segunda-feira, 19 de outubro de 2015

I Reis 1 a 22

I Reis 1

Forte no Espírito na Velhice

A vida de Davi havia alcançado a noite da velhice, na qual ninguém pode trabalhar, e que lhe impedia agora de fazer as entradas e saídas com o exército de Israel, que lhe haviam tornado famoso.
O seu corpo não gerava o calor necessário para ser retido pelas cobertas que colocavam sobre ele, de maneira que para mantê-lo aquecido foi necessário colocar junto dele uma fonte de calor, que pudesse ser mantido pelas cobertas, e assim, aquecesse o rei.
E acharam esta fonte numa jovem de nome Abisague, da qual se diz que era muito formosa, provavelmente, para revelar a que ponto de debilidade Davi havia chegado nestes últimos dias da sua velhice, pois também se afirma que ele não a conheceu, isto é, não tocou nela.
As condições em que Davi se encontrava são descritas no primeiro capítulo de I Reis para explicar as razões pelas quais Adonias se proclamou rei, pois julgava que o seu pai não teria condições de cuidar da situação, e impedi-la pessoalmente.
Davi ainda estava colhendo, mesmo na sua velhice, o fruto do que havia semeado, porque se diz no verso 6 que nunca havia contrariado Adonias, não lhe pedindo qualquer satisfação dos seus atos, isto é, ele não o disciplinou, e o deixando entregue a si mesmo, Adonias lhe  considerou um tolo desprezível na sua velhice,  e não o respeitou nem lhe honrou, quer como rei, quer como pai, pois proclamou rei a si mesmo, contra a vontade de Davi, enquanto este ainda vivia, e isto viria a precipitar a sucessão de acontecimentos, que foram necessários para conduzir Salomão ao trono, antes que Davi morresse.
Certamente, Davi esperava que a subida de Salomão ao trono seria feita em paz, depois que ele morresse, em respeito à sua vontade e à de Deus, que havia revelado através de Natã, desde o dia do nascimento de Salomão, que ele deveria ser o futuro rei de Israel.
A questão da sucessão devia estar sendo debatida há muito tempo, à medida que a morte de Davi se aproximava, e não é improvável que muitos devam ter lembrado a Adonias que o direito à sucessão lhe pertencia, por terem morrido Amnom e Absalão.
Então, decidiu seguir no mesmo caminho de Absalão, rebelando-se contra a vontade de Deus e à de seu pai, que ele bem conhecia (I Reis 2.15).
Ele se sentiu ainda mais encorajado a suplantar a própria vontade de Deus porque tinha ao seu lado, não apenas o general do exército de Israel, Joabe, mas o próprio sumo-sacerdote, Abiatar, e se este estava ao seu lado, era bem possível, segundo o seu juízo, que Deus tivesse mudado os Seus planos.
Na verdade, Deus estava levando a cumprimento o Seu plano através daquelas circunstâncias, porque Abiatar seria o último sumo-sacerdote da casa de Eli, ocupando aquele sagrado ofício, por causa da palavra de juízo que o Senhor havia proferido contra Eli e a sua casa.
E Joabe receberia a justa retribuição pelo sangue de Abner e de Amasa, que havia derramado injustamente.
Então, não era o lado aparentemente mais forte que tinha a razão e venceria, mas como não pode deixar de ser, o lado em que Deus estava, independentemente da sua força.
“Conheço a tua tribulação e a tua pobreza mas tu és rico, e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.” (Apo 2.9).
“Conheço as tuas obras (eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar), que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.” (Apo 3.8).
   Não conhecendo isto, e não sabendo que o homem não prevalecerá pela força (I Sm 2.9), Adonias, com o propósito de exibir determinação e força, tal como fizera Absalão antes dele, fazia-se acompanhar de um cortejo de carros, cavaleiros e cinquenta homens que lhe precediam em seus deslocamentos (I Reis 1.5).
Isto tinha por objetivo impressionar o povo e influenciá-lo psicologicamente, quanto a formarem um juízo que ele tinha um porte majestoso, e portanto era a ele que cabia ocupar o trono.
E a beleza física que possuía, muito contribuiu para a formação deste juízo (I Reis 1.6).
Entretanto Deus não olha a aparência do homem, mas o coração, e certamente, o de Adonias não era segundo o Seu coração.
Natã, Zadoque, Benaia e os valentes de Davi permaneceram leais a este e à sua vontade, e não aderiram a Adonias (v. 8).
O fato de não ter ao seu lado os valentes relacionados no capítulo 23 de II Samuel, e os seiscentos homens de Itai, o filisteu de Gate, designados no verso 37, por quereteus e peleteus, que também permaneceram leais ao rei, configuraria um grave empecilho para que Adonias conseguisse subir ao trono, mas na sua exaltação, não mediu as consequências do seu comportamento e prosseguiu levando adiante o seu plano de ser proclamado rei, e para isto ofereceu um banquete em En-Rogel, convocando todos os notáveis do reino, exceto a estes que citamos anteriormente, e que permaneceram ao lado de Davi.
É curioso observar que junto a estes que permaneceram leais a Davi, figura o nome de Simei no verso oitavo, aquele que havia amaldiçoado Davi, quando fugia de Absalão.
Certamente, ele não o estava fazendo por motivo de fidelidade, mas de conveniência, pois sabia do desejo de Joabe de matá-lo, e este havia se colocado ao lado de Adonias, e não de Salomão, assim ele procurou o lado em que, segundo ele, estaria mais seguro, porque Davi havia lhe jurado que não o mataria, quando Simei foi ter com ele, quando voltava de Maanaim para Jerusalém, para reassumir o trono.
A iniciativa para se contrapor a Adonias foi tomada pelo profeta Natã, que pediu a Bate-Seba que falasse ao rei sobre o juramento que fizera a ela de que Salomão seria o seu sucessor, e que logo depois que ela lhe tivesse falado, ele entraria em seguida, e endossaria suas palavras quanto às cousas que Adonias estava fazendo para ser conduzido ao trono, e assim toda palavra seria confirmada pelo depoimento de duas testemunhas, segundo exigido pela Lei, para que o rei pudesse deliberar de forma convicta e decidida sobre o caso.
E se cobertas não conseguiam aquecer o corpo de Davi, o comportamento de Adonias aqueceria a sua ira, a ponto de ter encontrado no Senhor, forças para as providências que deveriam ser tomadas para que Salomão começasse a reinar imediatamente, ainda que o fizesse estando ele em vida, porque Adonias tentou fazê-lo sem sua autorização e desrespeitando não somente a ordem natural das coisas como a sua própria autoridade de pai.
Então, Davi agiu não somente para poupar Natã, Zadoque, Salomão e Bate-Seba da morte, caso Adonias assumisse o trono, em retaliação àqueles que se opuseram a ele, como também para revelar que o Deus vivo agia nele e ainda o fortalecia, quando necessário, para cumprir tudo o que lhe havia ordenado.
Assim, determinou que Salomão fosse montado na sua mula e que fosse conduzido a Giom, escoltado por Benaia, e por todos os valentes do reino, onde Natã e Zadoque deveriam ungi-lo como rei sobre todo Judá e Israel, e depois disso, deveria voltar para Jerusalém com um grande séquito que proclamaria no caminho e na cidade, que Salomão reinava.
Quando todos que estavam com Adonias em En-Rogel o souberam, ficaram apavorados e fugiram, e Adonias foi buscar abrigo junto ao altar do holocausto, segurando os seus chifres, para que não fosse morto por Salomão.
Todavia, logrou achar graça perante ele, que ordenou que sua vida fosse poupada caso não agisse com dolo.
Mas nós vemos adiante, no relato de I Reis, que ele não soube fazer bom uso da graça que lhe foi concedida, e tendo abusado dela veio a dar ocasião, ele próprio, a que fosse morto por Benaia, a mando de Salomão, agora já não apenas na condição de comandante da guarda pessoal do rei, mas na de general de todo o exército de Israel, cargo em que foi empossado por Salomão,  logo no início do seu reinado.      
São dignas de nota as palavras de Davi registradas no verso 29, que o Deus vivo havia remido a sua alma de toda a angústia, e também o livraria daquela a que estava sendo submetido no final da sua vida.
Elas dão testemunho da sua fé inabalável no Deus que havia cumprido cada uma das promessas que lhe fizera, ao longo do curso da sua vida, ainda que no meio de variadas angústias, das quais o Senhor lhe havia livrado.
Ele sabia que lhe cabia tomar as providências necessárias, para que se cumprisse tudo que o Senhor havia determinado, mas nunca lhe faltou a certeza de que Deus jamais falharia no cumprimento de qualquer uma das Suas promessas.
Assim, nós vemos no final deste capítulo, Salomão e não Adonias, reinando sobre Israel.
 

“1 Ora, o rei Davi era já velho, de idade mui avançada; e por mais que o cobrissem de roupas não se aquecia.
2 Disseram-lhe, pois, os seus servos: Busque-se para o rei meu senhor uma jovem donzela, que esteja perante o rei, e tenha cuidado dele; e durma no seu seio, para que o rei meu senhor se aqueça.
3 Assim buscaram por todos os termos de Israel uma jovem formosa; e acharam Abisague, a sunamita, e a trouxeram ao rei.
4 Era a jovem sobremaneira formosa; e cuidava do rei, e o servia; porém o rei não a conheceu.
5 Então Adonias, filho de Hagite, se exaltou e disse: Eu reinarei. E preparou para si carros e cavaleiros, e cinquenta homens que corressem adiante dele.
6 Ora, nunca seu pai o tinha contrariado, dizendo: Por que fizeste assim? Além disso, era ele muito formoso de parecer; e era mais moço do que Absalão.
7 E teve entendimento com Joabe, filho de Zeruia, e com o sacerdote Abiatar, os quais aderiram a ele e o ajudavam.
8 Mas Zadoque, o sacerdote, e Benaia, filho de Jeoiada, e Natã, o profeta, e Simei, e Rei, e os valentes que Davi tinha, não eram por Adonias.
9 Adonias matou ovelhas, bois e animais cevados, junto à pedra de Zoelete, que está perto de En-Rogel; e convidou a todos os seus irmãos, os filhos do rei, e a todos os homens de Judá, servos do rei;
10 porém a Natã, o profeta, e a Benaia, e aos valentes, e a Salomão, seu irmão, não os convidou.
11 Então falou Natã a Bate-Seba, mãe de Salomão, dizendo: Não ouviste que Adonias, filho de Hagite, reina? e que nosso senhor Davi não o sabe?
12 Vem, pois, agora e deixa-me dar-te um conselho, para que salves a tua vida, e a de teu filho Salomão.
13 Vai à presença do rei Davi, e dize-lhe: Não juraste, ó rei meu senhor, à tua serva, dizendo: Certamente teu filho Salomão reinará depois de mim, e se assentará no meu trono? Por que, pois, reina Adonias?
14 Eis que, estando tu ainda a falar com o rei, eu também entrarei depois de ti, e confirmarei as tuas palavras.
15 Foi, pois, Bate-Seba à presença do rei na sua câmara. Ele era mui velho; e Abisague, a sunamita, o servia.
16 Bate-Seba inclinou a cabeça, e se prostrou perante o rei. Então o rei lhe perguntou: Que queres?
17 Respondeu-lhe ela: Senhor meu, tu juraste à tua serva pelo Senhor teu Deus, dizendo: Salomão, teu filho, reinará depois de mim, e se assentará no meu trono.
18 E agora eis que Adonias reina; e tu, ó rei meu senhor, não o sabes.
19 Ele matou bois, animais cevados e ovelhas em abundância, e convidou a todos os filhos do rei, e a Abiatar, o sacerdote, e a Joabe, general do exército; mas a teu servo Salomão não o convidou.
20 Mas, ó rei meu senhor, os olhos de todo o Israel estão sobre ti, para que lhes declares quem há de assentar-se no teu trono depois de ti.
21 Doutro modo sucederá que, quando o rei meu senhor dormir com seus pais, eu e Salomão meu filho seremos tidos por ofensores.
22 Enquanto ela ainda falava com o rei, eis que chegou o profeta Natã.
23 E o fizeram saber ao rei, dizendo: Eis aí está o profeta Natã. Entrou Natã à presença do rei, inclinou-se perante ele com o rosto em terra,
24 e disse: ó rei meu senhor, acaso disseste: Adonias reinará depois de mim, e se assentará no meu trono?
25 Pois ele hoje desceu, e matou bois, animais cevados e ovelhas em abundância, e convidou a todos os filhos do rei, e aos chefes do exército, e ao sacerdote Abiatar; e eis que comem e bebem perante ele, e dizem: Viva o rei Adonias!
26 Porém a mim teu servo, e ao sacerdote Zadoque, e a Benaia, filho de Jeoiada, e ao teu servo Salomão, não convidou.
27 Foi feito isso da parte do rei meu senhor? e não fizeste saber a teu servo quem havia de assentar-se no teu trono depois de ti?
28 Respondeu o rei Davi: Chamai-me a Bate-Seba. E ela entrou à presença do rei, e ficou de pé diante dele.
29 Então o rei jurou, dizendo: Vive o Senhor, o qual remiu a minha alma de toda a angústia,
30 que, assim como te jurei pelo Senhor Deus de Israel, dizendo: Teu filho Salomão há de reinar depois de mim, e ele se assentará no meu trono, em meu lugar; assim mesmo o cumprirei hoje.
31 Então Bate-Seba, inclinando-se com o rosto em terra perante o rei, fez-lhe reverência e disse: Viva para sempre o rei Davi meu senhor!
32 Depois disse o rei Davi: Chamai-me a Zadoque, o sacerdote, e a Natã, o profeta, e a Benaia, filho de Jeoiada. E estes entraram à presença do rei.
33 E o rei lhes disse: Tomai convosco os servos de vosso senhor, fazei montar meu filho Salomão na minha mula, e levai-o a Giom.
34 E Zadoque, o sacerdote, com Natã, o profeta, ali o ungirão rei sobre Israel. E tocareis a trombeta, e direis: Viva o rei Salomão!
35 Então subireis após ele, e ele virá e se assentará no meu trono; pois reinará em meu lugar, porquanto o tenho designado para ser príncipe sobre Israel e sobre Judá.
36 Ao que Benaia, filho de Jeoiada, respondeu ao rei, dizendo: Amém; assim o diga também o Senhor Deus do rei meu senhor.
37 Como o Senhor foi com o rei meu senhor, assim seja ele com Salomão, e faça que o seu trono seja maior do que o trono do rei Davi meu senhor.
38 Pelo que desceram Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Jeoiada, e os quereteus, e os peleteus, e fizeram montar Salomão na mula que era do rei Davi, e o levaram a Giom.
39 Então Zadoque, o sacerdote, tomou do tabernáculo o vaso do azeite e ungiu a Salomão. Então tocaram a trombeta, e todo o povo disse: Viva o rei Salomão!
40 E todo o povo subiu após ele, tocando flauta e alegrando-se sobremaneira, de modo que a terra retiniu com o seu clamor.
41 Adonias e todos os convidados que estavam com ele o ouviram, ao acabarem de comer. E ouvindo Joabe o soar das trombetas, disse: Que quer dizer este alvoroço na cidade?
42 Ele ainda estava falando, quando chegou Jônatas, filho de Abiatar, o sacerdote; e disse Adonias: Entra, porque és homem de bem, e trazes boas novas.
43 Respondeu Jônatas a Adonias: Deveras! O rei Davi, nosso senhor, constituiu rei a Salomão.
44 E o rei enviou com ele Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, e Benaia, filho de Jeoiada, os quereteus e os peleteus; e eles o fizeram montar na mula do rei.
45 E Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, ungiram-no rei em Giom; e dali subiram cheios de alegria, e a cidade está alvoroçada. Este é o clamor que ouvistes.
46 E Salomão já está assentado no trono do reino.
47 Além disso os servos do rei vieram abençoar o nosso senhor, o rei Davi, dizendo: Faça teu Deus o nome de Salomão mais célebre do que o teu nome, e faça o seu trono maior do que o teu trono. E o rei se inclinou no leito.
48 Também assim falou o rei: Bendito o Senhor Deus de Israel, que hoje tem dado quem se assente no meu trono, e que os meus olhos o vissem.
49 Então, tomados de pavor, levantaram-se todos os convidados que estavam com Adonias, e cada qual se foi seu caminho.
50 Adonias, porém, temeu a Salomão e, levantando-se, foi apegar-se às pontas do altar.
51 E foi dito a Salomão: Eis que Adonias teme ao rei Salomão; pois que se apegou às pontas do altar, dizendo: Jure-me hoje o rei Salomão que não matará o seu servo à espada.
52 Ao que disse Salomão: Se ele se houver como homem de bem, nem um só de seus cabelos cairá em terra; se, porém, se houver dolosamente, morrerá.
53 Então o rei Salomão deu ordem, e tiraram Adonias do altar. E vindo ele, inclinou-se perante o rei Salomão, o qual lhe disse: Vai para tua casa.” ( I Rs 1.1-53).


I Reis 2

Os Primeiros Atos do Rei Salomão

Pouco antes de morrer, Davi chamou Salomão e lhe deu instruções específicas relativas às providências principais e iniciais que ele deveria tomar, em razão da promessa que o Senhor lhe havia feito de que nunca lhe faltaria sucessor no trono de Israel.
Quanto ao reino terreno dos sucessores de Davi a promessa era de caráter condicional, porque a continuidade deles no trono seria garantida somente pela fidelidade ao Senhor e à Sua Palavra, tanto que, por terem transgredido a citada condição, o reino de Israel foi interrompido por causa do cativeiro babilônico, e até que Jesus volte, nenhum outro descendente de Davi assumiu e assumirá o trono de Israel, porque o trono da promessa deve estar firmado na Justiça decorrente da prática da Palavra.    
Como o reino na casa de Davi era um tipo do reino de Cristo, Salomão foi orientado por seu pai para se encarregar das condições que conduziriam tanto Joabe, quanto Simei, à morte.
Nisto, há também uma figura do reino de Cristo, no qual não poderão participar com Ele os homicidas sanguinários como Joabe, e os hipócritas como Simei.
E ainda, a misericórdia e o favor ordenados por Davi a Salomão, em relação aos filhos de Barzilai, que lhe havia alimentado e a seus homens, quando estiveram em Maanaim fugindo de Absalão, também ilustrava que o Rei Jesus usará de bondade e misericórdia para com aqueles que usaram de misericórdia para com Ele, e fomos instruídos pelo próprio Jesus que é para com Ele que estamos usando de misericórdia quando a manifestamos ao nosso próximo (Mt 25.40).
Por isso, no reino de Cristo o juízo será sem misericórdia para todo aquele que não usou de misericórdia (Tg 2.13), porque somente a misericórdia triunfa sobre o juízo, fazendo com que alcancem misericórdia eterna da parte de Deus, aqueles que foram misericordiosos (Mt 5.7).
Assim, foi ordenado a Salomão que os filhos de Barzilai continuassem comendo à sua mesa, e isto também sucederá a todos aqueles que se engajaram em favor do reino de Cristo, na chamada Igreja padecente neste mundo, porque haverão de reinar com Ele em glória, e se assentarão com Ele à Sua mesa.
Davi morreu e foi sepultado em Jerusalém, cidade que fundara, e não na sua cidade natal de Belém (I Reis 2.10).
Nos versos 13 a 25 de I Reis 2, nós encontramos as circunstâncias da morte de Adonias.
Ao que parece, conseguiu obter a simpatia de Bate-Seba, ainda que esta não se confiasse inteiramente a ele, pelo que podemos observar da cautela que teve quando Adonias se dirigiu a ela para pedir que intercedesse em favor dele junto a Salomão, para que Abisague lhe fosse dada por esposa.
Bate-Seba não percebeu que o que movia aquele pedido não era o amor mas o interesse político. Adonias não havia abandonado a idéia de ocupar o trono de seu pai.
Como não poderia fazê-lo diretamente,  projetou um plano para começar pela cama de Davi até chegar ao seu trono.
Bate-Seba não percebeu a manobra, mas Salomão percebeu as intenções de seu irmão, e certamente deve ter acompanhado os seus passos até aquele ponto, e percebeu que  trabalhava pela instabilidade do reino do qual Deus prometeu que seria firmado e estabelecido.
De outro modo, não teria ordenado que Benaia matasse o seu próprio irmão, porque já lhe havia poupado anteriormente da morte,  perdoando-lhe a sedição que havia realizado.
Além disso, no diálogo que tivera com Bate-Seba ele reafirmou o seu direito à coroa, e insinuou que Salomão era um usurpador, que estava sentado no trono sob a alegação de que a sua coroação havia sido ordenada pelo Senhor.
Salomão era um homem devotado a Deus, mas não era este o caso de Adonias, que não Lhe tinha qualquer temor, tanto que agira contra a Sua vontade proclamando-se rei, e agora, estava arquitetando meios para subir ao trono.
Nós vemos portanto, que Salomão foi sábio não se permitindo ser conduzido pelos seus sentimentos, mas pela vontade de Deus, de modo que ficasse manifestado a todos, até que ponto estava disposto a garantir que a promessa e vontade de Deus fossem mantidas e cumpridas.
Especialmente, candidatos ao santo ministério da Palavra devem se guardar de todo orgulho espiritual e motivos pessoais, de forma que não sejam encontrados lutando contra a vontade do próprio Deus, cobiçando ocupar a posição daqueles que Deus chamou para estarem à frente do rebanho, ao qual eles pertencem.
Não procede do homem, mas do Senhor, a posição que cada um deve ocupar no Seu reino.
Nos versos 26 e 27 de I Reis 2, nós vemos Abiatar, o sumo sacerdote, sendo punido por Salomão, com a perda do seu posto para Zadoque, dado ter-se aliado a Adonias.
É destacado no verso 27 que isto ocorreu para que se cumprisse a palavra proferida pelo Senhor contra a casa de Eli, à qual Abiatar pertencia. O seu pai havia sido morto por Saul, assim como oitenta e cinco sacerdotes.
E quase oitenta anos haviam passado desde então, até que o juízo do Senhor contra eles teve cabal cumprimento.
Nos versos 28 a 35 são descritas as circunstâncias da morte de Joabe, que ao se inteirar do que Salomão havia feito a Abiatar, temeu por si mesmo, porque havia seguido também a Adonias e tal como este foi buscar refúgio junto aos chifres do altar, e ele se determinou em permanecer ali, até obter o perdão do rei, pensando que encontraria a mesma indulgência da sua parte, tanto quanto havia manifestado no princípio a Adonias.
Contudo, Salomão ordenou a Benaia que o matasse ali mesmo, porque agiria como o vingador do sangue de Abner e Amasa, e desta forma, como havia culpa de sangue em Joabe,  não poderia contar com a proteção de Deus, uma vez que não a havia buscado no que fizera, por não ter tido o devido temor da Sua justiça, que de um modo ou de outro acabaria lhe alcançando para o devido ajuste de contas.
O crime de Joabe foi doloso, e esta condição não lhe dava o direito de se refugiar em Deus (Êx 21.14), e de igual modo, os homicidas dolosos não podiam contar também com a proteção das cidades de refúgio (Dt 19.11-13).
Jesus é na dispensação da graça, o Grande Refúgio no qual todo tipo de pecador pode encontrar abrigo e segurança quanto à salvação de sua alma, e perdão para os seus pecados.
Todavia, Deus recompensa a justiça e castiga o mal praticado pelos Seus filhos, como coisas separadas.
Ele não deixa de punir nossos erros, por maior que tenha sido o bem que vínhamos praticando.
Nós vimos isto na vida de Davi.
Caso Deus não castigasse o pecado e se omitisse na Sua função de reto Juiz, não estabelecendo um dia futuro para passar em revista todas as nossas obras, quer boas, quer más, Ele seria, ainda que indiretamente, o maior incentivador da prática do mal.  
Entretanto, a Bíblia é bastante clara quanto a isto, e a própria experiência prática comprova, que Deus continua justo e justificador ao perdoar os pecadores em Cristo, para efeito de não serem mais condenados eternamente, mas, ao mesmo tempo, corrige a todos os Seus filhos, e sujeita à condenação eterna a todos aqueles que não se sujeitaram a Ele, para serem transformados e aperfeiçoados na justiça.
Há muita confusão no próprio meio evangélico quando se dá a textos que falam de justificação eterna, de perdão de pecados confessados, a interpretação de que isto é um tipo de salvo conduto para se permanecer na prática do pecado, como que o perdão ali referido significasse que Deus não leva em conta as nossas faltas, desde que as confessemos.
No entanto, não é isto o que estes textos bíblicos ensinam, senão que estes pecados confessados para efeito da continuidade da comunhão com Cristo, que é inteiramente santo, já foram expiados na cruz do calvário para não serem mais tidos na conta do motivo da nossa condenação eterna, mas, estes mesmos pecados que foram perdoados pela confissão, de modo a podermos voltar à comunhão com Deus, poderão dar ensejo até mesmo a correções dolorosas da parte do Senhor, como também produzir consequências que teremos que arcar.      
“28 Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor;
29 pois o nosso Deus é um fogo consumidor.” (Hb 12.28,29).
O mesmo apóstolo João que disse: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.“ (I Jo 1.9), também disse na mesma epístola as seguintes palavras que denotam que a confissão aqui referida não significa uma permissão para continuar pecando deliberadamente, pensando que se desejarmos voltar à comunhão com Deus basta apenas confessar o pecado quando nós decidirmos fazê-lo.
“3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.
4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.
5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado.
6 Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.
7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo;
8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.
9 Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão.” (I Jo 3.3-10).
São palavras que apontam para o dever de se andar em verdadeira santidade de vida. Não é verdade? Como podemos então pensar que o próprio Deus nos estimularia em Sua Palavra a abusarmos da Sua graça e favor contando com o fato de que não há necessidade de se dar a devida atenção ao pecado, porque basta apenas confessar que erramos e tudo será perfeita paz e perdão?
Na verdade, as palavras de I Jo 1.9 devem ser interpretadas não apenas em todo o contexto do ensino bíblico sobre a confissão de pecados, como também dentro do próprio contexto desta epístola, de maneira a entendermos o que o apóstolo pretendia realmente ensinar, por inspiração do Espírito Santo.
Nos versos 36 a 46 de I Reis 2 é descrita a ruína de Simei, que havia infamado o rei Davi, lhe amaldiçoando injustamente, quando fugia de Absalão, e fazendo-se assim culpado de morte, segundo a Lei de Moisés, que determinava que fosse morto todo aquele que se levantasse contra as autoridades constituídas por Deus (Êx 22.28).
A lei que proibia a blasfêmia contra Deus está colocada ao lado da proibição de amaldiçoar o príncipe (Dt 22.28).
Como o ato de amaldiçoar o nome de Deus devia ser punido com a morte (Lv 24.15,16), subentende-se que amaldiçoar abertamente o príncipe sujeitava à mesma pena.
Os pais são constituídos como autoridade sobre os filhos, assim como o príncipe é constituído sobre todo o povo.
Assim, amaldiçoar os pais sujeitava também, no Velho Testamento, os filhos à pena de morte (Lev 20.9).
Mas, como Simei recebeu o indulto da parte de Davi, que prometeu que não o mataria enquanto vivesse, ele não pôde demonstrar lealdade ao filho de Davi, e seu novo rei, Salomão, porque tal lealdade não se encontrava nele, e vindo a desobedecer uma ordem expressa que Salomão lhe dera, de nunca se afastar de Jerusalém, veio a fazê-lo para a sua própria ruína, e foi morto por Benaia, a mando do rei, pois foi isto que ele lhe dissera que seria feito a ele, caso viesse a desobedecer a ordem que lhe havia dado, e assim, descumprindo aquilo que o rei lhe havia determinado com o caráter de uma sentença, Simei se fez digno de morte, segundo a Lei (Dt 17.12).




“1 Ora, aproximando-se o dia da morte de Davi, deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo:
2 Eu vou pelo caminho de toda a terra; sê forte, pois, e porta-te como homem.
3 Guarda as ordenanças do Senhor teu Deus, andando nos seus caminhos, e observando os seus estatutos, os seus mandamentos, os seus preceitos e os seus testemunhos, como está escrito na lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores,
4 e para que o Senhor confirme a palavra que falou acerca de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem os seus caminhos, andando perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca te faltará sucessor ao trono de Israel.
5 Tu sabes também o que me fez Joabe, filho de Zeruia, a saber, o que fez aos dois chefes do exército de Israel, a Abner, filho de Ner, e a Amasa, filho de Jeter, os quais ele matou, e em tempo de paz derramou o sangue de guerra, manchando com ele o cinto que tinha nos lombos, e os sapatos que trazia nos pés.
6 Faze, pois, segundo a tua sabedoria, e não permitas que suas cãs desçam à sepultura em paz.
7 Mas para com os filhos de Barzilai, o gileadita, usa de benevolência, e estejam eles entre os que comem à tua mesa; porque assim se houveram comigo, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.
8 E eis que também contigo está Simei, filho de Gêra, benjamita, de Baurim, que me lançou atroz maldição, no dia em que eu ia a Maanaim; porém ele saiu a encontrar-se comigo junto ao Jordão, e eu lhe jurei pelo Senhor, dizendo: Não te matarei à espada.
9 Agora, porém, não o tenhas por inocente; pois és homem sábio, e bem saberás o que lhe hás de fazer; farás com que as suas cãs desçam à sepultura com sangue.
10 Depois Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi.
11 E foi o tempo que Davi reinou sobre Israel quarenta anos: sete anos reinou em Hebrom, e em Jerusalém reinou trinta e três anos.
12 Salomão, pois, assentou-se no trono de Davi, seu pai; e o seu reino se fortificou sobremaneira.
13 Então Adonias, filho de Hagite, veio a Bate-Seba, mãe de Salomão; e perguntou ela: De paz é a tua vinda? Respondeu ele: É de paz.
14 E acrescentou: Uma palavra tenho que dizer-te. Respondeu ela: Fala.
15 Disse, pois, ele: Bem sabes que o reino era meu, e que todo o Israel tinha posto a vista em mim para que eu viesse a reinar; contudo o reino se transferiu e veio a ser de meu irmão, porque foi feito seu pelo Senhor.
16 Agora uma só coisa te peço; não ma recuses. Ela lhe disse: Fala.
17 E ele disse: Peço-te que fales ao rei Salomão (porque ele não to recusará) , que me dê por mulher a Abisague, a sunamita.
18 Respondeu Bate-Seba: Pois bem; eu falarei por ti ao rei.
19 Foi, pois, Bate-Seba ter com o rei Salomão, para falar-lhe por Adonias. E o rei se levantou a encontrar-se com ela, e se inclinou diante dela; então, assentando-se no seu trono, mandou que pusessem um trono para a rainha-mãe; e ela se assentou à sua direita.
20 Então disse ela: Só uma pequena coisa te peço; não ma recuses. Respondeu-lhe o rei: Pede, minha mãe, porque não te recusarei.
21 E ela disse: Dê-se Abisague, a sunamita, por mulher a teu irmão Adonias.
22 Então respondeu o rei Salomão, e disse a sua mãe: E por que pedes Abisague, a sunamita, para Adonias? Pede também para ele o reino (porque é meu irmão mais velho); sim, para ele, e também para Abiatar, o sacerdote, e para Joabe, filho de Zeruia.
23 E jurou o rei Salomão pelo Senhor, dizendo: Assim Deus me faça, e outro tanto, se não falou Adonias esta palavra contra a sua vida.
24 Agora, pois, vive o Senhor, que me confirmou e me fez assentar no trono de Davi, meu pai, e que me estabeleceu casa, como tinha dito, que hoje será morto Adonias.
25 E o rei Salomão deu ordem a Benaia, filho de Jeoiada, o qual feriu a Adonias, de modo que morreu.
26 Também a Abiatar, o sacerdote, disse o rei: Vai para Anatote, para os teus campos, porque és homem digno de morte; porém hoje não te matarei, porquanto levaste a arca do Senhor Deus diante de Davi, meu pai, e porquanto participaste de todas as aflições de meu pai.
27 Salomão, pois, expulsou Abiatar, para que não fosse sacerdote do Senhor, assim cumprindo a palavra que o Senhor tinha dito acerca da casa de Eli em Siló.
28 Ora, veio esta notícia a Joabe (pois Joabe se desviara após Adonias, ainda que não se tinha desviado após Absalão) ; pelo que Joabe fugiu para o tabernáculo do Senhor, e apegou-se às pontas do altar.
29 E disseram ao rei Salomão: Joabe fugiu para o tabernáculo do Senhor; e eis que está junto ao altar. Então Salomão enviou Benaia, filho de Jeoiada, dizendo: Vai, mata-o.
30 Foi, pois, Benaia ao tabernáculo do Senhor, e disse a Joabe: Assim diz o rei: Sai daí. Respondeu Joabe: Não! porém aqui morrerei. E Benaia tornou com a resposta ao rei, dizendo: Assim falou Joabe, e assim me respondeu.
31 Ao que lhe disse o rei: Faze como ele disse; mata-o, e sepulta-o, para que tires de sobre mim e de sobre a casa de meu pai o sangue que Joabe sem causa derramou.
32 Assim o Senhor fará recair o sangue dele sobre a sua cabeça, porque deu sobre dois homens mais justos e melhores do que ele, e os matou à espada, sem que meu pai Davi o soubesse, a saber: a Abner, filho de Ner, chefe do exército de Israel, e a Amasa, filho de Jeter, chefe do exército de Judá.
33 Assim recairá o sangue destes sobre a cabeça de Joabe e sobre a cabeça da sua descendência para sempre; mas a Davi, e à sua descendência, e à sua casa, e ao seu trono, o Senhor dará paz para sempre.
34 Então Benaia, filho de Jeoiada, subiu e, arremetendo contra Joabe, o matou. E foi sepultado em sua casa, no deserto.
35 Em lugar dele o rei pôs a Benaia, filho de Jeoiada, sobre o exército; e a Zadoque, o sacerdote, pôs em lugar de Abiatar.
36 Depois o rei mandou chamar a Simei e lhe disse: Edifica para ti uma casa em Jerusalém, habita aí, e daí não saias, nem para uma nem para outra parte.
37 E fica sabendo que, no dia em que saíres e passares o ribeiro de Cedrom, de certo hás de morrer. O teu sangue será sobre a tua cabeça.
38 Respondeu Simei ao rei: Boa é essa palavra; como tem dito o rei meu senhor, assim fará o teu servo. E Simei habitou em Jerusalém muitos dias.
39 Sucedeu porém que, ao cabo de três anos, dois servos de Simei fugiram para Aquis, filho de Maaca, rei de Gate. E deram parte a Simei, dizendo: Eis que teus servos estão em Gate.
40 Então Simei se levantou, albardou o seu jumento e foi a Gate ter com Aquis, em busca dos seus servos; assim foi Simei, e os trouxe de Gate.
41 Disseram a Salomão que Simei fora de Jerusalém a Gate, e já havia voltado.
42 Então o rei mandou chamar a Simei e lhe disse: Não te conjurei pelo Senhor e não te protestei, dizendo: No dia em que saíres para qualquer parte, sabe de certo que hás de morrer? E tu me disseste: Boa é essa palavra que ouvi.
43 Por que, então, não guardaste o juramento do Senhor, e a ordem que te dei?
44 Disse-lhe mais: Bem sabes tu, e o teu coração reconhece toda a maldade que fizeste a Davi, meu pai; pelo que o Senhor fará recair a tua maldade sobre a tua cabeça.
45 Mas o rei Salomão será abençoado, e o trono de Davi será confirmado perante o Senhor para sempre:
46 E o rei deu ordem a Benaia, filho de Jeoiada, o qual saiu, e feriu a Simei, de modo que morreu. Assim foi confirmado o reino na mão de Salomão.” (I Rs 2.1-46).


