terça-feira, 20 de outubro de 2015

Josué 1 a 24

Josué 1

“1 Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, falou o Senhor a Josué, filho de Num, servidor de Moisés, dizendo:
2 Moisés, meu servo, é morto; levanta-te pois agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel.
3 Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés.
4 Desde o deserto e este Líbano, até o grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo.
5 Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida. Como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei, nem te desampararei.
6 Esforça-te, e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria.
7 Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, cuidando de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; não te desvies dela, nem para a direita nem para a esquerda, a fim de que sejas bem sucedido por onde quer que andares.
8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde quer que andares.
10 Então Josué deu esta ordem aos oficiais do povo:
11 Passai pelo meio do arraial, e ordenai ao povo, dizendo: Provede-vos de mantimentos, porque dentro de três dias haveis de atravessar este Jordão, a fim de que entreis para tomar posse da terra que o Senhor vosso Deus vos dá para a possuirdes.
12 E disse Josué aos rubenitas, aos gaditas, e à meia tribo de Manassés:
13 Lembrai-vos da palavra que vos mandou Moisés, servo do Senhor, dizendo: O Senhor vosso Deus vos dá descanso, e vos dá esta terra.
14 Vossas mulheres, vossos pequeninos e vosso gado fiquem na terra que Moisés vos deu desta banda do Jordão; porém vós, todos os homens valorosos, passareis armados adiante de vossos irmãos e os ajudareis;
15 até que o Senhor tenha dado descanso: a vossos irmãos, assim como vo-lo deu a vós, e eles também tenham possuído a terra que o Senhor vosso Deus lhes dá; então tornareis para a terra da vossa herança, e a possuireis, terra que Moisés, servo do Senhor, vos deu além do Jordão, para o nascente do sol.
16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos.
17 Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti; tão-somente seja o Senhor teu Deus contigo, como foi com Moisés.
18 Quem quer que se rebelar contra as tuas ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, será morto. Tão-somente esforça-te, e tem bom ânimo.” (Js 1.1-18).

Caso lêssemos a Bíblia a partir do livro de Josué, desconsiderando tudo o que está escrito nos cinco livros que o precedem,  poderíamos pensar que todas as ações que se desenrolarão com os israelitas sob Josué, e a maneira  como ele foi extraordinariamente capacitado por Deus para a tarefa que realizou, se deram exclusivamente em razão das promessas feitas a ele e também pelo motivo da sua determinação em obter bênçãos de Deus, para si, e para todo o povo de Israel.
Não podemos esquecer que Abraão, Moisés e Josué, dentre outros, foram os personagens escolhidos pelo Senhor, para levar a cabo o plano de redenção da humanidade, que Ele estabeleceu antes mesmo da criação de todas as coisas, e que passaria antes pela formação de uma nação (Israel), através da qual Ele se revelaria ao mundo.
Eles não eram portanto, homens tentando fazer prevalecer a própria vontade e ministérios diante de Deus.
Não estavam agindo por conta própria e de acordo com os seus próprios planos.
Eles estavam debaixo do cumprimento de uma diretriz que o Senhor traçou nos Seus conselhos eternos.
Os israelitas deveriam conquistar e tomar posse de Canaã com Josué, porque isto fora determinado pelo Senhor, e revelado e prometido a Abraão, cerca de seiscentos anos antes dos dias de Josué.
Assim, este livro não começa com a história da vida de Josué (há muitas passagens que se referem a ele no Pentateuco), mas com o seu governo, dando seguimento ao cumprimento do desígnio de Deus, que havia começado desde os patriarcas.
Por isso se destaca logo no primeiro versículo do livro, que Moisés era servo do Senhor, e que Josué era servidor de Moisés; indicando que Josué deveria dar seqüência ao que Deus havia começado com Moisés, e indica-se também que tudo o que Moisés havia feito, foi realizado pelo mandado e pela vontade de Deus.
Embora as palavras usadas neste primeiro versículo, para indicarem a condição de serviço de Moisés a Deus, e de Josué a Moisés, serem de raízes diferentes no hebraico (ebed, servo, para Moisés, em relação a Deus, e sharath, servidor, para Josué, em relação a Moisés) ambas indicam a condição de estar a serviço de alguém.
 De igual modo, os verdadeiros ministros do evangelho, que têm sido chamados por Ele para o ministério, não estão fazendo uma obra que é propriamente deles, mas estão cumprindo algo que Deus havia determinado fazer antes dos tempos eternos.
Eles foram chamados para cumprirem o ministério que o Senhor designou para cada um deles, antes mesmo que lhes tivesse formado no ventre, tal como se deu com Jeremias, com Paulo, João Batista, e todos os que são chamados para serem os guias do rebanho do Senhor, em sua caminhada rumo à Canaã celestial.
Um ministro autêntico deve ter sido portanto, chamado a partir do céu. Ninguém que tenha sido feito líder pela mera vontade dos homens, estará fazendo de fato o que se pode chamar de a obra de Deus, porque os que a conduzem devem ter sido chamados obrigatoriamente, do alto, e cumprirem fielmente as ordens do grande General ao qual estão servindo.
“Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão.” (Hb 5.4).
“E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,” (Ef 4.11).
“Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a Igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.” (At 20.28).
A propósito, cabe destacar que em razão da natureza terrena, sujeita ao pecado, e especialmente ao do orgulho, tem-se perdido de vista o verdadeiro significado da chamada ao ministério, que não é para dominar, senão para servir.
E o próprio Senhor Jesus Cristo deu o exemplo máximo de serviço a Deus e aos homens, tendo tomado a forma de um servo. E Ele se colocou também debaixo da Lei de Moisés e a cumpriu como um servo completamente obediente a Deus.
Foi por conhecer perfeitamente esta realidade relativa ao Senhor e à Sua Igreja, que o apóstolo Pedro disse o seguinte aos presbíteros da Igreja: “Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.” (I Pe 5.1-3).
Assim, quando Deus falou com Josué para lhe dar instruções e palavras de encorajamento, para cumprir a missão de ser sucessor de Moisés, da qual havia sido encarregado antes mesmo da sua morte, Ele chamou Moisés de “meu servo” (v. 2), indicando assim a Josué que Ele também estaria a Seu serviço, tanto quanto estivera Moisés.
Haveria uma tarefa grandiosa a ser cumprida, e Josué deveria se cuidar, e guardar-se principalmente do espírito de exaltação, permanecendo todo o tempo em humildade diante do Senhor, para poder conhecer e cumprir a Sua vontade.
E esta é uma tentação à qual estão sujeitos todos os que estão investidos de posição de autoridade, seja em seus próprios lares como cabeças de família, seja na Igreja, como oficiais e obreiros; pois não podemos esquecer o exemplo que nos foi deixado por Jesus e pelos apóstolos, e tudo quanto o Senhor nos tem ordenado em Sua Palavra, acerca deste assunto.
“Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mt 20.25-28).
Este ensino de Jesus foi ensejado pelo pedido equivocado da mãe de Tiago e de João, que desejava que seus filhos ocupassem uma posição de mando e de destaque em relação aos demais apóstolos.
O Senhor ensinou que há uma posição de autoridade em Seu corpo que é determinada previamente por Deus Pai, mas que esta posição não é de dominação, mas de serviço em amor e humildade àqueles sobre os quais Deus nos tenha constituído como ministros.
A propósito, a palavra para ministério, no original grego, na maior parte de suas ocorrências, vem de diakonia, que significa serviço (At 1.17; Rm 11.13; II Cor 6.3 etc). Assim, até mesmo o ministério de governo da Igreja, é um ministério de liderança com o caráter de serviço debaixo do governo de Deus, a quem todos os ministros terão que prestar contas da sua fidelidade.
“Obedecei a vossos guias, sendo-lhes submissos; porque velam por vossas almas como quem há de prestar contas delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.” (Hb 13.17).
Josué foi dado por Deus como guia do povo de Israel, no lugar de Moisés, e os israelitas deveriam obedecê-lo em tudo, porque lhes estaria servindo, para fazerem não a sua própria vontade pessoal, mas a de Deus, a quem ele estava servindo, e a quem ele prestaria contas de todos os seus atos.
E é exatamente a colocação destas verdades da parte do Senhor a Josué, que nós encontramos neste primeiro capítulo até o nono versículo.
No final do livro de Deuteronômio nós vimos que o povo se encontrava acampado nas campinas de Moabe, na Transjordânia, e que Moisés morreu no monte Nebo, que ficava situado naquela região.
E agora, talvez logo depois do luto de trinta dias que os israelitas guardaram pela sua morte, é ordenado pelo Senhor a Josué que atravessasse o rio Jordão (v. 2), e esta ordem, em si mesma, era um desafio à fé de Josué, porque não havia como atravessar o Jordão, pelo menos não naquela época, conforme se descreve em Js 3.15, quando eles atravessaram o rio: “e quando os que levavam a arca chegaram ao Jordão, e os seus pés mergulharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava todas as suas ribanceiras durante todos os dias da sega),”.
Não restava pois a Josué a alternativa de crer que Deus proveria para eles um modo de atravessar o rio, assim como havia feito nos dias de Moisés, para atravessarem o Mar Vermelho.
Eles poderiam ter passado para o outro lado do Jordão, contornando o Mar Morto ao Sul, mas teriam que empreender uma grande viagem, e retornando para o local de onde haviam partido.
Todavia, a ordem de Deus indicava que eles deveriam seguir adiante e vencer, com o Seu auxílio, os obstáculos que estavam diante deles, de modo que isto serviria para fortalecer a sua fé no Senhor, especialmente quanto a que estaria com eles nas batalhas que teriam que empreender em Canaã.
Nos versos 2 e 3 Deus fala a Josué da terra que deu aos filhos de Israel, e que lhes daria todo lugar que pisasse a planta dos pés deles.
Deus dá porque é a Ele que pertencem todas as coisas.
Deus dá bens, saúde, alegria, paz, enfim, todas as coisas boas, sejam elas materiais ou espirituais.
Ninguém entraria na posse de cousa alguma se não lhe fosse concedida ou permitida a posse por Deus.
É neste sentido que Ele disse ao primeiro casal que lhes estava dando o governo sobre todos os seres da terra.
É muito fácil esquecermos que até mesmo o ar que respiramos nos foi dado por Deus, assim como a capacidade de respiração, e deveríamos ser-lhes gratos por isto e por tudo o mais.
Os males que deixamos de receber porque Ele nos concedeu livramento pela Sua bondade e misericórdia, deveria ser motivo para uma permanente gratidão e adoração.
O homem racionalista excluiu Deus daquilo que chama de mundo material e natural, na criação, como que se Deus não se ocupasse em cuidar e governar tudo aquilo que criou.
Muitos destes vêm a se converter depois, e por isso o Senhor se ri do endurecimento deles, não por forma de escarnecimento, mas de compaixão por sua cegueira, endurecimento e ignorância, que perdurariam caso não tivesse misericórdia de se lhes revelar, pelo Espírito.
Até mesmo sobre os pássaros do céu Ele mantém permanente vigilância, não permitindo que nenhum deles caia sem a Sua permissão.
Até mesmo os cabelos das nossas cabeças estão contados, e Jesus disse isto para revelar o cuidado minucioso que Deus tem relativamente à sua criação.
A posse de Canaã foi dada aos israelitas por promessa de Deus aos patriarcas, e assim, Ele mesmo se empenharia em lhes dar o que havia prometido (v.2 a 6).
É um grande erro tomar as promessas feitas nestes versículos a Josué como sendo aplicáveis particularmente a ele.
Muito se tem pregado sobre estes versículos do primeiro capítulo de Josué como exemplo de uma vida particular bem sucedida.
E as pessoas são encorajadas a serem como Josué, simplesmente para obterem as mesmas bênçãos que ele recebeu, como por exemplo: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a Moisés.” (v.3).
Veja que aqui a promessa seria cumprida conforme foi dito a Moisés, isto é, a posse da terra de Canaã, nos limites que foram determinados por Deus, e que estão descritos no verso 4.
Deus não lhes dera o mundo todo.
E não temos portanto, diante de nós, nenhuma promessa para alguém em particular, ou mesmo grupo de pessoas, que aleguem que pela fé em Deus, todo o lugar em que pisarem, passa a ser do domínio delas.
Veja que a promessa do verso 3 é específica e se referia à ocupação de Canaã pelos israelitas.
Aquilo que Deus tiver designado como nossa possessão, é nosso de fato, por direito divino, mas veja bem: aquilo que Deus tiver designado, e não aquilo que nós tivermos simplesmente desejado.
Isto se aplica inclusive a áreas de abrangência ministerial, pois até mesmo para os Seus ministros, Deus tem delimitado as áreas de atuação dos respectivos ministérios.
Paulo tinha um pleno conhecimento desta verdade e faz referência a ela em suas epístolas, como vemos por exemplo em Rm 15.20: “deste modo esforçando-me por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio;”.
E ainda, quando Deus está falando com Josué, quanto às promessas  e encorajamentos que lhe fizera, nos versos 5 a 9, o que estava em vista não era primariamente, o sucesso pessoal de Josué na vida, senão o que seria necessário para que fosse cumprida a Sua vontade em relação ao que havia determinado fazer em Israel.
Conseqüentemente, ninguém poderia resistir a Josué todos os dias da sua vida (v. 5a), porque o Senhor confirmaria a Sua liderança, não somente entre os opositores que se levantassem dentre os próprios israelitas, como venceria através dele todas as nações inimigas de Canaã.
Deus prometeu que nunca lhe deixaria e  desampararia, tal como agira em relação a Moisés (v. 5b). E não podemos olhar para esta promessa fora do seu contexto de aplicação, porque isto seria uma condição necessária para que Josué pudesse cumprir a missão gigantesca da qual estava sendo incumbido por Deus.
A parte dele seria portanto, esforçar-se e ter bom ânimo em meio a todas as grandes dificuldades com que se depararia, porque o propósito de Deus não poderia ser frustrado de modo algum.
Josué e todo o povo de Israel veriam a poderosa mão de Deus lutando a seu favor e realizando milagres tremendos para que pudessem entrar na posse da terra prometida, mas teriam que permanecer debaixo das ordens do Senhor, especialmente observando e cumprindo os Seus mandamentos que lhes havia dado através de Moisés (v. 6, 7, 9).
Daí ter sido ordenado a Josué que não deixasse de ensinar a Lei ao povo, e nem de meditar no livro da Lei dia e noite, para que tivesse o cuidado diligente de dirigir os israelitas seguindo estritamente tudo o que era ordenado a Israel na Palavra de Deus dada a Moisés.
Então, não seria apenas Josué que seria bem sucedido nas suas realizações, mas toda a nação israelita, porque o sucesso de Josué seria medido pelo sucesso de Israel em cumprir o que foi ordenado pelo Senhor.
Portanto, a promessa de ser bem sucedido por onde quer que andasse (v. 7b), porque Deus seria com ele em sua caminhada (v. 9), era uma promessa, cujo cumprimento estava associado à obediência da nação aos Seus mandamentos, e ela se dirigia particularmente às muitas jornadas e campanhas de guerra, que os israelitas teriam em Canaã, até conquistarem a terra por completo.                  
Precisamos da presença de Deus, não somente quando estamos começando o nosso trabalho, mas também quando este está progredindo, para ter uma ajuda ininterrupta.
Muitos fracassam no ministério porque buscaram a ajuda de Deus somente para ingressarem nele, e não fizeram como Paulo, que sempre pedia oração à Igreja, e orava muito, para que nunca ficasse privado da presença poderosa e abençoadora do Senhor, que faz a Sua obra através dos Seus ministros.
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Se Ele vai conosco, quem poderá nos resistir? Se a obra que fazemos não é propriamente nossa, mas dEle, quem poderá impedi-la?
Nos versos 1 a 9, lemos as palavras que foram ditas por Deus a Josué, e dos versos 10 a 15, as que foram ditas por Josué aos oficiais de Israel, e especialmente aos rubenitas, gaditas e manassitas, que haviam ocupado a Transjordânia nos dias de Moisés, e dos versos 16 a 18 as palavras que os israelitas disseram a Josué.
Vejamos então agora o que Josué disse aos israelitas depois de ter ouvido o Senhor ter lhe falado o que está contido nos versos 1 a 9.
Josué falou aos oficiais do povo, isto é, aos seus supervisores, que haviam sido constituídos sobre eles desde os dias de Moisés.
Deus sempre levantou e continuará levantando supervisores para a Sua obra, especialmente para o encargo de guiar o Seu povo (I Tim 3.1).
Portanto não é bíblica a idéia de que todos são livres na Igreja para fazerem o que seja da sua própria vontade, sem estarem em submissão a um governo eclesiástico formalmente constituído por Deus.
Ainda que os oficiais sejam levantados, como já dissemos, para servirem à Igreja, e pelo reconhecimento da própria Igreja da Sua chamada por Deus, elegendo-os e empossando-os em seus cargos, no entanto eles são servos num sentido elevado por causa da chamada divina.
A excelência e suficiência dos oficiais não é propriamente deles, porque são vasos de barro, mas é no entanto, uma excelência e suficiência elevadamente superior à do homem e proveniente da própria autoridade e poder do homem, porque ela tem a sua origem em Deus.
Pastores são servos da Igreja e não empregados dos homens.
Eles prestam um serviço em humildade, mas não para serem humilhados por aqueles aos quais estão servindo.
Vejam isto no exemplo de Jesus. Ele diz que veio servir e não ser servido, e no entanto lembrou aos apóstolos que Ele era o Mestre e Senhor deles. Isto não Lhe impediu de lavar os pés deles, mas jamais tiveram a insensatez de que Ele estava abaixo deles, pelo que lhes fizera.
Deste modo, os oficiais estavam sujeitos a Josué (v. 10), assim como o povo estava sujeito aos oficiais e ao próprio Josué (v. 11).
Por conseguinte, a palavra de Josué aos oficiais, quanto à ordem que recebera de Deus não foi: “consultai ao povo se eles desejam fazer o que Deus mandou”, mas, “ordenai ao povo” (v. 11) que se provessem de mantimentos porque dentro de três dias  atravessariam o Jordão, para tomarem posse da terra que Deus lhes havia dado por herança.
E nesta ocasião, os guerreiros rubenitas, gaditas e manassitas foram lembrados do seu dever de seguirem com as demais tribos para lutarem em Canaã, deixando na Transjordânia suas mulheres, filhos e gado, e até que Canaã fosse totalmente conquistada, não poderiam retornar para as suas casas (v. 12-15).        
A tarefa de conduzir o povo de Deus é muito mais difícil e delicada do que a de dirigir qualquer empresa terrena, porque um empresário escolhe por processo seletivo as pessoas com as quais deseja trabalhar e pode dispensá-las segundo a sua própria conveniência; mas os ministros de Deus têm que trabalhar com as pessoas que lhes foram dadas por Deus, e terão que se empenharem muito para mantê-las firmes na fé e em unidade no meio do povo do Senhor.
E o que poderiam fazer os ministros quanto ao rebanho que está sob a respectiva supervisão, se não tivessem os oficiais que são também levantados por Deus para auxiliá-los no cumprimento do seu ministério?
É preciso ter este reconhecimento, a saber, do quão valiosos são estes oficiais, para que o rebanho do Senhor possa ser apascentado de modo adequado.
E a Igreja deve ser ensinada a honrá-los e a lhes obedecer, para que as promessas e bênçãos de Deus possam ser derramadas sobre todo o corpo de fiéis.
Assim, por terem aprendido especialmente pelo exemplo do que sucedera há quarenta anos atrás com os seus pais, que pela sua incredulidade haviam morrido no deserto e deixaram de entrar em Canaã, porque o Senhor já não era com eles, esta nova geração de israelitas sabia muito bem que a bênção de Deus está condicionada à obediência à Sua vontade e Palavra, e por isso, os oficiais de Israel deram como resposta às palavras de Josué, o seguinte:
“Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e aonde quer que nos enviares iremos. Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti; tão-somente seja o Senhor teu Deus contigo, como foi com Moisés. Quem quer que se rebelar contra as tuas ordens, e não ouvir as tuas palavras em tudo quanto lhe mandares, será morto. Tão-somente esforça-te, e tem bom ânimo.” (v. 16 a 18).
Veja que condicionaram a sua obediência irrestrita a Josué à comunhão de Josué com Deus, ou seja, na medida em que vissem que a liderança de Josué era em conformidade com a vontade do Senhor, obedeceriam tudo o que lhes fosse ordenado.
De igual modo a liderança dos ministros na Igreja de Cristo é confirmada e atendida pelo próprio povo que dirigem, na medida que é observado que fazem um trabalho segundo a Palavra e vontade do Senhor.        
Jesus é o capitão da nossa salvação e nós temos que estar unidos a Ele e fazer tudo o que nos tem ordenado em Sua Palavra, e ir aonde quer que Ele nos envie, pela Sua vontade.



Josué 2

“1 De Sitim Josué, filho de Num, enviou secretamente dois homens como espias, dizendo-lhes: Ide reconhecer a terra, particularmente a Jericó. Foram pois, e entraram na casa duma prostituta, que se chamava Raabe, e pousaram ali.
2 Então deu-se notícia ao rei de Jericó, dizendo: Eis que esta noite vieram aqui uns homens dos filhos de Israel, para espiar a terra.
3 Pelo que o rei de Jericó mandou dizer a Raabe: Faze sair os homens que vieram a ti e entraram na tua casa, porque vieram espiar toda a terra.
4 Mas aquela mulher, tomando os dois homens, os escondeu, e disse: é verdade que os homens vieram a mim, porém eu não sabia donde eram;
5 e aconteceu que, havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, aqueles homens saíram. Não sei para onde foram; ide após eles depressa, porque os alcançareis.
6 Ela, porém, os tinha feito subir ao eirado, e os tinha escondido entre as canas do linho que pusera em ordem sobre o eirado.
7 Assim foram esses homens após eles pelo caminho do Jordão, até os vaus; e, logo que saíram, fechou-se a porta.
8 E, antes que os espias se deitassem, ela subiu ao eirado a ter com eles,
9 e disse-lhes: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra se derretem diante de vós.
10 Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saístes do Egito, e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Siom e Ogue, que estavam além de Jordão, os quais destruístes totalmente.
11 Quando ouvimos isso, derreteram-se os nossos corações, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e embaixo na terra.
12 Agora pois, peço-vos, jurai-me pelo Senhor que, como usei de bondade para convosco, vós também usareis de bondade para com a casa e meu pai; e dai-me um sinal seguro
13 de que conservareis em vida meu pai e minha mãe, como também meus irmãos e minhas irmãs, com todos os que lhes pertencem, e de que livrareis da morte as nossas vidas.
14 Então eles lhe responderam: A nossa vida responderá pela vossa, se não denunciardes este nosso negócio; e, quando o Senhor nos entregar esta terra, usaremos para contigo de bondade e de fidelidade.
15 Ela então os fez descer por uma corda pela janela, porquanto a sua casa estava sobre o muro da cidade, de sorte que morava sobre o muro;
16 e disse-lhes: Ide-vos ao monte, para que não vos encontrem os perseguidores, e escondei-vos lá três dias, até que eles voltem; depois podereis tomar o vosso caminho.
17 Disseram-lhe os homens: Nós seremos inocentes no tocante a este juramento que nos fizeste jurar.
18 Eis que, quando nós entrarmos na terra, atarás este cordão de fio de escarlata à janela pela qual nos fizeste descer; e recolherás em casa contigo teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a família de teu pai.
19 Qualquer que sair fora das portas da tua casa, o seu sangue cairá sobre a sua cabeça, e nós seremos inocentes; mas qualquer que estiver contigo em casa, o seu sangue cairá sobre a nossa cabeça se nele se puser mão.
20 Se, porém, tu denunciares este nosso negócio, seremos desobrigados do juramento que nos fizeste jurar.
21 Ao que ela disse: Conforme as vossas palavras, assim seja. Então os despediu, e eles se foram; e ela atou o cordão de escarlata à janela.
22 Foram-se, pois, e chegaram ao monte, onde ficaram três dias, até que voltaram os perseguidores; pois estes os buscaram por todo o caminho, porém, não os acharam.
23 Então os dois homens, tornando a descer do monte, passaram o rio, chegaram a Josué, filho de Num, e lhe contaram tudo quanto lhes acontecera.
24 E disseram a Josué: Certamente o Senhor nos tem entregue nas mãos toda esta terra, pois todos os moradores se derretem diante de nós.” (Js 2.1-24).

Neste capítulo nós temos a narrativa dos espias que foram designados para trazer um relatório a Josué sobre a cidade de Jericó. É destacado o modo como Josué os enviou; como Raabe os recebeu e protegeu, e como relatou a eles o pânico que estava sobre os habitantes de Jericó, por causa de Israel; e o pedido que lhes fez para a sua segurança e de seus familiares.
Consta também neste capítulo o retorno seguro dos espias e o relatório que fizeram a Josué das coisas que viram e ouviram.
A fé nas promessas de Deus não deve substituir, mas encorajar nossa diligência no uso dos meios apropriados para a sua realização, assim como Noé se esforçou para construir a arca; como Isaque orou para que Rebeca engravidasse, e em tantos outros exemplos que encontramos na Bíblia.
E aqui também nós vemos Josué enviando os espias a Jericó, certamente por inspiração divina, não propriamente para estabelecer o plano de guerra contra aquela cidade, pois este, como veremos adiante, foi-lhe dado pelo próprio Senhor, que lhe apareceu numa teofania como o capitão do exército de Deus.
Os espias não foram enviados portanto, para avaliar se valeria ou não a pena atacar a cidade, pois atacá-la já era uma questão decidida e determinada pelo próprio Deus, que ordenou que atravessassem o Jordão, para iniciarem a conquista de Canaã.
Os espias não estavam somente a serviço de Josué e de Israel, mas do  próprio Deus, que tomou providências para guardá-los em sua missão, enviando-lhes à casa de Raabe, pois sabia que ela os preservaria com o risco da própria vida, por temê-lO, e saber que aqueles que se convertessem a Deus, estariam verdadeiramente abrigados do mal e em perfeita segurança.
O envio daqueles espias faria com que, pela providência divina, Raabe e os seus fossem poupados da destruição total de Jericó.
O Senhor é benigno e sabe livrar o justo no dia do juízo. E caso aqueles espias não tivessem ido a Jericó, como se saberia que havia uma mulher de fé entre todas aquelas pessoas ímpias? Mas Deus tudo sabe e vê, e não permitirá que o justo seja condenado juntamente com o ímpio, e esta foi uma das razões dos espias terem sido enviados a Jericó.
Por que os espias foram ter justamente com uma ex-prostituta em Jericó? Certamente Deus os conduziu para lá para livrar esta mulher de fé e os seus, da destruição que  traria sobre Jericó. Ele sabe livrar o piedoso da provação, e reservar para o castigo os injustos, do dia do juízo, como diz Pedro em II Pe 2.9.
Ao fazer a afirmação do verso 9, dizendo que tinha certeza que Deus havia dado a terra de Canaã aos israelitas, onde Raabe alcançou esta certeza senão na fé que lhe fora dada pelo Senhor?
E Raabe demonstrou o seu conhecimento pessoal do Senhor na confissão de fé que encontramos no verso 11: “o Senhor vosso Deus é Deus em cima no céu e embaixo na terra.”.
E assim, o Espírito Santo, através do autor de Hebreus deu testemunho da fé salvífica que habitava em Raabe, pelo fato de ter acolhido e escondido os dois espias de Israel, que vieram ter com ela, pois com isso demonstrou que sabia e confiava, pela fé, que o Senhor haveria de cumprir cabalmente a promessa que fizera aos israelitas de lhes dar a terra de Canaã, e que isto seria feito, a par de todo o poderio militar das nações que habitavam naquela terra.
Os olhos espirituais de Raabe foram abertos para que pudesse enxergar a mão poderosa do Senhor, nos milagres que realizara no Egito, e na destruição dos dois reis amorreus.
Assim, a evidência da sua fé, conforme se destaca em Hb 11.31, que acolheu em paz os espias, não consistiu no ato isolado de simplesmente tê-los acolhido, mas em tudo o que se evidenciou da fé que nela havia, através daquela acolhida.
Nós temos então aqui uma segunda razão para o envio dos espias a Jericó: a fé de Raabe e o testemunho que ela dera acerca do temor dos israelitas, que havia sobrevindo aos moradores de Canaã, em muito os encorajaria às batalhas que teriam que empreender.
As canas de linho que Raabe havia disposto em ordem no eirado, para que secassem e pudesse trabalhar com elas em tecelagem, bem evidenciam o caráter de uma mulher virtuosa, como a citada em Pv 31 (v. 13), que havia se convertido da sua prostituição, em face do conhecimento que tivera dos feitos de Deus, tendo o Senhor tido misericórdia e se manifestado a ela.
Quando ainda mantinha os espias escondidos no eirado de sua casa, Raabe teve que usar do expediente de mentir àqueles que lhe foram enviados pelo rei de Jericó, para não colocar em risco a sua própria vida, dos de sua casa e dos espias (v. 4,5).
Ela habilmente admitiu que os espias haviam de fato vindo a ela, pois se o tivesse negado, estaria contradizendo aqueles que os haviam visto em sua casa e que haviam notificado o fato ao rei (v.2), e isto ensejaria no mínimo uma confrontação dela com os seus delatores, que acabaria conduzindo a um avanço na investigação e a uma provável revista minuciosa da sua casa, que acabaria levando à descoberta dos espias.
Mas ela foi bastante convincente ao dizer a verdade que eles tinham vindo ter com ela. E assim, também deram crédito à mentira de que os espias haviam ido embora sem que ela soubesse de onde eram e para onde haviam ido (v. 4,5).        
Como a sua casa ficava em cima do muro da cidade de Jericó, ela os fez descer por uma corda para o lado de fora da cidade e lhes orientou que se escondessem no monte por três dias, até que os seus perseguidores desistissem de procurá-los (v. 15,16, 22, 23).
A fúria com que o rei de Jericó mandou empreender a caça aos espias israelitas demonstra o quanto eles não estavam dispostos a se renderem e nem a tratarem de negociações de paz, e por isso a única conclusão a que os israelitas poderiam chegar foi a citada no verso 24 de que certamente o Senhor lhes havia dado toda aquela terra nas suas mãos, e não tinham nada que fazer senão tomar posse do que lhes fora dado por Deus.
Nós vemos nisto uma estratégia de contra-informação usada em guerras, que foi bem sucedida, da parte de Raabe, para confundir o inimigo, tal como haviam agido as duas parteiras, que se negaram a matar os recém-nascidos israelitas do sexo masculino, a mando de faraó, porque temeram antes a Deus do que os homens, e que também enganaram faraó com a mentira delas.
E o que se aprende disto? Que a mentira é aprovada por Deus? Que se deve fazer disso uma regra? De modo nenhum! Pois estamos diante de duas situações excepcionais em que o uso de informações que não correspondiam à realidade dos fatos impediu que os inimigos de Deus triunfassem em seus projetos malignos dirigidos contra o Seu povo.
Não se pode portanto, a partir de situações excepcionais criar regras gerais contra a verdade revelada de que convém a todo o crente dizer somente a verdade. Não se deve sequer pensar como regra em que exista algo como mentira “branca” ou que há fins que justifiquem meios falsos e enganosos.
Davi se fingiu de louco para escapar do rei filisteu. Obadias escondeu profetas de Deus das vistas de Jesabel, estando a serviço dela em sua própria casa.
O relato de Raabe de que todos em Jericó estavam apavorados por causa do que Deus fizera aos egípcios no Mar Vermelho e aos dois reis amorreus, Ogue e Seom, em muito animou os israelitas à batalha (v.24), quando os espias relataram tal informação a Josué.
Deus é quem pode manter a alma em paz, ou em desassossego e terror (Dt 12.25). Por isso os de Jericó estavam aterrorizados.


Josué 3

“1 Levantou-se, pois, Josué de madrugada e, partindo de Sitim ele e todos os filhos de Israel, vieram ao Jordão; e pousaram ali, antes de atravessá-lo.
2 E sucedeu, ao fim de três dias, que os oficiais passaram pelo meio do arraial,
3 e ordenaram ao povo, dizendo: Quando virdes a arca da pacto do Senhor vosso Deus sendo levada pelos levitas sacerdotes, partireis vós também do vosso lugar, e a seguireis
4 (haja, contudo, entre vós e ela, uma distância de dois mil côvados, e não vos chegueis a ela), para que saibais o caminho pelo qual haveis de ir, porquanto por este caminho nunca dantes passastes.
5 Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós.
6 E falou Josué aos sacerdotes, dizendo: Levantai a arca do pacto, e passai adiante do povo. Levantaram, pois, a arca do pacto, e foram andando adiante do povo.
7 Então disse o Senhor a Josué: Hoje começarei a engrandecer-te perante os olhos de todo o Israel, para que saibam que, assim como fui com Moisés, serei contigo.
8 Tu, pois, ordenarás aos sacerdotes que levam a arca do pacto, dizendo: Quando chegardes à beira das águas de Jordão, aí parareis.
9 Disse então Josué aos filhos de Israel: Aproximai-vos, e ouvi as palavras do Senhor vosso Deus.
10 E acrescentou: Nisto conhecereis que o Deus vivo está no meio de vós, e que certamente expulsará de diante de vós os cananeus, os heteus, os heveus, os perizeus, os girgaseus, os amorreus e os jebuseus.
11 Eis que a arca do pacto do Senhor de toda a terra passará adiante de vós para o meio do Jordão.
12 Tomai, pois, agora doze homens das tribos de Israel, de cada tribo um homem;
13 porque assim que as plantas dos pés dos sacerdotes que levam a arca do Senhor, o Senhor de toda a terra, pousarem nas águas do Jordão, estas serão cortadas, isto é, as águas que vêm de cima, e, amontoadas, pararão.
14 Quando, pois, o povo partiu das suas tendas para atravessar o Jordão, levando os sacerdotes a arca do pacto adiante do povo,
15 e quando os que levavam a arca chegaram ao Jordão, e os seus pés se mergulharam na beira das águas (porque o Jordão transbordava todas as suas ribanceiras durante todos os dias da sega),
16 as águas que vinham de cima, parando, levantaram-se num montão, mui longe, à altura de Adã, cidade que está junto a Zaretã; e as que desciam ao mar da Arabá, que é o Mar Salgado, foram de todo cortadas. Então o povo passou bem em frente de Jericó.
17 Os sacerdotes que levavam a arca do pacto do Senhor pararam firmes em seco no meio do Jordão, e todo o Israel foi passando a pé enxuto, até que todo o povo acabou de passar o Jordão.” (Js 3.1-17).

