domingo, 18 de outubro de 2015

Ezequiel 1 a 48

Ezequiel 1

O profeta Ezequiel foi juntamente com o Daniel para Babilônia, na primeira leva de cativos que se deu em 605 a.C, quando o rei Joaquim foi levado por Nabucodonosor para Babilônia.
Ele afirma que no quinto ano do cativeiro de Joaquim, ou seja, 5 anos após terem sido levados para Babilônia, ele começou a ter visões de Deus.
As citações aos anos em que recebera visões e revelações da parte Deus, ao longo de todo o seu livro, tem como referencial o início do seu cativeiro em Babilônia juntamente com o rei Joaquim, Daniel, muitos príncipes,e nobres e outras pessoas do povo de Judá.
Assim, quando ele diz sexto ano, significa que se encontrava no sexto ano do seu cativeiro, e dos demais judeus que se encontravam com ele em Babilônia.
Ezequiel era filho do sacerdote Buzi, e portanto, também seria preparado para o sacerdócio, porque este cargo era vitalício, que passava de pai para filho, desde a descendência dos filhos de Arão.
Todavia, o Senhor o chamou para o ofício profético quando se encontrava já em Babilônia há cinco anos, e a primeira visão e profecia que lhe vieram, descritas neste e nos próximos capítulos, lhes foram dadas quando se encontrava junto ao rio Quebar.
Neste primeiro capitulo ele descreve a visão que tivera da glória celestial, e especialmente dos quatro seres viventes, ou querubins, sobre os quais estaremos falando mais especificamente neste nosso comentário, em conexão com os capítulos nono e décimo, nos quais eles são achados em ação, e vinculados ao propósito da visão que fora dada pelo Senhor a Ezequiel.
Todavia, cabe ressaltar que as visões e profecias que tivera no quinto ano, encontram-se registradas do primeiro ao sétimo capitulo do seu livro; e as que tivera no sexto ano, estão contidas do oitavo ao décimo nono capitulo; as do sétimo ano, do vigésimo ao vigésimo terceiro; as do nono ano, no vigésimo quarto e vigésimo quinto capítulos; as do décimo primeiro ano do vigésimo sexto ao vigésimo oitavo, e trigésimo primeiro; as do décimo ano no vigésimo nono e trigésimo; as do décimo segundo ano, do trigésimo segundo ao trigésimo nono; as do décimo quarto ano, do quadragésimo até o último capitulo (quadragésimo oitavo).
Assim, as visões que tivera dos querubins, registradas nos capítulos nono e décimo lhes foram dadas um ano após da primeira que é narrada por ele neste primeiro capítulo.
Os quatro seres viventes, ou querubins, são citados em Gên 3.24; Êx 25.18-22; 26.1,31; 36.8,35; 37.7-9; Nm 7.89; I Sm 4.4; II Sm 6.2; 22.11; I Rs 6.23-35; 7.29,36; 8.6,7;  II Rs 19.15; I Cr 13.6; 28.18; II Cr 3.7-14; 5.7,8; Sl 18.10; 80.1; 99.1; Is 37.16; Ez 1.5-26; 9.3; 10 (todo o capítulo); 11.22; 28.14-16; 41.18-20,25; Is 37.16; Hb 9.5; Apo 4.6-9; 5.6,8,11,14; 6.1,3,5-7; 7.11; 14.3; 15.7; 19.4.
A palavra Querubim significa guardar, cobrir, proteger o acesso etc (Êx 25.17-22).
Os quatro querubins, que proclamam dia e noite, sem descanso que Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-poderoso, aquele que era, que é e que há de vir, são chamados também de seres viventes, pelo profeta Ezequiel e pelo apóstolo João, em Apocalipse (Apo 4.8); quando derem glória, honra e ações de graças a Deus (Apo 4.9) os 24 anciãos se prostrarão diante do Senhor e o adorarão (Apo 4.10,11); os 4 querubins também se prostram e adoram a Deus juntamente com os 24 anciãos e todos os anjos (Apo 7.11; 19.14);  são eles que chamam, respectivamente, os 4 cavaleiros quando os 4 primeiros selos do livro são abertos (Apo 6.1,3,5,7); e são eles que dão aos sete anjos, as sete taças cheias da ira de Deus (Apo 15.7).
Ezequiel os viu quando Deus manifestou ao profeta a Sua glória,  estando eles sob o firmamento celestial (Ez 1.1,5-26), e posteriormente os viu no templo em Jerusalém (Ez 10.1-22). A glória do Senhor estava sobre os querubins e se dirigiu para a entrada do templo (Ez 9.3; 10.4). Depois a glória do Senhor saiu da entrada do templo e parou sobre os querubins, e estes levantaram suas asas e se elevaram da terra (Ez 10.18-20).
Na visão de Ezequiel, os quatro seres viventes ou querubins (Ez 10.20), tinham quatro rostos  e quatro asas, cada um, e a semelhança de mãos de homens debaixo das asas (Ez 1.6,8; 10.21), sendo parecidos com os serafins da visão de Is 6.2,3 sendo que estes tinham seis asas cada um, como os quatro seres viventes de Apo 4.8, tendo também estes seis asas, cada um em vez de quatro.
A forma dos querubins é como de homem (Ez 1.5). A cabeça possui quatro faces, sendo rosto de homem na frente, rosto de leão, à direita, rosto de boi, à esquerda, e rosto de águia na parte de trás (Ez 1.10).
O apóstolo João teve a visão dos seres quanto à forma do rosto, como tendo cada um, respectivamente, rosto de homem, leão, boi e águia (Apo 4.7) e os viu cheios de olhos por dentro e por fora, em todo o seu redor (Apo 4.6,8). Já quanto aos olhos, Ezequiel viu que além dos olhos em todo o corpo dos querubins, inclusive nas asas e mãos (Ez 10.12) havia uma roda ao lado de cada querubim e estas também estavam cheias de olhos ao redor (Ez 1.15-18; 10.12) e estas seguiam os querubins aonde quer que fossem. Havia algo semelhante ao firmamento sobre a cabeça dos querubins, brilhante como cristal (Ez 1.22), e sobre o firmamento que estava sobre as suas cabeças, havia algo semelhante a um trono, como uma safira, e sentado no trono alguém semelhante a um homem (Ez 1.26; 10.1);  e o tatalar das asas dos querubins fazia um estrondo semelhante ao tropel de um exército e como o som de muitas águas (Ez 1.24). No meio destas visões o Espírito de Deus entrou em Ezequiel e o Senhor lhe falou enviando-o como profeta à casa de Israel (Ez 2.1-7).
O aspecto deles é como o de carvão em brasa, semelhante a tochas, e ziguezagueavam como relâmpagos, como também saiam relâmpagos entre eles (Ez 1.13,14).
Os querubins com as rodas formavam uma carruagem sobrenatural para o trono de Deus, que era carregado pelos seres viventes.
A aparição deles a Ezequiel tinha a ver com os juízos que seriam ainda despejados sobre Judá, especialmente com a destruição do templo e da cidade de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., portanto cerca de sete anos depois da visão dada ao profeta. Este juízo está descrito no Novo Comentário da Bíblia, da seguinte forma: “O incêndio de Jerusalém (Ez 10.1-22): O trono (v 1) estava vazio (cfr 9.3), os querubins aguardavam Jeová para alçar vôo e partir.
O destruidor da cidade era o homem vestido de linho (v 2), que anteriormente havia feito uma marca nos fiéis, separando-os para a preservação; todos os sete anjos. Dessa forma, eram ministros vingativos, como em Apo 8.1-11.15.
A santidade exige sempre o que é correto em nosso comportamento. As pernas dos querubins eram direitas (Ez 1.7). Não se viravam em seu movimento, sempre indo para a frente, indo para onde o espírito havia de ir (Ez 1.9,12). Quem lança mão do arado não deve olhar para trás. Não deve servir a Deus com o olhar voltado para o mundo, para a vida que tinha antes da conversão. E deve estar sob governo do seu espírito e não da sua alma, tal como os querubins.
A santidade é progresso contínuo.
É uma caminhada em busca da perfeição divina, fazendo o que agrada a Deus. Se o crente pára em sua caminhada, ele começa a cair.
A carne o vencerá porque a antiga natureza sobrepujará a nova, recebida na regeneração. As rodas e os querubins sempre se movimentavam para a frente, nem para trás, nem para a direita, nem para a esquerda. O caminho é Cristo. É estreito e reto. É neste caminho que o crente deve andar, e é nisto que consiste a sua santificação.

“1 Ora aconteceu no trigésimo ano, no quarto mês, no dia quinto do mês, que estando eu no meio dos cativos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus.
2 No quinto dia do mês, já no quinto ano do cativeiro do rei Joaquim,
3 veio expressamente a palavra do Senhor a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar; e ali esteve sobre ele a mão do Senhor.
4 Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, uma grande nuvem, com um fogo que emitia de contínuo labaredas, e um resplendor ao redor dela; e do meio do fogo saía uma coisa como o brilho de âmbar.
5 E do meio dela saía a semelhança de quatro seres viventes. E esta era a sua aparência: tinham a semelhança de homem;
6 cada um tinha quatro rostos, como também cada um deles quatro asas.
7 E as suas pernas eram retas; e as plantas dos seus pés como a planta do pé dum bezerro; e luziam como o brilho de bronze polido.
8 E tinham mãos de homem debaixo das suas asas, aos quatro lados; e todos quatro tinham seus rostos e suas asas assim:
9 Uniam-se as suas asas uma à outra; eles não se viravam quando andavam; cada qual andava para adiante de si;
10 e a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e à mão direita todos os quatro tinham o rosto de leão, e à mão esquerda todos os quatro tinham o rosto de boi; e também tinham todos os quatro o rosto de águia;
11 assim eram os seus rostos. As suas asas estavam estendidas em cima; cada qual tinha duas asas que tocavam às de outro; e duas cobriam os corpos deles.
12 E cada qual andava para adiante de si; para onde o espírito havia de ir, iam; não se viravam quando andavam.
13 No meio dos seres viventes havia uma coisa semelhante a ardentes brasas de fogo, ou a tochas que se moviam por entre os seres viventes; e o fogo resplandecia, e do fogo saíam relâmpagos.
14 E os seres viventes corriam, saindo e voltando à semelhança dum raio.
15 Ora, eu olhei para os seres viventes, e vi rodas sobre a terra junto aos seres viventes, uma para cada um dos seus quatro rostos.
16 O aspecto das rodas, e a obra delas, era como o brilho de crisólita; e as quatro tinham uma mesma semelhança; e era o seu aspecto, e a sua obra, como se estivera uma roda no meio de outra roda.
17 Andando elas, iam em qualquer das quatro direções sem se virarem quando andavam.
18 Estas rodas eram altas e formidáveis; e as quatro tinham as suas cambotas cheias de olhos ao redor.
19 E quando andavam os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles; e quando os seres viventes se elevavam da terra, elevavam-se também as rodas.
20 Para onde o espírito queria ir, iam eles, mesmo para onde o espírito tinha de ir; e as rodas se elevavam ao lado deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.
21 Quando aqueles andavam, andavam estas; e quando aqueles paravam, paravam estas; e quando aqueles se elevavam da terra, elevavam-se também as rodas ao lado deles; porque o espírito do ser vivente estava nas rodas.
22 E por cima das cabeças dos seres viventes havia uma semelhança de firmamento, como o brilho de cristal terrível, estendido por cima, sobre a sua cabeça.
23 E debaixo do firmamento estavam as suas asas direitas, uma em direção à outra; cada um tinha duas que lhe cobriam o corpo dum lado, e cada um tinha outras duas que o cobriam doutro lado.
24 E quando eles andavam, eu ouvia o ruído das suas asas, como o ruído de muitas águas, como a voz do Onipotente, o ruído de tumulto como o ruído dum exército; e, parando eles, abaixavam as suas asas.
25 E ouvia-se uma voz por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças; parando eles, abaixavam as suas asas.
26 E sobre o firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia uma semelhança de trono, como a aparência duma safira; e sobre a semelhança do trono havia como que a semelhança dum homem, no alto, sobre ele.
27 E vi como o brilho de âmbar, como o aspecto do fogo pelo interior dele ao redor desde a semelhança dos seus lombos, e daí para cima; e, desde a semelhança dos seus lombos, e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e havia um resplendor ao redor dele.
28 Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do Senhor; e, vendo isso, caí com o rosto em terra, e ouvi uma voz de quem falava.” (Ezequiel 1)



Ezequiel 2

Como Ezequiel ficou prostrado com a glória da visão que tivera, o Senhor lhe ordenou que ficasse de pé para que pudesse lhe falar, e ao ter ouvido tal ordem, o Espírito Santo entrou nele e o fortaleceu e o colocou de pé, e então pôde ouvir e entender o que Deus lhe falava.
O Senhor disse que lhe estava enviando aos filhos de Israel, às duas casas (Israel e Judá) que Ele chamou de nações rebeldes, porque estavam transgredindo contra Ele, tal como haviam feito os seus antepassados.
Seria a um povo endurecido e obstinado de coração que Ezequiel teria que profetizar, mas atendessem ou não às palavras que o Senhor lhe daria para serem pregadas a eles, saberiam que houve um profeta entre eles, porque o Senhor mesmo seria com Ezequiel e falaria através dele, de modo que não deveria temê-los, ainda que fossem para ele como espinhos e escorpiões, por causa da sua rebeldia.
Ezequiel deveria ser diferente deles, porque importava que fosse sensível e receptivo ao Senhor, à Sua vontade e Palavra, para que pudesse se comunicar com Ele, e assim cumprir o ministério para o qual estava sendo designado.
Então, o que deveria falar lhe foi mostrado como um rolo escrito por dentro e por fora, o qual lhe foi ordenado que o comesse, e o livro continha lamentações, suspiros e ais, porque consistia em  repreensões e visões de Deus relativas aos pecados de Israel, e o próprio profeta lamentaria, suspiraria e se afligiria diante de tais repreensões e visões, porque este era o mesmo sentimento de Deus diante das transgressões do Seu povo.

“1 E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo.
2 Então, quando ele falava comigo entrou em mim o Espírito, e me pôs em pé, e ouvi aquele que me falava.
3 E disse-me ele: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais têm transgredido contra mim até o dia de hoje.
4 E os filhos são de semblante duro e obstinados de coração. Eu te envio a eles, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus.
5 E eles, quer ouçam quer deixem de ouvir (porque eles são casa rebelde), hão de saber que esteve no meio deles um profeta.
6 E tu, ó filho do homem, não os temas, nem temas as suas palavras; ainda que estejam contigo sarças e espinhos, e tu habites entre escorpiões; não temas as suas palavras, nem te assustes com os seus semblantes, ainda que são casa rebelde.
7 Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir, pois são rebeldes.
8 Mas tu, ó filho do homem, ouve o que te digo; não sejas rebelde como a casa rebelde; abre a tua boca, e come o que eu te dou.
9 E quando olhei, eis que tua mão se estendia para mim, e eis que nela estava um rolo de livro.


10 E abriu-o diante de mim; e o rolo estava escrito por dentro e por fora; e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros e ais.” (Ezequiel 2)



Ezequiel 3

Talvez não haja capítulo que tenha servido à formulação de uma falsa doutrina sobre justificação na própria Igreja de Cristo, do que este, em conjunto com o que se afirma no capitulo 18, por causa da sua incorreta interpretação.
Antes de tudo, devemos ter em perspectiva permanentemente no estudo destas passagens, que Ezequiel fora enviado aos israelitas e a nenhum outro povo, conforme o próprio Deus afirma neste texto (v. 5 e 6).
E tão endurecidos eles estavam no pecado, especialmente de idolatria, que foram conduzidos ao cativeiro. Este endurecimento aqui referido pelo Senhor no livro de Ezequiel, pode ser visto em todos os seus detalhes e nuances no livro do profeta Jeremias.
Então o próprio Ezequiel fora feito enrijecido (não quanto ao pecado, mas quanto à coragem e firmeza) pelo Senhor, para poder suportar a dureza dos israelitas, a qual ele teria que enfrentar.
Assim, os ímpios que deveriam ser admoestados pelo profeta, seriam os próprios israelitas, o próprio povo de Deus na Antiga Aliança, que apesar de estarem aliançados com Ele, em decorrência daquela aliança que foi feita com todos os descendentes de Jacó, a grande maioria deles não tinha o Seu temor e não O conhecia, apesar de ter se revelado a eles, e lhes escolhido, dentre todas as nações da terra, para ser o Seu povo particular.
E justamente eles haviam se endurecido totalmente contra Ele, aos quais se encontrava aliançado, tanto que o Senhor afirma que caso tivesse enviado Ezequiel a qualquer outra nação da terra, ele seria ouvido por eles, mas Israel se recusaria a ouvi-lo (v. 6).
Ezequiel não falaria por si mesmo, e nem mecanicamente sendo um mero repetidor de palavras que Deus lhe dissesse, mas o faria pelo testemunho do Espírito Santo que o tomara (v. 12 e 14), tendo as suas entranhas cheias da Palavra de Deus (v. 1 a 3), o efeito disso foi que ele pôde experimentar, conduzido pelo Espírito, e cheio da Palavra de Deus, a amargura e a indignação de Deus contra o pecado do Seu povo, em seu próprio espírito. E Ezequiel se sentiu inteiramente tomado pelo poder de Deus (v. 14).  
Logo, o que será dito por Deus adiante, depois de ter dado tal experiência ao profeta, não seriam conceitos teológicos sobre o modo da salvação da alma, especialmente do modo da justificação dos ímpios, mas um toque de trombeta poderoso nos ouvidos rebeldes da própria nação judaica que estava no cativeiro, para que nenhum deles viesse a ser destruído pelo juízo do Senhor, mesmo já se encontrando debaixo de um juízo que viera da Sua parte, de terem que viver numa terra estranha por setenta anos.
Aqueles que dessem ouvidos a Ezequiel preparariam um bom caminho diante do Senhor para o retorno de Babilônia, quando fossem libertados por Ciro, mas os que se endurecessem e permanecessem na prática da idolatria, receberiam os juízos descritos neste livro, em continuação a tudo que lhes havia sido sucedido, e conforme fora profetizado especialmente por Jeremias, com morte pela espada, pela peste e pela fome.
Assim, Ezequiel foi conduzido pelo Espírito a viver no meio do povo que estava cativo, na região em que eles estavam morando junto ao rio Quebar, e ainda se encontrava pasmado no meio deles por causa das revelações que lhe haviam sido feitas (v. 15) e pela dureza da missão que ele teria que cumprir junto a eles.
Passados os sete dias de pasmo, o Senhor tornou a falar a Ezequiel dizendo que lhe havia constituído por atalaia (vigia, sentinela) sobre os judeus, e como sentinela de Deus, seu dever seria alertá-los sobre tudo o que lhe dissesse, especialmente, quanto aos perigos que estavam correndo, por permanecerem na prática da impiedade.
Então Ezequiel seria posto no ofício profético para o próprio bem deles, assim como a sentinela que guarda a cidade para avisá-la do perigo da destruição que se aproxima, de maneira que seus habitantes possam se defender a tempo.
Deus estava em guerra com os ímpios do Seu povo, mas lhes deu um sentinela para avisá-los, antes de submetê-los a um juízo de destruição (v. 17).
Então, para o cumprimento fiel da sua missão, Deus impôs a Ezequiel o jugo da responsabilidade de não deixar de avisar a todos os ímpios de Israel sobre a condição deles perante Ele, sob pena, de o Senhor demandar das próprias mãos do profeta, a destruição de morte que traria sobre tais rebeldes que não fossem avisados por Ezequiel.
Eles deveriam morrer pelos juízos do Senhor, mas era da vontade do Senhor que lhes fosse dada antes a oportunidade para se arrependerem, de modo que desviaria tal juízo daqueles que se arrependessem.
O mesmo sucede com o evangelho na dispensação da graça, porque tem sido imposto aos cristãos o dever de serem os atalaias de Deus em todo o mundo, de forma, que aqueles que não têm desempenhado a sua função de protestarem contra o pecado, e alertarem as pessoas sobre o juízo que lhes aguarda, caso não se arrependam de seus pecados e creiam em Cristo, elas serão condenadas, mas o Senhor requererá dos cristãos negligentes o sangue delas, ou seja a condenação a um juízo de morte eterna aos quais teve que submetê-las por não conhecerem o terrível juízo que lhes aguardava por causa do pecado não perdoado.
Por isso o apóstolo Paulo se esforçava sobremaneira para que não fosse achado culpado de tal pecado de  negligência.
“26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
27 Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus.” (Atos 20.26,27)
Não se está falando portanto de condenação eterna do atalaia infiel, nem mesmo de salvação pelas obras da lei.
Porque a grande ênfase do Senhor no proferimento desta palavra dada a Ezequiel recaía sobretudo no livramento da morte física, em razão de aplicação de maldições previstas na Antiga Aliança, sobre o povo daquela aliança, a saber, os judeus.
 Então, não seria pelo simples fato de Ezequiel proclamar a Palavra do Senhor aos judeus, que todos eles se converteriam a Ele, mas todos seriam avisados sobre o que lhes sucederia caso não se arrependessem.
É importante lembrar que o justo citado no verso 20, não é o justificado pela fé, mas o justo da Antiga Aliança que guardava os mandamentos de Deus.
Caso tal judeu deixasse de praticar a justiça e começasse a praticar a iniquidade, então o Senhor colocaria diante dele um tropeço, que era uma das maldições da Antiga Aliança, e mataria o tal judeu que deixou de perseverar na obediência aos mandamentos da aliança, especialmente por retornar à prática da idolatria.
Mas mesmo este, deveria ser avisado por Ezequiel que a justiça que ele havia praticado antes de voltar ao pecado, não seria levada em consideração por Deus, para remover o juízo que viria sobre ele, por causa da sua atual iniquidade.
Então, não se trata de possibilidade de perda de salvação de justificados pela fé, mas de perda dos benefícios das bênçãos prometidas da Antiga Aliança, por se colocar numa condição que em vez de bênção, deveria receber a promessa da maldição constante da lei, especialmente a que diz que “Maldito é aquele que não confirmar as palavras desta lei, para as cumprir.” (Dt 27.26).
Para o justificado pela fé, na Nova Aliança, Cristo se fez maldição em seu lugar na cruz, de modo que já não há nenhuma condenação para quem está de fato em Cristo, unido a Ele pela fé.
Porque em Cristo está morto para Lei, e consequentemente para a maldição da Lei, que Deus estaria aplicando aos judeus, e por isso chamou Ezequiel para alertá-los, porque aqueles eram dias em que vigorava a Antiga Aliança em toda a sua plenitude, e vigoraria ainda, por cerca de seiscentos anos mais, até que Jesus morresse na Cruz, e inaugurasse uma Nova Aliança no Seu sangue, que revogaria e substituiria a Antiga.
Então, Deus havia descrito a Ezequiel qual seria a sua missão, e depois disto fez com que ele visse a Sua glória, quando saiu ao vale, igual à que tinha visto junto ao rio Quebar, e que ele descreveu no primeiro capítulo, e isto fez com que caísse com o rosto em terra em atitude de adoração e reverência para com Deus.        
Ele ficara portanto na condição necessária para ser tomado pelo Espírito Santo, e foi quando o Espírito entrou nele e lhe colocou em pé, e lhe falou dizendo que deveria entrar no interior da sua casa (v. 24), e ser amarrado com cordas, e não sair de casa, e o Espírito faria com que a língua do profeta ficasse presa ao seu palato, de modo que não poderia falar palavra alguma, como um sinal para os judeus de que não lhes serviria receberem um repreendedor, porque não o ouviriam por causa da rebeldia deles (v. 25,26).
Todavia, quando o Senhor votasse a falar ao profeta, Ele lhe abriria a boca, e então deveria proclamar aos judeus o seguinte:
 “Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir, ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; pois casa rebelde são eles.” (v. 27)
De tudo isto o que se aprende é que aqueles que se mantiverem rebeldes contra Deus, não se convertendo a Ele pela fé em Cristo, e comprovando tal conversão por um andar no Espírito em santificação, podem estar certos, alertados por esta palavra, que o que lhes aguarda é um juízo de morte eterna.


“1 Depois me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel.
2 Então abri a minha boca, e ele me deu a comer o rolo.
3 E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel.
4 Disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras.
5 Pois tu não és enviado a um povo de estranha fala, nem de língua difícil, mas à casa de Israel;
6 nem a muitos povos de estranha fala, e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviara, certamente te dariam ouvidos.
7 Mas a casa de Israel não te quererá ouvir; pois eles não me querem escutar a mim; porque toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração.
8 Eis que fiz duro o teu rosto contra os seus rostos, e dura a tua fronte contra a sua fronte.
9 Fiz como esmeril a tua fronte, mais dura do que a pederneira. Não os temas pois, nem te assustes com os seus semblantes, ainda que são casa rebelde.
10 Disse-me mais: Filho do homem, recebe no teu coração todas as minhas palavras que te hei de dizer; e ouve-as com os teus ouvidos.
11 E vai ter com os do cativeiro, com os filhos do teu povo, e lhes falarás, e tu dirás: Assim diz o Senhor Deus; quer ouçam quer deixem de ouvir.
12 Então o Espírito me levantou, e ouvi por detrás de mim uma voz de grande estrondo, que dizia: Bendita seja a glória do Senhor, desde o seu lugar.
13 E ouvi o ruído das asas dos seres viventes, ao tocarem umas nas outras, e o barulho das rodas ao lado deles, e o sonido dum grande estrondo.
14 Então o Espírito me levantou, e me levou; e eu me fui, amargurado, na excitação do meu espírito; e a mão do Senhor era forte sobre mim.
15 E vim ter com os do cativeiro, a Tel-Abibe, que moravam junto ao rio Quebar, e eu morava onde eles moravam; e por sete dias sentei-me ali, pasmado no meio deles.
16 Ao fim de sete dias, veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:
17 Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; quando ouvires uma palavra da minha boca, avisa-los-ás da minha parte.
18 Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; se não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, a fim de salvares a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniquidade; mas o seu sangue, da tua mão o requererei:
19 Contudo se tu avisares o ímpio, e ele não se converter da sua impiedade e do seu mau caminho, ele morrerá na sua iniquidade; mas tu livraste a tua alma.
20 Semelhantemente, quando o justo se desviar da sua justiça, e praticar a iniquidade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá; porque não o avisaste, no seu pecado morrerá e não serão lembradas as suas ações de justiça que tiver praticado; mas o seu sangue, da tua mão o requererei.
21 Mas se tu avisares o justo, para que o justo não peque, e ele não pecar, certamente viverá, porque recebeu o aviso; e tu livraste a tua alma.
22 E a mão do Senhor estava sobre mim ali, e ele me disse: Levanta-te, e sai ao vale, e ali falarei contigo.
23 Então me levantei, e saí ao vale; e eis que a glória do Senhor estava ali, como a glória que vi junto ao rio Quebar; e caí com o rosto em terra.
24 Então entrou em mim o Espírito, e me pôs em pé; e falou comigo, e me disse: Entra, encerra-te dentro da tua casa.
25 E quanto a ti, ó filho do homem, eis que porão cordas sobre ti, e te ligarão com elas, e tu não sairás por entre eles.
26 E eu farei que a tua língua se pegue ao teu paladar, e ficarás mudo, e não lhes servirás de repreendedor; pois casa rebelde são eles.
27 Mas quando eu falar contigo, abrirei a tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir, ouça, e quem deixar de ouvir, deixe; pois casa rebelde são eles.” (Ezequiel 3)


Ezequiel 4

Esta profecia foi dada a Ezequiel quando Jerusalém estava sendo sitiada pelos babilônios, nos dias do rei Zedequias (sabemos pelo livro de Jeremias que este cerco durou um ano e oito meses), de forma que durante o período do sítio, Ezequiel deveria fazer uma pequena maquete que representasse a cidade de Jerusalém sendo cercada pelos babilônios, tal como já estava ocorrendo, e deveria deitar para dormir somente sobre um dos lados do seu corpo por um determinado período de dias, e depois de cumpridos tais dias determinados pelo Senhor, deveria se deitar sobre o lado oposto.
Ezequiel estava entre os exilados de Babilônia, que haviam sido levados para lá, antes do cerco de Jerusalém, nos dias do rei Joaquim.
Todavia, como o coração dos judeus que estavam em Babilônia, se encontrava em Jerusalém, pensando em retornarem para lá, o Senhor lhes mostrou o que sucederia àquela cidade, e qual era o motivo de tais juízos, conforme se verá nos capítulos seguintes, de maneira que não aspirassem mais retornar para aquilo que seria inteiramente destruído pelo Seu juízo, através do braço de Babilônia.
Ele ficaria deitado sobre o seu lado esquerdo por 390 dias, simbolizando que estava levando sobre si a iniquidade da casa de Israel (Reino do Norte) que havia sido levado para o cativeiro pelos assírios desde 722 a. C.
 E depois deveria ficar deitado 40 dias sobre o seu lado direito, como que levando a iniquidade da casa de Judá (Reino do Sul), que viria a ser levado numa nova leva de cativos para Babilônia, e quando a cidade de Jerusalém e o templo, seriam destruídos e queimados, pelo rei de Babilônia, em 586.a.C.
Esta ordem de Deus ao profeta tinha principalmente o propósito didático de revelar que os israelitas estariam em aperto, e perderiam a liberdade para dormirem em paz enquanto durassem as assolações da dominação estrangeira que estava determinada sobre eles, numa terra estranha.
No entanto, o tempo de opróbrio de Judá seria menor do que o de Israel (Reino do Norte) porque não se achou mais naquele reino constituído pelas dez tribos do norte, algo bom, como ainda se achava em Judá.  E seria portanto, principalmente através de Judá, que o Senhor daria prosseguimento ao Seu plano de salvar em todas as nações do mundo, pela revelação que continuaria fazendo através deles, até que o Messias se manifestasse.
Durante o sítio de Jerusalém haveria grande escassez de alimentos na cidade, e isto está descrito neste capitulo de Ezequiel, especialmente no símile que lhe foi dado pelo Senhor, para servir de comparação ao que sucederia aos judeus que estivessem no interior daquela cidade, porque experimentariam a fome a ponto de comerem até mesmo seus próprios filhos, para se alimentarem.
Então Ezequiel deveria profetizar que Jerusalém não poderia se libertar do sítio que lhe fora imposto pelo Senhor, até que se cumprissem os dias determinados por Ele para o seu fim.
A comida do profeta seria um pão simples feito de trigo, cevada, favas, lentilhas e milho, e durante os 390 dias em que estivesse deitado sobre o seu lado esquerdo (v. 9,10).
Ele deveria também reduzir a medida de água que beberia diariamente (v. 11), para servir de sinal aos judeus sob o cerco de Babilônia que haveria escassez de água para eles.
   Além disso, Ezequiel deveria assar o seu pão sobre excremento humano, para representar que o pão que os israelitas comeriam espalhados entre as nações seria um pão imundo aos próprios olhos deles, tal como seria aos olhos do profeta.
Como Ezequiel disse ao Senhor, que estava constrangido pelo seu próprio amor à lei, que proibia o comer coisas imundas, o Senhor lhe deu no lugar de excremento humano, excremento seco de boi, para que pudesse usá-lo como combustível para assar o seu pão (v. 18).
Tudo isto estava profetizado na Antiga Aliança como maldições que viriam da parte de Deus sobre o Seu povo, quando eles insistissem em transgredir os Seus mandamentos (veja Levítico 26).
Então eles teriam sobressalto e espanto de espírito ao comerem e ao beberem, em face da grave escassez com que o Senhor faria que viesse sobre eles, em cumprimento às ameaças que lhes fizera desde os dias de Moisés, em caso de descumprimento da Sua aliança.
Quando a Igreja não anda nos caminhos do Senhor, os seus ministros sofrem juntamente com o povo, as correções que lhes vem da parte de Deus, por mais consagrados que sejam a Ele esses ministros, tal como vemos no exemplo do que Ezequiel teve que viver, e não somente Ele, como todos os profetas de Deus que sofreram e foram perseguidos pelo próprio povo ao qual serviam com fidelidade, para o bem deles.


“1 Tu pois, ó filho do homem, toma um tijolo, e pô-lo-ás diante de ti, e grava nele uma cidade, a cidade de Jerusalém;
2 e põe contra ela um cerco, e edifica contra ela uma fortificação, e levanta contra ela uma tranqueira; e coloca contra ela arraiais, e põe-lhe aríetes em redor.
3 Toma também uma sertã de ferro, e põe-na por muro de ferro entre ti e a cidade; e olha para a cidade, e ela será cercada, e tu a cercarás; isso servirá de sinal para a casa de Israel.
4 Tu também deita-te sobre o teu lado esquerdo, e põe sobre ele a iniquidade da casa de Israel; conforme o número dos dias em que te deitares sobre ele, levarás a sua iniquidade.
5 Pois eu fixei os anos da sua iniquidade, para que eles te sejam contados em dias, trezentos e noventa dias; assim levarás a iniquidade da casa de Israel.
6 E quando tiveres cumprido estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado direito, e levarás a iniquidade da casa de Judá; quarenta dias te dei, cada dia por um ano.
7 Dirigirás, pois, o teu rosto para o cerco de Jerusalém, com o teu braço descoberto; e profetizarás contra ela.
8 E eis que porei sobre ti cordas; assim tu não te voltarás dum lado para o outro, até que tenhas cumprido os dias de teu cerco:
9 E tu toma trigo, e cevada, e favas, e lentilhas, e milho miúdo, e espelta, e mete-os numa só vasilha, e deles faze pão. Conforme o número dos dias que te deitares sobre o teu lado, trezentos e noventa dias, comerás disso.
10 E a tua comida, que hás de comer, será por peso, vinte siclos cada dia; de tempo em tempo a comerás.
11 Também beberás a água por medida, a sexta parte dum him; de tempo em tempo beberás.
12 Tu a comerás como bolos de cevada, e à vista deles a assarás sobre o excremento humano.
13 E disse o Senhor: Assim comerão os filhos de Israel o seu pão imundo, entre as nações, para onde eu os lançarei.
14 Então disse eu: Ah Senhor Deus! eis que a minha alma não foi contaminada: pois desde a minha mocidade até agora jamais comi do animal que morre de si mesmo, ou que é dilacerado por feras; nem carne abominável entrou na minha boca.
15 Então me disse: Vê, eu te dou esterco de bois em lugar de excremento de homem; e sobre ele prepararás o teu pão,
16 Disse-me mais: Filho do homem, eis que quebrarei o báculo de pão em Jerusalém; e comerão o pão por peso, e com ansiedade; e beberão a água por medida, e com espanto;
17 até que lhes falte o pão e a água, e se espantem uns com os outros, e se definhem na sua iniquidade.” (Ezequiel 4)


Ezequiel 5

Este capítulo, por um outro símile que foi dado por Deus aos judeus que se encontravam já cativos em Babilônia, por meio de Ezequiel, deveria servir de completo desencorajamento a eles quanto a abrigarem qualquer sonho no sentido de retornarem a Jerusalém, para se unirem aos seus irmãos que se encontravam sob o cerco, que lhes fora imposto por Babilônia.
O Senhor ordenou ao profeta que raspasse os cabelos de sua cabeça e barba, e que os dividisse em três partes iguais.
Estes cabelos assim repartidos simbolizariam o próprio povo de Deus estando debaixo dos juízos específicos que Ele lhes traria. Afinal, todos eles tinham um DNA comum, de um ancestral comum (Jacó), e bem poderiam ser representados pelo DNA deles que havia no cabelo de Ezequiel.
Assim, quando acabasse os dias de sítio, Ezequiel deveria pegar uma terça parte daqueles cabelos e queimá-la no fogo, no meio da maquete que ele fizera da cidade de Jerusalém, para revelar aos judeus que ela seria queimada pelo fogo; uma outra parte deveria ser colocada ao redor da maquete da cidade e ser ferida com uma espada, porque isto representaria os judeus que seriam mortos pela espada dos babilônios, especialmente aqueles que tentassem fugir quando Jerusalém fosse tomada por eles; e a última terça parte deveria ser espalhada ao vento, para simbolizar aqueles que em fuga seriam ainda assim perseguidos pela espada (v. 2).    
Destes cabelos raspados de sua cabeça e barba, Ezequiel deveria reservar uma pequena parte para ser guardada atada nas bordas da sua capa, e ainda desta parte reservada deveria tomar um tanto para ser queimado no fogo, simbolizando que mesmo depois da queda da cidade, haveria um fogo de destruição que seria trazido sobre o remanescente que nela ficasse (v. 3, 4).
Todavia, um resto ficaria preso à capa de Ezequiel, simbolizando os judeus que escapariam do juízo de Deus, que seriam muito poucos, comparativamente a todo o cabelo que havia sido destruído ou lançado fora.
Do verso 5 ao 17 Deus descreve estas ações que dera em símile a Ezequiel, em detalhes relativos ao que faria a Judá por causa da sua rebeldia aos Seus mandamentos, que era ainda maior do que as das nações ao seu redor.
Então, não foram rejeitados por Ele, como as demais nações, porque tinha uma aliança com Israel, e permaneceria fiel à aliança, mesmo em face da infidelidade deles, porque os Seus planos não podem ser frustrados.


“1 E tu, ó filho do homem, toma uma espada afiada; como navalha de barbeiro a usarás, e a farás passar pela tua cabeça e pela tua barba. Então tomarás uma balança e repartirás os cabelos.
2 A terça parte, queimá-la-ás no fogo, no meio da cidade, quando se cumprirem os dias do cerco; tomarás outra terça parte, e com uma espada feri-la-ás ao redor da cidade; e espalharás a outra terça parte ao vento; e eu desembainharei a espada atrás deles.
3 E tomarás deles um pequeno número, e atá-los-ás nas bordas da tua capa.
4 E ainda destes tomarás alguns e, lançando-os no meio do fogo, os queimarás no fogo; e dali sairá um fogo contra toda a casa de Israel.
5 Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações, estando os países ao seu redor;
6 ela, porém, se rebelou perversamente contra os meus juízos, mais do que as nações, e os meus estatutos mais do que os países que estão ao redor dela; porque rejeitaram as minhas ordenanças, e não andaram nos meus preceitos.
7 Portanto assim diz o Senhor Deus: Porque sois mais turbulentos do que as nações que estão ao redor de vós, e não tendes andado nos meus estatutos, nem guardado os meus juízos, e tendes procedido segundo as ordenanças das nações que estão ao redor de vós;
8 por isso assim diz o Senhor Deus: Eis que eu, sim, eu, estou contra ti; e executarei juízos no meio de ti aos olhos das nações.
9 E por causa de todas as tuas abominações farei sem ti o que nunca fiz, e coisas às quais nunca mais farei semelhantes.
10 portanto os pais comerão a seus filhos no meio de ti, e os filhos comerão a seus pais; e executarei em ti juízos, e todos os que restarem de ti, espalha-los-ei a todos os ventos.
11 Portanto, tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, pois que profanaste o meu santuário com todas as tuas coisas detestáveis, e com todas as tuas abominações, também eu te diminuirei; e não te perdoarei, nem terei piedade de ti.
12 uma terça parte de ti morrerá da peste, e se consumirá de fome no meio de ti; e outra terça parte cairá à espada em redor de ti; e a outra terça parte, espalha-la-ei a todos os ventos, e desembainharei a espada atrás deles.
13 Assim se cumprirá a minha ira, e satisfarei neles o meu furor, e me consolarei; e saberão que sou eu, o Senhor, que tenho falado no meu zelo, quando eu cumprir neles o meu furor.
14 Demais te farei uma desolação, e objeto de opróbrio entre as nações que estão em redor de ti, à vista de todos os que passarem.
15 E isso será objeto de opróbrio e ludíbrio, e escarmento e espanto, às nações que estão em redor de ti, quando eu executar em ti juízos com ira, e com furor, e com furiosos castigos. Eu, o Senhor, o disse.
16 Quando eu enviar as malignas flechas da fome contra eles, flechas para a destruição, as quais eu mandarei para vos destruir; e aumentarei a fome sobre vós, e tirar-vos-ei o sustento do pão.


17 E enviarei sobre vós a fome e feras, que te desfilharão; e a peste e o sangue passarão por ti; e trarei a espada sobre ti. Eu, o Senhor, o disse.” (Ezequiel 5)



Ezequiel 6

O teor das ameaças dirigidas por Deus contra os judeus neste capítulo de Ezequiel, é muito parecido ao que nós encontramos especialmente nos vinte primeiros capítulos do livro de Jeremias.
A palavra de destruição pela espada não é dirigida propriamente contra os montes, colinas e vales de Judá, mas aos judeus que costumavam oferecer neles seus sacrifícios e oferendas a falsos deuses. Daí ter sido ordenado a Ezequiel que profetizasse contra os montes, colinas e vales.
Não somente os adoradores de falsos deuses seriam destruídos pelo juízo do Senhor, como também os seus altares e os seus ídolos (v. 4). E os cadáveres dos idólatras seriam colocados ao redor dos seus altares e ídolos para que os que estivessem vivos soubessem que o que se pode conseguir com a adoração de falsos deuses é apenas a morte (v. 5, 13, 14).
Todavia, o Senhor deixaria que escapasse do juízo da morte pela espada, um remanescente que viveria espalhado pelas nações, e estes se lembrariam dEle, quando lhes quebrantasse o coração corrompido, que havia se desviado dEle, e que em consequência fez com que seus olhos espirituais ficassem cegados a ponto de adorarem ídolos, e caindo em si, sentiriam nojo pelo que haviam feito (v. 9).
Então saberiam que todo aquele mal que lhes sobreviera havia partido do próprio Senhor (v. 10).
Todavia, não morreriam apenas pela espada, mas também pela fome e pela peste, conforme estava previsto nas ameaças de maldições da Lei (v. 11).
Os que fugissem da espada seriam alcançados pela peste, e o que sobrasse deles, morreria de fome, porque o Senhor derramaria o Seu furor contra eles (v. 12).
 

“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para os montes de Israel, e profetiza contra eles.
3 E dize: Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor Deus. Assim diz o Senhor Deus aos montes, aos outeiros, às ravinas e aos vales: Eis que eu, sim eu, trarei a espada sobre vós, e destruirei os vossos altos.
4 E serão assolados os vossos altares, e quebrados os vossos altares de incenso; e arrojarei os vossos mortos diante dos vossos ídolos.
5 E porei os cadáveres dos filhos de Israel diante dos seus ídolos, e espalharei os vossos ossos em redor dos vossos altares.
6 Em todos os vossos lugares habitáveis as cidades serão destruídas, e os altos assolados; para que os vossos altares sejam destruídos e assolados, e os vossos ídolos se quebrem e sejam destruídos, e os altares de incenso sejam cortados, e desfeitas as vossas obras.
7 E os traspassados cairão no meio de vós, e sabereis que eu sou o Senhor.
8 Contudo deixarei com vida um restante, visto que tereis alguns que escaparão da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelos países.
9 Então os que dentre vós escaparem se lembrarão de mim entre as nações para onde forem levados em cativeiro, quando eu lhes tiver quebrantado o coração corrompido, que se desviou de mim, e cegado os seus olhos, que se vão corrompendo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações.
10 E saberão que eu sou o Senhor; não disse debalde que lhes faria este mal.
11 Assim diz o Senhor Deus: Bate com a mão, e bate com o teu pé, e dize: Ah! por causa de todas as péssimas abominações da casa de Israel; pois eles cairão à espada, e de fome, e de peste.
12 O que estiver longe morrerá de peste; e, o que está perto cairá à espada; e o que ficar de resto e cercado morrerá de fome; assim cumprirei o meu furor contra eles.
13 Então sabereis que eu sou o Senhor, quando os seus mortos estiverem estendidos no meio dos seus ídolos, em redor dos seus altares, em todo outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e debaixo de todo carvalho frondoso, lugares onde ofereciam suave cheiro a todos os seus ídolos.
14 E estenderei a minha mão sobre eles, e farei a terra desolada e erma, em todas as suas habitações; desde o deserto até Dibla; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 6)


Ezequiel 7

Ao tempo em que estas profecias eram dadas a Ezequiel, relativas ao sítio e à queda de Jerusalém, em Babilônia, Jeremias ainda profetizava em Judá.
Certamente, chegou aos judeus, tanto de uma quanto de outra parte, o teor destas profecias de ambos, que eram uma só revelação em essência, e nem com isso eles se arrependeram de suas más obras.
É possível pregar tudo que se refira à sã doutrina sobre santificação e nem assim muitos cristãos virem a se santificar.
É possível pregar com exatidão sobre a segurança da salvação por causa da justificação, e ainda assim muitos cristãos viverem angustiados pelo temor da perda da salvação.
Deste modo, não é nenhuma garantia de que haverá obediência dos cristãos, caso a Palavra seja pregada e ensinada como convém, isto é, estando a vida em acordo com a verdade pelos que pregam e ensinam, e por uma exposição correta da doutrina da graça e da verdade que estão em Cristo Jesus.
É necessário tomar uma posição em relação ao que se ouve, e colocá-lo em prática. Daí a ordenança bíblica de que não sejamos meros ouvintes da Palavra, mas praticantes.
O fato de saber a doutrina correta não é uma garantia de que estamos salvos ou santificados. Apesar de ser fundamental o conhecimento da verdade para que haja salvação e santificação. Mas somente o conhecimento intelectual da verdade não é por si só, uma garantia de conversão, como podemos ver na atitude de Israel na recepção da Palavra que lhe foi enviada da parte de Deus pelos Seus profetas.
O próprio Senhor Jesus disse que aquele que ouve a Palavra e não a pratica é como um insensato que construiu sua casa sobre a areia.
Nenhum pastor deveria se iludir portanto, pensando que tudo o que deve fazer é simplesmente aprender e ensinar a doutrina correta, porque conduzir a si mesmo e o povo de Deus à santificação é tarefa para quem é diligente não apenas no aprendizado da verdade, mas também na busca de Deus, no enchimento do Espírito e revestimento do Seu poder, de uma vida de oração e de renúncias, uma vez estabelecida a comunhão com nosso Senhor, que nos trará o Seu governo sobre o nosso espírito.
Por isso Deus havia alertado a Ezequiel de antemão que Ele não seria ouvido pelos judeus, apesar de tudo o que lhes dissesse proviesse dEle, e fosse a pura verdade. Porque Deus sabe que para haver arrependimento e conversão é necessário muito mais do que simplesmente ouvir a verdade, é necessário ter um coração contrito perante Ele, que odeie o pecado, e que trema da Sua presença, pelo Seu temor e da Sua Palavra, de maneira que Ele ache um caminho para poder se revelar aos nossos corações.
 Como os judeus poderiam se converter ao Senhor enquanto seus corações estavam apegados às riquezas que eles haviam acumulado? Estava apegado de tal forma, que nem sequer no sítio que estavam sofrendo, viram que ouro e prata não matam a fome, em tais circunstâncias, porque nada se pode comprar com eles, e nem sequer servir para pagar tributos a nações que pudessem lhes socorrer, porque estavam em aperto e incomunicáveis, de maneira que toda a fortuna que haviam juntado de nada lhes serviria, e não somente isto, passaria para as mãos de outros.
Por causa dessa riqueza do mundo eles haviam desprezado a celestial, e afastando-se dos caminhos retos do Senhor, vieram a viver na iniquidade. Então o dinheiro se lhes tornou em tentação e laço, que endureceu seus corações, preparando-lhes para a destruição (v. 19).
Até mesmo os adornos que usavam foi convertido em soberba, lhes tornando orgulhosos, e fizeram deles imagens de esculturas para adorá-las (v. 20).
Então o Senhor permitiria que caíssem nas mãos de ímpios, e também que o Seu próprio templo fosse profanado, porque eles haviam se tornado indignos de entrarem na Sua casa e adorá-lO.
Nos dias da sua destruição eles buscariam a paz, mas não a paz que o Senhor dá, e por isso não achariam nenhuma paz (v. 25).
O Senhor agrada-se em dar a Sua paz, porque é um dos Seus atributos, é parte do fruto do Seu Espírito, mas não pode dar tal paz a quem vive na iniquidade, e que se recusa a se arrepender de seus pecados.
Jesus é o Príncipe da paz, e nos dá a Sua paz não conforme é dada pelo mundo, ou seja, pela ausência de dificuldades e tribulações. Ele nos dá paz em meio às aflições, quando O buscamos de todo o nosso coração, dispostos a tomar sobre nós o jugo da obediência que Lhe é devida.
Fazendo assim, sendo Seus imitadores, por sermos mansos e humildes de coração tal como Ele, acharemos por fim a Sua paz, porque agrada-se em dá-la aos que procedem de tal forma.
Buscar meramente alívio de aflições, tal como os judeus fariam na hora da destruição que viria sobre eles, não significa buscar a paz de Deus, nem mesmo ao próprio Deus, porque é possível achar conforto e alívio que nos seja dado por Ele, para logo endurecer de novo o coração, pela falta de um verdadeiro arrependimento, tal como a Bíblia está cheia de exemplos nas pessoas de Esaú, faraó, o rei Acabe, Judas e tantos outros.


