terça-feira, 20 de outubro de 2015

Números 1 a 36

Números 1

Censo das Tribos de Israel

Para vários propósitos, Deus ordenou a Moisés que fizesse o censo de Israel pelas diversas tribos, e que contasse somente o número de homens prontos para a guerra, ou seja, de vinte anos para cima, exceto os da tribo de Levi, que seriam contados separadamente sob outro critério, pois eles não seriam empenhados nas batalhas de Israel em Canaã, pois tinham a seu cargo os serviços do tabernáculo, e não receberiam também terras como herança na terra prometida.
A rigorosa contagem das tribos, segundo as respectivas linhagens, tinha principalmente o propósito de manter Israel como uma unidade confederada de estados tribais, de forma que poder-se-ia ter um efetivo controle da descendência de cada tribo nas várias gerações, de modo a permitir a localização e identificação do cumprimento das profecias, especialmente a relativa ao Messias, que descenderia da tribo de Judá.
Esta contagem das tribos, da qual foi retirado o título deste livro (Números), com o intuito de manter cada tribo debaixo do governo dos respectivos príncipes, seria uma forma de se preservar a verdade em Israel, pois a apostasia de uma das tribos poderia ser combatida pelas demais, e foi esta diversidade que permitiu que durante vários séculos, Israel não perdesse a sua identidade de povo separado das demais nações, para servir o Senhor.
A ordem de Deus a Moisés, para realizar esta contagem, foi expedida no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano, depois da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, quando estes ainda se encontravam no Sinai (Números 1.1).
Conforme vemos no livro de Êxodo, o tabernáculo havia sido levantado no primeiro dia do primeiro mês, deste mesmo segundo ano, isto é, um ano depois deles terem saído do Egito.
Eles haviam saído do cativeiro no primeiro mês do primeiro ano, e agora seriam contados no segundo mês do segundo ano, isto é, um mês depois de ter sido levantado o tabernáculo.
Esta contagem exclusiva de pessoas do sexo masculino, em idade adulta, e em condições plenas de compor o exército de Israel, não configurava uma forma de discriminação às mulheres, crianças e aos velhos, mas tinha o propósito de servir de figura da igreja de Cristo, que independente de sexo, idade e condição social, é composta por pessoas que são reputadas por Deus como verdadeiros soldados de Cristo, em condições de estarem preparados para a batalha permanente que terão que enfrentar contra as hostes espirituais do mal, enquanto estiverem neste mundo, assim, como os israelitas tiverem que lutar em Canaã, para conquistar a posse da terra.
Para a construção do tabernáculo, os mesmos homens, de vinte anos para cima, tinham sido taxados, e o número deles era de seiscentos e três mil, quinhentos e cinquenta (Êx 38.26).
No entanto, eles não foram registrados naquela ocasião, pelas respectivas casas de seus pais, segundo a sua genealogia, e a ordem expedida pelo Senhor tinha exatamente este propósito na contagem que fora ordenada a Moisés.
Como os dois eventos aconteceram muito próximos, o número de israelitas citado em Êx 38.26, é o mesmo da contagem citada em Nm 1.46, isto é, 603.550.
Um dos motivos desta contagem e seu registro na Bíblia tinha por objetivo revelar o cumprimento da promessa feita a Abraão, de que Deus multiplicaria a sua descendência e que o faria excessivamente fecundo, promessa esta que foi renovada com Jacó (Gên 28.14), de quem descenderiam todos os israelitas.
Esta contagem nominal nos faz lembrar as palavras do apóstolo em II Tim 2.19, de que Deus conhece aqueles que são seus.
Os eleitos estão contados e são como que jóias preciosas para o Senhor.
O nome de cada um deles está registrado como um memorial para sempre na Sua santa presença (Is 56.5; Mal 3.16; Fp 4.3).
A tribo de Judá era a mais numerosa, com 74.600 homens (v. 27), mais do que o dobro da população das tribos de Benjamim ou de Manassés; tinha mais de 12.000 homens do que qualquer outra tribo.
Deus engrandeceu esta tribo em relação às demais porque seria dela que o Messias descenderia (Hb 7.14), e a profecia dada a Jacó afirmava que os irmãos de Judá o louvariam.
Dã teve apenas um filho (Gên 46.23), e Benjamim teve dez filhos, no entanto, nos dias de Moisés, a tribo de Dã contava com 62.700 homens (v.39), e Benjamim com 35.400 (v. 37).
A profecia de Jacó de que o filho primogênito de José, Manassés seria menor do que o seu irmão mais novo, Efraim, tem o seu cumprimento revelado nesta contagem, porque o número de homens de Manassés chegou a 32.200 (v. 35), enquanto o de Efraim a 40.500 (v. 33).
Quando as tribos de Israel ocupassem os seus respectivos territórios em Canaã, a tribo de Levi deveria receber 48 cidades, dentre as quais 6 seriam cidades de refúgio, cidades estas que estariam  distribuídas nos territórios das diversas tribos.
A guerra dos levitas seria diferente da guerra que as demais tribos empreenderiam em Canaã. A guerra deles seria contra o pecado e em prol de que as coisas santas não fossem profanadas.
Eles deveriam guardar o tabernáculo de todo tipo de ataque à sua integridade e serviços, assim como os ministros que são separados para guardar o bom depósito da fé, sendo arregimentados especialmente para isto, não devem se envolver com os negócios deste mundo, para que possam agradar plenamente Àquele que os alistou para a guerra (II Tim 2.4).



“1 Falou o Senhor a Moisés no deserto de Sinai, na tenda da revelação, no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano depois da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, dizendo:
2 Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes de todo homem, cabeça por cabeça;
3 os da idade de vinte anos para cima, isto é, todos os que em Israel podem sair à guerra, a esses contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão.
4 Estará convosco de cada tribo um homem que seja cabeça da casa de seus pais.
5 Estes, pois, são os nomes dos homens que vos assistirão: de Rúben Elizur, filho de Sedeur;
6 de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai;
7 de Judá, Nasom, filho de Aminadabe;
8 de Issacar, Netanel, filho de Zuar;
9 de Zebulom, Eliabe, filho de Helom;
10 dos filhos de José: de Efraim, Elisama, filho de Amiúde; de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur;
11 de Benjamim, Abidã, filho de Gideôni;
12 de Dã, Aizer, filho de Amisadai;
13 de Aser, Pagiel, filho de Ocrã;
14 de Gade, Eliasafe, filho de o Deuel;
15 de Naftali, Airá, Filho de Enã.
16 São esses os que foram chamados da congregação, os príncipes das tribos de seus pais, os cabeças dos milhares de Israel.
17 Então tomaram Moisés e Arão a esses homens que são designados por nome;
18 e, tendo ajuntado toda a congregação no primeiro dia do segundo mês, declararam a linhagem deles segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, cabeça por cabeça;
19 como o Senhor ordenara a Moisés, assim este os contou no deserto de Sinai.
20 Os filhos de Rúben o primogênito de Israel, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes, cabeça por cabeça, todo homem de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
21 os que foram contados deles, da tribo de Rúben eram quarenta e seis mil e quinhentos.
22 Dos filhos de Simeão, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes, cabeça por cabeça, todo homem de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
23 os que foram contados deles, da tribo de Simeão, eram cinquenta e nove mil e trezentos.
24 Dos filhos de Gade, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair a guerra,
25 os que foram contados deles, da tribo de Gade, eram quarenta e cinco mil seiscentos e cinquenta.
26 Dos filhos de Judá, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair a guerra,
27 os que foram contados deles, da tribo de Judá, eram setenta e quatro mil e seiscentos.
28 Dos filhos de Issacar, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair a guerra,
29 os que foram contados deles, da tribo de Issacar, eram cinquenta e quatro mil e quatrocentos.
30 Dos filhos de Zebulom, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair a guerra,
31 os que foram contados deles, da tribo de Zebulom, eram cinquenta e sete mil e quatrocentos.
32 Dos filhos de José: dos filhos de Efraim, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
33 os que foram contados deles, da tribo de Efraim, eram quarenta mil e quinhentos;
34 e dos filhos de Manassés, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
35 os que foram contados deles, da tribo de Manassés, eram trinta e dois mil e duzentos.
36 Dos filhos de Benjamim, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
37 os que foram contados deles, da tribo de Benjamim, eram trinta e cinco mil e quatrocentos.
38 Dos filhos de Dã, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
39 os que foram contados deles, da tribo de Dã, eram sessenta e dois mil e setecentos.
40 Dos filhos de Aser, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o numero dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair à guerra,
41 os que foram contados deles, da tribo de Aser, eram quarenta e um mil e quinhentos.
42 Dos filhos de Naftali, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais, conforme o número dos nomes dos de vinte anos para cima, todos os que podiam sair a guerra,
43 os que foram contados deles, da tribo de Naftali, eram cinquenta e três mil e quatrocentos,
44 São esses os que foram contados por Moisés e Arão, e pelos príncipes de Israel, sendo estes doze homens e representando cada um a casa de seus pais.
45 Assim todos os que foram contados dos filhos de Israel, segundo as casas de seus pais, de vinte anos para cima, todos os de Israel que podiam sair à guerra,
46 sim, todos os que foram contados eram : seiscentos e três mil quinhentos e cinquenta.
47 Mas os levitas, segundo a tribo de e seus pais, não foram contados entre eles;
48 porquanto o Senhor dissera a Moisés:
49 Somente não contarás a tribo de Levi, nem tomarás a soma deles entre os filhos de Israel;
50 mas tu põe os levitas sobre o tabernáculo do testemunho, sobre todos os seus móveis, e sobre tudo o que lhe pertence. Eles levarão o tabernáculo e todos os seus móveis, e o administrarão; e acampar-se-ão ao redor do tabernáculo.
51 Quando o tabernáculo houver de partir, os levitas o desarmarão; e quando o tabernáculo se houver de assentar, os levitas o armarão; e o estranho que se chegar será morto.
52 Os filhos de Israel acampar-se-ão, cada um no seu arraial, e cada um junto ao seu estandarte, segundo os seus exércitos.
53 Mas os levitas acampar-se-ão ao redor do tabernáculo do testemunho, para que não suceda acender-se ira contra a congregação dos filhos de Israel; pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo do testemunho.
54 Assim fizeram os filhos de Israel; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés, assim o fizeram.” (Nm 1.1-54)



Números 2

O Deus de Ordem e Organização

Deus organizou a forma pela qual as tribos de Israel deveriam realizar as suas marchas, e o fez designando quatro grupos de três tribos cada, encabeçados por uma tribo, respectivamente, e a tribo de Levi marcharia no meio deles.
Estes grupos receberam a denominação de arraial, sendo eles os seguintes:

1 – Arraial de Judá (v. 2-9), encabeçado por esta tribo, e ao qual pertenciam também as tribos de Issacar e Zebulom, totalizando 186.400 homens.
Eles deveriam estacionar defronte à parte Leste do tabernáculo, onde ficava a sua entrada,  e seriam os primeiros a se colocarem em ordem de marcha.

2 – Arraial de Rúben (v. 10-16) – estacionaria ao Sul do tabernáculo juntamente com as tribos de Simeão e Gade. Totalizava 151.450 homens.
Era o segundo a se por em ordem de marcha, em seguida ao arraial de Judá.

3 – Os levitas marchavam com o tabernáculo logo depois do arraial de Rúben (v. 17).

4 – Arraial de Efraim (v. 18-24) – estacionaria a Oeste do tabernáculo juntamente com as tribos de Manassés e Benjamim. Totalizava 108.100 homens.
Era o terceiro a se colocar em ordem de marcha, à retaguarda dos levitas.
Observe que o santuário era coberto pelas seis tribos que marchavam adiante dele e pelas seis tribos que marchavam à sua retaguarda.

5 – Arraial de Dã (v. 25-31) – estacionaria ao Norte do tabernáculo juntamente com as tribos de Aser e Naftali. Totalizava 157.600 homens.
Era o quarto a se colocar em ordem de marcha, à retaguarda do arraial de Efraim.

Deus ama a ordem e estabeleceu Ele próprio a forma como Israel deveria se organizar.
De igual modo todo trabalho que proceda de fato de Deus em Sua igreja, terá esta marca da organização inspirada por Ele, e que deve ser buscada nEle pelos líderes de cada um destes trabalhos, para ser aplicada exatamente do modo que lhes foi revelado pelo Senhor.
Esta organização deve ser cumprida por todos os servos do Senhor, tal qual fizeram os israelitas nos dias de Moisés (Nm 1.54; 2.34).
Foi de toda a revelação da maneira como Deus organizou não somente a criação como a vida da nação de Israel, que Paulo ordena que tudo seja feito com ordem e decência na igreja de Cristo.
A muitos não agrada terem que se submeter a regras e procedimentos padrões estabelecidos na igreja, especialmente firmados nos princípios da Palavra do Senhor, mas sem isto, não se pode de fato obedecer ao Senhor, porque Ele ama a ordem e a decência.
Promover uma desorganização geral, a pretexto de que fazemos isto para dar maior liberdade ao Espírito Santo, é se utilizar de um argumento inválido, porque o Espírito jamais promoverá qualquer tipo de inspiração à desorganização, pois como agente divino, que gera e dá forma às obras da Trindade, tais quais as que podem ser observadas na criação visível, tanto quanto nas Escrituras, como na igreja de Cristo, percebe-se nitidamente que Deus é pela ordem e jamais pela desordem.
Quem constitui ministérios e serviços com vistas à edificação dos santos, senão o Espírito?
É Ele quem constitui os pastores para as igrejas (At 20.28), e para quql propósito constituiria lideranças, senão para que além de tudo haja um governo da igreja, para que ande do modo pelo qual convém que ela ande?
Para qual propósito teria Deus constituído príncipes sobre cada uma das tribos de Israel, e as organizado em grupos de três, e designado a forma de acampar e marchar, se não fosse de Sua vontade que haja uma ordem visível no meio do Seu povo, estabelecida por Ele próprio?
Como podem então alguns afirmarem que os pastores não devem ser acatados, ou pior ainda, como alguns costumam dizer, que sequer há necessidade de pastores, se Deus mesmo os instituiu para a condução do Seu povo?
O Senhor afirma que estes pastores seriam dados por Ele próprio, por Sua chamada, homens que seriam segundo o Seu coração, para dirigirem o seu povo, com conhecimento e com inteligência (Jer 3.15).      
O fato das tribos acamparem ao redor do tabernáculo, indica claramente a mensagem que Deus quis nos transmitir, que é Ele quem deve ocupar o centro da vida do Seu povo.
Ninguém deve ser colocado no centro no lugar de Deus, porque Ele deve ser o centro de todas as coisas.
Tudo deve ser feito para Ele e para a Sua glória, pois esta é a Sua vontade, em relação a todos aqueles que o servem.
O racionalismo e o humanismo colocaram o homem no centro em seu sistema filosófico, e a cultura mundial segue esta orientação errônea.
Mas a Bíblia mostra claramente que Deus é o centro de tudo, e não o homem.
Outro aspecto muito importante a ser observado no modo como Deus organizou Israel em esquadrões, é que Ele próprio escolheu, por Sua soberana vontade, quem deveria liderar quem.
Assim, não haveria motivo para disputas pela liderança entre eles.
Se este é o modo do mundo, no entanto não é o modo do povo de Deus, cujas posições de liderança são escolhidas e capacitadas, não pela vontade dos homens, mas pela do Senhor.
É muito sábio e útil reconhecer aqueles que têm sido chamados para ocuparem as posições em que devem estar pela vontade de Deus, para que os acatemos, para o nosso próprio bem.
Nós veremos adiante o que foi feito com Datã, Corá e Abirão, que contestaram a escolha de Arão e sua casa para o sacerdócio.    
Invejas e descontentamentos em razão da posição que fomos chamados a ocupar são descabidas, porque isto significa estar em rebelião contra o próprio desígnio do Senhor.
Há poderes ordenados por Deus e faremos bem em reconhecê-los e acatá-los, porque quem os rejeita não rejeita ao homem, mas ao Senhor que os instituiu.
A Lei determinava que os príncipes de Israel deveriam ser honrados, e este critério não foi mudado em relação às autoridades civis, e especialmente em relação aos ministros do evangelho.
Não importa que o mundo esteja vivendo em grande impiedade, pois a vontade do Senhor não mudou e jamais mudará em relação a isto.



“1 Disse o Senhor a Moisés e a Arão:
2 Os filhos de Israel acampar-se-ão, cada um junto ao seu estandarte, com as insígnias das casas de seus pais; ao redor, de frente para a tenda da revelação, se acamparão.
3 Ao lado oriental se acamparão os do estandarte do arraial de Judá, segundo os seus exércitos; e Nasom, filho de Aminadabe, será o príncipe dos filhos de Judá.
4 E o seu exército, os que foram contados deles, era de setenta e quatro mil e seiscentos.
5 Junto a eles se acamparão os da tribo de Issacar; e Netanel, filho de Zuar, será o príncipe dos filhos de Issacar.
6 E o seu exército, os que foram contados deles, era de cinquenta e quatro mil e quatrocentos.
7 Depois a tribo de Zebulom; e Eliabe, filho de Helom, será o príncipe dos filhos de Zebulom.
8 E o seu exército, os que foram contados deles, era de cinquenta e sete mil e quatrocentos.
9 Todos os que foram contados do arraial de Judá eram cento e oitenta e seis mil e quatrocentos, segundo os seus exércitos. Esses marcharão primeiro.
10 O estandarte do arraial de Rúben segundo os seus exércitos, estará para a banda do sul; e Elizur, filho de Sedeur, será o príncipe dos filhos de Rúben.
11 E o seu exército, os que foram contados deles, era de quarenta e seis mil e quinhentos.
12 Junto a ele se acamparão os da tribo de Simeão; e Selumiel, filho de Zurisadai, será o príncipe dos filhos de Simeão.
13 E o seu exército, os que foram contados deles, era de cinquenta e nove mil e trezentos.
14 Depois a tribo de Gade; e Eliasafe, filho de Reuel, será o príncipe dos filhos de Gade.
15 E o seu exército, os que foram contados deles, era de quarenta e cinco mil seiscentos e cinquenta.
16 Todos os que foram contados do arraial de Rúben eram cento e cinquenta e um mil quatrocentos e cinquenta, segundo os seus exércitos. Esses marcharão em segundo lugar.
17 Então partirá a tenda da revelação com o arraial dos levitas no meio dos arraiais; como se acamparem, assim marcharão, cada um no seu lugar, segundo os seus estandartes.
18 Para a banda do ocidente estará o estandarte do arraial de Efraim, segundo os seus exércitos; e Elisama, filho de Amiúde, será o príncipe dos filhos de Efraim.
19 E o seu exército, os que foram contados deles, era de quarenta mil e quinhentos.
20 Junto a eles estará a tribo de Manassés; e Gamaliel, filho de Pedazur, será o príncipe dos filhos de Manassés.
21 E o seu exército, os que foram contados deles, era de trinta e dois mil e duzentos.
22 Depois a tribo de Benjamim; e Abidã, filho de Gideôni, será o príncipe dos filhos de Benjamim.
23 E o seu exército, os que foram contados deles, era de trinta e cinco mil e quatrocentos.
24 Todos os que foram contados o arraial de Efraim eram cento e oito mil e cem, segundo os seus exércitos. Esses marcharão em terceiro lugar.
25 Para a banda do norte estará o estandarte do arraial de Dã, segundo os seus exércitos; e Aiezer, filho de Amisadai, será o príncipe dos filhos de Dã.
26 E o seu exército, os que foram contados deles, era de sessenta e dois mil e setecentos.
27 Junto a eles se acamparão os da tribo de Aser; e Pagiel, filho de Ocrã, será o príncipe dos filhos de Aser.
28 E o seu exército, os que foram contados deles, era de quarenta e um mil e quinhentos.
29 Depois a tribo de Naftali; e Airá, filho de Enã, será o príncipe dos filhos de Naftali.
30 E o seu exército, os que foram contados deles, era de cinquenta e três mil e quatrocentos.
31 Todos os que foram contados do arraial de Dã eram cento e cinquenta e sete mil e seiscentos. Esses marcharão em último lugar, segundo os seus estandartes.
32 São esses os que foram contados dos filhos de Israel, segundo as casas de seus pais; todos os que foram contados dos arraiais segundo os seus exércitos, eram seiscentos e três mil quinhentos e cinquenta.
33 Os levitas, porém, não foram contados entre os filhos de Israel, como o Senhor ordenara a Moisés.
34 Assim fizeram os filhos de Israel, conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés; acamparam-se segundo os seus estandartes, e marcharam, cada qual segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais.” (Nm 2.1-34).





Números 3

O Censo e Funções dos Levitas

Os levitas foram contados separadamente, depois do censo geral das doze tribos.
Os filhos de Levi eram Gérson, Coate e Merari, e destes descenderam todos os levitas, que foram contados por Moisés em seus dias.
Os gersonitas, descendentes de Gérson, eram em número de 7.500 homens de um mês de idade para cima, e deveriam acampar atrás do tabernáculo, isto é, a oeste, e tinham o encargo da estrutura do tabernáculo propriamente dita, e suas coberturas e cortinas (v. 21-26).
Os coatitas eram em número de 8.600, e tinham a seu cargo a arca, a mesa, o candelabro, os altares e os utensílios do tabernáculo.
Eles deveriam acampar ao sul do tabernáculo (v. 27-32).
Eles tiveram a honra de serem encarregados dos objetos e utensílios sagrados, porque Moisés e Arão eram também descendentes de Coate.
Os meraritas eram em número de 6.200 e tinham a seu cargo as armações do tabernáculo, os travessões, colunas, bases, estacas e cordas. Deveriam acampar ao norte (v. 33-37).
Moisés, Arão e seus filhos, que eram levitas, deveriam acampar à leste do tabernáculo, defronte à sua entrada (v.38).
Todos os levitas de um mês de idade para cima que foram contados, somaram 22.000 homens (v.39).
Todos os primogênitos de Israel, de um mês para cima, contados, somaram 22.273 homens. Vinte mil deles foram resgatados pelos levitas, e os 273 que excediam o número dos levitas, pagaram 5 siclos per capita, pela sua redenção, e o dinheiro arrecadado foi dado a Arão e seus filhos (v. 40-51).
Cabe destacar que o gado dos primogênitos foi resgatado pelo gado dos levitas.
Se Deus havia afirmado desde o Egito que todo primogênito era sua propriedade exclusiva, então os bens daqueles que pertenciam a Deus, eram também, por conseguinte de propriedade dEle.
Não é somente a vida do cristão que pertence ao Senhor, por ter sido resgatada por Cristo, pois tudo o que lhe pertence não é propriamente seu, mas de Deus que o resgatou.
Nos versos 5 a 7 nós lemos o seguinte:
“Então disse o Senhor a Moisés: Faze chegar a tribo de Levi, e põe-nos diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam; eles cumprirão o que é devido a ele e a toda a congregação, diante da tenda da congregação, fazendo o serviço do tabernáculo;”
 Há aqui uma ordem expressa da parte do Senhor a Moisés, para que os levitas servissem Arão no seu ofício sacerdotal, cumprindo o dever que era devido não somente a ele, Arão, mas a toda a congregação.
Todos os cristãos são sacerdotes de Deus, são como que levitas encarregados do serviço sagrado de salvar e edificar almas na verdade.
Todavia, todos os cristãos são dados por Deus para servirem seus respectivos ministros, e à comunidade em que atuam.
Isto tem o caráter de algo que é devido a eles e ao próximo, pela vontade expressa do Senhor.
Por isso, em relação aos deveres que deveriam ser ensinados e exigidos dos cristãos, Paulo dá a seguinte ordem a Timóteo:
“Ensina e ordena estas coisas” (I Tim 4.11).
Desta forma, este dever dos levitas para com o sumo sacerdote Arão, era uma figura do dever que todos os cristãos têm para com o seu Sumo Sacerdote, que é Cristo.
Havia muito trabalho para ser feito por apenas três pares de mãos, a saber, de Arão e seus dois filhos, Eleazar e Itamar.
Assim, os levitas aliviariam e muito o trabalho deles.
Não somente isto, como também assumiriam o encargo de custear a manutenção dos sacerdotes (v. 7); assim como cabe aos diáconos administrar as provisões necessárias para o sustento dos seus ministros.



“1 Estas, pois, eram as gerações de Arão e de Moisés, no dia em que o Senhor falou com Moisés no monte Sinai.
2 Os nomes dos filhos de Arão são estes: o primogênito, Nadabe; depois Abiú, Eleazar e Itamar.
3 São esses os nomes dos filhos de Arão, dos sacerdotes que foram ungidos, a quem ele consagrou para administrarem o sacerdócio.
4 Mas Nadabe e Abiú morreram perante o Senhor, quando ofereceram fogo estranho perante o Senhor no deserto de Sinai, e não tiveram filhos; porém Eleazar e Itamar administraram o sacerdócio diante de Arão, seu pai.
5 Então disse o Senhor a Moisés:
6 Faze chegar a tribo de Levi, e põe-nos diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam;
7 eles cumprirão o que é devido a ele e a toda a congregação, diante da tenda da revelação, fazendo o serviço do tabernáculo;
8 cuidarão de todos os móveis da tenda da revelação, e zelarão pelo cumprimento dos deveres dos filhos de Israel, fazendo o serviço do tabernáculo.
9 Darás, pois, os levitas a Arão e a seus filhos; de todo lhes são dados da parte dos filhos de Israel.
10 Mas a Arão e a seus filhos ordenarás que desempenhem o seu sacerdócio; e o estranho que se chegar será morto.
11 Disse mais o senhor a Moisés:
12 Eu, eu mesmo tenho tomado os levitas do meio dos filhos de Israel, em lugar de todo primogênito, que abre a madre, entre os filhos de Israel; e os levitas serão meus,
13 porque todos os primogênitos são meus. No dia em que feri a todos os primogênitos na terra do Egito, santifiquei para mim todos os primogênitos em Israel, tanto dos homens como dos animais; meus serão. Eu sou o Senhor.
14 Disse mais o Senhor a Moisés no deserto de Sinai:
15 Conta os filhos de Levi, segundo as casas de seus pais, pelas suas famílias; contarás todo homem da idade de um mês, para cima.
16 E Moisés os contou conforme o mandado do Senhor, como lhe fora ordenado.
17 Estes, pois, foram os filhos de Levi, pelos seus nomes: Gérson, Coate e Merári.
18 E estes são os nomes dos filhos de Gérson pelas suas famílias: Líbni e Simei.
19 E os filhos de Coate, pelas suas famílias: Anrão, Izar, Hebrom e Uziel.
20 E os filhos de Merári, pelas suas famílias: Mali e Musi. São essas as famílias dos levitas, segundo as casas de seus pais.
21 De Gérson era a família dos libnitas e a família dos simeítas. São estas as famílias dos gersonitas.
22 Os que deles foram contados, segundo o número de todos os homens da idade de um mês para cima, sim, os que deles foram c contados eram sete mil e quinhentos.
23 As famílias dos gersonitas acampar-se-ão atrás do tabernáculo, ao ocidente.
24 E o príncipe da casa paterna dos gersonitas será Eliasafe, filho de Lael.
25 E os filhos de Gérson terão a seu cargo na tenda da revelação o tabernáculo e a tenda, a sua coberta e o reposteiro da porta da tenda da revelação,
26 e as cortinas do átrio, e o reposteiro da porta do átrio, que está junto ao tabernáculo e junto ao altar, em redor, como também as suas cordas para todo o seu serviço.
27 De Coate era a família dos anramitas, e a família dos izaritas, e a família dos hebronitas, e a família dos uzielitas; são estas as famílias dos coatitas.
28 Segundo o número de todos os homens da idade de um mês para cima, eram oito mil e seiscentos os que tinham a seu cargo o santuário.
29 As famílias dos filhos de Coate acampar-se-ão ao lado do tabernáculo para a banda do sul.
30 E o príncipe da casa paterna das famílias dos coatitas será Elizafã, filho de Uziel.
31 Eles terão a seu cargo a arca e a mesa, o candelabro, os altares e os utensílios do santuário com que ministram, e o reposteiro com todo o seu serviço.
32 E o príncipe dos príncipes de Levi será Eleazar, filho de Arão, o sacerdote; ele terá a superintendência dos que têm a seu cargo o santuário.
33 De Merári era a família dos malitas e a família dos musitas; são estas as famílias de Merári.
34 Os que deles foram contados, segundo o número de todos os homens de um mês para cima, eram seis mil e duzentos.
35 E o príncipe da casa paterna das famílias de Merári será Zuriel, filho de Abiail; eles se acamparão ao lado do tabernáculo, para a banda do norte.
36 Por designação os filhos de Merári terão a seu cargo as armações do tabernáculo e os seus travessões, as suas colunas e as suas bases, e todos os seus pertences, com todo o seu serviço,
37 e as colunas do átrio em redor e as suas bases, as suas estacas e as suas cordas.
38 Diante do tabernáculo, para a banda do oriente, diante da tenda da revelação, acampar-se-ão Moisés, e Arão com seus filhos, que terão a seu cargo o santuário, para zelarem pelo cumprimento dos deveres dos filhos de Israel; e o estranho que se chegar será morto.
39 Todos os que foram contados dos levitas, que Moisés e Arão contaram por mandado do Senhor, segundo as suas famílias, todos os homens de um mês para cima, eram vinte e dois mil.
40 Disse mais o Senhor a Moisés: Conta todos os primogênitos dos filhos de Israel, da idade de um mês para cima, e toma o número dos seus nomes.
41 E para mim tomarás os levitas (eu sou o Senhor) em lugar de todos os primogênitos dos filhos de Israel, e o gado dos levitas em lugar de todos os primogênitos entre o gado de Israel.
42 Moisés, pois, contou, como o Senhor lhe ordenara, todos os primogênitos entre os filhos de Israel.
43 E todos os primogênitos, pelo número dos nomes, da idade de um mês para cima, segundo os que foram contados deles, eram vinte e dois mil duzentos e setenta e três.
44 Disse ainda mais o Senhor a Moisés:
45 Toma os levitas em lugar de todos os primogênitos entre os filhos de Israel, e o gado dos levitas em lugar do gado deles; porquanto os levitas serão meus. Eu sou o Senhor.
46 Pela redenção dos duzentos e setenta e três primogênitos dos filhos de Israel, que excedem o número dos levitas,
47 receberás por cabeça cinco siclos; conforme o siclo do santuário os receberás (o siclo tem vinte jeiras),
48 e darás a Arão e a seus filhos o dinheiro da redenção dos que excedem o número entre eles.
49 Então Moisés recebeu o dinheiro da redenção dos que excederam o número dos que foram remidos pelos levitas;
50 dos primogênitos dos filhos de Israel recebeu o dinheiro, mil trezentos e sessenta e cinco siclos, segundo o siclo do santuário.
51 E Moisés deu o dinheiro da redenção a Arão e a seus filhos, conforme o Senhor lhe ordenara. ” (Nm 3.1-51).




Números 4

Os Servidores do Tabernáculo

Nós vemos no quarto capítulo do livro de Números, que dos 22.273 levitas de um mês de idade para cima, que haviam sido contados, apenas 8.580 (v. 48) tinham de trinta a cinquenta anos, faixa etária designada para aqueles que deveriam servir no tabernáculo.
São descritos neste capítulo os cuidados especiais, que deveriam ser tomados em relação ao tabernáculo, quando tinha que ser desmontado e remontado, em razão das peregrinações que os israelitas fariam no deserto.
Ninguém poderia ver a arca, nem mesmo os sacerdotes, pois o véu do reposteiro deveria ser arriado no sentido de cobri-la, sem que fosse vista pelos que realizassem tal operação, e depois seria ainda colocado por cima do véu, uma coberta de pele de animais marinhos, para fins de impermeabilização, e por cima desta deveria ser colocado ainda uma coberta de cor azul.
Os demais objetos e utensílios do tabernáculo deveriam ser cobertos pelos sacerdotes com um pano azul, e por cima deste, deveriam ser colocadas peles de animais marinhos, sendo que no caso da mesa dos pães, deveria ser colocado um pano carmesim, entre a cobertura azul e a de peles de animais marinhos, de modo que ninguém mais os visse além deles.
Nem mesmo os coatitas, que os carregariam nas jornadas empreendidas pelos israelitas, poderiam vê-los, para que não fossem mortos pelo Senhor.
Para ensinar reverência com as coisas sagradas, que representavam em figura, as que existem no céu, e que, por conseguinte eram santas, havia todas estas proibições no culto da Antiga Aliança, que foi celebrada com os israelitas.
Estas proibições falam bem alto do altíssimo valor da redenção, justificação e santificação realizada por Cristo na Nova Aliança, em que se afirma que os cristãos podem agora, se aproximar com grande confiança do trono da graça.
Eleazar, filho de Arão foi designado para supervisionar o serviço dos coatitas, e Itamar o dos gersonitas e dos meraritas.
A supervisão, que inclui a missão de liderar e governar é mais difícil e exige maior responsabilidade do que a missão de obedecer e executar.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão:
2 Tomai a soma dos filhos de Coate, dentre os filhos de Levi, pelas suas famílias, segundo as casas de seus pais,
3 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta anos, de todos os que entrarem no serviço para fazerem o trabalho na tenda da revelação.
4 Este será o serviço dos filhos de Coate; na tenda da revelação, no tocante as coisas santíssimas:
5 Quando partir o arraial, Arão e seus filhos entrarão e, abaixando o véu do reposteiro, com ele cobrirão a arca do testemunho;
6 por-lhe-ão por cima uma coberta de peles de golfinhos, e sobre ela estenderão um pano todo de azul, e lhe meterão os varais.
7 Sobre a mesa dos pães da proposição estenderão um pano de azul, e sobre ela colocarão os pratos, as colheres, as tigelas e os cântaros para as ofertas de libação; também o pão contínuo estará sobre ela.
8 Depois estender-lhe-ão por cima um pano de carmesim, o qual cobrirão com uma coberta de peles de golfinhos, e meterão à mesa os varais.
9 Então tomarão um pano de azul, e cobrirão o candelabro da luminária, as suas lâmpadas, os seus espevitadores, os seus cinzeiros, e todos os seus vasos do azeite, com que o preparam;
10 e o envolverão, juntamente com todos os seus utensílios, em uma coberta de peles de golfinhos, e o colocarão sobre os varais.
11 Sobre o altar de ouro estenderão um pano de azul, e com uma coberta de peles de golfinhos o cobrirão, e lhe meterão os varais.
12 Também tomarão todos os utensílios do ministério, com que servem no santuário, envolvê-los-ão num pano de azul e, cobrindo-os com uma coberta de peles de golfinhos, os colocarão sobre os varais.
13 E, tirando as cinzas do altar, estenderão sobre ele um pano de púrpura;
14 colocarão nele todos os utensílios com que o servem: os seus braseiros, garfos, as pás e as bacias, todos os utensílios do altar; e sobre ele estenderão uma coberta de peles de golfinhos, e lhe meterão os varais.
15 Quando Arão e seus filhos, ao partir o arraial, acabarem de cobrir o santuário e todos os seus móveis, os filhos de Coate virão para levá-lo; mas nas coisas sagradas não tocarão, para que não morram; esse é o cargo dos filhos de Coate na tenda da revelação.
16 Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, terá a seu cargo o azeite da luminária, o incenso aromático, a oferta contínua de cereais e o óleo da unção; isto é, terá a seu cargo todo o tabernáculo, e tudo o que nele há, o santuário e os seus móveis.
17 Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão:
18 Não cortareis a tribo das famílias dos coatitas do meio dos levitas;
19 mas isto lhes fareis, para que vivam e não morram, quando se aproximarem das coisas santíssimas: Arão e seus filhos entrarão e lhes designarão a cada um o seu serviço e o seu cargo;
20 mas eles não entrarão a ver, nem por um momento, as coisas sagradas, para que não morram.
21 Disse mais o Senhor a Moisés:
22 Toma também a soma dos filhos de Gérsom segundo as casas de seus pais, segundo as suas famílias;
23 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta os contarás, a todos os que entrarem no serviço para fazerem o trabalho na tenda da revelação.
24 Este será o serviço das famílias dos gersonitas, ao servirem e ao levarem as cargas:
25 levarão as cortinas do tabernáculo, a tenda da revelação, a sua coberta, a coberta de peles de golfinhos, que está por cima, o reposteiro da porta da tenda da revelação,
26 as cortinas do átrio, o reposteiro da porta do átrio, que está junto ao tabernáculo e junto ao altar em redor, as suas cordas, e todos os instrumentos do seu serviço; enfim tudo quanto se houver de fazer no tocante a essas coisas, nisso hão de servir.
27 Todo o trabalho dos filhos dos gersonitas, em todo o seu cargo, e em todo o seu serviço, será segundo o mandado de Arão e de seus filhos; e lhes designareis os cargos em que deverão servir.
28 Este é o serviço das famílias dos filhos dos gersonitas na tenda da revelação; e o seu trabalho estará sob a direção de Itamar, filho de Arão, o sacerdote.
29 Quanto aos filhos de Merári, contá-los-ás segundo as suas famílias, segundo as casas e seus pais;
30 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta os contarás, a todos os que entrarem no serviço para fazerem o trabalho da tenda da revelação,
31 Este será o seu encargo, segundo todo o seu serviço na tenda da revelação: as armações do tabernáculo e os seus varais, as suas colunas e as suas bases,
32 como também as colunas do átrio em redor e as suas bases, as suas estacas e as suas cordas, com todos os seus objetos, e com todo o seu serviço; e por nome lhes designareis os objetos que ficarão a seu cargo.
33 Este é o serviço das famílias dos filhos de Merári, segundo todo o seu trabalho na tenda da revelação, sob a direção de Itamar, filho de Arão, o sacerdote.
34 Moisés, pois, e Arão e os príncipes da congregação contaram os filhos dos coatitas, segundo as suas famílias, segundo as casas e seus pais,
35 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta, todos os que entraram no serviço para o trabalho na tenda da revelação;
36 os que deles foram contados, pois, segundo as suas famílias, eram dois mil setecentos e cinquenta.
37 Esses são os que foram contados das famílias dos coatitas, isto é, todos os que haviam de servir na tenda da revelação, aos quais Moisés e Arão contaram, conforme o mandado do Senhor por intermédio de Moisés.
38 Semelhantemente os que foram contados dos filhos de Gérsom segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais,
39 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta, todos os que entraram no serviço, para o trabalho na tenda da revelação,
40 os que deles foram contados, segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais, eram dois mil seiscentos e trinta.
41 Esses são os que foram contados das famílias dos filhos de Gérsom todos os que haviam de servir na tenda da revelação, aos quais Moisés e Arão contaram, conforme o mandado do Senhor.
42 E os que foram contados das famílias dos filhos de Merári, segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais,
43 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta, todos os que entraram no serviço, para o trabalho na tenda da revelação,
44 os que deles foram contados, segundo as suas famílias, eram três mil e duzentos.
45 Esses são os que foram contados das famílias dos filhos de Merári, aos quais Moisés e Arão contaram, conforme o mandado do Senhor por intermédio de Moisés.
46 Todos os que foram contados dos levitas, aos quais contaram Moisés e Arão e os príncipes de Israel, segundo as suas famílias, segundo as casas de seus pais,
47 da idade de trinta anos para cima até os cinquenta, todos os que entraram no serviço para trabalharem e para levarem cargas na tenda da revelação,
48 os que deles foram contados eram oito mil quinhentos e oitenta.
49 Conforme o mandado do Senhor foram contados por Moisés, cada qual segundo o seu serviço, e segundo o seu cargo; assim foram contados por ele, como o Senhor lhe ordenara.” (Nm 4.1-49).



Números 5

Repetição de Várias Leis

No quinto capitulo de Números nós temos a repetição de algumas leis como a relativa à exclusão do convívio social de pessoas leprosas, com fluxos; ou consideradas imundas pela Lei, pelo contato com um morto (v.3).
Há também a repetição da lei de restituição no caso de prática de injustiça ao próximo (v. 5-8); e a de que as coisas consagradas no tabernáculo pertenceriam aos sacerdotes (v. 9 e 10).
As tribos haviam sido organizadas e instaladas pelos respectivos arraiais, ao redor do tabernáculo, e agora é ordenado que sejam executados os mandamentos relativos à limpeza do acampamento.
A igreja tem a missão de se manter santificada e purificada de erros e pecados.
Os seus membros que permanecem deliberadamente no pecado devem ser disciplinados e excluídos, para que a presença do Senhor continue operando em Seu meio.
A exclusão das pessoas consideradas cerimonialmente imundas na Lei, era uma figura da aplicação do zelo necessário para ser mantida a santidade no corpo de Cristo.
É a este cuidado, especialmente por parte da liderança da igreja, que o autor de Hebreus afirma o seguinte: “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem;” (Hb 12.15).
Toda raiz de amargura deve ser excluída, cortada, até que se arrependa, de modo a não contaminar todo o corpo.
Assim como em outra metáfora, Paulo se refere ao fermento que deve ser retirado para que toda a massa de cristãos não venha a ser levedada por ele.
Esta medida aponta para a realidade final a ser experimentada pelo corpo de fiéis na Nova Jerusalém:
“E não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira; mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Apo 21.27).
A partir do verso 11 é apresentada uma nova lei, a saber, a que regulava os procedimentos para a confirmação ou não de suspeita de prática de adultério feminino.
É enfatizado o tratamento necessário para a suspeita de adultério por parte do marido contra a esposa, e não o oposto, não por qualquer discriminação na lei entre os sexos, mas simplesmente por serem os homens os cabeças, os chefes de família em Israel.
O adultério lhes furtaria a honra que lhes era devida segundo o mandado de Deus, e violaria um direito à fidelidade no matrimônio, que fora determinado pelo Senhor, e poderia fazer com que fosse introduzida uma descendência diferente em sua família, para compartilhar com os seus filhos e propriedades, violando-se assim a aliança que havia sido feita anteriormente.
Nada fere mais a consciência do que este pecado, e tão grande é a sujeira que está envolvida nele que os pecadores são levados a praticá-lo se escondendo, para que não haja qualquer testemunha.
Se não fosse vergonhoso não haveria necessidade de ser secreto; mas o diabo atrai os pecadores para este pecado e lhes ensina como encobri-lo até que ele mesmo faça com que seja revelado, para que ocorram os enormes estragos que ele costuma produzir.
A nova lei da água de amargura, que sendo bebida pela mulher cujo comportamento estivesse indicando um possível caso de adultério, faria com que o seu ventre inchasse e suas coxas murchassem, em caso de confirmação do pecado.
Certamente isto não ocorreria por nenhuma propriedade mágica da água que lhe fosse dada pelo sacerdote, mas por uma ação sobrenatural do Senhor associada ao ato de beber aquela água, pois Ele tudo sabe e pode, e velaria para o cumprimento de Sua Lei em Israel.
Assim, esta lei teria um grande caráter preventivo no sentido de desestimular a muitos quanto à prática do adultério, para que se evitasse o constrangimento gerado pela maldição que estava associada à confirmação da suspeita.
Deste modo, as esposas se preveniriam de dar qualquer ocasião à suspeita de violação da sua castidade, evitando assim toda aparência do mal.
Esta lei também evitava que uma esposa fiel ficasse continuamente debaixo de um ciúme injustificado por parte do seu marido.




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Ordena aos filhos de Israel que lancem para fora do arraial a todo leproso, e a todo o que padece fluxo, e a todo o que está oriundo por ter tocado num morto;
3 tanto homem como mulher os lançareis para fora, sim, para fora do arraial os lançareis; para que não contaminem o seu arraial, no meio do qual eu habito.
4 Assim fizeram os filhos de Israel, lançando-os para fora do arraial; como o Senhor falara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel.
5 Disse mais o Senhor a Moisés: Dize aos filhos de Israel: Quando homem ou mulher pecar contra o seu próximo, transgredindo os mandamentos do Senhor, e tornando-se assim culpado,
7 confessará o pecado que tiver cometido, e pela sua culpa fará plena restituição, e ainda lhe acrescentará a sua quinta parte; e a dará àquele contra quem se fez culpado.
8 Mas, se esse homem não tiver parente chegado, a quem se possa fazer a restituição pela culpa, esta será feita ao Senhor, e será do sacerdote, além do carneiro da expiação com que se fizer expiação por ele.
9 Semelhantemente toda oferta alçada de todas as coisas consagradas dos filhos de Israel, que estes trouxerem ao sacerdote, será dele.
10 Enfim, as coisas consagradas de cada um serão do sacerdote; tudo o que alguém lhe der será dele.
11 Disse mais o Senhor a Moisés:
12 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Se a mulher de alguém se desviar pecando contra ele,
13 e algum homem se deitar com ela, sendo isso oculto aos olhos de seu marido e conservado encoberto, se ela se tiver contaminado, e contra ela não houver testemunha, por não ter sido apanhada em flagrante;
14 se o espírito de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado, ou se sobre ele vier o espírito de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, mesmo que ela não se tenha contaminado;
15 o homem trará sua mulher perante o sacerdote, e juntamente trará a sua oferta por ela, a décima parte de uma efa de farinha de cevada, sobre a qual não deitará azeite nem porá incenso; porquanto é oferta de cereais por ciúmes, oferta memorativa, que traz a iniquidade à memória.
16 O sacerdote fará a mulher chegar, e a porá perante o Senhor.
17 E o sacerdote tomará num vaso de barro água sagrada; também tomará do pó que houver no chão do tabernáculo, e o deitará na água.
18 Então apresentará a mulher perante o Senhor, e descobrirá a cabeça da mulher, e lhe porá na mão a oferta de cereais memorativa, que é a oferta de cereais por ciúmes; e o sacerdote terá na mão a água de amargura, que traz consigo a maldição;
19 e a fará jurar, e dir-lhe-á: Se nenhum homem se deitou contigo, e se não te desviaste para a imundícia, violando o voto conjugal, sejas tu livre desta água de amargura, que traz consigo a maldição;
20 mas se te desviaste, violando o voto conjugal, e te contaminaste, e algum homem que não é teu marido se deitou contigo,-
21 então o sacerdote, fazendo que a mulher tome o juramento de maldição, lhe dirá: O Senhor te ponha por maldição e praga no meio do teu povo, fazendo-te o Senhor consumir-se a tua coxa e inchar o teu ventre;
22 e esta água que traz consigo a maldição entrará nas tuas entranhas, para te fazer inchar o ventre, e te fazer consumir-se a coxa. Então a mulher dirá: Amém, amém.
23 Então o sacerdote escreverá estas maldições num livro, e na água de amargura as apagará;
24 e fará que a mulher beba a água de amargura, que traz consigo a maldição; e a água que traz consigo a maldição entrará nela para se tornar amarga.
25 E o sacerdote tomará da mão da mulher a oferta de cereais por ciúmes, e moverá a oferta de cereais perante o Senhor, e a trará ao altar;
26 também tomará um punhado da oferta de cereais como memorial da oferta, e o queimará sobre o altar, e depois fará que a mulher beba a água.
27 Quando ele tiver feito que ela beba a água, sucederá que, se ela se tiver contaminado, e tiver pecado contra seu marido, a água, que traz consigo a maldição, entrará nela, tornando-se amarga; inchar-lhe-á o ventre e a coxa se lhe consumirá; e a mulher será por maldição no meio do seu povo.
28 E, se a mulher não se tiver contaminado, mas for inocente, então será livre, e conceberá filhos.
29 Esta é a lei dos ciúmes, no tocante à mulher que, violando o voto conjugal, se desviar e for contaminada;
30 ou no tocante ao homem sobre quem vier o espírito de ciúmes, e se enciumar de sua mulher; ele apresentará a mulher perante o Senhor, e o sacerdote cumprirá para com ela toda esta lei.
31 Esse homem será livre da iniquidade; a mulher, porém, levará sobre si a sua iniquidade.” (Nm 5.1-31).



