sábado, 17 de outubro de 2015

I Timóteo 1 a 6

I Timóteo 1

Desagravo da Honra de Pastores Fiéis - I Timóteo 1a

“1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, esperança nossa.
2 a Timóteo, meu verdadeiro filho na fé: graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor.
3 Como te roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinassem doutrina diversa,
4 nem se preocupassem com fábulas ou genealogias intermináveis, pois que produzem antes discussões que edificação para com Deus, que se funda na fé.
5 Mas o fim desta admoestação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé não fingida; (I Tim 1.1-5)

Façamos um desagravo da honra dos muitos pastores, que fielmente vivem e pregam o evangelho, de modo sacrificial e abnegado, por amor às almas e para a exclusiva glória do Senhor.
Porque nestes dias conturbados têm refletido a luz de Jesus, não como velas ou planetas, mas como estrelas irradiantes do Seu amor pela humanidade.
A estes descendentes espirituais do apóstolo Paulo, queremos dedicar o comentário da sua primeira epístola pastoral dirigida a Timóteo.

Não há em nenhuma parte do livro de Atos dos Apóstolos o registro histórico de ter o apóstolo Paulo deixado Timóteo em Éfeso, quando ele, Paulo, partia para a Macedônia, conforme ele afirmou no terceiro versículo.

Disto podemos concluir que a escrita desta epístola a Timóteo foi posterior à narrativa contida em Atos, que é encerrada com a primeira prisão de Paulo em Roma.

Esta epístola de I Timóteo, foi escrita por Paulo quando se encontrava em liberdade, antes de sofrer sua segunda prisão em Roma, que culminaria com o seu martírio sob o imperador Nero.
A importância do conhecimento destes dados históricos e geográficos está relacionada ao fato de entendermos melhor o cenário em que esta epístola foi escrita, pois havia decorrido tempo suficiente desde que Paulo havia se despedido dos presbíteros de Éfeso, conforme se vê no relato de Atos 20, para que se cumprisse aquilo que ele havia predito quanto à penetração de lobos vorazes na Igreja dos efésios, que não poupariam o rebanho, e que estes líderes desviados da verdade falariam coisas pervertidas com o intuito de afastarem os discípulos da firmeza deles em Cristo, conforme haviam sido ensinados pelo apóstolo, por apontarem a confiança deles não mais na sã doutrina, mas no evangelho falso e pervertido que eles passaram a lhes ensinar.
“29 Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho,
30 e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si.” (At 20,29,30).
Contra o que geralmente se imagina, não são heresias grosseiras que estes lobos vorazes costumam introduzir na Igreja, de modo que isto seria muito evidente.
Ao contrário isto é feito de maneira sutil, encoberta e dissimuladamente, porque o fazem vestidos de ovelhas, tal como Jesus alertou à Igreja no Sermão do Monte, contra o perigo dos falsos profetas, chamando-os de lobos devoradores, porque furtam as graças e a vida espiritual do rebanho.    
Foi a estes que Pedro também se referiu em sua segunda epístola:
“Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.”  (II Pe 2.1).
Enquanto viviam os apóstolos, pela autoridade que receberam de Cristo para porem o fundamento da Sua Igreja, eles podiam reconduzir as coisas que necessitavam ser consertadas, valendo-se desta autoridade apostólica.
E é por isso que apesar desta epístola a Timóteo ser uma carta pessoal, no entanto ela seria lida por muitos em Éfeso, e não é portanto sem razão que seja iniciada por Paulo com a afirmação de quem provinha a autoridade do seu apostolado – de Cristo Jesus, pelo mandado de Deus Pai (v. 1).
Assim, pôde determinar a Timóteo que repreendesse aqueles que estavam ensinando uma doutrina diferente daquela que havia dado a eles para guardarem e praticarem (v. 3).
E nenhuma doutrina diferente da única e sã doutrina pode produzir edificação dos cristãos, senão discussões e debates inúteis (v.4).
Os cristãos devem ser edificados na fé, isto é, na fé objetiva na verdade revelada por Cristo aos apóstolos, e devem também ser exortados a crescerem na graça e no conhecimento de Jesus, melhorando sempre em graus a sua piedade e santificação.
Sem esta fé no evangelho é impossível haver esta edificação em amor.
Daí a necessidade de serem admoestados tanto aqueles que estavam ensinando doutrinas diferentes, quanto aqueles que estavam se deixando influenciar por tal ensino, de maneira que pudessem retornar a uma fé não fingida, e a terem uma boa consciência, bem instruída pela Palavra de Deus, que são coisas básicas e necessárias para que se possa viver no amor de Cristo (v. 5).
Pastores não são profissionais da fé, mas irmãos mais experimentados e pais para o rebanho de Cristo, para conduzi-lo em amor, se sentindo um com eles, protegendo-os como um pai faz em relação a seus filhos, estando pronto a dar a sua vida pelo bem deles.
 E todos os demais ministérios foram dados por Cristo à Igreja para este mesmo propósito da sua edificação em amor.
São familiares achegados uns aos outros, e diligentemente interessados em promover o bem comum.
Por isso a Igreja Primitiva vivia como um só corpo, que de fato era, tendo tudo em comum.
Daí a exortação que Paulo deu a Timóteo no sentido de que os líderes da Igreja de Éfeso não ensinassem doutrinas diferentes, lembrando-lhe que o objetivo daquela exortação visava ao amor que aqueles líderes e a própria Igreja haviam esquecido, e assim, estavam sendo privados de viver no Espírito e no amor de Cristo.
O amor esfria onde não há esta disposição de se obedecer à verdade.
O fato de lobos devoradores estarem ensinando outra doutrina, vestidos dissimuladamente de ovelhas para enganar o rebanho estava impedindo a manifestação da vida do Senhor entre os cristãos de Éfeso.
Por isso Paulo exortou Timóteo a restaurar o reto ensino que é segundo a sã doutrina, de maneira que o amor de Deus pudesse se manifestar no seio da Igreja.
 Jesus sempre afirmou que a vivência do amor de Deus está vinculada à prática efetiva da Sua Palavra. E que é esta a única maneira de permanecer nEle e no Seu amor.
São realidades inseparáveis. Não é possível viver no amor de Deus sem uma verdadeira obediência à verdade, e toda obediência à verdade deve visar prioritariamente a este viver no amor de Deus, porque é este o grande objetivo do evangelho, da salvação que obtivemos em Cristo Jesus.
“Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.” (João 15.9).
“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.” (João 15.10).


FÉ + CORAÇÃO PURO + BOA CONSCIÊNCIA = AMOR - I Timpóteo 1b

“6 das quais coisas alguns se desviaram, e se entregaram a discursos vãos,
7 querendo ser doutores da lei, embora não entendam nem o que dizem nem o que com tanta confiança afirmam.
8 Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usar legitimamente,
9 reconhecendo que a lei não é feita para o justo, mas para os transgressores e insubordinados, os irreverentes e pecadores, os ímpios e profanos, para os parricidas, matricidas e homicidas,
10 para os devassos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros, e para tudo que for contrário à sã doutrina,
11 segundo o evangelho da glória do Deus bendito, que me foi confiado.” (I Tim 1.6-11)

Na introdução desta seção de I Timóteo Paulo afirma que alguns haviam se desviado, na Igreja de Éfeso, da verdadeira fé, da boa consciência, e consequentemente do amor de Deus, porque ele é o resultado da afirmação da sã doutrina na vida, quando se tendo uma boa consciência para com Ele, firmada não nos nossos próprios critérios de vida, mas nos que Ele nos ensina na Sua Palavra.
Deus é puro espírito, com atributos santos e perfeitos, de modo que não podemos permanecer nele participando da sua natureza divina, quando nos falta pureza de coração, que exige de nós fé e boa consciência.
O apóstolo cita o motivo deles terem se desviado: entregaram-se a discursos vãos, substituindo a vida espiritual que é baseada nas operações transformadoras da graça nos corações, mediante o poder do Espírito, segundo a prática da sã doutrina, por uma especulação filosófica, legalista e moralista baseada no uso indevido da Lei.
Eles estavam afirmando a salvação e a santificação pelo simples uso da lei, e sabemos que não é o próprio homem que salva e que se santifica a si mesmo, senão que isto é decorrente da operação sobrenatural do Espírito Santo.
O cumprimento da lei não é porventura o amor?  (Rom 12.10).
Deste modo, tudo o que tende a enfraquecer o nosso amor a Deus ou aos irmãos, tende a derrotar a finalidade da lei, e quando isto acontece, não importa qual seja o uso que façamos da Lei, isto será sempre algo que estará fora do objetivo de Deus em relação à Igreja.
Por isso se diz que ainda que façamos muitas coisas e que tenhamos muitos dons, mas se não tivermos este amor que procede de Deus na nossa experiência diária, nada disso nos aproveitará (I Cor 13.1-3).
Não foi uma afirmação solta de Jesus a de ter dito que é o amor de uns pelos outros, que identifica os seus discípulos, porque isto significa que é somente quando estamos vivendo neste amor,  que estamos de fato fazendo a Sua vontade (João 13.35), e atendendo portanto ao objetivo para o qual fomos criados e salvos.
Quando a pregação do evangelho descamba para temas que ocultem aquilo que os cristãos são em Cristo e o que eles devem viver em consequência disto, como nós encontramos por exemplo, no ensino de Jesus no Sermão do Monte, e quando não se dá a devida consideração e prática a esta verdade, o amor é lançado fora, porque é pela verdade da Palavra que é santificado e purificado o coração (João 17.17).
Um coração que não for purificado não pode amar com o amor de Deus, porque Deus é santo e amor.
Por isso Paulo afirmou no verso 5 que o amor procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé não fingida.
Como poderiam então aqueles falsos mestres da Igreja de Éfeso ensinarem estas coisas aos discípulos se eles próprios não andavam na verdade?
Como poderiam ensinar aquilo que eles não entendiam e não viviam?
Do que estiver cheio o coração a boca falará! E como poderá falar do puro e santo amor de Deus da maneira que convém, estando o coração cheio de impureza carnal e de soberba mundana?
Se a Igreja é corrompida por tais falsos mestres e pastores nós não devemos ficar surpresos com isto, porque desde o princípio foi assim.
Quando as pessoas e principalmente os ministros se afastam da grande lei do amor, não será nenhuma maravilha ver que eles estarão desviados do caminho, porque isto sempre ocorrerá quando as pessoas perdem de vista o grande objetivo pelo qual devem viver, conforme lhes foi designado por Deus desde antes da fundação do mundo.
“como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;”  (Ef 1.4).
O amor a que a Bíblia se refere não é mero sentimento, e muito menos simples afeto natural, mas a unidade espiritual que é vinculada pelo amor sobrenatural ágape, que é derramado pelo Espírito Santo nos corações que são fiéis ao Senhor, e que buscam fazer a Sua vontade em obediência à Sua Palavra, por meio de uma verdadeira vida de oração e de comunhão real no espírito com aqueles que invocam ao Senhor com um coração puro, para fazer avançar os interesses do reino de Cristo na terra.
Daí a necessidade que o rebanho de Cristo seja apascentado por pastores que sejam fiéis, homens piedosos, na fé e na oração.
Pastores verdadeiramente fiéis a Cristo não são dominadores do rebanho. Não exercem domínio sobre as almas que lhes foram confiadas por Deus, isto é, se foram efetivamente confiadas, e se eles foram de fato chamados para apascentá-las.
O amor de Cristo deve governar sobre tudo e sobre todos, e não o desejo ambicioso de serem mestres de outros, para exporem o que eles pensam e não a verdade revelada da Palavra no temor de Deus.
É muito comum que muitos se intrometam no ministério pelo desejo de falar daquelas coisas das quais eles são na verdade ignorantes, porque não foram instruídos por Deus, uma vez que ou não foram chamados por Ele ou então se corromperam em sua vocação, deixando-se vencer pelo orgulho e pela presunção, esquecidos que a carne e o ego devem ser renunciados para que ensinemos a outros apenas aquilo que temos aprendido de Cristo.
Daí a exortação de Pedro aos pastores:
“2 Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;
3 nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.”  (I Pe 5.2,3).
Tentar produzir a vida de Deus com debates sobre a lei, conforme aqueles falsos mestres de Éfeso estavam fazendo, não somente não atingia o objetivo deles, como anulava o objetivo de Deus para a Igreja.
Eles haviam abandonado o primeiro amor, conforme nós vemos na carta que Jesus dirigiu àquela Igreja, quando o apóstolo João se encontrava na ilha de Patmos (Apo 2.4).
Eles haviam sido repreendidos por isto.
E nós vemos aqui nesta primeira epístola de Timóteo, em conexão com Atos 20, o que havia produzido este esfriamento no amor por parte da Igreja de Éfeso.