“1 Ainda veio a palavra do Senhor a mim, dizendo:
2 E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus à terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.
3 Agora vem o fim sobre ti, e enviarei sobre ti a minha ira, e te julgarei conforme os teus caminhos; e trarei sobre ti todas as tuas abominações.
4 E não te pouparei, nem terei piedade de ti; mas eu te punirei por todos os teus caminhos, enquanto as tuas abominações estiverem no meio de ti; e sabereis que eu sou o Senhor.
5 Assim diz o Senhor Deus: Mal sobre mal! eis que vem!
6 Vem o fim, o fim vem, despertou-se contra ti; eis que vem.
7 Vem a tua ruína, ó habitante da terra! Vem o tempo; está perto o dia, o dia de tumulto, e não de gritos alegres, sobre os montes.
8 Agora depressa derramarei o meu furor sobre ti, e cumprirei a minha ira contra ti, e te julgarei conforme os teus caminhos; e te punirei por todas as tuas abominações.
9 E não te pouparei, nem terei piedade; conforme os teus caminhos, assim te punirei, enquanto as tuas abominações estiverem no meio de ti; e sabereis que eu, o Senhor, castigo.
10 Eis o dia! Eis que vem! Veio a tua ruína; já floresceu a vara, já brotou a soberba.
11 A violência se levantou em vara de iniquidade. Nada restará deles, nem da sua multidão, nem dos seus bens. Não haverá eminência entre eles.
12 Vem o tempo, é chegado o dia; não se alegre o comprador, e não se entristeça o vendedor; pois a ira está sobre toda a multidão deles.
13 Na verdade o vendedor não tornará a possuir o que vendeu, ainda que esteja por longo tempo entre os viventes; pois a visão, no tocante a toda a multidão deles, não voltará atrás; e ninguém fortalece a sua vida com a sua própria iniquidade.
14 Já tocaram a trombeta, e tudo prepararam, mas não há quem vá à batalha; pois sobre toda a multidão deles está a minha ira.
15 Fora está a espada, e dentro a peste e a fome; o que estiver no campo morrerá à espada; e o que estiver na cidade, a fome e a peste o consumirão.
16 E se escaparem alguns sobreviventes, estarão sobre os montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniquidade.
17 Todas as mãos se enfraquecerão, e todos os joelhos se tornarão fracos como água.
18 E se cingirão de sacos, e o terror os cobrirá; e sobre todos os rostos haverá vergonha e sobre todas as suas cabeças calva.
19 A sua prata, lança-la-ão pelas ruas, e o seu ouro será como imundícia; nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia do furor do Senhor; esses metais não lhes poderão saciar a fome, nem lhes encher o estômago; pois serviram de tropeço da sua iniquidade.
20 Converteram em soberba a formosura dos seus adornos, e deles fizeram as imagens das suas abominações, e as suas coisas detestáveis; por isso eu a fiz para eles como uma coisa imunda.
21 E entrega-la-ei nas mãos dos estrangeiros por presa, e aos ímpios da terra por despojo; e a profanarão.
22 E desviarei deles o meu rosto, e profanarão o meu recesso; porque entrarão nele saqueadores, e o profanarão.
23 Faze uma cadeia, porque a terra está cheia de crimes de sangue, e a cidade está cheia de violência.
24 Pelo que trarei dentre as nações os piores, que possuirão as suas casas; e farei cessar a soberba dos poderosos; e os seus lugares santos serão profanados.
25 Quando vier a destruição eles buscarão a paz, mas não haverá paz.
26 Miséria sobre miséria virá, e se levantará rumor sobre rumor; e buscarão do profeta uma visão; mas do sacerdote perecerá a lei, e dos anciãos o conselho.


27 O rei pranteará, e o príncipe se vestirá de desolação, e as mãos do povo da terra tremerão de medo. Conforme o seu caminho lhes farei, e conforme os seus merecimentos os julgarei; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 7)



Ezequiel 8

Aos que iam ao templo, parecia que tudo lá era feito de acordo com as prescrições da Lei de Moisés, que lhe fora dada pelo Senhor, pela qual entrara em aliança com Israel.
Todavia, o Senhor sabe tudo o que os homens fazem às ocultas. Não somente exteriormente como no interior de seus próprios corações.
Cristãos podem parecer em seu procedimento exterior, especialmente quando se encontram na igreja, como templos vivos aprovados por Deus, mas Ele conhece perfeitamente o que está no interior destes templos vivos que são os cristãos, porque discerne não somente os pensamentos como até mesmo as intenções dos corações. Se amam e obedecem de fato a Ele e à Sua Palavra, ou não.
Então o Senhor revelaria a Ezequiel, pela instrução de um anjo, tudo o que se estava fazendo às ocultas nas câmaras do Seu próprio templo em Jerusalém, pelos sacerdotes e anciãos de Judá.
Havia decorrido um ano desde que Ezequiel havia recebido as visões e profecias narradas nos capítulos anteriores, quando foi arrebatado por uma das tranças dos seus cabelos por um varão semelhante ao fogo, sendo transportado desse modo pelo Espírito Santo, de Babilônia até ao templo de Jerusalém.
Nós vimos anteriormente que ele havia rapado a sua cabeça, e então seus cabelos estavam de novo crescidos porque um ano se passara desde que tivera as visões e profecias narradas até o capitulo sétimo.
A Jeremias não foram dadas tais revelações do que havia de escondido nas câmaras do templo, mas Ezequiel as havia recebido da parte de Deus, para que o povo soubesse que os juízos terríveis que estava proclamando através de Jeremias contra Jerusalém e contra o próprio templo, não poderiam ser suspendidos, porque haveria necessidade de se purificar o santuário de toda aquela grosseira idolatria, e de todas as contaminações que haviam sido colocadas nas paredes da própria casa do Senhor.
Como poderia o Senhor e a Sua glória habitarem num tal lugar?
Então este capitulo é preparatório para as visões que Ezequiel teve nos capítulos seguintes não somente das medidas que estavam sendo tomadas para purificar Jerusalém e o templo pelo fogo, como também para constatar que de fato, isto foi feito, porque o Senhor e a Sua glória havia abandonado o templo, conforme foi dado a Ezequiel ver nos capítulos seguintes.
O povo, de um modo geral desconhecia a Lei de Deus, em todas as suas minúcias, especialmente quanto às regras para o funcionamento do culto no templo. Então foi muito fácil para os escribas e sacerdotes infiéis introduzirem uma imagem de escultura à porta norte do templo, próximo do altar dos holocaustos, sob a possível alegação de que fazia parte da estrutura que fora ordenada pelo Senhor, quando na verdade se tratava de um acréscimo abominável. Por isso é chamada de imagem do ciúme, ou seja que despertava e provocava a zelos ao Senhor, por causa da Sua santidade.
Não é incomum que ministros acrescentem à forma de adoração já instituída por Deus para a forma que deve ser adorado pela Igreja, que é em espírito e em verdade, práticas de cunho carnal e mundano, a pretexto de serem formas lícitas de se adorar a Deus, quando pessoas esclarecidas na verdade, sabem muito bem que se trata também de uma provocação ao zelo do Senhor, por causa do amor à Sua própria santidade, e da glória do Seu grande nome que deve ser santificado na terra, assim como é no céu, ou seja, conforme a forma por Ele prescrita.
Por maiores que sejam as justificativas, a presença ou ausência da glória do Senhor nas pessoas desses ministros e dos demais adoradores, responderá se estão agindo de modo correto ou não.
Todavia, os ministros do templo não agiam por ignorância, porque sabiam muito bem que estavam cultuando a outros deuses e lhes dando honra no lugar do Senhor. E pior de tudo, fazendo isto tudo descaradamente na Sua própria casa.
Com isto, o povo se corrompeu, porque vemos neste capítulo mulheres chorando em adoração em honra do falso deus Tamuz.
Se a consciência desses ministros não lhes condenava, no entanto lhes acusava perante o Senhor, porque o que havia de pior entre eles, faziam às ocultas, tanto que foi ordenado a Ezequiel que fizesse um buraco numa das paredes do templo que conduzia a uma câmara onde setenta anciãos se reuniam para adorar falsos deuses, que haviam sido estampados nas paredes daquela câmara na forma de répteis, e de animais imundos, e todos os ídolos da casa de Israel (v. 10).
Além disso foi mostrado a Ezequiel 25 adoradores no átrio interno do templo com seus rostos voltados para o nascente, adorando o sol.    
Ora, eles fizeram tudo isto deliberadamente, e por terem considerado que haviam sido abandonados pelo Deus de Moisés, de maneira que escolheram deuses para serem adorados segundo a própria conveniência deles, esquecidos que tinham uma aliança com o Senhor, pela qual, estavam sujeitos a juízos de bênçãos ou de maldições, segundo a obediência ou desobediência deles, respectivamente.
A Lei nos ensina portanto em figura, que mesmo estando numa Nova Aliança com Cristo, e não estando mais debaixo da Lei, isto não significa que eles têm liberdade para adorar o que bem entendam ou que não estão sujeitos a nenhum castigo da parte do Senhor caso venham a andar de modo desordenado, contra a santificação que Lhe é devida.
Ainda que não sejam mais amaldiçoados com as mesmas maldições especificadas na Antiga Aliança, certamente serão sujeitados à Sua disciplina e não serão tidos por aprovados ou abençoados ou bem-aventurados, quando viverem deliberadamente na prática da iniquidade, tal como viveram os judeus nos dias de Ezequiel, e que por isso foram destruídos pelos juízos do Senhor.
Que comunhão pode existir entre luz e trevas?
Entre Cristo e Belial?
Entre a glória do Senhor e os demônios?
Por isso, quando Ezequiel foi arrebatado ao templo de Jerusalém, ainda se via a glória do Senhor naquele lugar, para que ele constatasse quão incompatível é que tal glória permaneça onde predominam as trevas do pecado nos corações.
Então a glória seria removida do templo, assim como é removida dos corações dos cristãos que entristecem o Espírito Santo, e que apagam o fogo da Sua glória, até que eles venham a se arrepender, porque o corpo deles é templo do Espírito, e Ele não pode estar se manifestando em glória num templo que esteja sujo.
 

“1 Sucedeu pois, no sexto ano, no mês sexto, no quinto dia do mês, estando eu assentado na minha casa, e os anciãos de Judá assentados diante de mim, que ali a mão do Senhor Deus caiu sobre mim.
2 Então olhei, e eis uma semelhança como aparência de fogo. Desde a aparência dos seus lombos, e para baixo, era fogo; e dos seus lombos, e para cima, como aspecto de resplendor, como e brilho de âmbar.
3 E estendeu a forma duma mão, e me tomou por uma trança da minha cabeça; e o Espírito me levantou entre a terra e o céu, e nas visões de Deus me trouxe a Jerusalém, até a entrada da porta do pátio de dentro, que olha para o norte, onde estava o assento da imagem do ciúme, que provoca ciúme.
4 E eis que a glória do Deus de Israel estava ali, conforme a semelhança que eu tinha visto no vale.
5 Então me disse: Filho do homem, levanta agora os teus olhos para o caminho do norte. Levantei, pois, os meus olhos para o caminho do norte, e eis que ao norte da porta do altar, estava esta imagem do ciúme na entrada.
6 E ele me disse: Filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? as grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário; Mas verás ainda outras grandes abominações.
7 E levou-me à porta do átrio; então olhei, e eis que havia um buraco na parede.
8 Então ele me disse: Filho do homem, cava agora na parede. E quando eu tinha cavado na parede, eis que havia uma porta.
9 Disse-me ainda: Entra, e vê as ímpias abominações que eles fazem aqui.
10 Entrei, pois, e olhei: E eis que toda a forma de répteis, e de animais abomináveis, e todos os ídolos da casa de Israel, estavam pintados na parede em todo o redor.
11 E setenta homens dos anciãos da casa de Israel, com Jaazanias, filho de Safã, no meio deles, estavam em pé diante das pinturas, e cada um tinha na mão o seu incensário; e subia o odor de uma nuvem de incenso.
12 Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Pois dizem: O Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a terra.
13 Também me disse: Verás ainda maiores abominações que eles fazem.
14 Depois me levou à entrada da porta da casa do Senhor, que olha para o norte; e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz.
15 Então me disse: Viste, filho do homem? Verás ainda maiores abominações do que estas.
16 E levou-me para o átrio interior da casa do Senhor; e eis que estavam à entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor, e com os rostos para o oriente; e assim, virados para o oriente, adoravam o sol.
17 Então me disse: Viste, filho do homem? Acaso é isto coisa leviana para a casa de Judá, o fazerem eles as abominações que fazem aqui? pois, havendo enchido a terra de violência, tornam a provocar-me à ira; e ei-los a chegar o ramo ao seu nariz.
18 Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade. Ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei.” (Ezequiel 8)



Ezequiel 9

Antes que os exércitos de Babilônia destruíssem especialmente os idólatras que haviam sido mostrados a Ezequiel no capítulo anterior, o Senhor mostrou ao profeta estas destruições como sendo já consumadas por Ele, pela mão de um anjo destruidor, assim como fizera na terra do Egito nos dias de Moisés, quando o anjo destruidor matou todos os primogênitos egípcios.
Tal como no passado em que havia mandado marcar as casas dos israelitas com o sangue do cordeiro pascal, para que o destruidor passasse (páscoa) sobre elas sem lhes fazer mal, de igual modo, o Senhor ordenou antes que fossem marcados com um sinal invisível em suas testas somente visto por Ele, todos aqueles que estavam chorando por causa das abominações que estavam sendo feitas em Jerusalém, para que fossem poupados da destruição.
Ezequiel viu seis homens (anjos) com armas de destruição em suas mãos caminhando juntamente com um varão vestido de linho branco com um tinteiro de escrivão em seu cinto, com o qual marcaria os que seriam poupados da destruição dos que traziam as armas.
Na ocasião, a glória do Senhor estava sobre um querubim, porque como já comentamos no primeiro capitulo, o Seu trono está acima dos querubins, e Ele se assenta sobre eles, como sendo suas carruagens vivas e móveis com as quais se desloca em glória.
E saindo de sobre o querubim a glória do Senhor veio para junto à entrada do templo, não para abençoar, mas para ser glorificado nos Seus juízos, porque havia deixado o Seu trono de graça, para castigar o pecado de Israel.
É importante sabermos que Deus é glorificado nos Seus santos tanto quando os abençoa, quanto quando os corrige. E quanto aos juízos que traz sobre os ímpios, Deus também é glorificado nisto porque mostra o quão santo e justo Ele é.  
Uma vez marcados partiu a ordem de Deus que começassem a matança a partir do próprio templo, e que a ninguém poupassem dos que não tivessem a marca, independentemente de sexo, idade ou posição social.
Tal foi a extensão da destruição que o profeta Ezequiel viu, que ele caiu com o rosto em terra e começou a clamar dizendo: “Ah Senhor Deus! destruirás todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?”.
Todavia a resposta que o Senhor lhe deu, era a de que a culpa da casa de Israel e de Judá era grandíssima e a terra estava cheia de sangue por causa da injustiça e da violência deles, e ainda diziam que o Senhor estava indiferente ao que eles faziam, porque já não era o Deus deles e nem sequer sabia o que eles estavam fazendo.
Então mostraria por aqueles juízos que é o Deus vivo que tudo vê e julga, porque agiria de acordo com a Palavra da aliança que havia feito com eles.

“1 Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Chegai, vós, os intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão.
2 E eis que vinham seis homens do caminho da porta superior, que olha para o norte, e cada um com a sua arma de matança na mão; e entre eles um homem vestido de linho, com um tinteiro de escrivão à sua cintura. E entraram, e se puseram junto ao altar de bronze.
3 E a glória do Deus de Israel se levantou do querubim sobre o qual estava, e passou para a entrada da casa; e clamou ao homem vestido de linho, que trazia o tinteiro de escrivão à sua cintura.
4 E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.
5 E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.
6 Matai velhos, mancebos e virgens, criancinhas e mulheres, até exterminá-los; mas não vos chegueis a qualquer sobre quem estiver o sinal; e começai pelo meu santuário. Então começaram pelos anciãos que estavam diante da casa.
7 E disse-lhes: Profanai a casa, e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade.
8 Sucedeu pois que, enquanto eles estavam ferindo, e ficando eu sozinho, caí com o rosto em terra, e clamei, e disse: Ah Senhor Deus! destruirás todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?
9 Então me disse: A culpa da casa de Israel e de Judá é grandíssima, a terra está cheia de sangue, e a cidade cheia de injustiça; pois eles dizem: O Senhor abandonou a terra; o Senhor não vê.
10 Também, quanto a mim, não pouparei nem me compadecerei; sobre a cabeça deles farei recair o seu caminho.
11 E eis que o homem que estava vestido de linho, a cuja cintura estava o tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me ordenaste.” (Ezequiel 9)


Ezequiel 10

Quanto às características dos querubins, estas já se encontram comentadas no primeiro capitulo.
O que há agora para se comentar em relação a este décimo capitulo, é o modo como os juízos do Senhor foram disparados a partir deles, e executados pelo homem que estava vestido de linho branco, citado também no capítulo anterior.
Nós já dissemos no primeiro capítulo que são os querubins que chamam os cavaleiros do Apocalipse a exercerem seus juízos sobre a terra. E são também eles que chamam os anjos para lançarem suas taças cheias com os juízos de Deus sobre a terra, nos dias do Anticristo.
Eles têm participação nestes juízos, porque são guardiões da santidade de Deus, e por isso se encontravam esculpidos no tabernáculo e no templo, para que fosse ensinado em figura qual é a função deles.
É dito então que eles fazem repousar a glória de Deus nos lugares que estão debaixo da Sua aprovação, ou até mesmo da Sua condenação, como era agora o caso do que se ocorria em Judá nos dias de Ezequiel.
Eles estão em movimento porque Deus se movimentou de Seu trono para exercer juízos sobre a terra.
Por isso Ezequiel viu o trono do Senhor em forma de pedra de safira, acima da cabeça dos querubins (v. 1), e partiu do trono uma voz ao homem vestido de linho dizendo-lhe que entrasse por entre as rodas giratórias dos querubins e que enchesse as suas mãos de brasas acesas que estavam dentre os querubins, que são o fogo do juízo do Senhor contra o pecado; e que lançasse tais brasas espalhando-as sobre todas a cidade de Jerusalém (v. 2).
Neste momento os querubins estavam de pé ao lado direito do templo, quando entrou o homem vestido de linho, e nessa hora uma nuvem encheu o átrio interior do templo (v. 3).
E após a entrada do homem vestido de linho, a glória do Senhor se levantou de sobre o querubim e passou para a entrada do templo enchendo-a de uma nuvem, e assim, o átrio interior se encheu do resplendor da glória do Senhor (v. 4).
Ezequiel ouviu o ruído do bater das asas dos querubins, estando no átrio exterior, como se fosse a voz do próprio Deus, e mais uma vez se ordenou ao homem vestido de linho que pegasse fogo entre as rodas dentre os querubins, e ele se colocou junto a uma roda, e um dos querubins pegou o fogo que estava entre eles, e o colocou na mão do homem vestido de linho, o qual o tomou e saiu, para lançá-lo sobre Jerusalém para que fosse queimada.
Com isto estava selado o juízo de Deus sobre a cidade que seria executado pelos babilônios.
A visão dada a Ezequiel tinha o propósito de lhe revelar e aos judeus que estavam exilados em Babilônia que nada poderia impedir que Jerusalém fosse destruída pelo fogo, coisa que muitos deles não estavam acreditando, porque o templo do Senhor se encontrava nela, e pensavam que Deus estava obrigado a defender a cidade, por causa do Seu templo.
Nos versos 8 a 14 são descritas características dos querubins que já comentamos no primeiro capitulo.
Depois que o homem vestido de linho saiu, os querubins se elevaram ao alto, e as rodas que acompanhavam os seus movimentos também se elevaram com eles, porque a visão para Ezequiel era a de uma carruagem de fogo, composta por seres viventes.
Logo após, a glória do Senhor saiu da entrada do templo e repousou sobre os querubins, e então estes bateram as suas asas e se elevaram ainda mais à vista de Ezequiel, tendo depois parado à entrada da porta Leste do templo, e a glória de Deus permanecia sobre eles.
Estes querubins eram os mesmos que Ezequiel havia visto em sua primeira visão descrita no primeiro capítulo, ou seja, existem no céu apenas estes quatro querubins que foi permitido não somente a Ezequiel vê-los, como também ao apóstolo João, e registrar o que viram em relação a eles, na Palavra de Deus.



“1 Depois olhei, e eis que no firmamento que estava por cima da cabeça dos querubins, apareceu sobre eles uma como pedra de safira, semelhante em forma a um trono.
2 E falou ao homem vestido de linho, dizendo: Vai por entre as rodas giradoras, até debaixo do querubim, enche as tuas mãos de brasas acesas dentre os querubins, e espalha-as sobre a cidade. E ele entrou à minha vista.
3 E os querubins estavam de pé ao lado direito da casa, quando entrou o homem; e uma nuvem encheu o átrio interior.
4 Então se levantou a glória do Senhor de sobre o querubim, e passou para a entrada da casa; e encheu-se a casa duma nuvem, e o átrio se encheu do resplendor da glória do Senhor.
5 E o ruído das asas dos querubins se ouvia até o átrio exterior, como a voz do Deus Todo-Poderoso, quando fala.
6 Sucedeu pois que, dando ele ordem ao homem vestido de linho, dizendo: Toma fogo dentre as rodas, dentre os querubins, entrou ele, e pôs-se junto a uma roda.
7 Então estendeu um querubim a sua mão de entre os querubins para o fogo que estava entre os querubins; e tomou dele e o pôs nas mãos do que estava vestido de linho, o qual o tomou, e saiu.
8 E apareceu nos querubins uma semelhança de mão de homem debaixo das suas asas.
9 Então olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins, uma roda junto a um querubim, e outra roda junto a outro querubim; e o aspecto das rodas era como o brilho de pedra de crisólita.
10 E, quanto ao seu aspecto, as quatro tinham a mesma semelhança, como se estivesse uma roda no meio doutra roda.
11 Andando elas, iam em qualquer das quatro direções sem se virarem quando andavam, mas para o lugar para onde olhava a cabeça, para esse andavam; não se viravam quando andavam.
12 E todo o seu corpo, as suas costas, as suas mãos, as suas asas, e as rodas que os quatro tinham, estavam cheias de olhos em redor.
13 E, quanto às rodas, elas foram chamadas rodas giradoras, ouvindo-o eu.
14 E cada um tinha quatro rostos: o primeiro rosto era rosto de querubim, o segundo era rosto de homem, o terceiro era rosto de leão, e o quarto era rosto de águia.
15 E os querubins se elevaram ao alto. Eles são os mesmos seres viventes que vi junto ao rio Quebar.
16 E quando os querubins andavam, andavam as rodas ao lado deles; e quando os querubins levantavam as suas asas, para se elevarem da terra, também as rodas não se separavam do lado deles.
17 Quando aqueles paravam, paravam estas; e quando aqueles se elevavam, estas se elevavam com eles; pois o espírito do ser vivente estava nelas.
18 Então saiu a glória do Senhor de sobre a entrada da casa, e parou sobre os querubins.
19 E os querubins alçaram as suas asas, e se elevaram da terra à minha vista, quando saíram, acompanhados pelas rodas ao lado deles; e pararam à entrada da porta oriental da casa do Senhor, e a glória do Deus de Israel estava em cima sobre eles.
20 São estes os seres viventes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar; e percebi que eram querubins.
21 Cada um tinha quatro rostos e cada um quatro asas; e debaixo das suas asas havia a semelhança de mãos de homem.


22 E a semelhança dos seus rostos era a dos rostos que eu tinha visto junto ao rio Quebar; tinham a mesma aparência, eram eles mesmos; cada um andava em linha reta para a frente.” (Ezequiel 10)


Ezequiel 11

Este capítulo conclui a visão e revelações que o Senhor dera a Ezequiel desde que o arrebatara pelo cabelo para transportá-lo de Babilônia para Jerusalém.
No capítulo anterior nós vimos que a glória do Senhor havia saído do templo e repousado sobre os querubins.
E este se inicia nos informando que o Espírito Santo havia levado Ezequiel à porta Leste do templo, e junto à entrada daquela porta se encontravam 25 homens, e entre eles Jaazanias e Pelatias, príncipes do povo, ou seja magistrados, dos quais o Espírito disse serem os homens que maquinavam a iniquidade e que davam conselhos ímpios em Jerusalém, porque diziam que não estava próximo o tempo de edificar casas, porque Jerusalém era a panela e eles a carne.
Com isso queriam dizer que estavam em segurança como a carne que está sendo cozida no interior de uma panela de metal fervente, e que ninguém, portanto se intrometeria com eles, porque seriam queimados pela panela ou pela água fervente.
Então o Espírito ordenou a Ezequiel que profetizasse contra eles, dizendo que os mortos com os quais eles haviam enchido a cidade, esses que eram a carne, e não eles, mas Jerusalém era de fato a caldeira, mas o Senhor os arrancaria do meio dela; porque o temor deles da espada faria com que o Senhor trouxesse a espada sobre eles.
Eles tentavam anular a Palavra do Senhor na boca dos Seus profetas quanto a dizer que se encontravam seguros naquela caldeira, mas Ele cumpriria totalmente a Palavra que havia proferido por meio deles, quando eles próprios fossem entregues nas mãos dos babilônios, e eles cairiam à espada, e até mesmo nos confins de Israel os alcançaria e julgaria.
Como magistrados eles deveriam julgar segundo a Lei do Senhor, mas procediam conforme os costumes das nações pagãs.
Enquanto Ezequiel profetizava, um daqueles dois homens ímpios citados pelo Espírito, caiu morto, a saber, Pelatias. Então Ezequiel clamou com grande voz apelando junto ao Senhor que não desse cabo ao remanescente de Israel.  
Todavia, o Senhor lhe revelou que os seus próprios irmãos, da sua parentela, e toda a casa de Israel, eram aqueles dos quais os habitantes de Jerusalém haviam dito que se afastassem do Senhor, porque aquela terra se lhes havia sido dada em possessão.
Então Ele saberia muito bem a quem preservar como remanescente do Seu povo. E mandou Ezequiel lhes dizer que ainda que lhes enviasse para longe entre as nações, todavia ainda lhes seria por santuário, por um certo tempo nas terras para onde fossem espalhados pelo Seu juízo.
E depois os ajuntaria do meio dos povos e os recolheria das nações para onde lhes havia espalhado, e lhes traria de volta à terra de Israel (v. 17).
Ao retornarem, restaurariam o culto devido ao Senhor, purificando-se de todas as coisas detestáveis e abomináveis, e o Senhor lhes daria um só coração, e poria neles um novo espírito, e tiraria o seu coração de pedra e lhes daria um coração de carne. (v. 19).
E faria isto para que andassem nos Seus estatutos e guardassem os seus mandamentos e os cumprissem, e então seriam de fato o Seu povo, e Ele o Deus deles (v. 20).
Esta é claramente uma promessa da Nova Aliança, assim como havia sido prometida também através de Jeremias em Jer 31.31-34.
Não é possível ser um remanescente fiel de verdade, que agrade a Deus sem que se receba essa nova natureza prometida, pela habitação do Espírito Santo no coração. Deus teria um povo fiel, e este seria o meio de formar um povo santo que guardasse de fato os Seus mandamentos.
Portanto, não seria pelo fato de ser livrado dos juízos de Deus que qualquer judeu poderia ser considerado parte do remanescente fiel que Ele reservaria para Si.
Isto seria medido pela mudança de coração.
Por isso, aqueles cujo corações permanecessem arraigados às coisas que Deus detesta, e que são abomináveis para Ele, sofreriam as consequências e recompensas do seu próprio mau caminho, ou seja, seriam submetidos ao juízo do Senhor (v. 21).
Depois que o Senhor proferiu tais palavras a Ezequiel, os querubins elevaram as suas asas, e a glória de Deus ainda permanecia sobre eles, e logo após se alçou saindo de Jerusalém, indo repousar sobre o monte que fica ao lado oriental da referida cidade (v. 23).
Isto era a sinalização para a consumação dos juízos que haviam sido mostrados a Ezequiel em visão e que seriam executados pelos babilônios, uma vez que a glória de Deus havia se retirado de Jerusalém, e isto significava que o povo havia sido desamparado por Ele, para ser entregue ao juízo de destruição que havia sido sentenciado contra eles.
Tudo quanto deveria ser mostrado a Ezequiel em visão em Jerusalém havia sido consumado, e portanto o Espírito o levantou e o levou novamente para Babilônia, para junto dos exilados, onde ele se encontrava quando foi arrebatado até Jerusalém. Em lá chegando logo compartilhou com os exilados tudo o que o Senhor lhe havia mostrado. Assim eles saberiam que eram mais do que justas as ações de destruição do Senhor que recairiam sobre Jerusalém.
Deus havia vindicado a Sua santidade, e este foi o motivo de ter dado a visão da Sua glória sendo retirada gradualmente de Jerusalém, através do uso dos querubins, os guardiões da Sua glória e santidade.

 
“1 Então me levantou o Espírito, e me levou à porta oriental da casa do Senhor, a qual olha para o oriente; e eis que estavam à entrada da porta vinte e cinco homens, e no meio deles vi a Jaazanias, filho de Azur, e a Pelatias, filho de Benaías, príncipes do povo.
2 E disse-me: Filho do homem, estes são os homens que maquinam a iniquidade, e dão ímpio conselho nesta cidade;
3 os quais dizem: Não está próximo o tempo de edificar casas; esta cidade é a caldeira, e nós somos a carne.
4 Portanto, profetiza contra eles; profetiza, ó filho do homem.
5 E caiu sobre mim o Espírito do Senhor, e disse-me: Fala: Assim diz o Senhor: Assim tendes dito, ó casa de Israel; pois eu conheço as coisas que vos entram na mente.
6 Multiplicastes os vossos mortos nesta cidade, e enchestes as suas ruas de mortos.
7 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vossos mortos que deitastes no meio dela, esses são a carne, e ela é a caldeira; a vós, porém, vos tirarei do meio dela.
8 Temestes a espada, e a espada eu a trarei sobre vós, diz o Senhor Deus.
9 E vos farei sair do meio dela, e vos entregarei na mão de estrangeiros, e exercerei juízos entre vós.
10 Caireis à espada; nos confins de Israel vos julgarei; e sabereis que eu sou o Senhor.
11 Esta cidade não vos servirá de caldeira, nem vós servirei de carne no meio dela; nos confins de Israel vos julgarei;
12 e sabereis que eu sou o Senhor; pois não tendes andado nos meus estatutos, nem executado as minhas ordenanças; antes tendes procedido conforme as ordenanças das nações que estão em redor de vós.
13 E aconteceu que, profetizando eu, morreu Pelatias, filho de Benaías. Então caí com o rosto em terra, e clamei com grande voz, e disse: Ah Senhor Deus! darás fim cabal ao remanescente de Israel?
14 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
15 Filho do homem, teus irmãos, os teus próprios irmãos, os homens de teu parentesco, e toda a casa de Israel, todos eles, são aqueles a quem os habitantes de Jerusalém disseram: Apartai-vos para longe do Senhor; a nós se nos deu esta terra em possessão.
16 Portanto, dize: Assim diz o Senhor Deus: Ainda que os mandei para longe entre as nações, e ainda que os espalhei pelas terras, todavia lhes servirei de santuário por um pouco de tempo, nas terras para onde foram.
17 Portanto, dize: Assim diz o senhor Deus: Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei do meio das terras para onde fostes espalhados, e vos darei a terra de Israel.
18 E virão ali, e tirarão dela todas as suas coisas detestáveis e todas as suas abominações.
19 E lhes darei um só coração, e porei dentro deles um novo espírito; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne,
20 para que andem nos meus estatutos, e guardem as minhas ordenanças e as cumpram; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
21 Mas, quanto àqueles cujo coração andar após as suas coisas detestáveis, e das suas abominações, eu farei recair nas suas cabeças o seu caminho, diz o Senhor Deus.
22 Então os querubins elevaram as suas asas, estando as rodas ao lado deles; e a glória do Deus de Israel estava em cima sobre eles.
23 E a glória do Senhor se alçou desde o meio da cidade, e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade.
24 Então o Espírito me levantou, e me levou na sua visão para a Caldéia, para os exilados. Assim se foi de mim a visão que eu tinha visto.


25 E falei aos do cativeiro todas as coisas que o Senhor me tinha mostrado.” (Ezequiel 11)



Ezequiel 12

Ezequiel se encontrava novamente entre os exilados em Babilônia, quando recebeu esta profecia do Senhor, porque havia sido arrebatado de volta pelo Espírito desde Jerusalém, para onde havia sido levado por Ele, para ver as abominações do templo, e as destruições que estavam determinadas sobre aquela cidade.
Os judeus que se encontravam em Babilônia não eram melhores do que aqueles que se encontravam em Jerusalém, de modo que o Senhor disse a Ezequiel neste capitulo, que ele estava habitando no meio da casa rebelde, que não podia ouvir nem ver o Seu desígnio, por causa da rebelião de seus corações contra Ele.
Então Ezequiel lhes serviria de símile, mais uma vez, o que eles chamavam de alegorias, porque o Senhor lhe ordenou que agisse de maneira que representasse o que estava prestes a ocorrer com o rei Zedequias em Jerusalém, os príncipes, nobres e soldados que estavam com ele, bem como todo o povo que habitava naquela cidade, porque o profeta teria que pegar todos os seus pertences que havia em sua casa, e mudar-se de casa, carregando-os consigo, só que através de um buraco que ele faria na parede de sua casa, e sairia por ele como quem se encontrava em fuga de algum perigo.
Ele deveria fazer isto à vista dos judeus que se encontravam em Babilônia, para que se lembrassem do que Deus havia feito anteriormente através do profeta, antes que tal fato sucedesse em Jerusalém, quando os judeus estariam fugindo dos babilônios, que finalmente conseguiriam entrar na cidade depois de sitiá-la por dezoito meses.
Assim, lhes serviria de sinal de como aqueles que se encontravam em Jerusalém sairiam para o cativeiro: não em  paz, mas em fuga da morte pela espada.
No verso 13 o Senhor revelou a Ezequiel que o rei Zedequias seria preso por Nabucodonosor, e seria conduzido por ele para Babilônia, mas não lhe seria permitido ver a cidade, porque seus olhos seriam vazados e ele viria a morrer na prisão em que seria posto em Babilônia.
E a guarda pessoal do rei seria perseguida e morta pela espada dos babilônios. Tudo isto ocorreu exatamente como foi revelado a Ezequiel, e conforme podemos ver no relato do livro do profeta Jeremias.
O Senhor deixaria que uns poucos dentre eles escapassem do juízo da espada, da peste e da fome, para que confessassem perante as nações para onde seriam dispersos, que foi por causa das abominações que haviam praticado, que o Senhor lhes trouxera todo aquele juízo. E com isto, a santidade do Senhor seria vindicada através do testemunho deles, de maneira que todos os povos soubessem que os atos dos judeus não eram inspirados e nem aprovados pelo Deus deles.
Depois disto o Senhor ordenou a Ezequiel que comesse o seu pão e bebesse a sua água com tremor e estremecimento, e como alguém que se encontrava atemorizado (v. 18), para que os habitantes de Jerusalém soubessem que seria assim que eles comeriam e beberiam em sua terra, porque seria despojada de toda a abundância que ela tivera no passado, por causa da violência que era praticada nela pelos judeus.
Por isso as cidades de Judá seriam devastadas, e ficariam desoladas, para que soubessem que isto lhes veio da parte do Senhor.
O deboche dos judeus receberia o devido castigo. Apesar de tudo o que lhes já havia sucedido, com parte do povo em cativeiro em Babilônia, ainda assim diziam que as profecias que lhes eram dirigidas falando de um juízo iminente que viria sobre eles, eram falsas, porque os dias deles em Jerusalém seriam dilatados, de forma que toda visão em contrário disto era falha (v. 23).
Mas o Senhor faria cessar tal provérbio em Judá, e mandou Ezequiel dizer-lhes que estavam próximos os dias do cumprimento de toda visão que o Senhor dera aos Seus profetas.
E toda visão vã, adivinhação para agradar a homens seriam cessadas em Israel porque o Senhor abreviaria o juízo, e já não haveria mais demora, para que não continuassem afirmando que tudo o que estava sendo dito pelos Seus profetas era para ser cumprido em dias ainda muito distantes.
Nós aprendemos deste capitulo, para o que pode ser aplicado à Igreja de Cristo e às pessoas do mundo, em nossos dias, a grande verdade que se o coração for resistente à vontade de Deus, de nada adiantará, quanto a produzir arrependimento, conversão, salvação ou santificação, proferir-lhe a genuína Palavra de Deus, porque ela não pode fazer efeito num solo infértil, como aprendemos da Parábola do Semeador. Se a árvore for má não se poderá colher dela bons frutos, ainda que seja regada com a graça e com a Palavra do Senhor.
Não há nenhuma relutância no Senhor para transformar corações de pedra em corações de carne, mas é preciso reconhecer que a condição requerida por Ele não é o coração de pedra, mas o de carne, e pedir-Lhe e deixar que faça tal transformação, como tem prometido fazer em Sua Palavra.
Não há nenhuma resistência da parte do Senhor para receber e lavar o pior dos pecadores, mas este deverá se humilhar perante Ele, e ter um coração quebrantado por causa dos seus pecados.
Todavia, os soberbos, os que confiam na sua própria justiça, os que resistem a Deus e à Sua vontade, tal como os judeus nos dias de Ezequiel, em vez de abençoados, serão destruídos pelos Seus juízos, e no caso de serem cristãos autênticos, pelas correções de um Pai, e no caso de ímpios, serão sujeitados ao juízo eterno no inferno de fogo, depois de partirem deste mundo, porque até que morram continuam alcançados pela longanimidade que o Senhor tem usado nesta dispensação da graça, convidando todos ao arrependimento, e usando de misericórdia para com todos para que se voltem para Ele. Mas se o homem se endurecer, nada mais lhe resta senão um horrível juízo de fogo.
E para nos alertar acerca desta verdade, este foi um dos propósitos de ter ordenado que fosse registrado pelos profetas todos os juízos que trouxe sobre os homens na dispensação da Lei, como os que vemos no livro do profeta Ezequiel.


“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, tu habitas no meio da casa rebelde, que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque é casa rebelde.
3 Tu, pois, ó filho do homem, prepara-te os teus pertences para mudares para o exílio, e de dia muda à vista deles; e do teu lugar mudarás para outro lugar à vista deles; bem pode ser que reparem nisso, ainda que eles são casa rebelde.
4 À vista deles, pois, tirarás para fora, de dia, os teus pertences, como para mudança; então tu sairás de tarde à vista deles, como quem sai para o exílio.
5 Faze para ti, à vista deles, uma abertura na parede, e por ali sairás.
6 À vista deles levarás aos ombros os teus pertences, e às escuras os transportarás, e cobrirás o teu rosto, para que não vejas o chão; porque te pus por sinal à casa de Israel.
7 E fiz assim, como se me deu ordem: os meus pertences tirei para fora de dia, como para o exílio; então à tarde fiz com a mão uma abertura na parede; às escuras saí, carregando-os aos ombros, à vista deles.
8 E veio a mim a palavra do Senhor, pela manhã, dizendo:
9 Filho do homem, não te perguntou a casa de Israel, aquela casa rebelde: Que fazes tu?
10 Dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Este oráculo se refere ao príncipe em Jerusalém, e a toda a casa de Israel que está no meio dela.
11 Dize: Eu sou o vosso sinal: Assim como eu fiz, assim se lhes fará a eles; irão para o exílio para o cativeiro,
12 E o príncipe que está no meio deles levará aos ombros os seus pertences, e às escuras sairá; ele fará uma abertura na parede e sairá por ela; ele cobrirá o seu rosto, pois com os seus olhos não verá o chão.
13 Também estenderei a minha rede sobre ele, e ele será apanhado no meu laço; e o levarei para Babilônia, para a terra dos caldeus; contudo não a verá, ainda que ali morrerá.
14 E todos os que estiverem ao redor dele para seu socorro e todas as suas tropas, espalha-los-ei a todos os ventos; e desembainharei a espada atrás deles.
15 Assim saberão que eu sou o Senhor, quando eu os dispersar entre as nações e os espalhar entre os países.
16 Mas deles deixarei ficar alguns poucos, escapos da espada, da fome, e da peste, para que confessem todas as suas abominações entre as nações para onde forem; e saberão que eu sou o Senhor.
17 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
18 Filho do homem, come o teu pão com tremor, e bebe a tua água com estremecimento e com receio.
19 E dirás ao povo da terra: Assim diz o Senhor Deus acerca dos habitantes de Jerusalém, na terra de Israel: O seu pão comerão com receio, e a sua água beberão com susto pois a sua terra será despojada de sua abundância, por causa da violência de todos os que nela habitam.
20 E as cidades habitadas serão devastadas, e a terra se tornará em desolação; e sabereis que eu sou o Senhor.
21 E veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:
22 Filho do homem, que provérbio é este que vós tendes na terra de Israel, dizendo: Dilatam-se os dias, e falha toda a visão?
23 Portanto, dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Farei cessar este provérbio, e não será mais usado em Israel; mas dize-lhes: Estão próximos os dias, e o cumprimento de toda a visão.
24 Pois não haverá mais nenhuma visão vã, nem adivinhação lisonjeira, no meio da casa de Israel.
25 Porque eu sou o Senhor; falarei, e a palavra que eu falar se cumprirá. Não será mais adiada; pois em nossos dias, ó casa rebelde, falarei a palavra e a cumprirei, diz o Senhor Deus.
26 Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:
27 Filho do homem, eis que os da casa de Israel dizem: A visão que este vê é para muitos dias no futuro, e ele profetiza de tempos que estão longe.
28 Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Não será mais adiada nenhuma das minhas palavras, mas a palavra que falei se cumprirá, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 12)



Ezequiel 13

Tendo repreendido o povo no capitulo anterior, por estar dando ouvidos aos falsos profetas, neste capítulo, o Senhor se voltou para repreender os próprios falsos profetas, dizendo através de Ezequiel que não lhes havia enviado, porque profetizavam somente o que via o próprio coração deles.
O Senhor lhes dirigiu um “Ai!”, ou seja, lhes enviaria uma grande aflição em juízo contra eles, porque falavam em Seu nome sem nada terem visto da Sua parte.
Em vez de fortalecerem os israelitas na verdade, como quem faz um muro em torno de uma casa, para lhe servir de segurança, e reparar-lhe as brechas, de maneira que pudesse resistir aos juízos do Senhor no dia da Sua visitação, eles os enfraqueceram na confiança no Senhor e na Sua Palavra, com a vaidade e a adivinhação mentirosa deles, e por isso o Senhor era contra eles, e não lhes permitiria sequer voltarem para a terra de Israel, porque seus nomes seriam apagados da genealogia do Seu povo, de modo que não houvesse sequer lembrança deles no futuro.
Eles haviam desviado o povo de Israel prometendo-lhe paz, quando não havia nenhuma paz entre eles e o Senhor, e uns com os outros.
Eles haviam agido como quem constrói uma parede com argamassa fraca, e que por fim vem a cair.
Tal sucederia com a palavra deles, e com eles próprios.
A sua argamassa (palavra) fraca não poderia resistir na hora da tempestade que o Senhor enviaria sobre o Seu povo.
Assim eles pereceriam com a queda da parede que haviam erigido, que cairia sobre eles próprios, quando o Senhor os julgasse.
Aquela palavra falsa que vinham pregando seria portanto destruída, e eles seriam destruídos por causa desta mesma palavra.
Além dos falsos profetas havia também as videntes, mulheres que usavam de feitiçarias, e artes mágicas, para prognosticarem um futuro próspero para os judeus que as consultavam, e para colocarem a alma de outros em amargura.
O Senhor disse que a ganância delas estava destruindo as almas que estavam caçando para atender ao seu próprio interesse, e então, como estavam matando aqueles que não haviam de morrer, até mesmo pela paga de punhados de cevada e pedaços de pão, e prometendo vida para aqueles que haviam de morrer, o Senhor era contra as suas pulseiras mágicas com as quais caçavam as almas como quem caça aves, e arrancaria dos seus braços estas almas que estavam caçando, e não somente isto, também arrancaria os véus com os quais elas estavam impedindo o povo do Senhor de enxergar a verdade (v. 17 a 21).
Há muitos ministros do evangelho, na Igreja de Cristo, que agem como estas mulheres adivinhadoras, porque não se importam com a verdade senão em falarem aquilo que esteja em conformidade com os seus corações cheios de iniquidade.
Eles repreendem os cristãos que se consagram e entristecem com isso os seus corações, porque lhes dizem que servir a Cristo não exige santificação, à qual eles chamam de fanatismo; e por outro lado, fortalecem a impiedade daqueles que andam no erro aprovando as suas más obras, porque segundo eles, os tais aprenderam a andar na “liberdade” que Cristo veio nos trazer, para justificarem com isso, as suas próprias cobiças e mundanismo (v. 22, 23). Colocamos liberdade entre aspas porque a liberdade que eles oferecem é falsa, porque consiste de fato em permanecer escravizado ao pecado.