I Reis 3

A Sabedoria de Salomão

Nós devemos iniciar o comentário do 3º capítulo de I Reis com o seu terceiro versículo, porque nele se diz que Salomão amava ao Senhor, e andava nos estatutos de Davi.
Contudo, se diz também que ele oferecia sacrifício e queimava incenso nos altos.
Salomão, assim como o povo de Israel, continuavam sacrificando nos altos contra as prescrições contidas na Lei de Moisés.
E é dito no verso 4 que ofereceu de uma só vez mil holocaustos no altar que se encontrava em Gibeom.
Todavia, muito contribuiu para esta prática de Salomão, e que era a de muitos israelitas, o fato de o culto do tabernáculo ter sido desestruturado desde os dias do sumo sacerdote Eli.
A arca se encontrava em Jerusalém, na tenda que Davi construíra para ela, e o altar do holocausto e as demais peças do tabernáculo se encontravam em Gibeom (II Crôn 1.3).
O desprezo pelo serviço do tabernáculo, que começou com os dois filhos de Eli em Siló, desestruturou de tal maneira as ordenanças cerimoniais, que o povo de Israel, desde então oferecia sacrifícios nos altares que se espalharam por toda a nação (I Reis 3.2).
Esta prática estava sendo tolerada por Deus, mas o desprezo à Lei viria a custar um alto preço para eles até os dias do cativeiro, porque mesmo depois do templo ter sido construído por Salomão, e ter sido reestruturado tudo o que era determinado na Lei sobre o  ofício sacerdotal, a prática de oferecer sacrifícios nos altos estava tão arraigada no povo, que eles nunca foram curados completamente deste mal, e chegaram a ponto de oferecer os seus sacrifícios a outros deuses, como viria a fazer o próprio Salomão em sua velhice (I Reis 11).
Todo o esforço de Deus para reconduzir o Seu povo à prática da Lei, pelo ministério dos profetas, não recebeu a devida atenção, e não Lhe restou alternativa de expulsá-los da sua própria terra, através dos cativeiros assírio e babilônico.
Salomão era ainda muito jovem e amava e andava nos caminhos do Senhor, quando esteve em Gibeom, lhe oferecendo aqueles mil holocaustos no altar de bronze do tabernáculo.
Quando ainda se encontrava em Gibeom, Deus lhe falou à noite em sonhos, e provou o seu coração, dizendo que Lhe pedisse o que queria que Ele lhe desse.
E foi o subconsciente de Salomão que respondeu ao Senhor, porque ele estava dormindo (v. 15).
E ele não pediu nada para si mesmo, senão para o bem do povo do Senhor.
O seu desejo era o de honrar e agradar ao Deus de seu pai, que havia usado de grande benevolência para com ele, e Salomão sabia bem no fundo do seu coração que o modo de servir a Deus está em servir ao Seu povo, e por isso pediu entendimento para discernir entre bem e mal, de maneira a conduzir o povo do Senhor com justiça.
Deus se agradou tanto daquela resposta, que não trazia em si nenhum interesse próprio de busca de grandeza pessoal, que prometeu dar a Salomão não apenas a sabedoria que ele havia pedido, mas lhe daria muito mais do que isto, porque a daria numa maior medida do que a qualquer outro homem sobre a terra, e como o coração de Salomão não estava apegado a longevidade, riqueza e ao desejo de subjugar os seus inimigos, então lhe daria riquezas e glória maiores em seu reino do que as de qualquer outro rei que vivesse em seus dias (v. 13).
E ainda, caso Salomão andasse nos Seus caminhos, lhe daria longevidade (v. 14).
E o modo de andar no Seu caminho foi definido como sendo através da guarda dos Seus estatutos e mandamentos.
Acordado do seu sonho, Salomão se dirigiu a Jerusalém e ofereceu holocaustos e ofertas pacíficas na presença da arca da aliança (v. 15), como forma de gratidão ao que o Senhor lhe havia prometido.
Ele não o fizera na própria localidade de Gibeom onde se encontrava, porque o entendimento que havia pedido a Deus começou a ser despertado imediatamente nele, e compreendeu que os sacrifícios deveriam ser apresentados diante da arca, que simbolizava a presença de Deus.
Mas como o altar do holocausto, bem como o tabernáculo se encontravam em Gibeom, seria necessário construir sem demora o templo, na eira de Araúna, de modo que os sacrifícios e ofertas pudessem ser apresentados regularmente, e da maneira que era requerida por Deus na Sua Lei.
A mãe de Absalão, esposa de Davi, era filha de um rei pagão, de Gesur, da Síria, e com isto, Davi havia deixado um mau exemplo para seus filhos, e Salomão seguiu-lhe os passos casando-se com a filha de faraó (I Reis 3.1), e isto abriu um precedente para que viesse a contrair outros matrimônios com princesas pagãs de diversas nações (I Reis 11), que acabaram desviando o seu coração, na sua velhice, para a prática da idolatria dos deuses que elas adoravam.
Isto nos ensina que é possível ter grande conhecimento e sabedoria relativa à Lei de Deus, à Sua vontade, e ainda assim andarmos desviados da Sua presença.
Que horror é ter uma mente esclarecida quanto às coisas de Deus e pouca ou nenhuma santidade.
Melhor seria não conhecer o caminho da verdade do que em o conhecendo, caminhar por outros caminhos diferentes dele.
Oh! Que possamos nos guardar a nós mesmos deste grande mal.
Cumpre a nós vigiar e orar em todo o tempo para não cairmos nesta e em outras tentações.
Se o fizermos, Deus nos concederá graça para perseverarmos na verdade.
Mas se O abandonarmos Ele também nos abandonará, ainda que não para uma perdição eterna, mas para experimentarmos o Seu desagrado.
Quem lançou a mão do arado não pode olhar para trás.
Quem está empenhado na guerra deve ter previsto e calculado os custos.
Quem começou a construir a casa deve concluir a construção.
Este é o caráter do reino de Deus, e Ele jamais modificará as Suas exigências para acomodá-las às nossas negligências e pecados.
Importava que Salomão permanecesse na mesma fidelidade que havia demonstrado no princípio.
Ele deveria continuar fazendo uso da sabedoria que lhe havia sido dada para ser um modelo, um exemplo de santidade para o povo de Israel.
Afinal, foi para confirmá-lo como um rei sábio e justo perante o povo de Israel e todas as nações, que o Senhor lhe dera o dom de discernir entre bem e mal mais do que qualquer outro homem, e nós podemos ver isto nos Provérbios e no livro de Eclesiastes e Cantares, que ele escreveu, e na demonstração prática da sabedoria, que havia recebido quando agiu como juiz no caso das duas prostitutas que alegavam ser a mãe de uma mesma criança.
O que ele fez dispensa qualquer comentário de nossa parte porque esta estória corre mundo, e quase todos a conhecem, e foi exatamente através dela que Salomão começou a ter renome como um rei sábio e justo (v. 28).            






“1 Ora, Salomão aparentou-se com Faraó, rei do Egito, pois tomou por mulher a filha dele; e a trouxe à cidade de Davi, até que acabasse de edificar a sua casa, e a casa do Senhor, e a muralha de Jerusalém em redor.
2 Entretanto o povo oferecia sacrifícios sobre os altos, porque até aqueles dias ainda não se havia edificado casa ao nome do Senhor.
3 E Salomão amava ao Senhor, andando nos estatutos de Davi, seu pai; exceto que nos altos oferecia sacrifícios e queimava incenso.
4 Foi, pois, o rei a Gibeom para oferecer sacrifícios ali, porque aquele era o principal dentre os altos; mil holocaustos sacrificou Salomão naquele altar.
5 Em Gibeom apareceu o Senhor a Salomão de noite em sonhos, e disse-lhe: Pede o que queres que eu te dê.
6 Respondeu Salomão: De grande benevolência usaste para com teu servo Davi, meu pai, porquanto ele andou diante de ti em verdade, em justiça, e em retidão de coração para contigo; e guardaste-lhe esta grande benevolência, e lhe deste um filho, que se assentasse no seu trono, como se vê neste dia.
7 Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai. E eu sou apenas um menino pequeno; não sei como sair, nem como entrar.
8 Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão.
9 Dá, pois, a teu servo um coração entendido para julgar o teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque, quem poderia julgar a este teu tão grande povo?
10 E pareceu bem aos olhos do Senhor o ter Salomão pedido tal coisa.
11 Pelo que Deus lhe disse: Porquanto pediste isso, e não pediste para ti muitos dias, nem riquezas, nem a vida de teus inimigos, mas pediste entendimento para discernires o que é justo,
12 eis que faço segundo as tuas palavras. Eis que te dou um coração tão sábio e entendido, que antes de ti teu igual não houve, e depois de ti teu igual não se levantará.
13 Também te dou o que não pediste, assim riquezas como glória; de modo que não haverá teu igual entre os reis, por todos os teus dias.
14 E ainda, se andares nos meus caminhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, prolongarei os teus dias.
15 Então Salomão acordou, e eis que era sonho. E, voltando ele a Jerusalém, pôs-se diante da arca do pacto do Senhor, sacrificou holocaustos e preparou sacrifícios pacíficos, e deu um banquete a todos os seus servos.
16 Então vieram duas mulheres prostitutas ter com o rei, e se puseram diante dele.
17 E disse-lhe uma das mulheres: Ah, meu senhor! eu e esta mulher moramos na mesma casa; e tive um filho, estando com ela naquela casa.
18 E sucedeu que, no terceiro dia depois de meu parto, também esta mulher teve um filho. Estávamos juntas; nenhuma pessoa estranha estava conosco na casa; somente nós duas estávamos ali.
19 Ora, durante a noite morreu o filho desta mulher, porquanto se deitara sobre ele.
20 E ela se levantou no decorrer da noite, tirou do meu lado o meu filho, enquanto a tua serva dormia, e o deitou no seu seio, e a seu filho morto deitou-o no meu seio.
21 Quando me levantei pela manhã, para dar de mamar a meu filho, eis que estava morto; mas, atentando eu para ele à luz do dia, eis que não era o filho que me nascera.
22 Então disse a outra mulher: Não, mas o vivo é meu filho, e teu filho o morto. Replicou a primeira: Não; o morto é teu filho, e meu filho o vivo. Assim falaram perante o rei.
23 Então disse o rei: Esta diz : Este que vive é meu filho, e teu filho o morto; e esta outra diz: Não; o morto é teu filho, e meu filho o vivo.
24 Disse mais o rei: Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante dele.
25 E disse o rei: Dividi em duas partes o menino vivo, e dai a metade a uma, e metade a outra.
26 Mas a mulher cujo filho em suas entranhas se lhe enterneceram por seu filho, e disse: Ah, meu senhor! dai-lhe o menino vivo, e de modo nenhum o mateis. A outra, porém, disse: Não será meu, nem teu; dividi-o.
27 Respondeu, então, o rei: Dai à primeira o menino vivo, e de modo nenhum o mateis; ela é sua mãe.
28 E todo o Israel ouviu a sentença que o rei proferira, e temeu ao rei; porque viu que havia nele a sabedoria de Deus para fazer justiça.” (I Rs 3.1-28).


I Reis 4

O Fausto do Reino de Salomão

O 4º capitulo de I Reis nos dá conta da grandeza do reino de Salomão e da administração necessária para manter a sua imensa corte.
O provimento dos que comiam à sua mesa e dos seus administradores e exército era garantido por um sistema de doze superintendências regionais, espalhadas por todo o território de Israel (v. 7 a 17), tendo à frente de cada uma delas um intendente, aos quais cabia servir ao rei com as provisões descritas nos versos 22 a 28, num sistema de rodízio, que dava a cada um deles a responsabilidade de suprir as necessidades do mês que lhes fora designado, respectivamente (v. 27).
Além de suprirem a mesa do rei, estes intendentes deviam também providenciar a cevada e a palha necessárias para os seus cavalos e ginetes (v. 28).
Para que se tenha uma idéia de quanto deveria ser provido em cada mês, basta multiplicar por trinta os números citados no verso 22, que descreve as quantidades necessárias para um único dia:
30 x 30 = 900 coros de flor de farinha.
60 x 30 = 1.800 coros de farinha.
10 x 30 = 300 bois cevados
20 x 30 = 600 bois de pasto
100 x 30 = 3.000 ovelhas
E além destes eram providos também veados, gazelas, cabras e aves, para a mesa do rei, e cevada e palha para 40.000 manjedouras, dos seus estábulos.
Toda esta prosperidade foi dada por Deus ao reino de Israel em cumprimento à promessa feita a Salomão de lhe dar riquezas e glória maiores do que a de qualquer outro reino dos seus dias.
Além do cumprimento desta promessa, este capítulo nos dá conta do cumprimento de que Salomão seria o homem mais sábio de todos os tempos (v. 29 a 34), e é afirmado que ele tinha uma sabedoria maior do que a de todos os do Oriente e do que a dos egípcios, e que era mais sábio do que Etã, Hemã e Darda, e bem como do que todos os homens.
Ele compôs 3.000 provérbios e 1.005 cânticos, sendo que muitos destes provérbios e o seu Cântico dos Cânticos vieram a fazer parte do texto das Escrituras.
Além disso, é citado o grande conhecimento que Salomão teve tanto de botânica quanto de zoologia, no verso 33, e que foi tal o renome que alcançou, que vinha gente de todas as partes da terra para ouvirem a sua sabedoria (v. 34).  
Certamente este capítulo se refere ao tempo do auge e não do início do reinado de Salomão, porque são citados inclusive os nomes de duas de suas filhas (Tafate e Basemate), que foram dadas em casamento a dois dos doze intendentes que estavam à frente de suas cidades armazéns.




“1 Assim foi Salomão rei sobre todo o Israel.
2 E estes eram os príncipes que tinha: Azarias, filho de Zadoque, era sacerdote;
3 Eliorefe e Aías, filhos de Sisa, secretários; Josafá, filho de Ailude, cronista;
4 Benaia, filho de Jeoiada, estava sobre o exército; Zadoque e Abiatar eram sacerdotes;
5 Azarias, filho de Natã, estava sobre os intendentes; Zabude, filho de Natã, era o oficial-mor, amigo do rei;
6 Aisar, o mordomo; e Adonirão, filho de Abda, estava sobre a gente de trabalhos forçados.
7 Salomão tinha doze intendentes sobre todo o Israel, que proviam de mantimentos ao rei e à sua casa; e cada um tinha que prover mantimentos para um mês no ano.
8 São estes os seus nomes: Ben-Hur, na região montanhosa de Efraim.
9 Ben-Dequer, em Macaz, Saalabim, Bete-Semes e Elom-Bete-Hanã;
10 Ben-Hesede, em Arubote; também este tinha Socó e toda a terra de Jefer;
11 Ben-Abinadabe, em toda a região alta de Dor; tinha este a Tafate, filha de Salomão, por mulher;
12 Baaná, filho de Ailude, em Taanaque e Megido, e em toda a Bete-Seã, que está junto a Zaretã, abaixo de Jizreel, desde Bete-Seã até Abel-Meolá, para além de Jocmeão;
13 o filho de Geber, em Ramote-Gileade; tinha este as aldeias de Jair, filho de Manassés, as quais estão em Gileade; também tinha a região de Argobe, o qual está em Basã, sessenta grandes cidades com muros e ferrolhos de bronze:
14 Ainadabe, filho de Ido, em Maanaim;
15 Aimaaz, em Naftali; também este tomou a Basemate, filha de Salomão, por mulher;
16 Baaná, filho de Hasai, em Aser e em Alote;
17 Josafá, filho de Paruá, em Issacar;
18 Simei, filho de Elá, em Benjamim;
19 Geber, filho de Uri, na terra de Gileade, a terra de Siom, rei dos amorreus, e de Ogue, rei de Basã; havia um só intendente naquela terra.
20 Eram, pois, os de Judá e Israel numerosos, como a areia que está à beira do mar; e, comendo e bebendo, se alegravam.
21 E dominava Salomão sobre todos os reinos, desde o rio até a terra dos filisteus e até o termo do Egito; eles pagavam tributo, e serviram a Salomão todos os dias da sua vida.
22 O provimento diário de Salomão era de trinta coros de flor de farinha, e sessenta coros e farinha;
23 dez bois cevados, vinte bois de pasto e cem ovelhas, afora os veados, gazelas, cabras montesas e aves cevadas.
24 Pois dominava ele sobre toda a região e sobre todos os reis daquém do rio, desde Tifsa até Gaza; e tinha paz por todos os lados em redor.
25 Judá e Israel habitavam seguros, desde Dã até Berseba, cada um debaixo da sua videira, e debaixo da sua figueira, por todos os dias de Salomão.
26 Salomão tinha também quarenta mil manjedouras para os cavalos dos seus carros, e doze mil cavaleiros.
27 Aqueles intendentes, pois, cada um no seu mês, proviam de mantimentos o rei Salomão e todos quantos se chegavam à sua mesa; coisa nenhuma deixavam faltar.
28 Também traziam, cada um segundo seu cargo, a cevada e a palha para os cavalos e os ginetes, para o lugar em que estivessem.
29 Ora, Deus deu a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e conhecimentos múltiplos, como a areia que está na praia do mar.
30 A sabedoria de Salomão era maior do que a de todos os do Oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios.
31 Era ele ainda mais sábio do que todos os homens, mais sábio do que Etã, o ezraíta, e do que Hemã, Calcol e Darda, filhos de Maol; e a sua fama correu por todas as nações em redor.
32 Proferiu ele três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco.
33 Dissertou a respeito das árvores, desde o cedro que está no Líbano até o hissopo que brota da parede; também dissertou sobre os animais, as aves, os répteis e os peixes.
34 De todos os povos vinha gente para ouvir a sabedoria de Salomão, e da parte de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria.” (I Rs 4.1-34).


I Reis 5

O Intercâmbio Entre Nações

Não sabemos se podemos atribuir a Salomão a invenção das escalas de revezamento, mas como nós pudemos ver no capitulo anterior, como também veremos neste 5º capítulo de I Reis, ele as usou em sua forma de administrar, revelando assim a sua sabedoria, porque no caso das cidades armazéns ele não somente diversificou e intensificou e estimulou a produção de gêneros para o reino, como não se tornou pesado a nenhuma das regiões, que eram chamadas a apresentarem seus produtos ao reino, somente um mês em cada doze, como também demonstrava o caráter humanitário de sua administração, porque não implantou nenhum sistema consumista em que os israelitas tivessem que trabalhar para o reino, sem poderem cuidar de seus próprios interesses e vida doméstica.
Em outras palavras, ele não se utilizou de sistemas opressivos de produção.
E isto nós podemos ver também na escala de três turnos mensais dos 30.000 homens que ele empenhou na construção do templo, dividindo-os em grupos de 10.000 cada, de maneira que cada grupo trabalhasse um mês por dois de descanso, nas viagens que eram empreendidas ao Líbano (v. 13, 14).
Ele poderia ter empenhado os 30.000 ao mesmo tempo e de modo intensivo, a título de ganhar tempo na construção, mas ele olhou com sabedoria para o bem-estar dos seus empregados.
Nós aprendemos da capacitação dada por Deus a Salomão que é Ele quem distribui a cada um dos homens a medida de inteligência, de talentos, dons e vocações, segundo a Sua própria vontade, para os fins por Ele determinados.
Ele o faz por um mapeamento genético em famílias, ou o faz diretamente como no caso de Salomão.
Agora, todo o aparato intelectual dos homens está sujeito à influência do meio em que ele vive e à ação tanto do pecado que nele habita, quanto dos espíritos malignos.
Não há nenhum problema em se dedicar à verdadeira ciência, até porque isto somente é possível por causa do dom de inteligência dado por Deus ao homem.
É para o benefício da própria humanidade que Deus permite que o homem faça progresso científico, de modo a poder tornar sustentável a vida na terra, à medida que a população cresce, dando cumprimento à ordem do Senhor dada ao casal original de que se multiplicasse enchendo a terra.
O mau uso que o homem faz dos dons recebidos de Deus é um outro assunto, que em nada está relacionado ao propósito do Senhor em capacitá-lo com os Seus dons, que visam sempre a bons propósitos.
Agora, se o homem faz um bom uso destes dons naturais recebidos de Deus mas não topa com o propósito da sua criação que é o de glorificá-lo por um bom procedimento, fazendo as suas obras em mansidão de sabedoria, nada disto lhe aproveitará para gerar uma verdadeira e permanente satisfação, quer a ele mesmo, quer ao Senhor, porque não será o nosso grande conhecimento que nos recomendará a Ele. E isto nós podemos ver nas palavras do próprio Salomão no livro de Eclesiastes (Ec 2.4-21).
As palavras de Salomão em Eclesiastes não são palavras de ingratidão para com o dom de sabedoria que ele havia recebido de Deus, e por meio do qual pôde fazer grandes realizações.
Ele simplesmente refletiu no final de sua vida, quando escreveu o referido livro, que não é nestes dons e talentos naturais, ainda que recebidos excepcionalmente por Deus, por uma melhora e aumento destes dons e talentos, como no caso de Salomão, e de muitos cientistas ao longo da história da humanidade, que se encontra a chave do sentido e significado da vida.
Porque é possível ser um Heinstein, um Mozart, ou qualquer outro gênio, e sequer ter nascido de novo pelo Espírito, e não ter recebido assim a justiça, a sabedoria, a redenção, a santificação que se encontram somente em Cristo, porque estes dons não são propriamente dos que permanecem nEle, mas do Seu Salvador e Senhor (I Cor 1.30).
Nós aprendemos sobre estas capacitações naturais do 5º capítulo de I Reis, porque nós lemos sobre as habilidades que Deus deu aos fenícios para trabalharem com madeiras nobres, e que não dera aos israelitas, verdade esta reconhecida pelo próprio Salomão (v. 6).
Ao proceder desta forma, capacitando e habilitando até mesmo nações, Deus estabeleceu, indiretamente, uma ralação de dependência e necessidade de intercâmbio entre elas.
Isto pode até mesmo ser visto na produção agrícola diversificada, em todas as partes do globo, que são ditadas especialmente pela diferença de condições climáticas, e o mesmo se pode dizer das jazidas de minérios.
Isto visa principalmente a que nenhuma nação fique fechada em si mesma, por ser auto suficiente na produção de todos os bens e serviços necessários.
Esta abertura imposta pela economia, facilitaria a difusão do Seu conhecimento e Palavra em toda a terra, assim como ocorreu entre Davi e Hirão.
Nós vemos Hirão bendizendo ao Senhor, e se gloriando na sabedoria que Ele havia dado ao filho de Davi (I Reis 5.7).
Suas palavras, a estreita amizade que mantinha com Davi, indicam que ele foi instruído nos caminhos do Senhor e fizera dele o Seu Deus.
Muito deve ter ajudado também no seu conhecimento do Deus de Israel, o fato de ter um artífice em seu reino que era seu homônimo e que era filho de uma israelita com um homem de Tiro (v. 7.14), e sobre o qual o texto de II Crôn 2.13,14 apresenta o seguinte registro:
“Agora, pois, envio um homem perito, de entendimento, a saber, Hirão-Abi, filho duma mulher das filhas de Dã, e cujo pai foi um homem de Tiro; este sabe trabalhar em ouro, em prata, em bronze, em ferro, em pedras e em madeira, em púrpura, em azul, em linho fino, e em carmesim, e é hábil para toda obra de buril, e para toda espécie de engenhosas invenções; para que lhe seja designado um lugar juntamente com os teus peritos, e com os peritos de teu pai Davi, meu senhor.”.
O rei Hirão pôde ser alcançado na Fenícia por causa deste intercâmbio entre as nações.
De outro modo, o conhecimento de Deus ficaria hermeticamente fechado nos termos de Israel.
Mas esta nação havia sido formada pelo Senhor, para que a partir dela viesse a alcançar o mundo, especialmente com a chegada do Messias prometido.
As relações de dependência não estavam, nos conselhos de Deus, associadas à exploração e ao colonialismo, mas para gerar oportunidades à evangelização, e também para criar traços de fraternidade entre as nações, pela troca justa de bens e serviços necessários à manutenção da vida na terra.
Salomão havia sido abençoado com prosperidade pelo Senhor, e ele abençoaria o rei de Tiro e o seu povo com provisões, e o rei de Tiro o abençoaria com o material e a tecnologia necessários para a construção do templo do Senhor.    
Israel havia sido perseguido duramente por cerca de quatro séculos pelas nações inimigas, mas agora, na paz que o Senhor lhe dera por todos os lados, a partir dos dias de Salomão, deveria cumprir a sua missão de ser bênção para todas as nações.
De igual modo a Igreja de Cristo, depois de ter sofrido duras perseguições nos seus três primeiros séculos, deve continuar cumprindo a sua missão de ser bênção para todas as nações, no período de paz que foi dado por Deus a todos os povos que abraçaram o evangelho.
Cento e cinquenta mil trabalhadores para o corte e transporte de pedras, e três mil e trezentos mestres de obra foram empregados por Salomão para a construção do templo (v.15, 16).
A referência às pedras lavradas e ao preparo das madeiras, nos versos 17 e 18, é de grande importância, porque este trabalho foi feito longe da área em que o templo estava sendo construído, de maneira que já chegassem à área de construção no monte Moriá, prontos para serem montados, e nós veremos a razão disso no capítulo seguinte.





“1 Hirão, rei de Tiro, enviou os seus servos a Salomão, quando ouviu que o haviam ungido rei em lugar de seu pai; porquanto Hirão fora sempre muito amigo de Davi.
2 Salomão, pois, mandou dizer a Hirão.
3 Bem sabes tu que Davi, meu pai, não pôde edificar uma casa ao nome do Senhor seu Deus, por causa das guerras com que o cercaram, até que o Senhor lhe pôs os inimigos debaixo dos seus pés.
4 Agora, porém, o Senhor meu Deus me tem dado descanso de todos os lados: adversário não há, nem calamidade alguma.
5 Pretendo, pois, edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, como falou o senhor a Davi, meu pai, dizendo: Teu filho, que porei em teu lugar no teu trono, ele edificará uma casa ao meu nome.
6 Portanto, dá ordem agora que do Líbano me cortem cedros; os meus servos estarão com os teus servos; eu te pagarei o salário dos teus servos, conforme tudo o que disseres; porque tu sabes que entre nós ninguém há que saiba cortar madeira como os sidônios.
7 Quando Hirão ouviu as palavras de Salomão, muito se alegrou, e disse: Bendito seja hoje o Senhor, que deu a Davi um filho sábio sobre este tão grande povo.
8 E Hirão mandou dizer a Salomão: Ouvi o que me mandaste dizer. Eu farei tudo quanto desejas acerca das madeiras de cedro e de cipreste.
9 Os meus servos as levarão do Líbano até o mar, e farei conduzi-las em jangadas pelo mar até o lugar que me designares; ali as desamarrarei, e tu as receberás; também farás o meu desejo, dando sustento à minha casa.
10 Assim dava Hirão a Salomão madeira de cedro e madeira de cipreste, conforme todo o seu desejo.
11 E Salomão dava a Hirão vinte mil coros de trigo, para sustento da sua casa, e vinte  coros de azeite batido; isso fazia anualmente.
12 Deu, pois, o Senhor a Salomão sabedoria, como lhe tinha prometido. E houve paz entre Hirão e Salomão; e fizeram aliança entre si.
13 Também o rei Salomão fez, dentre todo o Israel, uma leva de gente para trabalho forçado; e a leva se compunha de trinta mil homens.
14 E os enviava ao Líbano por turnos, cada mês dez mil; um mês estavam no Líbano, e dois meses cada um em sua casa; e Adonirão estava sobre a leva.
15 Tinha também Salomão setenta mil que levavam as cargas, e oitenta mil que talhavam pedras nas montanhas,
16 afora os mestres de obra que estavam sobre aquele serviço, três mil e trezentos, os quais davam as ordens aos trabalhadores.
17 Por ordem do rei eles cortaram grandes pedras, de grande preço, para fundarem a casa em pedras lavradas.


18 Lavraram-nas, pois, os edificadores de Salomão, e os de Hirão, e os gebalitas, e prepararam as madeiras e as pedras para edificar a casa.” (I Rs 5.1-18).


I Reis 6

O Templo de Salomão

Nós lemos o seguinte no sétimo versículo do sexto capítulo de I Reis:
“E edificava-se a casa com pedras lavradas na pedreira; de maneira que nem martelo, nem machado, nem qualquer outro instrumento de ferro se ouviu na casa enquanto estava sendo edificada.”.
A planta do templo havia sido dada por Deus, por escrito, em todos os seus detalhes, a Davi (I Crôn 28.19), e este a entregou a Salomão antes da sua morte (I Crôn 28.11-19).
Não seria portanto, o gênio de Salomão que idealizaria como seria a casa do Senhor, pois será sempre o próprio Deus que determinará as condições e critérios para a construção da Sua casa, e isto se aplica especialmente à edificação da Igreja de Cristo, cuja planta se encontra na Bíblia.
Como as pedras eram lavradas nas próprias pedreiras em que eram cortadas, de maneira a serem encaixadas perfeitamente na posição em que deveriam ser colocadas no templo, podemos inferir que houve necessidade de um grande trabalho de planejamento, tanto de engenharia, quanto de arquitetura, para a construção do templo.
Nisto, certamente trabalhou a sabedoria de Salomão e a dos sábios de Israel e de Tiro.
De igual modo, foi a infinita sabedoria de Deus, consumada por Cristo e pelo Espírito Santo, que planejou e está executando o trabalho de edificação da Igreja, que é o templo eterno do Senhor, que está sendo construído com pedras vivas, através do trabalho dos pastores, aos quais Deus tem dado conhecimento e inteligência espiritual, para a realização deste trabalho de construção de um templo que é também espiritual.
Há um grande ensino para a Igreja quanto ao modo como o templo de Salomão deveria ser edificado, seguindo tudo o que Deus havia ordenado a Davi na planta que lhe dera.
Há portanto, um modo para se edificar a Igreja do Senhor, que já foi estabelecido por Ele próprio, e cuja planta se encontra na Bíblia.
Muito se fala hoje em dia sobre a necessidade de se ajustar a mensagem do evangelho a cada tipo de cultura, em se adaptar a doutrina de modo que possa se tornar palatável ao gosto das pessoas.
Entretanto, a mensagem não pode ser alterada.
A mensagem é uma só e a mesma, e sempre o será, porque as Palavras do Senhor não passarão eternamente.
É a cultura que deve se render à mensagem e não a mensagem à cultura.
È a humanidade que deve ser cristianizada, e não  humanizado o cristianismo.
Em suma, não é Deus que deve se ajustar à vontade do homem, mas o homem que deve se ajustar à vontade de Deus.  
As pedras eram levadas prontas para serem encaixadas, de modo que não se ouvisse barulho enquanto o templo ia sendo erigido.
O Espírito Santo faz um trabalho silencioso nos corações,  e é em paz que Ele efetua a conversão dos pecadores, e já os traz prontos, pela regeneração, para serem acrescentados ao grande edifício de pedras vivas que é a Igreja.
A construção deste edifício para a habitação de Deus deve ser feita em paz, porque Ele é Deus de paz e só habita onde há paz.
Não deve haver ruído no ajuste e preparo das pedras. Isto significa não somente que a unidade delas é estabelecida somente pela paz, como também que não deve haver discórdia entre elas quanto à doutrina, porque subentende-se que esta, sendo uma só e verdadeira, deve ter sido aceita antecipadamente por todos.
A doutrina é algo para ser aceito pela fé  e para ser debatido, de modo que não haja rupturas na unidade e na comunhão do edifício espiritual.
Então entendemos que os pastores devem ter sido preparados para a realização desta obra espiritual, que demandará deles muita sabedoria e inteligência e conhecimento espiritual, para liderarem o rebanho sobre o qual o Espírito Santo lhes constituiu como líderes, tendo em vista, especialmente, o exercício da disciplina na Igreja, que sendo realizada sem esta sabedoria, pode causar muito ruído e escândalo.
Assim, os ministros necessitam deste preparo no conhecimento das coisas relativas à casa de Deus, que é a Igreja, para que possam discernir entre o bem e o mal, e julgarem segundo a reta justiça.
Sem isto, é possível condenar um inocente e não repreender um malfeitor da membresia da Igreja.
Quando, por exemplo, Paulo disse “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.”, em I Cor 5.13, ele estava se referindo a um crente que vivia incestuosamente com a mulher do seu pai, e não havia se arrependido do seu pecado e ao que parece havia determinado continuar deliberadamente na sua prática.
Vemos então, que se faltar ao pastor este conhecimento, é possível que ele venha a excluir da comunhão dos santos alguém que tenha se arrependido do seu pecado e abandonado a sua prática, a pretexto de ser zeloso, pela santidade do Senhor e do Seu povo.
Neste caso, a disciplina divina requer que o arrependido seja imediatamente perdoado e aceito, em face do arrependimento demonstrado.
As consequências do pecado que ele praticou é um assunto exclusivo para o Senhor, porque certamente colherá o que semeou, mas não cabe à Igreja, efetivamente, qualquer medida revanchista, e muito menos vingativa, depois de ter manifestado o seu arrependimento.  
O templo começou a ser edificado no 4º ano do reinado de Salomão, que correspondia ao 480º ano da saída dos israelitas do Egito, com Moisés, e foi concluído no 11º ano do reinado de Salomão, sendo gastos portanto, sete anos para a sua construção (v. 1, 3, 38).
Pelos versículos 2 e 3 nós vemos que as dimensões do templo eram as seguintes:
CASA TOTAL (com Lugar Santo e Santo dos Santos):
30 metros de comprimento, por 10 metros de largura, e 15 metros de altura (v. 2).
SANTO DOS SANTOS:
10 metros de comprimento; por 10 metros de largura, e 10 metros de altura (v. 29).
Observe que havia um vão de 5 metros entre o teto do Santo dos Santos e o da Casa que o continha.
As referências às janelas, escadas, e aos andares e cômodos, diziam respeito à casa que abrigava o Santo dos Santos, sendo todo o espaço ao redor deste considerado como o Lugar Santo.
Como a casa tinha 15 metros de altura ela pôde abrigar três andares (I Reis 6.10) que eram acessados por escadas em forma de espiral (v. 5,8).
E estes andares abrigavam câmaras para guardarem os utensílios e tesouros do templo, e para abrigar os sacerdotes, na preparação deles para o exercício do seu ofício (v. 5,6).
O Santo dos Santos ficava ao fundo da casa, sendo um cubo de 10 metros de lado, de modo que da sua entrada até à da casa propriamente dita que o abrigava, havia um espaço de 20 metros de comprimento (v. 17).
As paredes internas da casa eram cobertas de tábuas de cedro, inclusive o teto, sendo que o assoalho foi revestido com tábuas de cipreste (v. 15).
Estas tábuas tinham entalhes de flores abertas (v. 18).
Dois querubins entalhados em madeira de oliveira, com 5 metros de altura, e colocados um ao lado do outro, com as asas abertas, tocando as extremidades das asas na paredes e uma na outra, cobria toda a extensão de 10 metros de uma à outra parede do Santo dos Santos, e eles ficavam bem ao centro do mesmo, sendo a arca da aliança colocada sob o ponto em que as asas deles se encontravam, e estes querubins eram todos revestidos de ouro (v. 23 a 28; cap 8.6,7).
De igual modo, as tábuas das paredes, bem como do piso, eram revestidas de ouro, assim como o altar de incenso que ficava defronte do Santo dos Santos (v. 21,22, 30).
Todas as paredes eram adornadas com gravuras de querubins, palmeiras e flores abertas (v. 29).
Os querubins representavam a adoração ao Senhor e a guarda da Sua santidade; as palmeiras, a justiça de Deus, que é imputada àqueles que dEle se aproximam; e as flores, a beleza da Sua santidade.
As portas, tanto do Santo dos Santos, quanto da casa, eram de madeira de oliveira e compostas de duas folhas (partes) que eram sustentadas por dobradiças.
Estas portas eram também revestidas de ouro como o cedro da parede, e o cipreste do piso (v. 31 a 35).
Enquanto construía o templo, Salomão foi incentivado a prosseguir na construção pelo Senhor (v. 11 a 13), e para que a suntuosidade da obra não ofuscasse a necessidade de que ele andasse na presença de Deus, guardando os Seus estatutos, mandamentos e juízos, Ele disse a Salomão que habitaria no meio do Seu povo caso ele o obedecesse, mas caso Salomão viesse a transgredir os Seus estatutos, mandamentos e juízos, não seria a suntuosidade daquela casa que garantiria a habitação do Senhor no meio de Israel, como de fato não garantiu, quando o povo se desviou da Sua presença e o templo foi destruído por Nabucodonozor, rei de Babilônia em 586 a .C.
Isto nos mostra de modo muito claro que Deus não está tão interessado nos edifícios que construímos para o Seu serviço, quanto está na edificação da nossa própria vida espiritual.
Não é aquilo que construímos no exterior e que os homens podem destruir, que nos recomenda a Ele e garante a Sua presença em nosso viver, senão aquilo que construímos no nosso próprio interior, mediante o cumprimento dos Seus mandamentos e que faz para Ele um lugar de habitação Santo e eterno, que ninguém pode roubar ou destruir.
“16 Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?
17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós.” (I Cor 3.16, 17).
O que o homem pode destruir é a parte de barro do edifício, que é este nosso corpo terreno, mas quem o fizer, não deixará de receber a justa retribuição da parte do Senhor, mas o homem e nem o diabo podem tocar no santuário edificado por Deus no espírito do cristão, de modo que possam lhe produzir algum dano eterno.
 