Em razão de a da pregação e o ensino daqueles líderes desviados estarem tão centrados na lei, e somente nela, isto era indicativo de estarem decaídos da graça.


A HONRA E A GRAÇA DA CHAMADA MINISTERIAL - I Timóteo 1c

“12 Dou graças àquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, porque me julgou fiel, pondo-me no seu ministério,
13 ainda que outrora eu era blasfemador, perseguidor, e injuriador; mas alcancei misericórdia, porque o fiz por ignorância, na incredulidade;
14 e a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Cristo Jesus.
15 Fiel é esta palavra e digna de toda a aceitação; que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais sou eu o principal;
16 mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, o principal, Cristo Jesus mostrasse toda a sua longanimidade, a fim de que eu servisse de exemplo aos que haviam de crer nele para a vida eterna.
17 Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” (I Timóteo 1.12-17)

Não haverá ministério verdadeiro na Igreja se não for por uma chamada de Cristo.
É Ele que constitui os ministros e deste modo ninguém se faz ministro, porque assim o deseja ou pela vontade dos homens, senão por uma chamada de Deus para o exercício do ministério, tal como o apóstolo Paulo afirma quanto ao seu próprio caso.
 Esta chamada não é realizada em conformidade com o mérito humano, ou qualificações humanas, porque Deus usa as coisas fracas e humildes para confundir as que são, e esta chamada é feita dentre aqueles que são pecadores, porque mesmo que alguém se converta e seja honrado pelo Senhor por ser chamado por Ele para ser Seu ministro, isto não significa que o chamado tenha deixado de ser pecador, porque tal como Paulo afirma, continua sendo pecador (v.15), com a diferença de ter alcançado graça e misericórdia da parte de Deus para ser salvo.
 Quem habilita portanto, para o exercício do ministério é o próprio Cristo; e Ele não dá somente habilidade, como também fidelidade, porque se alguém é achado fiel por Ele para o exercício do ministério, tal como Paulo, é porque Cristo é quem faz isto, concedendo que sejamos fiéis.
Esta fidelidade é uma exigência para todos os ministros, porque são mordomos de Cristo, e devem corresponder à grande confiança que Ele deposita neles.
E como Paulo devem dar graças por terem sido colocados no ministério, porque isto é uma demonstração do grande favor do Senhor para com estes que são chamados para servi-lO.
Paulo destacou esta graça e misericórdia de Deus no seu próprio exemplo, porque foi perseguidor da Igreja, sendo blasfemador e injuriador dos cristãos.
Se ele tivesse feito isto com plena consciência de que estava perseguindo o povo de Deus, ele teria sido culpado do pecado imperdoável de blasfêmia contra o Espírito Santo, mas como o fez na ignorância e por motivo de incredulidade, obteve misericórdia.
O apóstolo fixou neste seu exemplo a completa longanimidade de Jesus Cristo na dispensação da graça para com os pecadores.
Se um perseguidor da própria Igreja foi não apenas salvo, mas constituído apóstolo de Cristo, de que grau de longanimidade e misericórdia está o Senhor demonstrando no exemplo do apóstolo, de maneira que ninguém se sinta impedido de vir a Ele para que seja salvo?
Paulo destaca no seu próprio exemplo que a palavra do evangelho, que afirma que Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, é inteiramente fiel e digna de total aceitação, porque isto se comprova na prática dos muitos testemunhos de conversão de grandes pecadores, dos quais ele se afirmava o principal deles.
Jesus veio ao mundo não para chamar justos, mas pecadores ao arrependimento (Mt 9.13).
De maneira que o primeiro passo para se entrar pela porta estreita da salvação é se reconhecer pecador.
Aqueles que se consideram justos a seus próprios olhos não poderão ser salvos por Cristo, porque ele não salva justos, que pensam que não têm do que se arrepender, mas pecadores que se arrependem dos seus pecados.
 Este trabalho de salvação é feito por causa do amor de Deus, e mediante a fé do pecador.
É por fé para que seja segundo a graça, porque Deus determinou salvar os pecadores exclusivamente pela graça, e não por nenhuma boa obra praticada por eles (v. 4).
Afinal, qual tipo e quantidade de boas obras poderia apagar a dívida infinita dos muitos pecados que tínhamos para com Deus?
Esta salvação não teria que ser obrigatoriamente por um perdão total desta dívida infinita?
Deus fez isto, não somente perdoando a dívida, mas pagando completamente o preço exigido pela sua justiça, para que continuasse Justo no perdão que nos concedesse.
Ele fez isto com o pagamento que Jesus fez com a Sua própria vida, entregando-se por nós.
É nisto que reside principalmente a grande demonstração do amor de Deus, a saber, em que Cristo deu a Sua vida, morrendo por nós na cruz, por um ato de puro amor e misericórdia, e não por nenhum merecimento ou bondade que houvesse em nós.
Assim, Jesus veio salvar os pecadores que não poderiam salvar a si mesmos, porque não tinham como se ajudar para cancelar a dívida de pecados que determina uma separação eterna de Deus, num sofrimento eterno.
Diante de tão grande graça, misericórdia e longanimidade, Paulo prorrompeu num louvor espontâneo ao autor da nossa salvação com as seguintes palavras: “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.” (v. 17).


Entregues a Satanás para Não Blasfemarem - I Timóteo 1d

 “18 Esta admoestação te dirijo, filho Timóteo, que segundo as profecias que houve acerca de ti, por elas pelejes a boa peleja,
19 conservando a fé, e uma boa consciência, a qual alguns havendo rejeitado, naufragaram no tocante à fé;
20 e entre esses Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar.” (I Timóteo 1.18-20)

Tendo destacado anteriormente a importância da sã doutrina para a salvação dos pecadores e edificação dos cristãos, especialmente para permanecerem no amor de Cristo, Paulo passa agora a admoestar e a encorajar Timóteo a cumprir o seu dever ministerial, do qual havia sido incumbido pelo apóstolo, e que fora inclusive confirmado através de profecias quanto ao trabalho do qual o Senhor lhe havia encarregado a fazer em favor da Igreja.
E ele deveria fazer isto, tendo antes cuidado de si mesmo, se mantendo em santificação, por conservar a fé na verdade, e por manter uma boa consciência para com Deus, consciência pura esta que uma vez rejeitada por se desviar da verdade, alguns haviam naufragado na fé, e Paulo lembrou a Timóteo que dentre esses que haviam naufragado na fé figuravam Himeneu e Alexandre, que ele havia entregue a Satanás, para não mais blasfemarem.
 Todo ministério verdadeiro, como o de Timóteo, tem esta característica de um combate, de um combate contra e pecado e Satanás.
Os ministros terão que se empenhar continuamente nesta luta contra os poderes que se opõem à verdade, que visam ocultá-la ou adulterá-la, de maneira que não se veja o amor de Deus na Igreja.
Cristo chama a Igreja a se edificar no amor, tal como Neemias foi chamado por Deus no passado para reedificar Jerusalém.
Tal como ele, os cristãos terão que fazer este trabalho em meio a duras oposições.
A edificação deve continuar, assim como a do templo nos dias de Zorobabel.
Cruzar os braços, ser indiferentes aos ataques dos inimigos espirituais do evangelho, não se levantar em defesa da verdade implicará na paralisação do fluir do rio de águas vivas na Igreja.
Implicará na morte das graças que foram conquistadas ao longo da caminhada cristã.
Deus mesmo permitirá isto para que o Seu povo se levante e se empenhe no bom combate da fé, de maneira que nem a Palavra e nem o nome do Senhor sejam negados.
  Himeneu e Alexandre haviam feito uma profissão de serem cristãos, mas estavam a serviço de Satanás, e por isso foram entregues justamente a ele para que ficassem exclusivamente a seu serviço, mas não mais enganando a Igreja, porque pelo ato de serem entregues a Satanás pelo apóstolo, a máscara deles foi removida perante a comunidade de fiéis, de modo que não se fiassem no ensino destas pessoas que haviam naufragado na fé, e que estavam ensinando doutrinas diferentes, contra o ensino dos apóstolos de Cristo.
A Igreja não pode prevalecer contra as portas do inferno sem a verdade, daí a importância de se defender a verdade acima de qualquer outro interesse.
Esta é a pérola de grande valo, que é adquirida pela graça e que não deve ser negociada porque a Igreja que fizer isto se tornará pobre e miserável diante de Deus e dos homens, ainda que tenha fama, como a Igreja de Laodicéia, de ser rica e poderosa.






I Timóteo 2

Um Só Mediador entre Deus e os Homens e Submissão - I Timóteo 2

“1 Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens,
2 pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade.
3 Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,
4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.
5 Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual se deu a si mesmo em resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo;
7 para o que (digo a verdade, não minto) eu fui constituído pregador e apóstolo, mestre dos gentios na fé e na verdade.
8 Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” (I Tim 2.1-8)
 
