terça-feira, 20 de outubro de 2015

Levítico 1 a 27

Levítico 1

O Significado e Importância do Sacrifício
 
Os mandamentos contidos no livro de Levítico foram também dados por Deus a Moisés quando os israelitas se encontravam acampados no monte Sinai, depois de terem sido libertados da escravidão no Egito  (Lev 27.34).
A norma dos reformadores de se estudar a lei sempre com um olho no Calvário, é muito importante em ser seguida porque, assim não se esquecerá da graça enquanto se medita especialmente nas penalidades da Lei de Moisés, que, por exemplo,  por terem sido revogadas pela entrada em vigor da Nova Aliança, nem mesmo para a nação de Israel tais penalidades continuam sendo de caráter obrigatório.
Pois desde que Jesus veio e inaugurou a Nova Aliança, Ele continua realizando, através da igreja, o Seu ministério de Salvador do mundo, e não de Juiz do mundo, pois como Ele mesmo definiu a Sua missão, disse que não veio julgar o mundo, mas salvar (Jo 12.47); isto se aplica ao período da dispensação da graça, e Ele somente julgará então o mundo quando vier como Juiz em Sua segunda vinda, porque o Pai constituiu o Filho Juiz de todas as coisas, como se lê em Jo 5.26-29:
 “Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmo; e deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem. Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”

Entretanto, a importância do princípio ensinado pela lei, que a fidelidade é aprovada por Deus, e o adultério sempre será uma abominação aos Seus olhos, não deve ser negligenciada.
De modo que ao termos os nossos olhos no Calvário, não venhamos a esquecer que a graça que temos alcançado através da morte de Jesus Cristo, não significa que estamos autorizados a viver de modo diferente daquilo que é exigido pela lei moral de Deus.
A Lei e a Graça não são realidades complementares, de modo que a Graça seja a soma da Lei mais alguma outra realidade espiritual.
No entanto não são realidades antagônicas, e a diferença básica entre ambas não reside na Sua procedência, pois ambas têm sua origem em Deus, mas esta diferença está basicamente em sua natureza, em sua função, pois se a lei é uma norma, a graça é um poder.
Assim, Jesus ao interferir com a graça, perdoando aquilo que a Lei não perdoa, antes condena, até mesmo sentenciando à morte, não está descumprindo a lei moral e nem mesmo incentivando o seu descumprimento, mas introduzindo outro  princípio relativo à aplicação das penas da lei, também inerente à própria natureza de Deus, princípio este que não ofende a Sua justiça e nem desconsidera a Sua santidade, pois pela própria Lei tem afirmado que usará de misericórdia com quem Lhe aprouver.
Por isso há prescrições, mesmo na Antiga Aliança, que são mandamentos relativos à ministração do perdão aos transgressores da Lei, por meio da apresentação de sacrifícios.
Isto é muito importante de ser observado no livro de Levítico, pois antes de serem apresentados os vários mandamentos morais com suas penas respectivas, são listados primeiro, desde o início do livro, as normas relativas à apresentação das ofertas que tinham em vista, principalmente, o perdão de pecados.
Não podemos esquecer que Deus inspirou a escrita da Bíblia para ser o manual da nossa redenção, e não da nossa condenação.
Então nós temos o sacrifício como o ponto central na própria Lei, pois a remissão de pecados é mediante o sacrifício de Jesus, do qual os demais eram apenas figura.
Mas, como seriam apresentados inúmeros sacrifícios ao longo da história de Israel, durante o período de vigência da Antiga Aliança, Deus prescreveu a forma de apresentação destes sacrifícios, para que não fossem feitos de acordo com a imaginação dos homens, de modo a não desfigurar o Seu propósito na apresentação daquelas ofertas, nas quais havia um princípio didático relativo a realidades espirituais, não apenas para o ensino deles, como também da própria igreja.  
Uma consciência completamente convencida da sua culpa estaria disposta a vir diante de Deus com milhares de carneiros (Miq 5.6,7), e os ricos poderiam pensar que em ofertarem muito mais do que os pobres, estariam com isto obtendo maior favor da Sua parte.
Além do aspecto relativo à quantidade, haveria também a tentação em se pensar que não era exigido um espírito correto na apresentação das ofertas, isso é, sem arrependimento, quebrantamento e tristeza nas ofertas pelo pecado, e sem gratidão e alegria nas ofertas pacíficas e de consagração.
Eles poderiam fingir estar honrando a Deus, agindo somente para serem vistos em prol da própria honra e glória, e assim usarem e abusarem do sistema de ofertas, que sendo dado para tratar o pecado, seria corrompido pelos seus pecados.
Entretanto, antes de prosseguirmos, cabe destacar que apesar de tudo, quando se fala em termos de Lei como sendo a Antiga Aliança propriamente dita, e de Graça como sendo a Nova Aliança, aí então a diferença é marcante, porque aos aliançados do antigo pacto foi ordenado por Deus que não ultrapassassem sequer os limites demarcados ao redor do sopé do Sinai, com a intenção de subirem o monte e se aproximarem do seu cume, onde se manifestaria a Sua presença e glória, e mesmo no tabernáculo só podiam entrar os sacerdotes, e mesmo assim no Lugar Santo; e no Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote, uma única vez por ano.
Já na Nova Aliança todos os aliançados são chamados a se aproximarem do Senhor, vindo à Sua presença no Santo dos Santos celestial.
Uma pessoa de fé no Velho Testamento tinha acesso à presença do Senhor no Santo dos Santos celestial, em espírito, não em razão de alguma ordenança contida na Antiga Aliança relativa a isto, mas em razão dos benefícios da Nova Aliança no sangue de Jesus, que também os alcançou no passado.    
Este primeiro capítulo de Levítico descreve a lei do holocausto, isto é, dos sacrifícios cruentos que eram queimados sobre o altar; o segundo capítulo as ofertas de manjares; o terceiro os sacrifícios pacíficos; o quarto descreve o sacrifício pelos pecados por ignorância; o quinto o sacrifício pelos pecados ocultos; e o sexto e sétimo capítulos descrevem também prescrições para os diversos tipos de ofertas.  
Estes capítulos não esgotam tudo o que há na lei de Moisés para regular a apresentação das ofertas, mas temos nestes sete capítulos iniciais de Levítico, as linhas gerais relativas às ofertas a serem oferecidas no tabernáculo, e neste primeiro capítulo se descreve particularmente que os holocaustos deveriam ser de gado (novilho - 1.2), ou gado miúdo (carneiro ou cabrito – 1.10) ou aves (rolas ou pombos – 1.14). Os animais de gado deveriam ser machos sem  defeitos (1.3;10).
Em outras porções da Palavra será descrito que estas ofertas deveriam corresponder proporcionalmente às posses dos ofertantes, de forma que um rico não oferecesse rolas ou pombos, e alguém muito pobre um novilho.
Todos os tipos de sacrifícios deveriam ser apresentados à porta do tabernáculo, para que os ofertantes fossem aceitos por Deus (1.3) e deveriam ser imolados perante o Senhor (1.5, 11), e queimados, depois de serem partidos, no altar do holocausto, como oferta queimada de aroma agradável ao Senhor (1.9, 13, 17).
Note que a referência que se repete é que aqueles sacrifícios são apresentados diante de Deus e para Ele.
Por isso o altar do holocausto ficava à frente da porta do tabernáculo, de modo que todas as ofertas fossem apresentadas diante de Deus, cuja presença estava representada na arca da aliança, que se encontrava no interior do tabernáculo.
Os sacrifícios, o sangue dos sacrifícios, o aroma da queima da sua carne, não eram para serem vistos e sentidos pelos homens, mas por Deus.
O sacerdote era um mediador entre o ofertante e o Senhor, mas tanto a oferta quanto o ofertante estavam se apresentando não diante do homem, mas de Deus.    
  Assim, o sacrifício de Jesus foi para satisfazer à justiça e à santidade do Pai, e não para ser visto pelos homens.
Ele se deu em oferta a Deus como propiciação pelos nossos pecados, mas o Seu sacrifício não foi propriamente para satisfazer o desejo dos pecadores, senão para o benefício deles.
Isto está ensinado claramente em figura no sistema sacrificial do Antigo Testamento.
É dito diretamente que o holocausto deveria ser apresentado perante o Senhor; e o ofertante deveria colocar a sua mão sobre a cabeça do sacrifício; para que fosse aceito em seu benefício, para a sua expiação.
Veja que seria a aceitação do sacrifício que beneficiaria o ofertante, de modo a expiar a sua culpa.
Se o sacrifício de Jesus não tivesse sido aceito pelo Pai, ninguém poderia ter a culpa de seus pecados expiada.
Este ato de expiação significa aos olhos de Deus o pagamento pela culpa de nossos pecados, conforme exigido pela lei, de modo que  pudéssemos ser absolvidos desta culpa.
Então, pelo ato de remissão, isto é, deste pagamento, de cumprimento da pena exigida pela lei, o que acontece com a condenação que era prescrita por esta mesma pena da Lei no Antigo Testamento?
Ela é simplesmente removida em Cristo, para aqueles que têm os seus pecados expiados, por estarem unidos a Ele, na semelhança de Sua morte e ressurreição.
Por isso se ordenava que o ofertante impusesse a mão sobre a cabeça do sacrifício, indicando-se assim esta identificação na sua morte, como sendo a sua própria morte, pois era com a mão sobre a sua cabeça que a vítima inocente era imolada.
A nossa aceitação por Deus dependeu então da aceitação do sacrifício de Jesus, como sendo a nossa própria morte para a condenação da Lei, e para o pecado.
A nossa redenção e justificação são feitas por meio do sangue que Ele derramou, e é por sermos redimidos e justificados, que somos aceitos, porque não temos um Salvador que simplesmente apaga a culpa dos nossos pecados, como também remove os nossos pecados, apresentando-nos lavados de nossas iniquidades diante de Deus.
É para sermos santificados que Ele se santificou a Si mesmo, separando-se como oferta, para morrer em nosso lugar.
O propósito eterno de Deus, que está revelado desde o livro de Gênesis, onde é citado que Adão foi criado perfeito e sem pecado, é cumprido, portanto, por meio do sacrifício de Jesus em nosso favor, de modo que aquela santidade original possa ser resgatada e aplicada às vidas dos que têm sido remidos pelo Seu sangue.  
A exigência de que a oferta fosse sem defeito é uma clara alusão a Jesus, pois somente Ele é perfeitamente santo e sem defeito. Assim, os sacrifícios cruentos apontam como figura para Ele.
Se o sacrifício fazia expiação a favor do ofertante (1.4), então teria que ser obrigatoriamente uma figura de Cristo, porque em nenhum animal ou mesmo pessoa, poderia ser possível se fazer expiação pelo pecado, ainda mais pelo que se depreende das condições que Deus determinou para que o animal fosse imolado, isto é, com a imposição das mãos sobre a cabeça do holocausto, imolando-o em seguida perante o Senhor.
Esta imposição de mãos tinha a ver com a identificação com a morte da vítima, reconhecendo como sendo a sua própria morte, e a confissão de pecados sobre ela, de modo que estaria transferindo-lhe a culpa do seu pecado.
Ora, sabemos que não seria justo fazer-se uma expiação de culpa trocando um animal por um homem.
Então, o que temos aqui é uma figura.
E, também não seria justo trocar um pecador por outro pecador, porque aquele que tem a sua própria culpa, não poderia morrer pela culpa de um outro, pois já teria sobre si a sentença de morte.
Então não há qualquer sombra de dúvida que a figura aponta para Cristo, e somente para Ele, porque nenhum outro poderia se encaixar na descrição que é feita na Palavra de Deus.
Por isso lemos em Hebreus 8.1-18:
“Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus. Doutra maneira, não teriam deixado de ser oferecidos? pois tendo sido uma vez purificados os que prestavam o culto, nunca mais teriam consciência de pecado. Mas nesses sacrifícios cada ano se faz recordação dos pecados, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados. Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste; não te deleitaste em holocaustos e oblações pelo pecado. Então eu disse: Eis-me aqui (no rolo do livro está escrito de mim) para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste (os quais se oferecem segundo a lei);  agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo. É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre. Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus, daí por diante esperando, até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados. E o Espírito Santo também no-lo testifica, porque depois de haver dito: Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seu entendimento; acrescenta: E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniquidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado.”
Por isso se diz que o aroma da queima da carne do holocausto seria agradável a Deus, porque agradou ao Pai que o Filho fosse consumido inteiramente no seu altar de sofrimento, em favor dos nossos pecados.
O aroma era agradável a Deus não pelo cheiro da carne, porque aqui temos uma antropopatia, pois Deus não se alimenta de carne, mas o fato de a carne estar queimando no altar significava que o pecado do ofertante seria perdoado por causa daquele grande sacrifício que seria feito no futuro, e do qual aquele que estava apresentando era figura.
Pois com o corpo do sacrifício queimado também se queimava em figura, o pecado.
Dava-se também o testemunho de uma alma se reconciliando com Deus, convertendo-se a Ele, dizendo não ao pecado, entrando em inimizade com o diabo e em amizade com Deus, buscando a santidade que havia sido perdida no Éden, e dando assim cumprimento ao propósito do Senhor na criação do homem.
Se tudo isto seria possível por causa de o pecador ter entendido que deveria confiar no sacrifício para ser aceito por Deus, conforme Ele determinou, então não seria de se esperar menos do que Ele ficasse de fato agradado com o aroma da oferta que queimava sobre o altar, indicando a eficácia de expiação do pecado através da relação entre a oferta, o ofertante e a aceitação de Deus de ambos.
Como já dissemos antes, o sacrifício de Jesus agradou inteiramente ao Pai, pois satisfez plenamente à Sua justiça, e é em decorrência disto que somos aceitos por Deus como seus filhos amados.
Outro fato que aponta para a verdade de que o sacrifício tipificava a Cristo e somente Ele, reside em que os novilhos, cordeiros, cabritos, rolas e pombos, representam animais inofensivos, inocentes e mansos, e portanto apontavam para as virtudes que estão em Cristo.
Não se fala na lei de ser aceitável sacrifício de animais considerados imundos pela lei, peçonhentos, selvagens e com características que não apontassem para a benignidade e mansidão de nosso Senhor.  
Assim, como vimos antes, é o sacrifício de Cristo que nos habilita a sermos agradáveis a Deus, de modo que uma vez sendo justificados do pecado, e sendo regenerados pelo Espírito, possamos ser reconciliados com Ele, para receber graça para amar a Deus de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e para amar o próximo como a nós mesmos, pois isto excede a todos os holocaustos e sacrifícios que poderíamos apresentar para Deus (Mc 12.33), tanto que Jesus apresentou-se a si mesmo como sumo sacerdote ao Pai por nós, e também como sacrifício, uma única vez e para sempre, não deixando para nós senão o único dever de amar, assim como Ele nos amou.

“1 Ora, chamou o Senhor a Moisés e, da tenda da revelação, lhe disse:
2 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecereis as vossas ofertas do gado, isto é, do gado vacum e das ovelhas.
3 Se a sua oferta for holocausto de gado vacum, oferecerá ele um macho sem defeito; à porta da tenda da revelação o oferecerá, para que ache favor perante o Senhor.
4 Porá a sua mão sobre a cabeça do holocausto, e este será aceito a favor dele, para a sua expiação.
5 Depois imolará o novilho perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, oferecerão o sangue, e espargirão o sangue em redor sobre o altar que está à porta da tenda da revelação.
6 Então esfolará o holocausto, e o partirá nos seus pedaços.
7 E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, pondo em ordem a lenha sobre o fogo;
8 também os filhos de Arão, os sacerdotes, porão em ordem os pedaços, a cabeça e a gordura, sobre a lenha que está no fogo em cima do altar;
9 a fressura, porém, e as pernas, ele as lavará com água; e o sacerdote queimará tudo isso sobre o altar como holocausto, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
10 Se a sua oferta for holocausto de gado miúdo, seja das ovelhas seja das cabras, oferecerá ele um macho sem defeito,
11 e o imolará ao lado do altar que dá para o norte, perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue em redor sobre o altar.
12 Então o partirá nos seus pedaços, juntamente com a cabeça e a gordura; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar;
13 a fressura, porém, e as pernas, ele as lavará com água; e o sacerdote oferecerá tudo isso, e o queimará sobre o altar; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
14 Se a sua oferta ao Senhor for holocausto tirado de aves, então de rolas ou de pombinhos oferecerá a sua oferta.
15 E o sacerdote a trará ao altar, tirar-lhe-á a cabeça e a queimará sobre o altar; e o seu sangue será espremido na parede do altar;
16 e o seu papo com as suas penas tirará e o lançará junto ao altar, para o lado do oriente, no lugar da cinza;
17 e fendê-la-á junto às suas asas, mas não a partirá; e o sacerdote a queimará em cima do altar sobre a lenha que está no fogo; holocausto é, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.” (Lev 1.1-17)




Levítico 2

As Ofertas de Devoção e Consagração

No segundo capítulo de Levítico nós temos a lei relativa ao oferecimento de manjares, que eram ofertas de bolos de farinha de trigo, ou outros cereais, para serem queimadas no altar, como símbolo de gratidão, alegria ou consagração.
Havia algumas ofertas de manjares que eram acrescentadas aos sacrifícios, como a relativa ao sacrifício diário, prescrito em Êx 29.38-40.
Mas a lei deste segundo capítulo se refere principalmente às ofertas voluntárias apresentadas por pessoas que desejassem expressar a sua devoção.
É interessante observar que se a oferta de farinha não fosse cozida ou assada, ela deveria ser misturada ao azeite, e deveria ser coberta com incenso (2.1).
E uma parte desta oferta seria queimada sobre o altar, e o que dela sobrasse seria para o sustento dos sacerdotes (2.2,3).
No caso de ser cozida no forno (v. 4), sob a forma de bolo, ou feita em assadeira (v. 5), ou ainda frita (v. 7), não deveria conter fermento nem mel  (v. 5, 11), mas a farinha do cereal sempre deveria ser misturada ao azeite (v. 4, 5, 7), e ser temperada com sal (v. 13).
No caso de se ofertar primícias das colheitas, esta deveria ser feita com os grãos de espigas dos cereais ainda verdes, e não maduras, de forma que seriam esmagados e tostados, e sobre os quais se deveria colocar também azeite e incenso (v. 14,15).
Todas estas ofertas deveriam ter uma parte delas queimada sobre o altar, de forma que se diz delas o que lemos no capítulo anterior relativo ao holocausto de animais:
“é oferta queimada de aroma agradável ao Senhor” (v. 2, 9, 12).
Destas ofertas não se diz que fariam expiação pelo pecado, pois não temos aqui as mesmas afirmações relativas aos sacrifícios descritos no primeiro capítulo, nos quais havia derramamento de sangue, e por isso se diz que sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb 9.22).
Mas como as ofertas de manjares apontam para a devoção e consagração dos ofertantes a Deus, elas trazem em si muitas figuras importantes do significado desta devoção.
Veja que em todas as ofertas deveria estar presente o azeite, que é símbolo do Espírito Santo.
Isto indica que se em toda oferta há uma identificação do ofertante com ela, isto é, como se a oferta fosse a sua própria vida que estava sendo oferecida a Deus, então, daí aprendemos que nenhuma consagração será aceita pelo Senhor se não for acompanhada pela presença do Espírito Santo, que indica o seu trabalho nas nossas vidas em regeneração e santificação.
Indica, sobretudo que uma verdadeira consagração a Deus deve estar sempre acompanhada de uma efetiva comunhão com o Espírito Santo, não apenas traduzida na sua unção e dons espirituais, mas sobretudo pela manifestação do Seu fruto em nossas vidas.
É o que Paulo chama de andar no Espírito, de ser cheio do Espírito, isto é, de ser governado por Ele, de estar debaixo do Seu poder e influência.
Nenhum sacrifício espiritual, seja de oração, louvor, de serviço, de adoração, será aceito por Deus se não for no Espírito Santo.
Por isso se diz que a oração deve ser no Espírito. E não há verdadeiro louvor, adoração e serviço a Deus que não seja no Espírito.
Se a farinha representa a vida do cristão, e caso se pretenda oferecer esta farinha (vida) a Deus, ela não será aceita se não estiver totalmente misturada ao azeite (Espírito Santo).
Além disto, se aprende destas ofertas de manjares que uma verdadeira devoção deve ser temperada com sal, e não conter de maneira nenhuma fermento e mel.
Há ofertas em que o incenso deveria ser acrescentado.
Uma grande parte da obra do Senhor, e da nossa consagração pessoal a Ele, depende e consiste de uma vida de oração, que está representada no incenso.
Se faltasse o incenso nas ofertas em que este estava designado, ela não seria aceita, mesmo se fosse queimada sobre o altar.
O que tornaria a oferta aceitável seria todo o seu conjunto, inclusive o incenso. Não podemos portanto, negligenciar o dever de orar sem cessar, porque ainda que alguma bênção pudesse ser obtida de Deus sem ser acompanhada de oração, certamente a presença desta em nada prejudicará, ao contrário muito ajudará a quem deseja se consagrar ao Senhor.
Quanto ao sal, Jesus disse que os cristãos são o sal da terra e que a sua serventia reside no fato de terem esta propriedade de salgar, que uma vez sendo perdida, para nada mais presta (Mt 5.13).
Em Mc 9.50, Jesus diz que os cristãos devem ter sal em si mesmo.
Por isso é ensinado em figura na lei, que toda oferta de consagração a Deus deve conter obrigatoriamente o sal.
Este sal é o testemunho de vida cristã, baseada na Palavra de Deus, que é o elemento que salga (santifica) as nossas vidas.
Então, sem isto, a oferta (nossa vida, nossa consagração) não será aceita por Deus, conforme se ensina em figura na Lei.
Quanto ao fato de que nunca poderia ser juntado fermento ou mel às ofertas de manjares, isto ensina em figura que a presença do pecado invalida a oferta, especialmente o pecado do orgulho e da hipocrisia que são geralmente associados ao fermento.
Isto aponta para a total necessidade de sinceridade e humildade diante de Deus, em toda a nossa consagração a Ele.
Relativamente ao mel, que apesar de ser agradável ao paladar, é símbolo de prazer sensual, tanto que era muito usado nas oferendas dos pagãos aos seus deuses.
Asim, além de marcar que as ofertas dos cristãos são distintas das ofertas dos pagãos, o Senhor nos ensina nesta figura que uma verdadeira consagração e devoção não devem ser para busca de prazer pessoal, senão para o Seu inteiro agrado.
O alvo da consagração não é o nosso regalo pessoal, mas a plena satisfação do Senhor, por se buscar fazer a Sua vontade e não a nossa.
Finalmente se diz que estas ofertas devem ser queimadas no altar em aroma agradável ao Senhor.
Nenhuma verdadeira devoção é real quando queremos guardar daquilo que temos oferecido a Ele, alguma parte para nós mesmos.
Nós temos um tempo que é nosso e que gastamos nos nossos interesses, mas aquele tempo que temos consagrado ao Senhor pertence inteiramente a Ele, e assim deve ser gasto inteiramente para Ele, do mesmo modo que a oferta era queimada totalmente pelo fogo.
Se a nossa consagração não tem esta marca de estarmos sendo gastos naquilo que estamos fazendo a serviço do Senhor, tudo o que fizermos será inútil, porque apesar de termos preparado a oferta, apesar de termos em nossa mão a farinha misturada ao azeite, com incenso, sem fermento e temperada com sal, mas se não agirmos investindo e agindo no Reino, colocando em prática aquilo que temos para que seja gasto no altar do Senhor, para nada valerá a nossa preparação, uma vez que esta não está sendo consumida inteiramente na Sua obra.

“1 Quando alguém fizer ao Senhor uma oferta de cereais, a sua oferta será de flor de farinha; deitará nela azeite, e sobre ela porá incenso;
2 e a trará aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais lhe tomará um punhado da flor de farinha e do azeite com todo o incenso, e o queimará sobre o altar por oferta memorial, oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
3 O que restar da oferta de cereais pertencerá a Arão e a seus filhos; é coisa santíssima entre as ofertas queimadas ao Senhor.
4 Quando fizerdes oferta de cereais assada ao forno, será de bolos ázimos de flor de farinha, amassados com azeite, e coscorões ázimos untados com azeite.
5 E se a tua oferta for oferta de cereais assada na assadeira, será de flor de farinha sem fermento, amassada com azeite.
6 Em pedaços a partirás, e sobre ela deitarás azeite; é oferta de cereais.
7 E se a tua oferta for oferta de cereais cozida na frigideira, far-se-á de flor de farinha com azeite.
8 Então trarás ao Senhor a oferta de cereais que for feita destas coisas; e será apresentada ao sacerdote, o qual a levará ao altar.
9 E o sacerdote tomará da oferta de cereais o memorial dela, e o queimará sobre o altar; é oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
10 E o que restar da oferta de cereais pertencerá a Arão e a seus filhos; é coisa santíssima entre as ofertas queimadas ao Senhor.
11 Nenhuma oferta de cereais, que fizerdes ao Senhor, será preparada com fermento; porque não queimareis fermento algum nem mel algum como oferta queimada ao Senhor.
12 Como oferta de primícias oferecê-los-eis ao Senhor; mas sobre o altar não subirão por cheiro suave.
13 Todas as suas ofertas de cereais temperarás com sal; não deixarás faltar a elas o sal do pacto do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.
14 Se fizeres ao Senhor oferta de cereais de primícias, oferecerás, como oferta de cereais das tuas primícias, espigas tostadas ao fogo, isto é, o grão trilhado de espigas verdes.
15 Sobre ela deitarás azeite, e lhe porás por cima incenso; é oferta de cereais.
16 O sacerdote queimará o memorial dela, isto é, parte do grão trilhado e parte do azeite com todo o incenso; é oferta queimada ao Senhor.” (Lev 2.1-16).





Levítico 3

A Verdadeira Paz e Prosperidade

No terceiro capítulo de Levítico são descritos os chamados sacrifícios pacíficos, isto é, aqueles que não eram oferecidos para expiação do pecado, mas para celebrar a paz com Deus.
Estes sacrifícios representavam a paz com Deus resultante da expiação da culpa realizada pelo sacrifício pelo pecado.
Podemos ver o cumprimento disto em Rom 5.1 onde se diz que, “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.”
O caráter desta paz não é meramente psicológico, mas objetivo e espiritual, porque é por meio do sacrifício de Jesus, que os cristãos são livrados da ira de Deus.
A guerra que o Senhor tinha contra eles, e eles contra Deus, acabou no momento em que eles creram nEle, por terem sido redimidos de seus pecados pela oferta, que Ele fez de Si mesmo.
Como esta paz foi obtida por meio do sacrifício do Senhor, então se ordenava em figura na Lei, que todo aquele que apresentasse uma oferta para expiar a culpa do pecado, também apresentasse uma oferta para celebrar a paz com Deus, que era decorrente também de um sacrifício.
Isto ensinva em figura que o propósito do sacrifício de Jesus é o de nos reconcliar com Deus, para que tenhamos paz com Ele, uma vez tendo sido justificados pelo sangue do Seu sacrifício.
Por isso, as ofertas pacíficas eram em substância constituídas de sacrifícios sangrentos, pois que também apontam para o sacrifício de Jesus, pois, como já dissemos é somente por meio dEle que podemos ter paz verdadeira e eterna com Deus.
Esta paz fala de reconciliação do pecador com Deus, e isto é feito por meio do sacrifício de Jesus.
Assim, em linhas gerais, estes sacrifícios seguem as mesmas prescrições relativas ao holocausto para a expiação do pecado, descrito no primeiro capítulo, sendo diferentes basicamente, como já nos referimos, quanto à sua finalidade.
Daqui aprendemos que o sacrifício de Jesus não somente remove a culpa do pecado, como também promove a nossa reconciliação e paz com Deus.
No Antigo Testamento a expiação era feita por uma oferta, e a paz por outra, entretanto, Jesus fez ambas as coisas com uma única oferta (Hb 10.14).
Nestes sacrifícios de paz é enfatizada a queima sobre o altar da gordura que envolvia as entranhas e demais órgãos internos do animal (3.3,4, 9,10, 14,15), e no verso 16 se afirma expressamente que:
“Toda gordura será do Senhor.”
No verso 17 se faz uma proibição expressa de não se comer nenhuma gordura nem sangue em Israel.
Cabe destacar que os pagãos bebiam o sangue dos sacrifícios que apresentavam aos seus deuses, e por isso o Senhor estabeleceu também nisso um claro contraste entre os sacrifícios que Lhe seriam apresentados no tabernáculo, e aqueles que eram oferecidos aos demônios e por inspiração destes.
Assim, além de um ensinamento de caráter prático e sanitário, de se proibir a ingestão de gordura e sangue, que hoje, mais do que nunca, sabe-se ser prejudicial à saúde física, certamente foi do propósito de Deus também ensinar sobre realidades espirituais, neste aspecto relativo à gordura, que não podemos alcançar em toda a sua plenitude, porque, como se afirma, a lei, especialmente a cerimonial, era uma sombra e figura das realidades que se cumpriram em Cristo.
Há particularmente aqui esta obscuridade quanto a não termos uma revelação direta na lei, do significado daquelas coisas que foram reveladas clara e diretamente por Cristo.
Entretanto, não há qualquer dúvida, já que estes sacrifícios eram apresentados para celebrar a amizade com Deus, especialmente a gratidão a Ele pela expiação do pecado, ou por obtenção de bênçãos especiais da Sua parte, podemos inferir, por tudo o que podemos explicar com o contexto das próprias Escrituras, que a referência a esta gordura a ser queimada para o Senhor, era uma figura da prosperidade e bênçãos recebidas dEle, conforme depreendemos de textos como os a seguir:
Gên 4.4: “Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta,”.
Êx 23.18: “Não oferecerás o sangue do meu sacrifício com pão levedado, nem ficará da noite para a manhã a gordura da minha festa.”.
Sl 36.8: “8 Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias;”.
Sl 63.5: “A minha alma se farta, como de tutano e de gordura; e a minha boca te louva com alegres lábios.”.
Jer 31.14: “E saciarei de gordura a alma dos sacerdotes, e o meu povo se fartará dos meus bens, diz o Senhor.”.
Assim, apesar de fazer mal à saúde em si mesma, a gordura dos animais era o símbolo da prosperidade da nação de Israel, e do cuidado de Deus para com ela, porque animais magros são sinônimo de penúria, enquanto animais gordos são sinônimo de bons pastos.
Trazendo isto então para os homens, a gordura como figura era símbolo da prosperidade e das bênçãos do Senhor sobre as suas vidas, não permitindo que a sua terra fosse improdutiva e sem abundância de água, de modo que isto era refletido no gado que possuíam, que era gordo em vez de magro.
Então a queima da gordura daqueles animais, especialmente nos sacrifícios pacíficos, indicava que prosperidade é sinônimo de paz com Deus, de comunhão com Ele, de obediência à Sua vontade.
E que esta prosperidade que alcançamos nEle deve ser-lhe dada por devolvida, porque toda a gordura deveria ser queimada no altar dos holocaustos.
Pressupomos assim que não há qualquer citação a oferecimento de rolas e pombos nos sacrifícios pacíficos, porque não havia neles gordura suficiente para ser queimada no altar.
Isto é muito importante de ser visto como figura na Lei, porque daí aprendemos que não devemos buscar a prosperidade como um fim em si mesmo, mas devemos buscar o reino de Deus e a Sua justiça, e toda a prosperidade que Ele nos der, deve ser empregada por nós no Seu serviço, e para a Sua exclusiva glória, porque toda aquela gordura, que era queimada no altar, e que simbolizava a prosperidade recebida, é dito dela, ser pertencente a Deus, e de fato Lhe pertence, porque teve nEle a sua origem (3.16b).
Incentivar as pessoas a buscarem a Deus para ficarem ricas e gastarem tudo o que obtiverem em seus próprios prazeres e objetivos é um pecado grosseiro, que é condenado no próprio Novo Testamento:
“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.” (Tg 4.3).
Na verdade, o texto de Tiago destaca que aquilo que pedimos com interesse meramente egoísta, nem sequer é atendido por Deus.
A verdadeira prosperidade, que procede de Deus, vai exatamente na contramão do egoísmo, porque é uma lei espiritual estabelecida pelo Senhor que se dê mais àquele que dá.
A fórmula do reino para o receber é o dar, pois se diz:
 “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.” (Lc 6.38).
Vale ressaltar que sendo exigida a queima no altar da gordura interna, isto é, da que envolvia os órgãos vitais dos animais, temos aqui uma possível referência ao fato de que a verdadeira prosperidade é aquela que vem de um serviço que é feito ao Senhor de todo o coração, como resultado de nossos entranháveis afetos por Ele, e por nossos irmãos na fé.
Por um zelo fervoroso que é nascido no mais profundo do nosso ser.
O que está em foco aqui são as atitudes internas do coração, que mostram a sede em que reside a nossa comunhão com o Senhor.
Não propriamente naquilo que é externo, que é visto, mas naquilo que o olho humano não vê, mas que somente o Senhor conhece, a saber, as reais motivações do nosso coração.
O perdão é uma atitude interna. A unidade é fruto do somatório de várias atitudes internas, como a humildade, a submissão, a obediência, o bom ânimo, a alegria, a paz, o amor, a bondade, enfim, tudo aquilo que está em Cristo, e que deve ser encontrado em nós.
Cabe destacar finalmente que o sangue destes sacrifícios como o dos descritos no primeiro capítulo, para a expiação do pecado, deveria ser aspergido ao redor do altar do holocausto.
O sangue não era queimado, mas derramado sobre o altar, em toda a sua volta.
Certamente ele atingia a terra sobre a qual estava o altar e era visto por todos.
Temos nisto uma clara referência ao sangue de Cristo que foi derramado por nós na cruz.
O sangue não era queimado porque com isto se indicava que tudo o que se fazia no tabernáculo, todo serviço que era prestado a Deus, toda a expiação e reconciliação que era resultante destes serviços, somente era possível e garantido pelo sangue de Cristo que seria derramado em favor dos pecadores, e do qual aquele sangue de animais era apenas uma figura.




“1 Se a oferta de alguém for sacrifício pacífico: se a fizer de gado vacum, seja macho ou fêmea, oferecê-la-á sem defeito diante do Senhor;
2 porá a mão sobre a cabeça da sua oferta e a imolará à porta da tenda da revelação; e os filhos de Arão, os sacerdotes, espargirão o sangue sobre o altar em redor.
3 Então, do sacrifício de oferta pacífica, fará uma oferta queimada ao Senhor; a gordura que cobre a fressura, sim, toda a gordura que está sobre ela,
4 os dois rins e a gordura que está sobre eles, e a que está junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado, juntamente com os rins, ele os tirará.
5 E os filhos de Arão queimarão isso sobre o altar, em cima do holocausto que está sobre a lenha no fogo; é oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
6 E se a sua oferta por sacrifício pacífico ao Senhor for de gado miúdo, seja macho ou fêmea, sem defeito o oferecerá.
7 Se oferecer um cordeiro por sua oferta, oferecê-lo-á perante o Senhor;
8 e porá a mão sobre a cabeça da sua oferta, e a imolará diante da tenda da revelação; e os filhos de Arão espargirão o sangue sobre o altar em redor.
9 Então, do sacrifício de oferta pacífica, fará uma oferta queimada ao Senhor; a gordura da oferta, a cauda gorda inteira, tirá-la-á junto ao espinhaço; e a gordura que cobre a fressura, sim, toda a gordura que está sobre ela,
10 os dois rins e a gordura que está sobre eles, e a que está junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado, juntamente com os rins, tirá-los-á.
11 E o sacerdote queimará isso sobre o altar; é o alimento da oferta queimada ao Senhor.
12 E se a sua oferta for uma cabra, perante o Senhor a oferecerá;
13 e lhe porá a mão sobre a cabeça, e a imolará diante da tenda da revelação; e os filhos de Arão espargirão o sangue da cabra sobre o altar em redor.
14 Depois oferecerá dela a sua oferta, isto é, uma oferta queimada ao Senhor; a gordura que cobre a fressura, sim, toda a gordura que está sobre ela,
15 os dois rins e a gordura que está sobre eles, e a que está junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado, juntamente com os rins, tirá-los-á.
16 E o sacerdote queimará isso sobre o altar; é o alimento da oferta queimada, de cheiro suave. Toda a gordura pertencerá ao Senhor.
17 Estatuto perpétuo, pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações, será isto: nenhuma gordura nem sangue algum comereis.” (Lev 3.1-17).