Números 6

O Nazireado

A palavra nazireu no hebraico é nazir, que significa separado, consagrado.
Esta mesma palavra é usada em Gên 49.26, na bênção profética de Jacó dirigida a José, referindo-se a este como aquele que foi distinguido, separado, entre os seus irmãos.
A devoção de José a Deus era de tal caráter e tão notável, que lhe foi aplicada a palavra nazir, como indicação desta sua separação para o Senhor.
Deus mesmo o havia separado e ele correspondeu plenamente a esta separação.
Não no sentido de isolamento, mas no sentido de se destacar espiritualmente na comunhão e intimidade com Deus, por meio da consagração de sua vida a Ele.
Sansão (Jz 13.5) e João Batista (Lc 1.15) foram nazireus por designação divina, e outros pelo voto dos seus pais, como Samuel (I Sam 1.11).
Outros fizeram votos de serem nazireus por um determinado tempo, e neste caso estavam sujeitos às regras estabelecidas nesta lei, que foram criadas para os casos de consagração voluntária.
Todo verdadeiro cristão é um nazireu espiritual, separado por voto voluntário a Deus.
Um cristão fiel terá que renunciar a muitas coisas, para manter um testemunho santo, num mundo de trevas.
Estas renúncias estavam representadas em figura na lei do nazireado, pelas coisas que eram vedadas por Deus a eles, tais como o fruto da videira, nem qualquer tipo de bebida forte ou de vinho, e não deveria raspar a cabeça durante os dias do seu voto, e ainda lhe era vedado se aproximar de qualquer cadáver.
A proibição de comer qualquer produto da videira, mesmo o fruto in natura, tinha a ver possivelmente com o fato de revelar o nível da consagração a Deus, porque o consumo de uva era muito generalizado e apreciado, e a abstinência seria uma forma de mostrar que o amor a Deus pode superar qualquer outro tipo de desejo e afeto natural.
Deus destaca no capítulo 35 de Jeremias a obediência estrita dos recabitas a seu pai, que não tomavam vinho porque ele lhes havia dado tal ordem, e destaca esta obediência como exemplo da que esperava receber Ele próprio dos israelitas.
Todos aqueles que pretenderem se consagrar a Deus deverão aprender juntamente com o apóstolo a trazer o próprio corpo em sujeição (I Cor 9.27).
O cabelo longo dos nazireus era um sinal de sujeição a Deus, tal como no caso das mulheres a seus maridos, conforme o dizer do apóstolo em I Cor 11.5, 14,15.
A proibição de se aproximar de cadáveres simbolizava o esforço para evitar contato com qualquer tipo de pecado, porque a consequência do pecado é a morte.
A consagração do nazireu deveria apontar para a vida, a qual é fruto da santidade.
As prescrições para a purificação do nazireu, caso se contaminasse eventualmente com algum morto, apontavam para a restauração da consagração pela via do arrependimento, pela confissão do pecado e confiança no sacrifício que deveria ser apresentado.
Isto apontava em figura, para a restauração da comunhão quebrada pelo pecado, no caso de cristãos na Igreja de Cristo, que devem seguir diariamente a mesma prescrição do arrependimento, confissão e confiança no sacrifício do Senhor, para serem restaurados à comunhão, quando eventualmente a quebrarem por causa do pecado.
O apóstolo Paulo, por sugestão dos apóstolos de Jerusalém, quando acusado pelos judeus, de estar quebrando a lei de Moisés, foi orientado a fazer um voto de nazireado de sete dias (At 21.24-27), para lhes demonstrar que não pregava contra os preceitos da lei de Moisés.
Ao findar o tempo do seu voto, o nazireu deveria apresentar sacrifícios pelo pecado, e como oferta pacífica, no tabernáculo.
Ora, isto ensina claramente que a nossa consagração ao Senhor é aceita por causa do sacrifício de Jesus, que possibilita que sejamos aceitos assim como os nossos serviços para Deus, que de outro modo jamais poderiam ser aceitos.
É um grande privilégio poder servir e ser aceito pelo Senhor, e então somos nós que sempre teremos uma grande dívida para com Ele, que jamais poderemos pagar, senão demonstrar toda a nossa gratidão e louvor, com os nossos serviços e consagração.
Deus não nos deve coisa alguma.
Tudo o que temos recebido dEle é pela Sua exclusiva graça, misericórdia e bondade.
Portanto, não é uma atitude sábia fazer algo para Deus, pensando que se merece receber em troca o pagamento correspondente.
Isto é uma barganha espiritual abominável para o Senhor, que espera ações voluntárias, amorosas e desinteressadas de todos os seus filhos.
Nos versículos 24 a 26 nós temos a fórmula com a qual os sacerdotes deveriam abençoar os israelitas, conforme ordem dada pelo Senhor a Moisés:
“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; o Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.”
 Os sacerdotes haviam sido separados por Deus para também abençoarem o Seu povo em Seu nome (Dt 21.5).
Esta bênção era um prenúncio da bênção que é dada pelo Sumo Sacerdote da nossa fé, Jesus (At 3.26), pois é somente nEle e por meio dEle que podemos ter paz com Deus, e viver de modo abençoado.
O nome Jeová (traduzido por Senhor) é proferido três vezes na bênção sacerdotal.
O nome sagrado do Deus da aliança com Israel é o que é usado aqui (YHWH), como forma de demonstração que a bênção não seria propriamente do sacerdote, mas do Senhor.
Deus definiu o resultado de sua bênção em nossas vidas como proteção (guardar), como alegria e agrado relativos ao nosso viver, como misericórdia para perdão dos nossos pecados e livramento do mal, como aprovação dEle por estarmos diante da Sua face e como paz espiritual em nossas almas, e na relação com o nosso próximo.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando alguém, seja homem, seja mulher, fizer voto especial de nazireu, a fim de se separar para o Senhor,
3 abster-se-á de vinho e de bebida forte; não beberá, vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem bebida alguma feita de uvas, nem comerá uvas frescas nem secas.
4 Por todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma que se faz da uva, desde os caroços até as cascas.
5 Por todos os dias do seu voto de nazireado, navalha não passará sobre a sua cabeça; até que se cumpram os dias pelos quais ele se tenha separado para o Senhor, será santo; deixará crescer as guedelhas do cabelo da sua cabeça.
6 Por todos os dias da sua separação para o Senhor, não se aproximará de cadáver algum.
7 Não se contaminará nem por seu pai, nem por sua mãe, nem por seu irmão, nem por sua irmã, quando estes morrerem; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça:
8 Por todos os dias do seu nazireado será santo ao Senhor.
9 Se alguém morrer subitamente junto dele, contaminando-se assim a cabeça do seu nazireado, rapará a sua cabera no dia da sua purificação, ao sétimo dia a rapará.
10 Ao oitavo dia trará duas rolas ou dois pombinhos, ao sacerdote, à porta da tenda da revelação;
11 e o sacerdote oferecerá um como oferta pelo pecado, e o outro como holocausto, e fará expiação por esse que pecou no tocante ao morto; assim naquele mesmo dia santificará a sua cabeça.
12 Então separará ao Senhor os dias do seu nazireado, e para oferta pela culpa trará um cordeiro de um ano; mas os dias antecedentes serão perdidos, porquanto o seu nazireado foi contaminado.
13 Esta, pois, é a lei do nazireu: no dia em que se cumprirem os dias do seu nazireado ele será trazido à porta da tenda da revelação,
14 e oferecerá a sua oferta ao Senhor: um cordeiro de um ano, sem defeito, como holocausto, e uma cordeira de um ano, sem defeito, como oferta pelo pecado, e um carneiro sem defeito como oferta pacífica;
15 e um cesto de pães ázimos, bolos de flor de farinha amassados com azeite como também as respectivas ofertas de cereais e de libação.
16 E o sacerdote os apresentará perante o Senhor, e oferecerá a oferta pelo pecado, e o holocausto;
17 também oferecerá o carneiro em sacrifício de oferta pacífica ao Senhor, com o cesto de pães ázimos e as respectivas ofertas de cereais e de libação.
18 Então o nazireu, à porta da tenda da revelação, rapará o cabelo do seu nazireado, tomá-lo-á e o porá sobre o fogo que está debaixo do sacrifício das ofertas pacíficas.
19 Depois o sacerdote tomará a espádua cozida do carneiro, e um pão ázimo do cesto, e um coscorão ázimo, e os porá nas mãos do nazireu, depois de haver este rapado o cabelo do seu nazireado;
20 e o sacerdote os moverá como oferta de movimento perante o Senhor; isto é santo para o sacerdote, juntamente com o peito da oferta de movimento, e com a espádua da oferta alçada; e depois o nazireu poderá beber vinho.
21 Esta é a lei do que fizer voto de nazireu, e da sua oferta ao Senhor pelo seu nazireado, afora qualquer outra coisa que as suas posses lhe permitirem oferecer; segundo o seu voto, que fizer, assim fará conforme a lei o seu nazireado.
22 Disse mais o Senhor a Moisés:
23 Fala a Arão, e a seus filhos, dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel; dir-lhes-eis:
24 O Senhor te abençoe e te guarde;
25 o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
26 o Senhor levante sobre ti o seu rosto, e te dê a paz.


27 Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei..” (Nm 6.1-27).



Números 7

As Ofertas para o Serviço do Tabernáculo

No sétimo capítulo de Números são descritas as ofertas que foram feitas pelas doze tribos de Israel, para os serviços dos levitas no tabernáculo, e para a dedicação do altar.
Foram oferecidos seis carros cobertos e doze bois, para o transporte dos materiais do tabernáculo, exceto os objetos sagrados da tenda, que deveriam ser transportados pelos coatitas, sendo carregados pelos respectivos varais.  
O Senhor determinou que dois carros e quatro bois fossem dados aos gersonitas; e quatro carros e oito bois ao meraritas.
Posteriormente, determinou que em cada dia, numa sequência de doze, fosse apresentado pelos príncipes das respectivas tribos, no dia que lhes foi designado, ofertas para a dedicação do altar.
Começando pela tribo de Judá, terminou com a apresentação da tribo de Naftali, sendo oferecidos no total doze salvas de prata, doze bacias de prata, doze colheres de ouro cheias de incenso; e doze novilhos, doze carneiros e doze cordeiros, com as respectivas ofertas de cereais, para holocausto; e doze bodes para oferta pelo pecado; e vinte e quatro novilhos, sessenta carneiros, sessenta bodes e sessenta cordeiros para oferta pacífica.
Sabemos que a nossa salvação é gratuita e que Cristo já pagou sozinho todo o preço exigido para a nossa redenção.
Entretanto, Deus requer dos seus filhos, que demonstrem a Sua gratidão e confiança na Sua provisão, de forma visível e externa, daquilo que está no coração.
Deus ama a quem dá com alegria porque o ato de dar demonstra o desprendimento e confiança nEle, de uma forma prática e incontestável, mediante a qual, o Seu nome é glorificado.
Tal é da vontade de Deus que nos exercitemos em generosidade, tanto para com o serviço da sua casa, quanto para com o nosso próximo, que Ele faz a promessa de prover ainda mais abundantemente a vida daqueles que são generosos no dar, associando a este ato uma lei espiritual equivalente à lei natural da semeadura e colheita, pois quanto mais se semeia, mais se colhe (II Cor 9).
Para demonstrar que aquelas ofertas feitas pelas tribos de Israel não tinham qualquer caráter em comprar o Seu favor, fixou um número muito maior de animais para serem oferecidos como ofertas pacíficas, isto é, de gratidão e louvor em reconhecimento à paz que se tem com Deus, por meio da Sua graça e misericórdia em favor do pecador arrependido, do que o número de animais que seriam oferecidos para holocausto, e como oferta pelo pecado.    
Mais uma vez, vemos também neste capítulo, Deus estabelecendo uma ordem para a realização do serviço na sua casa.
Os serviços duraram doze dias, com a indicação da respectiva tribo para cada dia.
Há um modo de se andar na casa de Deus, e isto é feito basicamente com prontidão, mas sem pressa e confusão.
Tudo deve ser feito com esmero e da melhor forma possível, pois não estamos servindo ao homem, mas ao Rei da Glória, à Majestade do Universo.
Por maior que seja o nosso cuidado e reverência jamais estarão à altura da Sua Grandeza.
Se não podemos lhe dar a devida honra no nível adequado, que demos então o melhor que pudermos.
Por isso o apóstolo Pedro recomenda:
“servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém.” (I Pe 4.10,11).
E ainda, o apóstolo Paulo:
 “De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria.” (Rom 12.6-8).



“1 No dia em que Moisés acabou de levantar o tabernáculo, tendo-o ungido e santificado juntamente com todos os seus móveis, bem como o altar e todos os seus utensílios, depois de ungi-los e santificá-los,
2 os príncipes de Israel, cabeças das casas de seus pais, fizeram as suas ofertas. Estes eram os príncipes das tribos, os que estavam sobre os que foram contados.
3 Trouxeram eles a sua oferta perante o Senhor: seis carros cobertos, e doze bois; por dois príncipes um carro, e por cada um, um boi; e os apresentaram diante do tabernáculo.
4 Então disse o Senhor a Moisés:
5 Recebe-os deles, para serem utilizados no serviço da tenda da revelação; e os darás aos levitas, a cada qual segundo o seu serviço:
6 Assim Moisés recebeu os carros e os bois, e os deu aos levitas.
7 Dois carros e quatro bois deu aos filhos de Gérson segundo o seu serviço;
8 e quatro carros e oito bois deu aos filhos de Merári, segundo o seu serviço, sob as ordens de Itamar, filho de Arão, o sacerdote.
9 Mas aos filhos de Coate não deu nenhum, porquanto lhes pertencia o serviço de levar o santuário, e o levavam aos ombros.
10 Os príncipes fizeram também oferta para a dedicação do altar, no dia em que foi ungido; e os príncipes apresentaram as suas ofertas perante o altar.
11 E disse o Senhor a Moisés: Cada príncipe oferecerá a sua oferta, cada qual no seu dia, para a dedicação do altar.
12 O que ofereceu a sua oferta no primeiro dia foi Nasom, filho de Aminadabe, da tribo de Judá.
13 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambas cheias de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
14 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
15 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
16 um bode para oferta pelo pecado;
17 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Nasom, filho de Aminadabe.
18 No segundo dia fez a sua oferta Netanel, filho de Zuar, príncipe de Issacar.
19 E como sua oferta ofereceu uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
20 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
21 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
22 um bode para oferta pelo pecado;
23 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Netanel, filho de Zuar.
24 No terceiro dia fez a sua oferta Eliabe, filho de Helom, príncipe dos filhos de Zebulom.
25 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
26 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
27 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
28 um bode para oferta pelo pecado;
29 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Eliabe, filho de Helom.
30 No quarto dia fez a sua oferta Elizur, filho de Sedeur, príncipe dos filhos de Rúben.
31 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
32 uma colher de ouro de dez siclos, cheio de incenso;
33 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
34 um bode para oferta pelo pecado;
35 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Elizur, filho de Sedeur.
36 No quinto dia fez a sua oferta Selumiel, filho de Zurisadai, príncipe dos filhos de Simeão.
37 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
38 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
39 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
40 um bode para oferta pelo pecado;
41 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Selumiel, filho de Zurisadai.
42 No sexto dia fez a sua oferta Eliasafe, filho de Deuel, príncipe dos filhos de Gade.
43 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
44 uma colher de ouro do dez siclos, cheia de incenso;
45 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto; ,
46 um bode para oferta pelo pecado;
47 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Eliasafe, filho de Deuel,
48 No sétimo dia fez a sua oferta Elisama, filho de Amiúde, príncipe dos filhos de Efraim.
49 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassado com azeite, para oferta de cereais;
50 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
51 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
52 um bode para oferta pelo pecado;
53 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Elisama, filho de Amiúde.
54 No oitavo dia fez a sua oferta Gamaliel, filho de Pedazur, príncipe dos filhos de Manassés.
55 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
56 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
57 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
58 um bode para oferta pelo pecado;
59 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Gamaliel, filho de Pedazur.
60 No dia nono fez a sua oferta Abidã, filho de Gideôni, príncipe dos filhos de Benjamim.
61 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
62 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
63 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
64 um bode para oferta pelo pecado;
65 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Abidã, filho de Gideôni.
66 No décimo dia fez a sua oferta Aiezer, filho de Amisadai, príncipe filhos de Dã.
67 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
68 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
69 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
70 um bode para oferta pelo pecado;
71 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Aiezer, filho de Amisadai.
72 No dia undécimo fez a sua oferta Pagiel, filho de Ocrã, príncipe dos filhos de Aser.
73 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
74 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
75 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
76 um bode para oferta pelo pecado;
77 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta do Pagiel, filho do Ocrã.
78 No duodécimo dia fez a sua oferta Airá, filho de Enã, príncipe dos filhos de Naftali.
79 A sua oferta foi uma salva de prata do peso de cento e trinta siclos, uma bacia de prata de setenta siclos, segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha amassada com azeite, para oferta de cereais;
80 uma colher de ouro de dez siclos, cheia de incenso;
81 um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para holocausto;
82 um bode para oferta pelo pecado;
83 e para sacrifício de ofertas pacíficas dois bois, cinco carneiros, cinco bodes, cinco cordeiros de um ano; esta foi a oferta de Airá, filho de Enã.
84 Esta foi a oferta dedicatória do altar, feita pelos príncipes de Israel, no dia em que foi ungido: doze salvas de prata, doze bacias de prata, doze colheres de ouro,
85 pesando cada salva de prata cento e trinta siclos, e cada bacia setenta; toda a prata dos vasos foi dois mil e quatrocentos siclos, segundo o siclo do santuário;
86 doze colheres de ouro cheias de incenso, pesando cada colher dez siclos, segundo o siclo do santuário; todo o ouro das colheres foi cento e vinte siclos.
87 Todos os animais para holocausto foram doze novilhos, doze carneiros, e doze cordeiros de um ano, com as respectivas ofertas de cereais; e para oferta pelo pecado, doze bodes;
88 e todos os animais para sacrifício das ofertas pacíficas foram vinte e quatro novilhos, sessenta carneiros, sessenta bodes, e sessenta cordeiros de um ano. Esta foi a oferta dedicatória do altar depois que foi ungido.
89 Quando Moisés entrava na tenda da revelação para falar com o Senhor, ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre a arca do testemunho entre os dois querubins; assim ele lhe falava.” (Nm 7.1-89).


Números 8

A Consagração dos Levitas

O tabernáculo não tinha qualquer janela, e era feito de uma estrutura de tábuas cobertas com cortinas, de modo que ninguém que estivesse do lado de fora poderia contemplar o seu interior, e foi ordenado que o candelabro fosse aceso.
A luz serviria para o serviço dos sacerdotes no Lugar Santo, pois de outro modo o ambiente permaneceria às escuras.
Aquelas sete hastes acesas do candelabro certamente representam a luz de Cristo, na qual todos os cristãos devem andar, para que sejam purificados de seus pecados e tenham comunhão uns com os outros (I Jo 1.6,7).
Poderia ter sido ordenado que houvesse uma abertura para iluminar o interior do tabernáculo, mas ele era totalmente fechado, exatamente para representar que a luz que guia a vida dos cristãos não é a luz natural, mas a luz sobrenatural de Deus.
Neste oitavo capítulo de Números é ordenada a consagração dos levitas, através da apresentação de sacrifícios específicos, para que eles fossem separados das demais pessoas de Israel, para servirem ao Senhor.
Eles deveriam raspar o corpo e se banharem, de modo que isto significasse para eles, que todo o serviço feito para Deus deve ser feito com um coração limpo, em santidade de vida.
Nenhum serviço feito para Deus será aceito por Ele caso o ofertante não esteja santificado.
É primordial, pois, que nos indaguemos antes de iniciarmos qualquer trabalho para Deus: “Estamos santificados?”
Caso contrário, o conserto com o Senhor deve vir primeiro, antes que nos dediquemos ao trabalho que deve ser feito.
Assim como os sacerdotes e os levitas foram dados a Israel para o bem de toda a nação, nos serviços que realizariam no tabernáculo, para que não viesse pestilência sobre eles, de igual modo, Deus tem dado à igreja diversos ministérios para o bem de todos os cristãos:
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” (Ef 4.11,12)
Os levitas entrariam no serviço de Deus aos 25 anos de idade, mas somente poderiam carregar os utensílios do tabernáculo a partir dos 30 anos.
Quando chegassem aos 50 anos não deveriam mais executar os trabalhos previstos, mas não ficariam inativos, pois deveriam agir como instrutores e supervisores dos demais levitas (v. 26).




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Fala a Arão, e dize-lhe: Quando acenderes as lâmpadas, as sete lâmpadas alumiarão o espaço em frente do candelabro.
3 Arão, pois, assim fez; acendeu as lâmpadas do candelabro de modo que alumiassem o espaço em frente do mesmo, como o Senhor ordenara a Moisés.
4 Esta era a obra do candelabro, obra de ouro batido; desde o seu pedestal até as suas corolas, era ele de ouro batido; conforme o modelo que o Senhor mostrara a Moisés, assim ele tinha feito o candelabro.
5 Disse mais o Senhor a Moisés:
6 Toma os levitas do meio dos filhos de Israel, e purifica-os;
7 e assim lhes farás, para os purificar: esparge sobre eles a água da purificação; e eles farão passar a navalha sobre todo o seu corpo, e lavarão os seus vestidos, e se purificarão.
8 Depois tomarão um novilho, com a sua oferta de cereais de flor de farinha amassada com azeite; e tomarás tu outro novilho para oferta pelo pecado.
9 Também farás chegar os levitas perante a tenda da revelação, e ajuntarás toda a congregação dos filhos de Israel.
10 Apresentarás, pois, os levitas perante o Senhor, e os filhos do Israel porão as suas mãos sobre os levitas.
11 E Arão oferecerá os levitas perante o Senhor como oferta de movimento, da parte dos filhos de Israel, para que sirvam no ministério do Senhor.
12 Os levitas porão as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos; então tu sacrificarás um como oferta pelo pecado, e o outro como holocausto ao Senhor, para fazeres expiação pelos levitas.
13 E porás os levitas perante Arão, e perante os seus filhos, e os oferecerás como oferta de movimento ao Senhor.
14 Assim separarás os levitas do meio dos filhos de Israel; e os levitas serão meus.
15 Depois disso os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da revelação, depois de os teres purificado e oferecido como oferta de movimento.
16 Porquanto eles me são dados inteiramente dentre os filhos de Israel; em lugar de todo aquele que abre a madre, isto é, do primogênito de todos os filhos de Israel, para mim os tenho tomado.
17 Porque meu é todo primogênito entre os filhos de Israel, tanto entre os homens como entre os animais; no dia em que, na terra do Egito, feri a todo primogênito, os santifiquei para mim.
18 Mas tomei os levitas em lugar de todos os primogênitos entre os filhos de Israel.
19 Dentre os filhos de Israel tenho dado os levitas a Arão e a seus filhos, para fazerem o serviço dos filhos de Israel na tenda da revelação, e para fazerem expiação por eles, a fim de que não haja praga entre eles, quando se aproximarem do santuário.
20 Assim Moisés e Arão e toda a congregação dos filhos de Israel fizeram aos levitas; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés no tocante aos levitas, assim os filhos de Israel lhes fizeram.
21 Os levitas, pois, purificaram-se, e lavaram os seus vestidos; e Arão os ofereceu como oferta de movimento perante o Senhor, e fez expiação por eles, para purificá-los.
22 Depois disso entraram os levitas, para fazerem o seu serviço na tenda da revelação, perante Arão e seus filhos; como o Senhor ordenara a Moisés acerca dos levitas, assim lhes fizeram.
23 Disse mais o Senhor a Moisés:
24 Este será o encargo dos levitas: Da idade de vinte e cinco anos para cima entrarão para se ocuparem no serviço a tenda da revelação;
25 e aos cinquenta anos de idade sairão desse serviço e não servirão mais.
26 Continuarão a servir, porém, com seus irmãos na tenda da revelação, orientando-os no cumprimento dos seus encargos; mas não farão trabalho. Assim farás para com os levitas no tocante aos seus cargos.” (Nm 8.1-26).


Números 9

A Celebração da Páscoa

Conforme havia sido ordenado pelo Senhor, a Páscoa seria celebrada pela primeira vez no dia 14 do primeiro mês, do segundo ano, quando os israelitas ainda se encontravam acampados no Monte Sinai.
Todos deveriam participar da Páscoa, porque caso não houvesse qualquer impedimento para isto, todo aquele que descumprisse a ordenança deveria ser desligado da comunidade de Israel.
Mas como aconteceu um fato novo, com  alguns homens que haviam ficado contaminados cerimonialmente, por terem tido contato com um morto, no dia da Páscoa, Moisés buscou orientação no Senhor quanto à forma de proceder naquele caso, e foi ordenado que tais pessoas não deixariam de participar da mesma, mas deveriam fazê-lo no dia 14 do mês seguinte (segundo).
Do verso 15 ao 23 deste capítulo nono de Nùmeros é citado como a nuvem pairava durante o dia sobre o tabernáculo, e à noite, uma aparência de fogo que permanecia sobre ele, desde o cair da tarde, até o romper da manhã.
Sendo que as marchas dos israelitas eram indicadas pela movimentação da nuvem, bem como os altos que eles faziam, que deveria ocorrer no lugar em que a nuvem parasse.
Isto é uma clara indicação que todos os nossos passos e paradas na obra de Deus devem ser feitos em conformidade com o mover e direção do Espírito Santo.



“1 Também falou o Senhor a Moisés no deserto de Sinai, no primeiro mês do segundo ano depois que saíram da terra do Egito, dizendo:
2 Celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado.
3 No dia catorze deste mês, à tardinha, a seu tempo determinado, a celebrareis; segundo todos os seus estatutos, e segundo todas as suas ordenanças a celebrareis.
4 Disse, pois, Moisés aos filhos de Israel que celebrassem a páscoa.
5 Então celebraram a páscoa no dia catorze do primeiro mês, à tardinha, no deserto de Sinai; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel.
6 Ora, havia alguns que se achavam imundos por terem tocado o cadáver de um homem, de modo que não podiam celebrar a páscoa naquele dia; pelo que no mesmo dia se chegaram perante Moisés e Arão;
7 e aqueles homens disseram-lhes: Estamos imundos por havermos tocado o cadáver de um homem; por que seríamos privados de oferecer a oferta do Senhor a seu tempo determinado no meio dos filhos de Israel?
8 Respondeu-lhes Moisés: Esperai, para que eu ouça o que o Senhor há de ordenar acerca de vós.
9 Então disse o Senhor a Moisés:
10 Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se alguém dentre vós, ou dentre os vossos descendentes estiver imundo por ter tocado um cadáver, ou achar-se longe, em viagem, contudo ainda celebrará a páscoa ao Senhor.
11 No segundo mês, no dia: catorze, à tardinha, a celebrarão; comê-la-ão com pães ázimos e ervas amargas.
12 Dela não deixarão nada até pela manhã, nem quebrarão dela osso algum; segundo todo o estatuto da páscoa a celebrarão.
13 Mas o homem que, estando limpo e não se achando em viagem, deixar de celebrar a páscoa, essa alma será extirpada do seu povo; porquanto não ofereceu a oferta do Senhor a seu tempo determinado, tal homem levará o seu pecado.
14 Também se um estrangeiro peregrinar entre vós e celebrar a páscoa ao Senhor, segundo o estatuto da páscoa e segundo a sua ordenança a celebrará; haverá um só estatuto, quer para o estrangeiro, quer para o natural da terra.
15 No dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo, isto é, a própria tenda do testemunho; e desde a tarde até pela manhã havia sobre o tabernáculo uma aparência de fogo.
16 Assim acontecia de contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo.
17 Mas sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; e no lugar em que a nuvem parava, ali os filhos de Israel se acampavam.
18 À ordem do Senhor os filhos de Israel partiam, e à ordem do Senhor se acampavam; por todos os dias em que a nuvem parava sobre o tabernáculo eles ficavam acampados.
19 E, quando a nuvem se detinha sobre o tabernáculo muitos dias, os filhos de Israel cumpriam o mandado do Senhor, e não partiam.
20 Às vezes a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo; então à ordem do Senhor permaneciam acampados, e à ordem do Senhor partiam.
21 Outras vezes ficava a nuvem desde a tarde até pela manhã; e quando pela manhã a nuvem se alçava, eles partiam; ou de dia ou de noite, alçando-se a nuvem, partiam.
22 Quer fosse por dois dias, quer por um mês, quer por mais tempo, que a nuvem se detinha sobre o tabernáculo, enquanto ficava sobre ele os filhos de Israel permaneciam acampados, e não partiam; mas, alçando-se ela, eles partiam.
23 À ordem do Senhor se acampavam, e à ordem do Senhor partiam; cumpriam o mandado do Senhor, que ele lhes dera por intermédio de Moisés.” (Nm 9.1-23).


Números 10

Partida dos Israelitas do Sinai

Nós vemos no décimo capitulo de Números que Deus ordenou que fossem fabricadas duas trombetas de prata, e estabeleceu os tipos de toques distintos, que deveriam ser dados pelos sacerdotes, para reunir a congregação, ou os príncipes com Moisés, ou para ordenar o início das marchas, e também para serem tocadas nas ocasiões festivas, e diante das ameaças de guerras.
Não é sem razão que o encargo de tocar as trombetas foi dado aos sacerdotes, pois isto é uma figura de que cabe aos ministros de Cristo, como seus atalaias, darem o toque de trombeta, alteando suas vozes, para convocarem o povo para o bom combate da fé, para conquistarem almas para o reino de Deus, resgatando-as do reino das trevas para o reino da luz, e para alertarem o rebanho contra as investidas dos lobos que o atacam.
Tendo sido organizadas as tribos, ensinadas as leis, construído o tabernáculo e instituídos os serviços, que deveriam ser realizados nele pelos sacerdotes, a nuvem se movimentou pela primeira vez em direção ao deserto de Parã, no vigésimo dia do segundo mês do segundo ano, isto é, logo depois de terem celebrado a Páscoa no Sinai.
Foi esta a primeira marcha realizada pelos israelitas, desde que haviam acampado no Sinai, depois de terem saído do Egito.
Eles marcharam segundo a ordem que havia sido dada por Deus, conforme descrito no capítulo segundo.
Moisés foi sábio e humilde ao rogar a seu cunhado, filho de Jetro, que fosse com eles na caminhada, porque era profundo conhecedor daquela região.
Ele não estava buscando orientação para onde seguir, porque isto seria feito pela nuvem do Senhor, mas para que mostrasse a eles, por sua experiência, quais as vantagens e inconveniências do lugar por onde marchariam e onde acampariam.
De igual modo os ministros do evangelho devem ter sabedoria e humildade para buscarem auxílio naqueles que poderão ajudá-los nas coisas e assuntos em que não tenham a mesma experiência e domínio que eles.
Isto não significa falta de confiança em Deus, pois Ele mesmo tem ordenado que dependamos de outros, nas coisas comuns desta vida, para que sejamos exercitados em humildade.
Nisto temos um grande exemplo no apóstolo Paulo, que aprendeu a contar com um exército de cooperadores.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Faze-te duas trombetas de prata; de obra batida as farás, e elas te servirão para convocares a congregação, e para ordenares a partida dos arraiais.
3 Quando se tocarem as trombetas, toda a congregação se ajuntará a ti à porta da tenda da revelação.
4 Mas quando se tocar uma só, a ti se congregarão os príncipes, os cabeças dos milhares de Israel.
5 Quando se tocar retinindo, partirão os arraiais que estão acampados da banda do oriente.
6 Mas quando se tocar retinindo, pela segunda, vez, partirão os arraiais que estão acampados da banda do sul; para as partidas dos arraiais se tocará retinindo.
7 Mas quando se houver de reunir a congregação, tocar-se-á sem retinir:
8 Os filhos de Arão, sacerdotes, tocarão as trombetas; e isto vos será por estatuto perpétuo nas vossas gerações.
9 Ora, quando na vossa terra sairdes à guerra contra o inimigo que vos estiver oprimindo, fareis retinir as trombetas; e perante o Senhor vosso Deus sereis tidos em memória, e sereis salvos dos vossos inimigos.
10 Semelhantemente, no dia da vossa alegria, nas vossas festas fixas, e nos princípios dos vossos meses, tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, e sobre os sacrifícios de vossas ofertas pacíficas; e eles vos serão por memorial perante vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus.
11 Ora, aconteceu, no segundo ano, no segundo mês, aos vinte do mês, que a nuvem se alçou de sobre o tabernáculo da congregação.
12 Partiram, pois, os filhos de Israel do deserto de Sinai para as suas jornadas; e a nuvem parou ,no deserto de Parã.
13 Assim iniciaram a primeira caminhada, à ordem do Senhor por intermédio de Moisés:
14 partiu primeiramente o estandarte do arraial dos filhos de Judá segundo os seus exércitos; sobre o seu exército estava Nasom, filho de Aminadabe;
15 sobre o exército da tribo dos filhos de Issacar, Netanel, filho de Zuar;
16 e sobre o exército da tribo dos filhos de Zebulom, Eliabe, filho de Helom.
17 Então o tabernáculo foi desarmado, e os filhos de Gérson e os filhos de Merári partiram, levando o tabernáculo.
18 Depois partiu o estandarte do arraial de Rúben segundo os seus exércitos; sobre o seu exército estava Elizur, filho de Sedeur;
19 sobre o exército da tribo dos filhos de Simeão, Selumiel, filho de Zurisadai;
20 e sobre o exército da tribo dos filhos de Gade, Eliasafe, filho de Deuel.
21 Então partiram os coatitas, levando o santuário; e os outros erigiam o tabernáculo, enquanto estes vinham.
22 Depois partiu o estandarte do arraial dos filhos de Efraim segundo os seus exércitos; sobre o seu exército estava Elisama, filho de Amiúde;
23 sobre o exército da tribo dos filhos de Manassés, Gamaliel, filho de Pedazur;
24 e sobre o exército da tribo dos filhos de Benjamim, Abidã, filho de Gideôni.
25 Então partiu o estandarte do arraial dos filhos de Dã, que era a retaguarda de todos os arraiais, segundo os seus exércitos; sobre o seu exército estava Aiezer, filho de Amisadai;
26 sobre o exército da tribo dos filhos de Aser, Pagiel, filho de Ocrã;
27 e sobre o exército da tribo dos filhos de Naftali, Airá, filho de Enã.
28 Tal era a ordem de partida dos filhos de Israel segundo os seus exércitos, quando partiam.
29 Disse então Moisés a Hobabe, filho de Reuel, o midianita, sogro de Moisés: Nós caminhamos para aquele lugar de que o Senhor disse: Vo-lo darei. Vai conosco, e te faremos bem; porque o Senhor falou bem acerca de Israel.
30 Respondeu ele: Não irei; antes irei à minha terra e à minha parentela.
31 Tornou-lhe Moisés: Ora, não nos deixes, porquanto sabes onde devamos acampar no deserto; de olhos nos serviras.
32 Se, pois, vieres conosco, o bem que o Senhor nos fizer, também nós faremos a ti.
33 Assim partiram do monte do Senhor caminho de três dias; e a arca do pacto do Senhor ia adiante deles, para lhes buscar lugar de descanso.
34 E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia, quando partiam do arraial.
35 Quando, pois, a arca partia, dizia Moisés: Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os que te odeiam.


36 E, quando ela pousava, dizia: Volta, ó Senhor, para os muitos milhares de Israel..” (Nm 10.1-36).



Números 11

Murmurações, Maná e Codornizes

O maná, do 11º capítulo de Números, representa a provisão de Deus estritamente necessária para a manutenção da nossa vida.
Há muitas situações em que muitos servos de Deus são assim providos pelo Senhor, para serem provados em sua fé, de modo que possam se revelar gratos pela Sua misericordiosa provisão, sem a qual não poderiam sobreviver.
Todavia, não são poucos os que murmuram, quando são encontrados nesta condição de terem que sobreviver com o estritamente necessário, porque se sentem frustrados em não alcançarem tudo quanto têm ambicionado.
Era exatamente esta a situação que Israel estava experimentando em sua caminhada no deserto, só que em vez de serem gratos e se regozijarem em Deus, pela misericórdia de lhes dar o maná de forma miraculosa, eles se deixaram vencer por suas cobiças carnais e endurecidos pelo pecado, vieram a murmurar não poucas vezes, porque estavam se rebelando contra a situação que estavam sendo obrigados a experimentar pela vontade do Senhor.
Eles não queriam se submeter ao desígnio de Deus, ao contrário queriam satisfazer aos desejos do seu próprio coração, e assim, queriam ter de volta a mesma alimentação que tinham à sua disposição no Egito, ainda que debaixo de escravidão.
A fraqueza da lei pela carne (Rom 8.3) revelou-se plenamente na Antiga Aliança, pois apesar de estarem sob o regime da lei, a lei descobriu o pecado dos israelitas, mas não pôde destruí-lo.
Tão logo partiram do Sinai, em face das dificuldades do deserto, no qual haviam caminhado três dias, como vimos no capítulo anterior, eles reclamaram e mostraram abertamente o seu descontentamento, e isto despertou o fogo do juízo de Deus, que consumiu as extremidades do arraial, e o povo clamou a Moisés, e este clamou ao Senhor, e o fogo apagou (Núm 11.1,2).
Deus admite a nossa queixa quando há uma razão justa para isto, como vemos, por exemplo, no Sl 142.1,2:
“Com a minha voz clamo ao Senhor; com a minha voz ao Senhor suplico. Derramo perante ele a minha queixa; diante dele exponho a minha tribulação.”
Queixar-se da condição é uma coisa, e queixar-se de Deus é outra muito diferente, e é nisto que consite a murmuração.
Então, quando esta queixa é contra o Senhor, podemos estar certos de despertar a Sua ira contra nós, assim como se deu com os israelitas.
O fogo que havia consumido Nadabe e Abiú estava cercando os israelitas e ameaçando consumi-los.
Eles haviam murmurado várias vezes desde que haviam saído do Egito, mas não houve nenhuma manifestação da ira de Deus contra eles, como estava ocorrendo agora, porque eram indesculpáveis, pois conheceram perfeitamente qual era a vontade do Senhor em relação a eles, nos doze meses em que permaneceram no Sinai.
Aquele fogo havia sido apenas um fogo de advertência, de modo que não viessem a murmurar no futuro, e a evitarem assim, que lhes sobreviesse algum juízo.
Aquele lugar recebeu um novo nome, a saber, taberá, que significa queima.
Porém, por influência do misto de gente que havia se juntado aos israelitas, quando deixaram o Egito, que é denominado no hebraico por aspesof, que significa mistura, e pelo grande desejo manifestado por eles de voltarem ao Egito, para comerem das comidas daquela terra, o povo de Israel se deixou influenciar fortemente e veio a murmurar de novo contra o Senhor, porque queriam especialmente comer carne todos os dias, e não estavam satisfeitos em terem que comer o maná.
Aqueles que eram de outra nacionalidade, e que haviam deixado o Egito juntamente com os israelitas, queriam apenas a terra prometida, mas não o Senhor, e muito menos passarem pelas provações que seriam necessárias até que viessem a alcançá-la.
Certamente, pouco lhes agradava terem que se submeter às ordenanças de Deus. Este fermento levedou a massa inteira.
Por isso a Bíblia é bastante enfática em ordenar aos cristãos a não se colocarem em jugo desigual com aqueles aqueles que desprezam o Senhor e os Seus mandamentos,  para participarem das suas práticas e/ou ficarem debaixo da influência dos seus hábitos e costumes, pois o resultado será sempre este que o povo de Israel experimentou, a saber, desviar-se dos caminhos do Senhor.
Sempre será oportuno atentar para a ordem do apóstolo:
”E com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo: salvai-vos desta geração perversa.” (At 2.40)
As pessoas que levaram Israel à ruína, nos dias de Moisés, sequer haviam sido contadas quando foi feito o censo, porque não tinham qualquer participação na genealogia dos filhos da promessa, a saber, dos descendentes de Jacó.
Com isto não se sentiam obrigados a terem qualquer compromisso com Deus.
Muitos israelitas se igualaram a eles, apesar de saberem que estavam arrolados entre os aliançados com o Senhor, pela promessa que Ele havia feito aos patriarcas.
É preciso saber distinguir entre o amor que é devido a todos os nossos semelhantes, pela nossa descendência comum em Adão, mas é preciso também reconhecer que fazemos parte de uma nova Cabeça, de uma nova criação, e que as coisas antigas já passaram, pois em Cristo tudo se fez novo.
Quando a semente santa se mistura àqueles que vivem escravizados ao pecado, os seus ouvidos se fecharão às instruções dos ministros de Deus, e se deixarão conduzir por doutrinas, costumes e hábitos estranhos e abomináveis ao Senhor.
A porta da salvação está aberta para todos. A graça de Jesus está disponível para todos os que se arrependerem do pecado.
Então não se trata de discriminação ou acepção de pessoas, porque o próprio Deus não o faz. Mas o que se pode esperar quando alguém faz acepção de Deus e o rejeita deliberadamente? Que se minta ou que se disfarce, dizendo que faz parte do contingente daqueles que o amam e servem?    
O espírito de queixa se alastra como fogo, e todas as famílias de Israel vieram a chorar reclamando que nada tinham para comer além do maná.
Foi tão grande a pressão que fizeram sobre Moisés, lhe pedindo que lhes desse carne a comer, que ele derramou toda a aflição de sua alma perante o Senhor, pedindo até mesmo que lhe tirasse a vida, pois o encargo de conduzir todo aquele povo era pesado demais para ser suportado por ele.
No meio da calamidade o Senhor proveria um alívio para Moisés, designando setenta anciãos aos quais revestiria com o poder sobrenatural do Espírito, para que o auxiliassem.
Como sinal de que estes tinham recebido o Espírito de Deus, para também liderarem o povo, debaixo da liderança geral de Moisés, foi-lhes dado que profetizassem, e até mesmo dois deles que não se encontravam no ajuntamento, por não estarem na tenda da congregação, mas fora no arraial, que também profetizaram, e se diz que nenhum deles profetizou depois disto, porque Moisés era o profeta de Deus entre eles, e isto evitaria que viessem a disputar a posição de Moisés no futuro, movidos por ambição, ciúme, rebelião ou por influência de Satanás.
Deus poderia fazer com que todos tivessem os mesmos dons e poderes espirituais, para o exercício da liderança, mas isto faria com que muitos deixassem de reconhecer aqueles que Ele tem levantado para liderar o Seu povo.
Nós vemos este cuidado e critério do Senhor, ao longo de toda a história da Igreja, e desde os dias apostólicos, quando muitos, eram batizados com o Espírito Santo, somente quando um dos apóstolos estivesse presente entre eles, apesar de terem sido evangelizados antes, por outros servos de Cristo (At 8.16; 19.3-5).
Quando o Senhor ordenou a Moisés que dissesse ao povo que se santificasse, porque lhes daria carne para um mês inteiro, Moisés se sentiu constrangido e protestou diante de Deus, porque como diria aos israelitas que Ele havia prometido dar carne, para um mês inteiro, porque somente de homens preparados para a guerra havia mais de 600.000 mil almas?
Mas a resposta do Senhor foi dada com uma pergunta: “Porventura tem-se encurtado a mão do Senhor?”, e a isto acrescentou: “agora mesmo verás se a minha palavra se há de cumprir ou não.”
Moisés disse as palavras do Senhor ao povo, e a Bíblia nada fala sobre a reação deles, mas é bem possível que muitos tenham não apenas duvidado da promessa de Deus, em face da Sua grandiosidade, e não seria nada improvável, que muitos deles tivessem até escarnecido tanto de Moisés, quanto do Senhor, e não seria de se estranhar que os que viriam a ser submetidos ao juízo que lhes sobreviria, quando estivessem comendo a carne, fossem contados entre estes que não eram dignos de se alimentarem do milagre operado por Deus, em face da sua incredulidade.
De fato a incredulidade mata não somente com a morte física e espiritual, como também com a eterna, pois a única forma de se ter vida e vida em abundância é pela fé em Cristo.
Muitos descreem da promessa de Deus de nos dar não apenas provisão para um mês inteiro, no meio do grande deserto espiritual de nossas vidas, mas para a vida eterna, e não com o alimento que vai para lugar escuso, mas com o alimento espiritual que está em Jesus Cristo, e que permanece para sempre.
Realmente é uma oferta muito grandiosa, imerecida por nós, mas todos os que tiverem um coração simples e sincero, e a pegarem com a mão humilde da fé, receberão o seu cumprimento, e serão salvos.  
O desejo dos israelitas seria satisfeito por Deus, pois lhes daria carne de codornizes para mais de um mês, e era tanta carne que eles levaram dois dias recolhendo aqueles pássaros no campo.
Entretanto a satisfação do desejo não seria para o bem deles, senão para juízo, pois não puderam ter o prazer de desfrutar com alegria e satisfação o que colheram, pois antes mesmo que engolissem o alimento, quando a carne ainda estava entre os seus dentes, muitos deles foram feridos com uma praga mortal que lhes sobreveio da parte do Senhor, em razão da manifestação da Sua ira contra o seu pecado.
O nome do lugar onde foram sepultados passou a se chamar Quibrote-Taavá, que significa no hebraico “túmulo do desejo”, pois o desejo deles foi sepultado juntamente com eles naquele lugar.
Aqui está uma grande lição que é mais importante ter pouco com contentamento do que muito sem estar satisfeito, porque sem a aprovação de Deus, nada do que venhamos a conquistar, mesmo da parte dEle, poderá fazer com que estejamos alegres, em paz e com contentamento em nossos corações.  
Não havia nenhuma falha no maná, mas mentes descontentes acham falhas onde elas não existem.
Veem penúria onde está havendo provisão miraculosa da parte de Deus.
O mal humor há de dominar a todo aquele que não aprender a viver contente em toda e qualquer situação, que é a norma bíblica de vida para todos os filhos de Deus.
A falta de contentamento conduz imediatamente à ingratidão, e é da vontade dEle que em tudo Lhe demos graças.
É uma ofensa a Deus deixar os nossos desejos irem além da nossa fé.
É neste sentido que nos é ordenado não estarmos ansiosos por coisa alguma, porque os nossos desejos, não raro, podem nos conduzir à ansiedade.
Em I Cor 10.6 nós somos alertados que tudo o que foi registrado na Bíblia da história de Israel, foi para advertência da igreja de Cristo, de modo a não incorrer nos mesmos erros em que eles incorreram:
“Ora, estas coisas nos foram feitas para exemplo, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.” (I Cor 10.6).
Quanto à apropriada reação de Moisés ao zelo de Josué pela sua honra, quando lhe pediu que impedisse que aqueles dois que não estavam profetizando juntamente com ele na tenda, e que completavam o número dos setenta homens, que haviam sido indicados pelo próprio Moisés, para serem seus auxiliares na tarefa de governar os israelitas, cabe destacar que ela nos ensina um princípio sobre autoridade espiritual muito importante, para ser praticado na igreja.
Pois vemos que foi o próprio Moisés que escolheu os líderes, mas foi sob a ordem do Senhor que o fizera, e não foi Moisés que fez com que profetizassem para que fosse marcado diante dos israelitas, que estavam sendo guindados à posição de liderança, mas foi o próprio Deus que o fizera.
Assim, o zelo por um líder que nos leve ao não reconhecimento de outros, que estão sendo levantados ao seu lado pelo próprio Senhor, pode provocar facções e divisões terríveis no corpo de Cristo.
Paulo não consentiu com isto quando a Igreja de Corinto estava se dividindo em partidos prol Cristo, Paulo, Cefas e Apolo.
Os zelosos de Cristo não queriam reconhecer a autoridade de Paulo e dos demais apóstolos. Os zelosos de Paulo poderiam estar até mesmo rejeitando o próprio Cristo.
Se Deus levantar muitos líderes em nosso meio devemos ser-Lhe gratos por isto, em vez de nos deixarmos vencer por um espírito de ciúmes em favor de uns contra outros.
Que aprendamos a estimar e a honrar a todos aqueles que sabemos terem sido chamados por Deus para ocuparem as posições de liderança, que forem necessárias em cada congregação local.  




