sábado, 17 de outubro de 2015

II Timóteo 1 a 4

II Timóteo 1

Encorajamento para o Ministério - 2 Timóteo 1a

A bênção de Paulo dada a Timóteo no início da epístola para que lhe fosse concedida da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo “graça, misericórdia e paz” é na verdade quase tudo que um ministro necessita antes que se envolva na obra do evangelho.
Os que falarão da graça e que a comunicarão a outros devem estar fortalecidos eles próprios pela graça.
Aqueles que pregarão a misericórdia devem estar sendo alvos da misericórdia de Deus.
Os que impetrarão a paz devem estar vivendo na paz do Espírito.
Enfim, quem ministra a vida eterna deve estar cheio da vida espiritual que procede de Deus.
Logo, não era uma simples saudação formal que Paulo estava dirigindo a Timóteo, mas coisas absolutamente essenciais que devem ser encontradas naqueles que estão engajados na obra do ministério.
Por este motivo, o apóstolo disse que orava por Timóteo dia e noite, porque sem que se peça tais bênçãos espirituais a Deus, não poderemos contar com elas em nossas vidas.
Paulo atribuiu toda a glória a Deus por estas orações que fazia por Timóteo, e rendeu-Lhe graças porque reconhecia que, pela intercessão do Espírito e pelo Seu poder, era capacitado a orar de tal maneira por Timóteo e  ver a mão do Senhor operando em sua vida.
Quando o apóstolo disse que orava dia e noite, nós podemos deduzir disto que ele era um homem de oração. Que orava de fato sem cessar.
Nisto, deixou um exemplo para nós do que devemos também fazer para que sejamos bem sucedidos na obra do evangelho.
Deus colocava no coração de Paulo as pessoas pelas quais deveria interceder e os motivos para estas intercessões porque o apóstolo servia ao Senhor com uma consciência pura, isto é, ele vivia de modo verdadeiramente santo, com um coração puro diante de Deus.
Quando o vaso está limpo, o Senhor derrama nele o Seu poder.
Por isso se diz que a condição básica para uma vida de verdadeiro poder é manter o coração purificado.
A grande prova de se ter o poder de Deus na vida não é profetizar, ter dons de curar, milagres, ou qualquer outro dom extraordinário do Espírito, mas sobretudo ter orações respondidas por Deus, porque é por meio destas que se prova qual é a real intimidade que temos com Ele.
Até o próprio Judas, que era filho da perdição, estava entre os apóstolos, sendo um deles, expulsando demônios, operando curas e tudo o mais que se pode fazer através dos dons extraordinários do Espírito, mas ter a graça do Espírito no coração, pela qual se comprova a nossa real união com Deus é outra coisa muito diferente.
Os dons extraordinários não estão ligados à vida, e isto explica porque Balaão e Saul profetizaram, e até mesmo porque a mula de Balaão falou.
Contudo, para ter orações respondidas continuamente por Deus, é preciso ter verdadeira intimidade com Ele pela habitação da Sua graça no nosso coração.
Esta graça não é operante e não se manifesta a não ser por uma boa consciência e pela purificação do coração.
A falta de uma boa consciência para com a vontade de Deus é a causa da falta de vigor, de vida espiritual em muitos cristãos.
Eles têm a habitação do Espírito, mas apagaram o poder do Espírito por tê-lo entristecido com a sua vida carnal.
Assim, é basicamente a lembrança destas verdades que Paulo estava trazendo a Timóteo nesta epístola, de maneira que jamais se desviasse delas.    
A fé de Timóteo era verdadeira. Era uma fé que havia sido provada e aprovada nas tribulações e no exercício do ministério.
Todavia, àquela hora extremamente difícil, que não somente Paulo, mas todos os cristãos estavam experimentando, debaixo das perseguições do imperador romano Nero, estava ocorrendo muito recuo na fé e na ousadia em se pregar o evangelho.
Por isso Paulo exortou a Timóteo a despertar o dom de evangelista que havia recebido de Deus pela imposição das suas mãos, dando continuidade à obra mesmo em meio àquela circunstância difícil.
 Se não nos dispusermos a ousar na fé trabalhando para o Senhor, o dom que recebemos dEle ficará apagado, e em vez de, ousadia, amor e moderação, seremos vencidos pelo espírito de temor.
Por isso Paulo exortou Timóteo a prosseguir na realização da obra do ministério e nunca se envergonhar de dar testemunho do Senhor, e que também não se envergonhasse dele, Paulo, por encontrar-se aprisionado por causa do evangelho; ao contrário deveria participar juntamente com ele das aflições do evangelho segundo o poder de Deus.
Importa, segundo a vontade do Senhor, que sejamos achados sempre em fidelidade diante dEle e da Sua vontade, principalmente nas aflições que sofremos e suportamos por amor ao evangelho, porque esta fidelidade traz grande glória ao Seu nome, e nos ensina a buscarmos e fazermos o que seja da Sua vontade, e não propriamente o que seja do nosso interesse e conforto.
De um modo ou de outro, Satanás sempre perseguirá a obra do evangelho e procurará tudo fazer para deter o seu avanço.
Devemos estar preparados para enfrentar resistências, dificuldades e tribulações enquanto trabalhamos para o Senhor.
Não devemos ficar intimidados por estas coisas que nos fazem sofrer e que nos entristecem, especialmente aquelas relativas aos muitos cristãos que recuam na fé em face das dificuldades, mas como bons ministros devemos permanecer fiéis ao Senhor, tudo suportando por amor a Ele, e prosseguir adiante sem espírito de temor, mas com ousadia, amor e moderação.
Se sofremos por causa da justiça, por causa do evangelho e por amor a Cristo, somos bem-aventurados e devemos ter isto por motivo de toda alegria e não de tristeza.
A alegria que procede do Senhor por causa do Seu agrado em relação à nossa obediência e fidelidade à verdade, será a nossa fortaleza em graça e nos conduzirá adiante.
No meio dos vales de tristezas teremos alegria e paz em nosso espírito pela certeza de que Ele tem caminhado conosco e feito a Sua vontade em nossas vidas e através de nós.  

Preservando a Sã Doutrina - 2 Timóteo 1b

Paulo estava preso e às portas do martírio sob Nero, mas estava em paz e alegre no Seu Deus.
Ele desejava somente ter mais de Cristo, como fizera durante toda a sua vida ministerial.
Estava portanto pleno, contente, apesar de ter sido privado de sua liberdade para estar reunido com a Igreja pregando o evangelho.
Muitos haviam lhe abandonado, conforme ele afirmou no final deste capítulo, mas podia se alegrar pelos poucos que haviam permanecido fielmente ao seu lado.
Prova que eram vasos de honra com os quais Deus poderia contar no prosseguimento da obra do evangelho depois que ele fosse convocado a estar para sempre na Sua presença.
A obra do evangelho prosseguiria. Não poderia ser paralisada porque o Senhor sempre terá estes vasos de honra que são fiéis em fazer toda a Sua vontade, e que não amam a própria vida mesmo em face da morte.
Os que são fiéis a Deus e que sustentam o testemunho do verdadeiro evangelho na terra, têm muitas aflições e sofrimentos, e por isso devem aprender a serem coparticipantes destas aflições do evangelho a que Paulo se refere, isto é, que são resultantes dele.
Nisto encontrarão conforto e alívio mútuos, por saberem que estes sofrimentos se cumprem entre todos aqueles que servem verdadeiramente a Deus com uma consciência pura.  
Assim, todos os que estão empenhados numa obra de Deus verdadeira devem estar preparados para sofrer aflições, que lhes virão tanto por resistência dos principados e potestades, quanto por permissão divina para provação da fé dos Seus servos, de modo que sejam achados humildes e dependentes dEle em todas as coisas, enquanto permanecem fiéis e contentes em toda e qualquer circunstância.
Deus quer salvar almas, quer fazer avançar a pregação, mas deseja sobretudo ensinar aos Seus filhos estas lições de obediência a Ele, pela renúncia às suas próprias vontades, sentimentos e emoções.
Isto significa que se o lugar de reunião para a adoração estiver cheio ou vazio, com as pessoas alegres ou tristes, não importa, você estará lá fielmente pregando e ensinando o verdadeiro evangelho, estando contente com o Seu Deus; ou mesmo que se levantem contra você e digam todo o mal e mentira contra você, não ficará detido por isto, mas levará a obra de Deus adiante.
 Paulo estava preso e seria morto, mas disse a Timóteo que a pregação do evangelho não poderia parar.
Com isto ele comprovou que o que importa não é vivermos para cumprir o que seja do nosso próprio interesse, mas aquilo que é do interesse de Deus, e o principal interesse do Senhor em relação a este mundo é dar vida aos que estão mortos espiritualmente, e isto somente pode ser feito através da pregação do evangelho de Cristo.
Por isso a obra não pode parar, ainda que alguns de nós sejamos paralisados por prisões, por morte ou seja pelo que for.
O propósito do evangelho é a nossa salvação. Uma salvação que consiste numa chamada para sermos santos, conforme se vê no verso 9: “Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação...”. Tanto que se afirma na Palavra que sem santificação ninguém verá o Senhor.
O evangelho que nós pregamos foi planejado por Deus antes mesmo de ter criado os céus e a terra, e o próprio homem.
Então a proclamação do evangelho é um dever para todos aqueles que foram salvos, especialmente para os ministros que são chamados por Deus para tal propósito.
 Jesus venceu a morte e trouxe luz, imortalidade e vida pelo evangelho.
Importa pois que se dê a todos o testemunho de fé da vitória da Sua vida ressurrecta sobre a morte.
Deus confiou à Igreja o bom depósito das sãs palavras do evangelho de Cristo, o qual deve ser guardado pelo Espírito Santo que em nós habita.
É pela Palavra verdadeira do evangelho que Deus pode gerar vida espiritual e santidade nos que são salvos. Não se pode libertar, dar vida, e santificar a não ser por meio da verdade. E a verdade está em Cristo Jesus, na Palavra do evangelho revelada a nós.    
Se a doutrina pregada não for a sã doutrina será impossível ter vidas santificadas, saudáveis espiritualmente, por causa da nossa pregação.
Ao contrário, uma doutrina imperfeita produzirá vidas espirituais defeituosas e enfermas.
Daí ser ordenado que se mantenha o depósito das sãs palavras, conforme foram reveladas pelo Senhor, a Paulo e aos demais apóstolos.
Há virtude curativa somente na palavra que for verdadeiramente conforme a sã doutrina.
A sã doutrina é portanto uma jóia inestimável de grande valor que deve ser adequadamente guardada.
Esta guarda foi confiada por Deus a todos os cristãos, especialmente aos ministros do evangelho.
Importa portanto que este depósito da verdade seja preservado no testemunho das nossas próprias vidas santificadas por esta verdade, de maneira que seja guardada pura e íntegra, conforme convém ser e como é da vontade de Deus.
Não admira que o Senhor mesmo proíba em tantas passagens da Bíblia que nada seja acrescentado ou retirado da Sua Palavra revelada escrita, exatamente para que não se perca esta integridade e pureza.
Aqueles que haviam apostatado da fé, não poderiam de modo algum preservar a pregação da verdade e é por isto que Paulo fez menção deles neste capítulo.
Ele não queria enfatizar o fato de ter sido abandonado por eles, mas mostrar a Timóteo que há necessidade que os vasos de honra permaneçam como vasos de honra para preservação do testemunho da verdade do evangelho, porque não são poucos os que recuam na fé e se tornam por conseguinte, imprestáveis para os propósitos de Deus.
Os que apostatam da fé, apostatam também da doutrina de Cristo.