“1 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel e dize a esses videntes que só profetizam o que vê o seu coração: Ouvi a palavra do Senhor.
3 Assim diz o Senhor Deus: Ai dos profetas insensatos, que seguem o seu próprio espírito sem nada ter visto!
4 Os teus profetas, ó Israel, têm sido como raposas nos desertos.
5 Não subistes às brechas, nem fizestes um muro para a casa de Israel, para que permaneça firme na peleja no Dia do Senhor.
6 Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor diz; quando o Senhor não os enviou; e esperam que seja cumprida a palavra.
7 Acaso não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O Senhor diz; sendo que eu tal não falei?
8 Portanto assim diz o Senhor Deus: Porque tendes falado vaidade, e visto mentiras, por isso eis que eu sou contra vós, diz o Senhor Deus.
9 E a minha mão será contra os profetas que veem vaidade e que adivinham mentira; não estarão no conselho do meu povo, nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o Senhor Deus.
10 Portanto, sim, porquanto desviaram o meu povo, dizendo: Paz; e não há paz; e quando se edifica uma parede, eis que a rebocam de argamassa fraca;
11 dize aos que a rebocam de argamassa fraca que ela cairá. Sobrevirá forte chuva, grandes pedras de saraiva cairão, e um vento tempestuoso a fenderá.
12 Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: Onde está o reboco de que a rebocastes?
13 Portanto assim diz o Senhor Deus: fendê-la-ei no meu furor com vento tempestuoso e, na minha ira, farei cair forte chuva, e grandes pedras de saraiva, na minha indignação, para a consumir.
14 E derribarei a parede que rebocastes com argamassa fraca, e darei com ela por terra, de modo que seja descoberto o seu fundamento; quando ela cair, vós perecereis no meio dela; e sabereis que eu sou o Senhor.
15 Assim cumprirei o meu furor contra a parede, e contra os que a rebocam de argamassa fraca; e vos direi: A parede já não existe, nem aqueles que a rebocaram, a saber,
16 os profetas de Israel, que profetizam acerca de Jerusalém, e veem para ela visão de paz, não havendo paz, diz o Senhor Deus.
17 E tu, ó filho do homem, dirige o teu rosto contra as filhas do teu povo, que profetizam de seu próprio coração; e profetiza contra elas.
18 e dize: Assim diz o Senhor Deus: Ai das que cosem pulseiras mágicas para todos os braços, e que fazem véus para as cabeças de pessoas de toda estatura para caçarem as almas! Porventura caçareis as almas do meu povo? e conservareis em vida almas para vosso proveito?
19 Vós me profanastes entre o meu povo por punhados de cevada, e por pedaços de pão, matando aqueles que não haviam de morrer, e guardando vivos aqueles que não haviam de viver, mentindo ao meu povo que escuta a mentira.
20 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis aqui eu sou contra as vossas pulseiras mágicas com que vós ali caçais as almas como aves, e as arrancarei de vossos braços; e soltarei as almas, sim as almas que vós caçais como aves.
21 Também rasgarei os vossos véus, e livrarei o meu povo das vossas mãos, e eles não estarão mais em vossas mãos para serem caçados; e sabereis que eu sou e Senhor.
22 Visto que entristecestes o coração do justo com falsidade, não o havendo eu entristecido, e fortalecestes as mãos do ímpio, para que não se desviasse do seu mau caminho, e vivesse;
23 portanto não tereis mais visões vãs, nem mais fareis adivinhações; mas livrarei o meu povo das vossas mãos, e sabereis que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 13)


Ezequiel 14

O teor da profecia deste capítulo é o mesmo do vigésimo capitulo, porque o Senhor se levantou contra a prática de pessoas que viviam na impiedade, e que vinham consultar profetas, como costumam se dar à referida prática aqueles que sendo do mundo, consultam cartomantes, quiromantes, necromantes e feiticeiros, com a finalidade de lhes revelar o que lhes reserva o futuro.
Quando se tem tal hábito abre-se uma grande brecha no mundo espiritual para que espíritos enganadores operem, até mesmo por permissão do Senhor, para que sejam enganados, aqueles que em vez de darem ouvidos à Sua verdade revelada na Bíblia, desejam andar de acordo com as inclinações do seu coração corrompido pelo pecado.
O diabo sempre terá o maior prazer de dizer às pessoas as coisas que elas desejam ouvir.
Por isso o Senhor repreendeu os judeus que vinham a Ezequiel consultá-lo acerca do que sucederia no futuro, porque o espírito com que consultavam Ezequiel era o mesmo espírito com o qual consultavam os falsos profetas.
Eles não desejavam conhecer a verdade para praticá-la, mas somente satisfazer à curiosidade dos seus corações, e procurarem saber o que ocorreria no futuro, para que pudessem se prevenir de tomarem decisões que lhes pudessem prejudicar.
Tal como uma mulher ou um homem consultam adivinhos para saberem se devem se unir ou não a determinada pessoa, por temerem algum mal ou traição que possam vir a sofrer da parte delas no futuro.
O serviço ao Senhor não consiste nestas práticas abomináveis.
Servi-lO consiste em andar em retidão conforme a Sua vontade revelada na Sua Palavra.
Ainda que eles reconhecessem que Ezequiel era um homem santo, alguém enviado da parte de Deus para desviá-los de seus maus caminhos, e caso não se arrependessem, nem isto lhe serviria para livrá-los dos juízos do Senhor, senão somente para agravá-los, porque mesmo diante do reconhecimento de estarem diante de alguém santo, nem com isto se arrependeram.
Por isso o Senhor lhes disse por duas vezes neste capítulo, através do profeta, que ainda que Jó, Daniel e Noé estivessem vivendo no meio de Jerusalém, nem assim Ele perdoaria o pecado dos judeus e deixaria de destruí-los, por que faria com os três o que fizera com Ló em Sodoma e Gomorra. Ele os salvaria da destruição por causa da justiça deles, que é notoriamente reconhecida na Bíblia, pelo testemunho de vidas retas que tiveram, mas depois de livrá-los, destruiria Jerusalém conforme estava determinado para ser cumprido; tal era impiedade dos judeus daqueles dias.  
Então é preciso aprender disso tudo, que não é uma boa prática esta de se viver à cata de profetas e profecias, enquanto se anda fora da comunhão com o Senhor. Profeta não é adivinho para corações curiosos e interesseiros. De modo que o Senhor afirma nos versos 10 e 11 deste capitulo:
“10 E levarão o seu castigo. O castigo do profeta será como o castigo de quem o consultar;
11 para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas transgressões; mas que sejam eles o meu povo, e seja eu o seu Deus, diz o Senhor Deus.”


“1 Então vieram a mim alguns homens dos anciãos de Israel, e se assentaram diante de mim.
2 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
3 Filho do homem, estes homens deram lugar nos seus corações aos seus ídolos, e puseram o tropeço da sua maldade diante da sua face; devo eu de alguma maneira ser interrogado por eles?
4 Portanto fala com eles, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Qualquer homem da casa de Israel que der lugar no seu coração aos seus ídolos, e puser o tropeço da sua maldade diante da sua face, e vier ao profeta, eu, o Senhor, lhe responderei nisso conforme a multidão dos seus ídolos;
5 para que possa apanhar a casa de Israel no seu coração, porquanto todos são alienados de mim pelos seus ídolos.
6 Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Convertei-vos, e deixai os vossos ídolos; e desviai os vossos rostos de todas as vossas abominações.
7 Porque qualquer homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, que se alienar de mim e der lugar no seu coração aos seus ídolos, e puser tropeço da sua maldade diante do seu rosto, e vier ao profeta para me consultar a favor de si mesmo, eu, o Senhor, lhe responderei por mim mesmo;
8 e porei o meu rosto contra o tal homem, e o farei um espanto, um sinal e um provérbio, e extermina-lo-ei do meio do meu povo; e sabereis que eu sou o Senhor.
9 E se o profeta for enganado, e falar alguma coisa, eu, o Senhor, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel.
10 E levarão o seu castigo. O castigo do profeta será como o castigo de quem o consultar;
11 para que a casa de Israel não se desvie mais de mim, nem mais se contamine com todas as suas transgressões; mas que sejam eles o meu povo, e seja eu o seu Deus, diz o Senhor Deus.
12 Veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:
13 Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, agindo traiçoeiramente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o báculo do pão, e enviarei contra ela a fome, e dela exterminarei homens e animais;
14 ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça, livrariam apenas a sua própria vida, diz o Senhor Deus.
15 Se eu fizer passar pela terra bestas feras, e estas a assolarem, de modo que ela fique desolada, sem que ninguém possa passar por ela por causa das feras;
16 ainda que esses três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres; a terra, porém, seria assolada.
17 Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; de modo que eu extermine dela homens e animais;
18 ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor Deus, eles não livrariam nem filhos nem filhas, mas eles só ficariam livres.
19 Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para exterminar dela homens e animais;
20 ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, eles não livrariam nem filho nem filha, tão somente livrariam as suas próprias vidas pela sua justiça.
21 Pois assim diz o Senhor Deus: Quanto mais quando eu enviar contra Jerusalém os meus quatro juízos violentos, a espada, a fome, as bestas-feras e a peste, para exterminar dela homens e animais?
22 Mas, se ainda restarem nela alguns sobreviventes que levem para fora filhos e filhas, quando eles saírem a ter convosco, vereis o seu caminho e os seus feitos, e ficareis consolados do mal que eu trouxe sobre Jerusalém, até de tudo o que trouxe sobre ela.
23 E sereis consolados, quando virdes o seu caminho e os seus feitos; e sabereis que não fiz sem razão tudo quanto nela tenho feito, diz o Senhor.” (Ezequiel 14)



Ezequiel 15

Israel era a vide do Senhor, uma videira que fora plantada  por Ele para ser frutífera, como se espera de qualquer videira, porque sua madeira não tem qualquer outra utilidade senão a de sustentar ramos que deem uvas.
Mas em vez de uvas doces, Israel se tornou numa videira que não somente dava uvas bravas, como também não frutificava.
Então seriam cortados e queimados pelo Senhor, tal como se faz com a madeira da videira que não é frutífera. É queimada, geralmente sendo usada para aquecer fornos.
Se Israel antes de ser queimado pelo juízo de fogo do Senhor não tinha qualquer serventia para Ele, quanto mais não a teria depois que fossem queimados?
Por isso  o cristão é chamado a frutificar dando os frutos de justiça esperados por Deus, pelos quais comprovará que está de fato ligado à Videira verdadeira.
“1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor.
2 Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.” (João 15.1-5)
Um cristão que se recusa a frutificar para Deus, pode ser apanhado pelo fogo do Senhor, com um juízo de morte física, que o desligará do corpo de Cristo na terra, embora permaneça salvo, ainda que como pelo fogo, que lhe impediu de continuar dando um mau testemunho ainda maior do que aquele que vinha dando (I Cor 3.15).
Não se pode confundir o caso de um cristão autêntico, lavado e remido pelo sangue de Jesus, com o de Judas, que era filho da perdição, e que por conseguinte, nunca se convertera de fato, e não era portanto filho de Deus. Porque ele andou ligado à Videira Verdadeira, enquanto estava no seu apostolado, mas desonrou a Videira, pelo seu testemunho de vida que se consumou na sua traição, e portanto foi cortado porque era um ramo morto na Videira, e sendo videira não pode sustentar ramos mortos, que devem ser cortados e queimados, tal como Judas o fora, não por um fogo purificador de correção, mas de destruição para uma condenação eterna.
O destino dos judeus dos dias de Ezequiel seria o mesmo que foi reservado para Judas, porque eram ramos mortos na videira de Israel.


“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, que mais do que qualquer outro pau é o da videira, o ramo da videira que está entre as árvores do bosque?
3 Toma-se dele madeira para fazer alguma obra? ou toma-se dele alguma estaca, para se lhe pendurar algum utensílio?
4 Eis que é lançado no fogo, para servir de pasto; o fogo devora ambas as suas extremidades, e o meio dele fica também queimado; serve para alguma obra?
5 Ora, quando estava inteiro, não servia para obra alguma; quanto menos, estando consumido ou carbonizado pelo fogo, se faria dele qualquer obra?
6 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Como entre as árvores do bosque é o pau da videira, que entreguei para servir de pasto ao fogo, assim entregarei os habitantes de Jerusalém.
7 E porei a minha face contra eles; eles sairão do fogo, mas o fogo os devorará; e sabereis que eu sou o Senhor, quando tiver posto a minha face contra eles.
8 Farei da terra uma desolação, porquanto eles se houveram traiçoeiramente, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 15)


Ezequiel 16

Neste longo capítulo o Senhor continuou justificando o motivo de todos os terríveis juízos que estava trazendo sobre Judá e Jerusalém.
Ele ordenou ao profeta que mostrasse aos judeus que era mais do que justo o castigo que lhes estava sendo imposto por causa das grandes iniquidades deles, ainda maiores do que as de Samaria, capital de Israel (Reino do Norte), que introduziu o culto a Baal em Israel, e que adorava bezerros de ouro, com o centro de culto em Dã e Betel (extremos Norte e Sul daquele reino); bem como era também ainda maior do que a de Sodoma.  
Jerusalém havia se esquecido que toda a glória, fama e prosperidade que ela possuía, lhe foi acrescentada pelo Senhor. Foi ele que havia formado a nação de Israel, da qual Jerusalém fazia parte, como capital de Judá desde os dias do rei Davi.
E não fora de uma nação rica e próspera que ela havia surgido, mas de uma origem muito humilde porque foi de Abraão e Sara, que vieram de um país idólatra, como era Ur, dos caldeus, que eles descendiam, e ambos peregrinaram em Canaã vivendo entre os amorreus e os hititas, de modo que a sepultura de Abraão e Sara foi comprada por Abraão aos filhos de Hete, daí o Senhor dizer que o pai dos israelitas era amorreu, e a sua mãe, heteia.
E quando a nação de Israel era ainda recém-nascida, viveu como um pequeno núcleo de pessoas desprezadas em Canaã, vivendo como estranhos no meio deles, e por isso é dito que eram tal como um bebê saído da entranhas de sua mãe, do qual tiveram nojo e foi jogado na rua.
Todavia o Senhor não havia desprezado a então pequena Israel composta dos descendentes de Jacó, quando eram apenas cerca de 75 almas, quando desceram para habitar na terra de Gósen, no Egito, nos dias de José.
Então o Senhor multiplicou a nação como renovo do campo, e cresceu até alcançar seios e grande formosura. Contudo ainda estava nua e descoberta (v. 7) porque se encontrava em cativeiro no Egito.
Como a nação estava amadurecida para o casamento, o Senhor a tomou para se casar com ela, fazendo uma aliança com a nação de Israel para que fosse Sua (v. 8), quando lhes deu a Lei através de Moisés ao pé do monte Sinai.
E o Senhor purificou Israel e o vestiu de bordados, e lhe calçou os pés e lhe vestiu com linho fino e seda, e lhe ornou de enfeites, pondo-lhes braceletes nas mãos e um colar no pescoço. Além disso, como estava se casando com um Rei, colocou-lhe um pendente no nariz e brincos nas orelhas, e uma linda coroa de rainha na cabeça (v. 12).
Além disso lhe proveu de flor de farinha, mel e azeite, de modo que sua formosura aumentou em extremo, a ponto de ser reconhecida como parte da realeza divina (v. 13).
E o que fez esta formosa esposa (Israel) para com o Seu marido (Deus)?
Confiada na sua formosura, e na sua fama que se fez reconhecer entre as nações, corrompeu-se por causa de tal fama e formosura, e passou a se prostituir, fazendo pior que as prostitutas, porque se aliançou com as nações pagãs, adorou os seus deuses, pagou-lhes tributos, e amou as suas práticas abomináveis, voltando as costas para o Seu marido.
Sequer tinha a vergonha da prostituta que se vende por dinheiro, porque eles se venderam por nada. Nenhuma paga exigiram de seus amantes (nações pagãs) para se corromperem com eles.
É possível portanto transformar as bênçãos do Senhor em causa de ruína e maldição, por causa do orgulho.
Cristãos e igrejas devem sempre vigiar contra este mal, porque uma vez que a soberba sobe ao coração, dificilmente volta-se a descer das alturas a que nos elevamos, para colocarmos nossos pés humildemente no chão, e passaremos a usar o poder e as graças que recebemos de Deus para servir aos nossos próprios interesses egoístas.
Cristãos dotados de dons extraordinários recebidos do Espírito Santo, são tentados a se sentirem superiores a seus demais irmãos, e considerá-los indignos por não serem, segundo o seu juízo, tão espirituais quanto eles.
Podem, por outro lado, usar a prosperidade material que tenham recebido para se prostituírem com o mundo, tornando-se assim infiéis, conforme a repreensão que Tiago dirige aos que caem em tais laços.
“4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou pensais que em vão diz a escritura: O Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?” (Tg 4.4,5)
O zelo de Deus para que o Seu povo se lhe mantenha fiel, não amando o mundo, nunca mudou, e é o mesmo tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
Israel fizera uma coisa horrenda, porque usou grande parte das riquezas que o Senhor lhes dera, para erigirem templos e altares para adorarem a outros deuses, e para adornarem suas imagens de escultura.
Ofereceram seus filhos, que eram herança de Deus em sacrifício a divindades como Moloque. Assim mataram filhos que não eram apenas seus, mas também de Deus.
Veja que quando Deus repreendeu os judeus ímpios e idólatras dos dias do profeta Ezequiel quanto a estarem oferecendo as suas criancinhas em holocausto ao deus Moloque, ele as chamou de filhos e filhas e que eles haviam gerado para Ele, o Senhor, e que eram portanto seus filhos, que em vez de consagrarem a Ele, estavam lhes matando em sacrifício a falsos deuses.
De tal maneira a soberba havia subido ao coração dos judeus, que haviam esquecido dos começos humildes da sua mocidade, tanto em Canaã, quanto no Egito, quando estavam sendo formados como nação.
Haviam esquecido que teriam permanecido debaixo do jugo de escravidão no Egito se o Senhor não os tirasse de lá com o Seu braço forte, para entrar em aliança com eles.
Jerusalém havia se tornado numa meretriz desenfreada, e por isso o Senhor a entregaria à lascívia de todos os seus amantes, tanto daqueles que ela amara, quanto dos que odiara, porque viriam várias nações contra ela no seu cerco, juntamente com os babilônios, e o Senhor descobriria a nudez de Jerusalém diante deles, para que vissem o estado deplorável em que se encontrava, porque desprezara o seu Marido (v. 37).
E o Senhor a entregaria na mão dos seus inimigos para que fosse despojada e destruída por eles, especialmente os ídolos e os altares que haviam construído para adulterar com eles.
E como uma mulher adúltera, seria apedrejada, e traspassada pela espada, e suas casas seriam queimadas pelo fogo, e já não poderia ser mais meretriz.  
Deus agiria contra ela com o furor de um marido traído, e assim se aquietaria em relação à Sua indignação, contra tão grande ingrata e infiel esposa.
Apesar de tudo, o Senhor lembraria da aliança que havia feito com Israel nos dias da sua mocidade, e faria uma nova aliança com eles, que seria uma aliança eterna, a saber, a Nova Aliança, a mesma aliança prometida em Jeremias 31.31-34, que se refere à união dos cristãos com Jesus Cristo, sejam judeus ou gentios (v. 61, 62,63). Aliança esta que está devidamente explicada no nosso comentário relativo ao trigésimo primeiro capítulo de Jeremias.



“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, faze conhecer a Jerusalém seus atos abomináveis;
3 e dize: Assim diz o Senhor Deus a Jerusalém: A tua origem e o teu nascimento procedem da terra dos cananeus. Teu pai era amorreu, e a tua mãe heteia.
4 E, quanto ao teu nascimento, no dia em que nasceste não te foi cortado o umbigo, nem foste lavada com água, para te alimpar; nem tampouco foste esfregada com sal, nem envolta em faixas;
5 ninguém se apiedou de ti para te fazer alguma destas coisas, compadecido de ti; porém foste lançada fora no campo, pelo nojo de ti, no dia em que nasceste.
6 E, passando eu por ti, vi-te banhada no teu sangue, e disse-te: Ainda que estás no teu sangue, vive; sim, disse-te: Ainda que estás no teu sangue, vive.
7 Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo. E cresceste, e te engrandeceste, e alcançaste grande formosura. Formaram-se os teus seios e cresceu o teu cabelo; contudo estavas nua e descoberta.
8 Então, passando eu por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a minha aba, e cobri a tua nudez; e dei-te juramento, e entrei num pacto contigo, diz o Senhor Deus, e tu ficaste sendo minha.
9 Então te lavei com água, alimpei-te do teu sangue e te ungi com óleo.
10 Também te vesti de bordados, e te calcei com couro da melhor qualidade, cingi-te de linho fino, e te cobri de seda.
11 Também te ornei de enfeites, e te pus braceletes nas mãos e um colar ao pescoço.
12 E te pus um pendente no nariz, e arrecadas nas orelhas, e uma linda coroa na cabeça.
13 Assim foste ornada de ouro e prata, e o teu vestido foi de linho fino, de seda e de bordados; de flor de farinha te nutriste, e de mel e azeite; e chegaste a ser formosa em extremo, e subiste até a realeza.
14 Correu a tua fama entre as nações, por causa da tua formosura, pois era perfeita, graças ao esplendor que eu tinha posto sobre ti, diz o Senhor Deus.
15 Mas confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama; e derramavas as tuas prostituições sobre todo o que passava, para seres dele.
16 E tomaste dos teus vestidos e fizeste lugares altos adornados de diversas cores, e te prostituíste sobre eles, como nunca sucedera, nem sucederá.
17 Também tomaste as tuas belas jóias feitas do meu ouro e da minha prata que eu te havia dado, e te fizeste imagens de homens, e te prostituíste com elas;
18 e tomaste os teus vestidos bordados, e as cobriste; e puseste diante delas o meu azeite e o meu incenso.
19 E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o azeite e o mel, com que eu te sustentava, também puseste diante delas em cheiro suave, diz o Senhor Deus.
20 Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me geraras, e lhos sacrificaste, para serem devorados pelas chamas. Acaso foi a tua prostituição de tão pouca monta,
21 que havias de matar meus filhos e lhos entregar, fazendo-os passar pelo fogo?
22 E em todas as tuas abominações, e nas tuas prostituições, não te lembraste dos dias da tua mocidade, quando tu estavas nua e descoberta, e jazias no teu sangue.
23 E sucedeu, depois de toda a tua maldade (ai, ai de ti! diz o Senhor Deus),
24 que te edificaste uma câmara abobadada, e fizeste lugares altos em todas as praças.
25 A cada canto do caminho edificaste o teu lugar alto, e fizeste abominável a tua formosura, e alargaste os teus pés a todo o que passava, e multiplicaste as tuas prostituições.
26 Também te prostituíste com os egípcios, teus vizinhos, grandemente carnais; e multiplicaste a tua prostituição, para me provocares à ira.
27 Pelo que estendi a minha mão sobre ti, e diminuí a tua porção; e te entreguei à vontade dos que te odeiam, das filhas dos filisteus, as quais se envergonhavam do teu caminho depravado.
28 Também te prostituíste com os assírios, porquanto eras insaciável; contudo, prostituindo-te com eles, nem ainda assim ficaste farta.
29 Demais multiplicaste as tuas prostituições na terra de tráfico, isto é, até Caldeia, e nem ainda com isso te fartaste.
30 Quão fraco é teu coração, diz o Senhor Deus, fazendo tu todas estas coisas, obra duma meretriz desenfreada,
31 edificando a tua câmara abobadada no canto de cada caminho, e fazendo o teu lugar alto em cada rua! Não foste sequer como a meretriz, pois desprezaste a paga;
32 tens sido como a mulher adúltera que, em lugar de seu marido, recebe os estranhos.
33 A todas as meretrizes se dá a sua paga, mas tu dás presentes a todos os teus amantes; e lhes dás subornos, para que venham a ti de todas as partes, pelas tuas prostituições.
34 Assim és diferente de outras mulheres nas tuas prostituições; pois ninguém te procura para prostituição; pelo contrário tu dás a paga, e não a recebes; assim és diferente.
35 Portanto, ó meretriz, ouve a palavra do Senhor.
36 Assim diz o Senhor Deus: Pois que se derramou a tua lascívia, e se descobriu a tua nudez nas tuas prostituições com os teus amantes; por causa também de todos os ídolos das tuas abominações, e do sangue de teus filhos que lhes deste;
37 portanto eis que ajuntarei todos os teus amantes, com os quais te deleitaste, como também todos os que amaste, juntamente com todos os que odiaste, sim, ajunta-los-ei contra ti em redor, e descobrirei a tua nudez diante deles, para que vejam toda a tua nudez.
38 E julgar-te-ei como são julgadas as adúlteras e as que derramam sangue; e entregar-te-ei ao sangue de furor e de ciúme.
39 Também te entregarei nas mãos dos teus inimigos, e eles derribarão a tua câmara abobadada, e demolirão os teus altos lugares, e te despirão os teus vestidos, e tomarão as tuas belas jóias, e te deixarão nua e descoberta.
40 Então farão subir uma hoste contra ti, e te apedrejarão, e te traspassarão com as suas espadas.
41 E queimarão as tuas casas a fogo, e executarão juízos contra ti, à vista de muitas mulheres; e te farei cessar de ser meretriz, e paga não darás mais.
42 Assim satisfarei em ti o meu furor, e os meus ciúmes se desviarão de ti; também me aquietarei, e não tornarei mais a me indignar.
43 Porquanto não te lembraste dos dias da tua mocidade, mas me provocaste à ira com todas estas coisas, eis que eu farei recair o teu caminho sobre a tua cabeça diz o Senhor Deus. Pois não acrescentaste a infidelidade a todas as tuas abominações?
44 Eis que todo o que usa de provérbios usará contra ti deste provérbio: Tal mãe, tal filha.
45 Tu és filha de tua mãe, que tinha nojo de seu marido e de seus filhos; e tu és irmã de tuas irmãs, que tinham nojo de seus maridos e de seus filhos. Vossa mãe foi heteia, e vosso pai amorreu.
46 E tua irmã maior, que habita à tua esquerda, é Samaria, ela juntamente com suas filhas; e tua irmã menor, que habita à tua mão direita, é Sodoma e suas filhas.
47 Todavia não andaste nos seus caminhos, nem fizeste conforme as suas abominações; mas, como se isso mui pouco fora, ainda te corrompeste mais do que elas, em todos os teus caminhos.
48 Vivo eu, diz o Senhor Deus, não fez Sodoma, tua irmã, nem ela nem suas filhas, como fizeste tu e tuas filhas.
49 Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e próspera ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado.
50 Também elas se ensoberbeceram, e fizeram abominação diante de mim; pelo que, ao ver isso, as tirei do seu lugar.
51 Demais Samaria não cometeu metade de teus pecados; e multiplicaste as tuas abominações mais do que elas, e justificaste a tuas irmãs, com todas as abominações que fizeste.
52 Tu, também, pois que deste sentença favorável a tuas irmãs, leva a tua vergonha; por causa de teus pecados, que fizeste mais abomináveis do que elas, mais justas são elas do que tu; confunde-te logo também, e sofre a tua vergonha, porque justificaste a tuas irmãs.
53 Eu, pois, farei tornar do cativeiro a elas, a Sodoma e suas filhas, a Samaria e suas filhas, e aos de vós que são cativos no meio delas;
54 para que sofras a tua vergonha, e sejas envergonhada por causa de tudo o que fizeste, dando-lhes tu consolação.
55 Quanto a tuas irmãs, Sodoma e suas filhas, tornarão ao seu primeiro estado; e Samaria e suas filhas tornarão ao seu primeiro estado; também tu e tuas filhas tornareis ao vosso primeiro estado.
56 Não foi Sodoma, tua irmã, um provérbio na tua boca, no dia da tua soberba,
57 antes que fosse descoberta a tua maldade? Agora, de igual modo, te fizeste objeto de opróbrio das filhas da Síria, e de todos os que estão ao redor dela, e para as filhas dos filisteus, que te desprezam em redor.
58 Pela tua perversidade e as tuas abominações estás sofrendo, diz o Senhor.
59 Pois assim diz o Senhor Deus: Eu te farei como fizeste, tu que desprezaste o juramento, quebrantando o pacto.
60 Contudo eu me lembrarei do meu pacto, que fiz contigo nos dias da tua mocidade; e estabelecerei contigo um pacto eterno.
61 Então te lembrarás dos teus caminhos, e ficarás envergonhada, quando receberes tuas irmãs, as mais velhas e as mais novas, e eu tas der por filhas, mas não por causa do pacto contigo.
62 E estabelecerei o meu pacto contigo, e saberás que eu sou o Senhor;
63 para que te lembres, e te envergonhes, e nunca mais abras a tua boca, por causa da tua vergonha, quando eu te perdoar tudo quanto fizeste, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 16)


Ezequiel 17

Deus mandou Ezequiel propor uma parábola aos judeus, de duas águias e duas videiras. Como eles estavam desprezando a Palavra do Senhor quanto aos juízos que ocorreriam em Jerusalém, e o modo como eles se cumpririam, especialmente em relação aos reis de Judá, cujos tronos estavam em Jerusalém, então, lhes falaria por meio de alegorias, ou seja, de parábolas.
Algum tempo antes de ter sido proposto este enigma, Nabucodonosor havia levado o rei Joaquim para o cativeiro em Babilônia, quando tinha permanecido no trono de Judá por apenas três meses. Juntamente com Joaquim foram trazidos os seus príncipes e nobres para Babilônia.
Isto está representado na parábola por uma águia que veio ao Líbano e tirou o ramo mais alto de um cedro e arrancando a ponta mais alta dos seus ramos a colocou numa cidade de comerciantes.
A cidade de comerciantes era Babilônia, o centro comercial do mundo em seus dias.
O ramo mais elevado do cedro era o rei Joaquim, que a águia (Nabucodonosor) havia aprisionado em Babilônia, para não mais de lá sair, como de fato sucedeu.
Nabucodonosor é comparado a uma águia na parábola, porque ela é uma ave de rapina, e era exatamente isto que ele estava fazendo com todas as nações da terra que lhes foram entregues por Deus para serem despojadas.
Jerusalém é apresentada na parábola como sendo o Líbano, que era uma terra de cedros.
Quando Nabucodonosor levou o rei Joaquim para Babilônia, colocou para reinar em seu lugar, o seu tio (de Joaquim), chamado Matanias, cujo nome ele mudou para Zedequias.
Então Zedequias é a semente da terra, citada na parábola, (v. 5) que foi plantada num solo frutífero, porque não foi um rei estranho que foi dado a Jerusalém, mas a um natural da terra, pertencente à família real, mas foi plantado como um salgueiro, que é uma planta fraca, e não como um cedro.
Mas o salgueiro se tornou numa videira ampla, mas de pouca altura, e lançava os seus ramos e raízes na direção de uma outra grande águia, para que fosse regada por ela (v. 7).
Esta grande águia era faraó, rei do Egito, para o qual Zedequias se voltou tentando formar uma aliança com ele contra Babilônia.
Todavia o Senhor revelou que isto não prosperaria, porque a outra águia (Nabucodonosor) lhe arrancaria as raízes e não poderia portanto frutificar (v. 9). E isto seria feito sem necessidade de esforço, porque uma vez tirada as raízes, a videira se secaria.
No verso 16 é predita a prisão de Zedequias em Babilônia, terra na qual ele viria a morrer, por ter quebrado a aliança que Nabucodonosor fizera com ele, tentando traí-lo com o Egito.
E faraó não lhe prestaria qualquer ajuda em guerra quando Babilônia sitiasse a cidade de Jerusalém (v. 17).
O Senhor considerou a traição contra o rei de Babilônia, como sendo uma traição contra a Sua própria pessoa, porque foi por Sua inspiração que Nabucodonosor deixara Zedequias ainda reinando em Jerusalém, de modo que se ele conduzisse o povo a caminhar em retidão, pelo arrependimento perante o Senhor, por tudo o que havia ocorrido ao rei Jeoaquim, e depois dele ao rei Joaquim, e aos nobres que haviam sido levados em cativeiro juntamente com ele para Babilônia, eles poderiam emendar os seus atos e o Senhor pouparia tanto a eles quanto à cidade de Jerusalém e o templo, depois de purificá-lo das abominações que estavam sendo nele praticadas.
No entanto, ao agir com traição, Zedequias, não somente quebrou o pacto que o Senhor fizera em relação à condução da preservação de Jerusalém, como manteve o povo debaixo da prática da corrupção e da idolatria, motivo porque, em vez de ser poupado, seria castigado, bem ele como as suas tropas.
Nos versos 22 a 23 nós temos uma referência a nosso Senhor Jesus Cristo, que seria o renovo do broto que Deus tiraria do cedro (casa real de Davi) e o plantaria sobre  um monte alto e sublime em Israel (a morte de Jesus como semente na terra do monte Calvário) da qual surgiu um cedro excelente (a Igreja) que é abrigo de aves de toda espécie (judeus e gentios de todas as nações que se convertem a Ele, e que por conseguinte, fazem parte de tal Cedro excelente, a árvore plantada por Deus.
Todas as árvores do campo (nações da terra) saberiam então que o Senhor havia abatido a árvore alta (o reino de Babilônia) e elevou a árvore baixa (a casa e o reino de Davi restaurados em Cristo); e secou a árvore verde (o reino de Israel, que havia se secado nos dias de Ezequiel); e fez reverdecer a árvore seca (Israel sendo restaurado totalmente quando da volta de nosso Senhor).




“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, propõe um enigma, e profere uma alegoria à casa de Israel;
3 e dize: Assim diz o Senhor Deus: uma grande águia, de grandes asas e de plumagem comprida, cheia de penas de várias cores, veio ao Líbano e tomou o mais alto ramo dum cedro;
4 arrancou a ponta mais alta dos seus ramos e a levou a uma terra de comércio; e a pôs numa cidade de comerciantes.
5 Também tomou da semente da terra, e a lançou num solo frutífero; pô-la junto a muitas águas; e plantou-a como salgueiro.
6 E brotou, e tornou-se numa videira larga, de pouca altura, virando-se para ela os seus ramos, e as suas raízes estavam debaixo dela. Tornou-se numa videira, e produzia ramos, e lançava renovos.
7 Houve ainda outra grande águia, de grandes asas, e cheia de penas; e eis que também esta videira lançou para ela as suas raízes, e estendeu para ela os seus ramos desde as auréolas em que estava plantada, para que ela a regasse.
8 Numa boa terra, junto a muitas águas, estava ela plantada, para produzir ramos, e para dar fruto, a fim de que fosse videira excelente.
9 Dize: Assim diz o Senhor Deus: Acaso prosperará ela? Não lhe arrancará a águia as raízes, e não lhe cortará o fruto, para que se seque? para que se sequem todas as folhas de seus renovos? Não será necessário nem braço forte, nem muita gente, para arrancá-la pelas raízes.
10 Mas, estando plantada, prosperará? Não se secará de todo, quando a tocar o vento oriental? Nas auréolas onde cresceu se secará.
11 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
12 Dize, pois, à casa rebelde: Não sabeis o que significam estas coisas? Dize-lhes: Eis que veio o rei de Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e os seus príncipes, e os levou consigo para Babilônia;
13 e tomou um da estirpe real, e fez pacto com ele, e o juramentou. E aos poderosos da terra removeu,
14 para que o reino ficasse humilhado, e não se levantasse, embora, guardando o seu pacto, pudesse subsistir.
15 Mas ele se rebelou contra o rei de Babilônia, enviando os seus embaixadores ao Egito, para que se lhe mandassem cavalos e muita gente. Prosperará ou escapará aquele que faz tais coisas? Quebrará o pacto e escapará?
16 Como eu vivo, diz o Senhor Deus, no lugar em que habita o rei que o fez reinar, cujo juramento desprezou, e cujo pacto quebrou, sim, com ele no meio de Babilônia certamente morrerá.
17 Não lhe prestará Faraó ajuda em guerra, nem com seu grande exército, nem com sua companhia numerosa, quando se levantarem tranqueiras e se edificarem baluartes, para destruir muitas vidas.
18 Porquanto desprezou o juramento e quebrou o pacto, porquanto deu a sua mão, e ainda fez todas estas coisas, ele não escapará.
19 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Vivo eu, que o meu juramento que desprezou, e o meu pacto que violou, isso farei recair sobre a sua cabeça.
20 E estenderei sobre ele a minha rede, e ficará preso no meu laço; e o levarei a Babilônia, e ali entrarei em juízo com ele por causa da traição que cometeu contra mim.
21 E a fina flor de todas as suas tropas cairá à espada, e os que restarem serão espalhados a todos os ventos; e sabereis que eu, o Senhor, o disse.
22 Assim diz o Senhor Deus: Também eu tomarei um broto do topo do cedro, e o plantarei; do principal dos seus renovos cortarei o mais tenro, e o plantarei sobre um monte alto e sublime.
23 No monte alto de Israel o plantarei; e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente. Habitarão debaixo dele aves de toda a sorte; à sombra dos seus ramos habitarão.
24 Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor, abati a árvore alta, elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde, e fiz reverdecer a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e o farei.”


Ezequiel 18

Este capítulo de Ezequiel mostra de modo muito claro que é a perseverança na fé e a santificação que mantêm o cristão na prática da justiça, a maior e melhor evidência da salvação, que é pela graça, mediante a fé.
Se alguém chegou a se inteirar dos caminhos do Senhor e até mesmo a agir conforme exigido pelos Seus mandamentos, e esta pessoa retorna  depois à prática da iniquidade, na qual vivera dantes, isto comprova que tal pessoa não foi justificada por Deus; que não foi salva por Ele, que não nasceu de novo do Espírito; e que portanto, nunca teve a vida eterna, mesmo quando se inteirava da prática da justiça.
Todavia, aquele que vivia na prática da iniquidade e vem a se converter dos seus maus caminhos e persevera na fé e na santificação, não se fará mais lembrança dos pecados que tal pessoa havia praticado no passado porque será completamente perdoada por Deus, e terá a vida eterna, desde a sua conversão.
Assim, este capitulo relaciona as boas obras de justiça que são evidências de quem realmente é justo diante de Deus. Certamente não são estas boas obras a causa da sua salvação (que é sempre a graça e a fé), mas a sua melhor evidência, conforme já comentamos anteriormente.
Todavia, não podemos esquecer que este capitulo não foi escrito particularmente para a Igreja, debaixo da Nova Aliança com Cristo, e sim debaixo da Lei da Antiga Aliança, que interessava apenas aos israelitas, no período de vigência daquela aliança.
As ameaças de morte, e a promessa de preservação da vida, têm a ver, especialmente, com as promessas de bênçãos e as ameaças de maldição contidas na Lei de Moisés (A Antiga Aliança abrangia todos os israelitas em todas as gerações de Israel, de Moisés até a morte de Jesus, e por isso, possuía também um caráter essencialmente coletivo quanto às aplicações das suas promessas de bênçãos (Lev 26.3-13; Dt 7.12-26; 11.8-32; 28.1-14), e de maldições (Lev 26.14-42; Dt 11.26-28; 27.26; 28.15-68).
Devemos lembrar também que o que deu ocasião a esta mensagem que foi dada por Deus ao profeta foi o provérbio que havia entre os israelitas, de que eles não estavam sendo julgados porque fossem culpados perante Deus, mas sempre por causa do pecado de seus antepassados, conforme previsto na Lei de que Deus visitaria a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta geração, que eles haviam reduzido para a forma proverbial de se dizer que os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que ficaram embotados.
Então para demonstrar que nunca havia desobrigado ninguém da responsabilidade pessoal e individual perante Ele, o Senhor enfatizou que cada pessoa vive (por causa da sua justiça) ou morre (por causa dos seus próprios pecados, e não por causa dos pecados de outrem).
O princípio legal de se visitar a iniquidade dos pais nos filhos, na Antiga Aliança, tinha por alvo reforçar exatamente a responsabilidade individual, da qual eles estavam procurando se eximir.
Porque à medida que os pais são irresponsáveis, a tendência é que os filhos sejam mais irresponsáveis ainda, e era apenas isto que o Senhor queria evitar, e não agir de forma injusta fazendo com que o inocente fosse considerado culpado, ou que o culpado fosse considerado inocente, o que a propósito, constava da Lei de Moisés, para que os juízes de Israel não viessem a condenar pessoas que fossem inocentes das coisas que fossem acusadas, ou então, que culpados, fossem declarados inocentes por eles.
Então não procedia a acusação dos judeus em relação ao Senhor, dizendo que Ele não era justo, que também não eram justos os Seus caminhos, ou seja, as Suas exigências, a Sua vontade, refletidas nos Seus mandamentos.
É algo muito triste quando a justiça é distorcida, quando ao mal chamam bem, e ao bem chamam mal. E é justamente isto o que costumam fazer os ímpios, e desta forma os judeus estavam comprovando que eram ímpios e não justos, porque julgavam que os caminhos deles é que eram justos e não os caminhos de Deus.
E o Senhor, revelando que não é apenas justo, mas também misericordioso e perdoador, ainda assim convocou aqueles ímpios do Seu próprio povo a se converterem a Ele, convertendo-se de todas as suas transgressões, para que não fossem levados por sua iniquidade à perdição (v. 30).
E rogou-lhes que lançassem fora todas as suas transgressões que haviam cometido contra Ele, e que criassem um novo coração e um espírito novo, para que não morressem (v. 31).
Afinal, o Senhor não tem prazer na morte de ninguém, antes deseja que o ímpio se converta e viva (v. 32).
Em todo o caso a Palavra de Deus nesta passagem de Ezequiel nos alerta para a seriedade que se exige de nós quanto a considerarmos a possibilidade de transformar a graça de Deus em luxúria, conforme dizer do apóstolo Judas, porque não são poucos os cristãos que costumam usar o argumento de que podem permanecer no pecado, porque estão debaixo da graça e não da Lei.
Entretanto, o Senhor está seriamente interessado em que seus filhos abundem na prática de boas obras de justiça, e que consagrem seus membros à prática da justiça, com vistas à santificação deles, pela Palavra, mediante o poder do Espírito.
Que ninguém seja portanto, achado faltoso nesta parte, pensando erroneamente que estar sob a graça significa ter permissão de Deus para viver pecando.
Que nos cause horror a doutrina, de que podemos estar sossegados quando pecamos deliberadamente, porque afinal basta crer que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado.
Isto não é o que a Bíblia ensina. Ao contrário, ordena que não devemos dar descanso à nossa alma enquanto não estivermos santificados. Que devemos chorar pelos nossos pecados para que sejamos de fato bem-aventurados, e assim o sangue de Jesus mostrará toda a sua eficácia em nosso favor.
Lembremos que Deus não odeia a nada do que Ele criou. Especialmente as almas dos homens. Então se alguém vier a se perder, isto não terá sido pela vontade de Deus, mas pelo próprio amor da pessoa às trevas e ao pecado.