“1 Depois o povo tornou-se queixoso, falando o que era mau aos ouvidos do Senhor; e quando o Senhor o ouviu, acendeu-se a sua ira; o fogo do Senhor irrompeu entre eles, e devorou as extremidades do arraial.
2 Então o povo clamou a Moisés, e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou.
3 Pelo que se chamou aquele lugar Taberá, porquanto o fogo do Senhor se acendera entre eles.
4 Ora, o vulgo que estava no meio deles veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel também tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer?
5 Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça, e dos pepinos, dos melões, dos porros, das cebolas e dos alhos.
6 Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos.
7 E era o maná como a semente do coentro, e a sua aparência como a aparência de bdélio.
8 O povo espalhava-se e o colhia, e, triturando-o em moinhos ou pisando-o num gral, em panelas o cozia, e dele fazia bolos; e o seu sabor era como o sabor de azeite fresco.
9 E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, sobre ele descia também o maná.
10 Então Moisés ouviu chorar o povo, todas as suas famílias, cada qual à porta da sua tenda; e a ira do Senhor grandemente se acendeu; e aquilo pareceu mal aos olhos de Moisés.
11 Disse, pois, Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, pois que puseste sobre mim o peso de todo este povo.
12 Concebi eu porventura todo este povo? dei-o eu à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança de peito, para a terra que com juramento prometeste a seus pais?
13 Donde teria eu carne para dar a todo este povo? porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer.
14 Eu só não posso: levar a todo este povo, porque me é pesado demais.
15 Se tu me hás de tratar assim, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria.
16 Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem os anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da revelação, para que estejam ali contigo.
17 Então descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão eles o peso do povo para que tu não o leves só.
18 E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: Quem nos dará carne a comer? pois bem nos ia no Egito. Pelo que o Senhor vos dará carne, e comereis.
19 Não comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias;
20 mas um mês inteiro, até vos sair pelas narinas, até que se vos torne coisa nojenta; porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante dele, dizendo: Por que saímos do Egito?
21 Respondeu Moisés: Seiscentos mil homens de pé é este povo no meio do qual estou; todavia tu tens dito: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês inteiro.
22 Matar-se-ão para eles rebanhos e gados, que lhes bastem? ou ajuntar-se-ão, para eles todos os peixes do mar, que lhes bastem?
23 Pelo que replicou o Senhor a Moisés: Porventura tem-se encurtado a mão do Senhor? agora mesmo verás se a minha palavra se há de cumprir ou não.
24 Saiu, pois, Moisés, e relatou ao povo as palavras do Senhor; e ajuntou setenta homens dentre os anciãos do povo e os colocou ao redor da tenda.
25 Então o Senhor desceu: na nuvem, e lhe falou; e, tirando do espírito que estava sobre ele, pô-lo sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o espírito repousou sobre eles profetizaram, mas depois nunca mais o fizeram.
26 Mas no arraial ficaram dois homens; chamava-se um Eldade, e o outro Medade; e repousou sobre eles: o espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram para irem à tenda; e profetizavam no arraial.
27 Correu, pois, um moço, e anunciou a Moisés: Eldade e Medade profetizaram no arraial.
28 Então Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um dos seus mancebos escolhidos, respondeu e disse: Meu Senhor Moisés, proíbe-lho.
29 Moisés, porém, lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Oxalá que do povo do Senhor todos fossem profetas, que o Senhor pusesse o seu espírito sobre eles!
30 Depois Moisés se recolheu ao arraial, ele e os anciãos de Israel.
31 Soprou, então, um vento da parte do Senhor e, do lado do mar, trouxe codornizes que deixou cair junto ao arraial quase caminho de um dia de um e de outro lado, à roda do arraial, a cerca de dois côvados da terra.
32 Então o povo, levantando-se, colheu as codornizes por todo aquele dia e toda aquela noite, e por todo o dia seguinte; o que colheu menos, colheu dez hômeres. E as estenderam para si ao redor do arraial.
33 Quando a carne ainda estava entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, acendeu-se a ira do Senhor contra o povo, e feriu o Senhor ao povo com uma praga, mui grande.
34 Pelo que se chamou aquele lugar Quibrote-Taavá, porquanto ali enterraram o povo que tivera o desejo.
35 De Quibrote-Taavá partiu o povo para Hazerote; e demorou-se em Hazerote..” (Nm 11.1-35).


Números 12

A natureza terrena é de fato incurável e por isso recebeu a sentença de morte na cruz, quando Cristo morreu em nosso lugar, para que o velho homem fosse crucificado juntamente com Ele.
O ciúme, a inveja, o orgulho e todas as demais obras da carne estão ligadas à natureza terrena, e se não forem mortificados diariamente pelo carregar da cruz, haverão de se manifestar num ou noutro momento, independentemente de sermos tentados ou não por Satanás.
As obras da carne não se refreiam e não podem ser contidas, mesmo diante de pessoas amadas e que somente nos tenham feito o bem, pois de um modo ou de outro, se não andarmos no Espírito, haveremos de manifestar a nossa ingratidão a eles, ciúme, e até mesmo aversão, ainda que não haja nenhum motivo real para isto.
Assim, encontramos registrado, no 12º capítulo de Números, que tanto Arão quanto Miriã vieram a questionar a autoridade de Moisés, em razão de não ter se casado com uma israelita, mas com uma cuxita, isto é, uma descendente de Cuxe, um dos filhos de Cão, filho de Noé, não sendo, portanto de origem semítica, isto é, da descendência de Sem, da qual procediam os israelitas.
Todavia, na verdade, isto era apenas um pretexto, um argumento para esconder o real motivo daquela contestação: ciúme, pois se compararam com Moisés, dizendo-se tão importantes quanto ele, pois Miriã era profetisa e Arão Sumo Sacerdote, e além disso eram irmãos de Moisés, mais idosos do que ele.
Quando nos falta o entendimento que devemos cultivar uma submissão de coração a todos aqueles que Deus tem constituído como líderes espirituais sobre nós, ficamos mais sujeitos a estes ataques da carne, que nos levam a nos rebelar contra eles, para o nosso próprio mal, assim como se dera com Miriã e Arão, que foram humilhados pelo Senhor, e submetidos ao Seu juízo, particularmente Miriã, que ficou leprosa e foi curada exatamente pela intercessão daquele contra o qual havia falado.
Quem quiser servir de fato ao Senhor deve estar preparado para estes dolorosos ataques de carnalidade da parte daqueles que mais estimamos.
Por privarem de intimidade conosco serão exatamente eles os que mais resistirão a reconhecer que temos de fato uma chamada de Deus para a liderança, e haverão de nos resistir não raro, por muito tempo, nos causando muitas dores.
Contudo, devemos seguir o exemplo de Moisés, em sua mansidão e paciência, intercedendo em favor deles, para que sejam curados da sua doença espiritual de rebelião, que nem sempre apresentará sintomas exteriores visíveis como o da lepra de Miriã, que era a manifestação exterior de uma lepra interior do espírito.
Arão estava acometido da mesma doença espiritual, mas não apresentava nenhuma marca exterior que revelasse a sua doença.
Moisés era um leão na causa de Deus, mas um cordeiro na sua própria causa, e assim não se ressentiu com a murmuração de Arão e Miriã contra ele.
Ele não lutou para fazer prevalecer a sua própria honra e autoridade.
Em face da sua submissão, o Senhor agiu em favor dele, e fez da sua causa a Sua causa, e disse as seguintes palavras a Arão e Miriã na presença de Moisés:
 “Ouvi agora as minhas palavras: se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, a ele me farei conhecer em visão, em sonhos falarei com ele. Mas não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa; boca a boca falo com ele, claramente e não em enigmas; pois ele contempla a forma do Senhor. Por que, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés?”
Aqui é dito por Deus que Ele se manifestava a Moisés em teofanias, para se comunicar com ele.
Moisés podia ver a Deus numa provável forma humana, enquanto a outros não era concedido terem tal visão, assim como ocorreu com Paulo em seus dias, quando teve a visão da glória de Cristo numa grande luz que o cegou, no entanto aos que estavam com ele, não lhes foi concedido terem a mesma visão.
Moisés não era um profeta comum, não apenas pelo fato de como Deus lhe aparecia, mas também por ter sido fiel em toda a casa de Deus, ou seja, ele não deixou de revelar a Israel toda a vontade do Senhor, exatamente na forma como esta lhe foi revelada e ordenada.
Deste modo, era fiel a toda a casa de Israel, que era a casa de Deus, pois nunca disse aos israelitas nenhuma palavra a mais ou a menos de todas as palavras que o Senhor lhe ordenara que transmitisse ao Seu povo.
Deus sabia que podia confiar no seu caráter e em toda esta sua fidelidade, e não foi por acaso que lhe havia separado para ser o seu profeta por excelência, para revelar a Lei e ser o mediador da Antiga Aliança; organizando, dirigindo e orientando Israel nos Seus caminhos.
Esta passagem das Escrituras é um grande alerta para todos os que são da Igreja de Cristo, especialmente no que se refere a se rebelarem contra os líderes que o Senhor tem constituído sobre eles.
O fato de termos os nossos pecados perdoados em Cristo, por estarmos numa Nova Aliança, que foi instituída no Seu sangue, não nos torna irresponsáveis pelos nossos atos, conforme os preceitos desta mesma Aliança, que afirma que estamos debaixo da correção de Deus, por termos sido tornados seus filhos.
 Assim como muitos foram disciplinados por Deus nos dias apostólicos, do mesmo modo Ele continua a disciplinar todos aqueles que são Seus filhos.
Quantas humilhações e experiências dolorosas não poderiam ser evitadas por muitos, se tão somente tivessem o temor do Senhor sendo submissos aos seus líderes?
Mas, como o motivo da sua aflição, geralmente não lhes é declarado, eles continuam debaixo das correções de Deus, porque não associam que o motivo delas não raro se encontra associado às suas rebeliões, e não são curados, porque não se arrependem e não se consertam junto àqueles a cuja autoridade têm resistido.
Eles não seguem o exemplo de Arão que ao ter ouvido a repreensão do Senhor, e visto o que sucedera a Miriã, se humilhou diante de Moisés, mostrando-se arrependido, e proferindo as seguintes palavras:
“Ah, meu senhor! Rogo-te não ponhas sobre nós este pecado, porque procedemos loucamente, e pecamos. Não seja ela como um morto que, ao sair do ventre de sua mãe, tenha a sua carne já meio consumida.”
O apóstolo Pedro tinha em mente o temor e submissão que é devido às autoridades, e da bênção que é ter um coração submisso, que nos preserve de ter uma língua desaforada e blasfema, pois disse o seguinte:
“também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados; especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade. Atrevidos, arrogantes, não receiam blasfemar das dignidades, enquanto que os anjos, embora maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor.” (II Pe 2. 9-11).
Vivemos numa época em que muitos dentre as próprias autoridades não se dão ao respeito, mas nem com isso estamos autorizados a desrespeitar àqueles que foram constituídos pelo Senhor como autoridades sobre as nossas vidas, e faremos bem em nos guardar em nossa caminhada terrena, vivendo com santo temor e reverência, servindo ao nosso Deus, obedientemente, em todas as cousas que nos são ordenadas em Sua Palavra.  
Se Miriã foi castigada com lepra por falar contra aquele que era o Mediador da Antiga Aliança, de quanto maior castigo não é merecedor todo aquele que fala contra Cristo, o Mediador da Nova Aliança.
Certamente era com isto em vista que o autor de Hebreus disse o seguinte:
“Havendo alguém rejeitado a lei de Moisés, morre sem misericórdia, pela palavra de duas ou três testemunhas; de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” (Hb 10.28-31).
A par de tudo o que se possa ver na Igreja visível de Cristo na terra, que nos leve a considerar apressada e erroneamente que debaixo da graça tudo nos é permitido, faríamos muito bem em atentar para as muitas advertências da Palavra de Deus, que nos alertam sobre o fato de que estar debaixo da graça não significa que estejamos livres da disciplina do Senhor, por um andar desordenado longe da Sua presença.
Não podemos contar com o fato de usar a graça como pretexto para um comportamento insensato, para uma conversação não santa e caluniadora, pois temos visto no exemplo do que sucedeu a Arão e Miriã, que Deus não nos terá por inocentes, quando agirmos deliberadamente movidos por sentimentos de inveja, orgulho, rebelião, impureza, e seja qualquer outro que seja fruto da operação do pecado em nós.
Bem faremos em confessarmos as nossas faltas e abandoná-las e voltarmos à prática de uma vida obediente e santa, para o nosso próprio bem e daqueles que estão debaixo do nosso cuidado.
A iniquidade tem se multiplicado de tal forma no mundo, que pode parecer que o mal é algo banal e comum, e que está fora do alcance do controle e do juízo de Deus.
Todavia, faremos bem em lembrar que ainda que os ímpios sejam entregues a si mesmos, para praticarem toda sorte de impurezas, para responderam por elas no Grande Dia do Juízo Final, no entanto, Deus corrigirá a seus filhos no aqui e agora, para que não sejam condenados à morte eterna, juntamente com as pessoas que amam o mundo de pecado.
Assim, é nosso dever aumentar a vigilância e a santidade à vista de um aumento da iniquidade do mundo ao nosso redor.
Devemos nos espelhar no exemplo de Noé, de Ló, de Raabe, de Obadias e de todos aqueles que serviram a Deus quando não tinham sequer ao seu lado, senão a uns poucos que não tinham sido vencidos inteiramente pelo mal.
Lembremos finalmente que o pecado de rebelião, de dissensão entre o povo de Deus afasta do nosso meio a manifestação da glória de Deus, assim como a nuvem havia se afastado do tabernáculo por causa do pecado de Arão e Miriã, e não somente isto, o avanço do reino de Deus é detido por causa deste pecado, até que sejamos curados de nossas rebeliões, pois Israel não pôde prosseguir na jornada rumo a Canaã, até que Miriã fosse curada pelo Senhor, nos sete dias que Ele havia determinado para que ficasse leprosa fora do arraial.
Em vez de aumentarem a esfera da sua influência e liderança, eles foram humilhados, pois todo o que se exaltar será humilhado.
Em vez de ser engrandecida por Deus, Miriã foi envergonhada à vista de todos os israelitas, apesar dos muitos bons serviços que ela vinha prestando ao Senhor.
Ele nunca fará vista grossa para as nossas faltas em face de uma fidelidade anterior.
Ele recompensará a fidelidade e dará a justa retribuição ao mal que tivermos praticado, pois é imparcial em Seus juízos.
Especialmente dos líderes exigirá muito mais, porque muito lhes é dado.
Por isso a norma bíblica é que consideremos os outros superiores a nós mesmos, de modo que tenhamos sempre um espírito submisso que dê honra a todas as pessoas.
Com isto não corremos o risco de julgarmos e falarmos contra qualquer liderança, que tenha sido levantada por Deus e que por falta de uma justa avaliação da nossa parte, possa ser alvo de nossas críticas, que acabarão por prejudicar a nós mesmos, pois ainda que eles não se defendam dos nossos ataques, Deus os defenderá.
Assim, sempre será bom seguirmos a norma do apóstolo:
“É pois para isso também que escrevi, para, por esta prova, saber se sois obedientes em tudo. E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; pois, o que eu também perdoei, se é que alguma coisa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo, para que Satanás não leve vantagem sobre nós;” (II Cor 2.9,10).
Que sejamos pois muito criteriosos, até mesmo no próprio zelo pelas coisas do Senhor e em favor da manutenção da verdade em nosso meio, de modo que não venhamos a ser condenados naquilo que aprovamos, pois, podemos ser achados falando de autoridades constituídas por Deus, em razão de entendermos que estamos apenas combatendo o erro em favor da verdade.
Para Arão e Miriã, Moisés havia errado em não ter se casado com uma israelita, e para eles isto o desqualificava de certa forma no serviço do Senhor, no entanto, não era este o juízo de Deus em relação a Moisés.
Um espírito crítico, ácido, amargurado é um grande impedimento para um espírito de unidade e amor.
Guardemo-nos, pois de toda crítica ácida contra quem quer que seja, porque no final o ácido acabará corroendo a nós mesmos, para o nosso próprio prejuízo e da unidade do povo de Deus.
Por isso Miriã foi ferida com lepra para que ficasse fora do arraial, para servir de exemplo e figura desta verdade espiritual de que o espírito de rebelião impede a unidade do povo do Senhor numa vida espiritual saudável, que conte com a Sua bênção.
Havia uma prática dos pais antigos para demonstrarem o seu desgosto com a desobediência de seus filhos, cuspindo-lhes na face.
Isto indicava que o filho rebelde deveria se recolher em seu quarto por sete dias, assumindo a vergonha da sua rebelião e desobediência, e ficaria impedido de ver a face do seu pai por todo aquele período como prova do seu desgosto.
Deus se valeu desta prática que havia entre eles para dizer que faria o mesmo com Miriã, em razão da rebelião dela contra Moisés, que na verdade era uma rebelião contra o Senhor ,por tê-lo escolhido para ser o líder do Seu povo.
Assim como o filho que fora envergonhado deveria se submeter ao juízo que lhe foi imposto por seu pai, do mesmo modo Miriã teria que se submeter ao de Deus na vergonha que Ele lhe havia imposto.
Nisto se aplicam as palavras do autor de Hebreus:
“É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos se têm tornado participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além disto, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e os olhávamos com respeito; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e viveremos? Pois aqueles por pouco tempo nos corrigiam como bem lhes parecia, mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. Na verdade, nenhuma correção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados.” (Hb 12.7-11).
Sujeitar-se à disciplina de Deus é a chave de toda esta porção das Escrituras. O autor de Hebreus faz uma afirmação sob a forma de indagação:
“não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, e viveremos?”



“1 Ora, falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuchita que este tomara; porquanto tinha tomado uma mulher cuchita.
2 E disseram: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu.
3 Ora, Moisés era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra.
4 E logo o Senhor disse a Moisés, a Arão e a Miriã: Saí vos três à tenda da revelação. E saíram eles três.
5 Então o Senhor desceu em uma coluna de nuvem, e se pôs à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã, e os dois acudiram.
6 Então disse: Ouvi agora as minhas palavras: se entre vós houver profeta, eu, o Senhor, a ele me farei conhecer em visão, em sonhos falarei com ele.
7 Mas não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa;
8 boca a boca falo com ele, claramente e não em enigmas; pois ele contempla a forma do Senhor. Por que, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés?
9 Assim se acendeu a ira do Senhor contra eles; e ele se retirou;
10 também a nuvem se retirou de sobre a tenda; e eis que Miriã se tornara leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã e eis que estava leprosa.
11 Pelo que Arão disse a Moisés: Ah, meu senhor! rogo-te não ponhas sobre nós este pecado, porque procedemos loucamente, e pecamos.
12 Não seja ela como um morto que, ao sair do ventre de sua mãe, tenha a sua carne já meio consumida.
13 Clamou, pois, Moisés ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures.
14 Respondeu o Senhor a Moisés: Se seu pai lhe tivesse cuspido na cara não seria envergonhada por sete dias? Esteja fechada por sete dias fora do arraial, e depois se recolherá outra vez.
15 Assim Miriã esteve fechada fora do arraial por sete dias; e o povo não partiu, enquanto Miriã não se recolheu de novo.


16 Mas depois o povo partiu de Hazerote, e acampou-se no deserto de Parã..” (Nm 12.1-16).


Números 13

A Incredulidade dos Espias de Israel – Números 13 e 14

Nós lemos no décimo terceiro capítulo de Números que pelo mandado de Deus, doze homens, um de cada tribo de Israel, foram enviados para espiarem a terra de Canaã, de modo a apresentarem um relatório dos povos que nela habitavam, de suas condições topográficas, e de tudo o que fosse importante para nortear as ações de guerra, que seriam empreendidas para a conquista da terra.
Dentre estes espias estava o próprio Josué, cujo nome era Oseias, e que fora mudado por Moisés para Josué, sendo este o representante da tribo de Efraim naquela missão de espiar a terra.
Também estava entre eles Calebe, da tribo de Judá, o homem cuja fé e coragem são destacadas nas Escrituras.
O que eles viram foi o mesmo que os demais dez viram, mas a forma como interpretaram o que viram sob a óptica das possibilidades de Deus em cumprir tudo o que havia prometido em relação à conquista e posse da terra, foi inteiramente diferente.
Dois homens de fé viram com os olhos da fé.
E, dez incrédulos viram com os olhos dos sentidos, e avaliaram as possibilidades não segundo Deus, mas segundo os homens, e assim, maior foi a influência deles sobre o povo, do que a de Josué e Calebe, pois os israelitas como um todo, daquela geração, estavam mais inclinados a andarem pela vista do que pela fé.
A conquista de Canaã seria uma conquista da fé para a glória e engrandecimento do nome de Deus, e não uma conquista do braço de carne e da força e do engenho humano.  
Interpôs-se, portanto um grande obstáculo para o avanço das ações planejadas de Deus, e do cumprimento das Suas promessas com aquela geração de incrédulos.
Jesus não pôde realizar muitos milagres em determinadas cidades de Israel, em razão da incredulidade deles, pois isto não traria qualquer glória para Deus.
E um dos maiores motivos dos milagres é para que o nome de Deus seja glorificado.
Depois de quarenta dias, os espias retornaram e deram seu relatório a Moisés e Arão, perante o povo de Israel, e confirmaram que o que Deus havia dito acerca da terra era realmente a verdade, pois manava leite e mel (13.27).
Contudo, quando falaram das cidades fortificadas e do povo poderoso que habitava na terra (13.28) é possível que tenha sido esboçada uma reação contrária dos israelitas, ante a ideia de terem que lutar contra os habitantes de Canaã, pois Calebe fez o povo se calar e disse:
“Subamos animosamente, e apoderemo-nos dela; porque bem poderemos prevalecer contra ela.” (13.30)
 Todavia, os demais espias, exceto Josué, disseram:
“Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.” (13.31)
E acrescentaram ao que haviam falado o seguinte:
“A terra, pela qual passamos para espiá-la, é terra que devora os seus habitantes; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali os nefilins, isto é, os filhos de Anaque, que são descendentes dos nefilins; éramos aos nossos olhos como gafanhotos; e assim também éramos aos seus olhos” (13.32,33).
Certamente o pavor e o espírito com que falaram impressionou muito mais ao povo do que o próprio teor de suas palavras.
Quando os grandes projetos de Deus estão diante de nós, podemos contar com a resistência do inimigo de nossas almas lá do outro lado, para que não se cumpra aquilo que o Senhor tem prometido.
Ou avançaremos com fé confiados nas promessas do Senhor, ou ficaremos com os nossos corações desfalecidos diante das tribulações e dificuldades, que se antepõem diante de nós, e intimidados pelas forças do Inimigo não arriscaremos dar um só passo, temendo pela nossa segurança e de nossos filhos, pelo eventual mal que ele possa nos causar.
Geralmente, toda obra de Deus é um grande impossível para nós, assim como conquistar Canaã pela própria força militar seria impossível aos israelitas.
Mas devemos sempre lembrar quando a Seu serviço, que não há impossíveis para Deus.
Era exatamente isto o que estava ocorrendo naquele momento entre os israelitas.
Eles olharam para a ameaça do inimigo e não para o Senhor.
Olharam para o seu próprio poder e o compararam com o do inimigo, e não olharam para o poder de Deus.
A ansiedade e o temor haviam expulsado a fé, e assim eles não podiam ver as coisas pela perspectiva de Deus, e o resultado foi o que nós lemos em Números 14.1-4.
Cabe destacar que aqueles mais de seiscentos mil homens prontos para a guerra, de Israel, haviam saído há pouco mais de um ano do Egito, testemunhando todos os poderes do Senhor contra aquela terra, e finalmente contra o exército de faraó, mas nem assim eles tinham coragem suficiente para crerem na fidelidade do Senhor, e permanecerem inabaláveis debaixo da Sua proteção e poder.
Eles preferiam viver na vergonha e covardia de até admitir terem que retornar ao Egito, debaixo de uma nova liderança, diferente da de Moisés, que eles sabiam, jamais deixaria de confiar em Deus e obedecê-lo.  
A incredulidade, ou desconfiança de Deus, é um pecado que é seu próprio castigo.
Aqueles que não confiam em Deus estão se vexando continuamente.
Quando o fogo da rebelião se alastra, as pessoas facilmente menosprezam governos e difamam dignidades, e naquela hora de forte comoção movida pelo medo, eles reagiram com grande fúria contra Moisés, cegos que estavam pela sua incredulidade e temor dos seus inimigos.
A insensatez do descontentamento e impaciência debaixo das cruzes da nossa condição externa devem ser veementemente evitadas, porque nos acometerá dos mesmos sentimentos que se apoderaram dos israelitas, levando-os a considerar que teria sido melhor morrer no Egito, e continuar em escravidão,  do que terem que empreender as lutas contra os seus inimigos, para a conquista de Canaã.
Nós ficamos intranquilos diante das tribulações, reclamamos da condição em que nos encontramos, mas não há qualquer lugar ou condição neste mundo em que possamos nos sentir inteiramente tranquilos.
O único modo de melhorar nossas condições presentes é sempre estar com nossos espíritos animados, conforme nos ordenou o Senhor em face das aflições, e jamais perguntarmos se não seria melhor voltarmos ao Egito.
Voltar significa retroceder, retornar, cair, desistir, e uma vez que lançamos mão do arado não podemos mais olhar para trás.
Estamos no reino de Deus destinados a prosseguir sempre adiante, sem jamais recuar.
O desejo dEle é que estejamos sempre avançando para o alvo da soberana vocação em Cristo Jesus, correndo a carreira que nos está proposta.
Há preciosas lições neste décimo quarto capítulo de Números, especialmente para aqueles que estão engajados no ministério.
Uma destas lições está na atitude de Moisés e Arão que prostraram seus rostos em terra em intercessão ao Senhor, quando o povo estava murmurando contra eles.
Não houve da parte deles o esboço de um só argumento que tentasse convencê-los das vantagens de obedecerem ao Senhor.
Eles perceberam que a luta era espiritual contra os poderes das trevas, e contra estes poderes não podem prevalecer meros argumentos, senão a intervenção poderosa do Senhor.
Então eles buscaram refúgio e auxílio em Deus (14.5), para a subjugação daqueles poderes malignos.
Josué e Calebe, que tinham ido espiar a terra, juntamente com aqueles dez príncipes de Israel, que haviam infamado a terra com a sua incredulidade, rasgaram as suas vestes e tentaram convencer a congregação sobre a necessidade de agradar ao Senhor, porque Ele mesmo os introduziria na terra com o Seu poder (14.6-8).
Para tanto, não deveriam permanecer em sua rebeldia contra o Senhor  e não temerem os cananeus, porquanto Ele seria com eles, e quando Deus é pelo seu povo, não há quem possa defender aqueles que são seus inimigos (14.9).
Mas, em vez de darem ouvidos a Josué e Calebe, eles desejaram apedrejá-los.
Não o fizeram somente porque o Senhor interviu fazendo com que a Sua glória aparecesse no tabernáculo a todos os israelitas (14.10).
O Senhor disse a Moisés que por causa do desprezo de que estava sendo alvo de Israel, e da incredulidade deles apesar dos inúmeros sinais que havia feito no meio deles (14.11), os feriria com pestilência e os rejeitaria e começaria a formar uma nova nação maior e mais forte a partir de Moisés (14.11).
Estava ali bem à mão a oportunidade de se vingar dos israelitas e mostrar a eles que afinal quem estava certo era ele, Moisés, mas, jamais se verá tal atitude num verdadeiro pastor de ovelhas do rebanho do Senhor.
Em vez de confirmar que seria justo que o Senhor despejasse os Seus juízos sobre os israelitas, Moisés apelou para a manutenção da própria glória do Senhor diante das nações, especialmente da confirmação da Sua graça e misericórdia, e intercedeu com argumentos baseados nas próprias afirmações que o Senhor havia feito acerca de ser tardio em se irar e grande em misericórdia; e que perdoa a iniquidade e a transgressão; e que ao culpado não tem por inocente, mas visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração.
Com base nisto rogou-Lhe que perdoasse então a iniquidade do povo, segundo a Sua grande misericórdia, com que vinha perdoando desde o Egito até aquele momento (14.13-19).
O Senhor perdoou o povo por causa desta intercessão de Moisés (14.20), mas nós veremos adiante que o fato de um pecado ter sido perdoado, não significa que não arcaremos com as consequências do nosso mau procedimento.
O Senhor declarou a Moisés que nenhum daqueles homens de vinte anos para cima, que compunham o exército de mais de 600.000 homens de Israel, veria a terra de Canaã, porque tinham visto a Sua glória e os sinais que Ele havia feito no Egito e no deserto, e, todavia Lhe haviam tentado dez vezes, não Lhe obedecendo a voz (14.21-23).
No caso de verdadeiros cristãos, da igreja de Cristo, quando estes pecam contra o Senhor, algumas coisas devem, ser levadas em consideração:
- Primeiro, que eles não podem ser mais condenados porque Cristo pagou toda a dívida de seus pecados, e não faz sentido castigar alguém duas vezes pelo mesmo erro, porque Cristo já foi castigado no lugar deles, em relação a todos os seus pecados, passados, presentes e futuros.
- Entretanto serão corrigidos, disciplinados por Deus, assim como um pai corrige a seus filhos. Mas, a correção não tem este sentido vingativo do mal, que há no castigo, como se deu com os israelitas incrédulos, que foram destruídos pela praga que veio da parte do Senhor e os consumiu, tendo a maioria deles, certamente, ido para o inferno, porque não eram justificados pela fé, não tinham o conhecimento do Senhor, não o amavam.
Deve-se então ter o devido cuidado ao se traçar um paralelo entre as ações de juízos de Deus relativas aos israelitas incrédulos, e as que Ele tem em relação à correção dos cristãos, por causa de pecados praticados por eles.
Calebe, por exemplo, era um verdadeiro cristão, era um homem de fé, e por isso o Senhor deu acerca dele o seguinte testemunho:
“Mas o meu servo Calebe, porque nele houve outro espírito, e porque perseverou em seguir-me, eu o introduzirei na terra em que entrou, e a sua posteridade a possuirá.” (14.24).
Este outro espírito que houve em Calebe, é o mesmo que há em todos os cristãos verdadeiros, a saber, o espírito daqueles que nasceram de novo, pela fé em Cristo.
Estes perseveram em seguir o Senhor e por isso Ele faz com que entrem na posse da Sua herança eterna.
Aqueles que têm o mesmo espírito de Calebe, por continuarem seguindo ao Senhor e confiando nEle e praticando a Sua Palavra, mesmo em tempos de grande apostasia, serão honrados pelo Senhor de um modo especial, assim como foram Calebe e Josué.
Eles terão a honra de preservações singulares em tempos de calamidade geral.
“Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra.” (Apo 3.10).
A Canaã divina será a herança eterna daqueles que perseveram em seguir o Senhor completamente.
Bem-aventurados são todos os que perseveram em suas provações.
“Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apo 2.10).
Mas em relação aos israelitas incrédulos, que compunham a maioria da população de Israel, o Senhor demonstrou todo o Seu desagrado em relação a eles, porque sem fé é impossível agradá-Lo, e como eles queriam retornar ao Egito, fariam uma caminhada no deserto como se estivessem voltando naquela direção, não por aprovação de Deus, mas para poderem experimentar a loucura do desejo deles.
Em vez de progredirem em direção ao Leste, rumo à terra de Canaã, eles retrocederiam para o Oeste, na direção do Mar Vermelho, como se estivessem fazendo o caminho de volta, e assim Ele os desviaria do confronto com os amalequitas e cananeus que estavam adiante deles, para que tivessem a experimentação do amargor resultante da sua covardia e falta de fé (14.25).
Eles não voltariam ao Egito, porque a descendência deles entraria em Canaã quarenta anos depois, mas Deus faria com que eles experimentassem o fruto das suas próprias palavras. Eles colheriam aquilo que haviam semeado. O Senhor disse:
“Pela minha vida, diz o Senhor, certamente conforme o que vos ouvi falar, assim vos hei de fazer:” (14.28)
A falsa afirmação dos israelitas de que estavam preocupados com a segurança de seus filhos caso tivessem que conquistar Canaã, por meio da luta contra os seus inimigos, faria com que trouxessem um opróbrio sobre eles, por obrigá-los a caminharem no deserto, naqueles quarenta anos de juízo, ao passo que se tivessem obedecido ao Senhor, Ele mesmo lhes daria vitória contra os seus inimigos, e tanto eles quanto seus filhos poderiam desfrutar da terra que manava leite e mel, em vez de terem que viver num deserto árido.
O Senhor proferiu, portanto, contra eles, as palavras de juízo que lemos em 14.29-35.
Eles desejaram morrer no deserto, e Deus disse amém para o desejo apaixonado deles, e fez do pecado deles a sua ruína, o engano das palavras das suas próprias bocas, e deixou que eles proferissem a sentença deles com as suas próprias línguas, e por isso determinou que os seus cadáveres tombariam no deserto conforme eles mesmos haviam proferido.
Isto nos faz lembrar das palavras de Jesus em Mt 12.37: “Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.”.
Todos os que desprezarem os novos céus e terra prometidos por Deus serão destruídos pelo seu próprio desejo maligno de viverem apegados a este mundo, que está sujeito à condenação.
Quanto àqueles dez espias que haviam inflamado a congregação de Israel contra o Senhor, este trouxe sobre eles um juízo imediato, pois morreram de praga perante Ele (14.36,37).
O juízo sofrido por estes líderes que haviam influenciado todo o povo a murmurar contra o Senhor foi fixado como uma grande advertência para todos aqueles que usam da sua influência no meio do povo de Deus para levarem seus irmãos à murmuração, lhes desviando de um comportamento obediente e submisso ao Senhor, pois sofrerão um maior desagrado da parte de Deus, do que o daqueles aos quais influenciaram.
Que nos guardemos, pois do maldito ministério de semear a incredulidade, a discórdia e a rebelião no meio do povo do Senhor.
Depois de Moisés ter pronunciado todos estes juízos de Deus aos israelitas, eles se entristeceram muito, e por temor dos juízos que poderiam lhes sobrevir da parte do Senhor, queriam se arriscar numa empresa de conquistar a terra por conta própria, numa operação tipo, tudo ou nada, numa aberta presunção que não era movida por um sincero arrependimento, que transforma não apenas a nossa decisão, mas sobretudo o nosso coração (14.39,40).
Eles haviam dito a Moisés que haviam pecado, mas isto não foi uma confissão sincera que conduz a um verdadeiro arrependimento.
Há muito deste tipo de confissão de pecados, que não conduz a nenhuma transformação real de vida. Tanto que eles não buscaram a direção do Senhor para o que pretendiam fazer, e isto sempre ocorrerá quando não estivermos de fato debaixo do Seu temor.
Moisés, conhecendo-lhes os sentimentos lhes advertiu que não seriam bem sucedidos, porque o Senhor não estava no meio deles e seriam certamente feridos diante dos seus inimigos, porquanto haviam se desviado de Deus, e assim Ele não estaria com eles, mas assim mesmo não lhe deram ouvido e saíram para o campo de batalha, só que os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha os feriram, derrotando-os até Hormá (14.39-45).
Somos advertidos pelo apóstolo a não sermos iludidos pelo pecado de presunção que nos faz pensar que estamos de pé, quando na verdade podemos estar caindo da comunhão com Deus.
e não é possível que um cristão caia definitivamente para perdição eterna, no entanto sempre é um perigo que o rodeia, o de que venha a cair da comunhão com o Senhor por causa do endurecimento do pecado.
“Aquele, pois, que pensa estar em pé, olhe não caia.” (I Cor 10.12).
Paulo poderia ter dito isto nestas palavras: “Aquele que supõe que está firme tome cuidado para não falhar”.
Vemos aqui que a causa da queda terá sido o pecado da presunção que nos leva a pensar que temos a aprovação de Deus, mesmo quando estamos vivendo deliberadamente no pecado.


“1 Então disse o Senhor a Moisés:
2 Envia homens que espiem a terra de Canaã, que eu hei de dar aos filhos de Israel. De cada tribo de seus pais enviarás um homem, sendo cada qual príncipe entre eles.
3 Moisés, pois, enviou-os do deserto de Parã, segundo a ordem do Senhor; eram todos eles homens principais dentre os filhos de Israel.
4 E estes são os seus nomes: da tribo de Rúben, Samua, filho de Zacur;
5 da tribo de Simeão, Safate, filho de Hori;
6 da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné;
7 da tribo de Issacar, Ioal, filho de José;
8 da tribo de Efraim, Oseias, filho de Num;
9 da tribo de Benjamim, Palti, filho de Rafu;
10 da tribo de Zebulom, Gadiel, filho de Sódi;
11 da tribo de José, pela tribo de Manassés, Gadi, filho de Susi;
12 da tribo de Dã, Amiel, filho de Gemali;
13 da tribo de Aser, Setur, filho de Micael;
14 da tribo de Naftali, Nabi, filho de Vofsi;
15 da tribo de Gade, Geuel, filho de Maqui.
16 Estes são os nomes dos homens que Moisés enviou a espiar a terra. Ora, a Oseias, filho de Num, Moisés chamou Josué.
17 Enviou-os, pois, Moisés a espiar: a terra de Canaã, e disse-lhes: Subi por aqui para o Negebe, e penetrai nas montanhas;
18 e vede a terra, que tal é; e o povo que nela habita, se é forte ou fraco, se pouco ou muito;
19 que tal é a terra em que habita, se boa ou má; que tais são as cidades em que habita, se arraiais ou fortalezas;
20 e que tal é a terra, se gorda ou magra; se nela há árvores, ou não; e esforçai-vos, e tomai do fruto da terra. Ora, a estação era a das uvas temporãs.
21 Assim subiram, e espiaram a terra desde o deserto de Zim, até Reobe, à entrada de Hamate.
22 E subindo para o Negebe, vieram até Hebrom, onde estavam Aimã, Sesai e Talmai, filhos de Anaque. (Ora, Hebrom foi edificada sete anos antes de Zoã no Egito. )
23 Depois vieram até e vale de Escol, e dali cortaram um ramo de vide com um só cacho, o qual dois homens trouxeram sobre uma verga; trouxeram também romãs e figos.
24 Chamou-se aquele lugar o vale de Escol, por causa do cacho que dali cortaram os filhos de Israel.
25 Ao fim de quarenta dias voltaram de espiar a terra.
26 E, chegando, apresentaram-se a Moisés e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel, no deserto de Parã, em Cades; e deram-lhes notícias, a eles e a toda a congregação, e mostraram-lhes o fruto da terra.
27 E, dando conta a Moisés, disseram: Fomos à terra a que nos enviaste. Ela, em verdade, mana leite e mel; e este é o seu fruto.
28 Contudo o povo que habita nessa terra é poderoso, e as cidades são fortificadas e mui grandes. Vimos também ali os filhos de Anaque.
29 Os amalequitas habitam na terra do Negebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam nas montanhas; e os cananeus habitam junto do mar, e ao longo do rio Jordão.
30 Então Calebe, fazendo calar o povo perante Moisés, disse: Subamos animosamente, e apoderemo-nos dela; porque bem poderemos prevalecer contra ela.
31 Disseram, porém, os homens que subiram com ele: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nos.
32 Assim, perante os filhos de Israel infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra, pela qual passamos para espiá-la, é terra que devora os seus habitantes; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura.
33 Também vimos ali os nefilins, isto é, os filhos de Anaque, que são descendentes dos nefilins; éramos aos nossos olhos como gafanhotos; e assim também éramos aos seus olhos.” (Nm 13.1-33).



Números 14

“1 Então toda a congregação levantou a voz e gritou; e o povo chorou naquela noite.
2 E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e Arão; e toda a congregação lhes disse: Antes tivéssemos morrido na terra do Egito, ou tivéssemos morrido neste deserto!
3 Por que nos traz o Senhor a esta terra para cairmos à espada? Nossas mulheres e nossos pequeninos serão por presa. Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?
4 E diziam uns aos outros: Constituamos um por chefe o voltemos para o Egito.
5 Então Moisés e Arão caíram com os rostos por terra perante toda a assembleia da congregação dos filhos de Israel.
6 E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes;
7 e falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra, pela qual passamos para a espiar, é terra muitíssimo boa.
8 Se o Senhor se agradar de nós, então nos introduzirá nesta terra e no-la dará; terra que mana leite e mel.
9 Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto são eles nosso pão. Retirou-se deles a sua defesa, e o Senhor está conosco; não os temais.
10 Mas toda a congregação disse que fossem apedrejados. Nisso a glória do Senhor apareceu na tenda da revelação a todos os filhos de Israel.
11 Disse então o Senhor a Moisés: Até quando me desprezará este povo e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que tenho feito no meio dele?
12 Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei; e farei de ti uma nação maior e mais forte do que ele.
13 Respondeu Moisés ao Senhor: Assim os egípcios o ouvirão, eles, do meio dos quais, com a tua força, fizeste subir este povo,
14 e o dirão aos habitantes desta terra. Eles ouviram que tu, ó Senhor, estás no meio deste povo; pois tu, ó Senhor, és visto face a face, e a tua nuvem permanece sobre eles, e tu vais adiante deles numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite.
15 E se matares este povo como a um só homem, então as nações que têm ouvido da tua fama, dirão:
16 Porquanto o Senhor não podia introduzir este povo na terra que com juramento lhe prometera, por isso os matou no deserto.
17 Agora, pois, rogo-te que o poder do meu Senhor se engrandeça, segundo tens dito:
18 O Senhor é tardio em irar-se, e grande em misericórdia; perdoa a iniquidade e a transgressão; ao culpado não tem por inocente, mas visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração.
19 Perdoa, rogo-te, a iniquidade deste povo, segundo a tua grande misericórdia, como o tens perdoado desde o Egito até, aqui.
20 Disse-lhe o Senhor: Conforme a tua palavra lhe perdoei;
21 tão certo, porém, como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda a terra,
22 nenhum de todos os homens que viram a minha glória e os sinais que fiz no Egito e no deserto, e todavia me tentaram estas dez vezes, não obedecendo à minha voz,
23 nenhum deles verá a terra que com juramento prometi o seus pais; nenhum daqueles que me desprezaram a verá.
24 Mas o meu servo Calebe, porque nele houve outro espírito, e porque perseverou em seguir-me, eu o introduzirei na terra em que entrou, e a sua posteridade a possuirá.
25 Ora, os amalequitas e os cananeus habitam no vale; tornai-vos amanhã, e caminhai para o deserto em direção ao Mar Vermelho.
26 Depois disse o Senhor a Moisés e Arão:
27 Até quando sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel, que eles fazem contra mim.
28 Dize-lhes: Pela minha vida, diz o Senhor, certamente conforme o que vos ouvi falar, assim vos hei de fazer:
29 neste deserto cairão os vossos cadáveres; nenhum de todos vós que fostes contados, segundo toda a vossa conta, de vinte anos para cima, que contra mim murmurastes,
30 certamente nenhum de vós entrará na terra a respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.
31 Mas aos vossos pequeninos, dos quais dissestes que seriam por presa, a estes introduzirei na terra, e eles conhecerão a terra que vós rejeitastes.
32 Quanto a vós, porém, os vossos cadáveres cairão neste deserto;
33 e vossos filhos serão pastores no deserto quarenta anos, e levarão sobre si as vossas infidelidades, até que os vossos cadáveres se consumam neste deserto.
34 Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, a saber, quarenta dias, levareis sobre vós as vossas iniquidades por quarenta anos, um ano por um dia, e conhecereis a minha oposição.
35 Eu, o Senhor, tenho falado; certamente assim o farei a toda esta má congregação, aos que se sublevaram contra mim; neste deserto se consumirão, e aqui morrerão.
36 Ora, quanto aos homens que Moisés mandara a espiar a terra e que, voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra ele, infamando a terra,
37 aqueles mesmos homens que infamaram a terra morreram de praga perante o Senhor.
38 Mas Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, ficaram com vida.
39 Então Moisés falou estas palavras a todos os filhos de Israel, pelo que o povo se entristeceu muito.
40 Eles, pois, levantando-se de manhã cedo, subiram ao cume do monte, e disseram: Eis-nos aqui; subiremos ao lugar que o Senhor tem dito; porquanto havemos pecado.
41 Respondeu Moisés: Ora, por que transgredis o mandado do Senhor, visto que isso não prosperará?
42 Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós; para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.
43 Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.
44 Contudo, temerariamente subiram eles ao cume do monte; mas a arca do pacto do Senhor, e Moisés, não se apartaram do arraial.


45 Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Horma.” (Nm 14.1-45).


