridade, como também lhe deram a oportunidade de ler para eles o livro da Lei durante os sete dias da festa dos tabernáculos (v. 18).
Esdras era escriba e sacerdote, mas a sua autoridade não decorria meramente destes ofícios, mas da sua comunhão com Deus que era resultante, por sua vez, da sua aplicação em meditar, honrar e praticar a Palavra.
Quando foi feita a exposição da Palavra por Esdras, o povo começou a chorar, porque a Lei mostra aos homens os seus pecados, a sua miséria e o perigo a que estão expostos, por causa do pecado, e há maldições contra todos os que não cumprirem tudo o que a Lei ordena.
Então eles choraram ao pensarem no quanto tinham ofendido a Deus, pela transgressão voluntária da Sua Lei, e por se verem culpados diante dEle.
Mas a própria Lei ordenava que na festa das trombetas do primeiro dia do sétimo mês, e durante todos os dias da festa dos tabernáculos, houvesse somente alegria e não tristeza perante o Senhor.
Por isso Esdras, Neemias e os levitas que estavam com eles exortaram o povo a se alegrar em vez de chorar de tristeza.
No segundo dia do mês sétimo, que não era um dia sagrado, as pessoas procuraram Esdras para continuarem meditando na Lei com ele, e revelaram o seu desejo de celebrarem a festa dos tabernáculos, porque viram que ela era exigida pela Lei.
Eles demonstraram desta forma que não somente tinham ouvido a Lei, mas que estavam dispostos a honrarem ao Senhor mediante cumprimento da Sua Palavra.
Desta forma, este capitulo e os seguintes do livro de Neemias nos ensinam que depois de enfrentarmos duras oposições para estabelecer a obra específica que Deus tenha colocado em nossas mãos, haverá um período de paz para adorarmos o Seu nome com grande comunhão e alegria, porque o próprio Senhor ordenará esta alegria e paz a nosso respeito, conforme está ilustrado na Lei relativamente à festa dos tabernáculos.
A nossa festa dos tabernáculos que adentrará pela eternidade, em que teremos somente pura alegria juntamente com o Filho de Deus, nas muitas moradas que ele nos preparou, se apressa a chegar e não falhará.




“1 Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta das águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha ordenado a Israel.
2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com entendimento, no primeiro dia do sétimo mês.
3 E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.
4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram para esse fim e estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Ananías, Urias, Hilquias e Maaseias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e Mesulão.
5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo (pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.
6 Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando as mãos, respondeu: Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.
7 Também Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube; Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias, Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas explicavam ao povo a lei; e o povo estava em pé no seu lugar.
8 Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de modo que se entendesse a leitura.
9 E Neemias, que era o governador, e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei.
10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa força.
11 Os levitas, pois, fizeram calar todo o povo, dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.
12 Então todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar porções, e para fazer grande regozijo, porque tinha entendido as palavras que lhe foram referidas.
13 Ora, no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças das casas paternas de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, na presença de Esdras, o escriba, para examinarem as palavras da lei;
14 e acharam escrito na lei que o Senhor, por intermédio de Moisés, ordenara que os filhos de Israel habitassem em cabanas durante a festa do sétimo mês;
15 e que publicassem e fizessem passar pregão por todas as suas cidades, e em ramos de oliveiras, de zambujeiros e de murtas, folhas de palmeiras, e ramos de outras árvores frondosas, para fazerdes cabanas, como está escrito.
16 Saiu, pois, o povo e trouxe os ramos; e todos fizeram para si cabanas, cada um no eirado da sua casa, nos seus pátios, nos átrios da casa de Deus, na praça da porta das águas, e na praça da porta de Efraim.
17 E toda a comunidade dos que tinham voltado do cativeiro fez cabanas, e habitaram nelas; pois não tinham feito assim os filhos de Israel desde os dias de Josué, filho de Num, até aquele dia. E houve mui grande regozijo.
18 E Esdras leu no livro da lei de Deus todos os dias, desde o primeiro até o último; e celebraram a festa por sete dias, e no oitavo dia houve uma assembleia solene, segundo a ordenança.” (Ne 8.1-18).


Neemias 9

Voto de Fidelidade ao Senhor

Depois de terem concluído todas as ordenanças da Lei relativas às festividades do sétimo mês, os israelitas separaram o 24º dia daquele mês, para jejuarem e se vestirem de sacos e com terra sobre suas cabeças, para demonstrarem a sua pública humilhação perante o Senhor, conforme vemos no nono capítulo de Neemias (v. 1).
Eles haviam se apartado das iniquidades e dos costumes pagãos das nações ao seu redor para confessarem os pecados e as iniquidades de seus pais, que tanto haviam ofendido ao Senhor no passado, e que deu ocasião ao seu cativeiro (v. 2).
Durante uma quarta parte do dia leram a Lei de Moisés, e numa segunda quarta parte fizeram confissão de pecados e adoraram ao Senhor (v. 3).
No passado, os judeus dividiam o dia em quatro partes, sendo que cada uma das quais tinha três horas.
Nós vemos no Novo Testamento um divisão similar das horas da noite (Mc 5.48; 13.35 etc).
A referência aos degraus dos levitas no verso 4 é sem dúvida uma descrição do estrado ou púlpito referido em Ne 8.4, sobre o qual Esdras havia feito a exposição da Lei.
Os levitas clamaram, e conclamaram o povo a louvar ao Senhor, e também fizeram a bela oração dos versos 6 a 38, em forma de declaração formal na qual passaram em revista a história de Israel, de maneira que este registro fosse selado como um memorial de que firmariam um acordo mútuo de não se desviarem da Lei do Senhor, tal qual os seus pais haviam feito, e que havia dado ocasião a toda a angústia, desolação e aflições que eles passaram a ter tanto no exílio quanto na sua própria terra.
A declaração que selaram em comum acordo ressalta, conforme podemos ver nos versos 6 a 38, tanto a misericórdia e bondade de Deus para Israel, quanto os seus justos juízos, que trouxe sobre eles por causa da transgressão dos Seus mandamentos.
Deste modo, o intuito daquela declaração era bem claro em apontar para a necessidade de uma estrita obediência dos mandamentos do Senhor, para que Israel tivesse um viver abençoado.
Ninguém se apresse em dar por encerrada uma obra que Deus começou, porque foi impedida de ter prosseguimento em determinada ocasião ou lugar.
Israel não havia sido rejeitado por Ele, apesar de ter permanecido setenta anos no cativeiro em Babilônia, não por causa da bondade deles, mas em razão da promessa que Deus havia feito aos patriarcas, de ser o Deus de Israel para sempre.
De igual modo, toda obra que traz este selo da promessa de Deus para ela, terá na própria promessa do Senhor a garantia da sua continuidade, por mais que os homens se levantem contra ela.
Não foi o caso que se deu com Neemias com a reconstrução do muro de Jerusalém?
Os inimigos que se levantaram em fúria contra ele conseguiram impedir a realização da obra?
Este nono capítulo de Neemias nos traz à lembrança o dever de andarmos em santidade perante o Senhor.
A obra que Ele deseja fazer é muito mais em nós do que através de nós.
Não há nenhum sentido estarmos empenhados em muitas coisas a pretexto de ser a Seu serviço, se o nosso coração não está sendo purificado pela graça, e se não temos nos apartado de tudo o que se refere às obras da carne e ao mundo.
 Tal como os profetas de Israel, cujo ministério era o de trazer, pelo Espírito Santo, as pessoas de volta para Deus (v. 30), a finalidade dos ministros do evangelho é a mesma, a saber, conduzir as pessoas a Jesus Cristo e ao Seu jugo, e não a nós mesmos e ao nosso jugo.
Não é à nossa lei que devemos trazê-las, mas à Lei do Senhor.
O testemunho dos profetas era o testemunho do Espírito através deles, era o Espírito de Cristo neles (I Pe 1.10,11).
Eles falaram movidos pelo Espírito Santo.
Deus deu ao povo de Israel o Espírito Santo para ensiná-los, porque as coisas de Deus não podem ser discernidas adequadamente, senão pelo Espírito (v. 20).
Mas Israel resistiu como nação àquela instrução do Espírito, e Deus testemunhou contra eles pelo mesmo Espírito, através dos profetas.
Se não nos submetemos à Palavra de Deus, que nos foi dada para nos ensinar e governar, esta mesma Palavra nos julgará.




“1 Ora, no dia vinte e quatro desse mês, se ajuntaram os filhos de Israel em jejum, vestidos de sacos e com terra sobre as cabeças.
2 E os da linhagem de Israel se apartaram de todos os estrangeiros, puseram-se em pé e confessaram os seus pecados e as iniquidades de seus pais.
3 E, levantando-se no seu lugar, leram no livro da lei do Senhor seu Deus, uma quarta parte do dia; e outra quarta parte fizeram confissão, e adoraram ao Senhor seu Deus.
4 Então Jesuá, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni, Serebias, Bani e Quenâni se puseram em pé sobre os degraus dos levitas, e clamaram em alta voz ao Senhor seu Deus.
5 E os levitas Jesuá, Cadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías disseram: Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade. Bendito seja o teu glorioso nome, que está exaltado sobre toda benção e louvor.
6 Tu, só tu, és Senhor; tu fizeste o céu e o céu dos céus, juntamente com todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela existe, os mares e tudo quanto neles já, e tu os conservas a todos, e o exército do céu te adora.
7 Tu és o Senhor, o Deus que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão;
8 e achaste o seu coração fiel perante ti, e fizeste com ele o pacto de que darias à sua descendência a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos perizeus, dos jebuseus e dos girgaseus; e tu cumpriste as tuas palavras, pois és justo.
9 Também viste a aflição de nossos pais no Egito, e ouviste o seu clamor junto ao Mar Vermelho;
10 e o operaste sinais e prodígios contra Faraó; e contra todos os seus servos, e contra todo o povo da sua terra;  pois sabias com que soberba eles os haviam tratado;  e assim adquiriste renome, como hoje se vê.
11 Fendeste o mar diante deles, de modo que passaram pelo meio do mar, em seco;  e lançaste os seus perseguidores nas profundezas, como uma pedra nas águas impetuosas.
12 Além disso tu os guiaste de dia por uma coluna de nuvem e de noite por uma coluna de fogo, para os alumiares no caminho por onde haviam de ir.
13 Desceste sobre o monte Sinai, do céu falaste com eles, e lhes deste juízos retos e leis verdadeiras, bons estatutos e mandamentos;
14 o teu santo sábado lhes fizeste conhecer;  e lhes ordenaste mandamentos e estatutos e uma lei, por intermédio de teu servo Moisés.
15 Do céu lhes deste pão quando tiveram fome, e da rocha fizeste brotar água quando tiveram sede;  e lhes ordenaste que entrassem para possuir a terra que com juramento lhes havias prometido dar.
16 Eles, porém, os nossos pais, se houveram soberbamente e endureceram a cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos,
17 recusando ouvir-te e não se lembrando das tuas maravilhas, que fizeste no meio deles; antes endureceram a cerviz e, na sua rebeldia, levantaram um chefe, a fim de voltarem para sua servidão.  Tu, porém, és um Deus pronto para perdoar, clemente e misericordioso, tardio em irar-te e grande em beneficência, e não os abandonaste.
18 Ainda mesmo quando eles fizeram para si um bezerro de fundição, e disseram: Este é o teu Deus, que te tirou do Egito, e cometeram grandes blasfêmias,
19 todavia tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os abandonaste no deserto. A coluna de nuvem não se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a coluna de fogo de noite, para lhes alumiar o caminho por onde haviam de ir.
20 Também lhes deste o teu bom Espírito para os ensinar, e o teu maná não retiraste da sua boca, e água lhes deste quando tiveram sede.
21 Sim, por quarenta anos os sustentaste no deserto;  não lhes faltou coisa alguma;  a sua roupa não envelheceu, e o seus pés não se incharam.
22 Além disso lhes deste reinos e povos, que lhes repartiste em porções;  assim eles possuíram a terra de Siom, a saber;  a terra do rei de Hesbom, e a terra de Ogue, rei de Basã.
23 Outrossim multiplicaste os seus filhos como as estrelas do céu, e os introduziste na terra de que tinhas dito a seus pais que nela entrariam para a possuírem.
24 Os filhos, pois, entraram e possuíram a terra; e abateste perante eles, os moradores da terra, os cananeus, e lhos entregaste nas mãos, como também os seus reis, e os povos da terra, para fazerem deles conforme a sua vontade.
25 Tomaram cidades fortificadas e uma terra fértil, e possuíram casas cheias de toda sorte de coisas boas, cisternas cavadas, vinhas e olivais, e árvores frutíferas em abundância; comeram, pois, fartaram-se e engordaram, e viveram em delícias, pela tua grande bondade.
26 Não obstante foram desobedientes, e se rebelaram contra ti; lançaram a tua lei para trás das costas, e mataram os teus profetas que protestavam contra eles para que voltassem a ti; assim cometeram grandes provocações.
27 Pelo que os entregaste nas mãos dos seus adversários, que os afligiram; mas no templo da sua angústia, quando eles clamaram a ti, tu os ouviste do céu; e segundo a multidão das tuas misericórdias lhes deste libertadores que os libertaram das mãos de seus adversários.
28 Mas, tendo alcançado repouso, tornavam a fazer o mal diante de ti,; portanto tu os deixavas nas mãos dos seus inimigos, de modo que estes dominassem sobre eles; todavia quando eles voltavam e clamavam a ti, tu os ouvias do céu, e segundo a tua misericórdia os livraste muitas vezes;
29 e testemunhaste contra eles, para os fazerdes voltar para a tua lei; contudo eles se houveram soberbamente, e não  deram ouvidos aos teus mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos, pelos quais viverá o homem que os cumprir; viraram o ombro, endureceram a cerviz e não quiseram ouvir.
30 Não obstante, por muitos anos os aturaste, e testemunhaste contra eles pelo teu Espírito, por intermédio dos teus profetas; todavia eles não quiseram dar ouvidos; pelo que os entregaste nas mãos dos povos de outras terras.
31 Contudo pela tua grande misericórdia não os destruíste de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso.
32 Agora, pois, ó nosso Deus, Deus grande, poderoso e temível, que guardas o pacto e a beneficência, não tenhas em pouca conta toda a aflição que nos alcançou  a nós, a nossos reis, a nossos príncipes, a nossos sacerdotes, a nossos profetas, a nossos pais e a todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assíria até o dia de hoje.
33 Tu, porém, és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; pois tu fielmente procedeste, mas nós perversamente.
34 Os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não têm guardado a tua lei, nem têm dado ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, com que testificaste contra eles.
35 Porque eles, no seu reino, na muita abundância de bens que lhes deste, na terra espaçosa e fértil que puseste diante deles, não te serviram, nem se converteram de suas más obras.
36 Eis que hoje somos escravos; e quanto à terra que deste a nossos pais, para comerem o seu fruto e o seu bem, eis que somos escravos nela.
37 E ela multiplica os seus produtos para os reis que puseste sobre nós por causa dos nossos pecados; também eles dominam sobre os nossos corpos e sobre o nosso gado como bem lhes apraz, e estamos em grande angústia.