Antes de atravessar o Jordão o povo de Israel estava acampado em Sitim (v. 1), e no verso 19 do capítulo seguinte (quarto) nós vemos que, depois de atravessarem o Jordão, os israelitas se acamparam em Gilgal, de onde partiriam para lutar contra Jericó.
Quando eles saíram de Sitim e chegaram ao rio Jordão, não lhes foi dito como fariam para atravessar o rio, contudo nós vemos que depois de o Senhor ter falado com Josué, como vimos no início do primeiro capítulo, Josué deu ordens para que o povo se preparasse porque dentro de três dias atravessariam o Jordão (1.11).
Esta caminhada em direção ao Jordão, para que fosse atravessado no prazo de três dias, seria uma caminhada de fé, porque conforme se descreve no verso 15, o rio transbordava em todas as suas ribanceiras naqueles dias.
Esta vida está repleta de Jordões que devemos atravessar, representados nos problemas que temos que ultrapassar, mas não devemos ficar desanimados porque Deus nos ordena a ter ânimo nas aflições, porque Ele mesmo será a nossa ajuda e proverá os meios necessários para que possamos prosseguir na nossa jornada, rumo à conquista definitiva da Canaã celestial.
Tão somente devemos nos esforçar tal como Deus ordenou a Josué, o qual acordava de madrugada (3.1; 6.12; 7.16; 8.10) para estimular e preparar o povo, para cumprir as ordenanças do Senhor.
Aqueles que têm grandes coisas para realizar devem acordar cedo.
Não devem amar o sono, e devem imitar Josué, que dava um bom exemplo para os seus oficiais.
Nesta ocasião específica, em vez de ir no meio das tribos, conforme se vê no livro de Números, a arca iria à sua frente, e foi determinado por Deus que houvesse uma distância de cerca de um quilômetro, entre os sacerdotes que a conduziriam, e o povo.
A arca continha as tábuas com os dez mandamentos.
As pessoas devem seguir a arca, de modo que onde estejam as ordenações de Deus nós devemos estar, e segui-las de forma temente e reverente.
Nós devemos seguir os nossos ministros, que nos trazem a Palavra, assim como eles seguem a Cristo (Hb 13.7).
Então havia esta figura para a Igreja no ato de a arca estar sendo conduzida pelos sacerdotes adiante do povo.
Naquela dispensação da Antiga Aliança, com vista a criar a devida reverência e temor no povo, se determinava que houvesse tal distância entre o povo e arca, que simbolizava a presença de Deus, de modo que a familiaridade poderia criar desprezo.
Por isso não poderiam se achegar ao símbolo da presença divina, naquela dispensação de sombras, condenação e terror, mas nós temos agora na Nova Aliança, livre acesso por meio de Cristo, e não precisamos, na condição de povo da Nova Aliança, ter uma tal recomendação de afastamento, porque jamais abusaríamos da santa presença do Senhor, porque o Espírito Santo tem sido derramado no coração de todos aqueles que estão aliançados com Cristo, de modo que o temor de Deus habita nos nossos corações.
A presença do Senhor é digna de toda consideração, temor, reverência  e respeito, e todos os verdadeiros crentes são instruídos acerca disto pelo Espírito Santo, que os regenerou, transformando-os em novas criaturas, mas naquela dispensação antiga, nem todos tinham o verdadeiro conhecimento de Deus, e então se fazia necessário se tomar providências como esta, para que o povo não ultrapassasse os limites, que não são permitidos a nenhum crente ultrapassar.    
Assim como nos dias de Moisés, que foi ordenado ao povo que se santificasse, para receber os dez mandamentos ao pé do monte Sinai, de igual modo, foi ordenado aos israelitas naquela ocasião, por Josué, para que se santificassem, porque o Senhor faria maravilhas no meio deles (v.5).
Veja que preparação temos que fazer para receber as revelações e comunicações da glória e da graça de Deus, quando está a ponto de fazer maravilhas no meio de nós.
Temos que nos separar de todos os demais cuidados e nos dedicar a honrá-lo, e nos purificarmos de toda imundície da carne e do espírito.
Deus declarou a Josué que começaria a engrandecê-lo perante os israelitas, para que  o respeitassem e soubessem que assim como Ele havia sido com Moisés também seria com Josué (v.7).
É Deus quem engrandece a quem quer, e quando quer, e sempre para um propósito necessário e proveitoso, assim como fizera com Josué, depois da morte de Moisés, fazendo com que as águas do Jordão fossem cortadas, para que o povo passasse a pé enxuto.
Isto demonstra o quão impróprio foi o pedido a mãe de Tiago e João, havia feito a Jesus.
Deus havia prometido a Josué que seria com ele (1.5), e isso o confortou, mas agora todo o Israel veria que o Senhor estava honrando Josué, e confirmando a sua liderança sobre todo o povo, para que os israelitas honrassem a Josué por virem que Deus era com ele.
De igual modo, os ministros piedosos devem ser altamente honrados e estimados, porque, quanto mais nós vemos que Deus é com eles, mais nós devemos honrá-los, porque com isto estaremos honrando o próprio Deus, que foi quem colocou tal honra neles.
É a presença do Senhor entre o Seu povo que faz toda a diferença, e quem de fato o dirige.
A Josué foi dito que seguiriam por um caminho pelo qual nunca haviam passado dantes (v.4).
Isto é uma grande verdade para todos os crentes neste mundo, porque devem esperar e estar preparados para passarem por eventos incomuns, passar por situações que nunca haviam experimentado dantes, mas ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, desde que tenhamos a garantia da presença do Senhor conosco, não precisamos temer mal algum, porque nos dará a força necessária de um modo também que nunca tivemos antes, para fazer aquilo que for necessário.
  Sendo uma nação teocrática, na Antiga Aliança, os sacerdotes estavam debaixo da autoridade dos governantes de Israel, sendo estes Moisés, Josué, e depois deste os juízes, e posteriormente os reis.
Mas era vedado a tais governantes realizarem as funções exclusivas dos sacerdotes, conforme prescritas na lei, mas  deveriam cumprir as ordenações de Deus determinadas àqueles que tivessem sob o seu cuidado o governo de toda a nação.
E aqui nós vemos Josué ordenando aos sacerdotes que levassem a arca até à beira do Jordão, conforme mandado que havia recebido do Senhor (v.8).
Assim que os pés dos sacerdotes tocaram na margem do rio, o fluxo parou imediatamente, como que se uma represa invisível tivesse sido levantada impedindo as águas de prosseguirem o seu curso.
E elas se amontoaram ao norte do rio até que os israelitas passassem, enquanto os sacerdotes permaneciam no meio do leito do rio com a arca, até que todos tivessem passado.

Este evento serviria para aumentar ainda mais o pavor dos habitantes de Jericó (5.1; 6.1), de modo que eles sitiaram a si mesmos naquela cidade fortificada, pensando que estariam bem protegidos pelos seus muros gigantescos.


Josué 4

“1 Quando todo o povo acabara de passar o Jordão, falou o Senhor a Josué, dizendo:
2 Tomai dentre o povo doze homens, de cada tribo um homem;
3 e mandai-lhes, dizendo: Tirai daqui, do meio do Jordão, do lugar em que estiveram parados os pés dos sacerdotes, doze pedras, levai-as convosco para a outra banda e depositai-as no lugar em que haveis de passar esta noite.
4 Chamou, pois, Josué os doze homens que escolhera dos filhos de Israel, de cada tribo um homem;
5 e disse-lhes: Passai adiante da arca do Senhor vosso Deus, ao meio do Jordão, e cada um levante uma pedra sobre o ombro, segundo o número das tribos dos filhos de Israel;
6 para que isto seja por sinal entre vós; e quando vossos filhos no futuro perguntarem: Que significam estas pedras?
7 direis a eles que as águas do Jordão foram cortadas diante da arca do pacto de Senhor; quando ela passou pelo Jordão, as águas foram cortadas; e estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel.
8 Fizeram, pois, os filhos de Israel assim como Josué tinha ordenado, e levantaram doze pedras do meio do Jordão como o Senhor dissera a Josué, segundo o número das tribos dos filhos de Israel; e levaram-nas consigo ao lugar em que pousaram, e as depositaram ali.
9 Amontoou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar em que pararam os pés dos sacerdotes que levavam a arca do pacto; e ali estão até o dia de hoje.
10 Pois os sacerdotes que levavam a arca pararam no meio do Jordão, até que se cumpriu tudo quanto o Senhor mandara Josué dizer ao povo, conforme tudo o que Moisés tinha ordenado a Josué. E o povo apressou-se, e passou.
11 Assim que todo o povo acabara de passar, então passaram a arca do Senhor e os sacerdotes, à vista do povo.
12 E passaram os filhos de Rúben e os filhos de Gade, e a meia tribo de Manassés, armados, adiante dos filhos de Israel, como Moisés lhes tinha dito;
13 uns quarenta mil homens em pé de guerra passaram diante do Senhor para a batalha, às planícies de Jericó.
14 Naquele dia e Senhor engrandeceu a Josué aos olhos de todo o Israel; e temiam-no, como haviam temido a Moisés, por todos os dias da sua vida.
15 Depois falou o Senhor a Josué, dizendo:
16 Dá ordem aos sacerdotes que levam a arca do testemunho, que subam do Jordão.
17 Pelo que Josué deu ordem aos sacerdotes, dizendo: Subi do Jordão.
18 E aconteceu que, quando os sacerdotes que levavam a arca do pacto do Senhor subiram do meio do Jordão, e as plantas dos seus pés se puseram em terra seca, as águas do Jordão voltaram ao seu lugar, e trasbordavam todas as suas ribanceiras, como dantes.
19 O povo, pois, subiu do Jordão no dia dez do primeiro mês, e acampou-se em Gilgal, ao oriente de Jericó.
20 E as doze pedras, que tinham tirado do Jordão, levantou-as Josué em Gilgal;
21 e falou aos filhos de Israel, dizendo: Quando no futuro vossos filhos perguntarem a seus pais: Que significam estas pedras?
22 fareis saber a vossos filhos, dizendo: Israel passou a pé enxuto este Jordão.
23 Porque o Senhor vosso Deus fez secar as águas do Jordão diante de vós, até que passásseis, assim como fizera ao Mar Vermelho, ao qual fez secar perante nós, até que passássemos;
24 para que todos os povos da terra conheçam que a mão do Senhor é forte; a fim de que vós também temais ao Senhor vosso Deus para sempre.” (Js 4.1-24).

Nós continuamos vendo neste capítulo Josué debaixo dos comandos de Deus, tal como estivera Moisés, porque o Senhor lhe ordenou que doze homens, um de cada tribo de Israel carregassem doze pedras, para com elas erigir um memorial no lugar em que Israel acampasse, para que as gerações futuras tivessem sempre em memória que Deus havia aberto o Jordão para que o seu povo passasse a pé enxuto, e para o mesmo propósito também ordenou a Josué que fossem colocadas outras doze pedras no lugar onde os sacerdotes haviam ficado parados com a arca no meio do Jordão.
Cabe destacar que até mesmo o momento da saída da arca com os sacerdotes do meio do leito do rio foi ordenado pelo Senhor.
Seria natural de se esperar que o fizessem por sua própria conta, assim que a última pessoa do povo passasse para o outro lado, mas não, eles tiveram que esperar a ordem de Deus quanto ao momento de fazê-lo, e foi somente depois que a ordem foi expedida que as águas do rio voltaram a correr no seu curso normal.
Isto indica em figura, de modo muito claro, que devemos continuar esperando em Deus e lhe obedecendo, mesmo depois dele ter resolvido os nossos problemas.
Especialmente os seus ministros que têm o santo encargo de pregarem a sua Palavra.
E cabe destacar ainda que a ordem expedida por Deus não foi dirigida diretamente aos sacerdotes, mas a Josué, que a transmitiu a eles.
Isto demonstra portanto, que ainda que os sacerdotes compusessem um ministério designado e honrado por Deus, deveriam no entanto, se submeter àquele que havia sido levantado para governar o povo, de modo que houvesse ordem na casa de Deus, pela estrita observância da cadeia de comando estabelecida pelo próprio Deus.
De igual modo, todos os ministérios existentes na Igreja devem estar subordinados àqueles que os presidem em o nome do Senhor.
E este memorial da misericórdia e do favor, cuidado e providência de Deus para com o seu povo eleito e aliançado com Ele, ilustra de modo muito claro que apesar de os crentes da Igreja de Cristo serem ainda pecadores e imperfeitos, tanto quanto eram os israelitas, estão debaixo da mesma misericórdia e do mesmo favor, cuidado e providência, por causa da sua eleição e aliança com Deus, e não por qualquer mérito deles.
Eles desfrutam de privilégios em relação a isto, não em razão da própria justiça, mas pela graça com que foram eleitos, antes da fundação do mundo, para serem filhos de Deus.
Aquelas doze pedras eram portanto muito mais do que um simples memorial dos grandes feitos do Senhor, pois testemunhavam a sua graça, misericórdia, e cuidado especial para com o seu povo, ainda que composto de pecadores.
Quanta ousadia de fé e constrangimento à gratidão, serviço, santidade e obediência a Deus não deveriam ser produzidos em todos os crentes, por estarem devidamente inteirados deste amor do Senhor por eles?
Tal como fora afirmado pelo apóstolo Paulo: “Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram;” (II Cor 5.14).
Na referência a Moisés, no verso 10, que os sacerdotes pararam no meio do Jordão até que se cumpriu tudo o que o Senhor mandara Josué dizer ao povo, conforme tudo o que Moisés havia ordenado a Josué, certamente estas ordens de Moisés se referiam ao fato de o povo atender ao mandado de Deus em serem obedientes a Josué, para a conquista de Canaã, e não à retirada das pedras do Jordão, para levantar um memorial, pois Moisés já havia morrido, não muito tempo antes, pois como é afirmado que os discursos de Deuteronômio foram proferidos a partir do primeiro dia, do décimo primeiro mês do quadragésimo ano (Dt 1.3); a travessia do Jordão ocorreu no décimo dia do primeiro mês (v. 19), certamente do quadragésimo primeiro ano, cerca de 40 dias após Moisés ter iniciado os discursos de Deuteronômio, que foram as suas últimas palavras para Israel, da parte de Deus, antes da sua morte.
Como Dt 34.8 nos dá conta que houve um luto de 30 dias pela morte de Moisés, então nós vemos que tão logo acabou o luto, foram expedidas ordens de Deus para que se iniciasse a conquista de Canaã.
     E para confirmar que de fato era uma referência ao cumprimento das ordens que haviam sido expedidas por Moisés antes da sua morte, nos é dito nos versos 12 e 13 que as duas tribos e meia (Rúben, Gade e Manassés), que haviam se apossado de territórios na Transjordânia, tinham marchado adiante das demais tribos, conforme havia sido ordenado por Moisés, de modo que somente retornassem às suas terras depois que lutassem em Canaã com as demais tribos.



Josué 5

“1 Quando, pois, todos os reis dos amorreus que estavam ao oeste do Jordão, e todos os reis dos cananeus que estavam ao lado do mar, ouviram que o Senhor tinha secado as águas do Jordão de diante dos filhos de Israel, até que passassem, derreteu-se-lhes o coração, e não houve mais ânimo neles, por causa dos filhos de Israel.
2 Naquele tempo disse o Senhor a Josué: Faze facas de pederneira, e circuncida segunda vez aos filhos de Israel.
3 Então Josué fez facas de pederneira, e circuncidou aos filhos de Israel em Gibeáte-Haaralote.
4 Esta é a razão por que Josué os circuncidou: todo o povo que tinha saído do Egito, os homens, todos os homens de guerra, já haviam morrido no deserto, pelo caminho, depois que saíram do Egito.
5 Todos estes que saíram estavam circuncidados, mas nenhum dos que nasceram no deserto, pelo caminho, depois de terem saído do Egito, havia sido circuncidado.
6 Pois quarenta anos andaram os filhos de Israel pelo deserto, até se acabar toda a nação, isto é, todos os homens de guerra que saíram do Egito, e isso porque não obedeceram à voz do Senhor; aos quais o Senhor tinha jurado que não lhes havia de deixar ver a terra que, com juramento, prometera a seus pais nos daria, terra que mana leite e mel.
7 Mas em lugar deles levantou seus filhos; a estes Josué circuncidou, porquanto estavam incircuncisos, porque não os haviam circuncidado pelo caminho.
8 E depois que foram todos circuncidados, permaneceram no seu lugar no arraial, até que sararam.
9 Disse então o Senhor a Josué: Hoje revolvi de sobre vós o opróbrio do Egito; pelo que se chama aquele lugar: Gilgal, até o dia de hoje.
10 Estando, pois, os filhos de Israel acampados em Gilgal, celebraram a páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas planícies de Jericó.
11 E, ao outro dia depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do produto da terra, pães ázimos e espigas tostadas.
12 E no dia depois de terem comido do produto da terra, cessou o maná, e os filhos de Israel não o tiveram mais; porém nesse ano comeram dos produtos da terra de Canaã.
13 Ora, estando Josué perto de Jericó, levantou os olhos, e olhou; e eis que estava em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua. Chegou-se Josué a ele, e perguntou-lhe: És tu por nós, ou pelos nossos adversários?
14 Respondeu ele: Não; mas venho agora como príncipe do exército do Senhor. Então Josué, prostrando-se com o rosto em terra, o adorou e perguntou-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo?
15 Então respondeu o príncipe do exército do Senhor a Josué: Tira os sapatos dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E Josué assim fez.” (Js 5.1-15).

Este capítulo relata basicamente a renovação do favor de Deus para os israelitas, com a retirada do opróbrio (anátema, infâmia, vergonha , desonra, ignomínia, mancha) que estava sobre o povo, em razão da incredulidade de trinta e oito anos atrás, em Cades Barnéia.
Deste modo, foi ordenado a Josué que todos os israelitas que tinham deixado de ser circuncidados naquele período de peregrinação no deserto, fossem agora circuncidados, quando entraram em Canaã, acampando-se no lugar que se chamou Gibeáte-Haaralote, que significa no hebraico “monte dos prepúcios”, e que passou a se chamar Gilgal exatamente em razão da remoção do opróbrio de sobre eles por parte do Senhor, pois Gilgal, no hebraico significa “lançar fora”, “rodar”, isto é, Deus fez com que a vergonha que estava sobre eles rodasse para bem longe.
O ato da circuncisão ficou associado à remoção do opróbrio, de modo que temos aqui uma forte ilustração relativa ao que é necessário para ter comunhão e intimidade com Deus, a saber, a circuncisão do prepúcio do coração, que simboliza a mortificação da carne, isto é, do pecado.
É uma operação dolorosa, mas necessária para que o opróbrio seja removido de sobre o povo de Deus, pois Ele é inteiramente santo, e exige santidade daqueles que dEle se aproximam.
Como Ele próprio afirma em Sua Palavra, sempre se santificará naqueles que se aproximarem dEle: “Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo.” (Lev 10.3).
Eles celebraram também a páscoa no dia 14 daquele mesmo mês (primeiro – Abib), no quadragésimo primeiro ano depois da saída do Egito, apenas quatro dia após terem atravessado o Jordão.
O cronograma, o relógio do povo de Deus, estão nas Suas mãos, porque ao que tudo indica, foi Ele mesmo quem determinou o tempo de todas as ações dos israelitas, com a determinação da morte de Moisés, numa data em que o luto de trinta dias que fizeram por ele não atrapalharia os planos divinos de fazer o povo entrar em Canaã com Josué, antes da data de celebração da páscoa no dia quatorze do primeiro mês, pois foi neste dia que eles haviam saído do Egito.
É por isso que Jesus afirma que não devemos estar ansiosos com o futuro: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo.” (Mt 6.34), porque o nosso futuro está nas mãos de Deus, e não propriamente nas nossas mãos.
É por isso também que Tiago nos exorta sabiamente a não fazer projetos presunçosos, sem levar em conta este governo de Deus: “E agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. No entanto, não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece. Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.” (Tg 4.13-15).
O primeiro verso deste capítulo de Josué relata que os reis dos amorreus e dos cananeus ficaram com os seus corações derretidos e sem ânimo, quando souberam que o Senhor havia secado as águas do Jordão diante dos israelitas.
Eles já estavam amedrontados com o temor que veio da parte de Deus sobre eles, conforme o relato de Raabe aos espias (2.9), e por este evento Deus trouxe um maior terror a eles.
O Senhor havia feito esta promessa aos israelitas da primeira geração, quando haviam saído do Egito, conforme se vê em Êx 23.27: “Enviarei o meu terror adiante de ti, pondo em confusão todo povo em cujas terras entrares, e farei que todos os teus inimigos te voltem as costas.”, mas não se valeram do seu cumprimento em sua própria geração, por causa da sua incredulidade.
E mais do que infundir terror sobre os nossos inimigos, Deus prepara uma mesa para nós, quando cremos nele, na presença dos nossos inimigos, pois ele não somente ordenou que fosse celebrada a páscoa naquele território estranho, como também ordenou que os israelitas fossem circuncidados, dando uma grande mostra do Seu poder em livrar e proteger, pois, chegando isto ao conhecimento dos inimigos de Israel, eles possivelmente se aventurariam em atacar os israelitas, enquanto estes estavam se curando das dores da circuncisão, assim como Simeão e Levi fizeram nos dias de Jacó contra os siquemitas.
Todavia, ainda que o tentassem, o poder de Deus não permitiria que Israel fosse destruído pelos seus inimigos, porque a Sua poderosa mão era com eles.
Estes atos da renovação do favor de Deus, demonstrados na abertura do Jordão, na circuncisão, na celebração da páscoa, e na declaração da remoção do opróbrio, fortaleceram grandemente a fé e confiança dos israelitas nEle.
E eles necessitariam de firmeza de fé para a realização de todas as campanhas militares que teriam que empreender em Canaã, de modo que não sucedesse com eles o que havia ocorrido com os seus pais no passado, em razão da incredulidade.
O opróbrio de todos os pecadores crentes, que virão a fazer parte do povo de Deus, de modo que possam entrar em Canaã, é removido deles por causa da sua fé em Jesus, e em razão da obra que Jesus fez em favor deles.
A guerra que Deus tinha contra eles acabou porque a sua iniqüidade foi perdoada, em razão da morte de Jesus (Is 40.2).
Esta passagem de Isaías é uma ordem de Deus que se console o seu povo com estas palavras consoladoras de que o opróbrio que estava sobre eles foi inteiramente removido por Jesus na cruz.
Que coisa maravilhosa é saber e crer nesta boa nova com o coração! Mas todo aquele que permanece em sua incredulidade permanece com este opróbrio, que é resultante da ira de Deus contra o pecador que não lavou as suas vestes no sangue de Jesus, que é o único modo de ser justificado e reconciliado com Ele, para viver numa união eterna, com e por meio de Cristo.
Entretanto, é oportuno lembrarmos que assim como Josué protestou contra os israelitas, como veremos no último capitulo deste seu livro, que não poderiam servir ao Deus santo e verdadeiro caso não vivessem em santidade diante dEle, de igual modo os crentes na Nova Aliança estão sujeitos à mesma regra espiritual do dever de não viverem na prática deliberada do pecado, para que possam ser  objeto da consolação do Espírito Santo, que foi enviado por Cristo para o propósito de fortificar o Seu povo, santificá-lo, auxiliá-lo no entendimento e prática das coisas de Deus, e tudo o mais que se refira à vida cristã.
Sem a atuação do Espírito Santo não há nenhuma vida espiritual autêntica.
Spurgeon se referiu a isto de modo sucinto no seu famoso sermão O Parácleto: “O Espírito de Deus nunca conforta um homem no seu pecado. Cristãos desobedientes não devem esperar consolação; pois o Espírito Santo primeiro santifica, e então consola.”.
E ainda são suas palavras no mesmo sermão: “Tenha medo daquele conforto que não é baseado na verdade. Odeie o conforto que não vem de Cristo.”.
Assim, há condições para que o povo de Deus seja alvo das bênçãos do Espírito Santo prometido, que habita no coração dos crentes.
Ele é designado como outro parácleto em Jo 14.16, 26, isto é, alguém que se coloca ao nosso lado para nos conduzir,  ensinar, ajudar, fortificar, enfim, cumprir todo o propósito de Deus em relação a nós, mas isto se cumpre na santificação que Deus exige do Seu povo.
Por que o apóstolo Paulo chama a Nova Aliança de ministério do Espírito em II Cor 3.7?
Certamente ele quis estabelecer um contraste entre o Antigo e o Novo Pacto, especialmente neste sentido particular.
Porque se é certo que o Espírito atuava no Antigo Testamento sobre os israelitas, no entanto, Ele não habitou em todos eles, como ocorre com todos os aliançados com Cristo na Nova Aliança, porque nem todos os israelitas, que eram considerados integrantes da aliança feita com Deus, por meio de promessa aos patriarcas, eram de fato pessoas de fé, e portanto, não podiam ter o Espírito Santo em razão desta condição.
Contudo, todos os crentes, na Nova Aliança, conhecem de fato a Deus, por terem esta habitação do Espírito, sendo todos participantes da mesma fé comum em Jesus Cristo. Por isso Paulo diz “ministério do Espírito” em II Cor 3.7.
É o Espírito Santo quem conduz todos os assuntos dos crentes e da Igreja, no que respeita aos interesses de Deus.
Ele é um consolador amoroso, fiel e incansável, que nos conhece e que por nos amar e ser fiel a nós, nunca se cansa em nos ajudar e completar a boa obra que Deus começou em nós por meio por próprio Espírito, que nos regenerou em novas criaturas.
Ele sempre faz os diagnósticos corretos em relação às necessidades de nossas almas, e nos ministra o medicamento adequado, capacitando-nos a viver de modo agradável a Deus e a fazer a Sua vontade.
Em Gên 1.2 nós vemos que O Espírito Santo pairava sobre as profundezas vazias, desérticas, sem utilidade, da terra, que se encontravam em trevas absolutas, aguardando os comandos pela Palavra do Pai para que Ele, Espírito Santo, gerasse todas as coisas visíveis. Foi Ele portanto, o agente ativo da criação relatada nos primeiros capítulos de Gênesis.
De igual modo, o Espírito habita nos crentes para o ato da nova criação em Cristo Jesus, transformando as profundezas do deserto vazio e inútil de suas almas, num pomar espiritual, no qual são produzidos preciosos frutos para Deus.
Assim, a presença do Espírito Santo nos crentes não é ocasional e nem acidental, mas absolutamente essencial, para entrarem no reino dos céus e serem transformados de glória em glória à imagem de Jesus.
Por isso Ele é o outro grande Consolador enviado por Jesus, em cumprimento de uma promessa, já que Jesus é o primeiro Consolador da Igreja.
O Espírito Santo é portanto, a grande promessa da Nova Aliança feita a Abraão e aos profetas (Gál 3.14; Ez 11.19,20; 36.25-27; 37.14; 39.29; Is 4.2-4).
Os israelitas entristeciam constantemente o Espírito Santo (Is 63.10,11), que atuava entre eles.
O Antigo Pacto, que era constantemente violado nas sucessivas gerações de Israel, demonstrou que de fato havia a necessidade de um Parácleto que estivesse não apenas conosco, mas habitando em nós, de modo a nos transformar e ajudar a viver o que nos é exigido por Deus (Ez 36.27; 37.14; Ag 2.5; Jo 14.17).
Por isso Ele foi enviado, conforme Deus havia prometido em Sua Palavra, especialmente através do ministério dos profetas, para habitar em todos os crentes do Novo Pacto (Is 44.3; Joel 2.28, 29; Ez 39.29).
E o Espírito Santo habitando nos crentes na Nova Aliança é um Consolador muito amoroso. Ele não consola somente por palavras mas principalmente por ações, pois age com poder e graça transformando a nossa tristeza e dor em alegria e exultação.
Ele conhece perfeitamente a nossa estrutura e age por um grande amor por nós, e por isso a sua consolação é sempre eficaz, pois não são as meras palavras de um profissional, de um conselheiro humano, mas o próprio Deus habitando e operando em nós.
Esta consolação do Espírito é um conforto que sempre está disponível. Os confortos do Espírito Santo não dependem de saúde, força, riqueza, posição, ou amizade; o Espírito Santo nos conforta pela verdade, e a verdade não muda.
Esta consolação não significa necessariamente que sempre nos deixará alegres, mas que será o nosso amparo nos chamados períodos noturnas da nossa alma, em que somos abatidos pela correção da potente mão do Senhor, nos disciplinando, transformando e conduzindo ao arrependimento e ao crescimento espiritual.
Ele nos conforta por Jesus, e ele é o "sim e amém"; então, nossos confortos podem ser plenos, quer quando estivermos desfrutando de plena saúde, quer quando doentes, quer quando em prosperidade financeira, quer quando a bolsa estiver vazia.
Entretanto, sem o jugo de Jesus não é possível experimentar a consolação do Espírito Santo, que dá descanso à alma, como se lê em M 11.28-30, e onde a conclusão do verso 30 aponta para a verdade de que sem o jugo e o fardo de Cristo, não se pode achar descanso para as nossas almas.
Além disso, no verso 29, Cristo destaca o dever da atitude da  mansidão e da humildade, para o mesmo propósito.
É assim que os que estão cansados e oprimidos são aliviados (v. 28).
Assim como o jugo colocado sobre um animal, que trabalha em arar a terra, o mantém preso à tarefa que deve realizar, de igual modo, é a presença desta impulsão sobre a vontade e o nosso espírito em desejar servir a Cristo e a fazer a Sua vontade, acima de qualquer outro interesse, que nos habilita a fazer de fato a obra de Deus.
Caso falte o jugo, a tarefa de agradar a Deus não será cumprida.
Em Mateus 11.30 Jesus ordena à Igreja que tome o seu jugo e fardo, e estas palavras são plenas de significado quanto ao mesmo dever que foi imposto aos israelitas de guardarem os mandamentos de Deus.
A palavra “jugo”, no grego, é dzugós, que significa lei de obrigação, servidão, ou par de balanças que eram colocadas sobre os animais de carga.
Nós encontramos esta mesma palavra grega em textos como Mt 11.29, At 15.10; II Cor 6.14, Gál 5.1, I Tim 6.1 e Apo 6.5.
A palavra “fardo”, no grego, é fortíon, que significa tarefa, trabalho, dever, missão. Nós encontramos esta palavra grega também em Mt 23.4, Lc 11.46 e Gál 6.5.
O nosso trabalho e dever (fortíon) para com Deus somente poderão ser cumpridos se mantivermos o jugo (dzugós) de Jesus sobre nós, e este jugo consiste naquilo que pesa sobre nós e que nos mantém dentro dos limites de nossa obrigação e dever.
Há um dever imposto à Igreja de pregar o evangelho, fazer discípulos e ensinar-lhes a guardarem tudo o que Jesus ordenou (Mt 28,19,20).
Este  é o jugo. Mas muitos não querem o jugo de Jesus, que consiste em guardar Seus mandamentos, e procuram sacudi-lo do pescoço, para imporem à Igreja o seu próprio jugo, segundo o seu modo de pensar e de agir, contra as coisas que nos foram ordenadas pelo Senhor.
Isto se aplica especialmente às formas de culto e de adoração, e ao nosso procedimento pessoal.
O caminho estreito da salvação é o trilho no qual devemos caminhar, restringidos pelo jugo de Jesus, às coisas que são por Ele ordenadas e aprovadas.
Assim, nós podemos então entender porque havia tanta idolatria entre os israelitas e tantas dificuldades em viverem de modo agradável a Deus.
Aquele pacto que Deus fizera com eles por meio de Moisés não era ainda o pacto do Espírito, que seria feito somente depois da morte e ressurreição de Jesus com os israelitas de fé e todas as pessoas de fé das demais nações da terra.
 Mas o Antigo Pacto, em muitos sentidos, segundo o propósito estabelecido por Deus, nos ajuda nesta nova dispensação a entender muitas coisas relacionadas à vontade de Deus, por meio de tudo o que Ele nos revelou na antiga dispensação.
Especialmente, sobre o nosso dever de guardarmos os Seus mandamentos com toda a diligência e seriedade, para que sejamos verdadeiramente prósperos em todos os sentidos que se possa considerar em relação à vontade de Deus.
Depois de os israelitas terem celebrado a páscoa, e comerem do fruto da terra naquele mesmo ano, o maná cessou de cair (v.12).
Enquanto eles precisaram do maná, a sabedoria e a bondade de Deus os proveu deste alimento sobrenatural, mas uma vez tendo cessado a necessidade porque poderiam agora produzir seus próprios alimentos nos territórios conquistados, a provisão do maná também cessou.
Isto nos ensina a não esperar socorros extraordinários quando o que necessitamos pode ser obtido de modo ordinário.
No final deste capítulo nós temos o relato maravilhoso, que nos dá conta que Josué estava no seu posto de general de Israel, quando o Senhor se fez conhecido a ele como o Generalíssimo de seu povo.
O Senhor lhe apareceu como um varão de guerra, com uma espada desembainhada, e como Josué não discerniu de pronto a pessoa divina, que estava diante dele, perguntou de modo corajoso se ele havia vindo como amigo ou inimigo, pois que Josué em sua coragem e fé estaria disposto também a desembainhar a sua espada para travar um combate com ele, mas quando seus olhos foram abertos, e seus ouvidos espirituais entenderam quem era aquele que estava diante dele, especialmente quando o ouviu proferir que era o capitão do exército de Jeová, Josué lhe prestou honras e reverência devidas somente a Deus, prostrando seu rosto em terra e o adorou.
E quando humildemente se dispôs a obedecer suas ordens, perguntando o que o seu Senhor tinha a dizer ao seu servo, foi-lhe ordenado que tirasse as sandálias dos pés porque o lugar em que estava era santo, e Josué assim fez (v. 13-15).
É muito importante saber que esta aparição do Senhor como guerreiro e Generalíssimo tanto do exército celestial quando do de Israel teve por propósito encorajar e dar a Josué instruções específicas quanto ao que deveria ser feito para a conquista da cidade de Jericó, como veremos no capítulo seguinte a este.  
A palavra para príncipe, no verso 14, no hebraico, é sar, que significa o comandante em chefe, o capitão, o general, sendo que nas versões inglesas é traduzida por capitão, e assim temos “capitão do exército do Senhor”, em vez de “príncipe do exército do Senhor”.
Sendo que a palavra traduzida por Senhor é vertida do hebraico YHWH, que significa Jeová, e que geralmente é traduzida por Senhor, porque os israelitas ao lerem a Bíblia não pronunciam o nome sagrado de Deus, e em seu lugar dizem Adonai, que no hebraico, significa Senhor. Assim,  teríamos então: “capitão do exército de Jeová”.
É bem provável que o autor de Hebreus tenha retirado daqui a referência a Jesus como sendo o “capitão da salvação do seu povo” (Hb 2.10), que é também traduzido por “autor da salvação do seu povo”.
Pois toda vez que Jesus se levanta com a espada afiada da sua língua, que é a Sua Palavra, Ele o faz para salvar os filhos de Deus, assim como aparecera a Josué para revistar as tropas de Israel, animá-los e conduzi-los à vitória contra os seus inimigos.
Jesus não é somente o autor de todo o sistema da nossa salvação (fé), como também o consumador dele (Hb 12.2), pois ele mantém o que iniciou e também o conclui.
Ele não é um Salvador distante, mas sempre presente, e é por isso que deixou o Espírito Santo em Seu lugar para conduzir o Seu povo, quando subiu em glória aos céus, depois da Sua morte e ressurreição.
É nesta condição de príncipe e governante, de todo o povo de Deus, espalhado na face da terra, que a profecia de Is 55.4,5 se dirige a Jesus: “Eis que eu o dei como testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos. Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu a ti correrá, por amor do Senhor teu Deus, e do Santo de Israel; porque ele te glorificou.”.
O Salmo 72.10,11 se refere a Jesus como o Rei dos reis da terra: “Inclinem-se diante dele os seus adversários, e os seus inimigos lambam o pó. Paguem-lhe tributo os reis de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Seba ofereçam-lhe dons. Todos os reis se prostrem perante ele; todas as nações o sirvam.”.
E Apo 19.16 o afirma expressamente: “No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores.”.

Assim Josué reconheceu que estava debaixo do comando do Senhor, que lhe aparecera daquela forma, e tirando as sandálias de seus pés, o adorou.