Números 14

Vide comentário no capitulo 13


Números 15

O Sacrifício e a Obediência aos Mandamentos

Os primeiros vinte e nove versículos deste 15º capítulo de Números são repetições de leis constantes especialmente de Levítico, relativas à apresentação de ofertas e sacrifícios.
Deus havia perdoado o povo de ser exterminado pela Sua ira, mas Ele lhes recorda que deveriam apresentar sacrifícios, porque era com base nestes que poderiam ser perdoados.
Todo e qualquer pecado que seja perdoado, no sentido de sermos livrados dos juízos de Deus, sempre o serão com base no sacrifício de Jesus pelos pecadores, do qual, aqueles sacrifícios de animais eram apenas uma figura.
É pela exclusiva graça de Deus, que opera com base no sacrifício, que somos perdoados, e não por nenhum ato de penitência da nossa parte, por nenhuma boa obra que façamos para compensar a má obra que tenhamos feito.
Nossas ofensas da santidade devida a Deus são tão imensas que nada que fizéssemos por mais caro e trabalhoso que fosse, poderia apagá-las.
Somente o precioso sangue de Cristo pode fazê-lo, quando nos apropriamos dos seus benefícios, simplesmente pela fé, confiando que Deus determinou fazê-lo unicamente pela Sua graça.
Entendemos então, com a introdução deste 15º capítulo, que Deus não estava esperando perfeição absoluta dos israelitas, mas fé e arrependimento.
Ele não esperava que eles se aperfeiçoassem em seus talentos naturais para a guerra, de modo que se superassem, senão apenas confiança no Seu poder e graça, e especialmente fé na Sua fidelidade, em cumprir as Suas promessas.
Se Ele havia prometido aos patriarcas, que daria a terra de Canaã à sua descendência, não cabia aos israelitas outra opção senão a de crerem na fidelidade de Deus, pois Ele lhes havia dado inúmeros exemplos de quão fiel era em cumprir todas as Suas promessas.
Todavia, a partir do trigésimo versículo deste 15º capítulo, o Senhor declarou expressamente que a cobertura do pecado, pelo sacrifício, não anulava a responsabilidade de se guardar Seus mandamentos; de modo que aqueles que pecassem deliberadamente, isto é, que confrontassem abertamente a Sua autoridade, estariam blasfemendo o Seu santo nome, e portanto, deveriam ser excluídos da comunidade de Israel, por terem desprezado a Palavra de Deus, quebrando o seu mandamento, e neste caso, responderiam pela sua iniquidade (v. 30,31).
Para ilustrar como deveria então ser aplicada a lei, é registrado logo em seguida o caso de um homem que apanhou lenha num dia de sábado, e sendo trazido a Moisés e a Arão, e a toda a congregação, foi colocado na prisão, e o Senhor disse a Moisés que tal homem deveria ser morto por toda a congregação, através de apedrejamento fora do arraial (v. 32-36).
Para o propósito de os israelitas lembrarem do seu dever de guardarem os mandamentos do Senhor, e para que não se deixassem arrastar à infidelidade pelos afetos carnais de seus corações, e pela cobiça de suas vistas, de modo que fossem santos para com o Seu Deus, este ordenou a Moisés que lhes dissesse  que usassem em todas as suas gerações, franjas nas borlas das suas vestes, e que nestas colocassem um cordão azul, para tal propósito de se lembrarem de todos os mandamentos.
Mais uma vez o Senhor lhes lembrou que lhes havia tirado do Egito, para ser o Deus deles (v. 37-41).
Com o cumprimento deste mandamento, através de suas vestes, eles testemunhariam que eram diferentes das demais nações, e que não estavam envergonhados do Seu Deus e da Sua lei.
Os fariseus ampliavam estas franjas das vestes de modo a fazê-las maiores do que as dos demais judeus, de forma a mostrarem que eram mais santos do que eles (Mt 23.5).
Mas não faziam um uso sincero e santo, senão hipócrita e para se ostentarem.



“1 Depois disse o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel e díze-lhes: Quando entrardes na terra da vossa habitação, que eu vos hei de dar,
3 e ao Senhor fizerdes, do gado ou do rebanho, oferta queimada, holocausto ou sacrifício, para cumprir um voto, ou como oferta voluntária, para fazer nas vossos festas fixas um cheiro suave ao Senhor,
4 Então aquele que fizer a sua oferta, fará ao Senhor uma oferta de cereais de um décimo de efa de flor de farinha, misturada com a quarta parte de um him de azeite;
5 e de vinho para a oferta de libação prepararás a quarta parte de um him para o holocausto, ou para o sacrifício, para cada cordeiro;
6 e para cada carneiro prepararás como oferta de cereais, dois décimos de efa de flor de farinha, misturada com a terça parte de um him de azeite;
7 e de vinho para a oferta de libação oferecerás a terça parte de um him em cheiro suave ao Senhor.
8 Também, quando preparares novilho para holocausto ou sacrifício, para cumprir um voto, ou um sacrifício de ofertas pacíficas ao Senhor,
9 com o novilho oferecerás uma oferta de cereais de três décimos de efa, de flor de farinha, misturada com a metade de um him de azeite;
10 e de vinho para a oferta de libação oferecerás a metade de um him como oferta queimada em cheiro suave ao Senhor.
11 Assim se fará com cada novilho, ou carneiro, ou com cada um dos cordeiros ou dos cabritos.
12 Segundo o número que oferecerdes, assim fareis com cada um deles.
13 Todo natural assim fará estas coisas, ao oferecer oferta queimada em cheiro suave ao Senhor.
14 Também se peregrinar convosco algum estrangeiro, ou quem quer que estiver entre vos nas vossas gerações, e ele oferecer uma oferta queimada de cheiro suave ao Senhor, como vós fizerdes, assim fará ele.
15 Quanto à assembleia, haverá um mesmo estatuto para vós e para o estrangeiro que peregrinar convosco, estatuto perpétuo nas vossas gerações; como vós, assim será o peregrino perante o Senhor.
16 Uma mesma lei e uma mesma ordenança haverá para vós e para o estrangeiro que peregrinar convosco.
17 Disse mais o Senhor a Moisés:
18 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Depois de terdes entrado na terra em que vos hei de introduzir,
19 será que, ao comerdes do pão da terra, oferecereis ao Senhor uma oferta alçada.
20 Das primícias da vossa massa oferecereis um bolo em oferta alçada; como a oferta alçada da eira, assim o oferecereis.
21 Das primícias das vossas massas dareis ao Senhor oferta alçada durante as vossas gerações.
22 Igualmente, quando vierdes a errar, e não observardes todos esses mandamentos, que o Senhor tem falado a Moisés,
23 sim, tudo quanto o Senhor vos tem ordenado por intermédio do Moisés, desde o dia em que o Senhor começou a dar os seus mandamentos, e daí em diante pelas vossas gerações,
24 será que, quando se fizer alguma coisa sem querer, e isso for encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, juntamente com a oferta de cereais do mesmo e a sua oferta de libação, segundo a ordenança, e um bode como sacrifício pelo pecado.
25 E o sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e eles serão perdoados; porquanto foi erro, e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao Senhor, e o seu sacrifício pelo pecado perante o Senhor, por causa do seu erro.
26 Será, pois, perdoada toda a congregação dos filhos de Israel, bem como o estrangeiro que peregrinar entre eles; porquanto sem querer errou o povo todo.
27 E, se uma só pessoa pecar sem querer, oferecerá uma cabra de um ano como sacrifício pelo pecado.
28 E o sacerdote fará perante o Senhor expiação pela alma que peca, quando pecar sem querer; e, feita a expiação por ela, será perdoada.
29 Haverá uma mesma lei para aquele que pecar sem querer, tanto para o natural entre os filhos de Israel, como para o estrangeiro que peregrinar entre eles.
30 Mas a pessoa que fizer alguma coisa temerariamente, quer seja natural, quer estrangeira, blasfema ao Senhor; tal pessoa será extirpada do meio do seu povo,
31 por haver desprezado a palavra do Senhor, e quebrado o seu mandamento; essa alma certamente será extirpada, e sobre ela recairá a sua iniquidade.
32 Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado.
33 E os que o acharam apanhando lenha trouxeram-no a Moisés e a Arão, e a toda a congregação.
34 E o meteram em prisão, porquanto ainda não estava declarado o que se lhe devia fazer.
35 Então disse o Senhor a Moisés: certamente será morto o homem; toda a congregação o apedrejará fora do arraial.
36 Levaram-no, pois, para fora do arraial, e o apedrejaram, de modo que ele morreu; como o Senhor ordenara a Moisés.
37 Disse mais o Senhor a Moisés:
38 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes que façam para si franjas nas bordas das suas vestes, pelas suas gerações; e que ponham nas franjas das bordas um cordão azul.
39 Tê-lo-eis nas franjas, para que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os observeis; e para que não vos deixeis arrastar à infidelidade pelo vosso coração ou pela vossa vista, como antes o fazíeis;
40 para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os observeis, e sejais santos para com o vosso Deus.
41 Eu sou o senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Nm 15.1-41).



Números 16

Rebelião de Coré, Datã e Abirão

Nós temos no 16º capítulo do livro de Números o relato da rebelião de Coré, Datã e Abirão.
Coré era também um coatita, da tribo de Levi, tal como Moisés e Arão.
Certamente ele estava pensando em tomar o sumo sacerdócio de Arão para si, e a posição de liderança de Moisés para Elisafã, o príncipe líder dos coatitas (Nm 3.30), e para buscar apoio político aliou-se a Datã e Abirão, príncipes da tribo de Rúben, e juntamente com estes estavam associados outros 250 príncipes de Israel, que eles haviam conseguido atrair para a sua causa, mas não há dúvida que Coré era o líder daquela rebelião, conforme citado em Judas 11, em relação aos falsos mestres que intentavam tomar o lugar da liderança dos apóstolos, referindo-se a eles nos seguintes termos:
“Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré.” (Jd 11).
Assim a insatisfação manifesta de um só homem revelaria a de muitos outros e lhes traria destruição. Daí se dizer “a rebelião de Coré.”
É preciso ter muito cuidado com aqueles que nos apresentam argumentos convincentes que parecem ser para o nosso bem e liberdade, e que no final acabam nos conduzindo a caminhos de morte.
Eles devem ter prometido ao povo que os libertaria dos pesados mandamentos da lei de Moisés e da inflexibilidade dos seus juízos, como o que havia sido proferido sobre o homem que havia catado lenha num dia de sábado, e que fora morto por apedrejamento.
Eles hastearam a bandeira da igualdade, proclamando que todos eram santos em Israel e tinham o direito de exercer a liderança pela escolha do povo.
A causa estava quase ganha, na perspectiva deles, porque naquela conspiração, que deve ter sido montada astuciosamente, longe das vistas de Moisés e Arão, haviam conseguido juntar um grande número de aliados, dos quais a Palavra nos dá conta serem “duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembleia, varões de renome;” (v. 2).
Por influência destes líderes a insatisfação de toda a congregação foi revelada e manifestada, pois a causa deles era também a sua, porque queriam liberdade para fazerem o que era da própria vontade, contra a ordenança expressa de Deus para eles de que deveriam “lembrar de todos os mandamentos do Senhor, e os observarem;  para que não se deixassem arrastar pela infidelidade dos seus corações ou pela sua vista, como antes o faziam”, conforme está registrado no final do décimo quinto capítulo.
Havia, portanto uma batalha declarada da parte de Deus contra eles, da Sua santidade contra a carnalidade dos israelitas.
A luta do Espírito contra a carne estava aqui bem representada.
A natureza terrena nos puxando para baixo, e a vontade do Senhor tentando nos puxar para cima.
Israel teria que pagar um preço elevado em vidas, até que aprendesse quão dura coisa é resistir contra a vontade do Senhor.
O que fez Moisés diante do protesto deles?
Mais uma vez ele se prostrou com o rosto em terra (v.4), procurando alento e instrução no Senhor.
Ele teria resignado humildemente ao seu cargo se fosse esta a vontade de Deus.
Ele estava constrangido em seu espírito em ter que obedecer ao Senhor, assim como Davi em seu reinado e Paulo em seu apostolado.
Eles não se tinham feito líderes, reis, apóstolos, senão pelo Senhor que os havia chamado.
Do mesmo modo não foi Moisés quem indicou Arão e sua família para o sacerdócio, mas o próprio Deus.
Certamente que isto era um grande privilégio, mas antes de tudo era uma tremenda responsabilidade que eles carregavam sobre os seus ombros, e que lhes fora imposta pela vontade do Senhor.
A demanda de Coré, Datã e Abirão não era, pois contra Arão e Moisés, e sim contra o próprio Deus, e por isso, foi nEle que Moisés foi buscar resposta para aquela situação.
Ele a recebeu, e transmitiu a Coré e aos que o acompanhavam na sua rebelião o que deveriam fazer na manhã do dia seguinte, para que o Senhor confirmasse quem havia escolhido para o sacerdócio.
Eles deveriam acender incensários diante do Senhor no tabernáculo, e Deus indicaria a quem escolheria dentre eles.
Após tê-los repreendido pelo fato de estarem buscando o sacerdócio, rebelando-se contra a vontade de Deus e contra Arão, mandou chamar Datã e Abirão, mas estes se recusaram a ir ter com ele, e disseram que lhes havia feito retornar de uma terra que manava leite e mel para matá-los no deserto, e assim contestaram com que direito Moisés queria se fazer príncipe sobre eles.
E disseram ainda expressamente o seguinte:
“Ademais, não nos introduziste em uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; porventura cegarás os olhos a estes homens? Não subiremos.” (v. 14).
Aqui eles revelaram que almejavam somente a herança.
Eles não queriam ao Deus da herança e nem a Sua vontade.
Tal como muitos esperam ir para o céu sem Jesus Cristo.
Datã e Abirão estavam alegres no meio do povo enquanto tinham a esperança de lançar logo mão nos bens prometidos na terra de Canaã, mas era algo muito insuportável para eles terem que peregrinar no deserto, com a sentença de não entrarem na terra por causa da sua incredulidade.
A sandália dos pés dos israelitas não se gastou naqueles quarenta anos de peregrinação, Deus não deixaria de lhes fazer o bem, se tão somente guardassem os Seus mandamentos, mas eles não queriam saber de fidelidade senão fazer o que era da própria vontade.
Eles tinham fixado um alvo e não queriam pagar o preço e assumir a responsabilidade que seria necessária para atingir aquele alvo, e agora se queixavam de não terem entrado na posse das coisas que eles próprios haviam desprezado.
A ira de Moisés se acendeu quando Datã e Abirão alegaram que ele havia se constituído num líder ambicioso e autoritário sobre eles, e quanto a isto não prostrou seu rosto em terra, mas pediu a Deus que defendesse a sua integridade; considerando que eles o acusaram de ser ambicioso, cobiçoso, e opressivo,  fazendo-se um príncipe sobre eles, pois Deus era sua testemunha que nunca havia adquirido qualquer coisa deles, nem mesmo um jumento, nem nunca havia usado de suborno e extorsão, e não vivia com os tributos devidos a um príncipe.
Quando Coré se apresentou com os duzentos e cinquenta príncipes, e Arão, todos eles com os seus incensários, ele fez ainda uma agitação da congregação contra Moisés e Arão, à porta do tabernáculo, e isto fez com que a glória do Senhor aparecesse a toda a congregação, não para alegria deles, mas para convencimento de que o que aconteceria viria da parte dEle e não do homem, e aquela glória era glória de juízo e não de salvação, pronta a destruí-los, pois mais uma vez o Senhor disse a Moisés para se apartar da congregação de Israel, porque os consumiria a todos num só momento (v. 21).
Mas novamente Moisés intercedeu em favor deles, para que lhes perdoasse, sob a alegação que não deveriam ser destruídos por causa do pecado de um só homem (v.22).
As massas, muitas vezes são dadas a seguir ignorante e impensadamente as bandeiras de promessas que algumas lideranças desviadas lhes apresentam.
Assim como nos dias de Jesus gritavam para que fosse crucificado por terem sido emuladas a isto pelos líderes de Israel, e nisto, Moisés agiu como tipo de Jesus, que rogaria ao Pai para que lhes perdoasse, por não saberem o que faziam, isto é, agiam por ignorância de tudo o que estava realmente envolvido em Sua morte pelas intenções invejosas e políticas dos líderes de Israel, e muito menos sabiam do significado de que naquela morte estava a única esperança da salvação das suas almas.
Mas a ira de Deus permanece sobre aqueles que não se arrependem dos seus pecados, ainda que os poupe temporariamente, por causa da Sua longanimidade, na expectativa de que venham a se arrepender e assim alcancem a vida eterna.
Contudo, no caso de Coré, Datã e Abirão, trouxe-lhes um juízo inaudito, de modo que ficasse claro para todos os israelitas, qual é o fim daqueles que se opõem à vontade de Deus e se rebelam contra Ele.
Como Datã e Abirão haviam se recusado a ir ter com Moisés, este foi ter com eles, e foi ordenado por Deus que toda a congregação saísse das proximidades das tendas daqueles homens ímpios, para que não fossem consumidos juntamente com eles, por causa dos seus pecados (v. 26).
E, disse a todos que caso eles morressem de um modo comum, o Senhor não o teria enviado, mas se eles morressem de uma forma inaudita, com a terra abrindo a sua boca e lhes tragando com tudo o que lhes pertencia, descendo vivos ao Seol, então compreenderiam o quanto aqueles homens haviam desprezado o Senhor (v. 27-30).
Mal acabou de falar, a terra que estava debaixo deles se fendeu e os tragou com as suas famílias, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a toda a sua fazenda, e a terra os cobriu. Vendo isto os israelitas fugiram pelo temor de serem também tragados (v. 34).
É provável que quando a terra se abriu para engolir Datã e Abirão e tudo que lhes pertencia, que o fogo procedente do Senhor consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso diante do tabernáculo, tendo sido deixado com vida dentre os que ofereciam o incenso, apenas Arão (v. 35).
Deus fizera a seleção e confirmação do seu escolhido de um modo excepcional, pois eliminou todos aqueles que não deveriam assumir o sacerdócio, consumindo-os com o fogo, em razão de terem feito aquilo que não lhes era lícito fazerem, e que não temeram sequer fazer, isto é, queimar incenso, função exclusiva dos sacerdotes, e eles descaradamente se apresentaram para fazer o que não deveriam de modo nenhum fazer.
Sempre que alguém tentar usurpar a função que foi designada por Deus a outro, esta pessoa terá que arcar com as consequências da sua presunção.
Deus revelou que é um fogo consumidor, que queima toda rebelião que se levante contra a Sua vontade.
Deus ordenou que se fizesse daqueles duzentos e cinquenta incensários de bronze, chapas para cobrirem o altar do holocausto, de forma que servissem de sinal para os israelitas, no sentido de que nenhum estranho, senão da descendência de Arão se aproximasse do Senhor para queimar incenso (v. 36-40).
Mas o que era esperado aconteceu, porque toda a congregação de Israel tinha se identificado com a causa dos rebeldes, e assim, no dia seguinte murmuraram contra Moisés e Arão lhes acusando de serem os culpados da morte daqueles homens, só que em vez de lhes dar o título apropriado de rebeldes, referiram-se aos mesmos como “o povo do Senhor”.
Mais uma vez a nuvem cobriu o tabernáculo e a glória do Senhor apareceu, e tendo Moisés e Arão vindo à frente do tabernáculo Deus disse a Moisés que saísse do meio deles, porque os consumiria num só momento.
Moisés e Arão caíram com o rosto em terra, e dessa vez Moisés nem teve tempo para interceder junto ao Senhor porque Ele fizera irromper uma grande praga entre o povo, então Moisés ordenou a Arão que pegasse o seu incensário e queimasse incenso nele com o fogo do altar, e que fizesse expiação com aquele incenso sobre toda a congregação, porque a sua intercessão como sumo sacerdote por eles seria a única forma de fazer cessar aquela praga, que se não fosse detida, consumiria toda a congregação de Israel.
Nós estamos observando que o caráter da ordenança para que não murmuremos, constante de I Cor 10.10, seguindo o exemplo dos israelitas: “E não murmureis, como alguns deles murmuraram, e pereceram pelo destruidor”, se refere não somente à insatisfação e queixa nas provas a que somos submetidos pela vontade de Deus, como também a este espírito de rebelião, especialmente contra aqueles que têm sido constituídos pelo Senhor como líderes sobre as nossas vidas.
Tendo Arão obedecido a Moisés, a praga cessou, mas não sem antes ter matado a 14.700 pessoas, sem contar os que haviam sido mortos antes, por causa da rebelião de Coré (v 41-50).
É por causa da oração do nosso Sumo Sacerdote, da qual o incenso de Arão era figura, que não somos consumidos pelos juízos de Deus, em razão dos nossos pecados.
Jesus intercede à direita do Pai como nosso Advogado, e ainda que não fôssemos condenados eternamente, por estarmos debaixo da cobertura do Seu precioso sangue, no entanto, poderíamos ser visitados com muitos julgamentos de Deus, por causa dos nossos pecados.
A nossa confissão e arrependimento são aceitáveis a Deus, porque temos a Jesus intercedendo por nós à Sua direita, dia e noite, como nosso Advogado e Sumo Sacerdote.
Por isso foi revelado a Moisés, naquela ocasião, que somente a intercessão de Arão, na condição de sumo sacerdote de Israel poderia livrar o povo do castigo determinado contra os seus pecados, para que servisse de figura desta intercessão eficaz que é feita por Jesus em nosso favor, e por causa da qual não somos consumidos.
Por isso somos lembrados pelo apóstolo, que sempre que viermos a pecar eventualmente, devemos confessar os nossos pecados, sabendo que temos um Advogado junto ao Pai (I Jo 2.1).
Também nisto todos os ministros do Senhor devem ser seus imitadores, e seguirem também o bom exemplo de Arão, que estava intercedendo em favor daqueles que o odiavam e invejavam.
Deus estava confirmando a chamada de Arão para o sumo sacerdócio, revelando a Israel, que assim como fizera com o rei Davi, fizera a escolha por conhecer o coração, e não pela aparência exterior, por saber que Arão tinha um amor verdadeiro pelo seu povo, e que tinha um coração misericordioso, que se compadecia daqueles que estavam debaixo do seu cuidado, e demonstrou isto intercedendo e agindo pelo bem daqueles que estavam buscando o seu mal.
É da natureza do Senhor que a misericórdia sempre triunfe no juízo, e que no juízo Ele sempre se lembre da misericórdia, porque a glória do Senhor está em ser bondoso, misericordioso e perdoador, pois não tem prazer na morte dos ímpios, senão que se convertam e vivam, e até mesmo quando está exercendo juízos em Sua ira contra o pecado, a oração detém o juízo, porque Deus se lembra da misericórdia em plena manifestação da Sua ira.
Foi por pura misericórdia que Ele fez cessar a praga com a intercessão de Arão, porque não se fala em qualquer ponto das Escrituras, que os israelitas haviam se arrependido das suas rebeliões e da sua injustiça, quando canonizaram os rebeldes Coré, Datã e Abirão, bem como os duzentos e cinquenta rebeldes, ao mesmo tempo em que acusavam Moisés e Arão de assassinos do povo do Senhor.
Assim, revelou-se que a misericórdia do Senhor é a causa de não sermos consumidos, até porque, por um só pecado, ao curso de toda a nossa vida, já seríamos merecedores da morte e da condenação eternas.
Nunca é demais lembrar que por um só ato de injustiça (de Adão) muitos se tornaram pecadores e toda a criação ficou sujeita à vaidade.
Tudo morre no mundo por causa daquele único pecado original de Adão, e se Deus intervém dando graça e vida a pecadores, sem que o mereçam, é então por pura misericórdia.



“1 Ora, Coré, filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, juntamente com Datã e Abirão, filhos de Eliabe, e Om, filho de Pelete, filhos de Rúben, tomando certos homens,
2 levantaram-se perante Moisés, juntamente com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, chamados à assembleia, varões de renome;
3 e ajuntando-se contra Moisés e contra Arão, disseram-lhes: Demais é o que vos arrogais a vós, visto que toda a congregação e santa, todos eles são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a assembleia do Senhor?
4 Quando Moisés ouviu isso, caiu com o rosto em terra;
5 depois falou a Coré e a toda a sua companhia, dizendo: Amanhã pela manhã o Senhor fará saber quem é seu, e quem é o santo, ao qual ele fará chegar a si; e aquele a quem escolher fará chegar a si.
6 Fazei isto: Coré e toda a sua companhia, tomai para vós incensários;
7 e amanhã, pondo fogo neles, sobre eles deitai incenso perante o Senhor; e será que o homem a quem o Senhor escolher, esse será o santo; demais é o que vos arrogais a vós, filhos de Levi.
8 Disse mais Moisés a Coré: Ouvi agora, filhos de Levi!
9 Acaso é pouco para vós que o Deus de Israel vos tenha separado da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a fim de fazerdes o serviço do tabernáculo do Senhor e estardes perante a congregação para ministrar-lhe,
10 e te fez chegar, e contigo todos os teus irmãos, os filhos de Levi? procurais também o sacerdócio?
11 Pelo que tu e toda a tua companhia estais congregados contra o Senhor; e Arão, quem é ele, para que murmureis contra ele?
12 Então Moisés mandou chamar a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe; eles porém responderam: Não subiremos.
13 É pouco, porventura, que nos tenhas feito subir de uma terra que mana leite e mel, para nos matares no deserto, para que queiras ainda fazer-te príncipe sobre nós?
14 Ademais, não nos introduziste em uma terra que mana leite e mel, nem nos deste campos e vinhas em herança; porventura cegarás os olhos a estes homens? Não subiremos.
15 Então Moisés irou-se grandemente, e disse ao Senhor: Não atentes para a sua oferta; nem um só jumento tenho tomado deles, nem a nenhum deles tenho feito mal.
16 Disse mais Moisés a Coré: Comparecei amanhã tu e toda a tua companhia perante o Senhor; tu e eles, e Arão.
17 Tome cada um o seu incensário, e ponha nele incenso; cada um traga perante o Senhor o seu incensário, duzentos e cinquenta incensários; também tu e Arão, cada qual o seu incensário.
18 Tomou, pois, cada qual o seu incensário, e nele pôs fogo, e nele deitou incenso; e se puseram à porta da tenda da revelação com Moisés e Arão.
19 E Coré fez ajuntar contra eles toda o congregação à porta da tenda da revelação; então a glória do Senhor apareceu a toda a congregação.
20 Então disse o senhor a Moisés e a Arão:
21 Apartai-vos do meio desta congregação, para que eu, num momento, os possa consumir.
22 Mas eles caíram com os rostos em terra, e disseram: ó Deus, Deus dos espíritos de toda a carne, pecará um só homem, e indignar-te-ás tu contra toda esta congregação?
23 Respondeu o Senhor a Moisés:
24 Fala a toda esta congregação, dizendo: Subi do derredor da habitação de Coré, Datã e Abirão.
25 Então Moisés levantou-se, e foi ter com Datã e Abirão; e seguiram-nos os anciãos de Israel.
26 E falou à congregação, dizendo: Retirai-vos, peço-vos, das tendas desses homens ímpios, e não toqueis nada do que é seu, para que não pereçais em todos os seus pecados.
27 Subiram, pois, do derredor da habitação de Coré, Datã e Abirão. E Datã e Abirão saíram, e se puseram à porta das suas tendas, juntamente com suas mulheres, e seus filhos e seus pequeninos.
28 Então disse Moisés: Nisto conhecereis que o Senhor me enviou a fazer todas estas obras; pois não as tenho feito de mim mesmo.
29 Se estes morrerem como morrem todos os homens, e se forem visitados como são visitados todos os homens, o Senhor não me enviou.
30 Mas, se o Senhor criar alguma coisa nova, e a terra abrir a boca e os tragar com tudo o que é deles, e vivos descerem ao Seol, então compreendereis que estes homens têm desprezado o Senhor.
31 E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu;
32 e a terra abriu a boca e os tragou com as suas famílias, como também a todos os homens que pertenciam a Coré, e a toda a sua fazenda.
33 Assim eles e tudo o que era seu desceram vivos ao Seol; e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação,
34 E todo o Israel, que estava ao seu redor, fugiu ao clamor deles, dizendo: não suceda que a terra nos trague também a nós.
35 Então saiu fogo do Senhor, e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso.
36 Então disse o Senhor a Moisés:
37 Dize a Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, que tire os incensários do meio do incêndio; e espalha tu o fogo longe; porque se tornaram santos
38 os incensários daqueles que pecaram contra as suas almas; deles se façam chapas, de obra batida, para cobertura do altar; porquanto os trouxeram perante o Senhor, por isso se tornaram santos; e serão por sinal aos filhos de Israel.
39 Eleazar, pois, o sacerdote, tomou os incensários de bronze, os quais aqueles que foram queimados tinham oferecido; e os converteram em chapas para cobertura do altar,
40 para servir de memória aos filhos de Israel, a fim de que nenhum estranho, ninguém que não seja da descendência de Arão, se chegue para queimar incenso perante o Senhor, para que não seja como Coré e a sua companhia; conforme o Senhor dissera a Eleazar por intermédio de Moisés.
41 Mas no dia seguinte toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Arão, dizendo: Vós matastes o povo do Senhor.
42 E tendo-se sublevado a congregação contra Moisés e Arão, dirigiu-se para a tenda da revelação, e eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu.
43 Vieram, pois, Moisés e Arão à frente da tenda da revelação.
44 Então disse o Senhor a Moisés:
45 Levantai-vos do meio desta congregação, para que eu, num momento, a possa consumir. Então caíram com o rosto em terra.
46 Depois disse Moisés a Arão: Toma o teu incensário, põe nele fogo do altar, deita incenso sobre ele e leva-o depressa à congregação, e faze expiação por eles; porque grande indignação saiu do Senhor; já começou a praga.
47 Tomou-o Arão, como Moisés tinha falado, e correu ao meio da congregação; e eis que já a praga havia começado entre o povo; e deitando o incenso no incensário, fez expiação pelo povo.
48 E pôs-se em pé entre os mortos e os vivos, e a praga cessou.
49 Ora, os que morreram da praga foram catorze mil e setecentos, além dos que morreram no caso de Coré.


50 E voltou Arão a Moisés à porta da tenda da revelação, pois cessara a praga.” (Nm 16.1-50).



Números 17

A Vara Morta de Arão Floresceu

Deus havia confirmado anteriormente (como vimos no cap 16 de Números) o sacerdócio da casa de Arão, com um milagre de juízo e ira, e agora o confirmaria com um milagre de graça, conforme registrado no 17º capítulo, pois ordenou que fossem colocadas no interior do tabernáculo, diante da arca do testemunho, varas com os nomes dos príncipes das tribos de Israel, e na vara da tribo de Levi seria escrito o nome de Arão, e disse que a vara correspondente ao homem que fosse o seu escolhido para o sumo sacerdócio brotaria miraculosamente, e no dia seguinte, quando Moisés entrou no tabernáculo, apenas a vara de Arão não somente havia brotado como produzira gomos, rebentara em flores e dera amêndoas maduras (Num 17.8).
Moisés trouxe todas aquelas varas à presença dos israelitas e pelo mandado do Senhor tornou a colocar a vara de Arão perante a arca do testemunho, de forma que ficasse revelado para sempre a Israel, que o nome que estava registrado naquela única vara que havia frutificado era o nome de Arão.
Esta foi uma ação preventiva da parte do Senhor, para que cessassem as murmurações dos israelitas quanto a tentarem questionar a chamada exclusiva de Arão e de sua casa para o sacerdócio, de modo que não fossem exterminados pelos Seus juízos, em face das rebeliões deles.
Um pai sábio procura eliminar as situações que dão ocasião às desobediências de seus filhos, de modo que não tenha que puni-los.
Foi este mesmo cuidado preventivo que o Senhor teve em relação aos israelitas, com a medida descrita neste capítulo.
Com este milagre de graça, o Senhor revelava que o ministério do sumo sacerdote não era um ministério para morte, senão para a vida, pois varas mortas foram colocadas diante do testemunho, e somente a do sumo sacerdote rebrotou e frutificou.
Mais do que de vida é ministério de ressurreição, porque aquela vara não poderia reviver, a não ser por uma ação miraculosa e poderosa da parte de Deus.
Cristo é Sumo Sacerdote, para que o Seu povo tenha vida e ressuscite.
Assim também, todos os ministros a Seu serviço têm um ministério com a mesma função e característica, cabendo-lhes, portanto, batalharem em prol da edificação do Corpo de Cristo em amor, e para que a vida de Cristo se manifeste entre os cristãos.
Isto nos faz lembrar das palavras do Senhor em Jo 15.16:
“Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.”
Todavia, os israelitas não entenderam o sentido preventivo do milagre e as palavras de Deus, relativas ao fato de que nenhum estranho à casa de Arão deveria disputar o sacerdócio para que não morresse.
Eles eram de fato um povo de dura cerviz, como o Senhor se havia referido a eles, pois em vez de se humilharem, e se sujeitarem à poderosa mão do Senhor, na sua aflição, eles se queixaram de estarem sendo tratados de modo muito inflexível e duro, e que nenhum deles poderia sobreviver diante de um Deus tão exigente.
Vejamos o teor das suas palavras:
“Então disseram os filhos de Israel a Moisés: Eis aqui, nós expiramos, perecemos, todos nós perecemos. Todo aquele que se aproximar, sim, todo o que se aproximar do tabernáculo do Senhor, morrerá; porventura pereceremos todos?” (v 12,13)
Eles estavam em fel de amargura e é uma coisa muito ruim se irritar contra Deus, quando estamos em aflição, porque a nossa angústia servirá somente para aumentar as nossas dores.
Devemos, ao contrário, nos submeter e ter bom ânimo como nos é ordenado pela Palavra, para o nosso próprio bem, para que sejamos curados de nossas murmurações, orgulhos, vaidades, endurecimentos, enfim de todas as formas de manifestação do pecado.
Deus tem um propósito bom quando nos corrige, que é o de nos fazer participantes da Sua santidade, de modo que possamos ter intimidade e comunhão com Ele, e sermos livres de nossas mazelas que militam contra as nossas almas.
Ele é um Pai sábio e amoroso e faremos bem em nos sujeitar à Sua correção.



“1 Então disse o Senhor a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel, e toma deles uma vara para cada casa paterna de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, doze varas; e escreve o nome de cada um sobre a sua vara.
3 O nome de Arão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça das casas de seus pais terá uma vara.
4 E as porás na tenda da revelação, perante o testemunho, onde venho a vós.
5 Então brotará a vara do homem que eu escolher; assim farei cessar as murmurações dos filhos de Israel contra mim, com que murmuram contra vós.
6 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel, e todos os seus príncipes deram-lhe varas, cada príncipe uma, segundo as casas de seus pais, doze varas; e entre elas estava a vara de Arão.
7 E Moisés depositou as varas perante o Senhor na tenda do testemunho.
8 Sucedeu, pois, no dia seguinte, que Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela casa de Levi, brotara, produzira gomos, rebentara em flores e dera amêndoas maduras.
9 Então Moisés trouxe todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel; e eles olharam, e tomaram cada um a sua vara.
10 Então o Senhor disse a Moisés: Torna a pôr a vara de Arão perante o testemunho, para se guardar por sinal contra os filhos rebeldes; para que possas fazer acabar as suas murmurações contra mim, a fim de que não morram.
11 Assim fez Moisés; como lhe ordenara o Senhor, assim fez.
12 Então disseram os filhos de Israel a Moisés: Eis aqui, nós expiramos, perecemos, todos nós perecemos.


13 Todo aquele que se aproximar, sim, todo o que se aproximar do tabernáculo do Senhor, morrerá; porventura pereceremos todos?” (Nm 17.1-13).


Números 18

Deveres e Direitos dos Sacerdotes

A coerência deste capítulo 18º de Números, com o precedente, é muito observável porque os israelitas haviam  reclamado da dificuldade e do risco que havia para eles por estarem residindo ao redor do tabernáculo, que Deus havia colocado no meio deles, que em vez de ser motivo de alegria, glória e confiança para eles - em razão do seu endurecimento no pecado - havia se transformado num instrumento de terríveis apreensões, e como resposta a esta reclamação, Deus lhes deu a entender através de Arão, que os sacerdotes seriam  seus representantes, e eles se manteriam à distância dos serviços do tabernáculo, e deveriam reverenciá-lo, confiando que os sacerdotes levariam sobre si as iniquidades relativas ao santuário e ao sacerdócio (v. 1), e nisto seriam uma figura de Cristo, que carregou sobre si, no santuário do seu corpo, as iniquidades dos pecadores, para que estes não fossem destruídos pela justiça e santidade de Deus.
Este propósito de Deus está claramente revelado, além do primeiro versículo, também no verso 5:
“Vós, pois, assumireis o encargo do santuário e o encargo do altar, para que não haja outra vez furor sobre os filhos de Israel.”
  Quão grande era a responsabilidade de Arão e de sua casa, no ofício sacerdotal.
Os riscos dos serviços do santuário estavam colocados sobre os seus ombros, assim como Cristo assume inteiramente a responsabilidade pela nossa salvação, tomando sobre os Seus ombros todo o peso do encargo de Sumo Sacerdote, de forma que possa fazer com que perseveremos nos caminhos de Deus.
Se Cristo pudesse falhar no seu trabalho sumo sacerdotal nós estaríamos perdidos, porque é pela perfeição do seu ofício, que é garantida a segurança eterna da nossa salvação.
Por isso, sendo tipo do sumo sacerdócio de Jesus, Arão deveria se esforçar para não falhar em nenhum dos serviços do tabernáculo, que tinham o propósito de tornar Deus propício para com os israelitas e perdoar os seus pecados.
Somente isto deveria servir de um bom motivo para que ninguém invejasse Arão, e tentasse de novo tomar o seu lugar, porque não significava simplesmente assumir uma posição de honra, mas, sobretudo de grande responsabilidade, e que exigia que fosse pago também um grande preço de consagração a Deus.
O sacerdócio era um serviço.
O ministério é também um serviço.
Ministros são servos dos quais se requer diligência, fidelidade, humildade, esforço e muito trabalho.
Os levitas foram dados a Arão como ministros, isto é, para este mesmo caráter de servir nas coisas relativas ao transporte e manutenção do tabernáculo.
É provável que muitos levitas tivessem ficado temerosos de realizar seu serviço no tabernáculo, pelas coisas que haviam sucedido àqueles homens que haviam se unido a Coré, que era um levita.
Certamente esta reconfirmação deles no cargo que lhes havia sido designado anteriormente, tinha o propósito de lhes encorajar na realização das suas tarefas, e não somente isto, porque foi determinado por Deus, que eles deveriam ser mantidos com os dízimos das demais tribos de Israel, do qual dariam o dízimo dos dízimos a Arão, para a manutenção dos sacerdotes.
Eles receberiam dízimos, porque foi ordenado pelo Senhor que não teriam qualquer herança na terra, porque Deus era a porção deles, conforme lemos no verso 20:
“Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles nenhuma porção terás; eu sou a tua porção e a tua herança entre os filhos de Israel.”
 Aqueles que têm Deus como sua herança e porção deveriam sempre olhar com um desprezo santo e indiferença as heranças deste mundo, e não desejarem que sejam elas a sua porção.
“A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto esperarei nele.” (Lam 3.24).
Os levitas não teriam nenhuma herança, e ainda assim viveriam muito confortavelmente, para nos ensinar que a Providência tem vários modos de apoiar aqueles que vivem debaixo da Sua dependência.
As aves não semeiam e, no entanto são alimentadas; os lírios não fiam, e são vestidos, os levitas não têm nenhuma herança em Israel, e vivem melhor que qualquer outra tribo.
Aqueles que são empregados por Deus para cuidarem da vida espiritual de outros, devem estar seguros do seu próprio pagamento.
“Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materiais? Se outros participam deste direito sobre vós, por que não nós com mais justiça? Mas nós nunca usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que servem ao altar, participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (I Cor 9.11-14).




“1 Depois disse o Senhor a Arão: Tu e teus filhos, e a casa de teu pai contigo, levareis a iniquidade do santuário; e tu e teus filhos contigo levareis a iniquidade do vosso sacerdócio.
2 Faze, pois, chegar contigo também teus irmãos, a tribo de Levi, a tribo de teu pai, para que se ajuntem a ti, e te sirvam; mas tu e teus filhos contigo estareis perante a tenda do testemunho.
3 Eles cumprirão as tuas ordens, e assumirão o encargo de toda a tenda; mas não se chegarão aos utensílios do santuário, nem ao altar, para que não morram, assim eles, como vós.
4 Mas se ajuntarão a ti, e assumirão o encargo da tenda da revelação, para todo o serviço da tenda; e o estranho não se chegará a vós.
5 Vós, pois, assumireis o encargo do santuário e o encargo do altar, para que não haja outra vez furor sobre os filhos de Israel.
6 Eis que eu tenho tomado vossos irmãos, os levitas, do meio dos filhos de Israel; eles vos são uma dádiva, feita ao Senhor, para fazerem o serviço da tenda da revelação.
7 Mas tu e teus filhos contigo cumprireis o vosso sacerdócio no tocante a tudo o que é do altar, e a tudo o que está dentro do véu; nisso servireis. Eu vos dou o sacerdócio como dádiva ministerial, e o estranho que se chegar será morto.
8 Disse mais o Senhor a Arão: Eis que eu te tenho dado as minhas ofertas alçadas, com todas as coisas santificadas dos filhos de Israel; a ti as tenho dado como porção, e a teus filhos como direito perpétuo.
9 Das coisas santíssimas reservadas do fogo serão tuas todas as suas ofertas, a saber, todas as ofertas de cereais, todas as ofertas pelo pecado e todas as ofertas pela culpa, que me entregarem; estas coisas serão santíssimas para ti e para teus filhos.
10 Num lugar santo as comerás; delas todo varão comerá; santas te serão.
11 Também isto será teu: a oferta alçada das suas dádivas, com todas as ofertas de movimento dos filhos de Israel; a ti, a teus filhos, e a tuas filhas contigo, as tenho dado como porção, para sempre. Todo o que na tua casa estiver limpo, comerá delas.
12 Tudo o que do azeite há de melhor, e tudo o que do mosto e do grão há de melhor, as primícias destes que eles derem ao Senhor, a ti as tenho dado.
13 Os primeiros frutos de tudo o que houver na sua terra, que trouxerem ao Senhor, serão teus. Todo o que na tua casa estiver limpo comerá deles.
14 Toda coisa consagrada em Israel será tua.
15 Todo primogênito de toda a carne, que oferecerem ao Senhor, tanto de homens como de animais, será teu; contudo os primogênitos dos homens certamente remirás; também os primogênitos dos animais imundos remirás.
16 Os que deles se houverem de remir, desde a idade de um mês os remirás, segundo a tua avaliação, por cinco siclos de dinheiro, segundo o siclo do santuário, que é de vinte jeiras.
17 Mas o primogênito da vaca, o primogênito da ovelha, e o primogênito da cabra não remirás, porque eles são santos. Espargirás o seu sangue sobre o altar, e queimarás a sua gordura em oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor.
18 E a carne deles será tua, bem como serão teus o peito da oferta de movimento e a coxa direita.
19 Todas as ofertas alçadas das coisas sagradas, que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor, eu as tenho dado a ti, a teus filhos e a tuas filhas contigo, como porção, para sempre; é um pacto perpétuo de sal perante o Senhor, para ti e para a tua descendência contigo.
20 Disse também o Senhor a Arão: Na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles nenhuma porção terás; eu sou a tua porção e a tua herança entre os filhos de Israel.
21 Eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, o serviço da tenda da revelação.
22 Ora, nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da revelação, para que não levem sobre si o pecado e morram.
23 Mas os levitas farão o serviço da tenda da revelação, e eles levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.
24 Porque os dízimos que os filhos de Israel oferecerem ao Senhor em oferta alçada, eu os tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse que nenhuma herança teriam entre os filhos de Israel.
25 Disse mais o Senhor a Moisés:
26 Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando dos filhos de Israel receberdes os dízimos, que deles vos tenho dado por herança, então desses dízimos fareis ao Senhor uma oferta alçada, o dízimo dos dízimos.
27 E computar-se-á a vossa oferta alçada, como o grão da eira, e como a plenitude do lagar.
28 Assim fareis ao Senhor uma oferta alçada de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel; e desses dízimos dareis a oferta alçada do Senhor a Arão, o sacerdote.
29 De todas as dádivas que vos forem feitas, oferecereis, do melhor delas, toda a oferta alçada do Senhor, a sua santa parte.
30 Portanto lhes dirás: Quando fizerdes oferta alçada do melhor dos dízimos, será ela computada aos levitas, como a novidade da eira e como a novidade do lagar.
31 E o comereis em qualquer lugar, vós e as vossas famílias; porque é a vossa recompensa pelo vosso serviço na tenda da revelação.
32 Pelo que não levareis sobre vós pecado, se tiverdes alçado o que deles há de melhor; e não profanareis as coisas sagradas dos filhos de Israel, para que não morrais...” (Nm 18.1-32).


Números 19

A Água Purificadora

O capítulo 19 de Números descreve particularmente a forma de preparação das cinzas de uma novilha vermelha, que seria queimada para que com suas cinzas fosse preparada a chamada água da purificação.
Nós vimos no final do capítulo 17 que os israelitas haviam reclamado do rigor da lei, que proibia a aproximação deles do tabernáculo, e assim, também em resposta àquela reclamação o Senhor lhes propiciou a purificação que seria feita com esta água especialmente preparada, para que eles pudessem vencer seus temores.
Esta purificação com a água com as cinzas de uma novilha vermelha é citada em Hb 9.13,14, como sendo uma purificação cerimonial, figura da limpeza das consciências dos cristãos das poluições do pecado, que é efetuada pelo sangue de Cristo :
“Porque, se a aspersão do sangue de bodes e de touros, e das cinzas duma novilha santifica os contaminados, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará das obras mortas a vossa consciência, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9.13,14)
É a firme convicção e fé de que fomos lavados de fato pelo sangue de Jesus de todos os nossos pecados, o único fator que pode nos dar uma consciência boa, limpa, sem culpa, por sabermos que estamos justificados diante de Deus, e que o sangue de Jesus não somente apagou os nossos pecados, como também apagou a nossa culpa em relação a eles.
Desta forma, importa que, pela fé, eduquemos adequadamente a nossa consciência, de modo que se torne numa boa consciência, como é do desejo de Deus, que não nos acuse mais, porque fomos efetivamente perdoados.
Agrada ao Senhor que tenhamos esta firme posição de fé na obra que Ele efetuou em nosso favor.
Temos aqui nos referido àquela mesma confiança de fé que é citada pelo autor de Hebreus, quando diz o seguinte:
“De modo que com plena confiança digamos: O Senhor é quem me ajuda, não temerei; que me fará o homem?” (Hb 13.6)
 Se nos deixamos acusar facilmente em razão dos nossos pecados, e ficarmos enfermos, por causa da nossa consciência, já tendo sido lavados pelo sangue de Cristo, então temos uma má consciência que age contra nós, e que não foi devidamente educada pela fé, de modo a se firmar não na nossa própria justiça, mas na de Jesus, que nos foi imputada, quando nEle cremos.
Por isso, quando o cristão peca; ele não é convidado pela Palavra a ficar se acusando e gemendo num canto, senão a confessar o seu pecado e a confiar inteiramente no Advogado que intercede por Ele junto do Pai.
Ele deve se purificar no sangue de Cristo, honrando o sacrifício e o sumo sacerdócio de Jesus, crendo que o Seu sangue e intercessão são os únicos fatores que nos permitem nos aproximarmos de Deus.
É esta confiança que nos faz ficar de pé, sabendo que somos lavados pelo sangue que agrada a Deus, e não ficarmos nos acusando e culpando sem aceitar que possamos de fato ser perdoados, porque esta última atitude não honra a Deus e não o faz verdadeiro quando diz que é unicamente pelo sangue de Seu filho que os nossos pecados são perdoados.
Se o pecador, que fosse purificado pela aspersão da água que continha as cinzas da novilha vermelha, que havia sido sacrificada e queimada para que ele pudesse ser purificado, podia se aproximar do tabernáculo sem o temor de ser morto, quanto mais a aspersão do sangue de Cristo que purificou de seus pecados aqueles que foram justificados de seus pecados pela fé nele, podem e devem ter uma consciência purificada de todo o pecado e que descanse e se regozije na comunhão com Deus, baseando-se não na própria justiça, mas na de Jesus.
É importante que nossas consciências sejam purificadas nesta fé, porque é somente por meio disto que podemos experimentar paz com Deus, e em nós mesmos.
A novilha vermelha deveria ser imolada e queimada por Eleazar, fora do arraial, e assim era um tipo perfeito de Cristo, que também foi crucificado fora das portas de Jerusalém, para nos purificar de nossos pecados.
“Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta.” (Hb 13.12)
 A água da purificação deveria ser aspergida especialmente naqueles que estivessem separados ou afastados do santuário (tabernáculo), em razão da impureza deles, por terem tocado em qualquer coisa imunda, conforme definida na lei, especialmente o contato com mortos.
Tinha, portanto, o propósito de gerar confiança de que poderiam se aproximar do tabernáculo, sem serem mortos, por terem sido purificados por aquela água especialmente preparada, para tal finalidade.
Está bastante claro por esta figura da lei que ninguém poderá entrar no santuário celestial se não tiver sido purificado pelo sangue de Jesus.
“Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa;” (Hb 10.19-23).