Os cristãos de Éfeso, que haviam naufragado na fé, estavam como é costume ocorrer, pregando e ensinando coisas pervertidas na Igreja, de forma que isto configurava um ato de se postarem junto à porta estreita da salvação, com a deliberada intenção de impedir a entrada daqueles que tencionavam fazê-lo.
 Tendo nomeado a dois destes apóstatas (Himeneu e Alexandre) Paulo lembrou a Timóteo que ele tinha o dever de proclamar alto e bom som a todos na Igreja, que a passagem deveria ser desimpedida, pela pregação da genuína mensagem do evangelho, e que isto deveria ser antecedido por um pesado e contínuo trabalho de oração intercessória em favor de todos os homens, inclusive das autoridades constituídas.
O apóstolo destacou o motivo principal destas orações em favor de toda a humanidade: Cristo morreu por todos os pecadores de maneira que aqueles que vierem a crer nEle, serão beneficiados pela Sua morte e mediação.
Ele se ofereceu a si mesmo em sua morte na cruz para resgate por todos.
Ninguém é impedido por Deus de vir a Ele, porque o desejo de Deus em relação ao homem, que criou, é o de que todos se salvem por chegar ao conhecimento da verdade.
De modo que se alguém não vem a Cristo, isto ocorrerá por um impedimento existente no próprio pecador, mas não em algo colocado pelo próprio Deus nEle.
No seu trabalho de mediação, Cristo se coloca entre o ofendido (Deus) e o ofensor (o pecador) e age como árbitro e advogado no trabalho de reconciliar a parte ofendida com a ofensora.
Quem, além dele poderia realizar tal trabalho?
Daí Paulo afirmar que há somente um Mediador entre Deus e os homens.
Mas sempre haverá resistência dos poderes das trevas e da carne para que o pecador se renda a Cristo.
Daí a necessidade crucial de muita oração por parte da Igreja para quebrar tais resistências.
Com estas palavras, Paulo estava lembrando Timóteo para restaurar os efésios quanto à visão de que o amor de Deus não é inclusivista, mas expansionista, isto é, os cristãos não devem limitar o amor deles apenas àqueles que já estão na Igreja, mas também a todos os homens.
Apesar do grande zelo que se deve ter pela verdade, não se preserva o amor de Deus fazendo da Igreja uma sociedade fechada, senão aberta, para que possam entrar todos quantos estão destinados à vida eterna.
O cuidado que se deve ter com falsos profetas, mestres, e até mesmo falsos irmãos, conforme prescrito pelo próprio Cristo, com vistas à manutenção da verdade, tem a ver especialmente com os critérios para a ordenação de líderes e admissão de membros na Igreja, mas não propriamente com a recepção de pessoas não cristãs nas reuniões públicas da Igreja, porque estas devem ser abertas a todos, havendo oração, pregação e ensino da verdade, na expectativa de que alguns deles se arrependam e cheguem ao conhecimento da verdade, para o bem das suas próprias almas.
Vemos na Bíblia o próprio Deus declarando que não tem prazer na morte do ímpio, antes que ele se converta e viva (Ez 18.23; 33.11).
O apóstolo Paulo afirmou o seguinte: “Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” (I Tim 2.3,4).
Isto demonstra claramente que até mesmo os cristãos eram ímpios diante dele, antes da sua conversão.
A manifestação deste desejo expresso de Deus de salvar ímpios está revelado no Novo Testamento:
“porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça;” (Rm 4.5).
“Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6).
“Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais.” (Ef 2.1-3).
Todavia, uma vez convertido, o cristão não é mais designado na Bíblia como ímpio, mas como justo, como eleito de Deus, e a palavra ímpio continua designando aqueles que não foram alcançados pela salvação que há em Cristo Jesus.
É chamado ímpio (im = não; pio = piedoso) porque não possui a vida cujas realidades se referem à piedade, e piedade em seu sentido bíblico significa vida santa e consagrada a Deus.
Então concluímos que se houvesse em todos os seres morais a condição de serem salvos pelo Senhor, eles seriam efetivamente salvos, porque Deus afirma que tem o desejo de que todos se salvem.
Entretanto não devemos confundir este desejo com o fato de Deus não conhecer pela Sua presciência, aqueles que resistirão à Sua vontade e não se converterão de modo algum.
Este desejo não significa portanto, que Deus tenha esperança que todos se converterão a Ele, pois na Sua presciência sabe que muitos não atenderão ao convite do evangelho.
Então, o que o apóstolo quer dizer com a expressão que Deus deseja que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade, senão que Ele não criou o homem para que Ele permanecesse endurecido nas trevas da ignorância do pecado, que lhe impede de conhecer a verdade e assim ser libertado do pecado.
Este não é de fato o desejo de Deus em relação ao homem que Ele criou, porque poderia até mesmo se dizer que Ele tem prazer no pecado, caso tivesse o desejo que o homem pecasse e permanecesse em trevas espirituais.
Como Deus poderia desejar uma tal coisa e permanecer sendo o Deus perfeitamente santo, justo e bondoso que Ele é?
Seguramente é sincero o desejo de Deus de que todos se salvassem e isto foi visto claramente na tristeza e até mesmo na ira santa de Jesus diante da falta de arrependimento dos pecadores no Seu ministério terreno.
Ele chegou até mesmo a chorar diante da impenitência de Jerusalém, quando estava próximo o momento da Sua morte.
Nisto Ele revelou claramente que Deus não odeia os pecadores, que Ele é longânimo para com todos eles, mas julgará a falta de arrependimento pelos seus pecados.
Deus abomina o pecado mas é também longânimo e misericordioso.
Para revelar a sua bondade, amor, longanimidade e misericórdia, encerrou a todas na desobediência, para demonstrar a Sua misericórdia a todos.
Portanto, não será pelo impedimento de estarem rodeados de fraquezas, de serem imperfeitos e falhos que deixará de lhes conceder a Sua graça para que sejam transformados e aperfeiçoados, porque serão objeto do Seu amor, e da Sua bondade e misericórdia.
Contudo, apesar de todos saberem pela lei natural que Deus imprimiu em suas mentes o que é certo e o que é errado, muitos não procurarão abandonar o mal e se voltarem para Deus para que sejam curados.
Ainda que não possam fazer isto de si mesmos,  contudo receberiam a ajuda e a capacitação necessária, da parte do Senhor, para que pudessem fazê-lo, caso se empenhassem em investigar a causa da verdade.
Por conseguinte o homem é justamente responsabilizado nem tanto pelo fato de ser pecador, pois todos são pecadores, mas pelo fato de não se voltar para Deus.

x.x.x.x

A Questão da Submissão Feminina – 2 Timóteo 2.9-15

“9 Quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com modéstia e sobriedade, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos custosos,
10 mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras.
11 A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão.
12 Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.
13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão;
15 salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação.” (I Timóteo 2.9-15)

Muitas coisas estavam erradas na Igreja de Éfeso.

Nós sabemos isso por causa do caráter desta carta e dos assuntos de que ela trata. Mas você notará no capítulo 3 versos 14 e 15 um resumo da intenção global da carta. "Escrevo-te estas coisas esperando ir ver-te em breve; para que se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.”. Em outras palavras, eu estou lhe escrevendo assim para que você saiba como a Igreja deveria funcionar.

Um dos problemas existentes na Igreja de Éfeso estava relacionado ao comportamento das mulheres.

Obviamente, como a Igreja estava sendo conduzida por falsas doutrinas, fazendo com que se tornasse mundana em seu comportamento, certamente isto atingiria tanto as mulheres na Igreja quanto os homens.

Há uma citação no segundo verso, do quinto capítulo, que as mulheres deveriam ser tratadas com toda a pureza.

Há assim uma indicação indireta que o relacionamento na Igreja não estava se baseando na santidade.

Mais adiante no mesmo capítulo quinto, nós vemos no verso 6, por exemplo, que algumas mulheres estavam se entregando aos prazeres mundanos, fazendo morrer a vida e paz que é segundo um viver e andar no Espírito, e por isso Paulo diz que “mesmo viva, está morta”.

Algumas mulheres tinham abandonado a pureza, e estavam desejando viver somente para o prazer.

Nós achamos mais adiante no verso 11 que algumas viúvas mais jovens tinham feito votos a Cristo que elas não puderam cumprir, por causa da luxúria delas, que fazendo com que violassem suas promessas estavam trazendo sobre si condenação por serem infiéis a seus votos originais (v.12).

Nós encontramos no verso 15: “se desviaram seguindo a Satanás”. E no verso 13 que algumas delas aprenderam a viverem, ociosas, inativas, andando de casa em casa, fazendo mexericos e falando coisas inconvenientes.

Na segunda carta de Paulo para Timóteo em Éfeso, no sexto versículo, do terceiro capítulo, ele destaca que havia na Igreja “mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões,” que estavam sendo seduzidas por homens ímpios.

Estas estavam sendo atraídas facilmente por homens que tinham forma de piedade, que aprendiam sempre e jamais podiam chegar ao conhecimento da verdade.

Eram falsos líderes e mestres,  que haviam desviado a Igreja da verdade do evangelho.

Daí a facilidade com que a vida mundana havia penetrado a Igreja, por falta da sã doutrina aplicada na vida dos crentes.

O dever de Timóteo, segundo fora encarregado pelo apóstolo, era ode trazer a Igreja ao seu devido lugar.

Agora voltando a I Tim 2.9 vemos que não apenas estes problemas de impureza e quebra de votos estavam atingindo as mulheres de Éfeso.

Além de trazerem estas impropriedades, impurezas e imoralidades na adoração da Igreja, debaixo da pretensão de virem adorar a Deus, estavam se ostentando profanando aquela adoração pela forma de se vestirem e do seu comportamento que tinha por alvo chamar a atenção para si, em vez de terem um coração voltado para a verdadeira adoração ao Senhor que exige humildade e quebrantamento.

Assim, Paulo afirmou no verso 9 quanto às mulheres da Igreja de Éfeso:

“Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso,”.

Por que isto?

Porque o espírito de ostentação é totalmente contrário à vida de devoção piedosa que exige humildade dos filhos de Deus.

Não havia nada de errado em que as mulheres se vestissem e se adornassem com modéstia e discernimento. O problema era a ostentação para demonstrar status social e chamar a atenção para si, desviando assim os olhos da congregação de Cristo da adoração que era devida a Deus, especialmente nos cultos públicos.

Diz-se que um vestido dispendioso, conforme no dizer de Paulo, custava na época cerca de 7 mil denários, o que era uma grande soma de dinheiro que a maior parte das pessoas pobres da época, nem sequer sonhavam em ganhar em todo um ano de trabalho.

Assim, a adoração pública na Igreja estava sendo poluída por mulheres que viram isto como uma ocasião para ostentar a sua riqueza e demonstrar a sua beleza, vestindo-se de forma sexualmente atraente para homens que teriam o foco da sua atenção desviado do Deus vivo para elas, não permitindo assim que houvesse um ambiente apropriado para a adoração.

Desde que o assunto da vestimenta é um assunto importante para as pessoas do sexo frágil, Paulo começa com a discussão da aparência delas.

Paulo disse que queria que as mulheres se adornassem de modo apropriado especialmente na adoração pública.  Paulo queria porque é assim que Deus quer.

A palavra “ataviem” (adornem) vem do grego “kosmeo”. Nós obtemos o palavra cosmético disto. Tem a ver com o modo com que uma mulher se apronta. Significa organizar, colocar em ordem, basicamente, aprontar-se.

Ele está dizendo que uma mulher deve se aprontar. Quando uma mulher vier adorar, há uma preparação envolvida. Uma mulher deveria se aprontar para a adoração. E quando elas se prepararem, devem se adornar. Mas a peça principal do seu vestuário não são os adornos caros e chamativos, mas como diz no verso 10: mas “boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas.)”.

Isto se depreende do termo "vestuário" que é realmente um termo muito abrangente, pois não se refere somente a roupas ou adornos, mas é também usado em muitos lugares para significar comportamento, atitude ou ação. Pode ser o comportamento de uma mulher. A ideia então que está aqui é uma preparação total. Quando uma mulher vier adorar, ela deve estar totalmente preparada. Tanto no exterior quanto no interior. Tanto no que se vê quanto na sua vida espiritual e comportamental.

Paulo não está dizendo que as mulheres deveriam vir para Igreja de modo desleixado. Ele não está dizendo que elas não deveriam se vestir bem. Ele objetivava que elas viessem para a Igreja com uma vestimenta adequada e apropriada para o culto devido a Deus, de forma que Ele pudesse ser glorificado, mas não de forma chamativa, para não desviarem o centro das atenções, de Deus, para si mesmas.

Agora naquela cultura particular de então, a mulher do mundo, a mulher que quis ostentar a sua riqueza e beleza e chamar a atenção sexualmente de todo mundo, era a mulher exagerada em seu traje e adornos. Agora esta era a mulher do mundo.

O exagero no modo de se adornar era característico das prostitutas. E isto era uma declaração indireta evidente na Igreja quando alguém participava do culto desta forma, de que não estava ali para adorar a Deus mas para chamar a atenção dos outros sobre si.

Ter mulheres na Igreja que supostamente são a epítome de piedade e estas se aprontam como prostitutas ou mulheres vistosas enfeitadas que tentam chamar atenção para si, ou que tenham a intenção de fascinar outros homens e fazê-los descontentes com suas próprias esposas, ou até pior, fasciná-los para terem relações sexuais com eles, certamente o nome de Deus será blasfemado na Igreja quando o povo vem para cultuá-lo.