Josué 6

“1 Ora, Jericó se conservava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel; ninguém saía nem entrava.
2 Então disse o Senhor a Josué: Olha, entrego na tua mão Jericó, o seu rei e os seus homens valorosos.
3 Vós, pois, todos os homens de guerra, rodeareis a cidade, contornando-a uma vez por dia; assim fareis por seis dias.
4 Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifres de carneiros adiante da arca; e no sétimo dia rodeareis a cidade sete vezes, e os sacerdotes tocarão as trombetas.
5 E será que, fazendo-se sonido prolongado da trombeta, e ouvindo vós tal sonido, todo o povo dará um grande brado; então o muro da cidade cairá rente com o chão, e o povo subirá, cada qual para o lugar que lhe ficar defronte:
6 Chamou, pois, Josué, filho de Num, aos sacerdotes, e disse-lhes: Levai a arca do pacto, e sete sacerdotes levem sete trombetas de chifres de carneiros, adiante da arca do Senhor.
7 E disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; e marchem os homens armados adiante da arca do Senhor.
8 Assim, pois, se fez como Josué dissera ao povo: os sete sacerdotes, levando as sete trombetas adiante do Senhor, passaram, e tocaram-nas; e a arca do pacto do Senhor os seguia.
9 E os homens armados iam adiante dos sacerdotes que tocavam as trombetas, e a retaguarda seguia após a arca, os sacerdotes sempre tocando as trombetas.
10 Josué tinha dado ordem ao povo, dizendo: Não gritareis, nem fareis ouvir a vossa voz, nem sairá palavra alguma da vossa boca, até o dia em que eu vos disser: gritai! Então gritareis.
11 Assim fizeram a arca do Senhor rodear a cidade, contornando-a uma vez; então entraram no arraial, e ali passaram a noite.
12 Josué levantou-se de madrugada, e os sacerdotes tomaram a arca do Senhor.
13 Os sete sacerdotes que levavam as sete trombetas de chifres de carneiros adiante da arca da Senhor iam andando, tocando as trombetas; os homens armados iam adiante deles, e a retaguarda seguia atrás da arca do Senhor, os sacerdotes sempre tocando as trombetas.
14 E rodearam a cidade uma vez no segundo dia, e voltaram ao arraial. Assim fizeram por seis dias.
15 No sétimo dia levantaram-se bem de madrugada, e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes; somente naquele dia rodearam-na sete vezes.
16 E quando os sacerdotes pela sétima vez tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o Senhor vos entregou a cidade.
17 A cidade, porém, com tudo quanto nela houver, será danátema ao Senhor; somente a prostituta Raabe viverá, ela e todos os que com ela estiverem em casa, porquanto escondeu os mensageiros que enviamos.
18 Mas quanto a vós, guardai-vos do anátema, para que, depois de o terdes feito tal, não tomeis dele coisa alguma, e não façais anátema o arraial de Israel, e o perturbeis.
19 Contudo, toda a prata, e o ouro, e os vasos de bronze e de ferro, são consagrados ao Senhor; irão para o tesouro do Senhor.
20 Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas; ouvindo o povo o sonido da trombeta, deu um grande brado, e o muro caiu rente com o chão, e o povo subiu à cidade, cada qual para o lugar que lhe ficava defronte, e tomaram a cidade:
21 E destruíram totalmente, ao fio da espada, tudo quanto havia na cidade, homem e mulher, menino e velho, bois, ovelhas e jumentos.
22 Então disse Josué aos dois homens que tinham espiado a terra: Entrai na casa da prostituta, e tirai-a dali com tudo quanto tiver, como lhe prometestes com juramento.
23 Entraram, pois, os mancebos espias, e tiraram Raabe, seu pai, sua mãe, seus irmãos, e todos quantos lhe pertenciam; e, trazendo todos os seus parentes, os puseram fora do arraial de Israel.
24 A cidade, porém, e tudo quanto havia nela queimaram a fogo; tão-somente a prata, e o ouro, e os vasos de bronze e de ferro, colocaram-nos no tesouro da casa do Senhor.
25 Assim Josué poupou a vida à prostituta Raabe, à família de seu pai, e a todos quantos lhe pertenciam; e ela ficou habitando no meio de Israel até o dia de hoje, porquanto escondera os mensageiros que Josué tinha enviado a espiar a Jericó.
26 Também nesse tempo Josué os esconjurou, dizendo: Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas.
27 Assim era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.” (Js 6.1-27).

Este sexto capítulo bem demonstra que aqueles que não se ajuntam a Jesus pela fé, espalham-se como a poeira que é levada pelo vento.
Pois o incrédulo não prevalecerá no dia do juízo.
E a vida de Raabe e de sua família foi levantada como um monumento à fé no meio daquela cidade pagã, que se recusava a dar glória a Deus e a se converter de seus pecados.
A Antiga Aliança teve assim também este propósito de servir de figura e ilustração do grande juízo contra aqueles que se opõem ao Senhor, no dia da volta de Jesus.
Ele certamente trará os juízos que são prometidos na Bíblia, porque Ele já o fizera por diversas vezes no passado, e ordenou que fossem tais juízos registrados nas páginas do Velho Testamento, para advertência de todas as gerações da humanidade, de modo que os homens se arrependam de seus pecados e consagrem suas vidas a Deus, por meio da fé em Jesus.
Todos os habitantes de Jericó, com exceção de Raabe e seus familiares, foram mortos pelo juízo determinado de Deus, para servir de advertência àqueles que se opõem ao Senhor, quanto ao que lhes sucederá se continuarem deliberadamente na posição de rejeitarem a vida eterna, que lhes está sendo oferecida gratuitamente, por meio da simples fé em Cristo.
A missão de Jesus até que Ele volte, não é de condenação e destruição do mundo, mas de salvação.
Todavia, foi necessário, que, especialmente, por amor daqueles que viveriam em dias posteriores aos dos juízos que trouxe sobre o mundo, no Antigo Testamento, que revelasse de modo muito claro que Ele está irado contra aqueles que vivem no pecado, porque é Deus santo e justo, e não pode inocentar o culpado, que não se arrepender, de modo que estes poderão ser apenas salvos por meio do perdão que Deus lhes concederá por causa da justiça da redenção que há em Cristo Jesus.
Não há outro modo ou caminho de salvação para os pecadores.
Os juízos de Deus serão certamente despejados no tempo do fim sobre aqueles que não se arrependerem.
E como já falamos, Ele mostrou de modo muito claro, pelos exemplos que nos deu em figura no Velho Testamento, deste grande juízo que haverá no final dos tempos.
A graça do evangelho nos é dada exatamente para nos livrar desta ira divina, que haverá de se revelar no tempo determinado por Ele, e no dia, hora, minuto, segundo, que já estão determinados, e que são do Seu exclusivo conhecimento.  
Desde que o primeiro homem pecou, todos ficaram debaixo da maldição e da ira de Deus, e não há quem possa nos livrar disso senão somente o capitão da nossa salvação, o Senhor Jesus Cristo, que satisfez inteiramente a justiça de Deus relativamente ao pecado, morrendo por nós, em nosso lugar, na cruz do Calvário.
Por causa do pecado, o homem não tem a capacidade de guardar perfeitamente os mandamentos de Deus em todos os dias de sua vida, e assim, necessita de um Salvador, que não somente o livre da condenação em face desta incapacidade de ser perfeito segundo a lei, enquanto viver neste mundo, como também lhe conceda pelo Espírito Santo prometido aos que crêem, um novo coração que ame a vontade e os mandamentos de Deus, ainda que em face desta impossibilidade de cumpri-los perfeitamente.
A graça convencerá aquele que crer, da necessidade de contar com o seu trabalho para que possa amadurecer na fé, bem como em todo o fruto do Espírito Santo, que é paz, alegria, bondade, benignidade, longanimidade, domínio próprio, fidelidade, e todas as virtudes que estão em Cristo, sendo seus atributos.
Assim como o fruto natural amadurece, haverá um trabalho progressivo da graça no sentido de amadurecer o fruto do Espírito naqueles que são filhos de Deus, de modo que possam ser cada vez mais parecidos com Cristo.
Mas o amadurecimento deste fruto precioso do Espírito vem somente por meio de um andar diário no Espírito, como é ordenado em Gálatas 5.16. 25.
Todavia, ainda que os crentes não consigam um amadurecimento adequado, enquanto viverem neste mundo, é certo que este fruto estará perfeito e completamente maduro neles, quando acessarem a eternidade.
Isto será feito de fato, porque lhes é garantido pela promessa de Deus em Sua Palavra, de que serão perfeitos assim como Ele é perfeito.
Em termos simples e práticos isto significa que nenhum crente deve se desesperar caso se veja apenas pouco do fruto do Espírito em suas vidas, porque não estão debaixo da Antiga Aliança, mas da graça na Nova Aliança, em que Jesus garante completamente a sua salvação, mas por outro lado, não devem também descansar e negligenciar o dever de se santificarem e se consagrarem a Deus, de modo que não abusem de Sua longanimidade e graça, ficando à mercê de Suas correções e disciplina.
Por exemplo, se tomarmos apenas como ilustração do que estamos dizendo, o fruto do Espírito que é longanimidade, veremos que é tarefa para toda a vida crescer neste dever que nos é ordenado, e pelo qual devemos orar para receber tal fruto e amadurecê-lo em nossas vidas.
Como é fruto do Espírito e não obra da lei, deve ser buscado em oração, com um espírito humilde, e nos disciplinarmos exercitando-nos nisto.
Assim, se alguém não é longânimo o quanto deveria ser, não deve desistir de perseguir este alvo para o pleno agrado de Deus, mas deve estar plenamente consciente que não é algo para ser obtido e vivido num piscar de olhos, senão num exercício permanente e diário, que faz parte da nossa santificação, enquanto vivermos neste mundo, e certamente o Senhor nos provará nas dificuldades que tivermos que enfrentar, o quanto temos sido de fato longânimos, em prol da glorificação do Seu nome e para o bem de nossas próprias vidas, e do nosso próximo.
Os homens de Jericó pensavam que o homem prevalecerá pela força. E assim, a maior parte da humanidade tem se equivocado quanto à vontade de Deus que não é a favor da violência, antes a condena.
Pois o céu é um lugar onde não há qualquer tipo de violência.
Ao contrário, é exatamente pela muita e perfeita longanimidade que lá existe, que há perfeita harmonia entre todas as criaturas de Deus.
A derrubada e destruição de Jericó representam portanto a destruição de todos aqueles que tentarem prevalecer pela força e não pelo amor,  bondade e paciência.
Nas bem-aventuranças Jesus afirma claramente que a terra será herdada e o reino dos céus pertencerá àqueles que são mansos, humildes, misericordiosos, pacificadores e perseguidos por amor à justiça.
O que estas coisas têm a ver com aquilo que o mundo considera grandioso?
No entanto, são exatamente estas coisas que tornam uma pessoa verdadeiramente grande aos olhos de Deus.
Aquele que quiser ser grande perante Ele deve ter-se na conta de nada, e diminuir o mais possível para que Ele possa aparecer ainda mais.
Não são os que dominam pela força que prevalecerão diante do Senhor, mas aqueles que servem o próximo com o amor de Deus.
Logo no primeiro versículo deste capitulo é dito que Jericó estava rigorosamente fechada por causa dos filhos de Israel, e que ninguém entrava ou saía da cidade.
Eles estavam certamente confiando na grande fortaleza dos muros da cidade para escaparem de qualquer ação militar de Israel contra eles.
Assim, todas as fortalezas que os ímpios possam levantar para aliviar suas consciências da realidade de um possível e iminente juízo de Deus sobre eles não prevalecerá.
Muitos pensam que escaparão do juízo de Deus confiados em sua própria sabedoria, bondade ou em qualquer outra falsa fortaleza, que será colocada por terra pelo juízo do Senhor contra o pecado, tal como Ele fizera com os muros de Jericó. E os sábios, os fortes, os altivos, os negligentes serão apanhados em sua própria sabedoria, fortaleza, altivez e negligência.
O capitão do exército de Jeová deu instruções específicas a Josué quanto ao que deveria ser feito para derrubar a fortaleza de Jericó e conquistá-la, como se vê nos versos 2 a 5.
Sete sacerdotes tocando chifres de carneiros deveriam ir adiante da arca, que seria conduzida por outros sacerdotes, e os homens de guerra iriam adiante deles, e deveriam rodear a cidade em silêncio por seis dias, tocando-se apenas os chifres de carneiros, e no sétimo dia, em vez de rodearem uma só vez, deveriam fazê-lo por sete vezes, e quando Josué ordenasse, o povo deveria romper o silêncio e gritar em alta voz, e quando eles fizessem isto os muros da cidade ruiriam.
Antes de passar tais instruções a Josué, o Senhor lhe disse expressamente que lhe havia dado Jericó, bem como o seu rei e todos os seus valentes valorosos (v. 2).
Quando Deus fala deste modo a mão da fé deve se apropriar imediatamente da promessa divina, como que se já se estivesse da posse daquilo que foi prometido.
Foi projetado por Deus que esta cidade, que seria as primícias da conquista de Canaã, deveria ser dedicada completamente a Ele, e que nem Josué nem todo o Israel deveriam se apropriar de qualquer parte do despojo da cidade, pois todo o ouro e prata deveria ser consagrado a Deus sendo entregue no tabernáculo.
Com a derrubada sobrenatural dos muros de Jericó, e pelo Seu próprio poder, o Senhor poria por terra, para sempre, o argumento que os israelitas da geração que havia perecido no deserto, apresentaram a Moisés, como justificativa para não tentarem guerrear contra as cidades fortificadas de Canaã, como se fosse impossível para Deus fazer qualquer coisa contra aqueles grandes muros fortificados.        
As trombetas que os sacerdotes usaram não eram as trombetas de prata, que foram fabricadas para o serviço ordinário, mas trombetas de chifres de carneiros, cujo som era mais sombrio e revelariam em figura a excelência do poder de Deus, porque os chifres são figuras de poder, na Bíblia.
A trombeta dos atalaias de Deus estão soando em toda a terra anunciando o Seu juízo, que se apressa a vir sobre o mundo.
Caso alguma das pessoas de Jericó se arrependesse diante do Senhor, tal como fizera Raabe, quando ouvisse o sonido daquelas trombetas, ela certamente acharia graça diante de Deus e seria salva da destruição, pois Ele sabe livrar o piedoso no dia do juízo.
Contudo, em vez de arrependimento é bem provável que eles tenham até zombado daquela ação que os israelitas estavam realizando segundo o mandado de Deus, e é bem provável que tenham pensado que estavam desconcertados em todos aqueles dias em que estavam rodeando a cidade por nada poderem fazer contra os seus muros.
Isto deve ter fortalecido o seu endurecimento no próprio pecado e na confiança que estavam depositando na fortaleza que haviam construído para se protegerem dos ataques dos seus inimigos.
De igual modo, a maioria dos ímpios zomba da trombeta do evangelho que está sendo tocada, anunciando o juízo de Deus, pois acham que é uma trombeta muito fraca diante das fortalezas que o pecado criou para não se sujeitarem ao Senhor.
Eles não acreditam em inferno. Não acreditam que um Deus de amor possa estar irado contra o pecado. Não acreditam que o espírito sobrevive à morte física e existe eternamente. Não confiam na Palavra de Deus com todos os alertas que lhes dá para escaparem do juízo vindouro. E assim serão justamente condenados no dia da sua ruína, pois têm o Deus Altíssimo e Todo Poderoso na conta de alguém inferior a eles, tal como a arca do Senhor parecia aos olhos daqueles que estavam confiantes sobre os muros de Jericó, olhando-a de cima para baixo, do alto de seu orgulho e arrogância.  
Quando os israelitas gritaram no sétimo dia, aquele foi um grito de fé na Palavra do capitão do exército de Jeová, e as muralhas caíram, assim como Ele havia afirmado que ocorreria quando gritassem.
O anátema citado nos versos 17 e 18, Cheren, que no hebraico significa a coisa dedicada, se referia a todo o despojo daquela cidade que não poderia ser tomado de modo algum por qualquer israelita, como despojo de guerra, porque o Senhor havia determinado que tudo Lhe deveria ser dedicado, como primícias das cidades que seriam conquistadas em Canaã, já que era Ele quem estava permitindo e possibilitando que Israel entrasse na posse delas.
Assim como tudo aquilo que temos recebido do Senhor deve ser consagrado a Ele como primícias em nosso reconhecimento espiritual que tudo o que temos nos foi dado por Sua graça e provisão e devemos dedicar-Lhe o nosso tempo, bens, serviço, louvor, adoração e amor.
Lançar mão de qualquer bem de Jericó seria portanto roubar a Deus aquilo que Lhe pertencia de direito e de fato por sua própria determinação divina.
Aquele que lançasse mão de alguma coisa seria amaldiçoado por Deus, porque estaria pegando o anátema, isto é, das coisas que Ele previamente determinou que fossem dedicadas a Ele, e então estariam roubando ao Senhor.
Quando os homens se apropriam de algo que pertence ao Senhor, eles trazem maldição sobre suas vidas porque o anátema se cumpre no seu caráter de maldição, quando se furta ao Senhor aquilo que lhe é devido.
Por exemplo, Paulo diz que aquele que prega outro evangelho seja anátema. Isto porque há somente um evangelho que deve ser pregado como forma de dedicação e devoção ordenada pelo Senhor.
Assim, aquele que prega outro evangelho furta a glória e a honra que são devidas a Deus e ficam sujeitos a estarem debaixo da maldição, que é pronunciada contra aqueles que ousarem acrescentar ou diminuir algo em Sua Palavra.
“Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão descritas neste livro.” (Apo 22.18,19).
Aquilo que Deus tem ordenado, ordenado está, e a ninguém cabe  fazer qualquer alteração.
Assim como ele ordenou que Jericó fosse destruída e tudo o que pertencesse à cidade lhe fosse dedicado.
E Josué movido pelo Espírito da profecia disse o seguinte em relação a quem tentasse reconstruir Jericó: “Maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas.”.
Esta profecia se cumpriu nos dias dos reis de Israel, como se vê em I Reis 16.34. Isto mostra que sempre será algo perigoso tentar reconstruir pela própria iniciativa e conta, aquilo que Deus destruiu.    

Aplicando a longanimidade de Deus ao que estava ocorrendo em Canaã, nos dias de Josué, muitos poderiam pensar de modo errado que Deus não havia sido nada longânimo com os amorreus e com os cananeus porque havia determinado a destruição deles.
Entretanto nunca devemos esquecer que Ele havia dito a Abraão há mais de quatrocentos anos antes que a medida da iniqüidade dos amorreus não havia ainda sido completada de modo a trazer sobre eles os seus juízos.


Isto significa que a Sua longanimidade esperou pelo arrependimento deles por mais de quatrocentos anos, e em face do aumento da iniqüidade e não de arrependimento, executou os Seus juízos sobre os pecados deles através dos israelitas.


Josué 7

“1 Mas os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema, pois Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema; e a ira do Senhor se acendeu contra os filhos de Israel.
2 Josué enviou de Jericó alguns homens a Ai, que está junto a Bete-Áven ao Oriente de Betel, e disse-lhes: Subi, e espiai a terra. Subiram, pois, aqueles homens, e espiaram a Ai.
3 Voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam uns dois ou três mil homens, e destruam a Ai. Não fatigues ali a todo o povo, porque os habitantes são poucos.
4 Assim, subiram lá do povo cerca de três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai.
5 E os homens de Ai mataram deles cerca de trinta e seis e, havendo-os perseguido desde a porta até Sebarim, bateram-nos na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água.
6 Então Josué rasgou as suas vestes, e se prostrou com o rosto em terra perante a arca do Senhor até a tarde, ele e os anciãos de Israel; e deitaram pó sobre as suas cabeças.
7 E disse Josué: Ah, Senhor Deus! por que fizeste a este povo atravessar o Jordão, para nos entregares nas mãos dos amorreus, para nos fazeres perecer? Oxalá nos tivéssemos contentado em morarmos além do Jordão.
8 Ah, Senhor! que direi, depois que Israel virou as costas diante dos seus inimigos?
9 Pois os cananeus e todos os moradores da terra o ouvirão e, cercando-nos, exterminarão da terra o nosso nome; e então, que farás pelo teu grande nome?
10 Respondeu o Senhor a Josué: Levanta-te! por que estás assim prostrado com o rosto em terra?
11 Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem.
12 Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema. Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós.
13 Levanta-te santifica o povo, e dize-lhe: Santificai-vos para amanhã, pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; não poderás suster-te diante dos teus inimigos, enquanto não tirares do meio de ti o anátema.
14 Amanhã, pois, vos chegareis, segundo as vossas tribos; a tribo que o Senhor tomar se chegará por famílias; a família que o Senhor tomar se chegará por casas; e a casa que o Senhor tomar se chegará homem por homem.
15 E aquele que for tomado com o anátema, será queimado no fogo, ele e tudo quanto tiver, porquanto transgrediu o pacto do Senhor, e fez uma loucura em Israel.
16 Então Josué se levantou de madrugada, e fez chegar Israel segundo as suas tribos, e foi tomada por sorte a tribo de Judá;
17 fez chegar a tribo de Judá, e foi tomada a família dos zeraítas; fez chegar a família dos zeraítas, homem por homem, e foi tomado Zabdi;
18 fez chegar a casa de Zabdi, homem por homem, e foi tomado Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá.
19 Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele. Declara-me agora o que fizeste; não mo ocultes.
20 Respondeu Acã a Josué: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e eis o que fiz:
21 quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata debaixo da capa.
22 Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que tudo estava escondido na sua tenda, estando a prata debaixo da capa.
23 Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as puseram perante o Senhor.
24 Então Josué e todo o Israel com ele tomaram Acã, filho de Zerá, e a prata, a capa e a cunha de ouro, e seus filhos e suas filhas, e seus bois, jumentos e ovelhas, e a sua tenda, e tudo quanto tinha, e levaram-nos ao vale de Acor.
25 E disse Josué: Por que nos perturbaste? hoje o Senhor te perturbará a ti: E todo o Israel o apedrejou; queimaram-nos no fogo, e os apedrejaram:
26 E levantaram sobre ele um grande montão de pedras, que permanece até o dia de hoje. E o Senhor se apartou do ardor da sua ira. Por isso se chama aquele lugar até hoje o vale de Acor.” (Js 7.1-26).

A história deste capitulo começa com um “mas”, pois o capítulo anterior foi encerrado com a seguinte expressão:
“Assim era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra.” (6.27).
Deus comprometeria todos os seus princípios e valores, especialmente os relativos à sua justiça e santidade para manter a qualquer custo a fama dos seus feitos, que percorriam toda a terra, através de Josué?
A resposta dada pela história que é narrada neste capítulo é absolutamente não!
Ele nunca fará isto porque santidade e justiça são a base do seu trono.
A conjunção adversativa “mas” sempre será introduzida na nossa história, por maiores que tenham sido os nossos feitos e fidelidade anteriores, em face dos pecados que viermos a praticar.
Deus não deixará de visitá-los com o fogo da Sua santidade, ainda que tenhamos sido justificados e perdoados em Cristo Jesus, para efeito de não mais sofrermos a condenação eterna no inferno.
O Senhor nunca fará vista grossa para as nossas faltas, especialmente aquelas que praticarmos deliberadamente, sabendo nós qual seja a Sua vontade em relação àquilo que estivermos fazendo.
E, especialmente, quando pecamos naquelas coisas ordenadas por Deus à sua Igreja, ainda que seja o pecado de uma só pessoa, na verdade, em razão desta participação de todos em um só corpo, apesar de serem muitos membros que o formam, é considerado pelo Senhor, como se todo o corpo tivesse pecado, e a sua obra fica impedida de avançar em razão desta desobediência de uma parte do corpo que estava efetivamente vinculada naquela obra específica que fora determinada pelo próprio Deus.
Por isso a Palavra adverte os crentes quanto à necessidade da exortação mútua, para permanecerem fiéis no cumprimento da vontade de Deus, particularmente quando um grupo da Igreja ou toda a Igreja se encontram empenhados na realização da obra do Senhor.
É aqui que se aplica especialmente o alerta de Hb 12.15: “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem;”, e é bem provável que o autor estivesse pensando no ocorrido com Israel por causa de Acã, quando escreveu tais palavras.
Pois o seu pecado foi considerado como sendo o pecado de toda a nação, pois se diz: “os filhos de Israel cometeram uma transgressão no tocante ao anátema” (v 1).
E Deus disse expressamente a Josué o seguinte: “Israel pecou; eles transgrediram o meu pacto que lhes tinha ordenado; tomaram do anátema, furtaram-no e, dissimulando, esconderam-no entre a sua bagagem.
Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos, viraram as costas diante deles, porquanto se fizeram anátema.
“Não serei mais convosco, se não destruirdes o anátema do meio de vós.” (v. 11, 12).
Deus afirmou que não seria mais com toda a nação por causa do pecado de um único homem.
Em face disso alguém poderia dizer: “Então quando ele poderia ser com a nação já que não poucos sempre pecarão no meio do seu próprio povo?”.
Veja que neste caso se tratava de um pecado específico contra uma determinação direta de Deus para ser cumprida por todos eles.
Pois havia dito que tudo de Jericó deveria ser dedicado a ele, na condição de anátema, isto é, maldição viria sobre o povo no caso de violação do mandamento expressamente ordenado.
Assim, neste caso, não importava se a transgressão fosse de muitos, de poucos, ou até mesmo de uma única pessoa, porque estava determinada uma maldição sobre a nação em caso de transgressão daquela ordem; assim como Adão foi advertido que a sua desobediência, comendo do fruto proibido, traria a morte sobre toda a criação.
Foi o pecado de um só homem, mas por causa dele todos morrem.
Assim, não são os pecados comuns, que também deveriam ser mortificados que podem impedir o avanço do trabalho da Igreja. Mas o pecado em relação às condições específicas estabelecidas por Deus, para o avanço da sua obra.
Por exemplo, se é ordenado a um grupo de crentes ou a toda congregação que siga à risca determinada direção que lhes tenha sido dada por Deus, e caso eles ou um só deles venha a mudar aquela direção, é certo que Deus já não será com eles, enquanto não for feito o devido reparo, assim como dissera a Josué que não seria com eles caso não destruíssem o anátema do seu meio (v 12).
Neste aspecto em nada mudou a Nova Aliança em relação à Antiga, porque aquele que vier a ser pedra de tropeço no meio da Igreja pode ser a causa da queda de muitos, e por isso, como já comentamos antes, os crentes são alertados quanto ao dever de se exortarem mutuamente, para permanecerem fiéis à vontade de Deus.
A co-responsabilidade entre os crentes em relação a tais coisas recomendadas pode ser vista claramente em textos como os destacados a seguir:
“Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rm 14.13).
“Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.” (Rm 16.17).
“não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado.” (II Cor 6.3).
“Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.” (Mt 18.6).
“Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier! Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno. E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.” (Mt 18.7-9).
Podemos observar por estas palavras do Novo Testamento, que nada mudou em relação à exigência de Deus para que o seu povo viva de modo responsável e em santidade perante Ele.
Ao contrário, mais se exige de nós, porque mais se pede a quem mais é dado. E estes exemplos registrados no Velho Testamento, como o que ocorreu com Aça, foram escritos para nossa advertência.
Morreram 36 israelitas por causa do pecado de Acã, e Israel foi sujeitado à vergonha da derrota diante de um inimigo desprezível e pequeno como era a cidade chamada por Ai.
E Deus determinou o modo de se chegar ao culpado lançando sortes por tribos e por famílias, até que se chegasse a ele.
Deus poderia fazê-lo diretamente, mas queria demonstrar o Seu poder em determinar a sorte dos homens, como a indicar que as suas ações sobre a terra não são obra do acaso, mas provenientes de um juízo sábio e determinado dAquele que tudo conhece, até o mais recôndito dos nossos pensamentos.
Acã teria também tempo suficiente para se antecipar à indicação que fatalmente chegaria até ele, mas é provável que fosse um descrente.
Ele não creu no poder de Deus para revelá-lo no meio de uma multidão e nada nos impede de pensar que tenha até mesmo tido a expectativa que a culpa recaísse sobre outra pessoa de modo que saísse ileso de toda aquela situação.
Deste modo, em vez de se arrepender, e contar com um possível favor de Deus em poupar a sua vida, ele se manteve endurecido até o fim.
Josué demonstrou toda a sua longanimidade, de um grande servo de Deus, quando se dirigiu a ele chamando-o de filho, e pedindo que desse glória ao Deus que tudo sabe e que havia revelado quem era o culpado, e assim pediu-lhe também que dissesse o que havia feito.
Ele finalmente confessou que havia  tomado para si parte das coisas dedicadas. E em razão do seu endurecimento, Acã não alcançou nenhuma misericórdia da parte do Senhor e foi ordenado que tanto ele, quanto tudo que lhe pertencia, bem como seus filhos e filhas, fossem apedrejados e queimados, e sobre eles foi colocado um grande montão de pedras como memorial do castigo que viria sobre todos aqueles que transgredissem as ordens de Deus nas campanhas militares que seriam empreendidas em Canaã.
Isto serviria de exemplo para criar temor em todos eles, de modo que soubessem que todo aquele que pecasse deliberadamente contra as ordens de Deus, seria posto a descoberto por Ele, e teria que arcar com as conseqüências da sua transgressão.
Pois como se afirma, pecando o homem contra o homem, Deus poderá ser o seu advogado, mas quem será o advogado daquele que pecar contra o próprio Deus, assim como fizera Acã?  


   É importante pois que saibamos como devemos andar na casa de Deus, especialmente quanto a realizar a obra que nos está designada por Cristo, porque o pecado de sacrilégio, isto é, contra as coisas sagradas, que são dedicadas a Ele e que fazem parte do serviço na Sua casa, são tidos na conta de uma grande transgressão, assim como podemos aprender do caso de Acã.



Josué 8

“1 Então disse o Senhor a Josué: Não temas, e não te espantes; toma contigo toda a gente de guerra, levanta-te, e sobe a Ai. Olha que te entreguei na tua mão o rei de Ai, o seu povo, a sua cidade e a sua terra.
2 Farás pois a Ai e a seu rei, como fizeste a Jericó e a seu rei; salvo que para vós tomareis os seus despojos, e o seu gado. Põe emboscadas à cidade, por detrás dela.
3 Então Josué levantou-se, com toda a gente de guerra, para subir contra Ai; e escolheu Josué trinta mil homens valorosos, e enviou-os de noite.
4 E deu-lhes ordem, dizendo: Ponde-vos de emboscada contra a cidade, por detrás dela; não vos distancieis muito da cidade, mas estai todos vós apercebidos.
5 Mas eu e todo o povo que está comigo nos aproximaremos da cidade; e quando eles nos saírem ao encontro, como dantes, fugiremos diante deles.
6 E eles sairão atrás de nós, até que os tenhamos afastado da cidade, pois dirão: Fogem diante de nós como dantes. Assim fugiremos diante deles;
7 e vós saireis da emboscada, e tomareis a cidade, porque o Senhor vosso Deus vo-la entregará nas mãos.
8 Logo que tiverdes tomado a cidade, pôr-lhe-eis fogo, fazendo conforme a palavra do Senhor; olhai que vo-lo tenho mandado.
9 Assim Josué os enviou, e eles se foram à emboscada, colocando-se entre Betel e Ai, ao ocidente de Ai; porém Josué passou aquela noite no meio do povo.
10 Levantando-se Josué de madrugada, passou o povo em revista; então subiu, com os anciãos de Israel, adiante do povo contra Ai.
11 Todos os homens armados que estavam com ele subiram e, aproximando-se pela frente da cidade, acamparam-se ao norte de Ai, havendo um vale entre eles e Ai.
12 Tomou também cerca de cinco mil homens, e pô-los de emboscada entre Betel e Ai, ao ocidente da cidade.
13 Assim dispuseram o povo, todo o arraial ao norte da cidade, e a sua emboscada ao ocidente da cidade. Marchou Josué aquela noite até o meio do vale.
14 Quando o rei de Ai viu isto, ele e todo o seu povo se apressaram, levantando-se de madrugada, e os homens da cidade saíram ao encontro de Israel ao combate, ao lugar determinado, defronte da planície; mas ele não sabia que se achava uma emboscada contra ele atrás da cidade.
15 Josué, pois, e todo o Israel fingiram-se feridos diante deles, e fugiram pelo caminho do deserto:
16 Portanto, todo o povo que estava na cidade foi convocado para os perseguir; e seguindo eles após Josué, afastaram-se da cidade.
17 Nem um só homem ficou em Ai, nem em Betel, que não saísse após Israel; assim deixaram a cidade aberta, e seguiram a Israel:
18 Então o Senhor disse a Josué: Estende para Ai a lança que tens na mão; porque eu te entregarei. E Josué estendeu para a cidade a lança que estava na sua mão.
19 E, tendo ele estendido a mão, os que estavam de emboscada se levantaram apressadamente do seu lugar e, correndo, entraram na cidade, e a tomaram; e, apressando-se, puseram fogo à cidade.
20 Nisso, olhando os homens de Ai para trás, viram a fumaça da cidade, que subia ao céu, e não puderam fugir nem para uma parte nem para outra, porque o povo que fugia para o deserto se tornou contra eles.
21 E vendo Josué e todo o Israel que a emboscada tomara a cidade, e que a fumaça da cidade subia, voltaram e feriram os homens de Ai.
22 Também aqueles que estavam na cidade lhes saíram ao encontro, e assim os de Ai ficaram no meio dos israelitas, estando estes de uma e de outra parte; e feriram-nos, de sorte que não deixaram ficar nem escapar nenhum deles.
23 Mas ao rei de Ai tomaram vivo, e o trouxeram a Josué.
24 Quando os israelitas acabaram de matar todos os moradores de Ai no campo, no deserto para onde os tinham seguido, e havendo todos caído ao fio da espada até serem consumidos, então todo o Israel voltou para Ai e a feriu a fio de espada.
25 Ora, todos os que caíram naquele dia, assim homens como mulheres, foram doze mil, isto é, todos os de Ai.
26 Pois Josué não retirou a mão, que estendera com a lança, até destruir totalmente a todos os moradores de Ai.
27 Tão-somente os israelitas tomaram para si o gado e os despojos da cidade, conforme a palavra que o Senhor ordenara a Josué:
28 Queimou pois Josué a Ai, e a tornou num perpétuo montão de ruínas, como o é até o dia de hoje.
29 Ao rei de Ai enforcou num madeiro, deixando-o ali até a tarde. Ao pôr do sol, por ordem de Josué, tiraram do madeiro o cadáver, lançaram-no à porta da cidade e levantaram sobre ele um grande montão de pedras, que permanece até o dia de hoje.
30 Então Josué edificou um altar ao Senhor Deus de Israel, no monte Ebal,
31 como Moisés, servo do Senhor, ordenara aos filhos de Israel, conforme o que está escrito no livro da lei de Moisés, a saber: um altar de pedras brutas, sobre as quais não se levantara ferramenta; e ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, e sacrificaram ofertas pacíficas.
32 Também ali, na presença dos filhos de Israel, escreveu em pedras uma cópia da lei de Moisés, a qual este escrevera.
33 E todo o Israel, tanto o estrangeiro como o natural, com os seus anciãos, oficiais e juízes, estava de um e de outro lado da arca, perante os levitas sacerdotes que levavam a arca do pacto do Senhor; metade deles em frente do monte Gerizim, e a outra metade em frente do monte Ebal, como Moisés, servo do Senhor, dantes ordenara, para que abençoassem o povo de Israel.
34 Depois leu em alta voz todas as palavras da lei, a bênção e a maldição, conforme tudo o que está escrito no livro da lei.
35 Palavra nenhuma houve, de tudo o que Moisés ordenara, que Josué não lesse perante toda a congregação de Israel, e as mulheres, e os pequeninos, e os estrangeiros que andavam no meio deles.” (Js 8.1-35).