“1 Sucedeu, pois, que no ano quatrocentos e oitenta depois de saírem os filhos de Israel da terra do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de zive, que é o segundo mês, começou-se a edificar a casa do Senhor.
2 Ora, a casa que e rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta côvados de comprimento, vinte côvados de largura, e trinta côvados de altura.
3 E o pórtico diante do templo da casa era de vinte côvados de comprimento, segundo a largura da casa, e de dez côvados de largura.
4 E fez para a casa janelas de gelósias fixas.
5 Edificou andares em torno da casa, contra a parede, tanto do templo como do oráculo, fazendo assim câmaras laterais ao seu redor.
6 A câmara de baixo era de cinco côvados, a do meio de seis côvados, e a terceira de sete côvados de largura. E do lado de fora, ao redor da casa, fez pilastras de reforço, para que as vigas não se apoiassem nas paredes da casa.
7 E edificava-se a casa com pedras lavradas na pedreira; de maneira que nem martelo, nem machado, nem qualquer outro instrumento de ferro se ouviu na casa enquanto estava sendo edificada.
8 A porta para as câmaras laterais do meio estava à banda direita da casa; e por escadas espirais subia-se ao andar do meio, e deste ao terceiro.
9 Assim, pois, edificou a casa, e a acabou, cobrindo-a com traves e pranchas de cedro.
10 Também edificou os andares, contra toda a casa, de cinco côvados de altura, e os ligou à casa com madeira de cedro.
11 Então veio a palavra do Senhor a Salomão, dizendo:
12 Quanto a esta casa que tu estás edificando, se andares nos meus estatutos, e executares os meus preceitos, e guardares todos os meus mandamentos, andando neles, confirmarei para contigo a minha palavra, que falei a Davi, teu pai;
13 e habitarei no meio dos filhos de Israel, e não desampararei o meu povo de Israel.
14 Salomão, pois, edificou aquela casa, e a acabou.
15 Também cobriu as paredes da casa por dentro com tábuas de cedro; desde o soalho da casa até e teto, tudo cobriu com madeira por dentro; e cobriu o soalho da casa com tábuas de cipreste.
16 A vinte côvados do fundo da casa fez de tábuas de cedro uma divisão, de altura igual à do teto; e por dentro a preparou para o oráculo, isto é, para a lugar santíssimo.
17 E era a casa, isto é, o templo fronteiro ao oráculo, de quarenta côvados de comprido.
18 O cedro da casa por dentro era lavrado de botões e flores abertas; tudo era cedro; pedra nenhuma se via.
19 No meio da casa, na parte mais interior, preparou o oráculo, para pôr ali a arca do pacto do Senhor.
20 E o oráculo era, por dentro, de vinte côvados de comprimento, vinte de largura e vinte de altura; e o cobriu de ouro puro. Também cobriu de cedro o altar.
21 Salomão, pois, cobriu a casa por dentro de ouro puro; e estendeu cadeias de ouro diante do oráculo, que cobriu também de ouro.
22 Assim cobriu inteiramente de ouro a casa toda; também cobriu de ouro todo o altar do oráculo.
23 No oráculo fez dois querubins de madeira de oliveira, cada um com dez côvados de altura.
24 Uma asa de um querubim era de cinco côvados, e a outra de cinco côvados; dez côvados havia desde a extremidade de uma das suas asas até a extremidade da outra.
25 Assim era também o outro querubim; ambos os querubins eram da mesma medida e do mesmo talho.
26 Um querubim tinha dez côvados de altura, e assim também o outro.
27 E pôs os querubins na parte mais interior da casa. As asas dos querubins se estendiam de maneira que a asa de um tocava numa parede, e a do outro na outra parede, e as suas asas no meio da casa tocavam uma na outra.
28 Também cobriu de ouro os querubins.
29 Quanto a todas as paredes da casa em redor, entalhou-as de querubins, de palmas e de palmas abertas, tanto na parte mais interior como na mais exterior.
30 Também cobriu de ouro o soalho da casa, de uma e de outra parte.
31 E para a entrada do oráculo fez portas de madeira de oliveira; a verga com os umbrais faziam a quinta parte da parede.
32 Assim fez as duas portas de madeira de oliveira; e entalhou-as de querubins, de palmas e de flores abertas, que cobriu de ouro também estendeu ouro sobre os querubins e sobre as palmas.
33 Assim também fez para a porta do templo umbrais de madeira de oliveira, que constituíam a quarta parte da parede;
34 E eram as duas partes de madeira de cipreste; e as duas folhas duma porta eram dobradiças, como também as duas folhas da outra porta.
35 E as lavrou de querubins, de palmas e de flores abertas; e as cobriu de ouro acomodado ao lavor.
36 Também edificou o átrio interior de três ordens de pedras lavradas e de uma ordem de vigas de cedro.
37 No quarto ano se pôs o fundamento da casa do Senhor, no mês de zive.
38 E no undécimo ano, no mês de bul, que é o oitavo mês, se acabou esta casa com todas as suas dependências, e com tudo o que lhe convinha. Assim levou sete anos para edificá-la.” (I Rs 6.1-38).



I Reis 7

A Medida da Verdadeira Grandeza

Salomão construiu além do templo, um grande palácio (I Reis 7.1) de tão grande esplendor, que levou 13 anos para ser concluída a sua construção, e mandou construir também uma imensa  casa de campo no Líbano (I Reis 7.2).
Além de alguns detalhes relativos à construção destas casas, o sétimo capítulo de I Reis nos dá conta dos demais itens que fizeram parte da edificação do templo de Jerusalém, no Monte Moriá.
Hirão, não o rei Hirão de Tiro, mas um artífice do reino, como vemos em II Crôn 2.13,14, que era cheio de sabedoria, e de entendimento e de ciências para fazer toda obra de bronze, foi chamado por Salomão para conduzir a fundição de todos os objetos do átrio do templo, que seriam de bronze (I Reis 7.13, 14).
As duas colunas de bronze, que foram levantadas no pórtico do templo (I Reis 7.21), tinham 9 metros de altura e 6 metros de circunferência, e na extremidade superior delas havia um capitel de bronze com 2,5 metros de altura (v. 15, 16).
O reservatório de água principal do templo, chamado de mar de fundição, era de tão grande peso e dimensões, que era apoiado sobre 10 suportes de bronze que mediam 2 metros de comprimento e largura, por 1,5 de altura, nos quais foram estampadas gravuras de leões, bois e querubins.
Cada um destes doze suportes do mar de fundição possuía, respectivamente, quatro rodas de bronze com eixos giratórios, para possibilitar a movimentação do reservatório. Cada roda tinha 75 centímetros de altura (v. 27 a 32).
Além deste reservatório principal foram feitas dez pias de bronze que foram colocadas sobre dez suportes, sendo de 2 metros cada uma e que tinham a capacidade para quarenta batos de água cada uma, isto é, cerca de 1.200 litros de água (v. 37, 38), pois um bato continha cerca de 30 a 34 litros.
O mar de fundição não ficava defronte à porta de entrada da casa, assim como a pia do tabernáculo ficava defronte à sua porta de entrada.
O mar de fundição ficava adiante da casa, mas ao seu lado Sul, e as pias ficavam cinco à direita e cinco à esquerda da casa (v. 39).
Hirão fez além de todos estes objetos de bronze, os caldeirões, as pás e as bacias para o sacrifício de animais e remoção das cinzas, os quais eram também de bronze polido (v. 40, 45).
Todos eles foram fundidos longe da área em que o templo estava sendo construído, como tudo o mais que fez parte da sua construção, conforme comentamos anteriormente.
A fundição foi feita na planície do Jordão, entre Sucote e Zaretã (v. 46).
Estes objetos fundidos eram tão numerosos que não foi mandado verificar o peso de todo o bronze que foi necessário para fundi-los (v. 47).
Salomão fez também os utensílios do Santo Lugar, a saber: o altar do incenso, a mesa dos pães da proposição; os dez castiçais; as espivitadeiras, as bacias, os recipientes para incenso, os braseiros e as dobradiças das portas, que eram todos de ouro (v. 48 a 50).
A prata, o orou e os utensílios que Davi havia dedicado ao Senhor foram trazidos por Salomão, para o tesouro do templo, quando a obra de construção do mesmo foi concluída (v. 51).
Quando nós lemos sobre a suntuosidade do templo e dos palácios de Salomão, e de toda a grandiosidade do seu reino, é que nós podemos entender melhor o motivo de Jesus ter-se referido à glória de Salomão, quando nos deu uma comparação de que nenhuma glória deste mundo fabricada pelas próprias mãos do homem pode ser comparada à glória das criaturas que foram formadas pelas próprias mãos de Deus (Mt 6.28-30), de maneira que não é nada proveitoso viver ansiosamente para o estabelecimento de uma vida cheia de glórias terrenas, posto que estas são passageiras, e não podem nos tornar, necessariamente, agradáveis a Deus.
Graças a Deus que o próprio Salomão pôde dar testemunho acerca da vaidade (vazio) que há em tudo o que possamos ter e fazer com as coisas deste mundo, quando isto não é acompanhado por uma devida e permanente comunhão com Deus, porque elas não podem de nenhuma maneira ocupar o vazio de nossas almas, que só pode ser preenchido pelo Senhor e pelas coisas celestiais, espirituais e eternas.
O objetivo da vida não está portanto em sermos grandes segundo o mundo, que vê somente o exterior das coisas, mas segundo Deus, que é espírito, e olha para o nosso coração.
Até mesmo a glória dos lírios, que é desta criação, passa, assim como passou a glória de Salomão.
Há portanto uma glória que é maior do que à do próprio lírio, e esta é a glória do conhecimento de Deus que está estampada na face de Cristo.  
É no crescimento progressivo deste conhecimento de Deus em que devemos nos gloriar.
O próprio Salomão afirma em Ec 1.12-18 que o conhecimento que não conduza a um maior conhecimento de Deus e da Sua vontade, é um conhecimento que somente incha, e que não traz a verdadeira alegria que há somente naquele tipo de conhecimento verdadeiro e permanente que conduz ao amor que edifica.
Se alguém ainda pensa que há um exagero naquilo que ele diz, vale a pena ler todo o livro de Eclesiastes e entender melhor a verdade destas palavras inspiradas por Deus.
A própria vida de Salomão e toda a glória do seu reino foi um recado de Deus para todos nós, de que não vale a pena juntar tesouros na terra, senão no céu.
De que não há nenhum proveito em ser rico para com os homens e ser pobre para com Deus.
De se gastar mais tempo em nossa vida para sermos ricos segundo o mundo, em vez de o gastarmos para sermos ricos para com Deus, em boas obras de justiça, vivendo para a Sua exclusiva glória e honra, e cheios da graça, amor e verdade que procedem dEle, e que pelo Espírito Santo, são derramados no nosso coração.
O grandioso e suntuoso templo que Salomão havia construído seria totalmente destruído pelos babilônios, cerca de 430 anos depois, porque o povo havia virado as suas costas para o Senhor.
O tempo que ele viveu no suntuoso palácio que mandou construir para si correspondeu apenas ao período do término da sua construção até a sua morte.
Então qual é a lição que podemos e devemos tirar de tudo isto?
Que não devemos construir grandes coisas para Deus e para nós mesmos?
Não! De modo algum! A lição a ser aprendida é que não devemos colocar em nada disto o nosso coração, por sabermos que aquilo que é grande para os homens não o é para Deus.
Que não é na grandeza destas coisas exteriores que fazemos, que se encontra o Seu agrado e aprovação de nossas vidas, mas andarmos em comunhão com Ele em humildade e santidade, guardando os Seus mandamentos.
Afinal, é isto o que Ele ordenou a Salomão e tem ordenado a nós em Sua Palavra.
A grande riqueza do templo construído por Salomão estava portanto, em tudo aquilo que ele nos ensinava em figura, da parte do próprio Deus, que havia feito a planta daquele templo:
- Os que ministram em Sua presença, em sua casa, fazendo os serviços designados por Ele, devem fazê-lo em santidade e purificados de todo pecado, tal como ensinava a purificação cerimonial pela lavagem do corpo com a água que se encontrava no chamado mar de fundição, que era um imenso reservatório de água apoiado sobre doze bois de bronze, e que tinha cinco metros de diâmetro por dois e meio de altura, com capacidade para 2.000 batos, o que corresponde aproximadamente a 60.000 litros de água.
E é em água purificada que devemos nos lavar para sermos aceitáveis a Deus e ao serviço que fazemos para Ele.
É a água purificadora do Espírito Santo que nos lava de todos os nossos pecados.
- Uma vez purificados, importa caminhar na luz, se desejamos estar no Santo dos Santos, na presença de Deus, que era simbolizada no templo pela arca da aliança.
E esta luz não é outra senão a própria luz de Deus e da Sua verdade, representadas no templo pelos dez castiçais, que ficavam no Lugar Santo, cinco de cada lado.
- As colunas que foram colocadas na frente do templo, e que eram finamente ornadas com redes e romãs, sendo uma delas chamada Jaquim, que no hebraico significa “Ele estabelece”, e a outra Boaz, que no hebraico significa “força”, tinham por finalidade ornamentar o templo e falar da firmeza com que ele estava fundado, e mais do que isto, falar profeticamente da força e do poder de Deus que havia na casa de Davi, e pela qual ela seria estabelecida, segundo a Sua promessa.
De igual modo os cristãos devem ser como colunas plantadas na casa de Deus, e que sendo retilíneas, falam da retidão que devem ter em suas vidas, porque é completamente reto Aquele a quem eles servem, na certeza de que não são estabelecidos pela sua própria força e pelo próprio poder, mas pelo Espírito Santo.
Cabem aqui, as mesmas palavras do nosso comentário ao livro de Êxodo, quanto às realidades espirituais a que se referiam em figura os utensílios do tabernáculo, que eram basicamente, os mesmos que Deus ordenou que fossem colocados no templo de Jerusalém:
“Tudo no tabernáculo falava em figura de muitas realidades espirituais, que estão em Cristo, tanto quanto estão e devem estar nos crentes.
A madeira revestida pelo ouro fala daquilo que é terreno, mas que deve ser revestido pela imortalidade.
A mesa dos pães fala de Cristo como nosso alimento espiritual, do qual devemos nos alimentar continuamente.
E como somente aos sacerdotes era dado se alimentaram deste pão, isto ensinava em figura que somente os que têm fés podem se alimentar de Cristo, pois sem fé e arrependimento é impossível ter acesso a este pão que dá vida eterna.
O candelabro fala em figura não somente de Cristo que é a luz, como também da luz dos crentes, que é o testemunho do Espírito Santo que neles queima como o azeite do candelabro.
O altar do incenso representa não somente a poderosa oração intercessória de Cristo, como também a oração dos santos que sobe como incenso à presença de Deus.
Então, para se estar na presença de Deus, representado pela arca do Santo dos Santos, é preciso estar alimentado de Cristo, cheio da luz do Espírito, e isto tudo vem mediante por uma oração incessante e constante.




“1 Salomão edificou também a sua casa, levando treze anos para acabá-la.
2 Edificou ainda a casa do bosque do Líbano, de cem côvados de comprimento, cinqüenta de largura e trinta de altura, sobre quatro ordens de colunas de cedros, e vigas de cedro sobre as colunas.
3 E por cima estava coberta de cedro sobre as câmaras, que estavam sobre quarenta e cinco colunas, quinze em cada ordem.
4 E havia três ordens de janelas, e uma janela estava defronte da outra janela, em três fileiras.
5 Todas as portas e esquadrias eram quadradas; e uma janela estava defronte da outra, em três fileiras.
6 Depois fez um pórtico de colunas, de cinqüenta côvados de comprimento e trinta de largura; e defronte dele outro pórtico, com suas respectivas colunas e degraus.
7 Também fez o pórtico para o trono onde julgava, isto é, o pórtico do juízo, o qual era coberto de cedro desde o soalho até o teto.
8 E em sua casa, em que morava, havia outro átrio por dentro do pórtico, de obra semelhante à deste; também para a filha de Faraó, que ele tomara por mulher, fez uma casa semelhante àquele pórtico.
9 Todas estas casas eram de pedras de grande preço, cortadas sob medida, tendo as suas faces por dentro e por fora serradas à serra; e isto desde o fundamento até as beiras do teto, e por fora até o grande átrio.
10 Os fundamentos eram de pedras de grande preço, pedras grandes, de dez e de oito côvados,
11 e por cima delas havia pedras de grande preço, lavradas sob medida, e madeira de cedro.
12 O átrio grande tinha em redor três ordens de pedras lavradas, com uma ordem de vigas de cedro; assim era também o átrio interior da casa do Senhor e o pórtico da casa.
13 O rei Salomão mandou trazer de Tiro a Hirão.
14 Era ele filho de uma viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro, que trabalhava em bronze; ele era cheio de sabedoria, de entendimento e de ciência para fazer toda sorte de obras de bronze. Este veio ter com o rei Salomão, e executou todas as suas obras.
15 Formou as duas colunas de bronze; a altura de cada coluna era de dezoito côvados; e um fio de doze côvados era a medida da circunferência de cada uma das colunas;
16 também fez dois capitéis de bronze fundido para pôr sobre o alto das colunas; de cinco côvados era a altura dum capitel, e de cinco côvados também a altura do outro.
17 Havia redes de malha, e grinaldas entrelaçadas, para os capitéis que estavam sobre o alto das colunas: sete para um capitel e sete para o outro.
18 Assim fez as colunas; e havia duas fileiras de romãs em redor sobre uma rede, para cobrir os capitéis que estavam sobre o alto das colunas; assim fez com um e outro capitel.
19 Os capitéis que estavam sobre o alto das colunas, no pórtico, figuravam lírios, e eram de quatro côvados.
20 Os capitéis, pois, sobre as duas colunas estavam também justamente em cima do bojo que estava junto à rede; e havia duzentas romãs, em fileiras em redor, sobre um e outro capitel.
21 Depois levantou as colunas no pórtico do templo; levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.
22 Sobre o alto das colunas estava a obra de lírios. E assim se acabou a obra das colunas.
23 Fez também o mar de fundição; era redondo e media dez côvados duma borda à outra, cinco côvados de altura e trinta de circunferência.
24 Por baixo da sua borda em redor havia betões que o cingiam, dez em cada côvado, cercando aquele mar em redor; duas eram as fileiras destes botões, fundidas juntamente com o mar.
25 E firmava-se sobre doze bois, três dos quais olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente; e o mar descansava sobre eles, e as partes posteriores deles estavam para a banda de dentro.
26 A sua grossura era de três polegadas, e a borda era como a de um copo, como flor de lírio; ele levava dois mil batos.
27 Fez também as dez bases de bronze; cada uma tinha quatro côvados de comprimento, quatro de largura e três de altura.
28 E a estrutura das bases era esta: tinham elas almofadas, as quais estavam entre as junturas;
29 e sobre as almofadas que estavam entre as junturas havia leões, bois, e querubins, bem como os havia sobre as junturas em cima; e debaixo dos leões e dos bois havia grinaldas pendentes.
30 Cada base tinha quatro rodas de bronze, e eixos de bronze; e os seus quatro cantos tinham suportes; debaixo da pia estavam estes suportes de fundição, tendo eles grinaldas de cada lado.
31 A sua boca, dentro da coroa, e em cima, era de um côvado; e era redonda segundo a obra dum pedestal, de côvado e meio; e também sobre a sua boca havia entalhes, e as suas almofadas eram quadradas, não redondas.
32 As quatro rodas estavam debaixo das almofadas, e os seus eixos estavam na base; e era a altura de cada roda de côvado e meio.
33 O feitio das rodas era como o de uma roda de carro; seus eixos, suas cambas, seus raios e seus cubos, todos eram fundidos.
34 Havia quatro suportes aos quatro cantos de cada base, os quais faziam parte da própria base.
35 No alto de cada base havia um cinto redondo, de meio côvado de altura; também sobre o topo de cada base havia esteios e almofadas que faziam parte dela.
36 E nas placas dos seus esteios e nas suas almofadas lavrou querubins, leões e palmas, segundo o espaço que havia em cada uma, com grinaldas em redor.
37 Deste modo fez as dez bases: todas com a mesma fundição, a mesma medida e o mesmo entalhe.
38 Também fez dez pias de bronze; em cada uma cabiam quarenta batos, e cada pia era de quatro côvados; e cada uma delas estava sobre uma das dez bases.
39 E pôs cinco bases à direita da casa, e cinco à esquerda; porém o mar pôs ao lado direito da casa para a banda do oriente, na direção do sul.
40 Hirão fez também as caldeiras, as pás e as bacias; assim acabou de fazer toda a obra que executou para o rei Salomão, para a casa do Senhor,
41 a saber: as duas colunas, os globos dos capitéis que estavam sobre o alto das colunas, e as duas redes para cobrir os dois globos dos capitéis que estavam sobre o alto das colunas,
42 e as quatrocentas romãs para as duas redes, a saber, duas carreiras de romãs para cada rede, para cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das colunas;
43 as dez bases, e as dez pias sobre as bases;
44 o mar, e os doze bois debaixo do mesmo;
45 as caldeiras, as pás e as bacias; todos estes objetos que Hirão fez para o rei Salomão, para a casa do Senhor, eram de bronze polido.
46 O rei os fez fundir na planície do Jordão, num terreno argiloso que havia entre Sucote e Zaretã.
47 E Salomão deixou de pesar esses objetos devido ao seu excessivo número; não se averiguou o peso do bronze.
48 Também fez Salomão todos os utensílios para a casa do Senhor: o altar de ouro, e a mesa de ouro, sobre a qual estavam os pães da proposição;
49 os castiçais, cinco à direita e cinco à esquerda, diante do oráculo, de ouro puro; as flores, as lâmpadas e as tenazes, também de ouro;
50 e as taças, as espevitadeiras, as bacias, as colheres e os braseiros, de ouro puro; e os gonzos para as portas da casa interior, para o lugar santíssimo, e os das portas da casa, isto é, do templo, também de ouro.


51 Assim se acabou toda a obra que o rei Salomão fez para a casa do Senhor. Então trouxe Salomão as coisas que seu pai Davi tinha consagrado, a saber, a prata, o ouro e os vasos; e os depositou nos tesouros da casa do senhor.” (I Rs 7.1-51).


I Reis 8

A Consagração do Templo de Salomão

Como Salomão havia cumprido todas as ordenanças de Deus, relativas ao culto determinado por Ele, desde os dias de Moisés, e as instruções que Ele dera a Davi, seu pai, quanto à planta do templo, que ele havia acabado de construir, para manifestar o Seu agrado e aceitação da obra que havia sido feita e da disposição deles em guardarem os Seus mandamentos, fez com que a Sua glória enchesse o templo, numa espessa nuvem, que impedia que os sacerdotes pudessem estar de pé em Sua presença, realizando o seu ofício (I Reis 8.11).
O grande ensino que contém esta porção das Escrituras é que não podemos experimentar todo o esplendor da glória de Deus, enquanto estamos neste corpo, que foi feito do pó da terra, e que a manifestação da glória do Senhor numa nuvem, que obscurece muito de todo o seu brilho, é para o nosso próprio benefício, para que não sejamos consumidos por uma intensidade de esplendor, que não suportaríamos em nossa presente condição terrena.
A mensagem que o Senhor estava passando para os israelitas, nos dias de Salomão, quando manifestou a Sua glória a eles, é que Ele estava dando a Si mesmo, o Seu amor, a Sua justiça, santidade, bondade, misericórdia.
A glória de Deus invadiu o templo de Salomão como uma mensagem para os cristãos que são o templo do Espírito Santo, de que esta mesma glória habita na vida deles na medida em que caminhem em conformidade com a Sua santa vontade.
Tal como ele fizera em relação ao templo de Salomão, pois houve um dia em que a Shekiná do Senhor abandonou o templo, e isto foi visto pelo profeta Ezequiel, porque o povo havia dado as costas para Deus; Ele advertiu o próprio Salomão seriamente quanto a isto, pois não seria aquele templo que garantiria a Sua presença, e consequentemente da Sua glória, no meio do Seu povo, mas o fato de andarem na verdade, guardando os Seus mandamentos.
Tanto que o teor da oração que foi dirigida por Salomão a Deus, na ocasião da consagração do templo, conforme a lemos neste capítulo, era em suma um pedido de misericórdia, favor e perdão de Deus para todos os que orassem naquela casa que ele construíra, ou então quando voltados para a sua direção.
E o Senhor deixou claramente revelado a ele quando lhe apareceu de noite, depois de encerrados os quatorze dias que gastaram na consagração do templo, sendo que os sete últimos corresponderam à festa dos tabernáculos, que o pedido de Salomão seria atendido não por causa do templo propriamente dito, mas por causa do arrependimento deles e por andarem na Sua presença.
Nós temos esta resposta que foi dada por Deus a Salomão, com maiores detalhes, no texto paralelo de II Crôn 7.13-22.
Eles viram a glória de Deus se manifestar uma vez mais, naquele dia em que haviam colocado a arca da aliança no Santo dos Santos, pois o Senhor manifestou a Sua presença a eles quando Salomão acabou de orar, fazendo com que descesse fogo do céu, que consumiu os sacrifícios e o holocausto, e mais uma vez encheu o interior do templo com a Sua glória, de modo que os sacerdotes não podiam entrar nele por causa da glória do Senhor, e isto foi visto por todos os israelitas, tanto o fogo que desceu do céu, quanto a glória de Deus sobre o templo, e se encurvaram com o rosto em terra, para adorar e louvar ao Senhor (II Crôn 7.1-3).
Nós podemos imaginar o tom de alegria, reverência, adoração, louvor que tais manifestações da presença de Deus produziram no meio do povo naqueles quatorze dias que estiveram na presença de Deus, participando daquele grande banquete de holocaustos e ofertas pacíficas, em que foram oferecidos por Salomão: 22.000 bois e 120.000 ovelhas (II Crôn 7.5).
Era imensa a concentração de pessoas na cidade de Jerusalém e no monte Moriá e nas suas cercanias naqueles quatorze dias, que o povo foi alegrado pelo Seu Deus com a manifestação da Sua presença entre eles.
Mas nós temos esta palavra de II Crôn 7.13-22, que foi dirigida pelo Senhor a Salomão, quando cessaram os festejos.
São palavras que descrevem o modo de o povo do Senhor andar na Sua presença, para garantir a manifestação do Seu favor.
Elas falam de humilhação, de arrependimento sincero, de busca contínua da face do Senhor, como sendo absolutamente essenciais, para se ter uma vida abençoada por Ele.
Não são festejos que garantem a bênção. Não é a pompa de um templo e de milhares de sacrifícios que podem garantir o Seu favor, mas um viver em santidade pela obediência à Sua Palavra.
O versículo 27 deste oitavo capítulo de I Reis, que estamos comentando, afirma que os céus e até o céu dos céus não podem conter a Deus.
Isto foi dito por Salomão, se referindo ao templo que construíra para habitação do Senhor.
O local da habitação do Senhor é infinitamente distante da terra, pois está além do universo visível, está no chamado terceiro céu.
Ali estão todos os anjos, os cristãos que morreram, os querubins, os 24 anciãos, e é um lugar infinitamente grande, mas agora pense nisto, Deus é maior do que tudo o que criou.
Não pode ser contido pela criação.
No entanto, o terceiro céu é o lugar da morada de Deus.
Estamos sendo treinados na terra para o céu.
As falhas que cometemos em nosso aprendizado na terra não poderiam ser praticadas no céu, porque é um lugar de absoluta santidade e perfeição.
Por isso, existe uma grande distância entre a terra e o terceiro céu, onde Deus habita.
Por isso, Deus criou a terra e colocou nela o homem.
Mas ninguém pense pelo muito pecado e injustiças que vê na terra, que há alguma sombra destas coisas no céu.
Ou que o céu não exista de fato em face do mal que existe na terra.
Exatamente o contrário, em razão de haver terra, primeiro, segundo e terceiro céu, prova-se que de fato Deus é santo e não habita em Sua morada eterna onde exista o pecado, portanto, não há outra alternativa para quem deseja ir para o céu, senão a de santificar a sua vida.
A retirada da Sua glória do templo de Jerusalém, na visão que fora concedida a Ezequiel, prova que Ele não permanece onde predomina o pecado, assim como ocorrera com a nação de Judá nos dias do profeta.
O próprio Deus vem ao encontro do pecador que se arrepende, para torná-lo santo e habilitado para viver no céu (Is 57.15). Mas nenhuma impureza, nenhum pecado pode penetrar no Seu céu (Apo 21.27; 22.15).
Por isso semeia-se neste mundo corpo natural que morre, pela corrupção do pecado, mas ressuscita-se ou colhe-se corpo espiritual (I Cor 15.44).
Semeia-se em fraqueza, conforme nossa natureza terrena, e ressuscita em poder, conforme a glória do corpo que teremos no céu (I Cor 15.43).
Que nunca esqueçamos que dentre os muitos significados que possam ter os rostos dos querubins, em suas formas de leão, boi, águia e homem, que eles nos falam sobretudo do caráter que deve ser encontrado nos filhos de Deus, da mesma forma que se encontram em Cristo.
Os cristãos devem ter a força, a coragem, a ousadia e a majestade do leão, especialmente em sua luta contra os poderes da trevas e do pecado, assim como elas se encontram em Cristo; devem também ao mesmo tempo ter a mansidão, o serviço, a humildade, o sacrifício representados no boi; assim como estão em Cristo e que nos ordena que o imitemos em Sua mansidão, humildade e serviço; devem ainda ter a perseverança da águia que voa contra a tempestade, vencendo assim todas as tentações e tribulações, assim como Cristo venceu o mundo; e finalmente tendo as características essenciais da perfeita humanidade assim como nos foram reveladas em Cristo, em sua misericórdia, ternura, amor, bondade, alegria, enfim, em todos os atributos que recebemos do próprio Deus, pois que fomos criados à Sua imagem e semelhança.
O pecado desfigurou tal imagem corrompendo a natureza terrena, que está sendo reconstruída em nós, por meio da semelhança com Cristo, através da coparticipação em sua natureza divina (II Pe 1.4), a partir do novo nascimento.
Nosso Rei é santo e é a própria verdade e a vida.
Sejam portanto, sinceras as nossas palavras em Sua presença.
Ele abomina a mentira e a falsidade.
O nosso coração deve ser rasgado diante dEle e devemos segredar-lhe tudo o que de fato sentimos, pensamos e fazemos, pois nada escapa aos Seus olhos. É vã a tentativa de esconder alguma coisa do Senhor.
Nunca devemos esquecer as palavras que Ele dirigiu a Salomão em II Crôn 7.13-22, depois que orou na consagração do templo fazendo-lhe várias petições. Porque estas palavras sempre nos alertarão sobre a necessidade de uma vida santificada, para que vejamos as nossas petições atendidas.
Os filhos de Deus, que foram livrados da condenação por meio de Jesus Cristo, não são chamados para se aproximarem do trono do juízo final, mas do trono da graça.
É por isso que nossas orações, ainda que imperfeitas, ainda que sejam um gemido, não são rejeitadas por Deus, porque não estamos diante de um trono de juízo, mas de um trono de graça.
Jesus intervém como nosso Advogado e Sacerdote e faz com que nossas orações imperfeitas cheguem perfeitas à presença de Deus.
É por este mesmo princípio que nossa adoração imperfeita, pecadores que somos, chega perfeita ao trono de Deus. Deus lê os desejos do nosso coração e não necessariamente o que não conseguimos expressar adequadamente com palavras. Ele lê a fala do nosso espírito.
Se é um trono de graça, todas as necessidades dos que se aproximam serão supridas. O Rei não exige presentes e nem sacrifícios para atender as nossas petições, porque o seu trono é de graça. Não é um trono para receber tributos mas para dispensar dons.
A graça está entronizada atualmente, porque Cristo completou a sua obra e penetrou nos céus.
A graça é o atributo de Deus que reina presentemente.
A graça reina por meio da justiça para a vida eterna, e é por meio dela que somos tornados coparticipantes da natureza de Deus e da Sua glória.
E o apropriar-se desta graça e glória demanda um viver de acordo com aquilo que Cristo nos tem ordenado, em plena comunhão com Ele.





“1 Então congregou Salomão diante de si em Jerusalém os anciãos de Israel, e todos os cabeças das tribos, os chefes das casas paternas, dentre os filhos de Israel, para fazerem subir da cidade de Davi, que é Sião, a arca do pacto do Senhor:
2 De maneira que todos os homens de Israel se congregaram ao rei Salomão, na ocasião da festa, no mês de etanim, que é o sétimo mês.
3 E tendo chegado todos os anciãos de Israel, os sacerdotes alçaram a arca;
4 e trouxeram para cima a arca do Senhor, e a tenda da revelação, juntamente com todos os utensílios sagrados que havia na tenda; foram os sacerdotes e os levitas que os trouxeram para cima.
5 E o rei Salomão, e toda a congregação de Israel, que se ajuntara diante dele, estavam diante da arca, imolando ovelhas e bois, os quais não se podiam contar nem numerar, pela sua multidão.
6 E os sacerdotes introduziram a arca do pacto do Senhor no seu lugar, no oráculo da casa, no lugar santíssimo, debaixo das asas dos querubins.
7 Pois os querubins estendiam ambas as asas sobre o lugar da arca, e cobriam por cima a arca e os seus varais.
8 Os varais sobressaíam tanto que as suas pontas se viam desde o santuário diante do oráculo, porém de fora não se viam; e ali estão até o dia de hoje.
9 Nada havia na arca, senão as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera, junto a Horebe, quando o Senhor, fez u pacto com os filhos de Israel, ao saírem eles da terra do Egito.
10 E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor;
11 de modo que os sacerdotes não podiam ter-se em pé para ministrarem, por causa da nuvem; porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor.
12 Então falou Salomão: O Senhor disse que habitaria na escuridão.
13 Certamente te edifiquei uma casa para morada, assento para a tua eterna habitação.
14 Então o rei virou o rosto, e abençoou toda a congregação de Israel; e toda a congregação ficou em pé.
15 E disse Salomão: Bendito seja e Senhor, Deus de Israel, que falou pela sua boca a Davi, meu pai, e pela sua mão cumpriu a palavra que disse:
16 Desde o dia em que eu tirei do Egito o meu povo Israel, não escolhi cidade alguma de todas as tribos de Israel para se edificar ali uma casa em que estivesse o meu nome; porém escolhi a Davi, para que presidisse sobre o meu povo Israel.
17 Ora, Davi, meu pai, propusera em seu coração edificar uma casa ao nome de Senhor, Deus de Israel.
18 Mas o Senhor disse a Davi, meu pai: Quanto ao teres proposto no teu coração o edificar casa ao meu nome, bem fizeste em o propor no teu coração.
19 Todavia, tu não edificarás a casa; porém teu filho, que sair de teus lombos, esse edificará a casa ao meu nome.
20 E o Senhor cumpriu a palavra que falou; porque me levantei em lugar de Davi, meu pai, e me assentei no trono de Israel, como falou o Senhor, e edifiquei uma casa, ao nome do Senhor, Deus de Israel.
21 E ali constituí lugar para a arca em que está o pacto do Senhor, que ele fez com nossos pais quando os tirou da terra de Egito.
22 Depois Salomão se pôs diante do altar do Senhor, em frente de toda a congregação de Israel e, estendendo as mãos para os céus,
23 disse: Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima no céu nem em baixo na terra, que guardas o pacto e a benevolência para com os teus servos que andam diante de ti com inteireza de coração;
24 que cumpriste com teu servo Davi, meu pai, o que lhe prometeste; porque com a tua boca o disseste, e com a tua mão o cumpriste, como neste dia se vê.
25 Agora, pois, ó Senhor, Deus de Israel, faz a teu servo Davi, meu pai, o que lhe prometeste ao dizeres: Não te faltará diante de mim sucessor, que se assente no trono de Israel; contanto que teus filhos guardem o seu caminho, para andarem diante e mim como tu andaste.
26 Agora também, ó Deus de Israel, cumpra-se a tua palavra, que disseste a teu servo Davi, meu pai.
27 Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que o céu, e até o céu dos céus, não te podem conter; quanto menos esta casa que edifiquei!
28 Contudo atende à oração de teu servo, e à sua súplica, ó Senhor meu Deus, para ouvires o clamor e a oração que o teu servo hoje faz diante de ti;
29 para que os teus olhos estejam abertos noite e dia sobre esta casa, sobre este lugar, do qual disseste: O meu nome estará ali; para ouvires a oração que o teu servo fizer, voltado para este lugar.
30 Ouve, pois, a súplica do teu servo, e do teu povo Israel, quando orarem voltados para este lugar. Sim, ouve tu do lugar da tua habitação no céu; ouve, e perdoa.
31 Se alguém pecar contra o seu próximo e lhe for exigido que jure, e ele vier jurar diante do teu altar nesta casa,
32 ouve então do céu, age, e julga os teus servos; condena ao culpado, fazendo recair sobre a sua cabeça o seu proceder, e justifica ao reto, retribuindo-lhe segundo a sua retidão.
33 Quando o teu povo Israel for derrotado diante do inimigo, por ter pecado contra ti; se eles voltarem a ti, e confessarem o teu nome, e orarem e fizerem súplicas a ti nesta casa,
34 ouve então do céu, e perdoa a pecado do teu povo Israel, e torna a levá-lo à terra que deste a seus pais.
35 Quando o céu se fechar e não houver chuva, por terem pecado contra ti, e orarem, voltados para este lugar, e confessarem o teu nome, e se converterem dos seus pecados, quando tu os afligires,
36 ouve então do céu, e perdoa o pecado dos teus servos e do teu povo Israel, ensinando-lhes o bom caminho em que devem andar; e envia chuva sobre a tua terra que deste ao teu povo em herança.
37 Se houver na terra fome ou peste, se houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos ou lagarta; se o seu inimigo os cercar na terra das suas cidades; seja qual for a praga ou doença que houver;
38 toda oração, toda súplica que qualquer homem ou todo o teu povo Israel fizer, conhecendo cada um a chaga do seu coração, e estendendo as suas mãos para esta casa,
39 ouve então do céu, lugar da tua habitação, perdoa, e age, retribuindo a cada um conforme todos os seus caminhos, segundo vires o seu coração (pois tu, só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens);
40 para que te temam todos os dias que viverem na terra que deste a nossos pais.
41 Também quando o estrangeiro, que não é do teu povo Israel, vier de terras remotas por amor do teu nome
42 (porque ouvirão do teu grande nome, e da tua forte mão, e do teu braço estendido), quando vier orar voltado para esta casa,
43 ouve do céu, lugar da tua habitação, e faze conforme tudo o que o estrangeiro a ti clamar, a fim de que todos os povos da terra conheçam o teu nome, e te temam como o teu povo Israel, e saibam que pelo teu nome é chamada esta casa que edifiquei.
44 Quando o teu povo sair à guerra contra os seus inimigos, seja qual for o caminho por que os enviares, e orarem ao Senhor, voltados para a cidade que escolheste, e para a casa que edifiquei ao teu nome,
45 ouve então do céu a sua oração e a sua súplica, e defende a sua causa.
46 Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares ao inimigo, de modo que os levem em cativeiro para a terra inimiga, longínqua ou próxima;
47 se na terra aonde forem levados em cativeiro caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro te suplicarem, dizendo: Pecamos e procedemos perversamente, cometemos iniquidade;
48 se voltarem a ti de todo o seu coração e de toda a sua alma, na terra de seus inimigos que os tenham levado em cativeiro, e orarem a ti, voltados para a sua terra, que deste a seus pais, para a cidade que escolheste, e para a casa que edifiquei ao teu nome,
49 ouve então do céu, lugar da tua habitação, a sua oração e a sua súplica, e defende a sua causa;
50 perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti, perdoa todas as transgressões que houverem cometido contra ti, e dá-lhes alcançar misericórdia da parte dos que os levarem cativos, para que se compadeçam deles;
51 porque são o teu povo e a tua herança, que tiraste da terra do Egito, do meio da fornalha de ferro.
52 Estejam abertos os teus olhos à súplica do teu servo e à súplica do teu povo Israel, a fim de os ouvires sempre que clamarem a ti.
53 Pois tu, ó Senhor Jeová, os separaste dentre todos os povos da terra, para serem a tua herança como falaste por intermédio de Moisés, teu servo, quando tiraste do Egito nossos pais.
54 Sucedeu pois que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para o céu, se levantou de diante do altar do Senhor,
55 pôs-se em pé, e abençoou em alta voz a toda a congregação de Israel, dizendo:
56 Bendito seja o Senhor, que deu repouso ao seu povo Israel, segundo tudo o que disse; não falhou nem sequer uma de todas as boas palavras que falou por intermédio de Moisés, seu servo.
57 O Senhor nosso Deus seja conosco, como foi com nossos pais; não nos deixe, nem nos abandone;
58 mas incline a si os nossos corações, a fim de andarmos em todos os seus caminhos, e guardarmos os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus preceitos, que ordenou a nossos pais.
59 E que estas minhas palavras, com que supliquei perante o Senhor, estejam perto, diante do Senhor nosso Deus, de dia e de noite, para que defenda ele a causa do seu servo e a causa do seu povo Israel, como cada dia o exigir,
60 para que todos os povos da terra, saibam que o Senhor é Deus, e que não há outro.
61 E seja o vosso coração perfeito para com o Senhor nosso Deus, para andardes nos seus estatutos, e guardardes os seus mandamentos, como hoje o fazeis.
62 Então o rei e todo o Israel com ele ofereceram sacrifícios perante o Senhor.
63 Ora, Salomão deu, para o sacrifício pacífico que ofereceu ao Senhor, vinte e dois mil bois e cento e vinte mil ovelhas. Assim o rei e todos os filhos de Israel consagraram a casa do Senhor.
64 No mesmo dia o rei santificou o meio do átrio que estava diante da casa do Senhor; porquanto ali ofereceu o holocausto, a oferta de cereais e a gordura das ofertas pacíficas, porque o altar de bronze que está diante do Senhor era muito pequeno para nele caberem o holocausto, a oferta de cereais, e a gordura das ofertas pacíficas.
65 No mesmo tempo celebrou Salomão a festa, e todo o Israel com ele, uma grande congregação, vinda desde a entrada de Hamate e desde o rio do Egito, perante a face do Senhor nosso Deus, por sete dias, e mais sete dias (catorze dias ao todo).
66 E no oitavo dia despediu o povo, e todos bendisseram ao rei; então se foram às suas tendas, alegres e de coração contente, por causa de todo o bem que o Senhor fizera a Davi seu servo, e a Israel seu povo.” (I Rs 8.1-66).