Fidelidade na Tribulação - 2 Timóteo 1c

Muitos seguem alegremente no ajuntamento dos cristãos na Igreja enquanto tudo está calmo.
Porém, quando a tribulação e a perseguição vêm, eles recuam e já não seguem mais a Cristo.
A Parábola do Semeador revela isto de modo muito claro.
Somente aqueles que perseveram podem dar frutos para Deus, e em vez de recuarem na hora da provação, eles serão amadurecidos espiritualmente por ela, revelando a constância deles em seguir a Cristo e à Sua Palavra.
Onesíforo foi citado por Paulo a Timóteo para servir como exemplo de todos estes que perseveram na fé, a par de todas as perseguições e tribulações que eles possam sofrer.
Onesíforo demonstrou ser um cristão fiel quando não se envergonhou de Paulo, nem do fato dele estar preso em Roma aguardando o martírio.
Ele não viu aquilo como um fracasso ou insucesso de Paulo em relação à fé, e muito menos como derrota do evangelho de Cristo.
Ele estava bem inteirado de que para isto mesmo os cristãos foram vocacionados, a saber: serem coparticipantes dos sofrimentos de Cristo.
Onesíforo não demonstrou fidelidade ao evangelho servindo a Paulo somente em Éfeso, como também foi procurá-lo em Roma para dar-lhe refrigério na prisão.
Cristãos assim podem contar certamente com a recompensa e o agrado de Deus, porque adornam a doutrina do amor e da fidelidade do evangelho.
Onesíforo havia demonstrado misericórdia para com Paulo e certamente acharia também misericórdia de Deus no dia do Julgamento, porque segundo a promessa do evangelho os misericordiosos alcançarão misericórdia, porque Cristo considerará todo o bem que tiver sido feito aos seus servos e irmãos, como tendo sido feito a Ele próprio, como se vê em  Mt 25.40.



“1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus,
2 A Timóteo, meu amado filho: Graça, misericórdia, e paz da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso.
3 Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura, de que sem cessar faço memória de ti nas minhas orações noite e dia;
4 Desejando muito ver-te, lembrando-me das tuas lágrimas, para que eu transborde de alegria;
5 Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.
6 Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos.
7 Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação.
8 Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho segundo o poder de Deus,
9 Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;
10 E que é manifesta agora pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho;
11 Para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e mestre dos gentios.
12 Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
13 Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.
14 Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.
15 Bem sabes isto, que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim; entre os quais foram Figelo e Hermógenes.
16 O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou, e não se envergonhou das minhas cadeias.
17 Antes, vindo ele a Roma, com muito cuidado me procurou e me achou.
18 O Senhor lhe conceda que naquele dia ache misericórdia diante do Senhor. E, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o sabes tu.” (2 Timóteo 1)






II Timóteo 2

Fortalecidos pela Graça Para o Combate da Fé - 2 Timóteo 2a

À luz de tudo o que havia dito no primeiro capítulo, Paulo exorta Timóteo conclusivamente a fortificar-se na graça de Jesus Cristo para que pudesse continuar cumprindo o seu ministério sem temor, naqueles dias difíceis.
Não somente Timóteo, mas todos os ministros do evangelho, diante de perseguições, tribulações, aflições, necessitam estar fortalecidos na graça de Jesus, porque nada mais poderá mantê-los firme em tais circunstâncias.
 É preciso ter um espírito inabalável e em paz em todo o tempo, e somente a graça de Jesus pode nos conceder esta bênção.
Porém, para ser fortalecido pelo Senhor com a Sua graça, Timóteo deveria permanecer fiel na execução de determinados deveres, e se manter  constante em certas atitudes que o apóstolo lhe recordou neste capítulo, a saber:
- confiar as sãs palavras da verdade que havia aprendido do apóstolo a outros homens fiéis que fossem idôneos para também as ensinarem a outros.
- suportar as aflições do evangelho juntamente com Paulo, com a atitude de um bom soldado de Jesus Cristo; lembrando-se que nenhum soldado se envolve com negócios desta vida para poder agradar a quem o alistou para a guerra.
Timóteo deveria lembrar que o reino de Deus possui leis próprias, e portanto, o ministro do evangelho somente poderá triunfar se lutar o bom combate da fé segundo estas normas espirituais relativas ao reino, assim como um atleta só pode ser considerado vencedor se competir segundo as normas.
Um evangelista, como era Timóteo, deve trabalhar pacientemente como um lavrador, e tal como este, deve ter fruto do seu trabalho.
Se não houver frutos, dos quais o evangelista deve ser o primeiro a participar, assim como o lavrador em sua lavoura, então algo está errado no trabalho que está sendo efetuado, pois não está recebendo da parte de Deus a bênção da frutificação.
Paulo estava encorajando Timóteo a ser constante e perseverante no seu trabalho, não confiando no seu próprio poder e capacidade, mas por estar fortalecido na graça de Jesus.
Não é possível trabalhar para Deus se não estivermos fortalecidos pela graça.
É preciso força para combater o bom combate da fé, e esta força deve ser do Senhor.
A força do homem nada poderá fazer contra principados e potestades e não manterá o espírito firme nas aflições.
Este fortalecimento na graça deve aumentar em graus, porque assim como aumentam as nossas tentações em número e intensidade, nós temos necessidade de ficarmos cada vez mais fortes em nossas resoluções e em nosso amor a Cristo.
Deste modo, aqueles que confiam na sua própria suficiência não poderão fazer grande progresso no reino de Cristo.
Há graça suficiente em Cristo para todos os cristãos. Muito mais do que água nos oceanos para os peixes.
Paulo estava dizendo a Timóteo naquela hora difícil para a Igreja: Seja forte! Mas lembrou-lhe que não deveria procurar esta força em si mesmo, senão em Cristo.
Ele deveria ter forças para continuar treinando outros para levarem adiante o trabalho de pregação do evangelho.
Ele deveria ordená-los, tendo o cuidado de observar se eram fiéis e idôneos para serem ordenados para pregarem a Palavra de Deus e cuidar da Sua Igreja.
Timóteo deveria estar preparado para suportar dureza tal como um soldado de Jesus Cristo em combate.
Jesus é o capitão da nossa salvação, e caso alguém esteja a Seu serviço, deve esperar ter que suportar lutas e tristezas neste mundo porque terá que lutar para poder se manter fiel à Sua vontade, e terá que se acostumar a isto se pretender continuar íntegro na realização do trabalho que faz em Seu nome.
Assim como um soldado que se encontra em combate numa guerra convencional neste mundo, o cristão engajado no serviço do ministério não pode também se embaraçar com os negócios desta vida.
Isto não significa necessariamente que não deve trabalhar secularmente para se sustentar e à sua família, mas que não deve se emaranhar em suas atividades temporais, de maneira que não venha a se desviar do seu dever para com Deus.  
Todo cristão deve ter a permanente preocupação quanto ao que deve ser e fazer para agradar a Cristo.
Deve se inteirar quanto ao que deve ser e fazer na Igreja.
Contudo, deve sempre aferir se as suas atitudes estão agradando efetivamente a Cristo e cooperando para o avanço do Seu reino, em cooperação com a obra do Espírito Santo, ou se está agindo apenas para agradar à carne.
Por isso todos os cristãos são chamados a juntar tesouros no céu e não na terra, porque onde estiver o seu tesouro ali estará também o seu coração.
Se o objetivo de vida de um cristão diz respeito apenas às coisas deste mundo, ele não poderá, de modo algum, agradar ao capitão da sua salvação, que o tem alistado para um combate espiritual contra o pecado, Satanás e o mundo.
 Se quisermos vencer batalhas contra esta trindade maligna, nós temos que lutar, mas sempre com as armas espirituais, como se vê em II Cor 10.3-5.
Se pretendermos colher frutos como o lavrador, temos que trabalhar.
Se desejamos ser coroados com a coroa da vida, nós temos que correr a carreira espiritual que nos está proposta segundo as normas estabelecidas por Deus.
Muitos cristãos estão empenhados numa corrida mas não para almejarem o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus. Assim o alvo deles não é o que foi proposto por Deus para que tenham mais de Seu Filho e Sua vontade, de maneira que o prêmio máximo é para aquele que ganhar mais do próprio Cristo.
Esta corrida é portanto para os que são humildes e mansos de coração.
É uma corrida, que caso estejamos correndo segundo as normas divinas, nos trará perseguição, privações, lutas e até mesmo em alguns casos, martírio, como ocorria com os cristãos da Igreja Primitiva.
Então o conselho de Paulo a Timóteo significava que ele deveria buscar nada além do próprio Cristo, e considerar, como ele, Paulo, todas as demais coisas como estrume para poder ganhar mais de Cristo.