“1 Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão:
2 Este é o estatuto da lei que o Senhor ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma novilha vermelha sem defeito, que não tenha mancha, e sobre a qual não se tenha posto jugo:
3 Entrega-la-eis a Eleazar, o sacerdote; ele a tirará para fora do arraial, e a imolarão diante dele.
4 Eleazar, o sacerdote, tomará do sangue com o dedo, e dele espargirá para a frente da tenda da revelação sete vezes.
5 Então à vista dele se queimará a novilha, tanto o couro e a carne, como o sangue e o excremento;
6 e o sacerdote, tomando pau do cedro, hissopo e carmesim, os lançará no meio do fogo que queima a novilha.
7 Então o sacerdote lavará as suas vestes e banhará o seu corpo em água; depois entrará no arraial; e o sacerdote será imundo até a tarde.
8 Também o que a tiver queimado lavará as suas vestes e banhará o seu corpo em água, e será imundo até a tarde.
9 E um homem limpo recolherá a cinza da novilha, e a depositará fora do arraial, num lugar limpo, e ficará ela guardada para a congregação dos filhos de Israel, para a água de purificação; é oferta pelo pecado.
10 E o que recolher a cinza da novilha lavará as suas vestes e será imundo até a tarde; isto será por estatuto perpétuo aos filhos de Israel e ao estrangeiro que peregrina entre eles.
11 Aquele que tocar o cadáver de algum homem, será imundo sete dias.
12 Ao terceiro dia o mesmo se purificará com aquela água, e ao sétimo dia se tornará limpo; mas, se ao terceiro dia não se purificar, não se tornará limpo ao sétimo dia.
13 Todo aquele que tocar o cadáver de algum homem que tenha morrido, e não se purificar, contamina o tabernáculo do Senhor; e essa alma será extirpada de Israel; porque a água da purificação não foi espargida sobre ele, continua imundo; a sua imundícia está ainda sobre ele.
14 Esta é a lei, quando um homem morrer numa tenda: todo aquele que entrar na tenda, e todo aquele que nela estiver, será imundo sete dias.
15 Também, todo vaso aberto, sobre que não houver pano atado, será imundo.
16 E todo aquele que no campo tocar alguém que tenha sido morto pela espada, ou outro cadáver, ou um osso de algum homem, ou uma sepultura, será imundo sete dias.
17 Para o imundo, pois, tomarão da cinza da queima da oferta pelo pecado, e sobre ela deitarão água viva num vaso;
18 e um homem limpo tomará hissopo, e o molhará na água, e a espargirá sobre a tenda, sobre todos os objetos e sobre as pessoas que ali estiverem, como também sobre aquele que tiver tocado o osso, ou o que foi morto, ou o que faleceu, ou a sepultura.
19 Também o limpo, ao terceiro dia e ao sétimo dia, a espargirá sobre o imundo, e ao sétimo dia o purificará; e o que era imundo lavará as suas vestes, e se banhará em água, e à tarde será limpo.
20 Mas o que estiver imundo e não se purificar, esse será extirpado do meio da assembleia, porquanto contaminou o santuário do Senhor; a água de purificação não foi espargida sobre ele; é imundo.
21 Isto lhes será por estatuto perpétuo: o que espargir a água de purificação lavará as suas vestes; e o que tocar a água de purificação será imundo até a tarde.


22 E tudo quanto o imundo tocar também será imundo; e a pessoa que tocar naquilo será imunda até a tarde.” (Nm 19.1-22).



Números 20

A morte de Miriã e de Arão

Do final do capítulo precedente ao início deste 20º de Números, há um intervalo, um silêncio de cerca de 40 anos, correspondentes às peregrinações dos israelitas no deserto, relatadas em Números 33, sendo que o momento histórico e a condição geográfica deste capítulo vigésimo estão registrados em Nm 33.36,37.
Aqui se dá conta que eles haviam chegado ao deserto de Zim, tendo ficado em Cades, onde morreu Miriã.
A narrativa é retomada exatamente, a partir do mesmo local de onde eles tinham há 38 anos atrás partido para espiar a terra de Canaã, e receberam a sentença de terem os seus cadáveres sepultados no deserto, em razão da incredulidade e rebelião contra o Senhor, de não se dispuserem a conquistar a terra prometida (Nm 13.25,26; Dt 1.19-27).
Foi nesta ocasião que ocorreu uma nova contenda por causa da falta de água para o povo beber, e esta foi chamada de águas de Meribá, e como já estudamos em Êxodo 17, esta palavra no hebraico significa provocação, contenda.
Aquela nova geração havia aprendido do mau exemplo de seus pais a também murmurar, e disto nos é dado conta nesta passagem.
Eis o teor das palavras deles proferidas contra Moisés e Arão:
“Oxalá tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o Senhor! Por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar? lugar onde não há semente, nem figos, nem vides, nem romãs, nem mesmo água para beber.” (v. 3-5)
A mesma graça miraculosa que o Senhor havia demonstrado a seus pais no princípio, em Refidim, deixando de visitar as suas murmurações com juízos, seria agora também manifestada a estes israelitas da geração que entraria em Canaã, e por isso foi ordenado a Moisés, que lhes desse de beber da água que sairia da rocha.
Entretanto, Moisés não creu no Senhor e disse a eles o seguinte:
“Ouvi agora, rebeldes! Porventura tiraremos água desta rocha para vós?” (v. 10)
Isto lhe custou a proibição de não entrar em Canaã. A ele e a Arão que teve a mesma reação diante do povo.
Isto foi registrado para demonstrar que aquela nova geração de israelitas não era melhor do que a anterior.
O pecado atua na natureza terrena de todos os homens, e é somente por se submeterem à graça de Deus que eles podem se tornar pessoas melhores.
Mas havia uma pedra espiritual que os seguia como diz Paulo em I Cor 10.4:
”e beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os acompanhava; e a pedra era Cristo.”
A graça de Cristo estava tipificada na água que saiu da rocha para dar de beber aos israelitas e mantê-los em vida.
Moisés e Arão pecaram gravemente quando tentaram impedir que esta graça fosse manifestada ao povo pela vontade de Deus; transmitindo-lhes a falsa ideia de que a graça e a misericórdia do Senhor estão somente disponíveis a quem não esteja debaixo do pecado.
Rebeldes não poderiam, segundo eles, pelo que demonstraram naquela ocasião, serem alvo do favor de Deus e receberem água para terem vida.
Na verdade, Deus dá de graça a água da vida a pecadores, que a desejem e que nEle creiam.
O povo, apesar da sua murmuração inicial, creu que Deus lhes daria água, fendendo a rocha, tanto que se postaram diante dela em obediência ao que Ele havia ordenado a Moisés, mas o próprio Moisés, não creu, naquela ocasião que o Senhor o faria em face da rebeldia que havia sido manifestada por eles.
Assim, foi proferido contra ele e Arão a seguinte sentença:
“Pelo que o Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não me crestes a mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes dei.” (v. 10)
 Arão morreria não muito depois deste incidente pela vontade do Senhor, para que não entrasse em Canaã:
“Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que dei aos filhos de Israel, porquanto fostes rebeldes contra a minha palavra no tocante às águas de Meribá.” (v. 24)

Moisés viria a interceder junto ao Senhor para que lhe perdoasse e permitisse sua entrada com o povo em Canaã, conforme se lê em Deuteronômio, mas o Senhor não lho permitiu (Dt 3.23.-28)
Há também referências sobre este incidente em Núm 27.12-14 e em Deut 32.48-52.
Somente Deus pode pesar os espíritos e saber o que está nos corações dos homens.
A justa avaliação dos sentimentos daqueles israelitas cabia tão somente ao Senhor, e Moisés falhou em não ter contemplado que havia muito mais de fruto irrefletido dos lábios naquela ocasião, do que uma rebelião profundamente arraigada ao coração, tanto que aquela geração não se negou a lutar em Canaã, como a anterior.
Contudo, independentemente de tudo, tanto ele quanto Arão não havia santificado ao Senhor porque não manifestaram a Sua bondade para com o povo, na condição de líderes e Seus representantes perante Israel.
A graça, a bondade, a misericórdia, a fidelidade de Deus, em cumprir as Suas promessas seria o que daria entrada ao povo na terra, e não propriamente a liderança de Moisés e Arão, e por isso a proibição de entrarem em Canaã deixaria isto ensinado claramente aos israelitas.
Eles teriam que confiar no braço poderoso de Deus para conquistarem a terra prometida, e não no grande líder que era Moisés.
Por mais santos e dignos que sejam os nossos líderes, não é neles que deve repousar a nossa fé, mas exclusivamente em Jesus, autor e consumador da mesma.
A pedra espiritual que seguia Israel em suas jornadas nunca falhou, e lhes deu de beber mesmo quando Moisés não creu no Senhor.              
Para distinguir que a ocasião desta contenda (Meribá), se referia a uma ocasião diferente da havida em Refidim, relatada em Êxodo, é chamada em Deut 32.51 de Cadesh Meribá, isto é, Meribá de Cades, que era a localidade onde os israelitas se encontravam, prontos para reiniciarem a jornada rumo à conquista de Canaã.
Aqui ficou marcado o contraste entre a condição do pecado que opera permanentemente na carne com a misericórdia eterna de Deus, que é a causa de não sermos consumidos.
Muitas outras lições podem ser aprendidas deste incidente, como por exemplo, a paciência que os ministros de Cristo devem ter com as ovelhas do Seu rebanho, mesmo quando estas se encontram impacientes e queixosas, em razão das suas provações e tribulações, mas importa prosseguir adiante com o nosso estudo neste livro, em que encontramos numerosas lições para o modo que devemos caminhar com Deus, em nossa jornada rumo à Canaã celestial.
Tendo rodeado várias vezes o monte de Seir, onde se situava a terra dos edomitas (Dt 2.1-3), Deus ordenou a Moisés que passasse pelos termos de Edom, sem no entanto entrarem em guerra contra eles, porque havia dado a terra de Seir em possessão aos descendentes de Esaú.
Então, Moisés enviou de Cades uma embaixada ao rei de Edom (v. 14) solicitando passagem pela sua terra, prometendo-lhe que não tocariam em nenhuma das propriedades dos edomitas.
Entretanto, recebeu uma resposta negativa e uma ameaça de que caso passasse pela sua terra, eles saíram com espada contra Israel (v. 17, 18).
Os israelitas renovaram o seu pedido dando inclusive garantias que caso bebessem da água que havia em Seir eles pagariam o justo preço por ela.
Mais uma vez receberam não apenas uma resposta negativa como também uma ação militar que consistiu no deslocamento de tropas para protegerem as fronteiras de Edom (v.20).
Esaú havia odiado Jacó por causa da bênção, e agora o ódio estava sendo reavivado quando a bênção estava prestes a ser herdada por Israel.
Os israelitas se desviaram de Edom, conforme o mandado do Senhor, e chegaram a Hor, onde o Ele falou a Moisés e a Arão que este não entraria em Canaã e morreria naquele lugar em razão da contenda de Meribá (v.23,24).
E, ordenou a Moisés que subisse juntamente com Arão e Eleazar, seu filho, ao monte Hor, onde Arão seria despido de suas vestes sacerdotais e Eleazar seria vestido com elas.
Fizeram isto aos olhos de toda a congregação, tendo Arão morrido no cume do monte, tão logo suas vestes sacerdotais foram colocadas em Eleazar.
Arão foi pranteado por Israel durante trinta dias.
Deus havia ordenado que eles subissem o monte Hor para que Arão morresse, e isto à vista de todo o povo, para que ficasse registrado que aquela morte era para uma elevação, para uma promoção, e não para humilhação ou rebaixamento.
Arão seria promovido à glória celestial.
Assim se dá com a morte de todos os santos. Eles são promovidos à glória de Cristo.
A remoção das vestes sacerdotais simbolizava o cumprimento cabal do ministério.
Se este é cumprido segundo a vontade do Senhor já não há porque permanecermos neste mundo.
Assim como se referiu o apóstolo Paulo ao cumprimento do seu próprio ministério:
“Quanto a mim, já estou sendo derramado como libação, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.” (II Tim 4.6-8)
 Moisés viria ainda a escrever o livro de Deuteronômio, no último ano de sua vida, isto é, no quadragésimo ano desde a saída dos israelitas do cativeiro egípcio, e este capítulo nos dá conta que próximo de retomarem o curso das ações para entrarem em Canaã, o Senhor tomou para si, provavelmente no mesmo ano, a Miriã e a Arão, e o próprio Moisés seria também juntado a eles, não muito tempo depois, pois Miriã morreu no primeiro mês, e Arão no quinto mês daquele ano, e Moisés depois do décimo mês, como veremos adiante.
O menino que havia sido livrado da morte e colocado num cesto de junco, e que foi assistido pela sua corajosa irmã, e auxiliado por ela e por seu doce irmão durante todo o tempo do seu ministério, haveria de se juntar na Canaã celestial a eles, entrando no gozo e na glória do Seu Senhor, depois de terem cumprido com toda a fidelidade o ministério que Deus lhes havia designado.



“1 Os filhos de Israel, a congregação toda, chegaram ao deserto de Zim no primeiro mês, e o povo ficou em Cades. Ali morreu Miriã, e ali foi sepultada.
2 Ora, não havia água para a congregação; pelo que se ajuntaram contra Moisés e Arão.
3 E o povo contendeu com Moisés, dizendo: Oxalá tivéssemos perecido quando pereceram nossos irmãos perante o Senhor!
4 Por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos aqui, nós e os nossos animais?
5 E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este mau lugar? lugar onde não há semente, nem figos, nem vides, nem romãs, nem mesmo água para beber.
6 Então Moisés e Arão se foram da presença da assembleia até a porta da tenda da revelação, e se lançaram com o rosto em terra; e a glória do Senhor lhes apareceu.
7 E o Senhor disse a Moisés:
8 Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, que ela dê as suas águas. Assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais.
9 Moisés, pois, tomou a vara de diante do senhor, como este lhe ordenou.
10 Moisés e Arão reuniram a assembleia diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes! Porventura tiraremos água desta rocha para vós?
11 Então Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu água copiosamente, e a congregação bebeu, e os seus animais.
12 Pelo que o Senhor disse a Moisés e a Arão: Porquanto não me crestes a mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta congregação na terra que lhes dei.
13 Estas são as águas de Meribá, porque ali os filhos de Israel contenderam com o Senhor, que neles se santificou.
14 De Cades, Moisés enviou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel: Tu sabes todo o trabalho que nos tem sobrevindo;
15 como nossos pais desceram ao Egito, e nós no Egito habitamos muito tempo; e como os egípcios nos maltrataram, a nós e a nossos pais;
16 e quando clamamos ao Senhor, ele ouviu a nossa voz, e mandou um anjo, e nos tirou do Egito; e eis que estamos em Cades, cidade na extremidade dos teus termos.
17 Deixa-nos, pois, passar pela tua terra; não passaremos pelos campos, nem pelas vinhas, nem beberemos a água dos poços; iremos pela estrada real, não nos desviando para a direita nem para a esquerda, até que tenhamos passado os teus termos.
18 Respondeu-lhe Edom: Não passaras por mim, para que eu não saia com a espada ao teu encontro.
19 Os filhos de Israel lhe replicaram: Subiremos pela estrada real; e se bebermos das tuas águas, eu e o meu gado, darei o preço delas; sob condição de eu nada mais fazer, deixa-me somente passar a pé.
20 Edom, porém, respondeu: Não passarás. E saiu-lhe ao encontro com muita gente e com mão forte.
21 Assim recusou Edom deixar Israel passar pelos seus termos; pelo que Israel se desviou dele.
22 Então partiram de Cades; e os filhos de Israel, a congregação toda, chegaram ao monte Hor.
23 E falou o Senhor a Moisés e a Arão no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo:
24 Arão será recolhido a seu povo, porque não entrará na terra que dei aos filhos de Israel, porquanto fostes rebeldes contra a minha palavra no tocante às águas de Meribá.
25 Toma a Arão e a Eleazar, seu filho, e faze-os subir ao monte Hor;
26 e despe a Arão as suas vestes, e as veste a Eleazar, seu filho, porque Arão será recolhido, e morrerá ali.
27 Fez, pois, Moisés como o Senhor lhe ordenara; e subiram ao monte Hor perante os olhos de toda a congregação.
28 Moisés despiu a Arão as vestes, e as vestiu a Eleazar, seu filho; e morreu Arão ali sobre o cume do monte; e Moisés e Eleazar desceram do monte.
29 Vendo, pois, toda a congregação que Arão era morto, chorou-o toda a casa de Israel por trinta dias.” (Nm 20.1-29).



Números 21

Batalhas na Transjordânia e a Serpente de Bronze

O ataque que o rei cananeu de Arade fez aos israelitas no caminho de Atarim, levando a alguns deles como prisioneiros, serviu para estimular aquela nova geração de Israel à guerra, e eles fizeram um voto ao Senhor se caso lhes desse vitória sobre o rei de Arade, destruiriam totalmente as suas cidades (Números 21.1,2) e com isto começavam a cumprir o propósito do Senhor de exercer um juízo sobre as práticas e idolatrias abomináveis dos cananeus, pela destruição dos seus altares, postes-ídolos e pela tomada deles das terras que pertenciam por direito divino aos israelitas, pois foram dadas por Deus por promessa à descendência de Abraão.
Assim, o Senhor atendeu ao pedido dos israelitas e lhes entregou os cananeus e eles os destruíram totalmente, e às suas cidades (Nm 21.3).
Surpreendentemente, quando partiram do monte Hor para rodearem a terra dos edomitas, a Palavra diz que a alma do povo se impacientou, por causa do caminho.
Eles agiram de novo, como em Meribá, com a fala precipitada dos lábios, em razão de terem se irritado com as condições adversas do deserto, e como havia escassez de pão e água, chamaram o maná de pão vil, e que estavam enfastiados em comê-lo durante todos aqueles anos. E, se queixaram de Deus e de Moisés por tê-los tirado do Egito para morrerem naquele deserto (Nm 21.5).
Mas desta vez o Senhor não deixou de visitar a murmuração deles com juízos e lhes enviou serpentes venenosas, que os mordiam e mataram a muitos (Nm 21.6).
Só que diferentemente de seus pais, estes israelitas se arrependeram do seu pecado e vieram a Moisés e confessaram que haviam pecado contra ele e contra Deus, e lhe pediram que intercedesse em seu favor para que o Senhor os livrasse daquelas serpentes.
Tendo Moisés orado por eles, o Senhor lhe ordenou que fizesse uma serpente de bronze e que a colocasse sobre uma haste, e todo aquele que tivesse sido mordido e olhasse para aquela serpente de bronze seria curado e não morreria. De fato todo aquele que olhava para a serpente de bronze vivia (v. 7-10).
Jesus se referiu à salvação que seria operada por Ele quando fosse levantado na cruz, em seu discurso com Nicodemos, que esta exigiria o mesmo tipo de fé daqueles que foram livrados da morte pelas mordeduras das serpentes venenosas no deserto, nos dias de Moisés, pois do mesmo modo que Moisés havia levantado a serpente de bronze numa haste no deserto, Ele seria levantado na cruz para que fosse salvo todo aquele que nele cresse, assim como os israelitas creram que olhando para a serpente seriam curados e não morreriam.
De fato a salvação é unicamente pela fé, pelo simples ato de olhar a Jesus com os olhos espirituais da fé.
“E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.” (Jo 3.14,15)
 “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;” (Gál 3.13)
 A serpente foi amaldiçoada no Éden, e a comparação que foi feita por nosso Senhor com aquele ato que foi feito no deserto significava esta verdade de que para nos livrar da maldição Ele se faria maldição por nós, e como vimos, a melhor figura para a maldição seria a serpente, e por isso Deus usou esta figura no passado, para nos ensinar esta grande verdade espiritual, de que se somos abençoados é porque Jesus nos resgatou da maldição, fazendo-se a Si mesmo maldição nosso lugar.
O acesso a esta bênção, a sua obtenção, exige que olhemos tão somente para Cristo, com os olhos da fé.
É assim que somos livrados da morte espiritual e eterna e alcançamos a vida eterna.
“Olhai para mim, e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.” (Is 45.22).
Os israelitas prosseguiram em suas jornadas vindo a se acamparem em Obote, Ije-Abarim, Zerede, e além do rio Arnom, entre os moabitas e os amorreus (v. 10-13).
Prosseguiram em suas jornadas até chegarem ao cume de Pisga (v. 20).
Tendo enviado mensageiros ao rei dos amorreus, Siom para que lhes deixasse passar por suas terras, este respondeu com ações de guerra tendo vindo ao encontro de Israel no deserto, mas foram derrotados e os israelitas se apoderaram da sua terra desde o rio Arnom até o rio Jaboque, e assim as cidades dos amorreus foram tomadas pelos israelitas em Hesbom (v. 21-31).
Os moabitas eram os antigos donos das terras que os amorreus ocupavam nos dias de Siom, e eles não poderiam protestar a posse da terra, agora que esta fora perdida por Siom para os israelitas, porque de há muito eles já não a ocupavam, e não foram eles, mas os israelitas que tomaram a posse de um território que lhes havia sido dado por Deus por herança, e não aos moabitas.
Os amorreus que estavam em Jazer foram também expulsos pelos israelitas (v.32) e daqui eles partiram para Basã, e Ogue, rei de Basã veio com seu povo lutar contra Israel em Edrei, mas o Senhor disse a Moisés que não o temesse porque lho havia entregue, como ao seu povo, em sua mão, como havia entregue a Siom dos amorreus (v. 33,34).
Assim se apoderaram da terra de Basã depois de terem exterminado a todo o seu povo (v. 35).
Israel estava sendo a espada do juízo de Deus contra a idolatria e as práticas abomináveis do mundo pagão, para que no lugar deles, e de seus caminhos malignos de morte, a terra fosse ocupada por uma nação que ensinasse ao mundo os caminhos de vida de Deus.



“1 Ora, ouvindo o cananeu, rei de Arade, que habitava no Negebe, que Israel vinha pelo caminho de Atarim, pelejou contra Israel, e levou dele alguns prisioneiros.
2 Então Israel fez um voto ao Senhor, dizendo: Se na verdade entregares este povo nas minhas mãos, destruirei totalmente as suas cidades.
3 O Senhor, pois, ouviu a voz de Israel, e entregou-lhe os cananeus; e os israelitas os destruíram totalmente, a eles e às suas cidades; e chamou-se aquele lugar Horma.
4 Então partiram do monte Hor, pelo caminho que vai ao Mar Vermelho, para rodearem a terra de Edom; e a alma do povo impacientou-se por causa do caminho.
5 E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito, para morrermos no deserto? pois aqui não há pão e não há água: e a nossa alma tem fastio deste miserável pão.
6 Então o Senhor mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que o mordiam; e morreu muita gente em Israel.
7 Pelo que o povo veio a Moisés, e disse: Pecamos, porquanto temos falado contra o Senhor e contra ti; ora ao Senhor para que tire de nós estas serpentes. Moisés, pois, orou pelo povo.
8 Então disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente de bronze, e põe-na sobre uma haste; e será que todo mordido que olhar para ela viverá.
9 Fez, pois, Moisés uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, tendo uma serpente mordido a alguém, quando esse olhava para a serpente de bronze, vivia.
10 Partiram, então, os filhos de Israel, e acamparam-se em Obote.
11 Depois partiram de Obote, e acamparam-se em Ije-Abarim, no deserto que está defronte de Moabe, para o nascente.
12 Dali partiram, e acamparam-se no vale de Zerede.
13 E, partindo dali, acamparam-se além do Arnom, que está no deserto e sai dos termos dos amorreus; porque o Arnom é o termo de Moabe, entre Moabe e os amorreus.
14 Pelo que se diz no livro das guerras do Senhor: Vaebe em Sufa, e os vales do Arnom,
15 e o declive dos vales, que se inclina para a situação Ar, e se encosta aos termos de Moabe
16 Dali vieram a Beer; esse é o poço do qual o Senhor disse a Moisés: Ajunta o povo, e lhe darei água.
17 Então Israel cantou este cântico: Brota, ó poço! E vós, entoai-lhe cânticos!
18 Ao poço que os príncipes cavaram, que os nobres do povo escavaram com o bastão, e com os seus bordões. Do deserto vieram a Matana;
19 de Matana a Naaliel; de Naaliel a Bamote;
20 e de Bamote ao vale que está no campo de Moabe, ao cume de Pisga, que dá para o deserto.
21 Então Israel mandou mensageiros a Siom, rei dos amorreus, a dizer-lhe:
22 Deixa-me passar pela tua terra; não nos desviaremos para os campos nem para as vinhas; as águas dos poços não beberemos; iremos pela estrada real até que tenhamos passado os teus termos.
23 Siom, porém, não deixou Israel passar pelos seus termos; pelo contrário, ajuntou todo o seu povo, saiu ao encontro de Israel no deserto e, vindo a Jaza, pelejou contra ele.
24 Mas Israel o feriu ao fio da espada, e apoderou-se da sua terra, desde o Arnom até o Jaboque, até os amonitas; porquanto a fronteira dos amonitas era fortificada.
25 Assim Israel tomou todas as cidades dos amorreus e habitou nelas, em Hesbom e em todas as suas aldeias.
26 Porque Hesbom era a cidade de Siom, rei dos amorreus, que pelejara contra o precedente rei de Moabe, e tomara da mão dele toda a sua terra até o Arnom.
27 Pelo que dizem os que falam por provérbios: Vinde a Hesbom! edifique-se e estabeleça-se a cidade de Siom!
28 Porque fogo saiu de Hesbom, e uma chama da cidade de Siom; e devorou a Ar de Moabe, aos senhores dos altos do Arnom.
29 Ai de ti, Moabe! perdido estás, povo de Quemós! Entregou seus filhos como fugitivos, e suas filhas como cativas, a Siom, rei dos amorreus.
30 Nós os asseteamos; Hesbom está destruída até Dibom, e os assolamos até Nofá, que se estende até Medeba.
31 Assim habitou Israel na terra dos amorreus.
32 Depois Moisés mandou espiar a Jazer, e tomaram as suas aldeias e expulsaram os amorreus que ali estavam.
33 Então viraram-se, e subiram pelo caminho de Basã. E Ogue, rei de Basã, saiu-lhes ao encontro, ele e todo o seu povo, para lhes dar batalha em Edrei.
34 Disse, pois, o Senhor a Moisés: Não o temas, porque eu to entreguei na mão, a ele, a todo o seu povo, e à sua terra; e far-lhe-ás como fizeste a Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom.
35 Assim o feriram, a ele e seus filhos, e a todo o seu povo, até que nenhum lhe ficou restando; também se apoderaram da terra dele.” (Nm 21.1-35).


A Serpente de Bronze Levantada

por Charles Haddon Spurgeon

 “E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.” (Nm 21:9)

Este sermão, quando impresso, será o número 1500 dos que têm sido publicados com regularidade, semana após semana. Esse é um feito extraordinário. Não conheço nenhum outro caso em que 1500 sermões tenham sido impressos e tenham conseguido atrair um grande número de leitores. Desejo expressar meu profundo agradecimento a Deus por sua Divina ajuda em conceber e expressar esses sermões, que não foram somente impressos, mas lidos com avidez e também traduzidos para outras línguas. Eles são lidos publicamente, neste mesmo domingo, e em centenas de outros lugares onde não se tem um ministro. Esses sermões são benção para conversão de muitas almas.
Posso – e devo – regozijar-me por essa grande benção, pois a atribuo, de todo coração, à graça do Senhor! Pensei que a melhor forma de demonstrar meu agradecimento seria pregar Jesus Cristo, de novo, e apresentar um Evangelho claro como a alfabetização de uma criança. Espero que ao completar a lista de 1500 sermões o Senhor me dê uma palavra muito mais abençoada que qualquer uma que as tenha precedido, para conversão de quem ouvi-la e lê-la. Que os que presidem na escuridão por não entenderem a liberdade da salvação e o método fácil pelo qual ela é obtida, sejam levados à luz pela descoberta do caminho de paz através da fé em Jesus. Perdoe-me por essa introdução: meu agradecimento não poderia me abster disso.
Com respeito ao nosso texto e a serpente de metal, se nos voltarmos ao Evangelho de João, notaremos que em seu início há uma espécie de lista ordenada de servos tirados da Santa Escritura. Isso começa com a criação. Deus disse: “Haja luz” e João diz que Jesus, o Verbo eterno, é “a luz verdadeira que ilumina todo homem que vem a este mundo”. Antes de terminar seu primeiro capítulo, João introduziu um modelo fornecido por Abel, pois quando [João] Batista viu Jesus chegando-se a ele, disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Nem é terminado esse capítulo e nos lembramos da escada de Jacó, descobrimos que o Senhor a explica a Natanael: “Na verdade vos digo que daqui em diante vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.” (Jo 1:51).
Chegando ao terceiro capítulo, chegamos tão longe quanto Israel no deserto e lemos as jubilosas palavras: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:14,15). Falaremos desse ato de Moisés esta manhã, para que possamos observar a serpente e encontrar a promessa verdadeira, “aquele que for mordido, olhando para a serpente de metal, viverá”.
Pode ser que em você que já tenha olhado alguma vez, produza um benefício renovado, enquanto alguns que nunca o fizeram podem contemplar o Salvador erguido e, nesta manhã, podem ser salvos do veneno da serpente, desse veneno mortal de pecado que agora se infiltra em sua natureza e gera a morte de suas almas. Que o Senhor possa fazer essa palavra eficaz para seu misericordioso fim!

I. Convido você a considerar o assinto, primeiramente, olhando a PESSOA EM PERIGO MORTAL, para qual a serpente de metal foi feita e erguida. Nosso texto diz: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:9). Notemos que as serpentes venenosas, antes de tudo, chegaram até o meio do povo porque eles haviam desprezado o caminho e o pão de Deus. “O povo ficava cada vez mais desencorajado por causa do caminho” (-). Esse era o caminho de Deus – Ele o havia escolhido para eles e Ele havia escolhido em sabedoria e misericórdia – porém eles murmuravam disso.
Como dizia um velho teólogo: “era solitário e detestável”, mas ainda assim era o caminho de Deus, então não foi detestável – Sua coluna de fogo e sua nuvem foi adiante deles e de seus servos, Moisés e Arão os guiaram como um rebanho – eles os devem ter seguido alegremente. Cada passo de sua jornada fora guiado com retidão, também. Mas não, eles desprezaram o caminho de Deus e quiseram seguir seus próprios caminhos. Essa é uma das maiores idiotices do homem- não se contentar em esperar o caminho do Senhor e prosseguir nele – preferir um desejo e um caminho próprio.
O povo ainda reclamou do alimento que Deus proveu. Ele os deu a melhor parte, pois “o homem comeu comida dos anjos’’ (Sl 78:25), mas se referiram ao maná como um título ultrajante, que para os hebreus tem um ar de ‘ridículo’, e até na nossa tradução conduz à uma idéia de desprezo. Disseram: “e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Nm 21:5), achando eles que era uma comida não substancial e que só serviria para inchá-los, já que era de fácil digestão e não produziria neles o aquecimento e a tendência de se procriar doenças (o que uma dieta mais pesada produziria). Descontentes com seu Deus, eles reclamaram do pão que Ele colocou em suas mesas, que sobrepujava qualquer outro alimento que um homem já havia comido antes ou depois.
Outra tolice do homem- ele se recusa a se alimentar da Palavra de Deus e de acreditar na Verdade. O homem deseja o alimento pecaminoso da razão carnal, o alho das tradições supersticiosas e o pepino da especulação! Ele não pode se humilhar e acreditar na Palavra de Deus ou aceitar uma Verdade tão simples, tão adequada à capacidade de uma criança. Muitos exigem algo mais fundo que o Divino, mais profundo que o infinito, mais liberal que a Graça. Eles discutem com o caminho e o pão de Deus e, então, as serpentes venenosas de luxúria, orgulho e pecado se achegam até eles.
Talvez eu esteja falando com alguns que, até esse momento, que relutam contra os preceitos e doutrinas do Senhor e eu, carinhosamente, os informaria que essa desobediência e presunção os irão conduzir ao pecado e sofrimento. Rebeldes contra Deus estão aptos a tornar-se cada vez pior. As modas e maneiras do mundo pensar o conduzem ao vício e crimes. Se desejarmos os frutos do Egito, em breve sentiremos as serpentes do Egito! A conseqüência natural de tornar-se contra Deus como serpentes, é encontrar serpentes surpreendendo nosso caminho. Se abandonarmos o Senhor em espírito, ou em doutrina, as tentações irão nos espreitar e o pecado nos picará.
Eu lhe peço que observe cuidadosamente que aquelas pessoas para quem a serpente foi erguida já haviam sido mordidas pelas serpentes. O Senhor mandou serpentes venenosas, mas não foram as serpentes no meio deles que envolveu o erguimento da serpente de bronze - foi o fato delas terem envenenado o povo, o que exigiu a provisão de um remédio: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.” (Nm 21:9). As únicas pessoas que olharam e provaram do benefício dessa maravilhosa cura levantada no meio do acampamento foram as que haviam sido picadas pelas víboras.
A noção comum é que salvação é para as pessoas boas, as que lutam contra as tentações e para os que estão espiritualmente sadios. Mas como é diferente da Palavra de Deus! O remédio de Deus é para os doentes e Sua cura é para os necessitados! A Graça de Deus, através da Expiação de nosso Senhor Jesus Cristo, é para quem é real e seriamente culpado. Não pregamos uma salvação sentimental, de uma culpa inconcebível, mas perdão real e verdadeiro para ofensas reais! Não ligo para falsos pecadores- você que nunca fez nada errado, você que é tão bom que está sempre certo, eu te deixo- pois eu prego para os que estão cheios de pecados e são dignos da ira eterna!
A serpente de bronze era um remédio para os que haviam sido picados. Que terrível coisa ser picado por uma serpente! Eu ouso dizer que alguns de vocês lembram o caso de Gurling, um dos guardadores de répteis do Zoological Gardens. Aconteceu em outubro de 1852, então alguns de vocês lembrarão isso. Esse triste homem acabava de se despedir de um amigo que iria à Austrália e, de acordo com muitos, ele tomou uns drinks com seu amigo. Bebeu quantias consideráveis de gim e ficaria aborrecido se alguém o chamasse bêbado, embora razão e senso comum tenham vencido.
Ele voltou para seu posto embriagado. Ele havia visto alguns meses antes, uma exibição de encantamento de serpentes, o que ainda permanecia em sua pobre e confusa mente. Ele seguiu os passos dos egípcios e começou a brincar com as serpentes! Primeiro ele tirou uma serpente de Marrocos da jaula, colocou ao redor de seu pescoço e a enroscou e permitiu que ela rodeasse seu corpo. Felizmente, pra ele, o assistente gritou para ele: ‘pelo amor de Deus! Coloque a cora em seu lugar!’, porém o tolo homem respondeu: ‘estou inspirado’.
Essa serpente mortal estava de alguma maneira, entorpecida pelo calor da noite anterior, então o homem imprudente a colocou em seu peito até ela despertar e deslizar-se até chegar à parte detrás de seu colete. Ele a pegou pelo corpo, com um pé de distância da cabeça, e com a outra mão aí a agarrou um pouco mais abaixo (tentando sustentá-la pela cauda) para fazê-la girar por sua cabeça. Sustentou-a por instante contra seu rosto e, como um raio, a serpente o picou entre seus olhos. O sangue começou a escorrer por sua face e pediu por socorro, mas seu companheiro fugiu horrorizado!
Como declarou ao júri, não sabia por quanto tempo ficou ausente, pois estava perplexo. Quando o socorro chegou, Gurling estava sentado em uma cadeira e com a serpente devolvida a seu lugar. Ele disse: ’sou um homem morto’. Puseram-no em um táxi o levaram ao hospital. Primeiramente, não consegui falar- somente apontava para sua garganta e gemia. Depois, sua visão falhou e por último sua audição. Sua pulsação foi caindo gradualmente e uma hora depois da fatalidade, ele era um cadáver. Havia apenas uma pequena marca em seu nariz, mas o veneno se espalhou por seu corpo e ele era um homem morto.
Conto-lhe essa história, pois você poderá usá-la como uma parábola e aprender a nunca brincar com o pecado e também para mostrar-lhe vividamente o que é ser mordido por uma serpente. Suponha que Gurling pudesse ter sido curado ao olhar um pedaço de metal- isso não seria uma ótima notícia para ele? Não houve nenhum remédio para essa pobre criatura encantada, mas há um remédio pra você! Par os homens que foram picados por essa serpente brilhante do pecado: Jesus é erguido- não só para você que brinca com a serpente, não só para você que a colocou em seu peito e a viu escorregar por sua carne- mas para você que está realmente picado e mortalmente ferido! Se algum homem for picado e chegue a ponto de ficar doente com o pecado e sentir o veneno mortal em seu sangue, isso é pra ele que Jesus é apresentado hoje. Apesar de ele pensar que é um caso extremo, é para esses que a Graça Soberana de Deus é um remédio!
A picada da serpente foi dolorida. Nesse texto, é dito que as serpentes são ‘ardentes’, uma palavra que se refere à sua cor, entretanto mais provavelmente faz referência aos efeitos destrutivos de seu veneno. Ele aquece e inflama o sangue em tão cada veia se torna um rio em ebulição, crescendo com aflição. Em algumas pessoas que o veneno de víboras que chamamos de pecado inflamou suas mentes. Eles estão sem descanso, descontentes e cheios de medo e angústias. Eles escrevem sua própria condenação- eles têm certeza que estão perdidos- recusam todas as notícias de ajuda. Não se pode esperar que prestem uma atenção calma e sóbria à mensagem da Graça. O pecado os atemoriza tanto que se rendem como homens mortos. Eles estão em sua apreensão, como Davi diz: “Livre entre os mortos, como os feridos de morte que jazem na sepultura, dos quais Te não lembras mais” (Sl 88:5).
Para os homens picados pela serpente ardente que a serpente de bronze foi erguida e é para os homens realmente envenenados pelo pecado que Jesus é pregado. Jesus morreu por aqueles que estão completamente desesperados- por aqueles que não podem pensar retamente, por aqueles que sua mente é sacudida de cima a baixo, por quem já está condenado- por esses o Filho do Homem foi erguido na cruz! Que coisa maravilhosa que podemos te falar hoje. A picada dessas serpentes, eu já disse, era mortal. Os Israelitas não tiveram dúvidas sobre isso, porque em sua presença, “muitas pessoas de Israel morreram”. Eles viram muitos de seus amigos morrerem da picada das serpentes e ajudaram a enterrá-los. Eles sabiam por que os outros estavam morrendo e tinham certeza que era por causa do veneno das serpentes ardentes que estava em suas veias. Não tinham nenhuma desculpa para imaginarem que seriam mordidos e, ainda sim, viveriam.
Agora sabemos que muito pereceram como resultado do pecado. Não temos dúvidas do que o pecado pode fazer, pois a Palavra Infalível nos ensina que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), e ainda, “o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tg 1:15). Também sabemos que essa morte é o sofrimento sem fim, para qual a Escritura descreve quando os perdidos são jogados em profunda treva, “porque o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará” (Is 66:24). Nosso Senhor Jesus nos fala dos condenados que irão para o juízo eterno, onde haverá choro, gemidos e ranger de dentes. Não devemos ter nenhuma dúvida quanto a isso! Mas os que dizem duvidar disso são os que temem que isso seja para eles- eles sabem que irão para a eterna desgraça, então, eles fecham os olhos para fingir não ver sua inevitável maldição.
Ah, que terrível é que encontrem lisonjeadores nos púlpitos que estimulam seu amor pelo pecado e tocam a mesma melodia. Nós não somos dessa classe. Acreditamos no que o Senhor falou em sua toda sua solenidade de temor, e, conhecendo o temor do Senhor, nós persuadimos os homens a escapar disso. Mas isso é para quem sofreu a picada mortal, para sobre cujos rostos pálidos a morte começava a por seu selo, para os homens cujas veias estavam ardendo por dentro – para eles era o que Deus falou a Moisés: “Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela” (Nm 21:8).
Não há nenhum limite para a etapa do envenenamento. Não importava quanto tempo tivesse passado o remédio ainda fazia efeito! Se uma pessoa fosse mordida instantes antes e só visse algumas gotas brotando, e só tivesse sentindo uma pequena dor, ela olhava a serpente e vivia! E se, infelizmente, tivesse esperado, por meia hora, com a voz começando a falhar e sua pulsação caindo, se ele somente conseguisse olhar para a serpente, viveria! Não se estabeleceu nenhum limite para o poder desse remédio Divino ou para a liberdade de sua aplicação para os que necessitavam. A promessa não tinha nenhuma clausula condicional: “e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”.
Em nosso texto vemos que promessa de Deus acontecia em todo caso, sem exceção, onde lemos: “picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.”. Assim, então, descrevi a pessoa que se encontrava em perigo mortal.

II. Segundo: vamos considerar o REMÉDIO PROVIDO PARA ESSA PESSOA. Ele foi único e eficaz. Era puramente de origem divina e é claro que sua invenção e o poder que tinha nele era inteiramente de Deus. Homens prescreveram muitos remédios, decocções e operações para a picada de serpente – não sei de que tanto de depende deles, mas sei isso: preferiria não ser mordido para não ter que provar de nenhum deles, incluindo os que estão em moda!
Para as mordidas das serpentes ardentes no deserto não havia qualquer remédio que fosse exceto o que Deus havia mandado, e à primeira vista, era um remédio bem incomum. Uma simples olhada para uma serpente numa haste? Que improvável que funcione! Como e por que meios poderia a cura efetuar-se somente olhando para uma serpente? Isso parecia, de fato, ser brincadeira o fato de a pessoa olhar para o objeto que causou sua desgraça. Acaso se poderia curar uma picada de serpente olhando para uma delas? Acaso o que traz morte pode trazer vida? Mas nisto estava a excelência do remédio, que era de origem divina, pois quando Deus ordena uma cura, está obrigado que haja poder nela. Ele não conceberá uma falha, nem mandará uma zombaria! Seria suficiente para nós saber que Deus ordena uma benção, pois Ele ordena, ela obterá o resultado prometido.
Não necessitamos saber como funcionará, é suficiente para nós que a Graça poderosa de Deus está comprometida em trazer bem para nossas almas. Esse particular remédio da serpente erguida numa haste foi sumamente instrutivo, apesar de achar que Israel não entendeu isso. Temos sido instruídos pelo nosso Senhor e sabemos seu significado. Era uma serpente imobilizada em uma haste. Como se pegaria um dardo e o lançaria contra a cabeça da serpente para matá-la, essa serpente também era exibida como morta e colocada em exibição na frente de todos. Era a imagem de uma serpente morta. Maior das maravilhas é nosso Senhor Jesus rebaixado, simbolizado como uma serpente morta!
A instrução para nós, após ler o Evangelho de João, é: nosso Senhor Jesus, em infinita humilhação, se dignou vir ao mundo e aceitou ser maldição por nós. A serpente de bronze não tem veneno, em si, mas tomou a forma de uma serpente venenosa. Cristo não é nenhum pecador e n’Ele não há nenhum pecado. A serpente de bronze tinha a forma de uma serpente, assim como Jesus fora enviado por Deus “em semelhança da carne do pecado” (Rm 8:3). Ele veio debaixo da Lei e o pecado o fora imputado, então ele veio debaixo da ira e maldição de Deus pelos nossos pecados. Em Jesus Cristo, se você olhar para a cruz verá que o pecado está morto e pendurado como um serpente morta- também ali a morte é abolida, pois “aboliu a morte, e trouxe à luz a vida” (II Tm 1:10)- e ali também a maldição é cancelada para sempre devido ao que suportou, sendo “maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro” (Gl 3:13).Assim essas serpentes são penduradas como espetáculo para todos os espectadores, todas mortas pelo agonizante Senhor. O pecado, a maldição e a morte são, agora, como serpentes mortas!
Oh, que espetáculo! Se pudesse ver isso, que regozijo seria! Ah, se os hebreus tivessem entendido isso, que uma serpente pendurada numa haste teria sido uma profecia do glorioso quadro que nossa fé contempla hoje: Jesus imolado e o pecado, a morte e o inferno mortos n’Ele! O remédio, então, para ser olhado era sumamente instrutivo e sabemos que a instrução pretendia nos convencer.
Por favor, lembre-se que em todo acampamento de Israel havia somente um remédio para a mordida de serpente, que era a serpente de bronze- e só havia UMA serpente de bronze, não duas. Israel não faria outra, pois se a tivessem feito, ela não teria nenhuma utilidade medicinal. Havia uma, somente uma, que fora levantada bem no meio do acampamento, assim qualquer homem picado por uma serpente poderia olhar pra ela e viver.
Há um só Salvador. Somente um! Não há outro nome debaixo do Céu pelo qual podemos obter Salvação. Toda a Graça está concentrada em Jesus, de quem lemos: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Cl 1:19). Cristo suportou a maldição e acabou com ela. Cristo foi picado por uma serpente em seu calcanhar, mas pisou em sua cabeça e a destruiu: é para esse Cristo unicamente que devemos olhar se quisermos viver. Oh, pecador, olhe para Jesus na cruz, Ele que é o único remédio para qualquer ferida do veneno do pecado!
Havia somente uma serpente que curava naquela época, e ela era brilhante e lustrosa. Era uma serpente de bronze, e bronze é um metal brilhoso. Tratava-se de um bronze recém forjado, então não estava embaçado e sempre que o sol batia nela, brilhava, resplandecia. Podia ter sido uma serpente de madeira ou qualquer outro material que Deus poderia ter mandado, mas Ele mandou que fosse de bronze, para que fosse rodeada de brilho.
Que brilho há ao redor de nosso Senhor Jesus Cristo! Se simplesmente o expusermos em Seu metal verdadeiro, ele será visto pelos olhos humanos. Se pregarmos o Evangelho somente, sem nos preocuparmos em o adornarmos com nossas filosofias, haverá brilho suficiente em Cristo para que ele alcance os pecadores: sim, Ele captura milhares de pessoas! O Evangelho eterno resplandece a Pessoa de Cristo. Assim como a base da serpente refletia os raios de sol, Jesus reflete o amor de Deus os pecadores, e eles, vendo isso, olham pela fé e vivem!
Mais uma vez, esse remédio era duradouro. Era uma serpente de bronze e creio que ela permaneceu no meio do acampamento desde aquele dia. Não havia mais utilidade depois que o povo entrou em Canaã, porém enquanto estavam no deserto, provavelmente ela era mostrada no centro, perto da porta do Tabernáculo sobre uma base elevada. Elevada e aberta para a contemplação de todos, pendia a imagem de serpente morta: a perpétua cura para o veneno de serpente! Se tivesse sido feita de outros materiais, teria quebrado ou caído… Mas o bronze duraria o tempo em que as serpentes brilhantes fossem pragas no deserto. Quando um homem fosse picado, ali haveria uma serpente de bronze para curá-lo.
Que reconfortante saber que Jesus ainda salve o pior dos pecadores que, por meio d’Ele, se achegue a Deus, vendo que Ele vive a interceder por nós. Um ladrão moribundo contemplou o resplendor dessa serpente de bronze quando olhou Jesus ao seu lado naquela cruz e isso o salvou! De igual maneira, você e eu podemos olhar e viver, pois “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13:8).
Desfalecida minha cabeça e enfermo meu coração
Ferido, machucado em toda parte
A picada ardente de Satanás ainda sinto
Envenenado com a soberba do Inferno:
Porém quando estou a ponto de morrer
Para cima direciono meus olhos
E vejo Jesus erguido Vivo por Ele, que morreu por mim.
Espero não ter encoberto o tópico com essas figuras. Não desejo fazer isso, entretanto quero mostrá-los claramente. Todos que são realmente culpados, os que são picados pela serpente, o remédio certo para vocês é olhar para Jesus Cristo que levou seus pecados sobre Si mesmo e que morreu no lugar dos pecadores, “se fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Co 5:21). Seu único remédio está em Jesus e em nenhum outro lugar. Olhe para Ele e seja salvo!