I Reis 9

O Reino Espiritual de Deus Antes de Tudo o Mais

As palavras dos primeiros nove versículos do 9º capítulo de I Reis, correspondem às palavras do texto de II Crôn 7.13-22.
Como prova de gratidão ao rei de Tiro, Hirão, depois de ter colaborado com ele por vinte longos anos, na construção do templo (7 anos), e dos seus palácios em Jerusalém e no  Líbano (13 anos), Salomão lhe deu 20 cidades na Galiléia, que não agradaram a Hirão, e que foram devolvidas por ele a Salomão, como se vê em II Crôn 8.2, e este prosseguiu com suas construções a partir destas cidades, as quais, remodelou e fez habitar nelas os israelitas.
Certamente Hirão as rejeitou não somente pelas poucas residências que deveriam haver nestas cidades e pelo pouco valor que elas teriam para os seus interesses comerciais, que estavam mais voltados para o comércio marítimo, e aquelas cidades, como as demais de Israel estavam mais voltadas para a agropecuária.
Hirão chamou estas cidades de Cabul (v. 13), que é uma palavra fenícia para desagrado.
No entanto, isto não abalou a sociedade que ele mantinha com Salomão, de maneira que este fabricou navios em Eziom-Geber, que eram tripulados pelos homens de Hirão, juntamente com os israelitas designados por Salomão, e estes chegaram à costa de Ofir, antigo Ceilão, e atual Sri Lanka, desde 1972, um país insular a Sudeste da Índia, que fica no Oceano Índico, de onde tomaram 420 talentos de ouro para Salomão (v.26 a 28).
Salomão era um rei construtor e não era bélico, fazendo jus ao nome que lhe fora dado, que no hebraico significa pacífico.
Além do templo, dos palácios, e das cidades que edificou, também construiu o muro de Jerusalém (v. 15), o qual seria derrubado pelos babilônios em 586 a.C, e reconstruído por Neemias em 445 a.C.
Se Salomão era pacífico, no entanto este não era o caso de seu sogro, o faraó do Egito que conquistou a cidade de Gezer e a queimou a fogo, matando os cananeus que nela residiam, e deu esta cidade como dote por sua filha, a mulher de Salomão (v. 16), e este reedificou a referida cidade (v. 17).
Os estrangeiros que foram achados vivendo em Israel foram sujeitados a trabalhos forçados (v. 20, 21), em observância à Lei de Moisés (Lev 25.44; Dt 20.11), mas dentre os israelitas Salomão não sujeitou a nenhum deles à escravidão (v. 22), em razão disso ser proibido pela Lei.
No verso 25 é dito que Salomão oferecia três vezes por ano holocaustos e ofertas pacíficas, certamente na três festas anuais da páscoa, tabernáculos e pentecoste.
Mais de vinte anos haviam passado, desde o início do seu reinado, porque tais palavras foram registradas depois dele ter concluído a construção do templo e de seus palácios, na qual foram gastos vinte anos.
E nós vemos assim, que no período de 40 anos de reinado de Salomão ele se manteve em mais da metade deste período com sua fidelidade e devoção ao Senhor, tendo se desviado dela somente quando ficou velho, e isto por ter se deixado influenciar pelas mulheres pagãs, com as quais havia contraído matrimônio.
Nós não pretendemos justificar o pecado de idolatria de Salomão, mas queremos deixar registrado as circunstâncias que em muito contribuíram para isto.
O jugo desigual é sempre um grande perigo para a alma do cristão.
Mesmo em casos como o de Salomão, em que tais matrimônios não foram realizados por motivo de lascívia, mas para honrar alianças feitas com outras nações, que eram seladas com o costume de se dar princesas por esposas aos reis ou aos filhos dos reis, não se pode justificar o ato de se desviar da presença do Senhor e passar a adotar os hábitos daqueles que não O conhecem, seja a que pretexto for, porque esse desvio nunca será justificado por Deus, e é por isso que Ele nos adverte muito seriamente em relação a isto na Sua Palavra.
Veja o caso do rei Josafá de Judá, que se aparentou com Acabe, através do casamento de seu filho Jeorão, com Atalia, filha de Acabe com Jezabel, que era adoradora de Baal, tanto quanto sua mãe.
Isto lhe custou um sério juízo da parte do Senhor, e trouxe grande ruína ao povo de Judá.
Assim, nós vemos a palavra de alerta que o Senhor deu a Salomão, para que ele e o povo de Israel andassem em Sua presença, guardando os seus mandamentos, para que pudessem contar com o Seu favor divino (I Reis 1.2-9).





“1 Sucedera pois que, tendo Salomão acabado de edificar a casa do Senhor, e a casa do rei, e tudo quanto lhe aprouve fazer,
2 apareceu-lhe o Senhor segunda vez, como lhe tinha aparecido em Gibeom.
3 E o Senhor lhe disse: Ouvi a tua oração e a tua súplica, que fizeste perante mim; santifiquei esta casa que edificaste, a fim de pôr ali o meu nome para sempre; e os meus olhos e o meu coração estarão ali todos os dias.
4 Ora, se tu andares perante mim como andou Davi, teu pai, com inteireza de coração e com equidade, fazendo conforme tudo o que te ordenei, e guardando os meus estatutos e as minhas ordenanças,
5 então confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre, como prometi a teu pai Davi, dizendo: Não te faltará varão sobre o trono de Israel.
6 Se, porém, vós e vossos filhos de qualquer maneira vos desviardes e não me seguirdes, nem guardardes os meus mandamentos e os meus estatutos, que vos tenho proposto, mas fordes, e servirdes a outros deuses, curvando-vos perante eles,
7 então exterminarei a Israel da terra que lhe dei; e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença, e Israel será por provérbio e motejo entre todos os povos.
8 E desta casa, que é tão exaltada, todo aquele que por ela passar pasmará e assobiará, e dirá: Por que fez o Senhor assim a esta terra e a esta casa?
9 E lhe responderão: É porque deixaram ao Senhor seu Deus, que tirou da terra do Egito a seus pais, e se apegaram a deuses alheios, e perante eles se encurvaram, e os serviram; por isso o Senhor trouxe sobre eles todo este mal.
10 Ao fim dos vinte anos em que Salomão edificara as duas casas, a casa do Senhor e a casa do rei,
11 como Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão madeira de cedro e de cipreste, e ouro segundo todo o seu desejo, deu o rei Salomão a Hirão vinte cidades na terra da Galiléia.
12 Hirão, pois, saiu de Tiro para ver as cidades que Salomão lhe dera; porém não lhe agradaram.
13 Pelo que disse: Que cidades são estas que me deste, irmão meu? De sorte que são chamadas até hoje terra de Cabul.
14 Hirão enviara ao rei cento e vinte talentos de ouro.
15 A razão da leva de gente para trabalho forçado que o rei Salomão fez é esta: edificar a casa do Senhor e a sua própria casa, e Milo, e o muro de Jerusalém, como também Hazor, e Megido, e Gezer.
16 Pois Faraó, rei do Egito, tendo subido, tomara a Gezer e a queimara a fogo, e matando os cananeus que moravam na cidade, dera-a em dote a sua filha, mulher de Salomão.
17 Salomão edificou Gezer, Bete-Horom a baixa,
18 Baalate, Tamar no deserto daquela terra,
19 como também todas as cidades-armazéns que Salomão tinha, as cidades dos carros as cidades dos cavaleiros, e tudo o que Salomão quis edificar em Jerusalém, no Líbano, e em toda a terra de seu domínio.
20 Quanto a todo o povo que restou dos amorreus, dos heteus, dos perizeus, dos heveus e dos jebuseus, que não eram dos filhos de Israel,
21 a seus filhos, que restaram depois deles na terra, os quais os filhos de Israel não puderam destruir totalmente, Salomão lhes impôs tributo de trabalho forçado, até hoje.
22 Mas dos filhos de Israel não fez Salomão escravo algum; porém eram homens de guerra, e seus servos, e seus príncipes, e seus capitães, e chefes dos seus carros e dos seus cavaleiros.
23 Estes eram os chefes dos oficiais que estavam sobre a obra de Salomão, quinhentos e cinquenta, que davam ordens ao povo que trabalhava na obra.
24 Subiu, porém, a filha de Faraó da cidade de Davi à sua casa, que Salomão lhe edificara; então ele edificou Milo.
25 E Salomão oferecia três vezes por ano holocaustos e ofertas pacíficas sobre a altar que edificara ao Senhor, queimando com eles incenso sobre o altar que estava perante o Senhor, depois que acabou de edificar a casa.
26 Também o rei Salomão fez uma frota em Eziom-Geber, que está junto a Elote, na praia do Mar Vermelho, na terra de Edom.
27 Hirão mandou com aquela frota, em companhia dos servos de Salomão, os seus próprios servos, marinheiros que conheciam o mar;
28 os quais foram a Ofir, e tomaram de lá quatrocentos e vinte talentos de ouro, que trouxeram ao rei Salomão.” (I Rs 9.1-28).


I Reis 10

Salomão e a Rainha de Sabá

Não podemos datar com precisão quando foi que a rainha de Sabá veio ter com Salomão, mas podemos inferir o período deste encontro, porque o palácio de Salomão já estava concluído, e isto ocorreu somente no vigésimo ano do seu reinado.
E toda a glória que ela viu em seu reino havia sido acumulada naqueles anos, e movida por sua curiosidade ela veio checar de perto tudo quanto se falava sobre a sabedoria de Salomão e sobre a glória do seu reino, conforme relato do 10º capítulo de I Reis.
Sabá era um antigo reino da Arábia, situado no sudoeste da península arábica, e que foi fundado pelos sabeus, por volta do século XII a.C., portanto, cerca de três séculos apenas antes de Salomão, e  foi por muito tempo uma importante rota entre a Índia e o Ocidente.
A rainha de Sabá ficou estupefata com tudo o que viu, e disse que não lhe haviam contado a metade de tudo o que se referia a Salomão e ao reino de Israel e ela chamou de bem-aventurados àqueles que podiam compartilhar de tudo aquilo, e ela bendisse ao Senhor por ter dado a Salomão toda aquela sabedoria e glória, e reconheceu que Ele o fizera por amor de Israel para sempre, e escolheu Salomão para executar juízo e justiça em Seu nome (v. 8, 9).
Jesus se referiu em seu ministério terreno à visita que a rainha de Sabá havia feito a Salomão, porque se inclinara a saber mais sobre o Deus de Salomão e sobre toda a sabedoria que Ele lhe havia dado, do que os judeus estavam se inclinando a conhecê-lo em Seus dias, e Ele é incomparavelmente superior a Salomão.
“A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.” (Lc 11.31).
O que há então de principal para se aprender no relato das Escrituras sobre a rainha de Sabá e Salomão à luz das palavras de Cristo?
Pensamos que seja o fato de que as pessoas não poderão desculpar a sua incredulidade no dia do juízo de Deus, porque Ele tem manifestado a Sua sobreexcelente glória na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus, que não é somente maior do que Salomão, mas a Fonte mesma da sabedoria que lhe havia sido dada.
E Salomão conseguiu atrair com o seu testemunho, uma rainha que ficou convencida a respeito da grandeza do Deus que ele servia, pelo que viu na própria vida de Salomão.
Este capítulo de I Reis ainda dá conta das riquezas e glória que Deus havia dado a Salomão, como cumprimento da promessa que lhe havia feito (v. 23).
Salomão mantinha um comércio intenso com todos os reinos da terra, inclusive com os reis da Arábia (v. 15).
Ele fez para fins ornamentais da sua casa de campo no Líbano, 200 grandes escudos de ouro (pavês), que continham, cada um, cerca de seis quilos e meio (600 siclos); e fez também 300 escudos de tamanho comum, pesando cerca de 1 quilo e meio cada (3 minas ou arretéis) (v. 16, 17).  
O seu trono era de marfim coberto de ouro, e tinha seis degraus, e os lados do assento tinham braços junto aos quais havia uma escultura de leão, respectivamente.
Também havia leões nos degraus da escada, um em cada degrau, em cada extremidade, totalizando doze.
Todas as taças, tanto do palácio em Jerusalém, quanto da sua residência no Líbano, eram de ouro (v. 18 a 21).
A frota de navios que ele tinha em sociedade com Hirão de Tiro, lhe trazia de Társis a cada três anos ouro, prata, marfim, bugios e pavões (v.22).
A sabedoria de Salomão lhe rendeu muitas outras riquezas da parte daqueles que vinham ter com ele, por causa da sua sabedoria (v. 24 e 25).
Ele chegou a juntar 1.400 carros e 12.000 cavaleiros (v. 26).
A prata no seu reino era tão abundante que teve depreciado o seu valor, pois se diz que era abundante como pedras comuns, e os cedros eram também tão numerosos como os sicômoros das planícies (v. 27).
Os carros e cavalos eram importados por Salomão do Egito e da Cilícia, e ele os exportava para todos os reis dos heteus e para os reis da Síria (v. 28, 29).
Chega a ser estonteante, relacionar todas estas coisas, não é verdade?
Mas como muito se pede a quem muito é dado.
Como a manutenção da riqueza possui um alto custo.
Como a cobiça das nações em relação às riquezas de Israel seria um fato novo com o qual os israelitas teriam que tratar.
E considerando ainda que onde há muita abundância de bens há uma tendência para se abandonar a busca de auxílio no Senhor.
E que a busca deste auxílio deve ser intensificada exatamente, quando o Senhor nos faz prosperar em tudo, porque muitos serão os inimigos que se levantarão para tentar furtar tal prosperidade de nós.
E o principal deles será Satanás, o diabo, que se aproveitará desta condição de auto confiança na própria força do nosso braço para obter bens, para fazer com que nos desviemos dos caminhos do Senhor e sejamos arruinados espiritualmente na nossa comunhão com Ele.
Foi exatamente isto que sucedeu a Salomão e ao povo de Israel.
E é assim que tem ocorrido com a Igreja de Laodiceia nestas últimas gerações da Igreja, em que o elemento predominante é a prosperidade que Deus deu ao Seu povo.
Isto é um fator inegável, porque as Igrejas nunca tiveram tantos membros, e tanta riqueza de meios disponíveis para a evangelização do mundo.
Mas em quem tem sido colocada a confiança desta Igreja atual?
No Senhor ou na força do seu próprio braço?
A Bíblia nos dá a resposta para esta pergunta:
“14 Ao anjo da Igreja em Laodiceia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!
16 Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.
17 Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;
18 aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
19 Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.” (Apo 3.14-19).
O que sucedeu a Israel nos dias de Salomão, como veremos no capítulo seguinte, tem sucedido à Igreja atualmente, nestes seus dias de paz e prosperidade mundanas.
Já não existem as perseguições com as quais especialmente a Igreja Primitiva teve que se defrontar.
Já não há mais carência de recursos, de forma a não se poder fazer grandes empreendimentos missionários e evangelísticos.
E devemos dizer que grandes somas têm sido gastas para estes objetivos, mas a grande pergunta que não quer calar é a seguinte:
“Mas a Igreja tem feito isto com vidas consagradas e santificadas que dependem exclusivamente do Senhor e do poder do Espírito Santo para a realização da Sua obra?”.
Ou a Igreja tem buscado mais prosperidade e aquisição de conhecimento, tal como fizera Salomão com a sabedoria que Deus lhe dera?
Todos sabemos qual é a resposta, e que esta não se aplica a poucas exceções, pois de um modo geral quem tem prevalecido é Laodiceia e não Filadélfia, porque é muito fácil cair na tentação de confiar na riqueza em vez de colocar a confiança no Senhor.
É bem conhecida a atitude de Laodiceia retratada nas palavras de Jesus: “Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta.”.
Entretanto não é esta avaliação que Ele faz desta Igreja, que Lhe é infiel e que adultera com o mundo, pois Ele diz em relação a ela:
“não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;”.
Ele diz que a Igreja não consegue enxergar a sua verdadeira condição diante dos olhos justos e santos de Deus.
Ela não conhece o seu estado e por isso se gloria em conquistas que são de nenhum valor para o Senhor, e Lhe negam, por outro lado, o que Lhe é devido.
Somente o próprio Senhor pode curar a cegueira desta Igreja e fazer que seja enriquecida e vestida da Sua graça e santidade, mas para tanto, é necessário que se arrependa da sua presente condição.
Há uma chamada para o arrependimento, mas a Palavra nada afirma, se esta ordem é obedecida ou não pela Igreja.
Parece que é o caso de cada cristão fazê-lo de per si, e sair desta Igreja e passar a congregar em Filadélfia.
Não falamos de Igrejas visíveis locais, porque ambas Igrejas se referem à condição interior de cada cristão, e têm assim, portanto, os seus representantes, quer de Laodiceia, quer de Filadélfia.
É possível que um cristão de Filadélfia venha a se desviar de sua fidelidade e passar para o lado de Laodiceia, e vice-versa.  





“1 Tendo a rainha de Sabá ouvido da fama de Salomão, no que concerne ao nome do Senhor, veio prová-lo por enigmas.
2 E chegou a Jerusalém com uma grande comitiva, com camelos carregados de especiarias, e muitíssimo ouro, e pedras preciosas; e, tendo-se apresentado a Salomão, conversou com ele acerca de tudo o que tinha no coração.
3 E Salomão lhe deu resposta a todas as suas perguntas; não houve nada que o rei não lhe soubesse explicar.
4 Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de Salomão, a casa que edificara,
5 as iguarias da sua mesa, o assentar dos seus oficiais, as funções e os trajes dos seus servos, e os seus copeiros, e os holocaustos que ele oferecia na casa do Senhor, ficou estupefata,
6 e disse ao rei: Era verdade o que ouvi na minha terra, acerca dos teus feitos e da tua sabedoria.
7 Contudo eu não o acreditava, até que vim e os meus olhos o viram. Eis que não me disseram metade; sobrepujaste em sabedoria e bens a fama que ouvi.
8 Bem-aventurados os teus homens! Bem-aventuradas estes teus servos, que estão sempre diante de ti, que ouvem a tua sabedoria!
9 Bendito seja o Senhor teu Deus, que se agradou de ti e te colocou no trono de Israel! Porquanto o Senhor amou Israel para sempre, por isso te estabeleceu rei, para executares juízo e justiça.
10 E deu ela ao rei cento e vinte talentos de ouro, especiarias em grande quantidade e pedras preciosas; nunca mais apareceu tamanha abundância de especiarias como a que a rainha de Sabá deu ao rei Salomão.
11 Também a frota de Hirão, que de Ofir trazia ouro, trouxe dali madeira de sândalo em quantidade, e pedras preciosas.
12 Desta madeira de sândalo fez o rei balaústres para a casa do Senhor, e para a casa de rei, como também harpas e alaúdes para os cantores; não se trouxe nem se viu mais tal madeira de sândalo, até o dia de hoje.
13 E o rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo o que ela desejou, tudo quanto pediu, além de que lhe dera espontaneamente, da sua munificência real. Então voltou e foi para a sua terra, ela e os seus servos.
14 Ora, o peso do ouro que se trazia a Salomão cada ano era de seiscentos e sessenta e seis talentos de ouro,
15 além do que vinha dos vendedores ambulantes, e do tráfico dos negociantes, e de todos as reis da Arábia, e dos governadores do país.
16 Também o rei Salomão fez duzentos paveses de ouro batido; de seiscentos siclos de ouro mandou fazer cada pavês;
17 do mesmo modo fez também trezentos escudos de ouro batido; de três minas de ouro mandou fazer cada escudo. Então e rei os pôs na casa do bosque do Líbano.
18 Fez mais o rei um grande trono de marfim, e o revestiu de ouro puríssimo.
19 Tinha o trono seis degraus, e o alto do trono era redondo pelo espaldar; de ambos os lados tinha braços junto ao assento, e dois leões em pé junto aos braços.
20 E sobre os seis degraus havia doze leões de ambos os lados; outro tal não se fizera em reino algum.
21 Também todos os vasos de beber do rei Salomão eram de ouro, e todos os vasos da casa do bosque do Líbano eram de ouro puro; não havia nenhum de prata, porque nos dias de Salomão a prata não tinha estimação alguma.
22 Porque o rei tinha no mar uma frota de Társis, com a de Hirão; de três em três anos a frota de Társis voltava, trazendo ouro e prata, marfim, bugios e pavões.
23 Assim o rei Salomão excedeu a todos os reis da terra, tanto em riquezas como em sabedoria.
24 E toda a terra buscava a presença de Salomão para ouvir a sabedoria que Deus lhe tinha posto no coração.
25 Cada um trazia seu presente, vasos de prata, vasos de ouro, vestidos, armaduras, especiarias, cavalos e mulas; isso faziam cada ano.
26 Também ajuntou Salomão carros e cavaleiros, de sorte que tinha mil e quatrocentos carros e doze mil cavaleiros, e os distribuiu pelas cidades dos carros, e junto ao rei em Jerusalém.
27 E o rei tornou a prata tão comum em Jerusalém como as pedras, e os cedros tantos em abundância como os sicômoros que há pelas campinas.
28 Os cavalos que Salomão tinha eram trazidos do Egito e de Coa; os mercadores do rei os recebiam de Coa por preço determinado.
29 E subia e saía um carro do Egito por seiscentos siclos de prata, e um cavalo por cento e cinquenta; e assim, por intermédio desses mercadores, eram exportados para todos os reis dos heteus e para os reis da Síria.” (I Rs 10.1-29).



I Reis 11

Transformando Bênção em Maldição

É dito em I Reis 11.4 que foi no tempo da velhice de Salomão que suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses, de maneira que o seu coração já não era perfeito na constância e fidelidade em seguir ao Senhor, assim como havia feito Davi, seu pai.
Isto deve ser enfatizado logo de início para que se faça justiça não somente ao homem, mas sobretudo à eleição de Deus relativa a Salomão, porque ele não foi o homem pervertido que muitos costumam proclamar.
O Inimigo costuma usar de meios para afastar as pessoas da presença de Deus, e um deles que é muito usado por ele, no caso dos homens, é a união deles pelos laços do amor eros a mais de uma mulher, desviando-os assim do propósito original de Deus, relativo à instituição do matrimônio.
Muitos têm quebrado as suas cabeças com as suas próprias costelas. Porque são costelas que agregaram a si fora da vontade do Senhor.
E o diabo usará fatalmente as mulheres que um homem tenha além da sua própria esposa, para afastá-lo dos caminhos de Deus.
Foi esta a causa de Salomão ter se desviado destes caminhos, na parte final da sua vida.
O problema não era apenas o de desordem familiar e do elevado custo para manter todas aquelas mil mulheres (700 princesas e 300 concubinas), mas principalmente o fato de serem em sua grande maioria mulheres pagãs, que adoravam outros deuses.
Para não desagradá-las, e para não ofender as nações com as quais havia se aliançado através do casamento com estas princesas, Salomão acabou erigindo altares para a adoração destes falsos deuses, e chegou inclusive a construir um deles, dedicado a Quemós, deus dos moabitas, no monte que ficava defronte de Jerusalém, e ao próprio Moloque, divindade dos amonitas, ao qual eram oferecidas crianças como holocausto (v. 7,8).
E Deus havia feito menção especialmente a Moloque na Lei de Moisés, como sendo uma abominação que os israelitas deveriam evitar a todo custo:
“Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar pelo fogo; nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor.” (Lev 18.21).
Salomão havia transgredido o mandamento expresso do Senhor de que os israelitas não se casassem com mulheres de outras terras, que servissem a falsos deuses (I Reis 11.2), e não somente quebrou o mandamento de que os reis de Israel não deveriam multiplicar para si mulheres e cavalos (Dt 17.16, 17). E acabou quebrando um mandamento que é uma grande abominação para o Senhor, que é a adoração de outros deuses.
Certamente, ainda que ele não tenha perdido a sua salvação, como qualquer outro cristão, em razão da promessa de eterna misericórdia que receberam da parte de Deus, e que foi feita a Davi, em relação a Salomão (II Sm 7.12-15), no entanto não deve ter sido deixado sem a justa correção de Deus, como Ele havia prometido que faria em II Sm 7.14:
“Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, e com açoites de filhos de homens;”.
E o maior açoite que Salomão recebeu da parte de Deus ainda em vida foi o de ver o seu servo de confiança, Jeroboão, que viria a reinar sobre o Reino do Norte (Israel) não teve a mesma fidelidade e sabedoria de Davi quando foi ungido rei pelo Senhor, enquanto Saul ainda vivia, pois ao contrário de Davi, que honrou Saul até o dia da sua morte, e não levantou sua mão contra ele, Jeroboão levantou a sua contra Salomão, e isto deve ter sido feito por lhe ter declarado que lhe havia sido dado por Deus o reino sobre todas as tribos de Israel, exceto Judá, e ele deve ter tomado algum tipo de iniciativa para assumir logo o reino, porque ele tinha recebido, de há muito, da parte do próprio Salomão, autoridade para superintender os seus negócios em toda a casa de José, que é uma referência às tribos de Israel, que eram encabeçadas pela tribo de Efraim, cujo patriarca era filho de José.
Como Salomão havia perdido a comunhão com o Senhor, em razão da adoração dos falsos deuses, ele não se sujeitou ao Seu juízo, e ao contrário do que fez seu pai Davi, em relação a Absalão e a Simei, que reconheceu terem agido contra ele em razão do pecado que havia cometido com Bate-Seba, tentou impedir o cumprimento da palavra do Senhor dada através do profeta Aías, procurando matar Jeroboão, o qual teve que buscar refúgio no Egito (v. 40), onde permaneceu até a morte de Salomão.
É possível que o Senhor tenha abreviado os dias de Salomão sobre o reino de todo o Israel, porque ele havia quebrado a promessa que lhe havia feito de que receberia longevidade caso andasse nos mandamentos, estatutos e Juízos do Senhor  (I Rs 3.14), quando lhe apareceu em Gibeom.
E não foi em paz que ele desceu à sepultura, porque a grande paz que havia experimentado nos dias da sua fidelidade ao Senhor foi perdida por ele e marcada não apenas na aflição que lhe dera Jeroboão, mas no ter permitido que se levantassem contra ele o rei Hadade de Edom, que havia sido criado no Egito nos dias de Davi, por terem os edomitas sido assolados por Joabe, e sendo ele ainda menino fugiu para o Egito tendo recebido tratamento devido a um exilado de estirpe real, porque sua família fazia parte da realeza; e também o rei Rezom de Zobá da Síria, que igualmente guardava rancor contra Israel por tudo o que havia sido feito contra eles nos dias de Davi.
Que força estes reis teriam para afligir o reino de Israel nos dias de Salomão caso o Senhor não lhe tivesse entregado nas mãos deles, por causa da Sua grande ira contra a sua idolatria?
Mas como o Senhor é fiel no cumprimento das Suas promessas, determinou que a divisão do reino de Israel não seria feita nos próprios dias de Salomão, poupando-lhe assim desta grande queda e humilhação para toda a glória, riquezas e sabedoria que lhe haviam sido dadas.
Esta divisão ocorreria nos dias em que estivesse reinando o seu filho Roboão, que ele havia gerado com uma amonita, e que certamente, carregava consigo as influências da idolatria que havia recebido tanto da parte do seu pai, nos seus últimos dias de vida, e de sua mãe, desde a mais tenra idade.
Seria neste descendente que Salomão receberia o juízo sobre a sua idolatria.
Ele havia deixado esta herança para Israel e eles se deixaram levar pela idolatria do rei, e agora receberiam também a visitação do seu pecado, pela separação do povo em duas nações, quebrando-se desta forma a unidade federativa das doze tribos, que caminhavam juntas desde os dias do patriarca Jacó, cujo nome Deus havia mudado para Israel.    
Salomão fez um mau uso da sabedoria que Deus lhe havia dado, quando se entregou à idolatria.
O impacto psicológico do efeito da idolatria de Salomão no povo, deve ser considerado, em razão do peso da glória terrena do seu reino.
Isto facilitaria o arraigamento da idolatria.
A bênção viraria uma maldição, pelo mau uso dos dons recebidos por Salomão.
Onde estavam os príncipes e sacerdotes quando Salomão começou a introduzir a idolatria em Israel?
Nada se diz quanto a ter sido confrontado desde o início quer pelos sacerdotes, quer pelos profetas.
Somente no final de sua vida que Aías foi levantado pelo Senhor para ditar os Seus juízos sobre o seu pecado.
Eles haviam esquecido da glória que havia enchido o templo quando este foi consagrado ao Senhor?
Salomão havia caído, ainda que não numa queda final, por causa da misericórdia prometida por Deus, e com ele caiu todo o Israel.
Toda a glória terrena do seu reino havia dado naquilo e não seria todo o ouro que ele havia juntado, que poderia mudar um só centímetro dos juízos que haviam sido determinados pelo Senhor.
   Ainda que tenha se arrependido de sua idolatria, quando estava próxima a sua morte, e ainda que tivesse confessado o erro de se adorar falsos deuses, isto não mudaria no entanto os juízos que o Senhor traria sobre Israel.
Bem fará portanto, o povo do Senhor, em evitar o pecado sob todas as suas formas, para que não tenha que ser submetido às dolorosas correções que Deus lhe aplicará na condição de Pai que corrige aos filhos que ama.
Não devemos nos iludir com a ausência de correções imediatas aos pecados que praticamos, porque Deus é longânimo, mas a sua longanimidade não suspende os seus juízos, e logo, logo, ainda que possa parecer demorado, um Aías virá a nós da parte do Senhor, para protestar contra os nossos pecados e proclamar as correções que nos serão aplicadas por Ele.




“1 Ora, o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e heteias,
2 das nações de que o Senhor dissera aos filhos de Israel: Não ireis para elas, nem elas virão para vós; doutra maneira perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão, levado pelo amor.
3 Tinha ele setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração.
4 Pois sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e seu coração já não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai;
5 Salomão seguiu a Astarete, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos amonitas.
6 Assim fez Salomão o que era mau aos olhos do Senhor, e não perseverou em seguir, como fizera Davi, seu pai.
7 Nesse tempo edificou Salomão um alto a Quemós, abominação dos moabitas, sobre e monte que está diante de Jerusalém, e a Moloque, abominação dos amonitas.
8 E assim fez para todas as suas mulheres estrangeiras, as quais queimavam incenso e ofereciam sacrifícios a seus deuses.
9 Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto o seu coração se desviara do Senhor Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera,
10 e lhe ordenara expressamente que não seguisse a outros deuses. Ele, porém, não guardou o que o Senhor lhe ordenara.
11 Disse, pois, o Senhor a Salomão: Porquanto houve isto em ti, que não guardaste a meu pacto e os meus estatutos que te ordenei, certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo.
12 Contudo não o farei nos teus dias, por amor de Davi, teu pai; da mão de teu filho o rasgarei.
13 Todavia não rasgarei o reino todo; mas uma tribo darei a teu filho, por amor de meu servo Davi, e por amor de Jerusalém, que escolhi.
14 O Senhor levantou contra Salomão um adversário, Hadade, o edomeu; o qual era da estirpe real de Edom.
15 Porque sucedeu que, quando Davi esteve em guerra contra Edom, tendo Joabe, o chefe do exército, subido a enterrar os mortos, e ferido a todo varão em Edom
16 (porque Joabe ficou ali seis meses com todo o Israel, até que destruiu a todo varão em Edom),
17 Hadade, que era ainda menino, fugiu para o Egito com alguns edomeus, servos de seu pai.
18 Levantando-se, pois, de Midiã, foram a Parã; e tomando consigo homens de Parã, foram ao Egito ter com Faraó, rei do Egito, o qual deu casa a Hadade, proveu-lhe a subsistência, e lhe deu terras.
19 E Hadade caiu tanto em graça a Faraó, que este lhe deu por mulher a irmã de sua mulher, a irmã da rainha Tafnes.
20 Ora, desta irmã de Tafnes nasceu a Hadade seu filho Genubate, o qual Tafnes criou na casa de Faraó, onde Genubate esteve entre os filhos do rei.
21 Ouvindo, pois, Hadade no Egito que Davi adormecera com seus pais, e que Joabe, chefe do exército, era morto, disse o Faraó: Deixa-me ir, para que eu volte à minha terra.
22 Perguntou-lhe Faraó: Que te falta em minha companhia, que procuras partir para a tua terra? Respondeu ele: Nada; todavia, peço que me deixes ir.
23 Deus levantou contra Salomão ainda outro adversário, Rezom, filho de Eliadá, que tinha fugido de seu senhor Hadadézer, rei de Zobá.
24 Pois ele ajuntara a si homens, e se fizera capitão de uma tropa, quando Davi matou os de Zobá; e, indo-se para Damasco, habitaram ali; e fizeram-no rei em Damasco.
25 E foi adversário de Israel por todos os dias de Salomão, e isto além do mal que Hadade fazia; detestava a Israel, e reinava sobre a Síria.
26 Também Jeroboão, filho de Nebate, efrateu de Zeredá, servo de Salomão, cuja mãe era viúva, por nome Zeruá, levantou a mão contra o rei.
27 E esta foi a causa por que levantou a mão contra o rei: Salomão tinha edificado a Milo, e cerrado a brecha da cidade de Davi, seu pai.
28 Ora, Jeroboão era homem forte e valente; e vendo Salomão que este mancebo era laborioso, colocou-o sobre toda a carga imposta à casa de José.
29 E sucedeu naquele tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o profeta Aías, o silonita, o encontrou no caminho; este se tinha vestido duma capa nova; e os dois estavam sós no campo.
30 Então Aías pegou na capa nova que tinha sobre si, e a rasgou em doze pedaços.
31 E disse a Jeroboão: Toma estes dez pedaços para ti, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei dez tribos.
32 Ele, porém, terá uma tribo, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que escolhi dentre todas as tribos de Israel.
33 Porque me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos amonitas; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o que parece reto aos meus olhos, e para guardarem os meus estatutos e os meus preceitos, como o fez Davi, seu pai.
34 Todavia não tomarei da sua mão o reino todo; mas deixá-lo-ei governar por todos os dias da sua vida, por amor de Davi, meu servo, a quem escolhi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos.
35 Mas da mão de seu filho tomarei e reino e to darei a ti, isto é, as dez tribos.
36 Todavia a seu filho darei uma tribo, para que Davi, meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, a cidade que escolhi para ali pôr o meu nome.
37 Então te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma, e serás rei sobre Israel.
38 E há de ser que, se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares pelos meus caminhos, e fizeres o que é reto aos meus olhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como o fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa firme, como o fiz para Davi, e te darei Israel.
39 E por isso afligirei a descendência de Davi, todavia não para sempre.
40 Pelo que Salomão procurou matar Jeroboão; porém este se levantou, e fugiu para o Egito, a ter com Sisaque, rei de Egito, onde esteve até a morte de Salomão.
41 Quanto ao restante dos atos de Salomão, e a tudo o que ele fez, e à sua sabedoria, porventura não está escrito no livro dos atos de Salomão?
42 O tempo que Salomão reinou em Jerusalém sobre todo o Israel foi quarenta anos.
43 E Salomão dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi, seu pai; e Roboão, seu filho, reinou em seu lugar.” (I Rs 11.1-43).