Alimentando-se da Verdade - 2 Timóteo 2b

Timóteo já havia servido ao evangelho por muitos anos juntamente com Paulo, quando este lhe escreveu esta epístola, e é interessante observar que o apóstolo lhe disse que deveria dar a devida atenção a tudo o que lhe estava escrevendo porque o Senhor lhe daria entendimento de todas as coisas.
Tal como Timóteo sempre temos muito o que aprender de Deus.
Um espírito humilde e submisso muito nos ajudará nisto.
Por isso devemos sempre fugir do endurecimento do orgulho espiritual que nos incapacita a aprender tudo o que necessitamos da parte de Deus.
Se não nos acomodarmos e se não tentarmos fazer com que as coisas se ajustem às nossas conveniências, mas se ao contrário, nos entregarmos inteiramente ao bom combate da fé, trabalhando incansavelmente na seara do Senhor, e correndo a carreira que nos está proposta na busca da nossa santificação para a glória do Senhor, então Ele nos dará entendimento destas verdades que Paulo disse a Timóteo nesta epístola, e nos fará entender qual é o caráter da obra que devemos fazer debaixo do senhorio de Cristo.
É somente Deus que pode nos dar compreensão das coisas espirituais, porque elas se discernem espiritualmente, mas se não estivermos compromissados com Ele, considerando devidamente a necessidade de nos empenharmos no Seu serviço, não poderemos ter os nossos olhos espirituais abertos para compreender o mundo espiritual.
Para encorajar Timóteo a suportar os sofrimentos impostos pelo evangelho com paciência, ele lhe aconselhou a trazer em memória o fato de que Jesus havia ressuscitado dentre os mortos, e era por causa do testemunho desta Sua ressurreição que Paulo estava sofrendo trabalhos e até prisões como se fosse um malfeitor.
 Cristo havia padecido grandemente e sofreu a terrível morte de cruz por amor aos homens, para que eles pudessem ser salvos e livrados do poder da morte, através da ressurreição.
Assim, os cristãos já têm triunfado sobre a morte por causa da morte e ressurreição de Cristo.
Como este testemunho deve ser dado até que Cristo volte, para que sejam salvos pessoas de todas as gerações, então a Palavra de Deus nunca estará presa, ainda que nós estejamos presos, tal como Paulo se encontrava em Roma, quando escreveu esta epístola, aguardando o seu martírio.
Cristo morreu e ressuscitou por amor aos escolhidos, e Paulo tudo sofria também por amor deles para que pudessem alcançar a salvação que está em Cristo Jesus, e isto deveria ser lembrado por Timóteo e por todos os ministros de Cristo para que tenham a mesma atitude de Paulo e que façam o mesmo que ele fazia, estando bem cientes de qual é a principal missão da Igreja.
O cristão não pode portanto ficar intimidado ainda que seja pela morte porque já triunfou sobre a morte pela sua identificação com a morte de Cristo.
Além da esperança da vida, há uma esperança de reinar em glória com Cristo para aqueles que sofrerem por causa do seu amor a Ele e da obra do evangelho, neste trabalho de salvação dos pecadores.
Cristo honrará grandemente àqueles que Lhe honrarem, mas negará diante de Seu Pai e dos santos anjos a qualquer que negar o Seu nome.
Entretanto, por maior que seja o número daqueles que venham a negar o Seu nome, Ele jamais deixará de ser fiel em cumprir o que prometeu, porque não pode negar-se a si mesmo.
 Veja que Paulo alertou a Timóteo, e a todos os ministros do evangelho que o dever deles é pregar a morte e ressurreição de Cristo para a salvação dos pecadores.
Eles devem suportar sofrimentos por amor aos perdidos, de maneira que eles possam alcançar a salvação que é pela fé em Cristo Jesus.
Nenhum ministro deve se permitir ser desviado deste grande objetivo e alvo de Deus para eles, por causa de contendas de palavras, que não servem para nada, senão apenas para perverter os seus ouvintes.
O trabalho de um ministro do evangelho é o de edificar aqueles que estão debaixo do seu cuidado, e lhes trazer em memória aquelas coisas que eles já conhecem, porque este é o trabalho dos ministros: não falar coisas diferentes daquelas que pertencem ao evangelho, mas o que foi revelado por Deus em Sua Palavra para a nossa edificação na verdade.
 É por isso que a contenda entre ministros ou quaisquer cristãos por causa da interpretação do uso e significado de palavras, que em nada contribua para a pregação clara e direta do evangelho, é um desserviço à causa de Cristo.
A contenda de palavras em vez de conduzir os ouvintes a Cristo, servirá apenas para lhes afastar dEle.
Os ministros têm um trabalho a fazer e terão que suportar dores para realizá-lo.
E qual é o trabalho deles?
É principalmente compartilharem a palavra da verdade. Não inventarem um novo evangelho, mas pregarem o evangelho que foi confiado por Deus a eles, conforme revelado aos apóstolos que testemunharam a morte e ressurreição de Cristo.
A palavra que os ministros pregam é a palavra da verdade, porque o Seu autor é o Deus verdadeiro.
Então se requer grande sabedoria, estudo e cuidado para se compartilhar esta palavra da verdade da maneira adequada e ter a vida conformada a ela. Foi por isso que Paulo ordenou a Timóteo que se aplicasse ao manejo correto da Palavra.
Por conseguinte, todo ministro que não maneja bem a palavra da verdade não pode se apresentar aprovado diante de Deus. E ele será envergonhado por não estar capacitado a desempenhar o serviço para o qual foi encarregado por Ele.
Como a obra do evangelho possui tal caráter com tais demandas que exigem especialmente dos ministros toda diligência e cautela, eles devem dar muita atenção a tudo aquilo que possa ser um obstáculo para o desempenho do trabalho deles, como por exemplo falatórios profanos que em vez de uma vida piedosa produzem impiedade e se espalham rapidamente como uma gangrena que põe a perder todo o corpo.
Quando os erros e heresias entrarem na Igreja, a infecção de um se espalhará rapidamente infectando a muitos, tal como ocorreu com a heresia de Himeneu e Fileto nos dias de Paulo, que perverteu a fé de alguns, porque estavam ensinando que a ressurreição era um fato que pertencia ao passado porque seria, segundo eles, um modo alegórico de Cristo se referir à ressurreição espiritual relativa à conversão.
É verdade que há uma ressurreição espiritual, mas afirmar que não haverá uma real ressurreição do corpo é o mesmo que afirmar que Cristo mentiu ao fazer tal promessa à Igreja.  
Ao negarem a ressurreição do corpo deviam também estar negando qualquer recompensa futura pelos nossos sofrimentos por causa do evangelho, e isto desestimularia os cristãos na diligência para a santificação deles e empenho no serviço de Cristo.
Apesar de todos estes abalos que são produzidos pelas heresias no edifício da Igreja, o seu fundamento permanece firme, porque a infidelidade e incredulidade dos homens não podem anular a promessa de Deus e a Sua vontade.
Até mesmo importa que haja a investida do reino das trevas e do erro para que os cristãos fiéis sejam inflamados de zelo para a defesa da verdade, e da busca de Deus para as respostas e ações necessárias para se combater o erro, e com isto a verdade é mantida entre os cristãos; a saber, entre aqueles que são conhecidos de Deus, como sendo efetivamente participantes do Seu povo; e estes se desviarão da iniquidade e não se deixarão vencer pelo erro.
 Daí o apóstolo afirmar: “O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.”.
Então não se deve apenas resistir às heresias, como também a toda forma de iniquidade, porque é isto que esfria o amor.
Quando deixamos de andar no amor, conforme o mandamento que temos recebido do Senhor, ficamos à mercê das investidas do diabo e da carne, e podemos até mesmo, em nome de sermos zelosos pelas coisas de Deus, agirmos tal como os fariseus, produzindo muitas dores em nossos irmãos em Cristo, e com isso podemos até mesmo impedir uma obra que o Espírito esteja fazendo em nosso meio.
Logo, o dever de combater as heresias não se restringe  apenas ao dever de manter a sã doutrina através de uma pregação e de um ensino ortodoxo, mas também e sobretudo em manter a disciplina ordenada por Cristo na Igreja.