Levítico 4

Mais se Pede a Quem Muito é Dado

Os três primeiros capítulos de Levítico especificam os tipos de sacrifícios e ofertas (holocausto, manjares sacrifícios pacíficos, respectivamente), e nos capítulos quarto a sétimo são descritas as situações em que deveriam ser apresentados tais sacrifícios, especialmente os sacrifícios para fazerem expiação pelo pecado.
Assim, este capítulo começa descrevendo como se deveria proceder quando alguém transgredisse algum dos mandamentos do Senhor, fazendo aquilo que não deveria fazer, agindo de modo contrário ao que prescreve o mandamento (4.2).
Daí se aprende que um só pecado contra um dos mandamentos de Deus, ao longo de todo o curso de nossa existência, demandaria, para efeito de expiação, isto é, de redenção da condenação eterna, a necessidade de um sacrifício cruento para apagar a nossa culpa.
Isto foi feito por Jesus de uma vez para sempre quando se ofereceu como propiciação por todos os nossos pecados.
Então, a partir do versículo terceiro começam a ser descritas as situações particulares e públicas para a remissão de pecados, no caso de se pecar contra algum de todos os mandamentos do Senhor, a saber:
·       no caso de pecado de sacerdote que se tornasse de conhecimento público (4.3-12);
·       no caso de pecado de toda a congregação de Israel (4.13-21);
·       no caso de pecado de um  príncipe (4.22-26);
·       no caso de pecado de qualquer pessoa do povo (4.27-35).

Ainda no quinto capítulo prossegue a descrição destes casos específicos:
·       sacrifícios por pecados ocultos (5.1-13);
·       sacrifícios por pecados por ignorância dos mandamentos (5.14-19).

E, também no sexto capítulo são descritos:
Procedimentos e sacrifícios no caso de defraudação do próximo (6.1-7).
Além dos sacrifícios diários que eram apresentados pela manhã e à tarde, no tabernáculo pelos sacerdotes, em favor de toda a nação de Israel, havia também os sacrifícios do chamado dia da expiação nacional, que estudaremos mais adiante, no capítulo 16.
Entretanto, além destes sacrifícios que seriam apresentados regularmente, deveriam ser apresentados sacrifícios nas situações descritas anteriormente.
Aqueles sacrifícios regulares tipificavam a cobertura geral do pecado, do estado pecaminoso da alma, como se diz em teologia, do pecado no singular que aponta para este estado ruim da alma, que é naturalmente inimiga de Deus e da Sua vontade..
Mas, os sacrifícios descritos nestes capítulos citados (quarto ao início do sexto) tinham por alvo, as transgressões dos mandamentos de Deus, fossem elas voluntárias ou não, por ignorância ou não.
Ao começar descrevendo como se deveria proceder no caso do pecado do sacerdote, a Lei demonstra que aos olhos de Deus o pecado de um líder é mais grave do que o pecado das demais pessoas.
O pecado de Moisés em Refidim, que lhe custou a proibição de entrar em Canaã, poderia ter sido passado por alto por Deus, na pessoa de outro, mas não em Moisés.
Assim, com todos os demais líderes se exige mais deles, porque mais lhes é dado, e eles trazem sobre si a responsabilidade de mostrar às demais pessoas, a verdade de Deus.
Deste modo, aos sacerdotes que transgredissem os mandamentos do Senhor, era exigido não uma ovelha, mas um novilho, por ser mais caro do que uma ovelha.
De igual modo também deveria ser oferecido um novilho no caso do pecado de toda a congregação de Israel (4.14).
Já no caso de um príncipe, apesar da sua importância para a nação, mas nas coisas relativas à vida civil, a transgressão seria relativamente menos grave aos olhos de Deus, comparada às praticadas pelo sacerdote ou por toda a nação, e assim era exigido como sacrifício, não um novilho, mas um bode (4.23).
No caso de pecado de qualquer pessoa do povo, a oferta seria uma cabra (4.28).
A Lei ensina, ainda que em figura, que todos são pecadores, tanto o sacerdote, quanto o príncipe e qualquer pessoa do povo.
Não existem eminências pardas diante do Senhor, pois todos pecaram e estão destituídos da Sua glória.
Todos dependem do sacrifício de Jesus para terem seus pecados perdoados, e para tanto necessitarão se humilhar e se arrepender, confessando os seus pecados a Deus.
Deste modo, não havia qualquer eficácia no oferecimento de sacrifícios que não fossem acompanhados por este arrependimento, confissão e fé no meio provido por Deus para a expiação da culpa.
Era ensinado na Lei a se dar o devido valor ao sangue derramado daqueles sacrifícios, porque o Senhor declarou que era por meio dele que se fazia a expiação do pecado, como se lê em Lev 17.11:
“Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida.”
Se o próprio sacerdote dependia do sangue do sacrifício para o perdão dos seus pecados, qual era então o ensino claro e direto que Deus dava a todos com isso?
Certamente que não deveriam colocar a sua confiança, nem mesmo no sumo sacerdote para terem os seus pecados perdoados e serem reconciliados com Deus, mas confiarem inteiramente na eficácia do sangue que estava sendo derramado em favor deles.
Esta mensagem continua valendo para a igreja de Cristo, pois não é em seus ministros que devemos depositar a nossa confiança para sermos perdoados e irmos para o céu, mas no próprio Cristo e no sangue que Ele derramou na cruz, para o perdão dos nossos pecados.
Isto não significa que os verdadeiros ministros de Deus não devam ser honrados e obedecidos, mas que não é neles que encontraremos a nossa salvação, pois assim como todas as demais pessoas, eles também dependem de Cristo para serem perdoados e salvos.
No caso de pecado do sacerdote o sangue do novilho deveria ser aspergido sete vezes perante o Senhor diante do véu do tabernáculo (v.6), e também deveria ser passado nos chifres do altar do incenso, e o que sobrasse do sangue deveria ser derramado à base do altar do holocausto.
Do ato de espargir o sangue sete vezes diante do véu, atrás do qual se encontrava a arca da aliança, e de passá-lo nos chifres do altar do incenso, e já vimos antes que os chifres representam o poder de Deus, podemos depreender disso que há aqui uma figura de que o ministro responde por seus pecados perante Deus e não perante os homens.
Os seus pecados são tratados na presença de Deus e não na presença dos homens.
As ovelhas devem prestar contas a seus respectivos ministros, mas os ministros darão contas diretamente a Deus de todos os seus atos.
Como lemos em Hb 13.17:
“Obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.”
Ao colocar o sangue no chifre do altar o ensino aqui em figura é possivelmente que os ministros dependem de estar debaixo do poder do sangue para poderem ter os seus pecados perdoados pelo Senhor, e assim realizarem o seu ofício diante dEle.
Finalmente, ao derramar o sangue na base do altar do holocausto haveria o reconhecimento que, por causa do pecado, eram eles mesmos que mereciam ter o seu sangue derramado, por causa da justiça de Deus em relação ao pecado.
Mas, como houve um sacrifício vicário (substitutivo) eles não somente são poupados da morte, como podem continuar ministrando diante do Senhor.
  Em Lev 4.12-21 são apresentados os procedimentos para os casos de pecado por ignorância de toda a congregação de Israel.
Quando este pecado se fizesse notório aos seus olhos, se descreve nesta passagem o que eles deveriam fazer.
Se os líderes do povo, por algum engano relativo à Lei, os fizessem errar, quando o engano fosse descoberto, um sacrifício deveria ser feito para expiar a culpa daquele pecado.
Lembremos que toda vez que falamos em apresentação de sacrifícios está implícito também o acompanhamento do necessário arrependimento e confissão.
O sacrifício era a base para tal arrependimento e confissão, pois sem ele, não haveria como este arrependimento e confissão serem aceitáveis a Deus.
E entanda-se por arrependimento não a simples confissão do pecado ou pedido de perdão, mas o efetivo abandono do pecado, pela mudança de comportamento.
É possível que a igreja erre, e que os seus líderes a possam enganar. É suposto aqui que a congregação inteira possa pecar, e pecar por ignorância. Deus sempre terá uma igreja na terra; mas ele nunca disse que ela deveria ser infalível, ou perfeitamente pura de corrupção neste lado do céu.
Quando o sacrifício fosse oferecido para toda a congregação, os anciões deveriam pôr as suas mãos sobre a cabeça do novilho, que seria sacrificado em favor deles, e nisto estariam reconhecendo que o pecado do povo era também o pecado deles, pois por não lhes terem instruído devidamente sobre a Palavra de Deus, o que era um dever deles, o povo, por ignorância, veio a transgredir um dos mandamentos por causa desta ignorância.
No caso do pecado de um príncipe (Lev 4.22-26), em vez de um novilho deveria ser oferecido um bode, e diferentemente do procedimento previsto para os pecados dos sacerdotes, ou de toda a congregação, o sangue não era levado para o interior do tabernáculo, pois era passado nos chifres do altar do holocausto e o restante era derramado na sua base.
O mesmo procedimento deveria ser feito com o sangue da cabra que era oferecida para expiar o pecado, também por ignorância dos mandamentos, de qualquer pessoa do povo de Israel, como descrito em Lev 4.27-35.
Disto se aprende que o pecado dos líderes e de toda a igreja está diante dos olhos de Deus, e pesam muito mais diante dEle, do que os pecados das demais pessoas, individualmente falando, sejam governantes deste mundo ou não.
Jesus ensinou claramente que a quem muito se confiou, muito mais lhe será pedido (Lc 12.48).
E, que aqueles que têm o encargo de serem mordomos, servindo àqueles que lhes foram confiados por Deus, prestarão contas da sua mordomia diante dEele, sendo pois, maior a sua responsabilidade em relação ao cuidado com o seu testemunho de vida para um serviço fiel.
Faremos bem em dar a devida atenção às palavras de Jesus em Lc 12.42-48:
“Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?  Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens. Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis. O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.”
 Veja que estas palavras foram proferidas pelo próprio Jesus para vigorarem na Nova Aliança.
Então não podemos entender que a dispensação da graça signifique tornar as coisas fáceis para as pessoas, incentivando-as a viverem de modo negligente, sem se importarem em serem fiéis em tudo, especialmente no que diz respeito aos mandamentos de Deus.
O mordomo fiel aqui descrito está encarregado, sobretudo das verdades espirituais reveladas na Palavra.
Estas verdades não se referem apenas a coisas agradáveis e boas, mas falam de deveres e responsabilidades, especialmente em relação a levar muito a sério o pecado, de modo a se viver segundo a vontade do Senhor para os seus filhos, que inclui, sobretudo fé, gratidão, alegria, amor, bondade, santidade e justiça.
Como alguém pode ser fiel negligenciando estas coisas, e particularmente o seu dever de amar a Deus e ao próximo?
Por isso Jesus alerta especialmente aos líderes, a serem fiéis em todo o tempo, de modo a sermos achados vivendo dignamente na Sua vinda, conforme lemos em Lc 21.34-36:
“Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço. Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra. Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem.”
 A possível alegação de que pecamos porque não conhecíamos a Palavra do Senhor, de que não fomos ensinados corretamente, não prevalecerá no juízo, porque a Lei ensina em figura que até estes pecados necessitam da cobertura do sacrifício, e devem ser confessados e abandonados, porque é dever de todo cristão buscar a Deus, e buscar o conhecimento da verdade que está revelada na Bíblia, para praticá-la com humildade, reverência e santidade.
A humildade a que a Bíblia se refere não significa mediocridade, resignação, rebaixamento na escala social, mas a sinceridade de reconhecer que importa obedecer em submissão a verdade revelada por Deus em Sua Palavra, e não as próprias convicções pessoais, quando estas são contrárias ao que Deus tem revelado.
É basicamente nesta obediência em submissão de coração à Palavra de Deus, em que consiste a verdadeira humildade bíblica.    




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se alguém pecar por ignorância no tocante a qualquer das coisas que o Senhor ordenou que não se fizessem, fazendo qualquer delas;
3 se for o sacerdote ungido que pecar, assim tornando o povo culpado, oferecerá ao Senhor, pelo pecado que cometeu, um novilho sem defeito como oferta pelo pecado.
4 Trará o novilho à porta da tenda da revelação, perante o Senhor; porá a mão sobre a cabeça do novilho e o imolará perante o Senhor.
5 Então o sacerdote ungido tomará do sangue do novilho, e o trará à tenda da revelação;
6 e, molhando o dedo no sangue, espargirá do sangue sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário.
7 Também o sacerdote porá daquele sangue perante o Senhor, sobre as pontas do altar do incenso aromático, que está na tenda da revelação; e todo o resto do sangue do novilho derramará à base do altar do holocausto, que está à porta da tenda da revelação.
8 E tirará toda a gordura do novilho da oferta pelo pecado; a gordura que cobre a fressura, sim, toda a gordura que está sobre ela,
9 os dois rins e a gordura que está sobre eles, e a que está junto aos lombos, e o redenho que está sobre o fígado, juntamente com os rins, tirá-los-á,
10 assim como se tira do boi do sacrifício pacífico; e o sacerdote os queimará sobre o altar do holocausto.
11 Mas o couro do novilho, e toda a sua carne, com a cabeça, as pernas, a fressura e o excremento,
12 enfim, o novilho todo, levá-lo-á para fora do arraial a um lugar limpo, em que se lança a cinza, e o queimará sobre a lenha; onde se lança a cinza, aí se queimará.
13 Se toda a congregação de Israel errar, sendo isso oculto aos olhos da assembleia, e eles tiverem feito qualquer de todas as coisas que o Senhor ordenou que não se fizessem, assim tornando-se culpados;
14 quando o pecado que cometeram for conhecido, a assembleia oferecerá um novilho como oferta pelo pecado, e o trará diante da tenda da revelação.
15 Os anciãos da congregação porão as mãos sobre a cabeça do novilho perante o Senhor; e imolar-se-á o novilho perante o Senhor.
16 Então o sacerdote ungido trará do sangue do novilho à tenda da revelação;
17 e o sacerdote molhará o dedo no sangue, e o espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu.
18 E do sangue porá sobre as pontas do altar, que está perante o Senhor, na tenda da revelação; e todo o resto do sangue derramará à base do altar do holocausto, que está diante da tenda da revelação.
19 E tirará dele toda a sua gordura, e queimá-la-á sobre o altar.
20 Assim fará com o novilho; como fez ao novilho da oferta pelo pecado, assim fará a este; e o sacerdote fará expiação por eles, e eles serão perdoados.
21 Depois levará o novilho para fora do arraial, e o queimará como queimou o primeiro novilho; é oferta pelo pecado da assembleia.
22 Quando um príncipe pecar, fazendo por ignorância qualquer das coisas que o Senhor seu Deus ordenou que não se fizessem, e assim se tornar culpado;
23 se o pecado que cometeu lhe for notificado, então trará por sua oferta um bode, sem defeito;
24 porá a mão sobre a cabeça do bode e o imolará no lugar em que se imola o holocausto, perante o Senhor; é oferta pelo pecado.
25 Depois o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado e pô-lo-á sobre as pontas do altar do holocausto; então o resto do sangue derramará à base do altar do holocausto.
26 Também queimará sobre o altar toda a sua gordura como a gordura do sacrifício da oferta pacífica; assim o sacerdote fará por ele expiação do seu pecado, e ele será perdoado.
27 E se alguém dentre a plebe pecar por ignorância, fazendo qualquer das coisas que o Senhor ordenou que não se fizessem, e assim se tornar culpado;
28 se o pecado que cometeu lhe for notificado, então trará por sua oferta uma cabra, sem defeito, pelo pecado cometido;
29 porá a mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a imolará no lugar do holocausto.
30 Depois o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta, e o porá sobre as pontas do altar do holocausto; e todo o resto do sangue derramará à base do altar.
31 Tirará toda a gordura, como se tira a gordura do sacrifício pacífico, e a queimará sobre o altar, por cheiro suave ao Senhor; e o sacerdote fará expiação por ele, e ele será perdoado.
32 Ou, se pela sua oferta trouxer uma cordeira como oferta pelo pecado, sem defeito a trará;
33 porá a mão sobre a cabeça da oferta pelo pecado, e a imolará por oferta pelo pecado, no lugar em que se imola o holocausto.
34 Depois o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado, e o porá sobre as pontas do altar do holocausto; então todo o resto do sangue da oferta derramará à base do altar.
35 Tirará toda a gordura, como se tira a gordura do cordeiro do sacrifício pacífico e a queimará sobre o altar, em cima das ofertas queimadas do Senhor; assim o sacerdote fará por ele expiação do pecado que cometeu, e ele será perdoado.” (Lev 4.1-35).





Levítico 5

A Remoção da Culpa

Que a Bíblia tem também e especialmente a finalidade de fazer com que as pessoas se sintam culpadas por seus pecados não resta a menor dúvida. Mas não as deixa sem auxílio, pois lhes aponta o sacrifício de Jesus para perdão destes pecados e remoção da sua culpa, coisa que nenhum tribunal terreno, nem mesmo a psicologia podem fazer.
Quem pode remover a culpa do pecador senão somente a compensação que foi feita por Jesus, por meio do seu sacrifício vicário?
Remover o sentimento de culpa não resolverá o problema básico, caso a pessoa continue culpada aos olhos de Deus.
Uma vez que todos que não tiverem o problema da sua culpa resolvido em Cristo, terão que prestar contas a Deus, no dia do Seu Grande Juízo Final.
Assim, muito do que há nas prescrições relativas à apresentação dos sacrifícios no Antigo Testamento tinha exatamente por alvo despertar as consciências daqueles que faziam parte do povo de Deus, relativamente a seus pecados.
O pecado é ali descrito principalmente como transgressão da vontade revelada de Deus, especificamente dos seus mandamentos, fossem eles morais ou cerimoniais.
A transgressão do mandamento de Deus é pecado e torna o homem culpado perante Ele.
A justiça divina exige que toda culpa seja punida.
Assim era considerado culpado tanto aquele que se omitisse em testemunhar a verdade (5.1), como aquele que tocasse em alguma coisa imunda, conforme descrito por Deus na Lei, como tocar num cadáver (5.2), enfim, tudo aquilo que constituísse uma transgressão dos mandamentos, deveria ter a correspondente expiação, conforme está prescrito no quinto capítulo de Levítico (5.1-13).
Os sacrifícios que vínhamos estudando até aqui nos capítulos anteriores, apontavam mais diretamente à cobertura geral do pecado, da condição de se estar em pecado diante de Deus, e nestes sacrifícios descritos a partir do quinto capítulo a ênfase recai mais sobre o ato ou omissão pecaminosos propriamente ditos, relativos à transgressão de um dos mandamentos da Lei.
É como no caso dos cristãos, que já tendo os seus pecados perdoados por Cristo, necessitam, entretanto da continuidade da cobertura do Seu sacrifício para serem perdoados dos resquícios de corrupção que permanecem em sua natureza terrena, e pelos quais são levados a praticarem atos ou omissões pecaminosos.  
Assim, é previsto neste caso, como oferta aceitável para obtenção do perdão da transgressão, até a décima parte de um efa de flor de farinha, como oferta pelo pecado, por parte do ofertante, cujas posses não lhe permitissem sequer apresentar duas rolas ou dois pombos como oferta pelo seu pecado (v. 11).
É interessante observar que neste caso, era proibido pela Lei que se acrescentasse azeite e incenso a esta farinha porque não era oferecida como oferta de manjares, conforme descrita no capítulo segundo, que celebrava a gratidão e devoção do ofertante a Deus, e não tinha por finalidade fazer expiação do pecado.
No caso dos pecados ocultos descritos em 5.1-13, além da confissão particular daquilo que havia ocultado ou omitido (v. 5), deveria ser apresentado como oferta uma cordeira ou uma cabrita; e caso as posses não lhe permitissem apresentar tal oferta, deveria oferecer dois pombos ou duas rolas (v. 6,7), e como já dissemos antes, se mesmo isto não lhe fosse possível, deveria então apresentar a décima parte de um efa de flor de farinha.
Finalmente, se descreve neste quinto capitulo (v 14-19) que um carneiro deveria ser oferecido segundo o valor fixado em siclos do tabernáculo, para expiar o pecado, sendo que no caso de se pecar por ignorância contra as coisas sagradas do Senhor, deveria ainda ser acrescentado o quinto do valor atribuído ao carneiro que seria oferecido; e no caso de pecados contra algum de todos os mandamentos do Senhor, mesmo no caso de ignorância, não seria acrescentada esta quinta parte, indicando-se assim, que maior é a culpa dos pecados contra as coisas sagradas relativas ao serviço de Deus, do que os demais pecados.
Apesar de Jesus ter dito que até o pecado de falar contra Ele pode ser perdoado aos homens na presente dispensação da graça, o que não era permitido aos aliançados da Antiga Aliança, porque os pecados de blasfêmia deveriam ser punidos com a morte, no entanto, faremos bem em considerar que é devido a Deus todo temor e reverência, e que o Senhor alertou que não há perdão para a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mt 12.13).
Isto indica que o fato de toda ofensa, com exceção desta, poder ser perdoada aos homens por causa do sacrifício de Jesus nesta nova dispensação, Deus não mudou o modo pelo qual sempre viu o pecado, especialmente aqueles que são dirigidos diretamente contra a Sua pessoa.
Se a mentira de Ananias e Safira não tivesse sido contra o Espírito Santo, é bem provável que eles não tivessem recebido aquele juízo de morte.
Isto serve para ilustrar que mesmo na dispensação da graça, Deus não deixa de dar a justa retribuição aos pecados voluntários de sacrilégio.
Bem aventurado é o cristão que não brinca com as coisas da casa de Deus, por considerá-las coisas comuns ou desprezíveis; e nem com as manifestações do Espírito no meio deles.    


“1 Se alguém, tendo-se ajuramentado como testemunha, pecar por não denunciar o que viu, ou o que soube, levará a sua iniquidade.
2 Se alguém tocar alguma coisa imunda, seja cadáver de besta-fera imunda, seja cadáver de gado imundo, seja cadáver de réptil imundo, embora faça sem se aperceber, contudo será ele imundo e culpado.
3 Se alguém, sem se aperceber tocar a imundícia de um homem, seja qual for a imundícia com que este se tornar imundo, quando o souber será culpado.
4 Se alguém, sem se aperceber, jurar temerariamente com os seus lábios fazer mal ou fazer bem, em tudo o que o homem pronunciar temerariamente com juramento, quando o souber, culpado será numa destas coisas.
5 Deverá, pois, quando for culpado numa destas coisas, confessar aquilo em que houver pecado.
6 E como sua oferta pela culpa, ele trará ao Senhor, pelo pecado que cometeu, uma fêmea de gado miúdo; uma cordeira, ou uma cabrinha, trará como oferta pelo pecado; e o sacerdote fará por ele expiação do seu pecado.
7 Mas, se as suas posses não bastarem para gado miúdo, então trará ao Senhor, como sua oferta pela culpa por aquilo em que houver pecado, duas rolas, ou dois pombinhos; um como oferta pelo pecado, e o outro como holocausto;
8 e os trará ao sacerdote, o qual oferecerá primeiro aquele que é para a oferta pelo pecado, e com a unha lhe fenderá a cabeça junto ao pescoço, mas não o partirá;
9 e do sangue da oferta pelo pecado espargirá sobre a parede do altar, porém o que restar, daquele sangue espremer-se-á à base do altar; é oferta pelo pecado.
10 E do outro fará holocausto conforme a ordenança; assim o sacerdote fará expiação por ele do pecado que cometeu, e ele será perdoado.
11 Se, porém, as suas posses não bastarem para duas rolas, ou dois pombinhos, então, como oferta por aquilo em que houver pecado, trará a décima parte duma efa de flor de farinha como oferta pelo pecado; não lhe deitará azeite nem lhe porá em cima incenso, porquanto é oferta pelo pecado;
12 e o trará ao sacerdote, o qual lhe tomará um punhado como o memorial da oferta, e a queimará sobre o altar em cima das ofertas queimadas do Senhor; é oferta pelo pecado.
13 Assim o sacerdote fará por ele expiação do seu pecado, que houver cometido em alguma destas coisas, e ele será perdoado; e o restante pertencerá ao sacerdote, como a oferta de cereais.
14 Disse mais o Senhor a Moisés:
15 Se alguém cometer uma transgressão, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor, como a sua oferta pela culpa, um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para oferta pela culpa.
16 Assim fará restituição pelo pecado que houver cometido na coisa sagrada, e ainda lhe acrescentará a quinta parte, e a dará ao sacerdote; e com o carneiro da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele, e ele será perdoado.
17 Se alguém pecar, fazendo qualquer de todas as coisas que o Senhor ordenou que não se fizessem, ainda que não o soubesse, contudo será ele culpado, e levará a sua iniquidade;
18 e como oferta pela culpa trará ao sacerdote um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação; e o sacerdote fará por ele expiação do erro que involuntariamente houver cometido sem o saber; e ele será perdoado.
19 É oferta pela culpa; certamente ele se tornou culpado diante do Senhor.” (Lev 5.1-19).




Levítico 6

Confissão e Reparação

Os sete primeiros versículos do sexto capítulo de Levítico são uma continuação do final do capítulo anterior (quinto), uma vez que o tipo de sacrifício para expiação da culpa é o mesmo (carneiro).
A ênfase nestes sacrifícios está na exigência da reparação do dano causado, além da apresentação do sacrifício.
No caso de roubo, extorsão, ou abuso de confiança, e retenção de coisas achadas e das quais houve apropriação sem se esforçar para saber quem era o seu proprietário, deveria haver restituição destes bens ou valores e, além disso, deveria ser acrescentada a quinta parte do seu valor como forma de compensação ao proprietário.
Isto demonstra claramente que o perdão de nossos pecados por Jesus não significa a exclusão da nossa responsabilidade.
Ao contrário esta é despertada e aumenta muito, especialmente por sermos instruídos pelo Espírito Santo, a reparar todo o mal que tivermos praticado contra o nosso próximo.
Não é portanto consistente o argumento de que tendo sido perdoados por Cristo, não temos mais com que nos preocupar, porque a Palavra do Senhor ensina claramente que Ele exige que façamos reparação do mal que possamos ter causado a outros.
Não basta portanto, apenas confessar o pecado ou pedir perdão ao ofendido.
A partir do oitavo versículo deste sexto capítulo, e até o versículo vigésimo primeiro do sétimo capítulo de Levítico, são descritas as leis adicionais relativas aos diversos tipos de ofertas descritas até aqui.
Em Lev 7.7 nós temos a) oferta pelo pecado e b) oferta pela culpa, como duas coisas distintas.
De fato no original hebraico a palavra aqui traduzida por pecado é hatat, e a palavra para culpa é asham.
Embora a culpa esteja ligada ao pecado, a primeira palavra, para pecado, quer designar a transgressão propriamente dita, sob a forma de ação ou omissão contrária aos mandamentos de Deus, e a segunda palavra, para culpa, designa a condição de ser merecedor de condenação, de repreensão, de castigo.
É um estado, uma condição, uma situação, mais do que um ato.
Mesmo quando alguém cumpre toda a pena prevista para algum crime praticado, não obstante, não se pode remover a sua culpa pelo ato que praticou. Então é descrito na Lei que o sacrifício faz expiação tanto do pecado quanto da culpa.
Em Lev 6.2 nós vemos que uma falta cometida contra o nosso próximo é considerada por Deus como um pecado contra Ele próprio. Por isso o amor a Deus e ao próximo são apresentados em conexão.
Jesus diz que amar o próximo é um mandamento semelhante ao de amar a Deus (Mt 22.39).
Com base nisto o apóstolo João afirma que:
“Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu. E dele temos este mandamento, que quem ama a Deus ame também a seu irmão.” (I Jo 4.20,21)
E ainda lemos em Tg 4.11:
“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz.”
Não admira, portanto que os dez mandamentos descrevam tanto os nossos deveres para com Deus, como os para com o nosso próximo, na mesma Lei. Amar o próximo é amar a Deus, e a amar a Deus é amar o próximo.
Vejamos agora as leis complementares relativas aos diversos tipos de ofertas:

1) Lei do Holocausto (6.8-13):

O holocausto aqui referido, que deveria ficar queimando no altar até pela manhã, é certamente o cordeiro da tarde do sacrifício diário.
Ele ficaria queimando durante toda a noite, e pela manhã o sacerdote deveria pegar a sua cinza e levar para um lugar limpo fora do arraial.
Para levar estas cinzas para fora do arraial, ele deveria trocar as suas vestes por outras.
Além disso, era seu encargo manter o fogo do altar continuamente aceso, e para isto deveria alimentá-lo com lenha todas as manhãs.
Se até mesmo as cinzas dos holocaustos deveriam receber tal cuidado, Deus estava revelando o valor que Ele dá ao sacrifício, e que principalmente nós, pecadores, deveríamos lhe dar, porque é por meio dele que nós somos reconciliados com Ele.
O primeiro fogo que acendeu o holocausto e a gordura que estavam no altar veio do céu (9.24) e assim, sendo expressamente determinado que aquele fogo sempre deveria ser alimentado para que não se extinguisse, ele seria considerado como um fogo celestial e divino, que queimaria toda impureza e todo pecado que fossem colocados sobre o altar, uma vez que os ofertantes confessavam os seus pecados sobre a cabeça dos animais, que seriam oferecidos em sacrifício, simbolizando assim a destruição daqueles pecados pelo fogo de Deus.
Hoje sabemos que aquele fogo era uma figura do fogo do Espírito Santo, que é quem de fato queima todo pecado e impureza que são confessados a Deus.
Mas para que isto seja feito é necessário que apresentemos os nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, conforme nos ordena o apóstolo em Romanos 12.
Isto pode ser feito pelo Espírito porque Jesus levou sobre si os nossos pecados, assim como era ensinado em figura na Lei.
É por causa do sacrifício de Jesus que eles podem ser totalmente apagados pela operação purificadora do Espírito Santo.
É por isso que se ordena que não se apague o Espírito (I Tes 5.19), porque isto é o mesmo que deixar apagar o fogo do altar com o qual eram queimados todos os pecados.
Tão importante é este trabalho do Espírito Santo em nossas vidas, que na Lei se ordenava aos sacerdotes, de forma enfática e repetitiva, que não deixassem de modo algum que o fogo do altar fosse apagado, para que queimasse continuamente (6.9,12,13).
O fogo purificador do Espírito é absolutamente essencial à santidade, porque se a água lava o ouro exteriormente, somente o fogo pode purificá-lo interiormente, separando-o de todas as suas impurezas.
E o modo dessa santificacão é indicado em figura na Lei, como devendo ser de forma contínua.

2) Lei da Oferta de Manjares (6.14-23):

Aqui se acrescenta ao que é descrito no capítulo segundo, que nenhuma coisa levedada deveria ser comida pelos sacerdotes em seu serviço no tabernáculo.
Isto aponta para a sinceridade, humildade e santidade com que deveriam oficiar na presença de Deus.
O alimento espiritual deles deveria ser sem fermento, isto é, segundo a verdade e santidade da Palavra de Deus.
Nos versos 19 a 23 se descreve a oferta de manjares, que Arão e seus filhos deveriam apresentar no dia da sua consagração.
Esta oferta, ao contrário das demais, deveria ser totalmente queimada, e não deveria ficar dela nenhuma parte para ser comida pelos sacerdotes, indicando assim a consagração total de suas vidas ao serviço de Deus.
O sacerdote poderia se alimentar das ofertas de manjares oferecidas pelas pessoas de Israel, mas não da sua própria oferta de consagração.
Isto ensina que os ministros devem viver das coisas do altar, pelo serviço que prestam a outros.
Eles são dignos de serem assistidos e providos por aqueles aos quais ministram. Por isso se diz que os que pregam o evangelho vivam do evangelho, e que o obreiro é digno do seu salário, pois foi o próprio Deus que dispôs e ordenou estas coisas.

3) Lei da Oferta pelo Pecado (6.24-30):

As prescrições aqui contidas se referem ao serviço que deveria ser realizado pelos sacerdotes em relação a este tipo de oferta.
É dito que deste tipo de oferta, os sacerdotes somente poderiam comer as partes que lhes eram destinadas dos sacrifícios de animais, cujo sangue não havia sido trazido ao interior do tabernáculo.
Nós já vimos antes, que as ofertas cujo sangue era usado para fazer expiação no interior do santuário, estão descritas em Lev 4.6,7, 17,18, e que se referiam aos pecados de ignorância dos sacerdotes ou então de toda a congregação de Israel.
E além destes havia também o sangue que fazia expiação do pecado de toda a nação no chamado dia da expiação nacional, que é citado em Lev 16.
Todos estes sacrifícios deveriam ser totalmente queimados no altar, sendo proibido comer qualquer parte deles.
Além destas prescrições para revelar a importância da oferta pelo pecado, era ordenado também que tudo o que tocasse a carne da oferta seria santo, mostrando assim que o sacrifício de Jesus pelo pecado, nos santifica pela nossa união com Ele.
Quem estiver unido a Jesus que é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, será santificado por esta união a Ele, assim como quem tocava na carne do sacrifício pelo pecado era considerado santo na Lei (6.27 a).
Daí se dizer que tal oferta é coisa santíssima (v. 25, 29).



“1 Disse ainda o Senhor a Moisés:
2 Se alguém pecar e cometer uma transgressão contra o Senhor, e se houver dolosamente para com o seu próximo no tocante a um depósito, ou penhor, ou roubo, ou tiver oprimido a seu próximo;
3 se achar o perdido, e nisso se houver dolosamente e jurar falso; ou se fizer qualquer de todas as coisas em que o homem costuma pecar;
4 se, pois, houver pecado e for culpado, restituirá o que roubou, ou o que obteve pela opressão, ou o depósito que lhe foi dado em guarda, ou o perdido que achou,
5 ou qualquer coisa sobre que jurou falso; por inteiro o restituirá, e ainda a isso acrescentará a quinta parte; a quem pertence, lho dará no dia em que trouxer a sua oferta pela culpa.
6 E como a sua oferta pela culpa, trará ao Senhor um carneiro sem defeito, do rebanho; conforme a tua avaliação para oferta pela culpa trá-lo-á ao sacerdote;
7 e o sacerdote fará expiação por ele diante do Senhor, e ele será perdoado de todas as coisas que tiver feito, nas quais se tenha tornado culpado.
8 Disse mais o Senhor a Moisés:
9 Dá ordem a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei do holocausto: o holocausto ficará a noite toda, até pela manhã, sobre a lareira do altar, e nela se conservará aceso o fogo do altar.
10 E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho sobre a sua carne; e levantará a cinza, quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar.
11 Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza para fora do arraial a um lugar limpo.
12 O fogo sobre o altar se conservará aceso; não se apagará. O sacerdote acenderá lenha nele todos os dias pela manhã, e sobre ele porá em ordem o holocausto, e queimará a gordura das ofertas pacíficas.
13 O fogo se conservará continuamente aceso sobre o altar; não se apagará.
14 Esta é a lei da oferta de cereais: os filhos de Arão a oferecerão perante o Senhor diante do altar.
15 O sacerdote tomará dela um punhado, isto é, da flor de farinha da oferta de cereais e do azeite da mesma, e todo o incenso que estiver sobre a oferta de cereais, e os queimará sobre o altar por cheiro suave ao Senhor, como o memorial da oferta.
16 E Arão e seus filhos comerão o restante dela; comê-lo-ão sem fermento em lugar santo; no átrio da tenda da revelação o comerão.
17 Levedado não se cozerá. Como a sua porção das minhas ofertas queimadas lho tenho dado; coisa santíssima é, como a oferta pelo pecado, e como a oferta pela culpa.
18 Todo varão entre os filhos de Arão comerá dela, como a sua porção das ofertas queimadas do Senhor; estatuto perpétuo será para as vossas gerações; tudo o que as tocar será santo.
19 Disse mais o Senhor a Moisés:
20 Esta é a oferta de Arão e de seus filhos, a qual oferecerão ao Senhor no dia em que ele for ungido: a décima parte duma efa de flor de farinha, como oferta de cereais, perpetuamente, a metade dela pela amanhã, e a outra metade à tarde.
21 Numa assadeira se fará com azeite; bem embebida a trarás; em pedaços cozidos oferecerás a oferta de cereais por cheiro suave ao Senhor.
22 Também o sacerdote que, de entre seus filhos, for ungido em seu lugar, a oferecerá; por estatuto perpétuo será ela toda queimada ao Senhor.
23 Assim toda oferta de cereais do sacerdote será totalmente queimada; não se comerá.
24 Disse mais o Senhor a Moisés:
25 Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da oferta pelo pecado: no lugar em que se imola o holocausto se imolará a oferta pelo pecado perante o Senhor; coisa santíssima é.
26 O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá; comê-la-á em lugar santo, no átrio da tenda da revelação.
27 Tudo o que tocar a carne da oferta será santo; e quando o sangue dela for espargido sobre qualquer roupa, lavarás em lugar santo a roupa sobre a qual ele tiver sido espargido.
28 Mas o vaso de barro em que for cozida será quebrado; e se for cozida num vaso de bronze, este será esfregado, e lavado, na água.
29 Todo varão entre os sacerdotes comerá dela; coisa santíssima é.