Assim, uma mulher cristã não deveria chamar a atenção ao tipo da sua roupa. Uma mulher cristã deveria mostrar pelo seu vestido qual é o seu comportamento e o amor dela e devoção para com o seu próprio marido. Ela deveria mostrar pelo seu vestido que ela não tem qualquer intenção para ostentar a sua riqueza, mas que ela está em aparência e atitude apropriadas de um coração humilde que está verdadeiramente pronto para adorar ao Deus vivo.

Agora, quanto ao fato de ser proibido o ensino e pregação públicos da Palavra, na Igreja, pelas mulheres, Deus tem algumas definições muito claras e distintas de uma família e das funções de uma família, e nós vamos estudá-las conforme se encontram registradas na Bíblia.

Em Ef 5.22-24 está escrito: “As mulheres sejam submissas a seus próprios maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja, sendo este mesmo salvador do corpo. Como, porém, a Igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas a seus maridos.”.

Isto é muito necessário para os nossos dias. Basicamente, diz que "as esposas devem se submeter aos seus próprios maridos, como ao Senhor.”.

O cabeça é o homem. Fisicamente, Deus fez os homens mais fortes.  Isto é uma indicação externa daquela verdade interna, que Ele planejou para ensinar que a tarefa de proteger o lar e a esposa é tarefa do homem.

A par de haver muitas mulheres no mercado de trabalho, a sociedade, com suas demandas de construção através de atividades em grande parte insalubres e pesadas, é fisicamente, construída pelos homens, mais fortes em sua constituição, eles são projetados por Deus para trabalhar, para proteger e para prover. Para dar segurança a uma esposa a quem o Espírito santo chama (em I Pe 3.7) de "vaso mais frágil.". Isso é fisicamente verdade.

Deus não proíbe que uma mulher trabalhe fora, pregue a Palavra ou ensine à Igreja, como vemos, as ordenanças de Paulo quanto ao silêncio das mulheres na Igreja eram de caráter localizado e para os seus dias, especificamente em relação ao problema da revolução feminista contra a submissão bíblica, que estava ocorrendo sobretudo nas Igrejas de Éfeso e de Corinto.

A este propósito cabe destacar que a Igreja de nossos dias não está vivendo algo muito diferente do que ocorreu naquela época, porque o movimento feminista, foi planejado e incentivado pelos Illuminatis, como eles próprios afirmam, os Rockfellers, por exemplo, que pretenderam com isto esfacelar a família nuclear de base bíblica, para não somente taxarem as mulheres aumentando os ganhos financeiros deles, como também para conduzirem seus filhos para creches ou para a tutela do governo para não serem educados dentro dos padrões dos valores cristãos convencionais, e entre muitos outros interesses para a implantação da Nova Ordem Mundial que conduzirá em breve o Anticristo ao poder.

Em Col 3:18, temos uma passagem paralela a Ef 5.22-24.  Onde Paulo destaca que a submissão das mulheres deve ser “como convém no Senhor”. Este destaque é muito importante. A palavra no grego traduzida por “convém” é oriunda do verbo “aneko” que significa “estar ajustado a”, “ser parecido com”.

Isto significa que é algo que está ligado legalmente ao Senhor, que está baseado em algum princípio divino revelado na verdade da Palavra de Deus. Significa que a submissão é um mandamento divino que deve ser cumprido como qualquer outro mandamento revelado na Palavra: não matarás, não furtarás, amai-vos uns aos outros, sejam submissos, sendo que dentro da linha de submissão estabelecida por Deus encontra-se a das mulheres a seus próprios maridos. Veja que esta submissão é restringida ao casamento, de modo que se a mulher estiver numa posição de governante, como foi o caso de Margareth Tatcher, ex-primeira ministra da Inglaterra, seu marido deveria ser submisso a ela na condição de um cidadão quanto às ordens governamentais que ela determinava, mas em casa, nos assuntos comuns do lar, era ela que deveria, segundo Deus, estar submissa ao seu marido.

Do texto de I Cor 11.2-16, se depreende que muito mais do que ser uma norma reguladora do uso de véu por parte das mulheres da Igreja de Corinto, temos um ensino sobre submissão. O véu era um sinal, uma forma externa de se indicar a submissão naquela sociedade antiga, o que deveria ser obedecido naquele contexto, em face das questões não morais que devem seguir a regra de tudo fazer para não ofender a consciência dos outros. No caso, o não uso do véu naquela sociedade configurava um desrespeito às convenções vigentes, e por conseguinte, um escândalo que deveria ser evitado.

O véu era um símbolo, um sinal de que a mulher estava sujeita à autoridade (v 10).

As muitas divisões que havia na Igreja de Corinto apontam para o fato de que eles não davam muita atenção ao assunto da submissão, que por sua vez está ligado ao da  autoridade. A própria autoridade apostólica de Paulo fora colocada em questão por eles, e criaram por sua própria conta muitos partidos. Isto se refletiu provavelmente também nas mulheres, que estariam criando um movimento em prol da libertação da mulher. Elas estavam tentando fazer o mesmo trabalho dos homens, a ponto de Paulo tê-las proibido até de falarem e ensinarem na Igreja, tal deve ter sido o caráter do levante que fizeram.

Paulo escreveu aos coríntios para consertar as coisas que estavam erradas, e que contrariavam a vontade de Deus revelada.

Na sociedade de Corinto as mulheres usavam um véu como símbolo de submissão. Era uma sociedade pagã, e este véu não tinha o significado da profundidade bíblica para a submissão, mas era um sinal de modéstia, de humildade. E isto servia também para distinguir as mulheres, porque as meretrizes não usavam véu. Mas deve ter surgido dentro da própria sociedade este suposto movimento em prol da igualdade de direitos. Os homens não usam véu e nós não temos porque usá-lo. Certamente isto não foi aceito, mas a influência penetrou na própria Igreja, e daí o ensino de Paulo determinando que se acatasse a norma social para que não houvesse escândalo, e aproveitou o ensejo para reforçar o ensino bíblico sobre a submissão feminina.  Porque, o que estava ocorrendo de fato na Igreja era uma resistência e desobediência a uma norma estabelecida por Deus, não propriamente sobre o uso do véu, mas da submissão da mulher ao seu próprio marido.

Ele aproveita para ensinar que pela própria natureza é comum que a mulher tenha cabelos longos e não os homens, e nisto há também uma ilustração física de uma verdade interior, pois o cabelo foi dado à mulher como cobertura, como sinal de que está sob autoridade, sob o governo do seu marido.

Cientificamente está comprovado que o cabelo das mulheres cresce mais rápido do que o dos homens. Isso foi planejado por Deus. Isso é um assunto genético e indica que Deus deu cabelo às mulheres, que cresce mais rápido, como um sinal de submissão para elas.

Assim Paulo diria em outras palavras: “Não é algo ruim usar véu, porque é algo muito próximo daquilo que Deus planejou.”.

Assim, esteja certa que a você cumpre o princípio que manifesta submissão.  Você vê isto? Tudo o que se pode dizer desta passagem de Paulo aos coríntios é o seguinte: “Uma mulher tem um lugar de submissão, e na sociedade ela não deveria violar este lugar.". Eu lhe contarei algo; uma mulher virtuosa chamará a atenção do seu próprio marido.

Agora, por que Paulo disse que a mulher deve aprender calada na Igreja?

As mulheres devem aprender a Palavra de Deus e devem crescer na graça e no conhecimento de Jesus tanto quanto os homens. Elas instruíram os jovens e crianças a andarem nos caminhos do Senhor, mas Paulo diz, que seria algo antinatural se elas tomassem a si o encargo de ensinarem a Palavra a seus maridos, porque isto lhes foi vedado por Deus, em razão de tê-las submetido ao governo deles. E ainda que este governo seja um governo em respeito e em amor, isto não será um pretexto, do ponto de vista divino, para que se exclua a submissão que é devida aos maridos, ainda que neste aspecto relativo ao ensino da Palavra. E é por isso, que nos casos de maridos não cristãos, a esposa cristã deve ganhá-lo pelo testemunho da sua própria vida, e não por palavras de ensino exortativo da Bíblia, porque com isto estaria contrariando o princípio estabelecido por Deus de que os maridos ensinem a suas esposas a Palavra, e não as esposas a seus maridos.

Deste modo, a Bíblia não apresenta nenhuma exceção em que a mulher possa usurpar a autoridade que foi dada por Deus aos maridos.

E este princípio divino é dito de forma direta e muita clara por Paulo no texto de Ef 2.11-15, que estamos comentando:

“11 A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão.
12 Pois não permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.
13 Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
14 E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão;
15 salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação.”.

Adão foi formado primeiro por Deus, antes de Eva, para indicar a submissão de Eva ao seu marido.

A mulher foi formada a partir de uma das costelas do homem para indicar esta submissão que deveria ter ao seu marido.

E não foram os maridos que instituíram este princípio para as mulheres, mas o próprio Deus, de modo que quem não se sujeita a isto, não desobedece propriamente ao marido, mas a Deus que estabeleceu tal princípio espiritual.

Assim, como a mulher pode se corromper no papel estabelecido por Deus para ela no casamento quanto à submissão, o homem pode também, e como é comum ocorrer, corromper-se no papel que Deus estabeleceu para ele quanto ao exercício da autoridade em amor.

Mas a corrupção de uma das partes não justifica a corrupção da outra, isto é, a mulher não será justificada por não ser submissa porque o marido não a ama como Cristo amou a Igreja, e vice-versa.

E não somente a ordem da criação é a razão da submissão da mulher ao marido, como também esta foi motivada pela confirmação do governo do marido sobre a mulher, agora como parte da maldição proferida por Deus sobre a mulher por casa da primeira transgressão no Éden, quando deixando de seguir a submissão ao marido, esta não somente deu ouvidos à serpente, como também enganou o próprio marido, invertendo o papel determinado por Deus, porque tomara a iniciativa em ações que não cabiam a Eva mas a Adão (Gên 3.16; II Cor 11.3).

Mas esta maldição que foi imposta à mulher não significa que ela não possa ser restaurada no favor de Deus por meio de Cristo, porque há para ela a oportunidade de demonstrar a sua submissão ao próprio Deus continuando a cumprir o papel principal que Ele projetou para ela de gerar filhos e criá-los nos caminhos do Senhor, através de uma permanência em sobriedade, na fé, no amor e em santificação (v. 15).

Quando nós nos submetemos verdadeiramente aos princípios de Deus revelados na Sua Palavra, nós vemos que esta questão de não ordenar mulheres ao ofício do pastorado, e isto durou na Igreja por 20 séculos seguidos, e está sendo mudado apenas na nossa época, seguindo certamente a influência feminista que foi produzida artificialmente na sociedade nem mesmo por um movimento das mulheres, mas por aqueles que agindo contra o Cristianismo, as manipulara com este propósito.

Na verdade, esta questão de ordenação foi algo que foi colocado posteriormente, desde os dias de Constantino, mais de trezentos anos depois do início da Igreja, porque até então não havia ordenação, senão pessoas que eram constituídas em suas igrejas não em um cargo, mas com a função de liderar, de pastorear cada rebanho local.

Era isso que era feito pelos apóstolos no início da Igreja, como vemos no relato do livro de Atos.

Este gosto por cargos, postos de honra etc, foi algo que sempre foi condenado e proibido por Jesus em seus dias, e nos parece que Ele não é de mudar de ideai quanto ao que ensinou, afinal Ele não muda e não mudará jamais.



É por isso, que logo na introdução do capítulo seguinte a este (3º) o apóstolo se refere aos critérios para aqueles que  aspiravam ao pastorado, e ali não há qualquer citação à indicação de mulheres para funções de liderança na Igreja, senão a de diaconisas e de líderes do grupamento de viúvas.