Vasos Para Honra e Para Desonra- 2 Timóteo 2c

Paulo dizia e ainda nos diz na Palavra: “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.”; e ainda: “se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.”.
Se algum cristão deseja ser um vaso de honra para Deus, útil em Suas santas mãos, ele terá portanto, obrigatoriamente, que se purificar de todo erro e heresia, e iniquidade,  isto é, ele deve viver em santidade de vida, em conformidade com a sã doutrina.
A Palavra é muito clara e direta quanto a isto.
Daí as ordenanças bíblicas para que seja diligente na obra do Senhor, e que seja santificado em todo o seu espírito, alma e corpo, como se vê em I Tes 5.23.
Todos os cristãos devem ser vasos de honra para Deus e não de desonra, mas para tanto é necessário que se submetam ao dever que lhes é imposto de se separarem da iniquidade e de se purificarem.
Por isso até mesmo os cristãos mornos de Laodiceia são admoestados por Cristo para que se arrependam e se santifiquem comprando colírio, ouro refinado e vestes alvas em Suas mãos.
Este preço que Cristo lhes cobra para a santificação deles é o preço da consagração, e de se submeterem à disciplina do Espírito Santo, que é necessária para que sejam santificados, nesta disposição de se separarem da iniquidade para que possam ser úteis para Deus e honrarem o Seu santo nome.
Nenhum cristão tem concessão da parte do Senhor para que não se santifique e deixe de se consagrar à Sua vontade, seja a que pretexto for.
Este é um dever comum imposto a todos os filhos de Deus porque foram salvos para serem santificados pelo Espírito.
Os vasos de honra de ouro e de prata, citados por Paulo, são aqueles que se santificaram, se purificaram, e que se permitiram ser preparados por Deus para um uso idôneo em toda a boa obra.
Os vasos de madeira e de barro que são para desonra são aqueles que não têm se santificado e que desta forma nunca poderão ser achados agindo de maneira efetiva e contínua, de maneira idônea, sendo usados por Deus.
Estes são chamados de vasos para desonra porque não trarão honra ao Senhor, senão desonra.
Há alguns ministros que são como vasos de madeira e barro, eles são vasos para desonra.
Entretanto há vasos de ouro e prata que são para honra, que foram santificados para uso do Seu Mestre.
Quando nós estivermos desanimados pela iniquidade de alguns, nós temos que nos encorajar ao considerar a piedade de outros.
Entretanto, todos ministros deveriam cuidar para serem achados como vasos de honra, purificando-se dos erros apontados pelo apóstolo, de maneira que possam ser usados para a honra do Seu Mestre.
A santificação do coração é a nossa preparação para toda boa obra.
A árvore deve ser feita boa, e então o  fruto será bom.
Por isso Paulo advertiu Timóteo especificamente para se guardar das paixões da mocidade.
Apesar de Timóteo ser um homem santo que estava crucificado para o mundo e o mundo para ele, Paulo achou necessário alertá-lo quanto ao perigo das paixões a que estão mais sujeitos os jovens do que as pessoas idosas.
E um dos modos de se combater estas paixões é fugir delas, isto é, das fontes de tentação; mas isto não é tudo, porque é necessário sobretudo seguir a justiça, a fé, o amor e a paz, na comunhão com aqueles que invocam ao Senhor com um coração puro.
Nenhum pastor se iluda portanto pensando que poderá contribuir para o aperfeiçoamento espiritual dos jovens que estão debaixo do seu cuidado sem incentivá-los à santificação de suas vidas, e sem o hábito de se congregarem para buscarem ao Senhor com um coração puro, que seja efetivamente governado pela justiça, pela fé, pelo amor e pela paz.
Paulo recomendou a Timóteo que além de todos estes cuidados ele deveria também rejeitar completamente as questões insensatas e absurdas, porque Timóteo já sabia o quanto elas produzem contendas; e a missão do servo do Senhor não é a de contender.
Ao contrário, deve ser manso para com todos, estando capacitado a ensiná-los suportando sofrimentos pacientemente, e instruindo com mansidão os que resistem à verdade, ficando na expectativa se Deus lhes concederá arrependimento para poderem conhecer a verdade, e serem despertados do sono espiritual ao qual foram conduzidos pelo diabo, por terem sido aprisionados por ele para fazerem a sua vontade.
Nós vemos portanto, que as perguntas que geram contendas devem ser rejeitadas, mas com mansidão, e estando o ministro pronto a suportar o sofrimento que advém da observação da ignorância e endurecimento daqueles que estão debaixo do seu ministério.

Não são poucos os que na Igreja, de um modo ou de outro, se encontram aprisionados ainda à vontade do diabo, por não terem um conhecimento e prática corretos da verdade; pois que no sono espiritual a que foram induzidos pelo seu endurecimento, tornaram-se incapacitados de discernir a verdade, porque coisas espirituais são discernidas apenas por quem é espiritual e não carnal.
Mas o ministro é chamado a ser paciente para com estes, instruindo-os com mansidão para ajudá-los a encontrarem ocasião de arrependimento da parte de Deus, de maneira que possam ser despertados espiritualmente.
Há vários espíritos enganadores atuando no mundo ensinando especialmente doutrinas de homens e de demônios, com o intuito de afastar os cristãos do conhecimento e da prática da verdade.
Chegaria uma época, conforme o apóstolo prosseguiria instruindo Timóteo, logo no início do capítulo seguinte, que  sobreviriam tempos difíceis e os homens se recusariam dar ouvidos à sã doutrina e se entregariam às fábulas inventadas por estes espíritos enganadores.
Estes dias são chegados em maior intensidade, a nós, pelas coisas que temos observado na Igreja.
Portanto, de quanto mais paciência e mansidão necessitam os ministros do evangelho, no trato com as pessoas, nestes dias difíceis!
Muito mais eles dependerão de estarem fortalecidos na graça de Jesus, para que possam prevalecer contra os enganos do diabo, e da sonolência e encantamento sedutor que ele produz no meio da Igreja.  
De quanta capacitação da graça e do Espírito Santo eles não necessitarão para poderem ensinar a verdade, instruindo estas pessoas que resistem à verdade, por estarem presas aos laços do diabo!
É de fato uma batalha terrível, e por isso Paulo a chama de bom combate da fé.
É bom porque é uma guerra para um bom e elevado propósito, a saber, desprender as pessoas das garras do diabo, e despertá-las do sono de morte espiritual ao qual ele as conduziu.
Os pastores devem estar portanto conscientes que têm o dever que lhes é imposto por Deus de serem mansos para com todos, inclusive em relação àqueles que resistem à verdade.
Eles devem ser instruídos com mansidão porque o nosso Mestre é manso e humilde de coração.
Portanto, através do nosso próprio exemplo pessoal eles aprenderão na prática, qual é o verdadeiro caráter de Cristo.
Este é o modo de se carregar a verdade em sua luz e poder, vencendo o mal com o bem.
 O ministério do evangelho é de restauração, de renovação, de despertamento, e portanto estes que se opõem são também objeto do evangelho, porque quando eles se arrependem e são despertados e renovados, isto traz muita glória ao Senhor Jesus.



“1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.
2 E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem a outros.
3 Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo.
4 Nenhum soldado em serviço se envolve com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.
5 Igualmente o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas.
6 O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.
7 Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.
8 Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o meu evangelho;
9 Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não está presa.
10 Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.
11 Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos;
12 Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará;
13 Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.
14 Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.
15 Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.
16 Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.
17 E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;
18 Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.
19 Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.
20 Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra.
21 De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra.
22 Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.
23 E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas.
24 E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor;
25 Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade,
26 E tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos.”. (2 Timóteo 2)


Livrando-se dos Laços do Inimigo - 2 Timóteo 2d

Não são poucos os que na Igreja, de um modo ou de outro, se encontram aprisionados ainda à vontade do diabo, por não terem um conhecimento e prática corretos da verdade; pois que no sono espiritual a que foram induzidos pelo seu endurecimento, tornaram-se incapacitados de discernir a verdade, porque coisas espirituais são discernidas apenas por quem é espiritual e não carnal.
Mas o ministro é chamado a ser paciente para com estes, lhes instruindo com mansidão, para ajudá-los a encontrarem ocasião de arrependimento da parte de Deus, de maneira que possam ser despertados espiritualmente.
Há vários espíritos enganadores atuando no mundo ensinando especialmente doutrinas de homens e de demônios, com o intuito de afastar os cristãos do conhecimento e da prática da verdade.
Chegaria uma época, conforme o apóstolo prosseguiria instruindo Timóteo, logo no início do capítulo seguinte, que  sobreviriam tempos difíceis e os homens se recusariam a dar ouvidos à sã doutrina, e se entregariam às fábulas inventadas por estes espíritos enganadores.
Estes dias são chegados em maior intensidade, a nós, pelas coisas que temos observado na Igreja.
Portanto, de quanto mais paciência e mansidão necessitam os ministros do evangelho, no trato com as pessoas, nestes dias difíceis!
Muito mais eles dependerão de estarem fortalecidos na graça de Jesus, para que possam prevalecer contra os enganos do diabo, e da sonolência e encantamento sedutor que ele produz no meio da Igreja.    
De quanta capacitação da graça e do Espírito Santo eles não necessitarão para poderem ensinar a verdade, instruindo estas pessoas que lha resistem, por estarem presas aos laços do diabo!
É de fato uma batalha terrível, e por isso Paulo a chama de bom combate da fé.
É bom porque é uma guerra para um bom e elevado propósito, a saber, desprender as pessoas das garras do diabo, e despertá-las do sono de morte espiritual ao qual ele as conduziu.
Os pastores devem estar portanto conscientes que têm o dever que lhes é imposto por Deus de serem mansos para com todos, inclusive em relação àqueles que resistem à verdade.
Eles devem ser instruídos com mansidão porque o nosso Mestre é manso e humilde de coração.
Portanto, através do nosso próprio exemplo pessoal eles aprenderão na prática, qual é o verdadeiro caráter de Cristo.
Este é o modo de se carregar a verdade em sua luz e poder, vencendo o mal com o bem.
 O ministério do evangelho é de restauração, de renovação, de despertamento, e portanto estes que se opõem são também objeto do evangelho, porque quando eles se arrependem e são despertados e renovados, isto traz muita glória ao Senhor Jesus.