I Reis 12

A Causa da Divisão do Reino de Israel

Foi de tal ordem o juízo de Deus determinado sobre a idolatria de Salomão, que ele não visitou com juízos terríveis a idolatria dos bezerros de ouro instituída por Jeroboão em Dã e em Betel, pondo termo logo na origem a tudo o que se haveria de seguir naquele reino, pois além do culto aos bezerros Jeroboão instituiu sacerdotes para o seu culto, que não eram levitas, para queimarem incenso e oferecerem sacrifícios, não somente onde se encontravam os bezerros, mas em todos os altares que mandou erigir em Israel (v. 26 a 33).
Com isto, Deus os deixou entregues a si mesmos, por um bom período, para que  bebessem da água amarga da idolatria e recebessem a paga da nulidade que há em servir outros deuses, porque não podem livrar no dia da angústia, e como de fato ocorreu com eles durante todo o período de existência daquele reino até 722 a.C., quando foram desterrados por todas as nações pelos assírios.
Não houve, em todo o período da história do Reino do Norte, um só rei que andasse nos caminhos do Senhor, e que fizesse o povo retornar da sua idolatria para o seu Deus.
Nem mesmo os profetas que o Senhor enviou a eles, como Amós com sua dura mensagem contra o pecado, e nem os milagres poderosos realizados por Elias e Eliseu, assim como os juízos que o Senhor estabeleceu sobre os profetas e sacerdotes de Baal, conseguiu arrancar a idolatria que havia se arraigado no coração deles.
É muito triste pensar que tudo isto começou, não com Jeroboão, que foi quem deu seguimento ao culto aos falsos deuses, mas com Salomão, que reintroduziu e espalhou por todo Israel altares para satisfazer o desejo de suas mulheres pagãs.
Um grande líder que tenha sido usado pelo Senhor, por um grande período para abençoar o seu povo, pode ser o mesmo que venha a conduzi-lo à ruína, por se afastar dos caminhos de Deus, e passar a ensinar o erro em vez da verdade do evangelho.
Aqueles que seguiram o mau exemplo de Salomão no final de sua vida foram arruinados espiritualmente tal como ele.
Mas aqueles que perseveram em sua fidelidade ao Senhor fizeram a única e melhor escolha, não seguindo os passos de Salomão.
Jeroboão estava agindo por motivos políticos e não religiosos, quando instituiu o culto aos bezerros, e disseminou altares para sacrifícios por todo o Reino do Norte, porque temia que o povo o abandonasse unindo-se a Roboão, caso continuassem se dirigindo a Jerusalém para celebrarem as três festas anuais.
Na verdade, ele transgrediu mais o segundo mandamento (“não farás para ti imagens de escultura”) do que o primeiro (“não terás outros deuses diante de mim”), porque alegava que tanto os bezerros de ouro de Dã e Betel, quanto os altares que levantara tinham em mira o culto ao Deus de Israel.
No entanto, quando o culto ao Senhor transgride as normas que foram por ele determinadas, este culto não pode de modo nenhum ser dito que é feito para o Deus único e verdadeiro, senão torna-se num culto a outros deuses, porque são inspirados por demônios e dirigidos pela própria vontade e imaginação dos homens.
Tanto é assim, que o Senhor havia visitado com juízos terríveis o culto do bezerro que os israelitas haviam promovido, quando haviam saído do Egito, sob a alegação de que aquele bezerro era o Deus que lhes havia libertado da dura servidão.
O culto a outros deuses está pois também associado ao culto e adoração de imagens de escultura, ainda que seja sob a alegação de que elas se referem ao Deus verdadeiro.
Deus sabia que não poderia achar coisas boas em Israel para dar continuidade com eles na história de redenção, e assim, os separou providencialmente dos de Judá, de modo que preservasse um remanescente fiel entre eles, para que depois de terem retornado do cativeiro em Babilônia, pudesse reconstruir com eles a vida religiosa da nação, de maneira que pudesse trazer através deles o Messias prometido.
E o meio que foi utilizado para esta separação foi a falta de sabedoria política de Roboão, que apesar de contar com quarenta e um anos de idade, quando começou a reinar (14.21), não era dotado da mesma sabedoria que Deus havia dado ao seu pai, e no desejo de manter a mesma grandeza do reino que havia herdado, e que era sustentada por elevados impostos, não deu ouvido ao clamor do povo que pedia a redução destes, e deixando de dar ouvido ao sábio conselho que lhes deram os anciãos do reino, seguiu o conselho que agradava aquilo que estava no seu coração, que era manter e até aumentar todo o fausto da corte imperial, e por isso disse ao povo que não reduziria a carga de impostos, que eram cobrados pelo seu pai, e ainda a aumentaria em muito.
O texto bíblico diz que isto vinha da parte do Senhor, para que ocorresse a cisão, tanto que quando Roboão tentou fazer prevalecer a sua vontade, pelo uso da força, arregimentando um exército de 180.000 mil homens de Judá e de Benjamim, para combater os demais israelitas, Deus lhe enviou o profeta Semaías (v. 22), que disse que aquela separação vinha dEle, e portanto seria inútil qualquer revolução para a retomada do poder.




“1 Foi então Roboão para Siquém, porque todo o Israel se congregara ali para fazê-lo rei.
2 E Jeroboão, filho de Nebate, que estava ainda no Egito, para onde fugira da presença do rei Salomão, ouvindo isto, voltou do Egito.
3 E mandaram chamá-lo; Jeroboão e toda a congregação de Israel vieram, e falaram a Roboão, dizendo:
4 Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia a dura servidão e o pesado jugo que teu pai nos impôs, e nós te serviremos.
5 Ele lhes respondeu: Ide-vos até o terceiro dia, e então voltai a mim. E o povo se foi.
6 Teve o rei Roboão conselho com os anciãos que tinham assistido diante de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, e perguntou-lhes: como aconselhais vós que eu responda a este povo?
7 Eles lhe disseram: Se hoje te tornares servo deste povo, e o servires, e, respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, eles serão para sempre teus servos.
8 Ele, porém, deixou o conselho que os anciãos lhe deram, e teve conselho com os mancebos que haviam crescido com ele, e que assistiam diante dele,
9 perguntando-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me disse: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?
10 E os mancebos que haviam crescido com ele responderam-lhe: A este povo que te falou, dizendo: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.
11 Assim que, se meu pai vos carregou dum jugo pesado, eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões.
12 Veio, pois, Jeroboão com todo o povo a Roboão ao terceiro dia, como o rei havia ordenado, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia.
13 E o rei respondeu ao povo asperamente e, deixando o conselho que os anciãos lhe haviam dado,
14 falou-lhe conforme o conselho dos mancebos, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda o aumentarei; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.
15 O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porque esta mudança vinha do Senhor, para confirmar a palavra que o Senhor dissera por intermédio de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.
16 Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, respondeu-lhe, dizendo: Que parte temos nós em Davi? Não temos herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Agora olha por tua casa, ó Davi! Então Israel se foi para as suas tendas.
17 (Mas quanto aos filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá, sobre eles reinou Roboão.)
18 Então o rei Roboão enviou-lhes Adorão, que estava sobre a leva de tributários servis; e todo o Israel o apedrejou, e ele morreu. Pelo que o rei Roboão se apressou a subir ao seu carro e fugiu para Jerusalém.
19 Assim Israel se rebelou contra a casa de Davi até o dia de hoje.
20 Sucedeu então que, ouvindo todo o Israel que Jeroboão tinha voltado, mandaram chamá-lo para a congregação, e o fizeram rei sobre todo o Israel; e não houve ninguém que seguisse a casa de Davi, senão somente a tribo de Judá.
21 Tendo Roboão chegado a Jerusalém, convocou toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil homens escolhidos, destros para a guerra, para pelejarem contra a casa de Israel a fim de restituírem o reino a Roboão, filho de Salomão.
22 Veio, porém, a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo:
23 Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá e de Benjamim, e ao resto do povo, dizendo:
24 Assim diz o Senhor: Não subireis, nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque de mim proveio isto. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo o seu mandado.
25 Jeroboão edificou Siquém, na região montanhosa de Efraim, e habitou ali; depois, saindo dali, edificou Penuel.
26 Disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino para a casa de Davi.
27 Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o seu coração se tornará para o seu senhor, Roboão, rei de Judá; e, matando-me, voltarão para Roboão, rei de Judá.
28 Pelo que o rei, tendo tomado conselho, fez dois bezerros de ouro, e disse ao povo: Basta de subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.
29 E pôs um em Betel, e o outro em Dã.
30 Ora, isto se tornou em pecado; pois que o povo ia até Dã para adorar o ídolo.
31 Também fez casas nos altos, e constituiu sacerdotes dentre o povo, que não eram dos filhos de Levi.
32 E Jeroboão ordenou uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se celebrava em Judá, e sacrificou no altar. Semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que tinha feito; também em Betel estabeleceu os sacerdotes dos altos que fizera.
33 Sacrificou, pois, no altar, que fizera em Betel, no dia décimo quinto do oitavo mês, mês que ele tinha escolhido a seu bel prazer; assim ordenou uma festa para os filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso.” (I Rs 12.1-33).




I Reis 13

O Zelo de Deus pela Sua Palavra

Não é sem motivo que o livro de Crônicas omite quase tudo o que se refere à história dos reis de Israel (Reino do Norte), porque desde a inauguração daquele reino com Jeroboão, que os israelitas se desviaram dos caminhos do Senhor, e passaram a viver como todas as demais nações pagãs.
E assim, como estas não eram dignas de terem os seus feitos registrados na Palavra de Deus, de igual modo, esta honra foi retirada de Israel, quando o povo de Judá voltou do cativeiro babilônico, e foram escritos os livros de Crônicas para incentivar os judeus a reconstruírem a vida da nação em torno das coisas relativas ao trono de Davi, e dos seus sucessores em Judá.
Mas, para o nosso ensino e advertência, quanto ao que sucede àqueles que voltam as suas costas para o Senhor, foi ordenado por Ele que ficasse registrado nos livros dos Reis toda a história relativa ao reino apóstata de Israel.
O Reino do Norte somente não foi abandonado definitivamente por Deus, por causa da promessa que Ele havia feito aos patriarcas de ser o Deus dos seus descendentes, e também porque muitos deles, ao verem o que sucedia em Judá com os reis que andaram nos Seus caminhos, desertaram do Reino do Norte e vieram habitar em Judá e em Benjamim, para fugirem da idolatria que imperava em Israel.
Deus não era apenas o Deus da tribo de Judá e Benjamim, mas de todas as demais tribos de Israel.
E mesmo na infidelidade deles à aliança, e anulando a mesma, por estarem transgredindo os Seus mandamentos, Ele os suportou na Sua longanimidade e lhes enviou profetas para chamá-los ao arrependimento, tal com havia feito no período dos Juízes.
Mas se eles foram poupados naquele período, porque sempre se arrependiam e voltavam para o Senhor, agora já não voltavam mais a servi-lo como nação, com fidelidade, em nenhuma das gerações do período do Reino do Norte, e por isso foram expulsos da terra que lhes havia sido dada por promessa, e não temos nenhum registro de que alguns destes que foram levados cativos, tivessem retornado para lá.
No lugar deles os assírios colocaram povos de outras nações, que se misturando com o remanescente de Israel, que permaneceu na terra, deu origem aos samaritanos, que tanto cultuavam ao Deus de Israel, por influência do que haviam aprendido com estes israelitas, quanto os falsos deuses, que eles adoravam em suas terras de origem.
No verso 11 de I Reis 12 é dito que residia um velho profeta em Betel, um dos locais em que Jeroboão havia colocado um dos bezerros de ouro, e um altar para serem apresentados sacrifícios ao mesmo.
No entanto, tudo indica que este profeta havia se acomodado ao culto instituído por Jeroboão, de modo a não sofrer qualquer tipo de perseguição, caso protestasse contra aquele culto idólatra.
Era um homem de Deus que havia se aposentado por conveniência pessoal, e assim, quando Deus quis protestar contra o culto que Jeroboão realizava em Betel, não usou este homem que fizera a si mesmo um desacreditado, mas a um profeta que veio de Judá e do qual se diz que era homem de Deus, indicando o seu caráter de ser alguém que se consagrara ao Seu serviço (I Reis 12.1), e ele chegou ao altar de Betel, no justo momento que o rei Jeroboão se preparava para queimar incenso nele.
E ele profetizou contra o altar do bezerro de Betel, que um filho que nasceria à casa de Davi, cujo nome seria Josias, sacrificaria sobre ele os falsos sacerdotes que ministravam a mando de Jeroboão, oferecendo sacrifícios e queimando incenso, e que ossos humanos seriam queimados por Josias naquele altar (I Reis 12.2).
Para confirmar que aquelas palavras provinham do Senhor disse que Ele lhes daria um sinal naquele instante, fazendo com que o altar se fendesse, e as cinzas que estavam sobre ele seriam derramadas (v. 3).
No momento mesmo que esta palavra foi liberada, Jeroboão estendeu a mão com a qual estava oferecendo incenso sobre o altar e a voltou na direção do profeta, ordenando que ele fosse preso, e na mesma hora a sua mão secou e ele não podia movê-la (v. 4).
Simultaneamente, o altar se fendeu e a cinza se derramou conforme o profeta havia afirmado que ocorreria como um sinal da parte de Deus de que a palavra proferida contra o altar seria cumprida no tempo apropriado (v. 5).
Josias seria levantado como rei de Judá e daria cumprimento a esta palavra cerca de 300 anos depois.
Jeroboão rogou ao profeta que ele intercedesse em seu favor junto do Senhor Deus dele (do profeta) para que a sua mão fosse curada.
E tendo o profeta orado ela ficou como antes (v. 6).
Isto foi feito pelo Senhor para manter o Seu profeta em segurança, de maneira que Jeroboão temesse fazer qualquer mal contra ele.
Mas este acabou contribuindo, ainda que indiretamente, para que o mal lhe sobreviesse, porque tendo tentado ganhar o seu favor, ofereceu-lhe amizade chamando-o à sua casa para recompensar-lhe por ter orado em seu favor e ter tido a sua mão restaurada por Deus.
Ele devia pensar que agradando ao profeta talvez pudesse também agradar a Deus, de modo que ele voltasse atrás no juízo que havia proferido contra ele.
Afinal, não foi o profeta que orou para que a sua mão secasse, e aquilo lhe sobreveio por uma intervenção direta da parte de Deus.
Mas, tendo recusado o convite de Jeroboão e declarado a ele tudo o que o Senhor lhe havia ordenado, e que ele, por motivo de prudência, não necessitava ter declarado a ninguém, acabaria em apuros, em razão de ter falado mais do que devia, pois uma vez tendo tornado do conhecimento de todos que Deus lhe havia proibido comer pão e beber água naquela terra, e que deveria retornar a Judá por outro caminho, diferente daquele através do qual havia se dirigido a Betel (v. 8 a 10), acabaria trazendo confusão e desconfiança, quanto à veracidade da profecia que havia proferido, caso contrariasse isto que acabara de divulgar, como tendo também sido ordenado por Deus.
Assim, ele voltou por um outro caminho diferente do que havia chegado a Betel, e estava  com isto dando mais uma prova de que falara de fato da parte do Senhor.
Certamente, foi o diabo que levantou o velho profeta para mentir ao homem de Deus, lhe dizendo que este lhe enviara um anjo modificando as suas ordens iniciais.
O alvo do diabo era o de trazer descrédito à profecia proferida a Jeroboão, uma vez que o homem de Deus havia contrariado o que havia afirmado na presença de Jeroboão, quando se permitiu privar da companhia do velho profeta em sua casa, talvez confortado pela ideia que o Senhor havia se compadecido dele, que deveria estar com fome e sede, permitindo que comesse e bebesse em companhia daquele que havia se apresentado a ele como sendo também um profeta do Senhor.
Assim, Deus, que estava preocupado em garantir a segurança do seu servo, teve que intervir de maneira miraculosa, de modo a convencer a todos em Israel que aquela palavra, que havia sido proferida contra o altar era exata e verdadeira, e havia procedido dEle, porque em tendo sido desobedecido no que havia ordenado, teve que estabelecer um juízo à desobediência do profeta, ainda que este tivesse sido enganado, de modo a revelar que a palavra dita a Jeroboão que ele não poderia comer e nem beber água em Betel era  tão verdadeira, quanto a que foi proferida contra o altar.
E isto foi reforçado por um milagre porque o leão que matou o profeta, não o devorou e nem ao jumento que ele montava, tendo ficado ambos parados ao lado do seu cadáver (v. 21, 28).
E ainda para reafirmar a palavra dada, quem profetizou a morte do homem de Deus foi o próprio velho profeta mentiroso, mas naquela hora foi-lhe dado profetizar e a palavra do Senhor na sua boca era verdadeira (v. 21, 22), porque disse que o seu cadáver não entraria no sepulcro dos seus pais em Judá.
E por temer esta palavra dada pelo Senhor o velho profeta não enviou o seu corpo a Judá e providenciou para que ele fosse sepultado em Betel, no seu próprio sepulcro, de modo que quando morresse fosse sepultado no mesmo lugar em que fora enterrado o homem de Deus (v. 30, 31) porque com isto, ele entendeu que ele era de fato um profeta do Senhor, e que a palavra proferida por ele teria cumprimento cabal.
É dito no verso 33, que apesar de todas estas coisas terem sido testemunhadas por Jeroboão, nem assim ele deixou o seu mau caminho e continuou a constituir sacerdotes para os seus altares, e que ele mesmo os consagrava (v. 33).
Mas isto não ficaria sem uma resposta à altura, porque o grande juízo contra Jeroboão não seria apenas a destruição dos seus altares e o extermínio daquele ofício sacerdotal espúrio, mas o que viria sobre ele e a toda a sua casa, de modo que não teria sucessores no trono, porque Deus já havia determinado exterminá-los por causa deste pecado (v. 34).
Todos estes juízos do Senhor continham também uma grande manifestação da Sua misericórdia por Israel, porque muitos viriam a se arrepender da sua idolatria e fugiriam de Israel para Judá, em face de todas estas coisas que estavam sendo realizadas pelo Senhor contra a idolatria deles e de Jeroboão.      






“1 Eis que, por ordem do Senhor, veio de Judá a Betel um homem de Deus; e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso.
2 E o homem clamou contra o altar, por ordem do Senhor, dizendo: Altar, altar! assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias; e qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti.
3 E deu naquele mesmo dia um sinal, dizendo: Este é o sinal de que o Senhor falou; Eis que o altar se fenderá, e a cinza que está sobre ele se derramará.
4 Sucedeu pois que, ouvindo o rei Jeroboão a palavra que o homem de Deus clamara contra o altar de Betel, estendeu a mão de sobre o altar, dizendo: Pegai-o! E logo, a mão que estendera contra ele secou-se, de modo que não podia tornar a trazê-la a si.
5 E o altar se fendeu, e a cinza se derramou do altar, conforme o sinal que o homem de Deus, por ordem do Senhor, havia dado.
6 Então respondeu o rei, e disse ao homem de Deus: Suplica ao Senhor teu Deus, e roga por mim, para que se me restitua a minha mão. Pelo que o homem de Deus suplicou ao Senhor, e a mão do rei se lhe restituiu, e ficou como dantes.
7 Disse então o rei ao homem de Deus: Vem comigo a minha casa, e conforta-te, e dar-te-ei uma recompensa.
8 Mas o homem de Deus respondeu ao rei: Ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão, nem beberia água neste lugar.
9 Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: Não comas pão, nem bebas água, nem voltes pelo caminho por onde vieste.
10 Ele, pois, se foi por outro caminho, e não voltou pelo caminho por onde viera a Betel.
11 Ora, morava em Betel um velho profeta. Seus filhos vieram contar-lhe tudo o que o homem de Deus fizera aquele dia em Betel; e as palavras que ele dissera ao rei, contaram-nas também a seu pai.
12 Perguntou-lhes seu pai: Por que caminho se foi? pois seus filhos tinham visto o caminho por onde fora o homem de Deus que viera de Judá.
13 Então disse a seus filhos: Albardai-me o jumento. E albardaram-lhe o jumento, no qual ele montou.
14 E tendo ido após o homem de Deus, achou-o sentado debaixo de um carvalho, e perguntou-lhe: És tu o homem de Deus que vieste de Judá? Respondeu ele: Sou.
15 Então lhe disse: Vem comigo a casa, e come pão.
16 Mas ele tornou: Não posso voltar contigo, nem entrar em tua casa; nem tampouco comerei pão, nem beberei água contigo neste lugar;
17 porque me foi mandado pela palavra de Senhor: Ali não comas pão, nem bebas água, nem voltes pelo caminho por onde vieste.
18 Respondeu-lhe o outro: Eu também sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo a tua casa, para que coma pão e beba água. Mas mentia-lhe.
19 Assim o homem voltou com ele, comeu pão em sua casa, e bebeu água.
20 Estando eles à mesa, a palavra do Senhor veio ao profeta que o tinha feito voltar;
21 e ele clamou ao homem de Deus que viera de Judá, dizendo: Assim diz o Senhor: Porquanto foste rebelde à ordem do Senhor, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te mandara,
22 mas voltaste, e comeste pão e bebeste água no lugar de que te dissera: Não comas pão, nem bebas água; o teu cadáver não entrará no sepulcro de teus pais.
23 E, havendo eles comido e bebido, albardou o jumento para o profeta que fizera voltar.
24 Este, pois, se foi, e um leão o encontrou no caminho, e o matou; o seu cadáver ficou estendido no caminho, e o jumento estava parado junto a ele, e também o leão estava junto ao cadáver.
25 E, passando por ali alguns homens, viram o cadáver estendido no caminho, e o leão ao lado dele. Foram, pois, e o disseram na cidade onde o velho profeta habitava.
26 Quando o profeta que o fizera voltar do caminho ouviu isto, disse: É o homem de Deus, que foi rebelde à palavra do Senhor; por isso o Senhor o entregou ao leão, que o despedaçou e matou, segundo a palavra que o Senhor lhe dissera.
27 E disse a seus filhos: Albardai-me o jumento. Eles lho albardaram.
28 Então foi e achou o cadáver estendido no caminho, e o jumento e o leão, que estavam parados junto ao cadáver; o leão não o havia devorado, nem havia despedaçado o jumento.
29 Então e profeta levantou o cadáver do homem de Deus e, pondo-o em cima do jumento, levou-o consigo; assim veio o velho profeta à cidade para o chorar e o sepultar.
30 E colocou o cadáver no seu próprio sepulcro; e prantearam-no, dizendo: Ah, irmão meu!
31 Depois de o haver sepultado, disse a seus filhos. Quando eu morrer, sepultai-me no sepulcro em que o homem de Deus está sepultado; ponde os meus ossos junto aos ossos dele.
32 Porque certamente se cumprirá o que, pela palavra de Senhor, clamou, contra o altar que está em Betel, como também contra todas as casas dos altos que estão nas cidades de Samaria.
33 Nem depois destas coisas deixou Jeroboão o seu mau caminho, porém tornou a fazer dentre todo o povo sacerdotes dos lugares altos; e a qualquer que o queria consagrava sacerdote dos lugares altos.
34 E isso foi causa de pecado à casa de Jeroboão, para destruí-la e extingui-la da face da terra.” (I Rs 13.1-34).




I Reis 14

O Juízo Começa pelos da Casa do Senhor

Quando o Senhor começou a julgar a casa de Jeroboão, conforme nós vimos no último verso do capítulo precedente, que Ele havia determinado destruir e extinguir a sua casa da face da terra, Ele o fez a partir do melhor deles, como vemos no verso 13 deste 14º capítulo de I Reis, do qual o Senhor deu testemunho pela boca do profeta Aías que “se achou nele cousa boa para com o Senhor Deus de Israel em casa de Jeroboão”.
Estamos falando de Abias, filho de Jeroboão, e que era ainda um menino e que fora enfermado pelo Senhor.
Deus havia proferido um juízo sobre todos os de sexo masculino da casa de Jeroboão (v.10), de maneira que até mesmo este jovem e fiel crente que Jeroboão tinha em sua casa, também seria morto pelo Senhor, só que Ele lhe daria a honra de ser sepultado e pranteado, diferentemente dos demais homens da casa de Jeroboão, que seriam devorados pelos cães na cidade ou pelas aves de rapina no campo (v.11), como paga de todo o mal que Jeroboão havia feito aos israelitas, desviando-os do Deus deles.
Ele havia conduzido muitos a seguirem o seu mau exemplo, e portanto, seria grande o juízo sobre a sua própria casa, de modo que isto servisse de sinal para Israel, e que muitos deles deixassem de perseverar nos caminhos de Jeroboão, em face do que veriam que o Senhor faria com ele e com todos os de sexo masculino da sua casa, de modo que não poderia ser sucedido no trono por nenhum dos seus descendentes.
Deus havia prometido a Jeroboão fazê-lo rei de dez tribos de Israel, pela boca do profeta Aías, mas ele não andou nos Seus caminhos, conforme lhe havia sido ordenado quando o profeta Aías lhe falou as palavras de Deus.
Aías ainda vivia em Siló, mas não podia mais enxergar por causa da sua velhice, e foi a ele que Jeroboão enviou sua esposa, pedindo que se disfarçasse e perguntasse apenas ao profeta o que sucederia a Abias, que se encontrava gravemente enfermo (I Reis 14.1-3).
 Entretanto, Deus havia revelado antecedentemente o disfarce a Aías (v. 5) e lhe deu palavras de juízo para serem proferidas contra Jeroboão e a sua casa.
Jeroboão pensou que firmaria o seu trono com a sua idolatria e o estratagema político que usara para afastar os israelitas da devoção ao Senhor no templo de Jerusalém, mas foi exatamente isto a causa da sua ruína e dos seus descendentes.
E se Deus começou o Seu juízo a partir do melhor deles, cuja vida não foi poupada, o que não sucederia aos demais?
A morte de Abias seria então um prenúncio de que toda a palavra que havia sido proferida por Aías contra a casa de Jeroboão teria cabal cumprimento.
É bem provável que Abias tenha tido mais do que a honra de ter um sepultamento digno, pois de acordo com o testemunho que o Senhor deu a seu respeito, podemos concluir que ele tenha tido também a elevada honra de ter ido para o céu.
Uma criança fiel a Deus na casa de Jeroboão é um milagre da graça divina.
Ele tem seus eleitos até mesmo debaixo do teto dos Seus inimigos.
Não muito depois, o próprio Jeroboão foi enfermado por Deus e veio a falecer daquela doença (II Crôn 13.20).
Ele reinou 22 anos (v. 20) e foi permitido ainda pelo Senhor que seu filho Nadabe começasse a reinar depois dele, mas este reinou somente dois anos, porque no final deste breve período não somente ele mas todos os descendentes de Jeroboão foram mortos por Baasa, que passou a reinar no lugar de Nadabe (15.28-30).
Os versos 21 a 31 dão uma breve conta das abominações que eram praticadas em Judá no reinado de 17 anos de Roboão.
Judá também edificou altares, colunas e aserins (v.23) e toleravam contra a Lei, a presença de sodomitas na terra (v. 24). Estes eram prostitutos cultuais que promoviam a luxúria pagã da adoração dos falsos deuses.
E para julgar o pecado deles Deus os entregou nas mãos de Sisaque, rei do Egito, no 5º ano do reinado de Roboão, o qual deu contra Jerusalém tomando como despojo os tesouros do templo e do palácio do rei, inclusive os escudos de ouro que Salomão havia feito (v.25, 26).
No lugar destes escudos Roboão fez outros de bronze (v. 27), e isto indicava que a manutenção da glória do reino que ele tanto almejava à custa de elevação de impostos, e não pela fidelidade ao Senhor, estava ficando cada vez mais reduzida, porque esta tomada do tesouro do templo e do seu palácio significava que os problemas econômicos que ele tinha para a manutenção da corte seriam agravados, especialmente pelo fato dele já não poder contar com a divisão do reino, com a provisão mensal de dez tribos de Israel, a qual havia sido instituída por Salomão, com as doze superintendências regionais que tinham o encargo de suprir o reino mensalmente.
Certamente, esta forma de administração teve que ser alterada, e fez sentir seus reflexos na economia do reino, para a qual ele não estava capacitado a reestruturar, e nem mesmo poderia alcançá-lo por conta da sua idolatria, e esta prosperidade somente voltaria sob a regência de Asa e de Josafá, seu filho, por causa da fidelidade deles ao Senhor.
Roboão tinha uma grande cobiça e um grande desejo por honras e glórias, e por isso recebeu do Senhor o oposto disto, porque ele abate os que se exaltam.
Asa e Josafá, que não andaram em busca de riquezas, honras e glórias, mas em fazer a vontade do Senhor, receberam dEle todas estas coisas porque Ele exalta a quem se humilha na Sua presença, e que O busca com um coração sincero.        





“1 Naquele tempo adoeceu Abias, filho de Jeroboão.
2 E disse Jeroboão a sua mulher: Levanta-te, e disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão, e vai a Siló. Eis que lá está o profeta Aías, o qual falou acerca de mim que eu seria rei sobre este povo.
3 Leva contigo dez pães, alguns bolos e uma botija de mel, e vai ter com ele; ele te declarará o que há de suceder a este menino.
4 Assim, pois, fez a mulher de Jeroboão; e, levantando-se, foi a Siló, e entrou na casa de Aías. Este já não podia ver, pois seus olhos haviam cegado por causa da velhice.
5 O Senhor, porém, dissera a Aías: Eis que a mulher de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, que está doente. Assim e assim lhe falarás; porque há de ser que, entrando ela, fingirá ser outra.
6 Sucedeu que, ouvindo Aías o ruído de seus pés, ao entrar ela pela porta, disse: Entra, mulher de Jeroboão; por que te disfarças assim? Pois eu sou enviado a ti com duras novas.
7 Vai, dize a Jeroboão: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Porquanto te exaltei do meio do povo, e te constituí príncipe sobre o meu povo de Israel,
8 e rasguei o reino da casa de Davi, e o dei a ti; todavia não tens sido como o meu servo Davi, que guardou os meus mandamentos e que me seguiu de todo o coração para fazer somente o que era reto aos meus olhos;
9 mas tens praticado o mal, pior do que todos os que foram antes de ti, e foste fizeste para ti outros deuses e imagens de fundição, para provocar-me à ira, e me lançaste para trás das tuas costas;
10 portanto, eis que trarei o mal sobre a casa de Jeroboão, e exterminarei de Jeroboão todo homem, escravo ou livre, em Israel, e lançarei fora os remanescentes da casa de Jeroboão, como se lança fora o esterco, até que de todo se acabe.
11 Quem morrer a Jeroboão na cidade, comê-lo-ão os cães; e o que lhe morrer no campo, comê-lo-ão as aves do céu; porque o Senhor o disse.
12 Levanta-te, pois, e vai-te para tua casa; ao entrarem os teus pés na cidade, o menino morrerá.
13 E todo o Israel o pranteará, e o sepultará; porque de Jeroboão só este entrará em sepultura, porquanto, dos da casa de Jeroboão, só nele se achou alguma coisa boa para com o Senhor Deus de Israel.
14 O Senhor, porém, levantará para si um rei sobre Israel, que destruirá a casa de Jeroboão. Este é o dia! Sim desde agora.
15 Ferirá o Senhor a Israel, como se agita a cana nas águas; e arrancará a Israel desta boa terra que tinha dado a seus pais, e o espalhará para além do rio, porquanto fizeram os seus aserins, provocando o Senhor à ira.
16 E entregará Israel por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou e fez pecar a Israel.
17 Então a mulher de Jeroboão se levantou e partiu, e veio para Tirza; chegando ela ao limiar da casa, o menino morreu.
18 E todo o Israel o sepultou e o pranteou, conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de seu servo Aías, o profeta.
19 Quanto ao restante dos atos de Jeroboão, como guerreou, e como reinou, eis que está escrito no livro das crônicas dos reis de Israel.
20 E o tempo que Jeroboão reinou foi vinte e dois anos. E dormiu com seus pais; e Nadabe, seu filho, reinou em seu lugar.
21 Reinou em Judá Roboão, filho de Salomão. Tinha quarenta e um anos quando começou a reinar, e reinou dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o Senhor escolhera dentre todas as tribos de Israel para pôr ali o seu nome. E era o nome de sua mãe Naamá, a amonita.
22 E fez Judá o que era mau aos olhos do Senhor; e, com os seus pecados que cometeram, provocaram-no a zelos, mais do que o fizeram os seus pais.
23 Porque também eles edificaram altos, e colunas, e aserins sobre todo alto outeiro e debaixo de toda árvore frondosa;
24 e havia também sodomitas na terra: fizeram conforme todas as abominações dos povos que o Senhor tinha expulsado de diante dos filhos de Israel.
25 Ora, sucedeu que, no quinto ano do rei Roboão, Sisaque, rei do Egito, subiu contra Jerusalém,
26 e tomou os tesouros da casa de Senhor e os tesouros da casa do rei; levou tudo. Também tomou todos os escudos de ouro que Salomão tinha feito.
27 Em lugar deles, fez o rei Roboão escudos de bronze, e os entregou nas mãos dos capitães da guarda, que guardavam a porta da casa do rei.
28 E todas as vezes que o rei entrava na casa do Senhor os da guarda levavam os escudos, e depois tornavam a pô-los na câmara da guarda.
29 Quanto ao restante dos atos de Roboão, e a tudo quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá?
30 Houve guerra continuamente entre Roboão e Jeroboão.
31 E Roboão dormiu com seus pais, e foi sepultado com eles na cidade de Davi. Era o nome de sua mãe Naamá, a amonita. E Abião, seu filho, reinou em seu lugar.” (I Rs 14.1-31).