III. Isso nos traz, em terceiro lugar, a considerar a APLICAÇÃO DO REMÉDIO ou o vínculo entre o homem picado e a serpente de bronze que irá curá-lo. O que era esse vínculo? Era do tipo mais simples que se pode imaginar. A serpente de bronze poderia ser levada, se ordenado por Deus, à tenda da pessoa que estava enferma, mas não era assim. O remédio podia ter sido aplicado por fricção: ele poderia repetir um tipo de oração ou então ter um pastor para fazer a cerimônia. Mas não tinha nada disso. Era somente olhar!
Era bom que a cura fosse tão simples quanto a freqüência das serpentes naquele lugar. Picadas de serpente aconteciam de várias maneiras. Um homem poderia estar recolhendo gravetos ou simplesmente andando e ser mordido. Até hoje serpentes são um perigo no deserto. O senhor Sibree diz que em uma ocasião ele viu o que parecia ser uma pedra redonda, lindamente decorada. Ele estendeu sua mão para pegá-la, quando, para seu horror, ele descobriu que era uma serpente viva que estava enrolada!
Durante todo dia, quando as serpentes eram enviadas a eles, os israelitas deveriam estar em perigo. Em suas camas, sua comida, em suas casas e quando saíam dela estavam em perigo. Essas serpentes são chamadas por Isaías de “serpentes voadoras, não porque voem, mas porque elas se contraem e, de repente, saltam e alcançam uma altura considerável e um homem pode ser surpreendido e atacado em sua perna mesmo estando ‘longe’ desses répteis malignos. O que o homem faria? Ele não podia fazer nada a não ser ficar do lado de fora de sua tenda e olhar para o lugar que resplandecia à distância o brilho da serpente de bronze! E, no momento em que olhasse para ela, ele estaria curado! Não havia nada a fazer a não ser olhar! Não era preciso um pastor, nenhuma água santa, nenhum abracadabra, nenhum livro de receitas. Nada, a não ser olhar!
Um bispo da igreja romana disse para um dos primeiros reformadores, quando pregaram a salvação pela fé: “Oh, doutor! Abra essa lacuna para as pessoas e estaremos arruinados!” E, realmente, estão arruinados, pois o negócio e o comércio de indulgências acabam quando confiamos em Jesus e vivemos.
Pois é assim. Creia n’Ele, você que é pecador – pois este é o significado espiritual de ‘olhar’- e seus pecados serão perdoados! E ainda mais: seu poder mortal cessa de operar em seu espírito. Há vida quando olhamos para Jesus! Acaso isso não é suficientemente simples?
Mas, por favor, note o quão pessoal isso era. Um homem não podia ser curado por qualquer coisa que alguém fizesse por ele. Se fosse mordido por uma serpente e se recusasse a olhar para a serpente de bronze e tivesse ido para sua cama, nenhum médico poderia ajudá-lo. Uma mãe piedosa se ajoelharia e oraria por ele, mas isso não traria nenhum efeito. Irmãs poderiam vir e clamar; ministros seriam chamados para orar para que o homem pudesse viver, mas ele morreria apesar das orações se não olhasse para a serpente de bronze.
Não havia outra saída para sua vida- ele teria que olhar para ela! É o mesmo com sua vida. Alguns de vocês me escreveram, implorando para que orasse por seus pedidos. Assim eu fiz, mas isso não significa nada, ao menos que você, por você mesmo, acredite em Jesus Cristo. Não há no Céu, nem debaixo dele, nenhuma esperança para nenhum de vocês, a não ser acreditar em Jesus Cristo!
Quem quer que você seja, por mais picado pela serpente que esteja e por perto que esteja da morte, se você olhar para o seu Salvador, você viverá! Entretanto, se você não o fizer será condenado, tão certo como vives. No último Grande Dia, eu devo dar testemunho contra você, pois te alertei direta e claramente: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:16). Não há outra ajuda para isso. Podes fazer o que quiseres: juntar-se à igreja que te agrade, tomar a Santa Ceia do Senhor, ser batizado, aplicar-se severas penitências, dar todos os seus bens aos pobres.. Mas você estará perdido se não olhar para Jesus. Não há nada em Sua morte que te salve; não há nada em Sua vida que te salve, ao menos que confie n’Ele. É assim: você deve olhar- e olhar por si mesmo.
E logo, de novo, é muito instrutivo. O que significa esse olhar? Significa: auto-ajuda deve ser abandonada e deve-se confiar em Deus! O homem ferido diz: “Não devo sentar-me aqui para olhar minha ferida, pois isso não me salvará. Vê onde a serpente me picou? O sangue está escorrendo, preto com o veneno! Como isso queima e incha! Minhas pulsações estão falhando. Mas todas essas reflexões não me aliviarão. Devo olhar logo ali, a serpente de bronze que foi levantada. É perda de tempo olhar para o que não é o remédio que Deus ordenou.
Os israelitas devem ter compreendido: Deus requer que confiemos n’Ele e que usemos Seus meios de salvação. Devemos fazer exatamente como nos ordena e confiar que Ele trará nossa cura- e se não queremos fazer isso, morreremos eternamente.
Esse meio de cura tinha a intenção de magnificarem o amor de Deus e atribuírem sua cura inteiramente à Sua Divina Graça. A serpente de bronze não era uma simples figura, como já mostrei a vocês, em que é mostrado Deus quitando o pecado do mundo ao aplicar Sua ira em Seu Filho, mas uma demonstração do amor divino. E isso sei, pois o próprio Jesus disse: “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado. (…)Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jo 3:14,16), mostrando claramente que a morte de Jesus na cruz foi uma demonstração de amor aos homens e qualquer que olhe para essa exibição do profundo amor de Deus, ou seja, Sua entrega de Seu filho unigênito para virar maldição por nós, viverá.
Agora, quando um homem era sarado por olhar a serpente, não podia dizer que fora curado por si mesmo, pois ele somente olhava, e não havia poder numa olhada. Um cristão nunca reclama honra ou crédito em razão de sua fé. Onde está o glorioso crédito simplesmente crer na Verdade e humildemente confiar em Cristo para que te salve? A fé glorifica a Deus, e, assim, nosso Senhor escolheu isso como instrumento da nossa salvação.
Se um pregador viesse e tocasse o homem picado, ele poderia atribuir alguma honra a esse sacerdote. Mas como não havia nenhum sacerdote no caso, e não havia nenhuma exceção a não ser olhar para serpente, o homem chegava à conclusão que o poder e amor de Deus o haviam curado.
Não sou salvo por nada que tenha feito, mas o que o Senhor fez. Deus quer que cheguemos a essa conclusão: se somos salvos, é por Sua livre, rica, soberana e imerecida Graça, demonstrada na pessoa de Cristo.

IV. Permita-me um momento para o quarto tópico, que é a CURA EFETUADA. O texto nos fala “picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia” (Nm 21:9), o que é dizer que a pessoa era curada de uma vez. Não tinha que esperar cinco minutos ou cinco segundos.
Querido leitor, você já ouviu isso alguma vez? Se não, eu poderia assustar você, mas é a verdade. Se você viveu no mais profundo pecado possível até esse momento, se agora somente crer em Jesus será salvo antes que o relógio sinalize outra hora. É rápido como um relâmpago! Perdão não é um trabalho de tempo.
Santificação requer uma vida, justificação não passa desse momento. Você crê, você vive! Você confia em Cristo, seus pecados são apagados! Você é um homem salvo no momento que crê! “Oh”, diz alguém, “isso é uma maravilha”. E isso é uma maravilha e será eternamente. Os milagres de nosso Senhor, quando estava na terra, eram instantâneos na maior parte das vezes. Ele os tocava e os que tinham febre podiam levantar-se e ministrar a Ele. Nenhum médico pode curar dessa maneira, pois há uma debilidade resultante dela depois que o calor passa. Jesus opera curas perfeitas e quem crer n’Ele, ainda que tenha crido um minuto, é justificado de todos os seus pecados. Oh, a inigualável Graça de Deus!
Esse remédio salvava uma e outra vez. Muito possivelmente, após um homem ser curado, ele voltava para seu trabalho e era atacado por uma segunda serpente, já que havia muitas delas naquele lugar. O que ele poderia fazer? Olhar outra vez! E se ferido mil vezes, teria que olhar mil vezes.
Você, amado filho de Deus, se você tem pecado em sua consciência, volte-se pra Jesus. O caminho mais saudável de viver onde as serpentes abundam, é nunca tirar seus olhos da serpente de bronze. Ah, vocês, víboras, podem morder se quiserem, enquanto meus olhos estiverem na serpente de bronze, eu desprezo suas presas e seu veneno, pois tenho um remédio que trabalha continuamente em mim! Tentação é vencida pelo sangue de Jesus! “e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” (I Jo 5:4).
Essa cura era de eficácia universal para todos que a usavam. Não havia nenhum caso, em todo o acampamento, em que um homem olhava para a serpente de bronze e morria. E não haverá nenhum caso em que um homem olhe para Jesus e permaneça condenado! Quem crer será salvo. Algumas pessoas tinham que olhar a uma longa distância- a haste podia não estar equidistante de todo mundo, mas enquanto pudessem vê-la, isso curaria tanto quem estava longe, como quem estava perto. Tão pouco importava se seus olhos eram defeituosos. Nem todos tinham uma visão perfeita. Alguns poderiam ser estrábicos, outros poderiam ter a visão escurecida ou então apenas um olho: mas se eles somente olhassem, viveriam! Talvez o homem mal pudesse distinguir a forma da serpente quando olhava para ela e dizia: “oh, não posso ver as curvas da serpente, mas posso ver seu brilho”. E ele vivia!
Oh, pobre alma, se não pode ver Cristo e Suas maravilhas, nem toda a riqueza de sua Graça. Porém se pode ver que se tornou pecado por nós, viverá! Se você diz: “Senhor, eu creio. Ajuda-me em minha incredulidade”, sua fé te salvará! Uma ‘pequena’ fé te dará um grande Cristo e você encontrará vida eterna n’Ele.
Dessa forma, procurei descrever a cura. Oh, que o Senhor queira operar essa cura em cada pecador aqui nesse momento. Oro para que Ele o faça! Era um pensamento agradável que se eles olhassem para a serpente de bronze, debaixo de qualquer luz, viveriam. Muitos olhavam à luz do meio dia, viam todos os detalhes e viviam. Porém não me surpreenderia se alguns fossem picados à noite e, sob a luz da lua, se achegassem à serpente, vivessem. Talvez fosse uma noite escura e tempestuosa e nenhuma estrela era visível. A tempestade explodia lá no alto e da escura nuvem se via um relâmpago partindo as rochas. Pelo esplendor dessa súbita luz, a pessoa viu a serpente de bronze, e mesmo tendo-a visto por um segundo, passou a viver. De igual maneira, pecador, se sua alma está envolta na tempestade e se da nuvem se desprende somente um raio de luz, olhe para Jesus com a ajuda desse raio e viva!

V. Concluo com essa última parte – aqui há UMA LIÇÃO PARA QUEM AMA A SEU SENHOR. O que devemos fazer? Devemos imitar Moisés, cuja responsabilidade foi erguer uma serpente de bronze sobre uma haste. É seu compromisso e meu também, que levantemos o Evangelho de Cristo para que todos possam vê-lo! Tudo que Moisés teve que fazer foi levantar a serpente à vista de todos. Ele não disse: “Arão, traga seu incensório e também muitos sacerdotes e formem uma nuvem de perfume”. Tão pouco disse: “Eu mesmo irei, com minhas roupas de quem escreveu as leis, e ficarei lá”. Não, Moisés não tinha nada que fosse pomposo ou cerimonial. Ele só tinha que exibir a serpente de bronze, deixando desnuda e à vista de todos. Ele não disse: “Arão, traga uma roupa de ouro, envolva a serpente em azul e carmesim e em linho fino. Um ato assim seria totalmente contrário às ordens. Ele devia manter a serpente descoberta. Seu poder estava em si mesma, não em que a envolvia. O Senhor não mandou pintar a haste ou decorá-la com as cores do arco-íris. Oh, não. Qualquer haste serviria.
As pessoas que estavam à beira da morte, não precisavam ver a haste- necessitavam unicamente contemplar a serpente. Arrisco-me a dizer que ele fez uma haste nítida, pois a obra de Deus deve ser feita decentemente, mas ainda assim, a serpente era o objeto que devia ser olhado.
Isso é o que devemos fazer com nosso Senhor. Temos que pregá-lo, ensiná-lo e fazê-lo visível a todos os olhos! Não devemos escondê-lo em nossas tentativas de mostrar conhecimento e eloquência. Temos que parar com essa ‘faca de dois gumes’ que é a eloquência e essas coisas de azul e carmesim na forma de grandiosas sentenças e períodos poéticos. Tudo deve ser feito de maneira que Jesus apareça e nada pode escondê-lo.
Moisés deve ter ido para sua casa dormir quando a serpente foi erguida. O que importava era que a serpente de bronze estivesse visível tanto de dia, como de noite. O pregador deve se esconder, de forma que ninguém saiba quem ele é, quando pregar a Cristo – não se deve ficar no meio do caminho.
Agora vocês professores: ensine Jesus às suas crianças. Mostre a eles Cristo crucificado. Mantenham Cristo adiante deles. Vocês que são jovens e tentam pregar, não façam isso grandiosamente. A verdadeira grandeza da pregação consiste em que Cristo Jesus seja mostrado grandiosamente nela. Nenhuma outra grandeza é necessária! Mantenham o ‘eu’ no chão, e ponham Jesus no meio do povo, evidentemente crucificado entre eles. Ninguém além de Jesus, ninguém além de Jesus! Deixe-o ser a suma e a substância de seu ensinamento.
Alguns de vocês olharam para a serpente de bronze, eu sei, e foram curados. Mas o que você tem feito com ela desde então? Não deram um passo à frente para confessarem a Jesus e nem procuraram uma igreja para se juntarem. Não falaram com ninguém sobre sua alma. Colocam a serpente de bronze em um baú e a escondem. Isso é certo? Tirem-na de lá e a ponham em um lugar alto onde todos a possam ver! Publiquem Cristo e a Salvação! A intenção não é que Ele seja tratado como uma curiosidade no museu. A intenção é que ele seja posto nas calçadas para os que forem mordidos possam olhar para Ele.
“Ah, mas eu não tenho um local apropriado para isso”, alguém diz. O melhor lugar para se colocar Jesus é aquele que todos possam ver de longe. Exalte Jesus! Bendiga Seu nome. Quanto mais você louvar o nome do Senhor, quanto mais alto levantar Seu nome, melhor! Ergam a Cristo!
“Ah, mas eu não tenho um estandarte largo!”, diz um. Então o erga com o que tens, pois há pessoas de baixa estatura que poderiam vê-lo através de você. Creio que já falei a vocês sobre um quadro que vi da serpente de bronze. Quero que os professores da escola dominical escutem isso. O artista representou todo tipo de pessoa se juntando ao redor da haste e quando olhavam as horríveis serpentes se desprendiam e viviam! Havia tamanha multidão perto dela que uma não podia nem se aproximar. Ela carregava um bebezinho, que havia sido picado. Você podia ver as marcas azuis do veneno. Como não podia se aproximar, essa mãe o levantou bem alto e virou sua cabecinha na direção que pudesse olhar a serpente de bronze e viver.
Façam isso com suas crianças, professores da escola dominical! Mesmo eles sendo muito novos ainda, orem para que eles possam ver Jesus e viver, pois não há idade estabelecida para isso. Anciãos mordidos pela serpente venham cambaleando sobre suas muletas. “Tenho 80 anos”, diz um, “mas eu olhei para a serpente de bronze e fui curado!”. Crianças eram trazidas por suas mães, ainda quando não sabiam falar direito, gritavam com sua linguagem infantil: “eu olho para a grande serpente de bronze e ela me abençoa”.
Todos ou níveis, sexos, personalidades e toda disposição olhavam e viviam! Quem vai olhar para Jesus nessa hora maravilhosa? Oh, queridas almas, querem ter vida ou não? Desprezarão Cristo e morrerão? Se for assim, seu sangue está em suas próprias mãos! Eu disse a vocês o Caminho de Deus para salvação! Agarre-se a isso. Olhe para Jesus imediatamente. Que o Espírito te conduza gentilmente a isso.
Amém.




Números 22

Balaão e a Jumenta que Falou

Deus havia ordenado aos israelitas para que não molestassem os moabitas, dado serem descendentes de Ló.
Ou os moabitas não conheciam esta ordem, ou não confiavam em Deus e na sua ordem, ou então tencionavam o mal para os israelitas independentemente de qualquer ordem de Deus em benefício deles.
O 22º capítulo de Números nos dá conta que quando o povo de Deus acampou na planícies de Moabe, do lado leste do Jordão, isto é, do outro lado de Canaã, na altura de Jericó, vendo Balaque, rei dos moabitas tudo que Israel fizera aos amorreus, teve grande medo deles, e disse aos anciãos de Midiã que todos seriam destruídos pelos israelitas (Nm 22.1-4).
Assim, mandou chamar Balaão para amaldiçoar os israelitas, de modo que pudesse prevalecer na guerra contra eles, pois conhecia a fama de Balaão no sentido que quem fosse abençoado por ele era abençoado, e quem fosse amaldiçoado era amaldiçoado (Nm 22.6).
Então foram os anciãos de Moabe e de Midiã com o dinheiro para ser pago a Balaão e lhe disseram o que havia pedido Balaque.
Balaão lhes pediu que passassem a noite naquele lugar para que lhes desse a resposta que o Senhor lhe falasse.
Deus veio a Balaão e lhe disse que não fosse com eles para amaldiçoar o povo, porque era povo bendito (v. 12).
Em face disto, Balaão pediu aos anciãos de Moabe e Midiã que voltassem para a sua terra em razão da resposta que recebera de Deus (v. 13).
Até aqui as Escrituras não falam sobre os reais sentimentos de Balaão, mas por tudo que elas nos dão conta acerca dele em outras passagens, é bem provável, que desde o início tenha lamentado a oportunidade de lançar mão do pagamento que receberia caso amaldiçoasse os israelitas.
Para que o seu coração fosse colocado à prova, quanto à sua cobiça, quando os príncipes de Balaque retornaram a ele, em maior número e mais honrados e com uma recompensa maior, Balaão desconversou dizendo que ainda que lhe dessem uma casa cheia de ouro, não poderia ir além da ordem do Senhor (v.13-18), mas não parou por aí, pois já sabendo qual era a resposta de Deus, ele arriscou que poderia haver uma mudança de opinião do Senhor, porque afinal a recompensa era muito grande, e maior ainda era a cobiça do seu coração.
Por isso pediu que aqueles príncipes aguardassem porque consultaria de novo ao Senhor.
Que grande desonra para o caráter de Deus estava sendo a atitude deste profeta interesseiro.
Ele amou o prêmio da injustiça e atribuiu injustiça a Deus (II Pe 2.15; Apo 2.14).
Segundo ele, quem sabe o Senhor não daria um jeitinho, para tornar as coisas favoráveis para o seu lado?
Estamos diante de um caso de corrupção no ofício profético, que considerou a possibilidade de corrupção do próprio Deus.
O Senhor colocaria o espírito de Balaão em suspenso, de forma que cultivasse uma falsa esperança, e fosse vítima da sua própria cobiça, pois lhe ordenou que acompanhasse aqueles príncipes, mas que fizesse somente o que lhe fosse ordenado (v. 20).
Com isto as coisas continuavam em andamento, não foram interrompidas abruptamente as negociações, e Balaão pensava que de alguma forma tiraria alguma vantagem em tudo aquilo, ou da parte dos moabitas, ou dos israelitas.
Ele amava a paga e não a verdade, os seus interesses e não a vontade do Senhor.
Logo de início, Deus mostrou a Balaão que estava sendo mais insensato do que um asno, porque foi repreendido pela sua própria jumenta, que pelo poder do Senhor, falou com ele repreendendo-o por sua insensatez em espancá-la por não prosseguir adiante, porque não o pudera fazer, porque se lhe opunha um anjo do Senhor.
A jumenta viu o anjo, mas Balaão não teve discernimento espiritual para percebê-lo por causa do endurecimento do seu coração (v. 21-30).
Foi somente depois disto que Deus abriu os olhos de Balaão para que visse o anjo parado no caminho, com a espada desembainhada, e tendo-o visto prostrou-se com o rosto em terra (v. 31).
O anjo lhe repreendeu por ter espancado a jumenta e disse que havia saído como seu adversário porque o seu caminho era perverso diante dele, e que na verdade o fato da jumenta ter-lhe desobedecido não seguindo adiante e se desviado, foi o fator que salvou a sua vida, porque se ela tivesse prosseguido adiante o anjo teria matado a Balaão (v. 32,33).
O astuto Balaão tentou enganar até o próprio anjo com um falso arrependimento, ao alegar que havia pecado e não sabia que o anjo estava no caminho para se opor a ele, e se lhe parecia mal aos seus olhos o fato de estar seguindo os príncipes moabitas, ele voltaria para o seu lugar (v.34).
Veja que ele profere com os lábios aquilo que não estava de fato no seu coração, e sabendo disto o anjo lhe ordena que prossiga cumprindo aquilo que lhe fora ordenado por Deus, isto é, que acompanhasse aqueles homens, mas que falasse somente a palavra que lhe fosse ordenada (v. 35).
Não somente Balaão pensou que a esperança de lucros havia retornado como o próprio Balaque, rei dos moabitas pode ter ficado esperançoso de que o Deus de Israel havia se voltado para o seu lado, porque ao que parecia Ele havia mudado de ideia permitindo que agora Balaão viesse ao seu encontro, depois de tê-lo proibido, quando lhe enviou a primeira embaixada.
Balaão, quando se encontrou com Balaque lhe declarou que não poderia falar senão a palavra que Deus pusesse na sua boca.
Ele não disse isto porque fosse zeloso da palavra do Senhor, mas porque temia o que poderia lhe suceder tendo sido repreendido do modo que fora pelo anjo que se lhe opusera no caminho e que advertira seriamente que deveria somente falar o que lhe fosse ordenado.
Ele estava numa condição realmente apertada sem saber afinal que palavra deveria falar, pois não conhecia de fato o caráter imutável e fiel de Deus, pois se o conhecesse,  saberia que Deus jamais mudaria o que lhe havia proferido desde o princípio, que ele tanto não deveria ir ao encontro de Balaque, quanto não poderia amaldiçoar Israel.




“1 Depois os filhos de Israel partiram, e acamparam-se nas planícies de Moabe, além do Jordão, na altura de Jericó.
2 Ora, Balaque, filho de Zipor, viu tudo o que Israel fizera aos amorreus.
3 E Moabe tinha grande medo do povo, porque era muito; e Moabe andava angustiado por causa dos filhos de Israel.
4 Por isso disse aos anciãos de Midiã: Agora esta multidão lamberá tudo quanto houver ao redor de nós, como o boi lambe a erva do campo. Nesse tempo Balaque, filho de Zipor, era rei de Moabe.
5 Ele enviou mensageiros a Balaão, filho de Beor, a Petor, que está junto ao rio, à terra dos filhos do seu povo, a fim de chamá-lo, dizendo: Eis que saiu do Egito um povo, que cobre a face da terra e estaciona defronte de mim.
6 Vem pois agora, rogo-te, amaldiçoar-me este povo, pois mais poderoso é do que eu; porventura prevalecerei, de modo que o possa ferir e expulsar da terra; porque eu sei que será abençoado aquele a quem tu abençoares, e amaldiçoado aquele a quem tu amaldiçoares.
7 Foram-se, pois, os anciãos de Moabe e os anciãos de Midiã, com o preço dos encantamentos nas mãos e, chegando a Balaão, referiram-lhe as palavras de Balaque.
8 Ele lhes respondeu: Passai aqui esta noite, e vos trarei a resposta, como o Senhor me falar. Então os príncipes de Moabe ficaram com Balaão.
9 Então veio Deus a Balaão, e perguntou: Quem são estes homens que estão contigo?
10 Respondeu Balaão a Deus: Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe, mos enviou, dizendo:
11 Eis que o povo que saiu do Egito cobre a face da terra; vem agora amaldiçoar-mo; porventura poderei pelejar contra ele e expulsá-lo.
12 E Deus disse a Balaão: Não irás com eles; não amaldiçoarás a este povo, porquanto é bendito.
13 Levantando-se Balaão pela manhã, disse aos príncipes de Balaque: Ide para a vossa terra, porque o Senhor recusa deixar-me ir convosco.
14 Levantaram-se, pois, os príncipes de Moabe, vieram a Balaque e disseram: Balaão recusou vir conosco.
15 Balaque, porém, tornou a enviar príncipes, em maior número e mais honrados do que aqueles.
16 Estes vieram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Rogo-te que não te demores em vir a mim,
17 porque grandemente te honrarei, e farei tudo o que me disseres; vem pois, rogo-te, amaldiçoar-me este povo.
18 Respondeu Balaão aos servos de Balaque: Ainda que Balaque me quisesse dar a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia ir além da ordem do Senhor meu Deus, para fazer coisa alguma, nem pequena nem grande.
19 Agora, pois, rogo-vos que fiqueis aqui ainda esta noite, para que eu saiba o que o Senhor me dirá mais.
20 Veio, pois, Deus a Balaão, de noite, e disse-lhe: Já que esses homens te vieram chamar, levanta-te, vai com eles; todavia, farás somente aquilo que eu te disser.
21 Então levantou-se Balaão pela manhã, albardou a sua jumenta, e partiu com os príncipes de Moabe.
22 A ira de Deus se acendeu, porque ele ia, e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, ele ia montado na sua jumenta, tendo consigo os seus dois servos.
23 A jumenta viu o anjo do Senhor parado no caminho, com a sua espada desembainhada na mão e, desviando-se do caminho, meteu-se pelo campo; pelo que Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho.
24 Mas o anjo do Senhor pôs-se numa vereda entre as vinhas, havendo uma sebe de um e de outro lado.
25 Vendo, pois, a jumenta o anjo do Senhor, coseu-se com a sebe, e apertou contra a sebe o pé de Balaão; pelo que ele tornou a espancá-la.
26 Então o anjo do Senhor passou mais adiante, e pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a direita nem para a esquerda.
27 E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão se acendeu, e ele espancou a jumenta com o bordão.
28 Nisso abriu o Senhor a boca da jumenta, a qual perguntou a Balaão: Que te fiz eu, para que me espancasses estas três vezes?
29 Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de mim; oxalá tivesse eu uma espada na mão, pois agora te mataria.
30 Tornou a jumenta a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste toda a tua vida até hoje? Porventura tem sido o meu costume fazer assim para contigo? E ele respondeu: Não.
31 Então o Senhor abriu os olhos a Balaão, e ele viu o anjo do Senhor parado no caminho, e a sua espada desembainhada na mão; pelo que inclinou a cabeça, e prostrou-se com o rosto em terra.
32 Disse-lhe o anjo do senhor: Por que já três vezes espancaste a tua jumenta? Eis que eu te saí como adversário, porquanto o teu caminho é perverso diante de mim;
33 a jumenta, porém, me viu, e já três vezes se desviou de diante de mim; se ela não se tivesse desviado de mim, na verdade que eu te haveria matado, deixando a ela com vida.
34 Respondeu Balaão ao anjo do Senhor: pequei, porque não sabia que estavas parado no caminho para te opores a mim; e agora, se parece mal aos teus olhos, voltarei.
35 Tornou o anjo do Senhor a Balaão: Vai com os homens, somente a palavra que eu te disser é que falarás. Assim Balaão seguiu com os príncipes de Balaque:
36 Tendo, pois, Balaque ouvido que Balaão vinha chegando, saiu-lhe ao encontro até Ir-Moabe, cidade fronteira que está à margem do Arnom.
37 Perguntou Balaque a Balaão: Porventura não te enviei diligentemente mensageiros a chamar-te? por que não vieste a mim? não posso eu, na verdade, honrar-te?
38 Respondeu Balaão a Balaque: Eis que sou vindo a ti; porventura poderei eu agora, de mim mesmo, falar alguma coisa? A palavra que Deus puser na minha boca, essa falarei.
39 E Balaão foi com Balaque, e chegaram a Quiriate-Huzote.
40 Então Balaque ofereceu em sacrifício bois e ovelhas, e deles enviou a Balaão e aos príncipes que estavam com ele.
41 E sucedeu que, pela manhã, Balaque tomou a Balaão, e o levou aos altos de Baal, e viu ele dali a parte extrema do povo.” (Nm 22.1-41).



Números 23

Balaão Abençoa Israel Duas Vezes

Nós vemos em Números 23, que para demonstrar uma falsa devoção, Balaão mandou Balaque edificar sete altares e que oferecesse um novilho e um carneiro em cada um deles como holocausto.
Se Balaão fosse de fato um verdadeiro profeta do Senhor ele seria instruído por Deus que desde que foi construído o tabernáculo, nenhum sacrifício seria aceito pelo Senhor, a não ser os que fossem apresentados segundo as suas instruções na presença do sacerdote no tabernáculo dos israelitas.
O pior de tudo, aqueles sacrifícios foram apresentados pelo próprio Balaque, que servia a Baal, em três ocasiões diferentes, conforme relatado neste capítulo.
Balaão era um profeta infiel, mas as palavras que ele proferiu nestes capítulos de Números procederam de fato da boca de Deus.
O profeta era falso, mas a mensagem era verdadeira.
Assim como os fariseus não eram fiéis representantes de Deus, mas falavam muitas coisas que estavam em plena conformidade com a Lei do Senhor.
Suas obras não deveriam ser imitadas porque não viviam o que ensinavam.
Assim são todos os hipócritas que proferem com os lábios o que não está de fato no coração. Eles não amam de fato a Palavra do Senhor, mas se usam dela para se fazerem respeitáveis diante dos homens.
É uma grande honra ser profeta do Senhor. Mas qual é a vantagem em ser profeta quando a vida e o coração não são retos para com Deus? A maior juízo estará sujeito porque conhecia a vontade do Senhor e não a praticou (Lc 12.47).
É também neste sentido que Paulo repreendeu a igreja de Corinto.
Não porque estivesse repleta dos dons do Espírito Santo, inclusive o de profecia, mas porque não estavam vivendo retamente diante de Deus, e estavam se deixando guiar pela natureza terrena, pois estavam vivendo como cristãos carnais em divisões, ciúmes e contendas.
Balaão falou coisas maravilhosas quando profetizou acerca de Israel e das nações, conforme lhe foi ordenado por Deus, mas para o aumento da sua própria ruína, em face do seu caráter, que não era segundo o coração de Deus.
Nós veremos adiante que Balaão foi morto pelos israelitas (Nm 31.8), por ter aconselhado os midianitas a darem suas mulheres como esposas a eles, de modo a pervertê-los e conduzi-los a adorarem a Baal.
Israel era um povo abençoado porque Deus havia prometido a Abraão que abençoaria a sua descendência, que fosse contada em Isaque e em Jacó.
Como poderia então, Deus amaldiçoar a quem Ele abençoou?
Por isso foi esta a Sua Palavra na boca de Balaão, para ser do conhecimento não somente dos moabitas, mas de todas as nações.
Nós veremos adiante em outras profecias que foram dadas a Balaão este propósito de Deus de exaltar Israel para que aterrorizasse as demais nações pagãs, e revelasse este caráter singular daquele povo que havia sido levantado, para que o nome do único Deus verdadeiro fosse conhecido e temido em toda a terra.
Esta primeira profecia de Balaão destaca  ainda que caso um israelita piedoso morresse, isto não significaria maldição, porque morreria como um justo, e o fim do justo não significa ruína, mas promoção, então ter o fim de um verdadeiro israelita é proferido como a grande aspiração que todo ser humano deveria ter (v. 10).
Assim, em vez de amaldiçoar, Balaão foi obrigado a abençoar, e Balaque lhe pediu então que fosse com ele para outro lugar, pensando talvez que o lugar em que estavam não fosse apropriado para se proferir uma maldição.
Mais uma vez, a pedido de Balaão, edificou sete altares no campo de Zofim, no cume de Pisga, e ofereceu um novilho e um carneiro em cada um deles (v. 11-14).
Balaão se afastou a um lugar reservado para receber a Palavra do Senhor, e este lhe pôs na boca as seguintes palavras para serem ditas a Balaque:
“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá? Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não o posso revogar. Não se observa iniquidade em Jacó, nem se vê maldade em Israel; o senhor seu Deus é com ele, no meio dele se ouve a aclamação dum rei. É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem. Contra Jacó, pois, não há encantamento, nem adivinhação contra Israel. Agora se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas Deus tem feito!  Eis que o povo se levanta como leoa, e se ergue como leão; não se deitará até que devore a presa, e beba o sangue dos que foram mortos:”
Balaque estava esperando que o Senhor mudasse de opinião, mas a profecia deixou claro para ele que Deus não é como o homem para que minta ou se arrependa, e o que Ele disse se cumprirá (v.19).
Se Ele mandou abençoar Israel ninguém o poderia revogar.
A profecia é dirigida aos verdadeiros israelitas, que são circuncidados não apenas no prepúcio, mas no coração, e assim deles se diz que;
“não viu iniquidade em Jacó, nem contemplou desventura em Israel; o Senhor seu Deus está com ele, e no meio dele se ouvem aclamações ao seu Rei.”
Certamente esta profecia tinha o propósito não apenas de desencorajar os inimigos de Israel, como também o de incentivar os próprios israelitas a uma vida de fé e de santidade.
Deus não vê iniquidade em seus filhos para efeito de condenação, porque estão debaixo da justiça que é obtida por meio da cobertura do sangue de Jesus.
Eles são justos porque foram justificados.
Portanto foram resgatados para sempre da maldição, para serem inseridos na bênção prometida a Abraão.
Deste modo nem encantamento ou adivinhação vale contra os que estão assim unidos pela fé ao Senhor, a saber, o verdadeiro Israel de Deus (v. 23).
O Senhor mesmo é a força do seu povo, e por isso se diz que a força deles é como a do boi selvagem, e que se levantam como leão e não se deitam, até que devorem a presa e bebam o sangue dos que forem mortos (v. 24).
Se Deus é pelo Seu povo quem pode ser contra eles? Quem os acusará? Quem os condenará? Quem triunfará sobre eles, sendo Deus a sua fortaleza?
Ainda não satisfeito, Balaque levou Balaão a outro lugar, ao cume de Peor, e repetiram o mesmo ritual de edificarem altares oferecendo os mesmos sacrifícios, esperando que dessa vez Deus amaldiçoaria dali aos israelitas (v. 25-30).
O pecado cega o coração do ímpio e ele não pode compreender qual seja o caráter santo e justo de Deus.
Por isso prossegue desejando o mal dos cristãos como se fosse possível Deus se voltar contra o Seu povo, em favor dos desejos malignos dos ímpios.
Deus é amor e ama a justiça, mas o ímpio não compreende qual seja a verdadeira natureza do amor e da justiça divinos.
Nada pode separar um verdadeiro israelita do amor de Deus, que está em Cristo Jesus.
Nós veremos no capítulo seguinte qual foi o teor das palavras que Deus dirigiu aos moabitas, pela boca de Balaão, nesta terceira ocasião.



“1 Disse Balaão a Balaque: Edifica-me aqui sete altares e prepara-me aqui sete novilhos e sete carneiros.
2 Fez, pois, Balaque como Balaão dissera; e Balaque e Balaão ofereceram um novilho e um carneiro sobre cada altar.
3 Então Balaão disse a Balaque: Fica aqui em pé junto ao teu holocausto, e eu irei; porventura o Senhor me sairá ao encontro, e o que ele me mostrar, eu to direi. E foi a um lugar alto.
4 E quando Deus se encontrou com Balaão, este lhe disse: Preparei os sete altares, e ofereci um novilho e um carneiro sobre cada altar.
5 Então o senhor pôs uma palavra na boca de Balaão, e disse: Volta para Balaque, e assim falarás.
6 Voltou, pois, para ele, e eis que estava em pé junto ao seu holocausto, ele e todos os príncipes de Moabe.
7 Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: De Arã me mandou trazer Balaque, o rei de Moabe, desde as montanhas do Oriente, dizendo: Vem, amaldiçoa-me a Jacó; vem, denuncia a Israel.
8 Como amaldiçoarei a quem Deus não amaldiçoou? e como denunciarei a quem o Senhor não denunciou?
9 Pois do cume das penhas o vejo, e dos outeiros o contemplo; eis que é um povo que habita só, e entre as nações não será contado.
10 Quem poderá contar o pó de Jacó e o número da quarta parte de Israel? Que eu morra a morte dos justos, e seja o meu fim como o deles.
11 Então disse Balaque a Balaão: Que me fizeste? Chamei-te para amaldiçoares os meus inimigos, e eis que inteiramente os abençoaste.
12 E ele respondeu: Porventura não terei cuidado de falar o que o Senhor me puser na boca?
13 Então Balaque lhe disse: Rogo-te que venhas comigo a outro lugar, donde o poderás ver; verás somente a última parte dele, mas a todo ele não verás; e amaldiçoa-mo dali.
14 Assim o levou ao campo de Zofim, ao cume de Pisga; e edificou sete altares, e ofereceu um novilho e um carneiro sobre cada altar.
15 Disse Balaão a Balaque: Fica aqui em pé junto ao teu holocausto, enquanto eu vou ali ao encontro do Senhor.
16 E, encontrando-se o Senhor com Balaão, pôs-lhe na boca uma palavra, e disse: Volta para Balaque, e assim falarás.
17 Voltou, pois, para ele, e eis que estava em pé junto ao seu holocausto, e os príncipes de Moabe com ele. Perguntou-lhe, pois, Balaque: Que falou o Senhor?
18 Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: Levanta-te, Balaque, e ouve; escuta-me, filho de Zipor;
19 Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?
20 Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não o posso revogar.
21 Não se observa iniquidade em Jacó, nem se vê maldade em Israel; o senhor seu Deus é com ele, no meio dele se ouve a aclamação dum rei;
22 É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem.
23 Contra Jacó, pois, não há encantamento, nem adivinhação contra Israel. Agora se dirá de Jacó e de Israel: Que coisas Deus tem feito!
24 Eis que o povo se levanta como leoa, e se ergue como leão; não se deitará até que devore a presa, e beba o sangue dos que foram mortos:
25 Então Balaque disse a Balaão: Nem o amaldiçoes, nem tampouco o abençoes:
26 Respondeu, porém, Balaão a Balaque: Não te falei eu, dizendo: Tudo o que o Senhor falar, isso tenho de fazer?
27 Tornou Balaque a Balaão: Vem agora, e te levarei a outro lugar; porventura parecerá bem aos olhos de Deus que dali mo amaldiçoes.
28 Então Balaque levou Balaão ao cume de Peor, que dá para o deserto.
29 E Balaão disse a Balaque: Edifica-me aqui sete altares, e prepara-me aqui sete novilhos e sete carneiros.
30 Balaque, pois, fez como dissera Balaão; e ofereceu um novilho e um carneiro sobre cada altar.” (Nm 23.1-30).


Números 24

Balaão Abençoa a Israel uma Terceira Vez

Nós vemos em Números 24, que apesar de ter orientado Balaque a edificar sete altares no cume de Peor, e a oferecer um novilho e um carneiro em cada um deles, como vimos no final do capítulo anterior (23), desta vez o próprio Balaão se convencera que Deus não mudaria de opinião, e não se afastou de Balaque, e ao contemplar o povo de Israel, a partir do cume daquele monte em que estava com os moabitas, o Espírito Santo veio sobre ele, e passou então a profetizar o seguinte:
”Quão formosas são as tuas tendas, ó Jacó! as tuas moradas, ó Israel!  Como vales, elas se estendem; são como jardins à beira dos rios, como árvores de aloés que o Senhor plantou, como cedros junto às águas. De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será exaltado. É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem; ele devorará as nações, seus adversários, lhes quebrará os ossos, e com as suas setas os atravessará. Agachou-se, deitou-se como leão, e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.” (v. 5-9).
Israel não habitava em casas edificadas, nem em palácios imponentes, mas em tendas, durante a sua peregrinação no deserto, contudo o Espírito considerava formosas aquelas tendas, e a maneira como elas foram organizadas pelo próprio Deus nos arraiais das tribos, as quais se acampavam em grupos de três, em cada um dos lados do tabernáculo era vista por Ele como se fossem jardins à beira dos rios, como árvores aromáticas junto das águas.
A profecia se refere também às águas que manariam de seus baldes, porque Deus os abençoaria com as chuvas dos céus, e assim não faltaria água para germinar as sementes que eles plantariam em seus campos.
O Espírito da profecia descortina o futuro ainda distante, se referindo provavelmente ao primeiro rei de Israel (Saul) que prevaleceria sobre o rei mais eminente de sua época (Agague dos amalequitas), e o reino de Israel seria exaltado, porque Davi se assentaria no trono, em seguida a  Saul, ao qual foi feita a promessa de que não faltaria rei à sua descendência, que se assentasse no trono de Israel, e seguramente esta profecia apontava para Jesus que é o Rei que se assentará no trono de Davi para reinar sobre todos os reis da terra, por toda a eternidade.
A profecia retorna para as coisas que sucederiam no futuro próximo dos israelitas, porque eles subjugariam todas as nações de Canaã, e não haveria quem lhes pudesse impedir.
Assim, benditos seriam aqueles que os abençoassem e malditos aqueles que os amaldiçoassem, porque eram a semente bendita de Abraão, destinada a ser sinal de bênção ou de maldição na terra, porque todos aqueles que se submetessem ao Deus de Israel, amando-O, seriam abençoados, e todos aqueles que O rejeitassem e amaldiçoassem, seriam também amaldiçoados.
Balaque queria que Balaão também amaldiçoasse aqueles que ele e o seu povo estavam amaldiçoando, e assim, conforme o desígnio de Deus, eles próprios é que seriam amaldiçoados.
A figura do boi selvagem aplicada a Israel significava a força de Deus operando neles, a qual já comentamos anteriormente, e que não permitiria que fossem dominados por seus inimigos, enquanto estivessem debaixo daquela força sobrenatural divina.
A figura do leão aponta para o fato de que eles não precisam de abrigos como os demais animais, e podem dormir ao relento em qualquer lugar da selva, pois sabem que ninguém se arriscará a se intrometer com eles.
Assim, poderiam repousar em segurança com o espírito de ousadia e coragem, que lhes seria concedido da parte do Seu Deus.
Em face destas palavras, Balaque despejou toda a sua ira sobre Balaão e lhe ordenou que se retirasse do meio deles, voltando para a sua terra.
Como ele não amaldiçoou Israel, Balaque disse que deixaria de lhe dar todas as honras das quais, segundo ele, o Senhor lhe havia privado.
Ele provocou Balaão dizendo que Deus havia honrado Israel, e se recusou a honrar o seu profeta Balaão.
Na verdade, a honra de Balaão como profeta do Senhor foi arruinada neste episódio porque ele se arrogava a si a fama de profeta de Deus, mas os interesses de Balaão, que ficaram tão visíveis ao próprio Balaque e que deveriam ser bem conhecidos de todos, pois até então, conforme de diz dele, quem abençoava era abençoado, e quem amaldiçoava era amaldiçoado, certamente o fazia não por ser instrumento de Deus, senão do diabo, com os seus encantamentos, como aquele Simão, o mágico, que era conhecido como o Poder de Deus em Samaria, e que tentou comprar o dom do Espírito Santo, com dinheiro, que pretendia oferecer aos apóstolos (At 8).
Deus engrandeceu Israel e humilhou de uma só vez tanto a Balaão quanto a Balaque.
Deus era amigo de Israel e não de Balaão.
O conhecimento que Balaão alegava ter de Deus não era real, e o Senhor o comprovou mostrando que não estava a seu serviço, como ele imaginava, e que o verdadeiro Deus não se deixa manipular pelos homens, conforme insinuam os falsos profetas, assim como fazia Simão o mágico, e todos os feiticeiros e encantadores.
Quem se sujeita aos caprichos dos homens e joga com os seus sentimentos e paixões pecaminosas são Satanás e os demônios, mas não o Deus Altíssimo, que nunca se sujeitou a isto, e jamais se sujeitará.
Mas Balaão não aprendeu a lição por causa do fel de amargura e dos laços de iniquidade, em que se encontrava e dos quais não chegou a se arrepender.
Entretanto o Espírito Santo ainda o usaria para profetizar o que sucederia a algumas nações no futuro.
Um homem pode estar cheio do conhecimento de Deus, e ainda assim estar totalmente destituído da Sua graça.
Ele pode receber a verdade e ainda ser um estranho ao amor divino.
Ele pode ter a visão do Todo-Poderoso, mas não para ser mudado à Sua imagem.
No verso 17 ele afirma:
“Eu o vejo, mas não no presente; eu o contemplo, mas não de perto;”

 E assim está dizendo que está vendo coisas que se referem não ao presente, mas a um futuro distante. Prossegue dizendo que:
“de Jacó procederá uma estrela, de Israel se levantará um cetro que ferirá os termos de Moabe, e destruirá todos os filhos de Sete.”
 Esta profecia se cumpriu nos dias do rei Davi, quando conquistou Moabe (II Sm 8.2), e também se refere com precisão à conquista de Edom por Davi no mesmo período (II Sm 8.14):
“E Edom lhe será uma possessão, e assim também Seir, os quais eram os seus inimigos; pois Israel fará proezas.”
Provavelmente a profecia também se refere mais adiante ao próprio domínio eterno de Cristo, sob a estrela de Davi, que era o símbolo da tribo de Judá, da qual procederia aquele que governaria sobre todas as nações.
Aprouve a Deus antecipar também pela boca de Balaão; a que estava destinado aquele povo que Balaque pedira para ser amaldiçoado.
Foi Seu desejo revelar qual propósito eterno havia fixado com a formação da nação de Israel.
Os juízos de Jesus sobre todos os inimigos de Deus em Sua segunda vinda podem estar incluídos na profecia, pois se fala de destruição de descendentes de Sete e de sobreviventes da cidade, e isto seria feito por alguém que procederia de Israel (Jacó), conforme registro nos versos 17 e 19.
Amaleque, que era uma grande nação, seria totalmente exterminada e sua memória seria apagada (v. 20), e foi também profetizado o cativeiro dos quenitas pelos assírios (v. 21,22).
Para que fosse confirmado o tempo distante para o cumprimento destas profecias fez a seguinte pergunta:
“Ai, quem viverá, quando Deus fizer isto?” (v. 23), indicando que quando se dessem estas ocorrências, ninguém daquela geração, dos seus dias, estaria vivo.
Profetizou também sobre a dominação dos assírios e dos hebreus pelos povos que viriam em navios através das costas de Quitim, provavelmente se referindo aos gregos e romanos (v. 24).