Quando a Perseguição é Motivo de Alegria - 2 Timóteo 2e

O fato de ser perseguido por causa de  se viver piamente  em Cristo, ou até mesmo pelo desejo de se viver de tal maneira, não é um privilégio para os ministros do evangelho, mas para  todos  os cristãos.
Jesus disse que o mundo de ímpios odiaria os seus  discípulos tanto quanto lhe havia odiado.
É esta semelhança com Cristo que dispara as perseguições do inferno.
Então isto não deve ser motivo de tristeza, mas de regozijo, porque se há esta perseguição, é porque  estamos agradando ao Senhor e vivendo como Seus imitadores.
Ele  disse que bem-aventurados seríamos se fôssemos perseguidos por causa  do nosso amor à justiça do reino de Deus, e que disto redundaria um grande galardão no céu.
Mas estes homens maus e enganadores aos quais o apóstolo se  referiu no início deste 3º capítulo iriam de mal para pior, em vez de terem qualquer boa recompensa prometida a eles, e continuariam, por lhes faltar a graça de Deus em suas vidas, enganando a muitos  e  sendo também enganados, porque estão presos aos laços do diabo que  é  o pai da mentira e do engano.
À vista de tal  operação do engano Timóteo deveria se guardar  de tudo isto permanecendo fiel ao que havia aprendido, e ter a  firme convicção de quem havia aprendido, porque fora instruído pelo próprio Espírito Santo, e também pela instrumentalidade  do  apóstolo, que havia aprendido o evangelho não de homem algum, mas diretamente de Jesus Cristo.
Timóteo teve esta verdade que aprendera  por confirmada porque desde pequenino havia aprendido as sagradas Escrituras aos pés  de sua mãe e avó, que eram mulheres piedosas e tementes a Deus.
A verdadeira sabedoria relativa à salvação que está em Cristo  Jesus é somente obtida pelo conhecimento correto das sagradas Escrituras.
A garantia desta certeza reside no fato de que toda a Escritura sagrada foi inspirada por Deus, e é daí que decorre, por ser a Palavra da verdade, a sua utilidade para ensinar, redarguir,  corrigir e instruir em justiça, de maneira que o servo  de  Deus  seja aperfeiçoado espiritualmente até a plena maturidade,  de  maneira que estando perfeitamente instruído na verdade divina, seja habilitado  a realizar toda boa obra.
Em suma, o que Paulo queria deixar bem claro para Timóteo, é que sofrimentos e perseguições debaixo do evangelho não provam o insucesso do ministério, ao contrário, comprovam se o trabalho é genuinamente de Deus, por que toda obra verdadeira procedente dEle sempre terá esta marca de perseguições, que os verdadeiros ministros atestarão com a paciência e longanimidade deles em seus sofrimentos, comprovando com isto o verdadeiro amor deles pela causa de Cristo, e que não  estão afinal Lhe servindo por interesse, mas por obediência voluntária e fiel.
Os verdadeiros ministros tudo suportarão por amor a Cristo e  para que o nome dEle seja exaltado, honrado e glorificado. E para isto, não importará se o próprio nome deles for injuriado, infamado, desonrado, porque afinal não estão buscando a própria  honra  deles, mas a do Seu Mestre e Senhor.


“1 Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
2 Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
3 Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
4 Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5 Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.
6 Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências;
7 Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade.
8 E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé.
9 Não irão, porém, avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles.
10 Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, amor, paciência,
11 Perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou;
12 E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.
13 Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados.
14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,
15 E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
16 Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
17 Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”.








II Timóteo 3

Tempos Trabalhosos - 2 Timóteo 3a

O início deste capítulo está em conexão com o seu final, porque o mal que é referido no início tem o seu único antídoto na  afirmação que é feita no final do capítulo, a  saber, somente  poderão prevalecer com Deus nos últimos dias trabalhosos de  iniquidade, aqueles que têm sido aperfeiçoados espiritualmente  pelo  ensino das sagradas Escrituras.
Somente aqueles que permanecerem na Palavra de Cristo poderão ter suas vidas edificadas sobre a Rocha.
Timóteo não deveria estranhar o fato de haver na  Igreja pessoas ruins, porque na rede do evangelho vêm tanto peixes bons  quanto ruins, como se vê em Mt 22.47, 48.
Jesus havia alertado os primeiros discípulos quanto ao fato de que se levantariam falsos profetas  sedutores na Igreja, e que o Inimigo plantaria o seu joio nela,  e  nem por isso  deveríamos ficar ofendidos com isto, pensando mal da verdadeira Igreja.
Sempre há muita escória misturada ao ouro que não foi completamente refinado, e sempre há joio e palha misturados aos grãos de trigo, que estão sendo peneirados.
Então Timóteo deveria estar preparado e armado em seu pensamento quanto às coisas que deveria suportar com paciência e mansidão  no seu trabalho de evangelista.
Quando as pessoas passam a ter as características apontadas  por Paulo no início deste 3º capítulo, pode ser dito que se trata de uma época difícil, porque exigirá Reforma na Igreja.
Sendo dias de Reforma, serão dias trabalhosos que exigirão dos ministros muito poder em graça e paciência para a realização do trabalho deles.
Eles se espantarão com a facilidade com que as pessoas serão visitadas pelo poder de Deus na Igreja, para logo depois saírem dando um mau testemunho, porque suas vidas não foram reformadas  pela verdade.
Se eles se opõem à sã doutrina, como poderão ser restaurados e renovados por Deus?
Como poderão ser santificados pelo Espírito Santo ainda que ouçam bons sermões que lhes ensine  a  verdade,  caso não se disponham a se consagrarem ao Senhor?
De que adiantará ouvirem sermões se não estão dispostos a  aplicar a verdade em suas vidas e lares?
Então a consequência inevitável será a descrita por Paulo no  início deste capítulo, onde se vê não apenas a desordem pessoal, mas inclusive a dos lares.
É importante frisar que a expressão "últimos dias" usada por Paulo se refere à última dispensação que é a do evangelho.
São  portanto, os dias do evangelho, e evidentemente à medida que o tempo passasse as condições difíceis se agravariam porque Jesus  disse que  a iniquidade se multiplicaria no tempo do fim.
Paulo deixou Timóteo bem inteirado do fato de que  até mesmo  os dias do evangelho seriam dias trabalhosos e perigosos.
Que ele não ficasse portanto na expectativa de que haveria uma  época dourada na terra, onde a verdade prevaleceria completamente pela  pregação do evangelho, porque isto não ocorrerá a não ser quando  da volta do Senhor com grande poder e glória.
Não será portanto a Igreja com o  trabalho de evangelização,  que trará paz e segurança eternas ao mundo, mas o próprio Senhor, pela força do Seu grande poder, quando da Sua segunda vinda.
Isto é muito importante de ser dito porque assim nenhum  ministro criará falsas expectativas de que chegará o dia em  que pelo  seu trabalho, terá paz perfeita na Sua Igreja, e paz perfeita no mundo pelo trabalho de todos os demais ministros do evangelho.
Ao  contrário, antes que Cristo volte, a tendência é de que as dificuldades se multipliquem, e os ministros devem estar bem conscientizados disto, e não é por acaso que o conteúdo de  textos como  este desta epístola, seja encontrado como um alerta em várias passagens das Escrituras.
O propósito do Espírito Santo ao nos ter revelado estas coisas não é o de gerar pessimismo, mas  um posicionamento firme para perseverar no trabalho sabendo contra que tipo de inimigo teremos que lutar.
Não é um inimigo do qual poderemos nos livrar definitivamente até que Cristo volte.
É um inimigo contra o qual devemos nos prevenir, de maneira a  não perdermos a nossa paciência e mansidão pelo fato de vermos que ele sempre se fará presente na Igreja até que Cristo volte.
A propósito, os próprios pastores devem olhar por si mesmos,  como Paulo disse aos presbíteros de Éfeso em At 20.28, isto é, eles devem cuidar e vigiar para não caírem eles próprios da  sua firmeza de fé, em face destes dias trabalhosos.


Corrupção na Própria Igreja - 2 Timóteo 3b

Observe que Paulo não diz que viriam tempos difíceis porque os ímpios do mundo tentariam acabar com a Igreja de Cristo  na terra, mas por causa de pessoas com aparência de piedade, mas que no  entanto negam a sua eficácia, na prática das suas vidas  ímpias.
Falsa religiosidade é o que está sendo enfocado nesta passagem. Pessoas que gostam de ouvir sermões. Que oram, jejuam, frequentam os cultos de adoração pública regularmente, mas que no final de tudo vivem deliberadamente na prática do pecado.
Elas  não colocam por prática o que ouvem, e na verdade não podem entender o verdadeiro significado espiritual das coisas que ouvem porque elas não têm verdadeiro temor do Senhor e da Sua Palavra. Elas não vivem para honrar a Deus, mas para buscar o que é do  próprio interesse delas.
Paulo estava dizendo a Timóteo e a todos os  ministros fiéis  do evangelho que sempre haverá tais pessoas na Igreja, e que eles devem cuidar para que não sejam enganados e influenciados por elas.
Elas devem ser instruídas com a mansidão da pomba, mas deve-se ter a prudência da serpente no relacionamento com elas, sabendo a quem elas estão servindo de fato: a si mesmas, aos seus próprios  interesses egoístas, ao orgulho e avareza delas, pelo que são,  presunçosas, caluniadoras, ingratas, profanas, sem afeto natural, incontinentes, cruéis, traidoras, obstinadas, sem amor aos que se santificam.
Elas são irreconciliáveis porque não podem ser apaziguadas com argumentos espirituais, porque são carnais. Caso não experimentem um verdadeiro arrependimento produzido pelo poder do Espírito em seus corações, não se pode ter comunhão com tais pessoas.
Quando os dias são difíceis, os filhos são desobedientes aos  pais porque não têm qualquer obediência a Deus. Eles não honram a Deus, e por conseguinte não sabem o que é  o mandamento  de honrar  os pais.
São traidores porque não conhecem e não se importam com a causa da justiça e da verdade.
São obstinados porque sempre estão procurando fazer a sua  própria vontade e não a vontade do Senhor.
Eles serão achados na Igreja em muito ativismo com aparência de piedade, mas não estão trabalhando de fato impulsionados, pelo amor do Espírito Santo, porque não possuem tal amor sobrenatural em seus corações, e assim, tudo  o que eles fazem sempre será na energia da carne, porque vivem segundo a inclinação da carne, e não conhecem o que é seguir o pendor do Espírito.
Por isso o conselho de Paulo a Timóteo é curto e  direto:  "Destes afasta-te". Porque são irreconciliáveis.
Eles nunca poderão aprender acerca da verdade enquanto estiverem entregues à sua obstinação de viverem para fazer a própria vontade deles.
São como  Janes e Jambres, os magos egípcios que resistiam a Moisés, que viram  os sinais e maravilhas de Deus e mesmo assim não se arrependeram das suas mistificações e ilusionismos.
Dentre os que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade estão aqueles que consagraram suas mentes, talentos  e tempo a Deus, mas não os seus corações. Eles não permitem que  Ele seja o Senhor dos seus espíritos.
Estes que resistem à verdade podem ouvir milhares de sermões e não colocarão uma única linha em prática.
Não será por ouvirem o evangelho que eles renunciarão ao ego,  negando-se a si mesmos, pela operação da cruz.
Eles poderão até concordar que isto seja necessário para seguir a Cristo, mas  não  se disporão a colocá-lo em prática, porque amam mais a si  mesmos  do que amam a Deus.
Eles estão apegados às suas vidas  e  pensam que podem ter a vida de Cristo apesar deste apego ao modo deles de viver pelas paixões da alma, com seus sentimentos, vontades  e emoções, que sempre lhes arrastam a um viver que seja contrário a tudo que é da vontade de Deus revelada na Bíblia.
Quanto dano estas pessoas produzem à progressão do  evangelho!  No entanto a ordenança é que sejam instruídas com mansidão.
Dois traidores numa guarnição podem produzir mais feridos nela  do que mil sitiadores.
Estes traidores não são propriamente apenas de pessoas, mas sobretudo da causa do evangelho.
Eles são usados pelo Inimigo para deter o avanço de uma obra do Espírito.
Lembremos que a luta espiritual não é contra a carne e o sangue.
Não são propriamente pessoas que são os alvos destes traidores, mas a própria causa da verdade. É a causa do Senhor que eles estão traindo.
 É a estratégia de Satanás de plantar o joio na Igreja.
Eles permanecerão ali sentados em seus bancos, prontos para produzir dúvidas nos cristãos imaturos, e a tentar fazer com que os maduros percam a paciência.
Endurecidos em suas convicções, incapazes de conhecerem a verdade, mas produzindo sérios danos por serem instrumentos  de Satanás.
E o que devem fazer os ministros?
Cruzarem os braços?
Darem de ombros?
Darem-se por vencidos?
Tentarem ignorar o mal?
Não! Mil vezes não!
Eles não devem ficar abalados por estas coisas e devem prosseguir adiante com o trabalho fiel deles de  pregar  e ensinar a verdade.
Eles devem se empenhar em santificarem cada vez mais as suas  próprias vidas porque quando a corrupção do pecado torna-se  geral é muito mais difícil manter a nossa integridade pessoal no meio desta corrupção geral.