38 Contudo, por causa de tudo isso firmamos um pacto e o escrevemos; e selam-no os nossos príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes.” (Ne 9.1-38).



Neemias 10

Só a Graça Vence o Pecado

O acordo que os judeus selaram sob Neemias na presença de Deus, tendo um grupo de sacerdotes e levitas como seus representantes, que o assinaram, é melhor detalhado neste décimo capítulo, pelo qual, deliberações práticas foram tomadas para garantir o cumprimento das prescrições da Lei por todo o povo, e principalmente pelos seus líderes e nobres.
Todos se colocaram sob pena de anátema quanto ao cumprimento de todos os mandamentos de Deus constantes da Lei que lhes foi dada por intermédio de Moisés (v. 29), especialmente no que se referia àqueles aspectos aos quais eles eram mais dados a se desviarem, e dentre os quais foram destacados:
- Proibição de casamentos mistos de judeus com os povos estrangeiros (v. 30);
- Proibição de comercialização de mercadorias no dia de sábado (v. 31);
- Obrigação de ofertar anualmente a terça parte de um siclo para o serviço do templo (v. 32);
- Obrigação das casas paternas que haviam sido designadas por sortes para trazer de ano em ano, lenha para ser queimada no altar do holocausto (v.34);
- Obrigação de se trazer anualmente ao templo as primícias de toda a produção agrícola (v. 35);
- Obrigação de trazer os filhos primogênitos ao templo para serem resgatados com pagamento; e os primogênitos do rebanho para serem oferecidos (v. 36);
- Obrigação de trazer ao templo as ofertas alçadas e os dízimos para os levitas (v.37);
- Obrigação dos levitas de trazerem ao templo, o dízimo dos dízimos que receberam (v. 38);
- Obrigação de se trazer ofertas alçadas de cereais, de mosto e de azeite para o serviço do templo (v. 39).
O que a Igreja de Cristo deve aprender disto é que todos aqueles que  agem contra o evangelho, por procurarem deturpá-lo, colocam-se debaixo do anátema, que foi proferido pelo apóstolo, não uma maldição para a sua perdição eterna, caso sejam autênticos cristãos, mas para receberem o justo juízo e correção da parte de Deus.
Paulo se colocou voluntariamente a si mesmo e até mesmo os anjos do céu sob tal pena de anátema, caso fosse além do genuíno evangelho de Cristo, e faríamos bem em fazer o mesmo que ele, para termos o devido temor ao andarmos na presença de Deus, pelo entendimento do quanto a Sua Palavra é digna de ser honrada e obedecida.
O salmista fez também uma aliança com Deus de que guardaria as Suas ordenanças (Sl 119.106), e estes pactos solenes relativos à guarda da Palavra nos estimulam a uma devida obediência por nos lembrar que estamos amarrados ao compromisso que fizemos de viver para Deus, quando recebemos a Jesus como nosso Salvador e Senhor.
Esta aliança para cumprir os mandamentos de Deus não é para o cumprimento de alguns dentre eles, mas de todos os mandamentos, sem uma única exceção, porque aos Seus olhos, a transgressão de um só mandamento representa a transgressão de todos eles (Tg 2.10), porque Deus busca corações retos e sinceros quanto ao dever de honrar, amar e obedecer toda a Sua Palavra, pois ainda que nos falte a capacidade de não pecar, porque permanecemos na carne, enquanto estivermos neste mundo, no entanto, isto não impede de caminharmos no Espírito, por ter uma verdadeira repugnância ao pecado, de tal modo que a experiência do apóstolo seja a nossa, a saber, que ainda que fosse levado a praticar o mal, por causa do pecado, que opera na natureza terrena, no entanto, não desejava este mal, e se opunha a ele com a sua mente, com a qual servia  a Deus, e o amava sinceramente.
A par de toda a sinceridade dos judeus nos dias de Neemias, terem selado o acordo que fizeram com ele e uns com os outros na presença de Deus, de não mais transgredirem os Seus mandamentos dali em diante, não levou muito tempo para que muitos deles viessem a transgredi-los, conforme poderemos ver no décimo terceiro capitulo deste livro de Neemias, e também depois de seus dias, conforme consta no relato do livro do profeta Malaquias.
Eles não levaram em conta a realidade, que sem a fé em Deus, e no poder da Sua graça, não podemos de modo algum cumprir os Seus mandamentos.
Paulo deixou isto muito claro na exposição que fez no sétimo capitulo de Romanos, no qual mostra que é impossível vencer o pecado sem a graça do Espírito Santo, que opera sempre e somente por fé, e não pela capacidade da nossa vontade de não praticar o mal, e de fazer o bem.
Enganam-se todos os que pensam desta maneira, e as aflições, as tribulações, as investidas de Satanás e do mundo, quando vêm sobre eles, comprovam isto que estamos falando porque logo manifestarão qual é o poder do pecado que atua na natureza terrena e que é maior do que a própria vontade de qualquer pessoa.
Somente o poder da graça de Deus pode vencer a força do pecado.




“1 Os que selaram foram: Neemias, o governador, filho de Hacalias, Zedequias,
2 Seraías, Azarias, Jeremias,
3 Pasur, Amarias, Malquias,
4 Hatus, Sebanias, Maluque,
5 Harim, Meremote, Obadias,
6 Daniel, Ginetom, Baruque,
7 Mesulão, Abias, Miamim,
8 Maazias, Bilgai e Semaías; estes foram os sacerdotes.
9 E os levitas: Jesuá, filho de Azanias, Binuí, dos filhos de Henadade, Cadmiel,
10 e seus irmãos, Sebanias, Hodias, Quelita, Pelaías, Hanã,
11 Mica, Reobe, Hasabias,
12 Zacur, Serebias, Sebanias,
13 Hodias, Bani e Benínu.
14 Os chefes do povo: Parós, Paate-Moabe, Elão, Zatu, Bani,
15 Buni, Azgade, Bebai,
16 Adonias, Bigvai, Adim,
17 Ater, Ezequias, Azur,
18 Hodias, Asum, Bezai,
19 Harife, Anotote, Nobai,
20 Magpias, Mesulão, Hezir,
21 Mesezabel, Zadoque, Jadua,
22 Pelatias, Hanã, Anaías,
23 Oseias, Hananias, Ananías,
24 Haloés, Pilá, Sobeque,
25 Reum, Hasabna, Maaseias,
26 Aías, Hanã, Anã,
27 Maluque, Harim e Baaná.
28 E o resto do povo, os sacerdotes, os porteiros, os cantores, os netinins, e todos os que se tinham separado dos povos de outras terras para seguir a lei de Deus, suas mulheres, seus filhos e suas filhas, todos os que tinham conhecimento e entendimento,
29 aderiram a seus irmãos, os seus nobres, e convieram num juramento sob pena de maldição de que andariam na lei de Deus, a qual foi dada por intermédio de Moisés, servo de Deus, e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Deus, e os seus juízos e os seus estatutos;
30 de que não daríamos as nossas filhas aos povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos;
31 de que, se os povos da terra trouxessem no dia de sábado qualquer mercadoria ou quaisquer cereais para venderem, nada lhes compraríamos no sábado, nem em dia santificado; e de que abriríamos mão do produto do sétimo ano e da cobrança nele de todas as dívidas.
32 Também sobre nós impusemos ordenanças, obrigando-nos a dar a cada ano a terça parte dum siclo para o serviço da casa do nosso Deus;
33 para os pães da proposição, para a contínua oferta de cereais, para o contínuo holocausto dos sábados e das luas novas, para as festas fixas, para as coisas sagradas, para as ofertas pelo pecado a fim de fazer expiação por Israel, e para toda a obra da casa do nosso Deus.
34 E nós, os sacerdotes, os levitas e o povo lançamos sortes acerca da oferta da lenha que havíamos de trazer à casa do nosso Deus, segundo as nossas casas paternas, a tempos determinados, de ano em ano, para se queimar sobre o altar do Senhor nosso Deus, como está escrito na lei.
35 Também nos obrigamos a trazer de ano em ano à casa do Senhor as primícias de todos os frutos de todas as árvores;
36 e a trazer os primogênitos dos nossos filhos, e os do nosso gado, como está escrito na lei, e os primogênitos das nossas manadas e dos nossos rebanhos à casa do nosso Deus, aos sacerdotes que ministram na casa do nosso Deus;
37 e as primícias da nossa massa, e as nossas ofertas alçadas, e o fruto de toda sorte de árvores, para as câmaras da casa de nosso Deus; e os dízimos da nossa terra aos levitas; pois eles, os levitas, recebem os dízimos em todas as cidades por onde temos lavoura.
38 E o sacerdote, filho de Arão, deve estar com os levitas quando estes receberem os dízimos; e os levitas devem trazer o dízimo dos dízimos à casa do nosso Deus, para as câmaras, dentro da tesouraria.


39 Pois os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas alçadas dos cereais, do mosto e do azeite para aquelas câmaras, em que estão os utensílios do santuário, como também os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores; e assim não negligenciarmos a casa do nosso Deus.” (Ne 10.1-39).


Neemias 11

Para que Viesse o Messias

Nós vimos no sétimo capítulo, que Neemias havia feito um exame do livro de genealogias, especialmente dos que haviam subido de Babilônia para Judá nos dias de Zorobabel, para tomar providências quanto ao modo de se repovoar a cidade de Jerusalém, porque havia até aquela ocasião poucos habitantes, em relação à área que poderia ser efetivamente ocupada na cidade.
E neste 11º capítulo nós vemos o método que foi usado (tirar por sortes um em cada dez para habitar em Jerusalém - v. 1,2).
Até o verso 19 estão relacionados os que foram designados para habitar  em Jerusalém; e do 25 em diante, o modo como as demais cidades, campos e aldeias de Judá foram habitados.
Com esta medida de repovoar Jerusalém, a cidade estava agora devidamente fortificada, não somente com o seu muro restaurado e suas portas, como também com uma população que pudesse efetivamente fazer face aos ataques dos seus inimigos.
Cabe lembrar que em razão da dominação imperial, que passou a existir com Babilônia, e que se estenderia até a dominação romana, nesta ordem: Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma, as guerras que eram comuns contra o território de Israel (filisteus, amonitas, moabitas, edomitas, sírios, assírios, etc) seriam abafadas em razão de todas as nações estarem sob o domínio destes grandes impérios, que se sucederiam uns após outros.
Por conseguinte, até que Jesus viesse, Israel não seria mais uma nação soberana em seu próprio território, mas Deus em Sua Providência, criou as condições históricas que garantiriam a sobrevivência da nação até que o Messias viesse.
E cabe destacar que no tempo determinado, em 70 d.C. todos os judeus foram expatriados, sendo espalhados por todo o mundo pelos próprios romanos, e este é um fato indicativo de que foi pela Providência de Deus que eles haviam sido mantidos em Judá, e que dali não poderiam ser removidos de maneira nenhuma, até que Jesus viesse e o evangelho fosse anunciado a eles por cerca de 40 anos, no próprio território de Israel.
Por causa da rejeição do Messias, foram então expulsos da Sua terra, conforme Deus havia predito através dos profetas.
Não devemos esquecer também que a fidelidade demonstrada pelo povo judeu, especialmente pelos sacerdotes e levitas, nos dias de Neemias não perduraria até os dias do ministério terreno de Jesus, porque do final do governo de Neemias, até a vinda de Jesus, houve um período de cerca de 400 anos, conhecido por período interbíblico, no qual surgiram diversas seitas religiosas em Israel, como a dos fariseus, saduceus e essênios; e os escribas, em vez de seguirem o exemplo de fidelidade de Esdras à Palavra de Deus, tornaram-se rabinos, ou doutores da Lei, que acrescentaram mandamentos de homens à Palavra e distorceram completamente a sua interpretação, para atender principalmente aos interesses políticos dos sacerdotes e governantes de Israel.
Por conseguinte, podemos concluir com acerto, que o desejo que Deus havia colocado no coração de Neemias, de restaurar o muro de Jerusalém e suas portas, tinha a ver muito mais com o propósito divino de reorganizar a nação israelita e fortalecê-la no cumprimento da Lei, até que Jesus viesse, porque o testemunho da verdade, depois dEle, seria mantido pela Igreja, e não mais pelo judaísmo.
Veja que a tribo de Benjamim, que quase foi extinta nos dias dos juízes, havia aumentado muito em número, nos dias de Neemias, e muitos deles se dispuseram a vir com Zorobabel para a Palestina, quando do decreto de Ciro, determinando o seu retorno de Babilônia, para a sua própria terra.
Isto se depreende do fato de as famílias da tribo de Judá, que habitaram em Jerusalém, nos dias de Neemias, terem totalizado 468 (v. 6); enquanto as da tribo de Benjamim somaram 928 famílias (v. 7,8), isto é, quase o dobro de famílias em relação a Judá.
Mas apesar de a tribo de Benjamim ser mais numerosa, se diz em relação aos homens da tribo de Judá, que eram valentes, preparados para defenderem a cidade, no caso de um ataque (v.6).
O mesmo se pode dizer em relação à Igreja que é composta de muitos membros, mas é um número relativamente pequeno deles, conforme comprova a história do cristianismo, dos quais se pode dizer que foram ou que têm sido valentes ou valorosos na defesa da verdade, que todos os cristãos foram incumbidos por Cristo para pregarem, ensinarem, testemunharem, viverem e defenderem.