30 Contudo não se comerá nenhuma oferta pelo pecado, da qual uma parte do sangue é trazida dentro da tenda da revelação, para fazer expiação no lugar santo; no fogo será queimada.” (Lev 6.1-30).



Levítico 7

Expiação, Comunhão, Gratidão

O sétimo capítulo de Levítico descreve:

a) a lei da oferta pela culpa;
b) a lei das ofertas pacíficas;
c) conclusão relativa às leis das ofertas.

a) Lei da Oferta pela Culpa (7.1-10):

Já vimos anteriormente que a palavra para culpa no hebraico é asham, e designa a condição da alma que está sujeita ao julgamento e à condenação de Deus em razão do pecado.
Como está intimamente ligada às transgressões dos mandamentos de Deus, por isso é dito que a lei da oferta pela culpa e da oferta pelo pecado é uma única lei (7.7), no sentido de ser do sacerdote, que fizer expiação com ambas.
Isto tinha por alvo incentivar os sacerdotes à realização de suas tarefas, porque isto lhes traria recompensa para o seu trabalho.
Quanto mais formos frequentes e diligentes no nosso serviço a Cristo, mais nós colheremos das vantagens disto.
Quanto mais semearmos mais colheremos. Isto é uma lei tanto no mundo natural quanto espiritual.
A fidelidade no espiritual pode não somente trazer bênçãos espirituais, quanto naturais, como recompensa vinda da parte de Deus pelos nossos esforços e fidelidade.
Já nos referimos que isto aponta para a eficácia dupla do sacrifício de Jesus, que tanto perdoa o nosso pecado, quanto remove a nossa culpa, e daí se dizer que somos apresentados perante Ele, santos, inculpáveis e irrepreensíveis (Col 1.22).
Era dado também ao sacerdote o couro do animal oferecido em holocausto (7.8), bem como a oferta de manjares, que tinha uma parte memorial queimada no altar.
Deus faz provisões para aqueles que têm chamado para ministrarem a Seu serviço, ordenando que seja provido o que for necessário para a subsistência dos Seus ministros.
O obreiro é digno do seu salário, especialmente o obreiro fiel, e uma forma de honrá-lo é recompensá-lo com bens materiais pelos serviços espirituais que presta ao seu povo, especialmente se o faz em tempo integral por chamada de Deus, de modo que não possa se dedicar a atividades seculares para prover a si mesmo e à sua família.

b) Lei das Ofertas Pacíficas (7.11-34):

É descrito neste capítulo que as ofertas poderiam ser apresentadas por: a) ações de graça (v 12) ou b) para cumprimento de voto ou voluntariamente (v. 16).
 No caso de oferta por ações de graça era admitido que fosse oferecido pão levedado (v. 13), juntamente com bolos asmos, sendo que este pão levedado não deveria ser queimado no altar, mas somente era usado para melhorar o sabor do banquete de alegria, que seria realizado na presença de Deus e do sacerdote.
Neste caso de oferta por ações de graça, tudo deveria ser comido no mesmo dia, diferentemente da oferta voluntária ou para cumprimento de voto que poderia ser consumido em até no máximo o dia seguinte, porque no terceiro dia, tudo que sobrasse deveria ser queimado no fogo (v. 16-18).
Qualquer coisa imunda que tocasse a carne deste sacrifício a tornaria imprópria para ser consumida; assim como aquele que estivesse imundo, segundo a lei cerimonial, não poderia comê-la (v 19).
Quem consumisse a carne sem atender a estas prescrições deveria ser eliminado do povo (v 20 e 21).
Como a carne deste sacrifício pacífico poderia ser levada para casa, para ser consumida no dia seguinte, então o Senhor acrescentou estas ameaças de modo que ela não recebesse um tratamento comum, uma vez que havia sido consagrada no santuário.
Em 7.22-27 é reafirmada a proibição de comer gordura e sangue.
Em 7.28-34 é reafirmado que o peito e a coxa do lado direito dos animais oferecidos como sacrifícios pacíficos pertenciam ao sacerdote que os oferecesse.
Finalmente nos versos 35 a 38 é feita uma conclusão relativa a todas as prescrições referentes às ofertas que deveriam ser apresentadas no tabernáculo, afirmando-se que estava pois determinada a porção que cabia aos sacerdotes, e que era esta a lei referente ao holocausto, à oferta de manjares, à oferta pelo pecado, à oferta pela culpa, à consagração e ao sacrifício pacífico que deveria ser aplicada nos serviços do tabernáculo, conforme o Senhor ordenou a Moisés no monte Sinai, como mandamento para os filhos de Israel.
Queremos destacar que o que aprendemos também neste último capítulo sobre a reverência que se deveria ter para com as coisas sagradas oferecidas no tabernáculo, deve ser muito maior quando participamos dos elementos da ceia do Senhor, que representam a sua carne e o seu sangue.
Tal é a importância que Deus dá a estes elementos, que muitos na igreja de Corinto estavam sendo enfermados e mortos exatamente pela falta de reverência com os mesmos, porque simbolizam o sacrifício de Jesus.
Não é somente pão e vinho o que comemos e bebemos, como se fosse algo comum, pois ainda que não devamos idolatrar tais elementos, porque a adoração é devida somente a Deus, é nosso dever reverenciá-los e ter o devido apreço e respeito por eles, porque são cousas santíssimas aos olhos de Deus, assim como eram todas as ofertas apresentadas no tabernáculo, e que representavam em figura o sacrifício de Jesus.
O pão e o vinho assim como os sacrifícios do Velho Testamento, não são o próprio sacrifício de Jesus.
Mas nós entendemos que estes elementos representam efetivamente o sacrifício de nosso Senhor, assim como foi do Seu desejo instituí-los como tal, como sendo um memorial, uma lembrança da Sua morte até que Ele venha.
Devemos participar, portanto da ceia do Senhor com santo temor e reverência, conforme é da vontade de Deus, pois vimos no nosso estudo sobre estes sete primeiros capítulos de Levítico que Ele atribui uma grande importância e valor ao sacrifício de Seu Filho, e especialmente nós os que fomos resgatados do pecado por causa dele, deveríamos dar-lhe igual  importância e valor.
A santa ceia é um momento muito oportuno para podermos expressar então toda a nossa gratidão e reconhecimento deste valor e importância.



“1 Esta é a lei da oferta pela culpa: coisa santíssima é.
2 No lugar em que imolam o holocausto, imolarão a oferta pela culpa, e o sangue dela se espargirá sobre o altar em redor.
3 Dela se oferecerá toda a gordura: a cauda gorda, e a gordura que cobre a fressura,
4 os dois rins e a gordura que está sobre eles, e a que está junto aos lombos, e o redenho sobre o fígado, juntamente com os rins, os tirará;
5 e o sacerdote os queimará sobre o altar em oferta queimada ao Senhor; é uma oferta pela culpa.
6 Todo varão entre os sacerdotes comerá dela; num lugar santo se comerá; coisa santíssima é.
7 Como é a oferta pelo pecado, assim será a oferta pela culpa; há uma só lei para elas, a saber, pertencerá ao sacerdote que com ela houver feito expiação.
8 Também o sacerdote que oferecer o holocausto de alguém terá para si o couro do animal que tiver oferecido.
9 Igualmente toda oferta de cereais que se assar ao forno, como tudo o que se preparar na frigideira e na assadeira, pertencerá ao sacerdote que a oferecer.
10 Também toda oferta de cereais, seja ela amassada com azeite, ou seja seca, pertencerá a todos os filhos de Arão, tanto a um como a outro.
11 Esta é a lei do sacrifício das ofertas pacíficas que se oferecerá ao Senhor:
12 Se alguém o oferecer por oferta de ação de graças, com o sacrifício de ação de graças oferecerá bolos ázimos amassados com azeite, e coscorões ázimos untados com azeite, e bolos amassados com azeite, de flor de farinha, bem embebidos.
13 Com os bolos oferecerá pão levedado como sua oferta, com o sacrifício de ofertas pacíficas por ação de graças.
14 E dele oferecerá um de cada oferta por oferta alçada ao Senhor, o qual pertencerá ao sacerdote que espargir o sangue da oferta pacífica.
15 Ora, a carne do sacrifício de ofertas pacíficas por ação de graças se comerá no dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até pela manhã.
16 Se, porém, o sacrifício da sua oferta for voto, ou oferta voluntária, no dia em que for oferecido se comerá, e no dia seguinte se comerá o que dele ficar;
17 mas o que ainda ficar da carne do sacrifício até o terceiro dia será queimado no fogo.
18 Se alguma parte da carne do sacrifício da sua oferta pacífica se comer ao terceiro dia, aquele sacrifício não será aceito, nem será imputado àquele que o tiver oferecido; coisa abominável será, e quem dela comer levará a sua iniquidade.
19 A carne que tocar alguma coisa imunda não se comerá; será queimada no fogo; mas da outra carne, qualquer que estiver limpo comerá dela;
20 todavia, se alguma pessoa, estando imunda, comer a carne do sacrifício da oferta pacífica, que pertence ao Senhor, essa pessoa será extirpada do seu povo.
21 E, se alguma pessoa, tendo tocado alguma coisa imunda, como imundícia de homem, ou gado imundo, ou qualquer abominação imunda, comer da carne do sacrifício da oferta pacífica, que pertence ao Senhor, essa pessoa será extirpada do seu povo.
22 Depois disse o Senhor a Moisés:
23 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Nenhuma gordura de boi, nem de carneiro, nem de cabra comereis.
24 Todavia pode-se usar a gordura do animal que morre por si mesmo, e a gordura do que é dilacerado por feras, para qualquer outro fim; mas de forma alguma comereis dela.
25 Pois quem quer que comer da gordura do animal, do qual se oferecer oferta queimada ao Senhor, sim, a pessoa que dela comer será extirpada do seu povo.
26 E nenhum sangue comereis, quer de aves, quer de gado, em qualquer das vossas habitações.
27 Toda pessoa que comer algum sangue será extirpada do seu povo.
28 Disse mais o Senhor a Moisés:
29 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Quem oferecer sacrifício de oferta pacífica ao Senhor trará ao Senhor a respectiva oblação da sua oferta pacífica.
30 Com as próprias mãos trará as ofertas queimadas do Senhor; o peito com a gordura trará, para movê-lo por oferta de movimento perante o Senhor.
31 E o sacerdote queimará a gordura sobre o altar, mas o peito pertencerá a Arão e a seus filhos.
32 E dos sacrifícios das vossas ofertas pacíficas, dareis a coxa direita ao sacerdote por oferta alçada.
33 Aquele dentre os filhos de Arão que oferecer o sangue da oferta pacífica, e a gordura, esse terá a coxa direita por sua porção;
34 porque o peito movido e a coxa alçada tenho tomado dos filhos de Israel, dos sacrifícios das suas ofertas pacíficas, e os tenho dado a Arão, o sacerdote, e a seus filhos, como sua porção, para sempre, da parte dos filhos de Israel.
35 Esta é a porção sagrada de Arão e a porção sagrada de seus filhos, das ofertas queimadas do Senhor, desde o dia em que ele os apresentou para administrar o sacerdócio ao Senhor;
36 a qual o Senhor, no dia em que os ungiu, ordenou que se lhes desse da parte dos filhos de Israel; é a sua porção para sempre, pelas suas gerações.
37 Esta é a lei do holocausto, da oferta de cereais, da oferta pelo pecado, da oferta pela culpa, da oferta das consagrações, e do sacrifício das ofertas pacíficas;


38 a qual o Senhor entregou a Moisés no monte Sinai, no dia em que este estava ordenando aos filhos de Israel que oferecessem as suas ofertas ao Senhor, no deserto de Sinai.” (Lev 7.1-38).



Levítico 8

“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Toma a Arão e a seus filhos com ele, e os vestidos, e o óleo da unção, e o novilho da oferta pelo pecado, e os dois carneiros, e o cesto de pães ázimos,
3 e reúne a congregação toda à porta da tenda da revelação.
4 Fez, pois, Moisés como o Senhor lhe ordenara; e a congregação se reuniu à porta da tenda da revelação.
5 E disse Moisés à congregação: Isto é o que o Senhor ordenou que se fizesse.
6 Então Moisés fez chegar Arão e seus filhos, e os lavou com água,
7 e vestiu Arão com a túnica, cingiu-o com o cinto, e vestiu-lhe o manto, e pôs sobre ele o éfode, e cingiu-o com o cinto de obra esmerada, e com ele lhe apertou o éfode.
8 Colocou-lhe, então, o peitoral, no qual pôs o Urim e o Tumim;
9 e pôs sobre a sua cabeça a mitra, e sobre esta, na parte dianteira, pôs a lâmina de ouro, a coroa sagrada; como o Senhor lhe ordenara.
10 Então Moisés, tomando o óleo da unção, ungiu o tabernáculo e tudo o que nele havia, e os santificou;
11 e dele espargiu sete vezes sobre o altar, e ungiu o altar e todos os seus utensílios, como também a pia e a sua base, para santificá-los.
12 Em seguida derramou do óleo da unção sobre a cabeça de Arão, e ungiu-o, para santificá-lo.
13 Depois Moisés fez chegar aos filhos de Arão, e os vestiu de túnicas, e os cingiu com cintos, e lhes atou tiaras; como o Senhor lhe ordenara.
14 Então fez chegar o novilho da oferta pelo pecado; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do novilho da oferta pelo pecado;
15 e, depois de imolar o novilho, Moisés tomou o sangue, e pôs dele com o dedo sobre as pontas do altar em redor, e purificou o altar; depois derramou o resto do sangue à base do altar, e o santificou, para fazer expiação por ele.
16 Então tomou toda a gordura que estava na fressura, e o redenho do fígado, e os dois rins com a sua gordura, e os queimou sobre o altar.
17 Mas o novilho com o seu couro, com a sua carne e com o seu excremento, queimou-o com fogo fora do arraial; como o Senhor lhe ordenara.
18 Depois fez chegar o carneiro do holocausto; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro.
19 Havendo imolado o carneiro, Moisés espargiu o sangue sobre o altar em redor.
20 Partiu também o carneiro nos seus pedaços, e queimou dele a cabeça, os pedaços e a gordura.
21 Mas a fressura e as pernas lavou com água; então Moisés queimou o carneiro todo sobre o altar; era holocausto de cheiro suave, uma oferta queimada ao Senhor; como o Senhor lhe ordenara.
22 Depois fez chegar o outro carneiro, o carneiro da consagração; e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do carneiro;
23 e tendo Moisés imolado o carneiro, tomou do sangue deste e o pôs sobre a ponta da orelha direita de Arão, sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito.
24 Moisés fez chegar também os filhos de Arão, e pôs daquele sangue sobre a ponta da orelha direita deles, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito; e espargiu o sangue sobre o altar em redor.
25 E tomou a gordura, e a cauda gorda, e toda a gordura que estava na fressura, e o redenho do fígado, e os dois rins com a sua gordura, e a coxa direita;
26 também do cesto dos pães ázimos, que estava diante do Senhor, tomou um bolo ázimo, e um bolo de pão azeitado, e um coscorão, e os pôs sobre a gordura e sobre a coxa direita;
27 e pôs tudo nas mãos de Arão e de seus filhos, e o ofereceu por oferta movida perante o Senhor.
28 Então Moisés os tomou das mãos deles, e os queimou sobre o altar em cima do holocausto; os quais eram uma consagração, por cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.
29 Em seguida tomou Moisés o peito, e o ofereceu por oferta movida perante o Senhor; era a parte do carneiro da consagração que tocava a Moisés, como o Senhor lhe ordenara.
30 Tomou Moisés também do óleo da unção, e do sangue que estava sobre o altar, e o espargiu sobre Arão e suas vestes, e sobre seus filhos e as vestes de seus filhos com ele; e assim santificou tanto a Arão e suas vestes, como a seus filhos e as vestes de seus filhos com ele.
31 E disse Moisés a Arão e seus filhos: Cozei a carne à porta da tenda da revelação; e ali a comereis com o pão que está no cesto da consagração, como ordenei, dizendo: Arão e seus filhos a comerão.
32 Mas o que restar da carne e do pão, queimá-lo-eis ao fogo.
33 Durante sete dias não saireis da porta da tenda da revelação, até que se cumpram os dias da vossa consagração; porquanto por sete dias ele vos consagrará.
34 Como se fez neste dia, assim o senhor ordenou que se proceda, para fazer expiação por vós.
35 Permanecereis, pois, à porta da tenda da revelação dia e noite por sete dias, e guardareis as ordenanças do Senhor, para que não morrais; porque assim me foi ordenado.
36 E Arão e seus filhos fizeram todas as coisas que o Senhor ordenara por intermédio de Moisés.” (Lev 1.1-38).

Este capítulo descreve a consagração de Arão e de seus filhos para oficiarem como sacerdotes no tabernáculo, e é registrado aqui o cumprimento das instruções, relativas a esta consagração, dadas por Deus a Moisés e que estão contidas em Êx 28 e 29.
Temos portanto em boa parte deste capítulo uma repetição daquilo que está relatado em Êxodo.
A congregação foi chamada para estar junto à porta do tabernáculo (v. 3), e Moisés conduziu os procedimentos da consagração, tendo lavado a Arão e a seus quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar, e vestiu Arão com o traje do sumo sacerdote, e depois disto, antes de vestir os filhos de Arão com suas túnicas sacerdotais, Moisés ungiu o tabernáculo e tudo o que havia nele para consagrá-lo, e derramou também o óleo da unção sobre a cabeça de Arão para consagrá-lo (v. 6-12).
Depois vestiu os filhos de Arão e imolou o novilho da oferta pelo pecado, enquanto Arão e seus filhos impuseram suas mãos sobre a sua cabeça (v 13,14).
E procedeu como já dissemos seguindo as instruções que lhes haviam sido dadas por Deus para a referida consagração e que estão citadas em Êxodo. Assim, foi apresentado por ordem, o carneiro do holocausto (v. 18), e o carneiro da consagração (v. 22) cujo sangue foi passado na ponta da orelha direita, e dos polegares da mão e do pé, direitos, tanto de Arão quanto de seus filhos; a oferta de manjares (v. 26), e a unção das vestes dos sacerdotes pela aspersão da mistura do óleo da unção com o sangue do carneiro da consagração (v. 30). E foi ordenado que ficassem por sete dias e noites à porta do tabernáculo para que fosse completada a sua consagração (v. 35).        
Deste modo, na consagração de Arão e seus filhos, como sacerdotes, foram apresentados sacrifícios para santificá-los. Assim como a iniqüidade de Isaías teve quer ser primeiro removida antes que ele fosse enviado por Deus como profeta para levar a Sua mensagem ao povo, de igual modo, primeiro a iniquidade de Arão e seus filhos, teria que ser removida antes que eles oficiassem no tabernáculo em favor dos israelitas.
Os ministros que devem declarar o perdão de pecados a outros devem ser diligentes em adquirir a certeza em primeiro lugar do perdão dos próprios pecados deles.



Levítico 9

Pelo Sacrifício e Não Pelas Nossas Obras

Completada a consagração dos sacerdotes, no capítulo anterior, nós vemos neste nono capitulo de Levítico, que logo no primeiro dia após esta ser concluída, eles começaram os seus serviços.
Naquele primeiro dia, o Senhor se manifestaria a Israel no tabernáculo (v.4), fazendo com que a Sua glória aparecesse a todo o povo (v 23), e com que um fogo sobrenatural, vindo da Sua parte, acendesse pela primeira vez os sacrifícios de holocaustos colocados sobre o altar.
Tudo o que Moisés determinou que fosse feito pelos sacerdotes havia sido ordenado por Deus para que manifestasse a Sua glória a eles (v. 6).
Isto ocorreria depois de Arão e seus filhos terem apresentado os sacrifícios prescritos como oferta pelo pecado deles e do povo (v. 7), assim como o holocausto e a oferta pacífica (v. 32).
O que daí se aprende é que sempre que há verdadeira cobertura do pecado, por causa do sacrifício de Jesus, estando o povo de Deus em santificação, por ter confessado o seu pecado, e se consagrado a Ele, tendo verdadeira reconciliação e comunhão, o resultado sempre será a manifestação da glória do Senhor a eles, conforme tem prometido na Sua Palavra.
Por conseguinte, geralmente, o motivo da ausência da glória de Deus, entre o Seu povo, é devido a um viver deliberado no pecado, quando há ausência de arrependimento e confissão de pecados, acompanhado da falta de compromisso com o Senhor, demonstrado na falta de uma completa consagração à Sua vontade e serviço.
Entretanto, nunca devemos ultrapassar o que está escrito, porque se nos dá conta neste capítulo, que Deus manifestou a Sua glória a eles, unicamente por terem apresentado os sacrifícios exigidos.
Deste modo, não podemos associar a bênção do evangelho a nada mais além da graça e da fé.
Isto está ensinado nesta e em outras porções da Lei.
Nada mais foi exigido por Deus para manifestar a Sua graça e glória aos israelitas além do sacrifício.
De igual modo nada além é exigido para manifestar a Sua graça e glória na vida daqueles que unicamente creem em Cristo, para o perdão dos seus pecados.
Paulo defende este caráter do verdadeiro evangelho, especialmente em Gálatas, onde demonstra que todo evangelho que ultrapassa a graça e a fé, para a justificação que dá vida, não é o verdadeiro evangelho de Cristo, porque o dom do Espírito Santo e consequentemente do Seu fogo santo, que queima todos os nossos pecados, é recebido unicamente pela fé em Cristo, por causa do seu sacrifício, e não em razão das nossas obras.
Como se poderia crer que o Deus Altíssimo, perfeitamente santo, tivesse manifestado a Sua glória a pecadores?
Ele o fez e o tem feito unicamente por causa do sacrifício de Cristo.
O próprio Jesus revelou isto intensamente em Seu ministério terreno, e continua mostrando através da Sua igreja, quando salva pecadores, chamando para Si mesmo a culpa dos pecados deles.
Ele demonstra abundantemente que veio de fato salvar os pecadores e não julgá-los, pois pela Sua cruz, todo julgamento para condenação, foi adiado para o dia do juízo final.
Tudo isto está ensinado em figura na Lei, pois está registrado que Deus manifestou a Sua glória a todo o povo de Israel, porque os sacerdotes apresentaram por si mesmos e para todo o povo, os sacrifícios que lhes foram exigidos por Deus.
Jesus é o bom pastor que vai em busca da ovelha perdida no deserto e afirma que se alegra quando a encontra, e que há mais alegria no céu pelo arrependimento deste pecador que estava perdido e foi achado por Ele, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento (Lc 15.1-7).
Aqueles que se reconhecerem pecadores e se arrependerem de seus pecados, crendo que somente o sacrifício de Cristo é suficiente para reconciliá-los com Deus, e torná-los participantes da Sua glória, receberão certamente de Deus tudo o que Ele prometeu fazer para o bem dos pecadores.



“1 Ora, ao dia oitavo, Moisés chamou a Arão e seus filhos, e os anciãos de Israel,
2 e disse a Arão: Toma um bezerro tenro para oferta pelo pecado, e um carneiro para holocausto, ambos sem defeito, e
oferece-os perante o Senhor.
3 E falarás aos filhos de Israel, dizendo: Tomai um bode para oferta pelo pecado; e um bezerro e um cordeiro, ambos de um ano, e sem defeito, como holocausto;
4 também um boi e um carneiro para ofertas pacíficas, para sacrificar perante o Senhor e oferta de cereais, amassada com azeite; porquanto hoje o Senhor vos aparecerá.
5 Então trouxeram até a entrada da tenda da revelação o que Moisés ordenara, e chegou-se toda a congregação, e ficou de pé diante do Senhor.
6 E disse Moisés: Esta é a coisa que o Senhor ordenou que fizésseis; e a glória do Senhor vos aparecerá.
7 Depois disse Moisés a Arão: Chega-te ao altar, e apresenta a tua oferta pelo pecado e o teu holocausto, e faze expiação por ti e pelo povo; também apresenta a oferta do povo, e faze expiação por ele, como ordenou o Senhor.
8 Arão, pois, chegou-se ao altar, e imolou o bezerro que era a sua própria oferta pelo pecado.
9 Os filhos de Arão trouxeram-lhe o sangue; e ele molhou o dedo no sangue, e o pôs sobre as pontas do altar, e derramou o sangue à base do altar;
10 mas a gordura, e os rins, e o redenho do fígado, tirados da oferta pelo pecado, queimou-os sobre o altar, como o Senhor ordenara a Moisés.
11 E queimou ao fogo fora do arraial a carne e o couro.
12 Depois imolou o holocausto, e os filhos de Arão lhe entregaram o sangue, e ele o espargiu sobre o altar em redor.
13 Também lhe entregaram o holocausto, pedaço por pedaço, e a cabeça; e ele os queimou sobre o altar.
14 E lavou a fressura e as pernas, e as queimou sobre o holocausto no altar.
15 Então apresentou a oferta do povo e, tomando o bode que era a oferta pelo pecado do povo, imolou-o e o ofereceu pelo pecado, como fizera com o primeiro.
16 Apresentou também o holocausto, e o ofereceu segundo a ordenança.
17 E apresentou a oferta de cereais e, tomando dela um punhado, queimou-o sobre o altar, além do holocausto da manhã.
18 Imolou também o boi e o carneiro em sacrifício de oferta pacífica pelo povo; e os filhos de Arão entregaram-lhe o sangue, que ele espargiu sobre o altar em redor,
19 como também a gordura do boi e do carneiro, a cauda gorda, e o que cobre a fressura, e os rins, e o redenho do fígado;
20 e puseram a gordura sobre os peitos, e ele queimou a gordura sobre o altar;
21 mas os peitos e a coxa direita, ofereceu-os Arão por oferta movida perante o Senhor, como Moisés tinha ordenado.
22 Depois Arão, levantando as mãos para o povo, o abençoou e desceu, tendo acabado de oferecer a oferta pelo pecado, o holocausto e as ofertas pacíficas.
23 E Moisés e Arão entraram na tenda da revelação; depois saíram, e abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todo o povo,


24 pois saiu fogo de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que vendo todo o povo, jubilaram e prostraram-se sobre os seus rostos.” (Lev 9.1-24).


Levítico 10

O Modo de se Considerar o Pecado

Assim como a entrada em vigor da Nova Aliança foi marcada pela morte de Ananias e Safira, como um juízo da parte do Senhor, que veio sobre eles, e trouxe grande temor à igreja, de igual modo, a Antiga Aliança entrou em vigor com a morte de cerca de três mil israelitas, pela adoração do bezerro de ouro, e com a morte de Nadabe e Abiú, filhos de Arão, logo depois de que o tabernáculo foi erigido, e os sacerdotes foram consagrados e começaram a oficiar no mesmo.
Deste modo, tanto numa aliança quanto noutra, Deus marcou com estes exemplos, que estes pactos eram pactos para um viver em santidade, em obediência à Sua vontade.
Certamente, a visitação da iniquidade de Nadabe e Abiú, que ofereceram incenso de modo diferente do designado por Deus, desprezando as instruções que foram dadas por Ele, tinha em vista impedir que o ofício sacerdotal fosse cumprido sem o temor e o respeito devidos a todas as prescrições, que foram transmitidas a Moisés, para serem cumpridas pelos sacerdotes.
A citação bíblica “fogo estranho” é uma referência, portanto a um modo diferente de queimar incenso, do que fora designado por Deus.
O Senhor declarou a Moisés o motivo daquele juízo de morte sobre os filhos de Arão:
“Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo.”
 Isto porque foi manifestado que o Senhor exige de fato santidade e obediência daqueles que se aproximam dEle, e nisto o Seu nome é glorificado diante do Seu povo, pelo temor que lhe sobrevém, por observarem o modo como Deus trata com aqueles que Lhe servem, especialmente com os líderes do Seu povo, quando estes se desviam do temor que Lhe é devido.
A ocasião em que eles ofereceram o fogo estranho (início dos serviços no tabernáculo) e o ofício elevado de que estavam investidos (sacerdotes) contribuiu para o juízo que lhes sobreveio.
Este viera nem tanto pela enormidade do pecado deles, pois o Senhor tem suportado maiores e continuadas ofensas com Sua longanimidade, mas exatamente porque se não tivesse intervindo de forma drástica, quando eles se predispuseram a não cumprir rigorosamente o que prescrevera na Lei para ser cumprido, isto se tornaria a norma nos procedimentos deles, e a exigência de Deus relativa a que Seus mandamentos fossem cumpridos, seria grandemente desacreditada.
Por isso foi ordenado a Arão e seus dois outros filhos, Eleazar e Itamar que permanecessem no tabernáculo, e que não chorassem e lamentassem a morte de Nadabe e Abiú, pois isto seria permitido somente aos seus demais familiares, que não tinham parte no sacerdócio.
Desta forma, dariam testemunho a toda a congregação de Israel, que a vontade de Deus, a obra do Senhor, era mais importante do que a perda de filhos e irmãos.
As coisas ordenadas pelo Senhor relativas ao modo de ser servido e adorado são santíssimas, e não devem ser consideradas coisas comuns, e muito menos se deve dar a elas um uso profano e imundo, conforme estava ilustrado na lei em variadas figuras, como comidas, animais, situações etc, com o propósito de ensinar a reverência, que é devida especialmente, às coisas que são pertencentes ao culto de adoração a Deus.
É um grande perigo, mesmo na dispensação da graça, quando os líderes em vez de submeterem o serviço de louvor e adoração à Palavra de Deus, usam a sua imaginação ou permitem serem dirigidos pela imaginação de outros, para contrariar frontalmente aquilo que está revelado pelo Senhor na Sua Palavra.
A bondade e misericórdia de Deus são infinitas, assim como Ele é infinito, e é exatamente em razão desta bondade e misericórdia, que Ele usa uns pouquíssimos exemplos para nos advertir que viver deliberadamente no pecado nos priva de experimentar as Suas melhores e maiores bênçãos, e no caso de falta de cobertura do sacrifício de Jesus, o pecado produz a pior de todas as mortes, que é a morte espiritual, e que por fim virá a ser morte eterna.
Assim, com Seus juízos, o Senhor nos alerta em Sua bondade, graça e misericórdia que não devemos viver na prática deliberada do pecado, mas que devemos nos arrepender dos nossos pecados e buscar andar em retidão na Sua presença, pois foi para este propósito que fomos criados por Ele.
É por isso que tanto Jesus quanto os profetas e os apóstolos advertem seriamente a todos os pecadores, para que se arrependam e se convertam a Deus, por meio da fé nEle, e vivam em santidade de vida, para que lhes vá bem. Pois, do contrário correm o risco de enfrentarem o justo juízo de Deus, tal como ocorrera com Nadabe e Abiú, para a nossa advertência.    
Os ministros de Deus devem saber distinguir não somente o que é santo do que é profano, como também, discernir nas próprias coisas santas, aquilo que é mais santo, como exemplificado em figura no caso dos sacerdotes em relação às partes dos sacrifícios que lhes foram dadas por Deus, e de que tipos de sacrifícios deveriam comê-las.
Nós já tecemos o devido comentário sobre isto nos capítulos anteriores, e vimos ali que era vedado ao sacerdote comer da carne do sacrifício pelo pecado, cujo sangue fosse levado para o interior do tabernáculo, para fazer expiação no interior do Lugar Santo.
Mas  estava obrigado a comer as porções de carne relativas às partes dos animais, que fossem ofertados pelo pecado e cujo sangue não fosse usado na referida expiação no interior do Lugar Santo.
Deste modo, eles não poderiam frustrar o ensino em figura que aqueles que são feitos sacerdotes para Deus, por meio da fé em Cristo, vivem diante dEle porque se alimentam da Sua carne.
Por isso Jesus disse que a Sua carne é verdadeira comida, e que todo aquele que dele se alimenta tem a vida eterna.
Tal como os apóstolos com Jesus no Getsêmani, o espírito de Arão estava pronto para toda obediência, mas a carne era fraca, e assim como os apóstolos, dormiram, em vez de vigiarem com o seu Senhor, em razão da tristeza pela morte de seus dois filhos, se sentia totalmente indisposto a comer da carne do bode, que foi oferecido como oferta pelo pecado e assim ordenou a seus filhos, que a sua carne fosse queimada totalmente.
Com isso houve uma quebra de um mandamento, mas, neste caso, a misericórdia do Senhor o alcançou, pois havia agido daquela forma juntamente com seus filhos Eleazar e Itamar, não por desconsiderarem ou desrespeitarem as ordens de Deus relativas aos sacrifícios, e nem pelo desejo de descumpri-las em ocasiões futuras.
Então ele argumenta com Moisés como poderia Deus aceitar que ele comesse da carne do sacrifício por simples obrigação, e com o espírito entristecido?
Moisés entendeu a justificativa de Arão e se deu por satisfeito.
É bastante instrutivo que no mesmo capítulo que registra a morte de Nadabe e Abiu, por terem oferecido fogo estranho, também está registrada a misericórdia de Deus para com Arão e seus filhos, quando deixaram de seguir estritamente o que era determinado pela Lei, em razão de ter sido compassivo para com o luto e tristeza deles.
Isto é muito importante de ser considerado, para que não se pense de Deus como sendo um Juiz inflexível nos dias do Antigo Testamento, que punia sem qualquer apelação a qualquer transgressão cometida contra os Seus mandamentos, sem pesar os espíritos e a sinceridade e o desejo daqueles que se aproximavam dEle para servi-lO.
O que pesa para Ele não é o tanto quanto poderemos falhar, porque já sabe que todos somos pecadores, mas qual é a forma como encaramos o pecado: se com tristeza e arrependimento, ou considerando a transgressão da Sua vontade como sendo algo sem importância.