Não estavam Satanás e os demônios em atividade na terra nos dias de Josué?
Certamente que sim.
Então alguém poderia indagar porque  não se interpuseram em favor dos habitantes de Jericó, e agora em favor dos da cidade de Ai para ajudá-los nas batalhas que teriam que empreender contra os israelitas?
Por exemplo, quando Deus disse a Josué que fizesse emboscadas contra a cidade de Ai, porque os oráculos do inferno não revelaram os planos de Deus a eles de modo a que não caíssem na estratégia de guerra que Deus havia ordenado contra eles?
Simplesmente porque quando Deus está lutando a favor do seu povo, as forças do inferno são amarradas, neutralizadas e impedidas pelo Senhor de agir em tudo aquilo que lhes deter.
Por isso Jesus afirma que Ele amarra o valente antes de despojá-lo de suas posses.
Ai, como Jericó estavam totalmente na posse de Satanás, satisfazendo-lhe os desejos malignos com suas perversões e abomináveis práticas idolátricas, mas seriam arrancadas da sua posse, para ser estabelecido o domínio efetivo de Deus em Canaã.
O reino de Deus está sendo estabelecido na terra pela força, no confronto espiritual que há entre as hostes celestiais e as do inferno.
Nada está sendo cedido pelo diabo sem que haja uma luta em que Deus está arrancando pela força tudo aquilo de que ele se apropriou por usurpação, por ter enganado o primeiro casal.
Nada foi criado para pertencer a ele, senão a Cristo. E Cristo, faz prevalecer o seu direito sobre todas as coisas despojando o diabo de tudo aquilo que se encontra em sua posse.
Esta ação de despojar o diabo é realizada pelo próprio Deus, de modo que se exige oração e jejum para expulsar determinadas castas de demônios, como se afirma nos evangelhos: “Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração e jejum.” (Mc 9.29).
Por isso era o próprio Deus que estava estabelecendo os planos de guerra para Josué, de modo que não era necessário que se estabelecesse um conselho de guerra para traçar as estratégias que deveriam ser utilizadas.
Aquela guerra contra os habitantes de Canaã era uma figura da guerra espiritual que ocorre nas regiões celestiais: “pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniqüidade nas regiões celestes.” (Ef 6.12).
E nesta guerra, o próprio Senhor traz a si a responsabilidade de ser o nosso General, e é debaixo das suas ordens e poder, que vencemos o Inimigo de nossas almas.
Quando nos submetemos às ordens de Deus, buscando nEle o poder de sermos mansos, humildes, longânimos, benignos, obedientes, submissos e tudo aquilo que nos tem ordenado em Sua Palavra, é que o Inimigo é despojado de todas aquelas coisas que roubou de nós, não somente em relação a estas coisas ordenadas, quanto à paz, alegria, amor e harmonia em nossos lares, Igrejas, e aonde quer que estejamos.
Este despojo realizado por Deus, daquelas coisas que nos foram dadas gratuitamente em Cristo, e que o diabo e o pecado nos roubaram,  são devolvidas em forma de bênçãos divinas que vêm sobre nós e aqueles que amamos.
Por isso se diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós.” (Tg 4.7). E também: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque tem cuidado de vós. Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo.” (I Pe 5.6-9).        
Esta é uma guerra intensa e de muitas batalhas contra o diabo, até que cheguemos à Canaã celestial, e isto deve ser feito com submissão à vontade do Senhor, em vigilância e oração permanentes.
Não se pode ter vitórias sem depender de Deus e buscá-las nEle através da oração, para que especialmente o nosso próprio ego possa ser vencido, para que mortificado o pecado, seja implantado o caráter de Cristo em nós, pois esta é a verdadeira vitória da cruz, a saber, sobre os nossos próprios pecados e falta de completa submissão à vontade do Senhor.
Um reino de abominações, violência e ódio está sendo substituído progressivamente por um reino de santidade, paz e amor, e será este reino que triunfará completamente quando Cristo vencer o seu e nosso último inimigo, a saber, a morte.
Muitos estavam morrendo em Canaã. Apenas da cidade de Ai foram 12.000 pessoas, de modo que ficasse registrado para sempre que o salário do pecado é a morte.
Morte que foi introduzida no mundo pelo diabo quando tentou e enganou o primeiro casal.
Este será o fim de todos os inimigos de Deus e que não se submetem à Sua vontade.
Todavia, do mesmo modo que Deus preservou Israel, Ele preservará perfeitamente o verdadeiro Israel da morte, que é composto pelas pessoas que são verdadeiramente da fé, e que estão unidas para sempre a Cristo.
Desta forma, importa que Deus seja glorificado em todas as coisas, e por isso, quando Josué voltou da destruição da cidade de Ai, edificou um altar ao Senhor de modo que o Seu nome fosse exaltado, e nenhuma providência foi tomada para se erigir um monumento a Josué ou a quem quer que fosse, senão somente ao Senhor foi tributada toda a honra e glória daquela vitória, e isto foi confirmado pela cópia da lei de Moisés, que foi feita por Josué, na presença de todos, referente à bênção e maldição que deveriam ser pronunciadas nos montes Gerizim e Ebal.
Com isso, demonstrava que não estava sendo estabelecida uma nova ordem em Israel, senão o mero cumprimento de todas as coisas que foram ordenadas por Deus a eles através de Moisés.
É um tipo de obediência e humildade como estas que é honrado por Deus, a saber que se dê atenção e cumprimento a tudo o que nos tem ordenado através dos profetas e apóstolos em sua Palavra, e não àquilo que inventarmos por nossa própria imaginação e conveniência.
Daí se dizer: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros.” (I Sm 15.22).
Acã havia se precipitado em sua própria cobiça e sofreu os danos que lhe sobrevieram como induziu outros a serem prejudicados por causa do seu pecado, porque somente Jericó foi designada como primícias para o Senhor, pois todos os despojos das demais cidades conquistadas deveriam ser repartidos entre o povo (v. 2), conforme prescrições a tal respeito contidas na lei de Moisés. De modo que não podemos ser abençoados nos precipitando e querendo nos apropriar daquilo que é devido a Deus.
Devemos dar a Deus o que é de Deus. E aquilo que também é de Deus será dado a nós conforme a Sua bondade, através dos méritos de Jesus Cristo.
Deus sempre apanha os homens na própria astúcia e sabedoria deles.
Como Josué havia enviado no princípio contra a cidade de Ai um pequeno exército de apenas 3.000 homens, eles não sabiam que havia uma emboscada contra eles empregando agora um exército de 30.000 homens.
Dos quais apenas um número reduzido apresentou-se juntamente com Josué diante da cidade, e pensando que os feririam como da primeira vez, em face daquela tropa reduzida, saíram ao seu encontro, e Josué e seus homens fingindo-se de feridos fugiram deles, de modo que toda a cidade foi convocada a sair contra os israelitas.
Enquanto isto, os homens que estavam emboscados entraram na cidade e a queimaram, e todos os que saíram para pelejar contra Israel foram mortos, enquanto Josué mantinha a sua lança estendida à vista dos seus guerreiros, tal como Moisés havia levantado sua vara no deserto.
O modo correto para prosperar é começar com Deus. Assim como Jesus diz em Mt 6.33: “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”.
Por isso, as ações de guerra foram temporariamente suspensas, para se dar a devida adoração e louvor devidos a Deus, quando Josué mandou erigir o altar onde foram apresentados holocaustos e ofertas pacíficas, e quando fez uma cópia da lei de Moisés e ordenou que fossem executadas as determinações relativas ao proferimento da bênção e da maldição nos montes Gerizim e Ebal.
Nunca terá sido tempo desperdiçado pararmos nossas atividades para cultuar a Deus na Igreja, e para orarmos e meditarmos na Sua Palavra.
Ao contrário, o Senhor multiplicará o nosso tempo e nos fará prosperar em tudo que fizermos se procedermos de tal forma.
César terá de nós o que lhe pertence, mas não que sem antes demos a Deus o que pertence a Ele.


Primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas as demais coisas devem vir depois disto, pois é o próprio Deus que assim o determina a nós.  


Josué 9

“1 Depois sucedeu que, ouvindo isto todos os reis que estavam além do Jordão, na região montanhosa, na baixada e em toda a costa do grande mar, defronte do Líbano, os heteus, os amorreus, os cananeus, os perizeus, os heveus, e os jebuseus
2 se ajuntaram de comum acordo para pelejar contra Josué e contra Israel.
3 Ora, os moradores de Gibeão, ouvindo o que Josué fizera a Jericó e a Ai.
4 usaram de astúcia: foram e se fingiram embaixadores, tomando sacos velhos sobre os seus jumentos, e odres de vinho velhos, rotos e recosidos,
5 tendo nos seus pés sapatos velhos e remendados, e trajando roupas velhas; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento.
6 E vieram a Josué, ao arraial em Gilgal, e disseram a ele e aos homens de Israel: Somos vindos duma terra longínqua; fazei, pois, agora pacto conosco.
7 Responderam os homens de Israel a estes heveus: Bem pode ser que habiteis no meio de nós; como pois faremos pacto convosco?
8 Então eles disseram a Josué: Nós somos teus servos. Ao que lhes perguntou Josué: Quem sois vós? e donde vindes?
9 Responderam-lhe: Teus servos vieram duma terra mui distante, por causa do nome do Senhor teu Deus, porquanto ouvimos a sua fama, e tudo o que fez no Egito,
10 e tudo o que fez aos dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, a Siom, rei de Hesbom, e a Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote.
11 Pelo que nossos anciãos e todos os moradores da nossa terra nos falaram, dizendo: Tomai nas mãos provisão para o caminho, e ide-lhes ao encontro, e dizei-lhes: Nós somos vossos servos; fazei, pois, agora pacto conosco.
12 Este nosso pão tomamo-lo quente das nossas casas para nossa provisão, no dia em que saímos para vir ter convosco, e ei-lo aqui agora seco e bolorento;
13 estes odres, que enchemos de vinho, eram novos, e ei-los aqui já rotos; e esta nossa roupa e nossos sapatos já envelheceram em razão do mui longo caminho.
14 Então os homens de Israel tomaram da provisão deles, e não pediram conselho ao Senhor.
15 Assim Josué fez paz com eles; também fez um pacto com eles, prometendo poupar-lhes a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento.
16 Três dias depois de terem feito pacto com eles, ouviram que eram vizinhos e que moravam no meio deles.
17 Tendo partido os filhos de Israel, chegaram ao terceiro dia às cidades deles, que eram Gibeom, Cefira, Beerote e Quiriate-Jearim.
18 Mas os filhos de Israel não os mataram, porquanto os príncipes da congregação lhes haviam prestado juramento pelo Senhor, o Deus de Israel; pelo que toda a congregação murmurava contra os príncipes.
19 Mas os príncipes disseram a toda a congregação: Nós lhes prestamos juramento pelo Senhor, o Deus de Israel, e agora não lhes podemos tocar.
20 Isso cumpriremos para com eles, poupando-lhes a vida, para que não haja ira sobre nós, por causa do juramento que lhes fizemos.
21 Disseram, pois, os príncipes: Vivam. Assim se tornaram rachadores de lenha e tiradores de água para toda a congregação, como os príncipes lhes disseram.
22 Então Josué os chamou, e lhes disse: Por que nos enganastes, dizendo: Mui longe de vós habitamos, morando vós no meio de nós?
23 Agora, pois, sois malditos, e dentre vós nunca deixará de haver servos, rachadores de lenha e tiradores de água para a casa do meu Deus.
24 Respondendo a Josué, disseram: Porquanto foi anunciado aos teus servos que o Senhor teu Deus ordenou a Moisés, seu servo, que vos desse toda esta terra, e destruísse todos os seus moradores diante de vós, temíamos muito pelas nossas vidas por causa de vós, e fizemos isso.
25 E eis que agora estamos na tua mão; faze aquilo que te pareça bom e reto que se nos faça.
26 Assim pois ele lhes fez, e livrou-os das mãos dos filhos de Israel, de sorte que estes não os mataram.
27 Mas, naquele dia, Josué os fez rachadores de lenha e tiradores de água para a congregação e para o altar do Senhor, no lugar que ele escolhesse, como ainda o são.” (Js 9.1-27).

Antes de prosseguirmos em nosso estudo no livro de Josué, cabe a esta altura, em face das várias ações de guerra ordenadas por Deus, que resultaram na morte e extermínio de muitos cananeus, fazer uma rápida reflexão sobre a pergunta se porventura Deus se agrada da violência ou da morte.
A resposta inicial para uma tal pergunta, deve deixar bem claro, logo de início que Deus abomina uma coisa tanto quanto outra, primeiro porque Ele é amor, e em segundo lugar é Deus vivo e de vivos, e não de mortos.
Vale lembrar que o motivo de ter trazido o dilúvio sobre a terra nos dias de Noé deveu-se ao fato de a violência ter-se multiplicado entre os homens.
Então como poderia Deus ter ordenado a execução capital de tantas pessoas?
A resposta é que o princípio de que aquele que usar de violência e gerar a morte terá como paga do seu pecado enfrentar também um juízo igual de morte.
Não que Deus tenha qualquer prazer nisto, como Ele declara através do profeta Ezequiel, que não tem prazer na morte do ímpio. Mas não resta alternativa em face da entrada do pecado no mundo ter trazido em conseqüência a necessidade de uma resposta pela força, para conter o avanço dos atos violentos.
Os cananeus e amorreus que foram exterminados nos dias de Josué ocupavam um território estratégico, que era o corredor do mundo antigo.
Suas práticas abomináveis e violentas eram uma verdadeira escola para todas as nações. E assim, este foi um dos motivos da determinação do seu extermínio, para que aquela má influência fosse substituída por uma influência benéfica, representada na nação de Israel, que teria o encargo de revelar a vontade do Deus santo, justo e amoroso ao mundo.  
Deus passa a ser o Senhor da guerra e a tomar vingança contra os seus inimigos, não porque isto seja parte de Sua natureza amorosa, como se ser bélico e amoroso fosse a mesma coisa.
Ele deve agir belicamente em razão da necessidade de conter o avanço do pecado e o seu domínio total sobre a criação, quer isto se encontre na pessoa de anjos ou de homens.
Onde houver o pecado ele está destinado a ser julgado e condenado a desaparecer em razão do atributo da justiça de Deus, que O leva a estabelecer um juízo sobre os culpados.
Caso não houvesse nenhum pecado, em nenhuma das criaturas de Deus, todo o universo visível e invisível seria uma perfeita harmonia em amor, paz, benignidade, porque é nestas coisas que Deus se apraz, conforme afirma em Sua Palavra.
Tanto isto é verdade, que apesar de as ações de guerra que Davi foi obrigado a empreender em seu tempo, a serviço do próprio Deus, foram o motivo que lhe impediram de construir o templo de Jerusalém, porque Deus declarou acerca dele ser homem sanguinário, isto é, que havia derramado muito sangue, ainda que dos inimigos da causa do amor e da verdade.
É portanto a presença do pecado no mundo que faz com que os juízos de Deus sejam estabelecidos contra os ímpios.
No entanto, cabe destacar que a Palavra está repleta de exemplos, no sentido contrário, do modo como Ele se empenha em livrar os justos dos juízos que são despejados sobre aqueles que andam contrariamente à sua vontade, indicando que não haveria de fato nenhuma morte, e nenhum juízo, caso não houvesse a manifestação do pecado em todas as suas formas abomináveis.
Deve ser destacado que Deus prova que é amor no fato de nos ter amado e dado o Seu Filho por nós, quando ainda éramos ímpios, fracos, pecadores.
Não foi por justos que Ele morreu, mas por ímpios.
Ele se reconcilia com pecadores perdoando todos os seus pecados. E necessitaríamos de uma maior prova relativa ao fato de que Deus é puro e santo amor?
Que não se agrada da morte, mas da vida?
Que tem grande expectativa em ver todas as coisas restauradas pelo estabelecimento final da nova criação que está realizando por meio da redenção que há em Cristo?
Como atribuiríamos qualquer falta ou imperfeição ao amor e mansidão de Deus, já que somos nós os únicos imperfeitos e causadores da manifestação do atributo da Sua ira?
Terá porventura o Senhor prazer em manifestar os Seus juízos condenatórios para sempre?
Claro que não, pois tem estabelecido por isso um dia de juízo final, para pôr um termo a toda lágrima, dor e tristeza que são produzidas em razão do pecado.
Virá o dia em que Ele descansará da obra da sua nova criação, assim como descansou em relação à primeira criação, quando trouxe todas as coisas visíveis à existência.
Então se dirá que tudo é muito bom, porque não existirá mais nenhuma imperfeição no governo de Deus com os homens que O amam e que são também por Ele amados, com um amor perfeito e sem mácula. Aleluia! Ora vem Senhor Jesus!    
Não se pense portanto, que Deus tem prazer na guerra e na morte. Ele não reinará em harmonia sobre estas coisas, senão sobre a paz e a vida eterna, que a propósito, obteve para os pecadores com o preço da própria vida de seu Filho amado, que teve que morrer para vencer a morte, demonstrando que Deus tem prazer na vida e ama a vida, e não tem nenhum prazer na morte, antes a abomina, porque ela é inimiga do Seu propósito na criação.
A existência de magistrados que trazem a espada, como se afirma em Romanos 13.1-5, para castigo dos malfeitores, é um ministério necessário, em razão da existência do pecado no mundo. Caso não houvesse pecado não haveria sequer necessidade de médicos, quanto mais de autoridades militares, policiais e advogados.
Mas, o castigo do pecado ensejou a possibilidade de se exibir a verdade de que Deus abomina o pecado e sujeita a um juízo eterno a todos aqueles que permanecem deliberadamente na sua prática, devendo pois o homem se arrepender e se converter, caso deseje entrar no reino de Deus, que é justiça, alegria e paz no Espírito Santo.
Pois imaginemos a cena de um céu de perfeito amor e harmonia, antes da queda de Satanás e dos anjos. A mais pura harmonia, paz e tudo o que se refere a uma unidade perfeita em amor se encontravam no relacionamento de Deus com todas as suas criaturas morais.
Porém, repentinamente, este quadro foi alterado com a rebelião de Satanás e um terço dos anjos.
Eles revelaram um caráter de cruel e dura oposição ao amor e bondade de Deus.
Eles manifestaram uma furiosa repulsa ao governo de Deus, talvez, pelo motivo da mansidão, ternura, amor, brandura e tudo o mais que torna tão amável a face divina.
Eles confundiram mansidão com fraqueza, e tentaram subverter o governo do céu, tentando ocupar o lugar de Deus.
Imaginemos agora a possível perplexidade de todos os anjos que não caíram em face daquela rebelião que estava acontecendo.
Como agiria e enfrentaria o Deus que é todo amor e bondade aquela situação?
Haveria nele algum atributo para lidar com aquela ferrenha oposição?
Havia. E isto foi demonstrado pela manifestação dos atributos da justiça e da ira divinas.
Não a ira que há no homem caído, que é pecaminosa em quase todas as suas manifestações, porque tem muito de transtorno e sentimentos de ódio e de ressentimento.
Mas a pura e santa ira de Deus que o leva a punir o culpado sem entretanto modificar um só milímetro dos seus atributos de domínio próprio, longanimidade, paz, serenidade, amor e todos os demais atributos que o caracterizam como uma pessoa branda, benigna, bondosa, amorosa.
Nada e ninguém pode produzir qualquer transtorno na paz perfeita que reina em Deus. Ele não se exaspera como os homens. Ele não se altera em descontroles emocionais e temperamentais como os homens. Ele mantém a mais perfeita serenidade enquanto determina e executa os seus juízos.
Esta maneira de exercê-los, enquanto demonstra o Seu grande poder e autoridade, é a base firme em que se sustenta o Seu trono de glória, e traz grande encantamento e admiração aos seres que se encontram debaixo do Seu governo, conhecendo-O nesta Sua capacidade de exercer juízos, enquanto permanece longânimo e compassivo.
Isto tem sido demonstrado abundantemente ao longo da história da redenção e da Sua reconciliação com os pecadores, através de Jesus Cristo, não imputando aos homens as suas transgressões, e perdoando-lhes todos os pecados (II Cor 5.18,19), quando se arrependem e se voltam para Ele, para se entregarem a um viver em comunhão no Seu perfeito amor.
Em seu sermão intitulado “As Torres Caíram mas não Entendemos a Mensagem”, referindo-se à destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de Setembro de 2001, o pastor David Wilkerson afirma que Deus enviou uma mensagem aos Estados Unidos e a todo o mundo através daquela tragédia, como forma de chamada ao arrependimento, para que as nações se convertam de seus pecados (abortos, casamentos de gays, enriquecimento ilícito, etc) e se voltem para Ele, para que vivam e não sejam submetidas ao juízo eterno de fogo que está preparado para todos aqueles que não se converterem dos seus pecados.
Tal como a destruição pelas águas do dilúvio, nos dias de Noé, e de Sodoma e Gomorra, pelo fogo,  nos dias de Abraão, foram e têm sido uma  chamada da misericórdia e amor de Deus aos pecadores de todas as épocas, para que se arrependam de seus pecados e se reconciliem com Ele, através da fé em Jesus e abandono do pecado.
Nós encontramos na Bíblia expressões que falam sobre a fúria da ira de Deus, sobre o seu ódio contra o pecado, mas isto é uma maneira antropopática de se referir a realidades espirituais, para que possamos entendê-las em nossa limitada compreensão humana, mas isto não significa de modo algum, que haja qualquer ódio em Deus, ou fúria descontrolada, porque de outro modo Ele não poderia ser permanente e perfeitamente em todo o tempo, como de fato é, também compassivo, misericordioso, paciente, longânimo, perdoador, pacífico, como tantas vezes afirma de si mesmo na Bíblia, e como nos ensina a própria lógica racional e a própria natureza das coisas criadas.
Pois não haveria vulcões, maremotos, terremotos, selvageria em animais, caso não tivesse entrado o pecado no mundo.
Foi o pecado que trouxe tudo isto à existência, para sabermos que há um transtorno neste mundo, que ele já não é um lugar perfeito por causa do pecado, e que há conseqüentemente juízos de Deus sobre ele, e haverá, até que sejam criados um novo céu e uma nova terra onde a justiça habitará para sempre.        
Quando Jesus inaugurar, depois do milênio, o seu reino eterno de perfeita justiça e paz na Nova Jerusalém, Ele guardará a toga de Juiz, porque não haverá mais o que ser julgado pois todos os que estiverem debaixo do Seu governo de amor, serão perfeitamente justos e santos. Mas até que este dia chegue, nós veremos e testemunharemos os juízos que Deus tem estabelecido direta e indiretamente contra o pecado, ensinando-nos a abandonarmos o mal, e a praticarmos o bem, conforme é da Sua vontade.
E é uma coisa maravilhosa, sabermos que Deus nos aceita não por causa das nossas perfeições, mas por causa das perfeições de Cristo, em razão de estarmos associados a Ele.
Isto demonstra uma grande bondade para conosco, apesar das nossas imperfeições. Pois, como seria Deus totalmente irrazoável e itratável ao lidar com os nossos pecados? Como poderíamos atribuir-lhe falta de longanimidade para conosco? Afinal ela tem sido manifestada abundantemente a nós e a todos os pecadores.
Deveríamos nos envergonhar pelo nosso endurecimento diante de tão grande longanimidade e bondade, que nos conduzem ao arrependimento.
“Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça.” (II Pe 3.13).
“E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre.” (Is 32.17).
 A coligação de reis com o intuito de destruir Israel, que vemos neste nono capitulo de Josué, bem confirma as coisas sobre as quais estamos nos referindo.
Sempre haverá, até que Jesus estabeleça o seu reino de justiça na eternidade, esta luta das forças do Inimigo contra o povo de Deus. E o Senhor sempre se levantará em defesa da justiça e do seu povo, ordenando ações para que afinal o mal não prevaleça sobre a terra.
O Espírito Santo também testemunha através de nós, como nosso Parácleto, dando-nos a palavra certeira e com autoridade na propagação do Evangelho, agindo como nosso defensor e da verdade, ainda que diante de autoridades constituídas, que se coloquem em ordem de batalha contra os interesses do reino de Deus.  
Assim, os juízos sobre os cananeus não eram propriamente dos israelitas, mas de Deus contra o seu pecado. Não porque Israel fosse melhor do que eles na condição de pecadores, mas porque Deus estava usando como espada vingadora o povo que havia formado no Egito para guardar os seus mandamentos.
Tanto isto é verdade, que desde o Velho Testamento, a lei proíbe a vingança pessoal, pois se diz que apenas a Deus pertence a vingança, a retribuição pelo mal praticado.
Isto tem por fim desestimular ações violentas, de modo que no Novo Testamento encontramos exortações como estas: “Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia. Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Ef 4.31,32).
Isto demonstra qual é pois o verdadeiro caráter de Deus.
Deste modo, ninguém será justificado perante Ele por sua destemperança, crueldade, amargura, ira e coisas como estas dirigidas contra o seu próximo.
De igual forma, voltamos a repetir, que se diz que o fruto do Espírito Santo é: “o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade; a mansidão, o domínio próprio” (Gl 5.22,23), e o que estas coisas têm a ver com violência, assassinatos, roubos, iras, dissensões e coisas como estas?
Afinal, não é dito na lei: “não matarás”, e como Deus se agradaria da morte?
Como teria prazer em ordenar a morte de alguém?
Porém, como dissemos, não lhe resta alternativa, senão trazer juízos de morte sobre a terra, em razão da presença do pecado que produz não apenas a morte física, mas a morte para a qual não há qualquer cura, que é a morte espiritual e eterna. E da qual Deus procura nos livrar ainda que seja necessário usar do expediente da morte física como juízo, para que os pecadores se arrependam e se convertam de seus pecados.
Todavia, se os homens, em face dos juízos de Deus permanecem endurecidos em seus pecados e não se convertem, eles ficarão sujeitos à condenação eterna tipificada na destruição ordenada por Deus dos povos de Canaã.
Em face do conhecimento dos juízos determinados sobre suas as más obras, em vez de arrependimento, eles se coligaram para destruir o povo de Deus como se vê no primeiro versículo deste capítulo de Josué.
E um dos povos da terra de Canaã, os gibeonitas, usou de um estratagema para fugir da destruição determinada, fingindo-se ser uma nação em peregrinação, que estava vindo de uma terra distante.
Os príncipes da congregação fizeram aliança com eles, sem consultarem ao Senhor. E nesta aliança fizeram um tratado de defesa mútua em nome de Deus, de modo, que quando os israelitas souberam a respeito da mentira usada por eles e da aliança que foi feita em nome de Deus, murmuraram contra os príncipes, mas estes alegaram que estavam impedidos de fazerem qualquer coisa contra os gibeonitas em razão da aliança que havia sido feita.
      O erro dos líderes de Israel é destacado pelo autor sagrado: “eles não consultaram ao Senhor” quando fizeram aquela aliança.
E Deus não se antecipou em lhes alertar por meio do ministério de profetas ou por uma revelação direta a Josué, acerca do engano em que estavam caindo.
Josué, por motivo de prudência chegou a perguntar a eles quem eram e de onde vinham. Mas a simples prudência humana de nada nos valerá se não buscarmos a bênção e a direção de Deus.
Em nossa guerra espiritual temos que lutar contra os principados e potestades do diabo, enquanto lembramos que ele é uma serpente ardilosa, sendo o pai da mentira e do engano.
Todas as nossas relações de união e de amizade devem ser primeiro testadas, para que nós possamos depois confiar, para que não nos arrependamos depois, dos acordos que fizermos apressadamente.
Os gibeonitas professaram que usaram aquele estratagema porque muito temeram o fato de ter o Deus de Israel ordenado a Moisés que desse a terra de Canaã aos israelitas e que fossem destruídos todos os povos da terra, e temeram por suas vidas.
Eles foram sinceros nesta profissão e no que disseram a Josué, nos versos 9 e 10, as seguintes palavras, quando lhes perguntou quem eram eles: “Responderam-lhe: Teus servos vieram duma terra mui distante, por causa do nome do Senhor teu Deus, porquanto ouvimos a sua fama, e tudo o que fez no Egito, e tudo o que fez aos dois reis dos amorreus, que estavam além do Jordão, a Siom, rei de Hesbom, e a Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote.”.
Eles reconheceram o poder de Deus e se dispuseram a se submeter ao Seu poder, colocando-se como servos de Israel, por reconhecerem que o Senhor cumpriria cabalmente os juízos que havia determinado sobre os povos de Canaã.
Eles demonstraram fé na palavra que Deus havia proferido e temeram os Seus juízos, embora tivessem usado de um estratagema para entrar em aliança com Israel e assim serem poupados.
Houve uma mistura de bem e mal na conduta deles. A sua mentira não pode ser justificada e nem ser admitida como um precedente. Nós não devemos praticar o mal para receber o bem. Se eles tivessem renunciado à sua idolatria, e se convertido ao Deus de Israel é bem certo que poderiam contar com o favor do Senhor e seriam poupados das destruições ordenadas, porque elas tinham em vista exatamente punir a falta de arrependimento daquelas nações.
Assim, não necessitariam se valer de nenhum estratagema enganoso para pouparem as suas vidas.
De igual modo, ainda hoje, a forma de uma pessoa ser abençoada verdadeiramente pelo Senhor é se arrependendo de seus pecados e se voltando para Deus, e não tentando se valer de lenitivos para prolongar a sua vida na terra, porque um dia, todos terão que enfrentar o juízo divino.
A lei relativa à destruição dos cananitas tinha em vista prevenir a contaminação dos israelitas com as idolatrias deles (Dt 7.4). Mas se os gibeonitas renunciaram à sua idolatria, e se tornaram amigos e servos da casa de Deus, aceitando o serviço de serem rachadores de lenha e apanhadores de água para o tabernáculo, então o perigo foi efetivamente prevenido, e a razão de ser da lei cessou por conseguinte, em relação a eles.
Isto mostra portanto, que a conversão dos pecadores prevenirá a sua ruína futura, e  serão resgatados da maldição da lei, por meio desta conversão, que é garantida pela morte de Cristo.
Aquela aliança de Israel com os gibeonitas foi feita com juramento pelo nome do Deus de Israel e não de nenhuma das divindades de Canaã.
Aquele que jura pelo Senhor, fica obrigado ao juramento que fez, porque Deus cobrará aquilo que juramos ou votamos com os nossos lábios.
Por isso se diz que é melhor não votar do que votar e não cumprir, porque o Senhor considerará o que prometemos fazer com o dito dos nossos lábios.
Ele não permitirá ser escarnecido ou zombado ainda que tenha sido um dito irrefletido.
Se vivemos numa sociedade em que a palavra do homem não tem nenhum valor, no entanto, não se dá tal caso em relação a Deus, porque aquilo que prometemos fazer será cobrado por Ele de nós e Ele exigirá que cumpramos a nossa palavra, para que aprendamos a ser pessoas cujo sim signifique sim, e cujo não signifique não, de modo que sejamos achados verdadeiros e não mentirosos, porque toda mentira procede do maligno.
 A violação desta aliança com os gibeonitas nos dias do rei Saul trouxe juízos sobre os israelitas da casa daquele rei, como forma de compensação da violação que ele fizera do juramento que havia sido feito nos dias de Josué (II Sm 21).

E nós veremos no capítulo seguinte (Js 10) que Deus honrou esta aliança que foi feita, dando uma grande vitória aos israelitas quando estes agiram em defesa dos gibeonitas.


Josué 10

“1 Quando Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, ouviu que Josué tomara a Ai, e a destruíra totalmente (pois este fizera a Ai e ao seu rei como tinha feito a Jericó e ao seu rei), e que os moradores de Gibeom tinham feito paz com os israelitas, e estavam no meio deles,
2 temeu muito, pois Gibeom era uma cidade grande como uma das cidades reais, e era ainda maior do que Ai, e todos os seus homens eram valorosos.
3 Pelo que Adoni-Zedeque, rei de Jerusalém, enviou mensageiros a Hoão, rei de Hebrom, a Pirã, rei de Jarmute, a Jafia, rei de Laquis, e a Debir, rei de Eglom, para lhes dizer:
4 Subi a mim, e ajudai-me; firamos a Gibeom, porquanto fez paz com Josué e com os filhos de Israel.
5 Então se ajuntaram, e subiram cinco reis dos amorreus, o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom, o rei de Jarmute, o rei de Laquis, o rei de Eglom, eles e todos os seus exércitos, e sitiaram a Gibeom e pelejaram contra ela.
6 Enviaram, pois, os homens de Gibeom a Josué, ao arraial em Gilgal, a dizer-lhe: Não retires de teus servos a tua mão; sobe apressadamente a nós, e livra-nos, e ajuda-nos, porquanto se ajuntaram contra nós todos os reis dos amorreus, que habitam na região montanhosa.
7 Josué, pois, subiu de Gilgal com toda a gente de guerra e todos os homens valorosos.
8 E o Senhor disse a Josué: Não os temas, porque os entreguei na tua mão; nenhum deles te poderá resistir.
9 E Josué deu de repente sobre eles, tendo marchado a noite toda, subindo de Gilgal;
10 e o Senhor os pôs em desordem diante de Israel, que os desbaratou com grande matança em Gibeom, e os perseguiu pelo caminho que sobe a Bete-Horom, ferindo-os até Azeca e Maqueda.
11 Pois, quando eles iam fugindo de diante de Israel, à descida de Bete-Horom, o Senhor lançou sobre eles, do céu, grandes pedras até Azeca, e eles morreram; e foram mais os que morreram das pedras da saraiva do que os que os filhos de Israel mataram à espada.
12 Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor entregou os amorreus na mão dos filhos de Israel, e disse na presença de Israel: Sol, detém-se sobre Gibeom, e tu, lua, sobre o vale de Aijalom.
13 E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Não está isto escrito no livro de Jasar? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro.
14 E não houve dia semelhante a esse, nem antes nem depois dele, atendendo o Senhor assim à voz dum homem; pois o Senhor pelejava por Israel.
15 Depois voltou Josué, e todo o Israel com ele, ao arraial em Gilgal.
16 Aqueles cinco reis, porém, fugiram e se esconderam na caverna que há em Maqueda.
17 E isto foi anunciado a Josué nestas palavras: Acharam-se os cinco reis escondidos na caverna em Maqueda.
18 Disse, pois, Josué: Arrastai grandes pedras para a boca da caverna, e junto a ela ponde homens que os guardem.
19 Vós, porém, não vos detenhais; persegui os vossos inimigos, matando os que vão ficando atrás; não os deixeis entrar nas suas cidades, porque o Senhor vosso Deus já vo-los entregou nas mãos.
20 Quando Josué e os filhos de Israel acabaram de os ferir com mui grande matança, até serem eles exterminados, e os que ficaram deles se retiraram às cidades fortificadas,
21 todo o povo voltou em paz a Josué, ao arraial em Maqueda. Não havia ninguém que movesse a sua língua contra os filhos de Israel.
22 Depois disse Josué: Abri a boca da caverna, e trazei-me para fora aqueles cinco reis.
23 Fizeram, pois, assim, e trouxeram-lhe aqueles cinco reis para fora da caverna: o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom, o rei de Jarmute, o rei de Laquis, e o rei de Eglom.
24 Quando os trouxeram a Josué, este chamou todos os homens de Israel, e disse aos comandantes dos homens de guerra que o haviam acompanhado: Chegai-vos, ponde os pés sobre os pescoços destes reis. E eles se chegaram e puseram os pés sobre os pescoços deles.
25 Então Josué lhes disse: Não temais, nem vos atemorizeis; esforçai-vos e tende bom ânimo, porque assim fará o Senhor a todos os vossos inimigos, contra os quais haveis de pelejar.
26 Depois disto Josué os feriu, e os matou, e os pendurou em cinco madeiros, onde ficaram pendurados até a tarde.
27 Ao pôr do sol, por ordem de Josué, tiraram-nos dos madeiros, lançaram-nos na caverna em que se haviam escondido, e puseram à boca da mesma grandes pedras, que ainda ali estão até o dia de hoje.
28 Naquele mesmo dia Josué tomou a Maqueda, e feriu-a a fio de espada, bem como a seu rei; totalmente os destruiu com todos os que nela havia, sem deixar ali nem sequer um. Fez, pois, ao rei de Maqueda como fizera ao rei de Jericó.
29 De Maqueda, Josué, e todo o Israel com ele, passou a Libna, e pelejou contra ela.
30 E a esta também, e a seu rei, o Senhor entregou na mão de Israel, que a feriu a fio de espada com todos os que nela havia, sem deixar ali nem sequer um. Fez, pois, ao seu rei como fizera ao rei de Jericó.
31 De Libna, Josué, e todo o Israel com ele, passou a Laquis, e a sitiou, e pelejou contra ela.
32 O Senhor entregou também a Laquis na mão de Israel, que a tomou no segundo dia, e a feriu a fio de espada com todos os que nela havia, conforme tudo o que fizera a Libna.
33 Então Horão, rei de Gezer, subiu para ajudar a Laquis; porém Josué o feriu, a ele e ao seu povo, até não lhe deixar nem sequer um.
34 De Laquis, Josué, e todo o Israel com ele, passou a Eglom, e a sitiaram, e pelejaram contra ela,
35 e no mesmo dia a tomaram, ferindo-a a fio de espada; destruiu totalmente nesse mesmo dia todos os que nela estavam, conforme tudo o que fizera a Laquis.
36 De Eglom, Josué, e todo o Israel com ele, subiu a Hebrom; pelejaram contra ela,
37 tomaram-na, e a feriram ao fio da espada, bem como ao seu rei, e a todas as suas cidades, com todos os que nelas havia. A ninguém deixou com vida, mas, conforme tudo o que fizera a Eglom, a destruiu totalmente, com todos os que nela havia.
38 Então Josué, e todo o Israel com ele, voltou a Debir, pelejou contra ela,
39 e a tomou com o seu rei e com todas as suas cidades; feriu-as a fio de espada, e a todos os que nelas havia destruiu totalmente, não deixando nem sequer um. Como fizera a Hebrom, e como fizera também a Libna e ao seu rei, assim fez a Debir e ao seu rei.
40 Assim feriu Josué toda aquela terra, a região montanhosa, o Negebe, a baixada, e as faldas das montanhas, e a todos os seus reis. Não deixou nem sequer um; mas a tudo o que tinha fôlego destruiu totalmente, como ordenara o Senhor, o Deus de Israel:
41 Assim Josué os feriu desde Cades-Barnéia até Gaza, como também toda a terra de Gósem, até Gibeom.
42 E de uma só vez tomou Josué todos esses reis e a sua terra, porquanto o Senhor, o Deus de Israel, pelejava por Israel.
43 Então Josué, e todo o Israel com ele, voltou ao arraial em Gilgal.” (Js 10.1-43).