“1 Ora, os príncipes do povo habitaram em Jerusalém; e o restante do povo lançou sortes, para tirar um de cada dez que habitasse na santa cidade de Jerusalém, ficando nove nas outras cidades.
2 E o povo bendisse todos os homens que voluntariamente se ofereceram para habitar em Jerusalém.
3 Estes, pois, são os chefes da província que habitaram em Jerusalém; porém nas cidades de Judá habitou cada um na sua possessão, nas suas cidades, a saber, Israel, os sacerdotes, os levitas, os netinins e os filhos dos servos de Salomão.
4 E habitaram em Jerusalém alguns dos filhos de Judá e dos filhos de Benjamim. Dos filhos de Judá: Ataías, filho de Uzias, filho de Zacarias, filho de Amarias, filho de Sefatias, filho de Maalelel, dos filhos de Pérez;
5 e Maaseias, filho de Baruque, filho de Col-Hoze, filho de Hazaías, filho de Adaías, filho de Joiaribe, filho de Zacarias, filho de Silôni.
6 Todos os filhos de Pérez que habitaram em Jerusalém foram quatrocentos e sessenta e oito homens valentes.
7 São estes os filhos de Benjamim: Salu, filho de Mesulão, filho de Joede, filho de Pedaías, filho de Colaías, filho de Maaseias, filho de Itiel, filho de Jesaías.
8 E depois dele Gabai, Salai, ...novecentos e vinte e oito.
9 Joel, filho de Zicri, superintendente sobre eles; e Judá, filho de Senua, o segundo sobre a cidade.
10 Dos sacerdotes: Jedaías, filho de Joiaribe, Jaquim,
11 Seraías, filho de Hilquias, filho de Mesulão, filho de Zadoque, filho de Meraiote, filho de Altube, príncipe sobre a casa de Deus;
12 e seus irmãos que faziam a obra da casa, oitocentos e vinte e dois; e Adaías, filho de Jeroão, filho de Pelalias, filho de Anzi, filho de Zacarias, filha de Pasur, filho de Malquias,
13 e seus irmãos, cabeças de casas paternas, duzentos e quarenta e dois; e Amassai, filho de Azarel, filho de Aazai, filho de Mesilemote, filho de Imer,
14 e os irmãos deles, homens valentes, cento e vinte e oito; e o superintendente sobre eles era Zabdiel, filho de Hagedolim.
15 Dos levitas: Semaías, filho de Hassube, filho de Azricão, filho de Hasabias, filho de Buni;
16 Sabetai e Jozabade, dos cabeças dos levitas, presidiam o serviço externo da casa de Deus;
17 Matanias, filho de Mica, filho de Zabdi, filho de Asafe, o dirigente que iniciava as ações de graças na oração, e Baquebuquias, o segundo entre seus irmãos; depois Abda, filho de Samua, filho de Galal, filho de Jedútun.
18 Todos os levitas na santa cidade foram duzentos e oitenta e quatro.
19 Também os porteiros, Acube, Talmom, e seus irmãos, os guardas das portas, foram cento e sessenta e dois.
20 O resto de Israel e dos sacerdotes e levitas, habitou em todas as cidades de Judá, cada um na sua herança.
21 Os netinins, porém, habitaram em Ofel; e Ziá e Gispa presidiram sobre eles.
22 O superintendente dos levitas em Jerusalém era Uzi, filho de Bani, filho de Hasabias, filho de Matanias, filho de Mica, dos filhos de Asafe, os cantores; ele estava encarregado do serviço da casa de Deus.
23 Pois havia uma ordem da parte do rei acerca deles, e uma norma para os cantores, estabelecendo o dever de cada dia.
24 E Petaías, filho de Mesezabel, dos filhos de Zerá, filho de Judá, estava às ordens do rei, em todos os negócios concernentes ao povo.
25 E quanto às aldeias com os seus campos, alguns dos filhos de Judá habitaram em Quiriate-Arba e seus arrabaldes, em Dibom e seus arrabaldes, e em Jecabzeel e suas aldeias;
26 em Jesuá, em Molada, em Bete-Pelete,
27 Em Hazar-Sual, em Berseba e seus arrabaldes,
28 em Ziclague, em Mecona e seus arrabaldes,
29 em En-Rimom, em Zorá, em Jarmute,
30 em Zanoa, em Adulão e suas aldeias, em Laquis e seus campos, e em Azeca e seus arrabaldes. Acamparam-se, pois, desde Berseba até o vale do Hinom.
31 Os filhos de Benjamim também habitaram desde Geba em diante, em Micmás e Aíja, em Betel e seus arrabaldes,
32 em Anatote, em Nobe, em Ananias,
33 em Hazor, em Ramá, em Gitaim,
34 em Hadide, em Zeboim, em Nebalate,
35 em Lode, e em Ono, vale dos artífices.
36 E dos levitas que habitavam em Judá, algumas turmas foram unidas a Benjamim.” (Ne 11.1-36).


Neemias 12

A Alegria Depois do Choro

Nós temos no capítulo 12º de Neemias, o registro dos nomes dos sacerdotes e levitas que foram eminentes entre os judeus, que haviam saído de Babilônia.
Isto revela o quanto Neemias honrou o ofício sacerdotal, que na verdade era uma honra tributada a Deus, que instituiu tal ofício para o serviço da Sua casa.
Feliz é a nação que em vez de perseguir, honra os ministros do evangelho, porque é o próprio Deus que coloca tal honra neles.
Honrá-los significa então honrar a Deus e obter o Seu favor por causa disso, conforme se pode ver das palavras proferidas por Jesus, que não se aplicam exclusivamente aos governantes, mas a qualquer pessoa.
Dos versos 27 a 43 são descritas as ações que foram realizadas para a dedicação do muro de Jerusalém.
Diz-se deste dia no verso 43 que isto foi feito com grande alegria, porque Deus lhes havia dado motivo de grande regozijo, de modo que até mesmo as mulheres e crianças se alegraram a ponto de o júbilo de Jerusalém ter sido ouvido de longe.
Nesta altura, nos lembramos do grande pranto e tristeza de Neemias em Susã, antes de vir para Jerusalém, quando procurava ocasião para levar o assunto da desolação e da aflição de Judá ao rei persa.
Aquela tristeza que havia durado toda uma longa noite produziu a grande alegria daquela manhã e dia em que foram dedicados os muros de Jerusalém.
Toda aquela grande obra foi consagrada ao Senhor como forma de reconhecimento que havia sido feita para Ele e por meio dEle.
Tanta misericórdia, favor e proteção de Deus para a conclusão da obra de reedificação do muro deu ocasião para que a dedicação (consagração) da obra a Ele fosse feita com grande solenidade, porque foram chamados os levitas de todas as partes da nação (v. 28, 29), e todos se purificaram juntamente com os sacerdotes (v. 30).
Todo serviço público de adoração ao Senhor não pode excluir esta necessidade de uma purificação anterior, que consiste na nossa santificação, pelo sangue de Cristo, pela confissão dos nossos pecados, enquanto oramos a Deus para entrarmos na Sua santa presença.
Neemias os dispôs em duas grandes companhias, que partiram em direções opostas, caminhando sobre o muro, enquanto davam graças a Deus e o louvavam continuamente com o uso de instrumentos musicais.
Esta caminhada por sobre todo o muro simbolizava a dedicação de tudo ao Senhor, reconhecendo que cada milímetro daquela obra foi o resultado da operação da Sua graça, porque foi feita diante de muitos inimigos que haviam se levantado para se oporem a eles.
A companhia que se deslocava à direita era conduzida por Esdras (v. 36), e a que se deslocava à esquerda por Neemias (v. 38).
Ambas companhias se reuniram no templo onde eles uniram suas ações de graças (v. 40).
A multidão do povo deve ter acompanhado o movimento dos levitas e sacerdotes sobre o muro andando sobre o chão, com  grande alegria (v. 43).
E esta alegria, como procedia de Deus foi acompanhada com grandes sacrifícios, som de trombetas, instrumentos musicais e cânticos de louvor.
O resultado daquela alegria espiritual foi o que geralmente é comum ocorrer quando a presença de Deus é sentida entre nós, a saber: uma maior aplicação aos deveres no cuidado da casa de Deus e daqueles que estão dedicados ao Seu serviço (v. 44 a 47).
A presença do Senhor não somente nos alegra como também nos santifica, e é por isso que nos sentimos chamados a sermos mais diligentes em nossos deveres de santificação, para que não percamos esta alegria.
E os israelitas estavam contentes com os seus ministros, e se moveram voluntariamente para proverem a sua manutenção e a do ofício que eles realizavam em prol das suas almas.
Quanto isto agrada ao Senhor! Eles tinham a Lei, tal como nós temos a lei de Cristo. Mas a lei não é tudo e nada poderá fazer e nem mesmo nós se não houver esta boa disposição operada pelo Espírito Santo abrindo o nosso coração, não somente para atender à lei, mas para amá-la e cumpri-la.
Certamente, todo bem procede do Senhor quando nos dispomos a honrá-lo e à Sua Palavra, por um andar na verdade.
Quando a Palavra de Deus é mercadejada para atender a interesses carnais de ministros carnais, não se pode ver toda esta unidade espiritual, que é produzida pelo próprio Deus, quando há unidade de fé, isto é, concordância quanto à doutrina que pregamos.