“1 Vendo Balaão que parecia bem aos olhos do Senhor que abençoasse a Israel, não foi, como era costume, ao encontro dos encantamentos, mas voltou o rosto para o deserto.
2 E, levantando Balaão os olhos, viu a Israel que se achava acampado segundo as suas tribos; e veio sobre ele o Espírito de Deus.
3 Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: Fala Balaão, filho de Beor; fala o homem que tem os olhos abertos;
4 fala aquele que ouve as palavras de Deus, o que vê a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos:
5 Quão formosas são as tuas tendas, ó Jacó! as tuas moradas, ó Israel!
6 Como vales, elas se estendem; são como jardins à beira dos rios, como árvores de aloés que o Senhor plantou, como cedros junto às águas.
7 De seus baldes manarão águas, e a sua semente estará em muitas águas; o seu rei se exalçará mais do que Agague, e o seu reino será exaltado.
8 É Deus que os vem tirando do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem; ele devorará as nações, seus adversários, lhes quebrará os ossos, e com as suas setas os atravessará.
9 Agachou-se, deitou-se como leão, e como leoa; quem o despertará? Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem.
10 Pelo que a ira de Balaque se acendeu contra Balaão, e batendo ele as palmas, disse a Balaão: Para amaldiçoares os meus inimigos é que te chamei; e eis que já três vezes os abençoaste.
11 Agora, pois, foge para o teu lugar; eu tinha dito que certamente te honraria, mas eis que o Senhor te privou dessa honra.
12 Então respondeu Balaão a Balaque: Não falei eu também aos teus mensageiros, que me enviaste, dizendo:
13 Ainda que Balaque me quisesse dar a sua casa cheia de prata e de ouro, eu não poderia ir além da ordem do Senhor, para fazer, de mim mesmo, o bem ou o mal; o que o Senhor falar, isso falarei eu?
14 Agora, pois, eis que me vou ao meu povo; vem, avisar-te-ei do que este povo fará ao teu povo nos últimos dias.
15 Então proferiu Balaão a sua parábola, dizendo: Fala Balaão, filho de Beor; fala o homem que tem os olhos abertos;
16 fala aquele que ouve as palavras de Deus e conhece os desígnios do Altíssimo, que vê a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos:
17 Eu o vejo, mas não no presente; eu o contemplo, mas não de perto; de Jacó procederá uma estrela, de Israel se levantará um cetro que ferirá os termos de Moabe, e destruirá todos os filhos de orgulho.
18 E Edom lhe será uma possessão, e assim também Seir, os quais eram os seus inimigos; pois Israel fará proezas.
19 De Jacó um dominará e destruirá os sobreviventes da cidade.
20 Também viu Balaão a Amaleque e proferiu a sua parábola, dizendo: Amaleque era a primeira das nações, mas o seu fim será a destruição.
21 E, vendo os quenitas, proferiu a sua parábola, dizendo: Firme está a tua habitação; e posto na penha está o teu ninho;
22 todavia será o quenita assolado, até que Assur te leve por prisioneiro.
23 Proferiu ainda a sua parábola, dizendo: Ai, quem viverá, quando Deus fizer isto?
24 Naus virão das costas de Quitim, e afligirão a Assur; igualmente afligirão a Eber, que também será para destruição.
25 Então, tendo-se Balaão levantado, partiu e voltou para o seu lugar; e também Balaque se foi pelo seu caminho.” (Nm 24.1-25).


Números 25

Os Midianitas e o Zelo de Fineias

Em Nm 31.16 e Apo 2.14 nós vemos que foi por conselho de Balaão que as mulheres midianitas se uniram aos israelitas para os prostituírem com os seus deuses.
Como Balaão foi impedido de amaldiçoar os israelitas por Deus, pensou que poderia lançar mão do pagamento que receberia de Balaque sem sofrer qualquer juízo da parte do Senhor, caso lhe ensinasse um estratagema para vencer os israelitas, conforme vemos neste 25º capítulo de Números, levando-os a praticarem coisas que faria com que o próprio Deus se voltasse contra eles.
Até certo ponto o estratagema funcionou porque muitos foram mortos em razão daquela prostituição espiritual a que foram induzidos pelas mulheres midianitas, mas como já dissemos, quando Deus ordenou que Israel se vingasse deles, Balaão foi também submetido ao juízo do Senhor, tendo sido morto pela espada dos israelitas (Nm 31.8).
Deus ordenou que os cabeças de Israel, que haviam participado da adoração de Baal-Peor, fossem enforcados, e que os juízes de Israel sentenciassem à morte todos os homens que estavam debaixo da sua respectiva judicatura.
Ao mesmo tempo irrompeu uma praga da parte do Senhor, que havia matado a 24.000 israelitas e que cessou somente quando o sacerdote Fineias, filho de Eleazar, sendo, portanto neto de Arão, atravessou com sua espada um dos príncipes da tribo de Simeão e à mulher midianita que estava com ele, que era filha de um dos líderes de Midiã.
Ele o fizera porque estava inflamado pelo zelo do Senhor, e este zelo foi reconhecido e recompensado por Deus, que lhe fez promessa de um pacto de paz com ele e com a sua descendência, num sacerdócio perpétuo, pois fizera expiação com o seu zelo, pelos filhos de Israel.
A estratégia usada por Balaão é a mesma estratégia usada pelo diabo, para derrubar os cristãos.
Se ele não pode derrotá-los num confronto direto contra eles, lhes tenta para que pequem, de modo que tenham o próprio Deus como seu opositor.
Nada lhe dá mais prazer do que sujeitar os cristãos à correção dolorosa de um Pai amoroso, porque isto tanto dói no coração deles quanto no do Pai que os corrige.
No caso dos israelitas foi usada a mesma tática do pecado original.
Primeiro tentou Eva, e tendo Eva caído no pecado, foi ela própria o instrumento da tentação de Adão; assim como as midianitas foram o instrumento da tentação dos israelitas para afastá-los do Seu Deus.
Por isso Jesus nos ensinou a orar pedindo a Deus que não nos deixe cair em tentações e que nos livre do mal.
Quando os israelitas saíram do cativeiro no Egito, não havia um só inválido entre eles, como se afirma no Sl 105.37, pois Deus havia feito distinção entre eles e os egípcios, de maneira a revelar em Suas pragas, que nenhuma das enfermidades que havia trazido sobre os egípcios tinha sido colocada sobre o Seu povo.
Mas, depois de terem saído do cativeiro lhes advertiu que andassem na Sua presença e cumprissem os Seus mandamentos, para que não os enfermasse assim como havia enfermado os egípcios.
Enfermidades epidêmicas entre os israelitas, como aquelas que acometeram os egípcios nas dez pragas, seriam então um sinal da parte de Deus de que havia pecado de todo o povo contra Ele, como foi o caso desta praga de Baal-Peor, que havia ceifado 24.000 vidas.
Assim, em Êx 15.26, nós lemos o seguinte:
“Se ouvires atentamente a voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, sobre ti não enviarei nenhuma das enfermidades que enviei sobre os egípcios; porque eu sou o Senhor que te sara.”
Em Êx 23.25: “Servireis, pois, ao Senhor vosso Deus, e ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e eu tirarei do meio de vós as enfermidades.”
No caso de transgressão da Aliança nós lemos a seguinte ameaça que foi dirigida aos israelitas:
“então o Senhor fará espantosas as tuas pragas, e as pragas da tua descendência, grandes e duradouras pragas, e enfermidades malignas e duradouras;” (Dt 28.59)
As ameaças previstas na Lei para os casos de violação da aliança, por parte dos israelitas, estavam sendo cumpridas por Deus, como Ele havia prometido que o faria.
  Fineias se esforçou para pôr um fim ao mal que estava grassando entre os israelitas.
Sempre que isto é feito por aqueles que lideram o povo do Senhor, isto Lhe agrada de tal modo que sempre procura manifestar este agrado com sinais visíveis da Sua aprovação, através das bênçãos que derrama sobre o Seu povo, por causa do zelo pela Sua santidade demonstrado pelos líderes, que estão a Seu serviço, usando agora a espada do Espírito Santo, que é a Sua Palavra, para anularem sofismas e vencerem as investidas dos principados e das potestades das trevas.
A expiação do pecado feita pela espada vingadora de Fineias é um tipo da expiação efetuada por Cristo, que sofreu toda a ira da espada da justiça divina contra o pecado em si mesmo, sofrendo todo o castigo devido em razão do mal em seu próprio corpo, de modo que possamos agora ter paz com Deus, isto é, estar reconciliados com Ele, em razão de ter satisfeito no castigo que efetuou sobre o nosso pecado, visitando-o em Cristo.
A lança que atravessou o lado de Jesus e que fez com que fosse derramado o Seu sangue remidor satisfez plenamente a justiça de Deus relativa à punição do pecado.
“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53.5).
Os midianitas se permitiram serem instrumentos do diabo, para trazerem aflição aos israelitas, e agora Deus ordena a Moisés que Israel ferisse os midianitas (v. 16-18).
Assim, Satanás pode ferir o calcanhar dos servos de Deus, mas ele recebe da parte do Senhor a justa retribuição pelas suas maldades, fazendo com que a sua cabeça seja esmagada por Cristo, através da luta que o Seu povo empreende contra a serpente e a sua descendência.          

“1 Ora, Israel demorava-se em Sitim, e o povo começou a prostituir-se com as filhas de Moabe,
2 pois elas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu, e inclinou-se aos seus deuses.
3 Porquanto Israel se juntou a Baal-Peor, a ira do Senhor acendeu-se contra ele.
4 Disse, pois, o Senhor a Moisés: Toma todos os cabeças do povo, e enforca-os ao senhor diante do sol, para que a grande ira do Senhor se retire de Israel.
5 Então Moisés disse aos juízes de Israel: Mate cada um os seus homens que se juntaram a Baal-Peor.
6 E eis que veio um homem dos filhos de Israel, e trouxe a seus irmãos uma midianita à vista de Moisés e à vista de toda a congregação dos filhos de Israel, enquanto estavam chorando à porta da tenda da revelação.
7 Vendo isso Fineias, filho de Eleazar, filho do sacerdote Arão, levantou-se do meio da congregação, e tomou na mão uma lança; o foi após o israelita, e entrando na sua tenda, os atravessou a ambos, ao israelita e à mulher, pelo ventre. Então a praga cessou de sobre os filhos de Israel.
9 Ora, os que morreram daquela praga foram vinte e quatro mil.
10 Então disse o Senhor a Moisés:
11 Fineias, filho de Eleazar, filho do sacerdote Arão, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois foi zeloso com o meu zelo no meio deles, de modo que no meu zelo não consumi os filhos de Israel.
12 Portanto dize: Eis que lhe dou o meu pacto de paz,
13 e será para ele e para a sua descendência depois dele, o pacto de um sacerdócio perpétuo; porquanto foi zeloso pelo seu Deus, e fez expiação pelos filhos de Israel.
14 O nome do israelita que foi morto com a midianita era Zinri, filho de Salu, príncipe duma casa paterna entre os simeonitas.
15 E o nome da mulher midianita morta era Cozbi, filha de Zur; o qual era cabeça do povo duma casa paterna em Midiã.
16 Disse mais o Senhor a Moisés:
17 Afligi vós os midianitas e feri-os;


18 porque eles vos afligiram a vós com as suas ciladas com que vos enganaram no caso de Peor, e no caso de Cozbi, sua irmã, filha do príncipe de Midiã, a qual foi morta no dia da praga no caso de Peor.” (Nm 25.1-18).


Números 26

Novo Censo dos Israelitas

Como se tratava de uma nova geração de Israel, que estava prestes a conquistar Canaã, e como muitos haviam nascido e morrido naqueles 38 anos de peregrinação no deserto, desde Cades, foi ordenado por Deus a Moisés, que se fizesse um segundo censo, conforme registro no 26º capitulo de Números.
Nós veremos que apesar do grande número de israelitas, que haviam morrido no deserto, daquela geração que foi proibida de entrar em Canaã, por causa da sua incredulidade, e como muitos haviam morrido pelas pragas que vieram sobre eles, em razão de suas murmurações, idolatrias, prostituições e cobiças, a taxa de natalidade entre eles continuou grande, de modo que fosse cumprida a promessa de Deus a Abraão em relação à sua descendência
A primeira contagem havia sido feita no Sinai, e esta segunda foi feita nas planícies de Moabe, junto ao Jordão e na altura de Jericó (Nm 26.3).
Arão havia morrido em Hor, e então desta vez a contagem foi feita sob a direção de Moisés e Eleazar, o novo sumo sacerdote.
Foi usado o mesmo critério de se contar apenas os homens de vinte anos para cima. Para fins comparativos, estamos apresentando na tabela a seguir, os totais da primeira contagem feita no Sinai e a segunda nas planícies de Moabe:


TRIBO
CONTAGEM NO SINAI
CONTAGEM EM MOABE
Rúben
46.500
43.730
Simeão
59.300
22.200
Gade
45.650
40.500
Judá
74.600
76.500
Issacar
54.400
64.300
Zebulom
57.400
60.500
Efraim
40.500
32.700
Manassés
32.200
52.700
Benjamim
35.400
45.600

62.700
64.400
Aser
45.500
53.400
Naftali
53.400
45.400
Total
603.550
601.730

Examinando a tabela nós verificamos que houve um aumento populacional nas tribos de Judá, Issacar, Zebulom, Manassés, Benjamim, Dã e Aser, sendo o maior aumento verificado na tribo de Manassés, de 32.200 para 52.700.
E houve uma diminuição nas tribos de Rúben, Simeão, Gade, Efraim e Naftali, sendo que a maior redução ocorreu na tribo de Simeão, de 59.300 para 22.200, que provavelmente foi a que mais perdeu pessoas em razão da praga de Peor, que ceifou 24.000 vidas, e vale lembrar que o príncipe que foi morto por Fineias juntamente com a mulher midianita que estava com ele, pertencia à tribo de Simeão, e que esta segunda contagem foi realizada pouco tempo depois da referida praga.
No total geral houve uma redução de 1.820 pessoas nas tribos de Israel (v. 1).
Na contagem da tribo de Rúben são citados Datã e Abirão, que eram daquela tribo.
Eles haviam morrido bem antes, mas são citados para que ficasse em memória a rebelião que eles haviam levantado em Israel (v. 9-11).
Deus ordenou esta contagem para que estabelecesse o critério da distribuição da herança em Canaã.
Os mais numerosos receberiam uma herança maior, e a distribuição da terra seria feita por sortes (v. 53-56).
Com isto a fidelidade de não ter sido dizimado por pragas em razão do pecado, e a bênção da fertilidade concedida aos que guardavam os mandamentos, seria agora recompensada com uma porção maior de terra para as tribos que tiveram maior fidelidade a Deus.
Como a tribo de Levi não teria nenhuma herança em Canaã, foi contada à parte, e havia aumentado o seu número em 1.000 pessoas, em relação à contagem anterior.
A conclusão deste capítulo destaca que nenhum daqueles homens que haviam infamado a terra, e que haviam se recusado a lutar em Canaã, havia sobrevivido àqueles anos de caminhada no deserto, exceto Josué e Calebe, que haviam sido mantidos em vida pelo Senhor, para tomarem posse da terra, conforme o Senhor lhes havia prometido (v.64,65).



“1 Depois daquela praga disse o Senhor a Moisés e a Eleazar, filho do sacerdote Arão:
2 Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, da idade de vinte anos para cima, segundo as casas e seus pais, todos os que em Israel podem sair à guerra.
3 Falaram-lhes, pois, Moisés e Eleazar o sacerdote, nas planícies de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó, dizendo:
4 Contai o povo da idade de vinte anos para cima; como o Senhor ordenara a Moisés e aos filhos de Israel que saíram da terra do Egito.
5 Rúben, o primogênito de Israel; os filhos de Rúben: de Hanoque, a família dos hanoquitas; de Palu, a família dos paluítas;
6 de Hezrom, a família dos hezronitas; de Carmi, a família dos carmitas.
7 Estas são as famílias dos rubenitas; os que foram deles contados eram quarenta e três mil setecentos e trinta.
8 E o filho de Palu: Eliabe.
9 Os filhos de Eliabe: Nemuel, Dato e Abirão. Estes são aqueles Datã e Abirão que foram chamados da congregação, os quais contenderam contra Moisés e contra Arão na companhia de Corá, quando contenderam contra o Senhor,
10 e a terra abriu a boca, e os tragou juntamente com Corá, quando pereceu aquela companhia; quando o fogo devorou duzentos e cinquenta homens, os quais serviram de advertência.
11 Todavia os filhos de Corá não morreram.
12 Os filhos de Simeão, segundo as suas famílias: de Nemuel, a família dos nemuelitas; de Jamim, a família dos jaminitas; de Jaquim, a família dos jaquinitas;
13 de Zerá, a família dos zeraítas; de Saul, a família dos saulitas.
14 Estas são as famílias dos simeonitas, vinte e dois mil e duzentos.
15 Os filhos de Gade, segundo as suas famílias: de Zefom, a família dos zefonitas; de Hagui, a família dos haguitas; de Suni, a família dos sunitas;
16 de Ozni, a família dos oznitas; de Eri, a família dos eritas;
17 de Arode, a família dos aroditas; de Areli, a família dos arelitas.
18 Estas são as famílias dos filhos de Gade, segundo os que foram deles contados, quarenta mil e quinhentos.
19 Os filhos de Judá: Er e Onã; mas Er e Onã morreram na terra de Canaã.
20 Assim os filhos de Judá, segundo as suas famílias, eram: de Selá, a família dos selanitas; de Pérez, a família dos perezitas; de Zerá, a família dos zeraítas.
21 E os filhos de Pérez eram: de Hezrom, a família dos hezronitas; de Hamul, a família dos hamulitas.
22 Estas são as famílias de Judá, segundo os que foram deles contados, setenta e seis mil e quinhentos.
23 Os filhos de Issacar, segundo as suas famílias: de Tola, a família dos tolaítas; de Puva, a família dos puvitas;
24 de Jasube, a família dos jasubitas; de Sinrom, a família dos sinronitas.
25 Estas são as famílias de Issacar, segundo os que foram deles contados, sessenta e quatro mil e trezentos:
26 Os filhos de Zebulom, segundo as suas famílias: de Serede, a família dos sereditas; de Elom, a família dos elonitas; de Jaleel, a família dos jaleelitas.
27 Estas são as famílias dos zebulonitas, segundo os que foram deles contados, sessenta mil e quinhentos.
28 Os filhos de José, segundo as suas famílias: Manassés e Efraim.
29 Os filhos de Manassés: de Maquir, a família dos maquiritas; e Maquir gerou a Gileade; de Gileade, a família dos gileaditas.
30 Estes são os filhos de Gileade: de Iezer, a família dos iezritas; de Heleque, a família dos helequitas;
31 de Asriel, a família dos asrielitas; de Siquém, a família dos siquemitas;
32 e de Semida, a família dos semidaítas; e de Hefer, a família dos heferitas.
33 Ora, Zelofeade, filho de Hefer, não tinha filhos, senão filhas; e as filhas de Zelofeade chamavam-se Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
34 Estas são as famílias de Manassés; os que foram deles contados, eram cinquenta e dois mil e setecentos.
35 Estes são os filhos de Efraim, segundo as suas famílias: de Sutela, a família dos sutelaítas; de Bequer, a família dos bequeritas; de Taã, a família dos taanitas.
36 E estes são os filhos de Sutela: de Erã, a família dos eranitas.
37 Estas são as famílias dos filhos de Efraim, segundo os que foram deles contados, trinta e dois mil e quinhentos. Estes são os filhos de José, segundo as suas famílias.
38 Os filhos de Benjamim, segundo as suas famílias: de Belá, a família dos belaítas; de Asbel, a família dos asbelitas; de Airão, a família dos airamitas;
39 de Sefufã, a família dos sufamitas; de Hufão, a família dos hufamitas.
40 E os filhos de Belá eram Arde e Naamã: de Arde a família dos arditas; de Naamã, a família dos naamitas.
41 Estes são os filhos de Benjamim, segundo as suas famílias; os que foram deles contados, eram quarenta e cinco mil e seiscentos.
42 Estes são os filhos de Dã, segundo as suas famílias: de Suão a família dos suamitas. Estas são as famílias de Dã, segundo as suas famílias.
43 Todas as famílias dos suamitas, segundo os que foram deles contados, eram sessenta e quatro mil e quatrocentos.
44 Os filhos de Aser, segundo as suas famílias: de Imná, a família dos imnitas; de Isvi, a família dos isvitas; de Berias, a família dos beritas.
45 Dos filhos de Berias: de Heber, a família dos heberitas; de Malquiel, a família dos malquielitas.
46 E a filha de Aser chamava-se Sera.
47 Estas são as famílias dos filhos de Aser, segundo os que foram deles contados, cinquenta e três mil e quatrocentos.
48 Os filhos de Naftali, segundo as suas famílias: de Jazeel, a família dos jazeelitas; de Guni, a família dos gunitas;
49 de Jezer, a família dos jezeritas; de Silém, a família dos silemitas.
50 Estas são as famílias de Naftali, segundo as suas famílias; os que foram deles contados, eram quarenta e cinco mil e quatrocentos.
51 Estes são os que foram contados dos filhos de Israel, seiscentos e um mil setecentos e trinta.
52 Disse mais o senhor a Moisés:
53 A estes se repartirá a terra em herança segundo o número dos nomes.
54 À tribo de muitos darás herança maior, e à de poucos darás herança menor; a cada qual se dará a sua herança segundo os que foram deles contados.
55 Todavia a terra se repartirá por sortes; segundo os nomes das tribos de seus pais a herdarão.
56 Segundo sair a sorte, se repartirá a herança deles entre as tribos de muitos e as de poucos.
57 Também estes são os que foram contados dos levitas, segundo as suas famílias: de Gérson, a família dos gersonitas; de Coate, a família dos coatitas; de Merári, a família os meraritas.
58 Estas são as famílias de Levi: a família dos libnitas, a família dos hebronitas, a família dos malitas, a família dos musitas, a família dos coraítas. Ora, Coate gerou a Anrão.
59 E a mulher de Anrão chamava-se Joquebede, filha de Levi, a qual nasceu a Levi no Egito; e de Anrão ela teve Arão e Moisés, e Miriã, irmã deles.
60 E a Arão nasceram Nadabe e Abiú, Eleazar e Itamar.
61 Mas Nadabe e Abiú morreram quando ofereceram fogo estranho perante o Senhor.
62 E os que foram deles contados eram vinte e três mil, todos os homens da idade de um mês para cima; porque não foram contados entre os filhos de Israel, porquanto não lhes foi dada herança entre os filhos de Israel.
63 Esses são os que foram contados por Moisés e Eleazar, o sacerdote, que contaram os filhos de Israel nas planícies de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó.
64 Entre esses, porém, não se achava nenhum daqueles que tinham sido contados por Moisés e Arão, o sacerdote, quando contaram os filhos de Israel no deserto de Sinai.


65 Porque o senhor dissera deles: Certamente morrerão no deserto; pelo que nenhum deles ficou, senão Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.” (Nm 26.1-65)


Números 27

Predição da Morte de Moisés

A menção às filhas de Zelofeade, um dos cabeças da tribo de Manasses, foi feita no capítulo anterior (Números 26.33), na contagem dos israelitas, porque configurava uma situação particular para a distribuição da herança que seria feita em Canaã, e que é considerada e tratada neste capítulo 27º capitulo de Números, tendo dado ocasião ao estabelecimento da parte do Senhor, para definição de herança, nos casos de alguém não ter tido filhos do sexo masculino.
Como era este o caso de Zelofeade, suas filhas receberiam herança em Canaã, porque a lei estabelecida pelo Senhor foi a seguinte: Se alguém morresse não deixando filho do sexo masculino, a sua herança passaria às filhas; e se não tivesse nem filho nem filha, os herdeiros seriam seus irmãos; e caso não tivesse irmão, os herdeiros seriam seus tios paternos; e se ainda não tivesse tios, o herdeiro seria o parente mais próximo de sua família (v. 8-11).
Caso esta lei não fosse criada as filhas de Zelofeade, cujo pai já havia morrido, teriam ficado sem herança, bem como todos os que se encontravam na mesma condição delas, porque somente os homens de vinte anos para cima foram contados para efeito de distribuição de herança na terra de Canaã.
Nos versos 12 a 23 nós vemos Deus ordenando a Moisés que subisse ao monte Abarim, a cadeia de montanhas onde ficava o monte Nebo, para contemplar dali a terra de Canaã, que estava do outro lado do rio Jordão, e que depois que Ele visse a terra ele seria recolhido ao seu povo, assim como fora Arão.
A morte dos servos de Deus não é para aniquilamento, destruição, mas para serem reunidos a seus irmãos na fé e a todos os seres celestiais que habitam no céu.
Mais uma vez é citado pelo Senhor o motivo porque tanto ele quanto Arão haviam sido impedidos de entrarem em Canaã: a contenda das águas de Meribá, de Cades, em que Moisés e Arão foram rebeldes à palavra do Senhor, não lhe tendo santificado diante dos filhos de Israel (v. 12-14).
Deus é o Pastor de Israel, e o pastor cuida das suas ovelhas e lhes dá de beber quando têm sede, e especialmente Moisés deixou de manifestar este caráter de Deus ao Seu povo naquela ocasião em Meribá, e é muito interessante observar que ele agora manifesta este caráter pastoral em relação ao povo, mesmo sabendo que não entraria com eles em Canaã, pois morreria segundo o modo que Deus lhe havia revelado como passaria à glória celestial.
Então ele roga ao Senhor que colocasse um homem sobre a congregação para que não fossem como ovelhas que não têm pastor (v.17).
Deus lhe ordenou então que tomasse a Josué, em quem havia o Espírito Santo, e lhe impusesse a mão, e o apresentasse ao sumo sacerdote Eleazar, e que diante de todo Israel lhe passasse a comissão de ser o seu sucessor (20-23).
“Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou. Porque ele é o nosso Deus, e nós povo do seu pasto e ovelhas que ele conduz. Oxalá que hoje ouvísseis a sua voz: Não endureçais o vosso coração como em Meribá, como no dia de Massá no deserto, quando vossos pais me tentaram, me provaram e viram a minha obra.” (Sl 95.6-9).
Neste Salmo se vê claramente que apesar do endurecimento dos israelitas em Meribá e Massá, Deus é o Pastor de Israel, e o Seu povo são as ovelhas do seu pasto que ele conduz.
Foi este cuidado e bondade de Deus que Moisés deixou de demonstrar ao povo em Meribá, e falhou como líder que estava encarregado de lhes revelar a bondade, a graça, o amor de Deus pelo seu povo, naquela ocasião, e isto lhe custou ter sido impedido de entrar em Canaã, para que ficasse marcado para os israelitas em todas as suas gerações que é o Senhor o Pastor de Israel, que conduz o Seu povo e lhe faz entrar na posse da herança que lhe está reservada, e não Moisés ou qualquer outro líder terreno, porque até mesmo estes são servos na casa de Deus, e também dependentes do Seu cuidado pastoral, favor e graça.



“1 Então vieram as filhas de Zelofeade, filho de Hefer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, das famílias de Manassés, filho de José; e os nomes delas são estes: Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza;
2 apresentaram-se diante de Moisés, e de Eleazar, o sacerdote, e diante dos príncipes e de toda a congregação à porta da tenda da revelação, dizendo:
3 Nosso pai morreu no deserto, e não se achou na companhia daqueles que se ajuntaram contra o Senhor, isto é, na companhia de Corá; porém morreu no seu próprio pecado, e não teve filhos.
4 Por que se tiraria o nome de nosso pai dentre a sua família, por não ter tido um filho? Dai-nos possessão entre os irmãos de nosso pai.
5 Moisés, pois, levou a causa delas perante o Senhor.
6 Então disse o Senhor a Moisés:
7 O que as filhas de Zelofeade falam é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; a herança de seu pai farás passar a elas.
8 E dirás aos filhos de Israel: Se morrer um homem, e não tiver filho, fareis passar a sua herança à sua filha.
9 E, se não tiver filha, dareis a sua herança a seus irmãos.
10 Mas, se não tiver irmãos, dareis a sua herança aos irmãos de seu pai.
11 Se também seu pai não tiver irmãos, então dareis a sua herança a seu parente mais chegado dentre a sua família, para que a possua; isto será para os filhos de Israel estatuto de direito, como o Senhor ordenou a Moisés.
12 Depois disse o Senhor a Moisés: sobe a este monte de Abarim, e vê a terra que tenho dado aos filhos de Israel.
13 E, tendo-a visto, serás tu também recolhido ao teu povo, assim como o foi teu irmão Arão;
14 porquanto no deserto de Zim, na contenda da congregação, fostes rebeldes à minha palavra, não me santificando diante dos seus olhos, no tocante às águas (estas são as águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim).
15 Respondeu Moisés ao Senhor:
16 Que o senhor, Deus dos espíritos de toda a carne, ponha um homem sobre a congregação,
17 o qual saia diante deles e entre diante deles, e os faça sair e os faça entrar; para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor.
18 Então disse o Senhor a Moisés: Toma a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe a mão;
19 e apresenta-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação, e dá-lhe a comissão à vista deles;
20 e sobre ele porás da tua glória, para que lhe obedeça toda a congregação dos filhos de Israel.
21 Ele, pois, se apresentará perante Eleazar, o sacerdote, o qual por ele inquirirá segundo o juízo do Urim, perante o Senhor; segundo a ordem de Eleazar sairão, e segundo a ordem de Eleazar entrarão, ele e todos os filhos de Israel, isto é, toda a congregação.
22 Então Moisés fez como o Senhor lhe ordenara: tomou a Josué, apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação,
23 impôs-lhe as mãos, e lhe deu a comissão; como o Senhor falara por intermédio de Moisés.” (Nm 27.1-23).



Números 28

Ofertas Contínuas

Israel, para Deus, era de fato um povo separado das demais nações, e este capítulo 28º de Números o comprova de forma muito clara, pois em vez de serem descritas as operações de guerra para a tomada de Canaã, o Senhor relembra o dever dos israelitas relativo ao cumprimento dos seus mandamentos, especialmente no tocante às ofertas e sacrifícios, que deveriam ser apresentados regularmente no tabernáculo e a observância das festas fixas com propósitos religiosos, que haviam sido determinadas por Ele.
Enquanto vagavam no deserto todas as tribos estavam unidas, e o tabernáculo estava entre elas.
Mas quando eles conquistassem Canaã, cada tribo ocuparia o seu respectivo território, e o tabernáculo estaria numa das tribos, no lugar que fosse designado pelo Senhor, e todas elas teriam a obrigação para com Ele de cumprirem especialmente as prescrições previstas para os dias festivos, quando deveriam se deslocar para o lugar de adoração.    
Além disso, se infere das palavras de Amós 5.25-27 que as prescrições relativas aos sacrifícios e às festas não foram regularmente observados pelos israelitas naqueles quarenta anos de peregrinação no deserto:
“Oferecestes-me vós sacrifícios e oblações no deserto por quarenta anos, ó casa de Israel? Sim, levastes Sicute, vosso rei, e Quium, vosso deus-estrela, imagens que fizestes para vos mesmos. Portanto vos levarei cativos para além de Damasco, diz o Senhor, cujo nome é o Deus dos Exércitos.” (Am 5.25-27).

Estevão se referiu a esta passagem do profeta Amós em At 7.42,43:
”Mas Deus se afastou, e os abandonou ao culto das hostes do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios por quarenta anos no deserto, ó casa de Israel? Antes carregastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que vós fizestes para adorá-las. Desterrar-vos-ei pois, para além da Babilônia.”
Não podemos esquecer que durante anos aquela geração incrédula e insatisfeita, que foi mantida sob o juízo de morrer no deserto, ainda marchava nas fileiras de Israel, e não seria de se esperar uma completa fidelidade deles à vontade de Deus.
Mas agora que uma nova geração de israelitas começaria a conquistar Canaã, eles são lembrados por Deus da obrigação que tinham para com Ele de guardarem os seus mandamentos.
“Fez sair com alegria o seu povo, e com cânticos de júbilo os seus escolhidos. Deu-lhes as terras das nações, e eles herdaram o fruto do trabalho dos povos, para que guardassem os seus preceitos, e observassem as suas leis. Louvai ao Senhor.” (Sl 105.43-45)
Há também neste capítulo uma repetição das leis relativas aos holocaustos, sendo que aqui é acrescentado que deveria haver também uma libação (derramamento) de bebida forte ou de vinho sobre os mesmos.
Este vinho que foi acrescentado ao sacrifício foi introduzido para servir de figura do sangue que seria derramado por Cristo, porque foi determinado por Deus, na sua presciência, que o sangue de Jesus deveria ser tipificado pelo vinho no memorial que Ele estabeleceria para ser guardado pela Sua igreja.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Ordena aos filhos de Israel, e dize-lhes: A minha oferta, o alimento para as minhas ofertas queimadas, de cheiro suave para mim, tereis cuidado para ma oferecer aos seus tempos determinados.
3 Também lhes dirás: Esta é a oferta queimada que oferecereis ao Senhor: dois cordeiros de um ano, sem defeito, cada dia, em contínuo holocausto.
4 Um cordeiro oferecerás pela manhã, e o outro à tardinha,
5 juntamente com a décima parte de uma efa de flor de farinha em oferta de cereais, misturada com a quarta parte de um him de azeite batido.
6 Este é o holocausto contínuo, instituído no monte Sinai, em cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.
7 A oferta de libação do mesmo será a quarta parte de um him para um cordeiro; no lugar santo oferecerás a libação de bebida forte ao Senhor.
8 E o outro cordeiro, oferecê-lo-ás à tardinha; com as ofertas de cereais e de libação, como o da manhã, o oferecerás, oferta queimada de cheiro suave ao Senhor.
9 No dia de sábado oferecerás dois cordeiros de um ano, sem defeito, e dois décimos de efa de flor de farinha, misturada com azeite, em oferta de cereais, com a sua oferta de libação;
10 é o holocausto de todos os sábados, além do holocausto contínuo e a sua oferta de libação.
11 Nos princípios dos vossos meses oferecereis em holocausto ao Senhor: dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano, sem defeito;
12 e três décimos de efa de flor de farinha, misturada com azeite, em oferta de cereais, para cada novilho; e dois décimos de efa de flor de farinha, misturada com azeite, em oferta de cereais, para o carneiro;
13 e um décimo de efa de flor de farinha, misturada com azeite, em oferta de cereais, para cada cordeiro; é holocausto de cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.
14 As ofertas de libação do mesmo serão a metade de um him de vinho para um novilho, e a terça parte de um him para um carneiro, e a quarta parte de um him para um cordeiro; este é o holocausto de cada mês, por todos os meses do ano.
15 Também oferecerás ao Senhor um bode como oferta pelo pecado; oferecer-se-á esse além do holocausto contínuo, com a sua oferta de libação.
16 No primeiro mês, aos catorze dias do mês, é a páscoa do Senhor.
17 E aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; por sete dias se comerão pães ázimos.
18 No primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis;
19 mas oferecereis oferta queimada em holocausto ao Senhor: dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos eles sem defeito;
20 e a sua oferta de cereais, de flor de farinha misturada com azeite; oferecereis três décimos de efa para cada novilho, dois décimos para o carneiro,
21 e um décimo para cada um dos sete cordeiros;
22 e em oferta pelo pecado oferecereis um bode, para fazer expiação por vos.
23 Essas coisas oferecereis, além do holocausto da manhã, o qual é o holocausto contínuo.
24 Assim, cada dia oferecereis, por sete dias, o alimento da oferta queimada em cheiro suave ao Senhor; oferecer-se-á além do holocausto contínuo com a sua oferta de libação;
25 e no sétimo dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.
26 Semelhantemente tereis santa convocação no dia das primícias, quando fizerdes ao Senhor oferta nova de cereais na vossa festa de semanas; nenhum trabalho servil fareis.
27 Então oferecereis um holocausto em cheiro suave ao Senhor: dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano;
28 e a sua oferta de cereais, de flor de farinha misturada com azeite, três décimos de efa para cada novilho, dois décimos para o carneiro,
29 e um décimo para cada um dos sete cordeiros;
30 e um bode para fazer expiação por vós.


31 Além do holocausto contínuo e a sua oferta de cereais, os oferecereis, com as suas ofertas de libação; eles serão sem defeito.” (Nm 28.1-31).


Números 29

Ofertas nas Festas Solenes

Como no caso do capítulo anterior estas leis constantes do 29º capítulo de Números, relativas ao dia das trombetas (primeiro do sétimo mês), ao dia da expiação nacional (décimo dia do mesmo mês), e à festa dos tabernáculos, que ocorria nos sete dias imediatamente subsequentes ao dia da expiação nacional, tinham o propósito de relembrar o povo sobre os mandamentos que deveriam ser cumpridos, especialmente quando entrassem em Canaã, e a ordenança é aqui repetida, porque eles estavam prestes a fazê-lo depois de terem peregrinado trinta e oito anos no deserto, desde o juízo dado sobre a incredulidade de Cades.
Como acréscimo à lei já existente para definir os procedimentos nestas ocasiões, são citados os sacrifícios que deveriam ser feitos em cada um dos dias da festa dos tabernáculos.


“1 No sétimo mês, no primeiro dia do mês, tereis uma santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; será para vós dia de sonido de trombetas.
2 Oferecereis um holocausto em cheiro suave ao Senhor: um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos sem defeito;
3 e a sua oferta de cereais, de flor de farinha misturada com azeite, três décimos de efa para o novilho, dois décimos para o carneiro,
4 e um décimo para cada um dos sete cordeiros;
5 e um bode para oferta pelo pecado, para fazer expiação por vós;
6 além do holocausto do mês e a sua oferta de cereais, e do holocausto contínuo e a sua oferta de cereais, com as suas ofertas de libação, segundo a ordenança, em cheiro suave, oferta queimada ao Senhor.
7 Também no dia dez deste sétimo mês tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; nenhum trabalho fareis;
8 mas oferecereis um holocausto, em cheiro suave ao Senhor: um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos eles sem defeito;
9 e a sua oferta de cereais, de flor de farinha misturada com azeite, três décimos de efa para o novilho, dois décimos para o carneiro,
10 e um décimo para cada um dos sete cordeiros;
11 e um bode para oferta pelo pecado, além da oferta pelo pecado, com a qual se faz expiação, e do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e as suas ofertas de libação.
12 Semelhantemente, aos quinze dias deste sétimo mês tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; mas por sete dias celebrareis festa ao Senhor.
13 Oferecereis um holocausto em oferta queimada, de cheiro suave ao Senhor: treze novilhos, dois carneiros e catorze cordeiros de um ano, todos eles sem defeito;
14 e a sua oferta de cereais, de flor de farinha misturada com azeite, três décimos de efa para cada um dos treze novilhos, dois décimos para cada um dos dois carneiros,
15 e um décimo para cada um dos catorze cordeiros;
16 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
17 No segundo dia, doze novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;
18 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
19 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e as suas ofertas de libação:
20 No terceiro dia, onze novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;
21 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
22 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
23 No quarto dia, dez novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;
24 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
25 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
26 No quinto dia, nove novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;
27 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
28 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
29 No sexto dia, oito novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;
30 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
31 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
32 No sétimo dia, sete novilhos, dois carneiros, catorze cordeiros de um ano, sem defeito;
33 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para os novilhos, para os carneiros e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
34 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
35 No oitavo dia tereis assembleia solene; nenhum trabalho servil fareis;
36 mas oferecereis um holocausto em oferta queimada de cheiro suave ao Senhor: um novilho, um carneiro, sete cordeiros de um ano, sem defeito;
37 e a sua oferta de cereais, e as suas ofertas de libação para o novilho, para o carneiro e para os cordeiros, conforme o seu número, segundo a ordenança;
38 e um bode para oferta pelo pecado, além do holocausto contínuo com a sua oferta de cereais e a sua oferta de libação.
39 Oferecereis essas coisas ao Senhor nas vossas festas fixas, além dos vossos votos, e das vossas ofertas voluntárias, tanto para os vossos holocaustos, como para as vossas ofertas de cereais, as vossas ofertas de libações e os vossos sacrifícios de ofertas pacíficas.
40 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel, conforme tudo o que o Senhor lhe ordenara.” (Nm 29.1-40).


Números 30

Sobre Cumprimento de Votos

Este capítulo 30º de Números revela o caráter obrigatório do cumprimento dos votos feitos ao Senhor, e define as exceções em que estes votos poderiam ser cancelados; sendo o consequente descumprimento perdoado por Deus:
- Voto feito por uma mulher que ainda vivesse às expensas de seu pai, que fosse anulado pelo mesmo.
- Voto feito por mulher que se casou com um voto em andamento, e que foi anulado pelo marido quando este chegou ao seu conhecimento.
- Voto de mulher casada que fosse anulado pelo marido.
Nestes casos, o silêncio ou aprovação do pai ou do marido, em relação ao voto feito pela filha ou esposa, respectivamente, confirmaria a validação do voto, e este teria que ser cumprido pela mulher que o fizera.
As viúvas e repudiadas, que tivessem retornado à casa de seus pais, poderiam votar livremente sem que alguém pudesse cancelar os seus votos.
O castigo de Ananias e Safira foi decorrente da quebra de um voto feito a Deus numa oferta que foi inspirada pelo Espírito Santo.
Como o voto é voluntário estava no poder deles não fazerem o voto na presença de Deus, e dos apóstolos, e assim não teriam sofrido qualquer castigo (At 5.4), conforme lhes fora dito pelo apóstolo.
Em Ec 5.4-6 nós lemos o seguinte:
“Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. O que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não pagares.  Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas na presença do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos?”
A Palavra ensina que ainda que o voto tenha sido feito como dito irrefletido dos lábios, Deus o levará a sério e requererá o seu cumprimento.
Por este princípio o Senhor nos ensina a sermos responsáveis perante Ele, e a não sermos descuidados quando nos dirigimos a Ele.
Em outras palavras: com Deus não se brinca e não se deve brincar.
Aprendemos também desta lei relativa aos votos que para Deus uma filha na casa de seu pai está efetivamente submissa à vontade dele, assim como uma mulher em relação ao seu marido, pois, não se cogita, dito pela própria boca de Deus; se seriam acertadas ou não as razões do pai ou do marido para cancelar os votos de sua filha ou esposa, respectivamente.
O Senhor valida e reconhece o governo do pai sobre a filha, e do marido sobre a esposa, conforme Ele mesmo o estabeleceu.
A lei dos votos não ensina que estes deveriam ser expressamente aprovados pelo pai ou pelo marido para que pudessem ser feitos, mas que em não havendo uma concordância expressa da parte deles, depois de terem tomado conhecimento do mesmo, este voto fica automaticamente cancelado diante de Deus, e a pessoa que o fez estaria desobrigada quanto ao seu cumprimento.



“1 Depois disse Moisés aos cabeças das tribos dos filhos de Israel: Isto é o que o Senhor ordenou:
2 Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou jurar, ligando-se com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo o que sair da sua boca fará.
3 Também quando uma mulher, na sua mocidade, estando ainda na casa de seu pai, fizer voto ao Senhor, e com obrigação se ligar,
4 e seu pai souber do seu voto e da obrigação com que se ligou, e se calar para com ela, então todos os seus votos serão válidos, e toda a obrigação com que se ligou será válida.
5 Mas se seu pai lho vedar no dia em que o souber, todos os seus votos e as suas obrigações, com que se tiver ligado, deixarão de ser válidos; e o Senhor lhe perdoará, porquanto seu pai lhos vedou.
6 Se ela se casar enquanto ainda estiverem sobre ela os seus votos ou o dito irrefletido dos seus lábios, com que se tiver obrigado,
7 e seu marido o souber e se calar para com ela no dia em que o souber, os votos dela serão válidos; e as obrigações com que se ligou serão válidas.
8 Mas se seu marido lho vedar no dia em que o souber, anulará o voto que estiver sobre ela, como também o dito irrefletido dos seus lábios, com que se tiver obrigado; e o senhor lhe perdoará.
9 No tocante ao voto de uma viúva ou de uma repudiada, tudo com que se obrigar ser-lhe-á válido.
10 Se ela, porém, fez voto na casa de seu marido, ou se obrigou com juramento,
11 e seu marido o soube e se calou para com ela, não lho vedando, todos os seus votos serão válidos; e toda a obrigação com que se ligou será válida.
12 Se, porém, seu marido de todo lhos anulou no dia em que os soube, deixará de ser válido tudo quanto saiu dos lábios dela, quer no tocante aos seus votos, quer no tocante àquilo a que se obrigou; seu marido lhos anulou; e o senhor lhe perdoará.
13 Todo voto, e todo juramento de obrigação, que ela tiver feito para afligir a alma, seu marido pode confirmá-lo, ou pode anulá-lo.
14 Se, porém, seu marido, de dia em dia, se calar inteiramente para com ela, confirma todos os votos e todas as obrigações que estiverem sobre ela; ele lhos confirmou, porquanto se calou para com ela no dia em que os soube.
15 Mas se de todo lhos anular depois de os ter sabido, ele levará sobre si a iniquidade dela.


16 Esses são os estatutos que o Senhor ordenou a Moisés, entre o marido e sua mulher, entre o pai e sua filha, na sua mocidade, em casa de seu pai.” (Nm 30.1-16).