“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Que quereis vós dizer, citando na terra de Israel este provérbio: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram?
3 Vivo eu, diz e Senhor Deus, não se vos permite mais usar deste provérbio em Israel.
4 Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá.
5 Sendo pois o homem justo, e procedendo com retidão e justiça,
6 não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua separação;
7 não oprimindo a ninguém, tornando, porém, ao devedor e seu penhor, e não roubando, repartindo e seu pão com o faminto, e cobrindo ao nu com vestido;
8 não emprestando com usura, e não recebendo mais de que emprestou, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeira justiça entre homem e homem;
9 andando nos meus estatutos, e guardando as minhas ordenanças, para proceder segundo a verdade; esse é justo, certamente viverá, diz o Senhor Deus,
10 E se ele gerar um filho que se torne salteador, que derrame sangue, que faça a seu irmão qualquer dessas coisas;
11 e que não cumpra com nenhum desses deveres, porém coma sobre os montes, e contamine a mulher de seu próximo,
12 oprima ao pobre e necessitado, pratique roubos, não devolva o penhor, levante os seus olhos para os ídolos, cometa abominação,
13 empreste com usura, e receba mais do que emprestou; porventura viverá ele? Não viverá! Todas estas abominações, ele as praticou; certamente morrerá; o seu sangue será sobre ele.
14 Eis que também, se este por sua vez gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez, tema, e não cometa coisas semelhantes,
15 não coma sobre os montes, nem levante os olhos para os ídolos da casa de Israel, e não contamine a mulher de seu próximo,
16 nem oprima a ninguém, e não empreste sob penhores, nem roube, porém reparta o seu pão com o faminto, e cubra ao nu com vestido;
17 que aparte da iniquidade a sua mão, que não receba usura nem mais do que emprestou, que observe as minhas ordenanças e ande nos meus estatutos; esse não morrerá por causa da iniquidade de seu pai; certamente viverá.
18 Quanto ao seu pai, porque praticou extorsão, e roubou os bens do irmão, e fez o que não era bom no meio de seu povo, eis que ele morrerá na sua iniquidade.
19 contudo dizeis: Por que não levará o filho a iniquidade do pai? Ora, se o filho proceder com retidão e justiça, e guardar todos os meus estatutos, e os cumprir, certamente viverá.
20 A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho, A justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.
21 Mas se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e preceder com retidão e justiça, certamente viverá; não morrerá.
22 De todas as suas transgressões que cometeu não haverá lembrança contra ele; pela sua justiça que praticou viverá.
23 Tenho eu algum prazer na morte do ímpio? diz o Senhor Deus. Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?
24 Mas, desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo a iniquidade, fazendo conforme todas as abominações que faz o ímpio, porventura viverá? De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; pois pela traição que praticou, e pelo pecado que cometeu ele morrerá.
25 Dizeis, porém: O caminho do Senhor não é justo. Ouvi, pois, ó casa de Israel: Acaso não é justo o meu caminho? não são os vossos caminhos que são injustos?
26 Desviando-se o justo da sua justiça, e cometendo iniquidade, morrerá por ela; na sua iniquidade que cometeu morrerá.
27 Mas, convertendo-se o ímpio da sua impiedade que cometeu, e procedendo com retidão e justiça, conservará este a sua alma em vida.
28 pois se reconsidera, e se desvia de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá.
29 Contudo, diz a casa de Israel: O caminho do Senhor não é justo. Acaso não são justos os meus caminhos, ó casa de Israel, Não são antes os vossos caminhos que são injustos?
30 Portanto, eu vos julgarei, a cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel, diz o Senhor Deus. Vinde, e convertei-vos de todas as vossas transgressões, para que a iniquidade não vos leve à perdição.
31 Lançai de vós todas as vossas transgressões que cometestes contra mim; e criai em vós um coração novo e um espírito novo; pois, por que morrereis, ó casa de Israel,


32 Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus; convertei-vos, pois, e vivei,” (Ezequiel 18)



Ezequiel 19

Este capítulo, assim como o décimo sétimo, é uma lamentação pela ruína da casa real de Davi. E descreve a queda calamitosa dos descendentes do rei Josias: Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim, e Zedequias, em quem a linhagem real fora definitivamente cortada.
Jeocaz foi levado em cadeias para o Egito, por faraó, por causa da sua tirania.
Jeoaquim foi morto por Nabucodonosor por causa da sua impiedade, não somente por ter prendido Jeremias, como também por ter queimado o seu rolo de profecias.
Joaquim, foi deportado para Babilônia, tendo permanecido apenas três meses no trono, porque havia também andado nos pecados de seu pai.
Zedequias, por sua tirania e traições, tendo também prendido a Jeremias, teve os olhos vazados e foi levado preso em cadeias para Babilônia, terra onde morreu.
Por isso foi ordenado ao profeta que lamentasse tal queda da casa de Davi.
Ele fez comparações entre o reino de Judá com uma leoa, e os reis que procederam deste reino, foram postos a reinar como se fossem leõezinhos, porque eram cria da mesma leoa, a saber, a casa real de Davi.
Todavia foram caçados pelas nações, por causa das destruições que estavam fazendo.
A casa real de Davi foi também comparada nesta mensagem de Ezequiel, a uma videira frutífera e muito forte, da qual se pôde fazer um cetro real, mas a videira foi enfraquecida tão grandemente que seus ramos foram queimados, e ela ficou assim, impedida de continuar frutificando, porque não somente Jerusalém seria queimada pelo fogo, como também o templo do Senhor.


“1 E tu levanta uma lamentação sobre os príncipes de Israel,
2 e dize: Quem é tua mãe? Uma leoa entre os leões! Deitou-se no meio dos leõezinhos, criou os seus filhotes.
3 Assim criou um dos seus filhotes, o qual, fazendo-se leão novo, aprendeu a apanhar a presa; e devorou homens.
4 Ora as nações ouviram falar dele; foi apanhado na cova delas; e o trouxeram com ganchos à terra do Egito.
5 Vendo, pois, ela que havia esperado, e que a sua esperança era perdida, tomou outro dos seus filhotes, e fê-lo leão novo.
6 E este, rondando no meio dos leões, veio a ser leão novo, e aprendeu a apanhar a presa; e devorou homens.
7 E devastou os seus palácios, e destruiu as suas cidades; e assolou-se a terra, e a sua plenitude, por causa do som do seu rugido.
8 Então se ajuntaram contra ele as gentes das províncias ao redor; estenderam sobre ele a rede; e ele foi apanhado na cova delas.
9 E com ganchos meteram-no numa jaula, e o levaram ao rei de Babilônia; fizeram-no entrar nos lugares fortes, para que se não ouvisse mais a sua voz sobre os montes de Israel.
10 Tua mãe era como uma videira plantada junto às águas; ela frutificou, e encheu-se de ramos, por causa das muitas águas.
11 E tinha uma vara forte para cetro de governador, e elevou-se a sua estatura entre os espessos ramos, e foi vista na sua altura com a multidão dos seus ramos.
12 Mas foi arrancada com furor, e lançada por terra; o vento oriental secou o seu fruto; quebrou-se e secou-se a sua forte vara; o fogo a consumiu.
13 E agora está plantada no deserto, numa terra seca e sedenta.
14 E duma vara dos seus ramos saiu fogo que consumiu o seu fruto, de maneira que não há mais nela nenhuma vara forte para servir de cetro para governar. Essa é a lamentação, e servirá de lamentação.” (Ezequiel 19)


Ezequiel 20

Antes de qualquer comentário, é importante lembrar que o cerco de Jerusalém pelos babilônios começou em meados do nono ano de reinado do rei Zedequias de Judá, o qual correspondia também ao nono ano de cativeiro do rei Joaquim em Babilônia, porque Zedequias foi colocado por Nabucodonosor no lugar de Joaquim, tão logo o levara em cativeiro.
Então a referência ao sétimo ano no início deste capitulo de Ezequiel, coloca esta profecia, como as citadas nos capítulos precedentes, num período anterior ao do citado sítio de Jerusalém.
Aqui, no caso, estavam há cerca de dois anos antes do início do citado cerco. Por isso, os judeus em Babilônia ainda tinham expectativas de que nenhum mal sucederia a Jerusalém, porque nenhum mal estava sendo feito contra o rei Zedequias e o povo que com ele se encontrava em Judá, já há sete anos do seu reinado em Jerusalém, que duraria até o quarto mês do décimo primeiro ano de tal reinado, porque passados então quatro anos desde a narrativa deste capitulo, Jerusalém e o templo seriam queimados, as casas seriam destruídas, os filhos de Zedequias seriam mortos pelo rei de Babilônia, seus soldados e muito povo também seriam mortos à espada, e somente os muito pobres que não tinham propriedades seriam deixados em Jerusalém, porque os demais seriam levados para o cativeiro.
Conhecendo perfeitamente o que há no coração do homem, especialmente daqueles judeus rebeldes à Sua vontade, dos dias de Ezequiel, o Senhor disse ao profeta que lhes dissesse, quando vieram alegando ao profeta que queriam consultar ao Senhor, que não se deixaria ser consultado por eles.
Deus havia mostrado em visões ao profeta todas as abominações que estavam sendo feitas em Jerusalém, e especialmente no Seu templo, então o próprio profeta teria condições de julgá-los, porque poderia lhes dizer todas as abominações de seus pais, e como poderiam esperar uma boa promessa de Deus em relação às condições presentes que eles estavam vivendo, enquanto não faziam outra coisa senão transgredir os Seus mandamentos deliberadamente?
Como poderiam escapar do terrível juízo de morte que estaria vindo sobre eles na forma de espada, peste e fome, se não deram a devida consideração ao Senhor e aos Seus mandamentos?
Além disso, não Lhe deram ouvidos quando repreendidos pelos Seus profetas, que insistentemente lhes convocaram ao arrependimento. Antes, perseguiram, prenderam e até mataram Seus profetas para continuarem praticando suas abominações. Então que resposta favorável Deus poderia lhes dar quando vieram Lhe consultar?
Desde que lhes havia livrado do cativeiro no Egito, nos dias de Moisés, para lhes dar por herança uma terra que manava leite e mel, o Senhor lhes ordenou que lançassem fora, cada um deles, todas as coisas abomináveis que encantavam os seus olhos, e que não se contaminassem com os ídolos do Egito.
Todavia, o que eles fizeram? Rebelaram-se contra o Senhor, e não lançaram fora as suas coisas abomináveis e nem os seus ídolos, e então o Senhor disse que derramaria o Seu furor sobre eles.
Mas o que fizera foi por amor do Seu grande nome, para que não fosse profanado à vista das nações, porque Israel carregava o Seu nome sobre eles, sendo conhecidos como o povo de Jeová, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
E livrando-os do cativeiro do Egito, entrou em aliança com eles, dando-lhes os Seus estatutos e ordenanças, pelos quais eles viveriam, como se afirma no verso 11:
“E dei-lhes os meus estatutos, e lhes mostrei as minhas ordenanças, pelas quais o homem viverá, se as cumprir.”
Esta citação é extraída de Lev 18.5:
“Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis; cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o SENHOR.” (Lev 18.5)

O apóstolo Paulo fez uma abordagem desta citação em Gál 3.12:

“Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá.” (Gál 3.12)

Aqui se afirma que a vida que procede da lei não é a vida que procede da fé, a saber, a vida eterna, porque o que a lei diz é que aquele que observar os seus preceitos, por eles viverá, ou seja, quando eles vivessem de acordo com os preceitos da Lei, não seria trazido nenhuma destruição de morte como o Senhor estava trazendo sobre os judeus nos dias de Ezequiel, nos quais vigorava a Antiga Aliança, porque estavam todos sob a Lei, porque era por meio dela que estavam aliançados com Deus.
 Então a vida referida em Lev 18.5, e Ez 20.11, não é de modo algum a vida eterna que é obtida somente por graça, mediante a fé, porque sabemos que pelas obras da Lei nenhuma carne pode ser justificada diante de Deus:

“porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois o que vem pela lei é o pleno conhecimento do pecado.” (Rom 3.20)

“concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” (Rom 3.28)

“sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei; pois por [obras da lei] nenhuma carne será justificada.” (Gál 2.16)

“Pois todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque escrito está: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las.” (Gál 3.10)

Paulo não estava incentivando ninguém a viver contrariamente à lei moral de Deus, que é santa, justa e perfeita, mas a não tentar ser justificado por meio da Lei, porque não é possível haver justificação por tal meio, senão somente pela fé, tal como Abraão havia sido justificado no passado. E a vida eterna só pode ser obtida pela justificação, e não pelas obras da Lei.

Todo cristão deve ter portanto cuidado ao abordar o assunto das obras da Lei, para que não desconsidere a importância das obras na sua santificação, mas que nunca incorra no erro de ensinar a outros que serão justificados por tais obras, e não simplesmente pela fé.
Não é correto portanto afirmar que na Antiga Aliança o modo de salvação era por se fazer as obras da Lei, e que agora na Nova Aliança, o modo é pela graça mediante a fé.
Deus nunca intentou salvar a ninguém pelas obras da Lei. Não foi para tal propósito que Ele deu a Lei através de Moisés, ou seja, para que a própria Lei fosse o instrumento da salvação dos pecadores.
Então nunca seria possível que alguém tivesse a salvação que dá a vida eterna, por cumprir a Lei, porque para tanto, seria necessário cumprir a Lei perfeitamente e não ter nenhum pecado, e isto, somente um único homem perfeito conseguiu fazer, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo, não para que fosse salvo, mas para que pudesse nos salvar morrendo por nós depois de ter cumprido perfeitamente toda a Lei de Moisés, e por não ter, diferentemente de nós, nenhum pecado na Sua natureza santa e perfeita.
Logo, Deus jamais ensinaria ao pecador um caminho de salvação impossível, a saber, o de obter a justificação (salvação) por meio das obras da Lei, porque, para tanto seria necessário perfeição no cumprimento de todos os mandamentos.
Então, o que quer dizer o texto de Levítico 18.5 e Ez 20.11? Afinal não está falando em se cumprir os estatutos e os juízos de Deus, para se viver por tal obediência?
Primeiro, já deixamos claro que o que está sendo prometido não é vida eterna, mas preservação da vida física, para não ser destruída tal como estava ocorrendo com os israelitas ao longo de toda a história daquela nação debaixo do Velho Testamento, quando descumpriam os mandamentos de Deus, desviando-se dEle, para adorarem falsos deuses.
Todavia, certamente, tal como ocorre com o cristão na Nova Aliança, Deus tem considerado a intenção sincera do coração em cumprir Seus mandamentos, como o próprio fato realizado.
Se o cristão odiar o pecado, enquanto busca se aperfeiçoar na santificação, será tido por Deus na conta de alguém que possui um coração puro, porque considerará o seu esforço para vencer o mal e viver na prática do bem, andando pela fé no Espírito, como até mesmo se não tivesse qualquer pecado, porque o verá sob a cobertura do sangue e da justiça de Cristo, ainda que não desconsiderará o pecado de tal cristão, para fim de disciplina, de mortificação do pecado, e de seu aperfeiçoamento na fé.
A realidade prática dos que têm caminhado com Deus, e sido realmente usados por Ele, é exatamente esta a que nos temos referido, porque o Senhor sabe, que enquanto estivermos neste mundo, sempre haverá, em algum grau, a luta entre a carne e o Espírito, entre a nova natureza e a velha natureza, ainda que, à medida que crescermos espiritualmente, sendo aperfeiçoados na santificação, a velha natureza ficará cada vez mais fraca, enquanto a nova ficará cada vez mais forte.      
Voltando ao texto de Ezequiel neste capitulo, o Senhor lhes disse também no verso 12 o seguinte:
“Demais lhes dei também os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles; a fim de que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.”

Isto significa que Israel, tal como a Igreja de Cristo, deveria viver de um modo separado da prática dos ímpios que não conhecem ao Senhor, porque não são do mundo, mas herança de Deus, cuja pátria é celestial.
Todavia o verdadeiro israelita que habitará no céu é aquele que tem sido santificado pelo Senhor, porque é somente ela a evidência de que fora verdadeiramente justificado pela fé.
Contudo, toda a nação de Israel se rebelou contra o Senhor no deserto, já nos dias de Moisés, e comprovaram tal rebelião pelo fato de não andarem segundo os estatutos do Senhor, e por rejeitarem as Suas ordenanças, pelas quais seriam mantidos em vida, sem receberem os juízos de morte que Ele trouxe não raras vezes sobre eles, revelando o quanto Lhe desagrada que o Seu povo viva no pecado. Quanto a isto, esta regra vale tanto para nós quanto para eles, porque até mesmo cristãos na Nova Aliança estão sujeitos a um juízo extremo da parte do Senhor, de morte física, quando andam em rebelião consumada contra Ele, porque são entregues a Satanás para a destruição da carne, para que se arrependam, tal como se dera com o cristão incestuoso da Igreja de Corinto (I Cor 5).
O versículo 13 de Ezequiel bem comprova tudo o que comentamos anteriormente em relação ao verso 11, porque nele se afirma o mesmo que está contido no verso 11, e além disso, o Senhor, mostra a que tipo de vida estava se referindo ao falar no cumprimento dos estatutos e ordenanças da Lei, como vemos na parte final do citado versículo:
“e rejeitando as minhas ordenanças, pelas quais o homem viverá, se as cumprir; e profanaram grandemente os meus sábados; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir.” (v. 13b). Veja que se fala em furor derramado sobre os judeus no deserto para serem consumidos, como de fato o foram, especialmente aquela geração incrédula cujos corpos tombaram no deserto durante os quarenta anos de peregrinação com Moisés.
Os versos 14 a 16 são uma reafirmação destes juízos que o Senhor trouxe sobre os israelitas nos dias de Moisés.
Todavia, tal como estava fazendo nos dias de Ezequiel, Deus também fizera nos dias de Moisés, bem como em toda a história da nação de Israel, porque sempre deixou um remanescente entre eles, para que estes andassem nos Seus caminhos.
E por isso advertiu a geração que se seguiu à de Moisés, e que entraria com Josué em Canaã, que não andassem nas mesmas pegadas de seus pais, praticando a sua idolatria e abominações, e que se recusavam a guardar os mandamentos de Deus.    
Todavia, as gerações seguintes de Israel andaram nos mesmos caminhos de seus pais, motivo porque o Senhor derramou o seu furor sobre eles, especialmente com juízos de morte sob a espada de povos inimigos, de morte pela peste, e também por falta de alimentos e água, com as secas que fez com que viessem sobre a terra deles, tal como prometera fazer na aliança que fizera com eles, deixando registrado na Lei, que lhes traria tais juízos quando eles lhes virassem as costas.
Ainda assim, o Senhor sempre lhes deixou um remanescente.
Todavia, eles viveram em idolatrias e abominações cada vez maiores, de modo que o juízo do cativeiro prometido na Lei de Moisés, de serem arrancados de sua própria terra, seria trazido sobre eles, tal como estava sendo executado sobre Judá nos dias de Ezequiel, e como havia sido executado sobre o Reino do Norte (Israel) cerca de 100 anos antes.
Como o Senhor conhecia a rebelião que havia na nação de Israel, por isto lhes deu estatutos que Ele chama no verso 25, que “não eram bons”, ou seja, que continham juízos de morte e cativeiro em caso de desobediência da Lei, como os que se veem em Lev 26.14-42; Dt 11.26-28; 27.26; 28.15-68, que contêm as promessas de maldições da Lei, que de fato não podem ser chamadas de boas promessas, as quais eram previstas na Antiga Aliança, que foi revogada por Jesus, ao inaugurar a Nova Aliança no Seu sangue.

Por isso lemos em Hb 8.6 a seguinte referência a Jesus e as promessas da Nova Aliança feita no Seu sangue:

“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança, a qual está firmada sobre melhores promessas.” (Hb 8.6)

Isto indica que aqueles estatutos da Antiga Aliança que o próprio Deus diz que não eram bons (maldições prevista no caso de desobediência da Lei) foram revogados por Jesus, e por isso é dito que temos na Nova Aliança melhores promessas do que as da Antiga.

Deus sabia que Israel idolatraria, que lhe voltaria as costas, que praticaria as mesmas coisas das nações pagãs, apesar de ter sido separado das demais nações para ser uma bênção para elas, vivendo em santidade perante Ele.
Então este verso 25 reforça ainda mais o entendimento da verdadeira interpretação das citações do verso 11 e de outros versos deste texto nos quais se faz uma referência a Lev 18.5, porque afirma expressamente que estas maldições da Lei eram estatutos e ordenanças que tinham por alvo não permitirem que os israelitas continuassem vivendo normalmente, sem receberem qualquer juízo de morte da parte de Deus, por causa da quebra da aliança.

“Também lhes dei estatutos que não eram bons, e ordenanças pelas quais não poderiam viver;” (v. 25).

Conhecendo a obstinação e rebelião de seus corações, Deus não lhes concedeu graça para arrependimento, e os deixou entregues a si mesmos, para que se contaminassem com suas práticas abomináveis, como a de passarem seus recém-nascidos pelo fogo, porque os ofereciam como sacrifícios a falsos deuses (v. 26).
Depois de reafirmar nos versos 27 a 31 todas as verdades relativas à maldade de Israel, o Senhor protestou contra aqueles que Lhe vieram consultar através de Ezequiel, que se acaso eles eram diferentes de seus antepassados, e se porventura não andavam nas mesmas más obras em que eles haviam andado? E como se permitiria então ser consultado por eles?
Como poderiam esperar ouvir boas promessas da parte do Senhor andando do modo como eles andavam?
Cristãos que vão às suas igrejas só para receberem bênçãos materiais, ou algo que se relacione sempre ao próprio interesse egoísta deles, e que não se importam em fazer a vontade do Senhor, como podem esperar serem ouvidos por Deus enquanto vivem de tal forma?

“2 Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis.
3 Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.
4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” (Tg 4.2-4)

Então, o Senhor entregaria Israel aos juízos que já estavam determinados e eles permaneceriam no cativeiro, e seriam espalhados pelas nações, de onde o Senhor os congregaria no futuro, porque haveria de reinar sobre aqueles que não fossem rebeldes no meio do Seu povo, e que se voltassem para Ele.
Então para comprovar que aqueles homens que vieram lhe consultar através de Ezequiel tinham um coração perverso e endurecido, o Senhor ordenou-lhe que profetizasse contra o sul, porque Jerusalém ficava ao Sul de Babilônia, onde eles se encontravam, e com isto aqueles homens seriam colocados à prova quanto à obediência e respeito que tinham ou não quanto à Palavra do Senhor.
Então Ezequiel profetizou que fossem queimados pelo fogo os campos e os bosques do sul, e isto produziu naqueles homens um efeito de zombaria, porque começaram a ridicularizar o profeta chamando-o de “fazedor de alegorias”. Eles o chamaram deste modo porque Deus vinha usando a pessoa de Ezequiel para servir de símile (paralelo) para os juízos que traria sobre Jerusalém. Assim eles revelaram o que havia em seus corações em relação ao próprio Ezequiel: tinham-no na conta de um artista, de um representante que procurava assustá-los com as alegorias que vinha fazendo até então.
Deus ainda hoje, fala e age de uma maneira que parece estranha a muitos, geralmente por meio de homens simples, e então, aqueles que deveriam dar atenção às Suas palavras se escandalizam, porque não estão acostumados a não ser com suas práticas religiosas e ritos exteriores, sem permitirem ser tocados pelo Espírito em seus corações, e deste modo, não conseguem reconhecer o modo como o Espírito age em Sua liberdade, soprando onde quer e como quer, e assim deixam de receber a Sua visitação e bênçãos, porque endurecem seus corações.




“1 Ora aconteceu, no sétimo ano, no mês quinto, aos dez do mês, que vieram alguns dos anciãos de Israel, para consultarem o Senhor; e assentaram-se diante de mim.
2 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
3 Filho do homem, fala aos anciãos de Israel, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Vós vindes consultar-me, mas tão certo como eu vivo, não me deixarei ser consultado de vós, diz o Senhor Deus.
4 Julgá-los-ias tu, ó filho do homem, julga-los-ias? Faze-lhes saber as abominações de seus pais; e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: No dia em que escolhi a Israel, levantei a minha mão para a descendência da casa de Jacó, e me dei a conhecer a eles na terra do Egito, quando levantei a minha mão para eles, dizendo: Eu sou o Senhor vosso Deus.
6 Naquele dia levantei a minha mão para eles, jurando que os tiraria da terra do Egito para uma terra que lhes tinha designado, que mana leite e mel, a qual é a glória de todas as terras.
7 Então lhes disse: Lançai de vós, cada um, as coisas abomináveis que encantam os seus olhos, e não vos contamineis com os ídolos do Egito; eu sou o Senhor vosso Deus.
8 Mas rebelaram-se contra mim, e não me quiseram ouvir; não lançaram de si, cada um, as coisas abomináveis que encantavam os seus olhos, nem deixaram os ídolos do Egito; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir a minha ira contra eles no meio da terra do Egito.
9 O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado à vista das nações, no meio das quais eles estavam, a cujos olhos eu me dei a conhecer a eles, tirando-os da terra do Egito.
10 Assim os tirei da terra do Egito, e os levei ao deserto.
11 E dei-lhes os meus estatutos, e lhes mostrei as minhas ordenanças, pelas quais o homem viverá, se as cumprir.
12 Demais lhes dei também os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles; a fim de que soubessem que eu sou o Senhor que os santifica.
13 Mas a casa de Israel se rebelou contra mim no deserto, não andando nos meus estatutos, e rejeitando as minhas ordenanças, pelas quais o homem viverá, se as cumprir; e profanaram grandemente os meus sábados; então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir.
14 O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado à vista das nações perante as quais os fiz sair.
15 E, contudo, eu levantei a minha mão para eles no deserto, jurando que não os introduziria na terra que lhes tinha dado, que mana leite e mel, a qual é a glória de todas as terras;
16 porque rejeitaram as minhas ordenanças, e não andaram nos meus estatutos, e profanaram os meus sábados; pois o seu coração andava após os seus ídolos.
17 Não obstante os meus olhos os pouparam e não os destruí nem os consumi de todo no deserto.
18 Mas disse eu a seus filhos no deserto: Não andeis nos estatutos de vossos pais, nem guardeis as suas ordenanças, nem vos contamineis com os seus ídolos.
19 Eu sou o Senhor vosso Deus; andai nos meus estatutos, e guardai as minhas ordenanças, e executai-os
20 E santificai os meus sábados; e eles servirão de sinal entre mim e vós para que saibais que eu sou o Senhor vosso Deus.
21 Mas também os filhos se rebelaram contra mim; não andaram nos meus estatutos nem guardaram as minhas ordenanças para as praticarem, pelas quais o homem viverá, se as cumprir; profanaram eles os meus sábados; por isso eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir contra eles a minha ira no deserto.
22 Todavia retive a minha mão, e procedi por amor do meu nome, para que não fosse profanado à vista das nações, a cujos olhos os fiz sair.
23 Também levantei a minha mão para eles no deserto, jurando que os espalharia entre as nações, e os dispersaria entre os países;
24 porque não haviam executado as minhas ordenanças, mas rejeitaram os meus estatutos, e profanaram os meus sábados, e os seus olhos se iam após os ídolos de seus pais.
25 Também lhes dei estatutos que não eram bons, e ordenanças pelas quais não poderiam viver;
26 e os deixei contaminar-se em seus próprios dons, nos quais faziam passar pelo fogo todos os que abrem a madre, para os assolar, a fim de que soubessem que eu sou o Senhor.
27 Portanto fala à casa de Israel, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Ainda nisto me blasfemaram vossos pais, que procederam traiçoeiramente para comigo;
28 pois quando eu os havia introduzido na terra a respeito da qual eu levantara a minha mão, jurando que lha daria, então olharam para todo outeiro alto, e para toda árvore frondosa, e ofereceram ali os seus sacrifícios, e apresentaram ali a provocação das suas ofertas; puseram ali os seus cheiros suaves, e ali derramaram as suas libações.
29 E eu lhes disse: Que significa o alto a que vós ides? Assim o seu nome ficou sendo Bamá, até o dia de hoje.
30 Portanto dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Acaso vós vos contaminais a vós mesmos, à maneira de vossos pais? e vos prostituís com as suas abominações?
31 E, ao oferecerdes os vossos dons, quando fazeis passar os vossos filhos pelo fogo, vós vos contaminais com todos os vossos ídolos, até hoje. E eu hei de ser consultado por vós, ó casa de Israel? Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não serei consultado de vós.
32 E o que veio ao vosso espírito de maneira alguma sucederá, quando dizeis: Sejamos como as nações, como as tribos dos países, servindo ao madeiro e à pedra.
33 Vivo eu, diz o Senhor Deus, certamente com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós.
34 E vos tirarei dentre os povos, e vos congregarei dos países nos quais fostes espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada;
35 e vos levarei ao deserto dos povos; e ali face a face entrarei em juízo convosco;
36 como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o Senhor Deus.
37 Também vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vínculo do pacto;
38 e separarei dentre vós os rebeldes, e os que transgridem contra mim; da terra das suas peregrinações os tirarei, mas à terra de Israel não voltarão; e sabereis que eu sou o Senhor.
39 Quanto a vós, ó casa de Israel, assim diz o Senhor Deus: Ide, sirva cada um os seus ídolos; contudo mais tarde me ouvireis e não profanareis mais o meu santo nome com as vossas dádivas e com os vossos ídolos.
40 Pois no meu santo monte, no monte alto de Israel, diz o Senhor Deus, ali me servirá toda a casa de Israel, toda ela, na terra; ali vos aceitarei, e ali requererei as vossas ofertas, e as primícias das vossas oblações, com todas as vossas coisas santas.
41 Como cheiro suave vos aceitarei, quando eu vos tirar dentre os povos e vos congregar dos países em que fostes espalhados; e serei santificado em vós à vista das nações.
42 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu vos introduzir na terra de Israel, no país a respeito do qual levantei a minha mão, jurando que o daria a vossos pais.
43 Ali vos lembrareis de vossos caminhos, e de todos os vossos atos com que vos tendes contaminado; e tereis nojo de vós mesmos, por causa de todas as vossas maldades que tendes cometido.
44 E sabereis que eu sou o Senhor, quando eu proceder para convosco por amor do meu nome, não conforme os vossos maus caminhos, nem conforme os vossos atos corruptos, ó casa de Israel, diz o senhor Deus.
45 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
46 Filho do homem, dirige o teu rosto para o caminho do sul, e derrama as tuas palavras contra o sul, e profetiza contra o bosque do campo do sul.
47 E dize ao bosque do sul: Ouve a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Deus: Eis que acenderei em ti um fogo que em ti consumirá toda árvore verde e toda árvore seca; não se apagará a chama flamejante, antes com ela se queimarão todos os rostos, desde o sul até o norte.
48 E verá toda a carne que eu, o Senhor, o acendi; não se apagará.
49 Então disse eu: Ah Senhor Deus! eles dizem de mim: Não é este um fazedor de alegorias?” (Ezequiel 20)



Ezequiel 21

Esse capítulo é uma sequência da profecia do capitulo precedente, no qual o Senhor ordenou a Ezequiel que profetizasse a queima dos bosques e campos do Sul por um fogo que procederia do Norte, e que foi objeto de escárnio por parte dos judeus.
Todavia, quando este oráculo foi transmitido por Ezequiel, os judeus não sabiam que Nabucodonosor já estava preparando o seu exército para sitiar a cidade de Jerusalém e queimá-la.
O início do cerco é relatado a partir do capítulo 24 do livro de Ezequiel, e isto se deu a partir do décimo dia, do décimo mês, do nono ano do reinado de Zedequias, e a sua preparação é citada neste presente capítulo.
Então, são descritas neste vigésimo primeiro capitulo as destruições que seriam feitas pela espada que viria da parte de Babilônia sobre os habitantes de Jerusalém.
Tal como os judeus dos dias de Ezequiel, os ímpios de nossos dias também escarnecem dos juízos de Deus que virão sobre eles, porque não têm visto nenhum sinal evidente destes juízos que lhes virão no futuro. Mas como sucedeu aos judeus, também lhes sucederá por ocasião da volta de nosso Senhor para julgar a terra, e Ele os ferirá pela espada da Sua boca, ou seja pela Sua Palavra poderosa, pela qual criou todas as coisas, e pela qual pode também destruí-las.
Então nós vemos neste capítulo o Senhor dando ordem à Sua própria espada para que viesse não somente sobre os judeus, como também sobre os amonitas, que teriam as suas iniquidades visitadas pelo juízo do Senhor, ao mesmo tempo em que estaria julgando o Seu próprio povo, da Antiga Aliança, através das ações de Babilônia contra eles.
É dito nos versos 3 e 4 que seriam destruídos em Israel, pelo juízo de morte da espada do exército de Nabucodonosor, tanto o justo quanto o ímpio.
Isto comprova que o justo referido nesta profecia, quanto na dos capítulos anteriores, em que se afirma que o justo viveria por guardar os estatutos da Lei de Moisés, não poderia ser de modo algum, uma garantia de vida eterna, ou mesmo de manutenção da vida física em face dos juízos de Deus sobre Israel, porque senão, caso contrário, Ele não poderia afirmar neste capítulo (v. 3 e 4) que destruiria tanto o justo quanto o ímpio.
Está evidente portanto que a justiça da Lei, decorrente das obras da Lei, não era uma garantia de justificação pela fé, e por conseguinte de vida eterna, e nem mesmo da manutenção da vida física. É fácil de entendermos isto, porque quantos cristãos piedosos e justos na Igreja de Cristo, têm sido cruelmente martirizados ao longo da história da Igreja, apesar de serem justificados pela fé? Eles não são mortos por causa de juízos de Deus contra o pecado, mas por causa da iniquidade do mundo e das perseguições do diabo contra os santos.
Não podemos então formular teorias teológicas fixas como as do tipo que Deus está obrigado a manter em vida o justo, e por outro lado a matar o ímpio, enquanto estivermos neste mundo.
Por causa da impiedade de muitos judeus, alguns justos também tombariam pela espada ou iriam para o cativeiro, como se deu com o próprio Ezequiel e o profeta Daniel, no entanto, o destino eterno destes últimos não seria o mesmo dos que morressem na sua impiedade.
Se não fosse pelo sangue de Jesus todos estariam perdidos, inclusive o próprio Abraão, porque foi por este sangue que foi justificado, e não por obras de justiça que tivesse praticado. Por suas obras, provou ser genuína a sua fé e o seu amor por Deus, mas não porque estivesse no estado de perfeição sem pecado.
Deste modo, sempre que formos tentar formular uma teologia sobre a segurança da salvação que se baseie na própria justiça humana, sempre erraremos o alvo, porque depois da queda de Adão, não há mais nenhuma justiça no próprio homem que possa fazer com que seja aceito e aprovado por Deus.
De forma que se diz em Rom 3.23:

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Rom 3.23).

Não se diz alguns, mas todos. E a condição de todos os homens perante de Deus, por sua própria justiça, é a de se encontrarem destituídos, isto é, desprovidos da glória de Deus.
O fato dos judeus terem vivido na prática deliberada do pecado era uma grande evidência da falta total da presença de Deus em suas vidas, e por isso foram entregues ao juízo depois de terem sido chamados por Ele, insistentemente, ao arrependimento, até mesmo por séculos.
É evidente que nossa união com Cristo é manifestada no fato de não vivermos na prática deliberada do pecado, mas de nenhum cristão autêntico se pode dizer que perdeu a sua salvação por causa de algum pecado eventual que tenha cometido, ou por alguma tentação que ainda não tenha vencido, porque se perseverar na fé, experimentará a eficácia da graça de Jesus para destruir o pecado progressivamente; de maneira que poderá se despojar do velho homem, e se revestir do novo, em graus cada vez maiores, e por isso se diz que todos os cristãos têm recebido por causa da plenitude que há em Cristo, graça sobre graça (Jo 1.16), de maneira que são transformados progressivamente por Ele, à Sua própria imagem em graus de glória cada vez maiores, como se afirma em I Cor 3.18:

“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Cor 3.18).

O cristão que não estiver experimentando este impulsionar do Espírito Santo à perseverança, e que não estiver sendo corrigido por Deus, e sendo disciplinado por Ele, quando se afasta dos Seus caminhos, deve duvidar da Sua salvação (justificação, regeneração e santificação), porque os que estão sem correção não são filhos de Deus, mas bastardos.



“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para Jerusalém, e derrama as tuas palavras contra os santuários, e profetiza contra a terra de Israel.
3 E dize à terra de Israel: Assim diz o Senhor: Eis que estou contra ti, e tirarei a minha espada da bainha, e exterminarei do meio de ti o justo e o ímpio.
4 E, por isso que hei de exterminar do meio de ti o justo e o ímpio, a minha espada sairá da bainha contra toda a carne, desde o sul até o norte.
5 E saberá toda a carne que eu, o Senhor, tirei a minha espada da bainha nunca mais voltará a ela.
6 Suspira, pois, ó filho do homem; suspira à vista deles com quebrantamento dos teus lombos e com amargura.
7 E será que, quando eles te disserem: Por que suspiras, tu dirás: por causa das novas, porque vêm; e todo coração desmaiará, e todas as mãos se enfraquecerão, e todo espírito se angustiará, e todos os joelhos se desfarão em águas; eis que vêm, e se realizarão, diz o Senhor Deus.
8 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
9 Filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor; dize: A espada, a espada está afiada e polida.
10 Para matar está afiada, para reluzir está polida. Alegrar-nos-emos pois? A vara de meu filho é que despreza todo o madeiro.
11 E foi dada a polir para ser manejada; esta espada está afiada e polida, para ser posta na mão do matador.
12 Grita e uiva, ó filho do homem, porque ela será contra o meu povo, contra todos os príncipes de Israel. Estes juntamente com o meu povo estão entregues à espada; bate pois na tua coxa.
13 Porque se faz uma prova; e que será se não mais existir a vara desprezadora, diz o Senhor Deus.
14 Tu pois, ó filho do homem, profetiza, e bate com as mãos uma na outra; e dobre-se a espada até a terceira vez, a espada dos mortalmente feridos; é a espada para a grande matança, a que os rodeia.
15 Para que se derreta o coração, e se multipliquem os tropeços, é que contra todas as suas portas pus a ponta da espada; ah! ela foi feita como relâmpago, e está aguçada para matar.
16 e espada, une as tuas forças, vira-te para a direita; prepara-te, vira-te para a esquerda, para onde quer que o teu rosto se dirigir.
17 Também eu baterei com as minhas mãos uma na outra, e farei descansar a minha indignação; eu, o Senhor, o disse.
18 De novo veio a mim a palavra de Senhor, dizendo:
19 Tu pois, ó filho do homem, propõe-te dois caminhos, por onde venha a espada do rei de Babilônia. Ambos procederão de uma mesma terra; e grava um marco, grava-o no princípio do caminho da cidade.
20 Um caminho proporás, por onde virá a espada contra Rabá dos filhos de Amom, e contra Judá, em Jerusalém, a fortificada.
21 Pois o rei de Babilônia está parado na encruzilhada, no princípio dos dois caminhos, para fazer adivinhações; ele sacode as flechas, consulta os terafins, atenta para o fígado.
22 Na sua mão direita estava a adivinhação sobre Jerusalém, para dispor os aríetes, para abrir a boca, ordenando a matança, para levantar a voz com júbilo, para pôr os aríetes contra as portas, para levantar tranqueiras, para edificar baluartes.
23 Isso será como adivinhação vã aos olhos daqueles que lhes fizerem juramentos; mas ele se lembrará da iniquidade, para que sejam apanhados.
24 Portanto assim diz o Senhor Deus: Visto que fizestes ser lembrada a vossa iniquidade, descobrindo-se as vossas transgressões, aparecendo os vossos pecados em todos os vossos atos; visto que viestes em memória, sereis apanhados com a mão.
25 E tu, ó profano e ímpio príncipe de Israel, cujo dia é chegado no tempo da punição final;
26 assim diz o Senhor Deus: Remove o diadema, e tira a coroa; esta não será a mesma: exalta ao humilde, e humilha ao soberbo.
27 Ao revés, ao revés, ao revés o porei; também o que é não continuará assim, até que venha aquele a quem pertence de direito; e lho darei a ele.
28 E tu, ó filho do homem, profetiza e dize: Assim diz o Senhor Deus acerca dos filhos de Amom, e acerca do opróbrio deles; dize pois: A espada, a espada está desembainhada, polida para a matança, para consumir, para ser como relâmpago.
29 Enquanto eles têm visões vãs a teu respeito, e adivinham mentiras a fim de que seja posta no pescoço dos ímpios, que estão mortalmente feridos, cujo dia é chegado no tempo da punição final.
30 Torne a tua espada à sua bainha. No lugar em que foste criado, na terra do teu nascimento, eu te julgarei.
31 Derramarei sobre ti a minha indignação, assoprarei contra ti o fogo do meu furor; entregar-te-ei nas mãos dos homens brutais, destros para destruírem.
32 Ao fogo servirás de pasto; o teu sangue estará no meio da terra; não serás mais lembrado; porque eu, o Senhor, o disse.”  (Ezequiel 21)



Ezequiel 22

Ao ler a profecia deste capítulo, alguém poderia indagar: “como pôde o Senhor afirmar que não havia nenhum justo em Jerusalém, pelo qual pudesse fechar a brecha que havia naquela cidade, para que não a destruísse com fogo?”. Certamente, excluindo-se Jeremias e Baruque, que estavam a serviço em Jerusalém protestando contra o seu pecado, não havia de fato nenhum justo entre eles, porque a estes, o Senhor havia providenciado para que fossem levados para o cativeiro anteriormente, juntamente com o rei Joaquim, Daniel e Ezequiel.
Portanto, o Senhor não estava exagerando o quadro real da impiedade que imperava em Jerusalém, cujos moradores se entregavam à prática de tudo aquilo que era proibido pela Lei, e não cumpriam os preceitos justos do Senhor, especialmente os que estabeleciam o modo de se relacionar com o próximo.
Assim, predominavam entre eles pecados visíveis, pelos quais poderiam ser justamente condenados pelas maldições prevista na Lei, e por isso o próprio Ezequiel foi convocado pelo Senhor a julgar os judeus de Jerusalém, quanto a se seria justo ou não o que viria sobre a forma de destruição sobre eles.
Havia se tornado comum entre eles a prática da violência e de sua forma extrema de assassinatos, quando a Lei afirma: “não matarás”.
Além disso o Senhor citou outras formas de iniquidade praticadas por eles, dando destaque:
- à idolatria;
- à desonra dos pais;
- à opressão de estrangeiros, órfãos e viúvas;
- aos sacrilégios e quebra do dia de descanso;
- à calúnia e à perversidade;
- à impureza sexual;
- ao adultério e ao incesto;
- ao suborno e ganhos ilícitos;
- à avareza e agiotagem.
Eles haviam se tornado portanto numa escória e não num metal precioso purificado, e por isso seriam fundidos pelo fogo do juízo do Senhor, e não pelo fogo purificador do ourives que separa o que é vil do que é precioso, porque não lhes interessava a eles, fazerem tal separação.
Os sacerdotes violentavam a Lei e profanavam as coisas santas, porque não oficiavam segundo aquilo que a Lei exigia em relação a todos os utensílios, sacrifícios e serviços do templo (v. 26).
Os príncipes (magistrados) davam sentenças de morte injustas para obterem lucro desonesto (v. 27).
Os profetas tinham visões falsas e adivinhavam mentiras em nome do Senhor, sem terem sido chamados por Ele.
O próprio povo em geral usava de opressão, roubo e violência, especialmente contra os pobres e necessitados, e oprimiam os estrangeiros (v. 29).



“1 Demais veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Tu pois, ó filho do homem, acaso julgarás, julgarás mesmo a cidade sanguinária? Então faze-lhe conhecer todas as suas abominações,
3 e dize: Assim diz o Senhor Deus: A cidade que derrama o sangue dentro de si, para que venha o seu tempo! que faz ídolos contra si mesma, para se contaminar!
4 Pelo teu sangue que derramaste te fizeste culpada, e pelos teus ídolos que fabricaste te contaminaste; e fizeste aproximar-se o teu dia, e é chegado o fim dos teus anos. Por isso eu te fiz o opróbrio das nações e o escárnio de todas as terras.
5 As que estão perto e as que estão longe de ti escarnecerão de ti, infamada, cheia de tumulto.
6 Eis que os príncipes de Israel, que estão em ti, cada um conforme o seu poder, se esforçam para derramarem sangue.
7 No meio de ti desprezaram ao pai e à mãe; no meio de ti usaram de opressão para com o estrangeiro; no meio de ti foram injustos para com o órfão e a viúva.
8 As minhas coisas santas desprezaste, e os meus sábados profanaste.
9 Em ti se acham homens que caluniam para derramarem sangue; em ti há os que comem sobre os montes; e cometem perversidade no meio de ti.
10 A vergonha do pai descobrem em ti; no meio de ti humilham a que está impura, na sua separação.
11 Um comete abominação com a mulher do seu próximo, outro contamina abominavelmente a sua nora, e outro humilha no meio de ti a sua irmã, filha de seu pai.
12 Peitas se recebem no meio de ti para se derramar sangue; recebes usura e ganhos ilícitos, e usas de avareza com o teu próximo, oprimindo-o; mas de mim te esqueceste, diz o Senhor Deus.
13 Eis que, portanto, bato as mãos contra o lucro desonesto que ganhaste, e por causa do sangue que houve no meio de ti.
14 Poderá estar firme o teu coração? poderão estar fortes as tuas mãos, nos dias em que eu tratarei contigo? Eu, o Senhor, o disse, e o farei.
15 Espalhar-te-ei entre as nações e dispersar-te-ei pelas terras; e de ti consumirei a tua imundícia.
16 E tu serás profanada em ti mesma, aos olhos das nações, e saberás que eu sou o Senhor.
17 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
18 Filho do homem, a casa de Israel se tornou para mim em escória; todos eles são bronze, e estanho, e ferro, e chumbo no meio da fornalha; em escória de prata eles se tornaram.
19 Portanto assim diz o Senhor Deus: Pois que todos vós vos tornastes em escória, por isso eis que eu vos ajuntarei no meio de Jerusalém.
20 Como se ajuntam a prata, e o bronze, e o ferro, e o chumbo, e o estanho, no meio da fornalha, para assoprar o fogo sobre eles, a fim de se fundirem, assim vos ajuntarei na minha ira e no meu furor, e ali vos porei e vos fundirei.
21 Sim, congregar-vos-ei, e assoprarei sobre vós o fogo da minha ira; e sereis fundidos no meio dela.
22 Como se funde a prata no meio da fornalha, assim sereis fundidos no meio dela; e sabereis que eu, o Senhor, derramei o meu furor sobre vós.
23 Também veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
24 Filho do homem, dize-lhe a ela: Tu és uma terra que não está purificada, nem regada de chuvas no dia da indignação.
25 Conspiração dos seus profetas há no meio dela, como um leão que ruge, que arrebata a presa; eles devoram vidas humanas; tomam tesouros e coisas preciosas; multiplicam as suas viúvas no meio dela.
26 Os seus sacerdotes violentam a minha lei, e profanam as minhas coisas santas; não fazem diferença entre o santo e o profano, nem ensinam a discernir entre o impuro e o puro; e de meus sábados escondem os seus olhos, e assim sou profanado no meio deles.
27 Os seus príncipes no meio dela são como lobos que arrebatam a presa: derramando o sangue, e destruindo vidas, para adquirirem lucro desonesto.
28 E os profetas têm feito para eles reboco com argamassa fraca tendo visões falsas, e adivinhando-lhes mentira, dizendo: Assim diz o Senhor Deus; sem que o Senhor tivesse falado.
29 O povo da terra tem usado de opressão, e andado roubando e fazendo violência ao pobre e ao necessitado, e tem oprimido injustamente ao estrangeiro.
30 E busquei dentre eles um homem que levantasse o muro, e se pusesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei.
31 Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação; com o fogo do meu furor os consumi; fiz que o seu caminho lhes recaísse sobre a cabeça, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 22)



Ezequiel 23

Este capítulo teve o propósito de dissuadir os judeus que seria vã toda esperança de livramento de Jerusalém, porque por ele se revela que não poderiam contar com quaisquer alianças feitas com outras nações, para serem livrados de Babilônia, porque todas as nações estavam contra Judá naquela hora.
Eles haviam se prostituído com tais nações, imitando-lhes as obras, porque se encantaram com suas abominações e idolatrias, e deram as costas para o Senhor e os Seus mandamentos.
Todavia, não poderiam contar com a ajuda dos seus amantes, apesar de ter pecado com eles com grande lascívia, ou seja, por lhes terem satisfeito todos os seus desejos carnais, praticando as mesmas obras daquelas nações, vindo a agir até mesmo de maneira pior do que elas.
Então, o Senhor lhes mostrou como os seus próprios amantes a destruiriam.
Para que tal convicção ficasse firmada neles, porque no capitulo seguinte nós veremos Babilônia sitiando Jerusalém, foi proposta uma parábola de duas irmãs prostitutas, chamadas Aolá (palavra hebraica que significa “sua própria tenda”), e Aaolibá (palavra hebraica que significa “mulher da tenda”), sendo Aolá, Samaria (capital do Reino do Norte – Israel, que foi levada para o cativeiro pelos assírios, com os quais eles haviam se prostituído anteriormente fazendo alianças com eles), e Aaolibá, Jerusalém (capital do Reino do Sul – Judá, que não aprendeu do que sucedeu à sua irmã (Samaria - Israel) e continuou cometendo o mesmo tipo de prostituição que ela, e que seria portanto também entregue ao juízo dos seus próprios amantes, ou seja, as nações com as quais havia se prostituído.
Cristãos que fazem alianças direta ou indiretamente com o reino das trevas, e que se entregam a práticas mundanas que são integrantes do reino de Satanás, acabarão sendo oprimidos pelos mesmos poderes com os quais têm se prostituído espiritualmente.
Nunca se deve cometer o erro de se fazer alianças com o mundo, com o diabo e com o pecado, porque o fim sempre será a morte, ou seja, quebra da comunhão com Deus no caso dos cristãos, e ser oprimido por tais poderes infernais, e morte espiritual e eterna, no caso de ímpios que não se arrependem.
Há cristãos que dizem ao diabo para deixá-los em paz, para não se intrometer com eles e com suas famílias, que eles, da sua parte também o deixarão em paz. Isto é uma forma de se fazer indiretamente uma aliança com o diabo, e isto não terminará bem, porque o diabo não respeitará nenhuma aliança, assim como as nações pagãs não respeitariam, e de fato não respeitaram, nenhuma aliança que Israel havia feito com elas.
É preciso ter em perspectiva, que uma vez tendo entrado em aliança com o Senhor; o mundo, o diabo, a carne, o pecado, passam a ser nossos inimigos, e se nos deixarmos levar pelo leve pensamento que podemos nos deixar conduzir por eles, ou estarmos associados a eles, para termos alegria e paz, no final o que acharemos será tristeza e morte, tal como os judeus dos dias de Ezequiel encontraram.        