Quando Israel atravessou o Jordão, ao norte do mar Morto, na altura de Jericó, eles haviam se instalado na parte meridional de Canaã, e dali, em razão do ataque da coligação de reis contra Gibeom, foram feitas campanhas militares em direção ao Sul, tendo sido dominado portanto todo o território do Sul de Canaã, até às extremidades da terra de Gósen no Egito.
Canaã não seria conquistada em poucos dias. Deus declarou em Êx 30.29,30 como se faria a conquista: “Não os expulsarei num só ano, para que a terra não se torne em deserto, e as feras do campo não se multipliquem contra ti. Pouco a pouco os lançarei de diante de ti, até que te multipliques e possuas a terra por herança.”.
O cronograma e o programa de conquista não seria estabelecido por Josué, mas seria levado a efeito de acordo com a direção de Deus.
É muito curioso perceber que o que precipitou a campanha militar ao Sul foi justamente uma ação de defesa dos gibeonitas em compromisso em honrar a aliança que havia sido feita com eles, pois uma coligação de reis amorreus daquela região de Canaã veio sobre os gibeonitas, em razão de terem se aliançado a Israel, e quando eles pediram por socorro aos israelitas, Deus disse a Josué que daria aqueles reis coligados nas mãos dele.
Seria portanto, pelo Sul, que começaria a ocupação de Canaã.
O rei Adoni-Zedec, de Jerusalém, foi o primeiro a tomar a iniciativa em formar um confederação para destruir os gibeonitas.
Eles pretendiam mostrar a destruição que eles fariam a todos os que ousassem se coligarem a Israel.
Assim, Satanás e os seus instrumentos declaram guerra contra aqueles que fazem paz com Deus.
Não devemos estranhar que o mundo odeie os crentes, e especialmente aqueles que se determinam em fazer a vontade do Senhor.
O inimigo atacará a estes de modo mais intenso, pelo temor das perdas que lhe possam causar.
Desta forma, se antecipa para tentar destruir a obra que Deus intenta realizar através deles, mesmo antes de a iniciarem.
Quantos, que são considerados preciosos para Deus, são atacados de modo muito terrível pelo diabo, que os conduz para bem longe dos caminhos do Senhor, mesmo antes da sua conversão, por saber que eles serão instrumentos poderosos nas mãos de Deus e agirão contra os interesses do seu reino espiritual do mal, caso venham a se converter.
Portanto, se antecipa e ataca aquelas pessoas que poderão serem achadas nos mais grosseiros pecados, debaixo da sua escravidão, de modo que não possam lhe causar qualquer dano.
Ele caça essas vidas preciosas com uma incansável fúria, de modo a tentar impedir que se convertam a Deus.
E é disto que especialmente, a Igreja deve estar bem conscientizada, para que não venha a desprezar e a deixar de insistir na salvação daqueles que se encontram presos nas garras do diabo, e que Deus sabe que são preciosos para Ele e para os interesses do Seu reino, e que o diabo procura cegar e conduzir à prática dos pecados mais horrendos, de modo que tais pessoas se considerem indignas do amor e do perdão do Senhor.      
Assim como Josué se dispôs a socorrer os gibeonitas, que estavam sendo atacados pela coligação dos reis de Canaã, do mesmo modo a Igreja deve se dispor a socorrer aqueles que estão presos nas garras do diabo.
Os reis de Canaã decidiram atacar os gibeonitas, porque julgaram que seriam abandonados pelos israelitas, e que não cumpririam a aliança que fizeram com eles, em razão de serem também cananitas.
De igual modo, o diabo tenta desencorajar os crentes em sua missão de evangelização do mundo, levando-os a crer que as pessoas descrentes não são dignas da sua atenção e do seu cuidado, uma vez que não fazem parte da Igreja, e assim, não poderiam contar com qualquer favor da parte de Deus.
Mas foi exatamente para salvar e não para condenar o mundo que Jesus se manifestou.
Foi exatamente para pecadores e não para justos que Ele veio.
Foi para buscar o perdido.
Foi para os doentes que Ele morreu na cruz e não para os sãos.
E se espera da Igreja que traduza em ações práticas de evangelização, levando a palavra de perdão e reconciliação aos pecadores, por meio da fé em Cristo, e não que se isole e evite qualquer tipo de contato com eles.
Provavelmente alguém dirá: “mas Josué não exterminaria os cananeus a mandado de Deus?”.
Sim. Porque aquela Antiga Aliança era ministério de morte e de condenação (II Cor 3.7,9).
De fato houve muitas destruições determinadas por Deus, não somente por meio de Israel sobre as nações pagãs, como também sobre o próprio Israel, quando eles se comportaram como pagãos, e isto para servir de ilustração que o pecado sujeita aqueles que não se arrependem e não caminham com Deus, a uma sentença condenatória de morte espiritual eterna, que se cumprirá quando se deixa este mundo pela morte física.
Mas tendo sido inaugurada uma Nova Aliança desde a morte e ressurreição de Jesus, que está sendo oferecida a todas as pessoas, sem qualquer tipo de acepção da parte de Deus, conforme Ele havia prometido, o ministério da Igreja já não é mais um ministério de morte e de condenação como o que vigorou até a morte de Jesus, mas ministério do Espírito e da justiça (II Cor 3.8.9).
É ministério do Espírito porque é Ele quem grava a lei de Deus nas mentes e corações e quem convence do pecado e que converte poderosamente a Deus os pecadores, por piores que eles sejam.
E é ministério da justiça, porque o que se requer aqui não é a justiça do homem, mas que o homem creia na justiça de Cristo e a receba como sendo a sua própria justiça.
Portanto, as ações da Igreja não são dirigidas para a destruição de qualquer pecador, mas para a sua conversão e edificação.
Isto não implica que não se deve advertir os pecadores sobre o juízo, a maldição e a ira de Deus, que permanece e permanecerá sobre eles, caso não se arrependam e se convertam de seus pecados.
 Mas mesmo na dispensação da lei, nós temos esta ilustração de Deus e seu povo lutando em favor da preservação dos pecadores da ruína, em razão dos ataques que lhes são desferidos pelo Inimigo das suas almas. Deus peleja contra o diabo e ordena a seu povo que faça o mesmo, em defesa daqueles, que se converterão das trevas para a luz.  
E nesta batalha, o Senhor fará sinais e maravilhas, auxiliando sobrenaturalmente aqueles que estão empenhados na obra de salvação dos pecadores, tal como fizera nos dias de Josué fazendo com que a terra parasse o seu movimento de rotação em relação ao sol, de modo que o dia se estendeu, para que ações de guerra pudessem se prolongar e Israel triunfasse sobre os seus inimigos, e não somente isto, Ele fez com que chovesse pedras do céu, que mataram mais cananeus do que as espadas dos israelitas.
Deus repreenderá, amarrará e destruirá o poder e as ações do diabo, no trabalho de salvação que realiza através das batalhas espirituais empreendidas pelo seu povo contra os principados e potestades.
O povo do Senhor deve estar revestido da Sua armadura, com fé, justiça, vigilância, segura confiança na salvação, oração, pregação do evangelho, mas não deve esquecer que é o Senhor mesmo quem peleja por eles contra as forças do mal (v. 42).
Nos versos 15 a 27 são descritas as ações de Josué para perseguir e destruir os inimigos que haviam se dispersado, inclusive os cinco reis que haviam se confederado.
Isto ilustra de modo muito claro a guerra espiritual contra os poderes das trevas, que é uma guerra sem tréguas e de muitas batalhas.
Uma vitória nunca nos dará o direito de depor as armas espirituais e descansar.
Há um grande perigo em ficar contente simplesmente com o fato de colocar o Inimigo em fuga, porque se nos descuidarmos na vigilância e na oração, ele nos pegará de surpresa, quando estivermos alegremente comemorando a vitória, ainda que seja no momento imediato à conquista alcançada.
Na experiência da sua luta contra as forças espirituais do mal, a Igreja tem aprendido que vitórias sobre o inimigo devem ser seguidas por vigilância e oração, para manter o que foi conquistado e para se manter inabaláveis.
De outro modo, o Inimigo levará vantagem sobre nós. A conquista de um território deve ser vista não como motivo de comemoração, mas como motivo para nos encorajar a conquistar outro território que esteja sendo dominado pelo diabo.
Nos versos 28 a 43 são descritas as cidades dos cananeus que foram tomadas e ocupadas pelos israelitas na parte Sul de Canaã, excluindo-se Jerusalém e Jarmute.
Como se destaca no verso 40, toda aquela destruição realizada por Josué foi ordenada por Deus, e sabemos que ela foi determinada para tipificar que haverá uma justiça que será executada por Deus sem deixar qualquer pecador impenitente de fora, sem qualquer misericórdia, assim como foi ordenado por Ele aos israelitas no extermínio dos povos de Canaã, que foram condenados pela medida insuportável a que havia chegado a sua iniqüidade.
Isto também ocorrerá no tempo do fim, quando Jesus voltar como Juiz, pois a medida da iniqüidade terá se multiplicado de tal forma na terra, que não restará ao Senhor senão a alternativa de precipitar os juízos que já estão determinados em relação à impenitência dos homens.



Josué 11

“1 Quando Jabim, rei de Hazor, ouviu isso, enviou mensageiros a Jobabe, rei de Madom, e ao rei de Sinrom, e ao rei de Acsafe,
2 e aos reis que estavam ao norte, na região montanhosa, na Arabá ao sul de Quinerote, na baixada, e nos planaltos de Dor ao ocidente;
3 ao cananeu do oriente e do ocidente, ao amorreu, ao heteu, ao perizeu, ao jebuseu na região montanhosa, e ao heveu ao pé de Hermom na terra de Mizpá.
4 Saíram pois eles, com todos os seus exércitos, muito povo, em multidão como a areia que está na praia do mar, e muitíssimos cavalos e carros.
5 Todos esses reis, reunindo-se, vieram e juntos se acamparam às águas de Merom, para pelejarem contra Israel.
6 Disse o Senhor a Josué: Não os temas, pois amanhã a esta hora eu os entregarei todos mortos diante de Israel. Os seus cavalos jarretarás, e os seus carros queimarás a fogo.
7 Josué, pois, com toda a gente de guerra, sobreveio-lhes de repente às águas de Merom, e deu sobre eles.
8 E o Senhor os entregou na mão dos israelitas, que os feriram e os perseguiram até a grande Sidom, e até Misrefote-Maim, e até o vale de Mizpe ao oriente; e feriram-nos até não lhes deixar nem sequer um.
9 Fez-lhes Josué como o Senhor lhe dissera: os seus cavalos jarretou, e os seus carros queimou a fogo.
10 Naquele tempo Josué voltou e tomou também a Hazor, e feriu à espada ao seu rei, porquanto Hazor dantes era a cabeça de todos estes reinos.
11 E passaram ao fio da espada a todos os que nela havia, destruindo-os totalmente; nada restou do que tinha fôlego; e a Hazor ele queimou a fogo.
12 Josué, pois, tomou todas as cidades desses reis, e a eles mesmos, e os passou ao fio da espada, destruindo-os totalmente, como ordenara Moisés, servo do Senhor.
13 Contudo, quanto às cidades que se achavam sobre os seus altos, a nenhuma delas queimou Israel, salvo somente a Hazor; a essa Josué queimou.
14 Mas todos os despojos dessas cidades, e o gado, tomaram-nos os filhos de Israel como presa para si; porém feriram ao fio da espada todos os homens, até os destruírem; nada deixaram do que tinha fôlego de vida.
15 Como o Senhor ordenara a Moisés, seu servo, assim Moisés ordenou a Josué, e assim Josué o fez; não deixou de fazer coisa alguma de tudo o que o Senhor ordenara a Moisés.
16 Assim Josué tomou toda aquela terra, a região montanhosa, todo o Negebe, e toda a terra de Gósem e a baixada, e a Arabá, e a região montanhosa de Israel com a sua baixada,
17 desde o monte Halaque, que sobe a Seir, até Baal-Gade, no vale do Líbano, ao pé do monte Hermom; também tomou todos os seus reis, e os feriu e os matou.
18 Por muito tempo Josué fez guerra contra todos esses reis.
19 Não houve cidade que fizesse paz com os filhos de Israel, senão os heveus, moradores de Gibeão; a todas tomaram à força de armas.
20 Porquanto do Senhor veio o endurecimento dos seus corações para saírem à guerra contra Israel, a fim de que fossem destruídos totalmente, e não achassem piedade alguma, mas fossem exterminados, como o Senhor tinha ordenado a Moisés.
21 Naquele tempo veio Josué, e exterminou os anaquins da região montanhosa de Hebrom, de Debir, de Anabe, de toda a região montanhosa de Judá, e de toda a região montanhosa de Israel; Josué os destruiu totalmente com as suas cidades.
22 Não foi deixado nem sequer um dos anaquins na terra dos filhos de Israel; somente ficaram alguns em Gaza, em Gate, e em Asdode.
23 Assim Josué tomou toda esta terra conforme tudo o que o Senhor tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança a Israel, pelas suas divisões, segundo as suas tribos; e a terra repousou da guerra.”  (Js 11.1-23).

Foi por iniciativa de Jabim, rei de Hazor, que os reis do Norte de Canaã se coligaram contra Israel.
É dito que Josué levou muito tempo lutando contra eles (v. 18), e que veio endurecimento da parte do Senhor sobre eles para que atacassem Israel e assim fossem destruídos, sem achar qualquer piedade (v.20).
De igual modo, há muitos que são endurecidos pelo Senhor, mesmo na dispensação da graça, em razão de lhes conhecer a disposição interior de seus corações, que não se arrependerão de modo algum, e assim são mantidos endurecidos como se diz em Rom 9.18.
Entretanto, não cabe a nós, na dispensação da graça, efetuar julgamento quanto a quem tem sido ou não endurecido por Deus, porque a experiência tem demonstrado que Deus tem vasos preciosos mesmo entre aqueles que têm sido endurecidos, não por Ele, mas por influência de Satanás, na prática dos mais terríveis pecados, como que o diabo soubesse quem será instrumento de bênçãos nas mãos do Senhor, caso se converta, e por isso se empenha por todos os meios para manter tais pessoas afastadas da salvação.
E é dever da Igreja resgatar tais pessoas das mãos do Inimigo, trazendo-as à conversão em Cristo Jesus.
É citado nos versos 21 e 22 que Josué destruiu os gigantes, filhos de Anaque, conhecidos por anaquins, e que não restou nenhum deles nos territórios conquistados por Israel, tendo ficado apenas alguns nas cidades dos filisteus (Gaza, Gate e Asdode), de onde certamente viria a surgir mais tarde o gigante Golias, que afrontou o exército de Israel nos dias do rei Saul.
É feito um destaque especial à destruição de Hazor e do seu rei (v.10-13), sendo a cidade queimada a fogo, porque foi deste rei que partiu a iniciativa, para se coligar com outros reis com a finalidade de destruir Israel.
As demais cidades não foram queimadas, porque, com exceção da sua população que foi destruída, tudo o mais foi tomado como despojo e dar-se-ia cumprimento à promessa de Deus para eles, de que morariam em cidades que não haviam construído (Dt 6.10).
Certamente, as ações de Israel contra os povos de Canaã devem ter sido consideradas pelas demais nações daquela época como uma verdadeira barbárie, e isto despertou uma grande inimizade e ódio contra os israelitas, que nós vamos ver sendo despejados posteriormente contra eles, especialmente a partir do período dos Juízes.
Com isso, a intenção de Deus de que eles não se contaminassem com as práticas paganizadas das demais nações era consumada, porque nenhum povo estava no princípio, disposto a estabelecer ligações internacionais com Israel, e isto contribuiria para o propósito divino de mantê-los afastados da idolatria dos povos vizinhos.
Nós vemos com isto que não podemos considerar os projetos de Deus à luz daquilo que os homens julgam aprovado e adequado.
O Senhor intervém na história da humanidade, independentemente das ações dos organismos internacionais com a missão da ONU de tentar lutar pela paz mundial, porque é bem sabido por Deus que não haverá nenhuma verdadeira paz na terra, enquanto não for estabelecido o reino de Cristo em sua forma final.
Os pecadores sempre violarão todos os tratados de paz, e nunca os tratados de paz estarão inteiramente livres do interesse parcial desta ou daquela nação em prejuízo de outras.
Deus tinha um programa para Israel, especialmente para trazer o Messias ao mundo, e Ele o cumpriria, como de fato o cumpriu, sem levar em conta os interesses e aspirações políticas de Israel.
Como nação eleita eles estariam debaixo das exigências da aliança que havia sido celebrada com eles no Sinai, pela mediação de Moisés. E assim os interesses soberanos e eternos de Deus sempre prevaleceriam sobre os seus interesses temporais e passageiros.
De igual modo, os crentes que estão aliançados com Cristo, são chamados a colocarem os interesses do reino de Deus e a Sua justiça em primeiro lugar, acima dos seus próprios interesses pessoais.
E o Senhor cumprirá os Seus propósitos soberanos e eternos através do Seu povo, a par de toda a sorte de dificuldades e limitações que possam ser apresentadas pelos Seus servos, porque os desígnios de Deus jamais serão frustrados, porque Ele é o Senhor e tudo deve atender ao Seu mandar.
A brevidade da narrativa que nós encontramos neste livro de Josué, para descrever a conquista de Canaã, tem em vista revelar o cumprimento da promessa feita por Deus, isto é, da Sua fidelidade em sempre cumprir a Sua palavra.
Não são os feitos poderosos da própria nação de Israel que o Espírito Santo quis colocar em destaque na narrativa bíblica, tanto que não são descritas em detalhes todas as ações de guerra que foram levadas a efeito naquele longo período em que foi efetuada a conquista de Canaã.
De igual modo, não são os nossos atos e capacidade, que devem estar em destaque na pregação do evangelho, mas as virtudes e o poder de Cristo, através da exposição da Sua Palavra, por meio da unção do Espírito Santo.
São os atos do Senhor que devem ser exaltados e não os nossos.
Toda a glória, louvor e honra devem ser tributados a Ele, especialmente na obra de salvação e edificação dos pecadores.
Registremos os Seus feitos e não propriamente os nossos.
É o plano dEle que está sendo levado a ter cumprimento através da Igreja, e não o nosso próprio plano. A propósito, se temos algum plano, importa que o tenhamos recebido da parte do Senhor, porque é para Ele que estamos trabalhando, e mais do que trabalhando, até mesmo vivendo.
Deus requer completa submissão à Sua vontade, e por isso se destaca que o que Josué fez foi apenas cumprir aquilo que Deus havia ordenado através de Moisés (v. 15, 23).
Ele não estava trabalhando para construir a sua própria glória pessoal, mas a do Seu Senhor.        
Desta forma, Josué se tornou um bom exemplo e modelo de obediência para nós.
Ele aprendeu andando com Moisés qual é o modo de se agradar a Deus: sendo-Lhe obediente em tudo.
E ele se guardou do orgulho pessoal e não se deixou vencer pela própria vontade, pois a submeteu inteiramente à vontade do Deus a quem tão fielmente serviu.
Louvado seja Deus pelas vidas de seus servos, como Josué, que servem de inspiração para imitarmos a fé e o procedimento que tiveram em sua jornada terrena, de modo que possamos empreender as muitas batalhas, que somos convocados a lutar contra o Inimigo, e a permanecermos inabaláveis, depois de tudo vencermos, por sabermos que enquanto estivermos sujeitos à vontade de Deus e à Sua Palavra, assim como Josué fizera (cap 1.7,8), Satanás não poderá levar vantagem sobre nós, porque a forma de vencê-lo é nos sujeitando antes a Deus, pois sendo submissos à vontade do Senhor, fazendo aquilo que Lhe é agradável, não haverá outra alternativa para o diabo, senão a de fugir de nós.


A terra repousará da guerra, e a herança será repartida (v. 23), tal como ocorreu nos dias de Josué, se tão somente seguirmos o exemplo que ele nos deixou de fé e obediência total ao Senhor.      


Josué 12

“1 Estes, pois, são os reis da terra, aos quais os filhos de Israel feriram e cujas terras possuíram, do Jordão para o nascente do sol, desde o vale do Arnom até o monte Hermom, e toda a Arabá para o oriente:
2 Siom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom e que dominava desde Aroer, que está a borda do vale do Arnom, e desde o meio do vale, e a metade de Gileade, até o ribeiro Jaboque, termo dos amonitas;
3 e a Arabá até o mar de Quinerote para o oriente, e até o mar da Arabá, o Mar Salgado, para o oriente, pelo caminho de Bete-Jesimote, e no sul abaixo das faldas de Pisga;
4 como também o termo de Ogue, rei de Basã, que era do restante dos refains, o qual habitava em Astarote, e em Edrei,
5 e dominava no monte Hermom, e em Salca, e em toda a Basã, até o termo dos gesureus e dos maacateus, e metade de Gileade, termo de Seom, rei de Hesbom.
6 Moisés, servo do Senhor, e os filhos de Israel os feriram; e Moisés, servo do Senhor, deu essa terra em possessão aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo de Manassés:
7 E estes são os reis da terra, aos quais Josué e os filhos de Israel feriram, do Jordão para o ocidente, desde Baal-Gade, no vale do Líbano, até o monte Halaque, que sobe a Seir (e Josué deu as suas terras às tribos de Israel em possessão, segundo as suas divisões,
8 isto é, o que havia na região montanhosa, na baixada, na Arabá, nas faldas das montanhas, no deserto e no Negebe: o heteu, o amorreu, e o cananeu, o perizeu, o heveu, e o jebuseu);
9 o rei de Jericó, o rei de Ai, que está ao lado de Betel,
10 o rei de Jerusalém, o rei de Hebrom,
11 o rei de Jarmute, o rei de Laquis,
12 o rei de Eglom, o rei de Gezer,
13 o rei de Debir, o rei de Geder,
14 o rei de Hormá, o rei de Arade,
15 o rei de Libna, o rei de Adulão,
16 o rei de Maqueda, o rei de Betel,
17 o rei de Tapua, o rei de Hefer,
18 o rei de Afeque, o rei de Lassarom,
19 o rei de Madom, o rei de Hazor,
20 o rei de Sinrom-Merom, o rei de Acsafe,
21 o rei de Taanaque, o rei de Megido,
22 o rei de Quedes, o rei de Jocneão do Carmelo,
23 o rei de Dor no outeiro de Dor, o rei de Goim em Gilgal,
24 o rei de Tirza: trinta e um reis ao todo.” (Js 12.1-24).

Neste capítulo é apresentado um resumo das conquistas de Israel na Transjordânia e em Canaã.
A inclusão da conquista dos reinos de Ogue e Seom, respectivamente, reis de Basã e Hesbom, territórios que foram tomados destes dois reis, na Transjordânia, enquanto ainda vivia Moisés, revela de modo muito claro que o propósito da narrativa não é o de exaltar os feitos militares de Josué, mas, como já afirmamos antes, revelar a fidelidade de Deus em cumprir a promessa de dar à descendência de Abraão a terra de Canaã.
São relacionados trinta e um reis, que foram subjugados pela espada de Israel, e a lista começa com os reis de Jericó e Ai.
Estes territórios do outro lado do Jordão deveriam ser divididos entre as nove tribos e meia.
Destes, cairia no lote de Judá os reinos de Hebrom, Jarmute, Laquis, Eglon, Debir, Arade, Libna e Adulão, oito ao todo, além de parte do reino de Jerusalém e de Geder.
O lote de Simeão foi designado dentro do lote de Judá, que era demasiadamente grande, cabendo-lhes as seguintes cidades: Berseba, Seba, Molada, Hazar-Sual, Balá, Ezem, Eltolade, Betul, Hormã, Ziclague, Bete-Marcabote, Hazar-Susa, Bete-Lebaote e Saruém; treze cidades e as suas aldeias. Aim, Rimom, Eter e Asã; quatro cidades e as suas aldeias; e todas as aldeias que havia em redor dessas cidades, até Baalate-Ber, que é Ramá do sul. Essa é a herança da tribo dos filhos de Simeão, segundo as suas famílias.
Vemos assim que não estão relacionadas neste capitulo todas as cidades que foram distribuídas às tribos, mas estamos fazendo referência apenas as que são aqui citadas.
Ao lote de Benjamin seriam incorporados os reinos de Jericó, Ai, Jerusalém, Maqueda, Betel e as nações de Gilgal, seis ao todo.
A Efraim caberiam os reinos de Gezer e Tirza.
À meia tribo de Manassés os reinos de Tapua, Hefer, Taanaque e Megido.
A Aser, os reinos de Afeque e Acsafe.
A Zebulom os reinos de Lassarom, Sinrom-Merom e Jocneão.
A Naftali os reino de Madom, Hazor e Quedes.
A Issacar o reino de Dor.
Deus fez com que Israel entrasse na posse da herança prometida, e de igual modo fará com que todos os verdadeiros crentes, que compõem o Israel de Deus, entrem também na posse da sua herança eterna, da qual são co-herdeiros juntamente com Cristo e por causa de Cristo.
Depois de terem sido vencidos todos os inimigos de Deus, isto ocorrerá sem falta, porque fiel é O que prometeu.



Josué 13

“1 Era Josué já velho e avançado em anos, quando lhe disse o Senhor: Já estás velho e avançado em anos, e ainda fica muitíssima terra para se possuir.
2 A terra que ainda fica é esta: todas as regiões dos filisteus, bem como todas as dos gesureus,
3 desde Sior, que está defronte do Egito, até o termo de Ecrom para o norte, que se tem como pertencente aos cananeus; os cinco chefes dos filisteus; o gazeu, o asdodeu, o asqueloneu, o giteu, e o ecroneu; também os aveus;
4 no sul toda a terra, dos cananeus, e Meara, que pertence aos sidônios, até Afeca, até o termo dos amorreus;
5 como também a terra dos Gebalitas, e todo o Líbano para o nascente do sol, desde Baal-Gade, ao pé do monte Hermom, até a entrada de Hamate;
6 todos os habitantes da região montanhosa desde o Líbano até Misrefote-Maim, a saber, todos os sidônios. Eu os lançarei de diante dos filhos de Israel; tão-somente reparte a terra a Israel por herança, como já te mandei.
7 Reparte, pois, agora esta terra por herança às nove tribos, e à meia tribo de Manassés.
8 Com a outra meia tribo os rubenitas e os gaditas já haviam recebido a sua herança do Jordão para o oriente, a qual Moisés, servo do Senhor, lhes tinha dado:
9 desde Aroer, que está à borda do vale do Arnom, e a cidade que está no meio do vale, e todo o planalto de Medeba até Dibom;
10 e todas as cidades de Siom, rei dos amorreus, que reinou em Hesbom, até o termo dos amonitas;
11 e Gileade, e o território dos gesureus e dos maacateus, e todo o monte Hermom, e toda a Basã até Salca;
12 todo o reino de Ogue em Basã, que reinou em Astarote e em Edrei (ele era dos refains que ficaram); pois que Moisés os feriu e expulsou.
13 Contudo os filhos de Israel não expulsaram os gesureus nem os maacateus, os quais ficaram habitando no meio de Israel até o dia de hoje.
14 Tão-somente à tribo de Levi não deu herança; as ofertas queimadas ao Senhor, Deus de Israel, são a sua herança, como lhe tinha dito.
15 Assim Moisés deu herança à tribo dos filhos de Rúben conforme as suas famílias.
16 E foi o seu território desde Aroer, que está à borda do vale do , e a cidade que está no meio do vale, e todo o planalto junto a Medeba;
17 Hesbom, e todas as suas cidades que estão no planalto; Dibom, Bamote-Baal e Bete-Baal-Meom;
18 Jaza, Quedemote e Mefaate;
19 Quiriataim, Sibma e Zerete-Saar, no monte do vale;
20 Bete-Peor, as faldas de Pisga e Bete-Jesimote;
21 todas as cidades do planalto, e todo o reino de Siom, rei dos amorreus, que reinou em Hesbom, a quem Moisés feriu juntamente com os príncipes de Midiã: Evi, Requem, Zur, Hur e Reba, príncipes de Siom, que moravam naquela terra.
22 Também ao adivinho Balaão, filho de Beor, os filhos de Israel mataram à espada, juntamente com os demais que por eles foram mortos.
23 E ficou sendo o Jordão o termo dos filhos de Rúben. Essa região, com as suas cidades e aldeias, foi a herança dos filhos de Rúben, segundo as suas famílias.
24 Também deu Moisés herança à tribo de Gade, aos filhos de Gade, segundo as suas famílias.
25 E foi o seu território Jazer, e todas as cidades de Gileade, e metade da terra dos amonitas, até Aroer, que está defronte de Rabá;
26 e desde Hesbom até Ramá-Mizpe, e Betonim, e desde Maanaim até o termo de Debir;
27 e no vale, Bete-Arã, Bete-Ninra, Sucote e Zafom, resto do reino de Siom, rei de Hesbom, tendo o Jordão por termo, até a extremidade do mar de Quinerete, do Jordão para o oriente.
28 Essa região, com as suas cidades e aldeias, foi a herança dos filhos da Gade, segundo as suas famílias.
29 Também deu Moisés herança à meia tribo de Manassés; a qual foi repartida à meia tribo dos filhos de Manassés segundo as suas famílias.
30 Foi o seu território desde Maanaim; toda a Basã, todo o reino de Ogue, rei de Basã, e todas as aldeias de Jair, que estão em Basã, sessenta ao todo;
31 e metade de Gileade, e Astarote, e Edrei, cidades do reino de Ogue, em Basã, foram para os filhos de Maquir, filho de Manassés, isto é, para a metade dos filhos de Maquir, segundo as suas famílias.
32 Isso é o que Moisés repartiu em herança nas planícies de Moabe, do Jordão para o oriente, na altura de Jericó.
33 Contudo, à tribo de Levi Moisés não deu herança; o Senhor, Deus de Israel, é a sua herança, como lhe tinha dito.” (Js 13.1-33).

Deus ordenou a Josué que repartisse a terra de Canaã pelas nove tribos e meia, uma vez que Josué já estava envelhecido e ainda faltava muita terra para ser conquistada.
A prudência divina não esperaria que mais territórios fossem conquistados para que houvesse a partição da herança entre as tribos, pois uma vez morrendo Josué, a tarefa poderia ser dificultada, porque não houve, no período próximo e posterior à sua morte, nenhuma liderança destacada, como havia sido a sua e a de Moisés.
Cabe destacar, que além da qualidade moral do caráter de ambos, o Senhor lhes engrandeceu muitíssimo, fazendo milagres e maravilhas portentosos através deles, de modo que auferiram o temor e o respeito de todo Israel, como homens que andavam com Deus e que recebiam dEle instruções firmes e seguras para toda a nação.
Todas as citações de localidades geográficas, deste e de outros capítulos do livro de Josué, têm por finalidade revelar que de fato houve uma conquista real que foi conduzida por Deus de povos e nações mais numerosos e poderosos do que Israel, inclusive de cidades fortificadas e de gigantes, e isto serviria de testemunho principalmente às gerações seguintes de israelitas, de modo que soubessem que não pela própria força e capacidade, mas pelo poder e graça de Deus, Israel havia tomado posse da terra que havia sido dada à descendência de Abraão por promessa divina.
Entre a narrativa do primeiro capítulo e a deste, muitos anos haviam se passado, de modo que Josué já não poderia mais conduzir as ações de guerra, em razão da sua idade avançada.
Outros entrariam no seu trabalho e dariam prosseguimento à sua tarefa de conquistar a terra de Canaã, assim como ele havia entrado no trabalho de Moisés e dado prosseguimento ao mesmo.
Isto prova que a obra é de Deus e não do homem. Tem que ser de Deus e não do homem, porque avança através dos séculos, e o Senhor se provê dos instrumentos necessários em cada época para levar avante a sua obra de salvação dos pecadores.
Aos que gostam de ter a primazia e que são conduzidos pelo mesmo espírito de um Diótrefes (III Jo 9) pensando serem donos da obra de Deus, da Igreja e das ovelhas de Cristo, criando muitas dores para si mesmos e para outros, faria muito bem refletirem sobre esta verdade de que pela idade, senão por outras limitações todos os homens, são impedidos de levar adiante aquilo que outros levarão em seu lugar, talvez até melhor do que eles.
A humildade sempre é uma boa e sábia conselheira e não permitirá que o nosso orgulho acabe por atrapalhar ou impedir a obra do Espírito Santo no meio do povo de Deus.
Para orientar as gerações que se seguiriam a Josué quanto ao dever de conquistar os territórios que não haviam ainda sido conquistados, foi registrado neste capítulo, quais as nações que deveriam ainda ser desapossadas, e dentre estas são mencionados inclusive as cinco cidades confederadas dos filisteus (Gaza, Asdode, Ascalom, Ecrom e Gate – v.3).
Para efeito de registro específico dos lotes e cidades, que caberiam a cada uma das tribos, foi descrito detalhadamente neste capítulo os limites dos territórios ocupados pelas duas tribos e meia, na Transjordânia nos dias de Moisés.
Assim, o livro de Josué não tinha em vista propriamente, somente registrar as conquistas de Josué, mas registrar todos os territórios conquistados e aqueles que ainda deveriam ser conquistados por Israel.
A divisão das terras de Canaã deveria ser presidida por Josué,  porque cabia a ele esta honra, porque havia se afadigado na sua conquista.
De igual modo, aqueles que pregam o evangelho devem ter a honra de participar dos frutos do evangelho, assim como aquele que semeia deve ter participação na colheita.
“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a desfrutar dos frutos.” (II Tim 2.6).
Ainda que tudo o que façamos na obra do Senhor deve ser regido pelo mais puro amor e por um total desinteresse em auferir vantagem pessoal, no entanto, a Igreja deve reconhecer e recompensar, segundo Deus, aqueles que se afadigam no cuidado do rebanho do Senhor.