“1 Ora, Nadabe, e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário e, pondo neles fogo e sobre ele deitando incenso, ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que ele não lhes ordenara.
2 Então saiu fogo de diante do Senhor, e os devorou; e morreram perante o Senhor.
3 Disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Mas Arão guardou silêncio.
4 E Moisés chamou a Misael e a Elzafã, filhos de Uziel, tio de Arão, e disse-lhes: Chegai-vos, levai vossos irmãos de diante do santuário, para fora do arraial.
5 Chegaram-se, pois, e levaram-nos como estavam, nas próprias túnicas, para fora do arraial, como Moisés lhes dissera.
6 Então disse Moisés a Arão, e a seus filhos Eleazar e Itamar: Não descubrais as vossas cabeças, nem rasgueis as vossas vestes, para que não morrais, nem venha a ira sobre toda a congregação; mas vossos irmãos, toda a casa de Israel, lamentem este incêndio que o Senhor acendeu.
7 E não saireis da porta da tenda da revelação, para que não morrais; porque está sobre vós o óleo da unção do Senhor. E eles fizeram conforme a palavra de Moisés.
8 Falou também o Senhor a Arão, dizendo:
9 Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da revelação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso pelas vossas gerações,
10 não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo,
11 mas também para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem dado por intermédio de Moisés.
12 Também disse Moisés a Arão, e a Eleazar e Itamar, seus filhos que lhe ficaram: Tomai a oferta de cereais que resta das ofertas queimadas do Senhor, e comei-a sem levedura junto do altar, porquanto é coisa santíssima.
13 Comê-la-eis em lugar santo, porque isto é a tua porção, e a porção de teus filhos, das ofertas queimadas do Senhor; porque assim me foi ordenado.
14 Também o peito da oferta movida e a coxa da oferta alçada, comê-los-eis em lugar limpo, tu, e teus filhos e tuas filhas contigo; porquanto são eles dados como tua porção, e como porção de teus filhos, dos sacrifícios das ofertas pacíficas dos filhos de Israel.
15 Trarão a coxa da oferta alçada e o peito da oferta movida juntamente com as ofertas queimadas da gordura, para movê-los como oferta movida perante o Senhor; isso te pertencerá como porção, a ti e a teus filhos contigo, para sempre, como o Senhor tem ordenado.
16 E Moisés buscou diligentemente o bode da oferta pelo pecado, e eis que já tinha sido queimado; pelo que se indignou grandemente contra Eleazar e contra Itamar, os filhos que de Arão ficaram, e lhes disse:
17 Por que não comestes a oferta pelo pecado em lugar santo, visto que é coisa santíssima, e o Senhor a deu a vós para levardes a iniquidade da congregação, para fazerdes expiação por eles diante do Senhor?
18 Eis que não se trouxe o seu sangue para dentro do santuário; certamente a devíeis ter comido em lugar santo, como eu havia ordenado.
19 Então disse Arão a Moisés: Eis que hoje ofereceram a sua oferta pelo pecado e o seu holocausto perante o Senhor, e tais coisas como essas me têm acontecido; se eu tivesse comido hoje a oferta pelo pecado, porventura teria sido isso coisa agradável aos olhos do Senhor?
20 Ouvindo Moisés isto, pareceu-lhe razoável.” (Lev 10.1-20).




Levítico 11

Concebidos em Pecado

O 12º capítulo de Levítico dá continuidade à descrição das leis que prescrevem purificações cerimoniais, que apontavam em figura para a santidade, que é devida a Deus pelas pessoas do Seu povo.
No capítulo anterior nós vimos as leis referentes a alimentos puros e impuros.
Neste capítulo são descritas as prescrições relativas à purificação das mulheres depois do parto.    
Nos dias determinados para a sua purificação elas não poderiam tocar em nada sagrado, e lhes era vedado o ingresso no átrio do tabernáculo pois eram consideradas imundas por 40 dias, no caso de nascimento de menino, e por 80 dias, no caso de nascimento de menina, tempo que deveria ser contado para a sua purificação, e depois do qual poderiam comer e tocar nas cousas sagradas e comparecerem ao tabernáculo, para oferecerem sacrifícios pela sua purificação.
Deveriam provavelmente ficar impedidas de ter relações sexuais com seus maridos, nos primeiro sete dias depois do parto, no caso de menino, devendo este ser circuncidado ao oitavo dia; e por quatorze dias no caso de nascimento de menina.
Se o pecado não tivesse entrado no mundo não haveria uma lei cerimonial como esta que aponta para o fato de que todos somos concebidos em pecado, e que sacrifícios pelo pecado deveriam ser oferecidos depois do nascimento dos filhos, simbolizando que aquele nascimento, não era mais um puro ato de alegria, porque chegava mais um pecador ao mundo, que necessitaria de arrependimento, e perdão dos seus pecados, por meio do sacrifício de Cristo, para a purificação dos seus pecados e para obtenção da verdadeira vida eterna.
 O fato do tempo determinado, para a purificação, no caso de nascimento de menina ser o dobro do tempo previsto para o nascimento de menino não tinha nenhuma razão específica, senão a de revelar a soberania do Legislador, que dispõe todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade.
A Lei apontava para a purificação da mãe como que indicando que uma coisa pura não pode proceder de uma coisa impura, pois um pecador não pode gerar um santo.
Por isso tanto a criança quanto a sua mãe deveriam ser apresentados no tabernáculo, depois de cumprido o tempo determinado para a purificação, para oferecer os sacrifícios determinados por Deus, que seria um cordeiro e um pombo ou rola, para holocausto e oferta pelo pecado, respectivamente, ou então, caso suas posses não permitissem oferecer um cordeiro, apresentaria duas rolas ou dois pombos, sendo um para holocausto, e o outro para oferta pelo pecado.
Como foi um destes últimos a oferta feita por Maria e José, quando Jesus foi apresentado no templo, verifica-se por ela que eles eram pobres.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e tiver um menino, será imunda sete dias; assim como nos dias da impureza da sua enfermidade, será imunda.
3 E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.
4 Depois permanecerá ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; em nenhuma coisa sagrada tocará, nem entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.
5 Mas, se tiver uma menina, então será imunda duas semanas, como na sua impureza; depois permanecerá sessenta e seis dias no sangue da sua purificação.
6 E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação, seja por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano para holocausto, e um pombinho ou uma rola para oferta pelo pecado, à porta da tenda da revelação, o ao sacerdote,
7 o qual o oferecerá perante o Senhor, e fará, expiação por ela; então ela será limpa do fluxo do seu sangue. Esta é a lei da que der à luz menino ou menina.
8 Mas, se as suas posses não bastarem para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos: um para o holocausto e outro para a oferta pelo pecado; assim o sacerdote fará expiação por ela, e ela será limpa.” (Lev 12.1-8).



Levítico 12

Concebidos em Pecado

O 12º capítulo de Levítico dá continuidade à descrição das leis que prescrevem purificações cerimoniais, que apontavam em figura para a santidade, que é devida a Deus pelas pessoas do Seu povo.
No capítulo anterior nós vimos as leis referentes a alimentos puros e impuros.
Neste capítulo são descritas as prescrições relativas à purificação das mulheres depois do parto.    
Nos dias determinados para a sua purificação elas não poderiam tocar em nada sagrado, e lhes era vedado o ingresso no átrio do tabernáculo pois eram consideradas imundas por 40 dias, no caso de nascimento de menino, e por 80 dias, no caso de nascimento de menina, tempo que deveria ser contado para a sua purificação, e depois do qual poderiam comer e tocar nas cousas sagradas e comparecerem ao tabernáculo, para oferecerem sacrifícios pela sua purificação.
Deveriam provavelmente ficar impedidas de ter relações sexuais com seus maridos, nos primeiro sete dias depois do parto, no caso de menino, devendo este ser circuncidado ao oitavo dia; e por quatorze dias no caso de nascimento de menina.
Se o pecado não tivesse entrado no mundo não haveria uma lei cerimonial como esta que aponta para o fato de que todos somos concebidos em pecado, e que sacrifícios pelo pecado deveriam ser oferecidos depois do nascimento dos filhos, simbolizando que aquele nascimento, não era mais um puro ato de alegria, porque chegava mais um pecador ao mundo, que necessitaria de arrependimento, e perdão dos seus pecados, por meio do sacrifício de Cristo, para a purificação dos seus pecados e para obtenção da verdadeira vida eterna.
 O fato do tempo determinado, para a purificação, no caso de nascimento de menina ser o dobro do tempo previsto para o nascimento de menino não tinha nenhuma razão específica, senão a de revelar a soberania do Legislador, que dispõe todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade.
A Lei apontava para a purificação da mãe como que indicando que uma coisa pura não pode proceder de uma coisa impura, pois um pecador não pode gerar um santo.
Por isso tanto a criança quanto a sua mãe deveriam ser apresentados no tabernáculo, depois de cumprido o tempo determinado para a purificação, para oferecer os sacrifícios determinados por Deus, que seria um cordeiro e um pombo ou rola, para holocausto e oferta pelo pecado, respectivamente, ou então, caso suas posses não permitissem oferecer um cordeiro, apresentaria duas rolas ou dois pombos, sendo um para holocausto, e o outro para oferta pelo pecado.
Como foi um destes últimos a oferta feita por Maria e José, quando Jesus foi apresentado no templo, verifica-se por ela que eles eram pobres.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e tiver um menino, será imunda sete dias; assim como nos dias da impureza da sua enfermidade, será imunda.
3 E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.
4 Depois permanecerá ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; em nenhuma coisa sagrada tocará, nem entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.
5 Mas, se tiver uma menina, então será imunda duas semanas, como na sua impureza; depois permanecerá sessenta e seis dias no sangue da sua purificação.
6 E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação, seja por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano para holocausto, e um pombinho ou uma rola para oferta pelo pecado, à porta da tenda da revelação, o ao sacerdote,
7 o qual o oferecerá perante o Senhor, e fará, expiação por ela; então ela será limpa do fluxo do seu sangue. Esta é a lei da que der à luz menino ou menina.
8 Mas, se as suas posses não bastarem para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos: um para o holocausto e outro para a oferta pelo pecado; assim o sacerdote fará expiação por ela, e ela será limpa.” (Lev 12.1-8).




Levítico 13

A Lepra do Pecado e Seu Tratamento

A próxima impureza cerimonial descrita pela Lei, no 13º capítulo de Levítico, é a referente à lepra.
Não há qualquer outra parte específica da lei com tantos detalhes e prescrições de procedimentos para um dado caso, como a que encontramos neste capítulo relativo à lepra, e que se estendem no capítulo seguinte (décimo quarto).
Era o sacerdote que devia diagnosticar se a pessoa tinha ou não lepra.
Isto é uma figura da realidade espiritual que é Cristo, nosso Sumo Sacerdote, que atesta que somos pecadores, e precisamos do trabalho de convencimento do Espírito, para conhecermos a profundidade e extensão do nosso pecado, de modo que o próprio Espírito possa prescrever o tratamento de que necessitamos.
A lepra era uma doença incurável nos dias antigos, e conduzia inapapelavalmente à morte, impedindo que a pessoa pudesse viver no convívio social, para evitar o contágio.
E impedia sobretudo, que pudesse participar do serviço de culto e adorção no tabernáculo, e posteriormente no templo de Deus.
Assim, havia um ensino em figura, que o pecado que nos mata gradualmente no sentido físico, já nos matou no sentido espiritual, pois todos temos um espírito que se encontra morto (sem comunhão com Deus) e que pode ser revivificado somente pelo sumo sacerdote, que diagnostica o nosso mal, convencendo-nos do nosso real estado.
Todavia, diferentemente do sumo sacerdote da antiga aliança, que nada podia fazer além do diagnóstico, o nosso sumo sacerdote (Cristo) pode nos curar definitivamente, e por isso purifivou muitos leprosos em seu ministério terreno.
Sem este trabalho do Espírito no nosso íntimo não podemos ser conduzidos a um verdadeiro arrependimento, porque não estamos habilitados, em razão do pecado, que reside na nossa natureza terrena a fazer um diagnóstico correto desta enfermidade chamada pecado.
Não raro, por causa do pecado que nos engana, somos levados a ser auto complacentes para com as nossas faltas, mas o Espírito rasga a chaga purulenta do pecado, e então podemos perceber toda a sua malignidade, e buscarmos e nos submetermos ao tratamento do médico de nossas almas.
Por isso, o sacerdote atestaria sem qualquer constrangimento, a condição de estar a pessoa leprosa ou não, e em caso positivo ela seria considerada imunda.
E o próprio leproso deveria anunciar a sua condição de imundo às demais pessoas, de modo a evitar que se aproximassem dele, e assim fossem contagiadas, e isto deveria ser declarado pelo leproso fora do arraial, porque lhe seria ordenado que vivesse longe do convívio social.
Aqui também temos uma ilustração na Lei de que depois de termos sido convencidos pelo Espírito, quanto ao nosso pecado, é nosso dever confessá-lo, falando com os nossos lábios sobre a nossa condição de pecadores.
Será este o caminho que nos conduzirá à nossa cura pelo perdão que será alcançado por termos confessado que somos de fato pecadores necessitados da graça de Deus.
Esta era uma ilustração cerimonial muito forte do contágio do pecado, e de que ele afastará aqueles que são escravos desta enfermidade, da possibilidade de comunhão na congregação dos justos, quer neste mundo, quer na vida do porvir.
Por isso era ordenado ao leproso, na dispensação da Lei, que proclamasse bem alto, por onde quer que andasse, que era leproso.
Isto indicava em figura a nossa necessidade de declararmos na presença de Deus, que somos leprosos espirituais, porque é por este reconhecimento, que Ele nos salva pela graça que está em Cristo Jesus.  
A Lei prescrevia o isolamento do leproso da sociedade como uma prescrição de caráter sanitário, para evitar o alastramento da doença por contágio, mas tinha certamente em mira ilustrar realidades espirituais para o nosso ensino, pois com as doenças contagiosas, Deus ensina de modo visível acerca de coisas invisíveis, pois o pecado que habita no íntimo é contagioso, e toda uma congregação poderá vir a se perder pela fermentação produzida por uma só pessoa que não for devidamente submetida à disciplina de Cristo.
Caso seja admitida à comunhão, enquanto vive deliberadamente na prática do pecado, não será necessário que passe muito tempo para que uma boa parte da igreja em que congregue, venha a ficar sujeita à prática dos mesmos pecados.
Com as prescrições relativas aos leprosos, que eram considerados cerimonialmente imundos pela lei, Deus quer ensinar que o Corpo de Cristo deve ser limpo, e cabe aos líderes, representados na lei pelos sacerdotes, detectar a impureza dos membros deste corpo e sujeitá-los aos procedimentos relativos à manutenção da santidade de todo o corpo, excluindo da comunhão todo aquele que viver desordenada e deliberadamente na prática do pecado.
Se a liderança da igreja se escusar de cumprir esta responsabilidade que lhe é determinada por Deus, quem sofrerá as consequências será primeiramente o próprio corpo de cristãos.
No entanto, não está no poder destes líderes curar o pecado, uma vez detectado, isto é uma prerrogativa exclusiva de Cristo.
Por isto cabe à igreja orar a Deus para que os seus membros permaneçam saudáveis, e que aqueles que estão sendo enfermados pelo pecado, possam ser curados.
Mas, em caso de a doença ser incurável, por uma negação do pecador em se arrepender, ele deve ser excluído do convívio da congregação, a bem de si mesmo, para que se envergonhe e venha a se arrepender no futuro (pelo menos é o que se espera), e de todos os demais para que temam viver em pecado, para não serem também excluídos.
Deus curou o general sírio Naamã de sua lepra, e Cristo curou vários leprosos durante o seu ministério, como indicação de que o poder de curar do pecado é algo pertencente à esfera exclusiva do poder de Deus.
Mas a tarefa de diagnosticar o pecado como ministros de Cristo não é também uma tarefa fácil, porque um homem poderia ter manchas em seu corpo parecidas com a lepra e não ser um leproso.
Por isso o sacerdote deveria manter tal pessoa sob observação por sete dias, e depois por mais outros sete dias, e deveria acompanhar o seu caso pessoalmente, até ter a certeza de que aquela mancha era lepra ou não, de modo a decidir no primeiro caso pela sua exclusão da comunidade de Israel.
De igual modo podem muitos cristãos terem manchas que no entanto não demandem a sua exclusão do corpo de Cristo, porque apesar de serem parecidas com lepra, não são contagiosas como ela, e não são pecados que não possam ser tratados pelo arrependimento e confissão.
Mas quando o pecado prevalece pelo endurecimento do cristão que não se permite ser conduzido ao arrependimento, quer pelo confronto pessoal com um irmão, duas ou três testemunhas, e finalmente pela igreja, representada ou não no seu conselho de anciãos, então tal pessoa deve ser considerada como gentio ou publicano, isto é, como alguém estranho ao corpo de Cristo, e ser entregue diretamente ao tratamento exclusivo de Deus.
Dos procedimentos previstos nos versículos 47 a 59 para o caso de haver lepra numa peça de vestuário, a principal ordem é que deveria ser queimada, indicando que o pecado é de tal ordem que até mesmo nossas roupas são contaminadas por ele, e assim, até os trajes e bens de uma pessoa que vive deliberadamente no pecado.
O apóstolo Judas fala do esforço em favor da salvação dos pecadores, pela igreja, mas como um trabalho que visa à destruição do pecado, e que abomina até mesmo a vestimenta machada pela carne, e isto foi tirado certamente deste ensino da lei, que em figura, ordena que o pecado seja diligentemente procurado, para que seja destruído pelo fogo do Espírito, por aqueles que foram constituídos por Cristo, sacerdotes para Deus.



“1 Falou mais o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo:
2 Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes,
3 e o sacerdote examinará a praga na pele da carne. Se o pêlo na praga se tiver tornado branco, e a praga parecer mais profunda que a pele, é praga de lepra; o sacerdote, verificando isto, o declarará imundo.
4 Mas, se a mancha lustrosa na sua pele for branca, e não parecer mais profunda que a pele, e o pêlo não se tiver tornado branco, o sacerdote encerrará por sete dias aquele que tem a praga.
5 Ao sétimo dia o sacerdote o examinará; se a praga, na sua opinião, tiver parado e não se tiver estendido na pele, o sacerdote o encerrará por outros sete dias.
6 Ao sétimo dia o sacerdote o examinará outra vez; se a praga tiver escurecido, não se tendo estendido na pele, o sacerdote o declarará limpo; é uma pústula. O homem lavará as suas vestes, e será limpo.
7 Mas se a pústula se estender muito na pele, depois de se ter mostrado ao sacerdote para a sua purificação, mostrar-se-á de novo ao sacerdote,
8 o qual o examinará; se a pústula se tiver estendido na pele, o sacerdote o declarará imundo; é lepra.
9 Quando num homem houver praga de lepra, será ele levado ao sacerdote,
10 o qual o examinará; se houver na pele inchação branca que tenha tornado branco o pêlo, e houver carne viva na inchação,
11 lepra inveterada é na sua pele. Portanto, o sacerdote o declarará imundo; não o encerrará, porque imundo é.
12 Se a lepra se espalhar muito na pele, e cobrir toda a pele do que tem a praga, desde a cabeça até os pés, quanto podem ver os olhos do sacerdote,
13 este o examinará; e, se a lepra tiver coberto a carne toda, declarará limpo o que tem a praga; ela toda se tornou branca; o homem é limpo.
14 Mas no dia em que nele aparecer carne viva será imundo.
15 Examinará, pois, o sacerdote a carne viva, e declarará o homem imundo; a carne viva é imunda; é lepra.
16 Ou, se a carne viva mudar, e ficar de novo branca, ele virá ao sacerdote,
17 e este o examinará; se a praga se tiver tornado branca, o sacerdote declarará limpo o que tem a praga; limpo está.
18 Quando também a carne tiver na sua pele alguma úlcera, se esta sarar,
19 e em seu lugar vier inchação branca ou mancha lustrosa, tirando a vermelho, mostrar-se-á ao sacerdote,
20 e este a examinará; se ela parecer mais profunda que a pele, e o pêlo se tiver tornado branco, o sacerdote declarará imundo o homem; é praga de lepra, que brotou na úlcera.
21 Se, porém, o sacerdote a examinar, e nela não houver pêlo branco e não estiver mais profunda que a pele, mas tiver escurecido, o sacerdote encerrará por sete dias o homem.
22 Se ela se estender na pele, o sacerdote o declarará imundo; é praga.
23 Mas se a mancha lustrosa parar no seu lugar, não se estendendo, é a cicatriz da úlcera; o sacerdote, pois, o declarará limpo.
24 Ou, quando na pele da carne houver queimadura de fogo, e a carne viva da queimadura se tornar em mancha lustrosa, tirando a vermelho ou branco,
25 o sacerdote a examinará, e se o pêlo na mancha lustrosa se tiver tornado branco, e ela parecer mais profunda que a pele, é lepra; brotou na queimadura; portanto o sacerdote o declarará imundo; é praga de lepra.
26 Mas se o sacerdote a examinar, e na mancha lustrosa não houver pêlo branco, nem estiver mais profunda que a pele, mas tiver escurecido, o sacerdote o encerrará por sete dias.
27 Ao sétimo dia o sacerdote o examinará. Se ela se houver estendido na pele, o sacerdote o declarará imundo; é praga de lepra.
28 Mas se a mancha lustrosa tiver parado no seu lugar, não se estendendo na pele, e tiver escurecido, é a inchação da queimadura; portanto o sacerdote o declarará limpo; porque é a cicatriz da queimadura.
29 E quando homem (ou mulher) tiver praga na cabeça ou na barba,
30 o sacerdote examinará a praga, e se ela parecer mais profunda que a pele, e nela houver pêlo fino amarelo, o sacerdote o declarará imundo; é tinha, é lepra da cabeça ou da barba.
31 Mas se o sacerdote examinar a praga da tinha, e ela não parecer mais profunda que a pele, e nela não houver pêlo preto, o sacerdote encerrará por sete dias o que tem a praga da tinha.
32 Ao sétimo dia o sacerdote examinará a praga; se a tinha não se tiver estendido, e nela não houver pêlo amarelo, nem a tinha parecer mais profunda que a pele,
33 o homem se rapará, mas não rapará a tinha; e o sacerdote encerrará por mais sete dias o que tem a tinha.
34 Ao sétimo dia o sacerdote examinará a tinha; se ela não se houver estendido na pele, e não parecer mais profunda que a pele, o sacerdote declarará limpo o homem; o qual lavará as suas vestes, e será limpo.
35 Mas se, depois da sua purificação, a tinha estender na pele,
36 o sacerdote o examinará; se a tinha se tiver estendido na pele, o sacerdote não buscará pêlo amarelo; o homem está imundo.
37 Mas se a tinha, a seu ver, tiver parado, e nela tiver crescido pêlo preto, a tinha terá sarado; limpo está o homem; portanto o sacerdote o declarará limpo.
38 Quando homem (ou mulher) tiver na pele da sua carne manchas lustrosas, isto é, manchas lustrosas brancas,
39 o sacerdote as examinará; se essas manchas lustrosas forem brancas tirando a escuro, é impigem que brotou na pele; o homem é limpo.
40 Quando a cabeça do homem se pelar, ele é calvo; contudo é limpo.
41 E, se a frente da sua cabeça se pelar, ele é meio calvo; contudo é limpo.
42 Mas se na calva, ou na meia calva, houver praga branca tirando a vermelho, é lepra que lhe está brotando na calva ou na meia calva.
43 Então o sacerdote o examinará, e se a inchação da praga na calva ou na meia calva for branca tirando a vermelho, como parece a lepra na pele da carne,
44 leproso é aquele homem, é imundo; o sacerdote certamente o declarará imundo; na sua cabeça está a praga.
45 Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas; ele ficará com a cabeça descoberta e de cabelo solto, mas cobrirá o bigode, e clamará: Imundo, imundo.
46 Por todos os dias em que a praga estiver nele, será imundo; imundo é; habitará só; a sua habitação será fora do arraial.
47 Quando também houver praga de lepra em alguma vestidura, seja em vestidura de lã ou em vestidura de linho,
48 quer na urdidura, quer na trama, seja de linho ou seja de lã; ou em pele, ou em qualquer obra de pele;
49 se a praga na vestidura, quer na urdidura, quer na trama, ou na pele, ou em qualquer coisa de pele, for verde ou vermelha, é praga de lepra, pelo que se mostrará ao sacerdote;
50 o sacerdote examinará a praga, e encerrará por sete dias aquilo que tem a praga.
51 Ao sétimo dia examinará a praga; se ela se houver estendido na vestidura, quer na urdidura, quer na trama, ou na pele, seja qual for a obra em que se empregue, a praga é lepra roedora; é imunda.
52 Pelo que se queimará aquela vestidura, seja a urdidura ou a trama, seja de lã ou de linho, ou qualquer obra de pele, em que houver a praga, porque é lepra roedora; queimar-se-á ao fogo.
53 Mas se o sacerdote a examinar, e ela não se tiver estendido na vestidura, seja na urdidura, seja na trama, ou em qualquer obra de pele,
54 o sacerdote ordenará que se lave aquilo, em que está a praga, e o encerrará por mais sete dias.
55 O sacerdote examinará a praga, depois de lavada, e se ela não tiver mudado de cor, nem se tiver estendido, é imunda; no fogo a queimarás; é praga penetrante, seja por dentro, seja por fora.
56 Mas se o sacerdote a examinar, e a praga tiver escurecido, depois de lavada, então a rasgará da vestidura, ou da pele, ou da urdidura, ou da trama;
57 se ela ainda aparecer na vestidura, seja na urdidura, seja na trama, ou em qualquer coisa de pele, é lepra brotante; no fogo queimarás aquilo em que há a praga.
58 Mas a vestidura, quer a urdidura, quer a trama, ou qualquer coisa de pele, que lavares, e de que a praga se retirar, se lavará segunda vez, e será limpa.


59 Esta é a lei da praga da lepra na vestidura de lã, ou de linho, quer na urdidura, quer na rama, ou em qualquer coisa de pele, para declará-la limpa, ou para declará-la imunda.” (Lev 13.1-59).



Levítico 14

“1 Depois disse o Senhor a Moisés:
2 Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote,
3 e este sairá para fora do arraial, e o examinará; se a praga do leproso tiver sarado,
4 o sacerdote ordenará que, para aquele que se há de purificar, se tomem duas aves vivas e limpas, pau de cedro, carmesim e hissopo.
5 Mandará também que se imole uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas.
6 Tomará a ave viva, e com ela o pau de cedro, o carmesim e o hissopo, os quais molhará, juntamente com a ave viva, no sangue da ave que foi imolada sobre as águas vivas;
7 e o espargirá sete vezes sobre aquele que se há de purificar da lepra; então o declarará limpo, e soltará a ave viva sobre o campo aberto.
8 Aquele que se há de purificar lavará as suas vestes, rapará todo o seu pêlo e se lavará em água; assim será limpo. Depois entrará no arraial, mas ficará fora da sua tenda por sete dias.
9 Ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, tanto a cabeça como a barba e as sobrancelhas, sim, rapará todo o pêlo; também lavará as suas vestes, e banhará o seu corpo em água; assim será limpo.
10 Ao oitavo dia tomará dois cordeiros sem defeito, e uma cordeira sem defeito, de um ano, e três décimos de efa de flor de farinha para oferta de cereais, amassada com azeite, e um logue de azeite;
11 e o sacerdote que faz a purificação apresentará o homem que se há de purificar, bem como aquelas coisas, perante o Senhor, à porta da tenda da revelação.
12 E o sacerdote tomará um dos cordeiros, o oferecerá como oferta pela culpa; e, tomando também o logue de azeite, os moverá por oferta de movimento perante o Senhor.
13 E imolará o cordeiro no lugar em que se imola a oferta pelo pecado e o holocausto, no lugar santo; porque, como a oferta pelo pecado pertence ao sacerdote, assim também a oferta pela culpa; é coisa santíssima.
14 Então o sacerdote tomará do sangue da oferta pela culpa e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que se há de purificar, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito.
15 Tomará também do logue de azeite, e o derramará na palma da sua própria mão esquerda;
16 então molhará o dedo direito no azeite que está na mão esquerda, e daquele azeite espargirá com o dedo sete vezes perante o Senhor.
17 Do restante do azeite que está na sua mão, o sacerdote porá sobre a ponta da orelha direita daquele que se há de purificar, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito, por cima do sangue da oferta pela culpa;
18 e o restante do azeite que está na sua mão, pô-lo-á sobre a cabeça daquele que se há de purificar; assim o sacerdote fará expiação por ele perante o Senhor.
19 Também o sacerdote oferecerá a oferta pelo pecado, e fará expiação por aquele que se há de purificar por causa a sua imundícia; e depois imolará o holocausto,
20 e oferecerá o holocausto e a oferta de cereais sobre o altar; assim o sacerdote fará expiação por ele, e ele será limpo.
21 Mas se for pobre, e as suas posses não bastarem para tanto, tomará um cordeiro para oferta pela culpa como oferta de movimento, para fazer expiação por ele, um décimo de efa de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais, um logue de azeite,
22 e duas rolas ou dois pombinhos, conforme suas posses permitirem; dos quais um será oferta pelo pecado, e o outro holocausto.
23 Ao oitavo dia os trará, para a sua purificação, ao sacerdote, à porta da tenda da revelação, perante o Senhor;
24 e o sacerdote tomará o cordeiro da oferta pela culpa, e o logue de azeite, e os moverá por oferta de movimento perante o Senhor.
25 Então imolará o cordeiro da oferta pela culpa e, tomando do sangue da oferta pela culpa, pô-lo-á sobre a ponta da orelha direita daquele que se há de purificar, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito.
26 Também o sacerdote derramará do azeite na palma da sua própria mão esquerda;
27 e com o dedo direito espargirá do azeite que está na mão esquerda, sete vezes perante o Senhor;
28 igualmente, do azeite que está na mão, porá na ponta da orelha direita daquele que se há de purificar, e no dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito, em cima do lugar do sangue da oferta pela culpa;
29 e o restante do azeite que está na mão porá sobre a cabeça daquele que se há de purificar, para fazer expiação por ele perante o Senhor.
30 Então oferecerá uma das rolas ou um dos pombinhos, conforme as suas posses lhe permitirem,
31 sim, conforme as suas posses, um para oferta pelo pecado, e o outro como holocausto, juntamente com a oferta de cereais; assim fará o sacerdote, perante o Senhor, expiação por aquele que se há de purificar.
32 Esta é a lei daquele em quem estiver a praga da lepra, e cujas posses não lhe permitirem apresentar a oferta estipulada para a sua purificação.
33 Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão:
34 Quando tiverdes entrado na terra de Canaã, que vos dou em possessão, e eu puser a praga da lepra em alguma casa da terra da vossa possessão,
35 aquele a quem pertencer a casa virá e informará ao sacerdote, dizendo: Parece-me que há como que praga em minha casa.
36 E o sacerdote ordenará que despejem a casa, antes que entre para examinar a praga, para que não se torne imundo tudo o que está na casa; depois entrará o sacerdote para examinar a casa;
37 examinará a praga, e se ela estiver nas paredes da casa em covinhas verdes ou vermelhas, e estas parecerem mais profundas que a superfície,
38 o sacerdote, saindo daquela casa, deixá-la-á fechada por sete dias.
39 Ao sétimo dia voltará o sacerdote e a examinará; se a praga se tiver estendido nas paredes da casa,
40 o sacerdote ordenará que arranquem as pedras em que estiver a praga, e que as lancem fora da cidade, num lugar imundo;
41 e fará raspar a casa por dentro ao redor, e o pó que houverem raspado deitarão fora da cidade, num lugar imundo;
42 depois tomarão outras pedras, e as porão no lugar das primeiras; e outra argamassa se tomará, e se rebocará a casa.
43 Se, porém, a praga tornar a brotar na casa, depois de arrancadas as pedras, raspada a casa e de novo rebocada,
44 o sacerdote entrará, e a examinará; se a praga se tiver estendido na casa, lepra roedora há na casa; é imunda.
45 Portanto se derrubará a casa, as suas pedras, e a sua madeira, como também toda a argamassa da casa, e se levará tudo para fora da cidade, a um lugar imundo.
46 Aquele que entrar na casa, enquanto estiver fechada, será imundo até a tarde.
47 Aquele que se deitar na casa lavará, as suas vestes; e quem comer na casa lavara as suas vestes.
48 Mas, tornando o sacerdote a entrar, e examinando a casa, se a praga não se tiver estendido nela, depois de ter sido rebocada, o sacerdote declarará limpa a casa, porque a praga está curada.
49 E, para purificar a casa, tomará duas aves, pau de cedro, carmesim e hissopo;
50 imolará uma das aves num vaso de barro sobre águas vivas;
51 tomará o pau de cedro, o hissopo, o carmesim e a ave viva, e os molhará no sangue da ave imolada e nas águas vivas, e espargirá a casa sete vezes;
52 assim purificará a casa com o sangue da ave, com as águas vivas, com a ave viva, com o pau de cedro, com o hissopo e com o carmesim;
53 mas soltará a ave viva para fora da cidade para o campo aberto; assim fará expiação pela casa, e ela será limpa.
54 Esta é a lei de toda sorte de praga de lepra e de tinha;
55 da lepra das vestes e das casas;
56 da inchação, das pústulas e das manchas lustrosas;
57 para ensinar quando alguma coisa será imunda, e quando será limpa. Esta é a lei da lepra.” (Lev 14.1-57).