“1 Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, houve duas mulheres, filhas da mesma mãe.
3 Estas se prostituíram no Egito; prostituíram-se na sua mocidade; ali foram apertados os seus peitos, e ali foram apalpados os seios da sua virgindade.
4 E os seus nomes eram: Aolá, a mais velha, e Aolibá, sua irmã; e foram minhas, e tiveram filhos e filhas; e, quanto aos seus nomes, Samaria é Aolá, e Jerusalém é Aolibá.
5 Ora prostituiu-se Aolá, sendo minha; e enamorou-se dos seus amantes, dos assírios, seus vizinhos,
6 que se vestiam de azul, governadores e magistrados, todos mancebos cobiçáveis, cavaleiros montados a cavalo.
7 Assim cometeu ela as suas devassidões com eles, que eram todos a flor dos filhos da Assíria; e contaminou-se com todos os ídolos de quem se enamorava.
8 E não deixou as suas impudicícias, que trouxe do Egito; pois muitos se deitaram com ela na sua mocidade, e apalparam os seios da sua virgindade, e derramaram sobre ela a sua impudicícia.
9 Portanto a entreguei na mão dos seus amantes, na mão dos filhos da Assíria, de quem se enamoravam.
10 Estes descobriram a sua vergonha; levaram-lhe os filhos e as filhas; e a ela mataram-na à espada; e ela se tornou um provérbio entre as mulheres; pois sobre ela executaram juízos.
11 Viu isso sua irmã Aolibá; contudo se corrompeu na sua paixão mais do que ela, como também nas suas devassidões, que eram piores do que as de sua irmã.
12 Enamorou-se dos filhos da Assíria, dos governadores e dos magistrados seus vizinhos, vestidos com primor, cavaleiros que andam montados em cavalos, todos mancebos cobiçáveis.
13 E vi que se tinha contaminado; o caminho de ambas era o mesmo.
14 E ela aumentou as suas impudicícias; porque viu homens pintados na parede, imagens dos caldeus, pintadas de vermelho,
15 com os seus lombos cingidos, tendo largos turbantes sobre as cabeças, todos com o parecer de príncipes, semelhantes aos filhos de Babilônia em Caldeia, terra do seu nascimento.
16 Ela se apaixonou deles, ao lançar sobre eles os olhos; e lhes mandou mensageiros à Caldeia.
17 Então vieram a ela os filhos de Babilônia para o leito dos amores, e a contaminaram com as suas impudicícias; e ela se contaminou com eles; então a sua alma deles se alienou.
18 Assim pôs a descoberto as suas devassidões, e descobriu a sua vergonha; então a minha alma se alienou dela, assim como já se alienara a minha alma de sua irmã.
19 Todavia ela multiplicou as suas prostituições, lembrando-se dos dias da sua mocidade, em que se prostituíra na terra do Egito,
20 apaixonando-se dos seus amantes, cujos membros eram como as de jumentos, e cujo fluxo era como o de cavalos.
21 Assim desejaste a luxúria da tua mocidade, quando os egípcios apalpavam os teus seios, para violentar os peitos da tua mocidade.
22 Por isso, ó Aolibá, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu suscitarei contra ti os teus amantes, dos quais se alienara a tua alma, e os trarei contra ti de todos os lados:
23 Os filhos de Babilônia, e todos os caldeus de Pecode, e de Soá, e de Coa, juntamente com todos os filhos da Assíria, mancebos cobiçáveis, governadores e magistrados, todos eles príncipes e homens de renome, todos eles montados a cavalo.
24 E virão contra ti com armas, carros e carroças, e com ajuntamento de povos; e se porão contra ti em redor com paveses, e escudos, e capacetes; e lhes entregarei o julgamento, e te julgarão segundo os seus juízos.
25 E porei contra ti o meu zelo, e usarão de indignação contigo. Tirar-te-ão o nariz e as orelhas; e o que te ficar de resto cairá à espada. Tomarão os teus filhos e as tuas filhas, e o que em ti ficar será consumido pelo fogo.
26 Também te despirão os teus vestidos, e te tomarão as tuas jóias de adorno.
27 Assim farei cessar em ti a tua luxúria e a tua prostituição trazida da terra do Egito; de modo que não levantarás os teus olhos para eles, nem te lembrarás mais do Egito.
28 Pois assim diz o Senhor Deus: Eis que te entrego na mão dos que odeias, na mão daqueles de quem está alienada a tua alma;
29 e eles te tratarão com ódio, e levarão todo o fruto do teu trabalho, e te deixarão nua e despida; e descobrir-se-á a vergonha da tua prostituição, e a tua luxúria, e as tuas devassidões.
30 Estas coisas se te farão, porque te prostituíste após as nações, e te contaminaste com os seus ídolos.
31 No caminho de tua irmã andaste; por isso entregarei o seu cálice na tua mão.
32 Assim diz o Senhor Deus: Beberás o cálice de tua irmã, o qual é fundo e largo; servirás de riso e escárnio; o cálice leva muito.
33 De embriaguez e de dor te encherás, do cálice de espanto e de assolação, do cálice de tua irmã Samaria.
34 Bebê-lo-ás pois, e esgota-lo-ás, e roerás os seus cacos, e te rasgarás teus próprios peitos; pois eu o falei, diz o Senhor Deus.
35 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Como te esqueceste de mim, e me lançaste para trás das tuas costas, também carregarás com a tua luxúria e as tuas devassidões.
36 Disse-me mais o Senhor: Filho do homem, julgarás a Aolá e a Aolibá? Mostra-lhes, então, as suas abominações.
37 Pois adulteraram, e sangue se acha nas suas mãos; com os seus ídolos adulteraram, e até lhes ofereceram em holocausto, para serem consumidos, os seus filhos, que de mim geraram.
38 E ainda isto me fizeram: contaminaram o meu santuário no mesmo dia, e profanaram os meus sábados
39 Porquanto, havendo sacrificado seus filhos aos seus ídolos, vinham ao meu santuário no mesmo dia para o profanarem; e eis que assim fizeram no meio da minha casa.
40 Além disto mandaram vir uns homens de longe, aos quais fora enviado um mensageiro, e eis que vieram. Por amor deles te levaste, pintaste os teus olhos, e te ornaste de enfeites,
41 e te assentaste sobre um leito de honra, diante do qual estava uma mesa preparada; e puseste sobre ela o meu incenso e o meu óleo.
42 Ouvia-se ali a voz de uma multidão satisfeita; e com homens de classe baixa foram trazidos beberrões do deserto; e eles puseram braceletes nas mãos das mulheres, e coroas de esplendor nas suas cabeças.
43 Então disse eu da envelhecida em adultérios: Agora deveras se contaminarão com ela e ela com eles.
44 E entraram a ela, como quem entra a uma prostituta; assim entraram a Aolá e a Aolibá, mulheres lascivas.
45 De maneira que homens justos são os que as julgarão como se julgam as adúlteras, e como se julgam as que derramam o sangue; porque adúlteras são, e sangue há nas suas mãos.
46 Pois assim diz o Senhor Deus: Farei subir contra elas uma hoste e as entregarei ao tumulto e ao saque.
47 E a hoste apedreja-las-á, e as matará à espada; trucidará a seus filhos e suas filhas, e queimará as suas casas a fogo.
48 Assim farei cessar da terra a lascívia, para que se escarmentem todas as mulheres, e não procedam conforme a vossa lascívia.
49 E a vós vos pagarão o vosso procedimento lascivo e levareis os pecados dos vossos ídolos; e sabereis que eu sou o Senhor Deus.” (Ezequiel 23)



Ezequiel 24

 As palavras e os fatos constantes deste capitulo sucederam no dia em que Babilônia começou o sítio de Jerusalém no décimo dia do décimo mês do nono ano do reinado de Zedequias, que correspondia ao nono ano de Ezequiel no cativeiro em Babilônia (v. 1,2).
Os judeus haviam falado anteriormente, de forma insolente e escarnecedora contra Deus, como se vê no capitulo 11 deste livro de Ezequiel, que Jerusalém era como uma caldeira, uma panela com carne no seu interior. E que eles eram a carne que estando em tal caldeira fervente não poderiam ser tocados por ninguém, porque quem o fizesse se queimaria.
Então, nós vimos no capítulo 11 que o Espírito ordenou a Ezequiel que profetizasse contra eles, dizendo que os mortos com os quais eles haviam enchido a cidade, esses que eram a carne, e não eles, mas Jerusalém era de fato a caldeira, mas o Senhor os arrancaria do meio dela; porque o temor deles da espada faria com que o Senhor trouxesse a espada sobre eles.
Eles tentavam anular a Palavra do Senhor na boca dos Seus profetas quanto a dizer que se encontravam seguros naquela caldeira, mas Ele cumpriria totalmente a Palavra que havia sido proferida por eles próprios, quando fossem entregues nas mãos dos babilônios, e cairiam à espada, e até mesmo nos confins de Israel os alcançaria e julgaria.
Estando agora sitiados, como se vê neste presente capitulo, o Senhor fez inverter as palavras insolentes que haviam proferido, contra eles próprios, porque Jerusalém se tornou de fato uma caldeira fervente para eles, só que era uma panela enferrujada cujo ferrugem não queria sair de modo algum, e portanto, sendo eles a carne, encontravam-se contaminados pela ferrugem e sujeira da panela, que era a cidade de Jerusalém que estava cheia das suas abominações, como elas foram achadas até mesmo nas câmaras interiores do templo com gravuras de falsos deuses pintadas em suas paredes.
Então eles não seriam retirados da panela fervente, mas deixados no seu interior para serem queimados, porque a carne que se encontrava nela, que eram os judeus, estava contaminada porque estava cheia das impurezas da própria panela em que estavam, e que pensavam ser a sua segurança.
E como a própria panela (a cidade de Jerusalém) não podia ser limpa, então ela própria seria destruída pelo fogo.    
Eles não poderiam sair da cidade, e cumpridos os dezoito meses que o Senhor havia determinado para o sítio deles, haveria muitos mortos à espada, e assim se multiplicariam os órfãos, as viúvas, os viúvos, naquela cidade, motivo porque a própria esposa de Ezequiel morreu no dia em que começou o cerco, a mulher que ele tanto amava, conforme Palavra que o Senhor lhe tinha dito pela manhã, e na tarde daquele dia a sua esposa morreu sem que tivesse qualquer enfermidade que fosse para a morte, porque o Senhor a tomou para Si, para que Ezequiel servisse de exemplo para os judeus, porque o profeta não poderia manifestar exteriormente tal luto, não demonstrando expressões naturais de tristeza (v. 16); e teria que se vestir com seus trajes habituais, colocar o seu turbante na cabeça, e calçar os seus sapatos, porque não poderia tirá-los para demonstrar que estava de luto por sua esposa. Sua boca não poderia ser coberta com véu, conforme costumavam fazer os que estavam de luto; e também não deveria comer o pão que lhe enviassem em demonstração de condolências.
Os judeus conheciam o afeto que Ezequiel tinha por sua esposa, e devem ter estranhado grandemente a atitude que ele havia tomado, mas sabiam que havia alguma razão para estar se comportando daquela maneira, e certamente aquilo deveria ser um outro sinal da parte de Deus para eles.
Então o Senhor disse a Ezequiel que quando lhe perguntassem porque estava agindo daquela forma, que ele deveria lhes responder que o motivo era  que aquilo que o Senhor fizera com ele era um sinal para os judeus em Jerusalém, que estariam vestidos como de costume e de um só golpe, tal como fizera com a sua esposa, o Senhor lhes tiraria pelas mãos dos babilônios as pessoas que lhes eram queridas, bem como lhes tomariam a cidade e o templo que lhes eram tão queridos, bem como as suas próprias casas. E tal seria a pressão sob a qual se encontrariam quando estivessem sendo perseguidos à espada, que nem sequer poderiam guardar luto por elas.




“1 Demais veio a mim a palavra do Senhor, no ano nono, do décimo mês, aos dez do mês, dizendo:
2 Filho do homem, escreve o nome deste dia, deste mesmo dia; o rei de Babilônia acaba de sitiar Jerusalém neste dia.
3 E propõe à casa rebelde uma alegoria, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Põe a caldeira ao lume, põe-na, e deita-lhe água dentro;
4 mete nela os pedaços de carne, todos os bons pedaços, a coxa e a espádua; enche-a de ossos escolhidos.
5 Escolhe o melhor do rebanho, ajunta um montão de lenha debaixo da caldeira dos ossos; faze-a ferver bem, e cozam-se dentro dela os seus ossos.
6 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Ai da cidade sanguinária, da caldeira, que está enferrujada por dentro, e cuja ferrugem não saiu dela! tira dela a carne pedaço por pedaço; não caiu sorte sobre ela;
7 porque o seu sangue está no meio dela; sobre uma penha descalvada ela o pôs; não o derramou sobre o chão, para o cobrir com pó.
8 Foi para fazer subir a minha indignação para tomar vingança, que eu pus o seu sangue numa penha descalvada, para que não fosse coberto.
9 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Ai da cidade sanguinária! também eu farei grande a fogueira.
10 Amontoa a lenha, acende o fogo, ferve bem a carne, engrossando o caldo, e sejam queimados os ossos.
11 Então a porás vazia sobre as suas brasas, para que ela aqueça, e se derreta o seu cobre, e se funda a sua imundícia no meio dela, e se consuma a sua ferrugem.
12 Ela tem-se cansado com trabalhos; contudo não sai dela a sua muita ferrugem pelo fogo.
13 A ferrugem é a tua imundícia de luxúria, porquanto te purifiquei, e tu não te purificaste, não serás purificada nunca da tua imundícia, enquanto eu não tenha satisfeito sobre ti a minha indignação.
14 Eu, o Senhor, o disse: será assim, e o farei; não tornarei atrás, e não pouparei, nem me arrependerei; conforme os teus caminhos, e conforme os teus feitos, te julgarei, diz o Senhor Deus.
15 Também veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
16 Filho do homem, eis que dum golpe tirarei de ti o desejo dos teus olhos; todavia não te lamentarás, nem chorarás, nem te correrão as lágrimas.
17 Geme, porém, em silêncio; não faças lamentação pelos mortos; ata na cabeça o teu turbante, e mete nos pés os teus sapatos; não cubras os teus lábios e não comas o pão dos homens.
18 Assim falei ao povo pela manhã, e à tarde morreu minha mulher; e fiz pela manhã como se me deu ordem.
19 E o povo me perguntou: Não nos farás saber o que significam para nós estas coisas que estás fazendo?
20 Então lhes respondi: Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
21 Dize à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu profanarei o meu santuário, o orgulho do vosso poder, a delícia dos vossos olhos, e o desejo da vossa alma; e vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, cairão à espada.
22 Fareis pois como eu fiz: não vos cobrireis os lábios, e não comereis o pão dos homens;
23 tereis na cabeça os vossos turbantes, e os vossos sapatos nos pés; não vos lamentareis, nem chorareis, mas definhar-vos-eis nas vossas iniquidades, e gemereis uns com os outros.
24 Assim vos servirá Ezequiel de sinal; conforme tudo quanto ele fez, assim fareis vós; e quando isso suceder, então sabereis que eu sou o Senhor Deus.
25 Também quanto a ti, filho do homem, no dia que eu lhes tirar a sua fortaleza, o gozo do seu ornamento, a delícia dos seus olhos, e o desejo dos seus corações, juntamente com seus filhos e suas filhas,
26 nesse dia virá ter contigo algum fugitivo para te trazer as notícias.
27 Nesse dia abrir-se-á a tua boca para com o fugitivo, e falarás, e por mais tempo não ficarás mudo; assim virás a ser para eles um sinal; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 24)


Ezequiel 25

Deus tinha começado o juízo pela Sua própria casa, e agora estava se voltando contra as nações pagãs.
Neste capitulo são profetizados juízos contra Amom (v. 2 a 7); Moabe (v.8 a 11); Edom (v.12 a 14), e Filistia (v. 15 a 17).
O Senhor profetizou também contra estes reinos naqueles dias, através do profeta Jeremias (Filistia – Jer 47.1-7; Moabe – Jer 48.1-47; Amom – Jer 49.1-6; e Edom – Jer 49.7-22.
O teor do julgamento é o mesmo, mas as repreensões em Jeremias contra estes reinos são mais extensas do que em Ezequiel, que as resumiu neste presente capítulo.
Todavia, Ezequiel se estende mais nas repreensões contra Tiro e Sidom, como veremos nos capítulos seguintes, do que o livro de Jeremias.
Em que consistiu a soberba de Amom contra Israel está citada nos versos 3 e 6, nos quais o Senhor afirma que os amonitas haviam se alegrado quando o santuário do Senhor foi profanado e quando a terra de Israel foi assolada, e quando Judá foi para o cativeiro nos dias do rei Joaquim (v. 3), e no verso 6 nós vemos que eles haviam se alegrado a ponto de baterem palmas, e também batiam com os seus pés por causa do despeito do coração deles contra a terra de Israel.
Moabe, Edom, e o filisteus cairiam juntamente com os amonitas, porque haviam entrado em conselho contra Judá, tendo se juntado aos babilônios quando eles efetuaram a primeira leva de cativos.
Então pela mesma Babilônia à qual eles haviam se aliançado para tentarem destruir os judeus, eles seriam também assolados juntamente com Judá.
Toda aquela destruição que estava sendo realizada nos dias de Ezequiel e Jeremias vinha da parte do próprio Senhor, especialmente sobre a grande e desenfreada idolatria que havia em todas estas nações, a ponto de Israel e Judá terem se tornado como qualquer uma delas.
Hoje, na dispensação da graça, como afirma o apóstolo Pedro, Deus está realizando o seu juízo a partir de sua própria casa, ou seja, pela correção e disciplina que exerce sobre todos os cristãos.
Os que se opõem a Cristo, não são participantes disto, assim como as nações ímpias haviam sido deixadas sem juízos da parte de Deus, até que Ele os concluísse sobre o seu próprio povo de Israel.
Assim também, o juízo sobre os ímpios ocorrerá somente depois do fechamento da dispensação da graça com o retorno do Senhor Jesus para julgar toda a terra.




“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra os filhos de Amom, e profetiza contra eles.
3 E dize aos amonitas: Ouvi a palavra do Senhor Deus: Assim diz o Senhor Deus: Visto que tu disseste: Ah! contra o meu santuário quando foi profanado, e contra a terra de Israel quando foi assolada, e contra a casa de Judá quando foi para o cativeiro;
4 por isso eis que te entregarei em possessão ao povo do Oriente, e em ti estabelecerão os seus acampamentos, e porão em ti as suas moradas. Eles comerão os teus frutos, e beberão o teu leite.
5 E farei de Rabá uma estrebaria de camelos, e dos amonitas um curral de rebanhos; e sabereis que eu sou o Senhor.
6 Porque assim diz o Senhor Deus: Visto como bateste com as mãos, e pateaste com os pés, e te alegraste com todo o despeito do teu coração contra a terra de Israel;
7 portanto eis que eu tenho estendido a minha mão contra ti, e te darei por despojo às nações, e te arrancarei dentre os povos, e te destruirei dentre os países, e de todo acabarei contigo; e saberás que eu sou o Senhor.
8 Assim diz o Senhor Deus: Visto como dizem em Moabe e Seir: Eis que a casa de Judá é como todas as nações;
9 portanto, eis que eu abrirei o lado de Moabe desde as cidades, desde as suas cidades que estão pela banda das fronteiras, a glória do país, Bete-Jesimote, Baal-Meom, e até Quiriataim,
10 e ao povo do Oriente, juntamente com os filhos de Amom, eu o entregarei em possessão, para que não haja mais memória dos filhos de Amom entre as nações.
11 Também executarei juízos contra Moabe; e saberão que eu sou o Senhor.
12 Assim diz o Senhor Deus: Pois que Edom se houve vingativamente para com a casa de Judá, e se fez culpadíssimo, vingando-se deles.
13 portanto assim diz o Senhor Deus: Também estenderei a minha mão contra Edom, e arrancarei dele homens e animais; e o tornarei em deserto desde Temã; e cairão à espada até Dedã.
14 E exercerei a minha vingança sobre Edom, pela mão do meu povo de Israel; e farão em Edom segundo a minha ira e segundo o meu furor; e conhecerão a minha vingança, diz o Senhor Deus.
15 Assim diz o Senhor Deus: Porquanto os filisteus se houveram vingativamente, e executaram vingança com despeito de coração, para destruírem com perpétua inimizade;
16 portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que estendo a minha mão contra os filisteus, e arrancarei os quereteus, e destruirei o resto da costa do mar.
17 E executarei neles grandes vinganças, com furiosos castigos; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu tiver exercido a minha vingança sobre eles.” (Ezequiel 25)



Ezequiel 26

Esta profecia foi pronunciada no primeiro mês, do décimo primeiro ano (v. 1), e a queda de Jerusalém ocorreu no nono dia do quarto mês do décimo primeiro ano do reinado de Zedequias, quando a cidade foi arrombada pelos babilônios.
Assim, esta profecia contra Tiro foi pronunciada três meses antes da tomada de Jerusalém pelos babilônios, porque já era muito grande a aflição e a ruína dos judeus dentro da cidade, porque o sítio já durava cerca de 15 meses, e havia grande escassez de alimentos e água, e muitos estavam sendo consumidos pela peste e pela fome.
Com isso, Tiro que disputava a liderança comercial na parte oriental do Mediterrâneo, que era costeada por Israel ao Sul, e por Tiro e Sidom ao Norte, elevou-se contra a ruína dos judeus, pensando que assumiriam tal liderança, esquecidos que o Senhor tinha também um juízo contra ambas cidades, conforme descrito nesse livro do profeta Ezequiel.
Tiro estava pensando em aumentar as suas riquezas e glória, com a queda total de Israel, e que dominaria absoluta o comércio marítimo no Mediterrâneo, aumentando ainda mais a fama que os fenícios tinham de hábeis comerciantes navais.
Todavia não somente não perderiam tal fama, como perderiam para sempre tal glória, tal a grandeza da destruição que viria da parte do Senhor sobre a impiedade e idolatria deles.
O corte que Tiro receberia lhe serviria então de bem para o futuro, e não para o seu mal; porque não haveria limites para a sua cobiça de acumular riquezas e glória, conforme o Senhor revelou o que havia nos corações dos governantes, comerciantes e do povo daquela cidade.
 Tiro seria colocada então como um sinal não apenas para si mesma, mas para todas as nações com as quais comerciava, de que acumular riquezas mundanas não é o objetivo de vida esperado por Deus. Porque tais riquezas não podem livrar quando o Senhor derrama os Seus juízos sobre aqueles que andam após a ganância de seus corações.




“1 Ora sucedeu no undécimo ano, ao primeiro do mês, que veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, visto como Tiro disse no tocante a Jerusalém: Ah! está quebrada a porta dos povos; está aberta para mim; eu me encherei, agora que ela está assolada;
3 portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Tiro, e farei subir contra ti muitas nações, como o mar faz subir as suas ondas.
4 Elas destruirão os muros de Tiro, e derrubarão as suas torres; e eu varrerei o seu solo, e dela farei uma rocha descalvada.
5 Ela virá a ser no meio do mar um enxugadouro de redes; pois eu o falei, diz o Senhor Deus; e ela servirá de despojo para as nações.
6 Também suas filhas que estão no campo serão mortas à espada; e saberão que eu sou o Senhor.
7 Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu trarei contra Tiro a Nabucodonosor, rei de Babilônia, desde o norte, o rei dos reis, com cavalos, e com carros, e com cavaleiros, sim, companhias e muito povo.
8 As tuas filhas ele matará à espada no campo; e construirá fortes contra ti, levantará contra ti uma tranqueira, e alçará paveses contra ti;
9 dirigirá os golpes dos seus arietes contra os teus muros, e derrubará as tuas torres com os seus machados.
10 Por causa da multidão de seus cavalos te cobrirá o seu pó; os teus muros tremerão com o estrondo dos cavaleiros, e das carroças, e dos carros, quando ele entrar pelas tuas portas, como quem entra numa cidade em que se fez brecha.
11 Com as patas dos seus cavalos pisará todas as tuas ruas; ao teu povo matará à espada, e as tuas fortes colunas cairão por terra.
12 Também eles roubarão as tuas riquezas e saquearão as tuas mercadorias; derrubarão os teus muros e arrasarão as tuas casas agradáveis; e lançarão no meio das águas as tuas pedras, as tuas madeiras, e o teu solo.
13 E eu farei cessar o arruído das tuas cantigas, e o som das tuas harpas não se ouvira mais;
14 e farei de ti uma rocha descalvada; viras a ser um enxugadouro das redes, nunca mais serás edificada; pois eu, o Senhor, o falei, diz o Senhor Deus.
15 Assim diz o Senhor Deus a Tiro: Acaso não tremerão as ilhas com o estrondo da tua queda, quando gemerem os feridos, quando se fizer a matança no meio de ti?
16 Então todos os príncipes do mar descerão dos seus tronos, e porão de lado os seus mantos, e despirão as suas vestes bordadas; de tremores se vestirão; sobre a terra se assentarão; e estremecerão a cada momento, e de ti se espantarão.
17 E farão uma lamentação sobre ti, e te dirão: Como pereceste, ó povoada de navegantes, ó cidade afamada, que foste forte no mar! tu e os teus moradores que atemorizastes a todos os que habitam ao teu redor!
18 Agora estremecerão as ilhas no dia da tua queda; sim, as ilhas, que estão no mar, espantar-se-ão da tua saída.
19 Pois assim diz o Senhor Deus: Quando eu te fizer uma cidade assolada, como as cidades que não se habitam, quando fizer subir sobre ti o abismo, e as muitas águas te cobrirem,
20 então te farei descer com os que descem à cova, ao povo antigo, e te farei habitar nas mais baixas partes da terra, em lugares desertos de há muito, juntamente com os que descem à cova, para que não sejas habitada; e estabelecerei a glória na terra dos viventes.
21 Farei de ti um grande espanto, e não mais existirás; embora te procurem, contudo, nunca serás achada, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 26)


Ezequiel 27

Este capítulo é uma continuação do precedente, no qual prosseguem os juízos do Senhor contra Tiro.
Neste, são descritas particularmente em detalhes, as transações comerciais que Tiro estabelecia com muitas nações.
Deus fez com que Ezequiel se demorasse nestas descrições, relativas a Tiro, mais do que a qualquer outra nação, porque havia uma razão especial para isto, ou seja, para revelar que o poder atuante por detrás de todas aquelas ações comerciais, que se tornaram o fim mesmo e o objetivo último dos habitantes de Tiro, era o do grande mercador deste mundo, inclusive de almas, chamado, Satanás, o diabo, que será desmascarado no capitulo seguinte na pessoa do rei de Tiro, não que o rei de Tiro fosse o diabo, mas que era alguém que estava inteiramente debaixo da sua influência, quanto todos os demais reis daquela nação que haviam reinado antes dele, para fazer da expansão comercial o grande e maior negócio da terra, porque não há caminho mais rápido para a corrupção dos povos e nações.
E o diabo sabendo muito bem disto, havia elegido aquela nação para ser um dos braços da grande rede que ele pretendia estabelecer no mundo daquela época.
Todavia, o Senhor lhe frustrou os  planos, porque não era chegada ainda a hora disto acontecer, como tem permitido em nossos próprios dias, em que não se fala em outra coisa a não ser em mercado, e fala-se de mercado calmo, mercado agitado, mercado nervoso, como se falasse de uma pessoa viva.
Aqui está sendo permitido porque o fim do mundo se aproxima, e esta será uma das vias de acesso para a iniquidade desenfreada dos últimos dias que precipitará o derramar dos juízos de Deus sobre toda a terra, porque os homens não se aplicaram em buscar o tesouro do céu, senão apenas o tesouro terreno, no qual têm colocado cada vez mais os seus corações, caindo assim no laço que o diabo lhes tem preparado, e que pretendia expandir antes do tempo determinado, através de Babilônia, Tiro, Pérsia, Grécia, Roma e outros reinos da terra, que foram todos submetidos ao juízo do Senhor para que perdessem toda a sua glória e grandeza terrena.
O desenvolvimento tecnológico é necessário, e foi concedido ao homem, por Deus, ter o conhecimento necessário para expandir a produção de bens de consumo. Todavia, isto não  deveria servir de pretexto para colocar a Deus e a Sua vontade e mandamentos,
Então é pela misericórdia de Deus que temos tais profecias registradas em Sua Palavra como um farol de alerta, para que não colidamos em tais recifes com os barcos de nossas vidas, de modo que não venham a naufragar.
Além disso, podemos ver, pelo relato deste capitulo de Ezequiel, que o comércio de Tiro estava voltado para artigos de luxo e supérfluos, para alimentar a vanglória e a soberba da vida. Não estava voltado especialmente para bens de consumo de primeira necessidade, para a manutenção da vida.
Então tinham por alvo, alimentar o orgulho e a prepotência. E sabemos o quanto isto vai contra os sentimentos que Deus espera ver implantados no coração e no caráter dos homens.
 



“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Tu pois, ó filho do homem, levanta uma lamentação sobre Tiro;
3 e dize a Tiro, que habita na entrada do mar, e negocia com os povos em muitas ilhas: Assim diz o Senhor Deus: ó Tiro, tu dizes: Eu sou perfeita em formosura.
4 No coração dos mares estão os teus termos; os que te edificaram aperfeiçoaram a tua formosura.
5 De ciprestes de Senir fizeram todas as tuas tábuas; trouxeram cedros do Líbano para fazerem um mastro para ti.
6 Fizeram os teus remos de carvalhos de Basã; os teus bancos fizeram-nos de marfim engastado em buxo das ilhas de Quitim.
7 Linho fino bordado do Egito era a tua vela, para te servir de estandarte; de azul, e púrpura das ilhas de Elisá era a tua cobertura.
8 Os habitantes de Sidom e de Arvade eram os teus remadores; os teus peritos, ó Tiro, que em ti se achavam, esses eram os teus pilotos.
9 Os anciãos de Gebal e seus peritos eram em ti os teus calafates; todos os navios do mar e os seus marinheiros se achavam em ti, para tratarem dos teus negócios.
10 Os persas, e os lídios, e os de Pute eram no teu exército os teus soldados; penduravam em ti o escudo e o capacete; aumentavam o teu esplendor.
11 Os filhos de Arvade e o teu exército estavam sobre os teus muros em redor, e os gamaditas nas tuas torres; penduravam os seus escudos nos teus muros em redor; aperfeiçoavam a tua formosura.
12 Társis negociava contigo, por causa da abundância de toda a casta de riquezas; seus negociantes trocavam pelas tuas mercadorias prata, ferro, estanho, e chumbo.
13 Javã, Tubál e Meseque eram teus mercadores; pelas tuas mercadorias trocavam as pessoas de homens e vasos de bronze.
14 Os da casa de Togarma trocavam pelas tuas mercadorias cavalos e ginetes e machos;
15 os homens de Dedã eram teus mercadores; muitas ilhas eram o mercado da tua mão; tornavam a trazer-te em troca de dentes de marfim e pau de ébano.
16 A Síria negociava contigo por causa da multidão das tuas manufaturas; pelas tuas mercadorias trocavam granadas, púrpura, obras bordadas, linho fino, corais e rubis.
17 Judá e a terra de Israel eram teus mercadores; pelas tuas mercadorias trocavam o trigo de Minite, cera, mel, azeite e bálsamo.
18 Por causa da multidão das tuas manufaturas, por causa da multidão de toda a sorte de riquezas, Damasco negociava contigo em vinho de Helbom e lã branca.
19 Vedã e Javã de Uzal trocavam lã fiada pelas tuas manufaturas; ferro polido, cássia e cálamo aromático achavam-se entre as tuas mercadorias.
20 Dedã negociava contigo em suadouros para cavalgar.
21 Arábia e todos os príncipes de Quedar também eram os mercadores ao teu serviço; em cordeiros, carneiros e bodes, nestas coisas negociavam contigo.
22 Os mercadores de Sabá e Raamá igualmente negociavam contigo; pelas tuas mercadorias trocavam as melhores de todas as especiarias e toda a pedra preciosa e ouro.
23 Harã, e Cané e Edem os mercadores de Sabá, Assur e Quilmade eram teus mercadores.
24 Estes negociavam contigo em roupas escolhidas, em agasalho de azul e de obra bordada, e em cofres de roupas preciosas, amarrados com cordas e feitos de cedro.
25 Os navios de Társis eram as tuas caravanas para a tua mercadoria; e te encheste, e te glorificaste muito no meio dos mares.
26 Os teus remadores te conduziram sobre grandes águas; o vento oriental te quebrantou no meio dos mares.
27 As tuas riquezas, os teus bens, as tuas mercadorias, os teus marinheiros e os teus pilotos, os teus calafates, e os que faziam os teus negócios, e todos os teus soldados, que estão em ti, juntamente com toda a tua companhia, que está no meio de ti, se submergirão no meio dos mares no dia da tua queda.
28 Ao estrondo da gritaria dos teus pilotos tremerão os arrabaldes.
29 E todos os que pegam no remo, os marinheiros, e todos os pilotos do mar descerão de seus navios, e pararão em terra,
30 e farão ouvir a sua voz sobre ti, e gritarão amargamente; lançarão pó sobre as cabeças, e na cinza se revolverão;
31 e se farão calvos por tua causa, e se cingirão de sacos, e chorarão sobre ti com amargura de alma, com amarga lamentação.
32 No seu pranto farão uma lamentação sobre ti, na qual dirão: Quem foi como Tiro, como a que está reduzida ao silêncio no meio do mar?
33 Quando as tuas mercadorias eram exportadas pelos mares, fartaste a muitos povos; com a multidão das tuas riquezas e das tuas mercadorias, enriqueceste os reis da terra.
34 No tempo em que foste quebrantada pelos mares, nas profundezas das águas, caíram no meio de ti todas as tuas mercadorias e toda a tua companhia.
35 Todos os moradores das ilhas estão a teu respeito cheios de espanto; e os seus reis temem em grande maneira, e estão de semblante perturbado.


36 Os mercadores dentre os povos te dão vaias; tu te tornaste em grande espanto, e não mais existiras.” (Ezequiel 27)



Ezequiel 28

Até o verso 19 deste capitulo prosseguem os juízos contra Tiro, e aqui, primeiramente contra o príncipe de Tiro, ou seja o homem que governava aquele país, o qual tomado pelos mesmos sentimentos que foram achados em Satanás, quando seu coração se elevou no céu por causa da sua formosura, foi lançado à terra por um juízo que lhe viera da parte de Deus.
Ele fora um bom servo do diabo em tudo, e chegou a ponto, de tal como ele, se considerar um deus acima do próprio Deus, por causa do grande poder e riqueza que havia obtido no seu comércio com as nações.
Tal como o diabo, o seu grande objetivo era apenas glória, fama e poder mundanos, e nisto foi um excelente discípulo do seu mestre, Satanás, o diabo, que é também citado por isto na profecia, não como príncipe, mas como rei de Tiro, para que soubéssemos que era debaixo da sua influência e poder que o príncipe regente de Tiro se encontrava.
E assim como juízos foram estabelecidos por Deus contra o diabo por ter-se elevado o seu coração, de igual modo o príncipe de Tiro, que em tudo havia seguido os seus passos, seria também submetido aos mesmos juízos, para que soubesse que era apenas homem e não Deus, assim como o diabo os recebeu para que soubesse que era apenas um anjo, uma criatura de Deus, e não alguém semelhante a Deus, como ele julgara insensatamente em seu coração.
As profecias relativas ao príncipe de Tiro vão do verso 1 ao 10, e dele é dito no verso 3 que ele era mais sábio do que Daniel, porque não havia segredo que pudesse ser escondido dele.
Ora, certamente a sabedoria maior que ele possuía não era da parte de Deus mas do diabo, que lhe revelava os segredos das outras nações para que pudesse negociar com elas obtendo sempre vantagens.
Nem todas as coisas Deus revelava a Daniel, senão o que era da Sua exclusiva autoridade, soberania e propósito divinos, e segundo a reta justiça, para propósitos justos, o que não é certamente o que se acha no reino do diabo.
Então a sabedoria do regente de Tiro era diabólica, conforme no dizer de Tiago, e não celestial, como era a de Daniel.
Deus determinou um juízo de morte sobre o príncipe de Tiro, em pleno mar, quando estivesse viajando a negócios num de seus navios mercantes. E ele seria morto pela mão de estrangeiros.
A profecia dirigida contra Satanás, sob o codinome de rei de Tiro estão registradas nos versos 11 a 19, na qual é destacado que ele era perfeito, cheio de sabedoria e formosura (v. 12) antes da sua queda do céu.
Que ele estivera no jardim do Éden, no paraíso de Deus (isto exclui a possibilidade da profecia se referir a algum governante terreno de Tiro), e a este tempo ele estava coberto de pedras preciosas, e de ouro, e tal era a glória que o Senhor lhe havia reservado que foram preparados instrumentos musicais para recepcioná-lo no dia em que havia sido criado, e como isto não fosse pouco, foi-lhe dada a honra de ser querubim da guarda da santidade de Deus, e ele andava no monte santo de Deus, no meio das pedras afogueadas, porque foi da vontade de Deus tributar-lhe toda aquela glória.
Todavia, como a honra que recebera fora muito elevada, em vez de devolvê-la em louvor e gratidão ao Senhor, deixou que seu coração fosse corrompido pela iniquidade, abandonando o seu caminhar em perfeição diante dEle, porque pela abundância do seu comércio o seu coração se encheu de violência e veio a pecar contra Deus.
Certamente o comércio aqui referido devem ter sido as vantagens falsas que ofereceu aos milhares de anjos que caíram juntamente com ele, lhes enganando quanto ao seus planos para aumentar o seu próprio poder e glória assim como o  deles, conforme é seu costume até hoje fazer com pessoas de todas as nações, assim como havia conseguido alcançar tal intento em relação ao príncipe de Tiro.  
Por isso o Senhor o lançou fora do monte de Deus, que é uma possível referência ao terceiro céu, a habitação do Senhor, que está acima da terra e do segundo céu, que é o universo.
É dito que ele estivera no Éden, e esta palavra no hebraico significa prazer, delícia, e daí ser chamado de paraíso.
Pode ser portanto uma indicação do terceiro céu, a habitação de Deus, e não o jardim que Deus plantou para Adão e Eva.
Lembremos que Jesus disse ao ladrão que morreu ao Seu lado, que estaria com Ele no paraíso, e não estava certamente se referindo a um jardim terreno, mas ao céu.
Com isto a sabedoria divina e o resplendor da glória de Deus que havia nele, antes da queda, foram corrompidos, isto é, estragados, perdidos, porque não pode existir tais bênçãos naqueles cujos corações se elevam em soberba por causa da própria formosura, e quando se passa a fazer de si mesmo um objeto de adoração narcisista.
Então o diabo foi lançado do céu para a terra para que fosse contemplado em sua natureza agora pervertida, corrompida, que sempre busca o mal, e que não pode possuir qualquer bem.
O argumento de Satanás junto aos anjos que caíram deve ter sido provavelmente o de que Deus era mau e deveria portanto ser destronado para que Ele recebesse o governo acima do trono do próprio Deus, como se vê em Isaías 14, no entanto, por ter sido lançado à terra, e por todo o mal que faz aos homens, está bem notório quem é realmente injusto e mau, a saber, o próprio diabo.
Não admira que Deus tenha provado o Seu perfeito amor e bondade e fidelidade, dando o Seu próprio Filho para morrer em nosso lugar na cruz, para que pudesse nos livrar do poder do diabo, para sempre.
No verso 18 é afirmado diretamente que o comércio do diabo é injusto, e que pela multidão das suas iniquidades havia profanado os santuários que Deus lhe havia reservado no céu para serem dirigidos por ele, de modo que o Senhor fez recair sobre ele um juízo de fogo, que o tem consumido, e que o tem tornado em cinza à vista de todos os que o contemplavam.
E todos os que conheceram as obras do diabo ficarão espantados com o estado de ruína eterna a que ele foi submetido por Deus, o que aguarda apenas o tempo de cumprimento, porque a sentença já foi determinada sobre ele de modo inapelável, de modo que Jesus diz que já está julgado (Jo 16.11), e que será lançado no lago de fogo e enxofre para todo o sempre, como se vê em Apocalipse 20.10.
Nos versos 21 e 23 são pronunciados juízos contra Sidom, que era uma outra nação situada próxima de Israel e de Tiro.
O Senhor estava assim trazendo juízos sobre todos os povos vizinhos de Israel que lhe haviam oprimido em várias ocasiões, ao longo de toda a sua história como nação. Eles não ficariam impunes para se alegrarem da ruína de Judá.
Eles não se gloriariam com os seus falsos deuses contra o Deus de Israel, que se revelaria mais poderoso do que todos eles juntos, porque submeteria a juízo cada uma das nações da terra, relacionadas com Judá, uma a uma, de modo que estes juízos estavam voltados principalmente para os falsos deuses que eles adoravam.
Estas nações estavam sendo também enfraquecidas, para que quando Judá voltasse do cativeiro em Babilônia, não tivesse que lutar contra nações poderosas ao seu redor (v. 24 a 26).




“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Assim diz o Senhor Deus: Visto como se elevou o teu coração, e disseste: Eu sou um deus, na cadeira dos deuses me assento, no meio dos mares; todavia tu és homem, e não deus, embora consideres o teu coração como se fora o coração de um deus.
3 com efeito és mais sábio que Daniel; não há segredo algum que se possa esconder de ti.
4 Pela tua sabedoria e pelo teu entendimento alcançaste para ti riquezas, e adquiriste ouro e prata nos teus tesouros.
5 Pela tua grande sabedoria no comércio aumentaste as tuas riquezas, e por causa das tuas riquezas eleva-se o teu coração;
6 portanto, assim diz o Senhor Deus: Pois que consideras o teu coração como se fora o coração de um deus,
7 por isso eis que eu trarei sobre ti estrangeiros, os mais terríveis dentre as nações, os quais desembainharão as suas espadas contra a formosura da tua sabedoria, e mancharão o teu resplendor.
8 Eles te farão descer à cova; e morrerás da morte dos traspassados, no meio dos mares.
9 Acaso dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou um deus? mas tu és um homem, e não um deus, na mão do que te traspassa.
10 Da morte dos incircuncisos morrerás, por mão de estrangeiros; pois eu o falei, diz o Senhor Deus.
11 Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:
12 Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
13 Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
14 Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.
15 Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade.
16 Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e ó querubim da guarda te expulsei do meio das pedras afogueadas.
17 Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem.
18 Pela multidão das tuas iniquidades, na injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te contemplavam.
19 Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre.
20 Novamente veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
21 Filho do homem, dirige o teu rosto para Sidom, e profetiza contra ela,
22 e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis-me contra ti, ó Sidom, e serei glorificado no meio de ti; e saberão que eu sou o Senhor, quando nela executar juizos e nela me santificar.
23 Pois lhe enviarei peste e sangue nas suas ruas; e os traspassados cairão no meio dela, estando a espada contra ela por todos os lados; e saberão que eu sou o Senhor.
24 E a casa de Israel nunca mais terá espinho que a fira, nem abrolho que lhe cause dor, entre os que se acham ao redor deles e que os desprezam; e saberão que eu sou o Senhor Deus.
25 Assim diz o Senhor Deus: Quando eu congregar a casa de Israel dentre os povos entre os quais estão espalhados, e eu me santificar entre eles, à vista das nações, então habitarão na sua terra que dei a meu servo, a Jacó.