Josué 14

“1 Estas, pois, são as heranças que os filhos de Israel receberam na terra de Canaã, as quais Eleazar, o sacerdote, e Josué, filho de Num, e os cabeças das casas paternas das tribos dos filhos de Israel lhes repartiram.
2 Foi feita por sorte a partilha da herança entre as nove tribos e meia, como o Senhor ordenara por intermédio de Moisés.
3 Porquanto às duas tribos e meia Moisés já dera herança além do Jordão; mas aos levitas não deu herança entre eles.
4 Os filhos de José eram duas tribos, Manassés e Efraim; e aos levitas não se deu porção na terra, senão cidades em que habitassem e os arrabaldes delas para o seu gado e para os seus bens. :
5 Como o Senhor ordenara a Moisés, assim fizeram os filhos de Israel e repartiram a terra.
6 Então os filhos de Judá chegaram a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné o quenezeu, lhe disse: Tu sabes o que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barnéia, a respeito de mim e de ti.
7 Quarenta anos tinha eu quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra, e eu lhe trouxe resposta, como sentia no meu coração.
8 Meus irmãos que subiram comigo fizeram derreter o coração o povo; mas eu perseverei em seguir ao Senhor meu Deus.
9 Naquele dia Moisés jurou, dizendo: Certamente a terra em que pisou o teu pé te será por herança a ti e a teus filhos para sempre, porque perseveraste em seguir ao Senhor meu Deus.
10 E agora eis que o Senhor, como falou, me conservou em vida estes quarenta e cinco anos, desde o tempo em que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e eis que hoje tenho já oitenta e cinco anos;
11 ainda hoje me acho tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força então, tal é agora a minha força, tanto para a guerra como para sair e entrar.
12 Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia; porque tu ouviste, naquele dia, que estavam ali os anaquins, bem como cidades grandes e fortificadas. Porventura o Senhor será comigo para os expulsar, como ele disse.
13 Então Josué abençoou a Calebe, filho de Jefoné, e lhe deu Hebrom em herança.
14 Portanto Hebrom ficou sendo herança de Calebe, filho de Jefoné o quenezeu, até o dia de hoje, porquanto perseverara em seguir ao Senhor Deus de Israel.
15 Ora, o nome de Hebrom era outrora Quiriate-Arba, porque Arba era o maior homem entre os anaquins. E a terra repousou da guerra.” (Js 14.1-15).

No verso 10 deste capítulo, Calebe afirmou que havia decorrido quarenta anos na ocasião em que fez este breve discurso, desde a incredulidade havida em Cades Barnéia.
Aqui é referida a conquista de Hebrom por ele, e sabemos que esta cidade ficava na parte Sul do território de Canaã (Js 10.3, 11.21), e portanto a época remonta às campanhas militares empreendidas ao Sul, que foram antes das realizadas ao Norte, e das quais se afirma que duraram muito tempo.
Como nos capítulos anteriores foi registrada a conclusão das conquistas empreendidas ao Sul e ao Norte, deduzimos, por conseguinte, que esta narrativa está fora de ordem cronológica, e tem por fim registrar  como, e por quem, Hebrom foi conquistada, e quanto tempo depois de ter sido iniciada a conquista de Canaã, a saber, sete anos, pois sabemos que houve uma peregrinação de trinta e oito anos no deserto depois da incredulidade de Cades, e como vimos antes, o discurso de Calebe foi pronunciado quarenta e cinco anos depois de Cades, isto é, quarenta e cinco anos, menos trinta e oito, que nos dá um total de sete anos de lutas em Canaã até a conquista de Hebrom.
Nós vemos assim que o livro de Josué, apesar da sua breve narrativa cobre um grande período de anos.      
As instruções que haviam sido dadas a Moisés para a repartição da terra de Canaã pelas tribos (Nm 26.53-56) foram rigorosamente observadas por Josué.
As terras seriam distribuídas por sorte pelas tribos, mas Calebe protestou o seu direito de ser honrado à parte, conforme promessa de Deus feita a ele através de Moisés.
Ele receberia a sua herança independentemente da contagem da porção que caberia à tribo que pertencia, pois  reclamou a posse de Hebrom, a qual ele havia conquistado com a sua espada dos anaquins, os gigantes que habitavam aquele monte (v.12).
A fé ousada em Deus e que leva o seu possuidor a confiar nEle, ainda que em meio de fortes oposições será honrada e recompensada por Ele, assim como podemos aprender do exemplo de Calebe, que foi registrado nas Escrituras para a nossa instrução.
O temor de quase seiscentos mil homens, que deixaram de seguir a Deus e de crer nEle, por causa do relatório referente aos gigantes anaquins, foi vencido por um único homem que ousou confiar na promessa de Deus, e que quarenta e cinco anos depois viria a derrotar os gigantes que eles temeram, pelo favor e poder de Deus demonstrados à sua fidelidade.
Calebe reivindicou a sua herança em conformidade com a promessa da palavra de Deus que foi dirigida a ele (Nm 14.24).
Nossas petições, nossas reivindicações a Deus em nossas orações devem também se valer sobretudo das promessas que nos  são feitas pelo Senhor na Sua Palavra, porque Ele é fiel e tem prazer em cumprir aquilo que nos tem prometido, quando Lhe damos crédito e damos honra àquilo que falou.
Calebe havia escolhido lutar pela posse do lugar mais difícil de ser conquistado. Tal como ele determinara em seu espírito quarenta e cinco anos antes, manteve esta chama ardente acesa em seu espírito até ver cumprido aquilo que a fé propusera em seu coração.
O passar dos anos não deve esfriar os desafios à fé que Deus colocou em nossos corações, especialmente as visões e projetos ministeriais que recebemos do Alto.
Aquilo que Ele prometeu, cumprirá e a condição exigida é tão somente que não desfaleçamos em nossa fé.
Deste modo, a fé de Calebe foi honrada por Deus com este registro relativo ao modo como o distinguiu em razão da sua fé.
Esta narrativa da distribuição das terras pelas tribos destaca o modo e o motivo da herança à parte, que foi prometida por Deus a um único homem e à sua família, por ter o mesmo honrado o Senhor, crendo na sua Palavra, ainda que contra qualquer evidência ou possibilidade lógica e racional de triunfo, porque o desafio à fé era se seria possível a homens comuns vencerem a gigantes, e a fé revelou que não há impossíveis para aquele que crê em Deus, e na Sua promessa, por maiores ou impossíveis que sejam os desafios que tenhamos que enfrentar em obediência à Sua vontade divina.  
Uma devoção singular será coroada por Deus com favores singulares.
E a honra dada a Calebe, com a herança de Hebrom, foi ampliada por Deus, porque fez com que esta cidade caísse por sorte como sendo uma das cidades, em que deveriam habitar os levitas e os sacerdotes descendentes de Arão, e passaria a ser uma cidade de refúgio e sacerdotal, e posteriormente uma cidade real, porque foi nela que Davi governou os sete anos iniciais do seu reinado (Js 20.7; 21.13).


Josué 15

“1 A sorte que coube à tribo dos filhos de Judá, segundo as suas famílias, se estende até o termo de Edom, até o deserto de Zim para o sul, na extremidade do lado meridional
2 O seu termo meridional, partindo da extremidade do Mar Salgado, da baía que dá para o sul,
3 estende-se para o sul, até a subida de Acrabim, passa a Zim, sobe pelo sul de Cades-Barnéia, passa por Hezrom, sobe a Adar, e vira para Carca;
4 daí passa a Azmom, chega até o ribeiro do Egito, e por ele vai até o mar. Este será o vosso termo meridional.
5 O termo oriental é o Mar Salgado, até a foz do Jordão. O termo setentrional, partindo da baía do mar na foz do Jordão,
6 sobe até Bete-Hogla, passa ao norte de Bete-Arabá, e sobe até a pedra de Boã, filho de Rúben;
7 sobe mais este termo a Debir, desde o vale de Acor, indo para o norte em direção a Gilgal, a qual está defronte da subida de Adumim, que se acha ao lado meridional do ribeiro; então continua este termo até as águas de En-Semes, e os seus extremos chegam a En-Rogel;
8 sobe ainda pelo vale de Ben-Hinom, até a saliência meridional do monte jebuseu (isto é, Jerusalém); sobe ao cume do monte que está fronteiro ao vale de Hinom para o ocidente, na extremidade do vale dos refains para o norte;
9 do cume do monte se estende até a fonte das águas de Neftoa e, seguindo até as cidades do monte de Efrom, estende-se ainda até Baalá (esta é Quiriate-Jearim) ;
10 de Baalá este termo volta para o ocidente, até o monte Seir, passa ao lado do monte Jearim da banda do norte (este é Quesalom) , desce a Bete-Semes e passa por Timna;
11 segue mais este termo até o lado de Ecrom para o norte e, indo para Siquerom e passando o monte de Baalá, chega a Jabneel; e assim este termo finda no mar.
12 O termo ocidental é o mar grande. São esses os termos dos filhos de Judá ao redor, segundo as suas famílias.
13 Deu-se, porém, a Calebe, filho de Jefoné, uma porção no meio dos filhos de Judá, conforme a ordem do Senhor a Josué, a saber, Quiriate-Arba, que é Hebrom (Arba era o pai de Anaque).
14 E Calebe expulsou dali os três filhos de Anaque: Sesai, Aimã e Talmai, descendentes de Anaque.
15 Dali subiu contra os habitantes de Debir. Ora, o nome de Debir era dantes Quiriate-Sefer.
16 Disse então Calebe: A quem atacar Quiriate-Sefer e a tomar, darei a minha filha Acsa por mulher.
17 Tomou-a, pois, Otniel, filho de Quenaz, irmão de Calebe; e este lhe deu a sua filha Acsa por mulher.
18 Estando ela em caminho para a casa de Otniel, persuadiu-o que pedisse um campo ao pai dela. E quando ela saltou do jumento, Calebe lhe perguntou: Que é que tens?
19 Respondeu ela: Dá-me um presente; porquanto me deste terra no Negebe, dá-me também fontes d'água. Então lhe deu as fontes superiores e as fontes inferiores.
20 Esta é a herança da tribo dos filhos de Judá, segundo as suas famílias.
21 As cidades pertencentes à tribo dos filhos de Judá, no extremo sul, para o lado de Edom, são: Cabzeel, Eder, Jagur,
22 Quiná, Dimona, Adada,
23 Quedes, Hazor, Itnã,
24 Zife, Telem, Bealote,
25 Hazor-Hadada, Queriote-Hezrom (que é Hazor),
26 Amã, Sema, Molada,
27 Hazar-Gada, Hesmom, Bete-Pelete,
28 Hazar-Sual, Berseba, Biziotiá,
29 Baalá, Iim, Ezem,
30 Eltolade, Quesil, Horma,
31 Ziclague, Madmana, Sansana,
32 Lebaote, Silim, Aim e Rimom; ao todo, vinte e nove cidades, e as suas aldeias.
33 Na baixada: Estaol, Zorá, Asná,
34 Zanoa, En-Ganim, Tapua, Enã,
35 Jarmute, Adulão, Socó, Azeca,
36 Saraim, Aditaim, Gedera e Gederotaim; catorze cidades e as suas aldeias.
37 Zenã, Hadasa, Migdal-Gade,
38 Dileã, Mizpe, Jocteel,
39 Laquis, Bozcate, Erglom,
40 Cabom, Laamás, Quitlis,
41 Gederote, Bete-Dagom, Naamá e Maqueda; dezesseis cidades e as suas aldeias.
42 Libna, Eter, Asã,
43 Iftá, Asná, Nezibe,
44 Queila, Aczibe e Maressa; nove cidades e as suas aldeias.
45 Ecrom, com as suas vilas e aldeias;
46 desde Ecrom até o mar, todas as que estão nas adjacências de Asdode, e as suas aldeias;
47 Asdode, com as suas vilas e aldeias; Gaza, com as suas vilas e aldeias, até o rio do Egito, e o mar grande, que serve de termo.
48 E na região montanhosa: Samir, Jatir, Socó,
49 Daná, Quiriate-Saná (que é Debir),
50 Anabe, Estemó, Anim,
51 Gósem Holom e Gilo; onze cidades e as suas aldeias.
52 Arabe, Dumá, Esã,
53 Janim, Bete-Tapua, Afeca,
54 Hunta, Quiriate-Arba (que é Hebrom) e Zior; nove cidades e as suas aldeias.
55 Maom, Carmelo, Zife, Jutá,
56 Jizreel, Jocdeão, Zanoa,
57 Caim, Gibeá e Timna; dez cidades e as suas aldeias.
58 Halul, Bete-Zur, Gedor,
59 Maarate, Bete-Anote e Eltecom; seis cidades e as suas aldeias.
60 Quiriate-Baal (que é Quiriate-Jearim) e Rabá; duas cidades e as suas aldeias.
61 No deserto: Bete-Arabá, Midim, Secaca,
62 Nibsã, a cidade do Sal e En-Gedi; seis cidades e as suas aldeias.
63 Não puderam, porém, os filhos de Judá expulsar os jebuseus que habitavam em Jerusalém; assim ficaram habitando os jebuseus com os filhos de Judá em Jerusalém, até o dia de hoje.” (Js 15.1-63).

Neste capítulo nós temos a descrição do território que coube à tribo de Judá, que nisto, como em outras coisas, teve a precedência, por ser a maior tribo, conforme vimos no recenseamento feito no final do livro de Números.
Judá e José foram os dois filhos de Jacó que obtiveram a primazia em relação à primogenitura de Ruben, que foi perdida em razão de ter contaminado o leito de seu pai.
José teria porção dupla através de seus filhos Efraim e Manassés. E Judá receberia o maior território por ser a tribo mais numerosa, conforme critério determinado por Deus a Moisés, para a partição da terra, constante no livro de Números (Nm 33.54).
Judá se estabeleceria na parte Sul de Canaã e José, através de Efraim e Manassés, na parte Norte, e assim, Benjamim, Simeão, e Dã ficariam associados a Judá, e Issacar, Zebulom, Naftali e Aser a José (Efraim e Manassés).
Por causa do critério de partição de Nm 33.54, de se dar um maior território às famílias mais numerosas, temos então descrito neste capítulo, a distribuição que coube a Judá, e nos dois seguintes a que coube a José (Efraim e Manassés), e às demais tribos seriam sorteados os territórios restantes.
À numerosa, poderosa e bélica tribo de Judá caberia guardar as fronteiras ao Sul onde se situavam os maiores inimigos de Israel, e nisto nós vemos a providência divina atuando preventivamente para a segurança do Seu povo.
E para propósitos fixadas também pela mesma providência, Deus poupou Jebus (Jerusalém) da destruição e da conquista, pois poderia tê-lo feito se o desejasse, tal como fizera com as muralhas poderosas de Jericó.
Mas aquela fortaleza foi mantida em posse dos jebuseus, por cerca de quatrocentos anos, desde os dias de Josué, para que coubesse ao rei Davi, a honra de conquistar aquela que seria a cidade do grande rei, numa ilustração de que é o próprio rei Jesus que escolhe, conquista e estabelece Jerusalém para sempre, como sinal do Seu domínio eterno sobre a terra.
Em Gênesis 13.8, vemos Abraão dizendo a Ló que eles eram irmãos, mas sabemos que Abraão era tio de Ló. Isto sucede porque a palavra ahi, descreve a relação de parentesco próximo, e não particularmente os filhos do mesmo pai e mãe, como significa a palavra irmão na língua portuguesa.
Esta mesma palavra é usada em Josué 15.17, onde se diz que Otniel era irmão de Calebe, e que este Otniel se casou com a filha de Calebe. Na verdade ele era sobrinho de Calebe, e portanto primo de sua filha, e jamais Calebe, ou o próprio Josué, permitiriam o casamento de irmãos consangüíneos, porque isto era vedado pela Lei de Moisés (Lev 18.9,11).

Nos versos 20 a 63 deste capitulo de Josué são relacionadas as várias cidades que couberam à tribo de Judá, num total superior a cem cidades, que nos dá uma idéia da extensão daquela conquista, que sem a intervenção direta de Deus, não poderia ser realmente de modo algum realizada.


Josué 16

“1 Saiu depois a sorte dos filhos de José, a qual, partindo do Jordão, na altura de Jericó, junto às águas de Jericó ao oriente, se estende pelo deserto que sobe de Jericó através da região montanhosa até Betel;
2 de Betel vai para Luz, e passa ao termo dos arquitas, até Atarote;
3 desce para o ocidente até o termo dos jafletitas, até o termo de Bete-Horom de baixo, e daí até Gezer, indo terminar no mar.
4 Assim receberam a sua herança os filhos de José, Manassés e Efraim.
5 Ora, fica o termo dos filhos de Efraim, segundo as suas famílias, como se segue: para o oriente o termo da sua herança é Atarote-Adar até Bete-Horom de cima;
6 sai este termo para o ocidente junto a Micmetá ao norte e vira para o oriente até Taanate-Siló, margeando-a a leste de Janoa;
7 desce de Janoa a Atarote e a Naarate, toca em Jericó e termina no Jordão:
8 De Tapua estende-se para o ocidente até o ribeiro de Caná, e vai terminar no mar. Esta é a herança da tribo dos filhos de Efraim, segundo as suas famílias,
9 juntamente com as cidades que se separaram para os filhos de Efraim no meio da herança dos filhos de Manassés, todas as cidades e suas aldeias.
10 E não expulsaram aos cananeus que habitavam em Gezer; mas os cananeus ficaram habitando no meio dos efraimitas até o dia de hoje, e tornaram-se servos, sujeitos ao trabalho forçado.” (Js 16.1-10).

Este capítulo e o seguinte se referem à repartição das terras que couberam às tribos de Efraim e Manassés, filhos de José.
Assim como coube a Judá, ser o cabeça das tribos ao Sul, a Efraim caberia ser o cabeça das tribos ao Norte, dando cumprimento à profecia proferida por Jacó pouco antes de morrer.
É destacado neste capítulo que os efraimitas não expulsaram os cananeus que habitavam em Gezer, e que os tornaram seus tributários (v. 10).
Nós vemos aqui o mandado de Deus não tendo sido cumprido, e certamente, isto lhes serviria de laço no futuro, comprometendo a total fidelidade dos israelitas ao Senhor, por não se contaminarem com as práticas idolátricas dos povos de Canaã, e daí ter Deus ordenado o completo extermínio deles.
Tal como sucede com a Igreja de Cristo, que não prevalece completamente sobre as portas do inferno, não porque isto não seja da vontade de Deus e nem por falta de poder para isto, mas pela falta de uma completa fidelidade da Igreja em fazer a Sua vontade.
Muitas das nossas dificuldades não são devidas de modo algum à falta de graça e bondade de Deus para conosco, mas em razão da nossa própria infidelidade em cumprir plenamente a Sua vontade. E isto está ilustrado fartamente na história de Israel.
Aquela era de fato uma Aliança muito diferente da Nova Aliança que temos na dispensação da graça com Cristo, mas podemos aprender em figura muitas realidades espirituais, a partir do modo como Deus se aliançou com Israel no antigo pacto, celebrado com eles pela mediação de Moisés.
Para propósitos preventivos de uma apostasia completa dos israelitas, lhes foi ordenado que não se contaminassem com as práticas idolátricas dos cananeus.
Isto seria completamente impossível, caso os israelitas se aliançassem com eles como nação. Daí Deus ter ordenado que a terra fosse desocupada completamente da presença dos cananeus para que não houvesse o risco de Israel abandonar os mandamentos do Senhor, para se entregar às práticas abomináveis das nações que ocupavam o território de Canaã.
Desta forma, a Antiga Aliança, antes que fosse inaugurada a Nova, pelo sangue de Jesus, tinha que ter este caráter de ministério da morte e da condenação, de modo a se garantir, pelo menos em certa medida, a sujeição dos israelitas à disciplina de Deus.
Eles haviam sido separados pelo Senhor das demais nações da terra para servirem de exemplo ao mundo que o Deus verdadeiro se provê de filhos entre os pecadores.
Que Ele se faz amigo daqueles que escolhe para Si, e que estes se tornam amigos de Deus, por guardarem os Seus mandamentos, agindo de modo diferente de Adão no Éden, que deixou de atender ao mandado de Deus para dar crédito à mentira e engano do diabo.
Israel era um sinal visível para todo o mundo de que há uma descendência da mulher que é inimiga da descendência da serpente.
Os filhos de Deus estão em oposição aos filhos do diabo, e os filhos do diabo em oposição aos filhos de Deus. E isto será marcado de modo claro e definitivo, na eternidade.
Entretanto, há uma grande sutileza em se conciliar todo o desígnio de Deus na Sua relação com o Seu povo e deste com as demais pessoas que ainda não conhecem ou que não chegarão a conhecer a Deus.
Porque Deus é amor, e estabeleceu um plano desde a eternidade para escolher um povo exclusivamente Seu, dentre os pecadores.
E Ele fez isto estabelecendo primeiro a Antiga Aliança com toda uma nação (Israel), para que, deste ponto de partida, alcançasse com a bênção do evangelho, com a Nova Aliança, todas as nações da terra.
Sem que isto significasse que a bênção de Deus estivesse vedada a qualquer que viesse a se aproximar dEle, desde a criação do homem na terra. Mas, para propósitos previamente definidos, dois pactos foram determinados em Sua presciência, um de vigência temporária (Antiga Aliança) e outro de vigência eterna (Nova Aliança), de modo que, quando estendesse a Sua completa graça, perdão e longanimidade a todos os pecadores, para que aqueles que viessem a se arrepender de seus pecados pudessem ser salvos, sendo reconciliados com Ele, por meio da fé em Jesus, não corresse o risco de que isto fosse entendido como um favor incondicional para com os pecadores, como que se Ele, o Deus santo e justo não se importasse com o pecado.
Por isso marcou com destruição e com fogo o pecado nos exemplos deixados na Antiga Aliança, para que todos os homens, em todos os lugares, saibam, pelas Escrituras, que são o testemunho da verdade, que o único e verdadeiro Deus julgará os pecadores conforme as suas obras, e que portanto, estes bem farão em andar com santo temor e reverência em Sua presença, pois tem determinado um dia de Juízo, conforme demonstrou nos juízos localizados que estabeleceu na Antiga Aliança, e que determinou que fossem registrados na Bíblia para nossa advertência.
Os juízos do Senhor continuam sendo trazidos sobre o mundo, mesmo na dispensação da graça, como forma de demonstração da Sua justiça, mas também da Sua misericórdia, de modo a servir de sinal que conduza a humanidade ao arrependimento e à fé.
As catástrofes, os desastres, as guerras, e todas as circunstâncias, que trazem aflições aos homens, são na verdade, chamadas de Deus ao arrependimento. São demonstrações da Sua misericórdia para com os pecadores alertando-lhes que haverá um juízo de condenação eterna caso não se arrependam dos seus pecados.
Todavia, não há maior alerta do que a Palavra do próprio Jesus Cristo, em Seu ministério terreno, ordenando que os homens se arrependam e creiam no evangelho, e que aquele não crê já está condenado. Mas quantos levam esta palavra a sério? Quantos pensam nos horrores de uma condenação eterna, da qual somente a união com Cristo pode nos livrar?
Pela Antiga Aliança, Israel não era apenas chamado por Deus a se distinguir das demais nações, em seus hábitos, especialmente na sua forma de alimentação, que levaria os israelitas a não poderem manter relações sociais com as pessoas que não estivessem aliançadas com Deus, em razão das imposições relativas à forma de alimentação prescrita pela lei, que considerava, cerimonialmente, vários tipos de animais imundos, e cujo consumo era vedado aos israelitas sob a pena de cometerem grave pecado diante de Deus caso viessem a se alimentar deles.
Assim. A lei cerimonial, quanto às prescrições relativas aos alimentos tinha mais a ver com o propósito de separar os israelitas daqueles que não conheciam a Deus, do que com os alimentos propriamente ditos.
Porém, na Nova Aliança, a visão dada a Pedro em Jope (At 10.9-16), do grande lençol que descia do céu, com toda sorte de animais imundos, e com uma voz que ordenava a Pedro que os matasse e comesse, era revelado que na dispensação da graça, esta barreira havia sido derrubada por Deus, quando, por meio dela foi preparado a vencer a imposição cerimonial da lei e aceitar a se hospedar na casa de um oficial romano, Cornélio, para pregar o evangelho.
Desde a inauguração da Nova Aliança no sangue de Jesus, os que conhecem a Deus têm o encargo de não mais evitarem aqueles que não O conhecem, ao contrário, têm o dever de estar com eles para lhes anunciar o evangelho.
A prática da impureza espiritual dos gentios, para a qual a lei apontava em figura, esta sim, deve ser evitada, mas não eles propriamente. Não devem ser imitados em suas obras, mas devem ser salgados com o sal do evangelho e serem iluminados com a luz de Cristo, que está nos crentes.
A Antiga Aliança proibia a reunião com as próprias pessoas dos gentios, em face do perigo da contaminação espiritual, e desvio da presença de Deus, que havia naquele pacto, em razão da maioria dos israelitas não terem um verdadeiro conhecimento do Senhor, que vem pela conversão através de uma genuína fé nEle.
Assim, este sempre foi um perigo presente na vida de Israel naquele pacto, e foi de fato a razão de terem se desviado não raras vezes, culminando com a deportação deles para o cativeiro.
Mas na Nova Aliança, em que todos os aliançados conhecem verdadeiramente ao Senhor, do menor ao maior deles, já não há mais razão para tal cuidado preventivo.
Ao contrário, a fé cresce quando é compartilhada com aqueles que não conhecem ainda o Senhor, pelo testemunho das Suas virtudes em nós, que se dá aos descrentes.
Assim, desde que Cristo inaugurou uma Nova Aliança, que revogou a Antiga, os que conhecem a Deus têm o encargo de não mais evitarem aqueles que não O conhecem, caso estes resistam a se submeterem aos mandamentos de Deus, ao contrário, têm o dever de estar com eles para lhes anunciar o evangelho.
Na Antiga Aliança os israelitas tinham não apenas o dever de não se associarem aos gentios, como também receberam o encargo de exterminar muitos deles nos dias de Moisés e Josué, e depois nos dias dos juízes e reis de Israel, como foi o caso dos amalequitas e outros. A Lei determinava que se amasse o estrangeiro (gentio) que consentisse em habitar com os israelitas se submetendo ao modo de vida determinado para eles, quer quanto à circuncisão, quer quanto tudo o mais que fosse determinado pela Lei.
Em síntese, um gentio deveria viver como um judeu para ser aceito e considerado como parte do povo de Deus. Mas na Nova Aliança, nenhum gentio é mais obrigado a viver como um judeu, porque Jesus destruiu a barreira de separação que havia na Antiga Aliança.
“Portanto, lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne, chamados incircuncisão. Por aqueles  que se intitulam circuncisos, na carne, por mãos humanas, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade; e, vindo, ele evangelizou paz a vós que estáveis longe, e paz aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito.” (Ef 2.11-18).
Se Cristo derrubou a barreira de separação é porque esta barreira existia não imposta pela vontade do homem, mas pela vontade do próprio Deus, ao ter separado Israel das demais nações, até que Cristo viesse e inaugurasse a Nova Aliança, pela qual a barreira imposta pela Antiga foi derrubada, de modo que todos, em todos os lugares, pudessem ter acesso a Deus em um mesmo Espírito.
Deus não seria mais o Deus de uma só nação, segundo a descendência natural e carnal de um homem, a saber Jacó, cujo nome foi mudado para Israel, mas o Deus de uma nação formada por pessoas que se convertessem a Ele pela pregação do evangelho em todas as nações da terra.
A Antiga Aliança era também um ministério de morte e de condenação, e revelou especialmente nisto, o seu caráter, mas a Nova Aliança não é mais um ministério de morte e condenação, mas de reconciliação, do Espírito, de justiça (II Cor 3.7-9), e os que conhecem a Deus têm o encargo de suportar os danos e ofensas, com a mesma plena longanimidade e misericórdia da qual foram também alvo da Sua parte.
“suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.” (Col 3.13)
A palavra “comum” usada em At 10.14, 28, 11.8, 9, no episódio da visão que Pedro teve do grande lençol que descia à terra, tem o sentido de cerimonialmente impróprio para ser usado na presença de Deus, e a palavra “imundo”, akátartos, usada nos mesmos textos citados de Atos refere-se à impureza espiritual como se depreende de seu uso abundante nos evangelhos em relação aos espíritos imundos (Mt 10.1; 12.43; Mc 1.23, 26, 29 etc), e nos textos de I Cor 7.14; II Cor 6.17 e Ef 5.5 nos quais lemos:
“Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.” (I Cor 7.14)
“Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei;” (II Cor 6.17). Este texto se refere à prática de idolatria pelos crentes em imitação das obras más dos incrédulos. A separação em foco então diz respeito não às pessoas dos incrédulos, mas às suas más obras, que como já nos referimos, estas sim devem ser evitadas pelos crentes.
“Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus.” (Ef 5.5).
O texto de I Cor 5.9-11 é bastante claro quanto a não estar com a impureza dos incrédulos, e não propriamente com os incrédulos:
“9 Já por carta vos escrevi que não vos comunicásseis com os que se prostituem; 10 com isso não me referia à comunicação em geral com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo.11 Mas agora vos escrevo que não vos comuniqueis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem sequer comais.”.
É interessante observar o sentido em que a palavra “comum”, koinós, é também usada em Mc 7.2, Rm 14.14 e Hb 10.29, em que vemos o seu significado de estar impuro cerimonialmente diante de Deus:
“e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras (koinós), isto é, por lavar.” (Mc 7.2). A condenação dos fariseus em relação aos discípulos de Jesus não era de caráter higiênico, mas religioso.
“Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo (koinós) a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo (koinós).” (Rm 14.14). A referência aqui diz respeito também à impureza cerimonial diante de Deus, em razão de se consumir determinados alimentos ou em razão de qualquer outra classificação de impuro atribuída a qualquer ser natural criado por Deus, que era imposto, principalmente na Antiga Aliança, mas em Cristo, na Nova Aliança, todas as prescrições cerimoniais da Antiga Aliança foram revogadas, e muito mais, qualquer nova definição de coisas limpas e imundas diante de Deus, para serem usadas ou consumidas, não tem qualquer consistência, porque nada há criado por Deus que deva ser considerado imundo desde que foi inaugurada a Nova Aliança, no sangue de Jesus.
E finalmente, no texto de Hb 10.29 nós lemos o seguinte:
“de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano (koinós) o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça?” (Hb 10.29)
O sangue de Jesus e a Sua pessoa e obra, não podem ser considerados de modo nenhum como impróprios para agradar a Deus, pois é exatamente por eles que temos a remissão dos nossos pecados.
Devemos pois ter o devido cuidado ao estudarmos a Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, nas partes relativas ao Antigo Pacto, porque ali encontramos muitas figuras de realidades que se cumpriram em Cristo, e muitos preceitos que foram revogados e alterados por Cristo com a instituição da Nova Aliança, que revogou a Antiga, de modo que não pratiquemos na dispensação da graça aquelas coisas e atitudes que eram determinadas e aceitas por Deus no Antigo Pacto, mas que de modo algum podem ser aceitas nesta nova dispensação, em que novas diretrizes foram dadas para substituírem muitas das diretrizes antigas, como por exemplo a lei do olho por olho, dente por dente; o ofício sacerdotal com a apresentação de animais em sacrifício; as guerras santas ordenadas por Deus para extermínio de povos idólatras etc.
A Nova Aliança não é ministério de morte, mas de vida. Isto é, os ministros de Deus estão encarregados de levar a vida de Cristo aos homens, e não a condenação e a morte.
Isto fica agora exclusivamente nas mãos de Deus, e a Igreja de Cristo não é mais a espada de Deus, como Israel foi no mundo antigo para exercer juízos de Deus sobre o mundo de ímpios.
Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou não a vida de qualquer pessoa, de modo que não deseja nenhuma cooperação da Igreja neste sentido, ao contrário, foi vedado à Igreja na presente dispensação toda e qualquer forma de juízo, e daí Cristo ter determinado que o crente a ninguém deve julgar neste sentido, porque o juízo sobre vida ou morte está agora exclusivamente nas mãos de Deus.
À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos quais Cristo será cheiro de morte para a morte e não aroma de vida para a vida, é assunto que se encontra fora da alçada da Igreja, e que está totalmente nas mãos do Grande e único Juiz.


O dever do qual a Igreja está incumbida é o de levar a mensagem de salvação e se empenhar muito para a salvação de alguns, porque Jesus, na dispensação da graça, se empenha não em condenar os pecadores, mas salvá-los.


Josué 17

“1 Também coube sorte à tribo de Manassés, porquanto era o primogênito de José. Quanto a Maquir, o primogênito de Manassés, pai de Gileade, porquanto era homem de guerra, obtivera Gileade e Basã.
2 Também os outros filhos de Manassés tiveram a sua parte, segundo as suas famílias, a saber: os filhos de Abiezer, os filhos de Heleque, os filhos de Asriel, os filhos de Siquém, os filhos de Hefer, e os filhos de Semida. Esses são os filhos de Manassés, filho de José, segundo as suas famílias.
3 Zelofeade, porém, filho de Hefer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, não teve filhos, mas só filhas; e estes são os nomes de suas filhas: Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza.
4 Estas, pois, se apresentaram diante de Eleazar, o sacerdote, e diante de Josué, filho de Num, e diante dos príncipes, dizendo: O Senhor ordenou a Moisés que se nos desse herança no meio de nossos irmãos. Pelo que se lhes deu herança no meio dos irmãos de seu pai, conforme a ordem do Senhor.
5 E couberam a Manassés dez quinhões, afora a terra de Gileade e Basã, que está além do Jordão;
6 porque as filhas de Manassés possuíram herança entre os filhos dele; e a terra de Gileade coube aos outros filhos de Manassés.
7 Ora, o termo de Manassés vai desde Aser até Micmetá, que está defronte de Siquém; e estende-se pela direita até os moradores de En-Tapua.
8 A terra de Tapua ficou pertencendo a Manassés; porém Tapua, junto ao termo de Manassés, pertencia aos filhos de Efraim .
9 Então desce este termo ao ribeiro de Caná; a Efraim couberam as cidades ao sul do ribeiro no meio das cidades de Manassés; o termo de Manassés está ao norte do ribeiro, e vai até o mar.
10 Ao sul a terra é de Efraim, e ao norte de Manassés, sendo o mar o seu termo. Estendem-se ao norte até Aser, e ao oriente até Issacar
11 Porque em Issacar e em Aser couberam a Manassés Bete-Seã e suas vilas, Ibleão e suas vilas, os habitantes de Dor e suas vilas, os habitantes de En-Dor e suas vilas, os habitantes de Taanaque e suas vilas, e os habitantes de Megido e suas vilas, com os seus três outeiros.
12 Contudo os filhos de Manassés não puderam expulsar os habitantes daquelas cidades, porquanto os cananeus persistiram em habitar naquela terra.
13 Mas quando os filhos de Israel se tornaram fortes, sujeitaram os cananeus a trabalhos forçados, porém não os expulsaram de todo.
14 Então os filhos de José falaram a Josué, dizendo: Por que me deste por herança apenas uma sorte e um quinhão, sendo eu um povo numeroso, porquanto o Senhor até aqui me tem abençoado?
15 Respondeu-lhes Josué: Se és povo numeroso, sobe ao bosque, e corta para ti lugar ali na terra dos perizeus e dos refains, desde que a região montanhosa de Efraim te é estreita demais.
16 Tornaram os filhos de José: A região montanhosa não nos bastaria; além disso todos os cananeus que habitam na terra do vale têm carros de ferro, tanto os de Bete-Seã e das suas vilas, como os que estão no vale de Jizreel.
17 Então Josué falou a casa de José, isto é, a Efraim e a Manassés, dizendo: Povo numeroso és tu, e tens grande força; não terás uma sorte apenas;
18 porém a região montanhosa será tua; ainda que é bosque, cortá-lo-ás, e as suas extremidades serão tuas; porque expulsarás os cananeus, não obstante terem eles carros de ferro e serem fortes:” (Js 17.1-18).