I Reis 15

Fidelidade Também na Prosperidade

Para facilitar a compreensão do comentário deste 15º capítulo de I Reis, em diante, deve ser destacado que nem sempre as referências a filiações correspondem a uma descendência direta, como se vê por exemplo no verso 3 deste 15º capítulo, em que se afirma que Abião era filho de Davi (ele era filho de Roboão, que era filho de Salomão, que era filho de Davi). Assim, onde se lê filho, entenda-se descendente, pois este era um costume antigo muito comum de se chamar de pais aos ancestrais de uma pessoa.
De igual modo, lemos tanto nos versos 2 e 10 que Maaca, filha de Absalão era mãe de Abião e de Asa.
Ora, Asa era filho de Abião, portanto Maaca era avó de Asa e não sua mãe.
Mas ela é citada aqui com destaque porque  não somente ainda se encontrava como rainha mãe nos dias de Asa e tinha também grande influência no Reino do Sul (Judá) posição da qual foi afastada por Asa, por ser idólatra (v. 13).
Isto explica muito da idolatria de Roboão porque ela era sua esposa.
Abião, filho de Roboão reinou apenas três anos e perseverou nos pecados do seu pai, e é também dito dele no verso 3 que o seu coração não foi perfeito para com o Senhor.
Esta afirmação é importante para entendermos que as palavras que ele dirigiu a Jeroboão, conforme se lê em II Crôn 13, não expressam a sua fé e devoção ao Senhor, mas apenas uma afirmação de que Ele estava ao lado da casa de Davi conforme promessa que lhe havia sido feita por Deus no passado de que a sua casa seria confirmada.
Apesar de se dizer que o Senhor ajudou o exército de 400.000 homens de Judá, para vencer o de 800.000 homens de Israel, sob o comando de Jeroboão, tendo sido mortos 500.000 dos seus homens, no entanto isto não ocorreu por causa da fidelidade de Abião, mas pela própria maldade de Jeroboão e pela palavra que o Senhor havia proferido contra ele e Israel.
Judá também seria castigado pelo seu pecado no tempo oportuno, mas por ora, seria o instrumento do juízo de Deus contra o Reino do Norte.
Depois de Abião, reinou Asa, seu filho, em Judá, por 41 anos (v.10).
Em II Crôn 14 a 16 nós encontramos maiores informações sobre o seu longo reinado.
Depois de Davi, ele foi uma pessoa chave para a preservação da fidelidade ao Senhor, por parte do Seu povo, porque representou um corte na idolatria desenfreada que havia começado na parte final do reinado de Salomão.
Tal foi a sua determinação em promover uma reforma religiosa em Judá que até mesmo a rainha mãe (Maaca) foi afastada por ele, apesar de ser sua avó.
Isto comprova o quanto estava devotado ao Senhor, e não temeu a face do homem.
Expulsou os sodomitas de Judá e removeu os ídolos que os seus pais cultuavam (v. 12).
Queimou o aserá que sua avó havia feito (v. 13).
Asa não conseguiu entretanto, remover todos os altares que se encontravam em Judá (v. 14), mas nós vemos no texto paralelo de II Crônicas 14 a 16, que aboliu os altares dos deuses estranhos e o culto nestes altares, e quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos que havia em Judá (II Crôn 14.3, 5).
Além disso, ordenou que Judá buscasse o Senhor guardando a Sua lei e mandamentos (II Crôn 14.4 – doravante, em relação a Asa todas estas referências correspondem a II Crônicas).
E por que ele fez tudo isto?
Somente porque tinha um coração devotado ao Senhor?
Não, ele o fez também e principalmente por ter honrado a Palavra de Deus, pois  passou a conhecer a Sua vontade e o modo como Israel deveria ser conduzido, através das Escrituras, e especialmente de tudo o que foi escrito por Moisés.
E o que se espera dos ministros do evangelho?
Seria algo diferente disto?
Basta apenas que eles manifestem o seu grande desejo de servir o Senhor, ou eles devem também e principalmente dirigir os seus passos mediante a Palavra de Deus?
Poderia o Senhor ser realmente agradado sem isto?
Em razão da fidelidade de Asa, Deus lhe deu repouso em seu reinado, e não houve guerra contra ele naqueles dias de fidelidade, de forma que teve condições de se dedicar à construção de cidades fortificadas em Judá (14.6,7).
A tribo de Benjamim permanecia aliada a Judá, sendo o exército do Reino do Sul nos dias de Asa, composto de 300.000 homens de Judá, e de 280.000 de Benjamim (14.8).
Com estes homens ele conseguiu vencer um exército de um milhão de etíopes e trezentos carros, confiando no Senhor, e fazendo a oração que encontramos em II Crôn 14.11:
“E Asa clamou ao Senhor seu Deus, dizendo: Ó Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força. Acuda-nos, pois, o Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e no teu nome viemos contra esta multidão. Ó Senhor, tu és nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem.” (II Crôn 14.11).
Aquelas mesmas operações miraculosas de Deus, que ocorriam nos dias de Davi, em suas batalhas, voltaram a ocorrer nos dias de Asa, como prova da manifestação do agrado do Senhor pelas reformas que Asa estava empreendendo.
Assim, eles juntaram grande despojo das nações conquistadas (14.13-15).
Por este tempo Deus enviou o profeta Azarias com uma mensagem para Asa e para as tribos de Judá e Benjamim (15.1,2) dizendo-lhes que deveriam prosseguir no caminho da fidelidade buscando ao Senhor porque Ele recompensaria a obra deles (15.2-7).
Quando o povo anda de acordo com a vontade de Deus, a profecia tem esta função de encorajar, consolar, incentivar, mas quando anda contrariamente à Sua vontade ela tem a função de admoestar, repreender e proclamar os juízos de Deus contra o pecado.
Isto ocorreu no 15º ano do reinado de Asa (15.10), e tal foi o impacto das palavras de incentivo que o Senhor lhe dera através do profeta Azarias, que ele intensificou as suas reformas, lançando fora as abominações de Judá e de Benjamim, e reconhecendo que o Senhor era com ele, muitos de Efraim, Manassés e Simeão desertaram do Reino do Norte e se juntaram a ele (15.9).
Eles ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeram uma aliança de buscarem ao Deus de seus pais, de todo o coração e de toda a alma, e que aqueles que não buscassem ao Senhor fossem mortos, ainda que fossem crianças ou mulheres (15.12,13).
Houve grande alegria porque haviam feito tal juramento de todo o coração, e de toda a boa vontade buscaram o Senhor, e Ele lhes deu paz por toda parte (15.15).
E até ao 35º ano do reinado de Asa, não houve guerra contra ele (15.19).
Em face deste testemunho devemos perguntar: vale ou não a pena servir ao Senhor com um coração voluntário?
Se este testemunho das Escrituras não for suficiente para nos estimular a tal fidelidade ao Senhor, o que poderá nos mover a isto?
Agora, importa permanecermos constantes nesta fidelidade e fé inabalável no Senhor para que porventura não suceda a nós o mesmo que sucedeu a Asa a partir do 36º ano do seu reinado.
Ele não desviou para a adoração de outros deuses.
Ele devia ainda guardar e ordenar o cumprimento dos mandamentos da Lei.
Mas como havia sido fortalecido e confirmado no reino, estando na posse de muitos bens, tanto do que havia tomado como despojo das nações, quanto da prosperidade que o Senhor deu a Judá e Benjamim, e em vez de continuar confiando no Senhor para vencer o rei Baasa de Israel, ele assalariou e fez aliança com Ben-Hadade, rei da Síria, para que desse contra as cidades de Israel (16.1-5), de maneira que Baasa abandonasse o seu projeto de fortificar a cidade de Ramá, para impedir o trânsito dos israelitas que estavam em deserção, indo residir em Judá e em Benjamim.
Isto não agradou ao Senhor, que enviou a Asa o profeta Hanani, que lhe disse que por não ter confiado no Senhor como o havia feito em relação aos etíopes e aos líbios, obtendo vitória sobre um exército de um milhão de homens,  então, desde aquele momento em diante haveria guerra contra ele (15.7-9).
Mas Asa, em seu endurecimento não se arrependeu, nem se humilhou perante o Senhor, e em vez disso muito se indignou contra o profeta e o lançou no cárcere, prendendo-o a um tronco, e tal foi a sua ira que a despejou sobre alguns do povo, oprimindo-os (16.10).
Três anos antes da sua morte, portanto no 39º ano do seu reinado, Asa caiu enfermo dos pés e sua doença era muito grave, mas é dito que ele não recorreu ao Senhor, e confiou somente nos médicos (16.11,12).
A grande ira dele havia aberto a porta para que fosse acometido por esta enfermidade, que lhe dificultava e até mesmo devia impossibilitá-lo de andar.
A par de toda a fidelidade que ele havia demonstrado ao Senhor, o seu pecado de orgulho que o levou a impedir a liberdade do profeta Hanani de ir e vir, seria retribuído nele próprio com aquela enfermidade dos pés que se transformou numa prisão para o seu corpo e que impedia os seus deslocamentos.
O fato de não ter buscado lugar de arrependimento em Deus, humilhando-se e confessando o seu pecado, e não confiando que isto contribuiria para a sua cura, parece indicar que morreu endurecido no seu orgulho, que havia se manifestado primeiro na confiança dos muitos bens que possuía, e na prosperidade do Seu reino, e ter abandonado a confiança exclusiva que ele tinha no Senhor nos dias de dificuldade; orgulho este que foi confirmado em não aceitar a repreensão que o Senhor lhe fizera através do profeta Hanani.
Ele estava cometendo o erro muito comum daqueles que prosperam muito, em se colocarem acima da vontade de Deus, por pensarem que não dependem mais dEle para terem um viver abençoado.
Que o Senhor possa nos guardar deste terrível erro!
Porque todo o bem que tivermos feito anteriormente, de nada nos valerá se permitirmos ser vencidos pelo orgulho espiritual.
E temos em Asa um grande exemplo que nos foi dado a respeito disto, de maneira que nos guardemos da presunção, que nos faz pensar que estamos de pé, quando na verdade podemos estar caídos, ainda que não numa queda definitiva para a perdição eterna, porque os eleitos como Salomão, Asa, Davi, Pedro e todos os demais, podem cair, mas ao final serão levantados pelo Senhor, para estarem para sempre em Sua presença, desfrutando a glória do céu.
Poderoso é o Senhor Jesus para fazê-lo, o fiel sumo sacerdote da nossa fé, e nosso grande Salvador e Senhor.        





“1 No décimo oitavo ano do rei Jeroboão, filho de Nebate, começou Abião a reinar sobre Judá.
2 Reinou três anos em Jerusalém. Era o nome de sua mãe Maaca, filha de Absalão.
3 Ele andou em todos os pecados que seu pai tinha cometido antes dele; o seu coração não foi perfeito para com o Senhor seu Deus como o coração de Davi, seu pai.
4 Mas por amor de Davi o Senhor lhe deu uma lâmpada em Jerusalém, levantando a seu filho depois dele, e confirmando a Jerusalém;
5 porque Davi fez o que era reto aos olhos do Senhor, e não se desviou de tudo o que lhe ordenou em todos os dias da sua vida, a não ser no caso de Urias, o heteu.
6 Ora, houve guerra entre Roboão e Jeroboão todos os dias da vida de Roboão.
7 Quanto ao restante dos atos de Abião, e a tudo quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá? Também houve guerra entre Abião e Jeroboão.
8 Abião dormiu com seus pais, e o sepultaram na cidade de Davi. E Asa, seu filho, reinou em seu lugar.
9 No vigésimo ano de Jeroboão, rei de Israel, começou Asa a reinar em Judá,
10 e reinou quarenta e um anos em Jerusalém. Era o nome de sua mãe Maaca, filha de Absalão.
11 Asa fez o que era reto aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai.
12 Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu todos os ídolos que seus pais tinham feito.
13 E até a Maaca, sua mãe, removeu para que não fosse rainha, porquanto tinha feito um abominável ídolo para servir de Asera; e Asa desfez esse ídolo, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom.
14 Os altos, porém, não foram tirados; todavia o coração de Asa foi reto para com o Senhor todos os seus dias.
15 E trouxe para a casa do Senhor as coisas que seu pai havia consagrado, e as coisas que ele mesmo consagrara: prata, ouro e vasos.
16 Ora, houve guerra entre Asa e Baasa, rei de Israel, todos os seus dias.
17 Pois Baasa, rei de Israel, subiu contra Judá, e edificou Ramá, para que a ninguém fosse permitido sair, nem entrar a ter com Asa, rei de Judá.
18 Então Asa tomou toda a prata e ouro que ficaram nos tesouros da casa do Senhor, e os tesouros da casa do rei, e os entregou nas mãos de seus servos. E o rei Asa os enviou a Ben-Hadade, filho de Tabrimom, filho de Heziom, rei da Síria, que habitava em Damasco, dizendo:
19 Haja aliança entre mim e ti, como houve entre meu pai e teu pai. Eis que aqui te mando um presente de prata e de ouro; vai, e anula a tua aliança com Baasa, rei de Israel, para que ele se retire de mim.
20 Ben-Hadade, pois, deu ouvidos ao rei Asa, e enviou os capitães dos seus exércitos contra as cidades de Israel; e feriu a Ijom, a Dã, a Abel-Bete-Maaca, e a todo o distrito de Quinerote, com toda a terra de Naftali.
21 E sucedeu que, ouvindo-o Baasa, deixou de edificar Ramá, e ficou em Tirza.
22 Então o rei Asa fez apregoar por toda a Judá que todos, sem exceção, trouxessem as pedras de Ramá, e a madeira com que Baasa a edificava; e com elas o rei Asa edificou Geba de Benjamim e Mizpá.
23 Quanto ao restante de todos os atos de Asa, e todo o seu poder, e tudo quanto fez, e as cidades que edificou, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá? Porém, na velhice, ficou, enfermo dos pés.
24 E Asa dormiu com seus pais, e foi sepultado com eles na cidade de Davi seu pai; e Josafá, seu filho reinou em seu lugar.
25 Nadabe, filho de Jeroboão, começou a reinar sobre Israel no segundo ano de Asa, rei de Judá, e reinou sobre Israel dois anos.
26 E fez o que era mau aos olhos de Senhor, andando nos caminhos de seu pai, e no seu pecado com que tinha feito Israel pecar.
27 Conspirou contra ele Baasa, filho de Aías, da casa de Issacar, e o feriu em Gibetom, que pertencia aos filisteus; pois Nadabe e todo o Israel sitiavam a Gibetom.
28 Matou-o, pois, Baasa no terceiro ano de Asa, rei de Judá, e reinou em seu lugar.
29 E logo que começou a reinar, feriu toda a casa de Jeroboão; a ninguém de Jeroboão que tivesse fôlego deixou de destruir totalmente, conforme a palavra do Senhor que ele falara por intermédio de seu servo Aías, o silonita,
30 por causa dos pecados que Jeroboão cometera, e com que fizera Israel pecar, e por causa da provocação com que provocara à ira o Senhor Deus de Israel.
31 Quanto ao restante dos atos de Nadabe, e a tudo quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
32 Houve guerra entre Asa e Baasa, rei de Israel, todos os seus dias.
33 No terceiro ano de Asa, rei de Judá, Baasa, filho de Aías, começou a reinar sobre todo o Israel em Tirza, e reinou vinte e quatro anos.


34 E fez o que era mau aos olhos do Senhor, andando no caminho de Jeroboão e no seu pecado com que tinha feito Israel pecar.” (I Rs 15.1-34).



I Reis 16

Tal o Líder Tal o Povo

Enquanto havia estabilidade e justiça no trono do Reino do Sul (Judá), por 66 anos seguidos, com os reinados sucessivos de Asa (15.4, 10) e de seu filho Josafá, depois dele (22.42), o Reino do Norte experimentava a instabilidade e a idolatria de reis que se sucediam no trono pelo uso de força e violência.
Deus havia levantado a Baasa para assumir o trono de Israel, pelo afastamento de Nadabe, filho de Jeroboão, de forma que fosse cumprida a palavra que Ele havia proferido contra a sua casa, mas Baasa não fez a vontade do Senhor porque apenas conspirou contra Nadabe, movido por interesse pessoal e político, e deu continuidade às práticas idolátricas de Jeroboão (I Reis 16.1,2).
De modo que o Senhor enviou também uma palavra de juízo contra Baasa, e contra a sua casa, através do profeta Jeú, filho do profeta Hanani, semelhante à que havia dado a Jeroboão, através do profeta Aías, de que sua casa seria exterminada e o seus descendentes, que morressem na cidade seriam devorados pelos cães, e os que morressem no campo, pelas aves de rapina, significando isto que eles não seriam honrados em seus sepultamentos.
Baasa havia exterminado a descendência de Jeroboão, mas até isto foi levado em conta pelo Senhor contra ele, conforme lemos no verso 7.
Isto deve ser devidamente submetido à nossa reflexão, porque se fora proferido tal juízo de extermínio da casa de Jeroboão, pelo próprio Senhor, como Ele estava também determinando agora o mesmo juízo sobre a casa de Baasa, poderia parecer a alguns que há um paradoxo nisto.
Todavia, se pesarmos os motivos que moveram Baasa a fazê-lo, a saber, não por motivo de zelo do Senhor, e sem o uso de extremada violência, e nem ainda para atender ao seu próprio interesse pessoal egoísta, agravado pelo fato de ter voltado as costas para Deus, dando continuidade à idolatria que havia dado ocasião ao juízo, que foi determinado sobre Jeroboão e sua casa, então fica muito claro a nós que Baasa se tornou de fato mais ainda merecedor de um tal juízo, do que o próprio Jeroboão, porque à sua idolatria acrescentou a sua cobiça e violência.
Ele matou não por zelo e amor à Palavra do Senhor, mas por amor ao poder e às riquezas, usando de extrema frieza e crueldade.
Quando Elá, filho de Baasa, reinava, Zinri, o capitão da metade dos carros do exército de Elá, conspirou contra ele e o matou, e não somente a ele mas a todos os descendentes de Baasa, e amigos próximos dele, que tinham influência no reino, mas como o fizera com os mesmo motivos que haviam movido Baasa em relação à descendência de Jeroboão, conforme comentamos anteriormente, ele não prevaleceu diante de Deus e não pôde contar com a sua proteção, porque não ficou no trono por mais de sete dias, porque Onri, que era o general do exército de Elá, veio contra Zinri e o matou, e passou a reinar em seu lugar.
Este Onri se fez forte em Israel, mas não somente deu continuidade ao culto idolátrico de Jeroboão, como também fez pior do que todos os que reinaram antes dele, pois, introduziu outras abominações em Israel.
Até então a capital do reino era Tirza, desde os dias de Jeroboão, e Onri reinou nesta cidade nos primeiros 6 anos do seu reinado, e tendo comprado um monte de um homem chamado Semer, edificou nele a cidade de Samaria, que passou a ser a capital do reino, e na qual ele reinou os seis últimos, dos doze anos do seu reinado (v. 24).
Depois de Onri, passou a reinar seu filho Acabe, que foi o pior rei de Israel, e sendo um homem fraco de caráter, fez toda a vontade da sua perversa mulher, chamada Jezabel, filha de um rei de Sidom, que trouxe o culto de adoração  a Baal para Israel e lhe deu uma grande expansão e a nova capital do reino, Samaria, recebeu uma casa e um altar para o culto de Baal, que possuía 450 profetas e um poste-ídolo (Asera) para cujo serviço Jezabel deu 400 profetas (v. 31, 32 e cap 18.19, 22).  
Este 16º capítulo de I Reis é encerrado com o cumprimento de uma maldição que havia sido proferida pelo Senhor nos dias de Josué (Js 6.26), mais de 500 anos antes, pois isto sucedeu durante o reinado de Acabe.
Um homem de Betel, depois de todo este tempo, ousou reedificar Jericó, e lhe sucedeu o que havia sido profetizado, porque quando lançou o alicerce da cidade morreu o seu filho primogênito, e ao colocar as suas portas morreu o mais moço (v. 34).
Isto era um prenúncio e um alerta para Acabe e todos em Israel de que o Senhor traria sobre eles todos os juízos proferidos na Lei de Moisés contra a idolatria do Seu povo, ainda que estes juízos, como a profecia de Jericó, tivessem sido proferidos há mais de 500 anos.
   


“1 Então veio a palavra do Senhor a Jeú, filho de Hanani, contra Baasa, dizendo:
2 Porquanto te exaltei do pó, e te constituí chefe sobre o meu povo Israel, e tu tens andado no caminho de Jeroboão, e tens feito o meu povo Israel pecar, provocando-me à ira com os seus pecados,
3 eis que exterminarei os descendentes de Baasa, e os descendentes da casa dele; sim, tornarei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate.
4 Quem morrer a Baasa na cidade, comê-lo-ão os cães; e o que lhe morrer no campo, comê-lo-ão as aves do céu.
5 Quanto ao restante dos atos de Baasa, e ao que fez, e ao seu poder, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
6 E Baasa dormiu com seus pais, e foi sepultado em Tirza. Então Elá, seu filho, reinou em seu lugar.
7 Assim veio também a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Jeú, filho de Hanani, contra Baasa e contra a casa dele, não somente por causa de todo o mal que fizera aos olhos do Senhor, de modo a provocá-lo à ira com a obra de suas mãos, tornando-se como a casa de Jeroboão, mas também porque exterminara a casa de Jeroboão.
8 No ano vinte e seis de Asa, rei de Judá, Elá, filho de Baasa, começou a reinar em Tirza sobre Israel, e reinou dois anos.
9 E Zinri, seu servo, chefe de metade dos carros, conspirou contra ele. Ora, Elá achava-se em Tirza bebendo e embriagando-se em casa de Arza, que era o seu mordomo em Tirza.
10 Entrou, pois, Zinri e o feriu, e o matou, no ano vigésimo sétimo de Asa, rei de Judá, e reinou em seu lugar.
11 Quando ele começou a reinar, logo que se assentou no seu trono, feriu toda a casa de Baasa; não lhe deixou homem algum, nem de seus parentes, nem de seus amigos.
12 Assim destruiu Zinri toda a casa de Baasa, conforme a palavra do Senhor, que ele falara contra Baasa por intermédio do profeta Jeú,
13 por causa de todos os pecados de Baasa, e dos pecados de Elá, seu filho, com que pecaram, e com que fizeram Israel pecar, provocando à ira, com as suas vaidades, o Senhor Deus de Israel.
14 Quanto ao restante dos atos de Elá, e a tudo quanto fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
15 No ano vigésimo sétimo de Asa, rei de Judá, reinou Zinri sete dias em Tirza. Estava o povo acampado contra Gibetom, que pertencia aos filisteus.
16 E o povo que estava acampado ouviu dizer: Zinri conspirou, e matou o rei; pelo que no mesmo dia, no arraial, todo o Israel constituiu rei sobre Israel a Onri, chefe do exercito.
17 Então Onri subiu de Gibetom com todo o Israel, e cercaram Tirza.
18 Vendo Zinri que a cidade era tomada, entrou no castelo da casa do rei, e queimou-a sobre si; e morreu,
19 por causa dos pecados que cometera, fazendo o que era mau aos olhos do Senhor, andando no caminho de Jeroboão, e no pecado que este cometera, fazendo Israel pecar.
20 Quanto ao restante dos atos de Zinri, e à conspiração que fez, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
21 Então o povo de Israel se dividiu em dois partidos: metade do povo seguia a Tíbni, filho de Ginate, para fazê-lo rei, e a outra metade seguia a Onri.
22 Mas o povo que seguia a Onri prevaleceu contra o que seguia a Tíbni, filho de Ginate; de sorte que Tíbni morreu, e Onri reinou.
23 No trigésimo primeiro ano de Asa, rei de Judá, Onri começou a reinar sobre Israel, e reinou doze anos. Reinou seis anos em Tirza.
24 E de Semer comprou o outeiro de Samaria por dois talentos de prata, e edificou nele; e chamou a cidade que edificou Samaria, do nome de Semer, dono do outeiro.
25 E fez Onri o que era mau aos olhos do Senhor; pior mesmo do que todos os que o antecederam.
26 Pois ele andou em todos os caminhos de Jeroboão, filho de Nebate, como também nos pecados com que este fizera Israel pecar, provocando à ira, com as suas vaidades, o Senhor Deus de Israel.
27 Quanto ao restante dos atos que Onri fez, e ao poder que manifestou, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
28 Onri dormiu com seus pais, e foi sepultado em Samaria. E Acabe, seu filho, reinou em seu lugar.
29 No trigésimo oitavo ano de Asa, rei de Judá, começou Acabe, filho de Onri, a reinar sobre Israel; e reinou sobre Israel em Samaria vinte e dois anos.
30 E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que o antecederam.
31 E, como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e foi e serviu a Baal, e o adorou;
32 e levantou um altar a Baal na casa de Baal que ele edificara em Samaria;
33 também fez uma asera. De maneira que Acabe fez muito mais para provocar à ira o Senhor Deus de Israel do que todos os reis de Israel que o antecederam.
34 Em seus dias Hiel, o betelita, edificou Jericó. Quando lançou os seus alicerces, morreu-lhe Abirão, seu primogênito; e quando colocou as suas portas, morreu-lhe Segube, seu filho mais moço; conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de Josué, filho de Num.” (I Rs 16.1-34).



I Reis 17

O Profeta Elias Entra em Cena

A perversidade, a violência, a idolatria, a injustiça que passou a imperar em Israel, desde os dias de Jeroboão, deveriam ser confrontados por alguém que tivesse um espírito justo, mas firme e forte.
Por alguém que achasse conforto na aspereza e tivesse uma tenacidade e coragem que o levasse a protestar contra o pecado de Israel, ainda que tivesse de fazê-lo como quem enfrenta as duras condições de sobrevivência de um deserto.
E a Bíblia marcou dois homens como sendo dotados deste espírito, o primeiro foi Elias e o segundo João Batista.
Por isso se diz que João Batista seria como Elias, porque ele viria ao mundo, dotado por Deus com o mesmo tipo de espírito e poder do profeta Elias (Lc 1.17).
Como afirmamos no final do comentário do capítulo precedente, havia um juízo determinado por Deus em Sua Palavra, contra a idolatria do Seu povo (Lev 26.14-43).
E, a partir deste 17º capítulo de I Reis, Ele começaria a julgar os israelitas que haviam se entregado à adoração de Baal, como o próprio rei Acabe, sua esposa Jezabel, e toda a sua casa, não através da espada das nações inimigas, nem pela peste, mas pela espada afiada da Sua boca, a saber, pela Sua Palavra,  através do ministério do profeta Elias, e o prosseguiria fazendo através dos profetas que viram depois dele, até que o povo de Israel fosse expulso da terra pelos assírios.
Deus não havia esquecido da maldição que havia proferido nos dias de Josué contra aquele que ousasse reedificar Jericó, como vimos no comentário do capitulo anterior, e agora Ele estava revelando que não havia também esquecido de que havia advertido o Seu povo contra a apostasia, em Sua Lei, que lhes havia dado através de Moisés, de que traria fome e escassez à terra pela falta de chuvas, caso viessem a transgredir os Seus mandamentos, descumprindo a aliança que haviam feito com Ele.
Nós podemos vislumbrar o terno e bondoso Deus, por  detrás de todos estes juízos, porque ao amor precede a justiça e a honra.
O amor não folga com a injustiça, senão com a verdade.
E a boa, perfeita e agradável vontade de Deus não pode ser apreciada em sua plenitude a não ser por quem ande em conformidade com ela, por quem ame e pratique a justiça.
Não admira portanto que Ele visitasse com juízos a iniquidade do Seu próprio povo, não porque isto Lhe seja agradável, senão absolutamente necessário, para ensinar justiça e juízo aos homens.
Os israelitas estavam obrigados aos termos do Senhor, que haviam aceito voluntariamente para cumprir, e teriam portanto que prestar contas a Ele de todo o seu procedimento.
Assim, Deus foi buscar um homem talhado para ser o Seu instrumento de juízo contra Acabe, sua casa e todo Israel, na terra de Gileade, do outro lado do Jordão, onde Elias residia.
E este veio ter com Acabe em Samaria dizendo-lhe que não haveria mais orvalho nem chuva em Israel por anos, e que somente voltariam a cair até que isto fosse ordenado pela sua própria boca (I Reis 17.1).
Então o retorno da chuva dependeria de que Elias orasse para que isto ocorresse, no tempo determinado por Deus. Tiago se referiu a isto em sua epístola (Tg 5.17,18).
Deus havia determinado reter as chuvas sobre todo o território de Israel, e para além deste até os termos de Sidom, através da oração de um só homem, e fez com que chovesse de novo também através da oração. Isto ensina quão grande eficácia há na oração de um justo.
Através daquela falta de chuvas Deus estaria revelando que Ele não é como os falsos deuses, mas é o Deus vivo e Todo Poderoso, que dá o pago aos homens conforme as suas obras.          
Logo após Elias ter falado a Acabe e orado para que não mais chovesse, o Senhor lhe ordenou que se retirasse para o ribeiro de Querite, que ficava a leste do rio Jordão, e havia nisto pelo menos dois propósitos, o primeiro para proteger o profeta da fúria de Acabe, quando este percebesse que de fato a chuva havia cessado conforme a palavra dita por Elias, e o segundo, manter este distante deles, de maneira que ficassem privados da esperança de serem abençoados com a volta das chuvas, por insistirem com ele para que orasse em favor de Israel.
Certamente, os profetas de Baal devem ter clamado insistentemente a ele para que fizesse chover, afinal, Baal era tido como deus da fertilidade, e sem chuvas não haveria fertilidade do solo.
Então aquele era também um juízo sobre o imaginário Baal e seus adoradores.
E este juízo se faria sentir inclusive na terra de Sidom, porque foi de lá que veio Jezabel e o culto de Baal, que ela introduziu em Israel.
Por isso foi prometido à viúva de Sarepta, de Sidom, que sustentou e hospedou Elias, que ela teria farinha na vasilha e azeite na botija até que voltasse a chover sobre a terra (I Reis 17.14).
Isto indica então que a seca havia atingido os sidônios como um juízo de Deus sobre a idolatria daquela terra, que havia sido exportada para Israel.
Enquanto esteve junto ao ribeiro Querite, Deus alimentou Elias, diariamente, por um longo período, usando corvos, que lhe traziam pão e carne.
Com isto, até que a água do ribeiro secasse, pela falta de chuvas, ele poderia permanecer ali, sem se expor publicamente, em razão da necessidade de buscar alimento.
Quando o ribeiro secou, Deus ordenou a Elias que se dirigisse a Sarepta, de Sidom, porque havia em sua providência, preparado uma viúva para sustentá-lo.
Quando ele chegou ao portão da cidade, a mesma Providência fez com que encontrasse a pessoa sobre a qual o Senhor lhe falara, numa viúva que estava apanhando lenha, e lhe pedindo água ela se dispôs prontamente a buscá-la para ele, e a isto Elias acrescentou que lhe trouxesse também um bocado de pão (v. 10, 11).
Ao que ela respondeu que não tinha pão em casa, senão apenas um punhado de farinha e um pouco de azeite, e que estava catando lenha exatamente para preparar sua última porção de comida para si e para o seu filho, e não tinha qualquer esperança de sobreviver depois disto.
Nós vemos então que mais do que cuidar do profeta, Deus estava honrando a fé daquela viúva de Sidom, e teve misericórdia dela e de seu filho, porque é o Deus dos órfãos e das viúvas, e visava prover a casa dela de alimento, de forma que ela e o seu filho pudessem sobreviver àquela grande seca, pois o Deus que tudo vê e sabe, se antecipou lhe enviando Elias, exatamente no dia em que ela teria a sua última porção de alimento.
Mas o próprio Elias estava sob a palavra que o Senhor lhe havia dado que ele seria sustentado por aquela viúva, e se Ele lhe havia enviado a ela, então a questão da provisão não era um problema para ser resolvido pelo profeta e nem por ela, mas pelo Senhor.
Então lhe veio a palavra de Deus à sua boca e ele disse à viúva que fizesse o que ela havia dito que faria, e desse também a ele de comer daquele punhado de farinha e azeite do qual ela faria um bolo (I Reis 17.13), porque fazendo isto, enquanto a seca durasse, não faltaria nem farinha na vasilha, nem azeite na botija, conforme o Senhor estava falando (v. 14).
E ela revelou que era de fato uma mulher de fé, porque obedeceu à palavra que lhe fora prometida pelo profeta, e não tendo havido de fato falta de farinha e nem de azeite em sua casa, Elias permaneceu muitos dias vivendo daquela provisão miraculosa, tanto quanto ela e o seu filho.
A viúva temia muito perder o seu filho, que ao que tudo indica, era o seu arrimo e único filho que possuía para ampará-la em sua velhice, e ela havia temido perdê-lo por causa da fome, conforme havia dito a Elias, quando se encontrou com ele pela primeira vez junto ao portão da cidade.
Então o Senhor revelaria a ela que o poder sobre a vida e a morte está em Suas mãos, de maneira que sua fé nEle poderia ser aperfeiçoada e aumentada, e entender que assim como Ele havia provido alimento para ela através do profeta, Ele continuaria cuidando da sua vida, em sua velhice, de modo que não precisava viver sob nenhum tipo de temor.
E qual foi o meio que o Senhor usou para ensinar isto à viúva?
Ele tirou a vida do seu filho, através de uma enfermidade que foi se agravando mais e mais.
Ao mesmo tempo Ele tinha em vista aumentar e fundamentar a fé do próprio Elias, preparando-o para o retorno à presença de Acabe, e para enfrentar os profetas de Baal no monte Carmelo.
Além de tudo isto, depois que Ele ressuscitasse o filho da viúva através do profeta, ela seria convencida finalmente que tudo o que lhe havia falado sobre o Deus de Israel, especialmente sobre a Sua Palavra e mandamentos, era verdade (v. 24), ganhando assim um sólido fundamento para a vida eterna.
Elias deve lhe ter falado nos muitos dias em que ficara hospedado em sua casa, acerca da razão daquela falta de chuvas, e dos muitos pecados de Israel, que estavam sendo visitados pela justiça de Deus, e falando-lhe sobre os juízos do Senhor sobre o pecado, ela temeu que a morte do seu filho foi então causada por algum pecado que ela houvesse cometido, e que tendo sido lembrado pelas palavras do profeta, deu ocasião à morte do seu filho.
Ela estava aprendendo sobre o temor de Deus, mas também logo aprenderia sobre a Sua misericórdia, porque atendendo à oração de Elias, Deus ressuscitou o seu filho, revelando-lhe que onde abundou o pecado superabundou a Sua graça, para aqueles que se arrependem dos seus pecados, e que O temem, assim como ela.
A fé da viúva era uma fé genuína e foi elogiada por Jesus em seu ministério terreno, quando se referiu a ela.  






“1 Então Elias, o tisbita, que habitava em Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra.
2 Depois veio a Elias a palavra do Senhor, dizendo:
3 Retira-te daqui, vai para a banda de oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está ao oriente do Jordão.
4 Beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem.
5 Partiu, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; foi habitar junto ao ribeiro de Querite, que está ao oriente do Jordão.
6 E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à tarde; e ele bebia do ribeiro.
7 Mas, decorridos alguns dias, o ribeiro secou, porque não tinha havido chuva na terra.
8 Veio-lhe então a palavra do Senhor, dizendo:
9 Levanta-te, vai para Sarepta, que pertence a Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei a uma mulher viúva ali que te sustente.
10 Levantou-se, pois, e foi para Sarepta. Chegando ele à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; ele a chamou e lhe disse: Traze-me, peço-te, num vaso um pouco d'água, para eu beber.
11 Quando ela ia buscá-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me também um bocado de pão contigo.
12 Ela, porém, respondeu: Vive o Senhor teu Deus, que não tenho nem um bolo, senão somente um punhado de farinha na vasilha, e um pouco de azeite na botija; e eis que estou apanhando uns dois gravetos, para ir prepará-lo para mim e para meu filho, a fim de que o comamos, e morramos.
13 Ao que lhe disse Elias: Não temas; vai, faze como disseste; porém, faze disso primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo aqui; depois o farás para ti e para teu filho.
14 Pois assim diz o Senhor Deus de Israel: A farinha da vasilha não se acabará, e o azeite da botija não faltará, até o dia em que o Senhor dê chuva sobre a terra.
15 Ela foi e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeram, ele, e ela e a sua casa, durante muitos dias.
16 Da vasilha a farinha não se acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de Elias.
17 Depois destas coisas aconteceu adoecer o filho desta mulher, dona da casa; e a sua doença se agravou tanto, que nele não ficou mais fôlego.
18 Então disse ela a Elias: Que tenho eu contigo, ó homem de Deus? Vieste tu a mim para trazeres à memória a minha iniquidade, e matares meu filho?
19 Respondeu-lhe ele: Dá-me o teu filho. E ele o tomou do seu regaço, e o levou para cima, ao quarto onde ele mesmo habitava, e o deitou em sua cama.
20 E, clamando ao Senhor, disse: Ó Senhor meu Deus, até sobre esta viúva, que me hospeda, trouxeste o mal, matando-lhe o filho?
21 Então se estendeu sobre o menino três vezes, e clamou ao Senhor, dizendo: Ó Senhor meu Deus, faze que a vida deste menino torne a entrar nele.
22 O Senhor ouviu a voz de Elias, e a vida do menino tornou a entrar nele, e ele reviveu.
23 E Elias tomou o menino, trouxe-o do quarto à casa, e o entregou a sua mãe; e disse Elias: Vês aí, teu filho vive:


24 Então a mulher disse a Elias: Agora sei que tu és homem de Deus, e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade.” (I Rs 17.1-24).