26 E habitarão nela seguros; sim, edificarão casas, e plantarão vinhas, e habitarão seguros, quando eu executar juízos contra todos os que estão ao seu redor e que os desprezam; e saberão que eu sou o Senhor seu Deus.” (Ezequiel 28)



Ezequiel 29

Três capítulos foram dedicados aos juízos contra Tiro, e contra o Egito são dedicados quatro capítulos a contar com este.
Esta profecia foi dada no décimo ano, no décimo mês, no dia doze do mês (v. 1).
E o início do sítio de Jerusalém por Babilônia ocorreu no décimo dia, do décimo mês, do nono ano do reinado de Zedequias, e a sua preparação é citada neste presente capítulo.
Esta profecia fora dada portanto, quando já havia decorrido exatamente um ano de sítio de Jerusalém por parte dos babilônios.
Nos últimos dias dos reis de Judá e de Israel, o Egito vinha mantendo boas relações diplomáticas com as duas casas de Jacó, a saber, a de Judá, e a de Israel.
Então, os israelitas haviam desviado a confiança deles do braço do Senhor para livrá-los das ameaças das nações vizinhas, para colocá-la inteiramente na aliança que tinha com o Egito, que sendo na época uma nação mais poderosa do que os vizinhos de Israel, seria uma garantia para a segurança deles, assim como sucede nos dias de hoje, na aliança que Israel mantém com os EUA.
Todavia, eles eram o povo do Senhor naquela Antiga Aliança, e a política internacional não funcionava para eles, como para as demais nações pagãs, porque o Senhor lhes havia vocacionado para serem cabeça das nações e não cauda, e muito menos dependentes de qualquer poder terreno, porque Ele mesmo seria o escudo e a espada de Israel.
É somente com isto em vista que podemos entender o vigor das repreensões dirigidas tanto contra os judeus, quanto contra os egípcios, que encontramos não apenas no livro de Ezequiel, como nos livros de outros profetas da Bíblia.
Então seria vã a confiança que os judeus estavam depositando no Egito para que fossem livrados do cerco dos babilônios, que já durava um ano, e que se prolongaria por mais oito meses, até serem deportados para Babilônia.
A glória do Egito era o rio Nilo, que é o maior rio do mundo em extensão, com todos os seus afluentes, então o juízo é dirigido contra os egípcios e os seus rios, que eles adoravam como deuses.
O juízo nesta profecia, no entanto, é dirigido especialmente contra o próprio faraó, que se afirmava um deus ainda maior que o próprio rio Nilo, dizendo que fora ele quem o criara.
Então é predita a desolação da terra do Egito por Nabucodonosor, e que ficaria em tal condição por 40 anos, e que somente depois de cumprido tal tempo, eles seriam restaurados, e isto corresponderia à queda de Babilônia sob a Média e Pérsia, quando todas as nações que estavam cativas em Babilônia, seriam libertadas de volta às suas próprias terras.
No vigésimo quinto capítulo do livro do profeta Jeremias, nós temos o seguinte registro no seu primeiro versículo:

“A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá, no ano quarto de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, que era o primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilônia,” (Jer 25.1)
 Nós vemos portanto, que o primeiro ano de reinado de Nabucodonosor, correspondeu ao quarto ano de reinado do rei Jeoaquim de Judá.
No décimo primeiro ano do seu reinado Jeoaquim foi morto por Nabucodonosor, quando Joaquim foi posto para reinar em seu lugar, tendo ficado no trono por apenas três meses, sendo deportado para Babilônia.
Vemos então que o primeiro ano de cativeiro do rei Joaquim correspondeu ao oitavo ano do reinado de Nabucodonosor.
Para calcular portanto o tempo de reinado deste rei, em relação às datas concernentes ao cativeiro, que são citadas por Ezequiel em seu livro, basta somar oito anos às mesmas (11 – 4 + 1 inclusive = 8).
Isto é também deduzido do que lemos em Jeremias 32.1, porque se afirma que o décimo ano de reinado de Zedequias correspondeu ao décimo oitavo de Nabucodonosor.
Ora, se Zedequias começou a reinar no oitavo ano de reinado de Nabucodonosor, como vimos anteriormente, porque foi entronizado quando o rei Joaquim foi levado para Babilônia, então está confirmado que Nabucodonosor estava no oitavo ano do seu reinado quando Joaquiam, Ezequiel, Daniel, estavam no seu primeiro ano de cativeiro, porque temos: 8 anos de Nabucodonosor até Zedequias + 10 anos de reinado de Zedequias, como citado em Jer 32.1 = 18 anos de reinado de Nabucodonosor.

“Palavra que veio a Jeremias da parte do SENHOR, no ano décimo de Zedequias, rei de Judá, ou décimo oitavo de Nabucodonosor.” (Jer 32.1).

Nós temos inserida neste capítulo, a partir do verso 17, uma citação ao cumprimento das predições contra Tiro, anunciadas nos capítulos anteriores, que foram executadas por Nabucodonosor no vigésimo sétimo ano do cativeiro de Joaquim, portanto, trigésimo quinto ano do reinado de Nabucodonosor (27 + 8 = 35). E isto serviria de sinal para a queda do Egito que se daria logo em seguida (v. 19).
Nabucodonosor reinou por 45 anos, e seu filho Evil-Merodaque, 23 anos, e seu filho Belsazar, que o sucedeu no trono, reinou apenas 2 anos, porque foi nos seus dias que o reino de Babilônia caiu na mão da Média e da Pérsia.
O somatório destes anos corresponde aos 70 anos de cativeiro de Judá, e ao período de tempo que outras nações ficariam no poder de Babilônia enquanto ela estivesse imperando sobre o mundo.
Como é dito na profecia deste capítulo de Ezequiel que o tempo de permanência do Egito no cativeiro seria de 40 anos, podemos então supor que o início do cativeiro daquela nação tenha começado a partir do trigésimo ano do reinado de Nabucodonosor, e que tenha havido uma leva maior de cativos, após o trigésimo quinto ano do seu reinado em Babilônia.



“1 No décimo ano, no décimo mês, no dia doze do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra Faraó, rei do Egito, e profetiza contra ele e contra todo o Egito.
3 Fala, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis-me contra ti, ó Faraó, rei do Egito, grande dragão, que pousas no meio dos teus rios, e que dizes: O meu rio é meu, e eu o fiz para mim.
4 Mas eu porei anzóis em teus queixos, e farei que os peixes dos teus rios se apeguem às tuas escamas; e tirar-te-ei dos teus rios, juntamente com todos os peixes dos teus rios que se apegam às tuas escamas.
5 E te lançarei no deserto, a ti e a todos os peixes dos teus rios; sobre a face do campo cairás; não serás recolhido nem ajuntado. Aos animais da terra e às aves do céu te dei por pasto.
6 E saberão todos os moradores do Egito que eu sou o Senhor, porque tu tens sido um bordão de cana para a casa de Israel.
7 Tomando-te eles na mão, tu te quebraste e lhes rasgaste todo o ombro; e quando em ti se apoiaram, tu te quebraste, fazendo estremecer todos os seus lombos.
8 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu trarei sobre ti a espada, e de ti exterminarei homem e animal.
9 E a terra do Egito se tornará em desolação e deserto; e saberão que eu sou o Senhor. Porquanto disseste: O rio é meu, e eu o fiz;
10 por isso eis que eu estou contra ti e contra os teus rios; e tornarei a terra do Egito em desertas e assoladas solidões, desde Migdol de Sevené até os confins da Etiópia.
11 Não passará por ela pé de homem, nem pé de animal passará por ela, nem será habitada durante quarenta anos.
12 Assim tornarei a terra do Egito em desolação no meio das terras assoladas, e as suas cidades no meio das cidades assoladas ficarão desertas por quarenta anos; e espalharei os egípcios entre as nações, e os dispersarei pelos países.
13 Pois assim diz o Senhor Deus: Ao cabo de quarenta anos ajuntarei os egípcios dentre os povos entre os quais foram espalhados.
14 E restaurarei do cativeiro os egípcios, e os farei voltar à terra de Patros, à sua terra natal; e serão ali um reino humilde;
15 mais humilde se fará do que os outros reinos, e nunca mais se exalçará sobre as nações; e eu os diminuirei, para que não mais dominem sobre as nações.
16 E não será mais a confiança da casa de Israel e a ocasião de ser lembrada a sua iniquidade, quando se virarem para olhar após eles; antes saberão que eu sou o Senhor Deus.
17 E sucedeu que, no ano vinte e sete, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
18 Filho do homem, Nabucodonosor, rei de Babilônia, fez com que o seu exército prestasse um grande serviço contra Tiro. Toda cabeça se tornou calva, e todo ombro se pelou; contudo não houve paga da parte de Tiro para ele, nem para o seu exército, pelo serviço que prestou contra ela.
19 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu darei a Nabucodonosor, rei de Babilônia, a terra do Egito; assim levará ele a multidão dela, como tomará o seu despojo e roubará a sua presa; e isso será a paga para o seu exército.
20 Como recompensa do serviço que me prestou, pois trabalhou por mim, eu lhe dei a terra do Egito, diz o Senhor Deus.


21 Naquele dia farei brotar um chifre para a casa de Israel; e te concederei que abras a boca no meio deles; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 29)



Ezequiel 30

Apesar desta profecia não ser datada, é de se supor que tenha sido dada no mesmo décimo ano citado no início da profecia do capítulo anterior, quando Jerusalém se encontrava já por doze anos, sendo sitiada pelos babilônios.
Então este conjunto de profecias tinha por finalidade principal remover dos judeus qualquer inclinação para continuarem depositando sua confiança num possível livramento por parte dos egípcios, em vez de se renderem aos babilônios para o próprio bem deles.
Nós vemos então a misericórdia de Deus para com Israel, mesmo estando eles debaixo de Seus juízos, porque Ele fez de tudo para que evitassem um mal maior, porque lhes prometera dar livramento da morte pela espada de Nabucodonosor caso se rendessem a ele, e isto nós vemos repetidamente no livro do profeta Jeremias.  
Os judeus não deveriam depositar qualquer esperança nos egípcios confiando no fato de que havia outras nações aliançadas com o Egito, porque estas nações também seriam submetidas ao juízo do Senhor, como se afirma no verso 5:

“Etiópia, e Pute, e Lude, e todo o povo da Arábia, e Cube, e os filhos da terra da aliança cairão juntamente com eles à espada.”

Assim, de cabeça de nações que fora por séculos, o Egito passaria a ser a cauda, porque o Senhor fortaleceria os braços do rei de Babilônia, e depois deles, como sabemos pela história, da Pérsia, Grécia e Roma, que se alternariam no poder, enquanto o Egito, permaneceria uma nação enfraquecida para sempre, conforme determinado pelo Senhor, para que os judeus aprendessem que não é em nenhum poder terreno que devem colocar a sua esperança, e entrar em aliança com as nações para serem livrados, sem a permissão de Deus, porque é somente em Jeová, o Deus deles, que devem esperar inteiramente.
O que se aplica aos judeus nesta parte, também se aplica à Igreja, cuja confiança deve estar inteiramente no Senhor da Igreja, porque até mesmo o auxílio que lhes vier da parte dos homens, terá sido pela Sua providência, porque este é o Seu modo de agir para com o Seu povo.
Bem-aventurado portanto é o cristão que faz do Senhor o Seu tudo, e que nEle confia e espera para todas as coisas.
Os poderes deste mundo cessam e falham, mas o braço poderoso do Senhor jamais cessará ou falhará em fazer o bem ao Seu povo.




“1 De novo veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Gemei: Ah! aquele dia!
3 Porque perto está o dia, sim, perto está o dia do Senhor; dia de nuvens será, o tempo das nações.
4 E uma espada virá ao Egito, e haverá angústia na Etiópia, quando caírem os traspassados no Egito; o seu povo será levado para o cativeiro e serão destruídos os seus fundamentos.
5 Etiópia, e Pute, e Lude, e todo o povo da Arábia, e Cube, e os filhos da terra da aliança cairão juntamente com eles à espada.
6 Assim diz o Senhor: Também cairão os que sustêm o Egito, e descerá a soberba de seu poder; desde Migdol até Sevené cairão nela à espada, diz o Senhor Deus.
7 E ficarão desolados no meio das terras assoladas; e as suas cidades estarão no meio das cidades desertas.
8 E saberão que eu sou o Senhor, quando eu puser fogo ao Egito, e forem destruídos todos os que lhe davam auxílio.
9 Naquele dia sairão mensageiros de diante de mim em navios, para amedrontarem os etíopes descuidados; e sobre eles haverá angústia, como no dia do Egito; pois eis que já vem.
10 Assim diz o Senhor Deus: Também farei cessar do Egito a multidão, por mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia.
11 Ele e o seu povo com ele, os terríveis dentre as nações, serão introduzidos para destruírem a terra; e desembainharão as suas espadas contra o Egito, e encherão a terra de mortos.
12 E eu secarei os rios, e venderei a terra, entregando-a na mão dos maus, e assolarei a terra e a sua plenitude pela mão dos estranhos; eu, o Senhor, o disse.
13 Assim diz o Senhor Deus: Também destruirei os ídolos, e farei cessar de Mênfis as imagens; e não mais haverá um príncipe na terra do Egito; e porei o temor na terra do Egito.
14 E assolarei a Patros, e porei fogo a Zoã, e executarei juízos em Tebas;
15 e derramarei o meu furor sobre Pelúsio, a fortaleza do Egito, e exterminarei a multidão de Tebas;
16 também atearei um fogo no Egito; Pelúsio terá angústia, Tebas será destruída, e Mênfis terá adversários em pleno dia.
17 Os mancebos de Om e Pi-Besete cairão à espada, e estas cidades irão ao cativeiro.
18 E em Tapanes se escurecerá o dia, quando eu quebrar ali os jugos do Egito, e nela cessar a soberba do seu poder; quanto a ela, uma nuvem a cobrirá, e suas filhas irão ao cativeiro.
19 Assim executarei juízos no Egito, e saberão que eu sou o Senhor.
20 E sucedeu no ano undécimo, no mês primeiro, aos sete do mês, que veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
21 Filho do homem, eu quebrei o braço de Faraó, rei do Egito; e eis que não foi atado para se lhe aplicar remédios curativos, nem se lhe porão ligaduras para o atar, para torná-lo forte, a fim de pegar na espada.
22 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra Faraó, rei do Egito, e quebrarei os seus braços, assim o forte como o que já foi quebrado; e farei cair da sua mão a espada.
23 E espalharei os egípcios entre as nações, e os dispersarei pelas terras.
24 Mas fortalecerei os braços do rei de Babilônia, e pôr-lhe-ei na mão a minha espada; quebrarei, porém, os braços de Faraó, e diante daquele gemerá como quem está mortalmente ferido.
25 Eu sustentarei os braços do rei de Babilônia, mas os braços de Faraó cairão; e saberão que eu sou o Senhor, quando eu puser a minha espada na mão do rei de Babilônia, e ele a estender sobre a terra do Egito.


26 E espalharei os egípcios entre as nações, e os dispersarei pelas terras; saberão assim que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 30)


Ezequiel 31

Esta profecia foi dada a Ezequiel no primeiro dia, do terceiro mês, do décimo primeiro ano, e a queda de Jerusalém, ao término do sítio a que fora submetida pelos babilônios, aconteceu no nono dia, do quarto mês, do décimo primeiro ano.
Então, quando esta profecia foi proferida, os judeus estavam há cerca de apenas quarenta dias para serem assolados pelos babilônios, porque eles entrariam finalmente no interior de Jerusalém.
Grande estava sendo o desespero dos judeus pela escassez de tudo no interior da cidade, e estariam tentados a negociar quaisquer condições com o Egito para serem libertados por eles do jugo de Babilônia, mas o Senhor se interpôs lhes lembrando o que havia ocorrido com a Assíria que havia sido um poder dominante naqueles dias, maior do que o do Egito, e que no entanto caiu sob o poder de Babilônia.
Apesar de a Assíria ter atingido muita glória e formosura, da qual o Senhor diz ter sido maior do que a das belas árvores esplendorosas do jardim do Éden, e por cuja glória o coração deles se elevou e se corrompeu, como costuma ocorrer com todas as nações que se tornam poderosas na terra, então o Senhor lhes impôs um juízo de abatimento de toda a sua exaltação.
O Senhor estava dirigindo tais palavras a faraó, indagando-lhe a quem ele queria se comparar na sua grandeza?
Se comparado às árvores do jardim do Éden, a sua glória e formosura era bem menor do que a que o Senhor havia dado à Assíria, e no entanto, a havia abatido. Como então escaparia faraó, cujo poder e glória eram bem menores do que os da Assíria, que já havia sido submetida ao juízo do Senhor?
Então o Senhor removeria toda a glória do Egito e abateria faraó e seu exército até o mais profundo do Seol.

“A quem, pois, és semelhante em glória e em grandeza entre as árvores do Éden? Todavia serás precipitado juntamente com as árvores do Éden às partes inferiores da terra; no meio dos incircuncisos jazerás com os que foram mortos à espada: este é Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor Deus.” (v. 18).



“1 Também sucedeu, no ano undécimo, no terceiro mês, ao primeiro do mês, que veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dize a Faraó, rei do Egito, e à sua multidão: A quem és semelhante na tua grandeza?
3 Eis que o assírio era como um cedro do Líbano, de ramos formosos, de sombrosa ramagem e de alta estatura; e a sua copa estava entre os ramos espessos.
4 As águas nutriram-no, o abismo fê-lo crescer; as suas correntes corriam em torno da sua plantação; assim ele enviava os seus regatos a todas as árvores do campo.
5 Por isso se elevou a sua estatura sobre todas as árvores do campo, e se multiplicaram os seus ramos, e se alongaram as suas varas, por causa das muitas águas nas suas raízes.
6 Todas as aves do céu se aninhavam nos seus ramos; e todos os animais do campo geravam debaixo dos seus ramos; e à sua sombra habitavam todos os grandes povos.
7 Assim era ele formoso na sua grandeza, na extensão dos seus ramos, porque a sua raiz estava junto às muitas águas.
8 Os cedros no jardim de Deus não o podiam esconder; as faias não igualavam os seus ramos, e os plátanos não eram como as suas varas; nenhuma árvore no jardim de Deus se assemelhava a ele na sua formosura.
9 Formoso o fiz pela abundância dos seus ramos; de modo que tiveram inveja dele todas as árvores do Éden que havia no jardim de Deus.
10 Portanto assim diz o Senhor Deus: Como se elevou na sua estatura, e se levantou a sua copa no meio dos espessos ramos, e o seu coração se ufanava da sua altura,
11 eu o entregarei na mão da mais poderosa das nações, que lhe dará o tratamento merecido. Eu já o lancei fora.
12 Estrangeiros, da mais terrível das nações, o cortarão, e o deixarão; cairão os seus ramos sobre os montes e por todos os vales, e os seus renovos serão quebrados junto a todas as correntes da terra; e todos os povos da terra se retirarão da sua sombra, e o deixarão.
13 Todas as aves do céu habitarão sobre a sua ruína, e todos os animais do campo estarão sobre os seus ramos;
14 para que nenhuma de todas as árvores junto às águas se exalte na sua estatura, nem levante a sua copa no meio dos ramos espessos, nem se levantem na sua altura os seus poderosos, sim, todos os que bebem água; porque todos eles estão entregues à morte, até as partes inferiores da terra, no meio dos filhos dos homens, juntamente com os que descem a cova.
15 Assim diz o Senhor Deus: No dia em que ele desceu ao Seol, fiz eu que houvesse luto; cobri o abismo, por sua causa, e retive as suas correntes, e detiveram-se as grandes águas; e fiz que o Líbano o pranteasse; e todas as árvores do campo por causa dele desfaleceram.
16 Farei tremer as nações ao som da sua queda, quando o fizer descer ao Seol juntamente com os que descem à cova; e todas as árvores do Éden a flor e o melhor do Líbano, todas as que bebem águas, se consolarão nas partes inferiores da terra;
17 também juntamente com ele descerão ao Seol, ajuntar-se aos que foram mortos à espada; sim, aos que foram seu braço, e que habitavam à sua sombra no meio das nações.
18 A quem, pois, és semelhante em glória e em grandeza entre as árvores do Éden? Todavia serás precipitado juntamente com as árvores do Éden às partes inferiores da terra; no meio dos incircuncisos jazerás com os que foram mortos à espada: este é Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 31)




Ezequiel 32

A profecia deste capítulo, também dirigida contra faraó e o Egito, foi pronunciada no primeiro dia, do décimo segundo mês, do décimo segundo ano, e sabemos que a queda de Jerusalém ocorreu no nono dia, do quarto mês, do décimo primeiro ano.
Então, já havia passado um ano e oito meses, desde que Jerusalém havia caído no poder de Babilônia.
O propósito então desta profecia não era mais o de desencorajar uma possível aliança de Judá com o Egito, para salvar Jerusalém, porque a ruína da cidade já havia sido consumada, mas para revelar ao próprio Egito que também seria certo o cumprimento de todos os juízos que o Senhor havia proferido contra eles, assim como contra as nações que estavam coligadas a ele, conforme são citadas  neste capitulo, e outras, como por exemplo a Assíria, que há haviam caído anteriormente pelos mesmos juízos.
O Senhor não havia poupado ao Seu próprio povo, e muito menos lhes pouparia.
Todas estas destruições de nações que foram realizadas nos dias de Ezequiel e Jeremias, são uma ilustração da grande destruição que acontecerá em todo o mundo por ocasião da volta de nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus o fizera no passado, para que tenhamos a certeza de que Ele o fará novamente no futuro, conforme o tem profetizado em toda a Sua Palavra, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Tudo o que ocorreu no passado foi registrado para nossa advertência, para que não desprezemos os convites de Deus ao arrependimento, de maneira que possamos escapar dos juízos da Sua ira contra o pecado.
   A destruição do Egito e de faraó foi um tipo da destruição de todos os inimigos orgulhosos de Deus que se levantam contra Ele e a Sua vontade, depois de terem estado por um longo tempo debaixo da Sua bondade, longanimidade e misericórdia, sem que no entanto viessem a se arrepender de seus maus caminhos.
Deus tem um juízo terrível contra os fortes e poderosos da terra, sejam eles pessoas ou nações, que oprimem os fracos e necessitados.
Faraó havia sido como um leão devorador, e um crocodilo do Nilo, que viveu das caças que fez entre as nações, mas o Senhor poria um fim ao seu poder opressor.
Nisto ele é um tipo do Anticristo, de cuja opressão as nações serão libertadas, especialmente o povo de Israel, quando da ocasião da volta de nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando faraó se ocupou de uma guerra desnecessária com os cirineus, ele veio a eles através do Nilo, com os seus exércitos, e por isso foi comparado pelo Senhor a um crocodilo, que seria apanhado por Ele em redes e lançado em terra, para ser morto e devorado pelas aves de rapina.




“1 Sucedeu que, no ano duodécimo, no mês duodécimo, ao primeiro do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, faze uma lamentação sobre Faraó, rei do Egito, e dize-lhe: Foste assemelhado a um leão novo entre as nações; contudo tu és como um dragão nos mares; pulavas nos teus rios e os sujavas, turvando com os pés as suas águas.
3 Assim diz o Senhor Deus: Estenderei sobre ti a minha rede por meio duma companhia de muitos povos, e eles te alçarão na minha rede.
4 Então te deixarei em terra; sobre a face do campo te lançarei, e farei pousar sobre ti todas as aves do céu, e fartarei de ti os animais de toda a terra.
5 E porei as tuas carnes sobre os montes, e encherei os vales da tua altura.
6 Também com o teu sangue regarei a terra onde nadas, até os montes; e as correntes se encherão de ti.
7 E, apagando-te eu, cobrirei o céu, e enegrecerei as suas estrelas; ao sol encobrirei com uma nuvem, e a lua não dará a sua luz.
8 Todas as brilhantes luzes do céu, eu as enegrecerei sobre ti, e trarei trevas sobre a tua terra, diz o Senhor Deus.
9 E afligirei o coração de muitos povos, quando eu levar a efeito a tua destruição entre as nações, até as terras que não conheceste.
10 Demais farei com que muitos povos fiquem pasmados a teu respeito, e os seus reis serão sobremaneira amedrontados, quando eu brandir a minha espada diante deles; e estremecerão a cada momento, cada qual pela sua vida, no dia da tua queda.
11 Pois assim diz o Senhor Deus: A espada do rei de Babilônia virá sobre ti.
12 Farei cair a tua multidão pelas espadas dos valentes; terríveis dentre as nações são todos eles; despojarão a soberba do Egito, e toda a sua multidão será destruída.
13 Exterminarei também todos os seus animais de junto às muitas águas; não as turvará mais pé de homem, não as turvarão unhas de animais.
14 Então tornarei claras as suas águas, e farei correr os seus rios como o azeite, diz o Senhor Deus.
15 Quando eu tornar desolada a terra do Egito, e ela for despojada da sua plenitude, e quando eu ferir a todos os que nela habitarem, então saberão que eu sou o Senhor.
16 Esta é a lamentação que se fará; que as filhas das nações farão sobre o Egito e sobre toda a sua multidão, diz o Senhor Deus.
17 Também sucedeu que, no ano duodécimo, aos quinze do mês, veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
18 Filho do homem, pranteia sobre a multidão do Egito, e faze-a descer, a ela e às filhas das nações majestosas, até as partes inferiores da terra, juntamente com os que descem à cova.
19 A quem sobrepujas tu em beleza? Desce, e deita-te com os incircuncisos.
20 No meio daqueles que foram mortos à espada eles cairão; à espada ela está entregue; arrastai-a e a toda a sua multidão.
21 Os poderosos entre os valentes lhe falarão desde o meio do Seol, com os que o socorrem; já desceram, jazem quietos os incircuncisos, mortos a espada.
22 Ali está Assur com toda a sua companhia. Em redor dele estão os seus sepulcros; todos eles foram mortos, caíram à espada.
23 Os seus sepulcros foram postos no mais interior da cova, e a sua companhia está em redor do seu sepulcro; foram mortos, caíram à espada todos esses que tinham causado espanto na terra dos viventes.
24 Ali está Elão com toda a sua multidão em redor do seu sepulcro; foram mortos, cairam a espada, e desceram incircuncisos às partes inferiores da terra, todos esses que causaram terror na terra dos viventes; e levaram a sua vergonha juntamente com os que descem à cova.
25 No meio dos mortos lhe puseram a cama entre toda a sua multidão; ao redor dele estão os seus sepulcros; todos esses incircuncisos foram mortos à espada; porque causaram terror na terra dos viventes; e levaram a sua vergonha com os que descem à cova. Está posto no meio dos mortos.
26 Ali estão Meseque, Tubal e toda a sua multidão; ao redor deles estão os seus sepulcros; todos esses incircuncisos foram mortos à espada; porque causaram terror na terra dos viventes.
27 E não jazem com os valentes que dentre os incircuncisos caíram, os quais desceram ao Seol com as suas armas de guerra e puseram as suas espadas debaixo das suas cabeças, tendo os seus escudos sobre os seus ossos; porque eram o terror dos poderosos na terra dos viventes.
28 Mas tu serás quebrado no meio dos incircuncisos, e jazerás com os que foram mortos a espada.
29 Ali está Edom, os seus reis e todos os seus príncipes, que no seu poder foram postos com os que foram mortos à espada; estes jazerão com os incircuncisos e com os que descem a cova.
30 Ali estão os príncipes do norte, todos eles, e todos os sidônios, que desceram com os mortos; envergonhados são pelo terror causado pelo seu poder; jazem incircuncisos com os que foram mortos à espada, e levam a sua vergonha com os que descem à cova.
31 Faraó os verá, e se consolará sobre toda a sua multidão; sim, o próprio Faraó, e todo o seu exército, traspassados à espada, diz o Senhor Deus.
32 Pois também eu pus o terror dele na terra dos viventes; pelo que jazerá no meio dos incircuncisos, com os mortos à espada, o próprio Faraó e toda a sua multidão, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 32)



Ezequiel 33

É importante fixarmos a data da queda de Jerusalém sob os babilônios, ocorrida no nono dia, do quarto mês, do décimo primeiro ano, para que possamos ter um melhor referencial para o entendimento das profecias do livro de Ezequiel.
Por exemplo, nós vemos nos versos 21 e 22 deste capítulo que na manhã do quinto dia, do décimo mês, do ano décimo segundo, veio ter com Ezequiel em Babilônia um dos judeus que havia fugido depois da queda de Jerusalém, cerca de dezoito meses após a citada queda, e no mesmo dia em que este judeu viera ter com Ezequiel, a sua boca fora aberta pelo Senhor, na tarde daquele dia, dando-se assim, cumprimento ao que o Senhor havia dito a Ezequiel, que ocorreria, no dia em que sua mulher morrera, conforme lemos em Ez 24.25-27:

“25 Também quanto a ti, filho do homem, no dia que eu lhes tirar a sua fortaleza, o gozo do seu ornamento, a delícia dos seus olhos, e o desejo dos seus corações, juntamente com seus filhos e suas filhas,
26 nesse dia virá ter contigo algum fugitivo para te trazer as notícias.
27 Nesse dia abrir-se-á a tua boca para com o fugitivo, e falarás, e por mais tempo não ficarás mudo; assim virás a ser para eles um sinal; e saberão que eu sou o Senhor.”

Então o profeta disse àquele judeu que lhe procurara que os que haviam escapado da espada em Jerusalém, seriam ainda alcançados pelos juízos de Deus em todas as partes para onde haviam conseguido escapar, e a razão disto era a de que não haviam se arrependido de seus maus caminhos, apesar de ter-lhes dado a Sua Palavra de advertência através dos Seus profetas, e que apesar destes serem procurados por eles para serem consultados, tal como faziam em relação a Ezequiel, sob o pretexto de ouvirem a Palavra do Senhor, na verdade ouviam as palavras mas nunca as colocavam por prática, e apesar de professarem com suas bocas que amavam muito ao Senhor, no entanto o coração deles somente cobiçava lucro mundano.
Deste modo, a Palavra do Senhor na boca dos Seus profetas era para eles como uma canção bonita de amores. Eles somente ouviam a música que havia nas palavras, mas não davam atenção ao seu conteúdo, e muito menos se dispunham a colocá-las por prática, então, quando lhes sucedesse também este juízo de serem alcançados pelo juízo de Deus nas nações para as quais haviam se refugiado, eles saberiam que Ezequiel lhes falava de fato da parte do Senhor (v. 30 a 33).
Ezequiel estava sendo para os judeus como um atalaia, um sentinela que estava tocando a trombeta de alerta por mandado de Deus, para que se convertessem da impiedade deles, e para que fossem livrados consequentemente dos Seus juízos.    
Todavia, o Senhor lhes conhecia os corações, e como havia dito desde que havia comissionado a Ezequiel para ser Seu profeta, eles não o ouviriam porque eram rebeldes e de ouvidos e coração incircuncisos.
Os que estavam ouvindo o som da trombeta e dando-se por avisados, e que estavam se desviando das suas iniquidades e se voltando para o Senhor e para os Seus mandamentos, estavam sendo colocados debaixo da Sua proteção para que não fossem mortos, segundo os juízos previstos na Lei de Moisés, que vigorava naquela Antiga Aliança.
Todavia, aqueles que permaneciam endurecidos, e não se convertiam ao Senhor, estavam sendo alcançados por tais juízos.
O Senhor estava disposto a usar de toda a Sua misericórdia até mesmo para com aqueles que andavam desviados de Sua presença, pela prática da iniquidade, porque se dessem ouvido à Sua Palavra na boca de Ezequiel, o qual Ele havia constituído como atalaia sobre eles, para adverti-los, e para que se arrependessem, Ele se lhes tornaria favorável.
 Então, era improcedente a reclamação dos judeus, de que não havia esperança para eles, uma vez que eram muitas as suas transgressões. E como poderiam então viver? (v. 10).
Por esta passagem de Ezequiel nós vemos que a graça e a misericórdia de Deus não estiveram ausentes, mesmo no período da Antiga Aliança, porque, pelos termos da Lei, seria justo que Ele exterminasse todos os judeus que andavam contrariamente a Ele, porque isto estava previsto na Antiga Aliança, mas assim mesmo, Ele estendeu a Sua mão oferecendo-lhes livramento e perdão dos seus pecados, caso se arrependessem, e declarou o motivo de estar agindo daquela forma no verso 11:

“Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis, ó casa de Israel?” (v. 11).

O Senhor ama ao que criou, e por isso não tem prazer na morte dos ímpios, ou seja, a separação eterna dEle, por toda a eternidade.

Ele não pode inocentar o culpado, mas pode perdoá-lo caso se arrependa, e lhe dará vida, em vez de morte.
Todavia, pelos termos da Antiga Aliança, mesmo aquele que andasse na prática da justiça e viesse a se desviar dela, a justiça que havia praticado dantes, não poderia livrá-lo porque estava agora vivendo em transgressão (v. 12 a, 13, 18).
Contudo, quanto à impiedade do ímpio, a misericórdia e a graça o alcançariam, caso se convertesse da sua impiedade, e assim, não estaria caído diante do Senhor (v. 12 b, 14 a 16, 19).
Cegos para a justiça do Senhor, e confiados na sua própria justiça, enquanto continuavam transgredindo os mandamentos de Deus, os judeus consideravam injustos estes critérios de Deus para condenar ou perdoar (v. 17). Certamente deveriam julgar que o mérito acumulado por algumas boas obras praticadas seria o suficiente para justificar quase toda uma vida de impiedade. Não são poucos aqueles que no mundo, ainda que religiosos, pensem da mesma forma tal como deviam pensar os judeus.
Por outro lado, o mundo não aceita que profanos, assassinos, ladrões e prostitutas possam de fato se arrepender e serem perdoados por Deus, quando eles se arrependem, sendo livrados de uma condenação eterna; porque consideram que a gravidade dos seus pecados não poderia jamais ser perdoada por um Deus justo.
Estes que costumam pensar desta forma, estão cheios de justiça própria e se julgam aprovados por Deus, por não praticarem tais pecados, esquecendo no entanto, que são pecadores, diante dEle, como todas as demais pessoas, necessitando portanto, de arrependimento, tanto quanto elas.
Todavia, o Senhor não está sujeito a qualquer juízo humano, e fará valer a única justiça e o único juízo que são perfeitos, a saber, os que Ele tem determinado em Sua Palavra:

“Todavia, vós dizeis: Não é reto o caminho do Senhor. Julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel.” (v. 20)

Então aqueles judeus, como todos os homens, de todas as épocas da história da humanidade, são condenados por Deus, não porque seja Injusto, mas por causa da própria maldade deles, da qual se recusam a se arrepender.
Veja, que não é nem sequer a própria maldade em si mesma o motivo da condenação, mas a falta de arrependimento que conduz ao abandono da prática do mal, e à busca da prática da justiça.
Por isso, os que são condenados não o são necessariamente, por serem pecadores, mas porque não se arrependem e não creem em Cristo.
A incredulidade na bondade, na misericórdia, no perdão, na graça de Deus, que impede um viver segundo a Sua vontade divina, é  o real motivo que leva alguém a permanecer debaixo da ira e do juízo de Deus.
Então quando o ministro do evangelho, diz, na condição de atalaia constituído por Deus: “Ó ímpio certamente morrerás!”, ele deve fazê-lo não como uma imprecação, mas como um aviso, um alerta de  alguém interessado no bem do próximo, orando, chorando, e clamando ao Senhor pela condição de tal pessoa, na expectativa de que ela se converta dos seus maus caminhos, para o Senhor, porque Deus não tem prazer na morte de nenhum ímpio, antes espera que ele se converta e viva.
Quão grande misericórdia tem o Senhor. Porque não é a santos que Ele está salvando (justificando) por meio da fé em Cristo, mas ímpios, inimigos que não amavam a Sua vontade, como se afirma em Romanos 4 e 5.
Então de quão maior misericórdia não serão alvo da parte de Deus, aqueles que pertencendo a Cristo, venham a se desviar dos Seus caminhos, e que depois O buscam para se reconciliarem com Ele. Depressa os alcançará com a Sua misericórdia e amor, conforme podemos aprender da parábola do Filho Pródigo.




“1 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, fala aos filhos do teu povo, e dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o povo da terra tomar um dos seus, e o constituir por seu atalaia;
3 se, quando ele vir que a espada vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar o povo;
4 então todo aquele que ouvir o som da trombeta, e não se der por avisado, e vier a espada, e o levar, o seu sangue será sobre a sua cabeça.
5 Ele ouviu o som da trombeta, e não se deu por avisado; o seu sangue será sobre ele. Se, porém, se desse por avisado, salvaria a sua vida.
6 Mas se, quando o atalaia vir que vem a espada, não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e vier a espada e levar alguma pessoa dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o requererei da mão do atalaia.
7 Quanto a ti, pois, ó filho do homem, eu te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; portanto ouve da minha boca a palavra, e da minha parte dá-lhes aviso.
8 Se eu disser ao ímpio: O ímpio, certamente morrerás; e tu não falares para dissuadir o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o requererei da tua mão.
9 Todavia se advertires o ímpio do seu caminho, para que ele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniquidade; tu, porém, terás livrado a tua alma.
10 Tu, pois, filho do homem, dize à casa de Israel: Assim falais vós, dizendo: Visto que as nossas transgressões e os nossos pecados estão sobre nós, e nós definhamos neles, como viveremos então?
11 Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que morrereis, ó casa de Israel?
12 Portanto tu, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: A justiça do justo não o livrará no dia da sua transgressão; e, quanto à impiedade do ímpio, por ela não cairá ele no dia em que se converter da sua impiedade; nem o justo pela justiça poderá viver no dia em que pecar.
13 Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua justiça, praticar iniquidade, nenhuma das suas obras de justiça será lembrada; mas na sua iniquidade, que praticou, nessa morrerá.
14 Demais, quando eu também disser ao ímpio: Certamente morrerás; se ele se converter do seu pecado, e praticar a retidão
15 se esse ímpio, restituir o penhor, devolver o que ele tinha furtado, e andar nos estatutos da vida, não praticando a iniquidade, certamente viverá, não morrerá.
16 Nenhum de todos os seus pecados que cometeu será lembrado contra ele; praticou a retidão e a justiça, certamente viverá.
17 Todavia, os filhos do teu povo dizem: Não é reto o caminho do Senhor; mas o próprio caminho deles é que não é reto.
18 Quando o justo se apartar da sua justiça, praticando a iniquidade, morrerá nela;
19 e, quando o ímpio se converter da sua impiedade, e praticar a retidão e a justiça, por estas viverá.
20 Todavia, vós dizeis: Não é reto o caminho do Senhor. Julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos, ó casa de Israel.
21 No ano duodécimo do nosso cativeiro, no décimo mês, aos cinco dias do mês, veio a mim um que tinha escapado de Jerusalém, dizendo: Caída está a cidade.
22 Ora a mão do Senhor estivera sobre mim pela tarde, antes que viesse o que tinha escapado; e ele abrira a minha boca antes que esse homem viesse ter comigo pela manhã; assim se abriu a minha boca, e não fiquei mais em silêncio.
23 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
24 Filho do homem, os moradores destes lugares desertos da terra de Israel costumam dizer: Abraão era um só, contudo possuiu a terra; mas nós somos muitos; certamente nos é dada a terra por herança.
25 Dize-lhes portanto: Assim diz o Senhor Deus: Comeis a carne com o seu sangue, e levantais vossos olhos para os vossos ídolos, e derramais sangue! porventura haveis de possuir a terra?
26 Vós vos estribais sobre a vossa espada; cometeis abominações, e cada um contamina a mulher do seu próximo, e haveis de possuir a terra?
27 Assim lhes dirás: Assim disse o Senhor Deus: Vivo eu, que os que estiverem em lugares desertos cairão à espada, e o que estiver no campo aberto eu o entregarei às feras para ser devorado, e os que estiverem em lugares fortes e em cavernas morrerão de peste.
28 E tornarei a terra em desolação e espanto, e cessará a soberba do seu poder; e os montes de Israel ficarão tão desolados que ninguém passará por eles.
29 Então saberão que eu sou o Senhor, quando eu tornar a terra em desolação e espanto, por causa de todas as abominações que cometeram.
30 Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada qual a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor.
31 E eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois com a sua boca professam muito amor, mas o seu coração vai após o lucro.
32 E eis que tu és para eles como uma canção de amores, canção de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra.
33 Quando suceder isso (e há de suceder), saberão que houve no meio deles um profeta.” (Ezequiel 33)



Ezequiel 34

No capítulo anterior nós vimos a justiça que há nos juízos de Deus, e nos quais nunca põe de lado a Sua graça e misericórdia, porque as coloca ao alcance daqueles que se arrependem dos seus pecados, por maiores e muitos que eles sejam.
E neste capitulo nós vemos esta misericórdia e cuidado pelo Seu rebanho, como se fosse uma explanação mais ampla das parábolas da Ovelha e da Moeda Perdidas e do Filho Pródigo, nas quais o Senhor sai à procura daqueles que Lhe pertencem, por fazerem parte do Seu rebanho, que estará para sempre com Ele no Seu redil, debaixo do pastoreio de Cristo, que é a Porta do redil, e o Pastor das ovelhas, porque Ele é designado como Davi na profecia (v. 24), sob quem estaria o cuidado pelas ovelhas.
Por isso este capitulo é iniciado com uma palavra de juízo dirigida contra os maus e falsos pastores que dispersaram o rebanho do Senhor.
Israel fora disperso por tais pastores, mas o Senhor mesmo procuraria e buscaria as Suas ovelhas que haviam sido desgarradas debaixo do falso ensino e das cobiças destes maus pastores (v. 11).
Ele buscaria as Suas ovelhas em todas as nações em que se encontrassem dispersas, e as reuniria num só rebanho debaixo de um só Pastor, a saber, dEle mesmo, nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele faria as Suas ovelhas repousarem em bons pastos verdejantes.
Ele as apascentaria com justiça cuidando das suas feridas e enfermidades, para serem fortalecidas. E até mesmos sobre as sãs colocaria a Sua vigilância, para não se desviarem da Sua presença.
Ele seria o juiz das ovelhas, fazendo distinção entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.
Sabemos que os bodes serão colocados à esquerda do Senhor para um juízo de horror eterno.
Todavia, as ovelhas não deixarão de ser julgadas, apesar de serem livradas de tal tipo de juízo, porque serão julgadas segundo as Suas obras, no Tribunal de Cristo.
Porque a graça do evangelho não é dada ao rebanho de Cristo para ser pisada.
O sangue precioso da Nova Aliança com o qual as ovelhas são purificadas, não deve também ser pisado por elas, de maneira que haverá um julgamento entre ovelha e ovelha, para que sejam distinguidas as que foram mais fiéis, obedientes, consagradas, à vontade do Seu Pastor.
As ovelhas gordas e fortes que usam a sua força para espalhar as fracas, serão tidas em honra se usarem a sua força (cristãos espirituais) para fortalecerem as que são fracas (cristãos carnais).
Por isso se faz necessário que o Senhor julgue entre ovelhas e ovelhas (v. 22).
Jesus, o Pastor das ovelhas do rebanho de Deus, não é apenas o Pastor, como também o Rei delas (v. 23, 24).
Através do Senhor Jesus seria feita uma aliança de paz com as ovelhas do rebanho de Deus, para que estejam em segurança para sempre (v. 25). Esta é uma clara referência à Nova Aliança.
E o Senhor faria chover chuvas de bênçãos nos lugares onde estivessem o Seu rebanho (v. 26). Sabemos que estas chuvas de bênçãos se referem especialmente ao derramar do Espírito Santo.
Estas são as melhores e superiores promessas da Nova Aliança, que removeram inteiramente as maldições que havia sob o regime da Antiga, ao qual Israel estava submetido no período do Velho Testamento desde os dias de Moisés.
Veja que Ezequiel estava falando em pleno período de vigência da Antiga Aliança, quando as suas maldições estavam sendo impostas aos judeus, de um período futuro de bênçãos, que se cumpriria com a vinda do Grande Pastor do rebanho de Deus, a saber, nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando o rebanho de Deus, o verdadeiro Israel, composto tanto por israelitas, quanto por gentios convertidos a Cristo, estivesse debaixo do Seu pastoreio, então estariam seguros para sempre da ameaça de qualquer condenação futura, e teriam o seu alimento a seu tempo (a Palavra do evangelho), para que não houvesse mais nenhum jugo sobre os seus pescoços, os quais seriam quebrados pelo Senhor.




“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?
3 Comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas.
4 A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer, e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
5 Assim se espalharam, por não haver pastor; e tornaram-se pasto a todas as feras do campo, porquanto se espalharam.
6 As minhas ovelhas andaram desgarradas por todos os montes, e por todo alto outeiro; sim, as minhas ovelhas andaram espalhadas por toda a face da terra, sem haver quem as procurasse, ou as buscasse.
7 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:
8 Vivo eu, diz o Senhor Deus, que porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas, pois se apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas;
9 portanto, ó pastores, ouvi a palavra do Senhor:
10 Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos requererei as minhas ovelhas, e farei que eles deixem de apascentar as ovelhas, de sorte que não se apascentarão mais a si mesmos. Livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que não lhes sirvam mais de pasto.
11 Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu, eu mesmo, procurarei as minhas ovelhas, e as buscarei.
12 Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que está no meio das suas ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas. Livrá-las-ei de todos os lugares por onde foram espalhadas, no dia de nuvens e de escuridão.
13 Sim, tirá-las-ei para fora dos povos, e as congregarei dos países, e as introduzirei na sua terra, e as apascentarei sobre os montes de Israel, junto às correntes d'água, e em todos os lugares habitados da terra.
14 Em bons pastos as apascentarei, e nos altos montes de Israel será o seu curral; deitar-se-ão ali num bom curral, e pastarão em pastos gordos nos montes de Israel.
15 Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas, e eu as farei repousar, diz o Senhor Deus.
16 A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer; a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; e a gorda e a forte vigiarei. Apascentá-las-ei com justiça.
17 Quanto a vós, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Deus: Eis que eu julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.
18 Acaso não vos basta fartar-vos do bom pasto, senão que pisais o resto de vossos pastos aos vossos pés? e beber as águas limpas, senão que sujais o resto com os vossos pés?
19 E as minhas ovelhas hão de comer o que haveis pisado, e beber o que haveis sujado com os vossos pés.
20 Por isso o Senhor Deus assim lhes diz: Eis que eu, eu mesmo, julgarei entre a ovelha gorda e a ovelha magra.
21 Porquanto com o lado e com o ombro dais empurrões, e com as vossas pontas escorneais todas as fracas, até que as espalhais para fora,
22 portanto salvarei as minhas ovelhas, e não servirão mais de presa; e julgarei entre ovelhas e ovelhas.
23 E suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o meu servo Davi. Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor.
24 E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse.
25 Farei com elas um pacto de paz; e removerei da terra os animais ruins, de sorte que elas habitarão em segurança no deserto, e dormirão nos bosques.
26 E delas e dos lugares ao redor do meu outeiro farei uma bênção; e farei descer a chuva a seu tempo; chuvas de bênçãos serão.
27 E as árvores do campo darão o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e estarão seguras na sua terra; saberão que eu sou o Senhor, quando eu quebrar os canzis do seu jugo e as livrar da mão dos que se serviam delas.
28 Pois não servirão mais de presa aos gentios, nem as devorarão mais os animais da terra; mas habitarão seguramente, e ninguém haverá que as espante.
29 Também lhes levantarei uma plantação de renome, e nunca mais serão consumidas pela fome na terra, nem mais levarão sobre si o opróbrio das nações.
30 Saberão, porém, que eu, o Senhor seu Deus, estou com elas, e que elas são o meu povo, a casa de Israel, diz o Senhor Deus.
31 Vós, ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto, sois homens, e eu sou o vosso Deus, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 34)



Ezequiel 35

A profecia deste capitulo foi colocada aqui para servir de contraste com as boas promessas de bênçãos prometidas para o futuro da casa de Israel, porque em vez de tais bênçãos é pronunciado um juízo de destruição contra Seir, que é Edom, a saber, os descendentes de Esaú.
Eles não somente haviam se alegrado com as assolações de Judá, descritas neste livro, como também ambicionavam tomar posse das terras desoladas de Judá, para aumentarem as suas possessões. Eles somente pensavam em poder e glória terrena, e até mesmo disto seriam privados pelo Senhor.
Deus havia escolhido a Jacó (Israel) e se aborrecido de Esaú (Seir ou Edom).
E aqui está revelado a diferença que estava fazendo a eleição do Senhor, e que faria por toda a eternidade, porque aqueles que Ele aborrece, serão banidos da Sua presença para sempre, mas os Seus escolhidos estará perante Ele para sempre, e por isso estava fazendo tais boas promessas aos judeus, ainda nos dias da assolação deles.