Desviando os Corações Incautos - 2 Timóteo 3c

É preciso estar em alerta quanto às pessoas que amam a si  mesmas com um amor irregular que em vez de se aplicarem às coisas que são boas para a edificação da Igreja, pensam somente nos seus próprios interesses egoístas.
Não se pode esperar o bem destes que não amam a Deus de todo o seu coração.
Eles lutarão para conquistar e manter aquilo que desejam  alcançar com as suas cobiças.
Eles podem até alegar que aquilo que buscam fazer é para a  glória de Deus e para o bem da Igreja, mas na verdade é apenas busca de satisfação dos seus desejos carnais, e que portanto tem a ver apenas com a própria vontade deles.
O que é nascido da carne é carne, isto é, não se  pode obter  uma verdadeira vida espiritual de um  procedimento carnal.
Por  isso aqueles que têm aparência de piedade, mas que negam a  sua eficácia, poderão arrastar a outros debaixo da sua liderança sedutora e desviada da verdade, mas os seus prosélitos serão sobrecarregados  de pecados tal como eles, especialmente as mulheres  que  se  deixam persuadir mais pelos sentimentos e emoções do que os homens.
Estes líderes persuasivos costumam visitar as pessoas em seus  lares não para pregar e ensinar a sã doutrina, mas para persuadi-las de maneira impressiva, com apelos sentimentais e emotivos.
Procuram serem agradáveis em tudo para conquistar os  corações  incautos.
Nunca pregarão o escândalo da cruz para a reforma da vida, mas baratearão a graça e o favor de Deus prometendo e profetizando bênçãos independentemente do modo de vida dos  seus ouvintes.
Isto certamente produz efeitos muito agradáveis à carne, mas  deixa  os ouvintes tanto quanto o orador, na mesma condição espiritual decaída em que se encontravam dantes, porque não pode haver vida espiritual verdadeira onde não for ensinada e acolhida a verdade.
Esta resistência à verdade produz pessoas corruptas de entendimento e reprovadas quanto à fé.
Mas se estas pessoas são confrontadas por  um ministério  fiel  e verdadeiro, tal como era o caso do ministério de Timóteo, logo  se manifesta o desvario delas e elas já não podem ir mais adiante com suas falsificações e omissões da verdade porque a todos será manifestado o seu desatino, assim como se deu com Janes e  Jambres por causa da sustentação do testemunho de Deus por Moisés.
Importa pois que os ministros do evangelho permaneçam fiéis em seu dever de expor a verdade em vidas santificadas, porque isto revela aos membros da Igreja quem são aqueles que estão vivendo segundo a carne e procurando agradar às pessoas, também na carne.
Timóteo tinha aprendido estas coisas no próprio exemplo do apóstolo Paulo, pelo testemunho irrepreensível da sua vida, quanto à  sã doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade,  amor, paciência, sobretudo nas perseguições e aflições que  Timóteo havia testemunhado em sua vida, especialmente aquelas que ele havia  sofrido em Antioquia, Icônio e Listra, que era a região onde Timóteo residia, e na qual fora ganho por Paulo para o evangelho de Cristo.
Timóteo havia testemunhado também como o Senhor havia livrado Paulo de todas aquelas perseguições, e isto deveria servir para encorajá-lo a dar prosseguimento à obra de  pregação do evangelho ainda que Paulo viesse a sofrer  o martírio  que estava prestes a padecer, porque assim como o Senhor havia livrado o apóstolo até aquele ponto, Ele também livraria Timóteo  até que ele tivesse cumprido totalmente o seu ministério, tal como  fizera com Paulo.










II Timóteo 4

Testemunho Fiel - 2 Timóteo 4a

Este capítulo é o fechamento da epístola.
Nele é como se Paulo estivesse dizendo: “Bem, em face tudo o que eu te falei até aqui Timóteo, nesta minha carta, então você deve...”; e ele fez isto debaixo de uma exortação solene a que se comprometesse a fazer tudo o que lhe seria ordenado agora, em razão de todos os argumentos e verdades que lhes haviam sido apresentados até este ponto.
A palavra para “conjuro” no original grego é diamartiromai, uma palavra composta pela preposição diá, que significa por meio de, mediante, através de, e martiromai, que significa testemunhar, testificar, exortar energicamente.
Cabe destacar que a palavra testemunha é traduzida do grego mártir, revelando qual é o caráter do testemunho cristão, isto é, até ao martírio, se necessário for.
O próprio Paulo estava à porta do martírio sob Nero e ele afirma que estava perto o dia da sua partida para o Senhor.
É até mesmo provável que ele soubesse o dia que havia sido marcado para a sua execução, e qual é o testemunho deste grande homem de Deus?
De completa firmeza e serenidade diante do martírio que ele estava convicto que sofreria, tanto que desta vez não pediu que ninguém orasse por ele para que fosse livrado da prisão ou da morte, tal como havia feito antes em suas epístolas de Ef, Fp, Col e Fm, que havia escrito na sua primeira prisão em Roma e da qual havia sido efetivamente posto em liberdade.
Mas agora ele se sujeita inteiramente à vontade de Deus, sabendo que havia terminado o seu ministério e que deveria morrer daquela maneira para que o nome do Senhor fosse glorificado no seu testemunho de firmeza na fé diante da morte.
Isto serviria para encorajar a muitos cristãos nas perseguições que eles sofreriam debaixo especialmente do Império Romano, por quase três séculos, depois da morte de Paulo.
Homens de Deus de verdade não se intimidam diante das grandes aflições que eles sofrem.
Tal como Davi no passado, quando perseguido por todo Israel com Absalão, Paulo manteve tranquilidade de espírito o bastante, e firmou-se inteiramente no Senhor para continuar deliberando a realização das coisas que eram necessárias para o triunfo da causa da justiça, como nós vemos particularmente neste 4º capítulo, nas instruções que deu a Timóteo em relação aos interesses de Cristo e da Sua Igreja, ainda que debaixo daquela grande aflição, enquanto aguardava na prisão a execução da sua sentença de morte.
Funções seculares neste mundo podem ser abandonadas e negligenciadas, mas ai do ministro de deixar de pregar fielmente o evangelho, por causa de sofrimentos ou por quaisquer motivos pessoais!
Eles sabem que terão que prestar contas a Deus no dia do Juízo de tudo que fizeram em cumprimento da chamada deles para serem ministros da Palavra.
Eles sabem que pesa sobre eles esta responsabilidade que foi colocada em seus ombros não por homem algum, mas pelo próprio Deus.
É por isso que não se permitirão descansar até o dia da sua morte, quando ao desencargo fiel da missão que receberam da parte do Senhor.
Paulo não estava ensinando a Timóteo algo que ele não soubesse ainda, mas lembrando qual era o seu dever para com o Senhor na condição de evangelista e ministro da Palavra.
Não é uma função para o nosso aprazimento, diversão ou algo de que poderemos abrir mão a nosso bel-prazer, mas um dever do qual teremos que prestar contas a Deus.
Somente Ele que nos investiu neste sagrado encargo poderá nos isentar do nosso dever, mas Ele não fará isto porque seus dons e vocação são irrevogáveis.
Por isso haverá prestação de contas de tudo o que fizermos em relação à nossa chamada.
Paulo conhecia o temor do Senhor e este era um dos grandes motivos de toda a sua fidelidade e perseverança.
Ele sabia que haverá um dia de prestação de contas no Tribunal de Cristo, e pretendia fazer isto com alegria e não gemendo.
São suas palavras em II Cor 5.10,11:
“Porque é necessário que todos nós sejamos manifestos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba o que fez por meio do corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal. Portanto, conhecendo o temor do Senhor, procuramos persuadir os homens;”.
Veja que ele diz que tinha o temor do Senhor quanto à prestação de contas no tribunal de Cristo.
Então os deveres dos quais estava encarregando Timóteo não eram deveres emanados dele próprio, Paulo, mas do Senhor, em relação ao ministério.
Paulo trouxe estes deveres à lembrança de Timóteo como prova do seu amor e cuidado por ele, de maneira que não viesse jamais a se desviar deles, e assim não ficar sujeito ao juízo de Deus.
O sucesso da Igreja é o sucesso de Cristo e o sucesso do ministro é também o sucesso de Cristo, e assim tanto um quanto outro estão satisfeitos.
Importa portanto, que haja plena diligência no cumprimento das coisas que nos são ordenadas por Deus, porque de outro modo Ele não pode estar contente conosco.
Há pessoas que se dão por satisfeitas se tiverem uma revelação ocasional da parte de Deus, se puderem ser ocasionalmente usadas como seu oráculo em profecias para outros, mas qual será a vantagem disto se não viverem segundo a sã doutrina buscando em tudo e em todo o tempo serem agradáveis a Ele?
Não terá sido este o erro daqueles que protestarão com Jesus na Sua vinda que profetizaram, realizaram milagres e expulsaram demônios em Seu nome, e no entanto ouvirão dEle que nunca os conheceu porque praticam a iniquidade?
Qual é a vantagem de fazer tudo isto e afinal ser rejeitado por Cristo?
Qual é a vantagem de ter sido usado um dia, ainda que por Deus, e no entanto ter o mesmo fim que teve Balaão e Judas?
Importa portanto que os ministros do evangelho não se iludam com a aparência das coisas e que instruam as suas ovelhas a viverem de modo efetivamente obediente e consagrado à vontade de Deus.
Porque afinal, como poderá alguém se gloriar diante do Senhor, no dia do Juízo, em ter sido usado por Ele apesar de ter continuado a viver deliberadamente na prática do pecado?
Por acaso Jesus aceitaria esta insinuação de que é ministro do pecado e da iniquidade e que é indiferente ao fato de alguém ter decidido viver no pecado?
Não é preciso nem mesmo ser um cristão para que se possa ver o absurdo de uma tal possibilidade.
Por isso o trabalho de um ministro do evangelho não é uma coisa indiferente, mas absolutamente necessária.
Foi por causa disto que Paulo conjurou Timóteo a cumprir os seus deveres de ministro do evangelho, não diante de si próprio, mas diante de Deus e de Jesus Cristo, e sob o argumento da Sua segunda vinda como juiz de vivos e de mortos, para estabelecer o Seu reino:
“Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino;”.