I Reis 18

A Causa dos Juízos de Deus

Quando os fariseus e saduceus pediram a Jesus que lhes mostrasse um sinal vindo do céu, para que cressem nEle (Mt 16.1), Ele os repreendeu dizendo que uma geração má e adúltera pede um sinal, e então nenhum sinal lhes seria dado, senão o de Jonas (Mt 16.4).
E de fato, não foi por meio dos muitos sinais que Jesus fizera, que os judeus vieram a crer nEle (Jo 12.37), pois por maiores que sejam os sinais que Deus venha a fazer, um coração ímpio e apegado ao pecado não se deixará convencer e persuadir, de maneira que se arrependa e se converta ao Senhor.
Por isso, Jesus disse que uma geração má e adúltera pede sinais mas não para se converter a Deus e para andar nos Seus caminhos, e este é o motivo dEle não multiplicar e manifestar indiscriminadamente o Seu poder, para converter os pecadores, porque em Sua onisciência Ele conhece o endurecimento e perversidade dos corações, que não crerão nEle, por maior que seja a demonstração da Sua graça, bondade e misericórdia para com eles, ou ainda os grandes juízos que possa trazer sobre eles, por causa dos seus pecados.
O sinal que Deus fez no meio de Israel através do profeta Elias enviando fogo do céu, para queimar o sacrifício que ele colocou sobre o altar, comprova o que estamos dizendo.
Na verdade foram muitos os milagres e sinais que Deus operou no meio de Israel, e nem por isso perseveraram em cumprir os Seus mandamentos, e vieram a se afastar dEle a tal ponto, em suas abomináveis idolatrias, que Ele expulsou tanto o Reino do Norte (Israel), quanto o do Sul (Judá), da terra que lhes havia dado por promessa.
Então, pelas Escrituras, e pelo testemunho da história de Israel, o Senhor nos ensina que nem todos em Israel são verdadeiros israelitas, que nem todos estão habilitados a honrá-lO, obedecendo os Seus mandamentos, senão os verdadeiros israelitas que são circuncidados no coração.
Então, no meio de uma geração perversa e má, Ele sempre terá os Seus Elias, Obadias, os sete mil joelhos que não se dobraram a Baal nos dias de Elias, e todos os Seus servos que viveram antes, e depois dele.
Deus criou os anjos e os homens para a Sua glória.
Porém, um grande número destes agentes morais livres tem resistido à Sua vontade.
Contudo, por outro lado, há um grande número daqueles que vêm para a luz, porque amam a luz e não as trevas, tal como aqueles sete mil, que eram contemporâneos de Elias, e que não eram conhecidos do profeta, mas que eram conhecidos por Deus, através da Sua presciência.
Não que exista algo como amarmos a luz por natureza. Não. Isto é despertado em nós e conhecido por nós através do poder transformador do Senhor, que muda os nossos corações, e que nos leva a amar a Sua vontade.
É por isso que nós podemos entender porque quase toda uma nação, por séculos sucessivos, permaneceu na prática da impiedade e da idolatria, apesar de todos os sinais de juízo e de graça que o Senhor manifestou no meio deles.
O Senhor se reserva assim ao direito de se manifestar em secreto somente àqueles que O amam, porque a Sua intimidade é para ser privada somente pelos que O temem.
E quão precioso e grande privilégio é isto, porque temos o testemunho interno do Espírito Santo, juntamente com o nosso próprio espírito, que somos filhos de Deus.
A Igreja é chamada a pregar o evangelho a todos e em toda parte, mas esta chamada interna e silenciosa do Espírito Santo nos corações, produzindo salvação, é algo conhecido por Deus e por aquele que o experimentou.
É por isso que no meio de toda a grosseira idolatria que havia em Israel e especialmente na casa de Acabe e Jezabel, nós encontramos um temente Obadias, que tinha o temor do Senhor, desde que era um menino (I Reis 18.3, 12).
Ele era mordomo na casa de Acabe e foi o instrumento que Deus usou para preservar a vida de cem dos seus profetas, quando estes estavam sendo exterminados por Jezabel (I Reis 18.4,13).
A falta de chuvas já perdurava por três anos, e como a fome era extrema na terra, sobretudo em Samaria, a capital do Reino do Norte, Deus decidiu trazer de volta as chuvas, e por isso convocou Elias para deixar Sarepta e apresentar-se a Acabe (v. 1 a 3).
Mas como o rei de Israel procurava por Elias naqueles três anos, com o intuito de matá-lo (v. 10), Deus proveria um mediador para Elias, e este seria o mordomo de Acabe, o bom Obadias, que tendo saído com o rei, cada um o seu caminho, à procura de água, foi encontrado, por obra da Providência, por Elias, que lhe pediu que anunciasse a sua presença em Israel ao rei (v. 8).
Tal era o testemunho de Elias em obedecer e se deixar conduzir pelo Espírito de Deus, que Obadias temeu por sua própria vida em atender ao pedido que ele lhe fizera, porque não sabia que o encontro de Elias com Acabe estava sendo promovido pelo Senhor, e não haveria portanto o risco de o encontro ser frustrado, despertando a ira do rei, por sentir-se enganado por Obadias, por dizer-lhe que se encontraria com aquele que ele vinha procurando há tanto tempo, com o intuito de matá-lo, e no entanto ele poderia eventualmente faltar ao encontro, porque o Espírito Santo poderia enviá-lo a cumprir uma outra missão (v. 11 a 14).
Então Elias tranquilizou Obadias dizendo que era pela vontade do Senhor que ele se encontraria com Acabe, ainda naquele mesmo dia, de modo que isto sucederia, e não haveria nenhum risco de ocorrer o que Obadias estava pensando (v. 15).
Obadias deve ter dito a Acabe que Elias havia voltado com a missão de fazer com que as chuvas retornassem, e isto deve ter dissuadido o rei do seu desejo de matá-lo, mas ele não pôde conter a manifestação do grande ressentimento que havia nutrido pelo profeta e lhe lançou em rosto, quanto se encontrou com ele, que era o perturbador de Israel, isto é, o causador de toda aquela ruína que o reino estava sofrendo (v. 17).
Contudo, Elias apontou-lhe quem era de fato o causador daquele juízo de Deus: o próprio Acabe e a casa do seu pai, Onri, por terem introduzido a adoração aos deuses de outras nações em Israel, especialmente o culto a Baal, à custa da remoção do culto ao Senhor, previsto na Lei de Moisés, bem como o abandono de todos os Seus mandamentos (v. 18).
Como havia um juízo de Deus sobre o pecado deles em tudo aquilo que estava acontecendo, então haveria necessidade de uma reparação, antes que voltasse a chover sobre a terra de Israel, e por isso Elias pediu a Acabe que ele mandasse se reunir a ele no monte Carmelo, todo o povo de Israel e também os 450 profetas de Baal e os 400 profetas do poste-ídolo, que comiam à mesa de Jezabel (v. 19).
Nem a falta de chuvas, e nem o juízo sobre os 850 falsos profetas, e nem ainda o fogo que veio do céu e queimou o sacrifício no altar do Senhor, que foi restaurado por Elias, conduziu o povo de Israel ao arrependimento.
Então todos os que morreram em seus pecados, daquela geração, eram indesculpáveis perante o Senhor, e foram por isso submetidos ao Seu justo juízo eterno.
O fato de não termos tantos juízos de Deus na dispensação da graça, sobre as nações, não servirá de desculpa para a falta de arrependimento dos que morrem sem Cristo, para que não sejam condenados pelo Senhor, porque Ele tem dado testemunho da Sua vontade na Lei e nos profetas, isto é, nas Escrituras, que Ele produziu para nossa advertência e conversão.
Deus não se aposentou nestes dias da dispensação da graça, ainda que seja este o pensamento de muitos que permanecem na prática dos seus pecados, em razão da ausência de um juízo retributivo imediato sobre as suas iniquidades.
Então o que encontramos registrado neste capitulo 18º de I Reis é tanto para a nossa advertência quanto o foi para os israelitas dos dias de Elias.
Bem-aventurados são todos aqueles que têm o devido temor do Senhor, por tudo o que Ele revelou a nós em Sua Palavra.
Eles terão a Sua bênção neste mundo e por fim a vida eterna.
Os profetas de Baal misturaram o próprio sangue deles ao do sacrifício que haviam oferecido ao seu deus, no altar profano que eles edificaram.
Eles se cortaram porque viram que o novilho que ofereceram como holocausto não foi suficiente para agradar ao deus deles.
E tampouco o próprio sangue deles o foi também.
Mas o perfeito sacrifício de Cristo, tipificado no que foi apresentado por Elias, é suficiente para nos manter unidos para sempre ao único e verdadeiro Deus, e de nos tornar inteiramente agradáveis a Ele, de modo que temos Sua resposta às nossas orações, assim como a de Elias foi ouvida e que Ele respondeu enviando fogo do céu.        
  Deus enviaria de novo a chuva, mas primeiro Ele enviaria o fogo do seu juízo, revelando a Sua ira contra o pecado, desde o céu.
Enquanto aqueles profetas de Baal e do Aserá de Jezabel não fossem mortos, nenhuma chuva viria sobre os israelitas.
O protesto de Elias de que o Deus que respondesse com fogo era o que deveria ser seguido pelos israelitas, encontrou eco neles somente naquele momento de impacto em que o fogo desceu do céu, mas não produziu um verdadeiro arrependimento, e eles se dispuseram a perseguir os profetas de Baal, para que fossem mortos, não porque tivessem um verdadeiro temor e amor ao Senhor, senão por si mesmos, porque Baal mostrou-se ausente e não poderia ajudá-los fazendo chover de novo sobre a terra, então fariam o que lhes foi ordenado por Elias perseguindo aqueles profetas, para que fossem beneficiados pelo Deus de Elias, que respondendo com fogo do céu, poderia também responder com chuvas.
É o povo seguindo Jesus para comer pão e peixe de graça, mas não para servi-lo guardando os Seus mandamentos.
Aqueles profetas morreram porque certamente era por sugestão deles que Jezabel mandava perseguir e matar os profetas do Senhor.
Era o olho por olho daquela dispensação, ensinando o caráter retributivo da justiça, que não foi anulada, senão adiada na dispensação da graça, para ser aplicada em toda a sua amplitude no dia do justo juízo de Deus.
Como Elias havia dito a Acabe, três anos e meio antes, que só voltaria a chover quando ele orasse, nós lemos nos versos 41 a 45 a sua certeza do cumprimento da Palavra que Deus lhe dera de que faria chover novamente (v. 1) quando subiu o Carmelo, depois de ter matado os profetas de Baal, que haviam fugido, e se pôs a orar encurvado sobre a terra com o rosto entre os joelhos.
Por sete vezes interrompeu sua oração para pedir ao seu moço que subisse a um ponto mais elevado do monte, de modo que pudesse observar o horizonte sobre o mar, para verificar se havia algum sinal de chuva; e foi somente depois da sétima vez que ele retornou a Elias dizendo que estava se levantando uma nuvem pequena como a palma da mão do homem, e isto foi suficiente para Elias parar de orar e dizer a Acabe que retornasse do Carmelo ao seu palácio de Jizreel, para que não fosse impedido de fazê-lo pela grande tempestade que começaria a cair.
Acabe confirmou a sua perversidade e rancor pelo profeta, não lhe dando a honra que era devida a ele, pois indo para Jizreel em seu carro, deixou que Elias corresse a pé adiante dele, em direção àquela cidade (v. 46).
Com isso ele estava acumulando ira sobre ira da parte do Senhor sobre ele, por não honrá-lO, dando a devida honra ao Seu profeta.
Por isso Jesus diz que aquele que receber um profeta no caráter de profeta, receberá a justa recompensa, a saber, o galardão de profeta (Mt 10.41).
Subentende-se que aquele que se recusar a fazê-lo, em vez de galardão, receberá o justo juízo de Deus, porque não será propriamente o profeta que estará desonrando, mas ao Senhor que o enviou.  
E até o dia da sua morte, Acabe teve Elias na conta de um inimigo (21.20),  e não de um profeta do Senhor que agia para o bem de todo o Seu povo, inclusive do próprio Acabe, caso este se arrependesse por meio de tudo o que o Senhor fizera através do Seu profeta.




“1 Depois de muitos dias veio a Elias a palavra do Senhor, no terceiro ano, dizendo: Vai, apresenta-te a Acabe; e eu mandarei chuva sobre a terra.
2 Então Elias foi apresentar-se a Acabe. E a fome era extrema em Samaria.
3 Acabe chamou a Obadias, o mordomo (ora, Obadias temia muito ao Senhor;
4 pois sucedeu que, destruindo Jezabel os profetas do Senhor, Obadias tomou cem profetas e os escondeu, cinquenta numa cova e cinquenta noutra, e os sustentou com pão e água);
5 e disse Acabe a Obadias: Vai pela terra a todas as fontes de água, e a todos os rios. Pode ser que achemos erva para salvar a vida dos cavalos e mulas, de maneira que não percamos todos os animais.
6 E repartiram entre si a terra, para a percorrerem; e foram a sós, Acabe por um caminho, e Obadias por outro.
7 Quando, pois, Obadias já estava em caminho, eis que Elias se encontrou com ele; e Obadias, reconhecendo-o, prostrou-se com o rosto em terra e disse: És tu, meu senhor Elias?
8 Respondeu-lhe ele: Sou eu. Vai, dize a teu senhor: Eis que Elias está aqui.
9 Ele, porém, disse: Em que pequei, para que entregues teu servo na mão de Acabe, para ele me matar?
10 Vive o Senhor teu Deus, que não há nação nem reino aonde o meu senhor não tenha mandado em busca de ti; e dizendo eles: Aqui não está; então fazia-os jurar que não te haviam achado.
11 Agora tu dizes: Vai, dize a teu senhor: Eis que Elias está aqui.
12 E será que, apartando-me eu de ti, o Espírito do Senhor te levará não sei para onde; e, vindo eu dar as novas a Acabe, e não te achando ele, matar-me-á. Todavia eu, teu servo, temo ao Senhor desde a minha mocidade.
13 Porventura não disseram a meu senhor o que fiz, quando Jezabel matava os profetas do Senhor, como escondi cem dos profetas do Senhor, cinquenta numa cova e cinquenta noutra, e os sustentei com pão e água:
14 E agora tu dizes: Vai, dize a teu senhor: Eis que Elias está aqui! Ele me matará.
15 E disse Elias: Vive o Senhor dos exércitos, em cuja presença estou, que deveras hoje hei de apresentar-me a ele.
16 Então foi Obadias encontrar-se com Acabe, e lho anunciou; e Acabe foi encontrar-se com Elias.
17 E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: És tu, perturbador de Israel?
18 Respondeu Elias: Não sou eu que tenho perturbado a Israel, mas és tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os mandamentos do Senhor, e por teres tu seguido os baalins.
19 Agora pois manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel.
20 Então Acabe convocou todos os filhos de Israel, e reuniu os profetas no monte Carmelo.
21 E Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o. O povo, porém, não lhe respondeu nada.
22 Então disse Elias ao povo: Só eu fiquei dos profetas do Senhor; mas os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta homens.
23 Dêem-se-nos, pois, dois novilhos; e eles escolham para si um dos novilhos, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo; e eu prepararei o outro novilho, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo.
24 Então invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por meio de fogo, esse será Deus. E todo o povo respondeu, dizendo: É boa esta palavra.
25 Disse, pois, Elias aos profetas de Baal: Escolhei para vós: um dos novilhos, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do Senhor, vosso deus, mas não metais fogo ao sacrifício.
26 E, tomando o novilho que se lhes dera, prepararam-no, e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até o meio-dia, dizendo: Ah Baal, responde-nos! Porém não houve voz; ninguém respondeu. E saltavam em volta do altar que tinham feito.
27 Sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles, dizendo: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; talvez esteja dormindo, e necessite de que o acordem.
28 E eles clamavam em altas vozes e, conforme o seu costume, se retalhavam com facas e com lancetas, até correr o sangue sobre eles.
29 Também sucedeu que, passado o meio dia, profetizaram eles até a hora de se oferecer o sacrifício da tarde. Porém não houve voz; ninguém respondeu, nem atendeu.
30 Então Elias disse a todo o povo: chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele. E Elias reparou o altar do Senhor, que havia sido derrubado.
31 Tomou doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o teu nome;
32 e com as pedras edificou o altar em nome do Senhor; depois fez em redor do altar um rego, em que podiam caber duas medidas de semente.
33 Então armou a lenha, e dividiu o novilho em pedaços, e o pôs sobre a lenha, e disse: Enchei de água quatro cântaros, e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha.
34 Disse ainda: fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. De novo disse: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez.
35 De maneira que a água corria ao redor do altar; e ele encheu de água também o rego.
36 Sucedeu pois que, sendo já hora de se oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se chegou, e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque, e de Israel, seja manifestado hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra tenho feito todas estas coisas.
37 Responde-me, ó Senhor, responde-me para que este povo conheça que tu, ó Senhor, és Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração.
38 Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.
39 Quando o povo viu isto, prostraram-se todos com o rosto em terra e disseram: O senhor é Deus! O Senhor é Deus!
40 Disse-lhes Elias: Agarrai os profetas de Baal! que nenhum deles escape: Agarraram-nos; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, onde os matou.
41 Então disse Elias a Acabe: Sobe, come e bebe, porque há ruído de abundante chuva.
42 Acabe, pois, subiu para comer e beber; mas Elias subiu ao cume do Carmelo e, inclinando-se por terra, meteu o rosto entre os joelhos.
43 E disse ao seu moço: Sobe agora, e olha para a banda do mar. E ele subiu, olhou, e disse: Não há nada. Então disse Elias: Volta lá sete vezes.
44 Sucedeu que, à sétima vez, disse: Eis que se levanta do mar uma nuvem, do tamanho da mão dum homem: Então disse Elias: Sobe, e dize a Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te impeça.
45 E sucedeu que em pouco tempo o céu se enegreceu de nuvens e vento, e caiu uma grande chuva. Acabe, subindo ao carro, foi para Jizreel:


46 E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu os lombos, e veio correndo perante Acabe, até a entrada de Jizreel.” (I Rs 18.1-46).



I Reis 19

A Depressão de Elias e a Chamada de Eliseu

Acabe relatou a Jezabel tudo o que Elias havia feito aos profetas de Baal e do poste-ídolo, não para informá-la, mas para despertar a ira dela contra o profeta, porque ele era um homem fraco e não tentaria fazer algo contra Elias em face de tudo o que Deus havia feito através dele, e assim, temia expor-se a um juízo do Senhor, agindo ele próprio, diretamente contra o profeta.
Ele tentou então descarregar o seu ressentimento contra Elias, indispondo Jezabel contra ele.
Nada foi dito por ele acerca da chuva que voltou a cair por causa da oração de Elias, e muito menos diria que a falta de chuvas foi causada pela própria idolatria deles.
Então Jezabel jurou pelos seus deuses que em 24 horas a vida de Elias responderia pelas dos profetas que ele havia matado e enviou um mensageiro para dizer-lhe isto (I Reis 19.2).
O profeta temeu pela sua vida e para salvá-la fugiu para Berseba, no extremo sul de Judá, onde deixou o seu moço (I Reis 19.3), e seguiu sozinho em direção ao deserto onde pediu ao Senhor que o matasse.
O instinto inicial de preservação da sua vida se transformou neste momento da sua fuga numa forte depressão, porque ele se deixou abater agora pelo grande ataque que estava sofrendo da parte dos espíritos do inferno, aos quais ele havia exposto a um grande desprezo e derrota no monte Carmelo, e também pelas suas reflexões acerca das condições espirituais de Israel.
Ele decidiu se aposentar, quando disse: “Basta”, não para descansar neste mundo, mas para sair dele, e assim ele se deitou debaixo de um zimbro e decidiu permanecer ali até que viesse a morrer de inanição, pois havia encomendado a sua alma a Deus.
Mas um anjo o tocou e lhe disse para se levantar e comer.
E Elias viu um pão sobre pedras em brasa e uma botija de água junto à sua cabeceira (I Reis 19.4,5).
Todavia, ele voltou a dormir depois que comeu e bebeu, porque estava decidido de fato a morrer.
E o anjo veio ter com ele novamente e lhe ordenou que comesse e bebesse porque o caminho lhe seria sobremodo longo (v. 7).
Ele se levantou, comeu e bebeu e se dirigiu para o Horebe, caminhando quarenta dias e quarenta noites (v. 8).
Nem com esta longa caminhada o seu estado de espírito foi alterado, e ele continuava debaixo daquela mesma forte depressão que o levava a desejar a sua morte.
Chegando ao Horebe, entrou numa caverna e passou ali a noite, e a palavra do Senhor lhe veio perguntando o que ele fazia naquela caverna.
E ele respondeu que estava sendo zeloso pelo Senhor, porque os israelitas haviam deixado a Sua aliança e derrubaram os seus altares, e mataram os Seus profetas à espada, tendo restado somente ele, a quem eles estavam também procurando matar (v. 9, 10).
A decepção pela ingratidão e maldade deles havia tirado a sua esperança de prosseguir adiante e a razão de continuar vivendo.
Elias não foi para o Horebe para se fortalecer em Deus para lutar contra Jezabel, ao contrário ele queria realmente morrer, mas achava que Israel seria indigno de ter o seu corpo, porque a terra estava contaminada pela idolatria, e assim ele foi buscar refúgio no Horebe, para morrer numa terra santa onde Deus havia aparecido a Moisés na sarça ardente.
Mal sabia que Deus havia preparado para ele a elevada honra de não apenas não ser sepultado na terra contaminada pela idolatria de Israel, e nem sequer no Horebe, mas de não ver o seu corpo a corrupção, porque foi arrebatado ao céu, tal como fora Enoque antes dele.
Quando o anjo disse a Elias em Berseba, que comesse, porque seria longa a sua jornada, não estava se referindo à caminhada de 40 dias e noites que ele empreendeu até ao Horebe, por sua iniciativa, tanto que o Senhor o confrontou lá lhe perguntando o que viera fazer ali, mas estava se referindo ao muito que ele teria ainda que fazer em seu ministério, pois não lhe cabia o direito de decidir parar por sua própria conta, porque não era a honra dele que estava em jogo, mas a do Senhor, pois se Elias se desse por vencido naquela altura, isto daria ocasião para que os adoradores de Baal escarnecessem o nome do Deus de Israel, dizendo que Ele não foi poderoso para preservar o seu profeta em vida livrando-o da ameaça de uma mulher.
Entretanto, o Senhor vinha preservando a vida de Elias desde que o alimentou com os corvos no ribeiro Querite, e ainda com os anjos que enviou para alimentá-lo em Berseba, e também com a provisão miraculosa de farinha e azeite na casa da viúva de Sarepta.
O Senhor cuida perfeitamente de todo o que se encontrar a Seu serviço.
Elias havia ficado deprimido pelo aparente insucesso de sua missão, por não ter visto um sincero arrependimento em Israel, que se evidenciasse em ser apoiado pelo povo, quando foi ameaçado por Jezabel, mas ele errou nisto, porque não cabe aos ministros do Senhor avaliarem o sucesso da sua missão, pelos resultados visíveis que esperam obter, mas sim, em fazer aquilo que o Senhor lhes tem ordenado, porque os efeitos do nosso trabalho permanecem nas mãos dEle e não nas dos seus servos.
Mas Elias esperava sinceramente que seria reunido a Deus, quando veio ao Horebe, e  esperou que o Senhor o fizesse quando se manifestou a ele.
Quando o Senhor lhe ordenou que saísse da caverna e ficasse na parte externa do monte, ao mesmo tempo ele foi impedido de fazê-lo, porque o Senhor produziu um forte vento que fendia os montes e despedaçava as penhas diante dEle, mas o Senhor não se manifestou a Elias naquele grande e forte vendaval; e depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor também não se manifestou a Elias naquele terremoto (v. 11); e depois do terremoto houve um fogo, e de igual modo Deus não se manifestou no fogo (v. 12), e finalmente reinou um cicio tranquilo e suave, e então Elias se sentiu encorajado a sair da caverna envolvendo o seu rosto no seu manto, e saindo, colocou-se à entrada da caverna (v. 13).
Então ouviu uma voz que lhe perguntou o que ele fazia ali, pela segunda vez (v. 13).
Deus lhe fez a mesma pergunta que lhe havia feito quando ele foi se refugiar na caverna e Elias lhe deu a mesma resposta que havia dado pela primeira vez (v. 10 e 14).
Já que ele havia respondido que era por causa de ser extremamente zeloso pelo Senhor, então este lhe deu ocasião para que continuasse manifestando o referido zelo, pois em vez de lhe dar palavras de consolo, deu-lhe manifestações do Seu grande poder tanto para fender os montes, quanto para produzir uma brisa suave, e assim, não era por falta de poder que Ele não estava trazendo um juízo imediato sobre a infidelidade de Israel, mas por causa da Sua longanimidade e misericórdia, porque tinha em Israel sete mil que não haviam se encurvado a Baal, e velava por estes e por aqueles que ainda viriam a crer nEle, fazendo o trabalho que somente Ele podia fazer e para o qual nem Elias e nem qualquer outro dos Seus servos está em condições de fazer, que é o de salvar uma alma e preservá-la.
Deus revelou a Elias que não estava indiferente à ingratidão e injustiça dos israelitas, e que traria um juízo de morte sobre muitos deles, uma vez que estavam consentindo com Jezabel em relação à sua morte.
Por isso, deveria se retirar do Horebe e se dirigir ao deserto de Damasco, onde ungiria Hazael como o futuro rei da Síria (v. 15), porque ele seria um dos instrumentos da sua vingança contra os israelitas, pois o incitaria à guerra contra eles (v. 17), e que também ungiria para o mesmo propósito a Jeú, rei sobre Israel, que viria a exterminar a casa de Acabe (v. 16, 17), e ainda ungiria a Eliseu como profeta que o sucederia e que seria também o Seu instrumento de juízo sobre a impiedade das nações (v. 16, 17).
O Senhor revelou também a Elias naquela ocasião, que ele não era o único crente fiel que restara em Israel, porque ainda que nem todos tivessem a coragem dele de se exporem opondo-se ao enfrentamento direto de Jezabel, que até o próprio Elias havia temido, quando ameaçado por ela, contudo permaneciam fiéis a Ele, e como Elias, também não haviam dobrado seus joelhos em adoração a Baal (v. 18).
Isto seria um motivo adicional para renovar a esperança do profeta do fogo e do trovão, e serviria também para lembrá-lo que nem todos os servos de Deus são dotados da mesma têmpera que havia nele.
O mesmo Deus de um Lutero guerreiro é o mesmo Deus de um Calvino de temperamento tranquilo.
Ele usa cada um dos Seus servos, em suas próprias características pessoais, para atender aos Seus elevados propósitos, de modo que um Obadias, como servo na casa de Acabe, é tanto útil a Ele quanto um Elias que enfrentou 850 falsos profetas no Carmelo e os matou.
Há muitos ensinamentos para nós na chamada de Eliseu.
Gostaríamos de enfocar o que lemos no texto de I Reis 19.19-21:
“19 Partiu, pois, Elias dali e achou Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele, estando ele com a duodécima; chegando-se Elias a Eliseu, lançou a sua capa sobre ele.
20 Então, deixando este os bois, correu após Elias, e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe, e então te seguirei. Respondeu-lhe Elias: Vai, volta; pois, que te fiz eu?
21 Voltou, pois, de o seguir, tomou a junta de bois, e os matou, e com os aparelhos dos bois cozeu a carne, e a deu ao povo, e comeram. Então se levantou e seguiu a Elias, e o servia.” .
 Deus mesmo chamou Eliseu para ser profeta no lugar de Elias, conforme se vê no verso 16, quando lhe ordenou que ungisse a Jeú, rei de Israel, a Hazael, rei da Síria, e a Eliseu por profeta.
Não foi numa escola de profetas, nem no templo, que Eliseu foi chamado, mas no seu local de trabalho, quando arava o campo com doze juntas de bois, sendo que ele próprio arava com uma destas juntas.
E não tem sido assim o método comum com o qual muitos têm sido chamados pelo Senhor, para deixarem suas atividades seculares, para viverem do evangelho?
Eliseu não deixou pouco para se consagrar à sua chamada, pois se diz que arava com doze juntas de bois.
Ele ofereceu tudo o que tinha como um holocausto, nas mãos do Senhor, como símbolo da sua renúncia ao seu antigo modo de vida, quando matou os seus bois e fez uma fogueira para assar a carne com os instrumentos com os quais arava a terra.
Ele não seria mais agricultor dali por diante, porque se desfez dos meios que eram necessários para a realização do seu antigo sustento de vida.
Um dos motivos de Deus ter chamado Eliseu para ser sucessor de Elias, foi o fato de apesar dele ser um homem importante, que tinha servos, era simples e trabalhador, porque se diz que ele também estava trabalhando no arado, quando podia deixar todo o serviço pesado a cargo dos seus empregados.
Pessoas que buscam uma vida de mordomia neste mundo não serão chamadas por Deus para a Sua obra.
O pedido de Eliseu para se despedir de seus pais, não foi uma desculpa para demorar a atender à chamada do Senhor, como a citada em Lucas 9.61. Ele somente o fizera por uma questão de respeito e dever para com os seus pais.  
Elias não constrangeu Eliseu a segui-lo, mas lembrou-lhe somente que havia lançado o seu manto sobre ele, como uma indicação de que estava sendo chamado por Deus para ser preparado por ele, Elias, para o ministério, e isto estava representado no fato de que estaria debaixo das vestes de Elias, isto é, de sua proteção e cuidado.
Eliseu se colocou humildemente na posição de servo de Elias, e era o servo lavava as mãos do profeta como se vê em II Reis 3.11.
Há renúncias impostas para o exercício do ministério
Muitos que são chamados pelo Senhor, especialmente para a obra de missões, vivendo pela fé, custam a entender em princípio, qual é o caráter da chamada deles.
Até o próprio Eliseu, aquele gigante espiritual, demonstrou estar ainda ligado a laços familiares de sangue, quando o Senhor o chamou para o ministério profético através de Elias (I Rs 19.19-21).
Muitos ficaram perplexos por grande tempo até entenderem que as perdas que sofreram em suas vidas, foram decorrentes desta chamada do Senhor para o exercício do ministério.
O Senhor impõe renúncias àqueles aos quais chama, tal como fizera com todos os apóstolos, que tudo tiveram que deixar para poder segui-lO.
A quantas coisas e pessoas estamos apegados, ainda que não estejamos devidamente conscientizados de tal realidade?
E dificilmente entendemos que muitas perdas que sofremos, e guinadas violentas que são produzidas por Deus em nossas vidas, têm o propósito de nos tornar desimpedidos para a realização da Sua obra.
Se não houver esta renúncia aprendida e recebida de modo voluntário, pela consagração de tudo o que somos e do que temos ao Senhor, não será possível trabalhar para Deus, porque o nosso coração estará apegado àquelas coisas e pessoas das quais, o Senhor sabe que devemos nos desprender primeiro (não abandoná-las), para que possamos então fazer a Sua vontade, sem que sejam tais coisas e pessoas a principal ocupação de nossos pensamentos, afeições e desejos.
Quando Deus chamou Eliseu através do profeta Elias, este lançou a sua capa sobre Eliseu, indicando que a autoridade espiritual que estava sobre Elias, seria transferida por Deus, no tempo oportuno, para Eliseu.
Mas desde já, ele teria que abandonar tudo para poder seguir Elias, para ser preparado para ser o seu sucessor.
Quando Jesus lança sobre nós a sua capa concedendo-nos dons, capacitações, e Sua autoridade, é para a realização da Sua obra, e não da nossa. Para fazermos a Sua vontade e não a nossa.
Adeus amigos! Adeus prazeres carnais e mundanos! Adeus parentes! Adeus interesses particulares! Adeus sonhos seculares! É a atitude que devemos ter em nosso coração, tão logo identifiquemos que fomos chamados para a realização de uma obra específica para Deus.




“1 Ora, Acabe fez saber a Jezabel tudo quanto Elias havia feito, e como matara à espada todos os profetas.
2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se até amanhã a estas horas eu não fizer a tua vida como a de um deles.
3 Quando ele viu isto, levantou-se e, para escapar com vida, se foi. E chegando a Berseba, que pertence a Judá, deixou ali o seu moço.
4 Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.
5 E deitando-se debaixo do zimbro, dormiu; e eis que um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te e come.
6 Ele olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água. Tendo comido e bebido, tornou a deitar-se.
7 O anjo do Senhor veio segunda vez, tocou-o, e lhe disse: Levanta-te e come, porque demasiado longa te será a viagem.
8 Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força desse alimento caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.
9 Ali entrou numa caverna, onde passou a noite. E eis que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo: Que fazes aqui, Elias?
10 Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.
11 Ao que Deus lhe disse: Vem cá fora, e põe-te no monte perante o Senhor: E eis que o Senhor passou; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto, porém o Senhor não estava no terremoto;
12 e depois do terremoto um fogo, porém o Senhor não estava no fogo; e ainda depois do fogo uma voz mansa e delicada.
13 E ao ouvi-la, Elias cobriu o rosto com a capa e, saindo, pôs-se à entrada da caverna. E eis que lhe veio uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?
14 Respondeu ele: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos exércitos; porque os filhos de Israel deixaram o teu pacto, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada; e eu, somente eu, fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem.
15 Então o Senhor lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; quando lá chegares, ungirás a Hazael para ser rei sobre a Síria.
16 E a Jeú, filho de Ninsi, ungirás para ser rei sobre Israel; bem como a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás para ser profeta em teu lugar.
17 E há de ser que o que escapar da espada de Hazael, matá-lo-á Jeú; e o que escapar da espada de Jeú, matá-lo-á Eliseu.
18 Todavia deixarei em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que não o beijou.
19 Partiu, pois, Elias dali e achou Eliseu, filho de Safate, que andava lavrando com doze juntas de bois adiante dele, estando ele com a duodécima; chegando-se Elias a Eliseu, lançou a sua capa sobre ele.
20 Então, deixando este os bois, correu após Elias, e disse: Deixa-me beijar a meu pai e a minha mãe, e então te seguirei. Respondeu-lhe Elias: Vai, volta; pois, que te fiz eu?
21 Voltou, pois, de o seguir, tomou a junta de bois, e os matou, e com os aparelhos dos bois cozeu a carne, e a deu ao povo, e comeram. Então se levantou e seguiu a Elias, e o servia.” (I Rs 19.1-21).



I Reis 20

O Conturbado Reinado de Acabe

Nós vimos no final do comentário relativo ao capítulo 19 de I Reis, que Deus havia determinado trazer um juízo de espada, isto é de guerra, contra Israel, através de Hazael, quando este subisse ao trono da Síria, então foi por sua própria conta e iniciativa que Ben-Hadade invadiu Samaria coligado com 32 reis que se juntaram a ele (I Reis 20.1) naquela empresa.
Deus não lhe havia incitado para exercer qualquer juízo sobre os israelitas, mas confiando na força do exército que se encontrava sob o seu comando invadiu Israel e enviou uma mensagem insolente a Acabe, para que se rendesse a ele, pois estava se apoderando de tudo o que lhe pertencia, inclusive mulheres e filhos, mostrando assim até que ponto esperava tornar Israel um reino vassalo, não somente para pagar tributos, mas para ser usado conforme fosse a conveniência da Síria.
Temendo um massacre Acabe concordou em se render a Ben-Hadade, e o chamou de seu senhor e declarou que tudo quanto tinha pertencia ao rei da Síria (I Reis 20.4).
Com isto, Ben-Hadade ficou de enviar uma embaixada não para fins pacíficos, mas para efetuar um levantamento de tudo quanto fosse achado de precioso em Israel, para que fosse tomado (v.6).
Vendo que Ben-Hadade estava de fato disposto a tomar para si inclusive suas mulheres e filhos, Acabe consultou os anciãos de Israel, e estes lhe aconselharam a não atender às condições impostas pelo rei da Síria, e então Acabe mandou resposta pelos mensageiros de Ben-Hadade, que aceitava ser seu vassalo, mas não permitindo aquela insolência de se apoderar de tudo quanto o que quisesse em Israel (v. 9).
Com isto Ben-Hadade se enfureceu e enviou mensageiros com um declaração formal de guerra, dizendo que reduziria a capital de Israel, Samaria, a pó (v. 10).
Acabe mandou uma resposta ao rei da Síria dizendo que ele não se gabasse enquanto não tivesse ainda deposto as armas, por ter obtido vitória na guerra que pretendia empreender (v. 11).  
Tão confiante estava Ben-Hadade na vitória que já a estava comemorando bebendo em companhia dos reis que o acompanhavam em Samaria, que ao ouvir a resposta que Acabe lhe enviara, ordenou a eles que se colocassem em ordem de batalha contra a cidade de Samaria (v.12).
Mas o Senhor daria vitória a Acabe contra o rei da Síria, não por causa da justiça de Acabe,  mas para vindicar a Sua própria justiça, e para castigar a afronta insolente de Ben-Hadade.
Ele castigaria Acabe depois, pelas suas impiedades, mas usaria o próprio Acabe agora para punir o rei da Síria.
Não seria então nem por amor de Acabe, nem por amor de Israel que Ele o faria, mas por amor de Seu grande nome, e pela própria maldade de Ben-Hadade.
E para que Acabe soubesse que aquela vitória seria obtida por causa do Senhor, e não pela própria força dos israelitas, Ele lhe enviou um profeta que disse a Acabe que Deus havia entregue o exército sírio na sua mão. E de fato o exército de Israel impôs uma grande derrota aos sírios (v. 21).
Mas estes não se dariam por vencidos, e planejavam se reorganizar e retornar a Israel dentro de um ano.
E o Senhor revelou através do mesmo profeta a Acabe estas intenções dos sírios, de modo que ele se preparasse para esta nova investida.
E como os sírios justificaram a derrota anterior alegando que tinham lutado no monte de Samaria contra Israel, e que o Deus deles era somente dos montes e não dos vales, então lutariam desta vez na planície e o Deus de Israel seria vencido pelos seus deuses.
Com esta declaração, assinaram a sua derrota, porque provocaram o Senhor a zelos (v. 28).
Os sírios perderam 100.000 homens de infantaria na batalha (v. 29), e os que restaram  fugiram para a cidade de Afeque, mas o muro da cidade caiu sobre eles e morreram 27.000 homens.
Ben-Hadade conseguiu escapar e entrando na cidade se escondeu numa câmara (v.30) e foi aconselhado pelos seus servos a implorar pela misericórdia de Acabe, humilhando-se perante ele com saco e cordas ao pescoço.
E indo os seus servos ter com o rei de Israel, este em vez de matar o rei da Síria, alegrou-se em saber que ele ainda estava vivo e o chamou de irmão (v. 32), certamente pensando em contar com um possível favor da Síria no futuro, em reconhecimento desta sua atitude.
Ele agiu politicamente para evitar futuros conflitos, e assim, não ter mais que se expor à morte no campo de batalha.
Entretanto, em vez de confiar no Senhor, confiou nos seus inimigos.
Em vez de se arrepender dos seus pecados pelos livramentos que Deus havia operado em Israel, continuou em sua idolatria, assim como o povo de Israel.
  A honra que Acabe havia negado a Elias deixando-o correr adiante do seu carro, quando vinha do Carmelo para Jizreel, ele a concedeu a Ben-Hadade, pedindo que este viesse ter com ele, e o honrou fazendo-o subir no seu carro, como que a mostrar publicamente que ele seria dali por diante o seu aliado (v. 33).
Pensando somente em livrar seu próprio pescoço Ben-Hadade enganou Acabe, dizendo que lhe restituiria inclusive as cidades que o seu pai havia tomado de Onri, pai de Acabe, e que ele poderia fazer praças em sua honra na capital da Síria, Damasco, assim como o pai de Ben-Hadade havia feito em Samaria (v. 34).
E lisonjeado por estas palavras Acabe o deixou ir livremente para a Síria.
Em razão disso, um dos filhos dos profetas pediu ao seu amigo que  o ferisse, e ele lhe pediu pela palavra do Senhor que veio a ele e ordenou que fizesse isto.
Contudo, o amigo se recusou a feri-lo (v. 35) tal como Acabe havia se recusado a ferir Ben-Hadade, contrariando aquilo que o Senhor havia ordenado, pois dissera a Acabe que o entregara nas suas mãos para ser morto.
E o que pediu para ser ferido disse a seu amigo que assim como ele havia desobedecido a voz do Senhor, quando ele se afastasse dele, seria morto por um leão, e isto de fato ocorreu (v. 36).
Estava de igual modo assinalada a sentença de Acabe, por ter se recusado a ferir aquele a quem o Senhor havia entregue nas suas mãos.
A atitude de Acabe havia ferido ao Senhor, e por isso o profeta não desistiria de cumprir o que lhe havia sido ordenado por Deus, até que alguém o ferisse, e por isso ele se voltou a um outro homem e lhe pediu para que o ferisse e este o fez (v. 37).
E foi sentindo em seu corpo a dor que o Senhor estava sentindo em seu coração por aquele duro golpe que Acabe lhe desferira, que o profeta foi ter com o rei de Israel e encontrando-o lhe contou uma estória na qual o próprio profeta seria supostamente o protagonista, que estando no campo de batalha, foi-lhe ordenado que guardasse um dos inimigos, e que caso falhasse na missão que lhe fora dada ele responderia com a sua própria vida, ou então pagaria um talento de prata, e tendo ele se descuidado, deixou fugir o homem que lhe fora confiado.
Ao que Acabe se adiantou em dizer que ele havia proferido a sua própria sentença contra si mesmo.
E este tirando o disfarce viu Acabe que era um dos profetas, possivelmente Micaías, que lhe disse o seguinte:
“Assim diz o Senhor: Porquanto deixaste escapar da mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida responderá pela sua vida, e o teu povo pelo seu povo.” (v. 39 a 42).
E de fato isto veio a suceder a Acabe na peleja que viria a travar contra os siros, e na qual Ben-Hadade ordenou a seus soldados que se ocupassem somente em matar Acabe (22.35), e a palavra contra os israelitas teria o seu cumprimento posteriormente, nos dias em que Hazael reinava sobre a Síria (II Rs 10.32,33), conforme o Senhor havia predito a Elias no Horebe, quando lhe enviou a ungir Hazael como o futuro rei da Síria.
Nem com tudo isto Acabe se arrependeu, e em vez disso se diz apenas que ele retornou para Samaria desgostoso e indignado (v.43).
Indignação esta que ele revelaria ter contra os profetas do Senhor, e em especial contra Micaías, conforme viria a declarar ao rei Josafá, posteriormente, quando se aliançou com ele para lutar contra os sírios, o que veremos no comentário relativo ao capítulo 22.