As muralhas de Jericó caíram pelo poder de Deus. Nações poderosas em Canaã foram subjugadas, mas a corrompida e má natureza terrena sempre se levanta e se manifesta em incredulidade, impedindo as ações de Deus na plenitude em que elas poderiam e deveriam ser manifestadas em nós, por seguirmos o pendor do Espírito, em vez do pendor da carne.
E também Manassés não expulsou de todo os cananeus, e tiveram que se fortalecer com a força natural do homem, em razão da sua incredulidade, para subjugarem os povos que não puderam expulsar, senão torná-los seus tributários.
A sua incredulidade está revelada em suas palavras a Josué alegando que não poderiam expulsar os cananeus porque tinham carros de ferro (v. 16), mas a resposta de fé que receberam da parte de Josué foi a de que apesar dos cananeus serem fortes e terem carros de ferro, Manassés poderia expulsá-los quando ocupassem o território que lhes coube mediante sorte (v. 17).
É interessante observar que esta afirmação dos manassitas foi resultante da proposta que Josué lhes fez de alargarem as suas fronteiras, dando prosseguimento às conquistas destas regiões fortificadas.
Josué lhes propôs isto exatamente em razão de terem reclamado que sendo uma tribo numerosa receberam um quinhão pequeno como herança.
A incredulidade sempre deseja aquilo que somente a fé poderá obter. E a incredulidade será sempre um obstáculo para a tomada da posse pela fé, daquilo que nos foi prometido por Deus.
Convém lembrar que metade da tribo de Manassés já havia recebido herança do outro lado do Jordão, nos dias de Moisés, e era a outra metade daquela tribo que estava reclamando agora de estar recebendo um território pequeno em Canaã.
Somando este território ao do outro lado do Jordão, a herança de Manassés não era de modo algum pequena, e assim, a reclamação da parte daquela tribo era injusta.
Eles demonstraram que não tinham fé e confiança em Deus, de modo que fossem honrados por Ele com o recebimento de uma porção maior.
Há um princípio espiritual no reino de Deus de se colocar no muito a quem é fiel no pouco.
Eles queriam receber muito sem serem fiéis no pouco que deveriam fazer.
Faltava-lhes a fé e a determinação de um Calebe, que escolheu exatamente a cidade mais difícil de ser conquistada, na qual havia gigantes.
Eles queriam um inimigo fraco para combater e expulsar.
Tal é o desejo de muitos crentes que nem sequer existisse o diabo, de modo que não ficassem sujeitos a tantas tentações e perseguições.
Mas o grande fato é que é justamente pelas oposições de nossos inimigos que a nossa fé, paciência, amor, perseverança e demais virtudes são provadas e amadurecidas.
Não há fortalecimento de fé se esta não triunfa nas batalhas.
Há uma casta que não se expulsa senão pelo jejum e oração.
Uma fé aperfeiçoada e forte no Senhor a expulsará. Mas de modo nenhuma uma fé fraca o fará. Isto nos chama por conseguinte à necessidade de consagração total a Deus para que possamos triunfar sobre aqueles inimigos espirituais que tentam nos manter na escravidão ao pecado, da qual fomos libertados por Cristo.
O Senhor expediu a ordem de soltura, mas cabe a nós sair com os nossos pés da prisão, confiando que de fato Ele subjugou os nossos inimigos espirituais e conquistou a liberdade da qual podemos desfrutar em plenitude, pela fé nEle.
Problemas, grandes dificuldades, são portanto desafios propostos por Deus à nossa fé. A fé nos dará um coração renovado e um espírito inabalável. Uma mente não conturbada pelas ameaças do inimigo. Os gigantes que Calebe enfrentou tinham faces de leões, mas a grande força deles não foi capaz de impedir que ficassem com mentes fracas e perturbadas diante da grande fé demonstrada por Calebe.
Assim, não é a força física do homem que o sustenta no dia da dificuldade, mas a firmeza do seu espírito e o estado seguro da sua mente, que são recebidos como uma graça da parte de Deus, para aqueles que têm fé nEle, e assim fazem proezas, ainda que fracos, onde os gigantes batem em retirada atemorizados.
Jesus diz repetidas vezes ao Seu povo para que não tema. O crente não necessita ser vencido pelos seus temores porque Ele pode todas as coisas nAquele que o fortalece. Não é a suficiência do crente que conta, mas a suficiência que ele recebe de Deus.    
Do verso 7 ao 13 é descrita a herança que coube à meia tribo de Manassés em Canaã. No início do capítulo é descrita a herança que coube à outra meia tribo do outro lado do Jordão.


Josué 18

“1 Ora, toda a congregação dos filhos de Israel, havendo conquistado a terra, se reuniu em Siló, e ali armou a tenda da revelação.
2 E dentre os filhos de Israel restavam sete tribos que ainda não tinham repartido a sua herança.
3 Disse, pois, Josué aos filhos de Israel: Até quando sereis remissos em entrardes para possuir a terra que o Senhor Deus de vossos pais vos deu?
4 Designai vós a três homens de cada tribo, e eu os enviarei; e eles sairão a percorrer a terra, e a demarcarão segundo as suas heranças, e voltarão a ter comigo.
5 Reparti-la-ão em sete partes; Judá ficará no seu termo da banda do sul; e a casa de José ficará no seu termo da banda do norte.
6 Sim, vós demarcareis a terra em sete partes, e me trareis a mim a sua descrição; eu vos lançarei as sortes aqui perante o Senhor nosso Deus.
7 Porquanto os levitas não têm parte no meio de vós, porque o sacerdócio do Senhor é a sua herança; e Gade, Rúben e a meia tribo de Manassés já receberam a sua herança além do Jordão para o oriente, a qual lhes deu Moisés, servo do Senhor.
8 Então aqueles homens se aprontaram para saírem; e Josué deu ordem a esses que iam demarcar a terra, dizendo: Ide, percorrei a terra, e demarcai-a; então vinde ter comigo; e aqui em Siló vos lançarei as sortes perante o Senhor.
9 Foram, pois, aqueles homens e, passando pela terra, a demarcaram em sete partes segundo as suas cidades, descrevendo-a num livro; e voltaram a Josué, ao arraial em Siló.
10 Então Josué lhes lançou as sortes em Siló, perante o Senhor; e ali repartiu Josué a terra entre os filhos de Israel, conforme as suas divisões.
11 E surgiu a sorte da tribo dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias, e coube-lhe o território da sua sorte entre os filhos de Judá e os filhos de José.
12 O seu termo ao norte, partindo do Jordão, vai até a saliência ao norte de Jericó e, subindo pela região montanhosa para o ocidente, chega até o deserto de Bete-Áven;
13 dali passa até Luz, ao lado de Luz (que é Betel) para o sul; e desce a Atarote-Adar, junto ao monte que está ao sul de Bete-Horom de baixo;
14 e vai este termo virando, pelo lado ocidental, para o sul desde o monte que está defronte de Bete-Horom; e chega a Quiriate-Baal (que é Quiriate-Jearim), cidade dos filhos de Judá. Esta é a sua fronteira ocidental.
15 A sua fronteira meridional começa desde a extremidade de Quiriate-Jearim, e dali se estende até Efrom, até a fonte das águas de Neftoa;
16 desce à extremidade do monte que está fronteiro ao vale de Ben-Hinom, que está no vale dos refains, para o norte; também desce ao vale de Hinom da banda dos jebuseus para o sul; e desce ainda até En-Rogel;
17 passando para o norte, chega a En-Semes, e dali sai a Gelilote, que está defronte da subida de Adumim; desce à pedra de Boã, filho de Rúben;
18 segue para o norte, margeando a Arabá, e desce ainda até a Arabá;
19 segue dali para o norte, ladeando Bete-Hogla; e os seus extremos chegam à baía setentrional do Mar Salgado, na extremidade meridional do Jordão. Esse é o termo do sul.
20 E o Jordão é o seu termo oriental. Essa é a herança dos filhos de Benjamim, pelos seus termos ao redor, segundo as suas famílias.
21 Ora, as cidades da tribo dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias, são: Jericó, Bete-Hogla, Emeque-Queziz,
22 Bete-Arabá, Zemaraim, Betel,
23 Avim, Pará, Ofra,
24 Quefar-Ha-Amonai. Ofni e Gaba; doze cidades e as suas aldeias.
25 Gibeão, Ramá, Beerote,
26 Mizpe, Cefira, Moza,
27 Requem, Irpeel, Tarala,
28 Zela, Elefe e Jebus (esta é Jerusalém), Gibeá e Quiriate; catorze cidades e as suas aldeias. Essa é a herança dos filhos de Benjamim, segundo as suas famílias.” (Js 18.1-28).

Este capítulo é introduzido com a informação de que o tabernáculo havia sido instalado em Siló, uma das cidades da tribo de Efraim.
Deste modo, eles haviam levantado acampamento de Gilgal, onde se encontravam desde que atravessaram o Jordão para conquistarem Canaã.
A escolha deste lugar foi certamente determinada por Deus, conforme se infere de Dt 12.11, e o motivo da escolha, provavelmente se deveu ao fato de Siló estar situada no coração do país, próximo de Jerusalém, onde viria a ser instalado o tabernáculo, depois de Siló, e onde seria construído posteriormente o templo, para substituir o tabernáculo.
Josué repreendeu os israelitas em face da indolência deles em darem prosseguimento à conquista e posse da terra.
Ainda faltava repartir herança por sete tribos, mas a indolência deles não somente estava dificultando a tarefa, como dando ocasião a que os cananeus se reorganizassem e se fortificassem.
 Josué e a providência de Deus não aguardaram pela iniciativa deles, e então Josué determinou que fossem designados três homens de cada tribo para percorrem Canaã e mapearem os territórios que deveriam ser ocupados, para que fossem distribuídos por sortes às sete tribos restantes, que em face da respectiva herança previamente designada, deveriam se dirigir para lá e ocuparem a terra efetivamente.

Com a conclusão do trabalho de mapeamento, a sorte foi lançada em Siló por Josué, e a parte que coube a Benjamim é descrita nos versos 11 a 28 deste capítulo.



Josué 19

“1 Saiu a segunda sorte a Simeão, isto é, à tribo dos filhos de Simeão, segundo as suas famílias; e foi a sua herança no meio da herança dos filhos de Judá.
2 Tiveram, pois, na sua herança: Berseba, Seba, Molada,
3 Hazar-Sual, Balá, Ezem,
4 Eltolade, Betul, Horma,
5 Ziclague, Bete-Marcabote, Hazar-Susa,
6 Bete-Lebaote e Saruém; treze cidades e as suas aldeias.
7 Aim, Rimom, Eter e Asã; quatro cidades e as suas aldeias;
8 e todas as aldeias que havia em redor dessas cidades, até Baalate-Ber, que é Ramá do sul. Essa é a herança da tribo dos filhos de Simeão, segundo as suas famílias.
9 Ora, do quinhão dos filhos de Judá tirou-se a herança dos filhos de Simeão, porquanto a porção dos filhos de Judá era demasiadamente grande para eles; pelo que os filhos de Simeão receberam herança no meio da herança deles.
10 Surgiu a terceira sorte aos filhos de Zebulom, segundo as suas famílias. Vai o termo da sua herança até Saride;
11 sobe para o ocidente até Marala, estende-se até Dabesete, e chega até o ribeiro que está defronte de Jocneão;
12 de Saride vira para o oriente, para o nascente do sol, até o termo de Quislote-Tabor, estende-se a Daberate, e vai subindo a Jafia;
13 dali passa para o oriente a Gate-Hefer, a Ete-Cazim, chegando a Rimom-Metoar e virando-se para Neá;
14 vira ao norte para Hanatom, e chega ao vale de Iftael;
15 e Catate, Naalal, Sinrom, Idala e Belém; doze cidades e as suas aldeias.
16 Essa é a herança dos filhos de Zebulom, segundo as suas famílias, essas cidades e as suas aldeias.
17 A quarta sorte saiu aos filhos de Issacar, segundo as suas famílias.
18 Vai o seu termo até Jizreel, Quesulote, Suném.
19 Hafaraim, Siom, Anaarate,
20 Rabite, Quisiom, Abes,
21 Remete, En-Ganim, En-Hada e Bete-Pazez,
22 estendendo-se este termo até Tabor, Saazima e Bete-Semes; e vai terminar no Jordão; dezesseis cidades e as suas aldeias.
23 Essa é a herança da tribo dos filhos de Issacar, segundo as suas famílias, essas cidades e as suas aldeias.
24 Saiu a quinta sorte à tribo dos filhos de Aser, segundo as suas famílias.
25 O seu termo inclui Helcate, Hali, Bétem, Acsafe,
26 Alameleque, Amade e Misal; estende-se para o ocidente até Carmelo e Sior-Libnate;
27 vira para o nascente do sol a Bete-Dagom; chega a Zebulom e ao vale de Iftael para o norte, até Bete-Emeque e Neiel; estende-se pela esquerda até Cabul,
28 Ebrom, Reobe, Hamom e Caná, até a grande Sidom;
29 vira para Ramá, e para a cidade fortificada de Tiro, desviando-se então para Hosa, donde vai até o mar; Maalabe, Aczibe,
30 Umá, Afeca e Reobe; ao todo, vinte e duas cidades e as suas aldeias.
31 Essa é a herança da tribo dos filhos de Aser, segundo as suas famílias, essas cidades e as suas aldeias.
32 Saiu a sexta sorte aos filhos de Naftali, segundo as suas famílias.
33 Vai o seu termo desde Helefe e desde o carvalho em Zaananim, e Adâmi-Nequebe e Jabneel, até Lacum, terminando no Jordão;
34 vira para o ocidente até Aznote-Tabor, e dali passa a Hucoque; chega a Zebulom, da banda do sul, e a Aser, da banda do ocidente, e a Judá, à margem do Jordão, para o oriente.
35 E são as cidades fortificadas: Zidim, Zer, Hamate, Racate, Quinerete,
36 Adama, Ramá, Hazor,
37 Quedes, Edrei, En-Hazor,
38 Irom, Migdal-El, Horem, Bete-Anate e Bete-Semes; dezenove cidades e as suas aldeias.
39 Essa é a herança da tribo dos filhos de Naftali, segundo as suas famílias, essas cidades e as suas aldeias.
40 A sétima sorte saiu à tribo dos filhos de Dã, segundo as suas famílias.
41 O termo da sua herança inclui: Zorá, Estaol, Ir-Semes,
42 Saalabim, Aijalom, Itla,
43 Elom, Timnate, Ecrom,
44 Elteque, Gibetom, Baalate,
45 Jeúde, Bene-Beraque, Gate-Rimom,
46 Me-Jarcom e Racom, com o território defronte de Jope.
47 Saiu, porém, pequena o território dos filhos de Dã; pelo que os filhos de Dã subiram, pelejaram contra Lesem e a tomaram; feriram-na ao fio da espada, tomaram posse dela e habitaram-na; e a Lesem chamaram Dã, conforme o nome de Dã, seu pai.
48 Essa é a herança da tribo dos filhos de Dã, segundo as suas famílias, essas cidades e as suas aldeias.
49 Tendo os filhos de Israel acabado de repartir a terra em herança segundo os seus termos, deram a Josué, filho de Num, herança no meio deles.
50 Segundo a ordem do Senhor lhe deram a cidade que pediu, Timnate-Sera, na região montanhosa de Efraim; e ele reedificou a cidade, e habitou nela.
51 Essas são as heranças que Eleazar, o sacerdote, e Josué, filho de Num, e os cabeças das casas paternas nas tribos dos filhos de Israel repartiram em herança por sorte em Siló, perante o Senhor, à porta da tenda da revelação. E assim acabaram de repartir a terra.” (Js 19.1-51).

Depois do mapeamento da terra de Canaã, a primeira sorte lançada em Siló recaiu sobre a tribo de Benjamim, cuja herança foi descrita no capítulo anterior, e neste, nós temos a descrição da distribuição também por sortes do território que coube às seis tribos restantes, a saber: Simeão, Zebulom, Issacar, Aser, Naftali e Dã.
Simeão, em razão da sua pequena população herdou juntamente com Judá, dado o território de Judá  ser muito grande, e excedia as necessidades desta tribo. E as cidades de Simeão ficavam espalhadas dentro da herança de Judá, de modo que foi cumprida a profecia dada através de Jacó, tanto para Simeão, quanto para Levi, em razão da crueldade que cometeram contra os siquemitas: “Maldito o seu furor, porque era forte! maldita a sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e os espalharei em Israel.” (Gên 49.7).
As cidades dos levitas eram espalhadas nos territórios das doze tribos.
Eles faziam parte do povo abençoado de Deus, mas tiveram que carregar esta carga em razão da iniqüidade dos seus pais (patriarcas daquelas tribos, a saber, Simeão e Levi).
Isto seria um sinal do modo como Deus marcou a Sua desaprovação à vingança pessoal e atos de violência gerados pela paixão e iniciativa dos homens. A vingança pertence ao Senhor, Justo Juiz que é, e não a nenhum dos homens.
Ele não julga movido pela paixão ou por uma ira injustificada, mas sempre com justiça e eqüidade.
Por isso devemos deixar todo juízo punitivo em suas mãos e nas autoridades por Ele designadas para exercê-lo dentro da esfera e dos limites da competência delas, conforme estabelecido por Ele, mas nunca agindo de modo pessoal e parcial, e sim sempre segundo as suas leis, imparcialmente e com justiça.
A herança de Zebulom ficava compreendida entre o Mar Mediterrâneo a Oeste, e o Mar de Tiberíades à Leste, em cumprimento à profecia de Jacó, em Gên 49.13, pois seria um porto de navios tanto no Mediterrâneo, quanto no Mar da Galiléia.
Foi no monte Carmelo, que pertencia a esta tribo que ocorreu o desafio de Elias aos profetas de Baal.
E a cidade de Nazaré, onde Jesus residia também ficava nos termos de Zebulom.
E é por causa da residência de Jesus nesta região que nós temos a profecia de Isaías 9.1: “Mas para a que estava aflita não haverá escuridão. Nos primeiros tempos, ele envileceu a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos tempos fará glorioso o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios.”.
A herança de Issacar ficava situada entre o Mar Mediterrâneo a Oeste e o rio Jordão a Leste, tendo Manassés ao Sul, e Zebulom ao Norte. Tola, um dos juízes de Israel era desta tribo (Jz 10.1). E também Baasa, rei de Israel (I Rs 15.27).
Os locais mais destacados desta tribo eram Jesreel onde ficava o palácio do rei Acabe, próximo à vinha de Nabote e Sunem, onde viveu a sunamita que hospedou o profeta Elias.
Ficava também em Issacar os montes de Gilboa, nos quais foram mortos Saul e Jônatas. Local este não distante de Endor, onde Saul consultou a pitonisa. E ainda pertencia à tribo de Issacar o vale de Megido, onde o rei Josias foi morto (II Rs 23.29).
A herança de Aser ficava junto à costa do Mediterrâneo.
A herança de Naftali ficava ao Norte de todas as demais tribos, e a cidade de Dã que ficava no extremo setentrional pertencia a esta tribo. Não se deve confundir esta cidade com a tribo de Dã. As cidades de Cafarnaum e Betsaida ficavam no território de Naftali.
A herança que coube a Dã ficava na parte Sul de Canaã entre a tribo de Judá e o território dos filisteus. Sansão era desta tribo.
No verso 47 nós podemos ver o caráter belicoso da tribo de Dã, que diferentemente da tribo de Manasses, não temeu lutar contra aqueles que habitavam no território que lhe fora designado por sorte, e assim estenderam a área do seu domínio.
Por fim, este capítulo descreve a herança que coube a Josué, conforme promessa feita a ele por Deus, juntamente com Calebe, por terem crido nEle, contra a incredulidade de todos os israelitas que morreram no deserto.
Josué pediu a cidade de Tminate-Sera, que ficava na região montanhosa de Efraim, cidade esta que ele reedificou.
Enquanto outros habitaram em casas que eles não construíram, Josué, mesmo na sua velhice e depois de ter se empenhado em tantas batalhas, ainda teria que reconstruir a cidade na qual habitaria.


Isto demonstra toda a sua laboriosidade e caráter. Nisto ele foi um tipo de Cristo que tendo provido descanso para nós, contudo não tinha sequer onde reclinar a sua cabeça.    


Josué 20

“1 Falou mais o Senhor a Josué:
2 Dize aos filhos de Israel: Designai para vós as cidades de refúgio, de que vos falei por intermédio de Moisés,
3 a fim de que fuja para ali o homicida, que tiver matado alguma pessoa involuntariamente, e não com intento; e elas vos servirão de refúgio contra o vingador do sangue.
4 Fugindo ele para uma dessas cidades, apresentar-se-á à porta da mesma, e exporá a sua causa aos anciãos da tal cidade; então eles o acolherão ali e lhe darão lugar, para que habite com eles.
5 Se, pois, o vingador do sangue o perseguir, não lhe entregarão o homicida, porquanto feriu a seu próximo sem intenção e sem odiá-lo dantes.
6 E habitará nessa cidade até que compareça em juizo perante a congregação, até que morra o sumo sacerdote que houver naqueles dias; então o homicida voltará, e virá à sua cidade e à sua casa, à cidade donde tiver fugido.
7 Então designaram a Quedes na Galiléia, na região montanhosa de Naftali, a Siquém na região montanhosa de Efraim, e a Quiriate-Arba (esta é Hebrom) na região montanhosa de Judá.
8 E, além do Jordão na altura de Jericó para o oriente, designaram a Bezer, no deserto, no planalto da tribo de Rúben a Ramote, em Gileade, da tribo de Gade, e a Golã, em Basã, da tribo de Manassés.
9 Foram estas as cidades designadas para todos os filhos de Israel, e para o estrangeiro que peregrinasse entre eles, para que se acolhesse a elas todo aquele que matasse alguma pessoa involuntariamente, para que não morresse às mãos do vingador do sangue, até se apresentar perante a congregação.” (Js 20.1-9).

Este capítulo descreve a designação das cidades de refúgio que são amplamente citadas nos escritos de Moisés, e esta é a última vez que se faz menção a elas, porque este assunto foi resolvido completamente depois da conquista de Canaã por Josué.
Muitas coisas estavam previamente ordenadas na lei de Moisés, para serem cumpridas quando os israelitas entrassem em Canaã, e dentre estas estava a designação de refúgios para proteger aqueles que fossem culpados de assassinato não intencional, uma vez que na dispensação da lei era admitida a ação do chamado vingador do sangue (goel), que era pessoa próxima do assassinado que poderia chamar a si a responsabilidade de vingar a sua morte, matando igualmente o assassino.
Entretanto como poderia ser o caso de morte não intencional, o chamado crime culposo, e portanto não doloso, até que esta condição fosse esclarecida pelo julgamento da congregação, o assassino deveria recorrer a uma das cidades de refúgio designadas, onde não poderia de modo algum, ser alvo da ação do vingador do sangue.
Nos versos  7 e 8 temos a nomeação das seis cidades de refúgio, que foram designadas: Quedes, Siquém, Hebrom, Bezer, Ramote e Golã.
Estas cidades eram contadas dentre as cidades que foram dadas aos levitas, de modo que haveria sacerdotes entre eles com competência para analisar e julgar os crimes de morte, e decidir sobre a proteção daqueles em quem não fosse achado dolo, de modo que deveriam viver na cidade, abrigados da ação vingadora do goel, até que o sumo sacerdote morresse.
Há aqui uma bela figura do sumo sacerdócio de Cristo, que é aquele que nos guarda da morte, por meio da Sua vida, e como Cristo não morre mais, é sumo sacerdote para sempre, nós também viveremos para sempre por causa da Sua vida, guardados da ira de Deus, que se vingaria dos nossos pecados, com a morte eterna. Mas como Cristo, nosso sumo sacerdote vive, nós vivemos também, embora responsáveis e culpados pelos nossos pecados, por sermos pecadores.
Estas cidades ficavam em colinas, de modo que não ficassem escondidas das vistas do oprimido, que necessitasse ser socorrido.
Do mesmo modo, Cristo que é o Refúgio dos pecadores deve ser pregado e apresentado a eles acima dos eirados, e como uma luz que a todos alumia deve ser colocado não debaixo do alqueire mas acima no velador.
Os significados dos nomes destas cidades muito tinham a ver com a sua função, porque Quedes significa santo, e o nosso refúgio, Jesus, é santo. Siquém, ombro, e o governo está sobre os ombros de Cristo e ele se responsabiliza pela nossa segurança e salvação. Hebrom, companhia, e os crentes têm a sua segurança na comunhão com Cristo. Bezer, fortificação, porque Jesus é a nossa fortaleza. Ramote, elevado ou exaltado, porque Jesus é o nosso refúgio por se encontrar exaltado à destra de Deus. Golã, alegria ou exultação, porque em Jesus todos os crentes estão justificados e se gloriam nEle.  



Josué 21

“1 Então os cabeças das casas paternas dos levitas chegaram a Eleazar, o sacerdote, e a Josué, filho de Num, e aos cabeças das casas paternas nas tribos dos filhos de Israel,
2 em Siló, na terra de Canaã, e lhes falaram, dizendo: O Senhor ordenou, por intermédio de Moisés, que se nos dessem cidades em que habitássemos, e os seus arrabaldes para os nossos animais.
3 Pelo que os filhos de Israel deram aos levitas, da sua herança, conforme a ordem do Senhor, as seguintes cidades e seus arrabaldes.
4 Saiu, pois, a sorte às famílias dos coatitas; e aos filhos de Arão, o sacerdote, que eram dos levitas, caíram por sorte, da tribo de Judá, da tribo de Simeão e da tribo de Benjamim, treze cidades;
5 aos outros filhos de Coate caíram por sorte, das famílias da tribo de Efraim, da tribo de Dã e da meia tribo de Manassés, dez cidades;
6 aos filhos de Gérson caíram por sorte, das famílias da tribo de Issacar, da tribo de Aser, da tribo de Naftali e da meia tribo de Manassés em Basã, treze cidades;
7 e aos filhos de Merári, segundo as suas famílias, da tribo de Rúben, da tribo de Gade e da tribo de Zebulom, doze cidades.
8 Assim deram os filhos de Israel aos levitas estas cidades e seus arrabaldes por sorte, como o Senhor ordenara por intermédio de Moisés.
9 Ora, deram, da tribo dos filhos de Judá e da tribo dos filhos de Simeão, estas cidades que por nome vão aqui mencionadas,
10 as quais passaram a pertencer aos filhos de Arão, sendo estes das famílias dos coatitas e estes, por sua vez, dos filhos de Levi; porquanto lhes caiu a primeira sorte.
11 Assim lhes deram Quiriate-Arba, que é Hebrom, na região montanhosa de Judá, e seus arrabaldes em redor (Arba era o pai de Anaque).
12 Mas deram o campo da cidade e suas aldeias a Calebe, filho de Jefoné, por sua possessão.
13 Aos filhos de Arão, o sacerdote, deram Hebrom, cidade de refúgio do homicida, e seus arrabaldes, Libna e seus arrabaldes,
14 Jatir e seus arrabaldes, Estemoa e seus arrabaldes,
15 Holom e seus arrabaldes, Debir e seus arrabaldes,
16 Aim e seus arrabaldes, Jutá e seus arrabaldes, Bete-Semes e seus arrabaldes; nove cidades dessas duas tribos.
17 E da tribo de Benjamim, Gibeão e seus arrabaldes, Geba e seus arrabaldes,
18 Anatote e seus arrabaldes, Almom e seus arrabaldes; quatro cidades.
19 Todas as cidades dos sacerdotes, filhos de Arão, foram treze cidades e seus arrabaldes.
20 As famílias dos filhos de Coate, levitas, isto é, os demais filhos de Coate, receberam as cidades da sua sorte; da tribo de Efraim
21 deram-lhes Siquém, cidade de refúgio do homicida, e seus arrabaldes, na região montanhosa de Efraim, Gezer e seus arrabaldes,
22 Quibzaim e seus arrabaldes, Bete-Horom e seus arrabaldes; quatro cidades.
23 E da tribo de Dã, Elteque e seus arrabaldes, Gibetom e seus arrabaldes,
24 Aijalom e seus arrabaldes, Gate-Rimon e seus arrabaldes; quatro cidades.
25 E da meia tribo de Manassés, Taanaque e seus arrabaldes, e Gate-Rimon e seus arrabaldes; duas cidades.
26 As famílias dos demais filhos de Coate tiveram ao todo dez cidades e seus arrabaldes.
27 Aos filhos de Gérsom das famílias dos levitas, deram, da meia tribo de Manassés, Golã, cidade de refúgio do homicida, em Basã, e seus arrabaldes, e Beesterá e seus arrabaldes; duas cidades.
28 E da tribo de Issacar, Quisiom e seus arrabaldes, Daberate e seus arrabaldes,
29 Jarmute e seus arrabaldes, En-Ganim e seus arrabaldes; quatro cidades.
30 E da tribo de Aser, Misal e seus arrabaldes, Abdom e seus arrabaldes,
31 Helcate e seus arrabaldes, Reobe e seus arrabaldes; quatro cidades.
32 E da tribo de Naftali, Quedes, cidade de refúgio do homicida, na Galiléia, e seus arrabaldes, Hamote-Dor e seus arrabaldes, Cartá e seus arrabaldes; três cidades.
33 Todas as cidades dos gersonitas, segundo as suas famílias, foram treze cidades e seus arrabaldes.
34 Às famílias dos filhos de Merári, aos demais levitas, deram da tribo de Zebulom, Jocneão e seus arrabaldes, Cartá e seus arrabaldes,
35 Dimna e seus arrabaldes, Naalal e seus arrabaldes; quatro cidades.
36 E da tribo de Rúben, Bezer e seus arrabaldes, Jaza e seus arrabaldes,
37 Quedemote e seus arrabaldes, Mefaate e seus arrabaldes; quatro cidades.
38 E da tribo de Gade, Ramote, cidade de refúgio do homicida, em Gileade, e seus arrabaldes, Maanaim e seus arrabaldes,
39 Hesbom e seus arrabaldes, Jazer e seus arrabaldes; ao todo, quatro cidades.
40 Todas essas cidades couberam por sorte aos filhos de Merári, segundo as suas famílias, o restante das famílias dos levitas; foram, ao todo, doze cidades.
41 Todas as cidades dos levitas, no meio da herança dos filhos de Israel, foram quarenta e oito cidades e seus arrabaldes.
42 Cada uma dessas cidades tinha os seus arrabaldes em redor; assim foi com todas elas.
43 Desta maneira deu o Senhor a Israel toda a terra que, com juramento, prometera dar a seus pais; e eles a possuíram e habitaram nela.
44 E o Senhor lhes deu repouso de todos os lados, conforme tudo quanto jurara a seus pais; nenhum de todos os seus inimigos pôde ficar de pé diante deles, mas a todos o Senhor lhes entregou nas mãos.
45 Palavra alguma falhou de todas as boas coisas que o Senhor prometera à casa de Israel; tudo se cumpriu.” (Js 21.1-45).

Este capítulo descreve as cidades que foram dadas aos levitas, em cada uma das tribos, porque não ocupariam um território específico na terra de Canaã, como Deus havia ordenado desde os dias de Moisés.
  Os levitas reivindicaram o direito que tinham a estas cidades, não em razão do mérito deles, do serviço que estavam prestando ou sob qualquer outro argumento, mas exclusivamente no preceito divino: “O Senhor ordenou, por intermédio de Moisés, que se nos dessem cidades em que habitássemos, e os seus arrabaldes para os nossos animais.” (v. 2).
A manutenção dos ministros do evangelho, de igual modo, não é uma coisa deixada puramente à boa vontade das pessoas que podem deixá-los passar fome se isto lhes agradar. Não. Como Deus ordenou que os levitas deveriam ser providos pelos israelitas na Antiga Aliança, de igual modo Ele tem ordenado na Nova Aliança à Igreja, que aqueles que pregam o evangelho devem viver do evangelho (I Co 9.14).
Deus havia falado em Nm 35.6-8 o seguinte em relação às cidades dos levitas: “6 Entre as cidades que dareis aos levitas haverá seis cidades de refúgio, as quais dareis para que nelas se acolha o homicida; e além destas lhes dareis quarenta e duas cidades. 7 Todas as cidades que dareis aos levitas serão quarenta e oito, juntamente com os seus arrabaldes. 8 Ora, no tocante às cidades que dareis da possessão dos filhos de Israel, da tribo que for grande tomareis muitas, e da que for pequena tomareis poucas; cada uma segundo a herança que receber dará as suas cidades aos levitas.”.
Aqui está estabelecido o critério relativo tanto ao número total  das cidades (48, sendo seis de refúgio), quanto à quantidade que deveria ser cedida pelas tribos: quanto maior a tribo, maior o número de cidades que cederia aos levitas.
Como aquela oferta era considerada uma oferta para o próprio Deus, eles se esforçaram em dar as melhores cidades. E além das cidades propriamente ditas foram cedidas também os seus arredores, de modo que neles os levitas pudessem guardar o seu gado.
A distribuição foi feita primeiro designando-se o número de cidades por grupos de tribos, sendo quatro grupos, com as seguintes designações:
. Judá, Simeão e Benjamim – treze cidades para os coatitas, um dos braços da tribo de Levi ao qual pertenciam os sacerdotes, pois Arão era coatita. Isto facilitaria no futuro a instalação do sacerdócio no templo de Jerusalém, que ficava no território de Judá.
. Efraim, Dã e meia tribo de Manassés – dez cidades para os demais coatitas.
. Issacar, Aser, Naftali e meia tribo de Manassés em Basã – treze cidades para os levitas filhos de Gérson.
 . Rúben, Gade e Zebulom – doze cidades para os levitas filhos de Merári.
Em seguida foi aplicado o critério de quanto maior a tribo, maior o número de cidades, dentro dos totais previstos para cada grupo. Assim foi feita a seguinte distribuição:

Primeiro Grupo:
. Judá e Simeão – nove cidades
. Benjamim – quatro cidades.

Segundo Grupo:
Efraim – quatro cidades
Dã – quatro cidades.
Manassés de Canaã – duas cidades.

Terceiro Grupo:
Manassés de Basã – duas cidades.
Issacar – quatro cidades.
Aser – quatro cidades.
Naftali – três cidades.

Quarto Grupo:
Zebulom – quatro cidades.
Rúben – quatro cidades.
Gade – quatro cidades.

Com a distribuição das cidades dos levitas foi completada a distribuição da herança dos filhos de Israel, e por isso este capítulo é concluído com as seguintes palavras nos versos 43 a 45: “Desta maneira deu o Senhor a Israel toda a terra que, com juramento, prometera dar a seus pais; e eles a possuíram e habitaram nela. E o Senhor lhes deu repouso de todos os lados, conforme tudo quanto jurara a seus pais; nenhum de todos os seus inimigos pôde ficar de pé diante deles, mas a todos o Senhor lhes entregou nas mãos. Palavra alguma falhou de todas as boas coisas que o Senhor prometera à casa de Israel; tudo se cumpriu.”.
Enquanto os levitas caminhavam no deserto e estavam acampados em Gilgal e depois em Siló, com todos os demais israelitas, eles estavam reunidos em um só corpo, compartilhando com todas as tribos, mas depois da ocupação da terra, eles seriam espalhados em todo o território de Israel para abençoarem seus irmãos, nas respectivas tribos em que se encontravam as suas cidades.
De igual modo, enquanto Cristo estava na terra com os discípulos, eles estavam todos reunidos e convivendo no mesmo espaço geográfico, mas desde que Ele deu à Igreja a missão de conquistar o mundo para Deus,  tiveram que se espalhar por todas as partes da terra, para levarem a mensagem do evangelho a todas as nações. E esta continua sendo ainda a missão que foi dada pelo Senhor à Sua Igreja. Tal como os levitas os crentes devem estar disponíveis para servir o Seu Senhor nos territórios que Ele lhes designar.
Com a distribuição dos levitas, Deus proveu uma lâmpada para cada cômodo da Sua casa em Israel.
Eles tinham o encargo de ensinar a lei do Senhor ao povo.