Neste capítulo se descreve como seria feita a purificação de um leproso que tivesse sido curado e também se descreve os procedimentos no caso de haver lepra na parede de uma casa.
 Como são descritos procedimentos para os leprosos que fossem curados, certamente isto seria pelo poder sobrenatural de Deus, que também curava doenças incuráveis nos dias do Antigo Testamento, como foi o caso de Miriã que ficou leprosa por sete dias, e de Naamã, o sírio, a quem Deus curou.
Tanto o diagnóstico da doença quanto da sua cura era uma atribuição dada por Deus aos sacerdotes. E era ordenado que os sacerdotes fossem ter com aqueles que foram curados, visitando-os em suas casas, de forma que pudessem ser reconduzidos ao convívio social.
Aqueles que haviam sido excluídos do meio da congregação cristã, por causa da falta de arrependimento pelos seus pecados contra o corpo de Cristo, devem ser acolhidos com alegria e amor pela igreja, em face do arrependimento que vierem a demonstrar no futuro, como sinal da cura do seu pecado. E esta reconciliação deve ser feita o mais rapidamente possível para que os arrependidos não se sintam desencorajados pelo excesso de severidade.
O poder dado por Cristo a seus ministros de ligar e desligar o que tiver sido ligado ou desligado no céu deve ser exercido com grande precaução, discernimento e imparcialidade, e com uma sincera consideração para a edificação do corpo de Cristo. Sabedoria e sinceridade são essenciais para este propósito.
No cerimonial de que atestava a purificação do leproso há uma importante figura do que acontece com o pecador que foi limpo dos seus pecados, por meio de Cristo, porque era exigido que fosse apresentado para a purificação duas aves vivas e limpas, pau de cedro, estofo vermelho e hissopo (v. 4). Uma das aves era imolada sobre águas correntes derramadas num vaso de barro, e o cedro, o estofo e o hissopo, juntamente com a ave que fora poupada, eram mergulhados no sangue com água da ave que fora morta, e esta ave viva era solta em campo aberto (v. 6,7).
Temos aqui, portanto, uma figura da morte de Cristo que se fez homem, para purificar e lavar os homens dos seus pecados, de maneira que sendo efetivamente poupados da morte, como aquela ave, possam identificar-se com a morte de Jesus em seu batismo, e se levantarem como ressurrectos para viverem em novidade de vida.
Este cerimonial era exigido exatamente para os casos de leprosos que fossem curados da lepra.
A figura então se aplica a pecadores que são libertados de seus pecados.
O  escarlate do estofo simbolizava a nova vida em Cristo, porque o leproso seria restaurado agora à cor avermelhada da pele que havia ficado branca pela lepra.
O aroma do cedro simbolizava Cristo para remover o mau cheiro espiritual produzido pelo pecado que desagrada a Deus, porque o aroma de Cristo é aroma de vida para a vida nos que se salvam.
E o hissopo seria usado para fazer a aspersão do sangue sobre o leproso, para indicar que a purificação dos nossos pecados é feita somente por meio do sangue de Jesus. Por isso se lê em Hb 12.24: “e a Jesus, o mediador de um novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.”, e em I Pe 1.2: “eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo.”.
Aquela ave foi mergulhada no sangue misturado com água da ave que fora morta e se levantou ainda com vida para a liberdade. E do mesmo modo Cristo que derramou sua vida na cruz tendo saído água e sangue do seu lado, levantou-se da morte, ressuscitando dentre os mortos para a nossa justificação, por meio da qual somos libertados do senhorio do pecado.
E depois de ser declarado limpo pelo sacerdote o que fora leproso deveria aguardar ainda sete dias fora do acampamento para que pudesse retornar ao convívio social.
Não há aqui nenhuma figura relativa a purgatório, mas ao fato de que depois de ter sido libertado do pecado, o crente deverá continuar mortificando a carne e se consagrando a Deus neste mundo até que chegue a hora de se juntar aos remidos que estão completamente purificados de seus pecados no céu.
Esta permanência de sete dias indica portanto um tempo perfeito conhecido e determinado por Deus para a nossa santificação, a qual será efetiva segundo a nossa dependência e obediência aos mandamentos do Senhor, assim como se ensina em figura neste tempo de espera de sete dias que o leproso deveria permanecer fora do acampamento, embora já tivesse sido curado e declarado limpo pelo sacerdote.
Há aqui também uma forte figura da justificação do crente neste mundo, porque enquanto aqui permanece, apesar de ter sido declarado justificado por Deus, por causa da sua conversão e libertação do pecado, ele não é ainda perfeitamente justo, mas certamente o será quando for chamado pelo Senhor a se reunir aos demais santos no céu.
Veja que o leproso apesar de já ter sido declarado limpo pelo sacerdote (o crente declarado justificado por Deus no momento mesmo em que se converteu a Cristo), mas deveria ainda, depois de cumpridos os sete dias de espera, apresentar-se no oitavo dia no tabernáculo para oferecer dois cordeiros e uma cordeira, sem defeito, três dízimas de flor de farinha para oferta de manjares e um logue de azeite.
Um dos cordeiros seria oferecido como sacrifício pela culpa (v. 12). E o segundo cordeiro e a cordeira seriam oferecidos como oferta pelo pecado e como holocausto (v 19).
Caso fosse pobre deveria apresentar um cordeiro para oferta pela culpa, duas rolas ou dois pombos para oferta pelo pecado e para holocausto, respectivamente.
Isto indica que apesar de ter sido justificado, a aceitação do crente por Deus como filho, e a sua entrada no céu continua sendo garantida pelo próprio sacrifício de Cristo.
Por isso se diz que Cristo é tudo em todos (Col 3.11).
Nossa justificação é Cristo.
Nossa redenção é Cristo.
Nossa sabedoria é Cristo.
Nossa santificação é Cristo (I Cor 1.30).
Enfim, nossa salvação é Cristo.
Jesus consumou uma obra em nosso favor para que fôssemos salvos, mas é a Sua própria pessoa que nos salva.
É pela sua vida que temos vida.
Sem Cristo nada do que foi feito existiria.
Sem Cristo nada haveria.
Sem Cristo nada somos portanto.
E é isto o que a Lei ensina em figura, pois mesmo o que foi declarado justo em Cristo deve continuar se santificando. E assim o próprio Senhor afirma o que haverá até a Sua segunda vinda: “Quem é injusto, faça injustiça ainda: e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda.” (Apo 22.11).
Se o pecado não tivesse entrado no mundo não haveria enfermidades.
A enfermidade debilita e mata.
Assim, a enfermidade é uma figura visível de uma realidade invisível, porque o pecado é uma doença que debilita e mata.
Por isso Deus revela que como a lepra (nos dias do Antigo Testamento) o pecado é uma doença incurável e só pode ser curado por uma intervenção miraculosa do próprio Deus.
O único remédio que nos cura desta doença terrível é o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, isto é, a Sua própria vida, pois o sangue tipifica a vida, e o fato de ser vermelho indica vigor e saúde, isto é, qualidade de vida, vida em abundância, vida eterna.
Exatamente o oposto que era indicado pela lepra, ao tornar branca e pálida a pele do seu portador, e debilitando o seu vigor.
Esta vida saudável, plena, vigorosa está portanto somente em Cristo, e naqueles que têm sido cobertos pelo Seu sangue, para serem lavados e purificados de seus pecados.  
Finalmente, nos versículos 33 a 57 deste capítulo de Levítico são apresentados os procedimentos para o caso de existência de lepra na parede de alguma casa.
O sacerdote deveria ordenar que a casa fosse desocupada para que não houvesse qualquer contaminação tanto de seus moradores, quanto dos seus utensílios e móveis (v. 36). Se houvesse lepra todo aquele que entrasse na casa seria considerado imundo até a tarde (v. 46).
O reboco deveria ser removido e refeito, e a casa seria declarada limpa, mas para a sua purificação cerimonial era exigido que se procedesse conforme no caso de pessoa leprosa, conforme vimos nos versos 4 a 7 deste mesmo capítulo.
O ensino em figura nesta porção da lei é que a casa onde haja os tipos de pecados simbolizados pela lepra, da qual Deus afirma expressamente que é enviada por Ele (v. 34) como forma de juízo e maldição (Zc 5.3,4) sobre o pecado que é praticado naquela casa e que desperta a Sua ira, será deixada deserta até que seja purificada do pecado.
O sacerdote deveria ser chamado para examinar e purificar a casa removendo a lepra da sua parede, e dar-lhe um novo revestimento.
De igual modo o lar, ou igreja cujas paredes estejam manchadas pelo pecado e que as tornam impróprias para a habitação do povo de Deus, deve buscar a Cristo, nosso Sumo Sacerdote para diagnosticar e nos revelar o nosso pecado, de modo que Ele possa destruí-lo e fazer uma reparação na brecha que foi produzida por causa do pecado, de modo a tornar o nosso lugar de ajuntamento novamente agradável e habitável, sem que haja o perigo de contaminação daqueles que nele se reúnem.
Neste caso se aplica na Lei a mesma figura que vimos anteriormente para a purificação do leproso, porque aquelas duas aves citadas; o cedro, o hissopo e o estofo vermelho deveriam ser usados no cerimonial de purificação indicando a morte, a ressurreição e a novidade de vida.
Uma vez tratado o problema do pecado, Deus deve ser servido pelo oferecimento de nossos membros à prática da justiça, para que vivamos dali para a frente, em novidade de vida (Rom 6.1-14).  
Nunca devemos esquecer que os resquícios de corrupção que habitam na carne do crente, mesmo depois de ter sido lavado de seus pecados, devem ser raspados e queimados pelo fogo do Espírito Santo, de modo a não retornarem e assim virem a contagiar os membros do corpo de Cristo.
Deus está ensinando em figura pela Lei aquilo que é afirmado direta e claramente no Novo Testamento: que o crente deve empenhar-se diligentemente em sua santificação, detestando e destruindo todas as obras da carne que militam tenazmente contra a sua alma.
O pecado deve ser mortificado, e isto significa que deve ser destruído inteiramente, e ainda que se levante muitas vezes sobre nossas vidas, é nosso dever, segundo apontado por Deus, destruí-lo por nos lavarmos constantemente no sangue de Cristo, para que o Espírito Santo realize o Seu trabalho de purificação de espírito, alma e corpo (I Tes 5.23).



Levítico 15

Um Deus Que Requer Pureza Absoluta

Provavelmente, para o propósito de desencorajar o povo de Israel de uma prática sexual desenfreada e pervertida conforme era comum entre os pagãos, especialmente no culto às suas divindades, o Senhor considerou cerimonialmente imundas, e por conseguinte impedidas de lhe prestarem culto as pessoas em dias e períodos de fluxo seminal ou menstrual.
No caso de fluxo seminal o homem era considerado imundo até a tarde, bem como a mulher que tivesse deitado com ele.
No caso de fluxo menstrual, deveriam ser contados sete dias a partir do início da menstruação, e neste período a mulher seria considerada imunda.
No entanto, o 15º capítulo de Levítico começa descrevendo provavelmente, os fluxos decorrentes de doenças venéreas, e outros decorrentes de outros tipos de enfermidades como o fluxo daquela mulher que tocou na orla da veste de Jesus, e nestes casos, o portador do fluxo era considerado imundo até ser curado, e mesmo depois da cura teria que esperar ainda sete dias para apresentar-se no tabernáculo, para oferecer o sacrifício exigido para a sua purificação, a saber, dois pombos ou duas rolas; sendo um como oferta para o pecado e outro para holocausto.
Enquanto durasse o seu fluxo, tudo em que ele tocasse ou quem tocasse nele ou se assentasse onde havia sentado, também seria considerado imundo até a tarde.
Assim, a aflição da mulher que tocou na veste de Jesus não era somente decorrente da enfermidade propriamente dita, mas do fato de ser considerada imunda e consequentemente lhe era vedado participar dos serviços do templo.
Israel seria chamado assim a mostrar na Antiga Aliança, que era um povo diferente das demais nações, porque servia a um Deus santo, que abomina a impureza, e que revelou tal verdade na figura cerimonial desta e de outras leis.
Mas, tendo vindo Cristo e inaugurado a Nova Aliança, somos livres destas prescrições cerimoniais, pois temos sido instruídos nEle, pelo Seu Espírito, acerca da santidade e pureza de vida que devem buscar nEle os seus servos.
Os cristãos sabem que devem estar santificados em seu corpo, em sua alma e em seu espírito, porque sem santificação ninguém verá o Senhor.
De modo que na Nova Aliança todos os filhos de Deus conhecem a Sua glória estampada na face de Cristo, e sabem que somente aqueles que estão sendo purificados dos seus pecados habitarão eternamente com o Deus santo, conforme se depreende do Sl 101.6,7:
“Os meus olhos estão sobre os fiéis da terra, para que habitem comigo; o que anda no caminho perfeito, esse me servirá. O que usa de fraude não habitará em minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos.”




“1 Disse ainda o Senhor a Moisés e a Arão:
2 Falai aos filhos de Israel, e dizei-lhes: Qualquer homem que tiver fluxo da sua carne, por causa do seu fluxo será imundo.
3 Esta, pois, será a sua imundícia por causa do seu fluxo: se a sua carne vasa o seu fluxo, ou se a sua carne estanca o seu fluxo, esta é a sua imundícia.
4 Toda cama em que se deitar aquele que tiver fluxo será imunda; e toda coisa sobre o que se sentar, será imunda.
5 E, qualquer que tocar na cama dele lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
6 E aquele que se sentar sobre aquilo em que se sentou o que tem o fluxo, lavará as suas vestes, e se banhará em água; e será imundo até a tarde,
7 Também aquele que tocar na carne do que tem o fluxo, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
8 Quando o que tem o fluxo cuspir sobre um limpo, então lavará este as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
9 Também toda sela, em que cavalgar o que tem o fluxo, será imunda.
10 E qualquer que tocar em alguma coisa que tiver estado debaixo dele será imundo até a tarde; e aquele que levar alguma dessas coisas, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
11 Também todo aquele em quem tocar o que tiver o fluxo, sem haver antes lavado as mãos em água, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
12 Todo vaso de barro em que tocar o que tiver o fluxo será quebrado; porém todo vaso de madeira será lavado em água.
13 Quando, pois, o que tiver o fluxo e ficar limpo do seu fluxo, contará para si sete dias para a sua purificação, lavará as suas vestes, banhará o seu corpo em águas vivas, e será limpo.
14 Ao oitavo dia tomará para si duas rolas, ou dois pombinhos, e virá perante o Senhor, à porta da tenda da revelação, e os dará ao sacerdote,
15 o qual os oferecerá, um para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto; e assim o sacerdote fará por ele expiação perante o Senhor, por causa do seu fluxo.
16 Também se sair de um homem o seu sêmen banhará o seu corpo todo em água, e será imundo até a tarde.
17 E toda vestidura, e toda pele sobre que houver sêmen serão lavadas em água, e serão imundas até a tarde.
18 Igualmente quanto à mulher com quem o homem se deitar com sêmen ambos se banharão em água, e serão imundos até a tarde.
19 Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o fluxo na sua carne for sangue, ficará na sua impureza por sete dias, e qualquer que nela tocar será imundo até a tarde.
20 E tudo aquilo sobre o que ela se deitar durante a sua impureza, será imundo; e tudo sobre o que se sentar, será imundo.
21 Também qualquer que tocar na sua cama, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
22 E quem tocar em alguma coisa, sobre o que ela se tiver sentado, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
23 Se o sangue estiver sobre a cama, ou sobre alguma coisa em que ela se sentar, quando alguém tocar nele, será imundo até a tarde.
24 E se, com efeito, qualquer homem se deitar com ela, e a sua imundícia ficar sobre ele, imundo será por sete dias; também toda cama, sobre que ele se deitar, será imunda.
25 Se uma mulher tiver um fluxo de sangue por muitos dias fora do tempo da sua impureza, ou quando tiver fluxo de sangue por mais tempo do que a sua impureza, por todos os dias do fluxo da sua imundícia será como nos dias da sua impureza; imunda será.
26 Toda cama sobre que ela se deitar durante todos os dias do seu fluxo ser-lhe-á como a cama da sua impureza; e toda coisa sobre que se sentar será imunda, conforme a imundícia da sua impureza.
27 E qualquer que tocar nessas coisas será imundo; portanto lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde.
28 Quando ela ficar limpa do seu fluxo, contará para si sete dias, e depois será limpa.
29 Ao oitavo dia tomará para si duas rolas, ou dois pombinhos, e os trará ao sacerdote, à porta da tenda da revelação.
30 Então o sacerdote oferecerá um deles para oferta pelo pecado, e o outro para holocausto; e o sacerdote fará por ela expiação perante o Senhor, por causa do fluxo da sua imundícia.
31 Assim separareis os filhos de Israel da sua imundícia, para que não morram na sua imundícia, contaminando o meu tabernáculo, que está no meio deles.
32 Esta é a lei daquele que tem o fluxo e daquele de quem sai o sêmen de modo que por eles se torna imundo;


33 como também da mulher enferma com a sua impureza e daquele que tem o fluxo, tanto do homem como da mulher, e do homem que se deita com mulher imunda.” (Lev 15.1-33).



Levítico 16

Yom Kippur O Dia da Expiação Nacional

No capítulo 16º de Levítico, nós temos a instituição da solenidade anual do dia da compensação, ou expiação, que em figura tinha muito a ilustrar sobre as realidades, que se cumpriram em Cristo na Nova Aliança, pois com uma só oferta, em um só dia, tem aperfeiçoado para sempre aqueles que nEle creem.
O dia da compensação ou expiação só acontecia uma vez por ano, para nos ensinar que somente uma vez Jesus Cristo seria dado como sacrifício, no dia determinado pelo Pai.
Nos dois cordeiros que eram oferecidos no tabernáculo, um pela manhã e outro à tarde, havia a finalidade de lembrar os israelitas, que eles sempre precisariam de um sacrifício, mas o dia da expiação, que é o tipo de uma grande propiciação, ocorria somente uma vez por ano.
Isto tinha o seu dia previamente designado e marcado na Lei; não foi deixado à escolha de Moisés, ou segundo a conveniência de Arão, ou de qualquer outra circunstância que poderia afetar a data.
Foi designado para ser num dia fixado, como se lê no verso 29:
"No sétimo mês, no décimo dia do  mês; "
 Este grande dia havia sido designado e predestinado por Deus antes da fundação do mundo, quando também foi determinado o dia em que Cristo deveria morrer, e ser conduzido como um Cordeiro à morte para fazer expiação eterna pelos pecadores.
Na Antiga Aliança era somente uma vez por ano, porque o sacrifício deveria ser uma única vez; e no momento designado do ano em que Jesus deveria morrer.
Por isso todos os serviços do dia da expiação nacional eram realizados pelo sumo sacerdote de Israel, de modo a servir de figura do trabalho que seria realizado unicamente por Cristo, em favor de todos aqueles que compõem o verdadeiro Israel de Deus e que têm os seus pecados expiados por causa do Seu sacrifício e sumo sacerdócio.
Todos os trabalhos relativos ao dia da expiação deveriam ser realizados pelo sumo sacerdote e somente por ele, por mais exaustivos que fossem, de modo que servisse de figura que a expiação que Cristo fez por nós foi realizada unicamente por Ele, sem auxílio de anjos, ou quaisquer um dos seus ministros.
A obra que Ele consumou por nós na cruz foi feita por Ele sozinho, sem ajuda de mãos, de modo que coloquemos unicamente nEle toda a nossa confiança para a nossa salvação.
Novamente, a compensação foi feita por um sumo sacerdote solitário. Nós lemos no versículo 17:
“Nenhum homem estará na tenda da congregação, quando ele entrar para fazer propiciação no santuário, até que ele saia depois de feita a expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.”
 Enquanto Arão estivesse fazendo os serviços de expiação no tabernáculo, ele faria tudo sozinho.
Nenhum outro homem deveria estar presente, de forma que as pessoas poderiam ter certeza absoluta que tudo havia sido feito somente pelo sumo sacerdote.
Nenhum dos apóstolos ou qualquer outro discípulo foi crucificado juntamente com Cristo, de modo que ficasse bastante claro que ninguém mais teve participação naquela obra de expiação, que Ele sozinho realizou em favor dos pecadores.
É bastante instrutivo o fato de que todo o trabalho relativo à expiação do pecado deveria ser feito pelo sumo sacerdote com o traje de linho que não continha nenhum dos aparatos da sua chamada vestimenta de glória, que ele deveria trajar depois de ter realizado os trabalhos relativos à expiação do pecado de toda a nação.
Isto fala de perto dos estados de humilhação e de exaltação de Jesus, porque como Sumo Sacerdote da nossa fé Ele consumou a Sua obra na terra no estado de humilhação, representado por aquela veste simples, que o sumo sacerdote usava, e particularmente no dia da Sua crucificação, tal humilhação chegou ao seu clímax, mas, desde que Ele ressuscitou e foi recebido em glória no céu, Ele tem  trajado os Seus trajes reais, relativos ao seu presente estado de exaltação.  
O modo como Deus trata com o Seu povo, que se encontra num mundo ainda sujeito ao pecado, está revelado de forma bastante significativa, nesta passagem das Escrituras.
Ele deu esta lei a Moisés para ser passada para Arão, no mesmo ano em que seus filhos Nadabe e Abiú foram mortos, por terem queimado incenso de modo não prescrito pela Lei.
Com isto, o Senhor estaria fazendo uma cobertura para expiação do pecado, não somente dos sacerdotes, como de todo o povo, que teria uma validade anual, e que seria renovada a cada ano.
Com isso, especialmente Arão e seus filhos, Eleazar e Itamar, e os sacerdotes que descenderiam de ambos no futuro, estariam protegidos de serem mortos pelo Senhor, em razão de alguma transgressão involuntária, quanto ao modo prescrito para realizarem as diversas funções sacerdotais, que como estamos vendo até aqui, eram bastante complexas e variadas.
Ao mesmo, tempo, por este dispositivo legal, o povo seria também protegido de visitações constantes dos juízos de Deus, em razão de pecados eventuais contra os Seus mandamentos.
Na dispensação da graça, em razão da Nova Aliança, firmada no sacrifício de Cristo, que não necessita sequer ser renovada anualmente, os cristãos estão protegidos contra muitos juízos, que poderiam sofrer da parte de Deus, em razão de pecados eventuais praticados por eles.
Fica, portanto na esfera da soberania de Deus, determinar para propósitos úteis e objetivos, quais cristãos e por quais pecados e quando, deve exercer juízos sobre as mais diversas formas: cessação temporária das consolações do Espírito, enfermidades, morte física etc.
No entanto, muito maiores serão os casos de demonstração da Sua misericórdia, perdão e longanimidade, em razão da expiação do pecado efetuada em favor dos cristãos por Jesus, do que os casos de manifestação de Seus juízos.
Desta forma observa-se na experiência prática de toda a história da igreja, que maior tem sido a demonstração da misericórdia de Deus, para com os nossos pecados, do que a manifestação dos Seus juízos.
Mesmo na Antiga Aliança, por este dispositivo da própria Lei, Ele estabeleceu um meio de usar de misericórdia para com todas as pessoas da nação de Israel.
Mas a cobertura desta misericórdia não significava que Deus estaria deixando de ser zeloso da Sua santidade e justiça, tanto que mandou Moisés advertir Arão para que não entrasse no Santo dos Santos, senão apenas uma vez por ano, no dia designado (décimo dia do sétimo mês) (v. 2, 29), para que não fosse morto.
Porque, ao usar de misericórdia, nunca abdica da santidade que lhe é devida.
Com esta ordenança Ele demonstrou uma clara intenção de preservar a reverência que era devida ao Santo dos Santos, onde se encontrava a arca da aliança, de modo que o lugar onde tenha manifestado a Sua presença nunca seja tomado como um lugar comum.
Os cristãos devem zelar pela santidade do seu corpo que é o templo do Espírito Santo, porque todo lugar em que Deus tenha manifestado a Sua presença de modo especial, não dever ser tido como comum.
Daí a advertência do apóstolo em I Cor 3.16,17:
“Não sabeis que sois santuário de Deus; e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós.”
Para fazer expiação por si e por sua casa (v. 11) Arão deveria ofertar um novilho, para oferta pelo pecado, e um carneiro para holocausto (v. 3).
O povo, para sua expiação, deveria entregar a Arão dois bodes como oferta pelo pecado, e um carneiro como holocausto (v. 5).
A expiação por toda a congregação de Israel com estes dois bodes seria feita da seguinte maneira: Arão lançaria sortes sobre ambos, para ver qual seria escolhido para ser oferecido como sacrifício pelo pecado, e o outro faria expiação pelo povo, sendo enviado ao deserto como bode emissário (azazel no hebraico).
Quanto ao bode que seria oferecido como oferta pelo pecado de toda a nação, o seu sangue deveria ser espargido no propiciatório, e também diante dele, para o propósito afirmado no versos 16:
“Assim fará expiação pelo santuário por causa das impurezas dos filhos de Israel e das suas transgressões e de todos os seus pecados. Da mesma sorte fará pela tenda da congregação, que está com eles no meio das suas impurezas.”
 Observe que a expiação seria feita por causa das impurezas e das transgressões que contaminavam o tabernáculo.
Assim, um dos primeiros efeitos da morte deste bode era a santificação das coisas santas, que tinham sido profanadas.
O lugar santo havia sido profanado pelos israelitas. O lugar onde Deus habita deve ser santo, mas onde o homem está deve haver algum grau de impureza.
Este sangue do bode fazia com que o lugar profanado fosse santificado.
É um consolo para os ministros de Cristo saberem que quando se dirigem a seus templos para cultuarem a Deus, que a igreja é a casa de Deus, e assim, é um lugar santo, mas quando pensam em quantos pecadores têm pisado no seu chão, quantos profanos tinham estado naquele lugar, que eles possam pensar:
“O lugar foi sujado, mas não há nenhum temor porque o sangue de Jesus o purificou novamente.”
Nossas orações, louvores, serviços são aspergidos com o sangue de Jesus, e deste modo, tudo o que possa haver de impureza neles é purificado pelo sangue do Cordeiro e assim são aceitos por Deus.
Embora o pecado possa estar misturado às nossas coisas santas, e pensemos que elas estão imundas, contudo elas não estão, porque o sangue lavou toda a mancha e imundície, e o culto é aos olhos de Deus como o serviço de um querubim, porque nós lavamos a nossa adoração, as nossas orações, louvores, vestes e coração no sangue do Cordeiro.
Quanto ao bode que permaneceria vivo, Arão deveria colocar suas mãos sobre a sua cabeça e confessar sobre ele todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados, transferindo-os para a cabeça do bode que deveria ser enviado para o deserto, que levaria assim sobre si todas as iniquidades deles para uma terra solitária, e lá seria solto de modo que nunca mais fosse visto (v. 21,22).
Isto revela de modo muito claro, ainda que em figura, Cristo como nosso substituto, tomando sobre si os nossos pecados, e carregando-os consigo para um lugar de esquecimento, de modo que não sejamos mais condenados por Deus, por causa das nossas transgressões e iniquidades, conforme se lê na promessa da Nova Aliança, feita através do profeta Jeremias:
“E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniquidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados.” (Jer 31.34)
O primeiro bode era um tipo da compensação; o segundo é o tipo do efeito da compensação.
O segundo bode foi embora, depois que o primeiro foi morto, levando os pecados das pessoas em sua cabeça, levando os seus pecados para a desolação do deserto.
 O bode emissário carregava simbolicamente as iniquidades da nação de Israel sobre o seu corpo, e desaparecia com elas no deserto, de modo que nenhum daqueles pecados poderia ser achado.
Do mesmo modo Cristo carregou sobre si as nossas iniquidades e enfermidades.
Assim lemos em Is 53.4-6:
“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.”
 Aqui está descrito o trabalho de substituição que Jesus fez em nosso favor.
Ele se fez pecado para que nós fôssemos feitos justiça de Deus.
Ele foi ferido para que nós fôssemos sarados.
Ele carregou sobre si os nossos pecados e as consequências do pecado, como enfermidades, dores e sofrimentos, para que fôssemos libertados tanto do pecado, quanto destas e outras consequências.
Agora, o modo de aplicação destes benefícios não é absoluto e final, enquanto estivermos neste mundo, porque, ainda estamos sujeitos à ação do pecado na nossa natureza terrena, e às suas consequências, para propósitos específicos determinados por Deus, especialmente para exercício da nossa fé, e para o dever de nos aplicarmos diligentemente a buscar o Senhor, para mortificação dos resquícios do pecado que permanecem na carne.
Por isso, Jesus disse aos apóstolos, apesar de já serem convertidos, que vigiassem e orassem para não caírem em tentação, porque apesar de o espírito estar pronto, a carne é fraca.
Quando lhes lavou os pés mostrou que isto deveria ser feito constantemente, apesar de já terem sido lavados pela palavra que lhes havia falado.
Os cristãos já estão regenerados e santificados pela habitação do Espírito Santo, e pela Palavra de Deus, mas devem progredir em santificação, mortificando o pecado e se revestindo das virtudes de Cristo.
Para este propósito, Deus pode usar de meios diversos em Sua soberania, inclusive das enfermidades que Cristo levou sobre si no madeiro, como forma de correção e disciplina daqueles que pretende aperfeiçoar em seu crescimento espiritual.
Não há qualquer paradoxo ou contradição nisto, porque apesar de terem os cristãos sido libertados da escravidão ao pecado, não há na Nova Aliança, qualquer promessa que seriam perfeitamente livres de pecados, e de uma das consequências do pecado, que são as enfermidades físicas, enquanto viverem neste mundo.
O que é prometido abundantemente na Nova Aliança é que terão esta perfeição do corpo e do espírito na vida do porvir, e mesmo quanto ao corpo deve ser dito que será ressuscitado, não em corpo de carne e sangue, mas em corpo celestial, glorificado.
Muitas lições são aprendidas pelos cristãos em razão do fato de Deus não lhes ter concedido a perfeição total neste mundo, porque podem aprender daí, a se exercitarem em humildade, dependência, intercessão, clamor, compaixão e em muitas outras coisas úteis, que devem aprender em sua jornada terrena.
Assim, o fato de os pecados terem sido levados pelo bode emissário para o deserto do esquecimento, o que, como já dissemos era uma figura da obra de Cristo em nosso favor, não temos no entanto uma aplicação absoluta deste beneficio obtido pelos méritos exclusivos de Cristo, enquanto estivermos ainda neste mundo, porque a plenitude do cumprimento desta bênção será obtida somente na glória vindoura.
O mesmo se pode dizer da libertação do pecado por meio da fé em Cristo, e como se lê nas Escrituras, especialmente na epístola de Paulo aos Romanos.
O cristão não é mais um escravo do pecado, mas não está livre, como já dissemos antes, de modo absoluto da influência do pecado enquanto estiver neste mundo, pois apesar de não estar mais sujeito ao pecado, como um escravo, não necessitando obedecê-lo, entretanto, estará numa guerra constante entre a carne e o Espírito, que será maior ou menor, dependendo do grau da sua santificação e consagração.
Com isto, os que se santificam são incentivados a prosseguirem no trabalho de mortificação da carne pelo Espírito, pelos bons resultados que observam na sua obediência e dependência de Deus, e nisto são exercitados pelo Senhor, em seu discernimento relativo ao seu progresso espiritual.        
Não podemos tomar como promessa aquilo que não é prometido nas Escrituras.
Todas as bênçãos e vitórias que foram obtidas pelos cristãos por meio de Cristo, devem ser submetidas às condições e afirmações que são feitas a respeito delas nas Escrituras, de modo que saibamos discernir de que forma elas nos estão sendo concedidas por Deus, especialmente se de modo absoluto ou em graus.
Por exemplo, a redenção, a justificação e a regeneração nos foram concedidas de modo absoluto, mas a santificação nos tem sido dada em graus, e por isso somos chamados a fazer progresso em santidade.
A glorificação é também proporcional ao nosso avanço em santificação, pois se diz que somos transformados de glória em glória.
Concluímos também que não a temos recebido de modo absoluto, e sabemos perfeitamente que esta glória só será plena no céu.
No entanto, a santificação e a glorificação são também promessas da Nova Aliança para os cristãos.
Por isso, o apóstolo João afirma em relação aos cristãos, que caso afirmem que não têm mais pecado, estarão mentindo e a verdade não estará neles.
Pois ainda que o propósito de Deus seja o de que não vivam de fato pecando, por mais que se esforcem neste sentido, estarão sujeitos ainda a pecar, ainda que involuntária e eventualmente, pelo fato de permanecerem na carne, e esta é fraca.
O trabalho de mortificação da carne é um trabalho contínuo que dura toda a vida, pois o pecado uma vez vencido deve ser vigiado, porque está sempre pronto a se levantar, tal como a erva daninha que foi cortada no campo, e que sempre volta a brotar.
Então é um trabalho para todos os dias da vida, porque por falta de vigilância e oração, o pecado poderá levar vantagem sobre os cristãos.
Daí se ordenar que se ande no Espírito para que não sejam satisfeitos os desejos da carne.
Vemos então que aquele perdão total de pecados, por mais um ano, provido no Dia da expiação nacional na Antiga Aliança, revela a longanimidade e misericórdia de Deus em relação às nossas muitas transgressões, se confiamos em Cristo como nosso substituto e expiação, e se Lhe confessamos os nossos pecados, sem que isto signifique que Deus deixaria de visitar em Sua soberania os pecados que viessem a ser praticados pelo povo de Israel no Antigo Pacto, ou mesmo pela igreja na Nova Aliança.
Reenfatizamos a bondade e a misericórdia de Deus, demonstradas particularmente para Arão e sua casa, com a instituição do dia da expiação, para que lhe servisse de consolo e segurança de que o nosso Deus não é um Senhor cruel legalista pronto a nos ferir e destruir em face de sermos pecadores, e transgressores, ainda que involuntariamente, dos Seus mandamentos.
Ao contrário Ele se mostra simpático às nossas dores e sofrimentos.
Ele se compadece das nossas fraquezas, e revelou isto na própria Lei.
Jesus tomou sobre si os nossos sofrimentos como se fossem Seus próprios sofrimentos.
Tomou sobre Si as dores das nossas enfermidades como se fossem as Suas próprias enfermidades.
Enfim, Ele se identificou plenamente com os nossos sofrimentos, de forma que lemos o seguinte em Is 63.9:
“Em toda a angústia deles foi ele angustiado, e o anjo da sua presença os salvou; no seu amor, e na sua compaixão ele os remiu; e os tomou, e os carregou todos os dias da antiguidade.”
Concluímos de tudo isto, que a concessão do perdão de pecados do dia da expiação nacional tinha em vista não apenas a busca de alívio da parte de Israel em relação a se livrar de possíveis juízos de Deus, mas tinha com certeza o alvo de conduzir os israelitas ao arrependimento, e à busca de mortificação dos seus pecados por uma vida de inteira confiança e fé no Senhor.



“1 Falou o Senhor a Moisés, depois da morte dos dois filhos de Arão, que morreram quando se chegaram diante do Senhor.
2 Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre em todo tempo no lugar santo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque aparecerei na nuvem sobre o propiciatório.
3 Com isto entrará Arão no lugar santo: com um novilho, para oferta pelo pecado, e um carneiro para holocausto.
4 Vestirá ele a túnica sagrada de linho, e terá as calças de linho sobre a sua carne, e cingir-se-á com o cinto de linho, e porá na cabeça a mitra de linho; essas são as vestes sagradas; por isso banhará o seu corpo em água, e as vestirá.
5 E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para oferta pelo pecado e um carneiro para holocausto.
6 Depois Arão oferecerá o novilho da oferta pelo pecado, o qual será para ele, e fará expiação por si e pela sua casa.
7 Também tomará os dois bodes, e os porá perante o Senhor, à porta da tenda da revelação.
8 E Arão lançará sortes sobre os dois bodes: uma pelo Senhor, e a outra por Azazel.
9 Então apresentará o bode sobre o qual cair a sorte pelo Senhor, e o oferecerá como oferta pelo pecado;
10 mas o bode sobre que cair a sorte para Azazel será posto vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele a fim de enviá-lo ao deserto para Azazel.
11 Arão, pois, apresentará o novilho da oferta pelo pecado, que é por ele, e fará expiação por si e pela sua casa; e imolará o novilho que é a sua oferta pelo pecado.
12 Então tomará um incensário cheio de brasas de fogo de sobre o altar, diante do Senhor, e dois punhados de incenso aromático bem moído, e os trará para dentro do véu;
13 e porá o incenso sobre o fogo perante o Senhor, a fim de que a nuvem o incenso cubra o propiciatório, que está sobre o testemunho, para que não morra.
14 Tomará do sangue do novilho, e o espargirá com o dedo sobre o propiciatório ao lado oriental; e perante o propiciatório espargirá do sangue sete vezes com o dedo.
15 Depois imolará o bode da oferta pelo pecado, que é pelo povo, e trará o sangue o bode para dentro do véu; e fará com ele como fez com o sangue do novilho, espargindo-o sobre o propiciatório, e perante o propiciatório;
16 e fará expiação pelo santuário por causa das imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, sim, de todos os seus pecados. Assim também fará pela tenda da revelação, que permanece com eles no meio das suas imundícias.
17 Nenhum homem estará na tenda da revelação quando Arão entrar para fazer expiação no lugar santo, até que ele saia, depois de ter feito expiação por si mesmo, e pela sua casa, e por toda a congregação de Israel.
18 Então sairá ao altar, que está perante o Senhor, e fará expiação pelo altar; tomará do sangue do novilho, e do sangue do bode, e o porá sobre as pontas do altar ao redor.
19 E do sangue espargirá com o dedo sete vezes sobre o altar, purificando-o e santificando-o das imundícias dos filhos de Israel.
20 Quando Arão houver acabado de fazer expiação pelo lugar santo, pela tenda da revelação, e pelo altar, apresentará o bode vivo;
21 e, pondo as mãos sobre a cabeça do bode vivo, confessará sobre ele todas as iniquidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, sim, todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á para o deserto, pela mão de um homem designado para isso.
22 Assim aquele bode levará sobre si todas as iniquidades deles para uma região solitária; e esse homem soltará o bode no deserto.
23 Depois Arão entrará na tenda da revelação, e despirá as vestes de linho, que havia vestido quando entrara no lugar santo, e ali as deixará.
24 E banhará o seu corpo em água num lugar santo, e vestirá as suas próprias vestes; então sairá e oferecerá o seu holocausto, e o holocausto do povo, e fará expiação por si e pelo povo.
25 Também queimará sobre o altar a gordura da oferta pelo pecado.
26 E aquele que tiver soltado o bode para Azazel lavará as suas vestes, e banhará o seu corpo em água, e depois entrará no arraial.
27 Mas o novilho da oferta pelo pecado e o bode da oferta pelo pecado, cujo sangue foi trazido para fazer expiação no lugar santo, serão levados para fora do arraial; e lhes queimarão no fogo as peles, a carne e o excremento.
28 Aquele que os queimar lavará as suas vestes, banhara o seu corpo em água, e depois entrará no arraial.
29 Também isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e não fareis trabalho algum, nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vos;
30 porque nesse dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; de todos os vossos pecados sereis purificados perante o Senhor.
31 Será sábado de descanso solene para vós, e afligireis as vossas almas; é estatuto perpétuo.
32 E o sacerdote que for ungido e que for sagrado para administrar o sacerdócio no lugar de seu pai, fará a expiação, havendo vestido as vestes de linho, isto é, as vestes sagradas;
33 assim fará expiação pelo santuário; também fará expiação pela tenda da revelação e pelo altar; igualmente fará expiação e pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação.