I Timóteo 3


Qualificações Exigidas para o Pastorado - I Timóteo 3a

“1 Fiel é esta palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja.
2 É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar;
3 não dado ao vinho, não espancador, mas moderado, inimigo de contendas, não ganancioso;
4 que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito
5 (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?);
6 não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo.
7 Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo.” (I Tim 3.1-7)

Os critérios para a ordenação de oficiais da Igreja, que foram prescritos pelo apóstolo a Timóteo, a partir desta seção da epístola, para pastores, não constituíam uma inovação, mas a recordação de tudo o que estava sendo transgredido pela Igreja de Éfeso.
Não podemos esquecer que Paulo estava reordenando as coisas em Éfeso, por causa do falso ensino que havia penetrado naquela Igreja.
Deste modo, ele não destacou somente a necessidade do apego à sã doutrina à qual havia se referido nos capítulos anteriores, como também uma vida conformada à doutrina, porque Deus não requer somente pregação e ensino ortodoxo, mas sobretudo prática do que se prega e se ensina.
Principalmente a vida do pastor deve estar ajustada à doutrina, porque deve ser modelo para o rebanho quanto à prática da Palavra.
Pastores que não vivem o que pregam não são os homens que Deus deseja ver na direção da Sua Igreja.
Eles devem ser os primeiros a serem longânimos, mansos, humildes, perdoadores, pacificadores, puros de coração, amorosos, pacientes, santos, homens de oração, pobres de espírito e tudo o mais que se exige dos servos de Deus na Sua Palavra.
É a isto que Paulo se refere quanto à irrepreensibilidade dos pastores, e é sobretudo isto que eles devem ensinar pelo seu próprio exemplo pessoal.
O ofício de pastor é um ofício de compromisso divino e não uma invenção humana.
O trabalho de um pastor não exige apenas aplicação e diligência, mas, sobretudo santidade de vida.
E quanto ao empenho na obra de Deus, propriamente dito, deve-se ter em conta que é um trabalho exaustivo, conforme os apóstolos haviam aprendido juntamente com Cristo em Seu ministério terreno, porque era Ele quem determinava os curtos períodos nos quais eles deveriam descansar, devido à necessidade de remirem o tempo, se empenhando integralmente com os interesses do reino de Deus.
“31 Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.”  (Mc 6.31)
 Paulo se refere ao ofício de pastor como sendo algo excelente, porque de fato não há maior e mais honrada atividade que seja útil aos homens do que esta, e não há trabalho mais importante aos olhos de Deus do que este.
De modo que não é apenas o desejo do homem que conta, mas se ele tem efetivamente uma chamada de Deus para ser ministro do evangelho.
Por isso nada da vida do ministro deve ser motivo de escândalo, quer dentro ou fora da Igreja.
E deve ser constantemente vigilante contra Satanás, que é o inimigo sutil, que sempre investirá contra ele e contra as almas daqueles que lhes foram confiados por Deus.
E não há arma melhor para combater o Inimigo do que ser sóbrio, temperante, moderado em todas as ações.
A sobriedade e a vigilância sempre costumam serem citadas juntas nas Escrituras, porque se ajudam mutuamente.
E muito também ajuda neste mesmo propósito ser inimigo de contendas.
O pastor experimentado fugirá de controvérsias e discussões vãs. E todo o seu prazer deve ser o de viver na paz do Senhor e promover esta paz entre outros.
Paulo reforçou este ponto com Timóteo na segunda epístola que lhe escreveu:
“23 E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas.
24 E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
25 Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,
26 E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos.” (II Tim 2.23-26).
Se alguém pensa em ganhar dinheiro ao aspirar ao episcopado (pastorado) está se desqualificando para o seu exercício, porque o pastor ganancioso não poderá sustentar um bom testemunho na generosidade e na atitude despojada que recomenda a todos os ministros verdadeiramente fiéis a Deus.
Ainda que falsos pastores, que se transfiguram em ministros da justiça, tal qual Satanás, que se transfigura em anjo de luz, sejam pessoas não gananciosas ou cobiçosas, não será somente por isso que poderão ser considerados aprovados por Deus, porque, como vimos, muitas outras qualificações são exigidas dos verdadeiros ministros de Deus.
 Como a Igreja é a família de Deus, não é admissível que esteja sobre o governo desta família divina, alguém que não governe bem a sua própria casa.
Pastores devem ter suas famílias em ordem como exemplo de como devem ser não apenas as famílias que eles dirigirem, como a própria Igreja, enquanto família de Deus.
O dever de um pastor não é somente o de pregar e ensinar o evangelho.
Ele deve edificar os cristãos na verdade. Deve lhes ensinar a guardar tudo o que Jesus ordenou à Igreja.
Por isso, além de pregar e ensinar deve exortar, repreender, disciplinar, e ser um conselheiro e orientador do rebanho, tal como faz um pai responsável em relação à sua própria família.
“Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina.”  (II Tim 4.2).

Qualificações para o Diaconato - I Timóteo 3b

“8 Da mesma forma os diáconos sejam sérios, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,
9 guardando o mistério da fé numa consciência pura.
10 E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis.
11 Da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não maldizentes, temperantes, e fiéis em tudo.
12 Os diáconos sejam maridos de uma só mulher, e governem bem a seus filhos e suas próprias casas.
13 Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si um lugar honroso e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.” (I Tim 3.8-13)

Tal é a importância do ministério da Palavra, que ele vem citado não somente antes do ofício de diácono e dos demais ofícios relativos à administração dos recursos materiais da Igreja, especialmente no que diz respeito à ministração de bens aos necessitados, como também vemos em Atos 6.1-7, que Deus pôs um peso tal na pregação e ensino da Palavra e no apascentamento espiritual do Seu povo, que os apóstolos expressaram claramente que não podiam abandonar o ministério da Palavra e da oração para servirem às mesas, sendo esta importante atribuição delegada a outras pessoas diferentes daquelas que foram chamadas pelo Senhor para ministrar a Palavra e edificar os cristãos na verdade.
Assim, para que os ministros estejam liberados para o exercício do seu ministério, Deus também capacita e chama diáconos para cuidarem das necessidades temporais da Igreja, ainda que estas atribuições não configurem a ação exclusiva de tais oficiais, pois também devem se ocupar de assuntos espirituais.
Em razão do ofício que exercem, os diáconos devem ser pessoas honestas, acima de qualquer suspeita, para não darem ocasião ao Inimigo de blasfemar contra eles.
Este ofício exige portanto, pessoas de uma só palavra, não que seja admitido a qualquer cristão ser uma pessoa de língua dobre, mas esta certeza não pode faltar na ordenação de diáconos, porque os que são de língua dobre não têm um coração íntegro e reto.
A palavra deles deve ser confiável, de maneira que a paz da Igreja não seja perturbada por possíveis escândalos envolvendo as suas pessoas.
Um reforço para este mesmo propósito é que não sejam cobiçosos nem de torpe ganância
Exige-se também deles uma consciência pura, porque ainda que tenham um testemunho exemplar de vida, não faltará ocasião para serem acusados por instrumentos de Satanás que se infiltram na Igreja, e que certamente atacarão a sua integridade com injúrias.
Assim, a sua boa consciência será a melhor defesa que eles terão em face destes ataques que são geralmente desferidos a partir do inferno.
Deste modo, não basta que o candidato ao diaconato afirme que possui estas credenciais, isto deve ser comprovado na sua forma de viver e deve ser observado pela Igreja antes que se tome alguma decisão no sentido de ordená-lo.

A Igreja É o Sustentáculo da Verdade - I Timóteo 3c

“14 Escrevo-te estas coisas, embora esperando ir ver-te em breve,
15 para que, no caso de eu tardar, saibas como se deve proceder na casa de Deus, a qual é a Igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade.
16 E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória.”

Paulo esperava estar brevemente, em pessoa, com Timóteo, para dar-lhe instruções mais detalhadas quanto ao trabalho que deveria realizar em Éfeso, mas havia escrito esta epístola de maneira que ficasse plenamente convicto acerca do modo como se deve proceder na Igreja, que ele chamou de casa de Deus, e coluna e baluarte da verdade.
Assim como há regras que regem todos os lares, de igual modo há regras e critérios para serem cumpridos na casa de Deus, que é a Igreja, regras e critérios estes que foram estabelecidos pelo próprio Deus.
Os ministros do evangelho não devem somente se preocupar em orar e pregar, eles devem também se comportar de modo compatível com a sua vocação.
O seu ofício está ligado ao seu procedimento. E Timóteo deveria saber como proceder na casa de Deus.
A Igreja é a coluna da verdade, mas não o alicerce ou fundamento, porque este é o próprio Cristo e as Escrituras. Mas é dito que a Igreja é a coluna porque é ela que sustenta a verdade neste mundo através do seu testemunho.
Este testemunho fiel é relativo à pessoa do próprio Cristo, como Paulo o descreve no verso 16:
“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória.”.
Paulo destaca a morte, ressurreição e ascensão de Cristo como o testemunho que estava sendo dado entre os gentios, e que deveria continuar sendo dado a eles.
  É sobretudo deste testemunho do qual estão encarregados os ministros do evangelho.
Esta é a obrigação contínua que está sobre eles e que lhes foi imposta pelo Senhor Jesus Cristo.






I Timóteo 4

Espíritos Enganadores - I Timóteo 4a

“1 Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios,
2 pela hipocrisia de homens que falam mentiras e têm a sua própria consciência cauterizada,
3 proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com ações de graças pelos que são fiéis e que conhecem bem a verdade;
4 pois todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é recebido com ações de graças;
5 porque pela palavra de Deus e pela oração são santificadas.” (I Tim 4.1-5

A apostasia a que Paulo se refere nesta seção da primeira epístola a Timóteo deve ser estudada em conexão com outras passagens das Escrituras, especialmente com o sermão profético de Jesus em Mateus 24, com II Tessalonicenses 2, II Timóteo 3 e 4, dentre outras.
Apesar de o mistério da iniquidade já estar em operação no mundo, desde a entrada do pecado, sendo o motivo da apostasia que havia atingido a alguns na Igreja de Éfeso, no entanto esta iniquidade aumentará a ponto de esfriar o amor de muitos, quando estiver próxima a segunda vinda de Cristo, que não ocorrerá antes da grande apostasia e da manifestação do Anticristo.
E qual teria sido o propósito do apóstolo com estas palavras de alerta proferidas a Timóteo?
Certamente, para reforçar a necessidade de uma firme diligência da parte dos ministros fiéis para sustentarem o testemunho da verdade do qual estão encarregados.
Se a tendência, no curso da história da Igreja seria a de multiplicação de falsos pastores e mestres, e de aumento da dificuldade para manter a verdade entre os cristãos, nenhum ministro deveria se iludir em depor suas armas espirituais, pensando que esta guerra poderá ser vencida com poucas batalhas, especialmente de oração para prevalecer com Deus.
Na verdade é uma guerra sem tréguas até que Cristo volte, e esta guerra se intensificará ainda mais à medida que o tempo do fim se aproxima.
Afinal não é uma guerra contra pessoas, mas contra os projetos de Satanás e dos demônios, forjados no inferno.  
Para ilustrar algumas das doutrinas de demônios e de espíritos enganadores, que usariam como instrumentos homens hipócritas e mentirosos (mentira no sentido de pregar e ensinar falsas doutrinas) de consciência cauterizada, o apóstolo citou o ascetismo religioso como forma de santificação, tanto na abstinência sexual, pela proibição do casamento, quanto na abstinência de alimentos.
Sabemos, entretanto, que a santificação verdadeira nada tem a ver com práticas ascéticas.