“1 Ora, estes são os sacerdotes e os levitas que subiram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com Jesuá: Seraías, Jeremias, Esdras,
2 Amarias, Maluque, Hatus,
3 Ido, Ginetói, Abias,
4 Secanias, Reum, Meremote,
5 Miamim, Maadias, Bilga,
6 Semaías, Joiaribe, Jedaías,
7 Salu, Amoque, Hilquias e Jedaías; estes foram os chefes dos sacerdotes e de seus irmãos, nos dias de Jesuá.
8 E os levitas: Jesuá, Binuí, Cadmiel, Serebias, Judá, Matanias; este e seus irmãos dirigiam os louvores.
9 E Baquebuquias e Uni, seus irmãos, estavam defronte deles segundo os seus cargos.
10 Jesuá foi pai de Joiaquim, Joiaquim de Eliasibe, Eliasibe de Joiada,
11 Joiada de Jonatã, e Jonatã de Jadua.
12 E nos dias de Joiaquim foram sacerdotes, chefes das casas paternas: por Seraías, Meraías; por Jeremias, Hananias;
13 por Esdras, Mesulão; por Amarias, Jeoanã;
14 por Malúqui, Jonatã; por Sebanias, José;
15 por Harim, Adná; por Meraiote, Helcai;
16 por Ido, Zacarias; por Gineton, Mesulão;
17 por Abias, Zicri; por Miniamim, por Moadias, Piltai;
18 por Bilga, Samua; por Semaías, Jeonatã;
19 por Joiaribe, Matenai; por Jedaías, Uzi;
20 por Salai, Calai; por Amoque, Eber;
21 por Hilquias, Hasabias; por Jedaías, Netanel.
22 Nos dias de Eliasibe, Joiada, Joanã e Jadua foram inscritos, dos levitas, os chefes das casas paternas; e assim também os dos sacerdotes, no reinado de Dario, o persa.
23 Os filhos de Levi, chefes de casas paternas, foram inscritos no livro das crônicas, até os dias de Joanã, filho de Eliasibe.
24 Foram, pois, os chefes dos levitas: Hasabias, Serebias, Jesuá, filho de Cadmiel, e seus irmãos que ficavam defronte deles, turma contra turma, para louvarem e darem graças, segundo a ordem de Davi, homem de Deus.
25 Matanias, Baquebuquias, Obadias, Mesulão, Talmom, e Acube eram porteiros, e faziam a guarda junto aos celeiros das portas.
26 Estes viveram nos dias de Joiaquim, filho de Jesuá, filho de Jozadaque, como também nos dias de Neemias, o governador, e do sacerdote Esdras, o escriba.
27 Ora, na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os lugares, para os trazerem a Jerusalém, a fim de celebrarem a dedicação com alegria e com ações de graças, e com canto, címbalos, alaúdes e harpas.
28 Ajuntaram-se os filhos dos cantores, tanto da campina dos arredores de Jerusalém, como das aldeias do netofatitas;
29 como também de Bete-Gilgal, e dos campos de Geba e Azmavete; pois os cantores tinham edificado para si aldeias ao redor de Jerusalém.
30 E os sacerdotes e os levitas se purificaram, e purificaram o povo, as portas e o muro.
31 Então fiz subir os príncipes de Judá sobre o muro, e constituí duas grandes companhias para darem graças e andarem em procissão, uma das quais foi para a direita sobre o muro, em direção à porta do monturo;
32 e após ela seguiam Hosaías, e a metade dos príncipes de Judá,
33 e Azarias, Esdras, Mesulão,
34 Judá, Benjamim, Semaías, e Jeremias;
35 e dos filhos dos sacerdotes, levando trombetas, Zacarias, filho de Jonatã, filho de Semaías, filho de Matanias, filho de Micaías, filho de Zacur, filho de Asafe.
36 e seus irmãos, Semaías, Azarel, Milalai, Gilalai, Maai, Netanel, Judá e Hanâni, com os instrumento musicais de Davi, homem de Deus; e Esdras, o escriba, ia adiante deles.
37 À entrada da porta da fonte subiram diretamente as escadas da cidade de Davi onde começa a subida do muro, acima da casa de Davi, até a porta das águas a leste.
38 A outra companhia dos que davam graças foi para a esquerda, seguindo-os eu com a metade do povo, sobre o muro, passando pela torre dos fornos até a muralha larga,
39 e seguindo por cima da porta de Efraim, e da porta velha, e da porta dos peixes, e pela torre de Hananel, e a torre dos Cem até a porta das ovelhas; e pararam à porta da guarda.
40 Assim as duas companhias dos que davam graças pararam na casa de Deus, como também eu e a metade dos magistrados que estavam comigo,
41 e os sacerdotes Eliaquim, Maaseias, Miniamim, Micaías, Elioenai, Zacarias e Hananias, com trombetas,
42 com também Maaseias, Semaías, Eleazar, Uzi, Jeoanã, Malquias, Elão, e Ézer; e os cantores cantavam, tendo Jezraías por dirigente.
43 Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe.
44 No mesmo dia foram nomeados homens sobre as câmaras do tesouro para as ofertas alçadas, as primícias e os dízimos, para nelas recolherem, dos campos, das cidades, os quinhões designados pela lei para os sacerdotes e para os levitas; pois Judá se alegrava por estarem os sacerdotes e os levitas no seu posto,
45 observando os preceitos do seu Deus, e os da purificação, como também o fizeram os cantores e porteiros, conforme a ordem de Davi e de seu filho Salomão.
46 Pois desde a antiguidade, já nos dias de Davi e de Asafe, havia um chefe dos cantores, e havia cânticos de louvor e de ação de graça a Deus.


47 Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, dava aos cantores e aos porteiros as suas porções destinadas aos levitas, e os levitas separavam as porções destinadas aos filhos de Arão.” (Ne 12.1-47).



Neemias 13

Disciplina do Povo de Deus

Como em todo o livro de Neemias, este 13º capítulo também traz profundas lições pastorais, de caráter prático, quanto àquilo que se deve fazer para que o povo do Senhor, ao cuidado dos seus ministros, seja trazido em verdadeira santidade de vida, por uma estrita obediência à Sua Palavra.
Evidentemente, nem todos os métodos de Neemias deverão ser seguidos, porque ele atuava sob a Antiga Aliança, mas muito devemos imitar do seu santo zelo para com as coisas de Deus.
Por exemplo, não devemos fazer o que ele fez para corrigir os casos de casamentos em jugo desigual com incrédulos, imitando ações que ele descreveu no verso 25 em relação àqueles que deram seus filhos em casamento a pessoas de outras nações:
“Contendi com eles, e os amaldiçoei; espanquei alguns deles e, arrancando-lhes os cabelos, os fiz jurar por Deus, e lhes disse: Não dareis vossas filhas a seus filhos, e não tomareis suas filhas para vossos filhos, nem para vós mesmos.” (v. 25).
 A ninguém devemos amaldiçoar, espancar e lhes arrancar os cabelos e lhes fazer jurar por Deus, mas devemos admoestar com toda longanimidade e doutrina a tantos quantos andem desordenadamente na casa de Deus, que é a Igreja, com o mesmo zelo ardente que existia em Neemias.
Outra grande lição que aprendemos neste capítulo é que o estado de coisas em Judá piorou muito, quando Neemias teve que se ausentar para estar na presença do rei persa (v. 6).
E quando ele soube das irregularidades contra a Lei do Senhor, que estavam sendo praticadas em Judá, durante a sua ausência, não se esquivou de suas responsabilidades, e não escolheu permanecer em Babilônia, para ficar bem longe de todos aqueles problemas.
Neste período da sua ausência chegaram até mesmo a preparar uma câmara no átrio do templo para o amonita Tobias, que tanta oposição havia feito a Neemias.
Mas este, quando soube do que se fazia em Judá conseguiu uma licença junto ao rei persa para retornar a Jerusalém e purificar os judeus de todas as más obras que estavam fazendo.
Ele não somente expulsou Tobias da câmara, que lhe haviam feito no átrio do templo, como tirou de lá todos os seus móveis, e deu ao lugar o uso sagrado que lhe convinha, como também expulsou todos os amonitas e moabitas das assembleias do templo, conforme estava prescrito na lei de Moisés contra eles (v. 1, 2; Dt 23.3-5).
Esta medida foi estendida para o dever dos israelitas não se misturarem com as práticas das nações pagãs (v. 3).  
De quanta firmeza e determinação Neemias estava revestido pela graça de Deus, que o movia a isto, que nunca se permitiu intimidar pela aparência ou grandeza dos homens.
Ele não pensou quanta impopularidade  poderia granjear com as medidas que estava tomando.
Não pensava no que era do seu próprio interesse, senão em fazer com que a vontade do Senhor fosse cumprida em Israel.
Como poderão ser os ministros do evangelho bem sucedidos em seus ministérios se não seguirem o mesmo exemplo que lhes foi deixado por Neemias?
Sem tal determinação e perseverança em seguir ao Senhor, não é possível trazer o povo em verdadeira santidade, porque a carne luta resistentemente contra o Espírito, e as pessoas são dadas a se desviarem naturalmente dos caminhos de Deus.
Certamente, não se deve agir por força ou violência, senão pelo Espírito, mas o Espírito não honrará e não atuará se não encontrar nos ministros este desejo de agradar não a homens, mas somente a Deus, e agirem de fato seguindo este princípio espiritual, que é determinado a eles, de se esforçarem diligentemente para serem modelos do rebanho, e fazerem tudo o que é ordenado pelo Senhor na Sua Palavra, para que o povo ao cuidado deles viva em santidade.
“prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.”  (II Tim 4.2).
Estas oposições carnais que são conduzidas à obediência de Cristo trazem muitas glórias a Deus, tanto da parte dos que são cativados, quanto daqueles que trazem tais pensamentos carnais à sujeição do senhorio de Jesus.
Como a carne sempre se opõe ao Espírito, e como os homens são dados a esquecerem rapidamente as coisas do Espírito, com muito maior facilidade do que as coisas relativas à carne e ao mundo, daí se compreende então a razão de serem tantas as exortações bíblicas para que meditemos na Palavra do Senhor dia e noite, continuamente, todos os dias de nossas vidas, porque é somente agindo assim, que a Palavra de Cristo poderá habitar em nós ricamente, e trazermos sempre em nossa memória quais são os deveres que temos para com o Senhor.
Nós vimos anteriormente que o povo havia feito uma aliança de nunca desamparar os serviços do templo, e não deixarem de prover os sacerdotes e levitas com seus dízimos e ofertas alçadas.
Mas o que nos relata este capítulo?
Os levitas tiveram que deixar o serviço do templo para se entregarem a outras atividades para a sua subsistência porque o povo não foi fiel em cumprir o que havia prometido quanto à sua provisão.
Será isto o que sempre ocorrerá se os ministros do evangelho não trouxerem o povo que se encontra debaixo do seu cuidado, lembrado constantemente dos seus deveres relativos à manutenção dos serviços da casa do Senhor.
Isto, como vimos, deve ser lembrado continuamente em face desta facilidade de se esquecer os deveres espirituais que nos são impostos pela Palavra.
Como Neemias, não devemos apenas lamentar o descumprimento dos deveres ordenados na Palavra aos cristãos; como ministros do evangelho devemos tomar as providências necessárias para corrigir o que estiver errado.
Neemias não se limitou a lamentar a infidelidade dos israelitas mas levou-os a cumprirem o que lhes estava determinado pela lei e reintegrou os levitas de volta no seu serviço no templo.
As pessoas haviam abandonado os levitas e os levitas abandonaram o seu posto no templo.
Não seria de se esperar que ficassem orando, afirmando que deveriam ter uma posição de fé, porque apesar da infidelidade das pessoas, Deus atenderia às necessidades deles ainda que permanecessem no templo.
Isto não seria fé, mas estímulo ao povo a permanecer na sua atitude de desobediência.
Aquilo que está determinado por Deus aos homens para que seja feito por eles, compete aos homens fazerem, quando estas coisas são temporais e terrenas, e não implicam na necessidade do apoio e ação da graça sobrenatural de Deus.
Deveres espirituais que nos são impostos são operados pelo próprio Senhor, como por exemplo, o dever de sermos mansos e humildes.
Não está no homem o poder para isso, de modo que o recebemos de Deus quando nos dispomos a buscar tal mansidão e humildade nEle.
Agora, o dever de assistirmos a carência dos necessitados de coisas materiais com os nossos bens, está na esfera da nossa própria capacidade e poder de realizar tal ordenança, e não devemos pedir a Deus que nos dê o poder necessário para fazê-lo.
Para garantir uma segura provisão dos levitas e de todo o serviço da casa de Deus, naquela antiga aliança, Neemias selecionou homens que foram achados fiéis para a administração e aplicação dos dízimos e ofertas (v. 13), conforme eram ordenados e regulados pela Lei civil no período  do Antigo Testamento.
Disto aprendemos que não basta agir para que os recursos sejam levantados, mas é também importante gerir os meios necessários para uma sábia e honesta administração e aplicação deles.
Neemias teve muito trabalho para corrigir todas estas coisas, mas não buscou remuneração terrena para o seu trabalho, pois se confiou inteiramente ao Senhor, esperando receber somente dEle a sua recompensa (v. 14).
Ele não esperava receber nenhuma ajuda de custo adicional por tudo o que fez, além da remuneração que lhe cabia como governador da nação.
Os ministros não devem explorar o povo de Deus, e nem buscarem ocasião em tudo  para agirem com oportunismo, visando aos seus próprios interesses egoístas, porque este é um bom caminho para anular a operação da graça do Senhor sobre suas vidas, que lhes impôs o mandamento de darem de graça o que têm recebido diretamente da graça de Deus.  
Não há maior recompensa para um ministro verdadeiramente fiel ao evangelho do que ver almas sendo salvas e edificadas pela graça do Senhor, debaixo das  ministrações da graça que lhes fazem. Mas como o Senhor é bom e galardoador dos que O servem e buscam, não esquecerá de lhes dar a devida recompensa no porvir e cuidará das necessidades deles conforme tem prometido, enquanto viverem neste mundo.
Esta administração de bens, sendo usados principalmente, para manter o ministério e socorrer os necessitados, deve ser realizada com verdadeiro espírito cristão, isto é, com amor, bondade e alegria, e não como quem administra uma empresa.
Quanto à transgressão do sábado pela comercialização de mercadorias, especialmente por parte de estrangeiros, que levavam os judeus a pecarem, Neemias viu com os seus próprios olhos as coisas que estavam sendo praticadas (v. 15).
As ações que ele tomou em relação ao sábado estão descritas nos versos 15 a 22.
Como Neemias estava investido da autoridade legal de um governador, pôde ameaçar aqueles que transgrediam o sábado comercializando os seus produtos, dizendo que colocaria as mãos neles, e isto indicava provavelmente que os conduziria ao cárcere caso desobedecessem o preceito legal.
Nos versos 23 a 31, vemos as providências que foram tomadas para que os casamentos de judeus com estrangeiros fossem desfeitos.
Muitos judeus haviam contraído matrimônio com mulheres de Asdode, uma das cinco cidades confederadas dos filisteus, e com mulheres de Amom e de Moabe (v. 23).
Estas mulheres, certamente educariam seus filhos a cultuarem os falsos deuses que elas adoravam, e se a prática se estendesse em Israel, toda a nação viria a se perder.
Neemias lembrou-lhes que este havia sido o maior pecado de Salomão, e que trouxe grande ruína aos israelitas, apesar de Salomão ser um rei (26).
Nós percebemos que neste capítulo Neemias procurou deixar registrado todo o esforço que havia feito para que o acordo que os judeus haviam selado fosse devidamente cumprido, de forma que ele enfatiza que purificou os judeus de tudo o que era estrangeiro, e providenciou que as ofertas das primícias e da lenha para o serviço do templo fossem feitas regularmente, conforme os judeus haviam prometido quando selaram o acordo referido (v. 31).
Mais uma vez, como já havia feito tantas vezes ao longo de todo o seu livro, rogou a Deus que se lembrasse dele para o seu bem, por tudo que havia feito a Israel. E já comentamos devidamente o que ele queria expressar com este pedido dirigido a Deus. Ele tudo fizera não para agradar a homens, mas para agradar ao Senhor, no cumprimento da Sua Palavra, então seria dEle que deveria esperar a Sua recompensa.
Nisto, todos os servos de Jesus Cristo devem seguir o exemplo de Neemias, porque não há de fato, outro modo de se agradar ao Senhor, porque se vivermos para agradar aos homens não poderemos ser servos de Cristo.
“Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.”  (Gál 1.10).