“1 Ora, Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntou todo o seu exército; e havia com ele trinta e dois reis, e cavalos e carros. Então subiu, cercou a Samaria, e pelejou contra ela.
2 E enviou à cidade mensageiros a Acabe, rei de Israel, a dizer-lhe: Assim diz: Ben-Hadade:
3 A tua prata e o teu ouro são meus; e também, das tuas mulheres e dos teus filhos, os melhores são meus.
4 Ao que respondeu o rei de Israel, dizendo: Conforme a tua palavra, ó rei meu senhor, sou teu, com tudo quanto tenho.
5 Tornaram a vir os mensageiros, e disseram: Assim fala Ben-Hadade, dizendo: Enviei-te, na verdade, mensageiros que dissessem: Tu me hás de entregar a tua prata e o teu ouro, as tuas mulheres e os teus filhos;
6 todavia amanhã a estas horas te enviarei os meus servos, os quais esquadrinharão a tua casa, e as casas dos teus servos; e há de ser que tudo o que de precioso tiveres, eles tomarão consigo e o levarão.
7 Então o rei de Israel chamou todos os anciãos da terra, e disse: Notai agora, e vede como esse homem procura o mal; pois mandou pedir-me as minhas mulheres, os meus filhos, a minha prata e o meu ouro, e não os neguei.
8 Responderam-lhe todos os anciãos e todo o povo: Não lhe dês ouvidos, nem consintas.
9 Pelo que disse aos mensageiros de Ben-Hadade: Dizei ao rei, meu senhor: Tudo o que a princípio mandaste pedir a teu servo, farei; porém isto não posso fazer. Voltaram os mensageiros, e lhe levaram a resposta.
10 Tornou Ben-Hadade a enviar-lhe mensageiros, e disse: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se o pó de Samaria bastar para encher as mãos de todo o povo que me segue.
11 O rei de Israel, porém, respondeu: Dizei-lhe: Não se gabe quem se cinge das armas como aquele que as depõe.
12 E sucedeu que, ouvindo ele esta palavra, estando a beber com os reis nas tendas, disse aos seus servos: Ponde-vos em ordem. E eles se puseram em ordem contra a cidade.
13 E eis que um profeta, chegando-se a Acabe, rei de Israel, lhe disse: Assim diz o Senhor: Viste toda esta grande multidão eis que hoje te entregarei nas mãos, e saberás que eu sou o Senhor.
14 Perguntou Acabe: Por quem? Respondeu ele: Assim diz o Senhor: Pelos moços dos chefes das províncias. Ainda perguntou Acabe: Quem começará a peleja? Respondeu ele: Tu.
15 Então contou os moços dos chefes das províncias, e eram duzentos e trinta e dois; e depois deles contou todo o povo, a saber, todos os filhos de Israel, e eram sete mil.
16 Saíram, pois, ao meio-dia. Ben-Hadade, porém, estava bebendo e se embriagando nas tendas, com os reis, os trinta e dois reis que o ajudavam.
17 E os moços dos chefes das províncias saíram primeiro; e Ben-Hadade enviou espias, que lhe deram aviso, dizendo: Saíram de Samaria uns homens.
18 Ao que ele disse: Quer venham eles tratar de paz, quer venham à peleja, tomai-os vivos.
19 Saíram, pois, da cidade os moços dos chefes das províncias, e o exército que os seguia.
20 E eles mataram cada um o seu adversário. Então os sírios fugiram, e Israel os perseguiu; mas Ben-Hadade, rei da Síria, escapou a cavalo, com alguns cavaleiros.
21 E saindo o rei de Israel, destruiu os cavalos e os carros, e infligiu aos sírios grande derrota.
22 Então o profeta chegou-se ao rei de Israel e lhe disse: Vai, fortalece-te; atenta bem para o que hás de fazer; porque decorrido um ano, o rei da Síria subirá contra ti.
23 Os servos do rei da Síria lhe disseram: Seus deuses são deuses dos montes, por isso eles foram mais fortes do que nós; mas pelejemos com eles na planície, e por certo prevaleceremos contra eles.
24 Faze, pois, isto: tira os reis, cada um do seu lugar, e substitui-os por capitães;
25 arregimenta outro exército, igual ao exército que perdeste, cavalo por cavalo, e carro por carro; pelejemos com eles na planície, e por certo prevaleceremos contra eles. Ele deu ouvidos ao que disseram, e assim fez.
26 Passado um ano, Ben-Hadade arregimentou os sírios, e subiu a Afeque, para pelejar contra Israel.
27 Também os filhos de Israel foram arregimentados e, providos de víveres, marcharam contra eles. E os filhos de Israel acamparam-se defronte deles, como dois pequenos rebanhos de cabras; mas os sírios enchiam a terra.
28 Nisso chegou o homem de Deus, e disse ao rei de Israel: Assim diz o Senhor: Porquanto os sírios disseram: O Senhor é Deus dos montes, e não Deus dos vales, entregarei nas tuas mãos toda esta grande multidão, e saberás que eu sou o Senhor.
29 Assim, pois, estiveram acampados sete dias, uns defronte dos outros. Ao sétimo dia a peleja começou, e num só dia os filhos de Israel mataram dos sírios cem mil homens da infantaria.
30 E os restantes fugiram para Afeque, e entraram na cidade; e caiu o muro sobre vinte e sete mil homens que restavam. Ben-Hadade, porém, fugiu, e veio à cidade, onde se meteu numa câmara interior.
31 Disseram-lhe os seus servos: Eis que temos ouvido dizer que os reis da casa de Israel são reis clementes; ponhamos, pois, sacos aos lombos, e cordas aos pescoços, e saiamos ao rei de Israel; pode ser que ele te poupe a vida.
32 Então cingiram sacos aos lombos e cordas aos pescoços e, indo ter com o rei de Israel, disseram-lhe: Diz o teu servo Ben-Hadade: Deixa-me viver, rogo-te. Ao que disse Acabe: Pois ainda vive? É meu irmão.
33 Aqueles homens, tomando isto por bom presságio, apressaram-se em apanhar a sua palavra, e disseram: Ben-Hadade é teu irmão! Respondeu-lhes ele: Ide, trazei-me. Veio, pois, Ben-Hadade à presença de Acabe; e este o fez subir ao carro.
34 Então lhe disse Ben-Hadade: Eu te restituirei as cidades que meu pai tomou a teu pai; e farás para ti praças em Damasco, como meu pai as fez em Samaria. E eu, respondeu Acabe, com esta aliança te deixarei ir. E fez com ele aliança e o deixou ir.
35 Ora, certo homem dentre os filhos dos profetas disse ao seu companheiro, pela palavra do Senhor: Fere-me, peço-te. Mas o homem recusou feri-lo.
36 Pelo que ele lhe disse: Porquanto não obedeceste à voz do Senhor, eis que, em te apartando de mim, um leão te matará. E logo que se apartou dele um leão o encontrou e o matou.
37 Depois o profeta encontrou outro homem, e disse-lhe: Fere-me, peço-te. E aquele homem deu nele e o feriu.
38 Então foi o profeta, pôs-se a esperar e rei no caminho, e disfarçou-se, cobrindo os olhos com o seu turbante.
39 E passando o rei, clamou ele ao rei, dizendo: Teu servo estava no meio da peleja; e eis que um homem, voltando-se, me trouxe um outro, e disse: Guarda-me este homem; se ele de qualquer maneira vier a faltar, a tua vida responderá pela vida dele, ou então pagarás um talento de prata.
40 E estando o teu servo ocupado de uma e de outra parte, eis que o homem desapareceu. Ao que lhe respondeu o rei de Israel: Esta é a tua sentença; tu mesmo a pronunciaste.
41 Então ele se apressou, e tirou o turbante de sobre os seus olhos; e o rei de Israel o reconheceu, que era um dos profetas.
42 E disse ele ao rei: Assim diz o Senhor: Porquanto deixaste escapar da mão o homem que eu havia posto para destruição, a tua vida responderá pela sua vida, e o teu povo pelo seu povo.
43 E o rei de Israel seguiu para sua casa, desgostoso e indignado, e veio a Samaria.” (I Rs 20.1-43).



I Reis 21

A Grande Longanimidade de Deus

Do relato constante do final do 21º capítulo de I Reis,  nós podemos entender uma das razões pelas quais Deus permite que as pessoas ímpias prosperem por um longo tempo.
O perverso Acabe havia se humilhado diante do Senhor por causa do juízo que proferiu contra ele pela boca do profeta Elias.
Ainda que aquela fosse uma humilhação de um arrependimento apenas externo, mas não do coração, porque continuou nos seus pecados, tendo apenas ficado abatido e temeroso do mal que foi proferido sobre ele e sobre a sua casa, por causa de todos os males que praticara em Israel, e principalmente por ter se apoderado da vinha de Nabote, que foi o fato catalisador daqueles juízos.
Foi tal o impacto da palavra de Deus através de Elias sobre ele, que rasgou as suas vestes, jejuava e andava vestido de saco (I Reis 21.27).
Com isto ele conseguiu mover a compaixão e a bondade de Deus, não para revogar o juízo, mas para adiar a execução relativa ao extermínio da sua casa, que não seria feito enquanto ele vivesse, mas nos dias em que seu filho estivesse reinando depois dele.
Mas não foi dado a ele o conforto de sabê-lo, porque o Senhor não lhe revelou a sua decisão, mas ao profeta Elias (v. 29).  
Esta passagem nos ensina muito sobre a grande longanimidade e bondade de Deus, porque se um homem como Acabe com uma penitência parcial, e um arrependimento apenas externo conseguiu prolongar a vida da sua casa, então um penitente sincero que tenha se arrependido em seu coração dos seus pecados, terá de fato não somente a sua vida prolongada na terra, como irá justificado para a sua casa celestial, para estar para sempre na presença de Deus.
As faltas de Acabe eram imensas e terríveis, mas poderiam também serem perdoadas, para efeito de justificação, caso ele se arrependesse realmente dos seus pecados, ainda que não fosse livrado das consequências deles, e dos justas correções do Senhor.
Não foi pouca coisa que o Senhor considerou em sua longanimidade em relação a ele, porque o crime praticado contra Nabote, seu vizinho do palácio, que ele tinha em Jizreel,  na tribo de Issacar, foi extremamente abominável, pois foi perpetrado para consumar a satisfação de um desejo, contra o mandamento que diz “não cobiçarás”, e mais do que satisfazer uma cobiça, era na verdade para tentar abafar o seu descontentamento em não poder anexar à sua propriedade o vinhedo vizinho, que pertencia a Nabote.
Quando Nabote se recusou a vender-lhe a propriedade ou trocá-la por uma outra, porque era uma herança que vinha passando de pais para filhos desde a antiguidade, Acabe ficou de tal modo desgostoso e indignado que se recusava a comer porque havia perdido a fome.
E quando ele expôs o caso a Jezabel ele estava se vendendo a ela para que tomasse a iniciativa maligna, que ele certamente sabia que ela tomaria para que o seu desejo fosse satisfeito.
E a perversa Jezabel realmente formulou um plano diabólico, de modo que os filhos de Nabote não poderiam reclamar o seu direito à herança, depois que ele fosse morto, porque morreria acusado falsamente de ter cometido um crime de estado, pois seria testemunhado contra ele, por duas pessoas de Belial, que ele havia blasfemado contra Deus e contra o rei, de maneira que um tal crime faria com que Nabote fosse morto por apedrejamento, e não daria o direito de posse aos herdeiros legítimos, e desta forma Acabe poderia assumir o direito vitalício sobre a propriedade de Nabote.
Para isto Jezabel usou o sinete real, que ao que tudo indica deveria ser usado por ela em várias outras ocasiões, debaixo da omissão do rei em favor dela, para praticar as suas maldades, como por exemplo a de obtenção do apoio dos anciãos para exterminar os profetas do Senhor.
Esta era Jezabel e não admira que tenha sido profetizado contra ela por Elias que seria devorada pelos cães (v. 23).
O descontentamento é um grande pecado diante do Deus bondoso e provedor, que cuida especialmente das necessidades dos Seus filhos.
O descontentamento é um pecado que traz consigo o seu próprio castigo, pois atormenta os homens, entristece os seus espíritos e enferma o corpo.
Por isso é ordenado aos cristãos que em tudo deem graças, porque em vez de descontentamento pelas suas circunstâncias presentes, deveriam aprender a suportar as suas cruzes com o pensamento fixado nas misericórdias que desfrutam, especialmente a relativa ao reino futuro que aguarda por eles.


“1 Sucedeu depois destas coisas que, tendo Nabote, o jizreelita, uma vinha em Jizrreel, junto ao palácio de Acabe, rei de Samaria,
2 falou este a Nabote, dizendo: Dá-me a tua vinha, para que me sirva de horta, porque está vizinha, ao pé da minha casa; e te darei por ela outra vinha melhor; ou, se desejares, dar-te-ei o seu valor em dinheiro.
3 Respondeu, porém, Nabote a Acabe: Guarde-me o Senhor de que eu te dê a herança de meus pais.
4 Então Acabe veio para sua casa, desgostoso e indignado, por causa da palavra que Nabote, o jizreelita, lhe falara; pois este lhe dissera: Não te darei a herança de meus pais. Tendo-se deitado na sua cama, virou o rosto, e não quis comer.
5 Mas, vindo a ele Jezabel, sua mulher, lhe disse: Por que está o teu espírito tão desgostoso que não queres comer?
6 Ele lhe respondeu: Porque falei a Nabote, o jizreelita, e lhe disse: Dá-me a tua vinha por dinheiro; ou, se te apraz, te darei outra vinha em seu lugar. Ele, porém, disse: Não te darei a minha vinha.
7 Ao que Jezabel, sua mulher, lhe disse: Governas tu agora no reino de Israel? Levanta-te, come, e alegre-se o teu coração; eu te darei a vinha de Nabote, o jizreelita.
8 Então escreveu cartas em nome de Acabe e, selando-as com o sinete dele, mandou-as aos anciãos e aos nobres que habitavam com Nabote na sua cidade.
9 Assim escreveu nas cartas: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo.
10 E ponde defronte dele dois homens, filhos de Belial, que testemunhem contra ele, dizendo: Blasfemaste contra Deus e contra o rei. Depois conduzi-o para fora, e apedrejai-o até que morra.
11 Pelo que os homens da cidade dele, isto é, os anciãos e os nobres que habitavam na sua cidade, fizeram como Jezabel lhes ordenara, conforme estava escrito nas cartas que ela lhes mandara.
12 Apregoaram um jejum, e puseram Nabote diante do povo.
13 Também vieram dois homens, filhos de Belial, e sentaram-se defronte dele; e estes filhos de Belial testemunharam contra Nabote perante o povo, dizendo: Nabote blasfemou contra Deus e contra o rei. Então o conduziram para fora da cidade e o apedrejaram, de sorte que morreu.
14 Depois mandaram dizer a Jezabel : Nabote foi apedrejado e morreu.
15 Ora, ouvindo Jezabel que Nabote fora apedrejado e morrera, disse a Acabe: Levanta-te e toma posse da vinha de Nabote, o jizreelita, a qual ele recusou dar-te por dinheiro; porque Nabote já não vive, mas é morto.
16 Quando Acabe ouviu que Nabote já era morto, levantou-se para descer à vinha de Nabote, o jizreelita, a fim de tomar posse dela.
17 Então veio a palavra do Senhor a Elias, o tisbita, dizendo:
18 Levanta-te, desce para encontrar-te com Acabe, rei de Israel, que está em Samaria. Eis que está na vinha de Nabote, aonde desceu a fim de tomar posse dela.
19 E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o Senhor: Porventura não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o Senhor: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, lamberão também o teu próprio sangue.
20 Ao que disse Acabe a Elias: Já me achaste, ó inimigo meu? Respondeu ele: Achei-te; porque te vendeste para fazeres o que é mau aos olhos do Senhor.
21 Eis que trarei o mal sobre ti; lançarei fora a tua posteridade, e arrancarei de Acabe todo homem, escravo ou livre, em Israel;
22 e farei a tua casa como a casa de Jeroboão, filho de Nebate, e como a casa de Baasa, filho de Aías, por causa da provocação com que me provocaste à ira, fazendo Israel pecar.
23 Também acerca de Jezabel falou o Senhor, dizendo: Os cães comerão Jezabel junto ao antemuro de Jizreel.
24 Quem morrer a Acabe na cidade, os cães o comerão; e o que lhe morrer no campo, as aves do céu o comerão.
25 (Não houve, porém, ninguém como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau aos olhos do Senhor, sendo instigado por Jezabel, sua mulher.
26 E fez grandes abominações, seguindo os ídolos, conforme tudo o que fizeram os amorreus, os quais o Senhor lançou fora da sua possessão, de diante dos filhos de Israel.)
27 Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, cobriu de saco a sua carne, e jejuou; e jazia em saco, e andava humildemente.
28 Então veio a palavra do Senhor a Elias, o tisbita, dizendo:
29 Não viste que Acabe se humilha perante mim? Por isso, porquanto se humilha perante mim, não trarei o mal enquanto ele viver, mas nos dias de seu filho trarei o mal sobre a sua casa.” (I Rs 21.1-29).


I Reis 22

A Morte do Rei Acabe

Os eventos narrados no capítulo 22 de I Reis se referem ao 22º ano do reinado de Acabe, correspondente ao ano da sua morte na batalha que empreendeu contra o rei da Síria, para retomar a cidade de Ramote-Gileade, pertencente a Israel, que se encontrava sob o domínio da Síria.
Acabe chamou o rei Josafá de Judá para se aliar a ele nesta batalha, e seria difícil a Josafá recusar o convite, porque a filha de Acabe com Jezabel, chamada Atalia, havia sido dada como esposa a Jeorão, filho de Josafá, certamente para selar uma aliança de ajuda mútua feita entre ambos os reis.
Josafá, que era um homem de Deus, equivocou-se quanto a isto, deixando que o lado político falasse mais alto, porque deve ter pensado numa possibilidade de Israel e Judá voltarem a formar no futuro uma única unidade federativa, sob o governo de um dos reis de ambas as casas, que viesse a contar com o apoio da maioria em Israel.
Entretanto, Jeorão, filho de Josafá, matou todos os seus irmãos quando assumiu o trono de Judá, no lugar de seu pai.
E andou nos caminhos de Acabe e não nos de Josafá, seu pai, e assim como Acabe se deixou influenciar por Jezabel, ele também se deixou influenciar por Atalia (II Crôn 21.1-6).
Assim, a amizade de Josafá com Acabe não lhe trouxe apenas constrangimentos como os que nós lemos neste capítulo de I Reis 22, como dificuldades ao seu reino, e sobretudo a importação do culto a Baal em Judá, através de Atalia, filha de Acabe, quando Jeorão, filho de Josafá, assumiu o trono.
O rei Josafá tinha em alta conta não somente o Senhor como a Sua Palavra, o seu culto, os seus profetas, e o rei Acabe tinha um desprezo por tudo isto, e como poderia então haver uma tal sociedade da justiça com a injustiça?
Nós vemos no texto paralelo de II Crônicas, relativo ao reinado de Josafá, os contratempos que ele teve que experimentar por conta desta sociedade com Acabe.
Em II Crôn 19.2 nós vemos por exemplo a repreensão que lhe foi dirigida pelo profeta Jeú, quando ele retornou a Jerusalém depois da batalha em que se aliou a Acabe para lutar contra os sírios:
“Mas Jeú, filho de Hanani, a vidente, saiu ao encontro do rei Josafá e lhe disse: Devias tu ajudar o ímpio, e amar aqueles que odeiam ao Senhor? Por isso virá sobre ti grande ira da parte do Senhor.”.
E a primeira dificuldade que ele teve que enfrentar foi ter que guerrear contra os moabitas, os amonitas e meunitas, que vieram contra ele em grande multidão:
“Depois disto sucedeu que os moabitas, e os amonitas, e com eles alguns dos meunitas vieram contra Josafá para lhe fazerem guerra. Vieram alguns homens dar notícia a Josafá, dizendo: Vem contra ti uma grande multidão de Edom, dalém do mar; e eis que já estão em Hazazom-Tamar, que é En-Gedi.” (II Crôn 20.1,2).
Mas ele foi bem sucedido, porque apesar do mal ter sido despertado contra ele, Josafá buscou o Senhor e saiu vitorioso nesta guerra.
Depois de Acabe, Josafá se aliançou ainda, por força das circunstâncias a Acazias, filho de Acabe, e teve também dificuldade por conta desta aliança:
“35 Depois disto Josafá, rei de Judá, se aliou com Acazias, rei de Israel, que procedeu impiamente;
36 aliou-se com ele para construírem navios que fossem a Társis; e construíram os navios em Eziom-Geber.
37 Então Eliézer, filho de Dodavaú, de Maressa, profetizou contra Josafá, dizendo: Porquanto te aliaste com Acazias, o Senhor destruiu as tuas obras. E os navios se despedaçaram e não puderam ir a Társis.” (II Crôn 20.35-37).
Contudo ele aprendeu a lição de não se aliar àqueles que eram tidos na conta de inimigos de Deus, porque tendo Acazias se oferecido para enviar homens de Israel com os de Judá nos navios, ele recusou tal ajuda (v. 49).
Nós vimos no comentário do capítulo 20 que Acabe havia poupado o rei da Síria quando este lhe foi dado em suas mãos pelo Senhor, para ser morto, e por causa disto um profeta lhe disse que a vida de Acabe responderia pela vida de Ben-Hadade (v. 42), isto é, este seria deixado então em vida enquanto Acabe seria morto.
E isto sucederia na batalha pela tentativa da retomada da posse de Ramote-Gileade.
Josafá não se dispôs a ir com Acabe à peleja sem que antes fossem consultados os profetas do Senhor.
Porque em vez destes, Acabe chamou os novos 400 falsos profetas do Aserá de Jezabel que haviam sido colocados como substitutos dos que haviam sido mortos por Elias.
E todos eles, que eram falsos profetas, não falavam evidentemente da parte do Senhor, senão pelos espíritos mentirosos e pela própria imaginação deles, sempre com o intuito de agradarem ao rei, falando-lhe somente aquilo que ele gostaria de ouvir.
E nesta ocasião, conforme seria revelado posteriormente por Micaías, que era um verdadeiro profeta do Senhor, que nesta condição, era rejeitado por Acabe, o Senhor permitiu a Satanás que enganasse os 400 falsos profetas, não permitindo que nenhum deles dissesse a Acabe que não fosse àquela batalha, como também não lhe diria por meio de nenhum dos seus verdadeiros profetas, o que ocorreria com ele em Ramote-Gileade, porque o Senhor havia determinado que ele seria morto naquela batalha.
Então, como seria revelado posteriormente, por Micaías, um espírito imundo se apresentou ao Senhor pedindo para enganar Acabe, mentindo-lhe pela boca de todos os seus falsos profetas, que seria bem sucedido na batalha.
O diabo veio roubar, matar e destruir.
E então estaria cumprindo assim o seu ministério de enganar para que Acabe fosse morto.
Sem a permissão divina ele não poderia fazê-lo, caso Deus tivesse outros planos em relação à sua vida, mas o engano seria permitido naquela situação, porque estaria atendendo ao propósito do Senhor de colocar um termo na vida do perverso rei de Israel.
Quando Deus pretende induzir pessoas rebeldes à destruição, ele pode permitir que espíritos malignos conduzam tais pessoas ao erro, ao engano, à morte, porque em vez de amarem a verdade, elas amaram a mentira, e pela própria mentira que  elas amaram, elas serão destruídas:
“E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça.” (II Tes 2.11,12). E foi este o caso que ocorreu com Acabe.
Josafá, que possuía discernimento espiritual não se convenceu com a unanimidade da resposta daqueles 400 homens, e perguntou a Acabe se não havia algum outro profeta do Senhor, que pudesse consultar a Deus em favor deles.
Ele disse “outro” não porque considerasse aqueles 400 como o sendo de fato, mas por uma questão de cortesia para com Acabe para não ofendê-lo.
O que era um desagrado para Acabe era um agrado para Josafá, porque aquele afirmou que não gostava do profeta porque somente lhe falava aquilo que não lhe interessava ouvir.
E por isso Micaías foi apertado pelo oficial que foi buscá-lo para falar ao rei, para que dissesse o que os demais haviam dito, isto é, que ele seria bem sucedido na batalha.
Todavia, ele disse ao oficial com toda a convicção que falaria somente a palavra que o Senhor colocasse na sua boca (v. 14).
Ele havia visto todo o exército de Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor, e o Senhor dizendo que já que eles estavam sem liderança, que voltassem então em paz para suas casas (v. 17).
Isto era uma clara visão de que Acabe seria morto naquela guerra, e todo o seu exército bateria em retirada, e os sírios não empreenderiam nenhuma perseguição a eles, porque a intenção de Ben-Hadade naquela batalha era a de matar somente a Acabe.
Mas como Micaías havia sido pressionado a falar como os demais profetas, e tendo ele sabido antecedentemente qual foi o motivo de terem dito a Acabe que subisse à peleja, ele usou de ironia quando Acabe lhe perguntou se deveria ir ou não a Ramote-Gileade, dizendo que deveria subir à peleja porque seria bem sucedido e o Senhor entregaria a cidade nas suas mãos (v. 15).
Percebendo que ele estava usando de ironia, Acabe o conjurou a dizer a verdade em nome de Deus (v. 16).
Foi então que Micaías lhe declarou a visão que tivera do exército de Israel, como ovelhas sem pastor, e se retirando em paz para suas casas.
E como Acabe tivesse dito a Josafá que Micaías profetizava somente o mal a respeito dele, o profeta prosseguiu dizendo de que modo ele havia sido enganado pelos 400 profetas, por causa do espírito enganador que falara através deles (v. 19 a 23).
Diante de tal declaração um daqueles 400 falsos profetas, chamado Zedequias, feriu Micaías na face e protestou que ele não poderia falar daquele modo porque o Espírito do Senhor não havia passado dele para falar a Micaías (v. 24).
Ele se mostrou indignado e furioso porque fora ele o primeiro a profetizar usando inclusive de uma alegoria para convencer os reis Acabe e Josafá, pois fez uns chifres de ferro e disse que o Senhor lhe dissera que com aqueles chifres eles feririam os sírios até serem consumidos, e nisto passou a ser seguido por todos os demais profetas que diziam o mesmo (v. 11, 12).
Depois disso Acabe mandou que Micaías fosse colocado na prisão e sustentado somente a pão e água, até que ele voltasse em paz da batalha contra os sírios (v. 27).
E Micaías ainda lhe falou dizendo que caso ele voltasse em paz, então isto comprovaria que Deus não havia falado por intermédio dele. E disse mais, que todos o ouvissem, para testemunho de que a palavra que ele havia proferido era verdadeira.
Tal era a obstinação de Acabe e bem conhecida do Senhor, que foi permitido depois dele ter sido enganado pelos seus falsos profetas, que lhe fosse desvendada toda a verdade do fato através de Micaías, pois o Senhor sabia que ele iria ao campo de batalha para honrar a mentira que lhe fora proferida pelo boca daqueles 400 homens, que não serviam à verdade e à justiça.
E Acabe era um homem tão dissimulado e enganador quanto aqueles que o enganaram, que ele na verdade temeu a palavra que lhe fora proferida por Micaías, mas não o revelaria publicamente por causa da sua vaidade, e então o que foi que ele projetou?
Um outro engano, pois pediu ao rei Josafá que tivesse a honra de comandar o exército, indo à frente deles com seus trajes reais, e ele se disfarçaria num soldado comum para que Josafá ficasse mais confortável na posição de chefe de todo o exército.
Ele esperava com isto escapar da morte, e expor o próprio Josafá ao perigo, e de fato isto teria ocorrido se não fosse a misericórdia do Senhor que livrou Josafá, quando estava no campo de batalha, fazendo com que o grito dele fosse ouvido quando os sírios deram sobre ele para matá-lo, e serem detidos em sua intenção, porque o reconheceram como não sendo Acabe, o rei que deveriam matar, seguindo ordens expressas de Ben-Hadade (v. 29 a 33).
Como os juízos de Deus não podem falhar e ele havia determinado que Acabe deveria ser morto em Ramote-Gileade, então a flecha disparada a esmo por um soldado foi direcionada sobrenaturalmente até ele e esta atravessou o espaço entre a couraça e a armadura de Acabe, ferindo-o mortalmente (v. 34, 35).
Então foi cumprida cabalmente a palavra do Senhor na boca de Micaías, porque tendo Acabe morrido, foi ordenado que os soldados de Israel voltassem cada um para a sua própria cidade (v. 36).
Acabe foi sepultado em Samaria, mas a palavra que havia sido proferida contra ele através de Elias, por causa da morte de Nabote, seria também cumprida, pois o seu carro foi lavado junto ao tanque de Samaria, e os cães lamberam o sangue de Acabe, que havia escorrido do seu ferimento para o carro (v. 38).
A longanimidade do Senhor aguardou não pelo arrependimento de Acabe, que em Sua onisciência Ele sabia que não ocorreria, mas para o cumprimento do juízo que já estava determinado sobre ele, e que lhe foi proferido pelo profeta Elias, conforme consta em I Reis 21.19:
“E falar-lhe-ás, dizendo: Assim diz o Senhor: Porventura não mataste e tomaste a herança? Falar-lhe-ás mais, dizendo: Assim diz o Senhor: No lugar em que os cães lamberam o sangue de Nabote, lamberão também o teu próprio sangue.” (I Reis 21.19).



“1 Passaram-se três anos sem haver guerra entre a Síria e Israel.
2 No terceiro ano, porém, desceu Josafá, rei de Judá, a ter com o rei de Israel.
3 E o rei de Israel disse aos seus servos: Não sabeis vós que Ramote-Gileade é nossa, e nós estamos quietos, sem a tomar da mão do rei da Síria?
4 Então perguntou a Josafá: Irás tu comigo à peleja, a Ramote-Gileade? Respondeu Josafá ao rei de Israel: Como tu és sou eu, o meu povo como o teu povo, e os meus cavalos como os teus cavalos.
5 Disse mais Josafá ao rei de Israel: Rogo-te, porém, que primeiro consultes a palavra do Senhor.
6 Então o rei de Israel ajuntou os profetas, cerca de quatrocentos homens, e perguntou-lhes: Irei à peleja contra Ramote-Gileade, ou deixarei de ir? Responderam eles: Sobe, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei.
7 Disse, porém, Josafá: Não há aqui ainda algum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?
8 Então disse o rei de Israel a Josafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor, Micaías, filho de Inlá; porém eu o odeio, porque nunca profetiza o bem a meu respeito, mas somente o mal. Ao que disse Josafá: Não fale o rei assim.
9 Então o rei de Israel chamou um eunuco, e disse: Traze-me depressa Micaías, filho de Inlá.
10 Ora, o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, vestidos de seus trajes reais, estavam assentados cada um no seu trono, na praça à entrada da porta de Samaria; e todos os profetas profetizavam diante deles.
11 E Zedequias, filho de Quenaaná, fez para si uns chifres de ferro, e disse: Assim diz o Senhor: Com estes ferirás os sírios, até que sejam consumidos.
12 Do mesmo modo também profetizavam todos os profetas, dizendo: Sobe a Ramote-Gileade, e serás bem sucedido; porque o Senhor a entregará nas mãos do rei.
13 O mensageiro que fora chamar Micaías falou-lhe, dizendo: Eis que as palavras dos profetas, a uma voz, são favoráveis ao rei; seja, pois, a tua palavra como a de um deles, e fala o que é bom.
14 Micaías, porém, disse: Vive o Senhor, que o que o Senhor me disser, isso falarei.
15 Quando ele chegou à presença do rei, este lhe disse: Micaías, iremos a Ramote-Gileade à peleja, ou deixaremos de ir? Respondeu-lhe ele: Sobe, e serás bem sucedido, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei.
16 E o rei lhe disse: Quantas vezes hei de conjurar-te que não me fales senão a verdade em nome do Senhor?
17 Então disse ele: Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa.
18 Disse o rei de Israel a Josafá: Não te disse eu que ele não profetizaria o bem a meu respeito, mas somente o mal?
19 Micaías prosseguiu: Ouve, pois, a palavra do Senhor! Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército celestial em pé junto a ele, à sua direita e à sua esquerda.
20 E o Senhor perguntou: Quem induzirá Acabe a subir, para que caia em Ramote-Gileade? E um respondia de um modo, e outro de outro.
21 Então saiu um espírito, apresentou-se diante do Senhor, e disse: Eu o induzirei. E o Senhor lhe perguntou: De que modo?
22 Respondeu ele: Eu sairei, e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Ao que disse o Senhor: Tu o induzirás, e prevalecerás; sai, e faze assim.
23 Agora, pois, eis que o Senhor pôs um espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas e o Senhor falou o que é mau contra ti.
24 Então Zedequias, filho de Quenaaná, chegando-se, feriu a Micaías na face e disse: Por onde passou de mim o Espírito do Senhor para falar a ti?
25 Respondeu Micaías: Eis que tu o verás naquele dia, quando entrares numa câmara interior, para te esconderes.
26 Então disse o rei de Israel: Tomai Micaías, e tornai a levá-lo a Amom, o governador da cidade, e a Joás, filho do rei,
27 dizendo-lhes: Assim diz o rei: Metei este homem no cárcere, e sustentai-o a pão e água, até que eu volte em paz.
28 Replicou Micaías: Se tu voltares em paz, o Senhor não tem falado por mim. Disse mais: Ouvi, povos todos!
29 Assim o rei de Israel e Josafá, rei de Judá, subiram a Ramote-Gileade.
30 E disse o rei de Israel a Josafá: Eu me disfarçarei, e entrarei na peleja; tu, porém, veste os teus trajes reais. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entrou na peleja.
31 Ora, o rei da Síria tinha ordenado aos capitães dos carros, que eram trinta e dois, dizendo: Não pelejeis nem contra pequeno nem contra grande, senão só contra o rei de Israel.
32 E sucedeu que, vendo os capitães dos carros a Josafá, disseram: Certamente este é o rei de Israel. Viraram-se, pois, para pelejar com ele, e Josafá gritou.
33 Vendo os capitães dos carros que não era o rei de Israel, deixaram de segui-lo.
34 Então um homem entesou o seu arco, e atirando a esmo, feriu o rei de Israel por entre a couraça e a armadura abdominal. Pelo que ele disse ao seu carreteiro: Dá volta, e tira-me do exército, porque estou gravemente ferido.
35 E a peleja tornou-se renhida naquele dia; contudo o rei foi sustentado no carro contra os sírios; porém à tarde ele morreu; e o sangue da ferida corria para o fundo do carro.
36 Ao pôr do sol passou pelo exército a palavra: Cada um para a sua cidade, e cada um para a sua terra!
37 Morreu, pois, o rei, e o levaram para Samaria, e ali o sepultaram.
38 E lavaram o seu carro junto ao tanque de Samaria, e os cães lamberam-lhe o sangue, conforme a palavra que o Senhor tinha dito; ora, as prostitutas se banhavam ali.
39 Quanto ao restante dos atos de Acabe, e a tudo quanto fez, e à casa de marfim que construiu, e a todas as cidades que edificou, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Israel?
40 Assim dormiu Acabe com seus pais. E Acazias, seu filho, reinou em seu lugar.
41 Ora, Josafá, filho de Asa, começou a reinar sobre Judá no quarto ano de Acabe, rei de Israel.
42 Era Josafá da idade de trinta e cinco anos quando começou a reinar, e reinou vinte e cinco anos em Jerusalém. Era o nome de sua mãe Azuba, filha de Sili.
43 E andou em todos os caminhos de seu pai Asa; não se desviou deles, mas fez o que era reto aos olhos do Senhor. Todavia os altos não foram tirados e o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos.
44 E Josafá teve paz com o rei de Israel.
45 Quanto ao restante dos atos de Josafá, e ao poder que mostrou, e como guerreou, porventura não estão escritos no livro das crônicas dos reis de Judá?
46 Também expulsou da terra o restante dos sodomitas, que ficaram nos dias de seu pai Asa
47 Nesse tempo não havia rei em Edom; um vice-rei governava.
48 E Josafá construiu navios de Társis para irem a Ofir em busca de ouro; porém não foram, porque os navios se quebraram em Eziom-Geber.
49 Então Acazias, filho de Acabe, disse a Josafá: Vão os meus servos com os teus servos nos navios. Josafá, porém, não quis.
50 Depois Josafá dormiu com seus pais, e foi sepultado junto a eles na cidade de Davi, seu pai. E em seu lugar reinou seu filho Jeorão.
51 Ora, Acazias, filho de Acabe, começou a reinar em Samaria no ano dezessete de Josafá, rei de Judá, e reinou dois anos sobre Israel.
52 E fez o que era mau aos olhos do Senhor; porque andou no caminho de seu pai, como também no caminho de sua mãe, e no caminho de Jeroboão, filho de Nebate, que fez Israel pecar.
53 Serviu a Baal, e o adorou, provocando à ira o Senhor Deus de Israel, conforme tudo quanto seu pai fizera.” (I Rs 22.1-53).


Nenhum comentário:

Postar um comentário