Recomendações Excelentes e Verdadeiras - I Timóteo 4b

“6 Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, nutrido pelas palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido;
7 mas rejeita as fábulas profanas e de velhas. Exercita-te a ti mesmo na piedade.
8 Pois o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa da vida presente e da que há de vir.
9 Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação.
10 Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem.
11 Manda estas coisas e ensina-as.
12 Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.
13 até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino.
14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.
15 Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.
16 Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Tim 4.6-16)

Até este ponto da epístola, o apóstolo com tão poucas palavras pôde falar de muitas coisas essenciais a uma vida espiritual sadia na Igreja, e por isso ele introduziu esta seção da carta a Timóteo, dizendo-lhe que se ele se empenhasse em propor as coisas que lhe havia falado, aos irmãos, que Timóteo seria um bom ministro de Cristo, isto é, um ministro que atuaria segundo a Sua vontade, porque permaneceria nutrido pelas palavras da fé e da boa doutrina que Timóteo vinha seguindo até então (v.6).
A vida espiritual é nutrida pela meditação na Palavra de Deus, porque assim considerada, para ser honrada e vivida, esta Palavra é espírito e vida, e se transforma em graças no coração do cristão, transformando-o à imagem de Cristo.
Não é de somenos importância a ligação que o apóstolo fez logo em seguida dizendo a Timóteo que rejeitasse as fábulas profanas e de velhas, e que se exercitasse a si mesmo na piedade (v.7).
O que ele reforçou com as palavras dos versos 15 e 16 onde ordenou a Timóteo que se ocupasse sempre destas coisas, se dedicando inteiramente a elas, de modo que progredisse sempre e sempre, a ponto de que isto fosse manifesto a todos.
Isto não poderia ser alcançado sem que Timóteo tivesse cuidado de si mesmo e da doutrina,  perseverando nestas coisas, porque é assim que se dá corretamente o testemunho de Cristo, da justiça do seu evangelho que está sendo oferecida para a justificação de pecadores.
 Isto é de suma importância, porque muitos se enganam pensando que por terem ensinado uma vez toda a verdade ao povo que dirigem, que isto será uma garantia para que eles não venham a apostatar da fé.
Contudo, de modo nenhum isto é verdadeiro.
A Igreja de Éfeso era um claro testemunho disto.
Muitos haviam recuado na fé por darem ouvidos ao ensino dos lobos devoradores, os falsos profetas e mestres que se intrometeram entre eles.
E o que dizer da Igreja da Galácia, que havia sido fascinada pelos mensageiros legalistas de Satanás? A ponto de Paulo ter afirmado que receava ter trabalhado em vão em relação a eles (Gál 4.11)?
Haveria uma melhor instrução do que a que eles receberam diretamente do apóstolo? E no entanto haviam apostatado.
E se em dias menos trabalhosos e difíceis do que os nossos, isto ocorreu, quanto maior cuidado não devemos ter em guardar a ordenança que o apóstolo deu a Timóteo, de ensinar a Igreja a permanecer perseverante no cuidado do testemunho e da doutrina!
Se ensinarmos a verdade e o Espírito abençoar o nosso esforço dando crescimento espiritual àqueles que estiveram debaixo da nossa liderança, e se no entanto, por força das circunstâncias temos que nos ausentar, ficando o rebanho debaixo da influência de lideranças não apegadas à Palavra fiel, não será nada surpreendente que aqueles que estavam sendo espirituais voltem à sua antiga carnalidade, porque a vida espiritual não pode ser alimentada senão somente pelo reto ensino, e não apenas por isto, como também pelo exemplo de vida reta daquele que o ministra, e de uma sustentação da vida espiritual da Igreja por grupos de intercessão.
Ambas as coisas devem caminhar juntas. A vida do profeta, isto é, daquele que anuncia a Palavra de Deus, deve estar em conformidade com a Palavra que ele anuncia, senão esta não virá com a autoridade e com o selo do Espírito Santo, que é quem a aplica aos corações das pessoas.
De modo que isto não é uma recomendação à Igreja, mas uma ordem, um mandado da parte de Deus. para ser cumprido por todos aqueles que estão aliançados com Cristo.
Daí Paulo ter dito a  Timóteo:
“Manda estas coisas e ensina-as.”  (v. 11).
Ao mesmo tempo em que destacou o modo como ele deveria fazê-lo, estando em santificação e atendendo a tudo que é ordenado por Deus aos Seus ministros, de forma que sejam exemplos vivos para o rebanho:
“Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.”  (v. 12).
E o modo de os ministros do evangelho conseguirem atingir este objetivo traçado é se aplicando nisto que foi ordenado pelo apóstolo a Timóteo:
“13 até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino.
14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério.” (v. 13,14).
Não há dúvida que o dom que havia em Timóteo, e que lhe fora dado por profecia e confirmado com a imposição das mãos dos pastores, foi o dom do ministério da Palavra.
O ministério é um dom de Cristo àqueles que Ele chama para tal ofício.
Ministros devem se preparar para o ofício que vão exercer se aprofundando no estudo da Palavra, recorrendo à própria Bíblia e a bons comentários bíblicos, e isto é feito, evidentemente através de leitura permanente e consistente, e cultivando uma vida de oração voltada para os interesses do reino de Cristo.
Uma vez tendo aprendido a verdade esta deve ser ensinada a outros, porque este é o fim da aprendizagem.
Não basta pregar e ensinar.
Deve haver aplicação prática na vida dos ouvintes através da exortação.
Pois este é o método de Deus que encontramos na Bíblia desde o Velho Testamento, quanto à pregação e ensino da Palavra.
Primeiro exposição, e depois aplicação.
Os puritanos diziam que pregação sem aplicação não é a pregação que Deus exige dos Seus ministros.
Em conexão com esta preparação e aprofundamento deve seguir em paralelo a unção e o poder do Espírito Santo, pelo exercício do dom recebido dEle na ordenação pela imposição dos ministros do Evangelho, porque ninguém se faz pregador porque simplesmente o deseja, deve haver um reconhecimento da Igreja de que a pessoa foi chamada por Deus para o exercício do ministério.
Este reconhecimento da Igreja deve ser confirmado pela imposição de mãos dos que já são ministros, de maneira que ninguém deve pregar e ensinar sem que tenha recebido uma comissão para isto.
Todas estas coisas devem ser vividas, não por uma adoração contemplativa, ou por um quietismo monástico, mas pelo muito trabalho e luta a que Paulo se refere no verso 10.
Trabalho para conduzir a Igreja nos deveres que lhes são ordenados por Deus, e lutas, especialmente contra as oposições e perseguições que terão que ser enfrentadas, que certamente serão levantadas pelo Inimigo.
Porém, estes que assim labutam e lutam nada têm que temer porque a esperança deles está colocada no Deus vivo, e Ele sempre os encorajará e capacitará a seguirem adiante, a par de todas as lutas que tenham que travar, e de todo o trabalho que devem realizar.
A vida de um cristão fiel é uma vida de lutas e sofrimentos.
Nós lutamos e sofremos. O melhor que nós devemos esperar na vida presente é sofrer perseguições e injúrias por causa do nosso testemunho da verdade, no nosso trabalho de fé e luta de amor, porque Satanás se empenha ativamente contra o avanço do amor do evangelho.
As fábulas profanas e de velhas a que Paulo se refere no verso 7 era o falso ensino dos judaizantes.
Eram fábulas porque eles haviam pervertido o ensino das Escrituras do Velho Testamento.
E eram de coisas velhas, porque se referiam à Antiga Aliança, pois eles não podiam entender de modo algum a graça do evangelho de Cristo, numa Nova Aliança, que fora selada e inaugurada coom o Seu sangue, que derramou na cruz.
Assim, não sabendo o que ensinar, se entregavam a especular principalmente sobre as coisas que estavam escritas na Lei de Moisés.
Mas quando se faz considerações na Igreja apenas sobre a Lei, sem vincular um ensino correto da Lei com a graça do Evangelho, o que se terá, quando muito, será uma sinagoga do judaísmo, e não a verdadeira Igreja de Cristo.
Ao afirmar no verso 10 que Deus é o Salvador de todos os homens, Paulo não quis dizer que todos serão salvos, pois restringiu o uso da expressão logo em seguida dizendo que Ele é o Salvador especialmente dos que crêem.
Certamente o sentido da primeira afirmação é que potencialmente todos poderiam ser salvos por Deus, desde que se arrependessem e cressem em Cristo.
Desta maneira, à luz de tudo o que temos comentado até aqui, nós podemos concluir que a verdadeira religião requer um exercício constante na piedade, isto é, ela não consiste meramente em palavras, mas em verdadeira prática de tudo o que o Senhor nos tem ordenado.







I Timóteo 5

O Modo de se Comportar na Igreja - I Timóteo 5a

“1 Não repreendas asperamente a um velho, mas admoesta-o como a um pai; aos moços, como a irmãos;
2 às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.
3 Honra as viúvas que são verdadeiramente viúvas.
4 Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam eles primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus progenitores; porque isto é agradável a Deus.
5 Ora, a que é verdadeiramente viúva e desamparada espera em Deus, e persevera de noite e de dia em súplicas e orações;
6 mas a que vive em prazeres, embora viva, está morta.
7 Manda, pois, estas coisas, para que elas sejam irrepreensíveis.
8 Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo.
9 Não seja inscrita como viúva nenhuma que tenha menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido,
10 aprovada com testemunho de boas obras, se criou filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os atribulados, se praticou toda sorte de boas obras.
11 Mas rejeita as viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se;
12 tendo já a sua condenação por haverem violado a primeira fé;
13 e, além disto, aprendem também a ser ociosas, andando de casa em casa; e não somente ociosas, mas também faladeiras e intrigantes, falando o que não convém.
14 Quero pois que as mais novas se casem, tenham filhos, dirijam a sua casa, e não dêem ocasião ao adversário de maldizer;
15 porque já algumas se desviaram, indo após Satanás.
16 Se alguma mulher cristão tem viúvas, socorra-as, e não se sobrecarregue a Igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas.” (I Tim 5.1-16)