“1 Naquele dia leu-se o livro de Moisés, na presença do povo, e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na assembleias de Deus;
2 porquanto não tinham saído ao encontro dos filhos de Israel com pão e água, mas contra eles assalariaram Balaão para os amaldiçoar; contudo o nosso Deus converteu a maldição em benção.
3 Ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel toda a multidão mista.
4 Ora, antes disto Eliasibe, sacerdote, encarregado das câmaras da casa de nosso Deus, se aparentara com Tobias,
5 e lhe fizera uma câmara grande, onde dantes se recolhiam as ofertas de cereais, o incenso, os utensílios, os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite, que eram dados por ordenança aos levitas, aos cantores e aos porteiros, como também as ofertas alçadas para os sacerdotes.
6 Mas durante todo este tempo não estava eu em Jerusalém, porque no ano trinta e dois de Artaxerxes, rei da Babilônia, fui ter com o rei; mas a cabo de alguns dias pedi licença ao rei,
7 e vim a Jerusalém; e soube do mal que Eliasibe fizera em servir a Tobias, preparando-lhe uma câmara nos átrios da casa de Deus.
8 Isso muito me desagradou; pelo que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara.
9 Então, por minha ordem purificaram as câmaras; e tornei a trazer para ali os utensílios da casa de Deus, juntamente com as ofertas de cereais e o incenso.
10 Também soube que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de forma que os levitas e os cantores, que faziam o serviço, tinham fugido cada um para o seu campo.
11 Então contendi com os magistrados e disse: Por que se abandonou a casa de Deus? Eu, pois, ajuntei os levitas e os cantores e os restaurei no seu posto.
12 Então todo o Judá trouxe para os celeiros os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite.
13 E por tesoureiros pus sobre os celeiros Selemias, o sacerdote, e Zadoque, o escrivão, e Pedaías, dentre os levitas, e como ajudante deles Hanã, filho de Zacur, filho de Matanias, porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou de fazerem a distribuição entre seus irmãos.
14 Por isto, Deus meu, lembra-te de mim, e não risques as beneficências que eu tenho feito para a casa do meu Deus e para o serviço dela.
15 Naqueles dias vi em Judá homens que pisavam lagares no sábado, e traziam molhos, que carregavam sobre jumentos; vi também vinho, uvas e figos, e toda sorte de cargas, que eles traziam a Jerusalém no dia de sábado; e protestei contra eles quanto ao dia em que estavam vendendo mantimentos.
16 E em Jerusalém habitavam homens de Tiro, os quais traziam peixes e toda sorte de mercadorias, que vendiam no sábado aos filhos de Judá, e em Jerusalém.
17 Então contendi com os nobres de Judá, e lhes disse: Que mal é este que fazeis, profanando o dia de sábado?
18 Porventura não fizeram vossos pais assim, e não trouxe nosso Deus todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? Contudo vós ainda aumentais a ira sobre Israel, profanando o sábado.
19 E sucedeu que, ao começar a fazer-se escuro nas portas de Jerusalém, antes do sábado, eu ordenei que elas fossem fechadas, e mandei que não as abrissem até passar o sábado e pus às portas alguns de meus moços, para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado.
20 Então os negociantes e os vendedores de toda sorte de mercadorias passaram a noite fora de Jerusalém, uma ou duas vezes.
21 Protestei, pois, contra eles, dizendo-lhes: Por que passais a noite defronte do muro? Se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão em vós. Daquele tempo em diante não vieram no sábado.
22 Também ordenei aos levitas que se purificassem, e viessem guardar as portas, para santificar o sábado. Nisso também, Deus meu, lembra-te de mim, e perdoa-me segundo a abundância da tua misericórdia.
23 Vi também naqueles dias judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas, e moabitas;
24 e seus filhos falavam no meio asdodita, e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de seu povo.
25 Contendi com eles, e os amaldiçoei; espanquei alguns deles e, arrancando-lhes os cabelos, os fiz jurar por Deus, e lhes disse: Não dareis vossas filhas a seus filhos, e não tomareis suas filhas para vossos filhos, nem para vós mesmos.
26 Não pecou nisso Salomão, rei de Israel? Entre muitas nações não havia rei semelhante a ele, e ele era amado de seu Deus, e Deus o constituiu rei sobre todo o Israel. Contudo mesmo a ele as mulheres estrangeiras o fizeram pecar.
27 E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, esta infidelidade contra o nosso Deus, casando com mulheres estrangeiras?
28 Também um dos filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe, era genro de Sambalate, o horonita, pelo que o afugentei de mim.
30 Assim os purifiquei de tudo que era estrangeiro, e determinei os cargos para os sacerdotes e para os levitas, cada um na sua função;
31 como também o que diz respeito à oferta da lenha em tempos determinados, e bem assim às primícias. Lembra-te de mim, Deus meu, para o meu bem.” (Ne 13.1-31).







ESTER




Ester 1

Pela descrição que nós vemos no primeiro capitulo de Ester, o reino da Pérsia havia atingido grande poder, e por isso, havia subjugado o reino de Babilônia.
Entretanto, com todo o seu poder e glória, o reino da Pérsia viria a ser também por sua vez dominado em dias posteriores, pelos gregos, sob Alexandre Magno.
Assim, a glória do reino da Pérsia está registrada neste primeiro capítulo para que ninguém se glorie no poder dos homens, porque este é passageiro, e além disso está cheio de corrupção e orgulho carnal, como podemos ver no relato deste capítulo.
Toda aquela glória e pompa de Assuero eram vãs e passageiras, como são a de tudo o que se considere glorioso neste mundo.
Se houver alguma glória em algum reino secular deste mundo, é que eles governem segundo a justiça do evangelho, mas isto se viu e tem sido visto muito raramente na história da humanidade, um tal reino só será possível quando Jesus estiver reinando sobre toda a terra no milênio.
A recusa da rainha Vasti em comparecer à presença do rei Assuero não pode ser considerada, em princípio, como um ato de rebelião, porque afinal não somente o rei, como todos os seus convivas estavam embriagados, e ele havia convocado a presença dela para ser apenas um objeto de exposição do seu orgulho, para mostrar a todos o quanto ela era bela.
Não é a beleza exterior de  uma pessoa que deve ser objeto de ser recomendada a outros, mas as virtudes do seu caráter.
No entanto, nenhuma ordem real poderia ser recusada, nem mesmo pela própria rainha.
Tendo consultado seus conselheiros, o rei Assuero foi instruído por eles a banir Vasti do reino para que nenhuma mulher da Pérsia e das nações dominadas por ela, soubesse do fato, e que o rei não havia tomado nenhuma providência severa, para desestimular possíveis atos de rebelião e de insubmissão feminina das esposas a seus maridos.
E quando as esposas menosprezam e desonram aos seus maridos, aos quais, por determinação divina, elas devem honrar (Ef 5.33) cria-se não somente uma desestabilização na instituição do matrimônio como em toda a sociedade, porque a família é de fato célula básica de toda sociedade organizada.  Onde a honra da família estiver em baixa a iniquidade se expandirá com muito maior facilidade.



“ E Sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias,
2 Que, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã,
3 No terceiro ano do seu reinado, fez um banquete a todos os seus príncipes e seus servos, estando assim perante ele o poder da Pérsia e Média e os nobres e príncipes das províncias,
4 Para mostrar as riquezas da glória do seu reino, e o esplendor da sua excelente grandeza, por muitos dias, a saber: cento e oitenta dias.
5 E, acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo que se achava na fortaleza de Susã, desde o maior até ao menor, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real.
6 As tapeçarias eram de pano branco, verde, e azul celeste, pendentes de cordões de linho fino e púrpura, e argolas de prata, e colunas de mármore; os leitos de ouro e de prata, sobre um pavimento de mármore vermelho, e azul, e branco e preto.
7 E dava-se de beber em copos de ouro, e os copos eram diferentes uns dos outros; e havia muito vinho real, segundo a generosidade do rei.
8 E o beber era por lei, sem constrangimento; porque assim tinha ordenado o rei expressamente a todos os oficiais da sua casa, que fizessem conforme a vontade de cada um.
9 Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres, na casa real, do rei Assuero.
10 E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os sete camareiros que serviam na presença do rei Assuero,
11 Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua beleza, porque era formosa à vista.
12 Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, por meio dos camareiros; assim o rei muito se enfureceu, e acendeu nele a sua ira.
13 Então perguntou o rei aos sábios que entendiam dos tempos (porque assim se tratavam os negócios do rei na presença de todos os que sabiam a lei e o direito;
14 E os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, e Memucã, os sete príncipes dos persas e dos medos, que viam a face do rei, e se assentavam como principais no reino),
15 o que, segundo a lei, se devia fazer à rainha Vasti, por não ter obedecido ao mandado do rei Assuero, por meio dos camareiros.
16 Então disse Memucã na presença do rei e dos príncipes: Não somente contra o rei pecou a rainha Vasti, porém também contra todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas as províncias do rei Assuero.
17 Porque a notícia do que fez a rainha chegará a todas as mulheres, de modo que aos seus olhos desprezarão a seus maridos quando ouvirem dizer: Mandou o rei Assuero que introduzissem à sua presença a rainha Vasti, porém ela não veio.
18 E neste mesmo dia as senhoras da Pérsia e da Média ouvindo o que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes do rei; e assim haverá muito desprezo e indignação.
19 Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se nas leis dos persas e dos medos, e não se revogue, a saber: que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela a outra que seja melhor do que ela.
20 E, ouvindo-se o mandado, que o rei decretara em todo o seu reino (porque é grande), todas as mulheres darão honra a seus maridos, desde a maior até à menor.
21 E pareceram bem estas palavras aos olhos do rei e dos príncipes; e fez o rei conforme a palavra de Memucã.
22 Então enviou cartas a todas as províncias do rei, a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; que cada homem fosse senhor em sua casa, e que se falasse conforme a língua do seu povo.” (Et 1.1-22).


Ester 2

Quando o Inimigo estiver preparando planos de destruição do povo de Deus, o Senhor se antecipa e provê os meios necessários para que possam resistir aos ataques de Satanás, tal como fizera com Ester.
Porque antes de ser entronizada como rainha, ela ficou sendo preparada por doze meses na casa real.
E além disso, algum tempo ainda se passaria até que Hamã surgisse em cena, com o seu plano infernal de destruição do povo judeu.
Ester nada pediu ao rei, como as demais candidatas, que haviam sido selecionadas para ocupar o lugar de Vasti, provavelmente tenham pedido, e isto fez com que caísse em graça aos seus olhos e ele a amou.
De igual modo o rei Jesus quando nos noivamos, fará com que achemos graças a seus olhos se não cobiçarmos nada dEle a não ser nos compromissarmos em amor a Ele para servi-lO.
Deus procura pessoas assim desinteressadas para que possa usá-las em grande testemunho de amor ao Seu nome, não pelo que tenham recebido dEle (e que certamente lhes dará por causa da Sua infinita bondade e amor), mas pela necessidade de ter conquistado não as nossas cobiças, mas o nosso coração.
Mardoqueu também viria a achar favor diante do rei, porque denunciou a conspiração de dois homens que intentavam contra a vida de Assuero, e tendo  avisado a Ester, esta pôde alertar o rei a tempo, e ambos traidores foram enforcados.
Tudo isto estava sendo conduzido pela graça do Senhor, de maneira que no momento oportuno eles pudessem ser usados como instrumentos para livrar os judeus do extermínio.
Muito do que o Senhor está fazendo agora em preparo de oração e humilhações do Seu povo, que antecede as grandes assolações, que o Inimigo intenta trazer sobre o mundo, tem em vista produzir os avivamentos do Espírito, que trazem vida a muitos, antes da chegada destas assolações.
 Como ocorreu por exemplo na Coréia, que experimentou um grande avivamento antes de ser dividida pelo comunismo, e das grandes perseguições que foram empreendidas contra a Igreja naquele país.
Não é Satanás o senhor da  história, mas Deus, de maneira que tudo se encontra previsto e debaixo do Seu governo divino, até mesmo todas as ações do diabo.
As aflições que permite que venham sobre o Seu povo têm principalmente em vista trazer grande glória ao Seu nome, quando lhes provê grande livramento das investidas do inferno.
Mas para operar tais livramentos para o Seu povo Deus precisa de pessoas obedientes, assim como Ester, cujo caráter ficou evidenciado na obediência que ela devotava a seu tio Mardoqueu, conforme se vê neste 2º capitulo.
De igual forma, todos aqueles que não pretenderem viver para fazer a própria vontade deles, senão a de Deus, também serão bem sucedidos.
Nós temos neste capítulo o relato da coroação de Ester e o banquete que o rei deu em honra da nova rainha da Pérsia, a qual ele não sabia até então que era uma judia, porque Mardoqueu havia pedido a Ester que a ninguém revelasse a sua nacionalidade, e isto certamente estava atendendo ao plano de Deus.