Pregar, Admoestar, Repreender, Exortar - 2 Timóteo 4b

Os olhos de Deus e de Jesus Cristo estão continuamente sobre os Seus ministros, acompanhando os passos deles e atitudes; de maneira que darão contas a Deus de tudo o que fizeram neste mundo enquanto se encontravam ainda neste corpo mortal.
Tendo falado do peso da responsabilidade, Paulo apresentou em seguida a Timóteo, de maneira resumida, quais são os principais deveres do ministro do evangelho:
Primeiro: Pregar a Palavra, instando a tempo e fora de tempo.
Em segundo lugar: Admoestar.
Em terceiro: Repreender.
E em quarto: Exortar.
Sendo que tudo isto deve ser feito com toda longanimidade e doutrina.
Nós veremos agora, mais detalhadamente, cada um destes deveres.
Em primeiro lugar, o da pregação da Palavra.
Muito pode ser dito sobre a verdadeira pregação, mas não é nosso propósito esgotar o assunto neste breve comentário.
A pregação da Palavra é citada em primeiro lugar por Paulo porque é este o principal dever do ministro do evangelho.
Eles não devem pregar fábulas, invenções, filosofia, psicologia, sociologia, ou seja o que for que seja diferente da Palavra de Deus.
Por isto Paulo não disse simplesmente a Timóteo para pregar, mas para pregar a Palavra. Ele definiu assim o que deve ser pregado.
A ação de instar a tempo e fora de tempo tem a ver com a aplicação da pregação, porque o dever do ministro não é apenas o de pregar sermões mas aplicar a Palavra à vida dos seus ouvintes, e isto ele deve fazer instando com eles em toda ocasião oportuna.
Em segundo lugar há também o dever do pastor de admoestar as pessoas.
Admoestar é o mesmo que repreender, censurar, corrigir.
Os ministros do evangelho também estão encarregados deste dever por Deus em relação às ovelhas, porque todos os que são tornados filhos de Deus por meio da fé em Cristo, estão automaticamente debaixo da disciplina da aliança que Deus fez com eles através do sangue de Jesus Cristo.
No décimo oitavo capítulo do evangelho de Mateus Jesus detalhou o modo de aplicação desta disciplina corretiva.
Muito se fala da finalidade da disciplina que é a de conduzir os filhos de Deus ao arrependimento por suas faltas relativas a um viver deliberado no pecado, mas infelizmente isto tomou em nossos dias a conotação de tolerância para com os seus pecados, quando que, apesar de ser verdade que há esta finalidade de conduzir ao arrependimento, nosso Senhor deixou claramente afirmado que aquele que não se arrepender deve ser considerado como um gentio e publicano, isto é, como um estranho para a Igreja.
Este abrandamento da disciplina, ou até mesmo a falta da sua aplicação tem levado indiretamente muitos cristãos a viverem sem qualquer temor do Senhor em suas Igrejas, e também a não respeitarem e honrarem àqueles que foram levantados por Ele para apascentarem as suas vidas. A consequência é que o poder do Espírito fica ausente na congregação.
Mas Paulo disse a Timóteo que ele estava encarregado deste dever de corrigir os indisciplinados, e não somente ele, como todos os ministros do evangelho, porque têm recebido do Senhor, autoridade para reter e perdoar pecados na Igreja.
Não que o poder seja propriamente deles, mas têm recebido autoridade delegada para exercerem essa disciplina em nome de Cristo e segundo a Sua vontade e Palavra.
Assim, não é nenhuma agressão pessoal que um ministro da Palavra faz quando repreende cristãos de sua congregação por causa de faltas praticadas por eles.
Ao contrário ele está velando pelas suas almas e cumprindo o dever que lhe foi imposto por Cristo. Ele está exibindo verdadeiro amor e misericórdia para com os faltosos, de maneira a livrá-los de futuros juízos no tribunal de Cristo, quanto todos terão que prestar contas a Deus.
 A palavra usada no original grego para admoestação é elégko e esta mesma palavra é usada em textos como Ef 5.11, 13; Tito 1.13; 2.15 e Hb 12.5, por exemplo, onde é traduzida por correção, reprovação e repreensão.
Em terceiro lugar, é dever do pastor repreender.
Isto pode parecer uma repetição do dever anterior de admoestar, mas a palavra usada por ele no original grego para repreender é outra palavra diferente de elégko.
Aqui ele usou a palavra epitimáu que encontramos em outros textos tais como Mt 8.26; 16.22; 17.18; Jd 1.9.
Esta palavra significa repreender, advertir, prevenir, e também admoestar, tanto quanto admoestar inclui também o significado de repreender.
A diferença básica entre estas duas ações consiste então no alvo de cada uma delas, porque a palavra grega elégko tem o alvo de reprimir, de corrigir, e epitimáu, o de prevenir.
Com a primeira ação nós combatemos e confrontamos diretamente o mal através da palavra de admoestação, e na segunda nós o prevenimos através da palavra de aconselhamento.
A palavra de repreensão preventiva, eptimáu, tem por alvo principalmente mostrar aos cristãos o quanto Deus fica desgostoso com as faltas deles, de maneira que sejam levados ao arrependimento.
Finalmente, o quarto dever do pastor apontado por Paulo é o de exortar.
A exortação tem em vista incentivar à perseverança na busca de santidade.
Assim devem ser também exortados os que estão firmes na fé, de maneira que busquem fazer um progresso cada vez maior em santificação, e para que nunca venham a se desanimar em seus esforços em diligência rumo à maturidade cristã e preservação da fidelidade deles a Deus.
Desde o início desta epístola, Paulo lembrou a Timóteo o dever dos ministros do evangelho de serem pacientes no sofrimento no exercício do seu ministério.
Então, não podem esquecer que devem pregar, instar, admoestar, repreender, e exortar com toda a longanimidade, isto é, não perdendo a paciência em ira contra as ovelhas, mesmo contra as indisciplinadas.
O conteúdo destas ações pastorais deve ser segundo a sã doutrina, e não por qualquer outro meio.
Em suma, este trabalho deve ser feito muito pacientemente, para que seja efetivo.
O motivo alegado por Paulo para ter encarregado Timóteo destes deveres, e não somente ele, mas a todos que ele deveria ordenar e ensinar a fazer as mesmas coisas que lhe estava ordenando tinha em vista principalmente manter a pregação da verdade no mundo porque ele sabia que o erro se manifestaria de uma tal forma na Igreja a partir de uma determinada época que muitos se desviariam de ouvir a sã doutrina e se voltariam às fábulas, isto é, a mitos, contos, estórias espetaculares, por preferirem dar ouvidos a coisas agradáveis segundo os seus desejos carnais, e assim escolheriam mestres para si na Igreja que lhes ministrassem segundo estes desejos carnais deles, rejeitando toda forma de admoestação, repreensão e exortação a uma vida santificada.
Em face deste perigo que se aproximava e que assolaria a Igreja em todas as partes do mundo, nada seria mais necessário do que esta firme posição em defesa da verdade, que deveria ser achada nos ministros do evangelho, em face das pressões que eles sofreriam das pessoas para afrouxarem na doutrina.