34 Isto vos será por estatuto perpétuo, para fazer expiação uma vez no ano pelos filhos de Israel por causa de todos os seus pecados. E fez Arão como o Senhor ordenara a Moisés.” (Lev 16.1-34).



Levítico 17

Porque Deus Proibiu Comer Sangue

O estatuto do 17º capítulo de Levítico proibia a apresentação de sacrifícios fora do tabernáculo.
E quem o fizesse deveria ser morto.
Antes da construção do tabernáculo era permitido aos chefes de família agirem como sacerdotes, oferecendo sacrifícios em altares, que eram construídos por eles.
Mas desde que o culto foi regulado pela Lei, nenhum sacrifício poderia ser feito sem a presença do sacerdote, e fora da área do tabernáculo.
O Senhor apresenta uma razão principal para tal determinação: os israelitas não teriam mais liberdade para oferecerem sacrifícios aos demônios.
É bem provável que demônios tivessem deturpado a apresentação dos sacrifícios, que eram apresentados pelos patriarcas, desde Abraão, desviando o direcionamento deles para Deus, para as formas de divindades, que lhes foram exibidas por tal inspiração demoníaca.
É importante lembrar que Satanás teve a ousadia de exigir adoração do próprio Senhor Jesus, e não seria de se admirar que seus agentes não exigissem tal adoração dos israelitas.
Então, a antiga liberdade de oferecimento havia dado ocasião à idolatria, que o Senhor estava proibindo agora, com a construção do tabernáculo.
Para o mesmo propósito de evitar as práticas pagãs de adoração, no meio de Israel, o Senhor proibiu o comer sangue, que era uma coisa que os pagãos costumavam fazer na adoração de seus deuses.
Assim, Deus confirmou na Lei de Moisés esta proibição que Ele fizera desde os dias de Noé (Gên 9.4).
Mas, ao mesmo tempo em que evitaria uma prática do paganismo, apontou diretamente para a verdade de que nenhuma expiação de pecados seria feita sem sangue, uma vez que o sangue representava a vida, e a oferta do sangue simbolizava a oferta da própria vida (v 11).
Nisto está revelado que a expiação da culpa do pecador seria feita pela vida de um outro, e viria a ser revelado claramente no Novo Testamento, que isto seria feito por Jesus.
Como a sentença determinada para o pecador é a morte, então a expiação do pecado exigiria a sua morte, e por isso a morte de Cristo é considerada por Deus como sendo a morte do próprio pecador.
Então, aquele que crê em Cristo, é aceito por Deus, porque é visto como estando também morto, especialmente para o pecado e para a condenação da Lei, na sua identiricação, pela fé, com a morte do Senhor, que carregou os nossos pecados sobre Si, e que se fez maldição no nosso lugar, para que fôssemos resgatados da maldiçao da Lei.
Por isso lemos em Rom 6.2-4:
”Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.”




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala a Arão e aos seus filhos, e a s todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Isto é o que o Senhor tem ordenado:
3 Qualquer homem da casa de Israel que imolar boi, ou cordeiro, ou cabra, no arraial, ou fora do arraial,
4 e não o trouxer à porta da tenda da revelação, para o oferecer como oferta ao Senhor diante do tabernáculo do Senhor, a esse homem será imputado o sangue; derramou sangue, pelo que será extirpado do seu povo;
5 a fim de que os filhos de Israel tragam os seus sacrifícios, que oferecem no campo, isto é, a fim de que os tragam ao Senhor, à porta da tenda da revelação, ao sacerdote, e os ofereçam por sacrifícios de ofertas, pacíficas ao Senhor.
6 E o sacerdote espargirá o sangue sobre o altar do Senhor, à porta da tenda da revelação, e queimará a gordura por cheiro suave ao Senhor.
7 E nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos sátiros, após os quais eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo pelas suas gerações.
8 Dir-lhes-ás pois: Qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que entre vós peregrinam, que oferecer holocausto ou sacrifício,
9 e não o trouxer à porta da tenda da revelação, para oferecê-lo ao Senhor, esse homem será extirpado do seu povo.
10 Também, qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que comer algum sangue, contra aquela alma porei o meu rosto, e a extirparei do seu povo.
11 Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que faz expiação, em virtude da vida.
12 Portanto tenho dito aos filhos de Israel: Nenhum de vós comerá sangue; nem o estrangeiro que peregrina entre vós comerá sangue.
13 Também, qualquer homem dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam entre eles, que apanhar caça de fera ou de ave que se pode comer, derramará o sangue dela e o cobrirá com pó.
14 Pois, quanto à vida de toda a carne, o seu sangue é uma e a mesma coisa com a sua vida; por isso eu disse aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda a carne é o seu sangue; qualquer que o comer será extirpado.
15 E todo homem, quer natural quer estrangeiro, que comer do que morre por si ou do que é dilacerado por feras, lavará as suas vestes, e se banhará em água, e será imundo até a tarde; depois será limpo.
16 Mas, se não as lavar, nem banhar o seu corpo, levará sobre si a sua iniquidade.” (Lev 17.1-16).


Levítico 18

Práticas Sexuais Condenadas por Deus
O 18º capítulo de Levítico relaciona todo tipo de prática sexual condenada por Deus, especialmente os casos de incesto em família, que era uma prática comum no Egito e entre os habitantes de Canaã.
A afirmação do versículo quarto:
“Guardareis, pois, os meus estatutos e as minhas ordenanças, pelas quais o homem, observando-as, viverá. Eu sou o Senhor.”
É retomada por Paulo em Rom 10.5 ao dizer que:
“Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça decorrente da lei, viverá por ela.”
E, demonstra neste mesmo capítulo que a justiça da lei, que consistia em guardar os mandamentos para se ter vida eterna, não excluía de modo algum a operação da graça e da fé,  que conduzem o homem a Cristo, que é o único que nos foi dado por Deus para ser a nossa justiça (Rom 10.4), e de maneira que possamos cumprir os Seus mandamentos, especialmente quanto ao sentido interior e espiritual dos mesmos, que apontam para um viver justo e santo.
Sem estar em Cristo o homem não pode ter esta vida santa divina.
A ordem de Deus para que os seus mandamentos sejam guardados, pressupõe que aquele que se dispuser a fazer a Sua  vontade, viverá pela fé nEle e haverá de contar sempre com a assistência da Sua graça, porque a lei é espiritual e o homem é carnal, e precisa portanto deste poder espiritual da graça, que é obtido por fé, para que possa fazer o que é da vontade do Senhor.
É daí que Paulo extrai o seu ensino de Rom 2.7:
“Dará vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade.”
O que aprendemos de tudo isto é que o homem dependerá de Deus, para que possa cumprir os Seus mandamentos.
Jesus diz que sem Ele nada podemos fazer, afirmando esta dependência que temos do Espírito Santo, para que possamos fazer as obras de Deus, sendo apenas instrumentos do Espírito.
Jesus mesmo, em Seu ministério terreno dependeu inteiramente do Espírito Santo para realizá-lo, e instruiu os discípulos a permanecerem em Jerusalém, até que fossem revestidos do poder do Espírito Santo, que viria sobre eles no dia de Pentecostes, para que fizessem a obra do Senhor no Seu poder.
Até aqui o conteúdo de Levítico refere-se à lei cerimonial, relativa especificamente ao sacerdócio e ao sacrifício, e vimos que isto apontava em figura para Cristo, e isto é importante de ser registrado, porque é somente por se apontar para Cristo, que as Leis civis e morais seriam dadas, pois que demandariam a transformação dos pecadores em pessoas santas, em seus corações, e operantes em suas ações voltadas ao amor ao seu próximo.
Isto, como vimos, dependeria de uma devoção a Deus que fosse firmada na fé no sacrifício, na confissão e no arrependimento de pecados.
Aqui, mais uma vez fica marcada a dependência de Deus para que o cristão possa fazer a Sua vontade, conforme é descrita a partir deste 18º capítulo de Levitico, e no qual é proibido expressamente além das relações incestuosas descritas nos versículos sexto a décimo oitavo:
·       Relações sexuais durante o período da menstruação (v. 19).
·       Adultério (v. 20).
·       Oferecer filhos ao deus Moloque para serem queimados como sacrifício em seus braços incandescentes (v. 21).
·       Homossexualismo masculino (v. 22).
·       Coito com animal (v.23).
Todo aquele que cometesse alguma dessas abominações deveria ser morto, segundo prescrito na Lei (v. 29).




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Eu sou o Senhor vosso Deus.
3 Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes; nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo; nem andareis segundo os seus estatutos.
4 Os meus preceitos observareis, e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor vosso Deus.
5 Guardareis, pois, os meus estatutos e as minhas ordenanças, pelas quais o homem, observando-as, viverá. Eu sou o Senhor.
6 Nenhum de vós se chegará àquela que lhe é próxima por sangue, para descobrir a sua nudez. Eu sou o Senhor.
7 Não descobrirás a nudez de teu pai, nem tampouco a de tua mãe; ela é tua mãe, não descobrirás a sua nudez.
8 Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai.
9 A nudez de tua irmã por parte de pai ou por parte de mãe, quer nascida em casa ou fora de casa, não a descobrirás.
10 Nem tampouco descobrirás a nudez da filha de teu filho, ou da filha de tua filha; porque é tua nudez.
11 A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai, a qual é tua irmã, não a descobrirás.
12 Não descobrirás a nudez da irmã de teu pai; ela é parenta chegada de teu pai.
13 Não descobrirás a nudez da irmã de tua mãe, pois ela é parenta chegada de tua mãe.
14 Não descobrirás a nudez do irmão de teu pai; não te chegarás à sua mulher; ela é tua tia.
15 Não descobrirás a nudez de tua nora; ,ela é mulher de teu filho; não descobrirás a sua nudez.
16 Não descobrirás a nudez da mulher de teu irmão; é a nudez de teu irmão.
17 Não descobrirás a nudez duma mulher e de sua filha. Não tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para descobrir a sua nudez; são parentas chegadas; é maldade.
18 E não tomarás uma mulher juntamente com sua irmã, durante a vida desta, para tornar-lha rival, descobrindo a sua nudez ao lado da outra.
19 Também não te chegarás a mulher enquanto for impura em virtude da sua imundícia, para lhe descobrir a nudez.
20 Nem te deitarás com a mulher de teu próximo, contaminando-te com ela.
21 Não oferecerás a Moloque nenhum dos teus filhos, fazendo-o passar pelo fogo; nem profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor.
22 Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação.
23 Nem te deitarás com animal algum, contaminando-te com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; é confusão.
24 Não vos contamineis com nenhuma dessas coisas, porque com todas elas se contaminaram as nações que eu expulso de diante de vós;
25 e, porquanto a terra está contaminada, eu visito sobre ela a sua iniquidade, e a terra vomita os seus habitantes.
26 Vós, pois, guardareis os meus estatutos e os meus preceitos, e nenhuma dessas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós
27 (porque todas essas abominações cometeram os homens da terra, que nela estavam antes de vós, e a terra ficou contaminada);
28 para que a terra não seja contaminada por vós e não vos vomite também a vós, como vomitou a nação que nela estava antes de vós.
29 Pois qualquer que cometer alguma dessas abominações, sim, aqueles que as cometerem serão extirpados do seu povo.


30 Portanto guardareis o meu mandamento, de modo que não caiais em nenhum desses abomináveis costumes que antes de vós foram seguidos, e para que não vos contamineis com eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lev 18.1-30).



Levítico 19

Diversas Leis e Estatutos

Há alguns preceitos cerimoniais no 19º capítulo de Levítico, mas na sua maioria eles são morais.
Este conjunto de leis é introduzido pela afirmação de Deus que justifica todas estas ordenanças:
“Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (v. 2).
Esta é a razão principal das exigências da separação das práticas mundanas e da mortificação da carne para uma completa devoção ao Senhor.
Este continua sendo o mesmo alvo de Deus para a igreja no Novo Testamento (I Pe 1.15,16).
As penalidades previstas na Lei se aplicavam ao período do Velho Testamento, à nação de Israel, que era o povo da aliança antiga, mas, apesar de não serem aplicáveis na presente dispensação da graça, elas ilustram, que aqueles que continuam na prática das coisas reprovadas pela Lei, estão sujeitos à um juízo de condenação eterna, caso não sejam remidos por Cristo.
A primeira ordenança se refere ao temor que os filhos devem ter de seus pais (v. 3), e isto requer reverência, honra, estima e expressões de respeito e obediência aos comandos dos pais, se esforçando para agradá-los, evitando tudo o que possa ofendê-los ou afligi-los, trazendo-lhes desgosto.
Conjuntamente a este mandamento é ordenado aos filhos que guardem os sábados do Senhor.
Há uma repetição de algumas leis como a proibição da idolatria (v.4); de se comer da oferta pacífica no terceiro dia (v. 5-8); de fazer a colheita sem deixar no campo algo para o estrangeiro e o pobre (v.9,10); de furtar, mentir e usar de falsidade com o próximo (v. 11); de jurar falso pelo nome do Senhor (v. 12).
No versículo 13 se ordena que tudo o que conquistarmos no mundo deve ser de modo honesto, sem oprimir, roubar ou reter salários devidos ao próximo.
Os deficientes físicos como surdos e cegos devem ser ajudados e não devem ser amaldiçoados e nem se deve abusar da condição deles (v. 14).
O caráter dos homens é provado nisto, por exibirem o quanto temem de fato a Deus, pelo tratamento que dispensam aos deficientes, não se aproveitando da condição deles, e nem mesmo considerando-os amaldiçoados ou desprezados de Deus, em razão da sua deficiência.
O Senhor adverte quanto ao temor que lhe é devido neste mandamento, porque Ele tudo ouve e vê, ainda que o surdo e o cego não ouçam e vejam respectivamente; as maldades que lhes são dirigidas, e que certamente, serão julgadas pelo Senhor.
Os juízes são advertidos quanto à imparcialidade exigida para os seus julgamentos (v. 15), avaliando o mérito da  causa julgada, e não a condição financeira e social das partes demandantes.
A pobreza não é uma justificativa para o favorecimento da causa, tanto quanto a riqueza.  
Os versículos 16 a 18 apresentam em conjunto mandamentos relativos ao amor ao próximo como a si mesmo, não espalhando notícias para ferir a sua honra e para semear discórdias (v. 16a); não agir para tirar-lhe a vida (v. 16b); os danos recebidos em vez de serem motivo para se abrigar ódio no coração contra quem o praticou, deveriam ensejar somente a repreensão de quem o praticou (v. 17), de modo que um erro não conduzisse a outro erro pior, porque o ódio abrigado no coração contra alguém é visto por Deus como o próprio crime de homicídio (Mt 5.21,22).
Deus é o Senhor que tudo vê, governa e dirige.
A Ele pertence a palavra final no juízo de qualquer demanda.
A Ele pertence a vingança e Ele certamente dará a justa retribuição a todo ato praticado pelo homem contra o seu próximo.
É por isso que se vê no final destes mandamentos a repetição da citação: “Eu sou o Senhor” (v. 4, 10, 12, 14, 16, 18) como uma forma de lembrança que a obediência aos mandamentos é uma obrigação porque são determinados pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores, que não deixará de recompensar o bem, tanto quanto não deixará de se vingar do mal.
Em Lc 17.3,4 o Senhor Jesus nos alerta sobre o cuidado que devemos ter em não cair no laço da ira e do ódio contra aqueles que nos tenham causado qualquer tipo de mal, introduzindo suas palavras com o imperativo: “Acautelai-vos!”, pois este é realmente um assunto que exige muita cautela para que não venhamos a fazer mal a nós mesmos, pelo ressentimento que abrigarmos em nosso íntimo contra o próximo, coisa que Deus proíbe na Lei (Lev 19.17).
Jesus diz:
”Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se por sete vezes, no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe.” (Lc 17.3,4)
Nós não devemos guardar, conforme é da vontade de Deus, um rancor secreto contra a pessoa que nos causou algum dano, e nem nos alienarmos dela, nem falar mal dela ou esperar uma oportunidade para nos vingarmos, mas devemos com mansidão e sabedoria nos esforçar para convencê-la do dano causado, argumentando razoavelmente com ela, e procurar com isso acabar com o desgosto havido, e reprovar o seu pecado diante de Deus, por causa do amor, e se esforçar para conduzi-la ao arrependimento para que seja perdoado.
Se não houver evidência de obtenção de êxito, deveremos suportar o dano, e ter o coração guardado de ressentimentos, sabendo que fizemos aquilo que nos é ordenado pelo Senhor.    
O versículo 19 contém um mandamento que proíbe misturas de animais de espécies diferentes, bem como de sementes e de roupas de estofos diferentes.
Deus criou cada ser animal ou vegetal segundo a sua própria espécie, e agora ordena aos israelitas que respeitassem a ordem da criação, para não fazerem cruzamentos de animais e vegetais para obterem novas espécies.
Este mandamento é muito importante para que somente por ele se derrube toda a teoria da evolução, que afirma que as espécies atuais surgiram de espécies inferiores, pois são o resultado, segundo eles de uma evolução que durou milhões e milhões de anos.
Mas Deus confirma aqui que tudo foi criado segundo a sua própria espécie e que segundo a Sua vontade, isto deveria ser obedecido pelos israelitas, como figura de que eles deveriam evitar se misturar com as demais nações da terra, se contaminando com suas práticas idolátricas.
Do versículo 20 a 22 consta o mandamento relativo aos procedimentos para o caso de alguém deitar com uma escrava desposada com outro homem.
Se a escrava não fosse libertada e resgatada, ambos deveriam ser açoitados.
O homem que se deitou com ela deveria oferecer um carneiro como oferta pela culpa, para ser perdoado do pecado que havia cometido.
Dos versos 23 a 25 consta o mandamento relativo ao consumo do fruto de árvores que fossem plantadas quando o povo entrasse em Canaã.
Os frutos não poderiam ser comidos durante três anos, e no quarto ano deveriam ser oferecidos como oferta de louvores ao Senhor, e somente a partir do quinto ano poderiam comer dos seus frutos.
Dos versos 26 a 28 há uma lei contra os usos supersticiosos do paganismo, como comer sangue, simbolizando a comunhão deles com os demônios; a prática do agouro e da adivinhação; que são também associadas a consultas a demônios, principalmente para obter saúde e prosperidade material.
Havia uma superstição entre os pagãos de que até o tipo corte do cabelo e da barba era um modo de se agradar os seus deuses.
Não deveriam ser imitados os ritos e cerimônias pelos quais eles expressavam a sua tristeza em seus funerais, fazendo cortes e marcas nos seus próprios corpos.
Contra todas estas práticas pagãs é ordenado no verso 30 que o sábado fosse guardado e o serviço do tabernáculo reverenciado.
Não há nada melhor para mortificar a carne do que se santificar buscando o Senhor.
Combate-se o mal com o bem.
O erro com a verdade.
O ódio com o amor.
Vence-se o diabo e as suas tentações sujeitando-se a Deus.
Daí a ordem de se santificar o sábado e se reverenciar o santuário do Senhor.
O futuro dos cristãos está na mão de Deus, e por isso não devem se voltar para os necromantes e adivinhos, de modo a não se contaminarem com eles, para prejuízo da sua santificação (v. 31).
Os anciãos são dignos de reverência e honra (v. 32).
Aqueles que têm sido abençoados por Deus com uma vida longa devem ser honrados com expressões distintivas de civilidade, e aqueles que forem sábios são merecedores de uma duplicada honra, pois têm da parte de Deus, a ordem de serem líderes em Israel, orientando os mais jovens a andarem nos Seus caminhos.
Honrar os anciãos significa honrar o próprio Senhor, que tem ordenado isto em relação aos mais velhos. que guiam o Seu povo no conhecimento e prática da verdade.
Mais uma vez, como aparece repetidas vezes na Lei, é ordenado que os israelitas amassem o estrangeiro que peregrinasse em Israel, como amavam os naturais da terra (v. 33, 34).
Os cristãos devem amar as pessoas que são estranhas para Deus, que não O conhecem.
Devem amá-los como a si mesmos porque esta é a vontade de Deus, que fazendo o bem façam emudecer a ignorância dos insensatos (I Pe 2.15).
Pelo comportamento exemplar dos cristãos entre os gentios (aqueles que não conhecem o Senhor), especialmente pelo seu testemunho de amor, ocorrerá o que o apóstolo Pedro afirma em I Pe 2.12:
“para que naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.”
Assim o amor dos israelitas, pelos estrangeiros, daria ocasião para que o nome de Deus fosse glorificado por muitos deles, pelo testemunho de amor demonstrado por aqueles do Seu povo.  
 A prática tão comum da desonestidade, da fraude, do roubo que costuma ocorrer no comércio, não deveria ser praticada em Israel, pois a Lei determinava que os negócios em Israel fossem marcados sem injustiça no juízo, nem na disciplina, nem no peso, nem na medida.
Pesos e medidas justos deveriam ser usados por eles, conforme ordenado por Deus (v. 35-37).
Assim, não cabe aos cristãos escolherem qual deve ser o seu dever, pois tudo o que se refere ao seu procedimento moral já está determinado por Deus na Sua Palavra.
Ela é a medida de todas as coisas relativas ao comportamento deles.




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.
3 Temerá cada um a sua mãe e a seu pai; e guardareis os meus sábados. Eu sou o Senhor vosso Deus.
4 Não vos volteis para os ídolos, nem façais para vós deuses de fundição. Eu sou o Senhor vosso Deus.
5 Quando oferecerdes ao Senhor sacrifício de oferta pacífica, oferecê-lo-eis de modo a serdes aceitos.
6 No mesmo dia, pois, em que o oferecerdes, e no dia seguinte, se comerá; mas o que sobejar até o terceiro dia será queimado no fogo.
7 E se, na verdade, alguma coisa dele for comida ao terceiro dia, é coisa abominável; não será aceito.
8 E qualquer que o comer levará sobre si a sua iniquidade, porquanto profanou a coisa santa do Senhor; por isso tal alma será extirpada do seu povo.
9 Quando fizeres a colheita da tua terra, não segarás totalmente os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega.
10 Semelhantemente não rabiscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás para o pobre e para o estrangeiro. Eu sou o senhor vosso Deus.
11 Não furtareis; não enganareis, nem mentireis uns aos outros;
12 não jurareis falso pelo meu nome, assim profanando o nome do vosso Deus. Eu sou o Senhor.
13 Não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro não ficará contigo até pela manhã.
14 Não amaldiçoarás ao surdo, nem porás tropeço diante do cego; mas temerás a teu Deus. Eu sou o Senhor.
15 Não farás injustiça no juízo; não farás acepção da pessoa do pobre, nem honrarás o poderoso; mas com justiça julgarás o teu próximo.
16 Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; nem conspirarás contra o sangue do teu próximo. Eu sou o Senhor.
17 Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e não levarás sobre ti pecado por causa dele.
18 Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.
19 Guardareis os meus estatutos. Não permitirás que se cruze o teu gado com o de espécie diversa; não semearás o teu campo com semente diversa; nem vestirás roupa tecida de materiais diversos.
20 E, quando um homem se deitar com uma mulher que for escrava, desposada com um homem, e que não for resgatada, nem se lhe houver dado liberdade, então ambos serão açoitados; não morrerão, pois ela não era livre.
21 E como a sua oferta pela culpa, trará o homem ao Senhor, à porta da tenda da revelação, um carneiro para expiação de culpa;
22 e, com o carneiro da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele perante o Senhor, pelo pecado que cometeu; e este lhe será perdoado.
23 Quando tiverdes entrado na terra e tiverdes plantado toda qualidade de árvores para delas comerdes, tereis o seu fruto como incircunciso; por três anos ele vos será como incircunciso; dele não se comerá.
24 No quarto ano, porém, todo o seu o fruto será santo, para oferta de louvor ao Senhor.
25 E partindo do quinto ano comereis o seu fruto; para que elas vos aumentem a sua produção. Eu sou o Senhor vosso Deus.
26 Não comereis coisa alguma com o sangue; não usareis de encantamentos, nem de agouros.
27 Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem desfigurareis os cantos da vossa barba.
28 Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca. Eu sou o Senhor.
29 Não profanarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se; para que a terra não se prostitua e não se encha de maldade.
30 Guardareis os meus sábados, e o meu santuário reverenciareis. Eu sou o Senhor.
31 Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.
32 Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião, e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor.
33 Quando um estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o maltratareis.
34 Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrinar convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos; pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.
35 Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida.
36 Balanças justas, pesos justos, efa justa, e justo him tereis. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito.
37 Pelo que guardareis todos os meus estatutos e todos os meus preceitos, e os cumprireis. Eu sou o Senhor.” (Lev 19.1-37).



Levítico 20

“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Também dirás aos filhos de Israel: Qualquer dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros peregrinos em Israel, que der de seus filhos a Moloque, certamente será morto; o povo da terra o apedrejará.
3 Eu porei o meu rosto contra esse homem, e o extirparei do meio do seu povo; porquanto eu de seus filhos a Moloque, assim contaminando o meu santuário e profanando o meu santo nome.
4 E, se o povo da terra de alguma maneira esconder os olhos para não ver esse homem, quando der de seus filhos a Moloque, e não matar,
5 eu porei o meu rosto contra esse homem, e contra a sua família, e o extirparei do meio do seu povo, bem como a todos os que forem após ele, prostituindo-se após Moloque.
6 Quanto àquele que se voltar para os que consultam os mortos e para os feiticeiros, prostituindo-se após eles, porei o meu rosto contra aquele homem, e o extirparei do meio do seu povo.
7 Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus.
8 Guardai os meus estatutos, e cumpri-os. Eu sou o Senhor, que vos santifico.
9 Qualquer que amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele.
10 O homem que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera.
11 O homem que se deitar com a mulher de seu pai terá descoberto a nudez de seu pai; ambos os adúlteros certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles.
12 Se um homem se deitar com a sua nora, ambos certamente serão mortos; cometeram uma confusão; o seu sangue será sobre eles.
13 Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles.
14 Se um homem tomar uma mulher e a mãe dela, é maldade; serão queimados no fogo, tanto ele quanto elas, para que não haja maldade no meio de vós.
15 Se um homem se ajuntar com um animal, certamente será morto; também matareis o animal.
16 Se uma mulher se chegar a algum animal, para ajuntar-se com ele, matarás a mulher e bem assim o animal; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles:
17 Se um homem tomar a sua irmã, por parte de pai, ou por parte de mãe, e vir a nudez dela, e ela a dele, é torpeza; portanto serão extirpados aos olhos dos filhos do seu povo; terá descoberto a nudez de sua irmã; levará sobre si a sua iniqüidade.
18 Se um homem se deitar com uma mulher no tempo da enfermidade dela, e lhe descobrir a nudez, descobrindo-lhe também a fonte, e ela descobrir a fonte do seu sangue, ambos serão extirpados do meio do seu povo.
19 Não descobrirás a nudez da irmã de tua mãe, ou da irmã de teu pai, porquanto isso será descobrir a sua parenta chegada; levarão sobre si a sua iniqüidade.
20 Se um homem se deitar com a sua tia, terá descoberto a nudez de seu tio; levarão sobre si o seu pecado; sem filhos morrerão.
21 Se um homem tomar a mulher de seu irmão, é imundícia; terá descoberto a nudez de seu irmão; sem filhos ficarão.
22 Guardareis, pois, todos os meus estatutos e todos os meus preceitos, e os cumprireis; a fim de que a terra, para a qual eu vos levo, para nela morardes, não vos vomite.
23 E não andareis nos costumes dos povos que eu expulso de diante de vós; porque eles fizeram todas estas coisas, e eu os abominei.
24 Mas a vós vos tenho dito: Herdareis a sua terra, e eu vo-la darei para a possuirdes, terra que mana leite e mel. Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos separei dos povos.
25 Fareis, pois, diferença entre os animais limpos e os imundos, e entre as aves imundas e as limpas; e não fareis abomináveis as vossas almas por causa de animais, ou de aves, ou de qualquer coisa de tudo de que está cheia a terra, as quais coisas apartei de vós como imundas.
26 E sereis para mim santos; porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes meus.
27 O homem ou mulher que consultar os mortos ou for feiticeiro, certamente será morto. Serão apedrejados, e o seu sangue será sobre eles.” (Lev 20.1-27).

As leis dos capítulos anteriores estão citadas neste capítulo com a respectiva penalidade indicada, de modo que os israelitas fossem intimados a evitarem transgredir os mandamentos de Deus, pelo temor do castigo.
Estas penas citadas não seriam cobertas pelos sacrifícios oferecidos na Antiga Aliança, ainda que o pecado fosse perdoado no dia da expiação nacional, ou por uma oferta determinada e específica apresentada individualmente, a pena associada à transgressão deveria ser aplicada.
Há quatro pecados neste capítulo associados à pena de morte:
a) Idolatria. Pais que oferecessem seus filhos a Moloque (v. 2 e 3). E Deus afirmou que se o povo fizesse vista grossa para este pecado Ele mesmo se encarregaria de eliminar o tal homem (v. 4,5).
b) Irreverência. Filhos que amaldiçoassem a seus pais (v. 9).
c) Impureza. Adultérios em que seriam mortos tanto o adúltero quanto a adúltera: Homem que adulterasse com a mulher do seu próximo (v.10). Homem que se deitasse com a mulher de seu pai (v. 11). Homem que se deitasse com a sua nora (v. 12). Homossexualismo masculino em que ambos deveriam ser mortos (v. 13). Homem que se deitasse ao mesmo tempo com uma mulher e sua mãe. Deveriam ser queimados com fogo (v. 14).  Coito de homem ou de mulher com animal. Deveriam ser mortos o homem, a mulher  e os animais (v. 15, 16). Incesto com irmã. Ambos deveriam ser mortos (v. 17). Coito com mulher no período de menstruação (v.18). Coito com tia (v. 19). Neste caso morreriam sem filhos (v. 20). E ficariam também sem filhos aqueles que tivessem relações sexuais com suas cunhadas (v. 21).
d) Feitiçaria. Os necromantes e feiticeiros de Israel deveriam ser mortos por apedrejamento (v. 27).

Por terem praticado todas estas coisas é que Deus expulsaria os cananeus da sua terra, e se os israelitas, que a ocupariam, praticassem as mesmas obras também seriam expulsos por Ele (v. 22-23).
Deus separou Israel dos demais povos para possuir Canaã por herança, e a posse da terra dependeria de não andarem nos mesmos costumes das nações pagãs, fazendo distinção entre as coisas limpas e imundas determinadas na Lei pelo Senhor (v. 24-26).
A Antiga Aliança mostrava então em figura com a pena de morte física, que são dignos de morte eterna todos aqueles que praticam tais coisas e que não foram lavados no sangue de Jesus.
Tal é a profundidade e extensão da Nova Aliança, que todos estes pecados, que não podiam ser cobertos com o sacrifício de animais, podem ser cobertos com o sangue de Cristo e seus praticantes perdoados e salvos, desde que se arrependam deles e abandonem a sua prática.
Pois foi Jesus mesmo que afirmou que por causa dEle todo pecado pode ser perdoado aos homens, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mt 12.31).
Entretanto, todos os que são assim perdoados por Cristo devem viver de modo distinto para Ele, porque fez muito por eles. Tal como Deus exigiu dos israelitas por tê-los elegido como povo de Sua propriedade exclusiva.
A Lei ensina em figura em suas exigências cerimoniais e penas associadas às transgressões dos mandamentos, tanto morais quanto cerimoniais, que apesar de os crentes terem sido perdoados em Cristo eles têm o dever de não praticarem aquelas coisas que são abomináveis para Deus, conforme Ele as tem revelado para nossa advertência em Sua Palavra.
Já que os que praticam tais coisas são dignos de morte, de que modo santo não devem viver todos os crentes?


Como o apóstolo Pedro se refere à destruição do mundo de ímpios no tempo do fim como servindo de um alerta para os crentes, quanto à santidade que eles devem a Deus: “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas estas cousas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do dia de Deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se desfarão.” (II Pe 3.10-12).  



Levítico 21

Digno de Honra Seja o Matrimônio

Fora designado, nos capítulos anteriores a este 21º de Levítico, que estaremos comentando, aquilo que os sacerdotes deveriam ensinar ao povo sobre a distinção entre coisas limpas e imundas constantes dos estatutos de Deus.
Agora é dito neste capítulo 21º que os próprios sacerdotes deveriam se guardar das mesmas coisas, e são lembrados que não deveriam profanar o nome de Deus, já que eram eles que ofereciam as ofertas queimadas do Senhor (v. 6), sendo os homens principais entre o povo (v. 4).
Os sacerdotes deveriam evitar se contaminar com o contato com algum morto, uma vez que seria considerado imundo, e não poderia realizar os seus serviços (v.1).
Ele poderia se contaminar somente com aqueles que fossem seus parentes mais próximos, e estes são listados: mãe, pai, filho, filha, irmão e irmã solteira (v. 2 e 3).
A imundície cerimonial constante da Lei pelo contato com um cadáver indica que Deus é Deus de vivos e não de mortos.
Indica que a morte entrou no mundo por causa do pecado, e assim, o contato com um morto era considerado pela lei como uma contaminação do pecado, já que a morte é consequência, pois que se não tivesse entrado o pecado no mundo, não haveria morte.
Jesus se manifestou para destruir a morte.
Ele disse que veio dar vida e vida em abundância. E, que se deve deixar aos mortos sepultarem os seus mortos quanto há uma chamada urgente para se pregar o evangelho para dar vida aos que estão mortos em seus pecados.
Então a Lei ensinava em figura aos sacerdotes, que a sua ministração era para a vida, e deveria ser feita no poder dAquele que é espírito vivificante.
Jesus não é, portanto sacerdote daqueles que estão mortos, mas daqueles que estão vivos para Deus, por meio da fé nEle.  
Os sacerdotes também não deveriam se entregar às superstições pagãs de raspar a cabeça, cortar as extremidades da barba e ferirem os seus corpos, pensando que com isso estariam agradando a Deus, para acrescentarem o seu próprio sangue aos sacrifícios que seriam oferecidos no altar, conforme era costume dos pagãos em suas oferendas aos demônios (v. 5).
Os sacerdotes deveriam mostrar a alta honra e estima que Deus atribui ao matrimônio, constituindo lares santos e sólidos.
Esta honra do matrimônio é confirmada no Novo Testamento, como se lê em Hb 13.4:
“Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará.”
Os sacerdotes não deveriam degradar o matrimônio, e para este propósito foram estabelecidos por Deus os seguintes mandamentos para eles neste capítulo:
·       não poderiam casar com mulher que fosse prostituta, desonrada ou divorciada (v.  7).
·       A filha de um sacerdote que se prostituísse deveria ser queimada com fogo (v.9). No Novo Testamento está removida a pena, mas os filhos de um ministro devem ser trazidos por seu pai no temor do Senhor (I Tim 3.4; Tt 1.6).
No caso do sumo sacerdote, este deveria se casar com mulher virgem (v. 13); e também não poderia se casar com viúva (v. 14); além das prescrições para os demais sacerdotes citadas em “a)” (v. 7).
Deus esperava mais de um sacerdote do que das demais pessoas, e muito mais do sumo sacerdote, porque sobre a sua cabeça havia sido derramado o óleo da unção (v.10).
Como se lê em Lc 12.48b:
“Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.”
 Em Sua infinita misericórdia, Deus tolera e suporta de muitos cristãos, ainda inexperientes em Sua Palavra e vontade, coisas que não deixa passar em branco naqueles a quem tem confiado a responsabilidade de guiar e instruir a Igreja.
Aqueles que receberam uma unção especial do Espírito Santo para fazerem a obra de Deus, prestarão contas a Ele por a terem feito relaxadamente.      
Se aos sacerdotes era permitido somente o contato com cadáver de familiares próximos, para que não fossem considerados contaminados, de modo que não pudessem exercer suas funções, quanto ao sumo sacerdote, nem sequer o contato com o cadáver de seu próprio pai ou mãe lhe era permitido (v. 11).
Isto não somente simbolizava em figura que Jesus como nosso sumo sacerdote não tem nenhuma relação com a morte senão com a vida, e vida em abundância, como também indicava que Deus espera renúncias e responsabilidades muito maiores daqueles que tem chamado a ocupar posições destacadas de liderança no meio do Seu povo.
Assim, era vedado ao sacerdote deixar os serviços do santuário (.12) para atender qualquer emergência, mesmo se referisse à morte de seus próprios pais.
Isto nos faz lembrar, das palavras proferidas por Jesus em Mt 12.47-50:
“Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo. Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos? E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.”. E em Mt 10.37: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.”
   Como o sacerdócio era hereditário, contado nas famílias que descenderiam dos filhos de Arão, certamente alguns deles nasceriam com deformidades físicas.
E as que são enumeradas nos versos 16 a 23 inabilitariam tais pessoas ao exercício do ofício sacerdotal.
Entretanto eles poderiam permanecer no tabernáculo e serem sustentados pelas ofertas que eram ali apresentadas como os demais sacerdotes (v. 22).
A incapacidade deles para o trabalho não significaria que deveriam passar fome.
Deus proveu assim um meio para o seu sustento.
Em Cristo foi abolida esta disposição cerimonial da lei, como todas as demais, mas, daí se retira o princípio de que aqueles que servem como ministros na presença do Senhor devem cuidar da sua aparência pessoal e saúde.