“1 Passadas estas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero, lembrou-se de Vasti, e do que fizera, e do que se tinha decretado a seu respeito.
2 Então disseram os servos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei moças virgens e formosas.
3 E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino, que ajuntem a todas as moças virgens e formosas, na fortaleza de Susã, na casa das mulheres, aos cuidados de Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.
4 E a moça que parecer bem aos olhos do rei, reine em lugar de Vasti. E isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
5 Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,
6 Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram levados com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara Nabucodonosor, rei de Babilônia.
7 Este criara a Hadassa (que é Ester, filha de seu tio), porque não tinha pai nem mãe; e era jovem bela de presença e formosa; e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por sua filha.
8 Sucedeu que, divulgando-se o mandado do rei e a sua lei, e ajuntando-se muitas moças na fortaleza de Susã, aos cuidados de Hegai, também levaram Ester à casa do rei, sob a custódia de Hegai, guarda das mulheres.
9 E a moça pareceu formosa aos seus olhos, e alcançou graça perante ele; por isso se apressou a dar-lhe os seus enfeites, e os seus quinhões, como também em lhe dar sete moças de respeito da casa do rei; e a fez passar com as suas moças ao melhor lugar da casa das mulheres.
10 Ester, porém, não declarou o seu povo e a sua parentela, porque Mardoqueu lhe tinha ordenado que o não declarasse.
11 E passeava Mardoqueu cada dia diante do pátio da casa das mulheres, para se informar de como Ester passava, e do que lhe sucederia.
12 E, chegando a vez de cada moça, para vir ao rei Assuero, depois que fora feito a ela segundo a lei das mulheres, por doze meses (porque assim se cumpriam os dias das suas purificações, seis meses com óleo de mirra, e seis meses com especiarias, e com as coisas para a purificação das mulheres),
13 Desta maneira, pois, vinha a moça ao rei; dava-se-lhe tudo quanto ela desejava, para levar consigo da casa das mulheres à casa do rei;
14 À tarde entrava, e pela manhã tornava à segunda casa das mulheres, sob os cuidados de Saasgaz, camareiro do rei, guarda das concubinas; não tornava mais ao rei, salvo se o rei a desejasse, e fosse chamada pelo nome.
15 Chegando, pois, a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu (que a tomara por sua filha), para ir ao rei, coisa nenhuma pediu, senão o que disse Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres; e alcançava Ester graça aos olhos de todos quantos a viam.
16 Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.
17 E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti.
18 Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus servos; era o banquete de Ester; e deu alívio às províncias, e fez presentes segundo a generosidade do rei.
19 E reunindo-se segunda vez as virgens, Mardoqueu estava assentado à porta do rei.
20 Ester, porém, não declarava a sua parentela e o seu povo, como Mardoqueu lhe ordenara; porque Ester cumpria o mandado de Mardoqueu, como quando a criara.
21 Naqueles dias, assentando-se Mardoqueu à porta do rei, dois camareiros do rei, dos guardas da porta, Bigtã e Teres, grandemente se indignaram, e procuraram atentar contra o rei Assuero.
22 E veio isto ao conhecimento de Mardoqueu, e ele fez saber à rainha Ester; e Ester o disse ao rei, em nome de Mardoqueu.
23 E inquiriu-se o negócio, e se descobriu, e ambos foram pendurados numa forca; e foi escrito nas crônicas perante o rei.”.






Ester 3

Pelo desígnio de Deus, o rei Assuero fez de Ester sua rainha, e agora pelo propósito de Satanás, Hamã foi colocado como o segundo homem em importância no reino, depois dele.
Diz-se deste Hamã, que era um agagita, isto é, um dos descendentes de Agague, rei dos amalequitas que havia sido poupado por Saul, que havia desobedecido ao mandado de Deus de destruir totalmente os amalequitas.
A desobediência de Saul trouxe várias dificuldades para os judeus em dias posteriores ao dele, e agora também nos dias de Ester, com a subida a uma posição elevada no reino da Pérsia de um dos descendentes daquele povo, que desde a saída dos israelitas do Egito com Moisés, havia demonstrado um ódio mortal e gratuito pelos judeus.
Como o rei havia ordenado ao povo que se inclinasse e se prostrasse diante de Hamã toda vez que passasse por eles, o único que se recusou a fazê-lo foi Mardoqueu, porque não era costume dos judeus, que temiam verdadeiramente a Deus, adorarem a qualquer homem ou ídolo.
Ele não se recusou a reverenciá-lo pelo poder legal do qual estava constituído, mas pelo ato de adoração que importava aquele gesto, na maneira como fora formulado.
Tendo a recusa de Mardoqueu despertado grande fúria em Hamã, ele intentou não apenas matá-lo por causa da simples recusa, mas por saber que era um judeu.
Então conseguiu convencer ao rei, quando lançavam Pur no último mês do ano, para fazerem previsões para cada mês do ano seguinte, como era o costume deles, caiu no décimo terceiro dia do décimo segundo mês, do ano seguinte, a data em que todas as províncias da Pérsia deveriam se levantar em perseguição a todos os judeus para exterminá-los, fossem velhos ou mesmo crianças, tanto mulheres quanto homens.
O motivo alegado por Hamã foi o de que os judeus eram o único povo das demais nações dominadas pela Pérsia que seguiam as suas próprias leis, e que de modo algum se deixariam dobrar para cumprir os decretos reais da Pérsia.
A sorte já estava lançada (Pur), e é daí que se passou a usar tal expressão quando alguém se encontra numa situação de crise que necessite ser vencida com o auxílio de Deus, porque percebe que o Inimigo tem se levantado com seus planos infernais para desviar o povo do Senhor da fidelidade que é devida a Ele.
Enquanto estivermos neste mundo devemos estar convictos de que Satanás sempre usará seus Hamãs para tentar destruir os servos de Deus.
Mas, o Senhor se antecipa para proteger o Seu povo e a história tem sido sempre a mesma, porque no final da história os Hamãs e o diabo saem derrotados, como veremos adiante em nosso comentário.
A transação da morte dos judeus seria feita com uma grande soma de dinheiro (dez mil talentos de prata) que foi prometida por Hamâ ao rei, o que certamente aguçou a cobiça do rei e revelou qual era de fato seu caráter, porque estava trocando milhares de vidas inocentes por dinheiro; e com isto deu o seu anel de selar os decretos reais, como símbolo da transferência da sua autoridade para Hamã, para que agisse conforme tinha lhe falado.
Deus permitiu que tudo isto sucedesse ao seu povo para aprendermos que teremos que lutar para vencer o Inimigo.
Porque além de sermos aperfeiçoados nas batalhas da fé, isto traz grande glória ao Seu nome, a saber, ver o Inimigo sendo derrotado por Ele através do Seu povo.


“1 Depois destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, e o exaltou, e pôs o seu assento acima de todos os príncipes que estavam com ele.
2 E todos os servos do rei, que estavam à porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei acerca dele; porém Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava.
3 Então os servos do rei, que estavam à porta do rei, disseram a Mardoqueu: Por que transgride o mandado do rei?
4 Sucedeu, pois, que, dizendo-lhe eles isto, dia após dia, e não lhes dando ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se as palavras de Mardoqueu se sustentariam, porque ele lhes tinha declarado que era judeu.
5 Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, Hamã se encheu de furor.
6 Porém teve como pouco, nos seus propósitos, o pôr as mãos só em Mardoqueu (porque lhe haviam declarado de que povo era Mardoqueu); Hamã, pois, procurou destruir a todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de Assuero.
7 No primeiro mês (que é o mês de Nisã), no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, a sorte, perante Hamã, para cada dia, e para cada mês, até ao duodécimo mês, que é o mês de Adar.
8 E Hamã disse ao rei Assuero: Existe espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias do teu reino um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não cumpre as leis do rei; por isso não convém ao rei deixá-lo ficar.
9 Se bem parecer ao rei, decrete-se que os matem; e eu porei nas mãos dos que fizerem a obra dez mil talentos de prata, para que entrem nos tesouros do rei.
10 Então tirou o rei o anel da sua mão, e o deu a Hamã, filho de Hamedata, agagita, adversário dos judeus.
11 E disse o rei a Hamã: Essa prata te é dada como também esse povo, para fazeres dele o que bem parecer aos teus olhos.
12 Então chamaram os escrivães do rei no primeiro mês, no dia treze do mesmo e, conforme a tudo quanto Hamã mandou, se escreveu aos príncipes do rei, e aos governadores que havia sobre cada província, e aos líderes, de cada povo; a cada província segundo a sua escrita, e a cada povo segundo a sua língua; em nome do rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.
13 E enviaram-se as cartas por intermédio dos correios a todas as províncias do rei, para que destruíssem, matassem, e fizessem perecer a todos os judeus, desde o jovem até ao velho, crianças e mulheres, em um mesmo dia, a treze do duodécimo mês (que é o mês de Adar), e que saqueassem os seus bens.
14 Uma cópia do despacho que determinou a divulgação da lei em cada província, foi enviada a todos os povos, para que estivessem preparados para aquele dia.
15 Os correios, pois, impelidos pela palavra do rei, saíram, e a lei se proclamou na fortaleza de Susã. E o rei e Hamã se assentaram a beber, porém a cidade de Susã estava confusa.”



Ester 4

Ao tomar conhecimento do decreto de extermínio real para ser publicado em todas as províncias da Pérsia, Mardoqueu se vestiu de saco e se cobriu de cinza e foi se prostrar com grande pranto junto ao portão real.
Quando soube de sua atitude Ester ordenou a um mensageiro que fosse levar trajes para Mardoqueu, mas ele se recusou em usá-los e pediu que se dissesse a Ester acerca do decreto que havia sido promulgado para destruir todos os judeus.
Ao saber do fato ela se dispôs a ir ter com o rei, sabendo que a lei determinava a morte de qualquer pessoa que entrasse na sua presença sem ser convocada, até mesmo a rainha.
E já por trinta dias ele não a convocava à sua presença.
Então Ester pediu que orassem e jejuassem por ela por três dias, e ela estaria fazendo o mesmo, e assim se arriscaria pela vida de seu povo, porque entraria na presença do rei com a determinação de que se fosse morta, então que o fosse, mas não deixaria de agir para o bem de Israel.
Em tempos de crise a melhor coisa a fazer é jejuar e orar a Deus para que nos dê livramento.
E um cristão deve estar disposto a morrer por seus irmãos. Ele deve dar a sua vida por amor, ao serviço de Deus e a eles.
O exemplo de Ester deve ser seguido por todos os cristãos porque a lei do amor do evangelho lhes impõe tal dever.

“1 Quando Mardoqueu soube tudo quanto se havia passado, rasgou as suas vestes, e vestiu-se de saco e de cinza, e saiu pelo meio da cidade, e clamou com grande e amargo clamor;
2 E chegou até diante da porta do rei, porque ninguém vestido de saco podia entrar pelas portas do rei.
3 E em todas as províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos estavam deitados em saco e em cinza.
4 Então vieram as servas de Ester, e os seus camareiros, e fizeram-na saber, do que a rainha muito se doeu; e mandou roupas para vestir a Mardoqueu, e tirar-lhe o pano de saco; porém ele não as aceitou.
5 Então Ester chamou a Hatá (um dos camareiros do rei, que este tinha posto para servi-la), e deu-lhe ordem para ir a Mardoqueu, para saber que era aquilo, e porquê.
6 E, saindo Hatá a Mardoqueu, à praça da cidade, que estava diante da porta do rei,
7 Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido; como também a soma exata do dinheiro, que Hamã dissera que daria para os tesouros do rei, pelos judeus, para destruí-los.
8 Também lhe deu a cópia da lei escrita, que se publicara em Susã, para os destruir, para que a mostrasse a Ester, e a fizesse saber; e para lhe ordenar que fosse ter com o rei, e lhe pedisse e suplicasse na sua presença pelo seu povo.
9 Veio, pois, Hatá, e fez saber a Ester as palavras de Mardoqueu.
10 Então falou Ester a Hatá, mandando-o dizer a Mardoqueu:
11 Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem sabem que todo o homem ou mulher que chegar ao rei no pátio interior, sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu nestes trinta dias não tenho sido chamada para ir ao rei.
12 E fizeram saber a Mardoqueu as palavras de Ester.
13 Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines no teu íntimo que por estares na casa do rei, escaparás só tu entre todos os judeus.
14 Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento de outra parte sairá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?
15 Então disse Ester que tornassem a dizer a Mardoqueu:
16 Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se perecer, pereci.
17 Então Mardoqueu foi, e fez conforme a tudo quanto Ester lhe ordenou.”.