“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto contra o monte Seir, e profetiza contra ele.
3 E dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu estou contra ti, ó monte Seir, e estenderei a minha mão contra ti, e te tornarei em desolação e espanto.
4 Farei desertas as tuas cidades, e tu serás assolado; e saberás que eu sou o Senhor.
5 Pois que guardaste perpétua inimizade, e entregaste os filhos de Israel ao poder da espada no tempo da sua calamidade, no tempo do castigo final;
6 por isso vivo eu, diz o Senhor Deus, que te prepararei para sangue, e o sangue te perseguirá; visto que não aborreceste o sangue, por isso o sangue te perseguirá.
7 Farei do monte Seir um espanto e uma desolação, e exterminarei dele o que por ele passar, e o que por ele voltar;
8 e encherei os seus montes dos seus mortos; nos teus outeiros, e nos teus vales, e em todas as tuas correntes d'água cairão os mortos à espada.
9 Em desolações perpétuas te porei, e não serão habitadas as tuas cidades. Então sabereis que eu sou o Senhor.
10 Visto como dizes: Estes dois povos e estas duas terras serão meus, e havemos de possuí-los, sendo que o Senhor se achava ali;
11 portanto, vivo eu, diz o Senhor Deus, que procederei conforme a tua ira, e conforme a tua inveja, de que usaste, no teu ódio contra eles; e me darei a conhecer entre eles, quando eu te julgar.
12 E saberás que eu, o Senhor, ouvi todas as tuas blasfêmias, que proferiste contra os montes de Israel, dizendo: Já estão assolados, a nós nos são entregues por pasto.
13 Vós vos engrandecestes contra mim com a vossa boca, e multiplicastes as vossas palavras contra mim. Eu o ouvi.
14 Assim diz o Senhor Deus: Quando a terra toda se alegrar, a ti te farei uma desolação.


15 Como te alegraste com a herança da casa de Israel, porque foi assolada, assim eu te farei a ti: assolado serás, ó monte Seir, e todo o Edom, sim, todo ele; e saberão que eu sou o Senhor. (Ezequiel 35)



Ezequiel 36

As boas promessas para as ovelhas da casa de Israel, citadas no capitulo 34, têm a descrição do modo da sua realização, especialmente neste capitulo 36, e no próximo (37).
Fora de sua terra, por causa dos juízos de Deus que o conduziram para o cativeiro, Israel havia profanado o nome do Senhor, porque se dizia deles que o seu Deus não pudera lhes manter na sua própria terra, nem livrá-los do mal que haviam sofrido.
Todavia, nada disso lhes teria sucedido caso  não tivessem quebrado a aliança que tinham com o Senhor, por terem transgredido os Seus mandamentos.
Então o Senhor entregara Israel ao opróbrio das nações que não somente escarneciam dos judeus em sua presente condição de ruína, como também haviam buscado o mal deles aliando-se a Nabucodonosor.
Todavia, o Senhor havia prometido jamais desamparar o Seu povo, por causa da promessa que fizera aos patriarcas, e por amor do Seu grande nome, porque a Sua fidelidade e santidade não podem ser anuladas.
Então as nações seriam um opróbrio para si mesmas, porque a respeito delas não fizera o Senhor nenhuma aliança ou boas promessas como havia feito a Israel.
Assim, Ele se voltaria para o Seu povo, apesar de todo o grande mal que haviam cometido, e tornaria a lhes fazer o bem em sua própria terra.
E não somente isto, proveria os meios necessários para que nunca mais viessem a se desviar da Sua presença, ou a ficarem sujeitos às maldições contidas na Lei de Moisés, porque faria uma Nova Aliança com eles, através da qual purificaria os seus corações de toda impureza com a água viva do Espírito Santo, e lhes daria um novo coração transformado, porque faria com que seus espíritos fossem renovados pela habitação do Espírito Santo, ou seja, eles seriam regenerados, com o novo nascimento do Espírito, de modo que lhes seria tirado o coração de pedra, e receberiam um coração de carne. Logo, seria por habitação do Espírito no cristão, que eles poderiam andar nos estatutos do Senhor e guardar as Suas ordenanças, conforme se vê nos versos 25 a 27:

“25 Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei.
26 Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.
27 Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.”

Se Cristo não morresse na cruz, o Espírito Santo não seria derramado em todas as nações da terra, e além disso não há realmente como se viver de modo agradável a Deus senão pelo viver e pelo andar no Espírito, como o apóstolo Paulo afirma em Gál 5.16-25:

“16 Digo, porém: Andai no Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne.
17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19 Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia,
20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos,
21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.
22 Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade.
23 a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei.
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.”

Por isso a principal promessa da Nova Aliança, que tem vigorado na dispensação da graça, desde a morte de Jesus, é o próprio Espírito Santo:

“13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro;
14 para que aos gentios viesse a bênção de Abraão em Jesus Cristo, a fim de que nós recebêssemos pela fé a promessa do Espírito.” (Gál 3.13,14).

Somente a água pura e viva do Espírito Santo prometida neste capitulo de Ezequiel pode nos purificar dos nossos pecados (v. 25).
Por isso Jesus disse que ninguém pode entrar no reino de Deus se não nascer da água e do Espírito (Jo 3.5). Ou seja, não basta ter apenas o poder do Espírito, mas é necessário ser lavado por Ele de nossos pecados, através do Seu trabalho tanto na regeneração (lavar regenerador) quanto na santificação (lavar renovador), como vemos em Tito 3.5.




“1 Tu, ó filho do homem, profetiza aos montes de Israel, e dize: Montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor.
2 Assim diz o Senhor Deus: Pois que disse o inimigo contra vós: Ah! ah! e: As alturas antigas são nossas para as possuirmos;
3 portanto, profetiza, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Porquanto, sim, porquanto vos assolaram e vos devoraram de todos os lados, para que ficásseis feitos herança do resto das nações, e tendes andado em lábios paroleiros, e chegastes a ser a infâmia do povo;
4 portanto, ouvi, ó montes de Israel, a palavra do Senhor Deus: Assim diz o Senhor Deus aos montes e aos outeiros, às correntes d'água e aos vales, aos desertos assolados e às cidades desamparadas, que se tornaram presa e escárnio para o resto das nações que estão ao redor delas;
5 portanto, assim diz o Senhor Deus: Certamente no fogo do meu zelo falei contra o resto das nações, e contra todo o Edom, que se apropriaram da minha terra, com toda a alegria de seu coração, e com menosprezo da alma, para a lançarem fora à rapina;
6 portanto, profetiza sobre a terra de Israel, e dize aos montes e aos outeiros, às correntes d'água e aos vales: Assim diz o Senhor Deus: Eis que falei no meu zelo e no meu furor, porque levastes sobre vós o opróbrio das nações.
7 Portanto, assim diz o Senhor Deus: Eu levantei a minha mão, jurando: Certamente as nações que estão ao redor de vós levarão o seu opróbrio sobre si mesmas.
8 Mas vós, ó montes de Israel, vós produzireis os vossos ramos, e dareis o vosso fruto para o meu povo de Israel, pois já está prestes a vir.
9 pois eis que eu estou convosco, e eu me voltarei para vós, e sereis lavrados e semeados;
10 e multiplicarei homens sobre vós, a toda a casa de Israel, a toda ela; e as cidades serão habitadas, e os lugares devastados serão edificados.
11 Também sobre vós multiplicarei homens e animais, e eles se multiplicarão, e frutificarão. E farei que sejais habitados como dantes, e vos tratarei melhor do que nos vossos princípios. Então sabereis que eu sou o Senhor.
12 E sobre vós farei andar homens, o meu povo de Israel; eles te possuirão, e tu serás a sua herança, e nunca mais os desfilharás.
13 Assim diz o Senhor Deus: Visto como vos dizem: Tu devoras os homens, e tens desfilhado a tua nação;
14 por isso tu não devorarás mais os homens, nem desfilharás mais a tua nação, diz o Senhor Deus.
15 Não te permitirei ouvir mais a afronta das nações; e não levarás mais sobre ti o opróbrio dos povos, nem farás tropeçar mais a tua nação, diz o Senhor Deus.
16 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
17 Filho do homem, quando a casa de Israel habitava na sua terra, então eles a contaminaram com os seus caminhos e com as suas ações. Como a imundícia de uma mulher em sua separação, tal era o seu caminho diante de mim.
18 Derramei, pois, o meu furor sobre eles, por causa do sangue que derramaram sobre a terra, e porque a contaminaram com os seus ídolos;
19 e os espalhei entre as nações, e foram dispersos pelas terras; conforme os seus caminhos, e conforme os seus feitos, eu os julguei.
20 E, chegando às nações para onde foram, profanaram o meu santo nome, pois se dizia deles: São estes o povo do Senhor, e tiveram de sair da sua terra.
21 Mas eu os poupei por amor do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre as nações para onde foi.
22 Dize portanto à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel; mas em atenção ao meu santo nome, que tendes profanado entre as nações para onde fostes;
23 e eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; e as nações saberão que eu sou o Senhor, diz o Senhor Deus, quando eu for santificado aos seus olhos.
24 Pois vos tirarei dentre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra.
25 Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, e de todos os vossos ídolos, vos purificarei.
26 Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei de vós o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.
27 Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.
28 E habitareis na terra que eu dei a vossos pais, e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.
29 Pois eu vos livrarei de todas as vossas imundícias; e chamarei o trigo, e o multiplicarei, e não trarei fome sobre vós;
30 mas multiplicarei o fruto das árvores, e a novidade do campo, para que não mais recebais o opróbrio da fome entre as nações.
31 Então vos lembrareis dos vossos maus caminhos, e dos vossos feitos que não foram bons; e tereis nojo em vós mesmos das vossas iniquidades e das vossas abominações.
32 Não é por amor de vós que eu faço isto, diz o Senhor Deus, notório vos seja; envergonhai-vos, e confundi-vos por causa dos vossos caminhos, ó casa de Israel.
33 Assim diz o Senhor Deus: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniquidades, então farei com que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares devastados.
34 E a terra que estava assolada será lavrada, em lugar de ser uma desolação aos olhos de todos os que passavam.
35 E dirão: Esta terra que estava assolada tem-se tornado como jardim do Éden; e as cidades solitárias, e assoladas, e destruídas, estão fortalecidas e habitadas.
36 Então as nações que ficarem de resto em redor de vós saberão que eu, o Senhor, tenho reedificado as cidades destruídas, e plantado o que estava devastado. Eu, o Senhor, o disse, e o farei.
37 Assim diz o Senhor Deus: Ainda por isso serei consultado da parte da casa de Israel, que lho faça; multiplicá-los-ei como a um rebanho.
38 Como o rebanho para os sacrifícios, como o rebanho de Jerusalém nas suas solenidades, assim as cidades desertas se encherão de famílias; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 36)


Ezequiel 37

Para comprovar que cumpriria a boa promessa que havia feito aos israelitas no capítulo anterior, de lhes dar uma nova vida através do Espírito Santo, o Senhor tomou a Ezequiel pelo mesmo Espírito, como vemos neste presente capítulo, e o conduziu ao meio de um vale que estava cheio de ossos muito secos, e lhe fez andar em redor deles (v. 1,2), e lhe perguntou se por acaso poderiam aqueles ossos reviverem.
Se o profeta tivesse vivido nos dias dos apóstolos ele responderia rapidamente que sim, porque quando Jesus morreu na cruz, muitos corpos de santos saíram de seus túmulos, e andavam pelas ruas de Jerusalém, e apareceram a muitos.

“50 De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
51 E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
52 os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados;
53 e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.” (Mt 27.50-53).

Como não havia ainda testemunhado um tal feito, Ezequiel se limitou a responder ao Senhor que somente Ele sabia se aqueles ossos de mortos poderiam reviver ou não (v. 3).
Mas como o Senhor queria que ele mesmo fosse testemunha que é o Espírito Santo que dá vida, conforme havia prometido no capitulo anterior, ordenou ao profeta que ele mesmo profetizasse sobre os ossos e lhes dissesse numa palavra de ordem que eles deveriam ouvir a palavra do Senhor dirigida a eles que era a seguinte:

“5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou fazer entrar em vós o espírito, e vivereis.
6 E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vós estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis. Então sabereis que eu sou o Senhor.”

Então sucedeu como resultado que cada osso se achegou ao demais ossos que lhe correspondiam em cada um daqueles esqueletos humanos, e começaram a surgir nervos e a crescer carne e pele, mas não tinham o espírito (v. 7,8).
Eles eram seres humanos inanimados, e por isso o Senhor voltou a ordenar a Ezequiel que profetizasse ao espírito, e dissesse que o espírito viesse dos quatro ventos, e que assoprasse sobre aqueles mortos para que vivessem, porque é o espírito que vivifica, a carne, por si só, para nada aproveita (v. 9).
Então o espírito entrou em cada um deles, certamente o próprio espírito deles, que lhes havia deixado na morte, e eles reviveram, e se puseram de pé como um grande exército (v. 10).
Deus mostrou ao profeta o Seu poder para ressuscitar os mortos.
Todavia, Ele faria mais do que uma ressurreição física, porque faria uma ressurreição espiritual, dando vida àqueles que se encontravam mortos espiritualmente, e o modo pelo qual faria isto, seria mediante a pregação da Sua Palavra, a do evangelho pela Igreja de Cristo, especialmente a partir do dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo passou a ser derramado em todas as nações.
Os judeus que haviam sido espalhados pelas nações, e os que se encontravam no cativeiro nos dias de Ezequiel, diziam que se sentiam como que se os seus ossos se tivessem secado e perecido toda a sua esperança, porque se diziam cortados da presença de Deus (v. 11).
Assim, o Senhor ordenou mais uma vez ao profeta que profetizasse sobre aqueles ossos secos que eram os judeus no exílio, nos quais não havia a vida de Deus, que Ele lhes abriria as suas sepulturas, e lhes faria sair com vida, para serem trazidos à terra de Israel.
E o Senhor lhes faria sair de suas sepulturas nas quais se encontravam mortos espiritualmente, e lhes daria a vida prometida do Espírito Santo, pela qual seus corações de pedra seriam transformados em corações de carne, conforme afirmado no verso 14:

“E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor.” (v. 14);

Nos versos 15 a 28 deste capítulo de Ezequiel, Deus fez a promessa de tornar a reunir as casas de Israel e de Judá numa única nação, como eles eram antes dEle ter dividido o reino por causa da idolatria de Salomão.
Para servir de ilustração desta realidade prometida, ordenou a Ezequiel que escrevesse num pedaço de madeira a expressão por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros, e num outro, as palavras por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros, e que os ajuntassem um ao outro para que ficassem unidos na mão do profeta.
Isto simbolizava que a descendência deles seria reunida novamente como uma só nação, pela mão do Senhor.
Isto seria feito nos dias do Messias, no qual se proveria de uma nação israelita que o amasse verdadeiramente, porque não somente os congregaria de todas as nações para onde lhes havia espalhado, para estarem com seus corações unidos ao do Messias, que é chamado de Davi, na profecia, porque seria descendente, segundo a carne, de Davi, e Ele é rei de todo Israel, tal como Davi havia sido no passado, e Ele purificaria os seus corações das suas contaminações com os seus ídolos, e das suas abominações e transgressões, e assim seriam livrados de todas as suas apostasias com que haviam pecado. Assim, seriam verdadeiramente filhos de Deus, e Ele seria verdadeiramente o Deus deles (v. 23).
O resultado de terem a Jesus como rei e pastor deles, seria o de serem capacitados por Ele a andarem nos juízos de Deus, e a guardarem os Seus estatutos.
Especialmente para consolar os judeus que se encontravam cativos em Babilônia, o Senhor lhes prometeu que tornariam a habita na terra que havia dado ao patriarca deles, Jacó, e pelo Messias, poderiam permanecer na sua terra para sempre, porque Ele será o Rei deles eternamente (v. 25).
Tudo isto seria possível, especialmente para os judeus que estavam aliançados com Deus na Antiga Aliança, com as ameaças de maldições da Lei, porque tais ameaças seriam removidas pelo Messias, no qual seria feita uma Nova Aliança, que seria uma aliança de paz, e eterna (v. 26).
O Senhor prometeu aos judeus que nestes dias da Nova Aliança o Seu santuário, ou seja, o Seu templo, permaneceria com o Seu povo para sempre  e todas as nações saberiam que quando isto ocorresse, o motivo seria porque o Senhor é Aquele que santifica o Seu povo (v. 27, 28).
Tabernáculo (v. 27) significa habitação. O verdadeiro santuário dos cristãos é o próprio Cristo, porque é Ele o seu habitat, sem o qual eles não podem viver. É permanecendo nEle que se tem a vida eterna. Não é possível ter vida eterna separado do santuário que é Cristo. E fora da comunhão íntima e vital com Ele, não é possível ter qualquer verdadeira santificação, porque isto é afirmado na profecia, que quando os cristãos estiverem no santuário que é o Senhor, eles serão consequentemente santificados.



“1 Veio sobre mim a mão do Senhor; e ele me levou no Espírito do Senhor, e me pôs no meio do vale que estava cheio de ossos;
2 e me fez andar ao redor deles. E eis que eram muito numerosos sobre a face do vale; e eis que estavam sequíssimos.
3 Ele me perguntou: Filho do homem, poderão viver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes.
4 Então me disse: Profetiza sobre estes ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor.
5 Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que vou fazer entrar em vós o espírito, e vivereis.
6 E porei nervos sobre vós, e farei crescer carne sobre vós, e sobre vos estenderei pele, e porei em vós o espírito, e vivereis. Então sabereis que eu sou o Senhor.
7 Profetizei, pois, como se me deu ordem. Ora enquanto eu profetizava, houve um ruído; e eis que se fez um rebuliço, e os ossos se achegaram, osso ao seu osso.
8 E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles o espírito.
9 Então ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize ao espírito: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam.
10 Profetizei, pois, como ele me ordenara; então o espírito entrou neles e viveram, e se puseram em pé, um exército grande em extremo.
11 Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que eles dizem: Os nossos ossos secaram-se, e pereceu a nossa esperança; estamos de todo cortados.
12 Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu vos abrirei as vossas sepulturas, sim, das vossas sepulturas vos farei sair, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel.
13 E quando eu vos abrir as sepulturas, e delas vos fizer sair, ó povo meu, sabereis que eu sou o Senhor.
14 E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor.
15 A palavra do Senhor veio a mim, dizendo:
16 Tu, pois, ó filho do homem, toma um pau, e escreve nele: Por Judá e pelos filhos de Israel, seus companheiros. Depois toma outro pau, e escreve nele: Por José, vara de Efraim, e por toda a casa de Israel, seus companheiros;
17 e ajunta um ao outro, para que se unam, e se tornem um só na tua mão.
18 E quando te falarem os filhos do teu povo, dizendo: Porventura não nos declararás o que queres dizer com estas coisas?
19 Tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei a vara de José, que esteve na mão de Efraim, e as das tribos de Israel, suas companheiras, e lhes ajuntarei a vara de Judá, e farei delas uma só vara, e elas se farão uma só na minha mão.
20 E os paus, sobre que houveres escrito, estarão na tua mão, perante os olhos deles.
21 Dize-lhes pois: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu tomarei os filhos de Israel dentre as nações para onde eles foram, e os congregarei de todos os lados, e os introduzirei na sua terra;
22 e deles farei uma nação na terra, nos montes de Israel, e um rei será rei de todos eles; e nunca mais serão duas nações, nem de maneira alguma se dividirão para o futuro em dois reinos;
23 nem se contaminarão mais com os seus ídolos, nem com as suas abominações, nem com qualquer uma das suas transgressões; mas eu os livrarei de todas as suas apostasias com que pecaram, e os purificarei. Assim eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
24 Também meu servo Davi reinará sobre eles, e todos eles terão um pastor só; andarão nos meus juízos, e guardarão os meus estatutos, e os observarão.
25 Ainda habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual habitaram vossos pais; nela habitarão, eles e seus filhos, e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será seu príncipe eternamente.
26 Farei com eles uma aliança de paz, que será uma aliança eterna. E os estabelecerei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no meio deles para sempre.
27 Meu tabernáculo permanecerá com eles; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.
28 E as nações saberão que eu sou o Senhor que santifico a Israel, quando estiver o meu santuário no meio deles para sempre.”


Ezequiel 38

Esta profecia que é dirigida contra Gogue, se aplica a dias muitos distantes, porque se afirma no verso 8 o seguinte:

“8 Depois de muitos dias serás visitado. Nos últimos anos virás à terra que é restaurada da guerra, e onde foi o povo congregado dentre muitos povos aos montes de Israel, que haviam estado desertos por longo tempo; mas aquela terra foi tirada dentre os povos, e todos os seus moradores estão agora seguros.”

Nestes dias, Israel estaria  habitando seguro em sua terra, mas Gogue viria como um poderoso exército contra os israelitas, estando coligado a várias nações.
Gogue é um nome hebraico que significa “montanha”, e  é citado no verso 2, como sendo um príncipe de Rôs, Meseque e Tubal, ou seja de mais de uma nação, e diz-se ser de Magogue, palavra hebraica que significa “terra de Gogue”, o qual viria contra Israel por um desígnio determinado por Deus, para ocorrer nos últimos dias (v. 16).
Trata-se sem dúvida de uma profecia relativa ao Anticristo, que virá e rodeará Jerusalém com exércitos visando à sua destruição, como se encontra profetizado em várias passagens das Escrituras, especialmente no sermão profético de Jesus nos evangelhos, e no livro de Apocalipse.
O Senhor trará terríveis juízos contra Gogue, inclusive com juízos sobrenaturais que serão derramados contra ele desde os céus, para que o Senhor seja glorificado em todas as nações.
Isto ocorrerá na segunda vinda de Jesus quando se manifestará com poder e grande glória contra o reino do Anticristo.



“1 Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo:
2 Filho do homem, dirige o teu rosto para Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e Tubal, e profetiza contra ele,
3 e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e Tubal;
4 e te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos eles vestidos de armadura completa, uma grande companhia, com pavês e com escudo, manejando todos a espada;
5 Pérsia, Cuche, e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete;
6 Gomer, e todas as suas tropas; a casa de Togarma no extremo norte, e todas as suas tropas; sim, muitos povos contigo.
7 Prepara-te, sim, dispõe-te, tu e todas as tuas companhias que se reuniram a ti, e serve-lhes tu de guarda.
8 Depois de muitos dias serás visitado. Nos últimos anos virás à terra que é restaurada da guerra, e onde foi o povo congregado dentre muitos povos aos montes de Israel, que haviam estado desertos por longo tempo; mas aquela terra foi tirada dentre os povos, e todos os seus moradores estão agora seguros.
9 Então subirás, virás como uma tempestade, far-te-ás como uma nuvem para cobrir a terra, tu e todas as tuas tropas, e muitos povos contigo.
10 Assim diz o Senhor Deus: Acontecerá naquele dia que terás altivos projetos no teu coração, e maquinarás um mau desígnio.
11 E dirás: Subirei contra a terra das aldeias não muradas; irei contra os que estão em repouso, que habitam seguros, habitando todos eles sem muro, e sem ferrolho nem portas;
12 a fim de tomares o despojo, e de arrebatares a presa, e tornares a tua mão contra os lugares desertos que agora se acham habitados, e contra o povo que foi congregado dentre as nações, o qual adquiriu gado e bens, e habita no meio da terra.
13 Sabá, e Dedã, e os mercadores de Társis, com todos os seus leões novos, te dirão: Vens tu para tomar o despojo? Ajuntaste o teu bando para arrebatar a presa, para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e os bens, para saquear grande despojo?
14 Portanto, profetiza, ó filho do homem, e dize a Gogue: Assim diz o Senhor Deus: Acaso naquele dia, quando o meu povo Israel habitar seguro, não o saberás tu?
15 Virás, pois, do teu lugar, lá do extremo norte, tu e muitos povos contigo, montados todos a cavalo, uma grande companhia e um exército numeroso;
16 e subirás contra o meu povo Israel, como uma nuvem, para cobrir a terra. Nos últimos dias hei de trazer-te contra a minha terra, para que as nações me conheçam a mim, quando eu tiver vindicado a minha santidade em ti, ó Gogue, diante dos seus olhos.
17 Assim diz o Senhor Deus: Não és tu aquele de quem eu disse nos dias antigos, por intermédio de meus servos, os profetas de Israel, os quais naqueles dias profetizaram largos anos, que te traria contra eles?
18 Naquele dia, porém, quando vier Gogue contra a terra de Israel, diz o Senhor Deus, a minha indignação subirá às minhas narinas.
19 Pois no meu zelo, no ardor da minha ira falei: Certamente naquele dia haverá um grande tremor na terra de Israel;
20 de tal sorte que tremerão diante da minha face os peixes do mar, as aves do céu, os animais do campo, e todos os répteis que se arrastam sobre a terra, bem como todos os homens que estão sobre a face da terra; e os montes serão deitados abaixo, e os precipícios se desfarão, e todos os muros desabarão por terra.
21 E chamarei contra ele a espada sobre todos os meus montes, diz o Senhor Deus; a espada de cada um se voltará contra seu irmão.
22 Contenderei com ele também por meio da peste e do sangue; farei chover sobre ele e as suas tropas, e sobre os muitos povos que estão com ele, uma chuva inundante, grandes pedras de saraiva, fogo e enxofre.


23 Assim eu me engrandecerei e me santificarei, e me darei a conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o Senhor.” (Ezequiel 38)


Ezequiel 39

A condição presente de ruína de Israel no cativeiro em Babilônia, nos dias de Ezequiel, seria transformada somente no tempo do fim, em segurança e paz eternas para a referida nação como um todo, quando todo Israel será salvo, pela volta do Senhor, quando o Senhor também derramará sobre eles o seu Espírito para que nunca mais lhes trouxesse qualquer juízo, como os que lhes vinha trazendo até então.
No capítulo anterior são descritas as ações de Gogue nos últimos dias contra Israel, e neste capítulo se descreve os juízos que o Senhor trará sobre ele e os exércitos que estiverem coligados sob o seu comando.
É importante lembrar que a profecia relativa à destruição de Gougue, e de sua terra (Magogue) neste livro de Ezequiel, pode também ser uma referência à batalha final que ocorrerá no fim do período do milênio, conforme narrada em Apocalipse 20, quando ocorrerá a destruição pelo fogo de todos os que marcharem contra a cidade central do governo de Cristo com os santos, em Jerusalém, o lançamento de Satanás no lago de fogo, e, então todos os ímpios terão sido mortos, e tanto os do período do milênio quanto os do passado, desde Adão, terão os seus corpos ressuscitados para que sejam julgados e condenados à segunda morte, que é o lago do fogo.
E daí por diante a morte será finalmente vencida, porque já não haverá mais reprodução, e assim a possibilidade de nascerem pecadores.
E por isso se diz também em Apo 20.14 que tanto a morte quanto o inferno foram também lançados no lago do fogo, indicando que já não haverá mais julgamento, nem condenação, daí por diante, motivo por que serão criados novo céu e nova terra, conforme relatado em Apo 21, onde estará a Nova Jerusalém como a morada eterna dos santos com o Cordeiro.
Evidentemente, a condição de todo verdadeiro israelita, pertencente a Cristo, a partir do juízo de Gogue e Magogue aqui referidos, será de segurança e paz para sempre, sem o risco de nunca mais serem oprimidos ou expulsos da sua cidade amada de Jerusalém, que estará eternamente sob o governo justo e poderoso de Cristo.
Todavia nada afasta uma maior probabilidade da profecia de Ezequiel apontar para a Batalha do Armagedon, ou seja, que ocorrerá no vale de Megido, onde as tropas do Anticristo estarão reunidas, prontas para marchar contra Jerusalém para devastá-la, e quando serão impedidos de fazê-lo pela intervenção direta do Senhor, na Sua segunda vinda.
Tantos serão os mortos nesta batalha, que serão necessários sete meses para limpar o território de Israel de todos os cadáveres e destroços desta guerra.
Israel será livrado por uma intervenção miraculosa da parte de Deus, e em vez de ser destruído pelas nações que vieram contra os israelitas, tais nações é que seriam visitadas pelos juízos de Deus.
Seria portanto, uma situação inversa do que havia ocorrido nos dias de Ezequiel, e assim, o povo do Senhor deveria manter a sua confiança e esperança nEle, porque estava cuidando de Israel, o qual já tinha toda a sua história e o seu futuro glorioso escrito perante Ele.



“1 Tu, pois, ó filho do homem, profetiza contra Gogue, e dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue, príncipe e chefe de Meseque e Tubal;
2 e te farei virar e, conduzindo-te, far-te-ei subir do extremo norte, e te trarei aos montes de Israel.
3 Com um golpe tirarei da tua mão esquerda o teu arco, e farei cair da tua mão direita as tuas flechas.
4 Nos montes de Israel cairás, tu e todas as tuas tropas, e os povos que estão contigo; e às aves de rapina de toda espécie e aos animais do campo te darei, para que te devorem.
5 Sobre a face do campo cairás; porque eu falei, diz o Senhor Deus.
6 E enviarei um fogo sobre Magogue, e entre os que habitam seguros nas ilhas; e saberão que eu sou o Senhor.
7 E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e as nações saberão que eu sou o Senhor, o Santo em Israel.
8 Eis que isso vem, e se cumprirá, diz o Senhor Deus; este é o dia de que tenho falado.
9 E os habitantes das cidades de Israel sairão, e com as armas acenderão o fogo, e queimarão os escudos e os paveses, os arcos e as flechas, os bastões de mão e as lanças; acenderão o fogo com tudo isso por sete anos;
10 e não trarão lenha do campo, nem a cortarão dos bosques, mas com as armas acenderão o fogo; e roubarão aos que os roubaram, e despojarão aos que os despojaram, diz o Senhor Deus.
11 Naquele dia, darei a Gogue como lugar de sepultura em Israel, o vale dos que passam ao oriente do mar, o qual fará parar os que por ele passarem; e ali sepultarão a Gogue, e a toda a sua multidão, e lhe chamarão o Vale de Hamom-Gogue.
12 E a casa de Israel levará sete meses em sepultá-los, para purificar a terra.
13 Sim, todo o povo da terra os enterrará; e isto lhes servirá de fama, no dia em que eu for glorificado, diz o Senhor Deus.
14 Separarão, pois, homens que incessantemente percorrerão a terra, para que sepultem os que tiverem ficado sobre a face da terra, para a purificarem. Depois de passados sete meses, farão a busca;
15 e quando percorrerem a terra, vendo alguém um osso de homem, levantar-lhe-á ao pé um sinal, até que os enterradores o enterrem no Vale de Hamom-Gogue.
16 E também o nome da cidade será Hamona. Assim purificarão a terra.
17 Tu, pois, ó filho do homem, assim diz o Senhor Deus: Dize às aves de toda espécie, e a todos os animais do campo: Ajuntai-vos e vinde; ajuntai-vos de todos os lados para o meu sacrifício, que eu sacrifico por vós, sacrifício grande sobre os montes de Israel, para comerdes carne e beberdes sangue.
18 Comereis as carnes dos poderosos e bebereis o sangue dos príncipes da terra, dos carneiros e dos cordeiros, dos bodes e dos novilhos, todos eles cevados em Basã.
19 Comereis da gordura até vos fartardes, e bebereis do sangue até vos embebedardes, da gordura e do sangue do sacrifício que vos estou preparando.
20 E à minha mesa vos fartareis de cavalos e de cavaleiros, de valentes e de todos os homens de guerra, diz o Senhor Deus.
21 Estabelecerei, pois, a minha glória entre as nações, e todas as nações verão o meu juízo, que eu tiver executado, e a minha mão, que sobre elas eu tiver descarregado.
22 E os da casa de Israel saberão desde aquele dia em diante, que eu sou o Senhor Deus.
23 E as nações saberão que os da casa de Israel, por causa da sua iniquidade, foram levados em cativeiro; porque se houveram traiçoeiramente para comigo, e eu escondi deles o meu rosto; por isso os entreguei nas mãos de seus adversários, e todos caíram à espada.
24 Conforme a sua imundícia e conforme as suas transgressões me houve com eles, e escondi deles o meu rosto.
25 Portanto assim diz o Senhor Deus: Agora tornarei a trazer Jacó, e me compadecerei de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome.
26 E eles se esquecerão tanto do seu opróbrio, como de todas as suas infidelidades pelas quais transgrediram contra mim, quando eles habitarem seguros na sua terra, sem haver quem os amedronte;
27 quando eu os tornar a trazer de entre os povos, e os houver ajuntado das terras de seus inimigos, e for santificado neles aos olhos de muitas nações.
28 Então saberão que eu sou o Senhor seu Deus, vendo que eu os fiz ir em cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para a sua terra. Não deixarei lá nenhum deles;


29 nem lhes esconderei mais o meu rosto; pois derramei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 39)


Ezequiel 40

O primeiro versículo deste capitulo apresenta duas datas distintas para o cativeiro dos judeus, porque a primeira relativa a 25 anos correspondia ao tempo da primeira leva de cativos para Babilônia, e a segunda data relativa a 14 anos, à segunda leva, depois da queda de Jerusalém no final do reinado de Zedequias, quando os babilônios entraram em Jerusalém, após tê-la cercado por dezoito meses.
Isto significa que Ezequiel encontrava-se em Babilônia há 25 anos, e os judeus que foram levados para lá depois da queda de Jerusalém, há 14 anos.
Foi nesta ocasião que ele teve a visão do templo restaurado pelo Senhor, que abrangerá todos os últimos capítulos do seu livro, a contar deste.
Esta é a porção mais difícil de ser interpretada em toda a Bíblia, então devemos ter todo o cuidado para não fazermos afirmações finais onde não seja seguro fazê-las.
Esta visão de um templo glorioso e purificado, com suas medidas e serviços designados para os sacerdotes, pelo próprio Deus, ainda que não seja compreendida em seus detalhes, e quanto a um possível tempo de aplicação real na terra, ou se se trata de uma representação de realidades espirituais e celestiais, certamente tinha o propósito de encorajar os judeus a purificarem o santuário e o culto deles de tudo o que fosse carnal e profano.
Contudo, é melhor entender todas estas visões como uma referência a realidades espirituais e não materiais, porque as dimensões do templo são maiores do que a própria Nova Jerusalém.
Certamente não foi este templo, com estas dimensões e quantidade imensa de portas, janelas, átrios e câmaras, que foi reconstruído pelos judeus quando retornaram de Babilônia, nem mesmo depois de ter sofrido os acréscimos que lhe foram feitos pelo rei Herodes.  
Lembramos que Jesus disse que a casa de Seu Pai tem muitas moradas. O céu é uma casa. É a habitação de Deus e dos Seus servos. Sua casa é um templo com muitas câmaras, com instalações privativas para todos os Seus servos, sejam homens, anjos, arcanjos, querubins e serafins.
Então, como temos no capitulo 47 uma referência às águas vivas que procedem do templo de Deus, faríamos bem em aplicar todas estas visões às realidades celestiais, e não tentarmos fazer afirmações objetivas quanto ao significado de cada uma das descrições que encontramos no final do livro do profeta Ezequiel.




“1 No ano vinte e cinco do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia do mês, no ano catorze depois que a cidade foi conquistada, naquele mesmo dia veio sobre mim a mão do Senhor,
2 e em visões de Deus me levou à terra de Israel, e me pôs sobre um monte muito alto, sobre o qual havia como que um edifício de cidade para a banda do sul.
3 Levou-me, pois, para lá; e eis um homem cuja aparência era como a do bronze, tendo na mão um cordel de linho e uma cana de medir; e ele estava em pé na porta.
4 E disse-me o homem: Filho do homem, vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, e põe no teu coração tudo quanto eu te fizer ver; porque, para to mostrar foste tu aqui trazido. Anuncia pois à casa de Israel tudo quanto vires.
5 E havia um muro ao redor da casa do lado de fora, e na mão do homem uma cana de medir de seis côvados de comprimento, tendo cada côvado um palmo a mais; e ele mediu a largura do edifício, era uma cana; e a altura, uma cana.
6 Então veio à porta que olhava para o oriente, e subiu pelos seus degraus; mediu o limiar da porta, era uma cana de largo, e o outro limiar, uma cana de largo.
7 E cada câmara tinha uma cana de comprido, e uma cana de largo; e o espaço entre as câmaras era de cinco côvados; e o limiar da porta, ao pé do vestíbulo da porta, em direção da casa, tinha uma cana.
8 Também mediu o vestíbulo da porta em direção da casa, uma cana.
9 Então mediu o vestíbulo da porta, e tinha oito côvados; e os seus pilares, dois côvados; e o vestíbulo da porta olha para a casa.
10 E as câmaras da porta para o lado do oriente eram três dum lado, e três do outro; a mesma medida era a das três; também os umbrais dum lado e do outro tinham a mesma medida.
11 Mediu mais a largura da entrada da porta, que era de dez côvados; e o comprimento da porta, treze côvados.
12 E a margem em frente das câmaras dum lado era de um côvado, e de um côvado a margem do outro lado; e cada câmara tinha seis côvados de um lado, e seis côvados do outro.
13 Então mediu a porta desde o telhado de uma câmara até o telhado da outra, era vinte e cinco côvados de largo, estando porta defronte de porta.
14 Mediu também o vestíbulo, vinte côvados; e em torno do vestíbulo da porta estava o átrio.
15 E, desde a dianteira da porta da entrada até a dianteira do vestíbulo da porta interior, havia cinquenta côvados.
16 Havia também janelas de fechar nas câmaras e nos seus umbrais, dentro da porta ao redor, e da mesma sorte nos vestíbulos; e as janelas estavam à roda pela parte de dentro; e nos umbrais havia palmeiras.
17 Então ele me levou ao átrio exterior; e eis que havia câmaras e um pavimento feitos para o átrio em redor; trinta câmaras havia naquele pavimento.
18 E o pavimento, isto é, o pavimento inferior, corria junto às portas segundo o comprimento das portas.
19 A seguir ele mediu a largura desde a dianteira da porta inferior até a dianteira do átrio interior, por fora, cem côvados, tanto do oriente como do norte.
20 E, quanto à porta que olhava para o norte, no átrio exterior, ele mediu o seu comprimento e a sua largura.
21 As suas câmaras eram três dum lado, e três do outro; e os seus umbrais e os seus vestíbulos eram da medida da primeira porta: de cinquenta côvados era o seu comprimento, e a largura de vinte e cinco côvados.
22 As suas janelas, e o seu vestíbulo, e as suas palmeiras eram da medida da porta que olhava para o oriente; e subia-se para ela por sete degraus; e o seu vestíbulo estava diante dela.
23 Havia uma porta do átrio interior defronte da outra porta tanto do norte como do oriente; e mediu de porta a porta cem côvados.
24 Então ele me levou ao caminho do sul; e eis que havia ali uma porta que olhava para o sul; e mediu os seus umbrais e o seu vestíbulo conforme estas medidas.
25 E havia também janelas em redor do seu vestíbulo, como as outras janelas; cinquenta côvados era o comprimento, e a largura vinte e cinco côvados.
26 Subia-se a ela por sete degraus, e o seu vestíbulo era diante deles; e tinha palmeiras, uma de uma banda e outra da outra, nos seus umbrais.
27 Também havia uma porta para o átrio interior que olha para o sul; e mediu de porta a porta, para o sul, cem côvados.
28 Então me levou ao átrio interior pela porta do sul; e mediu a porta do sul conforme estas medidas.
29 E as suas câmaras, e os seus umbrais, e o seu vestíbulo eram conforme estas medidas; e nele havia janelas e no seu vestíbulo ao redor; o comprimento era de cinquenta côvados, e a largura de vinte e cinco côvados.
30 Havia um vestíbulo em redor; o comprimento era de vinte e cinco côvados e a largura de cinco côvados.
31 O seu vestíbulo olhava para o átrio exterior; e havia palmeiras nos seus umbrais; e subia-se a ele por oito degraus.
32 Depois me levou ao átrio interior, que olha para o oriente; e mediu a porta conforme estas medidas;
33 e também as suas câmaras, e os seus umbrais, e o seu vestíbulo, conforme estas medidas; também nele havia janelas e no seu vestíbulo ao redor; o comprimento era de cinquenta côvados, e a largura era de vinte e cinco côvados.
34 E o seu vestíbulo olhava para o átrio exterior; também havia palmeiras nos seus umbrais de uma e de outra banda; e subia-se a ele por oito degraus.
35 Então me levou à porta do norte; e mediu-a conforme estas medidas.
36 As suas câmaras, os seus umbrais, e o seu vestíbulo; também tinha janelas em redor; o comprimento era de cinquenta côvados, e a largura de vinte e cinco côvados.
37 E os seus umbrais olhavam para o átrio exterior; também havia palmeiras nos seus umbrais de uma e de outra banda; e subia-se a ela por oito degraus.
38 Havia uma câmara com a sua entrada junto aos umbrais perto das portas; aí se lavava o holocausto.
39 E no vestíbulo da porta havia duas mesas de uma banda, e duas da outra, em que se haviam de imolar o holocausto e a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa.
40 Também duma banda, do lado de fora, junto da subida para a entrada da porta que olha para o norte, havia duas mesas; e da outra banda do vestíbulo da porta, havia duas mesas.
41 Havia quatro mesas de uma, e quatro mesas da outra banda, junto à porta; oito mesas, sobre as quais imolavam os sacrifícios.
42 E havia para o holocausto quatro mesas de pedras lavradas, sendo o comprimento de um côvado e meio, a largura de um côvado e meio, e a altura de um côvado; e sobre elas se punham os instrumentos com que imolavam o holocausto e o sacrifício.
43 E ganchos, de um palmo de comprido, estavam fixos por dentro ao redor; e sobre as mesas estava a carne da oferta.
44 Fora da porta interior estavam as câmaras para os cantores, no átrio interior, que estava ao lado da porta do norte; e elas olhavam para o sul; uma estava ao lado da porta do oriente, e olhava para o norte.
45 E ele me disse: Esta câmara que olha para o sul é para os sacerdotes que têm a guarda do templo.
46 Mas a câmara que olha para o norte é para os sacerdotes que têm a guarda do altar, a saber, os filhos de Zadoque, os quais dentre os filhos de Levi se chegam ao Senhor para o servirem.
47 E mediu o átrio; o comprimento era de cem côvados e a largura de cem côvados, um quadrado; e o altar estava diante do templo.
48 Então me levou ao vestíbulo do templo, e mediu cada umbral do vestíbulo, cinco côvados de um lado e cinco côvados do outro; e a largura da porta era de três côvados de um lado, e de três côvados do outro.
49 O comprimento do vestíbulo era de vinte côvados, e a largura de doze côvados; e era por dez degraus que se subia a ele; e havia colunas junto aos umbrais, uma de um lado e outra do outro.” (Ezequiel 40)


Ezequiel 41

Este capítulo continua descrevendo as dimensões do templo que foi mostrado a Ezequiel em visão.
Aqui é digno de destaque o fato de que havia 30 câmaras, em cada um dos três andares do templo, colocadas ao lado das suas paredes.
Os detalhes são tantos e complexos que se torna uma tarefa muito difícil o só tentar comentá-los.
A complexidade deste templo nos faz lembrar que apesar de haver simplicidade na pessoa de Cristo, há nEle e na Sua Igreja, ao mesmo tempo, uma grande complexidade de dons, serviços, ministérios, manifestações miraculosas e sobrenaturais que não podem ser descritas em palavras, tal como deve ter sido extremamente difícil para o profeta registrar todos estes detalhes deste templo que lhe foi mostrado em visão por um anjo.
Parece que o intuito do Senhor com esta parte da revelação foi o de tentar nos convencer da impossibilidade de descrever todas as Suas obras e atos, relativos à Sua própria pessoa, como sendo o Santuário dos cristãos, e das operações de edificação do santuário que são os próprios cristãos para o Seu Espírito.
Simplesmente, tudo isto nos chama a um posicionamento de humildade e de reverência diante do Senhor, em vez de tentarmos especular como, quando e onde seria realizada tal construção, com todos os detalhes que são narrados no livro de Ezequiel.