Aqui o apóstolo orienta Timóteo quanto à forma que deveria se relacionar com as diversas faixas etárias na Igreja.
Sendo a Igreja a família de Deus, o ministro deve agir em relação com todos os cristãos com o mesmo tratamento respeitoso e cordial com que trata a seus familiares, a saber, pai, mãe, irmãos; sendo que no caso de mulheres, especialmente as jovens, se recomenda um relacionamento com toda a pureza, não somente para não dar ocasião ao Inimigo de blasfemar, como também para não expor a tentações tanto a si mesmo, quanto elas.
Como o ministro tem o encargo de disciplinar, de repreender e de exortar, além de pregar e ensinar, ele deve ter permanentemente diante de si o dever de estabelecer as diferenças em que deve fazer isto, em conformidade com a idade das pessoas, de maneira que ao se repreender um idoso, isto deve ser feito como se estivesse diante do seu próprio pai, lhe dando o respeito e a honra que são devidos, conforme determinado pelo próprio Deus.
O mesmo critério deve ser usado em relação às mulheres idosas que devem ser tratadas com o mesmo amor, ternura e carinho que é devotado à própria mãe.
Aos jovens, com o carinho e ternura que se dedica aos irmãos.
Em I Timóteo 2.9-15 foi feita uma abordagem geral quanto aos problemas comportamentais que estavam ocorrendo com as mulheres de Éfeso.
À luz daquela passagem bíblica nós podemos entender melhor o porque da palavra de repreensão, que foi dirigida por Paulo, a algumas viúvas daquela Igreja, nesta seção da epístola.
 Naqueles dias não era considerada viúva a pessoa que houvesse simplesmente perdido o seu marido pela morte, mas quem também não tivesse quem a socorresse para prover o seu sustento.
E Paulo definiu as mulheres que se encontravam nesta condição na Igreja como aquelas que esperavam em Deus e perseveravam de noite e de dia em súplicas e orações, de maneira que através da Sua misericórdia obtivessem respostas para as suas súplicas e orações, de maneira a verem Deus garantindo o provimento delas, conforme Ele tem prometido (Jer 49.11) não somente em relação às viúvas, como também aos órfãos.
“Deixa os teus órfãos, eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas confiem em mim.” (Jer 49.11).
 Paulo recomendou então a Timóteo que a Igreja tivesse cuidado em identificar quem realmente estava em condição de desamparo, sem familiares para assisti-la, bem como que não estivesse vivendo uma vida dissoluta em pecado.
Uma viúva que vive em prazeres e luxúrias carnais não é verdadeiramente viúva aos olhos de Deus.
Não é a pessoa desamparada à qual Ele se refere dizendo que garantirá, Ele próprio, o seu provimento, pois promoverá as condições necessárias para que seja assistida.
Nós devemos ter em consideração que nos dias apostólicos não havia instituições de previdência social, e se um homem morresse sem deixar bens e dinheiro suficientes para garantir a sobrevivência de sua mulher e filhos, esta viúva, com seus órfãos enfrentariam dificuldades, porque não era comum a mulher exercer profissões no mundo antigo.
Como Deus prometeu cuidar das viúvas desamparadas, que não têm familiares próximos em condições de ampará-las, então é dever da Igreja cuidar destas viúvas piedosas, porque como agência de Deus na terra, estará dando cumprimento à promessa de Deus ao fazer isto.
 Os fariseus ensinavam que a ajuda financeira que seria destinada aos pais poderia ser justificada em sua suspensão, desde que fosse dada como oferta a Deus, mas Jesus invalidou este ensino dizendo que o ofertar a Deus não anula o mandamento de honrar os pais (Mt 15.5).
Então quem deixa de assistir as necessidades de seus pais tem negado a fé no mandamento de Deus que nos ordena honrá-los.
Como havia muitas viúvas desamparadas no mundo antigo, Paulo deu instruções a Timóteo que fosse feito um registro de inscrição na Igreja das pessoas que deveriam ser efetivamente socorridas, e que isto fosse feito de acordo com os critérios dos versos 9 e 10.
Deus honra os justos, aqueles que O temem.


Exercício da Disciplina na Igreja - I Timóteo 5b

“17 Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicados honorários, especialmente os que labutam na pregação e no ensino.
18 Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário.
19 Não aceites acusação contra um ancião, senão com duas ou três testemunhas.
20 Aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor.
21 Conjuro-te diante de Deus, e de Cristo Jesus, e dos anjos eleitos, que sem prevenção guardes estas coisas, nada fazendo com parcialidade.
22 A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro.
23 Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades.
24 Os pecados de alguns homens são manifestos antes de entrarem em juízo, enquanto os de outros descobrem-se depois.
25 Da mesma forma também as boas obras são manifestas antecipadamente; e as que não o são não podem ficar ocultas.” (I Tim 5.17-24)

Tendo falado do cuidado devido às viúvas desamparadas, Paulo fala agora do provimento dos pastores chamados por Deus para servi-lo em tempo integral, porque eles vivem do ministério, e para exercê-lo bem e efetivamente, em muitas situações deveriam estar desvinculados de atividades seculares para poderem se dedicar como convém aos seus muitos afazeres, especialmente o de cuidar pessoalmente do rebanho e do aprofundamento e preparo nas Escrituras, e dedicação à oração para apascentar as suas ovelhas.
Sendo que no caso dos pastores, os que presidissem bem, especialmente os que labutam na pregação e ensino da Palavra, deveriam ser considerados dignos de dobrados honorários, porque o Senhor determinou que estes que fossem assim chamados por Ele para apascentar a Igreja,  fossem providos por ela (Mt 10.10; I Cor 9.14; Gál 6.6).
 Tal é a honra devida ao ministro fiel do evangelho, que ele não deve ser assistido apenas quanto à sua provisão, mas as pessoas devem se guardar de injuriá-lo e infamá-lo, de modo a não pecarem diante de Deus, que os chamou.
Se alguém se coloca contra um ministro que serve fielmente a Deus, na verdade não está rejeitando ao ministro, mas a Deus que o chamou, e não está resistindo propriamente à pessoa, mas ao trabalho de Deus através da sua vida.
Quem resiste pois, ao ministro fiel, resiste não ao homem mas ao próprio Deus que é o autor desta fidelidade.
Portanto, nenhuma acusação leviana contra as pessoas dos ministros deveria ser aceita, e toda acusação para ser consignada deveria ser mediante duas ou três testemunhas, de maneira que não se desse ocasião ao Inimigo de desautorizar e desqualificá-lo.
Esta é a razão de o Inimigo atacar tão ferozmente com injúrias e infâmias aqueles que estão servindo fielmente a Deus, porque o seu principal intuito é o de gerar dúvida nos corações das pessoas que estavam debaixo de tal ministração, por darem crédito às falsas acusações engendradas pelo diabo, através dos seus instrumentos, quer dentro da Igreja, ou fora dela.
Mas se havia fundamento na acusação, seria de se estranhar que o testemunho destes ministros fosse um testemunho fiel, de maneira que nenhum dano seria trazido à obra de Deus, caso eles fossem repreendidos, motivo porque deveriam ser repreendidos na presença de todos os demais ministros, para que estes temessem em seguir o mau exemplo deles.
Neste caso, a santidade e honra do Senhor seriam vindicados e ficaria patente que Ele nada tinha a ver com o mau procedimento deles, antes, por terem-no abandonado, é que agiram daquela maneira reprovável.
Tão importantes são estas prescrições que Paulo havia passado para Timóteo que ele o conjurou diante de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos para que fizesse todas estas coisas sem prevenção e parcialidade (v.21).
Isto significa que Timóteo deveria sempre agir considerando que estava sendo observado pelo Pai, pelo Filho e pelos anjos, de maneira que todas as suas palavras e ações deveriam ser devidamente medidas e ponderadas, com o devido temor.
Assim procedendo não agiria pelo temor de homens ou para agradá-los, senão unicamente a Deus.
Ao mesmo tempo, isto impediria que fosse precipitado ou que ele agisse por motivações pessoais e parciais, que não raro nos conduzem a tomar decisões erradas e injustas.
Principalmente na ordenação de oficiais para a Igreja de Éfeso, todas os critérios e recomendações para a sua eleição, deveriam ser cuidadosamente realizados, de modo que não houvesse nenhuma precipitação na sua ordenação, que poderia trazer sérios danos ao rebanho, com a eleição de pessoas não preparadas e não chamadas por Deus para o ministério (v. 22).
Um bom critério para não errar nestas coisas seria Timóteo não participar dos pecados de outras pessoas, conservando a si mesmo puro diante do Senhor (v. 22).
Quanto à afirmação dos versos 24 e 25, cabe destacar que os ministros têm necessidade de muita sabedoria, para poderem avaliar a variedade de ofensas e ofensores com os quais terão que tratar.
Os pecados de alguns homens são muito claros e óbvios, e não há nenhuma dificuldade quanto a trazê-los à disciplina da Igreja, de modo que antes mesmo de serem julgados pelo conselho de anciãos ou pela Igreja, a falta deles é de conhecimento geral porque foi praticada abertamente.
Contudo, há outros pecados que somente serão descobertos depois que houver uma apreciação no julgamento da acusação, que foi proferida contra o ofensor.
Não se pode esquecer que a norma bíblica de que toda confrontação deve ser feita com toda longanimidade e doutrina, deve sempre ser seguida, mesmo nos casos de disciplina.
E de igual modo quanto às evidências de arrependimento, as boas obras de alguns são manifestas antecipadamente, enquanto o arrependimento de outros somente poderá ser observado com o decorrer do tempo.
O ministro precisa saber disto para não se precipitar em seus julgamentos, e depender de Deus para que todas as coisas sejam reveladas, porque ele traz à luz as obras ocultas das trevas e torna manifesto os propósitos dos corações.
Finalmente quanto à recomendação de Paulo a Timóteo no verso 23: “Não bebas mais água só, mas usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades.”, cabe destacar que era prática comum na antiguidade, juntar-se uma parte de vinho a cada dez partes de água, como medida profilática, para extermínio de germes da água, que não tendo o tratamento sanitário de nossos dias, era a causa de muitas enfermidades.
Então não estava em foco o hábito de tomar bebidas alcoólicas, mas usar de um expediente germicida para a garantia de uma boa saúde.









I Timóteo 6

A Submissão à Verdade - I Timóteo 6a

“1 Todos os servos que estão debaixo do jugo considerem seus senhores dignos de toda honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados.
2 E os que têm senhores cristãos não os desprezem, porque são irmãos; antes os sirvam melhor, porque eles, que se utilizam do seu bom serviço, são cristãos e amados. Ensina estas coisas.
3 Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,
4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas,
5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro;”

Paulo havia falado anteriormente sobre o relacionamento do cristão na Igreja, e também em sua família, e agora ele passa a falar deste relacionamento no local de trabalho, e destaca o dever de fazer tudo com submissão, zelo e amor, para confirmar a doutrina de Cristo, que ensina que todos os atos do cristão devem ser feitos por amor, não como que servindo a homens, mas ao próprio Deus, que é merecedor do melhor dos nossos esforços em tudo o que fazemos neste mundo, de forma que ao elogiarem o nosso bom procedimento, o nome de Deus, que levamos sobre nós, possa ser honrado e glorificado.
O fato de o cristão estar a serviço de outros cristãos implica em servi-los ainda melhor, porque são cristãos e amados, de maneira que não se deve valer da condição de serem da mesma família de Deus, para se pretextar igualdade, de modo a não se colocar em posição de submissão e serviço.
Deus mesmo ordenou as coisas desta forma para que todos sejam exercitados em obediência prática, que em última instância é obediência a Ele próprio.
E na submissão há uma chamada à renúncia ao eu, tão necessária para quebrar o orgulho que herdamos em razão do pecado original.
A aprendizagem da sã doutrina requer esta renúncia do eu, este negar-se a si mesmo, de maneira que se possa aprender conforme convém, em humildade, porque a graça do Senhor é concedida somente a quem se humilha, e esta humildade há de se ver de forma prática em quem é pobre de espírito, e daí Jesus ter afirmado que estes que são pobres de espírito são os que são bem-aventurados, porque poderão aprender de Deus e viver para Ele.
A afirmação do ego é o maior empecilho para o aprendizado e prática da sã doutrina. E não é de se admirar que os falsos mestres, que resistem à sã doutrina, ensinando doutrinas diversas, façam isto por motivo de endurecimento no seu próprio orgulho.
Eles querem afirmar a sua própria opinião, e não o evangelho revelado nas Escrituras, ainda que argumentando que têm aprendido diretamente de Deus pelo Espírito.
Assim resistirão aos verdadeiros mestres ou a qualquer outro mestre, porque não se trata tanto de resistência a quem ensina, mas de afirmarem as suas próprias convicções, tal como Alexandre, o latoeiro, que havia resistido muito às palavras do apóstolo Paulo, no ensino da sã doutrina, e que era da própria Igreja de Éfeso:
“14 Alexandre, o latoeiro, me fez muito mal; o Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras.
15 Tu também guarda-te dele; porque resistiu muito às nossas palavras.” (II Tim 4.14,15).
Não raro, estas pessoas inchadas em si mesmas, e que não se submetem à verdade de Deus, e nem mesmo querem estar debaixo do Seu governo, fazem estas coisas simplesmente para produzirem contendas, divisões, desconfortos, para se sentirem vitoriosos em debates, mas nunca para investigar de fato sobre a verdade para aplicá-la à própria vida.
Por isso o apóstolo disse destes o que nós lemos nos versos 3 a 5:
“3 Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,
4 é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas,
5 disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro;”.
Assim, há uma conexão do que havia dito antes da submissão dos servos aos seus senhores, por amor ao Senhor, com o que disse adiante quanto à necessidade de submissão em relação ao aprendizado e ensino da doutrina, porque isto deve ser feito também em submissão a Deus e por amor a Ele.
Quando se perde isto de vista, ainda que conscientemente ou não, a pessoa estará andando no caminho amplo que conduz à perdição, em vez do caminho estreito estabelecido por Deus para a salvação.
Na verdade é necessário muita paciência e diligência para se aprender a sã doutrina, pela sua prática na vida, conforme se encontra revelada nas Escrituras.
Se fosse coisa tão fácil de se conseguir, a Bíblia não teria sido produzida com tantos livros e com tantos ensinos, e num longo espaço de tempo.
É evidente que é muito leviana a atitude de afirmar que se tem um bom conhecimento da vontade de Deus antes mesmo de se abrir a Bíblia para meditar nela com um espírito submisso a Deus.
A pessoa que se deixar vencer pela soberba jamais aprenderá de Deus porque Ele resiste ao soberbo, e somente concede a Sua graça aos humildes, conforme Ele afirma em várias passagens das Escrituras.
Ninguém se surpreenda, portanto, que num mundo como o nosso dominado pelo humanismo, que coloca o homem no centro de tudo, e não a Deus, que se deseje efetivamente ouvir a sã doutrina, a qual não é da invenção do homem, mas uma revelação que nos veio diretamente do céu.
É de fato nos nossos dias que se tem cumprido, como nunca antes, o que o apóstolo afirmou em II Tim 4.3,4:
“3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos,
4 e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.” (II Tim 4.3,4).
Mas mesmo diante deste quadro, é ordenado aos fiéis ministros de Cristo que continuem fazendo o que Paulo ordenou a Timóteo:
“prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.”  (II Tim 4.2).
Ao mesmo tempo, quanto aos falsos mestres é ordenado que os ministros fiéis fujam deles e da sua influência e do seu falso ensino (v. 10).
De modo nenhum devem se permitir estar na sua companhia, e fazerem deles seus companheiros de ministério, porque não pode haver comunhão entre luz e trevas.
No verso 3 Paulo destaca que a sã doutrina é aquela que se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, reveladas nos Evangelhos, e que esta sã doutrina produz um bom efeito, a saber, ela gera santificação nos que a praticam e lhes conduz a viverem piedosamente.
Esta é uma das formas de se identificar portanto, qual é o reto ensino.
Importa, portanto, a todo custo, manter a sã doutrina na Igreja, porque o ensino de homens orgulhosos, que não se conforma à sã doutrina, produzirá rupturas na mesma, e não se poderá ver nela aquele unidade pela qual Jesus intercedeu que houvesse entre os cristãos, mutuamente, e com o próprio Deus.
Que unidade espiritual em paz e em amor poderá existir entre corações soberbos?
Isto não é somente para corações verdadeiramente humildes, que consentem aprenderem e serem guiados por Deus?