“1 Depois disse o senhor a Moisés: Fala aos sacerdotes, filhos de Arão, e dize-lhes: O sacerdote não se contaminará por causa dum morto entre o seu povo,
2 salvo por um seu parente mais chegado: por sua mãe ou por seu pai, por seu filho ou por sua filha, por seu irmão,
3 ou por sua irmã virgem, que lhe é chegada, que ainda não tem marido; por ela também pode contaminar-se.
4 O sacerdote, sendo homem principal entre o seu povo, não se profanará, assim contaminando-se.
5 Não farão os sacerdotes calva na cabeça, e não raparão os cantos da barba, nem farão lacerações na sua carne.
6 santos serão para seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus; porque oferecem as ofertas queimadas do senhor, que são o pão do seu Deus; portanto serão santos.
7 Não tomarão mulher prostituta ou desonrada, nem tomarão mulher repudiada de seu marido; pois o sacerdote é santo para seu Deus.
8 Portanto o santificarás; porquanto oferece o pão do teu Deus, santo te será; pois eu, o Senhor, que vos santifico, sou santo.
9 E se a filha dum sacerdote se profanar, tornando-se prostituta, profana a seu pai; no fogo será queimada.
10 Aquele que é sumo sacerdote entre seus irmãos, sobre cuja cabeça foi derramado o óleo da unção, e que foi consagrado para vestir as vestes sagradas, não descobrirá a cabeça nem rasgará a sua vestidura;
11 e não se chegará a cadáver algum; nem sequer por causa de seu pai ou de sua, mãe se contaminará;
12 não sairá do santuário, nem profanará o santuário do seu Deus; pois a coroa do óleo da unção do seu Deus está sobre ele. Eu sou o Senhor.
13 E ele tomará por esposa uma mulher na sua virgindade.
14 Viúva, ou repudiada, ou desonrada, ou prostituta, destas não tomará; mas virgem do seu povo tomará por mulher.
15 E não profanará a sua descendência entre o seu povo; porque eu sou o Senhor que o santifico.
16 Disse mais o Senhor a Moisés:
17 Fala a Arão, dizendo: Ninguém dentre os teus descendentes, por todas as suas gerações, que tiver defeito, se chegará para oferecer o pão do seu Deus.
18 Pois nenhum homem que tiver algum defeito se chegará: como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos,
19 ou homem que tiver o pé quebrado, ou a mão quebrada,
20 ou for corcunda, ou anão, ou que tiver belida, ou sarna, ou impigens, ou que tiver testículo lesado;
21 nenhum homem dentre os descendentes de Arão, o sacerdote, que tiver algum defeito, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; ele tem defeito; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus.
22 Comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo;
23 contudo, não entrará até o véu, nem se chegará ao altar, porquanto tem defeito; para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico.


24 Moisés, pois, assim falou a Arão e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel.” (Lev 21.1-24).



Levítico 22

A Reverência Devida a Deus

O capítulo 22 de Levítico ratifica e apresenta novas leis relativas ao cuidado que se deveria ter com os assuntos referentes ao ofício sacerdotal e às ofertas e à administração do tabernáculo.
O modo de se andar na casa de Deus está revelado no teor dos mandamentos destes capítulos.
Tanto os sacerdotes quanto o povo que cultuavam e serviam ao Senhor no tabernáculo deveriam obedecer às Suas prescrições relativas às coisas santas oferecidas no santuário.
Isto deve ser aprendido por princípio, pelos ministros do evangelho e pelas ovelhas da igreja de Cristo.
Há um modo correto de se andar na casa do Senhor, com santo temor e reverência, para que não fiquemos sujeitos à disciplina da Nova Aliança, assim como os israelitas estavam sujeitos às penalidades da Antiga Aliança, que prescrevia inclusive a morte para aqueles que não tivessem o devido respeito às coisas sagradas.
Quantos não adoeceram e não foram mortos na igreja de Corinto por falta de reverência para com a ceia do Senhor?
Não foram poucos, conforme afirma o apóstolo Paulo.
A Lei nos revela que o nosso Deus é um Deus zeloso e criterioso.
Ele revelou na Lei que exige ordem e decência por parte daqueles que O cultuam e servem.
Ele é misericordioso, e nos oferece a graça e a justificação para nos salvar, mas isto nos é dado visando à nossa santificação, e não como o salvo conduto para vivermos no pecado.
Ele revelou que exige santidade daqueles que dEle se aproximam e que pratiquem o que é justo.
O povo deve se abster daquilo que Ele lhes tem vedado e deve fazer tudo aquilo que lhes tem ordenado.
Pois demonstra que tem associado juízos em forma de penalidades aos transgressores da Sua vontade.
Disso se aprende que não devemos provocar o zelo do Senhor, como ensina o apóstolo Paulo, pois não somos mais fortes do que Ele (I Cor 10.22).
Há um grande abrandamento dos juízos de Deus na Nova Aliança, por causa da expiação realizada por Cristo, mas não houve de modo nenhum a remoção total dos seus juízos e muito menos da consideração de Deus relativa aos nossos pecados, que ainda que perdoados por Ele, por causa do sacrifício de Cristo, não somos isentados de nossa responsabilidade quanto às consequências de nossas transgressões.
O Evangelho não contém qualquer juízo, porque é a oferta da justiça de Cristo para perdoar todos os nossos pecados e nos livrar da condenação eterna.
Mas a rejeição do modo de vida ordenado no evangelho, pela transgressão deliberada da vontade de Deus, nos sujeita aos seus juízos corretivos, ainda que não mais para uma condenação eterna.
Todavia, nos casos de pecados cometidos, por aqueles que mantenham o temor de Deus, e os confessem e abandonem, há a cobertura da graça misericordiosa de Deus.
Isto está exemplificado na Lei, porque impedia os sacerdotes que tivessem se contaminado cerimonialmente, pelo contato com alguma coisa considerada imunda pela Lei, mas ficariam impedidos de ministrarem somente até à tarde, em razão da sua imundície, e vemos que há aqui este ensino de impedimentos temporários nos ministérios em razão de pecados praticados pelo ministro.
As consolações, operações, dons e capacitações do Espírito podem ser suspensos temporariamente por Deus na vida de Seus ministros, para que aprendam o temor e a santidade que Lhe são devidos.    
 Ninguém tinha o direito de comer das coisas santas oferecidas no tabernáculo a não ser a descendência dos sacerdotes.
Nem amigos achegados do sacerdote tinham este direito.
Nem mesmo uma filha de sacerdote que tivesse se casado com um estrangeiro.
Isto é uma clara figura da Lei relativa ao fato de que qualquer pessoa que não faça parte da família de Deus, por não estar unida pelos laços familiares a Cristo, por meio da fé nele, tem o direito reconhecido por Deus de participar dos benefícios que estão associados ao Sumo Sacerdote da nossa fé.
Ninguém pode se alimentar de Cristo se não estiver aliançado com Ele.
Ninguém que seja estranho a Cristo tem parte nEle e em nada que seja dEle.
Quem não se ajunta com Ele, espalha.
Para participar das coisas santas do Senhor é exigida pureza de espírito, como foi bem ilustrado por Jesus, quando lavou os pés dos apóstolos, para que pudessem participar da Ceia com Ele.
Eles já haviam sido lavados pela Palavra, ou seja, já eram cristãos convertidos, mas toda impureza deve ser lavada pelo Senhor, para que possamos participar dignamente da Sua mesa, porque Ele é inteiramente santo.
Ninguém em imundície, por causa do pecado, tem o direito de participar juntamente com Ele da Sua mesa.
É preciso primeiro confessar e abandonar o pecado.
Como Ele nos exortou e ensinou, é um dever de todos os líderes de cooperarem mutuamente uns com os outros, lavando mutuamente os pés uns dos outros, através da exortação segundo a Palavra da verdade e pela oração intercessória em favor uns dos outros, especialmente para a santificação pelo Espírito.
Do primeiro ao décimo sexto versículo deste 22º capítulo são citadas leis relativas a se comer as coisas santas, e do décimo sétimo ao trigésimo terceiro, são citadas leis relativas às condições dos animais oferecidos em sacrifício, que deveriam ser sem defeito.
Isto ensina que não somente a pessoa deve ser pura, como também o serviço e a adoração que ela oferece a Deus.
Assim, os ministros de Deus que aceitam qualquer ato como válido na adoração, sem terem o zelo de impedir o uso de coisas que sejam contrárias à Sua vontade, cometem um maior pecado do que aqueles que oferecem tais “sacrifícios de louvor, ou de serviços” que são aprovados por eles como sendo aceitáveis.



“1 Depois disse o Senhor a Moisés:
2 Dize a Arão e a seus filhos que se abstenham das coisas sagradas dos filhos de Israel, as quais eles a mim me santificam, e que não profanem o meu santo nome. Eu sou o Senhor.
3 Dize-lhes: Todo homem dentre os vossos descendentes pelas vossas gerações que, tendo sobre si a sua imundícia, se chegar às coisas sagradas que os filhos de Israel santificam ao Senhor, aquela alma será extirpada da minha presença. Eu sou o Senhor.
4 Ninguém dentre os descendentes de Arão que for leproso, ou tiver fluxo, comerá das coisas sagradas, até que seja limpo. Também o que tocar em alguma coisa tornada imunda por causa e um morto, ou aquele de quem sair o sêmen
5 ou qualquer que tocar em algum animal que se arrasta, pelo qual se torne imundo, ou em algum homem, pelo qual se torne imundo, seja qual for a sua imundícia,
6 o homem que tocar em tais coisas será imundo até a tarde, e não comerá das coisas sagradas, mas banhará o seu corpo em água
7 e, posto o sol, então será limpo; depois comerá das coisas sagradas, porque isso é o seu pão.
8 Do animal que morrer por si, ou do que for dilacerado por feras, não comerá o homem, para que não se contamine com ele. Eu sou o Senhor.
9 Guardarão, pois, o meu mandamento, para que, havendo-o profanado, não levem pecado sobre si e morram nele. Eu sou o Senhor que os santifico.
10 Também nenhum estranho comerá das coisas sagradas; nem o hóspede do sacerdote, nem o jornaleiro, comerá delas.
11 Mas aquele que o sacerdote tiver comprado com o seu dinheiro, e o nascido na sua casa, esses comerão do seu pão.
12 Se a filha de um sacerdote se casar com um estranho, ela não comerá da oferta alçada das coisas sagradas.
13 Mas quando a filha do sacerdote for viúva ou repudiada, e não tiver filhos, e houver tornado para a casa de seu pai, como na sua mocidade, do pão de seu pai comerá; mas nenhum estranho comerá dele.
14 Se alguém por engano comer a coisa sagrada, repô-la-á, acrescida da quinta parte, e a dará ao sacerdote como a coisa sagrada.
15 Assim não profanarão as coisas sagradas dos filhos de Israel, que eles oferecem ao Senhor,
16 nem os farão levar sobre si a iniquidade que envolve culpa, comendo as suas coisas sagradas; pois eu sou o Senhor que as santifico.
17 Disse mais o Senhor a Moisés:
18 Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Todo homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, que oferecer a sua oferta, seja dos seus votos, seja das suas ofertas voluntárias que oferecerem ao Senhor em holocausto,
19 para que sejais aceitos, oferecereis macho sem defeito, ou dos novilhos, ou dos cordeiros, ou das cabras.
20 Nenhuma coisa, porém, que tiver defeito oferecereis, porque não será aceita a vosso favor.
21 E, quando alguém oferecer sacrifício de oferta pacífica ao Senhor para cumprir um voto, ou para oferta voluntária, seja do gado vacum, seja do gado miúdo, o animal será perfeito, para que seja aceito; nenhum defeito haverá nele.
22 O cego, ou quebrado, ou aleijado, ou que tiver úlceras, ou sarna, ou impigens, estes não oferecereis ao Senhor, nem deles poreis oferta queimada ao Senhor sobre o altar.
23 Todavia, um novilho, ou um cordeiro, que tenha algum membro comprido ou curto demais, poderás oferecer por oferta voluntária, mas para cumprir voto não será aceito.
24 Não oferecereis ao Senhor um animal que tiver testículo machucado, ou moído, ou arrancado, ou lacerado; não fareis isso na vossa terra.
25 Nem da mão do estrangeiro oferecereis de alguma dessas coisas o pão do vosso Deus; porque a sua corrupção nelas está; há defeito nelas; não serão aceitas a vosso favor.
26 Disse mais o Senhor a Moisés:
27 Quando nascer um novilho, ou uma ovelha, ou uma cabra, por sete dias ficará debaixo de sua mãe; depois, desde o dia oitavo em diante, será aceito por oferta queimada ao Senhor.
28 Também, seja vaca ou seja ovelha, não a imolareis a ela e à sua cria, ambas no mesmo dia.
29 E, quando oferecerdes ao Senhor sacrifício de ação de graças, oferecê-lo-eis de modo a serdes aceitos.
30 No mesmo dia se comerá; nada deixareis ficar dele até pela manhã. Eu sou o Senhor.
31 Guardareis os meus mandamentos, e os cumprireis. Eu sou o Senhor.
32 Não profanareis o meu santo nome, e serei santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor que vos santifico,


33 que vos tirei da terra do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor.” (Lev 22.1-33).



Levítico 23

As Festas do Velho Testamento

No 23º capítulo de Levítico nós vemos Deus dizendo às pessoas do Seu povo que cressem nEle, porque por meio da fé na expiação operada pelo sacrifício, Ele perdoaria todas as suas iniquidades, de modo que deveriam permanecer na fé nEle porque tudo Lhe é possível.
Não há impossíveis para Deus.
Assim, seriam purificados de todos os seus pecados, e poderiam participar com alegria das festividades estabelecidas por Ele, que eram o símbolo da alegria da comunhão que é decorrente da alegria e descanso que têm nEle, aqueles que nEle confiam e que temem e guardam a Sua Palavra.
As festas deste capítulo são como que um anúncio da parte do Senhor ao Seu povo nestes termos:
“Diga a eles que tenham fé e assim poderão guardar a minha Palavra, porque tudo me é possível, e eu mesmo os purificarei, eu mesmo os capacitarei, eu mesmo os santificarei, pelo meu próprio poder, e eles devem crer nisso porque tudo é possível ao que crê, que por meio do sacrifício todos os seus pecados foram perdoados, e que a sua iniquidade foi esquecida.”
Estas festas de Israel eram instituídas então, não por mandamento carnal, para ser atendido pela carne, mas como mandamento espiritual para que o ajuntamento solene de Israel fosse feito com fé e em santidade, nas ocasiões festivas.
Mas ao longo de suas gerações eles transgrediram o mandamento, pela falta de fé e de santidade, de modo que foram proferidas contra eles as palavras que lemos em Isaías Is 1.11-20.

Destacamos deste texto de Isaías as palavras dos versículos 12 a 14, nas quais vemos claramente que não há razão para festa aos olhos de Deus, quando falta a fé e a santidade em Seu povo.
Quando o atendimento de Suas ordenanças vira um mero cumprimento formal e religioso, por motivos carnais, e não um ato de devoção sincero do coração regenerado.
As festas de Israel eram anúncios proféticos das coisas que se realizariam por meio de Cristo, especialmente em relação à igreja, e por isso eram designadas como santas convocações (v.2).
Elas apontavam para a reunião de Cristo com o Seu povo.
O sábado (v.3) representava o descanso dos cristãos no Seu Deus.
Profeticamente sinaliza para aquele grande dia em que o Senhor descansará do trabalho da nova criação, que está realizando por meio de Cristo, e especialmente pela conversão dos pecadores para habitarem com Ele num descanso que adentrará a eternidade.
Este descanso seria devido à redenção operada pelo sangue de Cristo, e então Israel deveria celebrar anualmente a Páscoa (v. 4-8), como memorial do livramento da destruição pelo anjo, quando este passou pelos lares dos israelitas, e se desviou por causa do sangue que havia sobre as vergas e umbrais das portas de suas casas.
Por sete dias, não poderia haver fermento nas casas, representando a santidade, a sinceridade, a purificação dos pecados que é devida a Deus pelo Seu povo, em razão da redenção que experimentaram pela fé no sangue do sacrifício.
Como veremos adiante, é interessante observar que há uma conexão entre todas estas festas instituídas pelo Senhor.
A festa das primícias, em que deveriam ser apresentados no tabernáculo um molho da primeira colheita de trigo feita na terra de Canaã (Êx 34.22).
Esta primeira colheita deveria ser consagrada ao Senhor para que os israelitas fossem aceitos por Ele.
Evidentemente isto aponta em figura para Cristo, porque Ele é a primícia da criação, e particularmente do povo de Deus.
Sem que Ele se oferecesse ao Pai como representante de toda a colheita, ninguém poderia ser aceito como filho de Deus.
É importante frisar que esta oferta deveria ser feita num domingo (v. 12), que foi o dia em que Jesus ressuscitou como sinal da aceitação pelo Pai da Sua obra de redenção dos pecadores (I Cor 15.20, 23).  
Evidentemente, este primeiro fruto da terra de Canaã seria apresentado no ano em que eles entrassem na terra e a cultivassem, e isto aponta também de modo muito específico para o sacrifício de Jesus, que seria uma única oferta, feita num determinado dia, e que determinaria para sempre a aceitação do Seu povo pelo Pai (Hb 9.28; 10.14).
Mas, para representar a primeira colheita que seria feita pelo Espírito Santo, que seria derramado no dia de Pentecoste, iniciando a Sua obra de salvação dos pecadores em todo o mundo, foi designada a festa de Pentecoste (Lev 23.15-21), que tinha o nome de festa das semanas (Êx 34.22; Dt 16.10; II Cr 8.13)  ou da sega dos primeiros frutos (Êx 23.16).
Em Jos 5.10,11 nós lemos o seguinte:
“Estando, pois, os filhos de Israel acampados em Gilgal, celebraram a páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas planícies de Jericó. E, ao outro dia depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do produto da terra, pães ázimos e espigas tostadas.”
 Aqui está relatado o cumprimento da ordenança relativa à Páscoa e às Primícias.
A celebração do Pentecoste seria feita cinquenta dias após a Páscoa.
Contando-se sete semanas a partir do domingo em que havia sido oferecida a oferta das primícias.
O Pentecoste caía então também num domingo e deveria ser celebrado todos os anos num domingo contado a partir do domingo da Páscoa.    
Qual seria o sentido lógico de se contar estes cinquenta dias a partir da Páscoa para celebrar outra festa, se não houvesse um fato significativo associado a isto como o derramar do Espírito Santo exatamente naquele dia em que se celebrava esta festividade em Israel?
Certamente aquele foi  um dia especial para Deus e para todo o Seu povo espalhado na face da terra, porque foi o início do estabelecimento da igreja em todo o mundo.
Deus não seria mais apenas o Deus de Israel, mas o Deus de todos aqueles que em todas as nações constituem o Seu povo, por estarem unidos pela fé a Cristo.
Uma Nova Aliança seria colocada em marcha a partir daquele dia, em todas as nações do mundo.
Isto é marcado como uma ocasião para ser festejada com muita alegria, porque a bênção de Abraão chegaria aos gentios em Jesus Cristo, para que recebessem pela fé o Espírito prometido (Gál 3.14; Joel 2.28).
Até então o Espírito Santo operava quase que exclusivamente em Israel, mas passaria a operar em todo o mundo, porque a Antiga Aliança havia sido substituída pela Nova (Jer 31.31-34).
Em Lev 23.24,25 é ordenado que no primeiro dia do sétimo mês deveria ser feita uma solene convocação da nação com sonidos de trombeta, e nenhuma obra deveria ser feita neste dia, isto é, ele seria um feriado nacional pela importância da expiação que seria faria no décimo dia daquele mês, e a festa dos tabernáculos a partir do décimo quinto dia, que seria celebrada durante sete dias.
Em Lev 23.26-32 é citado do dia da expiação nacional que já estudamos no capítulo dezesseis, sendo que aqui se faz uma ênfase especial ao fato de que os israelitas deveriam afligir as suas almas neste dia.
Este dia é contado entre as festas solenes do Senhor (v. 2), mas se destaca que a alegria deste dia somente deveria ser manifestada depois que afligissem suas almas, confessando seus pecados, e depois de terem sido feitos os serviços relativos à expiação do pecado de todo o povo, pelo sumo sacerdote.
Há inclusive uma ameaça para aqueles que não afligissem suas almas neste dia da expiação, de serem eliminados do povo, e caso fizessem alguma obra neste dia, seriam também destruídos pelo Senhor (v. 29,30).
O dia da expiação deveria ser observado no décimo dia do sétimo mês (v.27), e a Festa dos Tabernáculos (v. 33-44) deveria ser observada por sete dias a contar do décimo quinto dia deste mesmo mês sétimo (v. 34).
Esta festa celebrava a última colheita do ano (v.39).
Assim, depois de cinco dias contados a partir do dia da expiação nacional, em que deveriam afligir as suas almas, viria a celebração desta festa, em que era ordenado por Deus que se alegrassem naqueles sete dias, em vez de afligirem as suas almas (v.40).
O povo habitaria em tendas naqueles sete dias para que recordassem que o Senhor havia feito com que habitassem em tendas quando os tirou da terra do Egito (v.42,43).
Assim, aquela festa tinha por principal propósito recordar a libertação da escravidão, e a expiação que foi feita pelo sacrifício oferecido no dia da expiação, e isto era motivo para alegria.
Deste modo, há aqui uma figura bastante significativa de que o cristão tem motivo para se regozijar sempre (representado naqueles sete dias), e o dever de se alegrar sempre no Senhor, porque teve a culpa dos seus pecados expiada por Cristo, e foi liberto da escravidão do pecado e do reino das trevas para sempre, em razão da expiação que foi feita em seu favor pelo Senhor.




“1 Depois disse o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: As festas fixas do Senhor, que proclamareis como santas convocações, são estas:
3 Seis dias se fará trabalho, mas o sétimo dia é o sábado do descanso solene, uma santa convocação; nenhum trabalho fareis; é sábado do Senhor em todas as vossas habitações.
4 São estas as festas fixas do Senhor, santas convocações, que proclamareis no seu tempo determinado:
5 No mês primeiro, aos catorze do mês, à tardinha, é a páscoa do Senhor.
6 E aos quinze dias desse mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos.
7 No primeiro dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.
8 Mas por sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; ao sétimo dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.
9 Disse mais o Senhor a Moisés:
10 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes entrado na terra que eu vos dou, e segardes a sua sega, então trareis ao sacerdote um molho das primícias da vossa sega;
11 e ele moverá o molho perante o Senhor, para que sejais aceitos. No dia seguinte ao sábado o sacerdote o moverá.
12 E no dia em que moverdes o molho, oferecereis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto ao Senhor.
13 Sua oferta de cereais será dois décimos de efa de flor de farinha, amassada com azeite, para oferta queimada em cheiro suave ao Senhor; e a sua oferta de libação será de vinho, um quarto de him.
14 E não comereis pão, nem trigo torrado, nem espigas verdes, até aquele mesmo dia, em que trouxerdes a oferta do vosso Deus; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações.
15 Contareis para vós, desde o dia depois do sábado, isto é, desde o dia em que houverdes trazido o molho da oferta de movimento, sete semanas inteiras;
16 até o dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinquenta dias; então oferecereis nova oferta de cereais ao Senhor.
17 Das vossas habitações trareis, para oferta de movimento, dois pães de dois décimos de efa; serão de flor de farinha, e levedados se cozerão; são primícias ao Senhor.
18 Com os pães oferecereis sete cordeiros sem defeito, de um ano, um novilho e dois carneiros; serão holocausto ao Senhor, com as respectivas ofertas de cereais e de libação, por oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.
19 Também oferecereis um bode para oferta pelo pecado, e dois cordeiros de um ano para sacrifício de ofertas pacíficas.
20 Então o sacerdote os moverá, juntamente com os pães das primícias, por oferta de movimento perante o Senhor, com os dois cordeiros; santos serão ao Senhor para uso do sacerdote.
21 E fareis proclamação nesse mesmo dia, pois tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; é estatuto perpétuo em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.
22 Quando fizeres a sega da tua terra, não segarás totalmente os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o Senhor vosso Deus.
23 Disse mais o Senhor a Moisés:
24 Fala aos filhos de Israel: No sétimo mês, no primeiro dia do mês, haverá para vós descanso solene, em memorial, com sonido de trombetas, uma santa convocação.
25 Nenhum trabalho servil fareis, e oferecereis oferta queimada ao Senhor.
26 Disse mais o Senhor a Moisés:
27 Ora, o décimo dia desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor.
28 Nesse dia não fareis trabalho algum; porque é o dia da expiação, para nele fazer-se expiação por vós perante o Senhor vosso Deus.
29 Pois toda alma que não se afligir nesse dia, será extirpada do seu povo.
30 Também toda alma que nesse dia fizer algum trabalho, eu a destruirei do meio do seu povo.
31 Não fareis nele trabalho algum; isso será estatuto perpétuo pelas vossas gerações em todas as vossas habitações.
32 Sábado de descanso vos será, e afligireis as vossas almas; desde a tardinha do dia nono do mês até a outra tarde, guardareis o vosso sábado.
33 Disse mais o Senhor a Moisés:
34 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Desde o dia quinze desse sétimo mês haverá a festa dos tabernáculos ao Senhor por sete dias.
35 No primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.
36 Por sete dias oferecereis ofertas queimadas ao Senhor; ao oitavo dia tereis santa convocação, e oferecereis oferta queimada ao Senhor; será uma assembleia solene; nenhum trabalho servil fareis.
37 Estas são as festas fixas do Senhor, que proclamareis como santas convocações, para oferecer-se ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de cereais, sacrifícios e ofertas de libação, cada qual em seu dia próprio;
38 além dos sábados do Senhor, e além dos vossos dons, e além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas ofertas voluntárias que derdes ao Senhor.
39 Desde o dia quinze do sétimo mês, quando tiverdes colhido os frutos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; no primeiro dia haverá descanso solene, e no oitavo dia haverá descanso solene.
40 No primeiro dia tomareis para vós o fruto de árvores formosas, folhas de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus por sete dias.
41 E celebrá-la-eis como festa ao Senhor por sete dias cada ano; estatuto perpétuo será pelas vossas gerações; no mês sétimo a celebrareis.
42 Por sete dias habitareis em tendas de ramos; todos os naturais em Israel habitarão em tendas de ramos,
43 para que as vossas gerações saibam que eu fiz habitar em tendas de ramos os filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.


44 Assim declarou Moisés aos filhos de Israel as festas fixas do Senhor.” (Lev 23.1-44).


Levítico 24

A Blasfêmia do Nome de Deus

No capítulo 24 de Levítico nós temos uma repetição das leis relativas à obrigação de se manter o candelabro aceso (v. 2-4); e à mesa dos pães do tabernáculo (v. 5-9), quanto à forma como os pães deveriam ser colocados na mesa, em duas fileiras com seis pães em cada uma, e que cada um dos pães deveria ser feito com dois décimos de um efa de farinha, e deveriam ser trocados a cada sábado.
Nos versículos 10-16, 23 está registrado o apedrejamento de um jovem, filho de uma israelita com um egípcio, que havia blasfemado o nome do Senhor e O amaldiçoado.
Ele foi aprisionado até que fosse dito o que deveria ser feito pelo Senhor.
Deus disse a Moisés que ele deveria ser levado para fora do arraial e ser apedrejado pela congregação até que fosse morto.
Isto deu ensejo a que fosse pronunciada a lei para os casos de se blasfemar o nome do Senhor (v. 16), que sendo uma tentativa de se destruir a honra do Nome de Deus, deveria receber a justa retribuição de ser destruído todo aquele que agisse contra a honra do autor da vida.
A sentença deveria ser executada por toda a congregação, para que exibissem o zelo deles em favor da honra do nome do Senhor.
Na Nova Aliança, Jesus removeu a imperdoabilidade do pecado de blasfêmia contra o nome de Deus, quando disse que até o falar contra o Filho do homem poderia ser perdoado aos homens por Ele nesta nova dispensação da graça, assim como qualquer outro pecado dos homens, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo, que identifica aquele pecado de negar a obra que é feita por Ele, quando se tem esta convicção por revelação divina, assim como ocorreu com muitos fariseus nos dias do ministério terreno de Jesus, que atribuíam as obras que eles sabiam por convicção serem realizadas pelo Espírito, a Belzebu, o maioral dos demônios.
Como é pelo novo nascimento do Espírito Santo e santificação operada por Ele nos corações dos homens, que eles podem ser perdoados e salvos, então, por conseguinte, não pode haver salvação para aqueles que resistem ao próprio Espírito Santo de Deus.
A Antiga Aliança ensinava em figura quão perigoso é blasfemar contra Deus, pois se o homem se coloca voluntariamente contra Ele, por fim será morto e com a pior das mortes, que é a morte eterna, simbolizada naquela morte por apedrejamento.
Para marcar o caráter de gravidade de se blasfemar o nome de Deus e amaldiçoá-lo, juntamente com o pronunciamento da lei contra aquele que havia blasfemado, o Senhor reconfirmou a lei do olho por olho, dente por dente, indicando que a morte de um animal poderia ser reparada com a substituição por outro igual (v. 18, 21a), mas quem matasse um homem deveria ser também morto (v. 17, 21b).  



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Ordena aos filhos de Israel que te tragam, para o candeeiro, azeite de oliveira, puro, batido, a fim de manter uma lâmpada acesa continuamente.
3 Arão a conservará em ordem perante o Senhor, continuamente, desde a tarde até a manhã, fora do véu do testemunho, na tenda da revelação; será estatuto perpétuo pelas vossas gerações.
4 Sobre o candelabro de ouro puro conservará em ordem as lâmpadas perante o Senhor continuamente.
5 Também tomarás flor de farinha, e dela cozerás doze pães; cada pão será de dois décimos de efa.
6 E pô-los-ás perante o Senhor, em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa de ouro puro.
7 Sobre cada fileira porás incenso puro, para que seja sobre os pães como memorial, isto é, como oferta queimada ao Senhor;
8 em cada dia de sábado, isso se porá em ordem perante o Senhor continuamente; e, a favor dos filhos de Israel, um pacto perpétuo.
9 Pertencerão os pães a Arão e a seus filhos, que os comerão em lugar santo, por serem coisa santíssima para eles, das ofertas queimadas ao Senhor por estatuto perpétuo.
10 Naquele tempo apareceu no meio dos filhos de Israel o filho duma mulher israelita, o qual era filho dum egípcio; e o filho da israelita e um homem israelita pelejaram no arraial;
11 e o filho da mulher israelita blasfemou o Nome, e praguejou; pelo que o trouxeram a Moisés. Ora, o nome de sua mãe era Selomite, filha de Dibri, da tribo de Dã.
12 Puseram-no, pois, em detenção, até que se lhes fizesse declaração pela boca do Senhor.
13 Então disse o Senhor a Moisés:
14 Tira para fora do arraial o que tem blasfemado; todos os que o ouviram porão as mãos sobre a cabeça dele, e toda a congregação o apedrejará.
15 E dirás aos filhos de Israel: Todo homem que amaldiçoar o seu Deus, levará sobre si o seu pecado.
16 E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará. Tanto o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome do Senhor, será morto.
17 Quem matar a alguém, certamente será morto;
18 e quem matar um animal, fará restituição por ele, vida por vida.
19 Se alguém desfigurar o seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito:
20 quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado algum homem, assim lhe será feito.
21 Quem, pois, matar um animal, fará restituição por ele; mas quem matar um homem, será morto.
22 uma mesma lei tereis, tanto para o estrangeiro como para o natural; pois eu sou o Senhor vosso Deus.
23 Então falou Moisés aos filhos de Israel. Depois eles levaram para fora do arraial aquele que tinha blasfemado e o apedrejaram. Fizeram, pois, os filhos de Israel como o Senhor ordenara a Moisés.” (Lev 24.1-23).