De igual modo, Cristo tem estabelecido Igrejas em todas as partes do mundo, e continuará estabelecendo de modo que a luz e o sal do evangelho possam iluminar e salgar todos os povos. Os crentes têm o dever de ensinarem às pessoas as coisas relativas a Deus.  



Josué 22

“1 Então Josué chamou os rubenitas, os gaditas e a meia tribo de Manassés,
2 e disse-lhes: Tudo quanto Moisés, servo do Senhor, vos ordenou, tendes observado, bem como tendes obedecido à minha voz em tudo quanto vos ordenei.
3 A vossos irmãos nunca desamparastes, até o dia de hoje, mas tendes observado cuidadosamente o mandamento do Senhor vosso Deus.
4 Agora o Senhor vosso Deus deu descanso a vossos irmãos, como lhes prometera; voltai, pois, agora, e ide para as vossas tendas, para a terra da vossa possessão, que Moisés, servo do Senhor, vos deu além do Jordão.
5 Tão-somente tende cuidado de guardar com diligência o mandamento e a lei que Moisés, servo do Senhor, vos ordenou: que ameis ao Senhor vosso Deus, andeis em todos os seus caminhos, guardeis os seus mandamentos, e vos apegueis a ele e o sirvais com todo o vosso coração e com toda a vossa alma.
6 Assim Josué os abençoou, e os despediu; e eles foram para as suas tendas.
7 Ora, Moisés dera herança em Basã à meia tribo de Manassés, porém à outra metade Josué deu herança entre seus irmãos, a oeste do Jordão. E quando Josué os enviou para as suas tendas os abençoou
8 e lhes disse: Voltai para as vossas tendas com grandes riquezas: com muitíssimo gado, com prata e ouro, com cobre e ferro, e com muitíssimos vestidos; e reparti com vossos irmãos o despojo dos vossos inimigos.
9 Assim voltaram os filhos de Rúben os filhos de Gade e a meia tribo de Manassés, separando-se dos filhos de Israel em Siló, que está na terra de Canaã, para irem à terra de Gileade, à terra da sua possessão, de que foram feitos possuidores, segundo a ordem do Senhor por intermédio de Moisés.
10 Tendo chegado à região junto ao Jordão, ainda na terra de Canaã, os filhos de Rúben os filhos de Gade e a meia tribo de Manassés edificaram ali, à beira do Jordão, um altar de grandes proporções.
11 E os filhos de Israel ouviram dizer: Eis que os filhos de Rúben os filhos de Gade e a meia tribo de Manassés edificaram um altar na fronteira da terra de Canaã, na região junto ao Jordão, da banda que pertence aos filhos de Israel.
12 Quando os filhos de Israel ouviram isto, congregaram-se todos em Siló, para subirem a guerrear contra eles.
13 Então os filhos de Israel enviaram aos filhos de Rúben aos filhos de Gade e à meia tribo de Manassés, à terra de Gileade, Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote,
14 e com ele dez príncipes, um príncipe de cada casa paterna de todas as tribos de Israel; e eles eram os cabeças das suas casas paternas entre os milhares de Israel.
15 Foram, pois, ter com os filhos de Rúben e os filhos de Gade e a meia tribo de Manassés, à terra de Gileade, e lhes disseram:
16 Assim diz toda a congregação do Senhor: Que transgressão é esta que cometestes contra o Deus de Israel, deixando hoje de seguir ao Senhor, edificando-vos um altar para vos rebelardes hoje contra o Senhor?
17 Acaso nos é pouca a iniqüidade de Peor, de que ainda até o dia de hoje não nos temos purificado, apesar de ter vindo uma praga sobre a congregação do Senhor,
18 para que hoje queirais abandonar ao Senhor? Será que, rebelando-vos hoje contra o Senhor, amanhã ele se irará contra toda a congregação de Israel.
19 Se é, porém, que a terra da vossa possessão é imunda, passai para a terra da possessão do Senhor, onde habita o tabernáculo do Senhor, e tomai possessão entre nós; mas não vos rebeleis contra o Senhor, nem tampouco vos rebeleis contra nós, edificando-vos um altar afora o altar do Senhor nosso Deus.
20 Não cometeu Acã, filho de Zerá, transgressão no tocante ao anátema? e não veio ira sobre toda a congregação de Israel? de modo que não pereceu ele só na sua iniqüidade.
21 Então responderam os filhos de Rúben os filhos de Gade e a meia tribo de Manassés, e disseram aos cabeças dos milhares de Israel:
22 O Poderoso, Deus, o Senhor, o Poderoso, Deus, o Senhor, ele o sabe, e Israel mesmo o saberá! Se foi em rebeldia, ou por transgressão contra o Senhor não nos salves hoje;
23 se nós edificamos um altar, para nos tornar de após o Senhor, ou para sobre ele oferecer holocausto e oferta de cereais, ou sobre ele oferecer sacrifícios de ofertas pacíficas, o Senhor mesmo de nós o requeira;
24 e se antes o não fizemos com receio e de propósito, dizendo: Amanhã vossos filhos poderiam dizer a nossos filhos: Que tendes vós com o Senhor Deus de Israel?
25 Pois o Senhor pôs o Jordão por termo entre nós e vós, ó filhos de Rúben e ó filhos de Gade; não tendes parte no Senhor. Assim bem poderiam vossos filhos fazer com que os nossos filhos deixassem de temer ao Senhor.
26 Pelo que dissemos: Edifiquemos agora um altar, não para holocausto, nem para sacrifício,
27 mas para que, entre nós e vós, e entre as nossas gerações depois de nós, nos sirva de testemunho para podermos fazer o serviço do Senhor diante dele com os nossos holocaustos, com os nossos sacrifícios e com as nossas ofertas pacíficas; para que vossos filhos não digam amanhã a nossos filhos: Não tendes parte no Senhor.
28 Pelo que dissemos: Quando amanhã disserem assim a nós ou às nossas gerações, então diremos: Vede o modelo do altar do Senhor que os nossos pais fizeram, não para holocausto nem para sacrifício, porém para ser testemunho entre nós e vós,
29 Longe esteja de nós que nos rebelemos contra o Senhor, ou que hoje o abandonemos, edificando altar para holocausto, oferta de cereais ou sacrifício, afora o altar do Senhor nosso Deus, que está perante o seu tabernáculo.
30 Quando, pois, Finéias, o sacerdote, e os príncipes da congregação, os cabeças dos milhares de Israel que estavam com ele, ouviram as palavras que lhes disseram os filhos de Rúben os filhos de Gade e os filhos de Manassés, ficaram satisfeitos.
31 Então disse Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, aos filhos de Rúben aos filhos de Gade e aos filhos de Manassés: Hoje sabemos que o Senhor está no meio de nós, porquanto não cometestes tal transgressão contra o Senhor; agora livrastes os filhos de Israel da mão do Senhor.
32 E Finéias, filho de Eleazar, o sacerdote, e os príncipes, deixando os filhos de Rúben e os filhos de Gade, voltaram da terra de Gileade para a terra de Canaã, aos filhos de Israel, e trouxeram-lhes a resposta.
33 E com isso os filhos de Israel ficaram satisfeitos; e louvaram a Deus, e não falaram mais de subir a guerrear contra eles, para destruírem a terra em que habitavam os filhos de Rúben e os filhos de Gade.
34 E os filhos de Rúben e os filhos de Gade chamaram ao altar Testemunha; pois, disseram eles, é testemunho entre nós que o Senhor é Deus.” (Js 22.1-34).

A guerra havia terminado e a conquista de Canaã completada, e então estavam agora os filhos de Ruben, Gade e da meia tribo de Manassés liberados da palavra que haviam empenhado a Moisés na presença do Senhor (Nm 32.32), que somente retornariam à sua possessão na Transjordânia, depois de terem guerreado juntamente com seus demais irmãos israelitas em Canaã, e conforme haviam reafirmado a Josué no início das campanhas militares, para conquistar a terra prometida (Jos 1.16).
Portanto, Josué os despediu para os seus territórios do outro lado do Jordão.
Muitos anos haviam se passado porque a guerra durou muito tempo, mas como bons soldados, permaneceram em seus postos até que fossem liberados pelo seu general.
Eles estavam afastados de seus lares e privados da companhia de suas esposas e filhos, empenhados nas guerras do Senhor, e nós, de igual modo, neste mundo, por mais atraente e desejável que seja a casa de nosso Pai eterno, e correta a aspiração de que voltemos logo para a nossa morada definitiva, entretanto cumpre continuar no bom combate da fé guerreando sob a bandeira do amor de Cristo, até que ele dispense os nossos serviços para Ele neste mundo, por termos cumprido de modo satisfatório o nosso ministério e combatido o bom combate, guardando a fé, tal como fizera o apóstolo Paulo.
Josué não despediu os rubenitas, gaditas e manassitas de mãos vazias, mas deu a parte que lhes cabia no despojo de guerra, com muitas riquezas e gado, e de igual modo o nosso Amado Jesus nos recompensará com galardões as batalhas espirituais que tivermos vencido em Seu nome neste mundo, quando tivermos de deixá-lo, para estar com Ele para sempre.
Estas tribos que residiriam do outro lado do Jordão, para testemunho das gerações futuras, de que eram também israelitas e participantes do mesmo altar de Deus, construíram um modelo de altar parecido com o do tabernáculo, não para apresentarem ofertas e sacrifícios no mesmo, pois isto era vedado pela Lei de Moisés, pois todo o serviço religioso deveria ser realizado no altar do tabernáculo.
Entretanto, houve um mal entendido das intenções deles pelas demais tribos de Canaã e eles se dispuseram a guerrear contra eles, por julgarem que estavam pretendendo estabelecer a sua própria forma de culto e de adoração, que em não sendo validada e aceita por Deus, seria vista como uma forma de adoração a outros deuses.
Mas uma comissão liderada por Finéias, filho do sumo sacerdote Eleazar, filho de Arão, indo ter com eles, tudo foi esclarecido e puderam revelar quais eram as suas reais intenções. Não de se rebelarem contra a Palavra de Deus ordenada através de Moisés, mas simplesmente darem testemunho a seus filhos no futuro, que apesar de estarem separados das demais tribos pelo rio Jordão, eles tinham parte com Israel e deveriam viver de acordo com tudo aquilo que lhes foi ordenado pelo Senhor.
O zelo santo demonstrado pelas tribos para honrar a Deus e ao Seu altar do tabernáculo em Siló, deveu-se sobretudo ao temor do castigo que poderia sobrevir a toda a nação, por causa de uma possível transgressão por parte das tribos da Transjordânia.
Eles sabiam quão rígida e severa era a lei relativa ao lugar sagrado, e que seria uma grande afronta a Deus escolher um outro lugar para a apresentação dos sacrifícios.
Eles recordaram o que ocorreu com a adoração de Baal-Peor em que o Senhor destruiu 24.000 pela praga.
E recordaram também do que sucedeu a toda a nação por causa do pecado de Acã em guardar o anátema em sua tenda. Certamente eles tinham em vista uma visitação daquilo que estavam pensando ser uma iniqüidade, com duros juízos, que sobreviriam a todos da parte de Deus.
Quantas bênçãos deixam de ser recebidas, e quase ou nenhum progresso fazem muitas Igrejas, e são disciplinadas com juízos do Senhor, com muitos enfermos e muitos que morrem prematuramente, porque tal como a Igreja de Corinto, violam a forma de adoração aceitável por Deus, por falta de reverência, ou por práticas que transgridem frontalmente o modo e o espírito adequados à adoração que são compatíveis com tudo o que está revelado na Palavra de Deus.
É certo que estamos numa Nova Aliança, e que por causa da longanimidade que tem sido exibida por Deus em face do sacrifício de Cristo, Ele tem tolerado muitas aberrações e práticas, que são completamente contrárias a uma verdadeira adoração, mas cabe refletir que apesar de os termos da Aliança terem sido mudados, Deus não mudou, continua sendo o mesmo Deus santo, justo, criterioso, que se agrada daqueles que fazem a Sua vontade e obedecem à Sua Palavra.
Neste caso, se aplicam as palavras do apóstolo Paulo em face da idolatria dos coríntios: “Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios. Ou provocaremos a zelos o Senhor? Somos, porventura, mais fortes do que ele?” (I Cor 10.21,22).
É possível pois, mesmo estando debaixo da graça, por se estar numa Nova Aliança com Cristo, provocar o zelo e a ira do Senhor por motivo de uma falsa adoração. E sabemos que o Senhor corrige a seus filhos assim como faz qualquer pai zeloso para o seu bem.
As coisas experimentadas por Israel foram registradas na Bíblia para nossa advertência, como diz o apóstolo Paulo no mesmo capítulo (décimo) desta primeira carta aos coríntios, nos versos 1 a 11.
Portanto,  no tocante às coisas das quais devemos nos guardar para não provarmos o desagrado de Deus, a Antiga Aliança serve de uma boa e adequada ilustração, e faremos bem em atentar a todos os seus termos, não nos iludindo que podemos viver desordenadamente e escapar da correção dolorosa de Deus a pretexto de estarmos debaixo de uma Nova Aliança.
Se é verdade que por um lado, o fato de estarmos na graça nos livrou de muitas obrigações da Antiga Aliança, sobretudo as cerimoniais, e nos livrou também de termos que guerrear fisicamente em nome de Deus contra os seus inimigos, como os israelitas deviam fazer debaixo dos termos daquele antigo pacto, por outro lado, as exigências de andarmos de modo ordeiro, santo, obediente e reverente diante de Deus, em nada mudou.
Não devemos nunca esquecer que Deus vela sobre a Sua Palavra para a cumprir, e que Ele é muito zeloso das Suas instituições e não fará vistas grossas para o nosso pecado.


Josué 23

“1 Passados muitos dias, tendo o Senhor dado repouso a Israel de todos os seus inimigos em redor, e sendo Josué já velho, de idade muito avançada,
2 chamou Josué a todo o Israel, aos seus anciãos, aos seus cabeças, aos seus juízes e aos seus oficiais, e disse-lhes: Eu já sou velho, de idade muito avançada;
3 e vós tendes visto tudo quanto o Senhor vosso Deus fez a todas estas nações por causa e vós, porque é o Senhor vosso Deus que tem pelejado por vós.
4 Vede que vos reparti por sorte estas nações que restam, para serem herança das vossas tribos, juntamente com todas as nações que tenho destruído, desde o Jordão até o grande mar para o pôr do sol.
5 E o Senhor vosso Deus as impelirá, e as expulsará de diante de vós; e vós possuireis a sua terra, como vos disse o Senhor vosso Deus.
6 Esforçai-vos, pois, para guardar e cumprir tudo quanto está escrito no livro da lei de Moisés, para que dela não vos desvieis nem para a direita nem para a esquerda;
7 para que não vos mistureis com estas nações que ainda restam entre vós; e dos nomes de seus deuses não façais menção, nem por eles façais jurar, nem os sirvais, nem a eles vos inclineis.
8 Mas ao Senhor vosso Deus vos apegareis, como fizeste até o dia de hoje;
9 pois o Senhor expulsou de diante de vós grandes e fortes nações, e, até o dia de hoje, ninguém vos tem podido resistir.
10 um só homem dentre vós persegue a mil, pois o Senhor vosso Deus é quem peleja por vós, como já vos disse.
11 Portanto, cuidai diligentemente de amar ao Senhor vosso Deus.
12 Porque se de algum modo vos desviardes, e vos apegardes ao resto destas nações que ainda ficam entre vós, e com elas contrairdes matrimônio, e entrardes a elas, e elas a vós,
13 sabei com certeza que o Senhor vosso Deus não continuará a expulsar estas nações de diante de vós; porém elas vos serão por laço e rede, e açoite às vossas ilhargas, e espinhos aos vossos olhos, até que pereçais desta boa terra que o Senhor vosso Deus vos deu.
14 Eis que vou hoje pelo caminho de toda a terra; e vós sabeis em vossos corações e em vossas almas que não tem falhado uma só palavra de todas as boas coisas que a vosso respeito falou o Senhor vosso Deus; nenhuma delas falhou, mas todas se cumpriram.
15 E assim como vos sobrevieram todas estas boas coisas de que o Senhor vosso Deus vos falou, assim trará o Senhor sobre vós todas aquelas más coisas, até vos destruir de sobre esta boa terra que ele vos deu.
16 Quando transgredirdes o pacto do Senhor vosso Deus, que ele vos ordenou, e fordes servir a outros deuses, inclinando-vos a eles, a ira do Senhor se acenderá contra vós, e depressa perecereis de sobre a boa terra que ele vos deu.” (Js 23.1-16).

Este capítulo e o seguinte apresentam o discurso de despedida que Josué pregou aos israelitas quando já estava em idade bem avançada e pouco antes da sua morte.
Não se diz em qual lugar este discurso foi pronunciado, mas podemos supor que tenha sido em Siló, onde o tabernáculo se encontrava pelo mandado de Deus.
Josué sabia que estava bem próximo o tempo da sua partida, pois contava com 110 anos (Js 24.29) e ele usa a idade avançada como argumento para ser ouvido pelos israelitas e ser devidamente considerado nas suas palavras, pois sabia que em breve já não estaria mais na companhia deles, e então, como fizera o apóstolo Pedro (II Pe 1.13), enquanto ainda se encontrava neste tabernáculo terreno, empenhou-se em aproveitar todas as oportunidades para trazer à memória dos crentes qual é o dever do qual estão incumbidos por Deus.
A síntese do seu discurso apontava para a necessidade dos israelitas perseverarem na verdadeira fé e adoração ao Deus de Israel, pois o sucesso, a prosperidade, a plenitude temporal e espiritual do povo de Deus sempre dependerá disto e muito mais disto do que tudo o mais que se possa referir para tal objetivo.
É uma regra do céu, uma lei celestial imutável que ao homem está ordenado que em primeiro lugar busque as coisas relativas ao reino de Deus e à sua justiça.
E para tal propósito Josué leva-os a refletirem sobre todas as coisas que Deus havia feito por eles, fazendo deles instrumentos em suas mãos para subjugarem nações maiores e mais poderosas do que eles.
E Josué lhes lembrou que, portanto, foi o Senhor que havia pelejado por eles, já que pelo próprio poder não poderiam ter prevalecido contra os seus inimigos.
Ele citou que ainda havia nações para serem conquistadas em Canaã, depois da sua morte, mas que o Senhor daria a vitória a eles, como vinha dando até então, se tão somente guardassem os mandamentos que lhes foram dados através de Moisés.
Em suma, ele os exortou a trazerem sempre em memória que o Deus deles se agrada da fidelidade do seu povo e por ser Deus justo e zeloso não somente recompensa a fidelidade, como castiga a infidelidade, de modo que estariam correndo grande perigo caso viessem a se desviar dos caminhos do Senhor, porque em vez de subjugarem as nações que restavam, acabariam sofrendo o mesmo destino que Deus havia reservado para elas, em razão das suas práticas abomináveis.
Assim, apesar do dever ordenado da lei de que se amasse o próximo, mesmo o estrangeiro, não deveria ser cumprido à custa de mistura religiosa e moral, de modo que os israelitas viessem a se entregar às mesmas práticas dos povos de Canaã.
As campanhas de guerra em que se encontravam empenhados, sendo a espada de Deus contra a impiedade dos cananeus, não excluía de modo algum o dever da lei de amarem o próximo como a si mesmos.
Ao amor precede a honra e a justiça.
O amor não folga com a injustiça, mas com a verdade.
Amar portanto, segundo Deus, jamais implicará em promiscuidade.
Assim, eles deveriam se separar das iniqüidades ao redor deles, mas não do dever de que estavam incumbidos de serem bênção para o mundo, revelando-lhe o modo pelo qual Deus deve ser honrado e servido.
Deste modo, o dever ordenado de guardar os mandamentos demandaria que Deus fosse amado diligentemente (v. 11), e para tanto, cada israelita deveria se apegar a Ele (v. 8) através do esforço em guardarem tudo quanto lhes fora ordenado.
Eles deveriam ter um cuidado especial em não acrescentarem nenhuma forma de adoração supersticiosa ao culto de Deus, conforme estava prescrito na lei.
Eles não deveriam se familiarizar com os idólatras casando-se com eles e nem participando de quaisquer dos banquetes pagãos deles, contaminando-se assim com as suas práticas.
Nem sequer deveriam pronunciar os nomes dos falsos deuses que eles adoravam, de modo a não lhes tributar a mínima honra, porque somente o Senhor é digno de adoração, pois não há fora dEle, nenhum Criador e Senhor das almas dos homens. Ele criou o homem para Si e portanto, somente Ele é digno de adoração.
Deus permaneceria imutavelmente fiel a Israel e às promessas que lhes fizera desde os patriarcas e este era o maior argumento para o dever da perseverança deles, tal como faz o autor de Hebreus (Hb 10.23).
Nenhuma só palavra que Deus havia prometido deixou de ter cumprimento.
Deste modo, deveriam considerar seriamente que assim como Ele havia trazido sem falta tudo de bom que havia prometido caso fossem obedientes, de igual modo traria todos os juízos que havia proferido na lei através de Moisés no caso de desobediência, e isto culminaria com a expulsão deles da terra que lhes havia dado por promessa (v. 14 a 16).
Deus havia formado a nação de Israel para um propósito específico, e a posse de Canaã estaria associada a este propósito.
Caso se desviassem da missão de que estavam incumbidos, seriam dispersos daquele território como sinal da sua infidelidade, de modo que a santidade e justiça de Deus fossem neles vindicadas, quanto a que todas as demais nações soubessem que o Deus de Israel, nada tinha a ver com a apostasia do seu povo, e que não aprova de modo algum as práticas abomináveis às quais eles se entregaram.
Foi para o mesmo propósito que o Senhor, no tempo apropriado, formou nações evangélicas no continente americano, quando a fidelidade a Ele no mundo antigo havia esfriado, e por terem se voltado para o materialismo.
Os EUA, que deram os primeiros passos dentro desta direção divina de ter feito deles uma nação independente e soberana começaram a se desviar da sua vocação desde o século passado, e nações que eram predominantemente de tradição católico romana no continente sul americano, também foram tornadas independentes da dominação católico romana, havendo separação entre religião e estado, de modo que o catolicismo não fosse mais a religião oficial do continente, e o protestantismo evangélico tem crescido assombrosamente no continente, sinalizando para o mundo, especialmente o Brasil, que Deus tem preparado um novo conjunto de nações para esta hora, com a grande missão de evangelização do mundo, e de dar o testemunho do modo pelo qual Ele deve ser servido e adorado.
Cabe lembrar que isto não consiste portanto em simples formas de adoração pública, mas em se guardar a Palavra de Deus, tal como fora ordenado aos israelitas e a todos aqueles que em qualquer época, são chamados pelo Senhor para fazerem parte do Seu povo, da grande nação sacerdotal dentre as demais nações da terra, com a grande missão de revelar ao mundo qual é o caráter do único Deus verdadeiro, através do testemunho de suas próprias vidas.    



Josué 24

“1 Depois Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém, e chamou os anciãos de Israel, os seus cabeças, os seus juízes e os seus oficiais; e eles se apresentaram diante de Deus.
2 Disse então Josué a todo o povo: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Além do Rio habitaram antigamente vossos pais, Tera, pai de Abraão e de Naor; e serviram a outros deuses.
3 Eu, porém, tomei a vosso pai Abraão dalém do Rio, e o conduzi por toda a terra de Canaã; também multipliquei a sua descendência, e dei-lhe Isaque.
4 A Isaque; dei Jacó e Esaú; a Esaú dei em possessão o monte Seir; mas Jacó e seus filhos desceram para o Egito.
5 Então enviei Moisés e Arão, e feri o Egito com aquilo que fiz no meio dele; e depois vos tirei de lá.
6 Depois que tirei a vossos pais do Egito viestes ao mar; e os egípcios perseguiram a vossos pais, com carros e com cavaleiros, até o Mar Vermelho.
7 Quando clamaram ao Senhor, ele pôs uma escuridão entre vós e os egípcios, e trouxe o mar sobre eles e os cobriu; e os vossos olhos viram o que eu fiz no Egito. Depois habitastes no deserto muitos dias.
8 Então eu vos trouxe à terra dos amorreus, que habitavam além do Jordão, os quais pelejaram contra vós; porém os entreguei na vossa mão, e possuístes a sua terra; assim os destruí de diante de vós.
9 Levantou-se também Balaque, filho de Zipor, rei dos moabitas, e pelejou contra Israel; e mandou chamar a Balaão, filho de Beor, para que vos amaldiçoasse;
10 porém eu não quis ouvir a Balaão; pelo que ele vos abençoou; e eu vos livrei da sua mão.
11 E quando vós, passando o Jordão, viestes a Jericó, pelejaram contra vós os homens de Jericó, e os amorreus, os perizeus, os cananeus, os heteus, os girgaseus, os heveus e os jebuseus; porém os entreguei na vossa mão.
12 Pois enviei vespões adiante de vós, que os expulsaram de diante de vós, como aos dois reis dos amorreus, não com a vossa espada, nem com o vosso arco.
13 E eu vos dei uma terra em que não trabalhastes, e cidades que não edificastes, e habitais nelas; e comeis de vinhas e de olivais que não plantastes.
14 Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; deitai fora os deuses a que serviram vossos pais dalém do Rio, e no Egito, e servi ao Senhor.
15 Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.
16 Então respondeu o povo, e disse: Longe esteja de nós o abandonarmos ao Senhor para servirmos a outros deuses:
17 porque o Senhor é o nosso Deus; ele é quem nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e quem fez estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos preservou por todo o caminho em que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos.
18 E o Senhor expulsou de diante de nós a todos esses povos, mesmo os amorreus, que moravam na terra. Nós também serviremos ao Senhor, porquanto ele é nosso Deus.
19 Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao Senhor, porque é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados.
20 Se abandonardes ao Senhor e servirdes a deuses estranhos, então ele se tornará, e vos fará o mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito o bem.
21 Disse então o povo a Josué: Não! antes serviremos ao Senhor.
22 Josué, pois, disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos e que escolhestes ao Senhor para o servir. Responderam eles: Somos testemunhas.
23 Agora, pois,-disse Josué-deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós, e inclinai o vosso coração ao Senhor Deus de Israel.
24 Disse o povo a Josué: Serviremos ao Senhor nosso Deus, e obedeceremos à sua voz.
25 Assim fez Josué naquele dia um pacto com o povo, e lhe deu leis e ordenanças em Siquém.
26 E Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus; e, tomando uma grande pedra, a pôs ali debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do Senhor,
27 e disse a todo o povo: Eis que esta pedra será por testemunho contra nós, pois ela ouviu todas as palavras que o Senhor nos falou; pelo que será por testemunho contra vós, para que não negueis o vosso Deus.
28 Então Josué despediu o povo, cada um para a sua herança.
29 Depois destas coisas Josué, filho de Num, servo do Senhor, morreu, tendo cento e dez anos de idade;
30 e o sepultaram no território da sua herança, em Timnate-Sera, que está na região montanhosa de Efraim, para o norte do monte Gaás.
31 Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a favor de Israel.
32 Os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, foram enterrados em Siquém, naquela parte do campo que Jacó comprara aos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de prata, e que se tornara herança dos filhos de José.
33 Morreu também Eleazar, filho de Arão, e o sepultaram no outeiro de Finéias, seu filho, que lhe fora dado na região montanhosa de Efraim.” (Js 24.1-33).

Josué já havia se despedido solenemente dos israelitas, no capítulo precedente, mas aprouve ainda ao Senhor usá-lo como profeta para passar em revista diante do povo, de forma resumida, a aliança que havia feito com eles desde os patriarcas, e o modo em graça como havia agido com eles subjugando os seus inimigos, não pela sua espada e força, mas pela Sua própria determinação e poder.
As tribos de Israel haviam sido convocadas por Josué para estarem reunidas em Siquém, e foi nesta ocasião que o Senhor o usou profeticamente para lhes dizer as palavras registradas nos versos  2 a 14.
A assembléia, como no capítulo precedente, foi composta pelos anciãos, cabeças, juízes e oficiais de Israel. E a escolha de Siquém em vez de Siló como local de reunião, provavelmente se prendeu ao fato de Josué encontrar-se debilitado pela idade avançada, e Siquém ficava mais próximo de sua cidade de Timnate-Sera do que Siló.
Além disso, Siquém era a localidade onde havia sido sepultado Abraão e Sara, sua esposa,  Isaque e Jacó, e por esse mesmo motivo, os ossos de Josué que haviam sido transportados do Egito seriam sepultados na mesma região (v. 32).  
As últimas palavras do livro de Josué, constantes deste capítulo, consistem no registro da revelação escrita, da Palavra autorizada e canônica de Deus, como testemunho de que Israel havia sido levantado como nação, tendo sido formado pelo Senhor a partir de Abraão, conforme Sua própria determinação e desígnio divinos, com o principal propósito de ser honrado por eles perante todas as nações, de modo que testemunhassem através dos mandamentos que lhes foram dados para guardarem acerca do caráter e pessoa do Deus que eles serviam.
Não foi portanto somente para o bem de Israel que estas palavras estão registradas na Bíblia, mas para o bem de todas as gerações de pessoas que sejam chamadas pelo Senhor para servi-lO.
   Toda pessoa ou mesmo nação constituída por Deus para dar testemunho dEle terá que fazê-lo através de um sincero e verdadeiro compromisso com a vontade revelada do Senhor. Tal como Ele revela neste capítulo, ao exigir de Israel o que lemos no verso 14 depois de ter passado em revista o modo como constituíra a nação e como lhes havia protegido contra os seus inimigos e lhes dado posse na terra de Canaã conforme havia prometido.
 “Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; deitai fora os deuses a que serviram vossos pais dalém do Rio, e no Egito, e servi ao Senhor.” (v. 14).
São estas as palavras que fecham a profecia que foi proferida por Josué aos israelitas. Nela fica destacado o dever de temer ao senhor e de servi-lo com sinceridade e verdade, rejeitando todo tipo de idolatria que possa ser nomeada, para que somente e exclusivamente Ele seja adorado e servido, segundo tudo o que tem determinado para ser cumprido pelo Seu povo.
Na Antiga Aliança, os israelitas estavam compromissados a mandamentos civis e cerimoniais, aos quais não estamos mais compromissados na Nova Aliança, em razão de terem sido cumpridos em Cristo, mas Jesus deixou muitas coisas para serem observadas e cumpridas pela Sua Igreja, conforme lemos em Mt 28.19,20:
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”.
Há portanto não apenas o dever ordenado de pregar o evangelho e fazer discípulos em todas as nações, mas também de batizá-los e lhes ensinar a observarem todas as coisas que Jesus nos ordenou, coisas estas que estão registradas na Bíblia.
Por isso, Josué não colocou para os israelitas a questão de servir a Deus em termos relativos, senão absolutos, pois deixou claramente marcado para eles que não se pode servir ao Senhor senão por uma verdadeira aliança com Ele, e que não podemos servi-lo quando estamos compromissados com outros deuses (v. 15).
Josué, como havia feito ao longo de toda a sua vida, havia tomado a decisão de servir ao Senhor juntamente com toda a sua casa, e continuaria a fazê-lo até o seu último suspiro.
Não se pode participar ao mesmo tempo da mesa do Senhor e da mesa dos demônios, pois são auto-excludentes.
Entretanto, há muitos que pensam que podem ter um pé no mundo e outro na Igreja.
Em relação a isto, o critério do verdadeiro culto de adoração é o mesmo tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Ou se serve ao Senhor nos termos que Ele mesmo fixou em Sua Palavra, ou então estaremos servindo aos nossos próprios interesses, exclusivamente aos homens e até mesmo aos demônios.
Por isso é preciso ser criterioso e ter toda a diligência em se seguir ao Senhor, consoante o que Ele tem determinado na Sua Palavra.
“Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de demônios.” (I Cor 10.21).
Assim, quando Josué propôs aos israelitas as palavras que lemos no verso 15: “Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do Rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais.”, o que ele tinha em vista não era oferecer uma forma alternativa, uma opção de forma de adoração a eles, a saber, se quisessem poderiam adorar a Deus ou aos falsos deuses.
Não, não era e não poderia ser isto de modo algum, mas isto a que nos temos referido que é impossível poder servir ao Senhor quando se está compromissado com formas de adoração diferentes daquela que Ele fixou na Sua Palavra.
Tanto era este o alvo de Josué, que a resposta  dada pelos israelitas foi a que nós lemos no verso 16 a 18: “Longe esteja de nós o abandonarmos ao Senhor para servirmos a outros deuses: porque o Senhor é o nosso Deus; ele é quem nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e quem fez estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos preservou por todo o caminho em que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos. E o Senhor expulsou de diante de nós a todos esses povos, mesmo os amorreus, que moravam na terra. Nós também serviremos ao Senhor, porquanto ele é nosso Deus.”.
Mas Josué queria deixar bem marcado para eles, sabendo que estava prestes a deixar este mundo, que não basta a firme deliberação de não negar o Senhor, por não se seguir outros deuses. É necessário muito mais do que simplesmente isto. É preciso ir muito além, pois não haverá verdadeira adoração caso tenhamos em vista tão somente não amarmos o mundo, não praticarmos imoralidade e todas as formas de práticas abomináveis relacionados ao pecado, pois é preciso também se dedicar à prática do bem, e este consiste basicamente em se aspirar pela santidade que há no próprio Deus, fazendo aquilo que Lhe é agradável, e por um sincero amor a Ele, decorrente de um verdadeiro caminhar na Sua presença e Palavra. Se faltar isto, não poderá haver verdadeiro serviço a Deus porque estaremos afinal de contas tentando agradar a nós mesmos e não a Ele.
    Por isso Josué insistiu em afirmar que eles não poderiam servir ao Senhor se não o fizessem em santidade de vida e sem dividir realmente a adoração exclusiva devida a Ele com quaisquer divindades.
E o povo reafirmou que serviria somente ao Senhor, e não prestaria culto a falsos deuses.
Então Josué lhes ordenou que tirassem do meio deles quaisquer deuses estranhos, para que pudessem servir de fato ao Senhor.
E eles afirmaram de novo que serviriam somente ao Senhor e obedeceriam à Sua voz.
Então, em face de tal afirmação, Josué os levou a firmarem uma aliança solene dando leis e ordenanças ao povo, e registrando as palavras do pacto que haviam feito no livro da lei do Senhor.
Além disso, tomou uma grande pedra e a colocou debaixo do carvalho que estava junto ao santuário de Deus, como testemunho daquela aliança que havia sido realizada, na qual os israelitas reafirmaram que perseverariam no cumprimento do dever que  tinham assumido voluntariamente em servir ao Senhor.
Eles não foram forçados a isto, porque ficou colocado de modo muito claro a eles que não se pode servir a Deus e a outros deuses.
Quando se está dando honra a outros deuses, automaticamente anulamos a aliança que tínhamos com o Senhor.
Assim como os laços do casamento são quebrados pelo adultério. Sempre é o homem que quebra a aliança, porque Deus sempre permanece fiel à aliança que fez conosco.
Ele não pode negar a Si mesmo, porque é perfeito em Seu atributo de fidelidade. E a fidelidade deve ser voluntária e não imposta, porque onde não há liberdade não há verdadeiro amor, e não se pode enganar a Deus pretextando um amor que na verdade será falso, se lhe faltar este caráter voluntário e livre.  
Deste modo, não somos convertidos por ameaças ou por imposições de Deus, que violentem a nossa própria vontade.
Se alegamos servi-lo porque fomos forçados a isto, na verdade estamos nos enganando, porque não haverá aí qualquer serviço que seja de fato aceitável a Deus.
Como já dissemos, Ele não se deixa levar pela falsidade, hipocrisia e interesse dos homens.

Ele requer sinceridade, honestidade e verdade no nosso relacionamento com Ele, pois sendo santo e justo, não pode haver verdadeiro relacionamento caso não seja sempre nestes termos.



























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