Números 31

Juízo sobre os Midianitas

Por ordem do Senhor dos Exércitos foram enviados 12.000 homens de Israel, 1.000 de cada tribo, para guerrear contra os midianitas.
Este número de guerreiros era apenas a metade do número de israelitas que havia morrido (24.000), por causa da estratégia tencionada dos midianitas, pelo conselho de Balaão, para conduzi-los à ruína, pela prostituição com as mulheres de Midiã.
Agora era ordenado por Deus que a morte daqueles 24.000 israelitas fosse vingada com o extermínio de todos os midianitas, exceto as crianças do sexo feminino e as moças virgens.
O território dos midianitas não havia sido projetado para ser possessão de Israel, e eles nada teriam sofrido se não tivessem se confederado com os moabitas, para amaldiçoar os israelitas, e acabaram sendo eles o instrumento usado pelo diabo, para conduzir o povo de Deus à idolatria, seguindo o conselho de Balaão, que era do meio deles.
Isto nos ensina que para Deus os seus piores inimigos são aqueles que induzem o Seu povo a pecar. O caso dos midianitas bem ilustra esta verdade com o juízo que foi determinado sobre eles.
Muitos se esquecem que estão debaixo do poder de Deus, tanto o enganado quanto o enganador.
Ele não deixará de exercer os Seus Juízos sobre aqueles que usam de engano, se valendo da estratégia usada pelo diabo desde o princípio com Eva.
E sabemos que Satanás é o pai do engano e da mentira.
Se o juízo começa pela própria casa de Deus, como se deu com os israelitas, no entanto, o julgamento não terminará lá.
Há um dia em que a vingança será despejada da parte do Senhor sobre todos os que introduziram erros e corrupções na igreja, com o fim de enganar e induzir os cristãos à prática do pecado, e à consequente quebra de comunhão com o Seu Deus.
Tanto o diabo quanto os homens enganosos serão lançados no lago de fogo e enxofre.
A vingança sobre Amaleque foi adiada para o futuro longínquo, nos dias do rei Saul, mas a vingança sobre Midiã foi imediata, porque constituam um inimigo muito mais perigoso para a sobrevivência de Israel.
É bem provável que o risco de uma nova tentação bem sucedida pairava no ar, tanto que depois de terem exterminado os homens midianitas, os israelitas haviam poupado todas as mulheres, transgredindo o mandado de Deus, que havia decidido poupar somente as moças virgens e as crianças do sexo feminino.
As mulheres que não eram virgens estavam acostumadas às terríveis práticas abomináveis associadas à prostituição cultual exigida no culto a Baal, e aquilo exercia um forte fascínio e atração à lascívia, e qualquer aproximação delas era uma garantia quase certa de se ceder às luxúrias da carne.
Naquelas condições e pelo que já havia ocorrido anteriormente, não havia outra alternativa senão a de pôr um fim não somente aos ídolos, como também às promotoras da sua adoração sensual.
Israel queimou todas as cidades dos midianitas, mataram seus cinco reis e juntamente com eles ao próprio Balaão, e tomaram um grande despojo em bens.
Foi determinado que os israelitas fossem purificados em conformidade com o cerimonial da lei, com a água purificadora preparada com as cinzas da novilha vermelha a que já nos referimos no comentário relativo ao capítulo 19.
Eles haviam mergulhado as suas mãos em sangue e tiveram contato com os cadáveres daqueles que haviam sido mortos por eles, entretanto não tinham contraído culpa moral, porque a guerra tinha caráter legal e foi determinada pelo próprio Deus, contudo estavam debaixo de uma impureza cerimonial prevista na lei, e não poderiam se aproximar do tabernáculo sem serem purificados.
Os próprios bens que tinham tomado como despojo do inimigo deveriam também receber a mesma purificação cerimonial, para serem admitidos no acampamento de Israel, sendo que os objetos que pudessem resistir ao fogo deveriam ser purificados com o mesmo, e os que não pudessem resistir ao fogo deveriam ser lavados com água.
Hoje, na Nova Aliança todas as coisas são purificadas pela Palavra e pela oração.
O Senhor mesmo estabeleceu o critério para a divisão do despojo: metade para os que foram à guerra, que tinham exposto as suas vidas, e metade para o restante da congregação.
Sendo que do despojo que caberia aos homens de guerra, um em cada quinhentos dos bens do referido despojo deveria ser separado como oferta para Deus, e deveriam ser entregues aos sacerdotes.
Um em cada cinquenta da metade do despojo que caberia à congregação, deveria ser dado aos levitas.
Nós vemos neste critério de repartição feito pelo Senhor, que Ele recompensa os nossos esforços com equidade e justiça, pois o maior tributo foi cobrado da parte da congregação e não dos homens de guerra, que  haviam exposto as suas vidas.
A salvação em Jesus é a mesma para todos, e é unicamente pela graça, mas o galardão é correspondente ao grau da fidelidade, dos serviços e esforços de cada um dos servos de Deus.
A distinção que se observa entre os servos de Deus, em que uns sejam mais abençoados do que outros, está relacionada proporcionalmente ao grau de compromisso com o Senhor.
A salvação é a mesma para todos, especialmente no que tange à justificação e regeneração, mas as honras e bênçãos do Senhor são maiores em conformidade com o grau de obediência e de fidelidade à Sua vontade.
“Mas digo isto: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e aquele que semeia em abundância, em abundância também ceifará,” (II Cor 9.6).
“Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade eu tinha dito que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente. Mas agora o Senhor diz: Longe de mim tal coisa, porque honrarei aos que me honram, mas os que me desprezam serão desprezados” (I Sm 2.30).    
“Ora, uma só coisa é o que planta e o que rega; e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.” (I Cor 3.8).
“Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.” (I Cor 3.14).
A luta dos israelitas contra o pecado lhes trouxe grande recompensa porque o espólio que foi  tomado ao inimigo foi muito grande, como se pode ver neste capítulo, especialmente na contagem de milhares de animais que foram acrescentados aos rebanhos dos israelitas.
Nisto há uma figura de que o cristão só tem a ganhar nas vitórias sobre o pecado, se empenhando na luta espiritual, para que não seja submetido às investidas dos poderes das trevas, da carne e do mundo, pois o Senhor recompensará o seu esforço com bênçãos.
Balaque havia buscado o mal de Israel, gratuitamente, por temor de perder os seus bens, e acabou perdendo não somente os bens do seu povo, como também as suas próprias vidas.



“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois serás recolhido ao teu povo.
3 Falou, pois, Moisés ao povo, dizendo: Armai homens dentre vós para a guerra, a fim de que saiam contra Midiã, para executarem a vingança do Senhor sobre Midiã.
4 Enviareis à guerra mil de cada tribo entre todas as tribos de Israel.
5 Assim foram entregues dos milhares de Israel, mil de cada tribo, doze mil armados para a peleja.
6 E Moisés mandou à guerra esses mil de cada tribo, e com eles Fineias, filho de Eleazar, o sacerdote, o qual levava na mão os vasos do santuário e as trombetas para tocarem o alarme.
7 E pelejaram contra Midiã, como o senhor ordenara a Moisés; e mataram a todos os homens.
8 Com eles mataram também os reis de Midiã, a saber, Evi, Requem, Zur, Hur e Reba, cinco reis de Midiã; igualmente mataram à espada a Balaão, filho de Beor.
9 Também os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas e os seus pequeninos; e despojaram-nos de todo o seu gado, e de todos os seus rebanhos, enfim, de todos os seus bens;
10 queimaram a fogo todas as cidades em que eles habitavam e todos os seus acampamentos;
11 tomaram todo o despojo e toda a presa, tanto de homens como de animais;
12 e trouxeram os cativos e a presa e o despojo a Moisés, a Eleazar, o sacerdote, e à congregação dos filhos de Israel, ao arraial, nas planícies de Moabe, que estão junto do Jordão, na altura de Jericó.
13 Saíram, pois, Moisés e Eleazar, o sacerdote, e todos os príncipes da congregação, ao encontro deles fora do arraial.
14 E indignou-se Moisés contra os oficiais do exército, chefes dos milhares e chefes das centenas, que vinham do serviço da guerra,
15 e lhes disse: Deixastes viver todas as mulheres?
16 Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, fizeram que os filhos de Israel pecassem contra o Senhor no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do Senhor.
17 Agora, pois, matai todos os meninos entre as crianças, e todas as mulheres que conheceram homem, deitando-se com ele.
18 Mas todas as meninas, que não conheceram homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós.
19 Acampai-vos por sete dias fora do arraial; todos vós, tanto o que tiver matado alguma pessoa, como o que tiver tocado algum morto, ao terceiro dia e ao sétimo dia purificai-vos, a vós e aos vossos cativos.
20 Também purificai-vos no tocante a todo vestido, e todo artigo de peles, e toda obra de pelos de cabras, e todo utensílio de madeira.
21 Então Eleazar, o sacerdote, disse aos homens de guerra que tinham saído à peleja: Este é o estatuto da lei que o Senhor ordenou a Moisés:
22 o ouro, a prata, o bronze, o ferro, o estanho, o chumbo,
23 tudo o que pode resistir ao fogo, fálo-eis passar pelo fogo, e ficará limpo; todavia será purificado com a água de purificação; e tudo o que não pode resistir ao fogo, fá-lo-eis passar pela água.
24 Também lavareis as vossas vestes ao sétimo dia, e ficareis limpos, e depois entrareis no arraial.
25 Disse mais o Senhor a Moisés:
26 Faze a soma da presa que foi tomada, tanto de homens como de animais, tu e Eleazar, o sacerdote, e os cabeças das casas paternas da congregação;
27 e divide-a em duas partes iguais, entre os que, hábeis na guerra, saíram à peleja, e toda a congregação.
28 E tomarás para o Senhor um tributo dos homens de guerra, que saíram à peleja; um em quinhentos, assim dos homens, como dos bois, dos jumentos e dos rebanhos;
29 da sua metade o tomareis, e o dareis a Eleazar, o sacerdote, para a oferta alçada do Senhor.
30 Mas da metade que pertence aos filhos de Israel tomarás um de cada cinquenta, tanto dos homens, como dos bois, dos jumentos, dos rebanhos, enfim, de todos os animais, e os darás aos levitas, que estão encarregados do serviço do tabernáculo do Senhor.
31 Fizeram, pois, Moisés e Eleazar, o sacerdote, como o Senhor ordenara a Moisés.
32 Ora, a presa, o restante do despojo que os homens de guerra tomaram, foi de seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas,
33 setenta e dois mil bois,
34 e sessenta e um mil jumentos;
35 e trinta e duas mil pessoas, ao todo, do sexo feminino, que ainda se conservavam virgens.
36 Assim a metade, que era a porção dos que saíram à guerra, foi em número de trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas;
37 e das ovelhas foi o tributo para o Senhor seiscentas e setenta e cinco.
38 E foram os bois trinta e seis mil, dos quais foi o tributo para o Senhor setenta e dois.
39 E foram os jumentos trinta mil e quinhentos, dos quais foi o tributo para o Senhor sessenta e um.
40 E houve de pessoas dezesseis mil, das quais foi o tributo para o Senhor trinta e duas pessoas.
41 Moisés, pois, deu a Eleazar, o sacerdote, o tributo, que era a oferta alçada do Senhor, como o Senhor ordenara a Moisés.
42 E da metade que era dos filhos de Israel, que Moisés separara da que era dos homens que pelejaram
43 (ora, a metade que coube à congregação foi, das ovelhas, trezentas e trinta e sete mil e quinhentas;
44 dos bois trinta e seis mil;
45 dos jumentos trinta mil e quinhentos;
46 e das pessoas dezesseis mil),
47 isto é, da metade que era dos filhos de Israel, Moisés tomou um de cada cinquenta, tanto dos homens como dos animais, e os deu aos levitas, que estavam encarregados do serviço do tabernáculo do Senhor; como o Senhor ordenara a Moisés.
48 Então chegaram-se a Moisés os oficiais que estavam sobre os milhares do exército, os chefes de mil e os chefes de cem,
49 e disseram-lhe: Teus servos tomaram a soma dos homens de guerra que estiveram sob o nosso comando; e não falta nenhum de nós.
50 Pelo que trouxemos a oferta do Senhor, cada um o que achou, artigos de ouro, cadeias, braceletes, anéis, arrecadas e colares, para fazer expiação pelas nossas almas perante o Senhor.
51 Assim Moisés e Eleazar, o sacerdote, tomaram deles o ouro, todo feito em jóias.
52 E todo o ouro da oferta alçada que os chefes de mil e os chefes de cem fizeram ao Senhor, foi dezesseis mil setecentos e cinquenta siclos
53 (pois os homens de guerra haviam tomado despojo, cada um para si).
54 Assim receberam Moisés e Eleazar, o sacerdote, o ouro dos chefes de mil e dos chefes de cem, e o puseram na tenda da revelação por memorial para os filhos de Israel perante o Senhor.” (Nm 31.1-54).



Números 32

Conquista da Transjordânia

Nós vimos no capítulo 21 de Números que as terras que estavam aquém do Jordão (lado oriental deste rio) haviam sido conquistadas pelos israelitas, de Siom, rei de Hesbom, e de Ogue, rei de Basã.
Em razão da guerra com os midianitas, eles retornaram ao sul, para lutarem em Midiã, e retomando agora a caminhada por aquelas terras que haviam sido conquistadas na Transjordânia, e que possuíam excelentes pastagens para a criação de gado, as tribos de Rúben e Gade, que tinham gado em grande quantidade, manifestaram o desejo de se fixarem naquele território, antes mesmo que Canaã, que ficava do outro lado do rio Jordão (ao ocidente do rio) fosse conquistada.
Isto fez com que Moisés fosse firme com eles, mostrando o perigo de haver a repetição do mesmo incidente de trinta e oito anos atrás em Cades-Barneia, quando os dez espias haviam movido toda a congregação à incredulidade e ao desânimo.
É bem provável que Moisés tivesse observado neles uma iniciativa que contemplava muito mais à própria conveniência deles do que ao bem público, e isto implicaria em se negligenciar o cumprimento pleno da promessa feita por Deus a Abraão.
Ainda que viessem a residir do outro lado do Jordão, não poderiam formar uma comunidade separada de Israel.
Deste modo, o que estava em jogo na verdade era o interesse do próprio Deus.
Paulo diz em Fp 2.21 que há muitos na obra do Senhor que buscam o que é do próprio interesse deles, e não o que é do interesse de Cristo.
Isto é na verdade um grande impedimento a uma unidade verdadeiramente espiritual do Israel de Deus, porque quando a honra; a glória do Senhor; não configuram realmente o centro do interesse, especialmente dos líderes da Igreja, pouco há de se ver desta unidade almejada pelo Senhor para o Seu povo, pois quando o interesse individual prevalece, o global de Deus desaparece.
Há muitos que estão à busca de cooperadores para si mesmos e para os seus próprios interesses particulares, esquecidos que no Reino do Senhor, a glória de Deus e a Sua aprovação são manifestadas quando a honra que buscamos é a dEle e não propriamente a nossa.
As Escrituras não dão base para a seguinte afirmação, mas é possível que as tribos de Rúben e Gade tenham desprezado a terra da promessa em vista daquelas Campinas verdejantes de Basã e Gileade.
De igual forma, as riquezas incomparáveis da Canaã celestial podem ser esquecidas e desprezadas pelos cristãos, quando eles ficam encantados e envolvidos com as coisas deste mundo.
É preciso vigiar em todo o tempo, orando no Espírito, para que a visão da necessidade de se conquistar a Canaã celestial a cada dia, não se vá de nós.
Em todo o caso, Moisés agiu sabiamente e fez ver aos israelitas daquelas tribos qual era o seu dever para com Deus e com os seus demais irmãos.
Primeiro, teriam que combater em Canaã ao lado deles, e depois poderiam se fixar naqueles territórios, sem se desvincularem das coisas a que estavam obrigados pela vontade do Senhor.
No versos 39 e 40 se relata que a metade da tribo de Manasses, que era composta pelos descendentes de Maquir, um dos filhos de Manassés, havia conquistado a terra de Gileade, tomando-a dos amorreus, e que Moisés lhes dera aquela terra em herança.
Então a Transjordânia foi ocupada pelas tribos de Ruben, Gade e esta metade da tribo de Manassés, sendo que a outra metade herdaria terras em Canaã.          




“1 Ora, os filhos de Rúben e os filhos de Gade tinham gado em grande quantidade; e quando viram a terra de Jazer, e a terra de Gileade, e que a região era própria para o gado,
2 vieram os filhos de Gade e os filhos de Rúben a Moisés e a Eleazar, o sacerdote, e aos príncipes da congregação e falaram-lhes, dizendo:
3 Atarote, Dibom, Jazer, Ninra, Hesbom, Eleale, Sebã, Nebo e Beom,
4 a terra que o Senhor feriu diante da congregação de Israel, é terra para gado, e os teus servos têm gado.
5 Disseram mais: Se temos achado graça aos teus olhos, dê-se esta terra em possessão aos teus servos, e não nos faças passar o Jordão.
6 Moisés, porém, respondeu aos filhos de Gade e aos filhos de Rúben: Irão vossos irmãos à peleja, e ficareis vós sentados aqui?
7 Por que, pois, desanimais o coração dos filhos de Israel, para eles não passarem à terra que o Senhor lhes deu?
8 Assim fizeram vossos pais, quando os mandei de Cades-Barneia a ver a terra.
9 Pois, tendo eles subido até o vale de Escol, e visto a terra, desanimaram o coração dos filhos de Israel, para que não entrassem na terra que o Senhor lhes dera.
10 Então a ira do Senhor se acendeu naquele mesmo dia, e ele jurou, dizendo:
11 De certo os homens que subiram do Egito, de vinte anos para cima, não verão a terra que prometi com juramento a Abraão, a Isaque, e a Jacó! porquanto não perseveraram em seguir-me;
12 exceto Calebe, filho de Jefoné o quenezeu, e Josué, filho de Num, porquanto perseveraram em seguir ao Senhor.
13 Assim se acendeu a ira do Senhor contra Israel, e ele os fez andar errantes no deserto quarenta anos, até que se consumiu toda aquela geração que fizera mal aos olhos do Senhor.
14 E eis que vós, uma geração de homens pecadores, vos levantastes em lugar de vossos pais, para ainda mais aumentardes o furor da ira do Senhor contra Israel.
15 se vós vos virardes de segui-lo, também ele tornará a deixá-los no deserto; assim destruireis a todo este povo:
16 Então chegaram-se a ele, e disseram: Construiremos aqui currais para o nosso gado, e cidades para os nossos pequeninos;
17 nós, porém, nos armaremos, apressando-nos adiante dos filhos de Israel, até os levarmos ao seu lugar; e ficarão os nossos pequeninos nas cidades fortificadas, por causa dos habitantes da terra.
18 Não voltaremos para nossas casas até que os filhos de Israel estejam de posse, cada um, da sua herança.
19 Porque não herdaremos com eles além do Jordão, nem mais adiante; visto que já possuímos a nossa herança aquém do Jordão, ao oriente.
20 Então lhes respondeu Moisés: se isto fizerdes, se vos armardes para a guerra perante o Senhor,
21 e cada um de vós, armado, passar o Jordão perante o Senhor, até que ele haja lançado fora os seus inimigos de diante dele,
22 e a terra esteja subjugada perante o senhor, então, sim, voltareis e sereis inculpáveis perante o Senhor e perante Israel; e esta terra vos será por possessão perante o Senhor.
23 Mas se não fizerdes assim, estareis pecando contra o Senhor; e estai certos de que o vosso pecado vos há de atingir.
24 Edificai cidades para os vossos pequeninos, e currais para as vossas ovelhas; e cumpri o que saiu da vossa boca.
25 Então os filhos de Gade e os filhos de Rúben disseram a Moisés: Como ordena meu senhor, assim farão teus servos.
26 Os nossos pequeninos, as nossas mulheres, os nossos rebanhos e todo o nosso gado ficarão nas cidades de Gileade;
27 mas os teus servos passarão, cada um que está armado para a guerra, a pelejar perante o Senhor, como diz o meu senhor.
28 Então Moisés deu ordem acerca deles a Eleazar, o sacerdote, e a Josué, filho de Num, e aos cabeças das casas paternas nas tribos dos filhos de Israel;
29 e disse-lhes Moisés: Se os filhos de Gade e os filhos de Rúben passarem convosco o Jordão, armado cada um para a guerra perante o Senhor, e a terra for subjugada diante de vós, então lhes dareis a terra de Gileade por possessão;
30 se, porém, não passarem armados convosco, terão possessões entre vós na terra de Canaã.
31 Ao que responderam os filhos de Gade e os filhos de Rúben: Como o senhor disse a teus servos, assim faremos.
32 Nós passaremos armados perante o senhor para a terra de Canaã, e teremos a possessão de nossa herança aquém do Jordão.
33 Assim deu Moisés aos filhos de Gade e aos filhos de Rúben, e à meia tribo de Manassés, filho de José, o reino de Siom, rei dos amorreus, e o reino de Ogue, rei de Basã, a terra com as suas cidades e os respectivos territórios ao redor.
34 Os filhos de Gade, pois, edificaram a Dibom, Atarote, Aroer,
35 Atarote-Sofã, Jazer, Jogbeá,
36 Bete-Ninra e Bete-Harã, cidades fortificadas; e construíram currais de ovelhas.
37 E os filhos de Rúben edificaram a Hesbom, Eleale e Quiriataim;
30 e Nebo e Baal-Meom (mudando-lhes os nomes), e Sibma; e deram outros nomes às cidades que edificaram.
39 E os filhos de Maquir, filho de Manassés, foram a Gileade e a tomaram, e desapossaram aos amorreus que aí estavam.
40 Deu, pois, Moisés a terra de Gileade a Maquir, filho de Manassés, o qual habitou nela.
41 E foi Jair, filho de Manassés, e tomou as aldeias dela, e chamou-lhes Havote-Jair.


42 Também foi Nobá, e tomou a Quenate com as suas aldeias; e chamou-lhe Nobá, segundo o seu próprio nome.” (Nm 32.1-42).


Números 33

Acampamentos de Israel desde o Egito

Neste capítulo 33º de Números nós temos o registro das jornadas e dos acampamentos dos israelitas desde a saída do Egito, até a entrada em Canaã. Eles foram 42 ao todo, com o registro de determinados eventos notáveis que aconteceram em alguns desses lugares.
 O texto nos dá conta que os israelitas, quando foram libertados do Egito, haviam saído a partir de Ramessés, uma das cidades que estavam construindo na condição de escravos.
O registro do término das jornadas deste capítulo dá-se nas planícies de Moabe, onde Israel estava acampado quando da escrita do mesmo.
Nos versos 38 e 39 é informado que Arão morreu aos 123 anos de idade no monte Hor, no primeiro dia do quinto mês do quadragésimo ano, depois da saída de Israel do Egito.
Nos versos 50 a 56 o Senhor ordenou aos israelitas, através de Moisés, quando se encontravam nas planícies de Moabe, que quando houvessem atravessado o Jordão, para entrarem em Canaã, deveriam lançar fora todos os cananeus e destruir todos os seus ídolos de pedra e de fundição, bem como os seus altares, e tomariam a terra em possessão para nela habitarem, pois lhes fora dada por Ele por herança.
A distribuição da terra deveria ser feita por sortes, e o tamanho da herdade deveria ser proporcional ao tamanho das famílias, nas respectivas tribos.
O Senhor lhes fez uma advertência que caso não lançassem fora os habitantes da terra, eles viriam a  ser como espinhos nos seus olhos, e lhes perturbariam quanto à devoção e consagração que deveriam ter a Ele, cumprindo os Seus mandamentos, e assim, faria aos israelitas aquilo que Ele havia determinado que deveria ser feito aos cananeus.
O registro de todas estas jornadas e acampamentos demonstram que o Senhor havia conduzido Israel até àquele ponto, e o continuaria fazendo, como o Supremo Pastor do Seu rebanho, e se valendo da instrumentalidade de pastores auxiliares como Moisés, Arão, Josué e outros homens de valor que, pela Sua graça, havia levantado e continuaria levantando, para conduzir o Seu povo, especialmente, a viver para a Sua exclusiva glória.
No final do nosso comentário, relativo ao capítulo 27, nós vimos o cuidado pastoral de Moisés com Israel, e o modo como ele se preocupou em que o Senhor levantasse um novo pastor depois da sua morte, para que conduzisse os israelitas em Canaã.
Deus marcou que assim como a liderança de Moisés era mediante o Espírito, esta deveria continuar com Josué em quem também havia o Espírito (v. 18), porque na verdade o Espírito que constitui os líderes sobre o rebanho do Senhor, é o mesmo Espírito que os usa como canais para que a vontade de Deus seja feita.


“1 São estas as jornadas dos filhos de Israel, pelas quais saíram da terra do Egito, segundo os seus exércitos, sob o comando de Moisés e Arão.
2 Moisés registrou os pontos de partida, segundo as suas jornadas, conforme o mandado do Senhor; e estas são as suas jornadas segundo os pontos de partida:
3 Partiram de Ramessés no primeiro mês, no dia quinze do mês; no dia seguinte ao da páscoa saíram os filhos de Israel afoitamente à vista de todos os egípcios,
4 enquanto estes enterravam a todos os seus primogênitos, a quem o Senhor havia ferido entre eles, havendo o senhor executado juízos também contra os seus deuses.
5 Partiram, pois, os filhos de Israel de Ramessés, e acamparam-se em Sucote.
6 Partiram de Sucote, e acamparam-se em Etã, que está na extremidade do deserto.
7 Partiram de Etã, e voltando a Pi-Hairote, que está defronte de Baal-Zefom, acamparam-se diante de Migdol.
8 Partiram de Pi-Hairote, e passaram pelo meio do mar ao deserto; e andaram caminho de três dias no deserto de Etã, e acamparam-se em Mara.
9 Partiram de Mara, e vieram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras, e acamparam-se ali.
10 Partiram de Elim, e acamparam-se junto ao Mar Vermelho.
11 Partiram do Mar Vermelho, e acamparam-se no deserto de Sim.
12 Partiram do deserto de Sim, e acamparam-se em Dofca.
13 Partiram de Dofca, e acamparam-se em Alus.
14 Partiram de Alus, e acamparam-se em Refidim; porém não havia ali água para o povo beber.
15 Partiram, pois, de Refidim, e acamparam-se no deserto de Sinai.
16 Partiram do deserto de Sinai, e acamparam-se em Quibrote-Hataavá.
17 Partiram de Quibrote-Hataavá, e acamparam-se em Hazerote.
18 Partiram de Hazerote, e acamparam-se em Ritma.
19 Partiram de Ritma, e acamparam-se em Rimom-Pérez.
20 Partiram de Rimom-Pérez, e acamparam-se em Libna.
21 Partiram de Libna, e acamparam-se em Rissa.
22 Partiram de Rissa, e acamparam-se em Queelata.
23 Partiram de Queelata, e acamparam-se no monte Sefer.
24 Partiram do monte Sefer, e acamparam-se em Harada.
25 Partiram de Harada, e acamparam-se em Maquelote.
26 Partiram de Maquelote, e acamparam-se em Taate.
27 Partiram de Taate, e acamparam-se em Tera.
28 Partiram de Tera, e acamparam-se em Mitca.
29 Partiram de Mitca, e acamparam-se em Hasmona.
30 Partiram de Hasmona, e acamparam-se em Moserote.
31 Partiram de Moserote, e acamparam-se em Bene-Jaacã.
32 Partiram de Bene-Jaacã, e acamparam-se em Hor-Hagidgade.
33 Partiram de Hor-Hagidgade, e acamparam-se em Jotbatá.
34 Partiram de Jotbatá, e acamparam-se em Abrona.
35 Partiram de Abrona, e acamparam-se em Eziom-Geber.
36 Partiram de Eziom-Geber, e acamparam-se no deserto de Zim, que é Cades.
37 Partiram de Cades, e acamparam-se no monte Hor, na fronteira da terra de Edom.
38 Então Arão, o sacerdote, subiu ao monte Hor, conforme o mandado do Senhor, e ali morreu no quadragésimo ano depois da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no quinto mês, no primeiro dia do mês.
39 E Arão tinha cento e vinte e três anos de idade, quando morreu no monte Hor.
40 Ora, o cananeu, rei de Arade, que habitava o sul da terra de Canaã, ouviu que os filhos de Israel chegavam.
41 Partiram do monte Hor, e acamparam-se em Zalmona.
42 Partiram de Zalmona, e acamparam-se em Punom.
43 Partiram de Punom, e acamparam-se em Obote.
44 Partiram de Obote, e acamparam-se em Ije-Abarim, na fronteira de Moabe.
45 Partiram de Ije-Abarim, e acamparam-se em Dibom-Gade.
46 Partiram de Dibom-Fade, e acamparam-se em Almom-Diblataim.
47 Partiram de Almom-Diblataim, e acamparam-se nos montes de Abarim, defronte de Nebo.
4e seu pai. de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó;
49 isto é, acamparam-se junto ao Jordão, desde Bete-Jesimote até Abel-Sitim, nas planícies de Moabe.
50 Também disse o Senhor a Moisés, nas planícies de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó:
51 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando houverdes passado o Jordão para a terra de Canaã,
52 lançareis fora todos os habitantes da terra de diante de vós, e destruireis todas as suas pedras em que há figuras; também destruireis todas as suas imagens de fundição, e desfareis todos os seus altos;
53 e tomareis a terra em possessão, e nela habitareis; porquanto a vós vos tenho dado esta terra para a possuirdes.
54 Herdareis a terra por meio de sortes, segundo as vossas famílias: à família que for grande, dareis uma herança maior, e à família que for pequena, dareis uma herança menor; o lugar que por sorte sair para alguém, esse lhe pertencerá; segundo as tribos de vossos pais recebereis as heranças.
55 Mas se não lançardes fora os habitantes da terra de diante de vós, os que deixardes ficar vos serão como espinhos nos olhos, e como abrolhos nas ilhargas, e vos perturbarão na terra em que habitardes;
56 e eu vos farei a vós como pensei em fazer-lhes a eles.” (Nm 33.1-56).



Números 34

Planejamento para a Divisão de Canaã

Neste capítulo 34º de Números são descritos os limites das fronteiras da terra que deveria ser distribuída às nove tribos e meia em Canaã, sem contar o território da Transjordânia, que já havia sido ocupado por Rúben, Gade, e pela metade da tribo de Manassés.
O próprio Deus determinou os limites da habitação deles, e isto deve ocorrer com todos os seus filhos neste mundo.
O lugar em que viveremos, a igreja em que congregaremos, com quem casaremos, e outras decisões importantes como estas devem ser resolvidas em Deus através da oração.
O grande propósito de Deus fixado na eternidade era o de derramar o Seu Espírito em todas as nações, mas como Ele é santo, seria necessário primeiro plantar a nação de Israel como uma boa oliveira, num jardim fechado, cercado por terras plantadas com oliveiras bravas por todos os lados.
Aquele bom olival estava destinado a servir de base de enxertia para todos os povos.
Por isso o que era relevante não era o tamanho do território a ser herdado pela descendência de Abraão, mas a missão de santidade de que estavam encarregados em relação ao mundo.
A distinção que Deus fizera em relação a Israel, separando-o das demais nações, não seria, portanto para um propósito exclusivista, mas, ao contrário, para que fossem uma bênção para todo o mundo, porque a promessa feita por Deus foi a de que na descendência de Abraão seriam benditas todas as nações da terra.
Todavia, para tanto, seria necessário forjar nos israelitas aquela mesma fé e santidade que caracterizou a vida dos seus patriarcas, e isto somente seria possível, se fossem organizados mediante os preceitos do Senhor, num território que pudesse mantê-los unidos em torno do culto do tabernáculo.
Se a terra prometida tivesse dimensões continentais, certamente eles teriam se dispersado rapidamente, se desviando dos mandamentos de Deus, para viverem como todas as demais nações.      
Nos versos 16 a 29 são designados os nomes dos homens que deveriam coordenar a repartição da terra de Canaã, um príncipe de cada tribo, sendo que a Calebe foi dada a honra de ser o coordenador da tribo de Judá, e como Josué havia sido designado o sucessor de Moisés, caberia a ele, juntamente com Eleazar, o sumo sacerdote, a supervisão geral da repartição que seria feita.
Nada foi deixado para ser decidido na hora.
Disto aprendemos que Deus é planejador e ordeiro.
E faremos bem em considerar este aspecto do Seu caráter na obra que estivermos realizando para Ele.
Se temos recebido dEle uma determinada visão é nossa responsabilidade, assim como fizera o apóstolo Paulo, nos esforçarmos para que por todos os meios sejamos fiéis à visão celestial recebida e que a levemos a cabal cumprimento.
Quando alguém recebe uma palavra profética acerca do ministério e/ou obra de que será encarregado pelo Senhor, é dever de tal pessoa se preparar, se esforçar e orar para o cumprimento da palavra recebida, e continuar nestes mesmos deveres, quando estiver vivendo nos dias do seu cumprimento.
Quando Deus nos faz uma promessa nós devemos orar até que ela se cumpra, e se ela tem o caráter de serviço, devemos continuar orando para que a bênção da operação do Senhor continue nos acompanhando em nosso ministério.
Pela oração e esforço demonstramos ao Senhor o quanto estamos de fato interessados em fazer a Sua vontade, e ver o cumprimento daquilo que Ele prometeu.
Somos assim provados na nossa fé, como Isaque, que teve que orar durante vinte anos para que Rebeca, sua esposa, que era estéril, concebesse, para que a promessa de Deus, de fazer fecunda a descendência de Abraão se cumprisse (Gên 25.20-26).
Se ele não soubesse qual era o seu dever e responsabilidade em relação à promessa teria cruzado os braços, e nada faria alegando que era problema exclusivo de Deus cumprir o que havia prometido.
Mas Isaque havia sido bem instruído por seu pai, Abraão, que as promessas do Senhor são alcançadas por meio da fé, e esta deve ser expressada pela oração e pelas nossas obras e esforço, necessários e dirigidos ao cumprimento das Suas promessas.
Cruzar os braços e se deixar vencer pelo desânimo e pela preguiça, e ainda alegar que está esperando em Deus, e que tem fé de que é poderoso para cumprir o que prometeu, muitas vezes é uma desculpa para nossa falta de responsabilidade espiritual, de nossa negligência e falta de uma verdadeira fé dinâmica, viva, autêntica  e operante, que é o único tipo de fé que pode agradar a Deus.
Os israelitas teriam que lutar em Canaã para conquistá-la.
Assim, a luta que empreenderiam seria a prova da sua fé em Deus, por confiarem que os guardaria do mal e cumpriria a Sua promessa de lhes dar Canaã por herança.
A indicação por Deus dos limites da terra e dos que fariam a sua repartição era uma palavra para ser apropriada pela fé, e assim, para animar e incentivar as ações de guerra dos israelitas, no sentido de se apropriarem no futuro, que estava próximo, daquilo que lhes havia sido dado por Deus.
Se o Senhor diz que tem aberto uma porta diante de nós, é nosso dever orar e agir para entrar por ela, e efetivamente entrarmos por ela.
Não podemos ficar parados esperando que em algum momento estaremos do outro lado da porta.
É preciso contribuir com nossos bens, cooperar com nossos irmãos e especialmente líderes, trabalhar incansavelmente na obra do Senhor, para que possamos ver as Suas promessas sendo cumpridas na terra.        




“1 Disse mais o Senhor a Moisés:
2 Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra de Canaã, terra esta que vos há de cair em herança, por toda a sua extensão,
3 a banda do sul será desde o deserto de Zim, ao longo de Edom; e o limite do sul se estenderá da extremidade do Mar Salgado, para o oriente;
4 e este limite irá rodeando para o sul da subida de Acrabim, e continuará até Zim; e, saindo ao sul de Cades-Barneia, seguirá para Hazar-Hadar, e continuará até Azmom;
5 e daí irá rodeando até o ribeiro do Egito, e terminará na praia do mar.
6 Para o ocidente, o Mar Grande vos será por limite; o próprio mar será o vosso limite ocidental.
7 Este será o vosso limite setentrional: desde o Mar Grande marcareis para vós até o Monte Hor;
8 desde o monte Hor marcareis até a entrada de Hamate; daí ele se estenderá até Zedade;
9 dali continuará até Zifrom, e irá terminar em Hazar-Enã. Este será o vosso limite setentrional.
10 Marcareis o vosso limite oriental desde Hazar-Enã até Sefã;
11 este limite descerá de Sefã até Ribla, ao oriente de Aim; depois irá descendo ao longo da borda do mar de Quinerete ao oriente;
12 descerá ainda para o Jordão, e irá terminar no Mar Salgado. Esta será a vossa terra, segundo os seus limites em redor.
13 Moisés, pois, deu ordem aos filhos de Israel, dizendo: Esta é a terra que herdareis por sortes, a qual o Senhor mandou que se desse às nove tribos e à meia tribo;
14 porque a tribo dos filhos de Rúben, segundo as casas de seus pais, e a tribo dos filhos de Gade, segundo as casas de seus pais, como também a meia tribo de Manassés, já receberam a sua herança;
15 isto é, duas tribos e meia já receberam a sua herança aquém do Jordão, na altura de Jericó, do lado oriental.
16 Disse mais o Senhor a Moisés:
17 Estes são os nomes dos homens que vos repartirão a terra por herança: Eleazar, o sacerdote, e Josué, filho de Num;
18 também tomareis de cada tribo um príncipe, para repartir a terra em herança.
19 E estes são os nomes dos homens: Da tribo de Judá, Calebe, filho de Jefoné:
20 da tribo dos filhos de Simeão, Semuel, filho de Amiúde;
21 da tribo de Benjamim, Elidá, filho de Quislom;
22 da tribo dos filhos de Dã o príncipe Buqui, filho de Jógli;
23 dos filhos de José: da tribo dos filhos de Manassés o príncipe Haniel, filho de Éfode;
24 da tribo dos filhos de Efraim o príncipe Quemuel, filho de Siftã;
25 da tribo dos filhos de Zebulom o príncipe Elizafã, filho de Parnaque;
26 da tribo dos filhos de Issacar o príncipe Paltiel, filho de Azã;
27 da tribo dos filhos de Aser o príncipe Aiúde, filho de Selômi;
28 da tribo dos filhos de Naftali o príncipe Pedael, filho de Amiúde.
29 Estes são aqueles a quem o Senhor ordenou que repartissem a herança pelos filhos de Israel na terra de Canaã.” (Nm 34.1-29).


Números 35

As Cidades dos Levitas

Foi determinado por Deus que as tribos de Israel deveriam dar 48 cidades aos levitas, conforme se vê neste capítulo 35º de Números, sendo que 6 destas cidades seriam designadas como cidades de refúgio, para que nelas pudessem ser acolhidos os homicidas culposos, isto é, que tivessem tirado a vida de alguém sem querer, ou seja, não intencionalmente, de modo que pudessem ser protegidos de qualquer ação vingativa de qualquer parente ressentido do assassinado, que era chamado em Israel de vingador do sangue, em hebraico, goel.
O assassino não poderia ser morto, enquanto estivesse na cidade de refúgio, e lá deveria permanecer até a morte do sumo sacerdote.
Temos nisto uma bela ilustração e figura do fato de que é por causa do sumo sacerdócio eterno de Jesus que todos os pecadores, que deveriam morrer por causa do seu pecado, são livrados da morte por acharem refúgio nEle (Hb 6.18; Fp 3.9; Rom 8.1).
Em Israel, o homicida deveria permanecer na cidade de refúgio enquanto vivesse o sumo sacerdote, e como o sumo sacerdote da nossa fé vive eternamente, deveremos também, apesar de sermos pecadores, viver eternamente, sendo livrados da morte espiritual e eterna por estarmos refugiados nEle.
Mas no caso de crime doloso, isto é, de assassinato intencional, o criminoso deveria ser julgado com o depoimento de mais de uma testemunha, e ser sentenciado à morte (v. 16, 30).
Os levitas deveriam receber também arredores em suas cidades para guardarem os seus rebanhos, no entanto, eles não seriam agricultores e nem ocupariam todo o seu tempo em atividades seculares, porque tinham recebido o encargo principal de serem os guardiães da lei em Israel, e assim a maldição de Jacó relativa à tribo de Levi, de que seriam espalhados em Israel (Gên 49.7), seria transformada em bênção.
Se todas as pessoas do mundo fossem verdadeiros cristãos, ainda assim, alguns deles deveriam ser separados para se dedicarem como ministros fiéis, que teriam que cuidar de todo o rebanho do Senhor.
A função do ministério da Palavra é a mais honrada, elevada e necessária, que há na terra e assim todos os ministros devem honrar a função em que foram investidos diretamente pelo próprio Deus, através de uma chamada específica para cada um deles.
 


“1 Disse mais o Senhor a Moisés nas planícies de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó:
2 Dá ordem aos filhos de Israel que da herança da sua possessão deem aos levitas cidades em que habitem; também dareis aos levitas arrabaldes ao redor delas.
3 Terão eles estas cidades para habitarem; e os arrabaldes delas serão para os seus gados, e para a sua fazenda, e para todos os seus animais.
4 Os arrabaldes que dareis aos levitas se estenderão, do muro da cidade para fora, mil côvados em redor.
5 E fora da cidade medireis para o lado oriental dois mil côvados, para o lado meridional dois mil côvados, para o lado ocidental dois mil côvados, e para o lado setentrional dois mil côvados; e a cidade estará no meio. Isso terão por arrabaldes das cidades.
6 Entre as cidades que dareis aos levitas haverá seis cidades de refúgio, as quais dareis para que nelas se acolha o homicida; e além destas lhes dareis quarenta e duas cidades.
7 Todas as cidades que dareis aos levitas serão quarenta e oito, juntamente com os seus arrabaldes.
8 Ora, no tocante às cidades que dareis da possessão dos filhos de Israel, da tribo que for grande tomareis muitas, e da que for pequena tomareis poucas; cada uma segundo a herança que receber dará as suas cidades aos levitas.
9 Disse mais o Senhor a Moisés:
10 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando passardes o Jordão para a terra de Canaã,
11 escolhereis para vós cidades que vos sirvam de cidades de refúgio, para que se refugie ali o homicida que tiver matado alguém involuntariamente.
12 E estas cidades vos serão por refúgio do vingador, para que não morra o homicida antes de ser apresentado perante a congregação para julgamento.
13 Serão seis as cidades que haveis de dar por cidades de refúgio para vós.
14 Dareis três cidades aquém do Jordão, e três na terra de Canaã; cidades de refúgio serão.
15 Estas seis cidades serão por refúgio aos filhos de Israel, ao estrangeiro, e ao peregrino no meio deles, para que se refugie ali todo aquele que tiver matado alguém involuntariamente.
16 Mas se alguém ferir a outrem com instrumento de ferro de modo que venha a morrer, homicida é; e o homicida será morto.
17 Ou se o ferir com uma pedra na mão, que possa causar a morte, e ele morrer, homicida é; e o homicida será morto.
18 Ou se o ferir com instrumento de pau na mão, que possa causar a morte, e ele morrer, homicida é; será morto o homicida.
19 O vingador do sangue matará ao homicida; ao encontrá-lo, o matará.
20 Ou se alguém empurrar a outrem por ódio ou de emboscada lançar contra ele alguma coisa de modo que venha a morrer,
21 ou por inimizade o ferir com a mão de modo que venha a morrer, será morto aquele que o feriu; homicida é. O vingador do sangue, ao encontrá-lo, o matará.
22 Mas se o empurrar acidentalmente, sem inimizade, ou contra ele lançar algum instrumento, sem ser de emboscada,
23 ou sobre ele atirar alguma pedra, não o vendo, e o ferir de modo que venha a morrer, sem que fosse seu inimigo nem procurasse o seu mal,
24 então a congregação julgará entre aquele que feriu e o vingador do sangue, segundo estas leis,
25 e a congregação livrará o homicida da mão do vingador do sangue, fazendo-o voltar à sua cidade de refúgio a que se acolhera; ali ficará ele morando até a morte do sumo sacerdote, que foi ungido com o óleo sagrado.
26 Mas, se de algum modo o homicida sair dos limites da sua cidade de refúgio, onde se acolhera,
27 e o vingador do sangue o achar fora dos limites da sua cidade de refúgio, e o matar, não será culpado de sangue;
28 pois o homicida deverá ficar na sua cidade de refúgio até a morte do sumo sacerdote; mas depois da morte do sumo sacerdote o homicida voltará para a terra da sua possessão.
29 Estas coisas vos serão por estatuto de direito pelas vossas gerações, em todos os lugares da vossa habitação.
30 Todo aquele que matar alguém, será morto conforme o depoimento de testemunhas; mas uma só testemunha não deporá contra alguém, para condená-lo à morte.
31 Não aceitareis resgate pela vida de um homicida que é réu de morte; porém ele certamente será morto.
32 Também não aceitareis resgate por aquele que se tiver acolhido à sua cidade de refúgio, a fim de que ele possa tornar a habitar na terra antes da morte do sumo sacerdote.
33 Assim não profanareis a terra da vossa habitação, porque o sangue profana a terra; e nenhuma expiação se poderá fazer pela terra por causa do sangue que nela for derramado, senão com o sangue daquele que o derramou.
34 Não contaminareis, pois, a terra em que haveis de habitar, no meio da qual eu também habitarei; pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos de Israel.” (Nm 35.1-34).



Números 36

Nós temos neste 36ª capítulo de Números um novo preceito legal, que foi oriundo de outra pergunta relativa às filhas de Zelofeade, em razão das quais Deus tinha prescrito no capítulo 27 as normas de herança no caso de alguém ter morrido sem ter deixado filhos homens, ou somente filhas.
Agora estava sendo apresentada a questão de como se deveria proceder caso as mulheres herdeiras se casassem com homens de outras tribos, os quais, segundo a lei teriam o direito legítimo de anexarem a herança delas à das respectivas tribos, pois eles seriam constituídos os novos herdeiros legais.
Assim, para evitar que a herança de uma tribo passasse para a posse de outra, Deus proibiu o casamento misto entre as tribos
As cinco filhas de Zelofeade obedeceram ao mandado de Deus tendo se casado com seus primos paternos, de modo que a herança delas permaneceu na tribo a que pertencia seu pai, a saber, a tribo de Manassés.
O livro de Números é encerrado com a citação do verso 13 em que se diz que os mandamentos e preceitos que ele contém foram ordenados pelo Senhor aos israelitas por meio Moisés, quando eles se encontravam nas planícies de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó.
Como vemos no livro de Deuteronômio, foi nesta região, mais precisamente no monte Nebo, em que Moisés morreria, não sem ter antes escrito o livro de Números e o próprio livro de Deuteronômio, que foi também escrito no último ano de sua vida.
Como está registrado no próprio livro de Deuteronômio, as palavras que nele estão registradas foram proferidas por Moisés a partir do primeiro dia do décimo primeiro mês, do quadragésimo ano (Dt 1.3).



“1 Chegaram-se então os cabeças das casas paternas da família dos filhos de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, das famílias dos filhos de José, e falaram diante de Moisés, e diante dos príncipes, cabeças das casas paternas dos filhos de Israel,
2 e disseram: O Senhor mandou a meu senhor que por sortes repartisse a terra em herança aos filhos de Israel; e meu senhor recebeu ordem do senhor de dar a herança do nosso irmão Zelofeade às filhas deste.
3 E, se elas se casarem com os filhos das outras tribos de Israel, então a sua herança será diminuída da herança de nossos pais, e acrescentada à herança da tribo a que vierem a pertencer; assim será tirada da sorte da nossa herança.
4 Vindo também o ano do jubileu dos filhos de Israel, a herança delas será acrescentada à herança da tribo a que pertencerem; assim a sua herança será tirada da herança da tribo de nossos pais.
5 Então Moisés falou aos filhos de Israel, segundo a palavra do senhor, dizendo: A tribo dos filhos de José fala o que é justo.
6 Isto é o que o senhor ordenou acerca das filhas de Zelofeade, dizendo: Casem com quem bem parecer aos seus olhos, contanto que se casem na família da tribo de seu pai.
7 Assim a herança dos filhos de Israel não passará de tribo em tribo, pois os filhos de Israel se apegarão cada um a herança da tribo de seus pais.
8 E toda filha que possuir herança em qualquer tribo dos filhos de Israel se casará com alguém da família da tribo de seu pai, para que os filhos de Israel possuam cada um a herança de seus pais.
9 Assim nenhuma herança passará de uma tribo a outra, pois as tribos dos filhos de Israel se apegarão cada uma à sua herança.
10 Como o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram as filhas de Zelofeade;
11 pois Macla, Tirza, Hogla, Milca e Noa, filhas de Zelofeade, se casaram com os filhos de seus tios paternos.
12 Casaram-se nas famílias dos filhos de Manassés, filho de José; assim a sua herança permaneceu na tribo da família de seu pai.


13 São esses os mandamentos e os preceitos que o Senhor ordenou aos filhos de Israel por intermédio de Moisés nas planícies de Moabe, junto ao Jordão, na altura de Jericó.” (Nm 36.1-13).

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