“1 Então me levou ao templo, e mediu os pilares, seis côvados de largura de uma banda, e seis côvados de largura da outra, que era a largura do tabernáculo.
2 E a largura da entrada era de dez côvados; e os lados da entrada, cinco côvados de uma banda e cinco côvados da outra; também mediu o seu comprimento, de quarenta côvados, e a largura, de vinte côvados.
3 E entrou dentro, e mediu cada umbral da entrada, dois côvados; e a entrada, seis côvados; e a largura da entrada, sete côvados.
4 Também mediu o seu comprimento, vinte côvados, e a largura, vinte côvados, diante do templo; e disse-me: Este é o lugar santíssimo.
5 Então mediu a parede do templo, seis côvados, e a largura de cada câmara lateral, quatro côvados, por todo o redor do templo.
6 E as câmaras laterais eram de três andares, câmara sobre câmara, e trinta em cada andar; e elas entravam na parede que tocava no templo para essas câmaras laterais em redor, para se susterem nela, porque não travavam da parede do templo.
7 Também as câmaras laterais aumentavam de largura de andar em andar, ao passo que se aprofundava a reentrância da parede de andar em andar em volta do templo; e havia ao lado do templo uma escadaria pela qual se subia do primeiro ao terceiro andar mediante o segundo.
8 Vi também que havia ao redor do templo um pavimento elevado; os fundamentos das câmaras laterais eram da medida de uma cana inteira, seis côvados grandes.
9 A grossura da parede exterior das câmaras laterais era de cinco côvados; e o que sobrava do pavimento fora das câmaras laterais, que estavam junto ao templo, também era de cinco côvados.
10 E por fora das câmaras havia um espaço livre de vinte côvados de largura em toda a volta do templo.
11 E as entradas das câmaras laterais estavam voltadas para a parte do pavimento que sobrava, uma entrada para o lado do norte, e outra entrada para o do sul; e a largura desta parte do pavimento era de cinco côvados em redor.
12 Era também o edifício que estava diante do lugar separado, ao lado que olha para o ocidente, da largura de setenta côvados; e a parede do edifício era de cinco côvados de largura em redor, e o seu comprimento de noventa côvados.
13 Assim mediu o templo, do comprimento de cem côvados, como também o lugar separado, e o edifício, e as suas paredes, cem côvados de comprimento.
14 E a largura da dianteira do templo, e do lugar separado que olha para o oriente, cem côvados.
15 Também mediu o comprimento do edifício, diante do lugar separado, que estava por detrás, e as suas galerias de um e de outro lado, cem côvados. A nave do templo, a câmara interior, e o vestíbulo do átrio eram forrados;
16 e os três tinham janelas gradeadas. As galerias em redor nos três andares, defronte do limiar, eram forradas de madeira em redor, e isto desde o chão até as janelas (ora as janelas estavam cobertas),
17 até o espaço em cima da porta para a câmara interior, por dentro e por fora. E em todas as paredes em redor, por dentro e por fora, tudo por medida.
18 havia querubins e palmeiras de entalhe; e havia uma palmeira entre querubim e querubim; e cada querubim tinha dois rostos,
19 de modo que o rosto de homem olhava para a palmeira de um lado, e o rosto de leão novo para a palmeira do outro lado; assim era pela casa toda em redor.
20 Desde o chão até acima da entrada estavam entalhados querubins e palmeiras, como também pela parede do templo.
21 As ombreiras das portas do templo eram quadradas; e diante do santuário havia uma coisa semelhante
22 a um altar de madeira, de três côvados de altura, e o seu comprimento era de dois côvados; os seus cantos, o seu fundamento e as suas paredes eram de madeira; e disse-me: Esta é a mesa que está perante a face do Senhor.
23 Ora, a nave e o santuário ambos tinham portas duplas.
24 As portas tinham cada uma duas folhas que viravam, duas para uma porta, e duas para a outra.
25 E havia nas portas da nave querubins e palmeiras de entalhe, como os que estavam nas paredes; e havia um grande toldo de madeira diante do vestíbulo por fora.
26 Também havia janelas fechadas e palmeiras, de uma e de outra banda, pelos lados do vestíbulo.” (Ezequiel 41)





Ezequiel 42

Os judeus haviam profanado o templo de Jerusalém nos dias de Ezequiel, com as suas abominações, e agora são ordenadas prescrições de purificação do templo que eles deveriam reconstruir, para poderem ser realizados os serviços sacerdotais nos moldes previstos na Antiga Aliança.
Trata-se portanto de uma instrução para os judeus quando retornassem de Babilônia, para terem todo o cuidado para não contaminarem o novo templo que eles reconstruiriam com as mesmas abominações que haviam feito no templo que havia sido destruído por Nabucodonosor.
Nós temos aqui, ainda algumas referências às dimensões do templo que foi mostrado a Ezequiel em visão.
Todavia, além destas, são registradas as visões que Ezequiel tivera da glória de Deus habitando de novo no Seu templo, porque como vimos nos primeiros capítulos de seu livro, o Senhor e a Sua glória haviam deixado Jerusalém e o templo, para serem entregues à assolação que estava determinada, por terem contaminado não somente a sua terra, como o templo de Deus.
Então o Senhor providenciaria agora, para que não houvesse mais tais contaminações, porque  faria a Sua glória retornar ao templo, conforme fora mostrado a Ezequiel que fora arrebatado pelo Espírito, para ter a visão do átrio interior de onde viu a glória de Deus enchendo o templo.
E do interior do templo partiu a voz do Senhor que disse a Ezequiel que aquele era o lugar do Seu trono, e o das plantas dos Seus pés, onde habitaria no meio dos filhos de Israel para sempre. E o Seu nome santo não seria mais contaminado por eles, com as suas prostituições e com os assassinatos produzidos pelos seus reis.
Por causa de tais contaminações o Senhor lhes havia consumido na Sua ira, motivo porque ainda se encontravam no cativeiro, e Jerusalém desolada.
Então o Senhor ordenou aos judeus que lançassem para longe dEle as suas prostituições e violência para que Ele habitasse no meio deles para sempre.
Então, para tal propósito, o templo que foi mostrado ao profeta em visão, também deveria ser mostrado aos judeus para que se envergonhassem das iniquidades que haviam praticado, e que não haviam ainda abandonado, apesar de estarem cativos em Babilônia, de maneira que caso viessem a se envergonhar, Ezequiel deveria lhes mostrar a forma do templo que lhe foi revelado, com todas as suas ordenanças e leis para o funcionamento do santuário, de maneira que os judeus guardassem aquela forma em suas memórias, para que cumprissem todas as suas ordenanças.
Tudo neste templo e seu serviço revelava a santidade que é devida ao Senhor, de maneira que suas vidas deveriam também estar santificadas para o culto de adoração que Lhe é devido.




“1 Depois disto fez-me sair para fora, ao átrio exterior, que dá para o norte; e me levou às câmaras que estavam defronte do largo vazio, e que estavam defronte do edifício, do lado do norte.
2 Do comprimento de cem côvados era esse edifício, e da largura de cinquenta côvados.
3 Em frente dos vinte côvados, que tinha o átrio interior, e em frente do pavimento que tinha o átrio exterior, havia galeria contra galeria em três andares.
4 E diante das câmaras havia um passeio que dava para o átrio interior, e que tinha dez côvados de largura e cem côvados de comprimento; e as suas portas davam para o norte.
5 Ora, as câmaras superiores eram mais estreitas; porque as galerias tomavam destas mais espaço do que das de baixo e das do meio do edifício.
6 Porque elas eram de três andares e não tinham colunas como as colunas dos átrios; por isso desde o chão se iam estreitando mais do que as de baixo e as do meio.
7 No lado de fora, em paralelo às câmaras e defronte delas no caminho do átrio exterior, havia um muro que tinha cinquenta côvados de comprimento.
8 Pois o comprimento da série de câmaras que estavam no átrio exterior era de cinquenta côvados, enquanto o da série que estava defronte do templo era de cem côvados.
9 Por debaixo destas câmaras estava a entrada do lado do oriente, para quem entra nelas do átrio exterior.
10 Na grossura do muro do átrio que dava para o oriente, diante do lugar separado, e diante do edifício, havia também câmaras,
11 com um caminho diante delas, que eram da mesma feição das câmaras que davam para o norte, sendo do mesmo comprimento, e da mesma largura, com as mesmas saídas, disposições e portas.
12 E conforme eram as portas das câmaras que davam para o sul, era também a porta no topo do caminho, isto é, do caminho bem em frente do muro à direita para quem entra.
13 Então me disse: As câmaras do norte, e as câmaras do sul, que estão diante do lugar separado, são câmaras santas, em que os sacerdotes que se chegam ao Senhor comerão as coisas santíssimas. Ali porão as coisas santíssimas, as ofertas de cereais, as ofertas pelo pecado, e as ofertas pela culpa; porque o lugar é santo.
14 Quando os sacerdotes entrarem, não sairão do santuário para o átrio exterior, mas porão ali as suas vestiduras em que ministram, porque elas são santas; e vestir-se-ão doutras vestiduras, e assim se aproximarão do lugar pertencente ao povo.
15 Tendo ele acabado de medir o templo interior, fez-me sair pelo caminho da porta oriental; e o mediu em redor.
16 Mediu o lado oriental com a cana de medir, quinhentas canas de largura.
17 Mediu o lado do norte, quinhentas canas, com a cana de medir.
18 Mediu também o lado do sul, quinhentas canas, com a cana de medir.
19 Deu uma volta para o lado do ocidente, e mediu quinhentas canas, com a cana de medir.
20 Mediu-o pelos quatro lados. Havia um muro em redor, de quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, para fazer separação entre o santo e o profano.”



Ezequiel 43

Vide comentário de EZEQUIEL 42

“1 Então me levou à porta, à porta que dá para o oriente.
2 E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandecia com a glória dele.
3 E a aparência da visão que tive era como a da visão que eu tivera quando ele veio destruir a cidade; eram as visões como a que tive junto ao rio Quebar; e caí com o rosto em terra.
4 E a glória do Senhor entrou no templo pelo caminho da porta oriental.
5 E levantou-me o Espírito, e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do Senhor encheu o templo.
6 Então ouvi uma voz que me foi dirigida de dentro do templo; e um homem se achava de pé junto de mim.
7 E disse-me: Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo, nem eles nem os seus reis, com as suas prostituições e com os cadáveres dos seus reis, nos seus altos,
8 pondo o seu limiar ao pé do meu limiar, e os seus umbrais junto aos meus umbrais, e havendo apenas um muro entre mim e eles. Contaminaram o meu santo nome com as abominações que têm cometido; por isso eu os consumi na minha ira.
9 Agora lancem eles para longe de mim a sua prostituição e os cadáveres dos seus reis; e habitarei no meio deles para sempre.
10 Tu pois, ó filho do homem, mostra aos da casa de Israel o templo, para que se envergonhem das suas iniquidades; e meçam o modelo.
11 E se eles se envergonharem de tudo quanto têm feito, faze-lhes saber a forma desta casa, a sua figura, as suas saídas e as suas entradas, e todas as suas formas; todas as suas ordenanças e todas as suas leis; escreve isto à vista deles, para que guardem toda a sua forma, e todas as suas ordenanças e as cumpram.
12 Esta é a lei do templo: Sobre o cume do monte todo o seu contorno em redor será santíssimo. Eis que essa é a lei do templo.
13 São estas as medidas do altar em côvados (o côvado é um côvado e um palmo): a parte inferior será de um côvado de altura e um côvado de largura, e a sua borda, junto a sua extremidade ao redor, de um palmo; e esta será a base do altar.
14 E do fundo, desde o chão até a saliência de baixo, será de dois côvados, e de largura um côvado; e desde a pequena saliência até a saliência grande será de quatro côvados, e a largura de um côvado.
15 E o altar superior será de quatro côvados; e da lareira do altar para cima se levantarão quatro pontas.
16 E a lareira do altar terá doze côvados de comprimento, e doze de largura, quadrado nos quatro lados.
17 E a saliência terá catorze côvados de comprimento e catorze de largura, nos seus quatro lados; e a borda, ao redor dela, será de meio côvado; e o fundo dela será de um côvado, ao redor; e os seus degraus darão para o oriente.
18 E disse-me: Filho do homem, assim diz o Senhor Deus: São estas as ordenanças para o altar, no dia em que o fizerem, para oferecerem sobre ele holocausto e para espargirem sobre ele sangue.
19 Aos sacerdotes levitas que são da linhagem de Zadoque, os quais se chegam a mim para me servirem, diz o Senhor Deus, darás um bezerro para oferta pelo pecado.
20 E tomarás do seu sangue, e o porás sobre as quatro pontas do altar, sobre os quatro cantos da saliência e sobre a borda ao redor; assim o purificarás e os expiarás.
21 Então tomarás o novilho da oferta pelo pecado, o qual será queimado no lugar da casa para isso ordenado, fora do santuário.
22 E no segundo dia oferecerás um bode, sem mancha, para oferta pelo pecado; e purificarão o altar, como o purificaram com o novilho.
23 Quando acabares de o purificar, oferecerás um bezerro, sem mancha, e um carneiro do rebanho, sem mancha.
24 Trá-los-ás, pois, perante o Senhor; e os sacerdotes deitarão sal sobre eles, e os oferecerão em holocausto ao Senhor.
25 Durante sete dias prepararás cada dia um bode como oferta pelo pecado; também prepararão eles um bezerro, e um carneiro do rebanho, sem mancha.
26 Por sete dias expiarão o altar, e o purificarão; assim o consagrarão.
27 E, cumprindo eles estes dias, será que, ao oitavo dia, e dali em diante, os sacerdotes oferecerão sobre o altar os vossos holocaustos e as vossas ofertas pacíficas; e vos aceitarei, diz o Senhor Deus.”



Ezequiel 44

Neste capítulo, bem como nos demais referentes ao templo que foi mostrado a Ezequiel em visão, quanto à prática, todas as prescrições são relativas aos judeus, na dispensação da Antiga Aliança. Nada aqui se refere à Nova Aliança com Jesus Cristo, mas à restauração dos serviços do templo, segundo a estrita obediência de tudo o que estava contido na Lei de Moisés para o funcionamento do sacerdócio levítico, bem como dos demais ofícios dos levitas.
Sabemos que Jesus é ministro de um santuário que não é terreno, e cujas leis não são regidas pelo sacerdócio levítico, senão segundo a ordem de Melquisedeque.
Deste modo, estas aplicações tinham em vista gerar de novo reverência e respeito aos serviços do templo, que seria reconstruído pelos judeus quando do seu retorno de Babilônia com Zorobabel.


“1 Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, a qual olha para o oriente; e ela estava fechada.
2 E disse-me o Senhor: Esta porta ficará fechada, não se abrirá, nem entrará por ela homem algum; porque o Senhor Deus de Israel entrou por ela; por isso ficará fechada.
3 Somente o príncipe se assentará ali, para comer pão diante do Senhor; pelo caminho do vestíbulo da porta entrará, e por esse mesmo caminho saíra,
4 Então me levou pelo caminho da porta do norte, diante do templo; e olhei, e eis que a glória do Senhor encheu o templo do Senhor; pelo que caí com o rosto em terra.
5 Então me disse o Senhor: Filho do homem, nota bem, vê com os teus olhos, e ouve com os teus ouvidos, tudo quanto eu te disser a respeito de todas as ordenanças do templo do Senhor, e de todas as suas leis; e considera no teu coração a entrada do templo, com todas as saídas do santuário.
6 E dirás aos rebeldes, à casa de Israel: Assim diz o Senhor Deus: Bastem-vos todas as vossas abominações, ó casa de Israel!
7 Porquanto introduzistes estrangeiros, incircuncisos de coração e incircuncisos de carne, para estarem no meu santuário, para o profanarem, quando ofereceis o meu pão, a gordura, e o sangue; e vós quebrastes o meu pacto, além de todas as vossas abominações.
8 E não guardastes a ordenança a respeito das minhas coisas sagradas; antes constituístes, ao vosso prazer, guardas da minha ordenança no tocante ao meu santuário.
9 Assim diz o Senhor Deus: Nenhum estrangeiro, incircunciso de coração e carne, de todos os estrangeiros que se acharem no meio dos filhos de Israel, entrará no meu santuário.
10 Mas os levitas que se apartaram para longe de mim, desviando-se de mim após os seus ídolos, quando Israel andava errado, levarão sobre si a sua punição.
11 Contudo serão ministros no meu santuário, tendo ao seu cargo a guarda das portas do templo, e ministrando no templo. Eles imolarão o holocausto, e o sacrifício para o povo, e estarão perante ele, para o servir.
12 Porque lhes ministraram diante dos seus ídolos, e serviram à casa de Israel de tropeço de iniquidade; por isso eu levantei a minha mão contra eles, diz o Senhor Deus, e eles levarão sobre si a sua punição.
13 E não se chegarão a mim, para me servirem no sacerdócio, nem se chegarão a nenhuma de todas as minhas coisas sagradas, às coisas que são santíssimas; mas levarão sobre si a sua vergonha e as suas abominações que cometeram.
14 Contudo, eu os constituirei guardas da ordenança no tocante ao templo, em todo o serviço dele, e em tudo o que nele se fizer.
15 Mas os sacerdotes levíticos, os filhos de Zadoque, que guardaram a ordenança a respeito do meu santuário, quando os filhos de Israel se extraviaram de mim, eles se chegarão a mim, para me servirem; e estarão diante de mim, para me oferecerem a gordura e o sangue, diz o Senhor Deus;
16 eles entrarão no meu santuário, e se chegarão à minha mesa, para me servirem, e guardarão a minha ordenança.
17 Quando entrarem pelas portas do átrio interior, estarão vestidos de vestes de linho; e não se porá lã sobre eles, quando servirem nas portas do átrio interior, e dentro da casa.
18 Coifas de linho terão sobre as suas cabeças, e calções de linho sobre os seus lombos; não se cingirão de coisa alguma que produza suor.
19 E quando saírem ao átrio exterior, a ter com o povo, despirão as suas vestes em que houverem ministrado, pô-las-ão nas santas câmaras, e se vestirão de outras vestes, para que com as suas vestes não transmitam a santidade ao povo.
20 Não raparão a cabeça, nem deixarão crescer o cabelo; tão somente tosquiarão as cabeças.
21 Nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no átrio interior.
22 Não se casarão nem com viúva, nem com repudiada; mas tomarão virgens da linhagem da casa de Israel, ou viúva que for viúva de sacerdote.
23 E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro.
24 No caso de uma controvérsia, assistirão a ela para a julgarem; pelos meus juízos a julgarão. E observarão as minhas leis e os meus estatutos em todas as minhas festas fixas, e santificarão os meus sábados.
25 Eles não se contaminarão, aproximando-se de um morto; todavia por pai ou mãe, por filho ou filha, por irmão, ou por irmã que não tiver marido, se poderão contaminar.
26 Depois de ser ele purificado, contar-se-lhe-ão sete dias.
27 E, no dia em que ele entrar no lugar santo, no átrio interior, para ministrar no lugar santo, oferecerá a sua oferta pelo pecado, diz o Senhor Deus.
28 Eles terão uma herança; eu serei a sua herança. Não lhes dareis, portanto, possessão em Israel; eu sou a sua possessão.
29 Eles comerão a oferta de cereais a oferta pelo pecado, e a oferta pela culpa; e toda coisa consagrada em Israel será deles.
30 Igualmente as primícias de todos os primeiros frutos de tudo, e toda oblação de tudo, de todas as vossas oblações, serão para os sacerdotes; também as primeiras das vossas massas dareis ao sacerdote, para fazer repousar uma bênção sobre a vossa casa.


31 Os sacerdotes não comerão de coisa alguma que tenha morrido de si mesma ou que tenha sido despedaçada, seja de aves, seja de animais.” (Ezequiel 44)



Ezequiel 45

Este capítulo tem por alvo principal revelar aos príncipes (magistrados) de Israel, a obrigação deles de julgarem com justiça o povo do Senhor, e das obrigações do povo para a provisão deles, de maneira, que nunca mais viessem a se entregar à prática do suborno.
Eles haviam corrompido e explorado o povo nos dias de Ezequiel, mas deveriam retornar ao dever que lhes foi imposto na Lei de Moisés, e que é reafirmado neste capitulo do livro de Ezequiel.
Além disso, como é descrito no início deste capitulo, os sacerdotes e levitas deveriam ser honrados pelo povo, quando retornassem de Babilônia, reservando-lhes territórios dignos nos quais pudessem habitar, para poderem se ocupar dos serviços dos quais estavam incumbidos tanto para o santuário, quanto para a instrução do povo de Deus, quanto ao modo de andarem nos Seus caminhos.



“1 Além disso, quando repartirdes a terra por sortes em herança, separareis uma oferta para o Senhor, uma santa porção da terra; o seu comprimento será de vinte e cinco mil canas, e a largura de dez mil. Esta será santa em todo o seu termo ao redor.
2 Desta porção o santuário ocupará quinhentas canas de comprimento, e quinhentas de largura, em quadrado, e terá em redor um espaço vazio de cinquenta côvados.
3 Desta área santa medirás um comprimento de vinte e cinco mil côvados, e uma largura de dez mil; e ali será o santuário, que é santíssimo.
4 É ela uma porção santa da terra; será para os sacerdotes, ministros do santuário, que se aproximam do Senhor para o servir; e lhes servirá de lugar para suas casas, e de lugar santo para o santuário.
5 Também os levitas, ministros da casa, terão vinte e cinco mil canas de comprimento, e dez mil de largura, para possessão sua, para vinte câmaras.
6 E para possessão da cidade, de largura dareis cinco mil canas, e de comprimento vinte e cinco mil, ao lado da área santa; o que será para toda a casa de Israel.
7 O príncipe, porém, terá a sua parte deste lado e do outro da área santa e da possessão da cidade, defronte da área santa e defronte da possessão da cidade, tanto ao lado ocidental, como ao lado oriental; e de comprimento corresponderá a uma das porções, desde o termo ocidental até o termo oriental.
8 E esta terra será a sua possessão em Israel; e os meus príncipes não oprimirão mais o meu povo; mas distribuirão a terra pela casa de Israel, conforme as suas tribos.
9 Assim diz o Senhor Deus: Baste-vos, ó príncipes de Israel; afastai a violência e a opressão e praticai a retidão e a justiça; aliviai o meu povo das vossas exações, diz o Senhor Deus.
10 Tereis balanças justas, efa justa, e bato justo.
11 A efa e o bato serão duma mesma medida, de maneira que o bato contenha a décima parte do hômer, e a efa a décima parte do hômer; o hômer será a medida padrão.
12 E o siclo será de vinte jeiras; cinco siclos serão cinco siclos, e dez siclos serão dez; a vossa mina será de cinquenta siclos.
13 Esta será a oferta que haveis de fazer: a sexta parte duma efa de cada hômer de trigo; também dareis a sexta parte duma efa de cada hômer de cevada;
14 quanto à porção fixa do azeite, de cada bato de azeite oferecereis a décima parte do bato tirado dum coro, que é dez batos, a saber, um hômer; pois dez batos fazem um hômer;
15 e um cordeiro do rebanho, de cada duzentos, de todas as famílias de Israel, para oferta de cereais, e para holocausto, e para oferta pacífica, para que façam expiação por eles, diz o Senhor Deus.
16 Todo o povo da terra fará esta contribuição ao príncipe de Israel.
17 Tocará ao príncipe dar os holocaustos, as ofertas de cereais e as libações, nas festas, nas luas novas e nos sábados, em todas as festas fixas da casa de Israel. Ele proverá a oferta pelo pecado, a oferta de cereais, o holocausto e as ofertas pacíficas, para fazer expiação pela casa de Israel.
18 Assim diz o Senhor Deus: No primeiro mês, no primeiro dia do mês, tomarás um bezerro sem mancha, e purificarás o santuário.
19 O sacerdote tomará do sangue da oferta pelo pecado, e pô-lo-á nas ombreiras da casa, e nos quatro cantos da saliência do altar e nas ombreiras da porta do átrio interior.
20 Assim também farás no sétimo dia do mês, pelos errados e pelos insensatos; assim fareis expiação pelo templo.
21 No primeiro mês, no dia catorze de mês, tereis a páscoa, uma festa de sete dias; pão ázimo se comerá.
22 E no mesmo dia o príncipe proverá, por si e por todo o povo da terra, um novilho como oferta pelo pecado.
23 E nos sete dias da festa proverá um holocausto ao Senhor, de sete novilhos e sete carneiros sem mancha, cada dia durante os sete dias; e um bode cada dia como oferta pelo pecado.
24 Também proverá uma oferta de cereais, uma efa para cada novilho, e uma efa para cada carneiro, e um e him de azeite para cada efa.


25 No sétimo mês, no dia quinze do mês, na festa, fará o mesmo por sete dias, segundo a oferta pelo pecado, segundo o holocausto, segundo a oferta de cereais, e segundo o azeite.” (Ezequiel 45)



Ezequiel 46

Nós temos neste capítulo algumas regras adicionais relativas ao ofício dos sacerdotes e dos magistrados, pelas quais se revela que eles deveriam agir com reverência  perante o Senhor e justiça perante o seu próximo.
Estas duas categorias que haviam desviado o povo do Senhor dos Seus caminhos até então, deveriam agir com retidão quando Israel retornasse do cativeiro, e deveriam começar a refletir nestas coisas enquanto estivessem ainda no cativeiro em Babilônia, motivo pelo qual elas são descritas neste capítulo do livro de Ezequiel.
Este capítulo consta portanto de prescrições para serem observadas por Israel nos dias da Antiga Aliança, mas a reverência, santidade e justiça que ensina quanto ao que se espera dos ministros de Deus, são aplicáveis a todas as épocas e dispensações.


“1 Assim diz o Senhor Deus: A porta do átrio interior, que dá para o oriente, estará fechada durante os seis dias que são de trabalho; mas no dia de sábado ela se abrirá; também no dia da lua nova se abrirá.
2 E o príncipe entrará pelo caminho do vestíbulo da porta, por fora, e ficará parado junto da ombreira da porta, enquanto os sacerdotes ofereçam o holocausto e as ofertas pacíficas dele; e ele adorará junto ao limiar da porta. Então sairá; mas a porta não se fechará até a tarde.
3 E o povo da terra adorará à entrada da mesma porta, nos sábados e nas luas novas, diante do Senhor.
4 E o holocausto que o príncipe oferecer ao Senhor será, no dia de sábado, seis cordeiros sem mancha e um carneiro sem mancha;
5 e a oferta de cereais será uma efa para o carneiro; e para o cordeiro, a oferta de cereais será o que puder dar, com um him de azeite para cada efa.
6 Mas no dia da lua nova será um bezerro sem mancha, e seis cordeiros e um carneiro; eles serão sem mancha.
7 Também ele proverá, por oferta de cereais, uma efa para o novilho e uma efa para o carneiro, e para os cordeiros o que puder, com um him de azeite para cada efa.
8 Quando entrar o príncipe, entrará pelo caminho do vestíbulo da porta, e sairá pelo mesmo caminho.
9 Mas, quando vier o povo da terra perante o Senhor nas festas fixas, aquele que entrar pelo caminho da porta do norte, para adorar, sairá pelo caminho da porta do sul; e aquele que entrar pelo caminho da porta do sul, sairá pelo caminho da porta do norte. Não tornará pelo caminho da porta pela qual entrou, mas sairá seguindo para a sua frente.
10 Ao entrarem eles, o príncipe entrará no meio deles; e, saindo eles, sairão juntos.
11 Nas solenidades, inclusive nas festas fixas, a oferta de cereais será uma efa para um novilho, e uma efa para um carneiro, mas para os cordeiros será o que se puder dar; e de azeite um him para cada efa.
12 Quando o príncipe prover uma oferta voluntária, holocausto, ou ofertas pacíficas, como uma oferta voluntária ao Senhor, abrir-se-lhe-á a porta que dá para o oriente, e oferecerá o seu holocausto e as suas ofertas pacíficas, como houver feito no dia de sábado. Então sairá e, depois de ele ter saído, fechar-se-á a porta.
13 Proverá ele um cordeiro de um ano, sem mancha, em holocausto ao Senhor cada dia; de manhã em manhã o proverá.
14 Juntamente com ele proverá de manhã em manhã uma oferta de cereais, a sexta parte duma efa de flor de farinha, com a terça parte de um him de azeite para umedecê-la, por oferta de cereais ao Senhor, continuamente, por estatuto perpétuo.
15 Assim se proverão o cordeiro, a oferta de cereais, e o azeite, de manhã em manhã, em holocausto contínuo.
16 Assim diz o Senhor Deus: Se o príncipe der um presente a algum de seus filhos, é herança deste, pertencerá a seus filhos; será possessão deles por herança.
17 Se, porém, der um presente da sua herança a algum dos seus servos, será deste até o ano da liberdade; então tornará para o príncipe; pois quanto à herança, será ela para seus filhos.
18 O príncipe não tomará nada da herança do povo para o esbulhar da sua possessão; da sua própria possessão deixará herança a seus filhos, para que o meu povo não seja espalhado, cada um da sua possessão.
19 Então me introduziu pela entrada que estava ao lado da porta nas câmaras santas para os sacerdotes, que olhavam para o norte; e eis que ali havia um lugar por detrás, para a banda do ocidente.
20 E ele me disse: Este é o lugar onde os sacerdotes cozerão a oferta pela culpa, e a oferta pelo pecado, e onde assarão a oferta de cereais, para que não as tragam ao átrio exterior, e assim transmitam a santidade ao povo.
21 Então me levou para fora, para o átrio exterior, e me fez passar pelos quatro cantos do átrio; e eis que em cada canto do átrio havia um átrio.
22 Nos quatro cantos do átrio havia átrios fechados, de quarenta côvados de comprimento e de trinta de largura; estes quatro cantos tinham a mesma medida.
23 E neles havia por dentro uma série de projeções ao redor; e havia lugares para cozer, construídos por baixo delas ao redor.
24 Então me disse: Estas são as cozinhas, onde os ministros da casa cozerão o sacrifício do povo.” (Ezequiel 46)



Ezequiel 47

O início deste capitulo nos ajuda a entender melhor e a confirmar o caráter desta profecia de Ezequiel, que abrange os capítulos 40 a 48, como sendo uma mensagem de chamada à santificação do povo de Deus, e da reorganização da sua vida religiosa e espiritual, abrangendo tanto os judeus no período da Antiga Aliança que duraria ainda por cerca de 600 anos, quanto da Igreja de Cristo, pela revelação feita a Ezequiel destas realidades que sendo espirituais e celestiais, como é toda a Lei de Deus, da qual se diz em Romanos, ser boa, santa, espiritual e perfeita, podem ser vistas tanto no céu quanto na terra.
Havia e há um trabalho do Espírito Santo, tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento. Evidentemente, muito mais abundante no Novo, tanto em extensão (em todas as nações), quanto em profundidade (pelo batismo do Espírito).
Então nós vemos neste capítulo a referência de águas vivas saindo por debaixo do limiar do templo, para o oriente, e que desciam pelo lado sul do templo.
Seria improdutivo, tentar abrir um debate se o templo aqui referido está no céu, ou na terra, porque Deus havia prometido em capítulos anteriores habitar no meio do Seu povo, e Ele afirmou que Ele próprio seria o santuário deles, e então, podemos concluir que a mensagem espiritual que o Senhor pretendia passar com esta passagem é a de que haveria este trabalho do Espírito Santo na terra, para dar vida ao que estava morto, conforme foi visto no capitulo 37 em relação ao vale de ossos secos, quando o Espírito deu vida àqueles ossos.
Por isso Jesus disse ainda na terra, o que ocorreria depois da Sua morte e ressurreição:

“37 Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
38 Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.
39 Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.” (Jo 7.37-39)

Nesta passagem do evangelho de João é bem provável que nosso Senhor tenha recorrido a este texto de Ezequiel 47, quando disse que “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.” (v. 38). E Ele estava se referindo ao Espírito Santo que seria derramado na terra a partir do dia de Pentecostes.
Com este ponto de partida da afirmação de nosso Senhor, podemos seguir adiante com o que foi mostrado em visão e dito por Deus a Ezequiel, na continuação deste capítulo, porque se afirma que um anjo lhe fez passar por estas águas vivas, e que no início elas lhe davam ao nível da altura dos artelhos dos pés, numa distância de mil côvados (cerca de 500 metros), e que nos mil côvados adiante, estas águas haviam aumentado de volume ao nível dos seus joelhos; e tendo o anjo medido mais mil côvados, as águas lhe davam agora na altura da cintura, e que por fim, depois de medidos mais mil côvados, elas se transformaram num rio que não se podia atravessar a pé, senão somente a nado (v. 3 a 5).
 Ora isto se refere tanto ao trabalho do Espírito Santo, considerado individualmente numa pessoa aumentando cada vez mais o grau da sua santificação, por um enchimento progressivo do Espírito, como quem anda num rio de águas vivas desde a sua nascente até o ponto em que se torna um rio volumoso.
Assim, o Espírito Santo não somente restauraria a vida religiosa de Israel na Antiga Aliança, como, principalmente, faria um trabalho de avivamento em todas as nações da terra nos dias do Novo Testamento.
É preciso entender a mensagem espiritual da visão, em vez de tentar identificar as localidades da terra às quais elas se referem, especialmente quanto ao cumprimento do que é prometido, como por exemplo que as águas saem desde a sua nascente para o oriente, descendo pelo Arabá, e que entrando no Mar Morto, transformarão suas águas salgadas em águas saudáveis.
Sabemos que o Mar Morto se encontra encravado bem no centro de Israel, e que a noroeste e próximo do mesmo fica situada a cidade de Jerusalém, onde ocorreu o Pentecostes, mas seria temerário fazer uma afirmação final que a visão se limita a identificar somente tal evento histórico.  
É dito também que na nascente do rio, de um e de outro lado de suas margens, há árvores em grande número (v. 7), significando isto que sua nascente não se situa numa região árida, mas num oásis cheio de vida. Deus é de vivos e não de mortos. Ele é a fonte de toda vida. É um manancial eterno cheio de vida, pronto para encher de vida a todos os que beberem das Suas águas vivas.
Deus não criou morte, mas vida. O autor da morte é o diabo e o pecado. Mas Jesus não é somente o autor da vida, mas a própria vida.
Por isso se diz ainda na visão de Ezequiel no verso 9 que:

“E por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.” (v. 9).

O significado deste verso é que aquele em quem o Espírito Santo entrar para habitar nele, este viverá.
Como quem vive em rio é peixe, então a visão fala de enxame de peixes, mas a referência se aplica a homens e não a peixes, porque este rio certamente não é um rio literal, mas o próprio Espírito Santo, que não é pescador de peixes, mas de homens.
Por isso se diz que os pescadores (os pregadores, evangelistas, os ministros de Deus) estarão junto do rio, porque sem este rio de águas vivas não se pode pescar nenhum homem (v. 10).
É dito que tais pescadores estariam junto ao rio desde En-Gedi até En-Eglaim, e que seria grande a quantidade e a qualidade da espécie de peixes desta região seria feita, por causa deste rio de águas vivas, como o peixe do Mar Mediterrâneo, ou seja, peixes grandes e bons.
Ora, não há qualquer dúvida que isto é uma referência ao trabalho de regeneração e santificação do Espírito, transformando os pecadores em pessoas santas de Deus.
A visão é tão real na sua aplicação espiritual, das coisas relativas ao trabalho do Espírito nos corações, que se diz, que os charcos e os pântanos das localidades referidas não seriam sarados pelas águas do rio de Deus, mas seriam deixados para produzir sal.
Isto pode ser uma referência às vidas daqueles que decidem permanecer atolados no pecado, nos quais o Espírito não pode realizar o Seu trabalho de cura espiritual, porque é necessário arrependimento para que Ele possa habitar em nossos corações.
No verso 12 encontramos uma referência ao fruto do Espírito, que é variado (amor, paz, alegria, bondade, longanimidade, domínio próprio, fé etc), e que está representado na visão como as várias árvores que nascem às margens deste rio, porque suas raízes se alimentam de suas águas vivas, as quais na estação própria de cada uma destas árvores, produz tal fruto, que serve de alimento, e suas folhas de remédio.
O fruto do Espírito Santo é quem alimenta o nosso espírito, e estas árvores que são os cristãos produzirão também, pelo Espírito, folhas saudáveis que servirão para a cura da alma e do corpo.
Esta é a árvore plantada junto às águas, referida no Salmo primeiro, ou seja, o varão que é bem-aventurado.
E como os que são bem-aventurados herdarão a terra, é citado a partir do verso 13 até o final deste capítulo, e no próximo, qual seria a divisão da terra pelas doze tribos de Israel.
Isto teve o propósito de reanimar o povo que se encontrava no cativeiro em Babilônia, e que teria que aguardar ainda alguns anos para retornarem à sua própria terra, para se disporem a voltar para Israel, uma vez cumprido o tempo de 70 anos determinado para o seu cativeiro.
A descrição da repartição da terra pelas tribos foi feita nos mesmos moldes dos dias de Josué, quando Israel entrou na herança da terra que lhe havia sido dada pelo Senhor, para que eles soubessem que a partir do retorno de Babilônia, Deus lhes trataria tal como havia feito no princípio da história de Israel.
Ele queria lhes demonstrar que seria com eles para remover todo tipo de oposição para que pudessem entrar na posse definitiva da herança que lhes havia dado.
Por isso as duas partes que haviam sido dadas a José nas pessoas de seus filhos Efraim e Manassés, seria feita novamente, tal como no princípio, e assim sucessivamente.
Evidentemente, que na prática não seria mais como no passado, até porque as doze tribos do Norte estavam praticamente dissolvidas, mas havia ainda descendentes destas tribos espalhados pelo mundo, e a visão queria portanto encorajá-los a voltarem para Israel e para o Senhor, porque tinha feito uma aliança com todos eles desde Moisés, e havia prometido ser o Deus deles a Abraão, de quem haviam sido formados.
Esta visão se aplica também aos cristãos da Igreja de Cristo, que independentemente da sua nacionalidade são tidos por verdadeiros israelitas, pertencentes ao Israel de Deus, por terem sido enxertados na Oliveira Santa que é Jesus Cristo.
Então, eles também entrarão na posse definitiva da terra, depois de terem sido derrotados todos os inimigos de Deus, que se opõem a que eles entrem na posse da herança que lhes foi garantida pelo Senhor, por direito perpétuo.
Este capítulo descreve quais seriam os limites da terra que Israel receberia por herança, e no capítulo seguinte é descrita a forma pela qual a distribuição seria feita pelas tribo de Israel, capítulo este que não estaremos comentando.




“1 Depois disso me fez voltar à entrada do templo; e eis que saíam umas águas por debaixo do limiar do templo, para o oriente; pois a frente do templo dava para o oriente; e as águas desciam pelo lado meridional do templo ao sul do altar.
2 Então me levou para fora pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora até a porta exterior, pelo caminho da porta oriental; e eis que corriam umas águas pelo lado meridional.
3 Saindo o homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir, mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
4 De novo mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos lombos.
5 Ainda mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar; pois as águas tinham crescido, águas para nelas nadar, um rio pelo qual não se podia passar a vau.
6 E me perguntou: Viste, filho do homem? Então me levou, e me fez voltar à margem do rio.
7 Tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia árvores em grande número, de uma e de outra banda.
8 Então me disse: Estas águas saem para a região oriental e, descendo pela Arabá, entrarão no Mar Morto, e ao entrarem nas águas salgadas, estas se tornarão saudáveis.
9 E por onde quer que entrar o rio viverá todo ser vivente que vive em enxames, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão estas águas, para que as águas do mar se tornem doces, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio.
10 Os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe será, segundo a sua espécie, como o peixe do Mar Grande, em multidão excessiva.
11 Mas os seus charcos e os seus pântanos não sararão; serão deixados para sal.
12 E junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer. Não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.
13 Assim diz o Senhor Deus: Este será o termo conforme o qual repartireis a terra em herança, segundo as doze tribos de Israel. José terá duas partes.
14 E vós a herdareis, tanto um como o outro; pois sobre ela levantei a minha mão, jurando que a daria a vossos pais; assim esta terra vos cairá a vós em herança.
15 E este será o termo da terra: da banda do norte, desde o Mar Grande, pelo caminho de Hetlom, até a entrada de Zedade;
16 Hamate, Berota, Sibraim, que está entre o termo de Damasco e o termo de Hamate; Hazer-Haticom, que está junto ao termo de Haurã.
17 O termo irá do mar até Hazar-Enom, junto ao termo setentrional de Damasco, tendo ao norte o termo de Hamate. Essa será a fronteira do norte.
18 E a fronteira do oriente, entre Haurã, e Damasco, e Gileade, e a terra de Israel, será o Jordão; desde o termo do norte até o mar do oriente medireis. Essa será a fronteira do oriente.
19 E a fronteira meridional será desde Tamar até as águas de Meribote-Cades, ao longo do Ribeiro do Egito até o Mar Grande. Essa será a fronteira meridional.
20 E a fronteira do ocidente será o Mar Grande, desde o termo do sul até a entrada de Hamate. Essa será a fronteira do ocidente.
21 Repartireis, pois, esta terra entre vós, segundo as tribos de Israel.
22 Reparti-la-eis em herança por sortes entre vós e entre os estrangeiros que habitam no meio de vós e que têm gerado filhos no meio de vós; e vós os tereis como naturais entre os filhos de Israel; convosco terão herança, no meio das tribos de Israel.
23 E será que na tribo em que peregrinar o estrangeiro, ali lhe dareis a sua herança, diz o Senhor Deus.” (Ezequiel 47)




Ezequiel 48

“1 São estes os nomes das tribos: desde o extremo norte, ao longo do caminho de Hetlom, até a entrada de Hamate, até Hazar-Enom, junto ao termo setentrional de Damasco, defronte de Hamate, com as suas fronteiras estendendo-se do oriente ao ocidente, Dã terá uma porção.
2 Junto ao termo de Dã, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Aser terá uma porção.
3 Junto ao termo de Aser, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Naftali terá uma porção.
4 Junto ao termo de Naftali, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Manassés terá uma porção.
5 Junto ao termo de Manassés, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Efraim terá uma porção.
6 Junto ao termo de Efraim, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Rúben terá uma porção.
7 Junto ao termo de Rúben desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Judá terá uma porção.
8 Junto ao termo de Judá, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, será a oferta que haveis de fazer de vinte e cinco mil canas de largura, e do comprimento de cada uma das porções, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental. O santuário estará no meio dela.
9 A oferta que haveis de fazer ao Senhor será do comprimento de vinte e cinco mil canas, e da largura de dez mil.
10 Será para os sacerdotes uma porção desta santa oferta, medindo para o norte vinte e cinco mil canas de comprimento, para o ocidente dez mil de largura, para o oriente dez mil de largura, e para o sul vinte e cinco mil de comprimento; e o santuário do Senhor estará no meio dela.
11 Sim, será para os sacerdotes consagrados dentre os filhos de Zadoque, que guardaram a minha ordenança, e não se desviaram quando os filhos de Israel se extraviaram, como se extraviaram os outros levitas.
12 E o oferecido ser-lhes-á repartido da santa oferta da terra, coisa santíssima, junto ao termo dos levitas.
13 Também os levitas terão, consoante o termo dos sacerdotes, vinte e cinco mil canas de comprimento, e de largura dez mil; todo o comprimento será vinte e cinco mil, e a largura dez mil.
14 E não venderão nada disto nem o trocarão, nem transferirão as primícias da terra, porque é santo ao Senhor.
15 Mas as cinco mil, as que restam da largura, defronte das vinte e cinco mil, ficarão para uso comum, para a cidade, para habitação e para arrabaldes; e a cidade estará no meio.
16 E estas serão as suas medidas: a fronteira setentrional terá quatro mil e quinhentas canas, e a fronteira do sul quatro mil e quinhentas, e a fronteira oriental quatro mil e quinhentas, e a fronteira ocidental quatro mil e quinhentas.
17 Os arrabaldes, que a cidade terá, serão para o norte de duzentas e cinqüenta canas, e para o sul de duzentas e cinqüenta, e para o oriente de duzentas e cinqüenta, e para o ocidente de duzentas e cinqüenta.
18 E, quanto ao que ficou do resto no comprimento, de conformidade com a santa oferta, será de dez mil para o oriente e dez mil para o ocidente; e corresponderá à santa oferta; e a sua novidade será para sustento daqueles que servem a cidade.
19 E os que servem a cidade, dentre todas as tribos de Israel, cultivá-lo-ão.
20 A oferta inteira será de vinte e cinco mil canas por vinte e cinco mil; em quadrado a oferecereis como porção santa, incluindo o que possui a cidade.
21 O que restar será para o príncipe; desta e da outra banda da santa oferta, e da possessão da cidade; defronte das vinte e cinco mil canas da oferta, na direção do termo oriental, e para o ocidente, defronte das vinte e cinco mil, na direção do termo ocidental, correspondente às porções, isso será a parte do príncipe; e a oferta santa e o santuário do templo estarão no meio.
22 A possessão dos levitas, e a possessão da cidade estarão no meio do que pertencer ao príncipe. Entre o termo de Judá e o termo de Benjamim será a porção do príncipe.
23 Ora quanto ao resto das tribos: desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Benjamim terá uma porção.”
24 Junto ao termo de Benjamim, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Simeão terá uma porção.
25 Junto ao termo de Simeão, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Issacar terá uma porção.
26 Junto ao termo de Issacar, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Zebulom terá uma porção.
27 Junto ao termo de Zebulom, desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, Gade terá uma porção.
28 Junto ao termo de Gade, na fronteira sul, para o sul, o termo será desde Tamar até as águas de Meribate-Cades, até o Ribeiro do Egito, e até o Mar Grande.
29 Esta é a terra que sorteareis em herança para as tribos de Israel, e são estas as suas respectivas porções, diz o Senhor Deus.
30 E estas são as saídas da cidade: da banda do norte quatro mil e quinhentos côvados por medida;
31 e as portas da cidade serão conforme os nomes das tribos de Israel; três portas para o norte; a porta de Rúben a porta de Judá, e a porta de Levi.
32 Da banda do oriente quatro mil e quinhentos côvados, e três portas, a saber: a porta de José, a porta de Benjamim, e a porta de Dã.
33 Da banda do sul quatro mil e quinhentos côvados, e três portas: a porta de Simeão, a porta de Issacar, e a porta de Zebulom.
34 Da banda do ocidente quatro mil e quinhentos côvados, e as suas três portas: a porta de Gade, a porta de Aser, e a porta de Naftali.
35 Dezoito mil côvados terá ao redor; e o nome da cidade desde aquele dia será Jeová-Samá.”




   


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