sábado, 17 de outubro de 2015

Filemom 1


Filemom 1

Esta breve carta pessoal foi escrita por Paulo a Filemom quando o apóstolo encontrava-se em sua primeira prisão em Roma (v. 1), cerca de 60 d. C..
Filemom era um crente de Colossos que tinha uma Igreja funcionando em sua residência.
O possível líder e fundador desta Igreja colossense, chamava-se Epafras, e encontrava-se aprisionado juntamente com Paulo em Roma (v. 23; Col 4.12), por ocasião da escrita tanto desta epístola, quanto das epístolas aos Efésios, Colossenses e Filipenses.  
Assim, a igreja de Colossos não havia sido fundada por Paulo e não era conhecida de vista pelo apóstolo (Col 2.1).
Epafras e Filemom foram ganhos para Cristo pelo apóstolo, provavelmente quando ele ministrava à Igreja de Éfeso, e dali partiram para fundar o trabalho em Colossos.
Paulo estava endereçando na verdade, duas cartas à igreja de Colossos, uma de caráter mais geral (Col) e outra mais pessoal (Fm).
Onésimo era escravo fugitivo de Filemom, o qual, como dissemos anteriormente, tinha uma congregação funcionando em sua casa em Colossos.
Onésimo foi ganho para Cristo, por Paulo, em Roma, e o motivo da escrita da carta a Filemom foi um apelo de Paulo em favor de Onésimo, para que Filemom o recebesse de volta já não mais como escravo, mas como irmão em Cristo.
Juntamente com Onésimo, Tíquico foi enviado por Paulo não somente a Colossos, mas também a Éfeso, sendo certamente o portador das epístolas aos Efésios e Colossenses, posto que ambas eram cidades próximas na Ásia Menor (Col 4.7-9).
Paulo chama Filemom de cooperador (v. 1) em razão de ter sido associado a ele, pelo Senhor, para a realização da obra do evangelho em Colossos.
Deus levanta muitos cooperadores para trabalharem ao lado daqueles que tem chamado para liderar uma obra específica, tal como era o caso de Paulo.
O apóstolo citou a Arquipo na saudação inicial porque era um dos ministros da igreja de Colossos, que apesar de ter sido chamado de companheiro de lutas, havia chegado ao conhecimento de Paulo que o mesmo não se encontrava tão seguro em cumprir o seu ministério, provavelmente pelo fato da ausência de Epafras, que era o líder daquela igreja, por se encontrar aprisionado com Paulo em Roma.
É provável que Arquipo tenha sido designado para estar à frente do trabalho em Colossos, em razão da ausência de Epafras, e daí a exortação que lhe foi dirigida pelo apóstolo, para que fosse feita através da própria Igreja colossense:
“E dizei a Arquipo: Cuida do ministério que recebestes no Senhor, para o cumprires.” (Col 4.17).
Onésimo era um escravo de Filemom que havia fugido para Roma, onde veio a ser ganho para Cristo através de Paulo.
O propósito principal da escrita desta epístola foi o de uma intercessão de Paulo junto a Filemom em favor de Onésimo, para que se reconciliasse com ele e o perdoasse; e que se inteirasse da sua nova condição, porque havia se convertido de fato a Cristo.
O nome grego Onésimo, significa útil, e por isso Paulo fez um jogo de Palavras no verso 11 dizendo que no passado Onésimo fora inútil a Filemom, mas no presente, muito útil, tanto a ele, Paulo, quanto ao próprio Filemom, e por isso tomara a decisão de enviá-lo de volta, uma vez que era servo de Filemom, conforme direito que lhe era garantido pelas leis vigentes na época.
Paulo deu testemunho da real transformação operada em Onésimo, dizendo que ele próprio pretendia retê-lo consigo em Roma, para que o servisse, mas não o fizera por saber que ele era servo de Filemom.
O apóstolo fala da sua certeza de que Filemom não se recusaria a atender o seu pedido, porque havia sido informado da sua piedade e amor para com os santos.
É provável que a igreja colossense tenha sido abalada com a prisão de Epafras, e Filemom foi um dos instrumentos do Senhor para reanimar o coração e a fé dos crentes (v. 7).
A palavra entranhas é usada por três vezes nesta epístola (v. 7, 12, 20). Geralmente, esta palavra era usada para fazer referência ao coração, à parte mais interior do homem, à sede principal das emoções e sentimentos.
É um dever dos ministros se reanimarem mutuamente nas lutas em favor do evangelho. Isto é visto claramente nesta pequena epístola.
Paulo disse que sempre orava por Filemom, desde que soube da fé que ele tinha para com o Senhor e para com todos os santos, de maneira que a fé de Filemom permanecesse sendo uma fé eficaz no conhecimento de todo o bem que há nos crentes conforme tudo o que há para eles em Cristo Jesus, quanto às boas obras que devem praticar por amor e para a glória de Deus (v. 4 a 6).
Paulo podia fazer valer a sua autoridade apostólica para ordenar a Filemom o que convinha fazer quanto a perdoar e a se reconciliar com Onésimo, em razão da ordenança de Cristo aos crentes, mas ele preferiu rogar-lhe por amor a ele, uma vez que além de estar envelhecido, encontrava-se na prisão por causa do evangelho.
Assim como ele estava sendo obediente a Jesus até na sua velhice, e nas circunstâncias mais difíceis, Filemom deveria seguir o seu exemplo e se dispor a sofrer aquele pequeno agravo que tivera da parte de Onésimo, e demonstrar prontidão em perdoá-lo (v. 8-10).
O evangelho tem este caráter de demonstrações práticas de sentimentos, atitudes, e ações, por amor a Cristo e aos irmãos. Não se trata de uma mera ciência ou filosofia, mas de procedimentos reais de vida, pela vida de um outro em nós, a saber, a vida de Jesus Cristo.
Paulo pediu que Filemom recebesse Onésimo como se fosse o seu próprio coração (v. 12); e como fosse a ele  próprio, Paulo (v. 17).
Caso ao fugir, Onésimo tivesse levado consigo algo que pertencesse a Filemom, Paulo se dispôs a pagar pelo prejuízo que Onésimo lhe causara (v. 18).
Há dividas que não podemos saldar, como por exemplo a gratidão que devemos ter por aqueles que nos conduziram a Cristo, livrando-nos assim da morte espiritual e eterna, para que pudéssemos alcançar a vida abundante que há no Senhor.
Então Paulo lembrou a Filemom que ele pagaria as possíveis dívidas que Onésimo tivesse para com ele, mas que Filemom lhe era também devedor, e não de bens, mas da sua própria vida que fora resgatada para Cristo por meio do seu ministério, e no entanto, ele não lhe cobrou nada por isto (v. 18, 19).    
Este era o estilo de Paulo. Pedia, rogava, e raramente ordenava, porque sabia que o amor e a obediência devem ser voluntários, para que sejam verdadeiros, e não como que obedecendo a homens, mas ao Senhor (v. 20, 21).
Ele encorajava as pessoas à execução do dever, falando da certeza da expectativa que tinha em relação a elas de que não seria frustrado nas coisas relativas à obediência que lhe era devida, por ter sido chamado por Cristo para o apostolado.
Certo de que seria posto em liberdade de sua primeira prisão em Roma, como de fato ocorreu, Paulo pediu a Filemom que lhe preparasse uma pousada, para uma estada da qual ele estava convicto de que teria com eles, conforme podia perceber no mundo espiritual que as orações que as igrejas estavam fazendo para que ele fosse posto em liberdade, seriam respondidas por Deus (v. 22).
Epafras, que era da igreja de Colossos; João Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, são citados na saudação final da epístola. Nós vemos que Demas ainda se encontrava firme na ocasião da escrita desta epístola, mas depois viria a apostatar da fé por amar o mundo, conforme registro de II Tim 4.10.
Como de costume, Paulo desejou finalmente, que a graça de Jesus fosse com o espírito de Filemom. Ele estava devidamente experimentado quanto a isto, e sabia que sem a graça do Senhor governando os nossos espíritos nada podemos fazer que seja verdadeiramente segundo a vontade de Deus.