Levítico 25

Leis Relativas à Propriedade

A lei do 25º capítulo de Levítico se refere às terras e às propriedades dos Israelitas em Canaã, porque assim como o tabernáculo era uma casa santa, assim toda a terra de Canaã era considerada uma terra santa, porque era a habitação do povo do Senhor.
Deus demonstrou o Seu direito de dispor sobre esta terra (v. 23), determinando que cada sétimo ano deveria ser um ano de descanso na ocupação da terra, um ano sabático (v. 1-7).
Nisto, o Senhor esperava de Seu povo um exemplo extraordinário de fé e de obediência, e eles poderiam esperar dEle exemplos extraordinários de poder e de bondade, que lhes seriam providos (v. 18-22).
E a cada cinquenta anos seria um ano de jubileu, isto é, um ano de perdão de dívidas e de hipotecas, com a volta da posse das terras alienadas aos seus antigos proprietários (v. 8-17).
Há direções particulares relativas à venda e redenção de terras (v. 23-28); de casas em cidades e em aldeias, com uma condição para as cidades dos levitas (v. 29-34); e à libertação e comercialização de escravos (35-55).
No ano de jubileu as trombetas deveriam soar em toda a nação de Israel, no décimo dia do sétimo mês, isto é, exatamente no dia da expiação nacional, para proclamar a libertação que estava associada àquele quinquagésimo ano (v. 8-10).
Isto é provavelmente uma figura do arrebatamento da igreja, que ocorrerá ao soar da trombeta (Mt 24.31; I Cor 15.52; I Tes 4.16; Apo 10.7; 11.15), quando a criação será libertada do cativeiro da corrupção (Rom 8.21).
Este é o grande evento esperado pelos cristãos, tanto do céu quanto da terra.
Há, portanto uma bela figura disto na Lei, porque somente depois de cinquenta anos na terra, que as trombetas soariam anunciando para o povo de Deus o tempo do resgate da terra e da libertação dos que estavam sujeitos à escravidão.
A partir do versículo oitavo deste capítulo de Levítico são dadas instruções para o ano do jubileu.
A palavra hebraica para jubileu é jobel, significando algum som específico de trombeta distinguível de qualquer outro, porque se a trombeta der sonido incerto quem se preparará para a batalha? (I Cor 14.8).
As trombetas deveriam soar em toda a nação de Israel no décimo dia do sétimo mês (v. 9), a cada cinquenta anos, e nada deveria ser plantado e nada do que nasceu de si mesmo deveria ser colhido, bem como as uvas das vinhas, que não haviam sido podadas (v. 11).
Como as propriedades deveriam voltar aos antigos proprietários neste ano, então a comercialização seria proporcional aos números de anos que faltassem para o jubileu.
Por exemplo, no caso de venda pelo proprietário original, quanto maior a proximidade, menor seria o preço da venda (v. 13-16).
Nos versos 17 a 22 é feita uma promessa de Deus que caso o povo se dispusesse a obedecer ao Seu mandamento de dar descanso à terra no sétimo ano, Ele proveria uma produção excepcional no sexto ano, para que frutificasse por três anos, assim até mesmo ultrapassaria o sétimo ano, e atingiria o oitavo (v.21).
 Eis aqui uma clara evidência de que aqueles que são obedientes ao Senhor, por um posicionamento de fé nas Suas promessas, são abençoados por Ele com bênçãos sem medida.    
Esta bênção prevista para o ano sabático (a cada sete anos), também estava assegurada para o ano do jubileu.  
No verso 23, Deus declara expressamente que os israelitas eram seus inquilinos, sendo para Ele estrangeiros e peregrinos na terra de Canaã, por isso nenhuma terra seria vendida perpetuamente, pois o Senhor afirmou: “a terra é minha”.
Na verdade, todos somos peregrinos e forasteiros neste mundo, pois nada levaremos dele conosco na morte.
Foi exatamente este critério do ano do jubileu, de voltarem os proprietários originais, à posse das suas propriedades, segundo a repartição da terra nos dias de Josué, pelas famílias israelitas, nas respectivas tribos, que garantiu e possibilitou o registro das genealogias até a vinda do Messias.
A prática de resgate determinada pela lei para os casos de recompra da propriedade, por um parente próximo, caso o proprietário não tivesse posses suficientes para readquirir a sua propriedade (v. 25); tanto quanto a libertação de alguém pobre da condição de escravo, por um familiar que agiria também como seu resgatador (v. 47-49), apontavam em figura para o trabalho de resgatador que Cristo fez em favor dos pobres pecadores, que não tinham como pagar a Deus pela sua libertação.
Cristo agiu como o nosso parente próximo, que readquiriu para nós o direito de entrarmos na posse da herança que Deus nos reservou por promessa, e que por causa do pecado, nós havíamos perdido.
Um israelita que se vendesse a outro, por falta de recursos, não poderia ser escravizado, mas tratado como empregado assalariado, e no ano do jubileu, deveria também ser posto em liberdade. (v. 39-43).
De igual modo, em Cristo, todos fazem parte da família de Deus, e todos devem se tratar como irmãos.
Na igreja caem todas as barreiras sociais, raciais etc, pelos laços comuns que passaram a ter todos os membros do corpo de Jesus.
Sendo a nação de Israel a família, o povo de Deus na Antiga Aliança, então todos os israelitas deveriam agir fraternalmente como irmãos, e por isso os inválidos do povo que viessem a empobrecer, não tendo meios para a sua subsistência, deveriam ser amparados, sendo sustentados pelo conjunto da sociedade (v. 35), e em decorrência desta fraternidade, seria vedado emprestar dinheiro a juros entre os israelitas (v. 36,37).
Uma nota que se repete neste capítulo é a afirmação de Deus que os israelitas são servos que Ele tirou da terra do Egito (v. 38, 42, 55), revelando-se assim a razão da obediência devida a Ele.
Eles eram escravos e foram libertados para pertencerem e servirem ao Senhor.
De igual modo os cristãos foram libertados por Jesus do pecado para pertencerem e servirem a Ele, nas coisas que lhes são ordenadas.
Para o propósito de ensinar em figura que o povo de Deus é livre, como já vimos antes, um israelita não poderia comprar um outro israelita como escravo, mas isto seria permitido em relação aos estrangeiros das nações ao redor  de Israel (v. 44-46).
Aqueles que são do Senhor são verdadeiramente livres, e Ele provê os meios necessários para garantir esta liberdade.




“1 Disse mais o Senhor a Moisés no monte Sinai:
2 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando tiverdes entrado na terra que eu vos dou, a terra guardará um sábado ao Senhor.
3 Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos;
4 mas no sétimo ano haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha.
5 O que nascer de si mesmo da tua sega não segarás, e as uvas da tua vide não tratada não vindimarás; ano de descanso solene será para a terra.
6 Mas os frutos do sábado da terra vos serão por alimento, a ti, e ao teu servo, e à tua serva, e ao teu jornaleiro, e ao estrangeiro que peregrina contigo,
7 e ao teu gado, e aos animais que estão na tua terra; todo o seu produto será por mantimento.
8 Também contarás sete sábados de anos, sete vezes sete anos; de modo que os dias dos sete sábados de anos serão quarenta e nove anos.
9 Então, no décimo dia do sétimo mês, farás soar fortemente a trombeta; no dia da expiação fareis soar a trombeta por toda a vossa terra.
10 E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus habitantes; ano de jubileu será para vós; pois tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família.
11 Esse ano quinquagésimo será para vós jubileu; não semeareis, nem segareis o que nele nascer de si mesmo, nem nele vindimareis as uvas das vides não tratadas.
12 Porque é jubileu; santo será para vós; diretamente do campo comereis o seu produto.
13 Nesse ano do jubileu tornareis, cada um à sua possessão.
14 Se venderdes alguma coisa ao vosso próximo ou a comprardes da mão do vosso próximo, não vos defraudareis uns aos outros.
15 Conforme o número de anos desde o jubileu é que comprarás ao teu próximo, e conforme o número de anos das colheitas é que ele te venderá.
16 Quanto mais forem os anos, tanto mais aumentarás o preço, e quanto menos forem os anos, tanto mais abaixarás o preço; porque é o número das colheitas que ele te vende.
17 Nenhum de vós oprimirá ao seu próximo; mas temerás o teu Deus; porque eu sou o Senhor vosso Deus.
18 Pelo que observareis os meus estatutos, e guardareis os meus preceitos e os cumprireis; assim habitareis seguros na terra.
19 Ela dará o seu fruto, e comereis a fartar; e nela habitareis seguros.
20 Se disserdes: Que comeremos no sétimo ano, visto que não haveremos de semear, nem fazer a nossa colheita?
21 então eu mandarei a minha bênção sobre vós no sexto ano, e a terra produzirá fruto bastante para os três anos.
22 No oitavo ano semeareis, e comereis da colheita velha; até o ano nono, até que venha a colheita nova, comereis da velha.
23 Também não se venderá a terra em perpetuidade, porque a terra é minha; pois vós estais comigo como estrangeiros e peregrinos:
24 Portanto em toda a terra da vossa possessão concedereis que seja remida a terra.
25 Se teu irmão empobrecer e vender uma parte da sua possessão, virá o seu parente mais chegado e remirá o que seu irmão vendeu.
26 E se alguém não tiver remidor, mas ele mesmo tiver enriquecido e achado o que basta para o seu resgate,
27 contará os anos desde a sua venda, e o que ficar do preço da venda restituirá ao homem a quem a vendeu, e tornará à sua possessão.
28 Mas, se as suas posses não bastarem para reavê-la, aquilo que tiver vendido ficará na mão do comprador até o ano do jubileu; porém no ano do jubileu sairá da posse deste, e aquele que vendeu tornará à sua possessão.
29 Se alguém vender uma casa de moradia em cidade murada, poderá remi-la dentro de um ano inteiro depois da sua venda; durante um ano inteiro terá o direito de a remir.
30 Mas se, passado um ano inteiro, não tiver sido resgatada, essa casa que está na cidade murada ficará, em perpetuidade, pertencendo ao que a comprou, e à sua descendência; não sairá o seu poder no jubileu.
31 Todavia as casas das aldeias que não têm muro ao redor serão consideradas como o campo da terra; poderão ser remidas, e sairão do poder do comprador no jubileu.
32 Também, no tocante às cidades dos levitas, às casas das cidades da sua possessão, terão eles direito perpétuo de remi-las.
33 E se alguém comprar dos levitas uma casa, a casa comprada e a cidade da sua possessão sairão do poder do comprador no jubileu; porque as casas das cidades dos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel.
34 Mas o campo do arrabalde das suas cidades não se poderá vender, porque lhes é possessão perpétua.
35 Também, se teu irmão empobrecer ao teu lado, e lhe enfraquecerem as mãos, sustentá-lo-ás; como estrangeiro e peregrino viverá contigo.
36 Não tomarás dele juros nem ganho, mas temerás o teu Deus, para que teu irmão viva contigo.
37 Não lhe darás teu dinheiro a juros, nem os teus víveres por lucro.
38 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos dar a terra de Canaã, para ser o vosso Deus.
39 Também, se teu irmão empobrecer ao teu lado e vender-se a ti, não o farás servir como escravo.
40 Como jornaleiro, como peregrino estará ele contigo; até o ano do jubileu te servirá;
41 então sairá do teu serviço, e com ele seus filhos, e tornará à sua família, à possessão de seus pais.
42 Porque são meus servos, que tirei da terra do Egito; não serão vendidos como escravos.
43 Não dominarás sobre ele com rigor, mas temerás o teu Deus.
44 E quanto aos escravos ou às escravas que chegares a possuir, das nações que estiverem ao redor de vós, delas é que os comprareis.
45 Também os comprareis dentre os filhos dos estrangeiros que peregrinarem entre vós, tanto dentre esses como dentre as suas famílias que estiverem convosco, que tiverem eles gerado na vossa terra; e vos serão por possessão.
46 E deixá-los-eis por herança aos vossos filhos depois de vós, para os herdarem como possessão; desses tomareis os vossos escravos para sempre; mas sobre vossos irmãos, os filhos de Israel, não dominareis com rigor, uns sobre os outros.
47 Se um estrangeiro ou peregrino que estiver contigo se tornar rico, e teu irmão, que está com ele, empobrecer e vender-se ao estrangeiro ou peregrino que está contigo, ou à linhagem da família do estrangeiro,
48 depois que se houver vendido, poderá ser remido; um de seus irmãos o poderá remir;
49 ou seu tio, ou o filho de seu tio, ou qualquer parente chegado da sua família poderá remi-lo; ou, se ele se tiver tornado rico, poderá remir-se a si mesmo.
50 E com aquele que o comprou fará a conta desde o ano em que se vendeu a ele até o ano do jubileu; e o preço da sua venda será conforme o número dos anos; conforme os dias de um jornaleiro estará com ele.
51 Se ainda faltarem muitos anos, conforme os mesmos restituirá, do dinheiro pelo qual foi comprado, o preço da sua redenção;
52 e se faltarem poucos anos até o ano do jubileu, fará a conta com ele; segundo o número dos anos restituirá o preço da sua redenção.
53 Como servo contratado de ano em ano, estará com o comprador; o qual não dominará sobre ele com rigor diante dos teus olhos.
54 E, se não for remido por nenhum desses meios, sairá livre no ano do jubileu, e com ele seus filhos.


55 Porque os filhos de Israel são meus servos; eles são os meus servos que tirei da terra do Egito. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lev 25.1-55).



Levítico 26

As Bênçãos e a Gradação dos Juízos de Deus

No capítulo 26 de Levítico, depois de uma breve exortação à proibição da idolatria, e à obrigação de se guardar o sábado (v.1,2), são descritas as promessas decorrentes da prática dos estatutos e mandamentos da Lei (v.3-13), e as ameaças e castigos relativos ao seu descumprimento (v.14-39), com a correspondente promessa de restauração, em caso de arrependimento (v. 45).
Nas promessas dos versos 14 a 39 está claramente revelado que a bênção do Senhor está associada à obediência à Sua Palavra.
Este é o segredo de um viver vitorioso neste mundo.
Uma obediência prática de quem cumpre aquilo que é exigido por Deus.
O homem foi criado para obedecer à vontade do Senhor, de modo que Ele possa ser glorificado e honrado.
O pecado que opera na natureza terrena é o maior inimigo do homem, e também de Deus, até mesmo mais do que o próprio diabo, que por todos os meios tenta impedir que se obedeça à vontade do Senhor, e que se viva em consequência, em comunhão com Ele.
Se o cristão andar na carne e não no Espírito, a poderosa mão do Senhor o provará, de modo que na aflição venha a se humilhar, se quebrantar, e submeter-se finalmente a fazer a Sua vontade, com um espírito humilde, submisso, obediente.
Aquele que assim se humilhar, não sendo obstinado em fazer a própria vontade, mas a do Senhor, revelada em Sua Palavra, será por Ele exaltado, conforme tem prometido.
Se a Lei é espiritual, se o mandamento não é carnal, então o velho homem nunca estará disposto a cumprir os mandamentos de Deus.
Os mandamentos são cumpridos somente quando se anda no Espírito, vencendo-se a cobiça da carne.
A carne deve ser subjugada pelo poder de Deus e então as bênçãos do Senhor virão sobre nós em forma de paz, autoridade espiritual, amor, prosperidade e toda sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus.
A propósito, as promessas de bênçãos da Nova Aliança são superiores e melhores (Hb 8.6) do que as da Antiga, como as que estão relacionadas neste 26º capitulo de Números.
Vale a pena ser obediente a Deus, porque promessas de bênçãos estão associadas para aqueles que O obedecem, e o Senhor é fiel em cumprir as Suas promessas (Hb 10.23; 11.11).    
O segredo de uma vida feliz e verdadeiramente vitoriosa está pois em ser obediente a Deus, nas coisas que são por Ele ordenadas.
O Novo Testamento confirma isto (Jo 14.15,21; 15.7, 14 ).
Assim, as promessas de bênçãos da Antiga Aliança, apontavam especialmente para as bênçãos espirituais e eternas, que são prometidas àqueles que têm a Cristo, e particularmente àqueles que Lhe obedecem.
As bênçãos prometidas em Levítico para a nação israelita, que era o povo depositário da aliança, eram:
·       Regularidade de chuvas e produção agrícola (v.4,5).
·       Paz na terra pela ausência de invasões inimigas (v.6) e por vitórias nas guerras (7,8).
·       Crescimento populacional pelo incremento da taxa de natalidade (v.9).
·       Garantia de alimentos (v.10).
·       Habitação de Deus entre o povo, sem lhe trazer castigos (v. 11,12).

No verso 13 Deus lembra os israelitas que lhes havia libertado do Egito para não serem seus servos, e que havia quebrado o jugo deles, fazendo-lhes andar de modo ereto.
Nestas promessas de bênçãos da Antiga Aliança, relativas ao cumprimento dos mandamentos da Lei, deve ser considerado o seguinte, quando as vislumbramos em seus princípios, quanto ao modo de serem aplicadas à igreja de Cristo na Nova Aliança:
Caso Deus examinasse rigorosamente as nossas obras, para que pudéssemos obter o Seu favor, então jamais o obteríamos, se isto fosse feito dentro dos parâmetros exigidos pela Lei.
Porque, por mais que sejam imperfeitas as obras dos cristãos, caso seja sincero o desejo deles de servirem ao Senhor, eles obterão o Seu favor por causa da intervenção do perdão prometido para a Nova Aliança (Jer 31.34).
Embora seus esforços sejam imperfeitos, no entanto eles recebem a recompensa, como se tivessem cumprido perfeita e completamente o seu dever, porque suas deficiências são colocadas longe da vista pela fé, e Deus honra a título de recompensa, aquilo que lhes tem dado gratuitamente.
Desta forma, a obediência dos cristãos não é aceitável a Deus porque eles o mereçam, mas porque Ele os visita com o Seu favor paterno.
E assim, ainda que estejam longe da perfeição, de acordo com o ensino do profeta, eles serão poupados e aceitos como filhos amados:
“E eles serão meus, diz o Senhor dos exércitos, minha possessão particular naquele dia que prepararei; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.” (Mal 3.17)
Todavia isto não se aplica para aqueles cristãos que decidem viver deliberadamente na prática do pecado, porque certamente serão corrigidos e disciplinados pelo Senhor.
Cabe destacar que o caráter das bênçãos da Antiga Aliança, era basicamente temporal, terreno, mas o caráter das bênçãos da Nova é sobretudo espiritual e eterno, porque os cristãos estão mortos juntamente com Cristo, e foram ressuscitados para viverem em novidade de vida, a saber, a vida espiritual que está escondida em Cristo (Col 3.1-3).
Os israelitas somente tinham promessas e recompensas de bênçãos temporais, na terra de Canaã, que era um símbolo da herança eterna que eles poderiam ter, caso fossem justificados pela fé, como foi o caso daqueles que viveram na terra como peregrinos e estrangeiros, como Abraão e todos os que são relacionados no capítulo décimo primeiro de Hebreus (Hb 11.16).
Aqueles que obtiveram a promessa da vida eterna pela fé em Deus, nos dias do Antigo Testamento,  não o alcançaram pela promessa da Antiga Aliança, mas pela exclusiva soberania de Deus.
Nos castigos relativos à desobediência, além de serem contrários às bênçãos descritas nos versículos 3 a 13, é importante observar que há uma gradação destes castigos de modo que o alvo deles seria o de conduzir o povo ao arrependimento.
Na falta de conserto à vista de um conjunto de aflições, estas seriam aumentadas até que a nação fosse convencida do desagrado do Senhor, de modo a ser conseguido o esperado arrependimento.
Então, no caso de violação da aliança, são descritos os seguintes graus de castigos:

Nível 1: Pavor, tísica, febre ardente que fazem desaparecer o lustre dos olhos e definhar a vida. Apropriação das safras agrícolas pelos inimigos (v.16). Derrota nas guerras contra os povos inimigos (v.17). E no caso de não se arrependerem:

Nível 2: Prometido castigar sete vezes mais por causa dos pecados (v.18). Quebra da soberba da força do povo, pela falta de chuva e produção agrícola (v. 19,20).

Nível 3: Envio de pragas sete vezes mais, segundo os pecados do povo (v.21). Ataques pelas feras dos campo (v. 22).

Nível 4: Ferimento do povo sete vezes mais por causa do pecado (v.24). Peste e morte nas mãos dos inimigos (v.25). Falta de fartura de alimento (v.26).

Nível 5: Deus seria contrário ao povo com furor e o castigaria sete vezes mais. Comeriam a carne de seus filhos e filhas. Seus altares e imagens de ídolos seriam destruídos. Seus cadáveres seriam lançados sobre os seus falsos deuses. A alma de Deus se aborreceria deles. As cidades seriam reduzidas a deserto, e os santuários deles assolados, e seus sacrifícios não seriam aceitos. A terra de Canaã seria assolada a ponto de espantar os próprios inimigos de Israel. Seriam espalhados por entre as nações e as cidades ficariam desertas. Aos que ficassem em Canaã, Deus meteria ansiedade em seus corações, e eles temeriam seus inimigos, ainda que ninguém lhes estivesse perseguindo. E, ao fugirem para as nações seriam consumidos na terra dos seus inimigos (v.26-39).

Quando chegassem ao castigo extremo do cativeiro, deveriam se lembrar da promessa de misericórdia descrita nos versos 40 a 45, confessando a sua iniquidade e a de seus pais, na infidelidade que cometeram contra o Senhor (v.40), e, caso se humilhassem aceitando por bem o castigo da sua iniquidade (v. 41), então o Senhor se lembraria da sua aliança com Jacó, Isaque e Abraão (v.42), e não os rejeitaria e nem se aborreceria deles para consumi-los e invalidar a aliança que fizera com os seus antepassados, por meio de Moisés, quando os tirou da terra do Egito (v. 44,45).
Foi exatamente por causa desta promessa de misericórdia que Deus não rejeitou a Israel e nem a Judá depois dos cativeiros assírio e babilônico, porque, especialmente o Reino de Judá se arrependeu de seus pecados em Babilônia, e voltaram para a terra da Palestina, purificados da sua idolatria.
O propósito de Deus com Seus castigos é o de corrigir; dando aos homens convicções sensatas relativas ao mal do pecado, e obrigá-los a deixar o mal pela busca de alívio; mas se não há correção pelos julgamentos de Deus, terão que esperar serem arruinados por eles.
Os pecadores orgulhosos do povo de Deus teriam o próprio Deus contra eles (v. 17), que lhes resistiria,  por terem confrontado a Sua autoridade.
Deus revela a Sua paciência e longanimidade em nos corrigir por fazê-lo por graus.
Ele começa primeiro com correções menos doloridas, e somente na falta de arrependimento, Ele aumentará progressivamente a intensidade das dores dos Seus juízos, punindo até mesmo com a morte física, caso seja necessário.
A nossa obediência é aprovada por Deus somente quando nós obedecemos de boa vontade.
Mas a natureza terrena se interpõe como um fator complicador para o cumprimento da Lei, porque a obediência à Lei deve ser voluntária, e aquele que agir somente por medo de Deus, nunca cumprirá a Lei, como convém, porque esta se resume no amor a Deus e ao próximo.
Deste modo, a Lei se transforma num instrumento de condenação daqueles que são seus transgressores, e que não foram livrados da sua maldição, por meio da fé em Cristo, mas as ameaças da Lei são úteis aos filhos de Deus, para um propósito diferente, porque por meio destas ameaças eles podem ser preparados para temerem a Deus antes de serem justificados e regenerados, como também, depois da sua conversão, podem ser incentivados a subjugar diariamente os seus afetos corrompidos pelo pecado.
Assim, embora a finalidade principal das ameaças seja a de alarmar o réprobo, no entanto se aplica igualmente aos cristãos, com a finalidade de remover a lentidão deles em se consagrarem a Deus.  
Da gradação dos castigos, em razão da desobediência, aprendemos por princípio que não é uma atitude sábia a de não se submeter e se antecipar aos juízos de Deus aos nossos pecados, por não confessá-los e abandoná-los, antes mesmo do primeiro sinal da aplicação da Sua mão paterna disciplinadora e corretiva.
É muito menos sábio ainda, continuar resistindo a estes castigos, pela falta de arrependimento, porque a intensidade deles, conforme se vê na Lei, certamente aumentará, porque o Senhor não deixará a nenhum de Seus filhos sem a devida correção.
O fato de Deus ser misericordioso para com os cristãos na Nova Aliança, lhes favorecendo mesmo à vista da imperfeição das suas obras, não significa de modo nenhum, qualquer renúncia à aplicação dos seus juízos, que a propósito começam pela Sua própria casa.



“1 Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem esculpida, nem coluna, nem poreis na vossa terra pedra com figuras, para vos inclinardes a ela; porque eu sou o Senhor vosso Deus.
2 Guardareis os meus sábados, e reverenciareis o meu santuário. Eu sou o Senhor.
3 Se andardes nos meus estatutos, e guardardes os meus mandamentos e os cumprires,
4 eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo, e a terra dará o seu produto, e as árvores do campo darão os seus frutos;
5 a debulha vos continuará até a vindima, e a vindima até a semeadura; comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra.
6 Também darei paz na terra, e vos deitareis, e ninguém vos amedrontará. Farei desaparecer da terra os animais nocivos, e pela vossa terra não passará espada.
7 Perseguireis os vossos inimigos, e eles cairão à espada diante de vós.
8 Cinco de vós perseguirão a um cento deles, e cem de vós perseguirão a dez mil; e os vossos inimigos cairão à espada diante de vos.
9 Outrossim, olharei para vós, e vos farei frutificar, e vos multiplicarei, e confirmarei o meu pacto convosco.
10 E comereis da colheita velha por longo tempo guardada, até afinal a removerdes para dar lugar à nova.
11 Também porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos abominará.
12 Andarei no meio de vós, e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo.
13 Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra dos egípcios, para que não fôsseis seus escravos; e quebrei os canzis do vosso jugo, e vos fiz andar erguidos.
14 Mas, se não me ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos,
15 e se rejeitardes os meus estatutos, e a vossa alma desprezar os meus preceitos, de modo que não cumprais todos os meus mandamentos, mas violeis o meu pacto,
16 então eu, com efeito, vos farei isto: porei sobre vós o terror, a tísica e a febre ardente, que consumirão os olhos e farão definhar a vida; em vão semeareis a vossa semente, pois os vossos inimigos a comerão.
17 Porei o meu rosto contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; os que vos odiarem dominarão sobre vós, e fugireis sem que ninguém vos persiga.
18 Se nem ainda com isto me ouvirdes, prosseguirei em castigar-vos sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
19 Pois quebrarei a soberba do vosso poder, e vos farei o céu como ferro e a terra como bronze.
20 Em vão se gastará a vossa força, porquanto a vossa terra não dará o seu produto, nem as árvores da terra darão os seus frutos.
21 Ora, se andardes contrariamente para comigo, e não me quiseres ouvir, trarei sobre vos pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados.
22 Enviarei para o meio de vós as feras do campo, as quais vos desfilharão, e destruirão o vosso gado, e vos reduzirão a pequeno número; e os vossos caminhos se tornarão desertos.
23 Se nem ainda com isto quiserdes voltar a mim, mas continuardes a andar contrariamente para comigo,
24 eu também andarei contrariamente para convosco; e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
25 Trarei sobre vós a espada, que executará a vingança do pacto, e vos aglomerareis nas vossas cidades; então enviarei a peste entre vós, e sereis entregues na mão do inimigo.
26 Quando eu vos quebrar o sustento do pão, dez mulheres cozerão o vosso pão num só forno, e de novo vo-lo entregarão por peso; e comereis, mas não vos fartareis.
27 Se nem ainda com isto me ouvirdes, mas continuardes a andar contrariamente para comigo,
28 também eu andarei contrariamente para convosco com furor; e vos castigarei sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.
29 E comereis a carne de vossos filhos e a carne de vossas filhas.
30 Destruirei os vossos altos, derrubarei as vossas imagens do sol, e lançarei os vossos cadáveres sobre os destroços dos vossos ídolos; e a minha alma vos abominará.
31 Reduzirei as vossas cidades a deserto, e assolarei os vossos santuários, e não cheirarei o vosso cheiro suave.
32 Assolarei a terra, e sobre ela pasmarão os vossos inimigos que nela habitam.
33 Espalhar-vos-ei por entre as nações e, desembainhando a espada, vos perseguirei; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades se tornarão em deserto.
34 Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e folgará nos seus sábados.
35 Por todos os dias da assolação descansará, pelos dias que não descansou nos vossos sábados, quando nela habitáveis.
36 E, quanto aos que de vós ficarem, eu lhes meterei pavor no coração nas terras dos seus inimigos; e o ruído de uma folha agitada os porá em fuga; fugirão como quem foge da espada, e cairão sem que ninguém os persiga;
37 sim, embora não haja quem os persiga, tropeçarão uns sobre os outros como diante da espada; e não podereis resistir aos vossos inimigos.
38 Assim perecereis entre as nações, e a terra dos vossos inimigos vos devorará;
39 e os que de vós ficarem definharão pela sua iniquidade nas terras dos vossos inimigos, como também pela iniquidade de seus pais.
40 Então confessarão a sua iniquidade, e a iniquidade de seus pais, com as suas transgressões, com que transgrediram contra mim; igualmente confessarão que, por terem andado contrariamente para comigo,
41 eu também andei contrariamente para com eles, e os trouxe para a terra dos seus inimigos. Se então o seu coração incircunciso se humilhar, e tomarem por bem o castigo da sua iniquidade,
42 eu me lembrarei do meu pacto com Jacó, do meu pacto com Isaque, e do meu pacto com Abraão; e bem assim da terra me lembrarei.
43 A terra também será deixada por eles e folgará nos seus sábados, sendo assolada por causa deles; e eles tomarão por bem o castigo da sua iniquidade, em razão mesmo de que rejeitaram os meus preceitos e a sua alma desprezou os meus estatutos.
44 Todavia, ainda assim, quando eles estiverem na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem os abominarei a ponto de consumi-los totalmente e quebrar o meu pacto com eles; porque eu sou o Senhor seu Deus.
45 Antes por amor deles me lembrarei do pacto com os seus antepassados, que tirei da terra do Egito perante os olhos das nações, para ser o seu Deus. Eu sou o Senhor.
46 São esses os estatutos, os preceitos e as leis que o Senhor firmou entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, por intermédio de Moisés.” (Lev 26.1-46).



Levítico 27

Leis Acerca de Votos

Tanto o último versículo do capítulo precedente quanto o deste 27º capítulo de Levítico, indicam que os mandamentos deste livro foram dados por Deus quando o povo de Israel se encontrava acampado junto ao monte Sinai.
Neste último capítulo são descritos os procedimentos para os votos voluntários relativos a pessoas (v.2-8), a animais (v.7-13), a casas (v.14-15) ou a campos (v.16-25).
Nenhum voto era de caráter impositivo, mas uma vez sendo feito pela iniciativa do próprio votante, deveria ser cumprido, conforme prescrito pela lei.
A consagração de pessoas ao Senhor seria feita com base na idade e no sexo, sendo que os valores a serem pagos ao sacerdote para ser usado na administração do tabernáculo, foram fixados da seguinte forma, em siclos de prata:

·       Sexo masculino – de 1 mês a 5 anos – 5 siclos (v.6);
de 5 a 20 anos – 20 siclos (v 5);
de 20 a 60 anos – 50 siclos (v.3).
                           acima de 60 anos – 15 siclos (v.7)

·       Sexo feminino - de 1 mês a 5 anos – 3 siclos (v.6);
de 5 a 20 anos –  10 siclos (v 5);
de 20 a 60 anos – 30 siclos (v.4).
                           acima de 60 anos – 10  siclos (v.7).

Em II Reis 12 nós vemos que estes recursos foram usados, naqueles dias, para se fazer reparos no templo.
O princípio espiritual que podemos retirar como ensino deste preceito da Lei relativo a votos de pessoas, é que há um preço a ser pago por aqueles que desejam se consagrar a Deus.
Este preço é tanto mais alto quanto maior for a capacidade desta consagração, em termos de realização de um maior serviço.
Aprendemos também que esta consagração, apesar do preço que exige de nós, é inteiramente voluntária.
É certo que há uma chamada de Deus para cada ministério, mas todos eles devem ser exercidos de modo voluntário, livre, espontâneo, de coração, estando os que se consagram, muito mais dispostos em dar do que receber.
Os animais, casas e campos que fossem consagrados a Deus poderiam ser resgatados posteriormente, por meio de troca por outro de igual valor, ou se  pagando a justa avaliação do bem que deveria ser feita pelo sacerdote, com acréscimo da quinta parte do valor da avaliação feita (v. 13, 15, v 19).
No caso de campo deveria ser observado o procedimento relativo ao ano do jubileu (v .17-24).
Entretanto, os bens que houvessem sido consagrados de modo irremissível ao Senhor não poderiam ser resgatados (v.28,29).
Finalmente, nos versos 30 a 33 é fixada a lei do dízimo sobre tudo o que produz a terra como sendo pertencente ao Senhor.
Caso se pretendesse resgatar algum bem, isto somente poderia ser feito se fosse acrescentado ao seu valor uma quinta parte.
      Há muitos princípios espirituais para serem aprendidos pela igreja na Lei de Moisés, mas devemos dar graças a Deus por termos sido libertados por Cristo do jugo cerimonial da Lei, ao qual os apóstolos chamavam de jugo pesado, que nem os próprios israelitas conseguiram suportar (Atos 15.10).
     Graças a Deus pelo jugo de Jesus Cristo, que agora carregamos, que é leve e não pesado, como era o jugo da lei.




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguém fizer ao Senhor um voto especial que envolve pessoas, o voto será cumprido segundo a tua avaliação das pessoas.
3 Se for de um homem, desde a idade de vinte até sessenta anos, a tua avaliação será de cinquenta siclos de prata, segundo o siclo do santuário.
4 Se for mulher, a tua avaliação será de trinta siclos.
5 Se for de cinco anos até vinte, a tua avaliação do homem será de vinte siclos, e da mulher dez siclos.
6 Se for de um mês até cinco anos, a tua avaliação do homem será de cinco siclos de prata, e da mulher três siclos de prata.
7 Se for de sessenta anos para cima, a tua avaliação do homem será de quinze siclos, e da mulher dez siclos.
8 Mas, se for mais pobre do que a tua avaliação, será apresentado perante o sacerdote, que o avaliará conforme as posses daquele que tiver feito o voto.
9 Se for animal dos que se oferecem em oferta ao Senhor, tudo quanto der dele ao Senhor será santo.
10 Não o mudará, nem o trocará, bom por mau, ou mau por bom; mas se de qualquer maneira trocar animal por animal, tanto um como o outro será santo.
11 Se for algum animal imundo, dos que não se oferecem em oferta ao Senhor, apresentará o animal diante do sacerdote;
12 e o sacerdote o avaliará, seja bom ou seja mau; segundo tu, sacerdote, o avaliares, assim será.
13 Mas, se o homem, com efeito, quiser remi-lo, acrescentará a quinta parte sobre a tua avaliação.
14 Quando alguém santificar a sua casa para ser santa ao Senhor, o sacerdote a avaliará, seja boa ou seja má; como o sacerdote a avaliar, assim será.
15 Mas, se aquele que a tiver santificado quiser remir a sua casa, então acrescentará a quinta parte do dinheiro sobre a tua avaliação, e terá a casa.
16 Se alguém santificar ao Senhor uma parte do campo da sua possessão, então a tua avaliação será segundo a sua sementeira: um terreno que leva um hômer de semente de cevada será avaliado em cinquenta siclos de prata.
17 Se ele santificar o seu campo a partir do ano do jubileu, conforme a tua avaliação ficará.
18 Mas se santificar o seu campo depois do ano do jubileu, o sacerdote lhe calculará o dinheiro conforme os anos que restam até o ano do jubileu, e assim será feita a tua avaliação.
19 Se aquele que tiver santificado o campo, com efeito, quiser remi-lo, acrescentará a quinta parte do dinheiro da tua avaliação, e lhe ficará assegurado o campo.
20 Se não o quiser remir, ou se houver vendido o campo a outrem, nunca mais poderá ser remido.
21 Mas o campo, quando sair livre no ano do jubileu, será santo ao Senhor, como campo consagrado; a possessão dele será do sacerdote.
22 Se alguém santificar ao Senhor um campo que tiver comprado, o qual não for parte do campo da sua possessão,
23 o sacerdote lhe contará o valor da tua avaliação até o ano do jubileu; e no mesmo dia dará a tua avaliação, como coisa santa ao Senhor.
24 No ano do jubileu o campo tornará àquele de quem tiver sido comprado, isto é, àquele a quem pertencer a possessão do campo.
25 Ora, toda tua avaliação se fará conforme o siclo do santuário; o siclo será de vinte jeiras.
26 Contudo o primogênito dum animal, que por ser primogênito já pertence ao senhor, ninguém o santificará; seja boi ou gado miúdo, pertence ao Senhor.
27 Mas se o primogênito for dum animal imundo, remir-se-á segundo a tua avaliação, e a esta se acrescentará a quinta parte; e se não for remido, será vendido segundo a tua avaliação.
28 Todavia, nenhuma coisa consagrada ao Senhor por alguém, daquilo que possui, seja homem, ou animal, ou campo da sua possessão, será vendida nem será remida; toda coisa consagrada será santíssima ao Senhor.
29 Nenhuma pessoa que dentre os homens for devotada será resgatada; certamente será morta.
30 Também todos os dízimos da terra, quer dos cereais, quer do fruto das árvores, pertencem ao senhor; santos são ao Senhor.
31 Se alguém quiser remir uma parte dos seus dízimos, acrescentar-lhe-á a quinta parte.
32 Quanto a todo dízimo do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara, esse dízimo será santo ao Senhor.
33 Não se examinará se é bom ou mau, nem se trocará; mas se, com efeito, se trocar, tanto um como o outro será santo; não serão remidos.
34 são esses os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.” (Lev 27.1-34).

















































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