Fiel Até o Fim - 2 Timóteo 4c

O testemunho que foi deixado como um legado à Igreja pelos apóstolos; e pelos chamados pais da Igreja depois deles, foi de grande valor especialmente para arrancar o povo de Deus do seu estado de ignorância, em períodos, por exemplo como o da Idade Média.
Depois deles nos foi também deixado o testemunho dos reformadores, dos puritanos, e de muitos outros grandes homens de Deus, de maneira que Deus tem usado este testemunho para nos firmar nestes nossos dias difíceis da predominância da Igreja morna de Laodiceia, citada no livro de Apocalipse.
Devemos seguir o exemplo deles, e sermos muito gratos a Deus pelos conselhos de Paulo a Timóteo de se apegar à Palavra para fazer valer o testemunho da verdade nestes dias difíceis em que as pessoas se recusariam a dar ouvidos à sã doutrina.
Elas se recusam a dar ouvidos à sã doutrina, principalmente porque não suportam ouvir o antigo evangelho da cruz que chama o homem a negar-se a si mesmo e a carregar a sua cruz a cada dia.
Isto significa renunciar à própria vontade para fazer a vontade de Deus, e numa época em que o humanismo prevalece e o homem se autoproclama o centro de todas as coisas, dificilmente admitirá que lhe seja pregado que deve viver para a exclusiva glória de Deus negando-se a si mesmo.
Nenhuma ciência de caráter humanista admitirá o evangelho da cruz em seus preceitos.
Os seus adeptos afirmarão que é necessário separar a ciência da religião como forma de argumento para rejeitarem completamente a verdade evangélica da submissão à Palavra de Deus e prestar a ela a devida honra e obediência.
Isto leva consequentemente a uma espécie de vergonha de Cristo e de tudo o que é verdadeiramente santo.
Não admira portanto que na própria Igreja não se encontre tantos cristãos que estejam dispostos a sustentar o testemunho do amor deles a Cristo em qualquer lugar e circunstância.
Isto é um sintoma destes dias difíceis aos quais Paulo se referiu, nos quais as pessoas não suportariam ouvir as coisas relativas a Deus e à Sua vontade.
Apesar do que lhe aguardava, Paulo se sentia como um valoroso guerreiro de Deus que havia combatido o bom combate da fé e cumprido completamente a sua carreira, em defesa da fé, que ele tão corajosamente havia guardado.
Ele contemplava a coroa de justiça que lhe estava reservada para ser recebida no dia em que Jesus voltará para distribuir galardões aos Seus servos, segundo as obras que eles fizeram neste mundo.
A recompensa é chamada de coroa porque os vencedores nos combates atléticos eram coroados com um coroa de louros, entretanto a destes cristãos vencedores que guardaram a sã doutrina, não é uma coroa de louros, mas de justiça, porque Deus não é injusto de esquecer as obras que os Seus servos fizeram para Ele, não amando a própria vida.
Esta coroa recompensará todos os sofrimentos e lutas em prol do evangelho.
Veja bem que são estes sofrimentos por causa da justiça do evangelho que são dignos de galardões, e não meramente o fato de sofrermos e lutarmos neste mundo.
Como Timóteo era um evangelista e não o pastor fixo de uma determinada congregação local, Paulo lhe pediu que viesse ter com Ele em Roma, porque somente Lucas se encontrava com ele naquela ocasião.
A prova de que a obra do evangelho e os interesses de Cristo vinham na frente de tudo o mais para Paulo, ele cita que havia liberado para a obra todos os que estavam com ele, e dentre estes cita Crescente que havia ido para a Galácia, Tito para a Dalmácia, e Tíquico que ele havia enviado a Éfeso.
 Somente um dos que se encontravam com Ele havia se retirado não por um motivo aprovado, porque havia retornado ao mundo, e recuado na fé, indo para Tessalônica, cujo nome, Demas, ele deixou registrado nesta epístola para a desonra eterna que merecem aqueles que voltam as suas costas para Deus.
 O motivo de Paulo ter solicitado a presença de Timóteo fazendo-se acompanhar de Marcos, não foi por capricho ou para ser consolado pessoalmente, mas para dar prosseguimento, enquanto ele estivesse vivo, às muitas coisas necessárias para serem providenciadas em relação às Igrejas que haviam sido fundadas por ele em várias partes do mundo gentílico.
A referência que fez a João Marcos no verso 11, dizendo que lhe era muito útil para o ministério comprova isto que acabamos de afirmar, porque certamente estava solicitando a sua presença para lhe dar encargos ministeriais para serem cumpridos.
O fato de ter dito que havia enviado Tíquico a Éfeso comprova que apesar de estar preso aguardando o seu martírio, ele continuava no  pleno exercício de suas atividades ministeriais, e não havia aproveitado a oportunidade para descansar, lamentar ou se aposentar.
É admirável também o fato de que Paulo continuava se aplicando em seus estudos.
Ele não se descuidaria disto até o último momento de sua vida.
Ele estava muito disposto a deixar um exemplo para todos os seus cooperadores não somente quanto a esta necessidade como também em relação a tudo o mais que deve ocupar o tempo de um ministro fiel.
Por isso ele pediu a Timóteo que trouxesse juntamente com ele, não somente a capa que havia esquecido em Trôade, como também os livros, e fez menção especial aos pergaminhos.
Ele já havia exortado antes a Timóteo em sua primeira epístola a se dedicar à leitura e ao ensino, e agora ele está dando a ele e aos seus demais cooperadores, o seu próprio exemplo pessoal, de que este é um dever que deve ser levado a efeito pelos ministros do evangelho durante todo o curso de suas vidas.
 Paulo alertou Timóteo a se acautelar de Alexandre, o latoeiro, que havia resistido muito às suas palavras e que lhe havia feito muito mal, o qual receberia a justa retribuição do Senhor pelas suas obras.
A partir do verso 16, Paulo deu a Timóteo um relato das suas condições presentes em Roma.
 Ele havia sido chamado a comparecer diante do imperador de Roma e ninguém se levantou juntamente com ele em sua defesa para testemunhar em seu favor.
 Nenhum dos muitos cristãos de Roma teve coragem suficiente para se apresentar não apenas em sua defesa, mas para testemunharem o destemor deles por amor a Cristo na defesa da causa da justiça.
Foi isto que entristeceu Paulo e não propriamente o fato de ter-se sentido desamparado, porque sabia que o Senhor estava ao seu lado.
Por isso orou em favor destes que lhe haviam abandonado para que Deus não lhes imputasse nada em conta por causa disso.
 Quão poucos são os cristãos que se dispõem a sofrer e a morrer por Cristo.
Por isto os mártires serão cumulados de grandes honras na glória que não serão concedidas a outros que não foram capazes como eles de não amarem suas  próprias vidas diante da morte, para que o nome do Senhor fosse glorificado.
Timóteo não deveria interpretar a presente condição de Paulo como um tipo de abandono da parte de Deus, assim como tantos lhe haviam abandonado.
Por isso o apóstolo fez questão de afirmar que o Senhor esteve ao seu lado durante todo o seu ministério e que lhe havia fortalecido para que pudesse pregar o evangelho a todos os gentios, sendo livrado da boca do leão, Satanás, que anda em derredor buscando a quem possa tragar, e que tantas vezes havia se levantado contra Paulo nas perseguições e tentações que ele sofreu.
Assim como o Senhor lhe havia livrado de sucumbir ao mal, Paulo tinha a certeza de que Ele lhe continuaria livrando e o levaria em segurança para o seu reino celestial, e por este motivo é digno de receber glória para todo o sempre.
Paulo pediu a Timóteo que saudasse a Priscila e a Áquila e à casa de Onesíforo, isto é, os seus familiares, e como vimos antes, Onesíforo encontrava-se com Paulo em Roma.
Ele havia deixado por um certo tempo os da sua casa para poder servir ao Senhor atendendo às necessidades de Paulo, e por isso Paulo saudou os seus familiares pelo desprendimento deles em terem consentido com a partida dele para assisti-lo em Roma a serviço do evangelho.
Paulo citou também os nomes de Erasto e de Trófimo, não para que fossem saudados por Timóteo, mas para justificar a ausência deles naquele momento, porque Erasto havia ficado em Corinto, e Trófimo encontrava-se doente em Mileto, cidade próxima de Éfeso.
 Finalmente ele enviou saudações de cristãos da Igreja de Roma a Timóteo, e dentre estes destacou os nomes de Êubulo, Prudente, Lino e Cláudia.
  Ele pediu ainda que Timóteo procurasse viajar antes da chegada do inverno, porque a viagem seria mais difícil e perigosa.
As últimas palavras de Paulo nesta epístola foram:
“O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.”.
Porventura há maior e melhor necessidade do que esta, de que o próprio Senhor Jesus esteja em comunhão com o nosso espírito, formando nós uma unidade com Ele, de maneira que a sua graça possa fluir plena e livremente em nós?
Esta foi a experiência de Paulo durante todo o curso do seu ministério, e deve ser também a experiência de todos os ministros do evangelho.
Eles não têm nenhuma outra necessidade além do Senhor mesmo e da Sua graça operando nos seus espíritos.



“1 Conjuro-te diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu reino;
2 prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e doutrina.
3 Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos,
4 e não somente desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas.
5 Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.
6 Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
9 Procura vir ter comigo breve;
10 pois Demas me abandonou, tendo amado o mundo presente, e foi para Tessalônica, Crescente para a Galácia, Tito para a Dalmácia;
11 só Lucas está comigo. Toma a Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.
12 Quanto a Tíquico, enviei-o a Éfeso.
13 Quando vieres traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, especialmente os pergaminhos.
14 Alexandre, o latoeiro, me fez muito mal; o Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras.
15 Tu também guarda-te dele; porque resistiu muito às nossas palavras.
16 Na minha primeira defesa ninguém me assistiu, antes todos me desampararam. Que isto não lhes seja imputado.
17 Mas o Senhor esteve ao meu lado e me fortaleceu, para que por mim fosse cumprida a pregação, e a ouvissem todos os gentios; e fiquei livre da boca do leão,
18 E o Senhor me livrará de toda má obra, e me levará salvo para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.
19 Saúda a Prisca e a Áquila e à casa de Onesíforo.
20 Erasto ficou em Corinto; a Trófimo deixei doente em Mileto.
21 Apressa-te a vir antes do inverno. Saúdam-te Êubulo, Pudente, Lino, Cláudia, e todos os irmãos.
22 O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.”  (2 Timóteo 4)



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