Ester 5

Depois de cumpridos os três dias de jejum e oração, Ester veio ao trono do rei, e é dito que achou graça diante dele, porque lhe estendeu o cetro de ouro, e tendo ela tocado na ponta do cetro, como sinal de que havia alcançado misericórdia, ele lhe concedeu além do favor de ser recebida, a promessa que lhe daria o que lhe pedisse, ainda que fosse a metade do reino.
Deus nos tem estendido o Seu cetro, desde o Seu trono de graça, prometendo-nos muito mais do que a metade do Seu reino, porque por meio de Jesus nos tem tornado herdeiros de todas as coisas, em sinal de Sua bondade e misericórdia para conosco.
Mas a prudência de Ester e o seu amor pelo povo de Deus não lhe permitiam ter nenhuma cobiça senão simplesmente agir para o bem dos seus, e por isso pediu ao rei que desse a Hamã a honra de ir ter junto com o rei, e somente eles, num banquete que lhes prepararia.
Hamã não sabia que Ester era judia, e por isso ficou eufórico, a ponto de ter reunido seus amigos, mulher e filhos para se gloriar de suas riquezas e da grande honra que estava alcançando no reino, a ponto de somente ele ter sido convidado para o banquete real.
Ester soube portanto mexer com o extremo orgulho daquele homem pequeno e rancoroso.
As coisas em que Hamã se gloriava eram vãs, e na verdade ele deveria se envergonhar por sua vanglória, uma vez que chegou a ponto de dizer que tudo o que possuía de bens e honra não lhe satisfariam, enquanto não visse morto a Mardoqueu, porque quando se dirigia para sua casa, mais uma vez este se recusou a se prostrar diante dele.
Hamã era tolo demais para aprender da história do que havia sucedido aos reis que Deus havia submetido a juízo nos dias do Velho Testamento, por causa da atitude arrogante deles em desejarem serem adorados.
Então os seus agravaram ainda mais a sua ruína quando lhe sugeriram que mandasse construir uma forca para matar Mardoqueu, aproveitando-se da oportunidade que teria para estar reservadamente com o rei e a rainha, uma vez que já havia sido demonstrado o quanto ele era honrado e estimado por eles, tanto pelo convite da rainha, quanto no fato de o rei ter consentido com o pedido dela.
Quando o Inimigo pensa que já triunfou, pelas circunstâncias que lhe parecem favoráveis, o Senhor lhe prepara uma armadilha para que seja destruído pela próprias armas que o ele forjou para destruir os cristãos, tal como se deu com Hamã que viria a ser enforcado por mandado do rei na própria forca que ele mandou construir para enforcar Mardoqueu.



“1 Sucedeu, pois, que ao terceiro dia Ester se vestiu com trajes reais, e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte do aposento do rei; e o rei estava assentado sobre o seu trono real, na casa real, defronte da porta do aposento.
2 E sucedeu que, vendo o rei à rainha Ester, que estava no pátio, alcançou graça aos seus olhos; e o rei estendeu para Ester o cetro de ouro, que tinha na sua mão, e Ester chegou, e tocou a ponta do cetro.
3 Então o rei lhe disse: Que é que queres, rainha Ester, ou qual é a tua petição? Até metade do reino se te dará.
4 E disse Ester: Se parecer bem ao rei, venha hoje com Hamã ao banquete que lhe tenho preparado.
5 Então disse o rei: Fazei apressar a Hamã, para que se atenda ao desejo de Ester. Vindo, pois, o rei e Hamã ao banquete, que Ester tinha preparado,
6 Disse o rei a Ester, no banquete do vinho: Qual é a tua petição? E ser-te-á concedida, e qual é o teu desejo? E se fará ainda até metade do reino.
7 Então respondeu Ester, e disse: Minha petição e desejo é:
8 Se achei graça aos olhos do rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a minha petição, e cumprir o meu desejo, venha o rei com Hamã ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme a palavra do rei.
9 Então saiu Hamã naquele dia alegre e de bom ânimo; porém, vendo Mardoqueu à porta do rei, e que ele não se levantara nem se movera diante dele, então Hamã se encheu de furor contra Mardoqueu.
10 Hamã, porém, se refreou, e foi para sua casa; e enviou, e mandou vir os seus amigos, e Zeres, sua mulher.
11 E contou-lhes Hamã a glória das suas riquezas, a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e como o tinha exaltado sobre os príncipes e servos do rei.
12 Disse mais Hamã: Tampouco a rainha Ester a ninguém fez vir com o rei ao banquete que tinha preparado, senão a mim; e também para amanhã estou convidado por ela juntamente com o rei.
13 Porém tudo isto não me satisfaz, enquanto eu vir o judeu Mardoqueu assentado à porta do rei.
14 Então lhe disseram Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca de cinquenta côvados de altura, e amanhã dize ao rei que nela seja enforcado Mardoqueu; e então entra alegre com o rei ao banquete. E este conselho bem pareceu a Hamã, que mandou fazer a forca.”.




Ester 6

Naquela mesma noite do dia em que Hamã mandou construir a forca para que nela executasse Mardoqueu, ele não se contendo de ódio, não pôde adiar o pedido da sua morte para o dia do banquete e se dirigiu ao palácio real.
Mas como o livramento é do Senhor, por mais rápido que queira agir o Inimigo, Deus não permitiu que o rei tivesse sono naquela noite, e então ele pediu que lhe trouxessem o livro de crônicas do reino para lerem-no perante ele, e como ele próprio havia mandado que se registrasse no livro das crônicas real a lealdade de Mardoqueu para com ele, quando havia denunciado uma conspiração de dois homens que pretendiam matá-lo, ele indagou qual foi a distinção honrosa que havia sido feita ao judeu Mardoqueu.
Quando lhe disseram, nenhuma, o seu coração foi disposto para corrigir aquela falta, de maneira, que ainda que tardiamente, fosse dada a devida demonstração de gratidão e honra a quem havia livrado a sua vida da morte.
Nesse comenos Hamã chegou ao palácio e sendo admitido à presença do rei não teve nenhum tempo para expor o seu pedido, porque o rei lhe perguntou o que achava que se devia fazer ao homem a quem o rei queria honrar.
Diante de tudo o que vinha acontecendo ele pensou em seu coração que tal pessoa poderia ser somente ele próprio, e então abusou na sugestão, pensando que seria aplicado a ele o que havia sugerido ao rei quanto ao que ele deveria fazer à pessoa que quisesse honrar.
Para sua grande surpresa e horror o rei disse então que ele mesmo se apressasse a fazer tudo aquilo que havia sugerido, com o judeu Mardoqueu, e não lhe restou nenhuma alternativa senão obedecer a vontade do rei, porque a desobediência implicaria na sua própria morte.
Foi então com grande constrangimento, vergonha e raiva disfarçada que ele percorria as ruas da cidade puxando o cavalo do rei no qual Mardoqueu se encontrava assentado com as vestes reais, proclamando em voz alta a todos por onde passava que era aquilo que se deveria fazer à pessoa à qual o rei pretendesse honrar. E o pior de tudo é que tudo  foi feito em conformidade com o conselho do próprio Hamã.
Depois do feito, tendo chegado arrasado em sua casa, sua mulher Zeres, filhos e amigos, lhe disseram que se Mardoqueu era judeu, e havia acontecido tal coisa, então aquilo era um presságio de que Hamã cairia em desgraça total diante dele, porque era apenas o começo da sua tragédia.
O mal que alguém desejar aos seus inimigos acabará se voltando contra si próprio, e ainda que isto não ocorra neste mundo, ocorrerá no futuro quando o Justo Juiz julgar todas as ações de todos os homens.
A luta de Hamã não era contra os judeus, mas contra Deus que é o rei deste povo.
Quem se levanta contra os cristãos e contra uma obra que eles estejam fazendo para o Senhor, não é contra o homem e contra a obra que eles se levantam, mas contra o próprio Deus.
E é uma coisa lamentável quando isto é feito pelos próprios cristãos, por viverem deliberadamente de modo carnal. Certamente o Senhor não os deixará sem a devida correção, ainda que sejam Seus filhos, tal como havia corrigido e castigado os israelitas de várias formas nos dias do Velho Testamento, quando andavam contrariamente à Sua vontade, e conforme vemos no relato das Escrituras.
De Deus não se zomba, e Ele dará o pago a cada um segundo as suas obras.
Por isso podemos estar convictos de que se o Inimigo se levanta para desonrar o nosso ministério, Deus mesmo se levantará também em nosso favor e não somente nos honrará como sujeitará à vergonha e desonra os nossos inimigos.
Se alguém se levanta contra Cristo e a verdade do Seu evangelho, seja cristão ou não cristão, terá que arcar com as consequências do seu procedimento insano junto do próprio Deus.



“1 Naquela mesma noite fugiu o sono do rei; então mandou trazer o livro de registro das crônicas, as quais se leram diante do rei.
2 E achou-se escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois dos camareiros do rei, da guarda da porta, que tinham procurado lançar mão do rei Assuero.
3 Então disse o rei: Que honra e distinção se deu por isso a Mardoqueu? E os servos do rei, que ministravam junto a ele, disseram: Coisa nenhuma se lhe fez.
4 Então disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado no pátio exterior da casa do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.
5 E os servos do rei lhe disseram: Eis que Hamã está no pátio. E disse o rei que entrasse.
6 E, entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada? Então Hamã disse no seu coração: De quem se agradaria o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?
7 Assim disse Hamã ao rei: Para o homem, de cuja honra o rei se agrada,
8 Tragam a veste real que o rei costuma vestir, como também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça.
9 E entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes mais nobres do rei, e vistam delas aquele homem a quem o rei deseja honrar; e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!
10 Então disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e coisa nenhuma omitas de tudo quanto disseste.
11 E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem a quem o rei deseja honrar!
12 Depois disto Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo à sua casa, triste, e de cabeça coberta.
13 E contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos, tudo quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás diante dele.


14 E estando eles ainda falando com ele, chegaram os camareiros do rei, e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.”


Ester 7

Hamã colheria o fruto semeado pela sua própria perversidade, e assim se dará com todos os homens no dia do Grande Juízo de Deus porque cada um colherá exatamente aquilo que plantou: se foi perversidade o fruto que colherá no final será o da sua própria perversidade.
Deus o retribuirá conforme o que plantou, conforme tem prometido.
Mas poucos aprendem sobre esta lição que nos é dada pelo próprio mundo natural.
Chegado o dia do banquete em que estariam presentes somente o rei, Ester e Hamã, o rei perguntou novamente a Ester qual era o pedido que ela pretendia lhe fazer, e ela lhe declarou que era a sua própria vida e a do seu povo.
Ela teve sabedoria suficiente para não declarar ainda de que povo se tratava e quem havia tomado tal decisão sem a permissão real.
Então quando ela declarou que era o perverso Hamã, o rei muito se enfureceu e deixou o salão real e se dirigiu ao jardim, e Hamã soube naquela hora que estava perdido e se humilhou diante de Ester pedindo que rogasse por sua vida junto ao rei.
Como ele foi achado prostrado na cama onde Ester se encontrava, para agravar ainda mais a sua situação, o rei, tomou aquilo como uma tentativa de abusar da rainha em sua própria presença, e os servos do rei imediatamente cobriram a cabeça de Hamã, em sinal de que não era digno sequer de ser visto mais o seu rosto, e quando o rei soube por seus servos que ele havia mandado construir uma forca para nela matar Mardoqueu, mais ainda o rei se enfureceu, porque havia honrado por ele próprio ao tio de Ester, e então ordenou que Hamã fosse enforcado na própria forca que ele mandara construir.
O que usar de injustiça pela injustiça será alcançado.
O que matar injustamente pela espada, pela espada será morto.
Não se trata de lei de carma, mas da lei da justa retribuição divina pelas más ações dos homens, não será o destino que os julgará, mas o Justo Deus.
Por isso nos convém andar em temor durante toda a nossa peregrinação terrena sabendo que Ele tudo vê, e todos os nossos pensamentos e ações têm sido registrados por  Ele.



“1 Vindo, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,
2 Disse outra vez o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu desejo? Até metade do reino, se te dará.
3 Então respondeu a rainha Ester, e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição, e o meu povo como meu desejo.
4 Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem, e aniquilarem de vez; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia; ainda que o opressor não poderia ter compensado a perda do rei.
5 Então falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é esse e onde está esse, cujo coração o instigou a assim fazer?
6 E disse Ester: O homem, o opressor, e o inimigo, é este mau Hamã. Então Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.
7 E o rei no seu furor se levantou do banquete do vinho e passou para o jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua vida; porque viu que já o mal lhe estava determinado pelo rei.
8 Tornando, pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho, Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então disse o rei: Porventura quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? Saindo esta palavra da boca do rei, cobriram o rosto de Hamã.
9 Então disse Harbona, um dos camareiros que serviam diante do rei: Eis que também a forca de cinquenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara em defesa do rei, está junto à casa de Hamã. Então disse o rei: Enforcai-o nela.