“1 Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso cooperador,
2 E à nossa amada Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa:
3 Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
4 Graças dou ao meu Deus, lembrando-me sempre de ti nas minhas orações;
5 Ouvindo do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os santos;
6 Para que a comunhão da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que há em nós para com Cristo.
7 Tive grande alegria e consolação do teu amor, porque por ti, ó irmão, as entranhas dos santos foram reanimadas.
8 Por isso, ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém,
9 Todavia peço-te antes por amor, sendo eu tal como sou, Paulo o velho, e também agora prisioneiro de Jesus Cristo.
10 Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões;
11 O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim muito útil; eu to tornei a enviar.
12 E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas.
13 Eu bem o quisera conservar comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho;
14 Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não fosse como por força, mas, voluntário.
15 Porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre,
16 Não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor?
17 Assim, pois, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo.
18 E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta.
19 Eu, Paulo, de minha própria mão o escrevi; eu o pagarei, para te não dizer que ainda mesmo a ti próprio a mim te deves.
20 Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor; reanima as minhas entranhas no Senhor.
21 Escrevi-te confiado na tua obediência, sabendo que ainda farás mais do que digo.
22 E juntamente prepara-me também pousada, porque espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido.
23 Saúdam-te Epafras, meu companheiro de prisão por Cristo Jesus,
24 Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores.
25 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito. Amém.”.

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