O Amor ao Dinheiro - I Timóteo 6b

“6 e, de fato, é grande fonte de lucro a piedade com o contentamento.
7 Porque nada trouxe para este mundo, e nada podemos daqui levar;
8 tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes.
9 Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.
10 Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.
11 Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
12 Peleja a boa peleja da fé, apodera-te da vida eterna, para a qual foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” (I Tim 6.6-12)

A cobiça é a mãe de todos os males, e por isso Paulo diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (v. 10).
A cobiça como obra da carne que é, nunca estará satisfeita, e assim quem se deixa dominar por ela não poderá viver em contentamento espiritual com Deus.
Não poderá ser achado alegre e contente em toda e qualquer situação, porque isto é para ser aprendido em Deus, de forma que se compreenda que coisas materiais não poderão jamais satisfazer ao homem interior que é espírito.
A matéria não pode alimentar e satisfazer o espírito.
Somente coisas espirituais podem trazer verdadeiro contentamento ao espírito, e estas coisas espirituais são ministradas a nós pelo Espírito Santo, quando andamos nEle, em santificação.  
Quem é de fato governado pelo Espírito pode ser achado contente até mesmo tendo apenas vestiário e alimento, e sabe que é um alvo muito temporário este de ajuntar bens neste mundo, porque nada se poderá levar consigo para o outro lado depois da morte.
Então é a eternidade que nos está proposta em Cristo Jesus, que é o sentido e significado da nossa vida, e não todas as riquezas que se possam obter neste mundo.
Ao contrário há muitas tentações e dores envolvidas no desejo de se tornar rico segundo o mundo, e não raro, os que perseguem este alvo submergem em ruína e perdição, e se desviam da fé (v. 9, 10).
Paulo não somente ordenou a Timóteo para fugir destes laços da cobiça mundana associada à soberba da vida e à concupiscência dos olhos, como também ordenou que se aplicasse àquelas coisas que são verdadeiramente agradáveis a Deus e a nós, a saber: a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão (v. 11).
Santidade, amor, justiça, fé, constância, mansidão, longanimidade, e todas as virtudes que estão em Cristo, devem ser o grande objetivo pelo qual todos os cristãos devem lutar para alcançarem, e não as glórias e honras passageiras deste  mundo.
Estas riquezas da graça são obtidas mediante esforço no contínuo combate da fé, na luta contra a carne (natureza decaída no pecado), e contra Satanás.
Estas riquezas da graça não são de fácil aquisição.
Exigem renúncia, diligência, aplicação nos deveres ordenados por Deus em Sua Palavra.
É assim que elas são concedidas a nós. E a premiação final e maior de tudo isto é a própria vida eterna (v.12).


O Rei da Verdade - I Timóteo 6c

“13 Diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que perante Pôncio Pilatos deu o testemunho da boa confissão, exorto-te
14 a que guardes este mandamento sem mácula e irrepreensível até a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo;
15 a qual, no tempo próprio, manifestará o bem-aventurado e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores;
16 aquele que possui, ele só, a imortalidade, e habita em luz inacessível; a quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.
17 Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos;
18 que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras, que sejam liberais e generosos,
19 entesourando para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira vida.
20 Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs e profanas e as oposições da falsamente chamada ciência;
21 a qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja convosco.” (I Tim 6.13-21)

Se há uma coisa que verdadeiramente nos enriquece enquanto estamos neste mundo, é sermos abundantes na prática de boas obras de justiça e amor, feitas em Deus, porque é por elas que será determinado o nosso galardão futuro e que persistirá por toda a eternidade.
Estas boas obras são os verdadeiros tijolos espirituais com os quais será edificada a nossa honra e glorificação futuras.
Daí a recomendação de Paulo aos Gálatas:
“9 E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.
10 Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.”  (Gál 6.9,10).
A maior boa obra de todas é aquela que se refere a nos preocuparmos com o destino eterno das almas do nosso próximo e nos esforçarmos para que alcancem a salvação e sejam edificadas na verdade.
Daí Paulo ter exortado Timóteo, não por sua própria conta, mas estando diante de Deus e de Cristo Jesus, que eram os verdadeiros autores daquela exortação, a que guardasse o mandamento que havia recebido dele em toda esta epístola sem mácula e irrepreensível até a vinda do Senhor.
Isto é, a Palavra de Deus que são estes mandamentos, são para serem preservados até a consumação dos séculos, sem nada tirar ou acrescentar, ou alterar, porque não se referem à vontade do homem, mas à vontade de Deus.
Diante de Pôncio Pilatos Jesus disse que o Seu reino não era deste mundo.
E que Ele é o Rei da Verdade, porque os que são pela verdade ouvem a Sua voz, e vivem para praticar a verdade revelada por Ele nas Escrituras.
E se Ele é Rei, este governo é estabelecido no coração.
Assim, o Senhor, de há muito governa sobre milhões e milhões, com um governo de amor, paz, justiça e verdade, e com todas as suas demais graças e virtudes, que são implantadas nos corações dos seus súditos.
Então, que nenhum cristão tente avaliar a Palavra de Deus por critérios mundanos e carnais ou mesmo seculares.
Este reino é sobrenatural, celestial, e não é governado pelos princípios do sistema mundial estabelecido pelos homens, mas pelo próprio Deus.
Ninguém se surpreenda portanto, que os mandamentos de Cristo caminhem em sua grande maioria exatamente na contramão das expectativas de tudo aquilo que este mundo considera grandioso.
A glória do mundo não reflete em nenhum aspecto a glória de Cristo e do céu.
O cristão é um cidadão do céu, um forasteiro e peregrino neste mundo.
Está no mundo mas, não pertence ao mundo, e não deve portanto, viver pelos princípios do mundo que contrariam os princípios de Deus, senão por aquilo que Deus tem determinado para ele na Sua Palavra.
Assim, todos os ministros do evangelho deveriam ter em todas as suas ministrações seus olhares voltados para o céu, para Deus, para Cristo, para o Espírito Santo, e estarem efetivamente concentrados em espírito nas coisas celestiais, espirituais, e divinas, quando estão empenhados em edificar os santos.
 Os ministros estão na terra mas, ministram nas regiões celestiais onde Cristo está assentado.
E se a ministração deles não segue este padrão estabelecido por Deus, não será efetivamente a ministração que lhes tem ordenado para a glória do Seu próprio nome.
Os ministros devem lembrar que somente Cristo é a fonte da imortalidade, porque é somente nele que a morte é vencida, e que Ele habita em luz inacessível, que pela imensa glória que possui não permite que nenhum homem possa dela se aproximar, a não ser aqueles que têm sido chamados por Ele para habitar no céu.
Isto significa que a Majestade e glória do Senhor devem estar diante dos Seus ministros para que tenham o devido temor e tremor, ao exercerem o ofício que lhes foi designado por Ele.
Deste modo, como podem os ministros ficarem impressionados com a altivez dos ricos deste mundo diante desta glória do Senhor a que ele, Paulo havia acabado de se referir? (17).
Esta altivez poderá ser justificada?
Como eles se encontrarão perante Ele no dia do juízo, por terem julgado que eram iguais a Deus?
Uma prova de amor e misericórdia a estes ricos seria então lhes dizer que não sejam altivos e que nem façam das suas riquezas a razão da sua esperança, mas de Deus, a quem pertence de fato todas as coisas e das quais somos apenas mordomos enquanto estamos neste mundo (v.17).
 Que os ricos sejam exortados a se enriquecerem de boas obras, e que sejam generosos, de maneira que possam vir a alcançar a verdadeira vida que está em Cristo.
O soberbo, em sua altivez jamais achará a Deus, porque Ele não deixará que o homem O encontre nesta condição, porque exige humildade, pobreza de espírito e arrependimento para nos conceder o Seu favor.
Os ricos deste mundo são tão miseráveis aos olhos de Deus como qualquer outro pecador.
Por isso os ministros do evangelho não devem ficar intimidados com a aparência deles.
E é seu dever pregar também a eles e lhes alertar o grande perigo que correm se confiarem somente nas suas riquezas.
Que ninguém se iluda, sejam ricos ou pobres com um tesouro falso, com uma falsa confiança, que são forjados pela vã imaginação dos homens.
Paulo chama aos conhecimentos adquiridos para fins religiosos, que se opõem à sã doutrina de Cristo, como por exemplo o Gnosticismo que grassava em seus dias, de falsa ciência, porque este conhecimento que não permite o conhecimento de Deus e da Sua vontade, por ser contrário ao verdadeiro conhecimento revelado na Palavra, é falso, e todo cristão fará bem em se guardar dele, e todo incrédulo deveria abandoná-lo para adquirir aquele verdadeiro conhecimento que é o único que pode conceder a vida eterna e livrar o homem da escravidão ao pecado.
  “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.” (João 17.3).
“34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.
35 Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.
36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8.34-36).






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