10 Enforcaram, pois, a Hamã na forca, que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou.”




Ester 8

Deus não somente subjuga o Inimigo por amor do Seu povo, como também lhe despoja dos bens que ele tinha sob domínio e os dá para aqueles que O amam, tal como fizera com Hamã, do qual, depois de tê-lo levado à forca, deu para Ester a casa que lhe pertencia.
E a Mardoqueu o rei deu o seu anel de selar que havia tomado de Hamã, fazendo dele então o seu homem de confiança com autoridade para expedir decretos em seu nome. Mardoqueu, ficou a pedido de Ester como administrador da casa que era de Hamâ, e que o rei lhe dera.
Ester pediu ao rei que revogasse o decreto de extermínio que Hamã havia selado com o anel real, mas como a lei dos reis persas não podia ser revogada, ele permitiu que Mardoqueu expedisse um outro decreto dando aos judeus o direito de se defenderem do ataque que seria desferido contra eles no décimo terceiro dia do décimo segundo mês.
Era ainda o terceiro mês e então eles teriam tempo suficiente para espalhar cópias do novo decreto por todas as 127 províncias persas.
E tal foi a euforia que tomou conta dos judeus quando tomaram conhecimento do que havia sucedido a Hamâ, e como Mardoqueu havia sido colocado no lugar dele com uma maior honra do que a que fora dada pelo rei a Hamã no passado, a ponto de ter-lhe vestido com trajes reais e lhe dado uma coroa, muitos dos que eram dos povos das províncias se fizeram prosélitos judeus, para ajudá-los na luta que seria travada no décimo segundo mês, porque queriam estar ao lado deles, uma vez que lhes sobreveio temor da parte de Deus, especialmente pelo modo como viram como Ele estava sendo favorável aos judeus, e como havia humilhado aquele que havia expedido o decreto para exterminar o Seu povo.

“1 Naquele mesmo dia deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã, inimigo dos judeus; e Mardoqueu veio perante o rei, porque Ester tinha declarado quem ele era.
2 E tirou o rei o seu anel, que tinha tomado de Hamã e o deu a Mardoqueu. E Ester encarregou Mardoqueu da casa de Hamã.
3 Falou mais Ester perante o rei, e se lhe lançou aos seus pés; e chorou, e lhe suplicou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o intento que tinha projetado contra os judeus.
4 E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então Ester se levantou, e pôs-se em pé perante o rei,
5 E disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas concebidas por Hamã filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para aniquilar os judeus, que estão em todas as províncias do rei.
6 Pois como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a destruição da minha parentela?
7 Então disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele penduraram numa forca, porquanto estendera as mãos contra os judeus.
8 Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos, em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque o documento que se escreve em nome do rei, e que se sela com o anel do rei, não se pode revogar.
9 Então foram chamados os escrivães do rei, naquele mesmo tempo, no terceiro mês (que é o mês de Sivã), aos vinte e três dias; e se escreveu conforme a tudo quanto ordenou Mardoqueu aos judeus, como também aos sátrapas, e aos governadores, e aos líderes das províncias, que se estendem da Índia até Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada província segundo o seu modo de escrever, e a cada povo conforme a sua língua; como também aos judeus segundo o seu modo de escrever, e conforme a sua língua.
10 E escreveu-se em nome do rei Assuero e, selando-as com o anel do rei, enviaram as cartas pela mão de correios a cavalo, que cavalgavam sobre ginetes, que eram das cavalariças do rei.
11 Nelas o rei concedia aos judeus, que havia em cada cidade, que se reunissem, e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para destruírem, matarem e aniquilarem todas as forças do povo e da província que viessem contra eles, crianças e mulheres, e que se saqueassem os seus bens,
12 Num mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de Adar;
13 E uma cópia da carta seria divulgada como decreto em todas as províncias, e publicada entre todos os povos, para que os judeus estivessem preparados para aquele dia, para se vingarem dos seus inimigos.
14 Os correios, sobre ginetes velozes, saíram apressuradamente, impelidos pela palavra do rei; e esta ordem foi publicada na fortaleza de Susã.
15 Então Mardoqueu saiu da presença do rei com veste real azul-celeste e branco, como também com uma grande coroa de ouro, e com uma capa de linho fino e púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.
16 E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra.
17 Também em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, dos povos da terra, se fizeram judeus, porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles.”




Ester 9

Deus abençoou o Seu povo e proveu meios de livramento para ele, mas não os livrou da luta, e nisto há um ensinamento para os cristãos na Igreja de Cristo, a saber, que eles receberão da parte de Deus os meios necessários para vencerem seus inimigos espirituais, mas o Senhor não os livrará da luta propriamente dita que eles terão que travar com os poderes das trevas todos os dias, enquanto estiverem neste mundo.
Assim, quando chegou o décimo terceiro dia do décimo segundo mês, a mão do Senhor foi de tal forma com os judeus, que em vez de serem dominados pelos seus inimigos eles é que os dominaram.
Muitos das províncias passaram para o lado deles, porque temiam muito a Mardoqueu, quanto ao que lhes poderia fazer depois da guerra daquele único dia, porque era grande e honrado perante o rei, e a cada dia crescia mais ainda a sua honra e poder perante ele.
Então o decreto de Hamã funcionou ao contrário, porque em vez dos judeus serem exterminados, eles é que prevaleceram contra todos os inimigos que se levantaram contra eles, e até mesmo os dez filhos de Hamã foram mortos por eles naquele dia décimo terceiro.
Na própria fortaleza de Susã onde estava o palácio real os judeus mataram 500 homens.
Os dez filhos de Hamâ foram enforcados a pedido de Ester.
A guerra se estendeu ao décimo quarto dia e os judeus mataram mais 300 homens na fortaleza de Susã.
E em todas as províncias o número de inimigos dos judeus que foram mortos chegou a 75.000.
E de nenhum deles eles tomaram despojos, para mostrar a diferença que havia entre o decreto de Mardoqueu que lhes deu o direito de se defenderem, do decreto de Hamã que não somente mandou exterminar os judeus como também tomarem posse dos despojos deles.
  Nos dias 13 e 14, os judeus que se achavam em Susã se reuniram, e fizeram do dia 15 um dia de banquetes e de alegria.
Mas os judeus que habitavam nas aldeias fizeram o mesmo no dia 14 e enviaram presentes uns aos outros.
Os amigos de Cristo devem viver e lutar juntos tal como os judeus, pela fé evangélica, contra os principados e potestades, e suas vitórias devem ser para eles motivo de alegria, e para fortalecimento de seus laços de fraternidade e de amizade.
Por isso foi decretado por Mardoqueu que todos os judeus em todas as províncias da Pérsia deveriam guardar anualmente os dias 14 e 15 do décimo segundo mês, porque nestes dias eles acharam repouso de seus inimigos, quando a sua tristeza foi mudada em alegria, e o luto em dia de festa, de maneira que estes dois dias deveriam ser dias de banquetes e de alegria, e além de troca de presentes deveriam ser feitas dádivas aos pobres, e estes dias passaram a ser chamados de Purim, que vem do nome Pur, porque foi por causa do Pur lançado por Hamã que tiveram que lutar naquele décimo terceiro dia do mês de Adar.  
E Ester, confirmou a carta de Purim, escrevendo uma segundo vez para que se guardasse a festa de Purim, em todas as 127 províncias da Pérsia.    
Certamente houve um propósito de Deus naquela tribulação que os judeus tiveram que enfrentar, mas na qual foram bem sucedidos, porque tinham muitos inimigos por todas as partes, e haviam retornado recentemente de Babilônia para a Palestina, e eles teriam que lutar muito e se esforçar para que consolidassem a permanência deles no seu retorno à terra prometida.
O povo do Senhor é um povo de guerra porque tem muitos inimigos, e a melhor maneira de aprender a vencê-los é sendo continuamente exercitado em batalhas, e é este o motivo pelo qual o Senhor permite que eles tenham aflições neste mundo.
Nós vemos que muitas coisas precisavam ser ainda consertadas em Israel quanto à restauração do culto devido ao Senhor, e mesmo para a reorganização da nação. E isto nós podemos ver de modo muito claro nos livros de Esdras e Neemias que desceram também de Susã para a Palestina, não muito tempo depois dos eventos narrados no livro de Ester.
Assim, Deus permitiu o mal intentado por Hamã, para que os judeus fossem despertados, encorajados, incentivados a lutarem como uma só alma, para preservarem a identidade e nacionalidade deles, porque o que está envolvido na vida de Israel é a glória do Senhor. Israel vive porque o Senhor vive. A Igreja é o verdadeiro Israel de Deus, e ela permanecerá até o fim para que se veja a glória e o poder do Senhor que peleja pelo Seu povo, e o torna forte para as batalhas que tem que travar contra o Inimigo.


“1 E, no duodécimo mês, que é o mês de Adar, no dia treze do mesmo mês em que chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, porque os judeus foram os que se asenhorearam dos que os odiavam.
2 Porque os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, se ajuntaram para pôr as mãos naqueles que procuravam o seu mal; e ninguém podia resistir-lhes, porque o medo deles caíra sobre todos aqueles povos.
3 E todos os líderes das províncias, e os sátrapas, e os governadores, e os que faziam a obra do rei, auxiliavam os judeus porque tinha caído sobre eles o temor de Mardoqueu.
4 Porque Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama crescia por todas as províncias, porque o homem Mardoqueu ia sendo engrandecido.
5 Feriram, pois, os judeus a todos os seus inimigos, a golpes de espada, com matança e com destruição; e fizeram dos seus inimigos o que quiseram.
6 E na fortaleza de Susã os judeus mataram e destruíram quinhentos homens;
7 Como também a Parsandata, e a Dalfom e a Aspata,
8 E a Porata, e a Adalia, e a Aridata,
9 E a Farmasta, e a Arisai, e a Aridai, e a Vaisata;
10 Os dez filhos de Hamã, filho de Hamedata, o inimigo dos judeus, mataram, porém ao despojo não estenderam a sua mão.
11 No mesmo dia foi comunicado ao rei o número dos mortos na fortaleza de Susã.
12 E disse o rei à rainha Ester: Na fortaleza de Susã os judeus mataram e destruíram quinhentos homens, e os dez filhos de Hamã; nas mais províncias do rei que teriam feito? Qual é, pois, a tua petição? E dar-se-te-á. Ou qual é ainda o teu requerimento? E far-se-á.
13 Então disse Ester: Se bem parecer ao rei, conceda-se aos judeus que se acham em Susã que também façam amanhã conforme ao mandado de hoje; e pendurem numa forca os dez filhos de Hamã.
14 Então disse o rei que assim se fizesse; e publicou-se um edito em Susã, e enforcaram os dez filhos de Hamã.
15 E reuniram-se os judeus que se achavam em Susã também no dia catorze do mês de Adar, e mataram em Susã trezentos homens; porém ao despojo não estenderam a sua mão.
16 Também os demais judeus que se achavam nas províncias do rei se reuniram e se dispuseram em defesa das suas vidas, e tiveram descanso dos seus inimigos; e mataram dos seus inimigos setenta e cinco mil; porém ao despojo não estenderam a sua mão.
17 Sucedeu isto no dia treze do mês de Adar; e descansaram no dia catorze, e fizeram, daquele dia, dia de banquetes e de alegria.
18 Também os judeus, que se achavam em Susã se ajuntaram nos dias treze e catorze do mesmo; e descansaram no dia quinze, e fizeram, daquele dia, dia de banquetes e de alegria.
19 Os judeus, porém, das aldeias, que habitavam nas vilas, fizeram do dia catorze do mês de Adar dia de alegria e de banquetes, e dia de folguedo, e de mandarem presentes uns aos outros.
20 E Mardoqueu escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto, e aos de longe,
21 Ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos,
22 Como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa, para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem presentes uns aos outros, e dádivas aos pobres.
23 E os judeus encarregaram-se de fazer o que já tinham começado, como também o que Mardoqueu lhes tinha escrito.
24 Porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus, e tinha lançado Pur, isto é, a sorte, para os assolar e destruir.
25 Mas, vindo isto perante o rei, mandou ele por cartas que o mau intento que Hamã formara contra os judeus, se tornasse sobre a sua cabeça; pelo que penduraram a ele e a seus filhos numa forca.
26 Por isso aqueles dias chamam Purim, do nome Pur; assim também por causa de todas as palavras daquela carta, e do que viram sobre isso, e do que lhes tinha sucedido,
27 Confirmaram os judeus, e tomaram sobre si, e sobre a sua descendência, e sobre todos os que se achegassem a eles, que não se deixaria de guardar estes dois dias conforme ao que se escrevera deles, e segundo o seu tempo determinado, todos os anos.
28 E que estes dias seriam lembrados e guardados em cada geração, família, província e cidade, e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os judeus, e que a memória deles nunca teria fim entre os de sua descendência.
29 Então a rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, escreveram com toda autoridade uma segunda vez, para confirmar a carta a respeito de Purim.
30 E mandaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e verdade.
31 Para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados, como Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes tinham estabelecido, e como eles mesmos já o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua descendência, acerca do jejum e do seu clamor.
32 E o mandado de Ester estabeleceu os sucessos daquele Purim; e escreveu-se no livro.”



Ester 10

Deus conduziu Mardoqueu ao poder na Pérsia, para ser o segundo depois do rei Assuero, tal como fizera com José no Egito junto a faraó, para que por eles, pudesse guardar o Seu povo da destruição dos muitos inimigos que sempre se levantam contra ele, com a intenção de exterminá-lo, pela influência de Satanás.
Por isso é dito no verso 3 deste capitulo o seguinte:
“Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo, e proclamando a prosperidade de toda a sua descendência.”.
Deus sempre levantará os Seus ministros verdadeiros para apascentar o Seu rebanho.
Ele mesmo engrandece estes homens na Igreja, não mais com poder político, como no passado, mas com o poder do Espírito, porque Cristo já se manifestou, e a luta que temos que travar agora não é contra carne e sangue mas contra os principados e potestades das trevas.  


“1 Depois disto impôs o rei Assuero tributo sobre a terra, e sobre as ilhas do mar.
2 E todos os atos do seu poder e do seu valor, e o relato da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei exaltou, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia?
3 Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo, e proclamando a prosperidade de toda a sua descendência.”.

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